ESPIRITUALIDADE CARMELITANA: O PROFETA ELIAS VOLTA PARA DEUS (2Rs 2,1-13)
- Detalhes
*Frei Joseph Chalmers O. Carm. Ex- Superior Geral da Ordem do Carmo
Invocação
Ó Deus, teu profeta Elias apareceu misteriosamente sem introdução e desapareceu do mundo num carro de fogo. Elias permanece teu servo para sempre. Ajuda-me a servir-te como desejas e que um dia eu deixe este mundo para viver contigo. Por Cristo nosso Senhor.
Texto
Leia o texto atentamente para compreender o sentido geral e para conhecer a história em detalhes.
2Rs 2,1 Eis o que aconteceu quando Iahweh arrebatou Elias ao céu no turbilhão: Elias e Eliseu partiram de Guilgal,
2 e Elias disse a Eliseu: “Fica aqui, pois Iahweh me enviou só até Betel”; mas Eliseu respondeu: “Tão certo como Iahweh vive e tu vives, não te deixarei!” e desceram a Betel.
3 Os irmãos profetas que moravam em Betel foram ao encontro de Eliseu e disseram-lhe: “Sabes que hoje Iahweh vai levar teu mestre por sobre tua cabeça?” Ele respondeu: “Sei; calai-vos.”
4 Elias lhe disse: “Eliseu, fica aqui, pois Iahweh me envia só até Jericó”; mas ele respondeu: “Tão certo como Iahweh vive e tu vives, não te deixarei!” E foram para Jericó.
5 Os irmãos profetas que moravam em Jericó aproximaram-se de Eliseu e lhe disseram: “Sabes que hoje Iahweh vai levar teu mestre por sobre tua cabeça?” Ele respondeu: “Sei; calai-vos.”
6 Elias lhe disse: “Fica aqui, pois Iahweh me envia só até o Jordão”; mas ele respondeu: “Tão certo como Iahweh vive e tu vives, não te deixarei!” E partiram os dois juntos.
7 Cinqüenta irmãos profetas foram também e ficaram parados a distância, ao longe, enquanto eles dois se detinham à beira do Jordão.
8 Então Elias tomou seu manto, enrolou-o e bateu com ele nas águas, que se dividiram de um lado e de outro, de modo que ambos passaram a pé enxuto.
9 Depois que passaram, Elias disse a Eliseu: “Pede o que queres que eu faça por ti antes de ser arrebatado da tua presença.” E Eliseu respondeu: “Que me seja dada uma dupla porção do teu espírito!”
10 Elias respondeu: “Pedes uma coisa difícil; todavia, se me vires ao ser arrebatado da tua presença, isso te será concedido; caso contrário,, isso não te será dado.”
11 E aconteceu que, enquanto andavam e conversavam, eis que um carro de fogo e cavalos de fogo os separaram um do outro, e Elias subiu ao céu no turbilhão.
12 Eliseu olhava e gritava: “Meu pai! Meu pai! Carro e cavalaria de Israel!” Depois não mais o viu e, tomando suas vestes, rasgou-as em duas.
13 Apanhou o manto de Elias, que havia caído, e voltou para a beira do Jordão, onde ficou.
Ler
Eliseu queria uma dupla porção do espírito de Elias. A dupla porção de uma herança era tradicionalmente do filho mais velho (Dt 12,17). Eliseu queria ser reconhecido com o sucessor legítimo de Elias. No verso 12, Eliseu expressa respeito e obediência ao gritar: “Meu pai! Meu pai!”. Nos dias de Eliseu, Iahweh era considerado como o Deus da vida, mas não da morte e, por isso, os mortos estavam fora da esfera da influência de Iahweh. A ascensão de Elias era um dos poucos exemplos na Bíblia onde a morte fora derrotada. Séculos mais tarde, a fé na ressurreição foi desenvolvida a partir de exemplos como esse. O povo sempre acreditou que Elias retornaria (ver Mc 6,5; 8,28). Ele desapareceu mas não morreu, por isso não se trata de ressurgir dos mortos. O povo acreditava, e os judeus ainda acreditam, que Elias voltará para anunciar a vinda do messias.
Eliseu é uma testemunha da forma miraculosa como o profeta Elias deixou o mundo. O objetivo desse relado é mostrar que entre todos os “filhos dos profetas”, Eliseu estava bem próximo de Elias e tornou-se seu sucessor espiritual. O objetivo dessa história era preencher a lacuna quanto ao final do profeta Elias e o local de seu túmulo.
Refletir
Releia o texto para ouvir o que Deus lhe dizer. A seguir veremos algumas perguntas para ajudá-lo em sua meditação. Não existe resposta certa ou errada, apenas sua resposta à Palavra de Deus e essa resposta deve ser vivida diariamente.
- Como você se sente quanto à morte?
- Você tem alguém para acompanhá-lo em sua jornada espiritual?
- Elias pediu uma dupla porção do espírito de Elias. O que você quer pedir a Deus?
Responder
Elias chama Eliseu para segui-lo. Eliseu só se torna um profeta após o arrebatamento de seu mestre. Então, Eliseu tornou-se o líder de um grupo de profetas, dedicados ao verdadeiro Deus. Jesus Cristo nos chamou para segui-lo. Descobrir o que Deus quer de nós é um processo lento. Devemos tomar muitas decisões na vida. Toda escolha quem suas conseqüências. Vamos rezar para que nossas escolhas estejam de acordo com a vontade de Deus.
“Estando ele a caminhar junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores.
19 Disse-lhes: “Segui-me e eu vos farei pescadores de homens.”
20 Eles, deixado imediatamente as redes, o seguiram.
21 Continuando a caminhar, viu outro dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com o pai Zebedeu, a consertar as redes. E os chamou.
22 Eles, deixando imediatamente o barco e o pai, o seguiram.” (Mt 4,18-22)
Repousar
O profeta Elias sempre foi fiel a Deus, mas nem sempre achou fácil ser fiel. Nesse texto, Elias enfrenta seu próprio fim. Não poderemos permanecer fiéis a Deus sem enfrentarmos dificuldades. Nós também devemos enfrentar nossa própria mortalidade.
Somos gradativamente transformados no caminho contemplativo, mas a transformação normalmente não parece ser o verdadeiro caminho para a glória. Nossos modos humanos devem ser divinizados, mas nesta jornada podemos ter a sensação que estamos perdendo tudo.
“Quando, pois, este ser corruptível tiver vestido a incorruptibilidade e este ser morta tiver revestido e imortalidade, então cumprir-se-á a palavra da Escritura:
A morte foi absorvida na vitória.
55 Morte, onde está a tua vitória? Morte, onde está o teu aguilhão?
56 O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a Lei.
57 Graças se rendam a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo!
58 Assim, irmãos bem-amados, sede firmes, inabaláveis, fazei incessantes progressos na obra do Senhor, cientes de que a vossa fadiga não é vã no Senhor.” (1Cor 15,54-58)
Já mencionei o conceito da noite escura, que é um termo complexo para o processo de transformação naqueles momentos que parecem negativos ou quando tudo não está claro. A noite escura é o estado normal para a maior parte da vida. A sensação de obscuridade às vezes é maior e outras vezes menor. Durante as várias fases do processo de transformação, devemos passar pela morte que, deste lado do túmulo, nos parece muito escura. Durante o decorrer de nossa vida, devemos aceitar as pequenas mortes que nos preparam para o fim de nossa existência na terra. A primeira morte acontece quando damos as costas para o pecado grave. Podemos estar cheios de entusiasmo nessa etapa da jornada espiritual, mas ao contrário do que pensamos, ainda estamos muito longe da perfeição. Ainda existe uma longa estrada a ser percorrida.
Ao continuarmos nosso caminho espiritual, amadurecemos mais e ficamos mais preparados para aceitar as pequenas mortificações que são uma parte essencial do caminho para Deus. Essas mortificações não são necessariamente trabalhos de penitência que escolhemos, mas simplesmente as dificuldades da vida. Aos poucos vemos que nossa motivação não é totalmente pura e encontramos o falso eu, não nos outros, mas em nós mesmos. Uma crescente sensibilidade à presença de Deus nos torna mais sensíveis à ação do falso eu dentro de nós. Nos tornamos mais conscientes do barulho de nosso “cd interno” (todos os comentários sobre as outras pessoas ou sobre coisas que aconteceram conosco que continuam dentro de nós durante o dia). Outra experiência de morte é o desprendimento gradual desses comentários e da ação do falso eu. É muito difícil aceitar que nossa motivação não é totalmente cristã. Isso requer uma profunda humildade e também um intenso desejo de ser transformado.
Através da oração, como uma busca constante do rosto de Deus nos altos e baixos de nossa vida, ficamos mais preparados para deixar de lado nossas próprias idéias sobre Deus para receber o que Deus quer partilhar conosco. Esse processo também é outro tipo de morte. Finalmente, perdemos nossa própria vida para recebermos a verdadeira vida em abundância.
A fé é uma necessidade absoluta para a jornada espiritual. Em primeiro lugar, a fé é um compromisso com Deus a quem não podemos ver nem sentir. É um salto para a escuridão, confiantes de que lá existe Alguém que nos ama.
Muitas vezes nossa oração pessoal se modifica ao amadurecermos. O que pode nos ajudar em uma fase pode não ser útil na outra. A oração pode se tornar mais simples e, ao mesmo tempo, mais escura. Seja qual for a forma como você reza, confie em Deus e tente responder à iniciativa de Deus de chamá-lo para partilhar um relacionamento íntimo na vida da Trindade Santa.
Faça agora sua oração. Existe um método no Apêndice I que talvez o ajude a esperar por Deus no silêncio. Ele está sempre presente conosco, mas muitas vezes o experimentamos como ausência e escuridão. Permita que a presença de Deus e sua ação purificadora e transformadora venham até você, seja qual for a forma que Deus escolher para que isso aconteça.
Agir
Vejamos algumas frases do texto. Escolha uma ou duas para repetir agora e novamente durante o dia para lembrá-lo da presença de Deus. É claro que você tem seu próprio jeito de manter aceso seu relacionamento com Deus. Qualquer método é bom se ajuda a lembrar da presença amorosa de Deus:
“levou Elias para o céu”;
“fica aqui”;
“calai-vos”;
“não te deixarei”;
“pede o que queres”;
“Elias subiu ao céu”;
“meu pai”.
Com esse texto chegamos ao fim da vida do profeta Elias. Ele foi sempre fiel a Deus e esta fidelidade lhe custou muito. A história da saída de Elias da terra causou um grande impacto na memória religiosa dos judeus, mas também dos cristãos e muçulmanos. Cresceu a ideia de que o profeta não teria morrido e poderia voltar. Já vimos essa idéia no Novo Testamento (cf. Mt 11,4).
A morte é um mistério. Somos seguidores de Jesus Cristo que passou pela morte e foi ressuscitado na glória do Pai pelo poder do Espírito Santo. Quando Cristo apareceu a seus amigos e discípulos após a ressurreição, ele não revelou tudo que acontece no processo da morte e depois da morte. Contudo, Jesus é nosso líder (At 5,31; Hb 2,10). Cristo voltou da morte e prometeu que iríamos com ele (Jo 14,3).
Devemos deixar o futuro nas mãos de Deus que nos ama e permanecer fiéis a Deus como o profeta Elias.
“Mas, como está escrito, o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que o amam.” (1Cor 2,9)
*DO LIVO: O SOM DO SILÊNCIO
ORDEM TERCEIRA: Salvador-02
- Detalhes
ORDEM TERCEIRA: Salvador
- Detalhes
FREI EVALDO: A Traição de Judas
- Detalhes
O Frei Evaldo Xavier, O. Carm, Superior Provincial da Província Carmelitana de Santo Elias-Carmelitas, faz uma homilia na Igreja da Venerável Ordem Terceira do Carmo de Salvador/ BA, sobre a traição de Judas Iscariotes. Convento do Carmo de Salvador- BA. 27 de março-2018.
FREI EVALDO: Semana Santa
- Detalhes
FREI ADAILSON: Entrevista
- Detalhes
DOMINGO 25: Aniversariante do dia...
- Detalhes
ANIVERSÁRIO DO FREI SÍLVIO.
- Detalhes
ANIVERSARIANTE DO DIA: Sexta 23...
- Detalhes
CARMELITAS: A dimensão contemplativa da vida.
- Detalhes
*Fraternità Carmelitana Pozzo di Gotto - 1993.
Para o Carmelo a experiência contemplativa é estilo de vida pessoal e comunitário ao mesmo tempo; itinerário para Deus - ou melhor, de Deus para nós - que pede para ser vivido no contexto de fraternidade, em companhia dos irmãos e não como busca individual e intimista.
Vejam como a Regra delineia a dimensão contemplativa da vida:
- a) A escuta comunitária da Palavra durante a mesa comum (c.4): é a relativização do pão do homem frente ao alimento espiritual do Pão da Palavra.
- b) A lectio divina (c.7), como momento pessoal de escuta da Palavra, a fim de se permanecer constantemente enraizados no Mistério de Cristo, e em vigília, aguardando a sua vinda.
- c) A celebração quotidiana da Liturgia do Louvor e da Eucaristia (c.8 e 10), onde a Palavra assimilada na lectio pessoal ressoa na comunidade, que celebra a oração dos Salmos
- Síntese orante de toda a Sagrada Escritura - e a fractio panis, memorial da Nova Aliança com Deus e com os irmãos no sinal do dom e do serviço.
- d) O cuidado pelos valores do Espírito, a fim de que, escolhendo a essencialidade (c.12 e 13), revestindo-nos do Cristo, Homem Novo (c.14), vivendo o trabalho como dom de si mesmo (c.15) e o silêncio como pedagogia sapiencial em preparação de uma autêntica comunicação humana (c.16), chegue à idade adulta dentro de nós o nosso homem espiritual e transforme o próprio ambiente da fraternidade numa epifania da presença de Deus, num lugar de procura assídua do Seu Rosto na história dos homens.
*0 CARMELO A SERVIÇO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO: Carisma, Espiritualidade, Missão – apontamentos. Tradução por Frei Pedro Caxito O. Carm. In Memoriam (São Romão-MG. *31/12/1926. São Paulo. + 02 / 09/ 2009).
ORDEM TERCEIRA DO CARMO: Sodalício de São José dos Campos/SP.
- Detalhes
Nesta segunda 19- Solenidade de São José- foi eleito o Novo Conselho do Sodalício de São José dos Campos - SP.
Priora
Ir Marlene
Conselheiras
Ir Maria Ilma
Ir Maria Teresa
Ir Maria Serão
Ir Neli
ORDEM TERCEIRA DO CARMO: Sodalício de Jacareí/SP.
- Detalhes
No último domingo, 18, foi eleito o Novo Conselho do Sodalício de Jacareí/ SP.
Priora
Maria de Fátima
Conselheiros
Wesley Fariai
Clayton Ricardo
VISITA AOS SODALÍCIOS DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO...
- Detalhes
FREI PETRÔNIO DE MIRANDA, O. CARM: Programação para os próximos dias em visita aos Sodalícios da Ordem Terceira do Carmo da Província Carmelitana de Santo Elias- Carmelitas. Dia 18, às 15h, domingo. Jacareí/SP. Dia 19, segunda-feira, às 9h. São José dos Campos/SP. De 20-21. Sodalícios da Basílica e Esplanada, São Paulo, capital. Acompanhe tudo aqui no olhar
CARMELITAS: AS COORDENADAS TEOLÓGICO-ESPIRITUAIS DO CARISMA DO CARMELO.
- Detalhes
*Fraternità Carmelitana Pozzo di Gotto - 1993.
1- A "koinonia" fraterna
A Regra do Carmelo fala de fratres. É o nome novo que os seus destinatários recebem. Este nome indica uma nova qualidade de relacionamentos interpessoais e de impostação de vida na comunidade: o "nós" comunitário, ou se quiserem, "a comunidade" como sujeito protagonista. Vejamos em síntese os valores que exprime.
- a) A unanimidade. Indica o sentir comum e a convergência essencial sobre um projeto único de vida. É a base para o diálogo e o discernimento comunitário, sem personalismos e atitudes arbitrárias, geradoras de instabilidade.
- b) A reciprocidade. É a unanimidade considerada na sua forma mais amadurecida; exprime um relacionamento em diálogo intenso, que assume nos irmãos a forma da obediência recíproca em Cristo e do serviço recíproco na humildade.
- c) A condivisão. É a capacidade de desconcentrar-se da reivindicação do proprium, criador de divisão e antagonismos, a fim de orientar-se para a pobreza e a comunhão total de bens. A Regra delineia várias formas de condivisão: a mesa comum (c.4), a oração em comum (c.8), a condivisão dos bens de consumo (c.9), a celebração eucarística (c.10), a reunião semanal da comunidade (c.11).
- d) A relativização dos encargos institucionalizados. Os cargos estão presentes na comunidade(prior, ecônomo, presbíteros etc.), mas não são enfatizados. Realmente na Regra não somos levados a pensar na distinção entre religiosos irmãos e religiosos presbíteros nem fica determinado quem deva presidir à reunião semanal da comunidade. É aqui que se revela, mais do que em outro lugar, o valor da comunidade como sujeito protagonista, a saber, a intenção de sublinhar que -_> a igualdade fundamental dos fratres vem antes de qualquer cargo e ministério.
- e) A atenção para com a pessoa. A comunidade que é o sujeito protagonista não rebaixa nem marginaliza a pessoa, antes a valoriza, garantindo a cada um espaço pessoal vital (c. 3 e 5), tendo consideração pelas suas necessidades e pela sua condição física, cultural e espiritual (c. 8, 9, 12 e 13), favorecendo a humanização das estruturas e dos costumes para o bem das pessoas e salvaguarda do ambiente (c.2,3,4,10 e 11).
*0 CARMELO A SERVIÇO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO: Carisma, Espiritualidade, Missão – apontamentos. Tradução por Frei Pedro Caxito O. Carm. In Memoriam (São Romão-MG. *31/12/1926. São Paulo. + 02 / 09/ 2009).
CARMELITAS: NAS ORIGENS, UMA COMUNIDADE
- Detalhes
*Fraternità Carmelitana Pozzo di Gotto - 1993.
Nas origens do Carmelo não encontramos uma pessoa isolada como Fundador, mas sim uma comunidade. Ela está provavelmente vivendo uma certa evolução interna: de pessoas mais ou menos isoladas rumo a um grupo; pede ajuda e discernimento ao Patriarca de Jerusalém, Alberto, a fim de que (a nível não apenas jurídico, mas também teológico-espiritual) consolide e codifique o projeto de vida deles, o seu "propositum", numa "vitæ formula", que a seguir, com o discernimento do Papa, adquirirá o status de Regra.
Confirmação do que dizemos nos vem antes de tudo do próprio texto da Regra - ou melhor do dinamismo e dos valores do projeto de vida que ela propõe - enquanto mediação para transmitir a "experiência do Espírito" do Fundador ou do carisma de fundação.
Além disso, aquela expressão, que aparece mais vezes nas Primeiras Constituições e em outros escritos medievais - "(...) Albertus Ierosolymitanæ ecclesiæ Patriarcha in unum collegium congregavit, scribendo eis Regulam(...)" - sintetiza tanto o discernimento feito pelo Patriarca Alberto como a fisionomia dos primeiros irmãos do Carmelo.
Podemos, então, dizer que Fundadores do Carmelo foi aquela primeira comunidade de fratres do Monte Carmelo, não outros. Eles devem permanecer o ponto de referência constante, original e originante do carisma e da missão do Carmelo. A questão, pois, de Elias e de Maria como "fundadores" do Carmelo, no meu parecer, precisa de uma releitura na ótica do "modelo de vida" fortemente personalizado, em sintonia com toda a tradição monástica e, além disso, com a carmelitana.
*0 CARMELO A SERVIÇO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO: Carisma, Espiritualidade, Missão – apontamentos. Tradução por Frei Pedro Caxito O. Carm. In Memoriam (São Romão-MG. *31/12/1926. São Paulo. + 02 / 09/ 2009).
A CRUZ DE JESUS
- Detalhes
O Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ, canta a música; A CRUZ DE JESUS, do seu novo CD- TEMPO DO CARMELO (Lançamento nos próximos meses). IMAGENS DO VÍDEO: Youtube e arquivo do olhar. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 16 de março-2018.
A Cruz de Jesus
Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.
Eis a cruz ó madeiro sagrado, eis a cruz ó altar consumado, eis a cruz, eis a cruz, de Jesus.
1-No Monte das Oliveiras Ele sente a aflição, está em silêncio e desolação. Meu Pai afasta de mim essa dor, mas não seja feita a minha vontade mas/ Do Senhor (bis)
2-Judas Iscariotes traiu meu Salvador, ô quanto sofrimento ó quanta dor. No coração de Pedro a noite chegou, nega o Filho de Deus/ O Salvador. (bis)
3- Ele foi julgado e condenado com desamor, e logo Pilatos Barrabás soltou. Cuspiam Nele e diziam salve o Rei dos Judeus, batiam em sua cabeça/ Ô quanto dor. (bis)
4-No caminho do calvário as santas mulheres encontrou, no caminho do calvário Verônica aflita/ As lágrimas enxugou. (bis)
5-Para o calvário a cruz Ele carregou, Simão Cirineu logo o ajudou. Para o calvário a cruz Ele carregou, a sua santa Mãe/ O consolou. (bis)
6-No suplício da cruz Dimas suplicou, e o perdão dos pecados ele ganhou. Pobre Filho de Deus homem da dor, os pecados de Dimas/ Ele deletou. (bis)
7-No alto da cruz Ele foi condenado, no alto da cruz Ele foi abandonado, no madeiro Ele sente uma grande dor, os pregos e a lança o/ Sangue jorrou. (bis)
8- No alto da cruz Ele gritou, meu Deus, meu Deus por que/ Me abandonou. O que fizeram com o meu Senhor, fazem todos os dias, ô/ Quanta horror. (bis)
*Presença e atividade dos leigos no Novo Testamento-01
- Detalhes
Frei Carlos Mesters, O.Carm.
I- INTRODUÇÃO
Situar o fenômeno: falar do leigo
* Se falamos tanto em leigo hoje, é porque existe um problema que se impôs à consciência e busca uma solução.
* Este mesmo problema se expressa na insistência com que, hoje, as Congregações começam a partilhar sua espiritualidade com os leigos, procurando caminhos novos para isso.
* Está ligado também à preocupação que se nota, em todo canto, de ir criando a “família religiosa”, na qual se congregam congregações afins junto com os leigos.
A busca de solução: voltar às fontes a partir da problemática atual
* O questionamento vem da realidade que já não aceita a visão tradicional, a teoria de sempre, e, por isso mesmo, inicia uma nova prática e uma nova leitura do passado.
Exemplos concretos: Bultmann, Cardijn, CPT, CIMI, CPO.
* Esta nova leitura do passado, motivada pela problemática atual ou pela preocupação de encontrar uma nova maneira de anunciar o Evangelho, está descobrindo dimensões desconhecidas e insuspeitadas. Pensávamos conhecer o passado e agora, de repente, descobrimos coisas totalmente novas que nos questionam. Por exemplo, na história da
Ordem: a dimensão laical, a fraternidade, o profetismo.
* Investiga-se, sobretudo, a Escritura a partir da problemática atual. É o que vamos tentar fazer nesta breve reflexão a partir da preocupação atual em torno da atuação dos leigos na Igreja e na Família Carmelitana. A divisão clero-leigo da maneira como existe hoje não existia naquele tempo, pois certos fatores que marcam o nosso clericalismo, não existiam naquele tempo. Por exemplo, o celibato, a jerarquia da maneira que está descrita no direito canônico, clero como sinônimo de sacerdote, etc. Mas, como hoje, havia uma elite que defendia e mantinha o sistema de divisão entre, de um lado, a elite e, de outro lado, o povo. E convém não esquecer que, por vezes, o leigo clericalizado é mais radical que o próprio clero.
Alguns pressupostos evidentes que não pareciam tão evidentes
* Nas primeiras comunidades cristãs, todos eram laicos, leigos, isto é, membros do laos, do povo de Deus. Havia novas funções, tanto para dentro como para fora, e havia, inclusive, uma certa jerarquia entre as funções ou carismas, mas, tudo era em vista da edificação da comunidade. No início, não havia a divisão entre clero e leigos que hoje marca a vida da Igreja.
* Todos se sentiam responsáveis pela divulgação da Boa Nova de Deus, que era a razão de ser da Comunidade. Este sentimento de responsabilidade nascia não de uma imposição da parte da autoridade, nem do medo de ir para o inferno, nem de um convite da parte do clero para as pessoas ajudarem na Igreja, mas nascia de uma experiência pessoal profunda da Boa Nova de Deus que Jesus trouxe. Ela é que fazia arder o coração e levava as pessoas a anunciar a Boa Nova, sem pedir licença a ninguém.
* A força que empurrava tudo era o Espírito de Jesus, presente na comunidade e distribuído, indistintamente, a todos e todas. Ele levava as pessoas a tomarem iniciativas novas que pareciam proibidas pelo sistema anterior. Por exemplo: entrar em casa de um pagão, acolher os pagãos, comer com não judeus na mesma mesa. Ele ajudava a derrubar divisões que pareciam de ordem divina, desde os tempos de Moisés. A preocupação de todos era reconstruir a Comunidade e ser o novo Povo de Deus.
II- A PREOCUPAÇÃO PRINCIPAL: RECONSTRUIR A COMUNIDADE
Clã, Família, Comunidade.
* A importância da comunidade ao longo da história: clã, tribo, família, comunidade. Esta nova convivência social comunitária era expressão da nova experiência de Deus como Javé. Acentuava a igualdade de todos diante de Deus e impedia que alguém pudesse apropriar-se do poder para criar divisões no meio do povo, como acontecia no Egito, onde o sistema do Faraó, legitimado pela religião, criara uma divisão profunda no povo entre opressor e oprimido.
* Ao longo da história secular do povo da Bíblia, toda vez que enfraquece a vivência comunitária, diminui a experiência de Deus e cresce o domínio de uma elite sobre o resto do povo. Toda vez que a experiência de Deus se faz mais presente, começa uma renovação da vivência comunitária que denuncia e elimina as divisões e a marginalização de pessoas.
* A lei do GOÊL, uma lei clânica, em defesa da família e das pessoas é uma expressão da luta dos profetas, quase todos leigos, para manter e fortalecer a convivência comunitária tribal. O ideal expresso na Lei era não haver necessitados (Dt 15). Deste modo, se renovava a imagem de Deus. A comunidade ou o clã era um anúncio vivo da Boa Nova de Deus como Javé, presença libertadora no meio do povo, Deus-conosco.
* A situação da dupla opressão em que vivia o povo no tempo de Jesus fez com que comunidade ou o clã já não podia exercer o seu papel de defesa da pessoa e da família. Era cada vez mais difícil para as famílias praticarem a hospitalidade, a partilha, a comunhão de mesa e a lei do goêl. A comunidade deixou de ser uma revelação do Reino, do rosto de Deus. As famílias, em vez de se abrirem e de se unirem entre si em comunidade ou clã, se fechavam sobre si mesmas, impedindo, assim, a manifestação do reino de Deus. E a religião, em vez de despertar e de alertar o povo, aumentava ainda mais a exclusão e a marginalização.
* A esperança do povo no tempo de Jesus era que o profeta Elias voltasse para reconduzir o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais. Reconstruir a Comunidade. É com esta frase de esperança, a última do livro de Malaquias, que o Antigo
Testamento passa para o Novo Testamento.
* A preocupação principal de Jesus é refazer o tecido social, o relacionamento entre as pessoas, reconstruir a comunidade, para que fosse novamente uma revelação do Rosto de Deus. Ele tenta abrir as famílias, para que novamente se unam em comunidade. Ele mesmo deu o exemplo. Quando foi procurado pelos familiares que queriam traze-lo de volta para casa, ele disse: “Quem é minha mãe e meus irmãos? Todo aquele que faz a vontade do meu Pai que está no céu!” Alargou a família.
* Jesus falava e agia a partir de uma nova experiência de Deus como Pai. Esta experiência era a luz com que lia e relia, tanto o passado como o presente e a partir da qual nascia nele a consciência da sua missão. Esta mesma missão ele conferiu aos discípulos: “Como Pai me enviou, eu envio a vocês!”, a saber, a reconstrução da comunidade como revelação do rosto de Deus.
*VIII Encontro OC-OCD. Recife, 17 a 23 de junho de 2002
ORDEM TERCEIRA: Noite Cultural-05
- Detalhes
Pág. 564 de 664