CARMO DA LAPA- CONVITE
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OLHAR CARMELITANO: O Carmelo e a Esperança-02
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Frei Joseph Chalmers O. Carm. Ex- Prior Geral
Recordem-se da experiência de Elias. Apenas obteve a vitória para Yahvé, a rainha Jezabel o ameaçou e imediatamente as preocupações dentro de Elias o desanimaram e foi-se ao deserto, lugar tradicional de silêncio. Deus fala a Elias através do anjo para que possa continuar seu caminho. Elias tem dificuldade para ouvir a voz de Deus no meio de todos seus problemas, pero finalmente é levado até o Horeb. Quando chega, Deus lhe pergunta o que está fazendo. Elias responde que está cheio de zelo pela glória do Senhor, Deus dos exércitos; ele diz a Deus que é o único fiel em todo Israel. Deus não responde a isto, mas que diz-lhe que suba à montanha. Ali, Elias encontra Deus, pero não do modo que ele esperava, nem sequer do modo que sua tradição religiosa lhe havia ensinado a esperar Deus. Elias deve calar todas as vozes internas que lhe dizem que Deus é assim e assado, para poder receber verdadeiramente a Deus. Quando Elias se encontra com Deus, na modo que Deus se manifesta e não como ele esperava, está aberto a escutar a verdade que o livra das ilusões. Ele pensava que Deus necessitava dele porque era o último profeta que restava. Deus responde-lhe que há outros 7000 profetas que não se ajoelharam ante Baal. Então, liberado de suas ilusões, recebe uma nova missão da parte de Deus, que será cumprida por seu discípulo Eliseu, que recebe uma porção dupla do seu espírito.
Na nossa viagem de fé há momentos em que, seja em âmbito individual ou Provincial, somos levados ao deserto. Às vezes caminhamos pelo deserto seguindo a chamada de Deus e, outras, estamos nele por causa das circunstâncias. O deserto é árido e pode ser um lugar espantoso. O quê significa esta experiência? Temos feito o possível para ser fiéis à chamada de Cristo e segui-lo. Temos trabalhado em Paróquias ou Colégios durante muitos anos e, contudo, por algum motivo o futuro nos parece obscuro. Os sacerdotes e os religiosos perderam seu status social na sociedade e vem a tentação de não seguir adiante porque não vale a pena. Deus, então, nos envia um mensageiro. Este mensageiro pode aparecer de qualquer forma e nos anima a comer e beber porque a viagem é longa. Somos convidados a comer o pão da vida e a beber nos poços do Carmelo, quer dizer, na tradição carmelita, que deu vida a tantas gerações antes de nós, e isto por causa da vida nova que está surgindo em muitas partes da Ordem. Talvez estejamos rígidos por demais para reconhecer tudo isto, então o mensageiro de Deus nos anima de novo a comer e beber. É um grande desafio reconhecer o que Deus está nos dizendo em nossa vida diária e, sobretudo, reconhecer a voz de Deus através da voz inesperada de outra pessoa.
Não sei se Deus provoca tudo o que sucede ao nosso redor, porém creio firmemente que Deus está no meio dos acontecimentos, bons ou maus. Deus utiliza tudo, pequeno ou grande, bom ou mau, para desafiar nosso modo normal de estar no mundo, da mesma forma que desafiou Elias para que abandonasse todas as expectativas que tinha sobre o modo como devia ir ao seu encontro. Estas expectativas estavam profundamente enraizadas em Elias e também nossas expectativas estão profundamente enraizada em nós. Antes que podamos receber a Deus, tal como Ele realmente é, temos que aprender a abandonar todas estas coisas. É um processo doloroso, uma verdadeira noite escura, mas essencial, a fim de que possamos chegar à luz do dia e estar preparados para o encontro com Deus.
Nossa tradição carmelita fala de uma viagem de transformação. Os acontecimentos da vida não estão desprovidos de significado. No centro de todo acontecimento, Deus nos está chamando para dar um passo adiante no caminho. Deus nos está chamando a dar um passo adiante em nossa maneira normal de julgar os outros, inclusive nós mesmos e as situações, para começar a ver as coisas da perspectiva de Deus. O fim da nossa viagem é nossa transformação, a fim de estar em condições de ver as coisas como se tivéssemos os olhos de Deus e amar tudo o que vemos como se tivéssemos o coração de Deus. Necessitamos comer e beber porque de outra forma a viagem será demasiada longa para nós. Encontramos o alimento diário para a viagem na celebração da Eucaristia, na meditação da Palavra de Deus e na nossa tradição carmelita.
Nossa fé, esperança e caridade, as três virtudes cristãs fundamentais, estão ao início da nossa viagem, baseadas no que temos aprendido dos outros. Os motivos humanos para crer, esperar em Deus e amar como Cristo mandou, não são suficientes em nossa viagem. Podemos esquecer tudo, pois a viagem é muito precária e o seu final não é certo; podemos recusar o mensageiro e ficarmos onde estávamos ou, podemos continuar a viagem no meio da noite. Um elemento essencial para a nossa viagem para a transformação é a noite escura. Esta nunca foi entendida como algo deprimente ou impossível, mas como um convite para abandonar nossos modos humanos e limitados de pensar, amar e agir, a fim de que podamos pensar, amar e agir segundo os modos divinos.
São João da Cruz descreve de maneira magistral os diversos elementos da noite, mas estes não são iguais para todos. Cada pessoa experimenta a noite de um modo diferente, pois está posta para ajudar ao indivíduo em sua purificação. A noite escura não é um castigo pelo pecado ou pelas infidelidades, mas é um sinal da proximidade de Deus. A noite escura é a obra de Deus e conduz à plena libertação da pessoa humana. Por este motivo teríamos que dar as boas-vindas à noite, a pesar da dor e da confusão. A noite escura não é somente para pessoas individuais, mas para os grupos ou sociedades interas.
A viagem de transformação é habitualmente longa porque a purificação e a mudança da pessoa humana são muito profundas. Esta não é somente uma mudança de idéias ou de opinião, é uma completa transformação em nossa relação com o mundo que nos rodeia, com os outros e com Deus. Existe um provérbio: não julgue nenhuma pessoa até não tenha caminhado um quilômetro e meio com sapatos dela. Jesus disse aos seus seguidores que não julguem e o motivo é muito simples: não podemos ver as cosas da perspectiva de outra pessoa e por isso não conhecemos os motivos de suas ações. O processo de transformação cristã conduz a pessoa humana a uma mudança profunda de perspectiva: do seu ponto de vista, ao ponto de vista de Deus. Isto inclui uma purificação profunda e um esvaziamento de todos os nossos apegos para que possamos ser cheios de Deus.
Certamente devemos planejar e trabalhar para sua realização. Temos de fazer tudo isto numa atmosfera de oração para tratar de discernir a vontade de Deus e não somente o que quer a maioria, ou pior, o que nós queremos fazer de maneira egoísta. Inclusive se oramos antes de tomar as decisões, não há uma garantia de êxito. Sabemos por amarga experiência como surgem problemas para invalidar nossos planos e obstaculizar nossas intenções.
Esta experiência não deve tornar-nos em fatalistas, negando os planos para o futuro porque tememos o fracasso. Temos um chamado a trabalhar com Jesus Cristo para a construção do Reino de Deus. Para chegar a converter-nos em cidadãos do Reino de Deus, temos que mudar. Deus está realizando uma obra prima na vida de cada um de nós e está levando a cabo o seu desígnio de salvação através do nosso trabalho ou do trabalho da Província. Um artista não gosta de mostrar sua obra antes que esteja acabada, por isso não podemos ver o que Deus está fazendo antes do tempo apropriado. Deus está trabalhando em nosso mundo e em nossa vida. Cooperemos com Deus e continuemos a nossa viagem até a transformação. A Virgem nos acompanha nesta viagem como nossa Mãe, Irmã e Patrona. No duvidemos: “Nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais penetrou no coração do homem o que Deus preparou para os que o amam.” (1 Cor. 2,9).
OLHAR CARMELITANO: O Carmelo e a Esperança-01
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Frei Joseph Chalmers, O. Carm. Ex- Prior Geral
Vivemos em um mundo belo, mas ao mesmo tempo cheio de muitíssimos problemas. Cada dia lemos notícias terríveis: a pobreza crescente, o mundo que se está destruindo com o consumo dos bens terrenos, a corrupção política, o tráfico de seres humanos, a morte de crianças e o terrorismo. Em muitos outros países a Igreja sofreu por causa dos abusos sexuais praticado por sacerdotes. Isto envergonhou toda a Igreja e os sacerdotes e religiosos sentem-se especialmente envergonhados. Existem problemas, inclusive, em nossa vida comunitária e em nossos apostolados. Talvez a vida comunitária ou a Ordem não são o que havíamos pensado quando ingressamos. Nem sempre respondem a nossas esperanças. Pode ser que pensemos que a Igreja vá em uma direção equivocada. Não desejo abater os ânimos. Quero sim fundamentar o que desejo falar hoje: a esperança profunda que vem de nossa espiritualidade. Somos convidados ao Reino de Deus, porém, para entrar é necessário que nos convertamos.
Nós os carmelitas, como todos os cristãos, somos chamados a viver no obséquio de Jesus Cristo. Os primeiros carmelitas foram viver na terra do Senhor, donde Jesus viveu, morreu e ressuscitou. Eles tinham a consciência que seguiam as pegadas de Cristo crucificado. Sim, ele ressuscitou, mas primeiro foi crucificado. Por isso a morte e as trevas tem uma papel importante na cristã. Não têm a última palavra, porém existem.
Como sabemos, o coração do carisma carmelita é a contemplação, que é um processo de purificação e transformação através do qual crescemos na relação pessoal com Deus em Jesus Cristo a fim de que vejamos com os olhos de Deus e amemos com o coração de Deus. Somos convidados a uma viagem que nos transformará e nos levará ao mistério de Deus. Esta é o fundamento da nossa esperança, apesar de tudo o que acontece ao nosso redor.
O tema do último Capítulo Geral era “A viagem continua”. O tema da viagem é muito importante em nossa espiritualidade. A Ratio utiliza esta palavra para descrever o movimento de transformação. Quando sentimos que são muitos os problemas, é bom ir ao coração de nossa vocação, do qual temos uma formosa descrição nas Constituições e na Ratio.
A Ratio fala de uma viagem, de um processo de formação, que não acaba com a Ordenação, mas que continua até nossa última transformação. Esta viagem da vida humana transcorre através de experiências boas e más. Muitas vezes estamos metidos numa fossa e necessitamos que alguém nos ajude a sair e continuar nosso viaje. É difícil, às vezes, aceitar que necessitamos ajuda. Há quem negue ter um problema e bote a culpa em todos pelo estado em que se encontra. Não quer afrontar seus problemas e então nega o que está claro para os demais. Estas pessoas podem criar muitas dificuldades aos outros membros da comunidade. Freqüentemente não queremos enfrentar o problema e aceitamos uma vida que não funciona e igualmente uma comunidade que não funciona. A Igreja em nossos dias está sofrendo por problemas que não se resolveram no passado.
Pode parecer, às vezes, que no há uma direção, mas que tudo é um destino cego. Muita gente vive assim na prática, mesmo quando professam algum tipo de religião. Segundo a fé cristã, há um movimento, contudo não estamos girando às cegas e sem por que. É necessária a fé para a viagem da transformação. A fé não é somente a aceitação intelectual de uma verdade revelada; é uma eleição vital feita a cada dia e, muitas vezes, contra as aparências que vão contra a fé. Para continuar a viagem até o final, é necessário crer que Deus está próximo de nós, está em nós, apesar do que sintamos e vejamos. Segundo o famoso exemplo dado por Santa Teresa de Ávila, Deus vive no centro do nosso ser e a viagem da fé se faz da periferia ao centro. Podemos sentir-nos afortunados por ter São João da Cruz e Santa Teresa como membros da nossa família; eles se formaram na tradição carmelita, da qual tomaram os elementos tradicionais e os reelaboraram de uma maneira profunda. Santa Teresa descreve o interior do ser humano como um formoso castelo com moradas fascinantes. A morada mais bela se encontra no centro, onde vive o Rei, Deus mesmo. Fora do castelo é perigoso estar, pois há muitas emboscadas. Muitas pessoas vivem fora do castelo e não tem consciência do seu estado lastimável. A porta do castelo é a oração, quer dizer, a comunicação com Deus. Muitas vezes a oração não é uma comunicação com Deus. Pode que seja uma conversa consigo mesmos ou sonhar acordado. Devemos, então, buscar um método de oração que nos abra verdadeiramente à comunicação com Deus. A Lectio Divina nos leva ao contato com a Palavra de Deus e nos abre à presença divina e a sua ajuda é transformadora. A Lectio Divina fortaleceu a vida carmelita durante muito tempo e foi redescoberta em nossos dias.
Quando se entra no castelo, há muitas moradas por ver o explorar. Muitas vezes temos que nelas entrar e a elas regressar. Estas moradas são importantes, porém não são o final da viagem. Sem o conhecimento próprio, não avançaremos muito. Santa Teresa diz que a humildade é muito importante e, segundo ela, a humildade significa conhecer-se a si mesmo e aceitar esta verdade. Como é difícil conhecer e aceitar a verdade acerca de si mesmo! Hoje existe todo tipo de ajudas de tipo terapêutico no campo da psicologia; espero que possamos utilizar estas ajudas como uma base para o conhecimento de nós mesmos para crescer e entrar em nosso interior. Ao crescer na relação com Deus, crescemos também na relação com os demais. É uma ilusão pensar que temos uma ótima relação com Deus quando tratamos os demais com pouco respeito.
A maioria chega às terceiras moradas bem rápido, mas Santa Teresa põe o acento num problema muito sério. Muitos chegam a esta etapa, contudo não continuam a viagem. O motivo é que se sentem satisfeitos e não vêem necessidade de um esforço ulterior. O problema é que este estágio é bom. Os que aqui chegam são bons, mas sua vida religiosa guia-se por um sentido comum e jamais serão tentados a ir mais adiante. Entretanto, a viagem é longa e é preciso seguir caminhando.
Para continuar a viagem necessitamos um pequeno impulso de vez em quando. Recordam-se da cena em que Elias sentou-se embaixo de uma árvore e desejou a morte. Deus tinha um plano concreto para ele e este plano poderia ser obstaculizado se Elias no continuasse sua viagem. Por isso Deus lhe envia um anjo. Este mensageiro divino anima a Elias dando-lhe de beber e comer. O anjo repetirá este processo antes que Elias se levante e retome sua viagem. Não temos uma resposta fácil para os problemas do mundo. É um insulto e uma blasfêmia dizer a uma pessoa que está com um problema sério ou com uma enfermidade, qual é a vontade de Deus. Não sabemos porque as coisas desagradáveis acontecem com gente boa, ou simplesmente, porque o que acontece é já um mistério. Quando Jesus foi crucificado, experimentou a ausência de Deus e, em nossos dias, esta parece ser a experiência comum. Deus parece que está ausente de nosso mundo moderno. Muitas pessoas, inclusive crentes, parecem ateus na prática pois vivem como se Deus não existisse, mesmo quando vão à missa aos domingos.
Onde está Deus presente no meio dos nossos problemas? Nossa fé nos assegura que Deus não está ausente da nossa vida. Isto seria o inferno. Contudo, devemos aprender a discernir a presença de Deus em meio a sua aparente ausência. Temos que aprender uma nova linguagem, a linguagem de Deus. Nosso irmão São João da Cruz nos diz:
“Uma palavra pronunciou o Pai, que foi seu Filho, e esta fala sempre no eterno silêncio, e em silêncio deve ser escuta pela alma.” (Ditos de luz e amor, 104)
Temos que cultivar um silêncio profundo dentro de nós a fim de que possamos escutar o que Deus quer nos dizer. Temos que escutar Deus na oração, porém também nos acontecimentos da vida diária. Temos tanto ruído dentro de nós que, às vezes, não podemos escutar ou discernir qualquer outra coisa. Este silêncio deveria ser co-natural a nós carmelitas ou ao menos o desejo do silêncio. Isto não é uma ascética, nem tampouco o silêncio exterior. É um silêncio interior para discernir a presença de Deus em meio às situações mais inverossímeis, a fim de que possamos prosseguir a nossa viagem com esperança.
Necessitamos reconhecer os ruídos que existem dentro de nós: comentários sobre os outros, sobre os acontecimentos e sobre nós mesmos. Quando estamos conscientes deste nosso ruído interior, podemos começar a purificar-los para que não infeccione tudo o que fazemos, pensamos ou dizemos. Se prosseguirmos esta viagem, afrontaremos nossos preconceitos, nossos medos irracionais e nossas presunções. Esta experiência não é para enrijecer-nos, mas para ajudar-nos a ser livres.
Necessitamos cultivar o silêncio interior para que possamos estar conscientes de que Deus nos está falando através de um humilde mensageiro. Se não há silêncio dentro de nós, sempre vamos atrás dos nossos pensamentos e jamais entendemos o que ocorre em torno a nós. É interessante fazer uma experiência de silêncio com algum grupo. Depois de alguns momentos, alguém começa a tossir, outro se move na cadeira, outro rasga um papel. Muitos de nós não nos sentimos cômodos quando há silêncio exterior. Nos despertamos pela manhã com o som do rádio. Trabalhamos numa atmosfera de ruído, não temos tempo para pensar. Temos uma fita cassete interior ou um CD interno que nos faz um comentário de tudo o que ocorre durante o dia. Os comentários deste disco estão baseados sobre a nossa perspectiva particular, que naturalmente está a nosso favor. Por instinto nos defendemos quando nos sentimos atacados ou buscamos a estima ou aceitação dos outros. Habitualmente aceitamos isto, sem nos dar conta do que ocorre dentro de nós. É um ruído constante que nos impede de escutar qualquer outra voz. A viagem da fé nos conduz ao pleno dia e também a vales escuros. Deus utiliza todos os acontecimentos da vida, bons ou maus, como instrumentos para nossa purificação, que é essencial para que cheguemos a ser aquilo para quê Deus nos criou. Temos que fazer este esforço para distinguir a mão de Deus; este discernimento é muito fácil se calamos a barafunda interior e ouvimos a voz de Deus que nos fala através da brisa suave ou, como dizem alguns exegetas, através do som de um silêncio total.
OLHAR CARMELITANO: Leigos Carmelitas
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*Frei Joseph Chalmers O. Carm. Ex- Prior Geral
No 550º aniversário da Bula Cum Nulla, também celebramos a incorporação dos leigos à Família Carmelitana. A grande maioria de leigos carmelitas pertencem ao que ainda é geralmente chamado de “Ordem Terceira”. Os termos “Primeira”, “Segunda” e “Terceira” são tirados da Ordem Servita do começo do século XVI. Eles nunca tiveram a intenção de fazer referência a uma hierarquia, mas simplesmente refletiram a realidade histórica de que alguns grupos foram fundados oficialmente antes de outros.
Em algumas Províncias, os membros da Ordem Terceira são chamados pelo nome genérico de “leigos carmelitas”, apesar deste termo cobrir muitas outras realidades e grupos. Em diversos países existem antigas Fraternidades e Confraternidades Carmelitas. Também existem muitos grupos novos surgindo em várias partes do mundo. Estes novos grupos dão testemunho da energia criativa que existe dentro da Ordem. Não devemos esquecer, é claro, dos milhões de pessoas que usam o escapulário de Nossa Senhora do Monte Carmelo. O caminho carmelita tem inspirado muitos leigos pelo mundo a viverem o Evangelho de forma profunda e, às vezes, heróica.
Quero enfocar particularmente nesta carta os membros da Ordem Terceira, ou qualquer que seja o termo usado em diferentes países. Acredito fortemente que os leigos carmelitas, no sentido de membros da Ordem Terceira, têm uma verdadeira vocação e são portadores de um carisma carmelita para os outros assim como os frades, as monjas e as irmãs.
Os elementos principais do carisma carmelita são bem conhecidos: oração, fraternidade e serviço. Estes três elementos são cimentados pela contemplação. Acima de tudo, os carmelitas são chamados a seguir Jesus Cristo e a viver o Evangelho na vida diária. Em nosso seguimento de Cristo, somos inspirados por duas figuras bíblicas: Nossa Senhora e o Profeta Elias. Todo carmelita, religioso ou leigo, é chamado a viver este carisma. O modo como juntamos estes elementos vai variar de acordo com nossa situação na vida. Os leigos devem viver o carisma carmelita precisamente como leigos. Jesus disse que não estava pedindo ao Pai para tirar seus amigos do mundo, mas para guardá-los do Maligno (Jo 17,15). Todos os carmelitas estão no mundo de alguma forma, mas a vocação dos leigos é precisamente transformar o mundo secular.
*RUMO À TERRA DO CARMELO: UMA CARTA DO PRIOR GERAL PARA FAMÍLIA CARMELITANA POR OCASIÃO DO 550º ANIVERSÁRIO DA BULA “CUM NULLA”. 25 de maio de 2002. Festa de Santa Maria Madalena de Pazzi
Arcebispo de Maceió deixa recado durante acolhida do novo bispo de Campina Grande
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No último sábado (2) houve a chegada oficial do novo bispo de Campina Grande, Dom Dulcênio Fontes de Matos.
Momentos antes da celebração civil de recepção, Dom Antônio Muniz [foto], Arcebispo de Maceió, deixou um recado de boas-vindas para Dom Dulcênio.
“Na qualidade de arcebispo metropolita da província eclesiástica de Maceió, e também na condição de paraibano do Sertão da Paraíba, ficamos felizes. É daqui da Princesa, da Rainha da Borborema e Príncipe também do Cariri que fazemos parte do serviço aos pobres da Paraíba. Fico muito feliz na qualidade de paraibano e de metropolita”, frisou.
Já Dom Manoel Delson, Arcebispo da Paraíba, também deixou sua mensagem de recepção:
“Quero expressar a minha alegria e satisfação em acolher Dom Dulcênio como oitavo bispo de Campina Grande. Venho para acolher aqui na Paraíba […] Estamos cumprindo a nossa missão de receber com felicidade e alegria sabendo que ele vai fazer um grande pastoreio”, destacou.
Em primeiro contato com a imprensa campinense, Dom Dulcênio Fontes de Matos, frisou que dará continuidade ao trabalho em Campina Grande.
“Cada igreja tem sua maneira e seu jeito de ser. De uma coisa é certa: vou conhecer as comunidades, os padres e vou também aprofundar esse trabalho que Dom Delson já tinha começado. A princípio não teremos mudanças, daremos continuidade”, disse o novo bispo. Dom Dulcênio contou que trará jornadas da juventude e a respeito de polêmicas da Igreja, ele afirmou:
“Sempre agindo conforme a igreja nos pede, não vamos tolerar e seremos os primeiros a agir. Quanto a corrupção, não só o bispo, mas sim a comunidade toda deve combater”, pontuou. Fonte: https://paraibaonline.com.br
CARMELITAS: Almoço Festivo
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ORDEM TERCEIRA DO CARMO DE SÃO JOÃO DEL REI: Nova mesa administrativa
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OLHAR DO DIA: A Venerável Ordem Terceira do Carmo de São João del Rei-MG, tem nova mesa administrativa. A Eleição aconteceu neste domingo, 3.
Prior, Eduardo Valim (Reeleito)
1º Conselheiro, Márcio Adriano
2º Conselheiro, Isabel Valim
3º Conselheiro, Antônio Luiz
4º Conselheiro, Silvestre Marcos.
Em nome da Província Carmelitana de Santo Elias, parabenizamos o Sodalício e desejamos uma ótima caminhada sob a luz do Espírito Santo e as bênçãos da Senhora do Monte Carmelo para o novo prior e seu conselho.
As minhas preces. Parabéns!
Frei Petrônio de Miranda, Delegado Provincial para Ordem Terceira do Carmo.
*O PODER NO CARMELO: Homem da Unidade e do Carisma da Ordem.
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Santo Inácio da Antioquia na sua Carta aos Cristãos de Filadélfia chamava o responsável por uma Comunidade pelo nome de "Homem determinado à Unidade", governado pela preocupação com a unidade. Homem da unidade, seja das pessoas, seja das várias instâncias e funções da comunidade - no nosso caso, da comunidade do Sodalício.
O bem do Sodalício, que é a primeira e indispensável contribuição para a missão da Igreja, é o Carisma Carmelitano vivido e testemunhado na cidade de Angra dos Reis pelos irmãos e irmãs que, livremente-repito- LIVREMENTE- através dos Votos Perpétuos ou Solenes (OTC-Regra Nº 14) assumem publicamente viver a espiritualidade sob a orientação ou autoridade de um Prior ( a ). Em outras palavras, viver em comunidade é, na verdade, viver todos juntos a vontade de Deus seguindo a orientação do dom do Carisma carmelitano sob a autoridade do Prior e seu Conselho. Portanto, a autoridade consolida a unidade da Ordem Terceira do Carmo em cada um dos 37 Sodalícios baseada sobre a caridade e a cooperação harmoniosa na luta pelo ideal que nos propusemos através da nossa consagração pelos votos.
O Prior da Ordem Terceira do Carmo (a) não é o guardião do status quo, que procura não incomodar os irmãos que estão dormindo ou que se limita a atender eventuais iniciativas de cada um em particular. Ele, consciente de que ao centro da comunidade está presente Cristo com o seu Evangelho, coloca-se ao serviço da vontade de Deus e dos irmãos, guiando-os à obediência a Cristo por meio do diálogo e oportuno discernimento, embora deixando firme a sua autoridade de decidir e ordenar o que se deve fazer. O Prior é no Sodalício estímulo a viver o nosso Carisma e é sinal e estímulo de união. (Regra da OTC do Carmo Nº 61).
Os ( as ) Priores não estão dispensados do voto de obediência às autoridades superiores (Delegado Provincial, Padre Provincial e Prior Geral da Ordem) e, sobretudo, à vontade de Deus, a quem diz o Concílio, - usando expressões que soam com o timbre de outros tempos - deverão prestar contas das almas, que lhes foram confiadas. Não nos esqueçamos de que também somos responsáveis pelo dever de correção fraterna. Não se pode forçar a amar, e em vista disto o poder coercitivo não obtém por autoridade este fim, a não ser que sirva para fazer o interessado refletir; mas a intenção de defender a comunhão dentro da vida religiosa, a fidelidade ao carisma, os compromissos com terceiros.
Estilo de exercício da Autoridade: Um olhar Bíblico sobre o Poder.
(O poder de governar é graça, carisma e dom de Deus para a edificação da sua Igreja. Leitura de 1Cor 12,4-11. 28).
A teologia da Autoridade tem as suas consequências quanto ao estilo de exercício: é o estilo de Deus, manifestado em Cristo Jesus. "Fazer as vezes de Deus", ser dóceis à sua vontade, expressar o amor paternal de Deus defronte aos religiosos confiados aos nossos cuidados pessoais, isto é um compromisso ascético-místico de conformação com a caridade de Deus Pai, que trata como a "filhos", no seu modo de respeitar a dignidade e a liberdade do homem (Câns. 617-619- Cân. 617 - Os Superiores desempenhem seu ofício e exerçam seu poder de acordo com o direito universal e com o direito próprio- Pode-se mesmo pensar numa "Espiritualidade da Autoridade".
Perguntas para reflexão.
1- Que lugar o Carisma Carmelita ocupa no exercício da minha relação com a autoridade do Sodalício?
2- Estou consciente da importância e da missão do prior e seu concelho no Sodalício?
3- Após este olhar sobre o poder a partir da Bíblia, dos Documentos da Igreja e da Espiritualidade Carmelitana, quem melhor representa para ser o futuro prior (a) ou conselheiro (a) para este Sodalício?
*XVº- CONSELHO DAS PROVÍNCIAS. (REFLEXÕES TEOLÓGICAS SOBRE O PODER DE GOVERNO NA ORDEM DO CARMO).
PODER E SERVIÇO: A Autoridade no Carmelo
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O grupo de eremitas, "moradores do Monte Carmelo junto à Fonte", apresenta-se logo sob o signo da Autoridade-Obediência: estão sob a obediência de Brocardo e desejam exprimir a sua voluntária e total "obediência" a Cristo Jesus, reconhecendo-Lhe a "Soberania" universal (Regra 1 e 2), sacramentalmente manifestada na sua Igreja e nos seus Pastores. Desde o início procuram a aprovação da Igreja. "Alberto, por graça de Deus chamado a ser Patriarca da Igreja de Jerusalém, aos amados filhos Brocardo e outros eremitas, que vivem debaixo da sua obediência junto à Fonte, no Monte Carmelo, saúde no Senhor e bênção do Espírito Santo" (Regra 1).
A autoridade veem de Deus, os superiores fazem as vezes de Deus, são um serviço e um "ministério" (Câns 618, 619- Os superiores se dediquem diligentemente a seu ofício e, juntamente com os membros que lhes estão confiados, se esforcem para construir uma comunidade fraterna em Cristo, na qual se busque e se ame a Deus antes de tudo. Nutram, pois, os membros com o alimento frequente da Palavra de Deus e os levem à celebração da sagrada liturgia. Sirvam-lhes de exemplo no cultivo das virtudes e na observância das leis e tradições do próprio instituto; atendam convenientemente a suas necessidades pessoais; tratem com solicitude e visitem os doentes, corrijam os irrequietos, consolem os desanimados, sejam pacientes com todos). Estas são afirmações válidas até o dia de hoje e que aprofundam as suas raízes na concepção teológica e antropológica da Bíblia, recebida da Patrística e da Tradição da Vida Monástica. Pressupõe-se, naturalmente, a fé, que leva à esperança e ao amor. Para a teologia cristã isto inclusive é válido para a autoridade civil: o homem é o fim e a medida de todas as instituições humanas e divinas.
Nos três ramos carmelitas; Ordem Primeira, Ordem Segunda e Ordem Terceira, a Autoridade está orientada para o bem e o serviço da própria Igreja e, mais diretamente, para o serviço daqueles fiéis que com a profissão religiosa abraçam a vida e a santidade da Igreja na Forma de Vida carmelita, aprovada canonicamente pela própria Igreja. (Regra da OTC Nº 12)
OLHAR DO DIA: Sexta-feira, 1º de dezembro.
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Paulo Daher, de Angra dos Reis e os Freis; Evaldo Xavier, Superior Provincial e Frei Sílvio Ferrari no Carmo da Lapa, Rio de Janeiro.
MEMÓRIA DO CARMO: Conheça a nossa nova página no face
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Foto, Frei Bento, In Memoriam (Primeiro do lado direito, e sua família)
*ELEIÇÃO NA ORDEM TERCEIRA DO CARMO: COMO APARECE O EXERCÍCIO DA AUTORIDADE NOS EVANGELHOS- 01
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
“O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate para muitos” (Marcos 10,45)
Uma história
Vou começar com uma história que aconteceu em Araxá, Minas Gerais, Brasil, nos anos setenta, logo depois do Concílio Vaticano II. Ideias novas começavam a circular. Surgiu uma certa polêmica na cidade que alcançou os ouvidos do bispo. Ele ficou preocupado e reclamou das palestras que frei Cláudio e eu dávamos para o povo que nos tinha convidado. Então, um grupo de leigos resolveu falar com ele. Depois de muita discussão, o bispo disse: “A disciplina é a viga mestra da minha diocese e disso não abro mão”. Um leigo perguntou: “E quando o senhor tiver a diocese bem disciplinada, o que vai fazer com ela?” O bispo não soube responder e repetiu: “A disciplina é a viga-mestra. Ela é muito importante”. A pergunta do leigo é muito atual. Ela forma o pano de fundo desta nossa reflexão. O exercício da autoridade e a obediência não podem ser reduzidas a uma finalidade disciplinar. Elas fazem parte de um conjunto mais amplo. É sobre este conjunto mais amplo que vou tentar refletir à luz do que os Evangelhos afirmam sobre Jesus: “Qual é, segundo os Evangelhos, o objetivo do exercício da autoridade e da obediência?”
O poder e a autoridade de todos nós
Para melhor entender o que a Bíblia diz sobre o exercício da autoridade, é preciso falar, primeiro, de algo que acontece na experiência diária de todos nós e que pode ser iluminado com a luz da
Palavra de Deus.
Cada pessoa, no momento de entrar em contato com outra pessoa, aciona algum poder, exerce alguma autoridade. Entre os dois surge uma influência mútua, proveniente de vários fatores: os dons que cada pessoa tem, suas qualidades, seu jeito de falar, sua atração, carisma, argumentações, capacidade de liderança, função, sexo, raça, cultura, etc. Cada um de nós, seja súdito, seja superior, com ou sem autoridade jurídica, pode usar este poder para fazer crescer o outro e, aí, ele exerce a sua autoridade como um serviço. Também pode usá-lo para fazer crescer o seu próprio “ego” e aí, em vez de servidora, a pessoa pode tornar-se egocêntrica e opressora. Com a “autoridade” que todos nós temos, tanto superiores como súditos, podemos favorecer ou matar a vida comunitária, revelar ou esconder o carisma.
Ao longo da história, em toda organização humana, seja família, clã, comunidade, clube ou Ordem, este poder natural das pessoas vai se estruturando em três direções diferentes, misturadas entre si.
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*Depois de quatro anos acompanhando os 37 Sodalícios da Ordem Terceira do Carmo da Província Carmelitana de Santo Elias, percebo que a questão da autoridade é sempre colocada em xeque quando se tem uma Eleição para prior ( a ). E mais! É triste quando encontro irmãos e irmãs que, após exercerem a missão de liderança no sodalício dizem; “Deus me livre voltar para a Ordem Terceira do Carmo”. O que está acontecendo? O nosso objetivo é seguir Jesus Cristo a partir da espiritualidade carmelitana ou é simplesmente exercer o poder? Já pensou se os nossos primeiros monges carmelitas tivessem desistidos quando foram criticados pelas ordens religiosas existentes na época? E se Teresa D`Ávila e João da Cruz tivessem caído fora quando foram incompreendidos durante a reforma teresiana?... Pesquisando os meus arquivos, deparei-me com esta bela reflexão do confrade, Frei Carlos Mesters. Acho que vai ajudar. Boa leitura. Ah! É um texto grande que iremos dividir em várias partes. Não deixe de ler. Frei Petrônio de Miranda, Delegado Provincial para Ordem Terceira da Província Carmelitana de Santo Elias.
*DOM WILMAR CELEBRA CRISMA COM INDÍGENAS
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O Bispo Prelado de Itaituba, Dom Wilmar Santin, passou a última semana (13 a 20 de novembro, respectivamente) em missão nas tribos indígenas de sua Prelazia.
As visitas são feitas anualmente e nelas são celebrados alguns Sacramentos como o Batismo, Eucaristia e Crisma. Nesta última visita mais de 100 índios Munduruku receberam a Confirmação. Seis aldeias foram visitadas: Santa Maria, a mais distante da foz do Rio Cururu, Bananal, Caroçal, Morro do Careca. Também foi visitado a Barra São Manoel, um distrito de Apuí (sul do Amazonas).
Participou da visita o Srº Klemens Paffhause, representante da Adveniat que vem ajudando no desenvolvimento de um projeto para formação de missionários e ministros Mundurukus.
“Este ano foi a quinta vez no Rio Cururu onde começaram as missões franciscanas e das Irmãs da Imaculada Conceição há mais de 100 anos atrás. Para mim é sempre uma alegria muito grande visitar aquele povo guerreiro e bastante acolhedor. Desta vez tinha também um motivo especial que era constituir os primeiros ministros da palavra entre os Mundurukus. Eles já celebram a Palavra aos domingos em uma boa parte das aldeias, mas não havia ainda ministros instituídos oficialmente e com mandato de dois anos. Depois de três anos de intensa formação que eles receberam, presidi a Celebração do Envio que aconteceu na terça-feira, dia 14. Foram 24 novos Ministros instituídos. Destes, só 4 eram mulheres. Isso também é interessante. Agora os Munduruku terão pregadores da Igreja na sua própria língua e isso me enche de esperança, tenho certeza que a evangelização naquelas terras será muito eficaz. Inclusive, em dezembro, Frei Messias levará quatro ministros deste na sua visita às aldeias de Teles Pires e dos Rios Tapajós e Cururu. A instituição destes Ministros da Palavra é o início de um projeto maior que é o de constituir Ministros da Eucaristia, do Batismo, do Matrimônio e depois, quem sabe, constituir diáconos permanentes. Agradecemos muito a Adveniat por essa ajuda na implementação deste projeto que é tão querido pelo Papa Francisco”. Fonte: http://cnbbn2.com.br
*NOTA DO OLHAR. Dom Frei Wilmar Santin, da Prelazia de Itaituba-PA é Bispo Carmelita da Ordem do Carmo.
OLHAR CARMELITANO: A COMPREENSÃO DA FRATERNIDADE NA CAMINHADA CARMELITANA ATRAVÉS DO TEMPO-02.
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Frei Emanuele Boaga, O. Carm. e Irmã Augusta de Castro Cotta, CDP
(Institutum Carmelitanum- Comissão Internacional Carisma e espiritualidade)
É lugar do amor fraternal, do encontro e do diálogo
A Igreja é sem “quadripórtico” (que era de uso geral, anteriormente) e a sua fachada dá diretamente para a rua ou praça. Esta escolha arquitetônica deseja exprimir a vontade de estar perto e no meio do povo. Internamente a Igreja apresenta-se com uma única nave, quase como se fosse uma “sala de acolhida”, surgindo nas paredes laterais os altares ou, nos edifícios maiores, as capelas laterais. No interior do convento os quartos (celas) sublinham a função de um lugar finalizado, não somente ao descanso, mas também à oração e reflexão individual. O encontro e a hospitalidade são caracterizados pelo refeitório e pela fornalha que esquenta a sala para os hóspedes.
É símbolo de fraternidade
O convento não constitui uma entidade autônoma econômica e religiosamente, e expressa não tanto a presença de pessoas que ali moram, porém a fraternidade que une estas pessoas entre si e com os outros membros da mesma Ordem e família religiosa. O claustro é o espaço para o encontro fraterno e força centrípeta da experiência espiritual (em relação a isto é importante destacar como em muitos conventos a porta da confraria laical se abria no claustro e como todas as portas dos quartos e das salas se abriam sempre no claustro, fosse a arquitetura em forma quadrada ou retangular). O dormitório (com as celas separadas por paredes de madeira e sem chaves, unidas pelo corredor) também induz à fraternidade. Disto temos numerosos exemplos nos conventos erigidos nos séculos XVI-XVII. A integração dos vários setores do convento (setor de oração, de comunidade, de trabalhos internos e de serviços externos, de acolhida, etc.) lembram também a responsabilidade, a reciprocidade e a condivisão.
É símbolo de pobreza
Em muitos conventos nossos, mas sobretudo nos mosteiros femininos, a nudez das paredes, o uso de materiais pobres, nas construções a abolição de espaços supérfluos, o predomínio da linha reta (que, porém, diminui no século XVIII), são formas que testemunham uma escolha de vida pobre e simples.
HINO DA ORDEM TERCEIRA. Cantando com Frei Petrônio
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HINO DA ORDEM TERCEIRA
1-Salve, ó belo pendão da vitória, da excelsa Rainha dos Céus. Que um dia, no reino da Glória, nós veremos ao lado de Deus!
Em torno da nossa bandeira, façamos, com fé, este apelo: /Protegei nossa Ordem Terceira, ó Senhora do Monte Carmelo! (bis)
2-Salve, ó belo e sublime estandarte, da certeza da graça, o penhor. Que Maria conosco reparte, da celeste mansão do Senhor!
3- Salve, ó grande pendão do Carmelo, onde Elias venceu a Baal. És de todos da terra o mais belo, tens o lema da fé divinal.
4-Salve, ó grande bandeira bendita da milícia fiel de Maria! Salve, ó pálio da grei Carmelita, nosso amor, nossa luz, nossa guia!
5-Não importa do mundo em que parte, nos vai vens imprevistos da sorte. Com os olhos em nosso estandarte, venceremos na vida e na morte!
OLHAR CARMELITANO: A COMPREENSÃO DA FRATERNIDADE NA CAMINHADA CARMELITANA ATRAVÉS DO TEMPO-01.
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Frei Emanuele Boaga, O. Carm. e Augusta de Castro Cotta, CDP
(Institutum Carmelitanum- Comissão Internacional Carisma e espiritualidade)
A presente reflexão gira em torno de dois centros de atenção: 1) o primeiro nos ajudará a ver como se formou e se desenvolveu a fraternidade no caminho histórico da Ordem, em suas linhas gerais e com particularidades próprias a cada situação. 2) O segundo ao contrário, conduzirá ao aprofundamento de algumas expressões particulares de sua prática, através do exame de alguns textos escolhidos em nossos escritores espirituais e nas Constituições da mesma Ordem, escritos que têm influenciado amplamente o modo de entender e de viver a fraternidade.
Linhas gerais
Falar da fraternidade, como foi compreendida e vivida nas primeiras gerações carmelitanas, é difícil, não apenas pela escassez de documentação, mas, sobretudo, porque, se de uma parte é muito forte a utopia proposta pela Regra, [utopia sem dúvida presente na formação dos candidatos e na vida dos religiosos], por outra parte, os textos constitucionais (desde os primeiros conhecidos, os de 1281 e 1294) desenvolvem um discurso finalizado mais a punir as faltas de fraternidade na vida da comunidade do que a estimulá-la. Entre estas culpas as mais graves são as referentes à discórdia, uma vez que conduziam à destruição da unidade. As normas consititucionais, na época medieval, mostram claramente que muito cedo, na vida da Ordem, o caminho para realizar a vida fraterna encontra limitações e ambiguidades, exigindo purificação para encarnar o ideal da fraternidade.
O fenômeno do conventualismo [que ao início era um estilo com interpretação realista da vida, realizado com equilíbrio e moderação], trouxe várias dificuldades que se difundiram e trouxeram grande degeneração da vida comum nos séculos XIV-XV minando a vivência comunitária. Para compreender o que ocorria, basta pensar nas consequências negativas provenientes dos desvios gerados pelos privilégios, isenções e similares, transformados em abusos. A fim de enfrentá-los no interior da Ordem,, são realizadas as Reformas. Estas enfrentam o tema da fraternidade, unindo-o àquele da austeridade, da pobreza (renúncia às diferenças entre os religiosos e aos títulos, etc). A mesma pobreza torna-se o “banco de prova” da sinceridade e da autenticidade da vida fraterna. Difunde-se também o uso de designar a vida fraterna com os termos de “vida comum”, à qual vem dada uma ênfase dentro do claustro com as consequências entre outras, de acentuar a separação da vida secular. Além disto, há também influência de outros fatores, entre os quais se destaca aquele que se torna sempre mais presente na espiritualidade cristã: a acentuação da separação entre a oração e o apostolado, trazendo como consequência o crescimento do dualismo contemplação-ação.
A seguir, como fruto e consequência desta última postura, passa a ser determinado para as antigas ordens (monásticas e mendicantes) uma identificação entre a vida religiosa e a vida regular e comum. O Concílio de Trento trabalha com esta visão, sendo também assim empreendidas as obras seguintes das reformas promovidas pelos Papas (Clemente VIII, Inocêncio X e Inocêncio XII). Certamente, nesta perspectiva estão presentes aspectos positivos, embora tenha emergido, no decorrer do tempo, o predomínio da observância organizada e da coletividade sobre o aspecto comunitário-fraterno. É muito interessante observar como S. Teresa de Jesus pretendia privilegiar as pequenas comunidades que permitem uma vida de comunhão, através de uma integração baseada na fé e na caridade. A Santa de fato, fala da sua comunidade como de um pequeno “colégio apostólico ou de Cristo”, no qual todas se amam e se ajudam reciprocamente.
Para completar este quadro, é necessário considerar também um outro aspecto da fraternidade: a relação com o mundo exterior e, particularmente com aqueles que fazem parte da Família da Ordem, ou seja, a “Fraternitas Ordinis”.
Sem descer em detalhes sobre a origem histórica e o desenvolvimento da “Fraterrnitas Ordinis”, nas suas várias formas de agregação-oblação das monjas e de outros membros (irmãos e terciários) da Família do Carmelo, é suficiente aqui lembrar os valores e os conceitos ligados à fraternidade e emergentes de toda esta realidade que gravita em torno aos frades , ou seja:
- A vocação, o chamado por Deus para pertencer à Família do Carmelo
- O estilo de vida simples e pobre
- A participação e a osmose carismática nos vários níveis.
A utopia da fraternidade, enfim, está também expressa na arquitetura do convento. O convento apresenta-se realmente como um modelo de vida fraterna, prefigurando a vida na Jerusalém celeste, através de uma comunhão, com estruturas e espaços arquitetônicos próprios e com inserção dialética na estrutura urbana. Pode-se mesmo falar da existência de uma arquitetura própria carmelitana, sobretudo nos séculos XVI-XVIII, ainda que os módulos ou as formas de construção pareçam semelhantes àquelas de outras Ordens. Analisando-se a configuração dos conventos desta época, mesmo dentro da diversidade que cada situação exigia, encontra-se presente uma concepção carmelitana da fraternidade. Isto é testemunhado não apenas pelas normas constituicionais ou estatutárias que oferecem sugestões para a construção dos edifícios conventuais, mas também pelo estudo das relações entre os frades, na mesma época e das quais hoje se tem conhecimento. Aqui apresentamos brevemente as perspectivas abertas por uma leitura em chave de fraternidade das estruturas arquitetônicas dos conventos no período indicado.
O convento é lugar da experiência do amor fraternal e ao mesmo tempo, é símbolo da fraternidade ligada à pobreza.
FREI CARLOS MESTERS: Ano do Laicato
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