O Papa aos Carmelitas: a amizade com Deus é um fogo a ser protegido
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Francisco recebeu em audiência os participantes do Capítulo Geral da Ordem dos Frades Carmelitas Descalços: "Arraigados na relação com Deus, Trindade de Amor, vocês são chamados a cultivar os relacionamentos no Espírito, numa saudável tensão entre estar sozinhos e estar com os outros".
Amedeo Lomonaco/Mariangela Jaguraba – Vatican News
Ouvir, discernir e tornar-se testemunha. Estas são as diretrizes do discurso do Papa Francisco proferido aos participantes do Capítulo Geral dos Carmelitas Descalços, na manhã deste sábado (11/09), no Vaticano. "Ouvir é a atitude fundamental do discípulo, de quem se coloca na escola de Jesus e quer responder ao que Ele nos pede neste momento difícil, mas sempre belo, porque é o tempo de Deus."
Neste tempo, em que a pandemia nos colocou diante de muitas perguntas e que viu a queda de tantas certezas, vocês são chamados, como filhos de Santa Teresa, a cuidar de sua fidelidade aos elementos perenes de seu carisma. Esta crise, se tem algo de bom, e certamente tem, é para nos trazer de volta ao essencial, a não viver distraídos por uma falsa segurança.
Viver plenamente a graça do presente
O Papa sublinhou que "às vezes alguém pergunta qual é o futuro da vida consagrada". As "visões pessimistas estão destinadas a serem desmentidas como aquelas sobre a própria Igreja", disse Francisco.
A vida consagrada faz parte da Igreja como Jesus a quis e como o Espírito a gera continuamente. Portanto, é preciso distanciar a tentação de se preocupar em sobreviver, e viver plenamente, acolhendo a graça do presente, mesmo com os riscos que isso implica.
Cuidado com a mundanidade espiritual
A vida carmelita é "vida contemplativa". "Este é o dom que o Espírito deu à Igreja com Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz, e depois com os santos e santas carmelitas". Fiel a este dom, o Papa acrescentou: "A vida carmelita é uma resposta à sede do homem contemporâneo, que no fundo é uma sede de Deus, uma sede do eterno". Está protegido dos psicologismos, espiritualismos ou falsas atualizações que escondem um espírito de mundanidade." O Pontífice citou um livro do pe. de Lubac sobre a mundanidade espiritual no qual afirma que "é o pior dos males que podem acontecer à Igreja, na verdade pior do que no tempo dos Papas concubinos". "A cultura da mundanidade espiritual é uma cultura do efêmero e das aparências", observou Francisco, que é "muito sutil": "Entra e nós não percebemos".
Vocês conhecem bem a tentação dos psicologismos, dos espiritualismos e das atualizações do mundo: o espírito da mundanidade. Sobre isso eu lhes peço, por favor: cuidado com a mundanidade espiritual, que é o pior mal que pode acontecer à Igreja.
"A fidelidade evangélica", disse o Papa, "não é estabilidade de lugar, mas estabilidade de coração; que não consiste em recusar a mudança, mas em fazer as mudanças necessárias para atender ao que o Senhor nos pede, aqui e agora". A fidelidade exige um firme compromisso com os valores do Evangelho e com o próprio carisma, e a renúncia àquilo que impede de dar o melhor de si ao Senhor e aos outros".
Amizade com Deus e missão
O Pontífice também lembrou que a alegria e o senso de humor devem ser características marcantes da vida consagrada. Ele incentivou os Carmelitas a "manterem ligadas a amizade com Deus, a vida fraterna em comunidade e a missão". Ele os exortou, a partir da amizade com Deus e do estilo de fraternidade, a "repensar a missão, com criatividade e um forte impulso apostólico, prestando grande atenção ao mundo de hoje". A amizade com Deus", explicou o Papa, "amadurece no silêncio, no recolhimento, na escuta da Palavra de Deus".
É um fogo que precisa ser alimentado e protegido todos os dias. O calor deste fogo interior também ajuda a praticar a vida fraterna em comunidade. Não é um elemento acessório, mas substancial. O nome de vocês lembra isso: "Irmãos descalços". Arraigados na relação com Deus, Trindade de Amor, vocês são chamados a cultivar os relacionamentos no Espírito, numa saudável tensão entre estar sozinhos e estar com os outros, contracorrente em relação ao individualismo e a massificação do mundo.
Capítulo Geral dos Carmelitas Descalços
O Capítulo Geral dos Carmelitas Descalços, em Roma, que teve início em 30 de agosto e prossegue até 14 de setembro, é o 92º da história da Ordem. Os trabalhos são marcados por um texto elaborado nos últimos seis anos e focalizado no carisma carmelita-teresiano. Um dos objetivos é dar uma resposta atualizada às perguntas: o que significa ser Carmelitas Descalços hoje? Como viver a vocação de uma forma que esteja em sintonia com os desafios atuais? Noventa e cinco frades carmelitas dos cinco continentes foram convocados ao Capítulo, representando cerca de 4 mil frades que fazem parte da Ordem. Em 4 de setembro, a assembleia capitular elegeu o pe. Miguel Marquez Calle, nascido em 5 de outubro de 1965, na Espanha, novo diretor-geral. Fonte: https://www.vaticannews.va
Levantar e Andar com Elias: Frei Carlos Mesters, O. Carm
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No vídeo, imagens do Frei Carlos Mesters, O. Carm, na Assembleia da Ordem Terceira do Carmo em São Paulo no ano de 2016. Tema: Levantar e Andar com o Profeta Elias.. Nota: Frei Carlos Mesters é frade carmelita, holandês, radicado no Brasil há muitos anos. Formou-se em Teologia e Ciências Bíblicas em Roma e na Escola Bíblica de Jerusalém. É membro fundador do Centro de Estudos Bíblicos - CEBI, há anos acompanha a caminhada das comunidades eclesiais do Brasil no esforço de transmitir a mensagem bíblica numa linguagem simples e acessível aos mais humildes. Trabalha atualmente no Carmo de Unaí-MG (Ano 2021). É autor de diversos livros e ajudou a traduzir a Bíblia editada pela Vozes. Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 30 de agosto-2021.
Contexto e Vocação de Jesus
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No vídeo, o Frei Carlos Mesters, O. Carm, fala sobre Contexto e Vocação de Jesus. Vídeo do Curso de Verão/SP. Nota: Frei Carlos Mesters é frade carmelita, holandês, radicado no Brasil há muitos anos. Formou-se em Teologia e Ciências Bíblicas em Roma e na Escola Bíblica de Jerusalém. É membro fundador do Centro de Estudos Bíblicos - CEBI, há anos acompanha a caminhada das comunidades eclesiais do Brasil no esforço de transmitir a mensagem bíblica numa linguagem simples e acessível aos mais humildes. Trabalha atualmente no Carmo de Unaí-MG (Ano 2021). Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 30 de agosto-2021. www.instagram.com/freipetronio
Segunda-feira, 16 de agosto-2021. 20ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 19,16-22)
16Um jovem aproximou-se de Jesus e lhe perguntou: Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna? Disse-lhe Jesus: 17Por que me perguntas a respeito do que se deve fazer de bom? Só Deus é bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos. 18Quais?, perguntou ele. Jesus respondeu: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho, 19honra teu pai e tua mãe, amarás teu próximo como a ti mesmo. 20Disse-lhe o jovem: Tenho observado tudo isto desde a minha infância. Que me falta ainda? 21Respondeu Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me! 22Quando ouviu esta palavra, o jovem foi embora cheio de tristeza, pois possuía muitos bens.
3) Reflexão Mateus 19,16-22
O evangelho de hoje traz a história do jovem que perguntou pelo caminho da vida eterna. Jesus indicou para ele o caminho da pobreza. O jovem não aceitou a proposta de Jesus, pois era muito rico. Uma pessoa rica é protegida pela segurança que a riqueza lhe dá. Ela tem dificuldade em abrir mão da sua segurança. Agarrada às vantagens dos seus bens, vive preocupada em defender seus próprios interesses. Uma pessoa pobre não tem esta preocupação. Mas há pobres com cabeça de rico. Muitas vezes, o desejo de riqueza cria neles uma grande dependência e faz o pobre ser escravo do consumismo, pois ele fica devendo prestações em todo canto. Já não tem mais tempo para dedicar-se ao serviço do próximo.
Mateus 19,16-19: Os mandamentos e a vida eterna.
Alguém chega perto de Jesus e pergunta: "Mestre, que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?" Alguns manuscritos informam que se tratava de um jovem. Jesus responde bruscamente: "Por que você me pergunta sobre o que é bom? Um só é o bom!” Em seguida, ele responde à pergunta e diz: “Se você quer entrar para a vida, guarde os mandamentos". O jovem reage e pergunta: “Quais mandamentos?” Jesus tem a bondade de enumerar os mandamentos que o rapaz já devia conhecer: "Não mate; não cometa adultério; não roube; não levante falso testemunho; honre seu pai e sua mãe; e ame seu próximo como a si mesmo". É muito significativa a resposta de Jesus. O jovem tinha perguntado pela vida eterna. Queria a vida junto de Deus! Mas Jesus só lembrou os mandamentos que dizem respeito à vida junto do próximo! Não mencionou os três primeiros mandamentos que definem nosso relacionamento com Deus! Para Jesus, só conseguiremos estar bem com Deus, se soubermos estar bem com o próximo. Não adianta se enganar. A porta para chegar até Deus é o próximo.
Em Marcos a pergunta do jovem é diferente: "Bom Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?" Jesus respondeu: "Por que você me chama de bom? Só Deus é bom, e ninguém mais!” (Mc 10,17-18). Jesus desvia a atenção de si mesmo para Deus, pois o que importa é fazer a vontade do Deus, revelar o Projeto do Pai.
Mateus 19,20: Observar os mandamentos, para que serve?
O jovem respondeu: "Tenho observado todas essas coisas. O que é que ainda me falta fazer?" O curioso é o seguinte. O jovem queria conhecer o caminho que o levasse à vida eterna. Ora, o caminho da vida eterna era e continua sendo: fazer a vontade de Deus, expressa nos mandamentos. Com outras palavras, o jovem observava os mandamentos sem saber para que serviam! Se o soubesse, não teria feito a pergunta. É como muitos católicos que não sabem por que motivo são católicos. ”Nasci católico, por isso sou católico!” Coisa de costume!
Mateus 19,21-22: A proposta de Jesus e a resposta do jovem
Jesus respondeu: "Se você quer ser perfeito, vá, venda tudo o que tem, dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois venha, e siga-me". Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico. A observância dos mandamentos é apenas o primeiro degrau de uma escada que vai mais longe e mais alto. Jesus pede mais! A observância dos mandamentos prepara a pessoa para ela poder chegar à doação total de si em favor do próximo. Marcos diz que Jesus olhou para o jovem com amor (Mc 10,21). Jesus pede muito, mas ele o pede com muito amor. O moço não aceitou a proposta de Jesus e foi embora, “pois era muito rico”.
Jesus e a opção pelos pobres.
Um duplo cativeiro marcava a situação do povo na época de Jesus: o cativeiro da política de Herodes, apoiada pelo Império Romano e mantida por todo um sistema bem organizado de exploração e de repressão, e o cativeiro da religião oficial, mantida pelas autoridades religiosas da época. Por causa disso, o clã, a família, a comunidade, estava sendo desintegrada e uma grande parte do povo vivia excluída, marginalizada, sem lugar, nem na religião, nem na sociedade. Por isso, havia vários movimentos que, como Jesus, procuravam refazer a vida em comunidade: essênios, fariseus e, mais tarde, os zelotes. Dentro da comunidade de Jesus, porém, havia algo novo que a diferenciava dos outros grupos. Era a atitude frente aos pobres e excluídos. As comunidades dos fariseus viviam separadas. A palavra “fariseu” quer dizer “separado”. Viviam separadas do povo impuro. Alguns fariseus consideravam o povo como ignorante e maldito (Jo 7,49), cheio de pecado (Jo 9,34). Não aprendiam nada do povo (Jo 9,34). Jesus e a sua comunidade, ao contrário, viviam misturados com as pessoas excluídas, consideradas impuras: publicanos, pecadores, prostitutas, leprosos (Mc 2,16; 1,41; Lc 7,37). Jesus reconhece a riqueza e o valor que os pobres possuem (Mt 11,25-26; Lc 21,1-4). Proclama-os felizes, porque o Reino é deles, dos pobres (Lc 6,20; Mt 5,3). Define sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4, 18). Ele mesmo vive como pobre. Não possui nada para si, nem mesmo uma pedra para reclinar a cabeça (Lc 9,58). E a quem quer segui-lo para conviver com ele, manda escolher: ou Deus, ou o dinheiro! (Mt 6,24). Manda fazer opção pelos pobres como propôs ao jovem rico! (Mc 10,21) Esta maneira diferente de acolher os pobres e de conviver com eles era uma amostra do Reino de Deus.
4) Para um confronto pessoal
- Uma pessoa que vive preocupada com a sua riqueza ou com a aquisição dos bens que a propaganda do consumismo lhe oferece, será que ela pode libertar-se de tudo isto para seguir Jesus e viver em paz numa comunidade cristã? É possível? O que você acha?
- O que significa para nós hoje: “Vai vende tudo, dá aos pobres”? É possível tomar isto ao pé da letra? Conhece alguém que conseguiu largar tudo por causa do Reino?
5) Oração final
Ele me faz descansar em verdes prados, a águas tranquilas me conduz. Restaura minhas forças, guia-me pelo caminho certo, por amor do seu nome. (Sl 22, 2-3)
Edith Stein, o dom da vida contra a intolerância.
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"Mártir, mulher de coerência, mulher que busca a Deus com honestidade, com amor e mulher mártir de seu povo judeu e cristão". Foi assim que o Papa Francisco definiu Santa Teresa Benedita da Cruz, que a Igreja celebra hoje. Uma figura que ainda hoje ilumina o caminho, especialmente para a Europa, da qual ela é co-padroeira. A filósofa Bello: "Uma mulher corajosa que pode dizer muito ao mundo de hoje".
Benedetta Capelli – Vatican News
Uma filha amada pela Igreja que reconheceu seu testemunho de fé e amor, o seu ser 'luz na noite escura', como Bento XVI definiu Edith Stein. Nascida na Silésia alemã em 1881 em uma família judaica, ela se tornou filósofa e depois se converteu ao catolicismo, pois foi fulgurada pela vida de Santa Teresa de Ávila, sem nunca negar suas origens judaicas.
Ela se tornou religiosa carmelita com o nome de Teresa Benedita da Cruz e durante os anos da perseguição nazista foi transferida para a Holanda. Mas foi ali, no Carmelo de Echt, que ela escreveu seu desejo de se oferecer "como sacrifício de expiação pela verdadeira paz e a derrota do reino do anticristo". Dois anos após a invasão nazista da Holanda em 1940, ela foi levada com outros 244 judeus católicos a Auschwitz, como ato de represália contra o episcopado holandês, que se opôs publicamente às perseguições. Ela morreu no campo de extermínio junto com sua irmã Rosa, que também havia se convertido ao catolicismo.
O amor cura a dor
São João Paulo II a canonizou em 11 de outubro de 1998, destacando sua "viagem na escola da Cruz" e mostrando como o amor faz frutificar até mesmo na dor. No ano seguinte ele a elevou a co-padroeira da Europa junto com Santa Catarina de Siena e Santa Brígida da Suécia. A editora italiana Città Nuova apresentou recentemente a série 'Obras completas de Edith Stein'. A professora Angela Ales Bello, docente emérita de História da Filosofia Contemporânea na Pontifícia Universidade Lateranense em Roma e presidente da Associação Italiana Edith Stein, foi quem realizou a edição. Ela destaca as semelhanças entre o momento histórico atual, marcado pela pandemia, e o vivido por Santa Teresa Benedita da Cruz, que por sua vez foi condicionado pela febre espanhola.
O que a história e o pensamento de Edith Stein podem dizer hoje, em meio a uma emergência pandêmica? Qual é a sua mensagem?
Eu diria que a mensagem é de vários tipos. Em primeiro lugar, é uma questão de agir na história e, portanto, de sermos capazes de nos tornarmos, dentro de nossa própria esfera de ação, verdadeiros protagonistas de uma ação voltada para o bem, não apenas nosso, é claro, mas para o bem dos outros. E aqui o conceito de "comunidade" que Stein propõe é extremamente importante, uma comunidade que significa solidariedade e assunção de responsabilidade mútua. É, portanto, uma mensagem de caráter moral baseada em uma dimensão fundamentalmente religiosa, judaico-cristã.
O Papa Francisco destacou suas escolhas corajosas, tanto em sua conversão a Cristo, quanto no dom de sua vida contra todas as formas de intolerância e perversão ideológica. Há segundo a senhora aspectos desta figura que são menos conhecidos ainda hoje?
Certamente ela é uma figura completa e complexa. Complexa significa que é difícil captar todas as nuances de sua personalidade. Meu longo estudo dos escritos de Stein me permitiu ficar um pouco em sintonia, pelo menos acho que sim, com uma pessoa que foi corajosa até o fundo, e isto também é demonstrado por sua participação na Primeira Guerra Mundial como enfermeira da Cruz Vermelha em sua juventude, contra os conselhos de sua família, porque o trabalho era naturalmente muito arriscado. Ela se viu em um hospital onde também havia pacientes com tifo e, portanto, em uma situação muito difícil. Mas não apenas este elemento mostra sua coragem, mas também a forma como ela enfrentou a sua conversão religiosa em relação à sua família que, naturalmente, não poderia aceitar esta mudança para uma visão diferente da do judaísmo. E novamente no momento da perseguição, ela é de fato um extraordinário exemplo de centralidade sobre si mesma, de serenidade interior que vem da consciência da fé para enfrentar qualquer situação negativa. De 5 a 9 de agosto ela foi transferida para Auschwitz junto com sua irmã que a havia seguido para o Carmelo de Echt, na Holanda. De acordo com o testemunho de alguns dos sobreviventes, ela estava especialmente empenhada em cuidar das crianças que muitas vezes haviam sido abandonadas por suas mães, que não podiam mais cuidar delas por causa da angústia e do drama da situação. Ela é, portanto, um exemplo verdadeiramente extraordinário de força moral para nós. Em seus escritos, ela fala da força espiritual que pode contrastar todas as situações negativas da vida, mesmo quando falta o que ela chama de força vital. Jesus nos mostrou a força moral em sua paixão e morte, então Stein realmente o imitou e acredito que este foi também um elemento importante na determinação de sua santidade.
Que imagem de Edith Stein fornece a série que a senhora está realizando?
Antes de tudo, de uma pensadora, não devemos esquecer todas as suas pesquisas filosóficas. Ela tinha uma capacidade teórica e de intuir imediatamente os elementos fundamentais diante de uma situação problemática e extraordinária. A sua inteligência era grande no sentido de compreensão. Sua reflexão foi fundamentalmente centrada no ser humano, mas depois do ser humano em sua singularidade ela passou a outros: daí o grande tema da intersubjetividade, da interpessoalidade. O ensino de Stein sobre o processo educacional é extremamente importante e é fundamental não apenas para os jovens, aos quais ela naturalmente presta grande atenção nas escolas e famílias, mas também para uma educação que poderíamos definir como permanente, recíproca e vitalícia. Suas obras são verdadeiramente um sinal extraordinário de sua excepcional atividade intelectual; ela é uma das maiores filósofas de todos os tempos. Stein é, em minha opinião, um farol e é ladeada por outras pensadoras que mostram que as mulheres têm uma extraordinária capacidade teórica. Stein, lecionando na escola secundária por muitos anos, disse que seus alunos tinham grandes capacidades metafísicas, para compreender precisamente a essência dos fenômenos fundamentais da relação entre o ser humano e Deus, o ser humano e o mundo. Fonte: https://www.vaticannews.va
LIVE DE ELIAS- CARMO DE ANGRA/RJ: 20 de julho, Santo Elias- Profeta, Pai e Guia do Carmelo:
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MISSA DE SANTO ELIAS, PROFETA E INSPIRADOR DA ORDEM DO CARMO (Do Missal Carmelitano)
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Comentário inicial
O profeta Elias aparece nas Sagradas Escrituras como o homem de Deus que caminha na presença do Senhor, e que, abrasado de zelo, luta pela defesa do culto do único Deus verdadeiro.
Defendeu os direitos de Deus num desafio público, realizado no monte Carmelo entre ele e os sacerdotes de Baal. Entregou-se à íntima experiência do Deus vivo no monte Horeb.
Nele se inspiraram os primeiros eremitas que, por volta do séc. XII, iniciaram no Monte Carmelo um novo estilo de vida que originou a Ordem dos Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. Por este motivo, o profeta Elias é considerado o Fundador ideal da Ordem.
De pé, acolhamos a procissão de entrada cantando.
ANTÍFONA DE ENTRADA 1Rs 17, 1
O profeta Elias disse: «Vive o Senhor, Deus de Israel, a quem eu sirvo».
ORAÇÃO COLETA
Deus eterno e onipotente, que concedestes ao bem-aventurado Elias, vosso profeta e nosso pai, a graça de viver na vossa presença e de se inflamar de zelo pela vossa glória,
Fazei que, procurando sempre a vossa presença, nos tornemos testemunhas do vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
1ª LEITURA: 1Rs 19,1-9.11-14
Leitura do primeiro livros dos Reis.
Acab contou a Jezabel tudo que Elias tinha feito e como tinha passado ao fio da espada todos os profetas de Baal. Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias para lhe dizer: “Os deuses me cumulem de castigos, se amanhã, a esta hora, eu não tiver feito contigo o mesmo que fizeste com a vida desses profetas”. Elias ficou com medo e, para salvar sua vida, partiu. Chegou a Bersabéia de Judá e ali deixou o seu servo. Depois, adentrou o deserto e caminhou o dia todo. Sentou-se, finalmente, debaixo de um junípero e pediu para si a morte, dizendo: “Agora basta, Senhor! Tira a minha vida, pois não sou melhor que meus pais”. E, deitando-se no chão, adormeceu à sombra do junípero. De repente, um anjo tocou-o e disse: “Levanta-te e come!” Ele abriu os olhos e viu junto à sua cabeça um pão assado na pedra e um jarro de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir. Mas o anjo do SENHOR veio pela segunda vez, tocou-o e disse: “Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a percorrer”. Elias levantou-se, comeu e bebeu, e, com a força desse alimento, andou quarenta dias e quarenta noites, até chegar ao Horeb, o monte de Deus. Chegando ali, entrou numa gruta, onde passou a noite. Então a palavra do SENHOR veio a ele, dizendo: “Que fazes aqui, Elias?” Ele respondeu: “Estou ardendo de zelo pelo SENHOR, Deus dos exércitos, porque os israelitas abandonaram tua aliança, demoliram teus altares, mataram à espada teus profetas. Só eu escapei; mas agora querem matar-me também”. O SENHOR disse-lhe: “Sai e permanece sobre o monte diante do SENHOR”. Então o SENHOR passou. Antes do SENHOR, porém, veio um vento impetuoso e forte, que desfazia as montanhas e quebrava os rochedos, mas o SENHOR não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto, mas o SENHOR não estava no terremoto. Passado o terremoto, veio um fogo, mas o SENHOR não estava no fogo. E depois do fogo ouviu-se o murmúrio de uma leve brisa. Ouvindo isto, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta. Ouviu, então, uma voz que dizia: “Que fazes aqui, Elias?” Ele respondeu: “Estou ardendo de zelo pelo SENHOR, Deus dos exércitos, porque os israelitas abandonaram tua aliança, demoliram teus altares e mataram à espada teus profetas. Só eu escapei. Mas, agora, querem matar-me também”. – Palavra do Senhor.
SALMO DE MEDITAÇÃO
Diante dos meus olhos tenho presente o Senhor.
Protege-me, ó Deus: em ti me refugio.
Eu digo ao SENHOR: “És tu o meu Senhor,
Fora de ti não tenho bem algum”.
O SENHOR é a minha parte da herança e meu cálice.
Nas tuas mãos, a minha porção.
Para mim a sorte caiu em lugares deliciosos,
maravilhosa é minha herança.
Sempre coloco à minha frente o SENHOR,
Ele está à minha direita, não vacilo.
Disso se alegra meu coração, exulta a minha alma;
também meu corpo repousa seguro,
Pois não vais abandonar minha vida no sepulcro,
Nem vais deixar que teu santo experimente a corrupção,
O caminho da vida me indicarás,
alegria plena à tua direita, para sempre.
2ª LEITURA: 1Pd 1,8-12
Leitura da primeira carta de São Pedro.
Sem terdes visto o Senhor, vós o amais. Sem que agora o estejais vendo, credes nele. Isto será para vós fonte de alegria inefável e gloriosa, pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação. Esta salvação tem sido objeto das investigações e meditações dos profetas. Eles profetizaram a respeito da graça que estava destinada para vós. Procuraram saber a que época e a que circunstâncias se referia o Espírito de Cristo, que estava neles, ao anunciar com antecedência os sofrimentos de Cristo e a glória que viria depois. Foi-lhes revelado que não para si mesmos, mas para vós é que estavam ministrando esses ensinamentos, que agora são anunciados a vós. Agora vo-los anunciam aqueles que vos pregam a Boa Nova em virtude do Espírito Santo, enviado do céu; são revelações que até os anjos desejam contemplar! – Palavra do Senhor.
EVANGELHO: Lc 9,28B-36
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para orar. Enquanto orava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou branca e brilhante. Dois homens conversavam com ele: eram Moisés e Elias. Apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a saída deste mundo que Jesus iria consumar em Jerusalém. Pedro e os companheiros estavam com muito sono. Quando acordaram, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. E enquanto esses homens iam se afastando, Pedro disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Nem sabia o que estava dizendo. Estava ainda falando, quando desceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra. Ao entrarem na nuvem, os discípulos ficaram cheios de temor. E da nuvem saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-o!” Enquanto a voz ressoava, Jesus ficou sozinho. Os discípulos ficaram calados e, naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham visto. – Palavra da Salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS
Aceitai, Senhor, os dons da vossa Igreja, e, assim como aceitastes o sacrifício do profeta Elias, dignai-Vos, de igual modo, receber as nossas ofertas de pão e vinho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
PREFÁCIO O profeta Elias, amigo de Deus e apóstolo.
- O Senhor esteja convosco.
- Ele está no meio de nós.
- Corações ao alto.
- O nosso coração está em Deus.
- Demos graças ao Senhor nosso Deus.
- É nosso dever, é nossa salvação.
Senhor, Pai Santo, Deus eterno e onipotente é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos graças, sempre e em toda a parte, por Cristo nosso Senhor. Vós suscitastes profetas para que proclamassem que sois o Deus vivo e verdadeiro e conduzissem o vosso povo na esperança da salvação. Entre eles honrastes com a vossa divina amizade o profeta Elias, para que, devorado pelo zelo da vossa glória, manifestasse a vossa onipotência e a vossa misericórdia. Ele caminhou sempre na vossa presença e por isso o quisestes junto a Cristo no Tabor, como testemunha da Transfiguração, para se alegrar com a presença gloriosa do vosso Filho. Por isso, com os Anjos e os Santos, proclamamos a vossa glória, cantando numa só voz: Santo, Santo, Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Cfr 1Rs 19, 8
Elias comeu e bebeu, e, fortalecido com o alimento, caminhou até ao monte de Deus.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Fortalecidos com a comida e a bebida angélica da mesa do vosso Filho, concedei-nos, Senhor, que, procurando-Vos sempre por meio da fé, alcancemos a contemplação da vossa presença no monte santo da glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
BÊNÇÃO SOLENE
- Deus, nosso Pai, que hoje nos reuniu para celebrar a festa de Santo Elias, vos abençoe e proteja e vos confirme na sua paz.
- Amém
- Cristo Nosso Senhor, que manifestou de modo admirável em Santo Elias a força e a imagem do mistério pascal, faça de vós testemunhas fiéis do seu Evangelho.
- Amém.
- O Espírito Santo, que em Santo Elias nos deu um sinal da caridade divina, vos torne capazes de formar uma verdadeira comunidade de fé e amor.
- Amém.
- Abençoe-vos Deus todo-poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo.
- Amém.
Prece a Nossa Senhora do Carmo
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Prece a Nossa Senhora do Carmo
Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 30 de junho-2021.
Mãe do Carmelo, pra onde vais, Virgem do Carmo, onde estais. / Ensina a seguir Jesus, ensina encontrar a paz (bis)
1-No Brasil, de tantos mortos, o coronavírus a nos atormentar. / Senhora do Escapulário, vem logo1nos ajudar (bis)
2- No mês, da Flor Carmelo, a Novena vamos rezar. / julho é carmelitano, com o Cristo vamos encontrar (bis).
3- Com, Madalena de Pazzi, e Tito Brandsma, vamos louvar. / Com Teresona e João da Cruz, para o Monte vamos caminhar (bis)
4- Não me fale, em devoção, e para os pobres, os olhos fechar. / O Carmelo é compaixão, e vidas sempre a salvar (bis)
Rito de Benção e Imposição do Escapulário: FÓRMULA DE IMPOSIÇÃO DO ESCAPULÁRIO DO CARMO
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Sacerdote: Senhor, ouvi a minha oração
Todos: E o meu clamor chegue até Vós
Sacerdote: O Senhor esteja convosco
Todos: Ele está no meio de nós
Oremos:
Senhor Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, abençoai e santificai estes escapulários que, por vosso amor e por amor a vossa Mãe, a Santíssima Virgem Maria do Monte Carmelo, estes vossos e filhos e filhas levarão consigo, para que, pela intercessão de Maria sejam protegidos contra todo o mal e perseverem na vossa graça até a morte! Vós que viveis e reinais por todo sempre.
Todos: Amém!
(Sacerdote benze os escapulários com água benta)
Sacerdote: Recebe este escapulário bendito, suplicando à Santíssima Virgem Maria do Monte Carmelo para que, pelos seus méritos, o use com piedade e o defenda de todo perigo e o conduza à vida eterna!
Todos: Amém!
(Ave... Canto a Nossa Senhora do Carmo)
Flor do Carmelo: 1ª Noite da Novena
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Imagens da primeira noite da Novena de Nossa Senhora do Carmo em Angra dos Reis/RJ. Imagens: Olhar Jornalístico. Convento do Carmo, 7 de julho-2021.
A VIRGEM MARIA NA ESPIRITUALIDADE CARMELITANA
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(Leituras do dia: 1Rs 18,42-45; Jo 19,25-30).
Frei Martinho Cortez, O. Carm. In Memoriam (*20 /02 1938 + 04/08 2020)
1 — Nas origens: capela de Santa Maria.
É uma presença constante, “que tem exercido um vital e profundo influxo” no Carmelo. No monte havia uma capela dedicada a Maria. O carmelita, falando do “seguimento de Jesus” (Regra), cultivou naturalmente aquela que disse “sim” ao plano de Deus. Ele é sua padroeira original, que em seguida é venerada com outras formas de devoção e títulos. A veneração de Maria se prende ao fato de ela ser Mãe do Verbo de Deus, na pessoa de Jesus. Para isto ela tinha de ser imaculada (Imaculada Conceição) e, no fim, da vida, recebeu a graça de voltar para Deus de corpo e alma (Assunção). Maria, Mãe de Deus, é a Nova Eva (salvação) e a Mulher Coroada de Estrelas (Apocalipse). Tudo em sua vida, sobre a qual pouca coisa temos nos Evangelhos, é motivo de alegria, de esperança, de adoração ao Senhor. O Carmelo habituou-se a relacionar-se com ela como mediadora, protetora, santíssima, intercessora, e a lhe prestar honras, endereçar-lhe orações e imitar suas virtudes. Tornou-se um modelo de espiritualidade por sua pureza virginal, humildade consciente, sentido da presença de Deus e de serviço generoso ao próximo. Por Cristo primeiro, os carmelitas chegaram a Maria; depois, por Maria chegaram cada vez mais a Jesus! Chamavam-na de “Mãe de Deus” e “Toda Santa”, e a Ordem do Carmo passou a ser eminentemente mariana, porque, além de terem surgido na terra de Maria – a Terra Santa – foram para lá na qualidade de “peregrinos” e por causa de Jesus. Por isso ela, como verdadeira Rainha, é chamada de “a Senhora do Lugar”: sua beleza é como a beleza do monte Carmelo em tempo de floração; o tema da “nuvenzinha” de Elias é visto em Maria como seu poder de intercessão, que faz cair sobre da parte de Deus uma chuva de graças (“medianeira” – 1Rs 18, 42-45). — Ou seja: nas origens da Ordem do Carmo, Maria aparece nas citações bíblicas, nas tradições da região do monte Carmelo e na consciência que possuíam os carmelitas do papel dela na história da Salvação. Daí a história da espiritualidade carmelita revelar que a Ordem do Carmo sempre se relacionou com Maria em acentuações de afeto, ternura, cordialidade e familiaridade íntima.
2 — Na Idade Média: a Senhora do Lugar.
Desde o início Maria foi para os carmelitas protetora e sua padroeira. Aprofundamentos são feitos, desenvolve-se o modo de exprimir a devoção, fica mais rico o conteúdo da fé. Chega-se a um ponto em que, entre os carmelitas, Maria é claramente venerada como a “Mãe do Senhor”, a “Senhora do Lugar” (patrona), a “Virgem”, a “Imaculada”, a “Toda Bela”, a “Mulher Coroada de Estrelas”, a “Mãe do Redentor” (Virgem puríssima), a “Libertadora” (livra das penas do purgatório) e a “Preservadora” (força para evitar no fim da vida a pena capital do inferno). — O significado de “patrona” faz pensar em dedicação, proteção, senhorio. Disso foi que nasceu a consciência de a Ordem do Carmo ter sido fundada para a hora e o serviço de Maria. Por conseqüência, tudo na Ordem era feito através de Maria: a espiritualidade, a profissão de vida consagrada, o uso do hábito e a dedicação das igrejas. Daí, também, o alcance do nome oficial da Ordem: Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. Em geral, as igrejas carmelitas recebem o nome de Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Igreja do Carmo. A profissão de consagração à vida carmelita é feita também em nome da Virgem do Carmo. O hábito oficial da Ordem, que inclui a capa branca, sinal da pureza virginal de Maria, incorporou o Escapulário, inicialmente um avental de serviço dentro de casa, nas horas ou nos jardins. O Escapulário ficou sendo um sinal de serviço a Deus pelo serviço a Maria. No conjunto de hinos e celebrações do Carmelo, mesmo as celebrações eucarísticas, incluiu-se o nome de Maria, a própria ave-maria e a salve-rainha. As orações e antífonas proclamavam as virtudes e excelências da Mãe de Deus e sua mediação. Os escritores, pregadores e teólogos carmelitas se referiam cada vez mais freqüente e profundamente das glórias da Mãe e Esplendor do Carmelo. — Do meio para o fim da Idade Média, a Ordem do Carmo dedicava a Maria grandes temas de sua espiritualidade: a “conformidade de vida” (“Tudo em Maria”, “O Carmelo é todo de Maria”); a “maternidade de Maria em relação à Ordem” (“Mãe e Esplendor do Carmelo”; tudo, até a origem da Ordem, é mariano!). O objetivo de vida segue sendo a intimidade com Deus pelo seguimento de Jesus, mas, por isso mesmo, é que o Carmelo funciona com base no ser/agir da Mãe de Deus (cf. também presença de Maria junto à Cruz: Jo 19, 25-30)
3 — Na passagem para os tempos modernos: a intimidade com Maria vira fraternidade.
Ao final da Idade Média emergiu no Carmelo uma reflexão profunda sobre a “virgindade” de Nossa Senhora em sua condição de Mãe do Puro Amor (Deus). Era uma exigência decorrente da espiritualidade carmelita: para estar sempre na presença do Senhor, fundamentar-se numa vida de “coração puro e reta consciência”. Maria Puríssima e Santíssima tinha de ser modelo de inspiração e imitação. Maria então passou a ser sentida ainda mais como “companheira de caminhada e consagração”. Sua pureza e santidade deviam ser como “atitudes vitais de entrega e abandono a Deus, e de conformidade à sua vontade”. Traduziu-se tudo isso na palavra “Irmã”, com o sentido de “fraternidade na virgindade” (santidade de vida), “fraternidade na vida em comum” (comunidade de vida) e “fraternidade na pertença por consagração” (membro da Ordem). A pureza de Maria na vida dos carmelitas passou a ser vivida como “beleza”, como “ausência de mancha”, como sinônimo de “vida totalmente disponível à união com Deus”. Esta “união com Deus” se faria como de fato se deve fazer: pela aceitação plena da vontade do Senhor, pela criatividade a partir dela, pelo testemunho diante do mundo e pela profecia em favor da justiça e da paz. Santa Maria Madalena de Pazzi escreveu: “a leveza no corpo, a alegria no coração, a liberdade na vontade, a transparência na inteligência, a lembrança dos benefícios na memória, a verdade nas intenções, a simplicidade nas ações, a veracidade nas palavras, a mortificação nos sentimentos: assim (alguém) poderá elevar-se com Maria”. Elisabete da Trindade, por sua vez, chamado-a de “Porta do céu” ensinava: “Existe uma criatura que conheceu este dom de Deus, uma criatura que não perdeu nenhuma parcela deste dom, uma criatura que foi pura, tão luminosa que parece ser a própria Luz: “Speculum justitiae” (espelho de justiça); uma criatura cuja vida foi tão simples. Tão perdida em Deus, que quase nada se pode dizer a respeito: “Virgo fidelis” — é a virgem fiel, aquela “que guardava todas as coisas em seu coração” (Lc 2,51).
Conclusão
Os carmelitas, em sua espiritualidade, sempre se relacionaram intimamente com Maria Santíssima, de tal modo que ela se tornou entre eles uma presença mística (na qual se pode fazer a experiência de Deus); uma companheira de caminho à luz do Evangelho (experiência da vida cristiforme), uma mulher digna de imitação (união mística com Maria, vida marieforme) e uma possibilidade de reproduzir o amor de Jesus pela Mãe (atualização e volta a Cristo). Por meio da devoção ao Escapulário do Carmo, os carmelitas pretendem não somente vender o produto de uma espiritualidade sempre atual (“O cristão do século 21 ou será um santo ou nada será” – Karl Rahner), como também continuar afirmando, apesar os pesares (relaxamento, decadência, defasagem espiritual) o que afirmamos a oito séculos: que Maria é a grande protetora humana dos irmãos de Cristo; que ela nos ajuda a alimentar a fidelidade a Deus, a viver uma vida de serviço ao Reino de Deus e a confiar plenamente em que, por sua intercessão, não fica difícil obtermos a salvação!
Fonte bibliográfica única: Boaga, E. – “A Senhora do Lugar”, Edição Carmelita, 1994, Paranavaí – PR.
DIA 14 DE JUNHO. Santo do dia: Eliseu- Profeta, seguidor de Elias
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Santo Eliseu é um dos profetas citados no Antigo Testamento, sua história está relatada na Bíblia, mais precisamente no livro de II Reis.
O nome desse profeta que foi discípulo de Elias significa “meu Deus é salvação” em hebraico. Sua atividade profética foi exercida em Israel durante os reinados de Ocozias, Jorão, Jeú e Joacaz. Ele era filho de Safat e vivia em Abel-Meolá, onde Elias o encontrou e o ungiu conforme o Senhor ordenara.
Eliseu acompanhou e serviu a Elias por um tempo, antes que fosse arrebatado em direção aos céus numa carruagem de fogo.
Eliseu pediu a Elias uma "porção dobrada do espírito de Elias" como vontade de sucedê-lo na obra do Senhor. E foi lhe dada uma porção dupla da sua unção assim que Elias lançou sobre ele seu manto oficial.
Após ter recebido o espírito profético, ou seja, o dom da profecia, começou a profetizar em Israel, realizando muitos atos miraculosos. As Escrituras relatam cerca de vinte milagres realizados por Eliseu, que vão desde a ressurreição de um menino até ao aumento do azeite de uma pobre viúva. Um dos mais conhecidos, senão o mais importante, é o que trata da cura do sírio Naamã, que era general do rei da Síria. Aquele homem, de elevada posição social, havia sido contaminado pela lepra. Naqueles tempos, a lepra era uma doença incurável, a qual excluía a pessoa completamente do convívio social. Naamã, então, ouviu falar a respeito de Eliseu e foi até ele, suplicando-lhe que fosse curado. Eliseu, então, manda que ele se banhe nas águas do rio Jordão. Ao sair do banho, Naamã estava curado. Ele agradece ao profeta e retorna para a sua terra, levando consigo uma porção de terra do solo israelita e afirmando que daquela hora em diante serviria somente ao Deus dos hebreus.
Eliseu exerceu sua atividade durante mais de sessenta anos. Assim, ele acompanhou de perto a sucessão de vários reis e presenciou muitas guerras, invasões e fomes que assolaram Israel. O rei Jeú foi ungido por Eliseu, o qual o apoiou em sua determinação de acabar com o culto pagão ao deus Baal.
Eliseu adoeceu e morreu já em idade avançada.
A Bíblia afirma que Eliseu encontrava-se doente, passando por sofrimento tamanho que comoveu o coração de Joás, rei de Israel. “E Joás, rei de Israel, desceu a ele, e chorou sobre o seu rosto, e disse: “Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros!” Eliseu adoeceu e morreu já em idade avançada. Fonte: https://www.arautos.org
SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
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Frei Jorge Van Kampen, Carmelita. In Memoriam. (*17/04/1932 + 08/08/2013)
Que Cristo foi transpassado por uma lança verifica-se ao pé da terra nas palavras de Zacarias (I2,10). De Jesus não se quebrou nenhum osso; para se cumprir o que ordenava a Lei de Moises a respeito a respeito do cordeiro, que se sacrificava na Páscoa (Ex. 12,46)! Ao mesmo instante saiu sangue e água. O sangue era sinal do próprio sacrifício pelos pecados, como recorda a carta aos Hebreus 9,21: “Sem derramar o sangue não se apagam os pecados”.
A água, no Evangelho, é sinal de graça, ou seja, do dom do Espírito Santo. João primeiro, e a Igreja depois dele, vão ver sair do coração aberto de Cristo os sacramentos do batismo e da eucaristia: água e sangue. Da cruz brota para nós o perdão e a vida nova. Ver o Jô. 5,6: “Tanto a água como o sangue são sinais de Jesus Cristo. Não só água, mas a água com o sangue. São também os sinais do Espírito Santo por ser Ele o Espírito da Verdade”.
O coração aberto nos convida a descobrir o amor poderoso e o segredo, que inspirava toda a vida de Jesus. Os que rodearam e conviveram com ele, verão diluir e a estender com o tempo estas recordações e emoções, mas descobrirão também, que não houve palavras, gestos, incluído o silêncio, que em Jesus manifesta o Amor de Deus.
O coração aberto deu origem à devoção ao Coração de Jesus. Convida para não se perder em emoções, mas aprofundar as considerações e palavras, que explicam a fé, e assim nos levam a olhar melhor para Jesus, e contemplar o Seu amor, e a deixar-nos transformar na Sua imagem.
NOTA DE FALECIMENTO - IRMÃ NATALINA GRANDE, O. CARM
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*25/12/1929 +13/05/2021
Hoje o Cristo recebe sua noiva no céu: Irmã Natalina, o. Carm, do Carmelo de Paranavaí/PR nos deixa após vida profunda de oração, contemplação e entrega.
Natural de Itu (SP), fez sua profissão temporária no Carmelo em 1954 e a profissão perpétua em 1957. Foi compositora litúrgica de canções como "Se conhecesses o dom de Deus" da (CF 2011), "Suba a Ti ó Deus Pai" (CF 96) e tantos outros cantos da espiritualidade e vivência do Carmelo.
A BELEZA DO CARMELO: O SANTO PROFETA ELIAS-04.
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Junção entre a Oração Litúrgica e a Oração Contemplativa
A característica principal do grande Profeta é a oração, de que a sua vida está impregnada. Por isso, São Tiago apresenta-o como modelo vivo de contínua oração. Descobrimos na oração de Elias uma união providencial da oração oral e da oração contemplativa, esta última entendida no duplo significado de ativa e passiva.
Temos nele um exemplo de oração litúrgica, pois na escola dos Profetas dava-se muito realce ao canto dos louvores divinos. A significação da palavra "Profeta" era na Lei antiga muito mais ampla do que agora. Profeta era não só aquele a quem Deus havia dado o dom da profecia, de vaticinar, mas também o que cantava as glórias de Deus juntamente com os outras, geralmente sete vezes por dia. Lemos, por exemplo, na história de Israel, que Saul contava-se entre os profetas não por possuir o dom da profecia, mas por haver-se unido a estes grupos peculiares no canto das glórias divinas. Elias foi Profeta em todos os sentidos que a palavra tem. Tinha uma escola e vários discípulos espalhados por diversos lugares; provavelmente presidia-lhes na oração, feita a horas determinadas.
Podemos, pois, dizer que a oração litúrgica tem uma antiquíssima tradição, não obstante a posição secundária que ocupa em confronto com a oração mais profunda da meditação e da contemplação.
A nossa Ordem não é uma Ordem de oração litúrgica como o éa antiga Ordem oriental dos monges de S. Basílio ou a ocidental dos Beneditinos; porém, o rito próprio da Ordem não deixa de dar-lhe singular relevo. Ocupa posição muito importante na nossa vida com Deus. A Regra convoca-nos para a celebração litúrgica em Coro do Ofício divino.
Santa Teresa, atraída pela estima da oração litúrgica, impregnou-a de tal maneira com santas considerações, que transformou, em certo sentido, em oração contemplativa, em oração de contemplação ativa. Foi sempre notável a influência e atração da singela e devota oração litúrgica na Ordem do Carmo. Mais de um Carmelo se fundou por este motivo na Europa.
Crescimento da Vida Contemplativa no Deserto pelo Alimento da Eucaristia
A espiritualidade Carmelitana concebe a vida espiritual como algo orgânico que cresce. Neste ponto a vida do profeta dá-nos outra lição notável. A vida espiritual, do mesmo modo que a vida natural, pede alimento. A Sagrada Escritura narra que Elias, robustecido pelo alimento que o Anjo lhe ministrou, andou quarenta dias e quarenta noites até ao monte Horeb, onde lhe foi dado contemplar a Deus. A vida espiritual e a vida mística anseiam pelo santo Alimento que Deus nos dá no Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
Na escola do Carmelo a vida contemplativa e mística é fruto da vida eucarística. A vida de Elias apresenta um dos mais típicos símbolos, prefigurativos do Santíssimo Sacramento do altar, fonte da nossa vida de oração. O pão milagroso que o Anjo lhe deu é uma imagem perfeita do alimento eucarístico por cuja força percorremos a jornada da vida terrena.
O culto especial da Eucaristia não é exclusivo da Ordem do Carmo. Contudo, é lícito afirmar que tem sido sempre uma parte importante da tradição carmelita. Os nossos conventos foram em muitas ocasiões verdadeiros centros de culto eucarístico. Santa Maria Madalena de Pazzi sentiu-se atraída para o Carmelo de Florença porque as religiosas deste mosteiro recebiam diariamente a Sagrada Comunhão, costume pouco comum naquele tempo. Para Santa Teresa não havia maior alegria do que a abertura de uma nova igreja ou capela, novas moradas para o Senhor. A Regra prescreve que todos os membros da Comunidade Carmelita assistiam diariamente a Santa Missa e que a capela esteja no centro do claustro, facilmente acessível a qualquer hora do dia, e que as Horas Canônicas sejam rezadas na presença do Santíssimo Sacramento.
Por ser uma Ordem mendicante, a arquitetura das igrejas e conventos costuma ser simples, mas a pobreza não se estende a ornamentação das igrejas e dos altares. Nisto nota-se uma divergência acentuada dos costumes de outras Ordens mendicantes por exemplo, a dos Capuchinhos, em que a pobreza atinge o próprio santuário.
Eis em breves traços a tradição eucarística do Carmelo. Com Elias caminhamos pela força do pão divino. Já que na oração nos achegamos a vida divina, lembremos continuamente o mandamento do Salvador: "Se não comerdes a Carne do Filho do Homem e não beberdes o Seu Sangue, não tereis a vida em vós". Da mesma maneira que a comunhão de Elias no pão milagroso do deserto o conduziu na sua caminhada até a contemplação de Deus no Horeb, assim também a Eucaristia deve conduzir-nos a contemplação da Sua Santa Face. Nas cavernas de Horeb Deus falou ao Profeta no murmúrio da brisa ligeira. O Senhor não estava na tempestade nem no terremoto, mas na leve aragem. É desta maneira que na Comunhão havemos de contemplá-lo sob as espécies eucarísticas e nas profundezas do nosso espírito, pois Deus passa aí.
A BELEZA DO CARMELO: O SANTO PROFETA ELIAS-03
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A Tríplice Base da Vida de Oração de Elias
Quando Elias, num carro de fogo, foi levado deste mundo, o discípulo Eliseu implorou-lhe o seu duplo espírito. No manto, que apanhou e com que se cobriu, Eliseu recebeu a herança implorada. O manto do profeta significou para ele segurança, e, pelos milagres com ele realizados, os discípulos entenderam que o espírito de Elias se encontrava nele. Andou Eliseu no espírito e na força de Elias; os seus discípulos também o imitaram. Este mesmo espirito tem-no a Ordem do Carmo procurado constantemente conservar nos seus membros, recordando-lhes sempre o ideal do duplo espírito e a promessa da dupla coroa.
Vida na Presença de Deus
A discussão sobre o grau de contemplação a que Elias foi elevado no monte Horeb não passa duma questão acadêmica. Alguns afirmam que ele viu o Senhor face a face como nós esperamos contemplá-lo no Céu. Todos os escritores espirituais incluem Elias entre os visionários místicos mais favorecidos por Deus. A sua experiência no monte Horeb foi um reflexo antecipado daquilo que havia de testemunhar no Tabor quando o Salvador se transfigurou; Moisés e Elias apareceram como participantes da Sua deslumbrante glória. A Sagrada Escritura narra que a face de Moisés, ao descer do monte Sinai logo após o colóquio com Deus, irradiava tal esplendor e brilho de luz divina, que os judeus não ousavam erguer os olhos para ver-lhe o rosto. De Elias não se diz isto. Vêmo-lo, porém, voltar aos Judeus como vindo dum outro mundo, do próprio Céu, e ouvimo-lo dizer: Vivit Deus in cujus conspectu sto - Vive Deus em cuja presença estou. Eis a base da vida de oração.
A sua vida na presença de Deus, a consciência de estar diante da face do Senhor, é uma grande característica que os filhos do Carmelo herdaram do insigne Profeta: Conversatio nostra in calis est _ A nossa conversação está nos Céus. Elias, ainda não levado para o Céu, vivia no Céu cá na terra, conservando-se devoto diante do trono de Deus: "Deus vive, estou diante da Sua face". As palavras do Arcanjo Rafael a Tobias são uma reminiscência das palavras de Elias. Acompanhou o jovem Tobias sob o nome de Azarias e, depois de havê-lo trazido são e salvo acabada a viagem, revelou-se como um Anjo de Deus: "Um dos sete que assistimos diante do Senhor". "Parecia-vos que eu comia e bebia convosco, mas o meu alimento é um manjar invisível, e a minha bebida não pode ser vista pelos homens". Esta vida na presença de Deus é de máxima importância na vida religiosa.
Não é preciso explicar que o exercício da presença de Deus não pertence exclusivamente a Ordem do Carmo. Está na raiz de toda a vida espiritual e, embora haja vários métodos, todos os escritores espirituais o consideram como elemento essencial para o desenvolvimento da vida religiosa. No Carmo, porém, assume posição especial. É significativo que uma das obras mais conhecidas sobre a prática da presença de Deus seja da autoria de um simples Irmão leigo do Carmo de Paris. Frei Lourenço da Ressurreição nasceu em 1666 e morreu aos 25 anos. O livro não passa de um pequenito opúsculo, mas contém quatro diálogos e dezesseis cartas de suma importância. Publicado um ano após a morte do Irmão, foi traduzido pouco depois para o inglês. Desde então tem sido editado em quase todas as línguas, inclusive o esperanto.
Na nossa época temos um grande exemplo deste exercício em Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face. A sua devoção à Santa Face é a manifestação desta prática. Também a Santa Madre Teresa de Ávila se distinguiu por esta devoção. Em muitas igrejas antigas nossas encontramos vestígios da devoção carmelitana à Santa Face, cuja reprodução pode ver-se no grande fecho da abóbada da capela-mor das nossas antigas igrejas de Mogúncia e Francfort-sobre-o-Meno. Lá do alto contempla as cadeiras corais, e, rodeada de textos apropriados, lembra aos frades e oração que os olhos de Deus sempre estão sobre eles e que eles devem erguê-los para a Santa Face.
Amor da Solidão
Elias não é somente o arquétipo dos contemplativos, colocado bem no centro e coração da Lei Antiga, mas é também um grande asceta. Nisto encontramos uma segunda base para a sua vida de oração: o amor à solidão a que continuamente volta; é o próprio Deus que para aí o dirige. Antes, porém, de orná-lo com os seus dons abundantes, Deus exigiu-lhe profundas renúncias. "O grande eremita, assevera S. Jerônimo, o amante da solidão, éconduzido para o deserto pelo espírito de Deus". É lá que entende as palavras do Salmista: Sedebit sollitarius et tacebit et levabit se supra se - O solitário sentar-se-a e no silêncio elevar-se-a acima de si mesmo.
No seu desprendimento do mundo achamos uma terceira base para a sua vida de oração. Eleva-se a Deus por meio do sacrifício. "O Senhor chamou-o da sua terra natal e do seu povo". E, como mais tarde Nosso Senhor, prova a amargura do mundo solitário.
Deus provou o Seu servo de várias e penosas e acima de tudo exigiu-lhe fé incondicional, confiança absoluta na Providência Divina.
Podemos em verdade afirmar que a vida de alta contemplação do Profeta não se baseia apenas na prática de todas as virtudes, mas que esta prática e exercício da oração e da virtude heróica __ acompanham e seguem as suas visões e graças místicas. Estas graças místicas são dom gratuito de Deus, e Deus só as concede exigindo, como disposição e preparação humanas, sólidas e heróicas virtudes.
A BELEZA DO CARMELO: O SANTO PROFETA ELIAS
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Capítulo- I
NO ESPÍRITO E NA FORÇA DE ELIAS
O Monte Carmelo, Refúgio da Vida Contemplativa, Caracterizada por Elias
É de suma importância, tanto na vida espiritual como na vida comum de cada dia, termos um modelo em que inspirar-nos, um exemplo que possamos imitar. A espiritualidade Carmelita possui tal modelo.
A Ordem do Carmo recebe o seu nome do monte sagrado em que teve origem. Na Terra Santa, onde cada montanha possui as suas grandes tradições e memórias, o Monte Carmelo pode gabar-se de algumas das mais santas e veneráveis. O Carmo ou o Carmelo é um nome afamado e conhecido, em todo o mundo cristão. A sua formosura natural rivaliza com a beleza das recordações que evoca. O seu perfil harmonioso eleva-se das águas do mediterrâneo, e do seu cume avista-se a ampla planície de Esdrelon a estender-se até ao longínquo horizonte, onde a alma contemplativa se debruça amorosamente sobre o mistério de Nazaré.
O Carmelo é o sítio natural dos contemplativos. Não admira que nas suas vertentes se erga o Mosteiro do Carmo, o berço da Ordem. Sobranceiro ao redemoinho da vida e ao mar tempestuoso do mundo, a sua solidão está fora do alcance da inconstância da vida febricitante. Envolve-o a paz de Deus. Gostamos de identificar esta paz com o Carmelo, mas há outras recordações mais excitantes e mais turbulentas. A memória da tremenda luta espiritual de Elias contínua estreitamente vinculada ao monte santo. Foi aqui que o Profeta reuniu todo o povo de Israel para dirigir-lhe o seu mordaz desafio: "Até quando claudicareis com os dois pés? Se o Senhor é Deus, segui-O!" No Carmelo, Israel ouviu o seu repto na tocha flamejante de suas palavras de fogo. Elias, porém, foi mais do que o Profeta da espada, foi também aqui neste monte o primeiro da longa estirpe dos que adoram a Deus em espírito e em verdade. Reuniu à sua volta discípulos que dele aprenderam os profundos segredos da oração e da união com Deus. O seu duplo espírito passou para Eliseu, e deste para a escola dos Profetas, e pelos séculos afora a vida de Elias encontrou continuadores e renovadores nos ermitões que se deixaram inspirar por este seu grande modelo.
Quando a Europa foi sacudida pelo grito de guerra dos Cruzados: "Deus o quer!", e estes partiram para reconquistar os lugares santos, um dos primeiros pontos a ser ocupado foi o Monte Carmelo. Lá se encontraram as ruínas dos antigos santuários. Dizem que alguns ficaram na montanha para aí restaurar a vida antanho. Pela narrativa do monge grego João Focas (1177) sabemos que um dos Cruzados, São Bertoldo, foi exortado pelo Santo Profeta Elias a congregar os que no Monte Carmelo praticavam a vida eremítica, unindo-os numa comunidade religiosa. Isto talvez tenha acontecido em 1155. O Profeta, portanto, está no limiar da Ordem. Para prová-lo, apoiamo-nos não tanto em investigações históricas, mas sim nas marcas profundas que a sua memória e a sua vida deixaram na vida da Ordem. Elias foi sempre o grande modelo da Ordem. De fato, a sua influência tem sido tão constante que São Jerônimo o chama "pai de todos os eremitas e monges". Na sua carta a Paulino (Ep. 58 Ed. Migne, P. L. t. 22. pág. 583), refere-se a Elias, Noster princeps Elias, nostri duces filli Prophetarum (Elias, o nosso chefe: os filhos dos profetas, os nossos guias). Do mesmo modo, Cassiano, que nas sua Conferências, o aponta como o grande exemplo de todos os monges. O testemunho de Focas, já citado, confirma-se pelo de Tiago de Vittry, então Bispo de São João de Acre, que conhecia bem os eremitas. Escreveu-o em 1221, afirmando que muitos Cruzados permaneceram por devoção na Terra Santa, consagrando-se a Deus nos lugares santificados pela vida de Jesus Cristo. Alguns deles, continua o mesmo escritor, seguindo o exemplo de Elias, viviam nas grutas do Monte Carmelo ao pé da fonte do Profeta e do santuário de Santa Margarida. Não é providencial que os primeiros monges da Ordem do Carmo, como que para simbolizar a imitação de Elias, tenham bebido a água da fonte que dele recebeu o nome?
Podemos mencionar também um velho manuscrito, "Institutio primorum Monachorum" (Vida dos primeiros Monges), que contém as mais antigas tradições da Ordem. Provavelmente foi composto no fim do século XIII ou no inicio do século XIV, depois da dispersão dos monges no Ocidente, mas em tempos passados era considerado de origem muito mais remota. Repositório de tradições consideravelmente mais antigas do que o próprio manuscrito, quer servir de guia seguro e permanente aos monges. Neste livro lemos que a direção dada a Elias pelo Espírito Santo e as promessas feitas aos Profetas hão-de ser os elementos normativos dos eremitas do Carmelo. A vida monástica deve seguir as linhas traçadas pela vida e experiência de Elias e refletir o seu duplo espírito, a saber, o apostolado e a prática da virtude na atividade individual ou social. Este duplo espirito tem uma tríplice significação.
SAGRADA FAMÍLIA: Outro Olhar
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SAGRADA FAMÍLIA: Outro Olhar, Por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Direto da Comunidade Capim, Lagoa da Canoa/AL- Paróquia São Maximiliano Maria Kolbe- Dicese de Penedo. Domingo, 27 de dezembro-2020.
NATAL... Santa Teresinha e o Menino Jesus
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SANTA TERESINHA E O MENINO JESUS... Um Olhar Carmelitano para a Espiritualidade do Natal. Por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Direto da Comunidade Capim, Lagoa da Canoa/AL- Paróquia São Maximiliano Maria Kolbe- Diocese de Penedo. Sábado, 26 de dezembro-2020.
*Espiritualidade Carmelitana: A Oração Silenciosa
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A Ratio nos diz que a oração é essencialmente um relacionamento pessoal, um diálogo entre Deus e o ser humano. Somos convidados a cultivá-la e a encontrar tempo e espaço para estarmos com o Senhor. A amizade só pode crescer através “da freqüente compatibilidade com Aquele que nos ama” (Santa Teresa d’Ávila – Livro da Vida 8,5) (Ratio 31). A Ratio continua dizendo que além de todas as questões da forma da oração, o importante é cultivar um relacionamento profundo com Cristo. Ela cita Santa Teresa mais uma vez dizendo que a oração perfeita “não consiste em muito pensar, e sim em muito amar” (Fundações 5,2; Castelo Interior 4, 1, 7) (Ratio). As Constituições nos lembram que: “A oração em silêncio é de grande ajuda no desenvolvimento de um espírito de contemplação. Portanto, devemos praticá-la diariamente por um período de tempo apropriado” (Art. 80).
Então o que é a oração em silêncio e o que é um período de tempo apropriado? Nossas vidas são muito agitadas, mas precisamos estabelecer prioridades. A oração é absolutamente essencial. O período de tempo depende do relacionamento da pessoa com Deus e, até certo ponto, depende da criatividade em encontrar espaço e tempo.
Todo relacionamento tem seu próprio ritmo. Geralmente, após um período de tempo, um relacionamento tende a ser menos complicado quando as duas pessoas se acostumam com o jeito uma da outra. Quando você não conhece bem uma pessoa, é difícil sentar em silêncio com ela. Temos a tendência de conversar. Ao conhecermos melhor a pessoa, o relacionamento torna-se mais fácil e sentar-se no silêncio amistoso torna-se normal e agradável. Quando entramos em harmonia com o outro podemos começar a ler seu silêncio. Trata-se de um relacionamento íntimo. O silêncio pode ser mais eloqüente do que muitas palavras.
É muito normal que no decorrer do tempo nossa oração se torne mais e mais simples. Pode ser que já tenhamos uma palavra que resuma tudo que queremos dizer a Deus. Dizer essa palavra significa milhares de coisas. Jesus abriu seu coração a seus discípulos e partilhou conosco o nome especial que tinha para Deus. Esse nome é “Abba”. Essa palavra contém todo relacionamento de Jesus com o Pai. É muito útil trabalhar nossa própria estenografia com Deus para que possamos lembrar durante o dia da presença constante de Deus conosco ao repetirmos uma simples palavra ou frase.
Cada relacionamento com o Senhor é diferente. Se você aproveita o máximo em sentar-se e conversar com o Senhor, ou de meditar sobre um tema, ou de ler e pensar sobre uma passagem da Escritura, ou de refletir sobre um livro espiritual, isso é bom. Por favor, continue a fazer isso. No entanto, podem existir momentos numa jornada de oração quando a pessoa se torna um pouco confusa e procura para onde ir. Também é comum ser levado ao silêncio durante a oração e, a princípio, isso pode parecer estranho e assustador. Não sabemos o que fazer e temos a sensação de estarmos perdendo tempo. A grande tentação é deixar de lado a oração porque não podemos mais encontrar o consolo que tivemos e ceder à sensação de perda de tempo. Como Santa Teresa d’Ávila, insisto que você não ceda a essa tentação e tenha uma “determinação muito determinada” de agarrar-se à oração especialmente quando ela não está de acordo com os seus planos.
É uma experiência muito comum passar por períodos prolongados de aridez na oração. Mais uma vez sentimos como se estivéssemos desistindo ou chateados. Sentimos que Deus foi embora não deixando endereço. Se, de alguma forma, mesmo no meio da confusão e da aridez, estamos convencidos do valor da oração, devemos apenas nos sentar na poeira e esperar por Deus. Em ocasiões muito estranhas em que um pensamento santo flutua sobre o rio de nossa consciência, temos a tendência de nos precipitarmos sobre ele e sufocá-lo, exaurindo-o por estarmos ressecados. No entanto, existe outra forma de lidar com esses pensamentos santos ocasionais. Não importa o quanto possam parecer santos, eles são nossos pensamentos, por isso subtende-se que deixamos que eles venham ou não. Se esses pensamentos forem verdadeiramente de Deus, retornarão em outro momento.
Existem muitos métodos de esperar por Deus no silêncio. Gostaria de propor um método de oração que pode fazer com que o silêncio seja muito produtivo e que pode nos ajudar a esperar por Deus no silêncio. Trata-se de um método de oração cristão baseado na rica tradição contemplativa e, especialmente, num livro clássico dessa tradição, “A Nuvem do Não-Saber”, um escrito anônimo do século XIV. Não estou sugerindo que devemos deixar de lado outras formas pessoais de oração, mas esse método pode aprofundar esses outros métodos e torná-los mais produtivos. O mais importante para esse tipo de oração é estar convencido de que Deus não está longe, mas muito perto. Deus faz sua morada em nós (cf. Jo 14,23).
Esse método de oração pode ser chamado de oração do silêncio ou de oração do desejo porque, no silêncio, nos voltamos para Deus com nosso desejo. Ele também foi chamado de oração em segredo, seguindo o conselho de Jesus para entramos em nosso quarto e rezarmos ao Pai ocultamente (M 6,6). A primeira fase dessa oração é encontrar um local adequado onde as interrupções sejam reduzidas ao mínimo. Depois se coloque numa posição confortável que você possa manter durante todo tempo da oração. Recomenda-se um mínimo de 20 minutos. Pode-se começar essa oração com uma pequena leitura da Bíblia. Não é hora de pensar no significado das palavras. Esse tipo de meditação fica para outra hora. Agora é hora de simplesmente estar na presença de Deus e de consentir na ação divina com nossa intenção. Então, com os olhos fechados, introduza gentilmente uma palavra sagrada em seu coração. Uma palavra sagrada é aquela que tem um grande significado para você em seu relacionamento contínuo com Deus. A palavra sagrada deve ser sagrada para você. De acordo com o ensinamento de “A Nuvem do Não Saber”, é melhor que essa palavra seja breve, de uma sílaba se possível. Sugiro algumas palavras: “Deus, Senhor, Amor, Jesus, Espírito, Pai, Maria, Sim”. Escolha uma palavra significativa para você. Talvez você pense em uma, se pedir a ajuda de Deus.
Quando peço que você introduza uma palavra sagrada no seu coração, não estou sugerindo que você a pronuncie com seus lábios, ou mesmo mentalmente, mas acolha-a dentro de você sem pensar em seu significado. Não é necessário forçar a palavra sagrada. Ela deve ser muito gentil. A palavra sagrada não é um mantra a ser repetido constantemente. A palavra concentra nosso desejo e sempre a usamos do mesmo modo simplesmente voltando nosso coração para o Senhor assim que percebemos que estamos distraídos. Essa é uma oração de intenção e não de atenção. Nossa intenção é estar na presença de Deus e consentir na ação divina em nossas vidas. A palavra sagrada expressa essa intenção e, assim, quanto tomamos consciência de que estamos pensando em algo diferente, podemos decidir se continuamos com a distração por ser mais interessante, ou se voltamos nossa intenção para a presença de Deus e consentimos com aquilo que Deus quer realizar em nós. Voltamos nosso coração para Deus pelo uso da palavra sagrada. Ela é um símbolo de nossa intenção. Não é necessário repeti-la freqüentemente, apenas quando desejamos voltar nosso coração para Deus.
Durante essa oração, não é hora de conversar com Deus usando belas palavras ou mesmo de ter pensamentos santos, mesmo se pensamos que são inspirações de Deus. É melhor deixar essas coisas para outro momento. Nosso silêncio e nosso desejo valem mais do que palavras.
Através da palavra que escolhemos, expressamos nosso desejo e nossa intenção de permanecer na presença de Deus e de consentir com a ação divina purificante e transformadora. Voltamos para a palavra sagrada, que é o símbolo de nossa intenção e de nosso desejo, apenas quando tomamos consciência de estarmos envolvidos em algo diferente.
A oração consiste simplesmente em estar na presença de Deus sem pensar em nada em especial. Se você compreende como estar em silêncio com outra pessoa sem pensar ou fazer algo em especial, então você será capaz de compreender do que trata a oração. Nem todas as pessoas se adaptam a esse método de oração. Se você sentir um chamado interior para um silêncio maior, ele pode ajudá-lo.
No final do período que você decidiu dedicar à oração, talvez você possa dizer um Pai Nosso ou outra oração lentamente. É bom permanecer em silêncio por alguns momentos para se preparar para levar o fruto de sua oração para sua vida pessoal.
(Convido você a rezar agora e usar brevemente esse método de oração em segredo. Fique à vontade e entre na sala secreta de seu coração onde Deus mora. Para marcar o final do tempo de oração recitarei lentamente uma oração comum. Esse é o momento de reajustar-se ao momento presente).
* ASSEMBLÉIA DA PROVÍNCIA DO RIO DE JANEIRO – JANEIRO 2007
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