CARMO DE MINAS: Assembleia da OTC
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DIA DE ESPIRITUALIDADE NA OTC DE CARMO DE MINAS-MG. (1º de dezembro-2018).
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1º TEMA: O CARISMA DO CARMELO: Traços principais.
Texto de Frei Egídio Palumbo O. Carm (Tradução por Frei Pedro Caxito O.Carm).
Adaptação para Ordem Terceira do Carmo, Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
1º- COMUNIDADE.
Nas origens do Carmelo não encontramos uma pessoa isolada como Fundador, mas sim uma comunidade. Ela está provavelmente vivendo uma certa evolução interna: de pessoas mais ou menos isoladas rumo a um grupo; pede ajuda e discernimento ao Patriarca de Jerusalém, Alberto, a fim de que (a nível não apenas jurídico, mas também teológico-espiritual) consolide e codifique o projeto de vida deles que a seguir, com o discernimento do Papa, adquirirá o status de Regra.
Além disso, aquela expressão, que aparece mais vezes nas Primeiras Constituições e em outros escritos medievais sintetiza tanto o discernimento feito pelo Patriarca Alberto como a fisionomia dos primeiros irmãos do Carmelo.
Podemos, então, dizer que Fundadores do Carmelo foi aquela primeira comunidade de fratres do Monte Carmelo, não outros. Eles devem permanecer o ponto de referência constante, original do carisma e da missão do Carmelo.
2º- O ESPÍRITO MISSIONÁRIO DO CARMELO.
Em 1247, com a Bula PAGANORUM INCURSUS de Inocêncio IV as primeiras gerações de frades carmelitas, que nesta época tinham emigrado da Palestina para o novo contexto sócio-eclesial da Europa, viveram a primeira evolução da sua história: a Bula do Papa dava a possibilidade de transformar a sua forma de vida prevalentemente contemplativa em vida "contemplativa e ativa ao mesmo tempo", de orientar-se, portanto, para um modo de vida capaz "de ser de utilidade para a salvação própria e do próximo".
Ao longo dos séculos esta consciência missionária, ainda que às vezes dilacerada por um falso dilema ação-contemplação, sempre foi cultivada no Carmelo, assumindo formas e linguagem diversas conforme o contexto sócio- cultural e eclesial.
Contemplando o passado e o presente, podemos dizer que na Família do Carmelo o espírito missionário é vivido como:
-Testemunho-irradiação do estilo de vida: criar novas "colmeias" para recolher o divino mel da contemplação, como se diz em alguns escritos da Idade-Média; ser "espelho", testemunho da divina presença do Deus-Trindade, escrevem nossos místicos.
- Proposta de itinerários mistagógicos até à experiência de Deus: é a forma de serviço privilegiada pelos nossos místicos (em particular João da Cruz, João de São Sansão, Miguel de Santo Agostinho, Isabel da Trindade).
-Solidariedade para com os pobres: Ângelo Paoli chamado "Pai-Caridade"; dizia: "Quem ama a Deus deve procurá-lo entre os pobres"; e ainda Maria Ângela Virgili chamada "Mãe-Caridade" e os nossos Institutos Apostólicos Femininos.
- Promoção da justiça, da paz e do encontro ecumênico: recordemos Pedro Tomás, André Corsini, Aloísio Rabatà, Tito Brandsma.
3-O CARMELO ENQUANTO CASA DE ACOLHIMENTO
O projeto de vida da Regra do Carmo, no seu capítulo VI, delineia uma fraternidade aberta ao mundo num estilo de acolhimento carinhoso e disponibilidade total, mas amadurecido no discernimento, tendo como motivo bíblico inspirador a hospitalidade acolhedora de Abraão assentado junto à entrada da sua tenda (Gn 18,1-4; Hb 13,2). Juntamente com esta observação não se pode esquecer de que na tradição dos frades o convento é o lugar do convenire, do encontro familiar, da "koinonia" que é aberta e irradiante etc.
Pois bem; as comunidades carmelitas, ao menos aquelas que têm estruturas e meios adequados, poderiam estar abertas ao acolhimento de todos os que pretendem fazer experiência de oração, de escuta orante da Palavra, de tempos de deserto. Trata-se de oferecer, com a força do testemunho e comunicação da fé, os frutos mais amadurecidos do nosso estar todos os dias diante de Deus como fraternidade contemplativa e em oração.
4-O CARMELO PROMOTOR DA JUSTIÇA E DA PAZ
A Regra do Carmo propõe o exercício da correção fraterna mediante a caridade (Capítulo XI) como método único, não-violento para resolver os conflitos e recuperar o irmão para a "koinonia" fraternal; a outros métodos que recorram a castigos ou a excomunhões a Regra, segundo o meu parecer, não faz nenhum aceno, nem explícito nem implícito. Exorta, além disto, a revestirmo-nos das "armas espirituais", para podermos desarmar o "adversário" e, com a fé, a esperança e o amor, testemunharmos o Evangelho da Paz (Capítulo XIV).
Quanto ao mais é necessário observar que nunca faltaram ao Carmelo figuras exemplares de solidariedade para com os últimos, como, por exemplo, Ângelo Paoli chamado "Pai-Caridade", Maria Ângela Virgili chamada "Mãe dos Pobres"; os próprios modelos bíblicos - Maria e Elias - são às vezes contemplados como inspiradores da solidariedade: Maria de Nazaré, como mulher humilde, capaz de caminhar com os pobres da terra; Elias Profeta, como homem da solidariedade em defesa da justiça.
Nem sequer faltam ao Carmelo figuras modelares de testemunho ou de dedicação em favor da paz: alguns autores medievais contam-nos, com efeito, o martírio dos primeiros carmelitas nas mãos dos sarracenos invasores da Terra Santa e, falando de martírio, como não recordar o trabalho e o testemunho não-violento e de paz do Beato Tito Brandsma martirizado em Dachau
5-O CARMELO ENQUANTO ESCOLA DE ORAÇÃO-CAMINHO.
Uma das características da espiritualidade carmelitana é a de se propor como "espiritualidade do caminho", como itinerário mistagógico para uma experiência de Deus mais autêntica e amadurecida.
Esta dimensão mistagógica nós a encontramos presente na maior parte dos escritos carmelitas, em particular nos escritos dos nossos místicos: pensemos, por exemplo, na Instituição dos primeiros monges, onde vem delineado um itinerário espiritual com o Profeta Elias; no Caminho da Perfeição de Teresa de Ávila, no qual a experiência contemplativa se faz itinerário de oração; na Subida do Monte Carmelo, na Noite Escura e no Cântico Espiritual de São João da Cruz, que traçam um itinerário espiritual, onde o fiel aprende a amar como Deus ama; em Miguel de Santo Agostinho, que propõe um itinerário místico de "vida marieforme", intermediação da presença da Mãe do Senhor; no "pequeno caminho" de Teresa de Lisieux; em Isabel da Trindade, que redige para uma mãe de família um pequeno escrito: Como se pode encontrar o Céu na terra.
São apenas alguns exemplos suficientes para nos recordar a grande herança pedagógica, que o Carmelo adquiriu no acompanhamento espiritual dos fiéis; até mesmo podemos dizer que neste setor quase se constituiu em ponto de referência obrigatório, uma espécie de "magistério", que possui autoridade. Hoje, portanto, o Carmelo não pode deixar de sentir-se chamado a reconsiderar esta outra "indiscutível" diaconia-serviço.
VENERÁVEL OTC DE CARMO DE MINAS-MG. TEMA: O Poder de Governar no Carmelo
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Frei Carlo Cicconetti, O. Carm. Roma.
Adaptação para a Ordem Terceira do Carmo, Frei Petrônio de Miranda, O. Carm, Delegado Provincial. (1º de dezembro-2018)
Contexto sociocultural e Autoridade
A Autoridade, sem dúvida alguma, é um conceito dissonante para a nossa mentalidade, principalmente para a realidade corrupta e corrompida do poder da política no Brasil. Na Bíblia e na espiritualidade carmelitana o poder-autoridade é qualificado como graça de Deus e vocação desde as primeiras linhas espirituais da primeira comunidade cristã e da Regra da Ordem dos Irmãos da Bem-Aventura Virgem Maria do Monte Carmelo.
A relação tradicional superior- súdito, é posta diante do visor do julgamento pela mentalidade caraterística da nossa época, que se caracteriza pela forte acentuação que se põe sobre a liberdade da pessoa e no desejo de reencontrar no indivíduo as últimas raízes do seu agir evitando qualquer formalismo. Por outra parte, cresceu no indivíduo a consciência da sua interdependência com relação aos outros seres humanos, não somente no pequeno mundo, onde estava acostumado a viver, mas também num mundo mais amplo, globalizado, no diálogo entre as culturas, as classes sociais, as nações, as economias.
(O Poder aprofunda as suas raízes no Ágape Divino e é expressão de amor. Ef 4,7.11-16)).
O "Poder Sagrado" na Igreja, mistério de comunhão
A Autoridade ou o poder de dar uma ordem, de pretender que seja cumprida, na Igreja e, portanto, em um Sodalício da Ordem Terceira do Carmo, tem uma componente mística, que está relacionada com o Mistério da Igreja e em última análise, com o Mistério do Deus-Trindade.
Dentro de um Sodalício, e em conformidade com o carisma carmelitano, a autoridade de superior procede do Espírito do Senhor em união com a hierarquia (Prior, Delegado Provincial, Padre Provincial e Prior Geral da Ordem do Carmo).
O ofício de governar ou organizar um Sodalício traz consigo a exigência de competência e responsabilidade do Prior e seu conselho, de fazer convergir as suas ações, os seus dons e seus projetos comuns de vida espiritual e de missão da comunidade. É um ofício de unidade, de comunhão, mesmo no sentido da visibilidade e da real eficiência, seja embora a nível dos indivíduos, da comunidade, mas também da Paróquia, Diocese ou da Província Carmelitana de Santo Elias
A Autoridade no Carmelo
O grupo de eremitas, "moradores do Monte Carmelo junto à Fonte", apresenta-se logo sob o signo da Autoridade-Obediência: estão sob a obediência de Brocardo e desejam exprimir a sua voluntária e total "obediência" a Cristo Jesus, reconhecendo-Lhe a "Soberania" universal (Regra 1 e 2), sacramentalmente manifestada na sua Igreja e nos seus Pastores. Desde o início procuram a aprovação da Igreja. "Alberto, por graça de Deus chamado a ser Patriarca da Igreja de Jerusalém, aos amados filhos Brocardo e outros eremitas, que vivem debaixo da sua obediência junto à Fonte, no Monte Carmelo, saúde no Senhor e bênção do Espírito Santo" (Regra 1).
Nos três ramos carmelitas; Ordem Primeira, Ordem Segunda e Ordem Terceira, a Autoridade está orientada para o bem e o serviço da própria Igreja e, mais diretamente, para o serviço daqueles fiéis que com a profissão religiosa abraçam a vida e a santidade da Igreja na Forma de Vida carmelita, aprovada canonicamente pela própria Igreja. (Regra da OTC Nº 12)
Homem da Unidade e do Carisma da Ordem.
Santo Inácio da Antioquia na sua Carta aos Cristãos de Filadélfia chamava o responsável por uma Comunidade pelo nome de "Homem determinado à Unidade", governado pela preocupação com a unidade. Homem da unidade, seja das pessoas, seja das várias instâncias e funções da comunidade - no nosso caso, da comunidade do Sodalício.
O bem do Sodalício, que é a primeira e indispensável contribuição para a missão da Igreja, é o Carisma Carmelitano vivido e testemunhado na cidade de Angra dos Reis pelos irmãos e irmãs que, livremente-repito- LIVREMENTE- através dos Votos Perpétuos ou Solenes (OTC-Regra Nº 14) assumem publicamente viver a espiritualidade sob a orientação ou autoridade de um Prior ( a ). Em outras palavras, viver em comunidade é, na verdade, viver todos juntos a vontade de Deus seguindo a orientação do dom do Carisma carmelitano sob a autoridade do Prior e seu Conselho. Portanto, a autoridade consolida a unidade da Ordem Terceira do Carmo em cada um dos 37 Sodalícios é baseada sobre a caridade e a cooperação harmoniosa na luta pelo ideal que nos propusemos através da nossa consagração pelos votos.
O Prior da Ordem Terceira do Carmo (a ) não é o guardião do status quo, que procura não incomodar os irmãos que estão dormindo ou que se limita a atender eventuais iniciativas de cada um em particular. Ele, consciente de que ao centro da comunidade está presente Cristo com o seu Evangelho, coloca-se ao serviço da vontade de Deus e dos irmãos, guiando-os à obediência a Cristo por meio do diálogo e oportuno discernimento, embora deixando firme a sua autoridade de decidir e ordenar o que se deve fazer. O Prior é no Sodalício estímulo a viver o nosso Carisma e é sinal e estímulo de união.
Estilo de exercício da Autoridade: Um olhar Bíblico sobre o Poder. (1Cor 12,4-11. 28).
A teologia da Autoridade tem as suas consequências quanto ao estilo de exercício: é o estilo de Deus, manifestado em Cristo Jesus. "Fazer as vezes de Deus", ser dóceis à sua vontade, expressar o amor paternal de Deus defronte aos religiosos confiados aos nossos cuidados pessoais, isto é um compromisso ascético-místico de conformação com a caridade de Deus Pai, que trata como a "filhos", no seu modo de respeitar a dignidade e a liberdade do homem (Câns. 617-619- Cân. 617 - Os Superiores desempenhem seu ofício e exerçam seu poder de acordo com o direito universal e com o direito próprio- Pode-se mesmo pensar numa "Espiritualidade da Autoridade".
Perguntas para reflexão.
1- Que lugar o Carisma Carmelita ocupa no exercício da minha relação com a autoridade do Sodalício?
2- Estou consciente da importância e da missão do prior e seu concelho no Sodalício?
3- Após este olhar sobre o poder a partir da Bíblia, dos Documentos da Igreja e da Espiritualidade Carmelitana, quem melhor representa para ser o futuro prior ( a ) ou conselheiro ( a ) para este Sodalício?
O CARISMA DO CARMELO: Os fundadores
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Frei Egídio Palumbo O. Carm. (Tradução por Frei Pedro Caxito O.Carm).
Tendo presente a perspectiva hermenêutica da fidelidade dinâmica ao carisma do fundador, vejamos nas suas linhas essenciais o Carisma do Carmelo.
NAS ORIGENS, UMA COMUNIDADE.
Nas origens do Carmelo não encontramos uma pessoa isolada como Fundador, mas sim uma comunidade. Ela está provavelmente vivendo uma certa evolução interna: de pessoas mais ou menos isoladas rumo a um grupo; pede ajuda e discernimento ao Patriarca de Jerusalém, Alberto, a fim de que (a nível não apenas jurídico, mas também teológico-espiritual) consolide e codifique o projeto de vida deles, o seu "propositum", numa "vitæ formula", que a seguir, com o discernimento do Papa, adquirirá o status de Regra.
Confirmação do que dizemos nos vem antes de tudo do próprio texto da Regra - ou melhor do dinamismo e dos valores do projeto de vida que ela propõe - enquanto mediação para transmitir a "experiência do Espírito" do Fundador ou do carisma de fundação.
Além disso, aquela expressão, que aparece mais vezes nas Primeiras Constituições e em outros escritos medievais - "(...) Albertus Ierosolymitanæ ecclesiæ Patriarcha in unum collegium congregavit, scribendo eis Regulam(...)" - sintetiza tanto o discernimento feito pelo Patriarca Alberto como a fisionomia dos primeiros irmãos do Carmelo.
Podemos, então, dizer que Fundadores do Carmelo foi aquela primeira comunidade de fratres do Monte Carmelo, não outros. Eles devem permanecer o ponto de referência constante, original e originante do carisma e da missão do Carmelo. A questão, pois, de Elias e de Maria como "fundadores" do Carmelo, no meu parecer, precisa de uma releitura na ótica do "modelo de vida" fortemente personalizado, em sintonia com toda a tradição monástica e, além disso, com a carmelitana.
CARMELO: A Diaconia do acompanhamento espiritual.
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Frei Egídio Palumbo O. Carm. (Tradução por Frei Pedro Caxito O.Carm).
Uma das características da espiritualidade carmelitana é a de se propor como "espiritualidade do caminho", como itinerário mistagógico para uma experiência de Deus mais autêntica e amadurecida.
Esta dimensão mistagógica nós a encontramos presente na maior parte dos escritos carmelitas, em particular nos escritos dos nossos místicos: pensemos, por exemplo, na Institutio primorum monachorum, onde vem delineado um itinerário espiritual com o Profeta Elias; no Caminho da Perfeição de Teresa de Ávila, no qual a experiência contemplativa se faz itinerário de oração; na Subida do Monte Carmelo, na Noite Escura e no Cântico Espiritual de São João da Cruz, que traçam um itinerário espiritual, onde o fiel aprende a amar como Deus ama; em Miguel de Santo Agostinho, que propõe um itinerário místico de "vida marieforme", intermediação da presença da Mãe do Senhor; no "pequeno caminho" de Teresa de Lisieux; em Isabel da Trindade, que redige para uma mãe de família um pequeno escrito: Como se pode encontrar o Céu na terra. São apenas alguns exemplos suficientes para nos recordar a grande herança pedagógica, que o Carmelo adquiriu no acompanhamento espiritual dos fiéis; até mesmo podemos dizer que neste setor quase se constituiu em ponto de referência obrigatório, uma espécie de "magistério", que possui autoridade.
Hoje, portanto, o Carmelo não pode deixar de sentir-se chamado a reconsiderar esta outra "indiscutível" Diaconia, revitalizando-a de forma renovada e criativa: quer propondo itinerários de fé adequados à situação do homem contemporâneo, quer aplicando uma acentuada dimensão mistagógica ao trabalho pastoral e à orientação vocacional.
Novo Prior e Conselheiros na Ordem Terceira do Carmo de Ouro Preto-MG.
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No último domingo 25, esteve em Ouro Preto-MG o Padre Provincial, Frei Evaldo Xavier, O. Carm, para coordenar a eleição da nova mesa administrativa daquele sodalício. Assim ficou constituída;
Prior
Gustavo
Conselheiros (a)
Carlos Alberto
Lucia Silva
Dalva
RETIRO ESPIRITUAL COM SANTA TERESINHA: A verdadeira união com Deus tem repercussão apostólica (Ms C, ff. 34r-36v).
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FREI EMANUELE BOAGA O.Carm. e AUGUSTA DE CASTRO COTTA C.D.P.
Jesus deu-me certa manhã, em minha ação de graças, um meio simples de cumprir minha missão. Fez-me compreender a palavra dos Cantares: "Atrai-me, correremos ao odor de vossos perfumes" . Jesus, nem sequer se torna necessária uma explicação: "Quando me atrairdes, atraí também as almas que amo!" Basta a simples palavra: "Atraí-me!" Compreendo, Senhor, que ao deixar-se a alma prender pelo inebriante odor de vossos perfumes, não conseguiria correr sozinha. Todas as almas que ela ama, são empuxadas a segui-la. Isto acontece sem coação, sem esforço. É conseqüência natural de sua atração para vós. Como a torrente, lançando-se com ímpeto no oceano, arrasta após si tudo quanto encontra de passagem, assim também, ó meu Jesus, a alma que imerge no ilimitado oceano de vosso amor, arrebata consigo todos os tesouros que possui... Senhor, vós o sabeis, não tenho outros tesouros senão as almas que vos aprouve unir à minha.[...].
Noto que quanto mais o fogo do amor me abrasar o coração, tanto mais exclamarei: Atraí-me! - tanto mais, também, as almas que se achegarem de mim (pobre e minúsculo argueiro de ferro inútil, se me arredar do divino braseiro), correrão lépidas ao odor dos perfumes de seu Bem-Amado, pois a alma abrasada de amor não consegue permanecer inativa. Como Santa Madalena, conserva-se indubitavelmente aos pés de Jesus, a escutar-lhe a palavra doce e ardente. Parecendo não dar nada, dá muito mais do que Marta, a qual se atormentava com muitas cousas, e queria que a irmã a imitasse.
Não são as ocupações de Marta que Jesus censura. A tais ocupações, sua divina Mãe humilde se sujeitou toda a sua vida, pois tinha que preparar as refeições para a Sagrada Família. Queria apenas morigerar o açodamento de sua ardorosa hospedeira. [...]
Não foi na oração que os santos Paulo, Agostinho, João da Cruz, Tomás de Aquino, Francisco, Domingos, e tantos outros ilustres amigos de Deus hauriram a ciência divina, que arrebata os maiores gênios? Disse um Sábio: "Dai-me uma alavanca, um ponto de apoio, que levantarei o mundo de seus eixos". O que Arquimedes não pôde alcançar, porque sua solicitação não se dirigia a Deus e se colocava num ponto de vista material, obtiveram-nos os Santos em toda a sua plenitude. Como ponto de apoio, deu-lhes o Todo-poderoso a SI MESMO, E SÓ A SI MESMO; como alavanca: a oração, que incandesce com o fogo do amor, e foi desta maneira que soergueram o mundo. Assim é que os Santos ainda militantes o soerguem, e os Santos vindouros o soerguerão, e até o fim do mundo.
TEXTOS BÍBLICOS
A verdadeira pregação - 1Cor 1,10-31.
O Corpo Místico - Ef 4,15-16; 1Cor 12,12-29.
Igreja vinha do Senhor - Jo 15,1-8.
AUTO-AVALIAÇÃO
1-Como a Igreja (local e além fronteiras) está presente em seu projeto de vida? De que forma acompanha suas lutas?
2-O que faz para que a Igreja se beneficie do carisma carmelitano?
3-“O amor abrange todas as vocações, o amor é tudo, alcança todos os tempos e todos os lugares” (ST). Examinar-se: seu amor é assim? O que falta nele? Tem alguém fora dele?
MOMENTO DE DECISÃO
3-Procure falar a Deus, espontaneamente como ST o fazia, colocando em seu coração de Pai, suas reflexões, temores, anseios, expectativas, enfim sua vida.
A PRÁTICA LIBERTADORA D0 LEIGO JESUS
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Frei Carlos Mesters, O. Carm
Jesus era leigo
* Jesus não era da tribo sacerdotal. Era um leigo que não aparece fazendo um trabalho sacerdotal. Jesus nunca aparece oferecendo sacrifícios no Templo, nem é consultado pelo povo a respeito de questões próprias do sacerdócio. Ao contrário, ele envia as pessoas por ele curadas, para que se apresentem aos sacerdotes. Ele chegou a questionar o Templo (“Podem destruir este Templo, e eu faço um outro!”) e a denunciar o culto corrupto desviado que nele se praticava.
* Jesus não era do centro, mas vinha de uma periferia, chamada ”distrito dos pagãos” (Galileia). Não pertencia a nenhum dos grupos de poder da época, como por exemplo, saduceus, fariseus, essênios, zelotes. Não era teólogo nem fez estudos especiais na escola dos rabinos em Jerusalém. Veio de uma cidadezinha insignificante, Nazaré, onde viveu trinta dos trinta e três anos como trabalhador leigo do campo e como carpinteiro.
* O chão de onde Jesus falava e agia era este chão do povo do interior da Galileia, que hoje chamaríamos de leigo, povo desprezado como ignorante pelo clero da época, sacerdotes, fariseus e escribas.
* Se você quiser conhecer a vida do Filho de Deus durante os primeiros trinta anos de sua vida, pegue a vida de qualquer leigo nazareno, procure saber como vivia e o que fazia da manhã até à noite, coloque o nome Jesus no lugar, e você terá a vida do Filho de Deus durante trinta dos trinta e três anos da sua vida. Difícil imaginar Jesus como seminarista ou como bispo.
A escola de Jesus
* Como toda criança, Jesus aprendeu com a mãe e, sendo menino, a partir de três ou quatro anos aprendeu também com o pai. Aprendeu as histórias do povo, vindas da Bíblia e da tradição oral, contadas em casa e na comunidade. Recebia sua identidade a partir do clã e da convivência na aldeia. Aprendeu a ler e escrever na Beth-há-midrash, ao lado da sinagoga. Cresceu do lado do povo pobre da periferia da Galileia e não do lado da elite, clerical ou não, da época. Escutava o ensinamento dos escribas e dos fariseus nos sábados na sinagoga. Como muitos outros meninos, passava as tardes das sextas feiras na sinagoga para preparar as leituras da celebração do sábado.
* A escola de Jesus era também a sua experiência de perceber como tanta gente era excluída da participação na comunidade em nome do conceito exigente de um Deus que não admitia o impuro na sua presença. Naquele tempo, lá nas aldeias e povoados da Galileia, o controle psico-social era muito grande. Todo mundo conhecia e controlava a vida de todo mundo! Era necessária muita coragem para um leigo tomar rumos e ensinos diferentes da tradição secular, transmitida na sinagoga pelo sistema clerical da época.
* A escola de Jesus era também o mundo do trabalho diário para sobreviver; era a realidade da opressão romana que impunha os tributos e obrigava a pagar as inúmeras taxas; era o movimento popular de oposição aos romanos, que levava muito pai de família para a clandestinidade; era o perigo constante e as ameaças de violência e de roubo, de passagem de exércitos, de desemprego, de insolvência das dívidas crescentes, o sistema escravagista dos romanos. Era este ambiente concreto que marcava o dia-a-dia da vida do povo leigo e que, muitas vezes, era desconhecido pela elite que vivia segura nas suas casas ao redor do Templo.
* A escola de Jesus era, sobretudo, a sua experiência profunda de Deus, a mística que o levava a reler tudo com outros olhos, a contemplar o mundo a partir de outro ângulo. Se Deus é Pai, então somos todos irmãos e irmãs uns dos outros e ninguém tem o direito de, em nome de Deus, excluir o outro da casa de Deus, como estava sendo feito na época de Jesus pelo sistema religioso.
Revelar o novo rosto de Deus como Pai
* A grande preocupação de Jesus, o seu alimento diário, era fazer a vontade do Pai. Esta era a raiz de onde ele vivia, agia e falava. Esta era a radicalidade da sua vida. Ele podia dizer: “Quem me vê, vê o Pai!” “Eu a cada momento faço o que meu Pai me mostra que é para fazer” “Eu e o Pai somos uma coisa só!” Por isso, Jesus revelava o rosto de Deus como Pai. Jesus não administrava sacramentos, mas, pela sua obediência desobediente, ele era o grande Sacramento de Deus, a revelação viva do Pai.
* Vivendo assim, Jesus era o novo “laos”, o “leigo”, o novo começo, a nova criação, a amostra do Reino, a semente de mostarda, o caminho, a verdade, a vida, o pastor, a videira, a luz, a ressurreição, o pão da vida, o profeta, o juiz, o irmão mais velho, o redentor, o messias, o Filho de Deus. Estes e outros tantos nomes e adjetivos foram sendo encontrados, aos poucos, pelos primeiros cristãos para expressar em palavras conhecidas e experiência totalmente nova de Deus que lhes vinha através de Jesus.
* Jesus explicava a Bíblia ao povo a partir da nova experiência que tinha de Deus e, por isso mesmo, dela revelava um sentido novo, pleno. A partir da sua experiência de Deus ele era capaz de perceber o que Deus queria quando chamou o povo em Abraão ou quando o tirou do Egito e lhe deu a Lei. Por isso mesmo, ele podia dizer: “Antigamente foi dito, mas eu vos digo!”
* O ensinamento de Jesus não era só aquilo que ele dizia e ensinava, mas era, sobretudo aquilo que ele era e fazia. Por causa da sua experiência de Deus como Pai, Jesus acolhia os excluídos, os marginalizados pelo sistema clerical da época. Ele dava um lugar aos que naquele sistema não recebiam lugar: os impuros (leprosos, deficientes, mulheres, crianças), os imorais (prostitutas, pecadores, ladrões), os heréticos (samaritanos, estrangeiros, publicanos), colaboracionistas (romanos, soldados, publicanos), os pobres, os oprimidos, os cegos, os doentes. A sua vida, a sua atuação e a sua pregação eram uma Boa Notícia de Deus para o povo e uma denúncia do sistema religioso da época que escondia o verdadeiro roto de Deus ao povo.
ANGRA DOS REIS: Último Encontro do Ano do Laicato Carmelitano-02
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Imagens do último Encontro do Ano do Laicato Carmelitano da Província Carmelitana de Santo Elias, em Angra dos Reis/RJ. Convento do Carmo de Angra, Rio de Janeiro. 25 de novembro- 2018.
ANGRA DOS REIS: Último Encontro do Ano do Laicato Carmelitano-01
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Imagens do último Encontro do Ano do Laicato Carmelitano da Província Carmelitana de Santo Elias, em Angra dos Reis/RJ. Convento do Carmo de Angra, Rio de Janeiro. 25 de novembro- 2018.
VAMOS CONHECER GUADALUPE?
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A verdadeira Teresa de Ávila: feminina e marrana
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A mão corria rápida sobre as folhas, hora após hora, sem nenhum senso de tempo. Durante as infindáveis tardes de verão, durante as longas noites de inverno, quando poderia ser presa da melancolia, espectro sinistro do mosteiro, ela estava lá, no chão, sentada sobre uma esteira, encostada no peitoril de pedra sob a janela. Meditava, recordava, escrevia. Não que no resto do dia se subtraísse às inúmeras tarefas - buscar água no poço, cuidar da porta, fiar, tecer, cozinhar, bordar – tarefas a que todas as irmãs eram obrigadas, se não quisessem perder aquela independência tão dolorosamente conquistada. Na aldeia, havia rumores de que "certas mulheres, freiras carmelitas, haviam ocupado ilegalmente uma casa". Alguém até havia ameaçado assaltar o convento; aquela novidade era escandalosa. O artigo é de Donatella Di Cesare, professora da Universidade de Roma "La Sapienza", publicado por Corriere della Sera, 18-11-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
No entanto, ali, em San José, no outono de 1565, depois de anos de tormento amargo e ansiedades sombrias, parecia a Teresa que sua vida interior prosseguisse como uma "navegação com um vento muito calmo". Era o desejo expresso em sua autobiografia, A Vida, composta "por ordem do confessor"- caso contrário, não poderia se imaginar que ela, uma mulher, escrevesse assim tão livremente - e depois corrigida várias vezes para iludir as suspeitas da Inquisição.
Finalmente, ela tinha sido bem sucedida em seu plano: deixar para trás a existência confortável e a banal, que se desenrolava à sombra dos claustros, para retomar as velhas regras do Carmelo. Silêncio, pobreza, introspecção, oração, vida comunitária. Elas estavam descalças; usavam sandálias de lona e corda, usavam roupas de lã crua. Não possuíam nada. Era uma nova forma de vida sob a insígnia da igualdade. Ali, entre elas, o sangue nunca seria um critério para excluir, discriminar, culpabilizar; la limpeza de sangre, elevada a lei racista na Espanha católica, que já havia expulsado os judeus, não teria valor algum no espaço do mosteiro. Especialmente porque muitas delas, como Leonor de Cepeda e Maria de Ocampo, eram, como ela mesma, filhas de conversos, judeus que se converteram ao cristianismo e, depois, marcados por um duplo não pertencimento, não mais judeus, mas nem mesmo cristãos. A água de batismo não fora suficiente para lavar o “impuro sangue judeu”, aquele fluido inefável em que se condensava o "mal incurável" do judaísmo. Não, os "novos cristãos" não eram considerados irmãos. Eles eram marcados como "marranos" pérfidos e traiçoeiros, capazes de se dissimular, fingir serem católicos enquanto permaneciam secretamente judeus.
Teresa não havia esquecido. Como teria podido? Claro, não tinha falado disso na história da sua vida. E até mesmo em outros momentos foi cuidadosa; por exemplo, quando, nas Constituições, escritas para as carmelitanas, havia retirado a frase "é importante para aqueles que querem ser filhos de Deus não levar em qualquer conta a linhagem." Em sua infância e na adolescência a linhagem havia pesado de maneira sorrateira, cruel, injusta. Para sempre ela iria ser atormentada pela obrigação de sustentar a honra, de suportar o peso de uma reputação perdida.
Além dos altos muros de Ávila surgia a terrível lembrança do que tinha acontecido em Toledo, quando seu avô Juan Sánchez, tecelão e mercador, foi forçado a andar pelas ruas da cidade, entre os escárnios e insultos da multidão, usando o sambenito, o infame escapulário amarelo que rotulava os marranos. Com ele, desfilou toda a família, até mesmo o filho mais novo Alonso. Depois de ter adquirido um título falso de hidalguía, que deveria atestar o sangue 'limpo', evitando prisão e tortura, os Sánchez de Cepedarefugiaram-se em Ávila para recomeçar uma vida acima de qualquer suspeita. Alonso tentou eliminar, juntamente com aquela antiga desgraça, todos os vestígios do judaísmo; casou-se em segundo matrimônio com Beatriz de Ahumada, mulher de grande beleza, pertencente à baixa nobreza.
Em 28 de março de 1515 nasceu Teresa, assim chamada em memória de sua avó paterna Teresa Sánchez. Mas o incômodo patronímico judeu (justamente Sánchez) desapareceu, suplantado por sobrenomes católicos.
Mas para os Cepeda y Ahumada, apesar de todos os encobrimentos, o passado permanecia indelével.
Depois de ter dado à luz dez filhos, sua mãe morreu cedo, aos trinta e três. Com ela, Teresa tinha compartilhado o amor apaixonado pela leitura, conforto e apoio para uma mulher temente a Deus, encerrada no casamento. Seguir aquele modelo? Ou procurar outro? Quando ela havia se abandonado ao amor por um primo, seu pai severamente interveio para interromper a relação. Os irmãos migraram em busca de fortuna no Novo Mundo; até mesmo seu predileto Rodrigo zarpou para o Río de la Plata. Seu destino também parecia inelutável. Don Alonso continuava a desperdiçar dinheiro e um bom casamento parecia uma quimera. Teresa fugiu. Melhor o convento: a certeza de uma dignidade, o recurso do estudo e da oração, a possibilidade de ficar sozinha, a paradoxal liberdade no encerramento entre quatro paredes. O pai foi buscá-la de volta. Ela foi inflexível e proferiu seus votos em 1537. Um ano mais tarde, voltou para a casa gravemente doente. Uma doença obscura consumia sua vida. Foi uma sucessão de palpitações, convulsões e até mesmo paralisia. Decisivo foi o encontro com Pedro de Cepeda, tio paterno, que como "cristão novo" tinha escolhido se tornar um monge.
Graças a ele, Teresa descobriu a obra de outro converso, Francisco de Osuna, que apontava para a aventura possível, toda interior, a descoberta das Índias de Deus.
Essa foi a "conversão" de Teresa, mulher atormentada e irônica, radical e apaixonada, que escapa aos limites de sua época e parece uma contemporânea. Disso deriva a atração exercida por seus escritos, muitas vezes esquecidos no mundo intelectual, mas que agora estão acessíveis em uma esplêndida edição com texto original e tradução, editada por Massimo Bettetini e publicada pela Bompiani. Pena que o ensaio introdutório retrate desde o início Teresa como uma freirinha in nuce, apagando qualquer traço feminino, removendo todo o seu passado judaico. Nem uma vez é mencionado Toledo! Como se nunca tivesse existido. Teologia da substituição que repete - mesmo agora e, é claro, não sem violência - o gesto que engole, incorpora, elimina.
Mas Teresa, beata, santa, doutora da Igreja, era uma marrana. Por que negar isso? De 1946, os documentos de arquivo não deixam dúvidas. E justamente essa peculiaridade, que a relega à margem, se reflete em seu pensamento extremamente original. Michel de Certeau a insere na tradição humilhada dos "novos cristãos", almas divididas, permeadas pela necessidade de uma intimidade oculta. O encontro entre as duas tradições religiosas, uma empurrada para um retiro interior, a outra triunfante, mas "corrupta", permite aos expoentes dessa classe intelectual entrar no cristianismoarticulando a experiência de um outro lugar. Entre meditação e poesia, são os percursos autobiográficos que permitem uma liberdade inesperada para atravessar aquela "noite escura da alma", segundo o título do famoso poema de Juan de la Cruz.
Como explicar de outra forma a obra-prima de Teresa de Ávila Las Moradas, ou seja, as moradias, também conhecida como El castillo interior (1577). O castelo é uma "morada emprestada" onde a alma pode se deixar transportar para fora de si mesma. Diamante e cristal refletem a luz desse espaço interior onde o outro fala "por mim". O diálogo da alma se desdobra em uma divisão: o outro habita em si, o si no outro. Nenhuma identidade integral. Você é o outro de si mesmo. Mesmo na união mística, a separação de si mesmo do próprio si é inevitável. Aliás, é graças à separação que a alma pode hospedar, pode abrir espaço para o outro infinito. Teresa escreve, seguindo os ditames de uma palavra que vai além dela, palavra compartilhada, que vem de seu círculo, que se desdobra em um entre - entre mulheres - e na sua dupla diferença, feminina e marrana, que não pode deixar de infringir e contaminar o universo católico.
Assim indica um si mesmo inacessível mesmo a si mesmo, habitado pelo outro, infinitamente outro, e, portanto, sagrado, que é necessário defender e proteger. Toda a mística marrana é uma resposta à violência dos inquisidores de ontem e de hoje. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
TERÇA-FEIRA 20: História do dia- A águia e as galinhas.
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Um camponês criou um filhote de águia junto com suas galinhas. Tratando-a da mesma maneira que tratava as galinhas, de modo que ela pensasse que também era uma galinha. Dando a mesma comida jogada no chão, a mesma água num bebedouro rente ao solo, e fazendo-a ciscar para complementar a alimentação, como se fosse uma galinha. E a águia passou a se portar como se galinha fosse.
Certo dia passou por sua casa um naturalista, que vendo a águia ciscando no chão, foi falar com o camponês: - Isto não é uma galinha, é uma águia! O camponês retrucou: Agora ela não é mais uma águia, agora ela é uma galinha! O naturalista disse: - Não, uma águia é sempre uma águia, vamos ver uma coisa...
Levou-a para cima da casa do camponês e elevou-a nos braços e disse: - Voa, você é uma águia, assuma sua natureza! - Mas a águia não voou, e o camponês disse: - Eu não falei que ela agora era uma galinha. O naturalista disse: - Amanhã, veremos...
No dia seguinte, logo de manhã, eles subiram até o alto de uma montanha. O naturalista levantou a águia e disse: - Águia, veja este horizonte, veja o sol lá em cima, e os campos verdes lá em baixo, veja, todas estas nuvens podem ser suas. Desperte para sua natureza, e voe como águia que és... A águia começou a ver tudo aquilo, e foi ficando maravilhada com a beleza das coisas que nunca tinha visto, ficou um pouco confusa no início, sem entender o porquê tinha ficado tanto tempo alienada. Então, ela sentiu seu sangue de águia correr nas veias, perfilaram de vagar suas asas e partiu num voo lindo, até que desapareceu no horizonte azul “.
PARA REFLETIR (Frei Petrônio de Miranda, O. Carm)
As vezes a nossa criatividade é roubada, as vezes a nossa vontade de assumir o protagonismo da nossa história é roubada, as vezes somos “galinha” ao fazermos o que os outros pensam, falam e mandam.
É cômodo passar pela história e não fazer história, é cômodo cruzar os braços e fingir que não ver a realidade nua e cura- ali em nossa frente- porque somos “galinha”. Não, não! Deus fez seremos humanos capazes de pensar, agir e abrir novas trilhas. Portanto, seja ousado, não aceite que outros ditem o que você deve fazer e não tenha medo em dar o primeiro voo na construção da sua história, mesmo se para tal você tiver que “nadar” contra a maré
ORDEM TERCEIRA: Eleição em Serro-MG.
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O Frei Petrônio de Miranda, O. Carm- Delegado Provincial para Ordem Terceira do Carmo- apresenta a nova mesa administrativa da cidade do Serro; Prior, Sr. Geraldo, 1ª Conselheira, Sra. Lúcia. 2ª Conselheira, Sra. Léia, 3ª Conselheira, Sra. Rosa. Serro- MG. 17 de novembro-2018.
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