Cátedra de São Pedro
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Neste dia 22 de fevereiro, a Igreja celebra a Festa da Cátedra de São Pedro, uma ocasião importante que remonta ao século IV e que rende comemoração ao primado e autoridade do Apóstolo Pedro, o primeiro Papa da Igreja.
Além disso, esta celebração recorda a autoridade conferida por Cristo ao Apóstolo quando lhe diz, conforme relatam os Evangelhos: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja. E as portas do inferno não prevalecerão sobre ela”.
A palavra “cátedra” significa acento ou trono e é a raiz da palavra catedral, a Igreja onde um bispo tem o trono do qual prega. Sinônimo de cátedra é também “sede” (assento). A “sede” é o lugar de onde um bispo governa sua diocese. Por exemplo, a Santa Sé é a sede do Papa. Fonte: https://www.acidigital.com
Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 22 de fevereiro-2021. www.instagram.com/freipetronio
Corre por fora uma Campanha Ecumênica da Desfraternidade
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Antes do lançamento oficial da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 (CFE), no primeiro dia da Quaresma, já circulavam nas redes sociais postagens de uma “Campanha da Desfraternidade”, com ataques dirigidos a pessoas e ao Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) por conta do conteúdo que o tema “Fraternidade e Diálogo: Compromisso de Amor” busca refletir e trabalhar. A divisão da sociedade brasileira está espelhada nas duas “campanhas”.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
E o que é que a CFE aborda de tão “pecaminoso”, segundo vozes da desfraternidade? A cartilha elaborada pelo Conic ataca a necropolítica brasileira, defende povos indígenas, questiona o feminicídio e defende a acolhida da população LGBTQI+. A Campanha da Desfraternidade incentiva os fiéis a não darem um centavo ao Fundo Nacional de Solidariedade que, com os recursos angariados durante a Quaresma, os distribui a obras de caridade.
A Campanha da Desfraternidade é recheada por palavras até mesmo de bispos, que contam, inclusive, com o apoio do guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, que postou mensagem ilustrada nas redes sociais afirmando: “Eu digo não. Campanha da Fraternidade Ecumênica”. Quem esperaria o dia em que bispos católicos se prestariam a receber apoio de olavistas!!!
Dom Fernando Guimarães, arcebispo do Ordinário Militar do Brasil, contesta, em carta enviada à presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): “A evangelização dos fiéis, no entanto, em qualquer tempo e ainda mais em um tempo especial como é a quaresma católica (pelo visto, só cristãos católicos celebram a Quaresma), não é espaço para se dialogar sobre temas polêmicos e contrários à autêntica doutrina de nossa igreja”. Guimarães comunica que os capelães militares, a ele subordinados, não utilizarão a cartilha da Campanha da Fraternidade.
De forma indireta, Guimarães bate até no papa Francisco, que enviou mensagem gravada ao Conic sobre a CFE, dando sua bênção apostólica. Na mensagem, o papa recomendou “sentar-se juntos e escutar o outro num mundo surdo”, assumir uma atitude receptiva, “superar o narcisismo e acolher o outro”. Os cristãos, disse, devem ser os primeiros a dar o exemplo, também na defesa da justiça na sociedade. Justamente o que o arcebispo Guimarães não se dispõe a fazer!
No portal Brasil de Fato, o repórter Igor Carvalho traz reportagem mostrando que o bispo Dom Adair José, da Diocese de Formosa, Goiás, instigou: “Não fiquem escutando coisas que não têm nada a ver com a nossa fé”. E o padre Samuel Cavalcante de Araújo, da Arquidiocese de Iguatu, Ceará, recomendou: “Católicos, rezem, amem, e se receberem esse texto da Campanha da Fraternidade, queimem!
Os ataques no YouTube, no Twitter e no Instagram, relata a repórter Raphael Veleda, do portal Metrópole, é “promovida por grupos católicos ultraconservadores”, que se revoltaram com as “pautas abortistas e anticristãs” e com “o protesto da iniciativa religiosa contra a violência sofrida pela população LGBTQI+”. Mas a cruzada da Campanha da Desfraternidade não é só de “milícias religiosas católicas”, luteranas também!
O texto da cartilha da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 traz dados do Atlas da Violência e da ONG Grupo Gay da Bahia, denunciando o assassinato de 420 pessoas desse grupo em 2018! Explica, então, que tais “homicídios são efeitos do discurso de ódio, do fundamentalismo religioso, de vozes contra o reconhecimento dos direitos” dessa população e de outros grupos perseguidos e vulneráveis.
O texto da cartilha afirma que “na lógica da necropolítica, a humanidade do outro é negada. São estimuladas as políticas de inimizade. A violência praticada pelo Estado é legitimada e justificada. No caso brasileiro, os sinais de necropolítica são perceptíveis em setores de Segurança Pública, que é altamente violenta e repressiva contra pessoas negras e pobres”. A pastora luterana Romi Márcia Bencke, secretária executiva do Conic, foi alvo preferencial das ofensas.
A Câmara Episcopal da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) manifestou “total apoio e compromisso” ao trabalho “missionário e evangelizador” realizado pelo Conic, “em especial através da incansável dedicação de sua Secretária Geral, pastora Romi Bencke”. O tema da Campanha, enfatizam os bispos anglicanos, se mostra cada dia mais urgente e necessário, num país onde “o ódio, o desrespeito à dignidade humana, todas as formas de discriminação, a naturalização de desigualdades, violência e injustiça estão, lamentável, e tristemente, na ordem do dia”.
Causa espanto e temor, expressa nota da Aliança de Batistas do Brasil (ABB), “que precisemos defender de pessoas ditas cristãs aquilo que há de mais belo e cristão nessa nossa CFE-2021: a compreensão de que o Evangelho nos obriga a amar ao próximo como a si mesmo. E isso não é ‘ideologia’, ‘comunismo’, ou quais outros adjetivos que pensem usar como forma de violência. Não, é puro e simples – porém radical – Evangelho de Jesus de Nazaré”. A maneira como agimos diante de quem sofre é o único parâmetro válido da nossa ortodoxia, enfatizam batistas.
O Conselho Curador da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU) solidariza-se com a diretoria do Conic e agradece à comissão ecumênica que preparou o texto base da Campanha da Fraternidade Ecumênica, representantes de oito instituições: IECLB, IPU, ABB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), IEAB, Igreja Siriana Ortodoxa de Antioquia, Igreja Betesda e Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP). “Reconhecemos nesses irmãos e nessas irmãs o testemunho cristão marcado pela coerência profética, por sólido fundamento teológico e pelo histórico de compromisso ecumênico”, afirmam presbiterianos.
Também destacam que a Campanha da Fraternidade Ecumênica “representa bem nossas convicções cristãs ecumênicas e seu tema e lema são oportunos para a proclamação do testemunho profético no momento histórico em que vivemos tantas divisões em nossa sociedade e boa parte delas criadas por instituições e pessoas que se identificam como cristãs”.
“Não queremos muros de divisão, mas pontes de aproximação e comunhão”, diz a nota da presidência da IECLB. Ela presta solidariedades à pastora Romi Márcia Bencke e lamenta que pessoas, que não entendem “a necessidade e a magnitude desta ação”, afrontem e agridam a iniciativa ecumênica.
Embora manifestasse apoio, a nota da presidência da CNBB preocupa-se antes em se resguardar das críticas internas, ao explicar às congregações que a cartilha da CFE não se trata “de um texto ao estilo que ocorreria caso fosse preparado pela comissão da CNBB”. A nota da presidência do organismo católico recebeu duro comentário da filósofa, teóloga e religiosa católica Ivone Gebara (que pode ser lida aqui). Ela pretende o nascimento de um ecumenismo orgânico, mais verdadeiro, que substitua a morte do ecumenismo institucional.
A CNBB enfatiza, pois, no final da nota, que dificuldades levantadas para a realização de uma Campanha da Fraternidade e da caminhada ecumênica não devem levar ao desânimo e romper a comunhão. “Não desanimemos. Não desistamos. Unamo-nos”, exorta. A nota lembra, ainda, que já pronto o texto-base “fomos presenteados com a Fratelli Tutti, (Carta Encíclica do papa, de 20 de outubro de 2020, sobre a fraternidade e a amizade social) que recomendamos vivamente” fosse também utilizada como subsídio para a CFE.
A Campanha da Fraternidade é uma iniciativa da CNBB, desde 1960, que convida à reflexão, sempre no tempo da Quaresma, sobre temas da vida religiosa, comunitária, social, mundial. Desde 2000, por uma deferência da CNBB, a Campanha foi aberta para ser ecumênica, de cinco em cinco anos. Assim, a CFE 2021 está na sua quinta edição.
A redação do texto-base da Campanha é um processo coletivo de construção, que, para 2021, teve início no final de 2019. Dela participaram pessoas de diferentes áreas do conhecimento, em especial da sociologia, ciência política e teologia.
A parte bíblica contou com a colaboração de biblistas das igrejas cristãs afiliadas ao Conic. O texto passou, então, pela análise de uma Comissão Ecumênica, formada por oito integrantes, seis indicad@s pelas igrejas-membros, mais duas pessoas representativas. A cartilha nunca foi trabalho de “uma só pessoa”, como informado, maldosamente, em postagens nas redes sociais. Por isso, cerca de 200 organizações da sociedade civil lançaram nota de solidariedade à pastora Romi e ao Conic. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Edith Bruck: "com o Papa, um abraço entre irmãos".
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Em uma entrevista ao Vatican News, a escritora húngara expressa a emoção vivida pela visita de Francisco que, no sábado à tarde, foi à sua casa no centro de Roma. "Eu chorei assim que ele chegou. Abracei e beijei ele".
Amedeo Lomonaco – Vatican News
O Papa visita Edith Bruck, sobrevivente de Auschwitz
Edith Bruck nasceu em uma pequena aldeia húngara, em 1931, a última de 6 filhos de uma família pobre de judeus. Em abril de 1944, junto com os pais e dois irmãos, foi deportada para o gueto e, depois, para os campos de concentração de Auschwitz, Dachau e Bergen-Belsen. Ela sobreviveu junto com a irmã Judit, chegando vários anos depois à Itália e estabelecendo-se em Roma.
Em uma entrevista concedida ao jornal vaticano L'Osservatore Romano, em janeiro por ocasião do Dia da Memória, ela lembrou os horrores que viveu durante o trágico período de perseguição nazista. O Papa Francisco quis conhecê-la e foi fazer uma visita privada na sua casa no centro de Roma no último sábado (20). Um encontro que Edith Bruck define como "inimaginável".
Ao Vatican News, ela revela que durante a visita, o Papa recordou vários trechos do seu livro "O pão perdido", publicado pela editora "La nave di Teseo", da série Oceanos.
A entrevista com Edith Bruck
R - Ainda estou em choque positivo. Conversamos por um longo tempo. Ele disse que havia lido o meu livro, citando muitas partes. O Papa chegou às 16h e saiu por volta das 18h. Foi um encontro inexplicável. Ainda estou emocionada. Chorei assim que ele chegou. Abracei e beijei ele. Era uma coisa muito bonita e, com uma voz trêmula, apresentei as poucas pessoas que estavam em casa. O Papa também falou sobre a Shoah. Pediu perdão pessoalmente. Ele falou um pouco da Argentina. Fiquei tão impressionada, que não conseguia pronunciar uma palavra corretamente.
Qual é a sensação de receber o Papa Francisco na própria casa?
R - Não podia imaginar uma coisa assim. Quando o vi na porta, desandei a chorar. Ele também me abraçou. Estávamos os dois cheios de emoção. Não havia como conter a emoção.
O abraço do Papa Francisco foi paternal?
R - Sim, de fato, disse: somos irmãos.
Portanto, um encontro entre irmãos que também foi de muita convivência...
R - O Papa comeu um bolo com ricota. Preparei uma bela poltrona com almofadas. E, então, lhe dei uma poesia minha que ele apreciou muito. Estávamos todos atônitos. Foi verdadeiramente um encontro inimaginável. Ele ficou quase duas horas. Foi uma coisa incrível vê-lo em casa. Fiquei muito emocionada.
Vamos recordar aqueles horrores vividos no campo de concentração de Auschwitz, onde a senhora conheceu o mal absoluto. Mas mesmo naquela escuridão, viveu momentos de luz.
R - Sim, contei isso ao Papa. Eu chamo de as cinco luzes. Eu lhe contei sobre as cinco luzes. O Papa disse que sabia de tudo. E lembrava do meu livro quase linha por linha.
E também lembrou o Papa que naquele período dramático houve também um pequeno gesto cheio de vida. Foi feito por um cozinheiro....
R - Eu também contei esse episódio. O Papa também lembrava disso. No campo de concentração em Dachau, um cozinheiro me disse: qual é o seu nome? E me presenteou um pente. O Papa recordou o episódio do pente. Enquanto conversávamos, o Papa e eu estávamos na mesma linha humana.
Os seus pais e um dos seus irmãos não sobreviveram. A senhora disse que foi salva por causa da sua irmã....
R - Ela me ajudou muito. Acredito que sem mim, ela não teria sobrevivido. Sem ela, eu também não teria sobrevivido. Ela era quatro anos mais velha do que eu. Me apoiava. Ela pegou inclusive coletes que eu não conseguia mais arrastar. É claro, nós nos apoiamos mutuamente. Agora, infelizmente, ela se foi. Ela desmaiou quatro vezes e eu gritava: não me deixe! Já passei por coisas alucinantes. Tudo o que vivi não pode ser contado nem escrito em mil livros. Não se pode descrever a dor, a indignação moral. Nunca se poderá contar tudo, mesmo que eu não faça outra coisa que contar e escrever.
Por falar em contar e recordar, um soldado alemão que separou a senhora da sua mãe ao chegar no campo de concentração, na verdade, salvou a sua vida...
R - Sim, isso aconteceu logo na chegada. Eu estava com a minha mãe. Eles tinham me conduzido com a minha mãe ao crematório do lado esquerdo. Mas o último soldado alemão tinha sussurrado e me disse para ir à direita. Naquele momento, eu não entendia o que ele queria dizer. Eu me agarrei à carne de minha mãe. Eu não queria deixá-la. Finalmente, o soldado, não sabendo como nos separar, bateu na minha mãe com um fuzil. Ela caiu e eu nunca mais a vi. Ele também me bateu e me arrastou até que eu estivesse do lado direito. Eu não sabia que naquele momento ele estava tentando me salvar.
Hoje, a senhora compartilhou algumas dessas lembranças com o Papa Francisco. Um dia indelével que cicatriza a memória com a esperança....
R - O Papa também ficou muito triste com esses inocentes que foram aniquilados. Mas há sempre esperança. Há sempre uma pequena luz, mesmo na escuridão total. Sem esperança, não podemos viver. Nos campos de concentração, bastava um alemão olhando para você com um olhar humano. Bastava um gesto. Bastava um olhar humano. Eles me deram uma luva com furos, me deixaram um pouco de geleia na marmita. Ali estava a vida, dentro. Aquela é esperança. Fonte: https://www.vaticannews.va
Uma semana de proteção...
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UMA SEMANA DE PROTEÇÃO: Por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm, direto do Carmo de Angra dos Reis/RJ. Segunda-feira, 22 de fevereiro-2021. www.instagram.com/freipetronio
NOTA: Araraquara entra em lockdown para frear disseminação de covid-19. Das 12h de hoje (21) até 23h59 da próxima terça-feira (23), a cidade de Araraquara, no interior paulista, está em lockdown, com proibição de circulação nas ruas. O objetivo é tentar frear a disseminação de novas cepas do coronavírus que circulam no município. Araraquara fica a 270 quilômetros (km) da capital paulista, com população estimada em 238, 3 mil pessoas. Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
Papa faz visita surpresa à casa de sobrevivente do Holocausto
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O Papa Francisco visita a poetisa e sobrevivente do Holocausto, Edith Bruck, na casa dela em Roma, na Itália, no sábado (20) — Foto: Vatican Media/Handout via Reuters
Visita a autora húngara Edith Bruck, que tem 89 anos e vive em Roma, foi homenagem a todos que foram mortos pela 'insanidade' nazista, segundo Vaticano. Porta-voz disse que os dois conversaram sobre o que ela viveu nos campos de concentração e o quanto é importante que futuras gerações tenham consciência do que aconteceu.
Por Reuters
O Papa Francisco visita a poetisa e sobrevivente do Holocausto, Edith Bruck, na casa dela em Roma, na Itália, no sábado (20) — Foto: Vatican Media/Handout via Reuters
O Papa Francisco fez uma visita surpresa neste sábado (20) à casa de Edith Bruck, autora húngara e sobrevivente do Holocausto, e prestou homenagem a todos que foram mortos pela “insanidade” nazista.
Bruck, de 89 anos, que vive em Roma, nasceu em uma família judaica pobre e foi levada a uma série de campos de concentração, nos quais perdeu o pai, a mãe e o irmão.
Um porta-voz do Vaticano, que anunciou a visita após ela ter acabado, disse que os dois conversaram sobre o que ela viveu nos campos de concentração e o quanto é importante que futuras gerações tenham consciência do que aconteceu.
“Eu vim agradecer pelo seu testemunho e prestar homenagem às pessoas martirizadas pela insanidade do populismo nazista”, teria dito o papa à Bruck segundo o Vaticano.
Bruck, que vive na Itália há décadas e escreve em italiano, tinha aproximadamente 13 anos quando foi levada para Auschwitz na Polônia ocupada pela Alemanha ao lado da sua família.
Sua mãe morreu em Auschwitz, e seu pai, em Dachau, na Alemanha, para onde ela foi levada posteriormente. Em Dachau, ela cavou trincheiras e construiu ferrovias, disse recentemente ao jornal do Vaticano, "Osservatore Romano". Fonte: https://g1.globo.com
A conversão faz-nos bem: 1º Domingo da Quaresma- Ano Litúrgico B.
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A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Marcos 1,12-15, que corresponde ao 1° Domingo de Quaresma, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
A chamada à conversão evoca quase sempre em nós a memória do esforço exigente, próprio de todo o trabalho de renovação e purificação. No entanto, as palavras de Jesus, «Convertei-vos e acreditai na Boa Nova», convidam-nos a descobrir a conversão como um passo para uma vida mais completa e gratificante.
O Evangelho de Jesus vem dizer-nos algo que nunca devemos esquecer: «É bom converter-se. Faz-nos bem. Permite-nos experimentar um modo novo de viver, mais saudável e alegre. Dispõem-nos a entrar no projeto de Deus para construir um mundo mais humano». Alguém se perguntará: mas, como viver essa experiência? Que passos dar?
O primeiro é parar. Não termos medo de ficar sozinhos conosco mesmos para nos fazermos as perguntas importantes da vida: quem sou eu? O que estou fazendo com a minha vida? É isto o único que quero viver?
Este encontro consigo mesmo requer sinceridade. O importante é não continuarmos a enganar-nos por mais tempo. Procurar a verdade do que estamos vivendo. Não nos empenharmos em ocultar o que somos e parecer o que não somos. É possível que experimentemos então o vazio e a mediocridade. Apresentam-se diante de nós atuações e posturas que estão arruinando nossa vida. Não é isto o que teríamos querido. No fundo desejamos viver algo melhor e mais alegre.
Descobrir como estamos prejudicando nossa vida não tem que nos afundar no pessimismo ou no desespero. Esta consciência de pecado é saudável. Dignifica-nos e ajuda-nos a recuperar a autoestima. Nem tudo é mau e ruim em nós. Dentro de cada um atua sempre uma força que nos atrai e empurra para o bem, o amor e a bondade. É Deus que quer uma vida mais digna para todos.
A conversão exige-nos sem dúvida introduzir mudanças concretas na nossa forma de atuar. Mas a conversão não consiste nessas mudanças. Ela própria é a mudança. Converter-se é mudar o coração, adotar uma nova postura na vida, tomar uma direção mais saudável. Colaborar no projeto de Deus.
Todos, crentes e menos crentes, podem dar os passos mencionados até aqui. A sorte do crente é poder viver esta experiência abrindo-se confiadamente a Deus. Um Deus que se interessa por mim mais do que eu próprio, para resolver não os meus problemas, mas «o problema», essa minha vida medíocre e fracassada que parece não ter solução. Um Deus que me entende, me espera, me perdoa e que me quer ver viver de forma mais plena, alegre e gratificante.
Por isso o crente vive a sua conversão invocando Deus com as palavras do salmista: «Tem misericórdia de mim, Ó Deus, segundo a tua bondade. Lava-me completamente da minha culpa, limpa o meu pecado. Cria em mim um coração limpo. Renova-me por dentro. Devolve-me a alegria da tua salvação» (Sal 51). Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Secretaria para a Economia divulga orçamento da Santa Sé para 2021
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Também devido à crise econômica provocada pela pandemia, o déficit previsto para este ano será de 49,7 milhões de euros.
Vatican News
Na noite de quinta-feira, 18, o Santo Padre concedeu o nulla osta ao Orçamento 2021 da Santa Sé, proposto pela Secretaria para a Economia e discutido e aprovado na terça-feira, 16 de fevereiro, pelo Conselho para a Economia.
Com receitas totais de 260,4 milhões de euros e despesas de 310,1 milhões de euros, a Santa Sé prevê um déficit de 49,7 milhões de euros em 2021, fortemente afetado pela crise econômica provocada pela pandemia de Covid-19.
Pela primeira vez, com o objetivo de dar maior visibilidade e transparência às transações econômicas da Santa Sé - como reiteradamente solicitado pelo Santo Padre - o Orçamento 2021 consolida o fundo do Óbolo de São Pedro e todos os fundos dedicados.
Com entradas de cerca 47,3 milhões de euros e desembolsos em favor de terceiros beneficiários de 17 milhões de euros, a Santa Sé prevê um saldo líquido de 30,3 milhões de euros destes fundos. Excluindo o Óbolo e os fundos dedicados, o déficit da Santa Sé seria de 80 milhões de euros em 2021.
As receitas diminuíram 21% (48 milhões de euros) em relação a 2019, devido à redução da atividade comercial, serviços e atividade imobiliária, bem como de donativos e contribuições.
O orçamento reflete também um esforço significativo de contenção de custos, com despesas operacionais - excluindo despesas de pessoal, reduzidas em 14% (24 milhões de euros) em relação a 2019.
A manutenção dos postos de trabalho continua a ser uma prioridade para o Santo Padre nestes tempos difíceis. Coerentemente com a sua missão, a maior parte dos recursos da Santa Sé em 2021 será dedicada ao apoio às atividades apostólicas, equivalente a 68% das despesas totais, enquanto 17% se destinam à gestão do patrimônio e de outros bens, e 15% à atividade de administração e serviços. Se o nível de doações se mantiver dentro do previsto, o déficit será coberto com o uso de parte das reservas da Santa Sé. Fonte: https://www.vaticannews.va
1° Domingo da Quaresma: Um Olhar
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Frei Jorge Van Kampen, Carmelita. In Memoriam. (*17/04/1932 + 08/08/2013)
Liturgia da Palavra de Deus. (Gen. 9,8-15) (1 Pe. 3,18-22) ( Mar. 1,12-15)
Já sabemos, que a pessoa humana não vive só para trabalhar, mas mesmo assim o trabalho ocupa um tempo espaçoso na nossa vida. Mas quem trabalha, é respeitado e considerado uma pessoa digna. Para qualquer trabalho olhamos para a capacidade técnica da pessoa. Por isso pessoas, que não trabalham mais, perdem facilmente sua consideração, e elas tem a impressão, que não são mais importantes para viver; não são mais valorizados e estão perdendo a sua auto-confiança. Idosos com 65 anos devem aposentar-se, mais muitos sentem uma dificuldade para descansar na vida, principalmente quando são levados para o “lar dos velhinhos” ou asilo. Jesus chama todos a continuar o seu trabalho pela salvação do mundo.
Deus colocou sinais na obra da criação. Pedro nos lembra, que devemos renovar nossa sociedade. Para seguir Cristo devemos assumir com coragem a nossa missão.
Reflexão.
O tempo da quaresma é para nós uma ocasião para fazer uma revisão da nossa vida, ou como nós dizemos: fazer uma confissão dos nossos pecados. Falar sobre o pecado não é nada fácil, porque é sempre uma conversa pessoal. Mas, como sabemos, o dinamismo da vida gira em torno do pecado.
A nação do pecado se refere muito mais sobre a transgressão de normas e leis do que sobre a fuga dos nossos valores vitais. O catecismo nos ensina: “Pecado é uma transgressão voluntária da Lei de Deus”. E esta Lei de Deus é explicada a partir de grande número de Leis e prescrições. Assim o pecado tornou-se uma transgressão da Lei. Podia-se determinar, quando havia pecado e quando não havia. O “porque” da transgressão pouco interessava. A partir desta consciência do pecado podia-se determinar a gravidade do pecado. Sabemos, que este julgamento sobre o pecado é perigoso. Depende muito da nossa visão das coisas.
Quando cometemos falhas, que afetam a nossa felicidade ou a felicidade dos outros, então podemos falar da existência do pecado. Estamos prejudicando a nossa pessoa ou a vida dos outros, e concluímos que a ocasião da tentação não aumenta a nossa felicidade. O pecado prejudica a nossa felicidade e a felicidade dos outros. Deus só quer uma coisa, e que tanto apareceu na vida de Jesus: que contribuímos para a felicidade dos outros, e que realizamos a nossa felicidade.
Resposta à Palavra de Deus.
Jesus pede duas atitudes no início da quaresma: - Convertam-se: mudem de mentalidade: aceitem os idosos como os seus irmãos.
- Creiam na Palavra do Evangelho: a Palavra do Evangelho deve ser a nossa palavra: lutemos para que os idosos sejam respeitados.
'Num tempo de fanatismos e polarizações, equilíbrio entre fé e ciência tem sido difícil', afirma secretário-geral da CNBB
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Dom Joel Portella Amado, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil Foto: Divulgação CNBB
Dom Joel Portella Amado fala sobre reação de grupos que pedem boicote à Campanha da Fraternidade 2021, que condena a violência contra mulheres, negros, indígenas e LGBTQI+
Raphaela Ramos
RIO — Na última quarta-feira, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) lançaram a Campanha da Fraternidade de 2021, com um texto-base que desagradou grupos conservadores. Com o tema "Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, a campanha critica a violência contra mulheres, negros, indígenas e LGBTQI+, além de desaprovar discursos negacionistas e a falta de políticas efetivas no combate à Covid-19.
Para dom Joel Portella Amado, secretário-geral da CNBB e bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, reações como as críticas e ataques que foram feitos nas redes sociais podem surgir devido à "mentalidade polarizada" que cresce no mundo todo e também no Brasil.
— Num tempo de fanatismos e polarizações, o equilíbrio entre fé e ciência tem sido difícil — afirma o bispo, que também destaca que a indiferença com o outro está se tornando "um estilo de vida", contribuindo para gerar violência, critica os "fura-filas" na vacinação contra a Covid-19 e propõe a autocrítica entre os religiosos.
Em entrevista ao GLOBO, ele respondeu, por escrito, perguntas sobre a campanha e a escolha do tema deste ano, a atuação da CNBB em relação a eles, as reações ao texto-base e seus possíveis impactos.
Como foi a escolha do tema da Campanha da Fraternidade deste ano?
Os temas das Campanhas da Fraternidade são escolhidos com uma antecedência média de dois anos. São considerados dois aspectos: a realidade vivenciada pelo país e os temas anteriores. O tema de 2021, fraternidade e diálogo, faz parte de uma sequência que se iniciou em 2016 e, pelo menos até o momento, deverá chegar a 2022. Ao pensar a Campanha de 2021, propusemos ao Conic que se abordasse a questão do diálogo como postura humana e social indispensável para se conseguir tudo que as campanhas anteriores vinham propondo. Após análise e consultas, o Conic aceitou.
O texto-base traz um posicionamento contra a violência contra as mulheres, negros, indígenas e LGBTQI+. Por que a CNBB decidiu se posicionar sobre esses temas?
A Igreja Católica traz em seu DNA a defesa da vida como condição irrenunciável. Como sabido, entende a vida desde a concepção até a morte natural. Em consequência, atua na defesa da vida ameaçada, seja que vida for. Se está vulnerável, recebe a atenção da Igreja Católica. O texto-base da CFE 2021, seguindo um estilo literário próprio do Conic, indicou algumas situações. Essas, porém, são exemplos de muitas outras que também experimentam a vulnerabilidade. Por isso, não se trata de uma postura nova da CNBB, mas da continuidade de um histórico longo de solidariedade. Basta lembrar tudo que a CNBB fez durante, por exemplo, o período da ditadura militar no Brasil.
Qual a importância de falar sobre esses temas?
É o chamado de atenção para a sociedade brasileira de que não podemos construir um país, uma sociedade de indiferentes, para os quais a dor das outras pessoas nada me diz porque não me atinge. Sabemos que a indiferença mata, pois não se mata apenas por comissão, mas também por omissão, por braços cruzados, por virar as costas. Se, por um lado, sempre houve indiferentes na face da Terra, qualquer pessoa observa e sente na pele que esta indiferença está se tornando um estilo de vida, uma opção que solidifica o egoísmo e gera a violência. Basta ver a lamentável situação dos fura-filas na vacinação contra a Covid-19. Por isso, é tão importante alertar para o fato de que há seres humanos sofrendo. Se, no texto-base, há uma lista, essa lista não é exaustiva. Ela destaca alguns exemplos que preocupam as Igrejas que compõem o Conic, mas deve ser lida em abertura a tantas outras situações de pessoas sofrendo.
O fato de a campanha incluir temas como a crítica à violência contra pessoas LGBTQI+ representa um passo da igreja para avançar em questões referentes a essa população?
De algum modo, já respondi a essa questão. A Igreja Católica olha as pessoas, se preocupa por elas, defende a vida. Por isso, critica qualquer forma de violência a um ou outro grupo, com olhar mais atento para onde a vulnerabilidade é maior.
Outro ponto mencionado foi a falta de políticas efetivas no combate à Covid-19 e o negacionismo científico, citando inclusive igrejas que permaneceram abertas contrariando orientações de distanciamento. Esse posicionamento tem relação com o contexto de polarização que o país vive?
A polarização foi um dos motivos que levou à sugestão e depois à decisão de abordar o tema diálogo. De fato, vivemos uma triste e generalizada situação em que, por um lado, temos uma sociedade culturalmente plural, mas, por outro, uma forte inaceitação de quem pensa diferente. A solução que parece estar sendo mais divulgada e aceita é a da violência, com consideração do diferente como inimigo e, consequentemente, alguém até mesmo a ser abatido. Foi, portanto, para tratar dessa barbárie que o tema do diálogo foi escolhido. Queremos dizer que uma outra forma de enfrentar as polarizações é possível, viável e necessária. Ela se encontra no diálogo.
E como se dá essa relação entre fé e ciência, entre os cristãos, durante a pandemia?
Esse é um tema que atravessa séculos, com o pêndulo indo para um lado e para o outro. O Conic, ao elaborar o texto-base, quis chamar a atenção para o fato de que, também entre os religiosos, existem atitudes que precisam ser revistas. Ninguém é perfeito. Num tempo de fanatismos e polarizações, o equilíbrio entre fé e ciência tem sido difícil, um lado desejando extinguir o outro, quando, na verdade, diante de um ser humano que é racionalidade e transcendência, as duas dimensões precisam encontrar articulação, diálogo portanto.
A CNBB tem a clara postura de se manifestar em favor das orientações dos cientistas, orientações que não mudaram desde o início da pandemia e que, a meu ver, não mudarão em curto prazo. Não temos vacinas. Não temos plano de vacinação. Ao mesmo tempo, nos assustamos com as vergonhosas aglomerações que vêm acontecendo. Reconheço que as pessoas estão cansadas, deprimidas mesmo. Isso, porém, não autoriza que se fechem os ouvidos às orientações dos cientistas. Nessa pandemia, somos todos responsáveis, cabendo, portanto, a cada um fazer a sua parte.
O texto-base da campanha tem provocado reações entre alguns grupos cristãos, com críticas e ataques nas redes sociais e sugestões de boicote. Por que acredita que isso aconteceu? Já era esperado?
Em razão exatamente da mentalidade polarizada que cresce no mundo todo e também no Brasil, esse e outros tipos de reação podem surgir. O mundo, pelo menos o ocidental, está passando por uma fase de reorganização. Momentos históricos como esse de nossos dias geram posturas radicais, fundamentalistas ou que outro nome possam ter. O importante é que, numa sociedade que se queira democrática, todos têm direito à manifestação. Importa que assumam a responsabilidade pelo que vierem a dizer e fazer. Aqui está, a meu ver, a grande diferença entre falar, mostrar, indicar e, do outro lado, acusar, atacar e sugerir boicotes. Se queremos o bem e a paz, não vamos conseguir com ataques e outras posturas violentas. Só vamos conseguir com o diálogo, tema da campanha.
Também receberam manifestações de apoio?
Sim, ao mesmo tempo que esses grupos mencionados têm se manifestado nas redes sociais, temos igualmente recebido o apoio de muitos mais, preocupados com a paz, com o diálogo e com o respeito. Esse não é, na história da Igreja, um fato novo. Em uma família, nem todos pensam igual e seria muito ruim se houvesse a família ou a sociedade do pensamento uniformizado, com clones. A diferença de pensamentos é importante. Entretanto, ela precisa ser vivenciada na maturidade do diálogo. Caso contrário, o que se faz é suscitar perplexidade e mesmo violência. Temos visto algumas situações assim mundo afora.
Qual a sua avaliação sobre essa repercussão e como a CNBB se posiciona em relação a essas críticas?
Repito que temos buscado colocar a repercussão no seu devido lugar, ou seja, mensurando entre esses posicionamentos e os outros. Em sua história, a CNBB sempre ouviu as críticas, avaliando e verificando se, de fato, procedem. Assim temos feito também com as críticas mencionadas. A Presidência da CNBB mantém contato diário, pois os recursos virtuais assim os permitem. As diversas assessorias também são ouvidas e, quando necessário, os diversos conselhos da entidade são igualmente chamados a se pronunciar.
Um dos objetivos da campanha é arrecadar recursos para os Fundos Diocesanos e Nacional da Solidariedade. Acredita que essa reação possa trazer impactos para a arrecadação deste ano?
O Fundo Nacional de Solidariedade é uma experiência muito significativa na vida da Igreja no Brasil, e se constrói exclusivamente da generosidade que se manifesta na coleta feita no Domingo de Ramos, com 60% ficando com a diocese arrecadadora e 40% sendo enviados para a CNBB para atender em média a 200 projetos anualmente. O importante é destacar que tudo isso só acontece se houver a generosidade das pessoas. Em 2020, não houve arrecadação. O Fundo zerou por completo. Este ano, como a pandemia não está vencida, corremos o risco de viver a mesma experiência. Isso preocupa porque são situações muito sofridas, por exemplo, a fome.
Por isso, as campanhas contra a generosidade das pessoas, além de manifestarem desconfiança em relação à gestão do fundo e à destinação dos recursos, estimulam a que não se pratique a caridade. Isso significa não viver o Evangelho, querer levar outras pessoas a não viverem e fazer com que os mais pobres, que seriam beneficiados com os recursos do Fundo, não sejam atendidos. Eu me pergunto o que existe de cristão nessa atitude. Graças a Deus e à generosidade dos brasileiros e brasileiras, havendo possibilidade de se realizar a coleta, os recursos chegarão. Por isso, temo mais a pandemia que tanto nos tem maltratado. Essa, sim, é preocupante. Fonte: https://oglobo.globo.com
Sexta- feira depois das Cinzas. 19 de fevereiro-2021. Evangelho do Dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, assisti com vossa bondade a penitência que iniciamos, para que vivamos interiormente as práticas da Quaresma. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 9, 14-15)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 14os discípulos de João, dirigindo-se a Jesus, perguntaram: "Por que jejuamos nós e os fariseus, e os teus discípulos não?" 15Jesus respondeu: Podem os amigos do esposo afligir-se enquanto o esposo está com eles? Dias virão em que lhes será tirado o esposo. Então eles jejuarão. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje é uma versão abreviado do evangelho que já meditamos no dia 21 de janeiro, onde nos foi proposto o mesmo assunto do jejum (Mc 2,18-22), mas com uma pequena diferença. A liturgia de hoje omitiu os acréscimos sobre o remendo novo em pano velho e sobre vinho novo em odre velhos (Mt 9,16-17), e concentrou a sua atenção no jejum.
Jesus não insiste na prática do jejum. O jejum é um costume muito antigo, praticado em quase todas as religiões. O próprio Jesus praticou-o durante quarenta dias (Mt 4,2). Mas ele não insiste com os discípulos para que façam o mesmo. Deixa a eles a liberdade. Por isso, os discípulos de João Batista e dos fariseus, que eram obrigados a jejuar, querem saber porque Jesus não insiste no jejum.
Enquanto o noivo, está com eles não precisam jejuar. Jesus responde com uma comparação. Enquanto o noivo está com os amigos do noivo, isto é, durante a festa do casamento, estes não precisam jejuar. Jesus se considera o noivo. Os discípulos são os amigos do noivo. Durante o tempo em que ele, Jesus, estiver com os discípulos, é festa de casamento. Chegará o dia em que o noivo vai ser tirado. Aí, se eles quiserem, poderão jejuar. Nesta frase Jesus alude à sua morte. Sabe e sente que, se ele continuar neste caminho de liberdade, as autoridades religiosas vão querer matá-lo.
O jejum e a abstinência de carne são práticas universais e bem atuais. Os muçulmanos têm o jejum do mês do Ramadan, durante o qual não comem nem bebem, desde o nascer até o pôr do sol. Cada vez mais, há pessoas que, por motivos diversos, se impõem a si mesmas alguma forma de jejum. O jejum é um meio importante para se chegar a um domínio de si mesmo, a um auto-controle, como existe em quase todas as religiões e como é apreciado pelos esportistas.
A Bíblia faz muita referência ao jejum. Era uma forma de se fazer penitência e provocar a conversão. Através da prática do jejum, os cristãos imitavam Jesus que jejuou quarenta dias. O jejum visa alcançar a liberdade da mente, o controle de si, uma visão crítica da realidade. É um instrumento para manter livre a mente e para não se deixar levar por qualquer vento. Através do jejum, a clareza da mente aumenta. É também uma forma de cuidar melhor da saúde. O jejum pode ser uma forma de identificação com os pobres que fazem jejum forçado o ano inteiro e raramente comem carne. Existe o jejum como protesto: Dom Luis Cappio.
Mesmo que hoje não se pratique mais o jejum e a abstinência, o objetivo que estava na base desta prática continua inalterada como força que deve animar a nossa vida: participar na paixão, morte e ressurreição de Jesus. Doar a vida para poder possuí-la em Deus. Tomar consciência de que o compromisso com o Evangelho é uma viagem sem retorno, que exige perder a vida para poder possuí-la e reencontrar tudo na total liberdade.
4) Para um confronto pessoal
1) Qual a forma de jejum você faz? E se não faz, qual a forma que você poderia fazer?
2) Como o jejum pode ajudar-me a preparar-me melhor para a festa de páscoa?
5) Oração final
Ó Deus, tem piedade de mim, conforme a tua misericórdia; no teu grande amor cancela o meu pecado. Lava-me de toda a minha culpa, e purifica-me de meu pecado. (Sl 50, 3-4)
Campanha da Fraternidade- 2021: Abertura em Angra
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Missa de Cinzas: Homilia do Frei Petrônio de Miranda, O. Carm- Na abertura da Campanha da Fraternidade-2021 em Angra dos Reis/RJ- Diocese de Itaguaí. Quarta-feira de Cinzas. 17 de fevereiro-2021. www.instagram.com/freipetronio
Quinta- feira depois das Cinzas. 18 de fevereiro-2021. Evangelho do Dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Inspirai, ó Deus, as nossas ações e ajudai-nos a realizá-las, para que em vós comece e termine tudo aquilo que fizemos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 9,22-25)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 22Jesus acrescentou: É necessário que o Filho do Homem padeça muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas. É necessário que seja levado à morte e que ressuscite ao terceiro dia. 23Em seguida, dirigiu-se a todos: Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me. 24Porque, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem sacrificar a sua vida por amor de mim, salvá-la-á. 25Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vem a perder-se a si mesmo e se causa a sua própria ruína? - Palavra da salvação.
3) Reflexão
Ontem entramos na Quaresma. Até agora a liturgia diária seguia o evangelho de Marcos, passo a passo. A partir de hoje até o dia de Páscoa, a seqüência das leituras diárias será dada pela tradição antiga da quaresma com suas leituras próprias, já fixas, que nos ajudarão a entrar no espírito da quaresma e da preparação para a Páscoa. Já desde o primeiro dia, a perspectiva é a Paixão, Morte e Ressurreição e o significado deste mistério para a nossa vida. É o que nos é proposto pelo texto bem pequeno do evangelho de hoje. O texto fala da paixão, morte e ressurreição de Jesus e afirma que o seguimento de Jesus implica em carregar a cruz atrás de Jesus.
Pouco antes em Lucas 9,18-21, Jesus tinha perguntado: “Quem diz o povo que eu sou?”. Eles responderam relatando as várias opiniões: -“João Batista”. -“Elias ou um dos antigos profetas”. Depois de ouvir as opiniões dos outros, Jesus perguntou: “E vocês, quem dizem que eu sou?”. Pedro respondeu: “O Cristo de Deus!”, ou seja, o senhor é aquele que o povo está esperando! Jesus concordou com Pedro, mas proibiu de falar sobre isto ao povo. Por que Jesus proibiu? É que naquele tempo todos esperavam o messias, mas cada um do seu jeito: uns como rei, outros como sacerdote, doutor, guerreiro, juiz, ou profeta! Jesus pensa diferente. Ele se identifica com o messias servidor e sofredor, anunciado por Isaías (Is 42,1-9; 52,13-53,12).
O primeiro anúncio da paixão. Jesus começa a ensinar que ele é o Messias Servidor e afirma que, como o Messias Servidor anunciado por Isaías, será preso e morto no exercício da sua missão de justiça (Is 49,4-9; 53,1-12). Lucas costuma seguir o evangelho de Marcos, mas aqui ele omitiu a reação de Pedro que desaconselhava Jesus de pensar no messias sofredor e omitiu também a dura resposta: “Vá embora Satanás! Você não pensa as coisas de Deus, mas as dos homens!” Satanás é uma palavra hebraica que significa acusador, aquele que afasta os outros do caminho de Deus. Jesus não permite que Pedro o afaste da sua missão.
Condições para seguir Jesus. Jesus tira as conclusões que valem até hoje: Quem quiser vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me! Naquele tempo, a cruz era a pena de morte que o império romano impunha aos criminosos marginais. Tomar a cruz e carregá-la atrás de Jesus era o mesmo que aceitar ser marginalizado pelo sistema injusto que legitimava a injustiça. Era o mesmo que romper com o sistema. Como dizia Paulo na carta aos Gálatas: “O mundo é um crucificado para mim, e eu um crucificado para o mundo” (Gl 6,14). A Cruz não é fatalismo, nem é exigência do Pai. A Cruz é a conseqüência do compromisso livremente assumido por Jesus de revelar a Boa Nova de que Deus é Pai e que, portanto, todos e todas devem ser aceitos e tratados como irmãos e irmãs. Por causa deste anúncio revolucionário, ele foi perseguido e não teve medo de dar a sua vida. Prova de amor maior não há, que doar a vida pelo irmão.
4) Para um confronto pessoal
1) Todos esperavam o messias, cada um do seu jeito. Qual o messias que eu espero e que o povo hoje espera?
2) A condição para seguir Jesus é a cruz. Como me situo frente às cruzes da vida?
5) Oração final
Feliz o homem que não procede conforme o conselho dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores, nem se assenta entre os escarnecedores. Feliz aquele que se compraz no serviço do Senhor e medita sua lei dia e noite. (Sl 1, 1-2)
Campanha da Fraternidade 2021 critica violência contra mulheres, negros, indígenas e LGBTQI+
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Iniciativa lançada nesta quarta (17) também desaprova falta de políticas efetivas no combate à Covid-19; posicionamentos despertaram reações entre grupos católicos
Raphaela Ramos
Dom Joel Portella Amado, secretário-geral da CNBB Foto: Reprodução
RIO — A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) lançaram oficialmente nesta quarta-feira (17) a Campanha da Fraternidade de 2021. Com o tema "Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, a iniciativa critica a cultura de violência contra as mulheres, pessoas negras, indígenas e pessoas LGBTQI+.
Também está presente no texto-base da campanha uma crítica a "sinais da necropolítica perceptíveis em setores da segurança pública que é altamente repressiva e violenta contra pessoas negras e pobres", na não regulação de territórios indígenas e quando o "governo brasileiro não adota políticas efetivas no combate à Covid-19".
São citados o assassinato da vereadora Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes e também o de Paulo Paulino, liderança do povo Guajajara, e outros três guardiões da floresta do território indígena Arariboia, no Maranhão.
Outro ponto mencionado são os "recorrentes" discursos negacionistas sobre a realidade e fatalidade da Covid-19, assim como "a negação da ciência e do papel de organismos multilaterais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS)".
Na cerimônia de abertura virtual nesta quarta-feira, dom Joel Portella Amado, secretário-geral da CNBB, lembrou "os mais de 235 mil" brasileiros que morreram pelo coronavírus, e destacou o compromisso de lutar "até onde for possível" para que a pandemia encontre seu término.
— Não podemos negar que o vírus já tão letal em si mesmo encontrou aliados na indiferença, no negacionismo, no obscurantismo, desprezo pela vida — afirmou. — Sejamos aliados na responsabilidade, na lucidez e na fraternidade.
Em seu discurso, o secretário-geral da CNBB também lembrou a morte de George Floyd, que foi sufocado por um policial nos Estados Unidos no ano passado, e a falta de oxigênio em Manaus durante o colapso do sistema de saúde. Ele criticou as radicalizações, a polarização no Brasil e o desrespeito às pessoas, em especial as mais simples e mais fragilizadas.
— O mundo não pode ser organizado a partir da separação, da divisão, do sectarismo, das polarizações, da destruição, nem muito menos da morte, que é consequência de tudo isso — disse dom Joel.
A Campanha da Fraternidade é realizada pela CNBB todos os anos na Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa. Este ano a iniciativa é promovida de forma ecumênica, ou seja, em parceria entre várias Igrejas Cristãs.
Campanha despertou reações
Os temas abordados na Campanha da Fraternidade 2021 provocaram reações entre alguns católicos conservadores, que criticaram o posicionamento nas redes sociais. Alguns grupos pediram boicote à iniciativa, que tem como um dos objetivos arrecadar recursos para os Fundos Diocesanos e Nacional da Solidariedade, "os quais apoiam projetos sociais relacionados à temática da campanha".
Em nota, a CNBB afirmou que o texto da campanha foi elaborado em várias reuniões, seguiu a estrutura de pensamento e trabalho do CONIC e passou por revisão da assessoria teológica do conselho.
"Nos últimos dias, reações têm surgido quanto ao texto. Apresentam argumentos que esquecem da origem do texto, desejando, por exemplo, de uma linguagem predominantemente católica. Trazem ainda preocupações com relação a aspectos específicos, a saber, as questões de gênero", informa a nota.
E continua: "A doutrina católica sobre as questões de gênero afirma que gênero é a dimensão transcendente da sexualidade humana, compatível com todos os níveis da pessoa humana, entre os quais o corpo, a mente, o espírito, a alma. O gênero é, portanto, maleável sujeito a influências internas e externas à pessoa humana, mas deve obedecer a ordem natural já predisposta pelo corpo”.
Em artigo publicado no portal da CNBB, dom Manoel Ferreira dos Santos Junior, Bispo de Registro (SP), afirmou que todos os anos algumas pessoas procuram "polemizar" a campanha, e questionou se o grupo que gera polêmicas é grande ou um grupo pequeno "que faz bastante barulho".
"No texto base da Campanha da Fraternidade, são citados diversos grupos de pessoas marginalizadas em nossa sociedade. Neste mesmo texto, são colocadas estatísticas de violência contra estas minorias. A única coisa que o Conselho das Igrejas Cristãs pede é o diálogo, o amor e a vida para os que são diferentes", escreveu dom Manoel.
Papa Francisco
Em mensagem enviada à CNBB e divulgada durante a cerimônia de abertura nesta quarta-feira, o Papa Francisco reforçou o tema da campanha, pediu orações pelos que morreram durante a pandemia e destacou o serviço dos profissionais da saúde.
"Precisamos vencer a pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida", afirmou. "Neste ano de 2021, com o tema Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor, os fiéis são convidados a sentar-se a escutar o outro e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes um mundo surdo", escreveu o Papa. Fonte: https://oglobo.globo.com
ABERTURA CFE: DOM JOEL PEDE PARA QUE A CELEBREMOS COM O CORAÇÃO ABERTO, AFASTANDO O QUE DIVIDE E BUSCANDO SEMPRE A UNIDADE
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A abertura simbólica e virtual da quinta edição da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE), uma realização da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), aconteceu nesta Quarta-feira de Cinzas, 17 de fevereiro.
O lançamento virtual foi uma escolha das entidades promotoras da Campanha como forma de prevenção da Covid-19. Como constava na programação, às 10h houve a divulgação de um vídeo, por meio das redes sociais da CNBB, com pronunciamentos de representantes das Igrejas que compõem o Conic. Também houve a apresentação da mensagem do Papa Francisco sobre a CFE e a quaresma.
No vídeo, dom Joel Portella Amado (secretário-geral da CNBB) acolheu e saudou a todos e, especialmente, a memória dos mais de duzentos e trinta mil irmãos e irmãs que o coronavírus levou de nosso convívio. “A esses e essas, nossa saudade e nosso compromisso por lutarmos até onde for possível para que essa pandemia encontre o seu término e sejamos capazes de construir um mundo eminentemente marcado pela fraternidade”, disse dom Joel.
“É certo que a fraternidade exige presença, contato, convívio. Mas, exige também maturidade suficiente para podermos viver o distanciamento quando, por razões que nos ultrapassam, ele se faz necessário”, disse o bispo.
Dom Joel enfatizou, no vídeo, que esta Campanha da Fraternidade traz consigo um significado que não podemos perder, que não podemos deixar morrer, sufocar, abafar. “Perplexas pela pandemia, as Igrejas que compõem o CONIC, Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, e algumas Igrejas observadoras uniram-se e identificaram no tema do diálogo a mensagem que nosso tempo necessita”, disse.
Segundo o bispo, é triste ver que nosso tempo vem apresentando a marca das radicalizações, das polarizações, com o desrespeito às pessoas, em especial as mais simples, as mais fragilizadas. “Nosso tempo necessita que radicalizemos a fraternidade e a comunhão, a solidariedade e a partilha”.
O que é o diálogo?
Ainda, em seu depoimento, dom Joel afirmou que não se trata, por certo, de querer que todos pensem do mesmo modo, pois Deus não nos criou clones. “Trata-se, porém, de perceber que a diferença é convite ao encontro, encontro que se faz exatamente através do diálogo”.
É por isso, de acordo com ele, que a Campanha da Fraternidade desse ano, Campanha da Fraternidade Ecumênica, tem como tema não um ou outro aspecto da realidade humana, social, religiosa, econômica ou política.
“Ela une tudo isso e chega aos fundamentos maiores, ou, como costumamos dizer, aos fundamentos últimos do modo como estamos organizando o mundo atualmente. E o mundo não pode ser organizado a partir da separação, da divisão, do sectarismo, das polarizações, da destruição nem muito menos da morte, que é a consequência de tudo isso”.
O secretário-geral da CNBB também afirmou que a fé nos ensina de onde vem a divisão. “Ela nos mostra quem é o divisor. Ao contrário, como nos diz a carta aos Efésios, o Senhor Jesus Cristo uniu, formou um único povo, ainda que as diferenças permaneçam. A Campanha da Fraternidade Ecumênica desse ano nos recorda, a partir da Carta aos Efésios, que Cristo derrubou os muros, ou seja, as razões que o pecado faz surgir para a separação”, disse.
Dom Joel pediu para que não nos esqueçamos de que o tema do diálogo se encontra em linha de continuidade com a Campanha da Fraternidade de 2020. “Ano passado, nós fomos convidados a encontrar caminhos para superar a indiferença e construir relações baseadas no cuidado. E essa construção se dá exatamente por meio do diálogo, da busca em comum, envolvendo partilha de ideias, escuta e discernimento”.
“Por isso, irmãs e irmãos, celebremos mais uma Campanha da Fraternidade, neste ano, uma Campanha da Fraternidade Ecumênica, com o coração aberto, afastando o que divide e buscando sempre a unidade. Onde a dificuldade se fizer presente, façamos do diálogo nosso caminho de solução. Diante da pandemia do coronavírus, o mundo busca vacinas. Diante dos impasses da vida, onde as radicalizações e polarizações se manifestam, vacinemo-nos com o diálogo. Esse o Bom Deus não deixa faltar não”.
Após a exibição do vídeo, jornalistas credenciados puderam participar de uma entrevista coletiva com representantes das igrejas por meio da plataforma Zoom.
A CFE
Neste ano, o tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica é “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”, extraído da carta de São Paulo aos Efésios, capítulo 2, versículo 14.
Realizada pela CNBB todos os anos no tempo da Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa, a Campanha da Fraternidade de 2021 é promovida de forma ecumênica, ou seja, em parceria entre várias Igrejas Cristãs. A CFE 2021 quer convidar os cristãos e pessoas de boa vontade a pensarem, avaliarem e identificarem caminhos para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual. Tudo isso através do diálogo amoroso e do testemunho da unidade na diversidade, inspirados e inspiradas no amor de Cristo.
Gesto concreto
A Campanha da Fraternidade tem como gesto concreto a Coleta Nacional da Solidariedade, realizada no Domingo de Ramos nas comunidades de todo o Brasil. Os recursos são destinados aos Fundos Diocesanos e Nacional da Solidariedade, os quais apoiam projetos sociais relacionados à temática da campanha. Em 2019, o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) distribuiu a quantia de R$3.814.139,81, atendendo a mais de 230 projetos. Em 2020, por causa da pandemia, não ocorreu arrecadação. Conheça alguns projetos apoiados pelo FNS.
Histórico
A Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) tem sido realizada, em média, a cada cinco anos. A iniciativa congrega diversas denominações cristãs, sempre de forma ecumênica, valorizando as riquezas em comum entre as igrejas. Desde 2000, abordou os seguintes temas:
2000 – Tema “Dignidade humana e paz” e lema “Novo milênio sem exclusões”;
2005 – Tema “Solidariedade e paz” e lema “Felizes os que promovem a paz”;
2010 – Tema “Economia e Vida” e lema “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”;
2016 – Tema “Casa Comum, nossa responsabilidade” (tratou do meio ambiente e saneamento básico) e lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”. Fonte: https://www.cnbb.org.br
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA 2021
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Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Com o início da Quaresma, somos convidados a um tempo de intensa reflexão e revisão de nossas vidas. O Senhor Jesus, que nos convida a caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o pecado e a morte, faz-se peregrino conosco também nestes tempos de pandemia. Ele nos convoca e convida a orar pelos que morreram, a bendizer pelo serviço abnegado de tantos profissionais da saúde e a estimular a solidariedade entre as pessoas de boa vontade.
Convoca-nos a cuidarmos de nós mesmos, de nossa saúde, e a nos preocuparmos uns pelos outros, como nos ensina na parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Precisamos vencer a pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida. Como indiquei na recente Encíclica Fratelli tutti, «passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta» (n. 35). Para que isso não ocorra, a Quaresma nos é de grande auxílio, pois nos chama à conversão através da oração, do jejum e da esmola.
Como é tradição há várias décadas, a Igreja no Brasil promove a Campanha da Fraternidade, como um auxílio concreto para a vivência deste tempo de preparação para a Páscoa. Neste ano de 2021, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, os fiéis são convidados a «sentar-se a escutar o outro» e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes «um mundo surdo». De fato, quando nos dispomos ao diálogo, estabelecemos «um paradigma de atitude receptiva, de quem supera o narcisismo e acolhe o outro» (Ibidem, n. 48). E, na base desta renovada cultura do diálogo está Jesus que, como ensina o lema da Campanha deste ano, «é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade» (Ef 2,14).
Por outro lado, ao promover o diálogo como compromisso de amor, a Campanha da Fraternidade lembra que são os cristãos os primeiros a ter que dar exemplo, começando pela prática do diálogo ecumênico. Certos de que «devemos sempre lembrar-nos de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos», no diálogo ecumênico podemos verdadeiramente «abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus» (Exort. Apost. Evangelii gaudium, n. 244). É, pois, motivo de esperança, o fato de que este ano, pela quinta vez, a Campanha da Fraternidade seja realizada com as Igrejas que fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).
Desse modo, os cristãos brasileiros, na fidelidade ao único Senhor Jesus que nos deixou o mandamento de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou (cf. Jo 13,34) e partindo «do reconhecimento do valor de cada pessoa humana como criatura chamada a ser filho ou filha de Deus, oferecem uma preciosa contribuição para a construção da fraternidade e a defesa da justiça na sociedade» (Carta Enc. Fratelli tutti, n. 271). A fecundidade do nosso testemunho dependerá também de nossa capacidade de dialogar, encontrar pontos de união e os traduzir em ações em favor da vida, de modo especial, a vida dos mais vulneráveis.
Desejando a graça de uma frutuosa Campanha da Fraternidade Ecumênica, envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim.
Roma, São João de Latrão, 17 de fevereiro de 2021
Fonte: https://www.cnbb.org.br
Campanha da Fraternidade 2021 critica 'negação da ciência' na pandemia e 'cultura de violência' contra mulheres, negros, indígenas e LGBTIQ+
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Tema é 'Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor'. Texto-base ainda reprova igrejas que descumpriram distanciamento social. Lançamento oficial é na quarta-feira de cinzas (17).
Por Carolina Cruz, G1 DF
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lança oficialmente nesta quarta-feira (17) a Campanha da Fraternidade de 2021, com o tema "Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor". No texto-base que detalha a iniciativa, a CNBB faz críticas relacionadas aos seguintes temas:
'Negação da ciência' durante a pandemia de Covid-19; Atuação do governo federal no combate ao coronavírus; Igrejas que não respeitaram o distanciamento social;
A "cultura de violência" contra mulheres, negros, indígenas e pessoas LGBTIQ+.
A campanha da fraternidade é tradicionalmente realizada pela Igreja Católica em parceria com instituições cristãs desde a década de 1960. O texto-base é escrito por membros do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) e passa pelo aval da direção-geral da CNBB.
“A CFE 2021 quer convidar os cristãos e pessoas de boa vontade a pensarem, avaliarem e identificarem caminhos para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual”, afirmou a CNBB em nota.
A confederação representa os bispos do país, e funciona como uma espécie de entidade de classe. A adesão à campanha não é obrigatória e depende de cada diocese.
O lançamento do tema ocorre sempre na quarta-feira de cinzas, quando tem início a Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa. O assunto é difundido nas celebrações e programações da comunidade religiosa.
O que diz a campanha sobre pessoas LGBTQI+
O texto da Campanha da Fraternidade de 2021 cita dados do Atlas da Violência 2020. Segundo a publicação, em 2018 "420 pessoas LGBTQI+ foram assassinadas, destas 164 eram pessoas trans".
"Estes homicídios são efeitos do discurso de ódio, do fundamentalismo religioso, de vozes contra o reconhecimento dos direitos das populações LGBTQI+ e de outros grupos perseguidos e vulneráveis", diz texto da Campanha da Fraternidade.
O documento contextualiza parte da história da relação entre a religião e a sociedade, fazendo um paralelo com o cenário atual. O texto cita que, no Império Romano, "como estratégia militar e de conquista para manter a falsa paz, utilizavam, por vezes, a religião como instrumento de manutenção da hierarquia social". Em seguida, cita que "esse sistema de segregação e descarte de pessoas consideradas empecilhos e inúteis permanece ainda hoje".
O material aponta ainda que a juventude negra, mulheres, povos tradicionais, imigrantes, grupos LGBTQI+, "por causa de preconceito e intolerância, são classificados como não cidadãos e, portanto, inimigos do sistema".
"Jesus questionou essas estruturas de poder e desigualdade. As pessoas não poderiam ser descartadas e sofrer as consequências para a manutenção de um poder segregador", diz o documento.
A Campanha da Fraternidade ainda recomenda que a população cobre das autoridades respostas sobre casos de violência contra vulneráveis que têm responsáveis impunes. Entre eles, cita o desaparecimento de Davi Fiuza, de 16 anos, após uma abordagem policial, em Salvador (BA), em 2014.
A vereadora Marielle Franco executada em 2018 no Rio de Janeiro, e o líder indígena Paulo Paulino, assassinado no Maranhão, também são lembrados. "Provavelmente em sua região existem casos similares. Procure identificá-los", orienta o texto.
Igrejas e pandemia
O texto-base cita que "o governo brasileiro não adota políticas efetivas no combate à Covid-19”, e que a pandemia "dilacerou famílias e deixou espaços vazios na cultura nacional". Diz ainda que "algumas igrejas reivindicaram o direito de permanecerem abertas, realizando suas celebrações, apesar das aglomerações causarem contaminações e mortes".
"Surgiu a discussão sobre o que seria essencial no papel desempenhado pelas igrejas: o templo aberto e as celebrações numerosas ou o serviço ao próximo e à próxima?", questiona o documento.
O negacionismo também é alvo de reprovação no documento. Em um trecho, as autoridades religiosas afirmam que "teorias conspiratórias de que a Covid-19 fora desenvolvida em laboratório, na China, contribuíram para fomentar a luta geopolítica, bem como a xenofobia".
“Discursos negacionistas sobre a realidade e fatalidade da Covid-19 são recorrentes, assim como a negação da ciência e do papel de organismos multilaterais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS)”.
Reação
Após a divulgação do texto-base, o posicionamento da CNBB e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) foi criticado nas redes sociais por parte de alguns internautas. Movimentos defendem que fiéis não façam doações para a campanha, que também tem como objetivo arrecadar recursos para melhorias nas igrejas e projetos sociais.
Parte do público que não apoia o tema afirma que o documento foi escrito por apenas uma pessoa. Em nota, o Conic afirmou que a redação "foi resultado de um processo coletivo de construção, que iniciou no final de 2019" e que "teve participação direta de pessoas de diferentes áreas do conhecimento, em especial, sociologia, ciência política e teologia".
Após o caso, a Aliança de Batistas do Brasil divulgou uma nota de solidariedade às instituições e apoio à campanha, classificando os ataques como "demoníacos".
"Nos causa espanto e temor, que precisemos defender de pessoas ditas cristãs aquilo que há de mais belo e cristão nessa nossa CFE-2021: a compreensão de que o Evangelho nos obriga a amar ao próximo como a si mesmo", diz a aliança. Fonte: https://g1.globo.com
6º DOMINGO COMUM: Somos todos impuros...
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Frei Carlos Mesters, O. Carm
(Leituras: Lv 13,1-2.44-46 / Sl 31 (32) / 1Cor 10,31-11,1 / Mc 1,40-45)
As leituras deste domingo nos colocam diante da grande novidade trazida por Jesus. Todos nós temos o poder de purificar. Naquela época não havia os conhecimentos que temos hoje a respeito da saúde, da higiene e da transmissão das doenças. Como nos diz a primeira leitura, todo doente se transformava numa ameaça para as pessoas das casas e das aldeias. Eles não sabiam da existência de vírus nem de bactérias. Uma pessoa doente era um foco de contaminação. Assim, quem tinha qualquer doença deveria ser afastado da convivência e passar um período de quarentena até ficar bom.
Estas pessoas eram consideradas “impuras”. Todo impuro era excluído, marginalizado. Este processo de exclusão era feito em nome da Lei de Deus. Desta forma, a religião misturava doença com pecado, castigo, possessão do demônio e maldição. A pessoa, além de toda angústia causada pela doença, era excluída pela religião como uma pecadora castigada por Deus. A doutrina oficial ensinava que os impuros deveriam ser afastados da comunidade porque os impuros contaminavam os puros.
Jesus trouxe um ensinamento novo. Ele diz que os puros devem ir ao encontro dos impuros, tocar neles, conviver e comer com eles. Jesus ensinava que os puros é que purificam os impuros. Não há, portanto, razão para marginalização e exclusão dos enfermos. Assim Jesus passou a conviver com os doentes, considerando-os livres e purificados.
Este poder de purificar causou muito impacto no povo. Jesus estava enfrentando uma doutrina de mais de quatrocentos anos! Para um fariseu observante, o que Jesus fazia era uma coisa muito perigosa.
Ele estava tocando e falando com leprosos, comia publicamente com os doentes, deixava-se tocar pelos malditos e endemoninhados. Ameaçados em sua doutrina, eles começam a combater a proposta de Jesus. Por isso, quando o leproso se aproxima de Jesus com dúvidas, Jesus fica “cheio de ira”. Não se pode duvidar do poder de Deus dado a Jesus. Há necessidade de uma conversão. Por isso, quando se vê purificado, o leproso torna-se uma testemunha viva deste poder de Deus manifestado em Jesus.
Ele pode cantar como o salmista no Salmo de nossa celebração de hoje: Feliz aquele que recebeu de Deus o perdão. Feliz o pecador que foi absolvido de suas faltas! A ação purificadora de Jesus traz uma nova vida para os fiéis.
Sexta-feira, 12 de fevereiro-2021. 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 7, 31-37)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 31Jesus deixou de novo as fronteiras de Tiro e foi por Sidônia ao mar da Galileia, no meio do território da Decápole. 32Ora, apresentaram-lhe um surdo-mudo, rogando-lhe que lhe impusesse a mão. 33Jesus tomou-o à parte dentre o povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva. 34E levantou os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe: Éfeta!, que quer dizer abre-te! 35No mesmo instante os ouvidos se lhe abriram, a prisão da língua se lhe desfez e ele falava perfeitamente. 36Proibiu-lhes que o dissessem a alguém. Mas quanto mais lhes proibia, tanto mais o publicavam. 37E tanto mais se admiravam, dizendo: Ele fez bem todas as coisas; fez que ouçam os surdos e falem os mudos. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
No evangelho de hoje, Jesus cura um surdo que gaguejava. Este episódio é pouco conhecido. No episódio da Mulher Cananéia, Jesus ultrapassou as fronteiras do território nacional e acolheu uma mulher estrangeira que não era do povo e com a qual era proibido conversar. A mesma abertura continua no evangelho de hoje.
Marcos 7,31. A região da Decápole
“Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galiléia, atravessando a região da Decápole”. Decápole significa, literalmente, Dez Cidades. Era uma região de dez cidades ao sudeste da Galiléia, cuja população era pagã.
Marcos 7,31-35. Abrir o ouvido e soltar a língua.
Um surdo gago é levado a Jesus. O jeito de curar é diferente. O povo queria que Jesus apenas impusesse as mãos sobre ele. Mas Jesus foi muito além do pedido. Ele levou o homem para longe da multidão, colocou os dedos nas orelhas e com saliva tocou na língua, olhou para o céu, fez um suspiro profundo e disse: “Éfata!”, isto é, “Abra-se!” No mesmo instante, os ouvidos do surdo se abriram, a língua se desprendeu e o homem começou a falar corretamente. Jesus quer que o povo abra o ouvido e solte a língua!
Marcos 7,36-37: Jesus não quer publicidade.
“Jesus recomendou com insistência que não contassem nada a ninguém. No entanto, quanto mais ele recomendava, mais eles pregavam. Estavam muito impressionados e diziam: "Jesus faz bem todas as coisas. Faz os surdos ouvir e os mudos falar". Ele proíbe a divulgação da cura, mas não adiantou. Quem teve experiência de Jesus, vai contar para os outros, queira ou não queira! As pessoas que assistiram á cura começaram a proclamar o que tinham visto e resumiram a Boa Notícia assim: "Jesus faz bem todas as coisas. Faz os surdos ouvir e os mudos falar". . Esta afirmação do povo faz lembrar a criação, onde se diz: “Deus viu que tudo era muito bom!” (Gn 1,31). E evoca ainda a profecia de Isaías, onde este diz que no futuro os surdos vão ouvir e os mudos vão falar (Is 29,28; 35,5. cf Mt 11,5).
A recomendação de não contar nada a ninguém.
Às vezes, se exagera a atenção que o evangelho de Marcos atribui à proibição de divulgar a cura, como se Jesus tivesse um segredo a ser preservado. Na maioria das vezes que Jesus faz um milagre, ele não pede silêncio. Uma vez até pediu publicidade (Mc 5,19). Algumas vezes, porém, ele dá ordem para não divulgar a cura (Mc 1,44; 5,43; 7,36; 8,26), mas ele obtém o resultado contrário. Quanto mais proíbe, tanto mais a Boa Nova se espalha (Mc 1,28.45; 3,7-8; 7,36-37). Não adianta proibir! Pois a força interna da Boa Nova é tão grande que ela se divulga por si mesma!
Abertura crescente no evangelho de Marcos
Ao longo das páginas do evangelho de Marcos há uma abertura crescente em direção aos outros povos. Assim, Marcos leva os leitores e as leitoras a abrir-se, aos poucos, para a realidade do mundo ao redor e a superar os preconceitos que impediam a convivência pacífica entre os povos. Na sua passagem pela Decápole, região pagã, Jesus atende ao pedido do povo do lugar e cura um surdo gago. Ele não tem medo de contaminar-se com a impureza de um pagão, pois ao curá-lo, toca-lhe os ouvidos e a língua. Enquanto as autoridades dos judeus e os próprios discípulos têm dificuldades de escutar e entender, um pagão que era surdo e gago passa a ouvir e a falar pelo toque de Jesus. Lembra o cântico do servo “O Senhor Iahweh abriu-me os ouvidos e eu não fui rebelde” (Is 50,4-5). Ao expulsar os vendedores do templo, Jesus critica o comércio injusto e afirma que o templo deve ser casa de oração para todos os povos (Mc 11,17). Na parábola dos vinhateiros homicidas, Marcos faz alusão ao fato de que a mensagem será tirada do povo eleito, os judeus, e será dada aos outros, aos pagãos (Mc 12,1-12). Depois da morte de Jesus, Marcos apresenta a profissão de fé de um pagão ao pé da cruz. Ao citar o centurião romano e seu reconhecimento de Jesus como Filho de Deus, está dizendo que o pagão é mais fiel do que os discípulos e mais fiel do que os judeus (Mc 15,39). A abertura para os pagãos aparece de maneira muito clara na ordem final dada por Jesus aos discípulos, depois da sua ressurreição: ”Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).
4) Para um confronto pessoal
- Jesus teve muita abertura para as pessoas de outra raça, de outra religião e de outros costumes. Será que nós cristãos hoje temos a mesma abertura? Será que eu tenho?
- Definição da Boa Nova: “Jesus fez bem todas as coisas!” Sou Boa Nova de Deus para os outros?
5) Oração final
Cantai ao Senhor um cântico novo. Cantai ao Senhor, terra inteira. Cantai ao Senhor e bendizei o seu nome, anunciai cada dia a salvação que ele nos trouxe. (Sl 95, 1-2)
O caminho da igreja
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"O Papa Francisco continua a sacudir a Igreja italiana, da qual ele não é apenas Papa, mas também primaz com uma presença primacial direta em seu corpo episcopal", escreve Enzo Bianchi, monge italiano e fundador da Comunidade de Bose, em artigo publicado por La Repubblica, 08-02-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis o artigo.
O Papa Francisco continua a sacudir a Igreja italiana, da qual ele não é apenas Papa, mas também primaz com uma presença primacial direta em seu corpo episcopal. São para ele os últimos anos do ministério petrino e é o momento em que se decide a sua relação com os bispos italianos e, portanto, com a Igreja do país. Ao publicar a Evangelii gaudium (2013), pediu que sua exortação fosse implementada quase como um programa de conversão da Igreja. Em seguida, na Conferência Nacional de Florença 2015, ele insistiu na urgência de estabelecer um estilo sinodal, única forma de envolver o povo de Deus em um caminho feito juntos, para dar um novo rosto a uma Igreja cansada, paralisada, pouco criativa e sempre mais "exculturada" em relação ao país. Sim, o verdadeiro drama é sobre a fé cristã, sua autenticidade, a capacidade de ser significativa para os homens e mulheres de hoje.
Essa convocação não recebeu oposição explícita, mas continuou-se a ignorá-la, deixando as palavras do Papa caírem no esquecimento. O Papa não pediu o mais fácil, isto é, um sínodo como conferência, a celebração de um evento eclesial nacional, a reflexão dos “quadros” da Igreja sobre a sua situação e sobre o futuro. “Mas o que ele quer de nós?” foi a reação de muitos bispos: uma pergunta sem raiva, mas um sinal de um pedido que não foi compreendido. O Papa Francisco, um homem “teimoso” e cristão, em 30 de janeiro, em um discurso aos representantes dos catequistas, depois de focar em Jesus Cristo como o centro da fé, renovou o convite a considerar o Vaticano II como a voz autêntica da Igreja hoje e pediu "à Igreja italiana que volte à conferência de Florença, para começar um processo de sínodo nacional, comunidade por comunidade, diocese por diocese. Agora é a hora. Temos que começar a caminhar”.
O Papa não fala de uma convenção nacional, mas pede que o processo de sinodalidade seja iniciado, desde as comunidades menores até as igrejas locais, de baixo para cima; ao mesmo tempo, um itinerário promovido de cima, pela autoridade episcopal na direção do povo de Deus. Sinodalidade como caminhar juntos para todos os batizados, com base no princípio tradicional católico "o que diz respeito a todos, deve ser tratado e resolvido por todos”. A sinodalidade como caminho de quem compõe uma pirâmide invertida, segundo a imagem de Francisco: no alto do povo de Deus e embaixo, ao seu serviço, bispos e Papa. Processo celular, de cada paróquia e comunidade religiosa, de cada igreja local, da Igreja.
Não sei se esse processo vai acontecer, mas é preciso dizer que o Papa Francisco como profeta o pediu, não se calou, aceitando o risco de não ser ouvido, ele que se colocou à escuta daquilo que o Espírito diz à Igreja. As questões colocadas são importantes, mas o processo de sinodalidade a ser iniciado é mais decisivo. Por enquanto, porém, poucos o querem e a maioria não sabe e não quer saber o que é! Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Quinta-feira, 11 de fevereiro-2021. 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 7, 24-30)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 24Em seguida, deixando aquele lugar, Jesus foi para a terra de Tiro e de Sidônia. E tendo entrado numa casa, não quis que ninguém o soubesse. Mas não pôde ficar oculto, 25pois uma mulher, cuja filha possuía um espírito imundo, logo que soube que ele estava ali, entrou e caiu a seus pés. 26(Essa mulher era pagã, de origem siro-fenícia.) Ora, ela suplicava-lhe que expelisse de sua filha o demônio. 27Disse-lhe Jesus: Deixa primeiro que se fartem os filhos, porque não fica bem tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães. 28Mas ela respondeu: É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos debaixo da mesa comem das migalhas dos filhos. 29Jesus respondeu-lhe: Por causa desta palavra, vai-te, que saiu o demônio de tua filha. 30Voltou ela para casa e achou a menina deitada na cama. O demônio havia saído. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
No Evangelho de hoje, veremos como Jesus atende a uma mulher estrangeira de outra raça e de outra religião, o que era proibido pela lei religiosa daquela época. Inicialmente, Jesus não queria atendê-la, mas a mulher insistiu e conseguiu o que ela queria: a cura da filha.
Jesus vai tentando abrir a mentalidade dos discípulos e do povo para além da visão tradicional. Na multiplicação dos pães, ele tinha insistido na partilha (Mc 6,30-44). Na discussão sobre o puro e o impuro, tinha declarado puros todos os alimentos (Mc 7,1-23). Agora, neste episódio da Mulher Cananéia, ele ultrapassa as fronteiras do território nacional e acolhe uma mulher estrangeira que não era do povo e com a qual era proibido conversar. Estas iniciativas de Jesus, nascidas da sua experiência de Deus como Pai, eram estranhas para a mentalidade do povo da época. Jesus ajuda o povo a abrir sua maneira de experimentar Deus na vida.
Marcos 7.24: Jesus sai do território
No evangelho de ontem (Mc 7,14-23) e de anteontem (Mc 7,1-13), Jesus tinha criticado a incoerência da “Tradição dos Antigos” e tinha ajudado o povo e os discípulos a sair da prisão das leis da pureza. Aqui, em Mc 7,24, ele sai da Galiléia. Parece querer sair da prisão do território e da raça. Estando no estrangeiro, ele não quer ser conhecido. Mas a sua fama já tinha chegado antes. O povo ficou sabendo e faz apelo a Jesus.
Marcos 7.25-26: A situação
Uma mulher chega perto e começa a pedir pela filha doente. Marcos diz explicitamente que ela era de outra raça e de outra religião. Isto é, era uma pagã. Ela se lança aos pés de Jesus e começa a suplicar pela cura da filha que estava possuída por um espírito impuro. Os pagãos não tinham problema em recorrer a Jesus. Os judeus é que tinham problemas em conviver com os pagãos!
Marcos 7.27: A resposta de Jesus
Fiel às normas da sua religião, Jesus diz que não convém tirar o pão dos filhos e dar aos cachorrinhos. Frase dura. A comparação vinha da vida em família. Até hoje, criança e cachorro é o que mais tem nos bairros pobres. Jesus afirma uma coisa certa: nenhuma mãe tira o pão da boca dos filhos para dar aos cachorrinhos. No caso, os filhos eram o povo judeu e os cachorrinhos, os pagãos. Na época do AT, por causa da rivalidade entre os povos, um povo costumava chamar o outro povo de “cachorro” (1Sam 17,43). Nos outros evangelhos Jesus explica o porque da sua recusa: “Não fui enviado a não ser para as ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 15,24). Ou seja: “O Pai não quer que eu atenda à senhora!”
Marcos 7,28: A reação da mulher
Ela concorda com Jesus, mas amplia a comparação e a aplica ao caso dela: “É verdade, Jesus! Mas também os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa das crianças!” É como se dissesse: “Se sou cachorrinho, então tenho o direito dos cachorrinhos, a saber, as migalhas me pertencem!” Ela simplesmente tirou as conclusões da parábola que Jesus contou e mostrou que, até na casa de Jesus, os cachorrinhos comiam das migalhas que caíam da mesa das crianças. E na “casa de Jesus”, isto é, na comunidade cristã, a multiplicação do pão para os filhos foi tão abundante que estavam sobrando doze cestos (Mc 6,42) para os “cachorrinhos”, isto é, para ela, para os pagãos!
Marcos 7,29-30: A reação de Jesus:
“Pelo que disseste: Vai! O demônio saiu da tua filha!” Nos outros evangelhos se explicita: “Grande é a tua fé! Seja feito como queres!” (Mt 15,28). Se Jesus atende ao pedido da mulher, é porque compreendeu que, agora, o Pai queria que ele acolhesse o pedido dela. Este episódio ajuda a perceber algo do mistério que envolvia a pessoa de Jesus e como ele convivia com o Pai. Era observando as reações e as atitudes das pessoas, que Jesus descobria a vontade do Pai nos acontecimentos da vida,. A atitude da mulher abriu um novo horizonte na vida de Jesus. Através dela, ele descobriu melhor que o projeto do Pai é para todos os que buscam a vida e procuram libertá-la das cadeias que aprisionam a sua energia. Assim, ao longo das páginas do evangelho de Marcos há uma abertura crescente em direção aos outros povos. Deste modo, Marcos leva os leitores e as leitoras a abrir-se, aos poucos, para a realidade do mundo ao redor e a superar os preconceitos que impediam a convivência pacífica entre os povos. Esta abertura para os pagãos aparece de maneira muito clara na ordem final dada por Jesus aos discípulos, depois da sua ressurreição: ”Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).
4) Para um confronto pessoal
- Como você faz, concretamente, para conviver em paz com pessoas de outras igrejas cristãs ou com espíritas? No bairro onde você vive tem gente de outras religiões? Quais? Você conversa normalmente com pessoas de outra religião?
- 2. Qual a abertura que este texto pede de nós, hoje, na família e na comunidade?
5) Oração final
Felizes aqueles que observam os preceitos, aqueles que, em todo o tempo, fazem o que é reto. Lembrai-vos de mim, Senhor, pela benevolência que tendes com o vosso povo. Assisti-me com o vosso socorro. (Sl 105, 3-4)
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