Sair do túmulo
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Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
É próprio de cada criatura viva preservar-se e defender-se de tudo o que a tente levar para a sepultura. No entanto, os mecanismos de morte acontecem se cada um de nós não trabalhar para a preservação da vida de todos. O solo terrestre, com tudo o que ele tem em baixo ou em cima da superfície, está sendo ameaçado, arruinado ou destruído. Não vale o “só cada um por si”! Enquanto todos não estiverem dispostos a se ajudarem para a superação da destruição e não tiverem o cuidado com a vida de cada um (solo, minas d’água, biomas, vegetação, animais e seres humanos), todos são prejudicados.
Jesus deu-se totalmente pela causa abraçada de mudar o rumo da história do planeta e do ser humano. Não reservou sequer a última gota d’agua e do sangue jorrados do alto da cruz. Mostrou o que devemos fazer para preservar e desenvolver a vida na terra. Sua ressurreição nos garante a certeza de que não seguimos simplesmente um fundador de religião humano a mais. Entregou a vida na natureza humana, mas a ressuscitou porque tem também a natureza divina. Com Ele somos capazes de também dar de nós pelo bem da natureza e da vida humana. Mesmo que tenhamos infelizmente caído no “sepulcro” de nossos egoísmos, injustiças, degradação da terra e das relações com o semelhante, há esperança de ressurreição. Podemos e devemos mudar a mentalidade da ganância, da busca do ter a todo custo, da concentração das riquezas nas mãos de poucos e consequentes injustiças sociais, da monocultura em diversas regiões, da destruição de grande parte das matas ciliares, das mineradoras que destroem e poluem, da falta de políticas públicas que não levam em conta a preservação do meio ambiente e a promoção de benefícios sociais principalmente às classes mais prejudicadas...
A solidariedade é uma das virtudes que marcam a vida de quem comunga com a Páscoa de Jesus. É possível corrigir a corrupção que domina negativamente boa parte da política. Esta deve ressuscitar para a vida nova de serviço ao povo e não de busca desenfreada de benefícios para si e poucos, através da prática do ilícito em prejuízo para o povo. Ele é o mandatário e não deve ser o escravo, sendo sepultado em sua dignidade.
Precisamos muito de testemunhas qualificadas, como os Apóstolos de Jesus, para anunciar e garantir a todos que Ele ressuscitou. Quem quer viver com Ele a própria ressurreição, deve aceitar a missão de dar de si para a ressurreição das inter-relações humanas promotoras de vida de sentido e dignidade a todos. Como é importante fazer a Páscoa de Jesus acontecer para todos! Nosso esforço de promover a vida nos deve defendê-la desde a concepção até sua morte natural. O aborto e todos os mecanismos de morte devem ser abolidos de nossa sociedade. Leis que os favoreçam devem ser rechaçadas por todos!
Pedro e João, avisados por Maria Madalena que Jesus não estava mais no túmulo, foram correndo para ver a sepultura e constataram que, de fato, o corpo do Mestre lá não estava mais. Eles acreditaram na ressurreição do Senhor (Cf. João 20,1-9), que apareceu depois a eles e aos demais discípulos. Fonte: www.cnbb.org.br
Fonte de resistência e esperança.
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Pe. João Batista Libânio, SJ
O mistério pascal da morte e ressurreição de Cristo assemelha-se à encruzilhada em que se encontra a fé cristã. Dela nascem três trilhas. Conforme se toma uma ou outra, o significado varia.
A trilha da cruz. Desenvolveu-se na Igreja certa espiritualidade calcada na cruz de Cristo. Produziu efeitos ambivalentes. Uns souberam encontrar nela exemplo de vida mortificada. Interpretaram a afirmação de Jesus, sobretudo na versão de Lucas, “se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me” (Lc 9,23) no sentido de carregar a cruz todos os dias. Algo diário. Renúncia ao prazer, ao gozo por meio de mortificação contínua. Facilmente se insinuou certa interpretação negativa, quase maniqueia ou, ao menos, jansenista do corpo, das coisas materiais. Ser cristão traduzia na constante vigilância sobre si mesmo a fim de encontrar ocasiões de sacrifício.
Em grau moderado, a espiritualidade da cruz oferecia motivação para suportar com paciência, resignação e até mesmo com alegria as cruzes que a existência impõe a todo ser humano. Não se chegava ao grau de procurá-las, mas, pelo menos, de carregá-las serenamente.
A meditação da cruz de Cristo, reforçada na Semana Santa, alimentava tal espiritualidade de cunho dolorista. Sem dúvida, muita gente santificou-se, ao vivê-la. E a hagiografia enche-se de exemplos das penitências dos santos. Algumas soam-nos exorbitantes. No século passado, homens como o pe. Gignac, francês, e Pe. Doyle, irlandês, somente para citar dois exemplos, sobressaíram por extrema austeridade de vida. Jejuns, flagelos, cilícios, cadeinhas de ferro a castigar o corpo durante todo o dia em busca da liberdade espiritual. Alguns orientadores espirituais os propunham como exemplos para jovens iniciantes na vida religiosa.
A trilha da ressurreição. O acento sobre a ressurreição virou a página. Esquece-se que o Senhor glorificado antes sofrera na cruz. Valoriza-se o triunfo sobre a morte e focaliza-se a Cristo na glória celeste, reinando sobre o mundo. As autoridades, os poderosos alimentaram muito dessa espiritualidade. Sentiam-se representantes do Cristo triunfante aqui na terra. A figura do Cristo pantocrátor – todo poderoso – simboliza bem essa espiritualidade.
A cisão entre o Jesus palestinense, frágil, sujeito aos sofrimentos e à morte e o Cristo ressuscitado produziu o esquecimento do seguimento de Jesus. Preferiu-se falar de imitação de Cristo. Teólogos da libertação, como Jon Sobrino, criticaram tal corte e voltaram a insistir na figura humana de Jesus. L. Boff forjou a bela frase: “humano assim, só pode ser Deus mesmo”.
A trilha do mistério pascal: crucificado e ressuscitado. Evitando, portanto, essas duas trilhas exclusivas, que contêm verdades, mas não dão conta do núcleo duro do mistério pascal. A afirmação teológica central da cristologia atual soa: O Jesus histórico, palestinense é o mesmo que o Cristo glorificado e vice-versa. Não cabe nenhum corte entre os dois sem que se afete o mistério da pessoa de Jesus.
Ao assumir o mistério pascal na complexidade, aparece então a sua força. Precisamos manter o olhar voltado simultaneamente para a cruz e para a ressurreição. Ou melhor: para o Jesus crucificado, e não tanto para a cruz, e para o Cristo ressuscitado, e não tanto para a ressurreição: ambos mistérios da vida de Jesus Cristo iluminam-nos a existência cristã.
Estamos na luta pela libertação na sociedade, no interior da Igreja, na família, na escola e em tantas outras situações. As forças de dominação reagem e dificultam-nos a ação. O olhar para o Jesus, que sobe o calvário em fidelidade absoluta à causa que assumiu, anima-nos. Oferece-nos coragem para perseverar. A resistência nasce do Crucificado que antes de nós conheceu as agruras de lutar para libertar o mundo do pecado, das injustiças, das estruturas de opressão.
Não nos basta tal força para resistir. Em dado momento, não aguentamos mais. A capacidade de suportar as dificuldades tem limites. E o Crucificado como crucificado nos deixa perplexos.
Cabe olhar para o Ressuscitado. Ele nos acena para o destino final de toda luta de libertação. Não termina na morte, mas na vida. Este impulso nos faz falta.
Celebrar a Semana Santa significa precisamente jogar com esses dois elementos. Resistência e esperança. O Crucificado nos fortalece. O Ressuscitado nos abre o horizonte para a vida plena. Com esse duplo olhar caminharemos fieis ao que Jesus mesmo viveu. Ele morreu, mas ressuscitou. Ressuscitou, sim, porque morreu, entregando-se ao Pai, à humanidade, à causa da libertação.
*Jornal Solário-RS. Março de 2011
Sábado Santo, Dia da Mãe de Jesus: Amor e Vida
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Rádio Vaticano (RV) – «Hoje, fazemos a experiência do vazio. O Senhor cumpriu sua missão nos redimindo, através de sua paixão e cruz, através de sua entrega até a morte. Na noite passada contemplamos o sepultamento de seu corpo.
Agora, nesta manhã de sábado, a saudade está presente, mas uma saudade cheia de paz e de esperança. Como Maria, com o coração em luto, a Igreja aguarda esperançosa, que a promessa do Cristo se cumpra, que ele surja, que ele ressuscite.
A ausência não é experiência do vazio, mas aprofunda a presença desejada. Podemos recordar e refletir sobre os sábados santos de nossa vida, nossas experiências de vazio após sofrimentos e perdas.
Como vivenciamos esses mistérios dolorosos quando irromperam em nossa existência? Permitimos que luz da fé na certeza da vitória da Vida, iluminasse nossa mente e aquecesse nosso coração? Preenchemos esse vazio abrindo as portas de nosso coração a Jesus, Palavra de Vida, de Eternidade? Ou nos fragilizamos mais ainda, permitindo que a escuridão da morte nos envolvesse?
Jesus é Vida! Nossa Senhora, a verdadeira discípula, na manhã de sábado permaneceu, apesar da dor, do luto, esperançosa. Ela acreditou nas palavras de seu Filho e não permitiu que o sofrimento pela perda dissesse a última palavra, mas que a palavra definitiva seria a promessa de seu Filho, a própria Palavra, que disse que iria ressuscitar que ele era o Caminho, a Verdade, a Vida!
Hoje à noite iremos celebrar a Vitória da Vida, a ressurreição de Jesus, o encontro do Filho ressuscitado com a Mãe que deixará de ser a Senhora das Dores, para ser a Senhora da Glória. Contudo, para nós que perdemos entes queridos, esse encontro ainda não aconteceu e sabemos que nesta vida, não acontecerá. Como viver, então, a Páscoa da Ressurreição?
Nossa vida deverá ser um permanente Sábado Santo, não com vazio, mas pleno de fé, de esperança na certeza da vitória da Vida e que também teremos o reencontro que Maria teve, e será para sempre! Quanto mais nos deixarmos envolver pela Palavra de Vida, que é Jesus, mais nos aproximaremos da tarde da ressurreição; de modo mais intenso essa palavra irá nos iluminar e aquecer.
Que nossas perdas não nos tirem a alegria de viver, que nos é dada com a presença de Jesus, a Vida plena, Eterna».
Arquidiocese de Maceió celebra a Paixão de Cristo no bairro do Centro
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Fiéis católicos compareceram às celebrações que foram presididas pelo arcebispo
Por Fillipe Lima*
Crédito: Carlos Roberto / Pascom Arquidiocese
A Sexta-feira Santa é um dos pontos mais importantes da fé Cristã em todo o mundo. Nesta data é celebrada a morte de Jesus Cristo. Durante todo o dia, os fiéis católicos de Maceió participaram de orações e louvores na Catedral Metropolitana, no bairro do Centro.
Presidida pelo arcebispo Dom Antônio Muniz, a celebração teve início pontualmente ao meio-dia de hoje com o Ofício da Agonia, que significa a dor e o sofrimento que Jesus passou durante sua crucificação. Segundo a tradição católica, neste momento são lembradas as lamentações de Cristo - juntamente com Maria - e as sete últimas palavras de Jesus na Cruz e a dor de Sua mãe ao vê-lo no calvário.
Após o momento de meditação e reflexão, os fiéis permaneceram na Catedral para adoração ao Santíssimo até às 15 horas, onde saíram em procissão pelas ruas do Centro de Maceió.
Apesar do tempo nublado e chuvoso, os fiéis católicos não desanimaram e compareceram em um bom número às celebrações.
Procissão do Senhor Morto
A concentração para a Procissão do Senhor morto foi na Praça dos Martírios e partiram em destino à Praça Marechal Deodoro. O trajeto foi pelas ruas Melo Morais e Cincinato Pinto.
A Procissão de Senhor Morto nasceu em Portugal entre os anos de 1490 e 1510, na Arquidiocese de Braga. A tradição já dura seis séculos e simboliza o cortejo durante o sepultamento de Jesus após a sua crucificação.
As celebrações pascais da Igreja Católica seguem durante todo o fim de semana. Neste sábado (15), será celebrada a Vigília Pascal, que é o ponto máximo da fé Cristã com a festa da Ressureição do Senhor. Fonte: http://www.cadaminuto.com.br
Papa Francisco reza no Coliseu pelo sangue derramado por inocentes
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O Papa Francisco presidiu nesta sexta-feira, em uma Roma blindada, sua quinta Via Crucis como pontífice, ao redor do Coliseu, ao fim da qual rezou pelo “sangue derramado pelos inocentes” por conta das guerras e injustiças.
Ao final do percurso com o qual se rememora o calvário de Cristo até sua crucificação, o papa pronunciou mais de sete vezes a palavra “vergonha” para enumerar os pecados, omissões, injustiças, escândalos e horrores que atingem o mundo e a Igreja.
“Vergonha pelo sangue de inocentes que cotidianamente é derramado de mulheres, crianças, imigrantes, pessoas perseguidas pela cor da pele ou por seu pertencimento étnico, social, ou por sua fé”, disse o papa com voz firme e, às vezes, comovida.
Dirigindo-se ao Cristo crucificado, o papa argentino reconheceu sua “vergonha por todas as imagens de devastação, destruição e naufrágio, que se tornaram comuns para nós”, acrescentou.
O papa Francisco reconheceu também sua “vergonha por todas as vezes que bispos, sacerdotes, consagrados e consagradas feriram seu corpo, a Igreja”, em alusão aos abusos cometidos por padres pedófilos.
Em sua oração, o pontífice pediu por “irmãos atingidos pela violência, pela indiferença e pela guerra” e pediu que “rompam as cadeias que nos fazem prisioneiros de nosso egoísmo, de nossa cegueira involuntária, e da vaidade de nossos cálculos mundanos”.
O papa chegou às 21H00 locais (16H00 de Brasília) ao célebre monumento romano, onde cerca de 20.000 pessoas, entre elas turistas e religiosos, além da prefeita de Roma, Virgina Raggi, o esperavam, algumas com tochas.
O percurso noturno ao redor do Coliseu foi feito neste ano em um clima particular, marcado pelas fortes medidas de segurança adotadas desde os atentados de domingo passado no Egito contra duas igrejas de cristãos coptas, que deixaram 45 mortos.
– Roma blindada –
“Roma está blindada, vigiada. Espero que não aconteça nada”, comentou uma jovem à emissora italiana RAI, que transmitiu ao vivo o evento para inúmeros países.
Toda a área foi vigiada por patrulhas da polícia e pelo exército, além de corpos especiais de Inteligência.
Tanques do exército foram colocados na entrada da grande avenida que leva ao Coliseu para impedir ataques contra a multidão com automóveis, como ocorreu em Londres e Nice.
Francisco, de 80 anos, presidiu – como no ano passado – o rito do terraço do Palatino, em frente ao imponente anfiteatro romano, sem percorrer a pé as 14 estações.
Para esta ocasião, as meditações foram escritas pela biblista francesa Anne-Marie Pelletier, que decidiu não usar os nomes que habitualmente usa.
Entre os novos nomes das 14 estações destacam-se “Jesus é negado por Pedro”, “Jesus e Pilatos”, enquanto a última, a 14ª, se chamou “Jesus no sepulcro e as mulheres”, tema que desenvolveu a questão feminina, das mulheres que sofrem.
Em cada uma das estações, algumas colocadas dentro do monumento, uma cruz cinza feita especialmente para o rito foi carregada por jovens, imigrantes e religiosos.
Na 10ª estação, uma família colombiana formada por Claver Martínez Ariza, sua esposa Marlene e seus dois filhos, levou a cruz. Na 8ª, foi carregada por uma família egípcia.
As duas famílias representam os dois países que o papa argentino anunciou que visitará neste ano para pedir o diálogo e a reconciliação, em particular na Colômbia, onde espera promover em setembro o perdão após a histórica assinatura do acordo de paz com a guerrilha das Farc, que pôs fim a mais de 50 anos de conflito.
Antes da Via Crucis, o pontífice, vestido de vermelho, se deitou sobre uma tapete na basílica de São Pedro, sem a cruz em seu peito e o anel de pescador, como um sinal de que Jesus morreu.
No domingo, as celebrações atingirão o ápice da Semana Santa com a missa da Ressurreição e com a mensagem “Urbi et orbi”, que significa “à cidade e ao mundo”. Fonte: http://istoe.com.br
Homilia de Papa Francisco na Missa Crismal – Texto integral
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(13/04/2017) «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos» (Lc 4, 18). O Senhor, Ungido pelo Espírito, leva a Boa-Nova aos pobres. Tudo aquilo que Jesus anuncia é Boa-Nova; alegra com a alegria evangélica; e o mesmo se diga de nós, sacerdotes, de quem foi ungido em seus pecados com o óleo do perdão, e ungido no seu carisma com o óleo da missão, para ungir os outros. E, tal como Jesus, o sacerdote torna jubiloso o anúncio com toda a sua pessoa. Quando pronuncia a homilia – breve, se possível –, fá-lo com a alegria que toca o coração do seu povo, valendo-se da Palavra com que o Senhor o tocou na sua oração. Como qualquer discípulo missionário, o sacerdote torna jubiloso o anúncio com todo o seu ser. Aliás, como todos experimentamos, são precisamente os detalhes mais insignificantes que melhor contêm e comunicam a alegria: o detalhe de quem dá um pequeno passo a mais, fazendo com que a misericórdia transborde nas terras de ninguém; o detalhe de quem se decide a concretizar, fixando dia e hora para o encontro; o detalhe de quem deixa, com suave disponibilidade, que ocupem o seu tempo…
A Boa-Nova pode parecer simplesmente um modo diferente de dizer «Evangelho», como «feliz anúncio» ou «boa notícia». Todavia contém algo que compendia em si tudo o mais: a alegria do Evangelho. Compendia tudo, porque é jubilosa em si mesma.
A Boa-Nova é a pérola preciosa do Evangelho. Não é um objeto; mas uma missão. Bem o sabe quem experimenta «a suave e reconfortante alegria de evangelizar» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 10).
A Boa-Nova nasce da Unção. A primeira, a «grande unção sacerdotal» de Jesus, é a que fez o Espírito Santo no seio de Maria.
Naqueles dias, a boa-nova da Anunciação fez a Virgem Mãe cantar o Magnificat, encheu de um sacro silêncio o coração de José, seu esposo, e fez saltar de gozo João no seio de sua mãe Isabel.
Hoje, Jesus regressa a Nazaré e a alegria do Espírito renova a Unção na pequena sinagoga local: o Espírito pousa e espalha-Se sobre Ele, ungindo-O com o óleo da alegria (cf. Sal 45/44, 8).
A Boa-Nova. Uma única palavra – Evangelho – que, no ato de ser anunciada, se torna verdade jubilosa e misericordiosa.
Que ninguém procure separar estas três graças do Evangelho: a sua Verdade – não negociável –, a sua Misericórdia – incondicional com todos os pecadores – e a sua Alegria – íntima e inclusiva.
Nunca a verdade da Boa-Nova poderá ser apenas uma verdade abstrata, uma daquelas que não se encarnam plenamente na vida das pessoas, porque se sentem mais confortáveis na palavra escrita dos livros.
Nunca a misericórdia da Boa-Nova poderá ser uma falsa compaixão, que deixa o pecador na sua miséria, não lhe dando a mão para se levantar nem o acompanhando para dar um passo mais no seu compromisso.
Nunca a Boa-Nova poderá ser triste ou neutra, porque é expressão duma alegria inteiramente pessoal: «a alegria dum Pai que não quer que se perca nenhum dos seus pequeninos» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 237): a alegria de Jesus, ao ver que os pobres são evangelizados e que os pequeninos saem a evangelizar (cf. ibid., 5).
As alegrias do Evangelho – uso agora o plural, porque são muitas e variadas, segundo o modo como o Espírito as quer comunicar em cada época, a cada pessoa, em cada cultura particular – são alegrias especiais. Chegam-nos em odres novos, aqueles de que fala o Senhor para expressar a novidade da sua mensagem.
Partilho convosco, queridos sacerdotes, queridos irmãos, três ícones de odres novos em que a Boa-Nova se conserva bem, não se torna vinagrenta e se derrama em abundância.
Um ícone da Boa-Nova é o das talhas de pedra das bodas de Caná (cf. Jo 2, 6). Num detalhe, as talhas espelham bem aquele Odre perfeito que é – em Si mesma, toda inteira – Nossa Senhora, a Virgem Maria. Diz o Evangelho que «as encheram até acima» (Jo 2, 7). Imagino que algum dos serventes terá olhado para Maria para ver se já bastava assim, e terá havido um gesto com o qual Ela terá dito para acrescentar mais um balde. Maria é o odre novo da plenitude contagiosa. É «a serva humilde do Pai, que transborda de alegria no louvor» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 286), é a Nossa Senhora da prontidão, Aquela que acabara de conceber em seu seio imaculado o Verbo da vida e já parte para ir visitar e servir a sua prima Isabel. A sua plenitude contagiosa permite-nos superar a tentação do medo: não ter coragem de se deixar encher até acima, aquela pusilanimidade de não ir contagiar de alegria os outros. Não haja nada disto, porque «a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus» (ibid., 1).
O segundo ícone da Boa-Nova é aquele cântaro – com a sua concha de pau – que trazia à cabeça a Samaritana, sob o sol ardente do meio-dia (cf. Jo 4, 5-30). Expressa bem uma questão essencial: ser concreto. O Senhor, que é a Fonte de Água viva, não tinha um meio para tirar água e beber alguns goles. E a Samaritana tirou água do seu cântaro com a concha e saciou a sede do Senhor. E saciou-a ainda mais com a confissão dos seus pecados concretos. Agitando o odre daquela alma samaritana, transbordante de misericórdia, o Espírito Santo derramou-Se sobre todos os habitantes daquela pequena cidade, que convidaram o Senhor a demorar-Se no meio deles.
Um odre novo com esta concretização inclusiva, no-lo presenteou o Senhor na alma «samaritana» que foi Madre Teresa de Calcutá. Ele chamou-a e disse-lhe: «Tenho sede». «Vem, pequenina minha! Leva-Me aos tugúrios dos pobres. Vem! Sê a minha luz. Não posso ir sozinho. Não Me conhecem, por isso não Me querem. Leva-Me a eles». E ela, começando por um pobre concreto, com o seu sorriso e o seu modo de tocar as feridas com as mãos, levou a Boa-Nova a todos.
O terceiro ícone da Boa-Nova é o Odre imenso do Coração trespassado do Senhor: integridade suave, humilde e pobre, que atrai todos a Si. D’Ele devemos aprender que, anunciar uma grande alegria àqueles que são muito pobres, só se pode fazer de forma respeitosa e humilde, até à humilhação. A evangelização não pode ser presunçosa. Não pode ser rígida a integridade da verdade. O Espírito anuncia e ensina «a verdade completa» (Jo 16, 13), e não tem medo de a dar a beber aos goles. O Espírito diz-nos, em cada momento, aquilo que devemos dizer aos nossos adversários (cf. Mt 10, 19) e ilumina-nos sobre o pequeno passo em frente que podemos dar naquele momento. Esta integridade suave dá alegria aos pobres, reanima os pecadores, faz respirar aqueles que estão oprimidos pelo demónio.
Queridos sacerdotes, contemplando e bebendo destes três odres novos, que a Boa-Nova tenha em nós a plenitude contagiosa que Nossa Senhora transmite com todo o seu ser, a concretização inclusiva do anúncio da Samaritana e a integridade suave com que o Espírito jorra e Se derrama incessantemente a partir do Coração trespassado de Jesus, Nosso Senhor. Fonte: http://pt.radiovaticana.va
'A Padroeira' estreia na TV Aparecida em transação histórica na Globo
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A emissora vai exibir a novela duas vezes ao dia
Na próxima segunda (17), o público da TV Aparecida poderá conferir a reexibição da novela 'A Padroeira', da Globo. A trama que foi exibida orginalmente em 2001 marca a primeira vez que a Globo cede uma produção para outro canal do Brasil e ainda gratuitamente.
A emissora resolveu ceder a novela em homenagem aos 300 anos em que a imagem da Santa foi encontrada pelos pescadores. A transação foi acertada pela família Marinho e o arcebispo dom Raymundo Damasceno Assis.
Segundo o UOL, a emissora vai exibir a novela duas vezes ao dia. Às 19h sempre um capítulo inédito; às 22h30, a reprise. 'A Padroeira' é protagonizada por Deborah Secco, Maurício Mattar e Luigi Baricelli. A TV Aparecida apenas terá que pagar os direitos de imagem do elenco. Fonte: www.noticiasaominuto.com.br
AGRADECER...
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Frei Petrônio de Miranda, Carmelita.
Nos últimos dias, aqui do Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro, entrei em contato com a administração de Lagoa da Canoa da Canoa-AL através do Vice-Prefeito, sr. Paulo Aguiar, e falei sobre o abandono que se encontrava a imagem de Nossa Senhora Aparecida na entrada da Comunidade Capim-minha terra natal- monumento este feito através de nosso pedido ao então prefeito na época, Sr. Jairzinho.
Estive no mês da Padroeira do Brasil e da Comunidade Capim em outubro do ano passado- como aliás faço todos os anos- e, mesmo solicitando uma limpeza ao então gestor, sr. Álvaro Melo, não fomos atendidos e a nossa querida Padroeira ficou abandonada. Repito, abandonada!
Venho de público agradecer a atual administração na pessoa da Prefeita, sra. Tainá Veiga e do seu vice, sr. Paulo Aguiar, por atender não um pedido do Frei Petrônio de Miranda, mas das Comunidades; Capim, Pau- D`Arco e Mata Limpa, uma vez que nossa Senhora Aparecida acolhe e abençoa a todos que passa naquela estrada. Além do mais, estamos em pleno Ano Mariano da celebração dos 300 Anos do encontro da Mãe de Deus com os pescadores em Aparecida do Norte/SP.
Aqui de Brasília, onde encontro-me em Missão nesses dias, aproveito para desejar uma ótima Semana Santa.
Que Deus abençoe a todos e boa caminhada até o Cruzeiro dos Olhos D`água. Ah! E ainda tem político que “não sabe” porque perdeu a última eleição... Pelo amor de Deus! (Fotos da reforma. Fonte: facebook)
Na falta de padres, mulheres celebram cerimônias em igrejas de Portugal.
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Em algumas aldeias do sudeste de Portugal, a falta de padres católicos levou mulheres locais, simples fiéis, a celebrar elas próprias cerimônias para animar a vida religiosa destas comunidades, antigas, mas abertas à mudança.
Na minúscula igreja de Carrapatelo, aldeia de meia centena de casas construídas sobre uma colina com vista para os vinhedos da região de Reguengos de Monsaraz, Claudia Rocha, vestida de preto, se dirige a uma dezena de fiéis, mulheres idosas em sua maioria.
Enquanto sua bolsa de couro e seu smartphone a esperam apoiados no primeiro banco, a jovem de 31 anos conduz com facilidade esta “assembleia dominical na ausência de padre”. Após as orações e os cantos litúrgicos, ela mesma comenta as leituras bíblicas do dia, como faria qualquer outro prelado.
Ao fim da cerimônia, distribui a comunhão como ocorre na missa, com a única diferença de que as hóstias que reparte foram benzidas por um padre e que ela não bebe o vinho que representa o sangue de Cristo. “Se eu não estivesse aqui hoje, esta igreja estaria fechada. Pouco importa que seja mulher, diácono ou padre: o que conta é ter alguém que pertença à comunidade e mantenha o vínculo com o padre, inclusive quando ele não está”, explica à AFP.
– ‘Nada novo’ –
Esta assistente social, divorciada e sem filhos, faz parte do grupo de 16 laicos, oito mulheres e oito homens, escolhidos pelo padre Manuel José Marques para ajudá-lo a conservar uma presença regular da igreja nas sete paróquias sob sua responsabilidade.
“Pode parecer raro e novo, mas não inventamos nada. Trata-se de uma ferramenta prevista pela Igreja há muito tempo, para os casos em que seja absolutamente necessário”, destaca este padre de 57 anos. Efetivamente, outros países têm este tipo de celebrações sem ministro ordenado, como Alemanha, França, Suíça ou Estados Unidos, devido à falta de padres católicos. Sua aparição remonta aos anos 80, mas o Vaticano e muitos eclesiásticos se negam a encorajá-la por medo de uma banalização da missa.
O padre Manuel José, por sua vez, não encara isso com maus olhos. Em Reguengos de Monsaraz, localidade da região do Alentejo, perto da fronteira com a Espanha, assembleias dominicais como essas, realizadas há mais de uma década, são necessárias. Os fiéis que o ajudam de forma voluntária, de 24 a 65 anos, “são pessoas que têm a experiência da fé e do encontro com Jesus Cristo, e que sabem falar disso”, resume, ressaltando que não faz nenhuma distinção entre homens e mulheres.
O recurso às mulheres laicas existe em outras regiões rurais de Portugal, país de dez milhões de habitantes, dos quais 88% são católicos, segundo estimativas da Igreja, e que tem apenas 3.500 padres para 4.400 paróquias.
– ‘Assunto delicado’ –
Em agosto passado, o papa Francisco criou uma comissão de estudo sobre o papel das mulheres diaconisas nos trabalhos do cristianismo. E embora tenha desmentido ter “aberto o caminho para as diaconisas”, sua iniciativa é encarada como um gesto de abertura potencialmente histórico sobre o papel das mulheres no seio da Igreja.
“É um assunto muito delicado, mas nós o simplificamos. Nesta pequena aldeia, tomamos a dianteira do Vaticano”, considera Claudia Rocha ao sair da igreja. Exibindo um espírito progressista, o padre Manuel José considera que “as mulheres seriam padres e diaconistas muito boas”. No entanto, adverte, “não é a opinião de um padre nem de dez que fazem a teologia”.
Os paroquianos, por sua vez, aprovam a presença de uma mulher no púlpito. “No início achávamos estranho: ‘Uma mulher ministrando a missa?’ Mas depois nos acostumamos”, explica Angélica Vital, aposentada de 78 anos. “E, se faltam padres, acredito que deveriam poder se casar… são homens, assim como o resto”, afirma com um sorriso. Fonte: http://istoe.com.br
Aborto: nova nota de condenação da CNBB
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"O aborto jamais pode ser considerado um direito da mulher ou do homem, sobre a vida do nascituro", afirmam os bispos.
Na tarde desta terça-feira, a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu Nota Oficial "Pela vida, contra o aborto". Os bispos reafirmam posição firme e clara da Igreja "em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural" e, desse modo lembra condenam "todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil".
"O direito à vida permanece, na sua totalidade, para o idoso fragilizado, para o doente em fase terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e também para aquela que ainda não nasceu", sublinham os bispos.
Os bispos ainda lembram que "o respeito à vida e à dignidade das mulheres deve ser promovido, para superar a violência e a discriminação por elas sofridas. A Igreja quer acolher com misericórdia e prestar assistência pastoral às mulheres que sofreram a triste experiência do aborto". E afirmam: "A sociedade é devedora da mulher, particularmente quando ela exerce a maternidade".
Atitudes antidemocráticas
Na Nota, os bispos afirmam: "Neste tempo de grave crise política e econômica, a CNBB tem se empenhado na defesa dos mais vulneráveis da sociedade, particularmente dos empobrecidos. A vida do nascituro está entre as mais indefesas e necessitadas de proteção. Com o mesmo ímpeto e compromisso ético-cristão, repudiamos atitudes antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal-STF uma função que não lhe cabe, que é legislar".
A CNBB pede: "O Projeto de Lei 478/2007 - “Estatuto do Nascituro”, em tramitação no Congresso Nacional, que garante o direito à vida desde a concepção, deve ser urgentemente apreciado, aprovado e aplicado". E conclama: as "comunidades a unirem-se em oração e a se mobilizarem, promovendo atividades pelo respeito da dignidade integral da vida humana".
Leia a Nota:
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL- Presidência
NOTA DA CNBB
PELA VIDA, CONTRA O ABORTO
“Não matarás, mediante o aborto, o fruto do seu seio”(Didaquê, século I)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através da sua Presidência, reitera sua posição em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural . Condena, assim, todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil.
O direito à vida é incondicional. Deve ser respeitado e defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana. O direito à vida permanece, na sua totalidade, para o idoso fragilizado, para o doente em fase terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e também para aquela que ainda não nasceu. Na realidade, desde quando o óvulo é fecundado, encontra-se inaugurada uma nova vida, que não é nem a do pai, nem a da mãe, mas a de um novo ser humano. Contém em si a singularidade e o dinamismo da pessoa humana: um ser que recebe a tarefa de vir-a-ser. Ele não viria jamais a tornar-se humano, se não o fosse desde início . Esta verdade é de caráter antropológico, ético e científico. Não se restringe à argumentação de cunho teológico ou religioso.
A defesa incondicional da vida, fundamentada na razão e na natureza da pessoa humana, encontra o seu sentido mais profundo e a sua comprovação à luz da fé. A tradição judaico-cristã defende incondicionalmente a vida humana. A sapiência e o arcabouço moral do Povo Eleito, com relação à vida, encontram sua plenitude em Jesus Cristo . As primeiras comunidades cristãs e a Tradição da Igreja consolidaram esses valores . O Concílio Vaticano II assim sintetiza a postura cristã, transmitida pela Igreja, ao longo dos séculos, e proclamada ao nosso tempo: “A vida deve ser defendida com extremos cuidados, desde a concepção: o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis” .
O respeito à vida e à dignidade das mulheres deve ser promovido, para superar a violência e a discriminação por elas sofridas. A Igreja quer acolher com misericórdia e prestar assistência pastoral às mulheres que sofreram a triste experiência do aborto. O aborto jamais pode ser considerado um direito da mulher ou do homem, sobre a vida do nascituro. A ninguém pode ser dado o direito de eliminar outra pessoa. A sociedade é devedora da mulher, particularmente quando ela exerce a maternidade. O Papa Francisco afirma que “as mães são o antídoto mais forte para a propagação do individualismo egoísta. ‘Indivíduo’ quer dizer ‘que não se pode dividir’. As mães, em vez disso, se ‘dividem’ a partir de quando hospedam um filho para dá-lo ao mundo e fazê-lo crescer”.
Neste tempo de grave crise política e econômica, a CNBB tem se empenhado na defesa dos mais vulneráveis da sociedade, particularmente dos empobrecidos. A vida do nascituro está entre as mais indefesas e necessitadas de proteção. Com o mesmo ímpeto e compromisso ético-cristão, repudiamos atitudes antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal-STF uma função que não lhe cabe, que é legislar.
O direito à vida é o mais fundamental dos direitos e, por isso, mais do que qualquer outro, deve ser protegido. Ele é um direito intrínseco à condição humana e não uma concessão do Estado. Os Poderes da República têm obrigação de garanti-lo e defendê-lo. O Projeto de Lei 478/2007 - “Estatuto do Nascituro”, em tramitação no Congresso Nacional, que garante o direito à vida desde a concepção, deve ser urgentemente apreciado, aprovado e aplicado.
Não compete a nenhuma autoridade pública reconhecer seletivamente o direito à vida, assegurando-o a alguns e negando-o a outros. Essa discriminação é iníqua e excludente; “causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais ver a luz, vítimas do aborto” . São imorais leis que imponham aos profissionais da saúde a obrigação de agir contra a sua consciência, cooperando, direta ou indiretamente, na prática do aborto.
É um grave equívoco pretender resolver problemas, como o das precárias condições sanitárias, através da descriminalização do aborto. Urge combater as causas do aborto, através da implementação e do aprimoramento de políticas públicas que atendam eficazmente as mulheres, nos campos da saúde, segurança, educação sexual, entre outros, especialmente nas localidades mais pobres do Brasil. Espera-se do Estado maior investimento e atuação eficaz no cuidado das gestantes e das crianças. É preciso assegurar às mulheres pobres o direito de ter seus filhos. Ao invés de aborto seguro, o Sistema Público de Saúde deve garantir o direito ao parto seguro e à saúde das mães e de seus filhos.
Conclamamos nossas comunidades a unirem-se em oração e a se mobilizarem, promovendo atividades pelo respeito da dignidade integral da vida humana.
Neste Ano Mariano Nacional, confiamos a Maria, Mãe de Jesus, o povo brasileiro, pedindo as bênçãos de Deus para as nossas famílias, especialmente para as mães e os nascituros.
Brasília-DF, 11 de abril de 2017.
Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo U. Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Fonte:http: www.cnbb.org.br
IRMÃO, AMADO, FREI CARLOS MESTERS, PADRINHO DE BÍBLIA, SAÚDE!
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Zé Vicente, cantor.
Agora é nossa vez, de orarmos, nesta Santa Semana, por você.
Eu, o jovem Juazeiro, que você plantou conosco, no terreiro da cozinha da Casa Mãe, lá no Sertão, que tanto amamos; as crianças, com seus pais e mães, aquelas, que numa linda manhã, luas atrás, abençoastes e brincastes, decifrando os nomes.
Sua família Carmelitana, da redondeza de Caririaçu, Cajazeiras e a vasta família de tantos recantos está em comunhão orante.
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Mas, se bem o conheço, você não aceitaria uma só gota de oração, para você, individual, por isso, seja nossa prece, para todos os que buscam saúde integral, holística, corpo e espírito e, para todas as vítimas das guerras e das exclusões, para quem está sedento de Justiça plena e, vida vitoriosa, para o nosso canto pascal, domingo que vem! Amém.
Fonte: Facebook
AO VIVO: Acompanhe agora a Missa direto de Brasilia.
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AO VIVO DIRETO DE BRASÍLIA/DF: Santa Missa de Ramos com Frei João Carlos, Carmelita, Pároco da Paróquia de Nossa Senhora do Carmo de Brasília. Daqui a pouco veja transmissão aqui no olhar. Para interagir ao vivo vc deve ser seguidor do Frei Petrônio adicionando: www.facebook.com/freipetros.
Pastor é preso suspeito de estuprar menina de 12 anos
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Para cometer o crime, ele convenceu garota de que estava enfeitiçada e, para quebrar o feitiço, deveria ter relações sexuais com 'um homem de Deus'.
Pastor é preso suspeito de crime sexuais contra adolescentes em Campos Novos
Um pastor foi preso em Campos Novos, no Oeste catarinense, na quinta-feira (6) suspeito de estuprar uma menina de 12 anos que frequentava a igreja dele e enviar mensagens para tentar abusar de outras duas. De acordo com a Polícia Civil, ele convenceu a garota de que estava enfeitiçada e, para resolver o problema, deveria ter relações sexuais com ele.
Conforme o delegado Luis Eduardo Machado Córdova, em 2016, o pastor falou para menina de 12 anos que Deus iria lhe dar uma missão e, dias depois, enviou uma mensagem para o celular dela dizendo que havia um feitiço e a única maneira de quebrá-lo seria ter relações sexuais ao menos sete vezes com um homem de muita fé e que fosse casado. Quando a menina procurou o pastor para pedir orientações, os abusos começaram, conforme a polícia. Segundo delegado, o pastor estuprou a garota e fez tentativa de violação sexual mediante fraude contra as outras duas.
Tentativas
Durante as investigações, os policiais apuraram também que em março deste ano, o suspeito habilitou um celular em nome de uma mulher que frequentava a igreja dele e encaminhou uma mensagem para as garotas de 15 e de 16 anos, se passando por um rapaz que teria estudado com elas, cujo pai era feiticeiro e havia feito um feitiço contra elas.
No texto, o pastor dizia que as meninas deviam ter relações sexuais por ao menos sete vezes com “um grande homem de Deus, abençoado e casado, mas que ninguém poderia saber disso, caso contrário, elas poderiam até morrer”, informou a polícia.
Horas depois, as adolescentes procuraram o pastor para pedir ajuda e mostraram a mensagem. Segundo os policiais, ele se aproveitou da condição de autoridade religiosa para começar uma série de conversas com as meninas.
“Ele atuava há quatro anos em Campos Novos. Em 2016, a família da menina de 15 anos registrou um boletim de ocorrência porque o pastor cometeu delito contra honra depois de uma declaração que colocou em dúvida a virgindade da garota”, disse o delegado.
Sonhos
Nas mensagens, ele dizia às adolescentes que “obedecer a orientação seria a única maneira de ‘vencer o mal’ e que ele estava à disposição para o que fosse preciso”.
Em algumas conversas, ele disse às garotas que havia sonhado que isso aconteceria, em outras, afirmou que aquilo era ordem de Deus e não havia escolha, senão cumpri-la, conforme os policiais.
De acordo com a Polícia Civil, o inquérito foi concluído e entregue ao Ministério Público que ofereceu a denúncia contra o suspeito. O pastor foi conduzido ao presídio de Campos Novos, segundo a polícia. O G1 não conseguiu contato com o MP até a publicação desta notícia. Fonte: http://g1.globo.com
*ESSA É NOVIDADE: Jejum de carbono durante a Quaresma pode honrar a criação de Deus
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Pelo terceiro ano consecutivo, a Arquidiocese de Mumbai está pedindo aos fiéis para levar a tradição da Quaresma de abrir mão de algo um pouco mais longe, pedindo por um jejum de carbono, na tentativa de conscientizar sobre a necessidade de cuidar do planeta. A reportagem é de Nirmala Carvalho, publicada por Crux, 28 -02-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
A Quaresma está aí mais uma vez e a hierarquia está cada vez mais criativa para usar este período para estimular os paroquianos a serem pessoas e cidadãos melhores. Muitos estadunidenses aproveitam a oportunidade de combinar a observância religiosa e a tentativa de largar vícios pouco saudáveis, como o cigarro, o álcool ou o açúcar.
A Arquidiocese de Mumbai [anteriormente conhecida como Bombaim] está indo bem adiante, em uma tentativa de fazer as pessoas pensarem não só no futuro de sua própria saúde, mas também na saúde do planeta. Com isto em mente, eles emitiram um convite ao jejum de carbono durante a Quaresma de 2017.
O site da arquidiocese afirma: "o jejum de carbono desafia as pessoas a refletirem sobre suas ações diárias e sobre seu impacto sobre o meio ambiente."
As campanhas pelo jejum de carbono, segundo eles, "são projetadas para que, durante a Quaresma, as pessoas tomem pequenas atitudes para reduzir a produção de dióxido de carbono com a esperança de ajudar o ambiente e tornar o mundo um passo mais próximo de uma existência sustentável. Os passos praticados durante a Quaresma devem ter continuidade, de modo que a mudança seja duradoura".
Por muito tempo considerada uma dos megacidades mais poluídas do mundo, um estudo recente do Instituto Indiano de Tecnologia de Bombaim mostrou que em 2015 a poluição do ar contribuiu para 80.665 mortes prematuras de adultos acima de 30 anos em Mumbai e Deli.
O comunicado da Arquidiocese de Mumbai também aponta que, enquanto muitas pessoas optam por se abster de algo tão pequeno quanto chocolate, "este ano o nosso desafio é mais profundo, é o jejum de carbono - para reduzir as ações que prejudicam a Criação de Deus; para reduzir nosso uso de gasolina, eletricidade, plástico, papel, água e toxinas".
O bispo auxiliar de Mumbai Allwyn D'Silva explicou que nos "últimos 2 anos, a Arquidiocese de Bombaim adotou o jejum de carbono durante a Quaresma e este ano também queremos continuar com a iniciativa que as pessoas passaram a manter mesmo após a época da Quaresma."
Fazer com que as pessoas pensem para além da época da Quaresma e façam mudanças permanentes em seu comportamento é um objetivo difícil, mas que D'Silva e muitos outros consideram necessário.
Nas últimas duas décadas, D'Silva vem tentando reduzir o impacto do aquecimento global através de várias iniciativas de conscientização, educação ambiental nas escolas e publicação de trabalhos acadêmicos para que as paróquias sejam mais ecológicas.
D'Silva envolveu-se com as questões ambientais quando a consciência do público em geral era mínima. Ele se envolveu ativamente com questões de danos ecológicos - participando de workshops, organizando seminários e realizando atividades de auxílio às comunidades marginalizadas afetadas pelas mudanças climáticas.
O lema episcopal de D'Silva é "Cuidado com a Criação" e, atualmente, ele é Secretário do gabinete para a Mudança Climática da Federação das Conferências Episcopais da Ásia (FABC). Ele é um grande apoiador da encíclica do Papa Francisco, Laudato Si'.
"No livro da criação, lemos que Deus criou um mundo belo e viu que o mundo era bom, mas, infelizmente, nós destruímos o mundo com nossas ações", disse D'Silva à Crux.
"[A luta contra a] mudança climática está enraizada na fé, pois cuidar da criação é manifestar o seu amor pelo Criador. Quanto mais cuidamos da criação, mais nos espiritualizamos", disse ele. "A incerteza paira sobre o clima, as enchentes e a elevação das temperaturas e já causou uma série de prejuízos. Muitas medidas precisam ser tomadas para que se faça algo sobre isso, não só na Índia, mas em todo o mundo."
As paróquias da Arquidiocese vão planejar um jejum de carbono no dia atribuído a cada uma delas. O jejum de carbono da arquidiocese acontecerá a partir da quarta-feira de cinza, 1º de março, até o sábado do dia 08 de abril de 2017.
*Bombaim ou, oficialmente, Mumbai é a maior e mais importante cidade da Índia. Conta com uma população estimada em 12. 478. 447 habitantes residindo apenas em seu núcleo urbano,
O inimaginável Deus crucificado
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“Saberemos dar espaço para aquele Deus de Jesus que vem, como um ladrão, para nos roubar as nossas certezas religiosas amadurecidas? Porque, na cruz, é transpassada aquela ideologia tranquilizadora que faz de Deus o poderoso fiador das nossas posições adquiridas.” A opinião é dos pastores batistas italianos Lidia Maggi e Angelo Reginato, em artigo publicado na revista Riforma, publicação das Igrejas evangélicas batista, metodista e valdense italianas, de abril de 2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
O tempo que precede a Páscoa pretende promover a sabedoria de diminuir o ritmo, de podar as vidas de todos aqueles elementos não essenciais que as engolem, de modo que possa emergir o coração do Evangelho, o Cristo morto e ressuscitado.
Quarenta dias, um tempo litúrgico que remete aos 40 anos no deserto, nos quais Israel aprendeu a se deixar alimentar diretamente por Deus. Para nós, um tempo de verificação para nos interrogarmos sobre a nossa bulimia de paixões tristes, que impedem que a alegria pascal flua.
Um tempo para revisitar a nossa dieta espiritual e nos interrogarmos sobre as carências alimentares: que papel tem a oração, aquele diálogo precioso com Deus? Que papel desempenha a comunidade de fé, na qual Deus me fala através da voz de irmãs e irmãos? Que peso tem a Palavra que, como bom pão, sacia e fortifica? O êxodo de Jesus, da morte à vida, é como um parto.
A Quaresma, um tempo de gestação para conservar e fazer crescer em nós a esperança da nova vida. Quando o trabalho de parto tem início, não pode ser suspenso. Assim também nós, no tempo que precede a Páscoa, esperamos captar aquelas contrações vitais da alma, que nos fazem perceber os sinais do renascimento. Dor, fadiga, mas também alegria. Movimentos da alma contraditórios, para manter juntos o anúncio da vida na agonia da última hora.
Todos os anos, voltamos à cena-mãe da fé cristã, a Páscoa de Jesus para reconhecer que algo daquela cena que escapa. Quanto mais tentamos compreendê-la, mais sentimos que ela resiste a nós. Como manter juntos o plano de Deus (“é preciso que o filho do homem sofra...”) e as escolhas humanas (“fizeram um plano para matá-lo...”)? Uma questão que emerge já na primeira Páscoa, a do Egito: é Deus que endurece o coração do faraó, ou é este último que o endurece por livre escolha? E, depois, o problema dos problemas: como interpretar o “por nós” daquela morte cruenta? Expiação, dom, resultado de uma vida?
É claro, no conflito das interpretações fornecidas em dois mil anos de cristianismo, algumas evidências permanecem. É impossível não ver naquela cena a inversão do imaginário religioso que, desde sempre, pensou um Deus que pede que a humanidade se sacrifique por Ele, enquanto no Gólgota é Deus que se sacrifica por nós.
Na cruz, entrevemos um rosto de Deus diferente daquele percebido pelo sentimento comum; lá, revela-se o Deus da graça. Partamos daí, da revelação que está no coração da cena da cruz, onde o véu do templo se rasga, e nós entretemos o rosto de Deus. Rosto inédito. Quando só O podíamos ver de costas, O pensávamos exatamente ao contrário. Como o Senhor que está no alto e impõe que os Seus subalternos O sirvam. E, assim, a religião educou a reconhecer e a temer a potência de Deus. E, no nome desse Deus, reproduziu o consenso aos poderosos da terra, tenentes do trono celestial. E pregou a manutenção da ordem: “Que um homem só morra pelo povo e não pereça toda a nação!”.
Também nós, que reconhecemos na cruz a sua ação salvífica, continuamos imaginando Deus de acordo com aquela narrativa religiosa. Narrativa que pode apresentar entre os seus méritos a manutenção da ordem e de um certo tipo de paz. E não é, talvez, essa a tarefa da religião, especialmente hoje, em tempos de enfurecimento do terrorismo?
Não que haja algo de errado em desejar um deus que possa garantir uma vida tranquila. Ao contrário. Mas, na cena da cruz, os imaginários humanos são postos de cabeça para baixo. Aquele Filho, que nos deu a conhecer a Deus, apresenta-se inerme, à baila dos poderes, por uma vez muito concordes em eliminá-lo, fazendo dele um maldito a ser crucificado. Ele que, por muito tempo, tinha preparado os seus discípulos para tomar a cruz, para perder a própria vida por causa dele, ei-lo que, tendo chegado a hora fatal, preocupa-se em salvá-los. João focaliza essa preocupação do Mestre até reinterpretar a vil fuga dos seus na despedida desejada pelo próprio Jesus: “‘Quem é que vocês estão procurando?’ Eles responderam: ‘Jesus de Nazaré.’ Jesus falou: ‘Já lhes disse que sou eu. Se vocês estão me procurando, deixem os outros irem embora’” (18, 7-8).
O que significa crer em um Deus assim? Tentemos, por uma vez, abrir mão da pergunta sobre “o que fazer”. Não que não seja preciso: todos percebemos a urgência de agir. A Igreja, no rastro desse seu Senhor, é chamada a viver uma fé que opera por meio do amor. Mas, pelo menos na Páscoa, suspendamos o costumeiro operar e tornemo-nos uma comunidade inoperante, na escuta pura dessa chocante revelação do Deus crucificado.
Escutemos aquela voz que o coração reconhece como proveniente de Deus e que diz: “Busquem o meu rosto!” (Salmo 27, 8). Seremos capazes disso? Saberemos dar espaço para aquele Deus de Jesus que vem, como um ladrão, para nos roubar as nossas certezas religiosas amadurecidas? Porque, na cruz, é transpassada aquela ideologia tranquilizadora que faz de Deus o poderoso fiador das nossas posições adquiridas.
O desafio, portanto, é o de ficar na cena da cruz, silenciando explicações e expectativas demasiado humanas, para retornar principiantes, capazes de nos admirarmos com um Deus inimaginável, que irrompe na história fazendo gestos inesperados.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Para CNBB, Reforma da Previdência “escolhe o caminho da exclusão social”
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A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, nesta quinta-feira, dia 23 de março, uma nota sobre a Reforma da Previdência. No texto, aprovado pelo Conselho Permanente da entidade, os bispos elencam alguns pontos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, considerando que a mesma “escolhe o caminho da exclusão social” e convocam os cristãos e pessoas de boa vontade “a se mobilizarem para buscar o melhor para o povo brasileiro, principalmente os mais fragilizados”. A informação é publicada por CNBB, 23-03-2017.
Em entrevista coletiva à imprensa, também foram apresentadas outras duas notas. Uma sobre o foro privilegiado e outra em defesa da isenção das instituições filantrópicas. Na ocasião, a Presidência da CNBB falou das atividades e temas de discussão durante a reunião do Conselho Permanente, que teve início na terça-feira, dia 21 e terminou no fim da manhã desta quinta, 23.
Apreensão
Na nota sobre a PEC 287, a CNBB manifesta apreensão com relação ao projeto do Poder Executivo em tramitação no Congresso Nacional. “A previdência não é uma concessão governamental ou um privilégio. Os direitos Sociais no Brasil foram conquistados com intensa participação democrática; qualquer ameaça a eles merece imediato repúdio”, salientam os bispos.
O Governo Federal argumenta que há um déficit previdenciário, justificativa questionada por entidades, parlamentares e até contestadas levando em consideração informações divulgadas por outros governamentais. Neste sentido, os bispos afirmam não ser possível “encaminhar solução de assunto tão complexo com informações inseguras, desencontradas e contraditórias”.
A entidade valorizou iniciativas que visam conhecer a real situação do sistema previdenciário brasileiro com envolvimento da sociedade.
Eis a nota.
“Ai dos que fazem do direito uma amargura e a justiça jogam no chão”. (Amós 5,7)
O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília-DF, dos dias 21 a 23 de março de 2017, em comunhão e solidariedade pastoral com o povo brasileiro, manifesta apreensão com relação à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, de iniciativa do Poder Executivo, que tramita no Congresso Nacional.
O Art. 6º. da Constituição Federal de 1988 estabeleceu que a Previdência seja um Direito Social dos brasileiros e brasileiras. Não é uma concessão governamental ou um privilégio. Os Direitos Sociais no Brasil foram conquistados com intensa participação democrática; qualquer ameaça a eles merece imediato repúdio.
Abrangendo atualmente mais de 2/3 da população economicamente ativa, diante de um aumento da sua faixa etária e da diminuição do ingresso no mercado de trabalho, pode-se dizer que o sistema da Previdência precisa ser avaliado e, se necessário, posteriormente adequado à Seguridade Social.
Os números do Governo Federal que apresentam um déficit previdenciário são diversos dos números apresentados por outras instituições, inclusive ligadas ao próprio governo. Não é possível encaminhar solução de assunto tão complexo com informações inseguras, desencontradas e contraditórias. É preciso conhecer a real situação da Previdência Social no Brasil. Iniciativas que visem ao conhecimento dessa realidade devem ser valorizadas e adotadas, particularmente pelo Congresso Nacional, com o total envolvimento da sociedade.
O sistema da Previdência Social possui uma intrínseca matriz ética. Ele é criado para a proteção social de pessoas que, por vários motivos, ficam expostas à vulnerabilidade social (idade, enfermidades, acidentes, maternidade...), particularmente as mais pobres. Nenhuma solução para equilibrar um possível déficit pode prescindir de valores éticos-sociais e solidários. Na justificativa da PEC 287/2016 não existe nenhuma referência a esses valores, reduzindo a Previdência a uma questão econômica.
Buscando diminuir gastos previdenciários, a PEC 287/2016 “soluciona o problema”, excluindo da proteção social os que têm direito a benefícios. Ao propor uma idade única de 65 anos para homens e mulheres, do campo ou da cidade; ao acabar com a aposentadoria especial para trabalhadores rurais; ao comprometer a assistência aos segurados especiais (indígenas, quilombolas, pescadores...); ao reduzir o valor da pensão para viúvas ou viúvos; ao desvincular o salário mínimo como referência para o pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), a PEC 287/2016 escolhe o caminho da exclusão social.
A opção inclusiva que preserva direitos não é considerada na PEC. Faz-se necessário auditar a dívida pública, taxar rendimentos das instituições financeiras, rever a desoneração de exportação de commodities, identificar e cobrar os devedores da Previdência. Essas opções ajudariam a tornar realidade o Fundo de Reserva do Regime da Previdência Social – Emenda Constitucional 20/1998, que poderia provisionar recursos exclusivos para a Previdência.
O debate sobre a Previdência não pode ficar restrito a uma disputa ideológico-partidária, sujeito a influências de grupos dos mais diversos interesses. Quando isso acontece, quem perde sempre é a verdade. O diálogo sincero e fundamentado entre governo e sociedade deve ser buscado até à exaustão.
Às senhoras e aos senhores parlamentares, fazemos nossas as palavras do Papa Francisco: “A vossa difícil tarefa é contribuir a fim de que não faltem as subvenções indispensáveis para a subsistência dos trabalhadores desempregados e das suas famílias. Não falte entre as vossas prioridades uma atenção privilegiada para com o trabalho feminino, assim como a assistência à maternidade que sempre deve tutelar a vida que nasce e quem a serve quotidianamente. Tutelai as mulheres, o trabalho das mulheres! Nunca falte a garantia para a velhice, a enfermidade, os acidentes relacionados com o trabalho. Não falte o direito à aposentadoria, e sublinho: o direito — a aposentadoria é um direito! — porque disto é que se trata.”
Convocamos os cristãos e pessoas de boa vontade, particularmente nossas comunidades, a se mobilizarem ao redor da atual Reforma da Previdência, a fim de buscar o melhor para o nosso povo, principalmente os mais fragilizados.
Na celebração do Ano Mariano Nacional, confiamos o povo brasileiro à intercessão de Nossa Senhora Aparecida. Deus nos abençoe!
Brasília, 23 de março de 2017.
Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
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