Arquidiocese rebate declaração de Kalil de que 'a pastoral tem que cuidar de pedofilia de padre'
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Após declaração do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), dada à Itatiaia na manhã da última terça-feira (2), de que "a pastoral tem que cuidar de pedofilia de padre", a Arquidiocese de Belo Horizonte emitiu uma nota se posicionando e explicando a ação e o trabalho das pastorais.
A afirmação do político foi feita quando questionado a respeito da atuação mais firme da administração municipal para a retirada de moradores de rua, que gera resistência tanto dos próprios moradores quanto de instituições, como as pastorais.
A arquidiocese disse que a Igreja se preocupa em cuidar de seus membros e entende que, assim como qualquer outra organização social, enfrenta problemas. "A Igreja zela por todos os seus agentes, investindo na qualificação espiritual e humana dos padres, consagrados e consagradas, cristãos leigos e leigas. Nesse trabalho, enfrenta os desafios existenciais, disciplinadamente, com adequado tratamento de cada situação, certa de que os problemas humanos não são apenas circunscritos à Igreja, mas também desafios para as famílias e outras instituições".
Leia a nota na íntegra:
A Arquidiocese de Belo Horizonte, para superar qualquer declaração equivocada, como a recentemente veiculada na imprensa, que desconsidera todo o bem promovido a partir do trabalho solidário das pastorais sociais, esclarece: pastoral é cuidado, por compromisso de fé e fidelidade no seguimento de Jesus Cristo. Importante sublinhar que a Arquidiocese de Belo Horizonte congrega aproximadamente 1500 comunidades de fé, na Capital Mineira e em sua região metropolitana, totalizando 28 municípios. Cada uma dessas comunidades tem trabalhos caritativos, de promoção humana e social, dedicados aos mais pobres, em lugares que, muitas vezes, não contam com a presença do poder público. Muito necessário também é sublinhar a importância das pastorais sociais que, somente em 2017, realizaram aproximadamente 104.000 atendimentos – amparo às pessoas pobres, em situação de rua, às crianças de vilas e favelas, idosos, enfermos. Para a Igreja, fé, caridade e solidariedade são indissociáveis. Por isso, preservando o diálogo, as pastorais sociais e comunidades de fé da Arquidiocese continuarão trabalhando, incansavelmente, na promoção da justiça e da fraternidade. Assim, a Igreja Católica, com muita seriedade, promove a vida, em todas as suas etapas, defendendo-a, desde a fecundação até a morte com o declínio natural.
A Igreja também zela por todos os seus agentes, investindo na qualificação espiritual e humana dos padres, consagrados e consagradas, cristãos leigos e leigas. Nesse trabalho, enfrenta os desafios existenciais, disciplinadamente, com adequado tratamento de cada situação, certa de que os problemas humanos não são apenas circunscritos à Igreja, mas também desafios para as famílias e outras instituições. A Arquidiocese de Belo Horizonte reafirma, ainda, sua reverência aos cristãos leigos e leigas, padres, religiosos e religiosas, que amparam o povo pobre, em todos os lugares, especialmente o amado povo que vive nas ruas da cidade.Fonte: http://itatiaia.sili.com.br
Cardeais na mira de católicos milionários com o “Relatório do Chapéu Vermelho”
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Enquanto os bispos dos EUA trabalham para formular uma resposta oficial ao acobertamento e abuso sexual clerical, um novo grupo de fiscalização apoiado por cristãos milionários está buscando resolver a questão com suas próprias mãos. A reportagem é de Christopher White, publicada por Crux, 01-10-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Uma nova organização, que organizou um evento apenas para convidados no domingo à noite, planeja gastar mais de US$ 1 milhão no próximo ano para investigar todos os membros do Colégio dos Cardeais “para indicar os que sofreram acusações plausíveis de escândalos, casos de abuso e acobertamento”.
O grupo, chamado “The Better Church Governance Group”, foi lançado no campus da Universidade Católica da América (em inglês, Catholic University of America - CUA) com a intenção declarada de produzir seu ‘Red Hat Report’ (Relatório do Chapéu Vermelho, em tradução livre) até abril de 2020.
Os bispos dos EUA fundaram a Universidade Católica da América, e todos os seis cardeais residentes dos EUA fazem parte do Conselho de Administração.
Numa declaração ao Crux, um porta-voz da universidade disse que “um estudante reservou um espaço no campus de acordo com os nossos procedimentos de reserva de espaços. A Universidade Católica da América não financiou o evento nem o grupo.”
Os organizadores do Better Church Governance confirmaram que se trata de um evento particular e disse que não havia nenhuma associação entre a universidade e a organização em um e-mail enviado ao Crux.
O Relatório do Chapéu Vermelho, projeto anunciado como o carro-chefe da organização, deve fazer autorias com todos os 124 eleitores papais atuais. Segundo os organizadores, até o momento, espera-se que seja conduzido por uma equipe de quase 100 pesquisadores, acadêmicos, investigadores e jornalistas, com o objetivo de “responsabilizar a hierarquia da Igreja Católica por casos de abuso e corrupção e desenvolver e apoiar a honestidade, a clareza e a fidelidade na administração da Igreja”.
Em uma gravação de áudio do lançamento do evento obtida por Crux, o diretor de operações da Better Church Governance, Jacob Imam, disse que a organização não tem o intuito de atacar o Papa Francisco, apesar de ter perguntado o seguinte ao público de quase 40 pessoas: “E se em 2013 tivéssemos elegido alguém mais proativo na proteção dos jovens e dos inocentes?”
“Se tivéssemos tido o Relatório do Chapéu Vermelho, talvez não tivéssemos elegido o Papa Francisco”, declarava uma das apresentações de slides acompanhando as observações.
Imam, atualmente acadêmico Marshall da Universidade de Oxford, que se converteu do islamismo ao catolicismo há três anos, alegou que logo após o conclave de 2013 que elegeu Francisco várias grandes agências de notícias basearam seu conhecimento sobre o papa recém-eleito no que encontravam na Wikipédia.
Insistindo que não estava difamando o pontífice, acrescentou: “Acho que é justo dizer que ele não se identificaria como um defensor dos valores tradicionais”.
Considerando a falta de conhecimento que muitos eleitores têm uns sobre os outros, ponderou Imam, é uma “situação extremamente precária... quando se fecham as portas da Capela Sistina”,
De acordo com o prospecto, o grupo Better Church Governance quer produzir o relatório antes do próximo conclave papal. Os gastos do primeiro ano estão estimados em US$1.126.500.
“Muitos de nós que fomos criados numa sociedade democrática liberal não sabemos como se forma uma hierarquia”, disse Imam aos presentes. “Mas a história nos dá muitos truques e dicas, e nós, do Better Church Governance começamos a sistematizar algumas dessas estratégias. Estamos aqui para criar transparência na Igreja e para ajudar a apoiar a integridade”.
Atualmente, os organizadores do relatório estão buscando alunos da pós-graduação para a função de assistente de pesquisa e planejam oferecer uma remuneração de US$ 25/hora, trabalhando com uma equipe de investigadores e pesquisadores acadêmicos.
O lançamento da organização vem após um período brutal de repercussões de abuso sexual nos Estados Unidos. A queda do ex-cardeal Theodore McCarrick, que renunciou seu cargo do Colégio dos Cardeais em agosto, após revelações de que teria abusado de uma série de seminaristas e pelo menos um menor, fez com que várias pessoas pedissem uma liderança leiga mais ampla na responsabilização dos bispos pelos casos de acobertamento.
Além disso, a divulgação do relatório da Suprema Corte da Pensilvânia detalhando sete décadas de abusos cometidos por mais de 30 padres abusadores resultou em um compromisso dos bispos dos EUA para uma revisão completa das políticas de denúncia e responsabilização.
Imam disse que o relatório revelou que autoridades da região estavam cientes dos contínuos abusos e acobertamentos. Portanto, o Relatório do Chapéu Vermelhobusca, assim que possível, realizar uma investigação nos locais em que reside cada cardeal.
Ele ainda descreveu a dupla proposta do relatório: compartilhar conhecimentos com cada cardeal na tentativa de melhor informá-los sobre os colegas eleitores e disponibilizar informações publicamente para que os leigos católicos possam ter acesso.
“Os cardeais precisam ser responsabilizados publicamente, portanto tem de haver alguma cultura de vergonha”, disse. “Eles sabem que se votarem em determinada pessoa.... as pessoas do seu rebanho e seus pastores saberão”.
“Isso é difícil. Toda decisão tem seu lado obscuro. Reconhecemos isso”, acrescentou. “Estamos dispostos a enfrentar isso em oração e jejum... porque não podemos deixar que as pessoas continuem a permitir que nossas crianças, os inocentes, os jovens, os seminaristas sejam devorados da forma que são”.
Imam também disse que dez ex-agentes do FBI estão envolvidos na investigação, sendo que dois eram chefes de investigação em questões eclesiásticas.
Em um e-mail a que a Crux teve acesso, enviado por Philip Nielsen, editor-chefe do Relatório do Chapéu Vermelho, para pessoas que poderiam estar interessadas, no mês passado, ele destacou que todos os cardeais serão investigados.
“Todos os dossiês terão uma classificação na parte superior indicando a conexão do cardeal com os escândalos e abusos, como ‘culpa severa, acusações plausíveis ou inocente’. A sentença final de cada um será baseada nas evidências mais contundentes e nas recomendações dos melhores especialistas”, escreveu.
Um sistema de classificação revisado foi distribuído no domingo, e os cardeais receberam uma classificação que se constitui em “Fortes evidências de abuso/corrupção, Algumas evidências, Evidências positivas contra abuso/corrupção”.
Imam declarou que com o tempo eles pretendem expandir e fornecer uma auditoria completa dos bispos também. Ele disse para os presentes do domingo que a organização não buscava ir adiante com uma agenda ideológica, mas sim responder como cada cardeal está em “acordo” com a Congregação para a Doutrina da Fé, o serviço de fiscalização doutrinário do Vaticano.
Quando um dos participantes perguntou se o relatório indicaria se os cardeais eram homossexuais, ele respondeu que seguiria o direito civil conforme necessário, mas que também seguiria a lei moral da Igreja, acrescentando que “se houver boatos de que ele é homossexual, será observado muito cuidadosamente... mas precisamos ter certeza”.
Apesar de os materiais oficiais da organização sustentarem que não há intenção de atacar nenhum dos cardeais, o e-mail de Nielsen parece sugerir o contrário.
“Por exemplo, o cardeal [Pietro] Parolin, na página do Wikipédia do Secretário de Estado corrupto do Vaticano está muito benevolente atualmente, sem link algum a escândalos, apesar de ele ter sido reiteradamente associado a escândalos relacionados a bancos e ter aparecido na carta de Viganò”, afirmou.
A carta a que se refere é a de 11 páginas escrita pelo arcebispo Carlo Maria Viganò, ex-embaixador papal dos EUA, alegando que havia alertado Francisco de questões de má conduta de McCarrick em 2013, mas que o pontífice não teria feito nada.
“Podemos mudar isso... até o próximo conclave ele precisa ser conhecido no mundo todo como a desgraça da Igreja. Nosso plano seria fazer com que sua página do Wikipédia mostrasse algo como “Grupo de fiscalização da Igreja The Better Governance indica que Parolin é ‘Extremamente culpado de cometer abusos’, com um link para o relatório. Ao mesmo tempo, acrescentaria todas as citações de outras fontes que o conectam a toda a corrupção financeira, etc.”, acrescentou Nielsen.
O e-mail também revela planos em andamento de fazer um lançamento em alguma reunião do Napa Institute, em Washington D.C., durante esta semana. No entanto, Nielsen disse ao Crux que por enquanto não há nenhum plano oficial de anúncio público lá.
O Napa Institute, uma organização com sede na Califórnia fundada por Tim Busch, um importante católico conservador, cuja conferência anual de verão reúne várias centenas de filantropos católicos milionários e religiosos católicos de alto escalão em seu resort, está organizando uma conferência para a terça-feira sobre a “Reforma Autêntica” no Hotel Mayflower em Washington D.C.
Como se pode imaginar, o e-mail de Nielsen afirma que o grupo ainda está no processo de formar o Conselho Diretivo, e apenas um membro é mencionado nos materiais atuais: Phil Scala, CEO da Pathfinder Consultants International, Inc., que já trabalhou no FBI.
Além disso, três pessoas são indicadas como editores-pesquisadores do Relatório do Chapéu Vermelho: os professores Jay Richards, da Faculdade Busch de Economia da Universidade Católica da América, e Michael P. Foley e Melinda Nielsen, da Universidade Baylor.
Ainda que os materiais da organização insistam em que “não somos um grupo de lobby ou de facção”, Richards já trabalhou para o Acton Institute, um think tank libertário, e já criticou Francisco abertamente. Foley e Neilsen também foram associados a várias instituições e publicações conservadoras, como, por exemplo, Hillsdale College, Crisis, The Catholic Thing e First Things.
Os materiais da organização também mencionam o Center for Evangelical Catholicism (CEC) como o “patrocinador fiscal” que atualmente recolhe doações, até que seja concedido o estatuto oficial de organização sem fins lucrativos. De acordo com o site, o CEC é uma corporação sem fins lucrativos na Carolina do Sul que “busca desenvolver a Nova Evangelização formando católicos capazes de cumprir a Grande Missão”.
Nielsen disse ao Crux que muitos participantes que trabalharam em certas universidades católicas não iriam querer que sua afiliação se tornasse pública, pois a rede mais ampla é muito maior do que os aliados conservadores.
Acrescentou, ainda, que o grupo busca tornar seus “objetivos e objeções algo com que todos possam concordar”, e que alguns dos piores casos de abuso ainda da época do fundador dos Legionários de Cristo, o padre Marcial Maciel, estavam dentre grupos ou indivíduos que tipicamente se identificavam como conservadores.
Quando um dos participantes perguntou qual era o percurso completo do projeto, Imamrespondeu: “o projeto não acaba nunca”. “Sempre temos que estar prontos para um conclave”, avisou. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
26º Domingo do Tempo Comum – Ano B
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A liturgia do 26º Domingo do Tempo Comum apresenta várias sugestões para que os crentes possam purificar a sua opção e integrar, de forma plena e total, a comunidade do Reino.
Uma das sugestões mais importantes (que a primeira leitura apresenta e que o Evangelho recupera) é a de que os crentes não pretendam ter o exclusivo do bem e da verdade, mas sejam capazes de reconhecer e aceitar a presença e a ação do Espírito de Deus através de tantas pessoas boas que não pertencem à instituição Igreja, mas que são sinais vivos do amor de Deus no meio do mundo.
A primeira leitura, recorrendo a um episódio da marcha do Povo de Deus pelo deserto, ensina que o Espírito de Deus sopra onde quer e sobre quem quer, sem estar limitado por regras, por interesses pessoais ou por privilégios de grupo. O verdadeiro crente é aquele que, como Moisés, reconhece a presença de Deus nos gestos proféticos que vê acontecer à sua volta.
No Evangelho temos uma instrução, através da qual Jesus procura ajudar os discípulos a situarem-se na órbita do Reino. Nesse sentido, convida-os a constituírem uma comunidade que, sem arrogância, sem ciúmes, sem presunção de posse exclusiva do bem e da verdade, procura acolher, apoiar e estimular todos aqueles que atuam em favor da libertação dos irmãos; convida-os também a não excluírem da dinâmica comunitária os pequenos e os pobres; convida-os ainda a arrancarem da própria vida todos os sentimentos e atitudes que são incompatíveis com a opção pelo Reino.
ATUALIZAÇÃO ( EVANGELHO – Mc 9,38-43.45-47-48)
O Evangelho deste domingo apresenta-nos um grupo de discípulos ainda muito atrasados na aprendizagem do “caminho do Reino”. Eles ainda raciocinam em termos de lógica do mundo e têm dificuldade em libertar-se dos seus interesses egoístas, dos seus esquemas pessoais, dos seus preconceitos, dos seus sonhos de grandeza e poder…
Eles não querem entender que, para seguir Jesus, é preciso cortar com certos sentimentos e atitudes que são incompatíveis com a radicalidade que a opção pelo Reino exige. As dificuldades que estes discípulos apresentam no sentido de responder a Jesus não nos são estranhas: também fazem parte da nossa vida e do caminho que, dia a dia, percorremos… Assim, a instrução que, neste texto, Jesus dirige aos seus discípulos serve-nos também a nós.
As propostas de Jesus destinam-se aos discípulos de todas as épocas; pretendem ajudar-nos a purificar a nossa opção e a integrar, de forma plena, a comunidade do Reino.
Antes de mais, Jesus mostra aos discípulos que a comunidade do Reino não pode ser uma seita arrogante, fechada, intolerante, fanática, que se arroga a posse exclusiva de Deus e das suas propostas. Tem de ser uma comunidade que sabe qual o seu papel e a sua missão, mas que reconhece que não tem o exclusivo do bem e da verdade e que é capaz de se alegrar com os gestos de bondade e de esperança que acontecem à sua volta, mesmo quando esses gestos resultam da ação de não crentes ou de pessoas que não pertencem à instituição Igreja.
O verdadeiro discípulo não tem inveja do bem que outros fazem, não sente ciúmes se Deus atua através de outras pessoas, não pretende ter o monopólio da verdade nem ter o exclusivo de Jesus. O verdadeiro discípulo esforça-se, cada dia, por testemunhar os valores do Reino e alegra-se com os sinais da presença de Deus em tantos irmãos com outros percursos religiosos, que lutam por construir um mundo mais justo e mais fraterno.
Os discípulos de que o Evangelho de hoje nos fala estão preocupados com a ação de alguém que não é do grupo, pois temem ver postos em causa os seus sonhos pessoais de poder e de grandeza. Por detrás dessa preocupação dos discípulos não está o bem do homem (aquilo que, em última análise, devia “mover” os membros da comunidade do Reino), mas a salvaguarda de certos interesses egoístas.
Nas nossas comunidades cristãs ou religiosas, há pessoas capazes de gestos incríveis de doação, de entrega, de serviço aos irmãos; mas há também pessoas cuja principal preocupação é proteger o espaço que conquistaram e continuar a manter um estatuto de poder e de prestígio… Quando afastamos (com o pretexto de defender a pureza da fé, os interesses da moralidade, ou tranquilidade da comunidade) aqueles que desafiam a comunidade a purificar-se e a procurar novos caminhos para responder aos desafios de Deus, estaremos a proteger os interesses de Deus ou os nossos projetos, os nossos esquemas interesseiros, as nossas apostas pessoais?
No nosso texto, Jesus exige dos discípulos o corte radical com os valores, os sentimentos, as atitudes que são incompatíveis com a opção pelo Reino. O discípulo de Jesus nunca está acomodado, instalado, conformado; mas está sempre atento e vigilante, procurando detectar e eliminar da sua existência tudo aquilo que lhe impede o acesso à vida plena. Naturalmente, a renúncia ao egoísmo, ao comodismo, ao orgulho, aos esquemas pessoais, à vontade de poder e de domínio, ao apelo do êxito, ao aplauso das multidões, é um processo difícil e doloroso; mas é também um processo libertador e gerador de vida nova. O que é que eu necessito, prioritariamente, de “cortar” da minha vida, para me identificar mais com Jesus, para merecer integrar a comunidade do Reino, para ser mais livre e mais feliz?
O apelo de Jesus à sua comunidade no sentido de não “escandalizar” (afastar da comunidade do Reino) os pequenos, faz-nos pensar na forma como lidamos, enquanto pessoas e enquanto comunidades, com os pobres, os que falharam, os que têm atitudes moralmente reprováveis, aqueles que têm uma fé pouco consistente, aqueles que a vida marcou negativamente, aqueles que a sociedade marginaliza e rejeita… Eles encontram em nós a proposta libertadora que Cristo lhes faz, ou encontram em nós rejeição, injustiça, marginalização, mau exemplo? Quem vê o nosso testemunho tem razões para aderir a Cristo, ou para se afastar de Cristo? Fonte: http://www.dehonianos.org
Papa Francisco expulsa Fernando Karadima do estado clerical
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O Papa Francisco demitiu do estado clerical Fernando Karadima Fariña, ex-sacerdote chileno condenado por abusos sexuais.
A Santa Sé informou que o decreto assinado pelo Pontífice na quinta-feira, 27 d setembro de 2018, contempla a dispensa de todas as obrigações clericais e foi realizado de modo “excepcional em coincidência e pelo bem da Igreja”, sob a potestade que compete ao Papa.
A ordem entrou em vigor desde o momento de sua publicação. Fernando Karadima foi notificado nesta sexta-feira, 28 do mesmo mês. A investigação eclesiástica sobre Fernando Karadima começou em julho de 2010 e concluiu com o decreto divulgado em 16 de janeiro de 2011, no qual foi declarado culpado de abuso sexual e lhe foi imposto como pena a retirada “a uma vida de oração e de penitência, também em reparação das vítimas de seus abusos”.
Em 2011, foi proibido perpetuamente “o exercício público de qualquer ato de ministério, em particular da confissão e da direção espiritual de toda categoria de pessoas”. Em 28 e 29 de abril deste ano, três vítimas de Karadima se reuniram com o Papa Francisco no Vaticano. Os presentes assinalaram que “o Papa nos pediu formalmente perdão em seu nome e em nome da Igreja universal”.
Em junho, o Pontífice voltou a se reunir com outras vítimas de Karadima, desta vez cinco sacerdotes e dois leigos, aos quais também pediu perdão. Fonte: https://www.acidigital.com
A liturgia dentro da história da salvação
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"A história da salvação é atualizada nos ritos e sinais sagrados. Se a história da salvação não fosse ritualmente celebrada se transformaria em mero fato do passado, seria apenas um “rito mitológico, alienante e incapaz de despertar em nós a esperança escatológica”.
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
No nosso Espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar no programa de hoje sobre o tema “A liturgia dentro da História da salvação”.
A palavra liturgia tem sua origem no grego leitourgos, para denominar alguém que fazia serviço público ou liderava uma cerimônia sagrada. Mesmo já sendo usada na antiguidade, somente depois dos séculos VIII e IX passou a ser usada no contexto da Eucaristia na Igreja grega.
Por meio da liturgia, “exerce-se a obra da nossa redenção” (Concílio Vaticano II, Sacrosanctum Concilium, 2). Assim como foi enviado pelo Pai, Cristo enviou os apóstolos para anunciarem a redenção e “realizarem a obra de salvação que proclamavam, mediante o sacrifício e os sacramentos, em torno dos quais toda a vida litúrgica gira” (ibidem, 6).
A Igreja pode celebrar e adorar o mistério de Cristo presente na eucaristia precisamente porque o próprio Cristo se entregou antes a ela no sacrifício da cruz” (Sacramentum Caritatis, 14). A Igreja vive desta presença e tem a difusão desta presença no mundo inteiro como a sua razão de ser e de existir” (Bento XVI, Discurso de 15 de abril de 2010 aos Bispos do Brasil, Regional Norte-2).
Esta é a maravilha da liturgia, que, como o catecismo recorda, é culto divino, anúncio do evangelho e caridade em ato (cf. CIC, 1070). É Deus mesmo quem age, e nós nos sentimos atraídos por esta sua ação, a fim de sermos, deste modo, transformados nele.
Inicialmente a liturgia era da responsabilidade dos apóstolos e bispos, mas é sabido que algumas Igrejas criaram a sua própria liturgia, como a Igreja da Alexandria no Egito e de Antioquia na Síria. Existem várias manifestações de liturgia, como a liturgia ambrosiana, liturgia de S. João Crisóstomo, liturgias orientais.
Até a metade do século XVI não havia uma regra geral e obrigatória para a liturgia. O Concílio Vaticano II representou uma renovação da liturgia, dando maior ênfase à Sagrada Escritura na liturgia da palavra, e permitindo o uso de línguas em vez do latim, de forma que o fiel pudessem melhor compreender e participar de forma mais ativa da celebração.
Na edição de hoje deste nosso espaço, padre Gerson Schmidt, que tem nos acompanhado neste percurso de exposição dos documentos conciliares, nos fala sobre a liturgia dentro da história da salvação:
"A Constituição Sacrosantum Concilium não foi proclamada no Concílio sem ter em conta a caminhada percorrida pelos teólogos, liturgistas e papas, antes do Concilio Vaticano II, num verdadeiro movimento sério de Reforma da Liturgia. Os teólogos Odo Casel e Romano Guardini tiveram sua importância fundamental aqui nos conceitos do Mistério Pascal e do Corpo Místico. Também contribuiram Salvatore Marsili, Dom Lambert Beauduin, Maurice Festugière, Cipriano Vagaggini. O caminho percorrido pelos papas Pio X, Pio XI e Pio XII também deram mais um passo à frente.
O teólogo pioneiro na reflexão da teologia litúrgica sem dúvida é Odo Casel. Casel explorando a doutrina dos mistérios, construiu a base sólida da teologia litúrgica, a partir da tradição e do argumento teológico. Para ele, “o mistério de Cristo é um conjunto orgânico e vivo que não pode ser fracionado; é o grande mistério da redenção, portanto, onde está presente o mistério central, como é o mistério da cruz, todos os demais mistérios da vida de Cristo estão presentes¹ ” .
Isso o leva a afirmar a presença sacramental do ato da morte e ressurreição de Cristo no ato litúrgico atual. Por isso, Casel ocupa uma posição hegemônica na teologia moderna. Salvatore Marsili, outro expoente, seguiu os passos de Odo Casel e continuou o seu pensamento, embora com as devidas diferenças. Ao redefinir teologia como teologia do mistério de Cristo e da história da salvação, naturalmente incluiu a liturgia como um eixo da teologia, pois a “liturgia é aquela realidade na qual a revelação divina se torna acontecimento de salvação em ato e se coloca como momento síntese de toda a história da salvação²”.
A Constituição Sacrosantum Concilium insere a liturgia no seu lugar legítimo que é dentro da história da salvação. “Dentro da história da salvação existe uma economia eclesial e litúrgica. Aqui, torna-se evidente que a liturgia é o elo que liga o tempo de Cristo e o tempo da Igreja. A ação litúrgica aparece claramente como um momento da revelação³” .
A história da salvação é atualizada nos ritos e sinais sagrados. Se a história da salvação não fosse ritualmente celebrada se transformaria em mero fato do passado, seria apenas um “rito mitológico, alienante e incapaz de despertar em nós a esperança escatológica”. Fonte: www.vaticannews.va
DOMINGO 23, DIA DA BÍBLIA. 25º Domingo do Tempo Comum – Ano B
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A liturgia do 25º Domingo do Comum convida os crentes a prescindir da “sabedoria do mundo” e a escolher a “sabedoria de Deus”. Só a “sabedoria de Deus” – dizem os textos bíblicos deste domingo – possibilitará ao homem o acesso à vida plena, à felicidade sem fim.
O Evangelho apresenta-nos uma história de confronto entre a “sabedoria de Deus” e a “sabedoria do mundo”. Jesus, imbuído da lógica de Deus, está disposto a aceitar o projeto do Pai e a fazer da sua vida um dom de amor aos homens; os discípulos, imbuídos da lógica do mundo, têm dificuldade em entender essa opção e em comprometer-se com esse projeto. Jesus avisa-os, contudo, de que só há lugar na comunidade cristã para quem escuta os desafios de Deus e aceita fazer da vida um serviço aos irmãos, particularmente aos humildes, aos pequenos, aos pobres.
ATUALIZAÇÃO- EVANGELHO (Mc 9,30-37)
Os anúncios da paixão testemunham que Jesus, desde cedo, teve consciência de que a missão que o Pai Lhe confiara ia passar pela cruz. Por outro lado, a serenidade e a tranquilidade com que Ele falava do seu destino de cruz mostram uma perfeita conformação com a vontade do Pai e a vontade de cumprir à risca os projetos de Deus.
A postura de Jesus é a postura de alguém que vive segundo a “sabedoria de Deus”… Ele nunca conduziu a vida ao sabor dos interesses pessoais, nunca pôs em primeiro lugar esquemas de egoísmo ou de auto-suficiência, nunca se deixou tentar por sonhos humanos de poder ou de riqueza… Para Ele, o fator decisivo, o valor supremo, sempre foi a vontade do Pai, o projeto de salvação que o Pai tinha para os homens.
Nós, cristãos, um dia aderimos a Jesus e aceitamos percorrer o mesmo caminho que Ele percorreu. Que valor e que significado tem, para nós, essa vontade de Deus que dia a dia descobrimos nos pequenos acidentes da nossa vida? Temos a mesma disponibilidade de Jesus para viver na fidelidade aos projetos do Pai? O que é que dirige e condiciona o nosso percurso: os nossos interesses pessoais, ou os projetos de Deus?
Neste episódio, os discípulos são o exemplo clássico de quem raciocina segundo a “sabedoria do mundo”. Quando Jesus fala em servir e dar a vida, eles não concordam e fecham-se num silêncio amuado; e logo a seguir, discutem uns com os outros por causa da satisfação dos seus apetites de poder e de domínio. Aquilo que os preocupa não é o cumprimento da vontade de Deus, mas a satisfação dos seus interesses próprios, dos seus sonhos pessoais. A atitude dos discípulos mostra a dificuldade que os homens têm em entender e acolher a lógica de Deus. Contudo, a reação de Jesus diante de tudo isto é clara: quem quer seguir Jesus tem de mudar a mentalidade, os esquemas de pensamento, os valores egoístas e abrir o coração à vontade de Deus, às propostas de Deus, aos desafios de Deus. Não é possível fazer parte da comunidade de Jesus, se não estivermos dispostos a realizar este processo.
O Evangelho de hoje convida-nos a repensar a nossa forma de nos situarmos, quer na sociedade, quer dentro da própria comunidade cristã. A instrução de Jesus aos discípulos que o Evangelho deste domingo nos apresenta é uma denúncia dos jogos de poder, das tentativas de domínio sobre os irmãos, dos sonhos de grandeza, das manobras para conquistar honras e privilégios, da busca desenfreada de títulos, da caça às posições de prestígio… Esses comportamentos são ainda mais graves quando acontecem dentro da comunidade cristã: trata-se de comportamentos incompatíveis com o seguimento de Jesus. Nós, os seguidores de Jesus, não podemos, de forma alguma, pactuar com a “sabedoria do mundo”; e uma Igreja que se organiza e estrutura tendo em conta os esquemas do mundo não é a Igreja de Jesus.
Na nossa sociedade, os primeiros são os que têm dinheiro, os que têm poder, os que frequentam as festas badaladas nas revistas da sociedade, os que vestem segundo as exigências da moda, os que têm sucesso profissional, os que sabem colar-se aos valores politicamente corretos… E na comunidade cristã? Quem são os primeiros? As palavras de Jesus não deixam qualquer dúvida: “quem quiser ser o primeiro, será o último de todos e o servo de todos”. Na comunidade cristã, a única grandeza é a grandeza de quem, com humildade e simplicidade, faz da própria vida um serviço aos irmãos.
Na comunidade cristã não há donos, nem grupos privilegiados, nem pessoas mais importantes do que as outras, nem distinções baseadas no dinheiro, na beleza, na cultura, na posição social… Na comunidade cristã há irmãos iguais, a quem a comunidade confia serviços diversos em vista do bem de todos. Aquilo que nos deve mover é a vontade de servir, de partilhar com os irmãos os dons que Deus nos concedeu.
A atitude de serviço que Jesus pede aos seus discípulos deve manifestar-se, de forma especial, no acolhimento dos pobres, dos débeis, dos humildes, dos marginalizados, dos sem direitos, daqueles que não nos trazem o reconhecimento público, daqueles que não podem retribuir-nos… Seremos capazes de acolher e de amar os que levam uma vida pouco exemplar, os marginalizados, os estrangeiros, os doentes incuráveis, os idosos, os difíceis, os que ninguém quer e ninguém ama?
*Leia a reflexão completa clicando ao lado no link- EVANGELHO DO DIA.
Fonte: http://www.dehonianos.org
Papa Francisco expulsa padre chileno acusado de abuso sexual de crianças
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SANTIAGO (Reuters) - O papa Francisco expulsou no sábado um padre chileno que está sendo investigado em um caso envolvendo abuso sexual de crianças, segundo reportagem da mídia local, em meio a um crescente escândalo de abusos que abalou a Igreja Católica.
A Arquidiocese de Santiago disse que o papa decidiu exonerar o reverendo Cristian Precht, informou o jornal local El Mercurio.
Precht era um ex-chefe do grupo de direitos humanos do Vicariato de Solidariedade da Igreja que na década de 1980 desafiou o ex-ditador Augusto Pinochet a acabar com a prática de tortura no Chile.
Desde então, o conhecido líder religioso chileno foi acusado de abuso sexual como parte da investigação de denúncias contra membros da comunidade religiosa dos Irmãos Maristas.
Precht negou anteriormente as acusações.
O anúncio do papa Francisco ocorre no momento em que a polícia chilena faz operações em escritórios da Igreja em todo o país andino em busca de novos casos de abuso sexual ou provas de que funcionários da Igreja ocultaram o abuso das autoridades.
Reportagem de Dave Sherwood. Fonte: https://br.reuters.com
CARMELITAS: Ver com os olhos de Deus
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Frei Joseph Chalmers, O. Carm. Ex- Prior Geral da Ordem do Carmo.
No documento pós-sinodal Vita Consacrata, o papa João Paulo II afirma: “No início de seu ministério, na sinagoga de Nazaré, Jesus anuncia que o Espírito o consagrou para evangelizar os pobres, proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor (cf. Lc 4,16-19). Assumindo a missão do Senhor como sua, a Igreja proclama o Evangelho a todo homem e mulher comprometendo-se com sua salvação integral. Mas com especial atenção, numa opção realmente preferencial, ela se volta para aqueles que suportam grande fraqueza e, portanto, são carentes. ‘Os pobres’, em diversos estados de aflição, são os oprimidos, aqueles às margens da sociedade, os anciãos, os enfermos, os jovens, qualquer um e todos que sejam considerados e tratados como ‘os últimos’. A opção pelos pobres é inerente à própria estrutura do amor vivido em Cristo. Portanto, todos os discípulos de Cristo são fiéis a esta opção. Mas aqueles que desejam seguir o Senhor mais de perto, imitando suas atitudes, sentir-se-ão envolvidos de modo muito especial. A sinceridade de sua resposta ao amor de Cristo os levará a viver uma vida de pobreza e a abraçar a causa do pobre. De acordo com o carisma, para cada instituto, isto significa adotar um modo de vida simples e austero, tanto como indivíduo quanto como comunidade. Fortalecidas por esse testemunho vivo e, de certa forma, consistente com sua opção de vida e mantendo sua independência diante das ideologias políticas, as pessoas consagradas serão capazes de denunciar as injustiças cometidas contra tantos filhos e filhas de Deus e a comprometerem-se com a promoção da justiça na sociedade onde trabalham” (VC 82).
Fiéis às Escrituras, a Igreja e a Ordem fizeram a opção preferencial pelos pobres porque Cristo foi enviado para levar a Boa Nova aos pobres (Lc 4,18). Não podemos permanecer insensíveis diante do apelo dos pobres (cf. Ex 22, 22.26; Eclo 21,5). Um compromisso com a Justiça e a Paz significa, necessariamente, fazer algo concreto pelos pobres mas também exige fazer perguntas. Por que existe essa situação? O que podemos fazer? Obviamente as razões para a situação de pobreza de tantos no mundo e as razões para a falta da verdadeira paz são extremamente complexas. Esta opção preferencial vem de uma vocação contemplativa. “A autêntica jornada contemplativa nos permite descobrir nossa própria fragilidade, nossa fraqueza, nossa pobreza, - em suma, o nada da natureza humana: tudo é graça. Através dessa experiência, crescemos em solidariedade com aqueles que vivem em situação de privação e de injustiça. Quando nos permitimos ser desafiados pelos pobres e oprimidos, somos gradualmente transformados e começamos a ver o mundo com os olhos de Deus e a amar o mundo com seu coração. Com Deus, ouvimos o clamor dos pobres e nos empenhamos em partilhar o cuidado, o interesse e a compaixão Divina pelos mais pobres e menores.
Isso nos leva a profetizar diante dos excessos do individualismo e do subjetivismo que vemos na mentalidade de hoje – diante das muitas formas de injustiça e de opressão dos indivíduos e dos povos” (Ratio, 43).
A razão fundamental para a existência de tanta pobreza no mundo está nas profundezas do coração humano. É um grande erro culpar apenas os outros por esta situação, porque cada um de nós tem alguma responsabilidade. O compromisso com a Justiça e a Paz deve estar de mãos dadas com o processo contemplativo de assumir a vontade de Cristo, de forma que nosso serviço aos pobres não se torne um modo sutil de fazer com que os pobres nos sirvam. O coração humano é muito ambíguo e, para servir de acordo com a vontade e o coração de Deus, devemos nos submeter à purificação profunda, que é uma parte íntima do processo contemplativo (Tg 4,8; Hb 4,12-13).
Cúpula da Basílica de São Pedro
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Subir até a Cúpula da Basílica de São Pedro ou San Pietro em Roma é algo imperdível. Certo que precisa de um pouco de preparo físico, mas vale muito a pena. Dica: Vá logo cedo e não pegue fila, assim você pode subir no seu ritmo sem ter uma fila de pessoas atrás de você. Muito melhor!
A Cúpula é tão grande e alta que pode ser vista praticamente de toda parte da cidade. Onde você estiver, basta olhar ao redor e procurar que a avistará.
Il Cupolone, como é chamada carinhosamente pelos romanos.
São 133 metros de altura, e apenas 551 degraus até o topo, mas você tem a escolha de pagar um pouquinho a mais e pegar o elevador, dali serão apenas mais 320 degraus…
A escolha é sua: pode pagar 8 euros e fazer todos os 551 degraus ou então pagar 10 euros e fazer somente 320. Eu já fiz mais de dez vezes e escolho sempre fazer com o elevador, pagando um pouquinho a mais. Melhor opção!
Os ingressos são vendidos somente na hora. Não existe venda on line.
A entrada é do lado direito da Basílica (se estiver olhando para ela).
Se você acha que não vai conseguir subir tantos degraus ou não gosta de lugares estreitos por algum motivo, vá pelo menos até onde o elevador te leva. Descendo do elevador você pode entrar na Cúpula e ter a oportunidade de ficar pertinho dos mosaicos da Cúpula da Basílica de São Pedro e ainda olhando para baixo você vê os visitantes lá embaixo dentro da Basílica, incrível.
Muito interessante: Quando você estiver fazendo a visita dentro da Basílica olhe para a Cúpula e veja aquelas lindíssimas pinturas, depois quando subir e chegar ali, pasme… Você vai descobrir que não são pinturas e sim enormes painéis de mosaico, de uma perfeição incrível. É maravilhoso!
em muita gente que sobe somente até onde vai o elevador e pode apreciar também uma bela vista, mas não de 360°.
Aqueles com mais idade, fobia de locais muito fechados ou problemas de saúde, melhor ficar por ali mesmo, afinal 320 degraus não é pra qualquer um… Tem um café e uma lojinha de souvenir ali para esperar enquanto os mais ousados da família encaram os degraus.
Vai encarar?
Então vamos subir a Cúpula da Basílica de São Pedro ou San Pietro em Roma. Tome fôlego, agora começa a grande aventura…
Entrou não tem como voltar atrás, pois a escada é super estreita e quando está chegando ao fim as paredes vão ficando curvadas, acompanhando a forma da cúpula. Existem alguns poucos espaços onde você pode parar e pegar fôlego, por isso indico sempre ir bem cedo, pois assim não terá fila atrás de você e vai poder parar quando quiser. Dica de quem vive em Roma e já subiu muitas vezes!
Ufa! Depois dos 320 degraus, você chegou…
Pode me dizer se valeu a pena ?
Agora e só aproveitar o prazer desta vista espetacular!
Dá para caminhar ao redor de toda a cúpula. Você pode ver o interessante formato da Piazza San Pietro, que simboliza dois braços abraçando o povo que está na praça, o Colunato de Bernini. Estas duas fotos acima fiz para vocês verem como é lindo, seja pela manhã seja no fim da tarde já com a luz do pôr do sol.
Você poderá ver também todo o Vaticano e seus jardins além do Castelo Sant’Angelo, e toda a bela Roma. Fonte: www.voupraroma.com
Católicos rejeitam a afirmação dos bispos de que padres gays são uma causa de abuso sexual
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Católicos rejeitam a afirmação dos bispos de que padres gays são uma causa de abuso sexual
Comentários recentes de vários bispos norte-americanos que tentaram ligar a homossexualidade ao abuso sexual cometido pelo clero. Apresentamos comentários de católicos que ou contrariam as afirmações desses bispos ou que ofereceram uma outra avaliação. A reportagem é de Robert Shine, publicada por New Ways Ministry, 04-09-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
Duas vozes deram respostas imediatas à carta do bispo de Madison, Robert Morlino, na qual disse que os padres gays estão "causando grande devastação na vinha do Senhor", segundo o National Catholic Reporter.
Todd Salzman, teólogo da Creighton University em Omaha, rejeitou as tentativas de associar a identidade sexual e o abuso, dizendo que tais alegações "se desviaram fundamentalmente da questão do poder e das estruturas de poder na igreja, e o abuso de poder que requer uma reforma fundamental". A questão principal, disse ele, é o "pecado estrutural do abuso de poder", não a ética sexual.
Marianne Duddy-Burke, diretora executiva da DignityUSA, chamou essa associação de "uma tentativa repugnante de reforçar a atitude da igreja institucional de lavar as mãos sobre o abuso sexual de crianças".
Para Duddy-Buker, essa tentativa vem de funcionários da Igreja indispostos a "assumir qualquer responsabilidade por um problema que está sobre suas cabeças."
O padre James Martin, S.J., autor do livro sobre questões LGBT na Igreja Building a Bridge (Construindo uma Ponte, em tradução livre), escreveu a respeito do tema dos padres gays para a America Magazine. Martin reconheceu que, seguindo-se as novas revelações sobre abuso sexual, os católicos "têm o direito de estar zangados", mas escreveu: "a intensidade do ódio e o nível de raiva direcionados aos padres gays não tem precedentes em minha memória". Martincontinuou:
"Este ódio atualmente está sendo instigado por alguns líderes influentes e comentaristas da igreja, se não for controlado, nos levará a um lugar de grande escuridão, caracterizado por um ódio crescente contra indivíduos inocentes, a condenação de um grupo inteiro de pessoas e uma distração dos verdadeiros problemas latentes a esta crise de abuso sexual."
"Há muitas coisas que precisam ser abordadas quando se trata de abuso sexual por parte do clero... O que não é necessário é a demonização dos padres gays. O que não é necessário é mais ódio."
Francis DeBernardo, diretor executivo do New Ways Ministry, desafiou as políticas do Vaticano que impediriam os homossexuais de entrar no seminário. Disse ele ao Crux:
"Curiosamente, o que estamos descobrindo é que essa política encoraja as pessoas a mentirem... Se um homem se sente chamado ao sacerdócio, ele racionalizará que não deveria admitir sua sexualidade... Os líderes institucionais querem promover uma mensagem de que homens gays não deveriam existir no sacerdócio... Então, eles não oferecem exemplos saudáveis e santos de padres gays que vivem seu celibato de maneira efetiva."
Durante uma coletiva de imprensa no recente Encontro Mundial das Famílias na Irlanda, DeBernardo perguntou num painel composto por um sobrevivente de abuso e três especialistas na área o que eles pensaram da hipótese de que os padres gays eram a causa do abuso. Todos os quatro painelistas condenaram essa teoria.
Em um editorial sobre como os líderes da Igreja podem responder à crise dos abusos sexuais, os editores do National Catholic Reporter se dirigiram ao tratamento dos líderes da Igreja em relação à homossexualidade:
"[...] insistimos que os bispos, os líderes da igreja, recusem e refutem o argumento que surge daqueles que afirmam que a homossexualidade no sacerdócio está na raiz do problema do abuso sexual. O fato - e estudos estabeleceram o fato - é que o ataque a crianças dentro da estrutura da igreja não é mais produto da cultura gay do que o ataque a crianças dentro das famílias, onde a maioria ocorre, é produto da cultura heterossexual. O problema é uma doença, e a mais notável das ofensas à comunidade católica foi a estratégia deliberada dos bispos para encobrir esses crimes impensáveis."
Nathan Schneider, escrevendo na America Magazine, não apenas rejeitou falsas caracterizações de padres gays, mas também afirma positivamente o papel que as pessoas LGBT desempenharam em sua vida de fé: "[...] inúmeras vezes, as pessoas que salvaram minha fé quando ela estava à beira do abismo eram pessoas LGBT. Suspeito que isso não seja um acidente. Não posso ter certeza, mas creio que tenha sido a experiência de marginalização e sua humanidade contra isso que me ajudou a ver onde Deus está... As pessoas que salvaram minha fé quando ela estava à beira do abismo eram pessoas LGBT."
Schneider acrescentou: "Em certo sentido, há alguma verdade que o problema do abuso tem a ver com um problema de homossexualidade. É o problema de uma homossexualidade reprimida, negativista, imatura que se descobriu um pouco depois do Concílio Vaticano II, mas não foi capaz de ir além disso."
A questão dos homens gays no sacerdócio precisa ser resolvida em breve para que os líderes da igreja possam se concentrar nas causas reais da crise dos abusos e para que nenhum dano adicional chegue às pessoas LGBT. É por isso que é vital que os católicos falem publicamente sobre sua apreciação e gratidão pelos padres gays, contrapondo onde e como for possível as narrativas homofóbicas promovidas por Morlino e seus pares. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
DOM ORANI: Carta de solidariedade ao Papa Francisco
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Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
São Sebastião do Rio de Janeiro, 30 de agosto de 2018
Santo Padre Papa Francisco,
Com filial reverência, dirijo-me, muito cordialmente, a V. Santidade a fim de lhe expressar, mais especialmente, minha proximidade, comunhão e oração ante notícias midiáticas sensacionalistas recentes que parecem visar a desestabilização da unidade da Igreja, atingindo, inclusive, o maior sinal visível dessa unidade, que é o ministério petrino no qual, hoje, serve V. Santidade, querido Papa Francisco.
Tenho a certeza da fé que Cristo, Nosso Senhor escolheu Pedro – e seus sucessores – para estar à frente da Sua Igreja e confirmar seus irmãos na fé (cf. Mt 16,17-19; Lc 22,31-32 e Jo 21,15-18). Não há dúvida de que Pedro foi o escolhido pelo Senhor para conduzir a Igreja, enquanto bispo de Roma. Dessa verdade até mesmo o historiador reformado Justo L. Gonzáles, muito usado nos estudos da História da Igreja em comunidades evangélicas, após referir-se ao fim historicamente incerto dos demais apóstolos, afirma a respeito de Pedro: “De todas as tradições, provavelmente a que é mais difícil de pôr em dúvida é a que afirma que Pedro esteve em Roma e que sofreu o martírio nessa cidade durante a perseguição de Nero. Este fato encontra testemunhos fidedignos em vários escritores cristãos dos fins dos primeiros séculos e de todo o século segundo e, portanto, deve ser aceito como historicamente certo.” (A Era dos Mártires. 13ª reimpressão. São Paulo: Vida Nova, 2005, p. 40-41. v. 1. Coleção: Uma História Ilustrada do Cristianismo).
Ora, isso que o historiador confirma em seu trabalho, faz parte da Tradição da Igreja, de modo que, no fim do século I, tendo surgido um litígio entre os fiéis de Corinto, o bispo de Roma, São Clemente, lhes escreveu uma carta autoritária: “Se alguns não obedecem ao que Deus mandou por nosso intermédio, saibam que incorrem em falta e em perigo muito grave” (c. 69).
Em meados do século III, S. Cipriano, bispo de Cartago, chamava a cátedra de Roma de “‘cátedra de Pedro’, a Igreja principal, donde se origina a unidade sacerdotal (isto é, a unidade dos bispos)” (epist. 55, 14).
É certo haver alguns que, tentando fundamentar-se em Gl 2,11-14, tenham a pretensão de resistir, hoje, ao Papa ou mesmo de enfrentá-lo como se o referido trecho bíblico lhes desse aval. Na verdade, não compactuamos com tal postura, por duas grandes razões: 1) pela Escritura e pela Tradição, como vimos, não é possível servir a Cristo, em Sua Igreja, sem estar em plena comunhão com o Sucessor de Pedro. 2) podemos observar que, em suas cartas, São Paulo, longe de se opor, conserva sempre especial respeito pela pessoa de São Pedro: 1Cor 9,5: “(...) como os outros apóstolos e os irmãos do Senhor e Cefas”; Gl 1,18: “Depois de passados três anos, subi a Jerusalém para conhecer Cefas, e permaneci com ele durante 15 dias”; 1Cor 15,3-5: “Desde o princípio vos ensinei o que aprendi: que Cristo morreu..., ressurgiu e foi visto por Cefas e depois pelos 11”.
De modo que tendo considerado o episódio de Antioquia e os demais textos paulinos, conclui o racionalista Alfred Loisy: a atitude de São Paulo “atesta ter sido Pedro o chefe do serviço evangélico, o homem com o qual era preciso entrar em acordo, sob pena de trabalhar em vão” (Les Evangiles Synoptiques 14). Segundo escreve o estudioso luterano G. Bornkamm, “para ser justo diremos que não há motivo para formular uma tal acusação”. A passagem de Gl trata “da unidade dos cristãos de origem judaica e provenientes do paganismo numa comunidade mista. Cefas (Pedro) e Tiago não devem, portanto, ser acusados de deslealdade, e os judeu-cristãos de Antioquia, com os caracteres de um Barnabé, certamente não arremessaram no mar toda a sua compreensão do Evangelho libertador da Lei” (E. Cothenet. A Epístola aos Gálatas. São Paulo: Paulinas, 1984, p. 34). Quem viu ou vê aí um álibi para acusar ou questionar o Papa, engana-se.
De resto, Santo Padre, todos os Papas, de um ou de outro modo, sofreram críticas e perseguições, nem João Paulo I, em apenas 33 dias de Pontificado, escapou da sanha acusatória. Se perseguiram o Mestre com toda sorte de sofrimentos físicos e morais, com seus ministros não será diferente, em graus diversos, de modo que tais sofrimentos toquem também os que mais estão perto. Só Deus e os verdadeiros irmãos podem estar próximos de nós nas horas em que somos traídos por um dos 12, um dos membros do Colégio Apostólico. Foi a triste realidade a que o Senhor esteve submisso. Conosco não é, nem poderia ser, diferente. Carregamos um pouco da Cruz de Cristo!
Santo Padre, termino com as palavras de carinho filial com as quais comecei esta mensagem: sinta o meu incondicional apoio, minha proximidade espiritual e humana. Tenha-me como um filho devotado, na graça divina, que o bispo de Roma pode ter sempre ao seu lado, especialmente em tempos de mar revolto que parecem ameaçar a Igreja de Cristo.
Nesta oportunidade, Santo Padre, transmita, também, minha afetuosa e fraterna proximidade ao meu irmão no Episcopado e no Colégio Cardinalício, Sua Eminência, o Senhor Cardeal Pietro Parolin, DD., secretário de Estado de Vossa Santidade. Esteja ele certo de minha oração e amizade.
Colocando-me ao vosso inteiro dispor, suplico-lhe, Santo Padre, vossa bênção apostólica extensiva a todo o povo de Deus desta Igreja Particular de São Sebastião do Rio de Janeiro,
Vosso devotado filho, no Senhor,
Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Fonte: http://arqrio.org
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