Como funciona a fábrica dos mártires
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“Quem morre pela fé entra por direito próprio nas fileiras dos justos?”
A reflexão é do historiador italiano Alberto Melloni, professor da Universidade de Modena-Reggio Emilia e diretor da Fundação de Ciências Religiosas João XXIII, de Bolonha, em artigo publicado por La Repubblica, 28-04-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o artigo.
Depois do massacre de cristãos nos dias da Páscoa no Sri Lanka, retorna uma pergunta que atravessa a história (e a política) da Igreja desde as origens: quem morre pela fé entra por direito próprio na fileira dos justos?
A fila de coptas e evangélicos, siríacos e protestantes, ortodoxos e católicos mortos enquanto rezavam aumentou com os massacres da Páscoa no Sri Lanka: para todos era evidente e imediato falar de “mártires”. Palavra de origem grega que indica as testemunhas da fé marcadas pela mansidão de Cristo, independentemente de quem as mata, e que reagrupa uma “nuvem” de indivíduos: na tradição bíblica, os nomes de pessoas realmente têm expressividade, porque todos têm a ver com o nome impronunciável de Deus.
Um dos livros do profeta Isaías começa com a visão da redenção (Is 56, 5), em que, a todos os justos, será dado “um posto e um nome” (“Yad Vashem”, como diz a epígrafe do museu da Shoá de Jerusalém): porque quem não tem nome está realmente perdido. Jesus faz parte dessa tradição: os seus discípulos mais próximos rezam: “santificado seja o vosso Nome”, e a tradição evangélica conserva uma memória nítida dos seus nomes.
A comunidade cristã – mesmo depois do distanciamento do judaísmo – associa aos nomes daqueles “apóstolos” mortos pela fé ou na fé também os nomes dos outros mártires, dos quais escritos são conhecidos (por exemplo, Inácio ou Policarpo) ou dos quais se transmite o relato da morte. Uma narrativa que se torna gênero literário específico para documentar a repetição nos mártires da mansidão de Jesus (e que tem um paralelo judaico no Midrash Eleh Ezkerah sobre o martírio dos 10 rabinos nos tempos de Adriano).
Os nomes dos mártires cristãos entram na liturgia (o cânone romano os repete em uma primeira série que começa com “Lino, Cleto, Clemente, Sisto, Cornélio, Cipriano etc.” e uma segunda que termina com “Ágata, Lúcia, Inês, Cecília, Anastácia”). Esses nomes, depois, entram em um calendário que fixa a memória do seu “natal no céu” e, posteriormente, em uma sequência que se tornou mais densa pelo fato de que, ao lado dos mártires, são acrescentados os santos identificados pelo culto das Igrejas ou dos concílios, antes que o papado advogasse para si o ato de canonização.
Nasceu assim o "martirológio": isto é, um calendário de mártires e santos. Conhecemos um siríaco desde o século III-IV, do qual derivam os gregos de Nicomédia e os que dariam origem ao Synaxarion da Igreja grega e ao Menologion da Rússia.
A tradição ítalo-gaulesa produziria outros martirológios: a do século V atribuído a Jerônimo e depois as suas refeituras, cada vez mais atentas em recordar um pedaço de vida para cada nome. Quanto a muitos outros aspectos, a reforma tridentina marcará uma virada decisiva: apagará esses patrimônios para impor um martirológio “romano” uniforme, promulgado por Gregório XIII em 1584 com base no trabalho histórico de Cesare Baronio – e depois remodelado pelos sucessores com a exigência de suprimir as figuras lendárias e integrar cada data com os novos nomes e as suas vidas. Exigência que percorreu a Igreja Católica até o Concílio Vaticano II, que dispôs uma reforma: o novo martirológio seria promulgado em 2001 com 6.538 nomes empilhados em 365 dias, para acolher as milhares de canonizações e beatificações de João Paulo II.
Uma abundância que, no fim, evidencia apenas as canonizações adiadas mesmo na presença de um martírio flagrante: como o de Dom Romero, morto ao altar, em San Salvador, em 1980; ou o dos trapistas de Tibhirine, decapitados na Argélia da guerra civil em 1996.
Porém, já então ficava evidente que o martirológio não podia mais ser o que fora: grande demais e, ao mesmo tempo, pequeno demais para acolher aquela nuvem de assassinados do século XX que o próprio Wojtyla, em uma liturgia tocante e constrangedora do ano 2000, em frente ao Coliseu, indicou como “testemunhas”. Um constrangimento que mostrava que havia três fatos contra os quais non valet argumentum.
O primeiro é que, diante do martírio, o povo de Deus – ao qual até o direito vigente da Igreja Católica reconhece um papel – se move em virtude do sensus fidei. Tanto no catolicismo, onde o Papa Francisco sanou as omissões e estabeleceu uma “quarta via” da santidade; quanto entre as Igrejas que já consideram Elizaveta Fedrovna ou Dietrich Bonhöffer ou Martin Luther King ou Oscar A. Romero como parte da própria tradição.
Pois – e este é o segundo fato – os assassinos dos cristãos (sejam ateus ou de outra ideologia religiosa) não distinguem com base na Igreja ou na distância teológica entre Igrejas. Eles matam com base em uma equivalência ideológica – cristianismo igual a Ocidente – que só é vista por eles e por aquele mundo ultraconservador pronto para recorrer à violência para fins políticos ou de ódio político.
Mas aqueles mártires que são de todos, crentes e não crentes, não pedem apenas que as Igrejas tenham um martirológio ecumênico, como o do Conselho Mundial de Igrejas, no qual os monges de Bose também trabalham. Eles pedem que se esclareça o quanto a divisão cristã (que criou muitos mártires recíprocos, começando em Ulsterou na Ucrânia) faz parte do ódio que intoxica o mundo e o que mais é preciso para uma comunhão plena que reconheça o Cristo no mesmo cálice, na mesma palavra e na carne do pobre.
Por fim, o terceiro fato: há um martírio que vê cristãos mortos não por ódio “à fé”, mas a um senso de justiça nutrido pelo Evangelho, como se entende pensando na história de Vittorio Bachelet, de Rosario Livatino, de Piersanti Mattarella e de tantos outros. E se prolonga nos milhares de fiéis, cristãos e não cristãos, que sofrem a violência com aquela mansidão consciente que é o traço “crístico”, antes ainda que cristão, do martírio.
O martirológio da humanidade em busca da justiça compõe uma espécie de livro dos livros que é de todos e de ninguém: e que mede toda pessoa com a mansa severidade do sangue inocente derramado por nada, como sempre. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
1º Maio – São José Operário: Evangelho do dia.
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Frei Carlos Mesters, O. Carm.
1) Oração
Ó Deus, criador do universo, que destes aos seres humanos a lei do trabalho, concedei-nos, pelo exemplo e proteção de são José, cumprir as nossas tarefas e alcançar os prêmios prometidos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho segundo Mateus (Mt 13,54-58)
54Foi para a sua cidade e ensinava na sinagoga, de modo que todos diziam admirados: Donde lhe vem esta sabedoria e esta força miraculosa? 55Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? 56E suas irmãs, não vivem todas entre nós? Donde lhe vem, pois, tudo isso? 57E não sabiam o que dizer dele. Disse-lhes, porém, Jesus: É só em sua pátria e em sua família que um profeta é menosprezado. 58E, por causa da falta de confiança deles, operou ali poucos milagres.
3) Reflexão - Mt 13,54-58
Hoje, na festa de São José operário, o evangelho descreve como foi a visita de Jesus em Nazaré, sua cidade, onde conviveu durante 30 anos e aprendeu de José, seu pai, a profissão de carpinteiro. A passagem por Nazaré foi dolorosa para Jesus. O que antes era a sua comunidade, agora já não é mais. Alguma coisa mudou. No evangelho de Marcos, esta experiência de rejeição por parte do povo de Nazaré (Mc 6,1-6ª) levou Jesus a mudar sua prática pastoral. Ele envia seus discípulos em missão e dá-lhes instruções de como relacionar-se com as pessoas (Mc 6,6b-13).
Mateus 13,54-57ª: Reação do povo de Nazaré frente a Jesus.
Jesus se criou em Nazaré. Quando iniciou sua pregação ambulante, saiu de lá e fixou domicílio em Cafarnaum (Mt 4,12-14). Após longa ausência, voltou para sua terra e, como de costume, no dia de sábado, foi para a reunião da comunidade. Jesus não era coordenador, mesmo assim tomou a palavra e começou a ensinar o povo que estava na sinagoga. Sinal de que as pessoas podiam participar e expressar sua opinião. Mas o povo não gostou das palavras dele. O Jesus, que eles tinham conhecido desde criança, já não parecia ser o mesmo. Como é que ele ficou tão diferente? Lá em Cafarnaum o povo aceitava o ensinamento de Jesus (Mc 1,22), mas aqui em Nazaré o povo se escandalizou. Eles diziam: "De onde vêm essa sabedoria e esses milagres? Esse homem não é o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs, não moram aqui conosco? Então, de onde vem tudo isso?" Eles não aceitaram o mistério de Deus presente num homem comum como eles! Para poder falar de Deus Jesus teria de ser diferente deles! Não deram conta de crer nele. Nem tudo foi bem sucedido para Jesus. As pessoas que deveriam ser as primeiras a aceitar a Boa Nova, de Deus estas eram as que mais se recusavam a aceitá-la. O conflito não era só com os de fora de casa, mas também e sobretudo com os próprios parentes e com o povo de Nazaré.
Mateus 13,57b-58: Reação de Jesus diante da atitude do povo de Nazaré.
Jesus sabe muito bem que “santo de casa não faz milagre”. Ele diz: "Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família". De fato, onde não existe abertura nem fé, ninguém pode fazer nada. O preconceito o impede. Jesus, mesmo querendo, não podia fazer nada. O evangelho de Marcos diz expressamente: “Jesus não pôde fazer milagres em Nazaré. Apenas curou alguns doentes, pondo as mãos sobre eles. E ele admirou-se da incredulidade deles” (Mc 6,5-6).
Os irmãs e as irmãs de Jesus.
A expressão “irmãos e irmãs de Jesus” é causa de muita polêmica entre católicos e protestantes. Baseando-se neste e em outros textos, os protestantes dizem que Jesus teve mais irmãos e irmãs e que Maria teve outros filhos! Os católicos dizem que Maria não teve outros filhos. O que pensar disso? Em primeiro lugar, as duas posições, tanto dos católicos como dos protestantes, ambas têm argumentos tirados da Bíblia e da Tradição das suas respectivas Igrejas. Por isso, não convém brigar nem discutir esta questão com argumentos só de cabeça. Pois trata-se de convicções profundas, que têm a ver com a fé e com o sentimento de ambos. Argumento só de cabeça não consegue desfazer uma convicção do coração! Apenas irrita e afasta! Mesmo quando não concordo com a opinião do outro, devo sempre respeitá-la. Em segundo lugar, em vez de brigar em torno de textos, nós todos, católicos e protestantes, deveríamos unir-nos bem mais para lutar em defesa da vida, criada por Deus, vida tão desfigurada pela pobreza, pela injustiça, pela falta de fé, pelo desrespeito à natureza. Deveríamos lembrar algumas outras frases de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância”(Jo 10,10). “Que todos sejam um, para que o mundo creia que Tu, Pai, me enviaste”(Jo 17,21). “Não o impeçam! Quem não é contra nós é a favor”(Mc 10,39.40).
4) Para confronto pessoal
1-Jesus teve problemas com a sua família. Desde que você começou a participar na comunidade, alguma coisa mudou no relacionamento com sua família?
2-Jesus não pôde fazer muitos milagres em Nazaré. Por que a fé é tão importante? Será que Jesus não podia mesmo fazer milagre sem a fé das pessoas? O que significa isto hoje para mim?
5) Oração final
Antes que se formassem as montanhas, e a terra e o universo fossem gerados, desde toda a eternidade vós sois Deus (Sl 89).
CNBB divulga mensagem por ocasião do Dia do trabalhador e da trabalhadora do Brasil
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Por ocasião do 1º de maio – data em que se celebra o Dia do Trabalhador (a), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulga mensagem aos trabalhadores e às trabalhadoras brasileiros e se une eles manifestando-lhes estima, solidariedade e gratidão.
A mensagem afirma a urgência de assegurar o direito ao trabalho e reafirma “a dignidade dos trabalhadores e trabalhadoras, de modo a garantir seu justo sustento e de suas famílias, combatendo o desemprego, o trabalho escravo, a precarização das relações de trabalho e a perda de direitos trabalhistas, dentre outros problemas que têm causado tanto sofrimento ao povo brasileiro”.
Ainda segundo o documento, a presidência da CNBB manifesta, de modo especial, a preocupação com o grave problema do desemprego. “A flexibilização de direitos dos trabalhadores, institucionalizada pela lei 13.467 de 2017, como solução para superar a crise, mostrou-se ineficiente. Além de suscitar questionamentos éticos, o desemprego aumentou e já são mais de treze milhões de desempregados. O Estado não pode abrir mão do seu papel de mediador das relações trabalhistas, numa sociedade democrática”.
Eis a íntegra da Mensagem:
Mensagem por ocasião do 1º de maio: Dia do Trabalhador e da Trabalhadora
"Do trabalho de tuas mãos comerás, serás feliz, tudo irá bem” (Sl 128,2)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, através de sua Presidência, iluminada pela Palavra de Deus e a Doutrina Social da Igreja, se une aos trabalhadores e às trabalhadoras, da cidade e do campo, por ocasião do dia 1º de maio, manifestando-lhes estima, solidariedade e gratidão.
O trabalho digno, para além de cumprir a necessária tarefa de prover as necessidades materiais, “constitui uma dimensão fundamental da existência do ser humano sobre a terra” (Laborem Exercens, 4) e de sua participação na obra do Criador. Urge assegurar o direito ao trabalho e reafirmar a dignidade dos trabalhadores e trabalhadoras, de modo a garantir seu justo sustento e de suas famílias, combatendo o desemprego, o trabalho escravo, a precarização das relações de trabalho e a perda de direitos trabalhistas, dentre outros problemas que têm causado tanto sofrimento ao povo brasileiro. Para tanto, é indispensável a atuação dos Poderes Públicos, bem como a participação da sociedade civil: empresários, sindicatos, igrejas, trabalhadores e trabalhadoras. Neste esforço, como ensina o Papa Francisco, “é preciso reconhecer um grande mérito àqueles empresários que, apesar de tudo, não deixaram de se comprometer, de investir e arriscar para garantir o emprego” (Papa Francisco, 22 de setembro de 2013). Ao mesmo tempo, devemos reconhecer o valor dos sindicatos, expressão do perfil profético da sociedade (Papa Francisco, 28 de junho de 2017).
Reafirmamos o princípio orientador da Doutrina Social da Igreja sobre a primazia do trabalho e do bem comum sobre o lucro e o capital. Nos nossos dias, difunde-se o paradigma da utilidade econômica como princípio das relações sociais e, por isso, de trabalho, almejando a maior quantidade possível de lucro, imediatamente e a todo o custo, em detrimento da dignidade e dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Manifestamos, de modo especial, a nossa preocupação com o grave problema do desemprego. A flexibilização de direitos dos trabalhadores, institucionalizada pela lei 13.467 de 2017, como solução para superar a crise, mostrou-se ineficiente. Além de suscitar questionamentos éticos, o desemprego aumentou e já são mais de treze milhões de desempregados. O Estado não pode abrir mão do seu papel de mediador das relações trabalhistas, numa sociedade democrática.
A participação dos trabalhadores e dos sindicatos, na discussão da Previdência social, é fundamental para a preservação da dignidade dos trabalhadores e de sua justa e digna aposentadoria, especialmente dos que se encontram mais fragilizados na sociedade. Reconhecer a necessidade de avaliar o sistema não permite desistir da lógica da solidariedade e da proteção social através da capitalização, como propõe a PEC 06/2019. Também não é ético desconstitucionalizar regras da Previdência, inseridas na Constituição de 1988.
Nosso olhar volta-se também para os jovens. Segundo o Papa Francisco, o desemprego juvenil é a “primeira e mais grave” forma de exclusão e de marginalização dos jovens (Christus Vivit, 270). A impossibilidade de trabalho gera a perda do sentido da vida e, consequentemente, leva à pobreza e à marginalização.
Incentivamos os trabalhadores e trabalhadoras e as suas organizações a colaborarem ativamente na construção de uma economia justa e de uma sociedade democrática.
Trabalhadores e trabalhadoras, sobre cada um de vocês e de suas famílias, suplicamos as bênçãos de Deus, pela intercessão de São José Operário e Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil.
Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo S.R. Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo U. Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Brasília-DF, 1º de maio de 2019
Fonte: http://www.cnbb.org.br
Pastor é preso por abusar de mulheres durante “cura espiritual”
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Wagner Martins Pereira, de 44 anos, teria acariciado as partes íntimas de uma das vítimas para “expulsar demônios”
Um pastor evangélico de 44 anos foi preso em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, sob a acusação de abusar de fiéis durante trabalho “espiritual”. Pelo menos quatro mulheres teriam sido vítimas do suspeito, Wagner Martins Pereira, que, entre outras coisas, teria acariciado as partes íntimas de uma das vítimas para “expulsar demônios”.
A prisão foi anunciada em entrevista na tarde desta segunda-feira (29/04/2019) pela delegada Ana Cristina Marques Bernardes. O pastor foi para a cadeia na última sexta (26/04/2019) após ter a prisão decretada pela Justiça.
A delegada contou que ele falava em cura espiritual e quebra de maldição para tentar convencer as mulheres. “Ele aproveitava o momento de fragilidade das vítimas, que enfrentavam problemas pessoais”, explicou.
O caso que o levou à prisão ocorreu em dezembro do ano passado e envolveu uma frequentadora da Igreja Ministério Comunidade da Família, fundada por ele em espaço anexo à sua casa, no Bairro Lídice.
A mulher de 32 anos diz que o homem a convenceu certa vez a se despir para ser ungida com um óleo, ocasião em que tocou suas partes íntimas. Depois disso ele teria voltado a procurá-la outras vezes, mas ela foi aconselhada por amigas a registrar a queixa. E antes disso gravou algumas conversas que foram entregues à polícia.
Irregular
O pastor responderá pelo crime de violação sexual, que pode render até 6 anos de reclusão. Apesar de ele contar com ajudantes e até realizar casamentos e batismos no local, a igreja estaria funcionando ilegalmente.
O processo do abuso corre em segredo de Justiça e a defesa do acusado informou que não se manifestará agora porque ainda está se inteirando sobre os autos. Fonte: https://www.metropoles.com
Terça-feira, 30 de abril-2019. 2ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Fazei-nos, ó Deus todo-poderoso, proclamar o poder do Cristo ressuscitado, e, tendo recebido as primícias dos seus dons, consigamos possuí-los em plenitude. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 3, 7b-17)
Naquele tempo Jesus disse a Nicodemos: 7bÉ necessário para vós nascer do alto. 8O vento sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim é também todo aquele que nasceu do Espírito”. 9Nicodemos, então, perguntou: “Como pode isso acontecer?” 10Jesus respondeu: “Tu és o mestre de Israel e não conheces estas coisas? 11Em verdade, em verdade, te digo: nós falamos do que conhecemos e damos testemunho do que vimos, mas vós não aceitais o nosso testemunho. 12Se não acreditais quando vos falo das coisas da terra, como ireis crer quando eu vos falar das coisas do céu? 13Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu: o Filho do Homem. 14Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também será levantado o Filho do Homem, 15a fim de que todo o que nele crer tenha vida eterna”.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma parte da conversa de Jesus com Nicodemos. Nicodemos tinha ouvido falar das coisas que Jesus realizava, ficou impressionado e queria conversar com Jesus para poder entender melhor. Ele pensava conhecer as coisas de Deus. Vivia com o livrinho do passado na mão para ver se o novo que Jesus anunciava estava de acordo. Na conversa, Jesus disse que a única maneira para ele, Nicodemos, poder entender as coisas de Deus era nascer de novo! Às vezes, nós somos como Nicodemos: só aceitamos como novo aquilo que está de acordo com as nossas antigas idéias. Outras vezes, deixamos nos surpreender pelos fatos e não temos medo de dizer: "Nasci de novo!"
Quando os evangelistas recolhem as palavras de Jesus, eles têm presente os problemas das comunidades para as quais escrevem. As perguntas de Nicodemos a Jesus eram um espelho das perguntas das comunidades da Ásia Menor do fim do primeiro século. Por isso, as respostas de Jesus a Nicodemos eram, ao mesmo tempo, uma resposta para os problemas daquelas comunidades. Era assim que os cristãos faziam a catequese naquele tempo. Muito provavelmente, o relato da conversa entre Jesus e Nicodemos fazia parte da catequese batismal, pois diz que as pessoas devem renascer da água e do espírito (Jo 3,6).
João 3,7b-8: Nascer do alto, nascer de novo, nascer do Espírito. Em grego, a mesma palavra significa de novo e do alto. Jesus tinha dito “Quem não nasce da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5). E acrescentou: "O que nasceu da carne é carne. O que nasceu do Espírito é Espírito" (Jo 3,6). Aqui, carne significa aquilo que nasce só das nossas idéias. O que nasce de nós tem o nosso tamanho. Nascer do Espírito é outra coisa! E Jesus reafirmou novamente o que tinha dito antes: “Vocês devem nascer do alto (de novo)”. Ou seja, devem renascer do Espírito que vem do alto. E ele explica que o Espírito é como o vento. Tanto no hebraico como no grego, usa-se a mesma palavra para dizer espírito e vento. Jesus diz: "O vento sopra onde quer e você ouve o seu ruído, mas você não sabe de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do espírito". O vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção. Nós percebemos a direção do vento, por exemplo, o vento Norte ou o vento Sul, mas não conhecemos nem controlamos a causa a partir da qual o vento se movimenta nesta ou naquela direção. Assim é o Espírito. "Ninguém é senhor do Espírito" (Ecl 8,8). O que mais caracteriza o vento, o Espírito, é a liberdade. O vento, o Espírito, é livre, não pode ser controlado. Ele age sobre os outros e ninguém consegue agir sobre ele. Sua origem é mistério, seu destino é mistério. O barqueiro deve, primeiro, descobrir o rumo do vento. Depois, deve colocar as velas de acordo com este rumo. É o que Nicodemos e todos nós temos de fazer.
João 3,9: Pergunta de Nicodemos: Como é que isto pode acontecer? Jesus não disse nada mais do que resumir o que o Antigo Testamento já ensinava sobre a ação do Espírito, do vento santo, na vida do povo de Deus e que Nicodemos, como mestre e doutor, devia saber. Mesmo assim, Nicodemos se espantou com a resposta de Jesus e se faz de ignorante: "Como é que isto pode acontecer?".
João 3,10-15: Resposta de Jesus: a fé nasce do testemunho e não do milagre. Jesus dá o troco: "Você é mestre em Israel e não sabe disso?" Pois para Jesus, se uma pessoa crê só quando as coisas estão de acordo com os seus próprios argumentos e idéias, ainda não é perfeita a sua fé. Perfeita, sim, é a fé da pessoa que acredita por causa do testemunho. Ela deixa de lado seus próprios argumentos e se entrega, porque crê naquele que testemunhou.
4) Para um confronto pessoal
1-Você já passou por alguma experiência que lhe deu a sensação de nascer de novo? Como foi?
2-Jesus compara a ação do Espírito Santo com o vento. O que esta comparação nos revela sobre a ação do Espírito de Deus em nossa vida? Você já colocou as velas do barco da sua vida de acordo com o rumo do vento, do Espírito?
5) Oração final
O SENHOR reina, de esplendor se veste, o SENHOR se reveste e se cinge de poder; está firme o mundo, jamais será abalado. Dignos de fé são teus testemunhos; a santidade convém à tua casa por dias sem fim, ó SENHOR! (Sl 92, 1.5)
Segunda-feira, 29 de abril-2019. 2ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos a herança prometida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 3, 1-8)
Naquele tempo, 1Havia alguém dentre os fariseus, chamado Nicodemos, um dos chefes dos judeus. 2À noite, ele foi se encontrar com Jesus e lhe disse: “Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus, pois ninguém é capaz de fazer os sinais que tu fazes, se Deus não está com ele”. 3Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo: se alguém não nascer do alto, não poderá ver o Reino de Deus!” 4Nicodemos perguntou: “Como pode alguém nascer, se já é velho? Ele poderá entrar uma segunda vez no ventre de sua mãe para nascer?” 5Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo: se alguém não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus. 6O que nasceu da carne é carne; o que nasceu do Espírito é espírito. 7Não te admires do que eu te disse: É necessário para vós nascer do alto. 8O vento sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim é também todo aquele que nasceu do Espírito”.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma parte da conversa de Jesus com Nicodemos. Nicodemos aparece várias vezes no evangelho de João (Jo 3,1-13; 7,50-52; 19,39). Ele era uma pessoa de certa posição social. Tinha liderança entre os judeus e fazia parte do supremo tribunal chamado Sinédrio. No evangelho de João, ele representa o grupo de judeus que eram piedosos e sinceros, mas que não chegavam a entender tudo que Jesus fazia e falava. Nicodemos tinha ouvido falar dos sinais, das coisas maravilhosas que Jesus realizava, e ficou impressionado. Ele quer conversar com Jesus para poder entender melhor. Ele era uma pessoa estudada que pensava entender as coisas de Deus. Ele esperava o Messias com o livrinho da lei na mão para verificar se o novo anunciado por Jesus estava de acordo. Jesus faz perceber a Nicodemos que a única maneira para alguém poder entender as coisas de Deus é nascer de novo! Hoje acontece a mesma coisa. Alguns são como Nicodemos: só aceitam como novo aquilo que está de acordo com as suas próprias idéias. O que não estiver de acordo é recusado como sendo contrário à tradição. Outros se deixam surpreender pelos fatos e não têm medo de dizer: "Nasci de novo!"
João 3,1: Um homem, chamado Nicodemos
Pouco antes do encontro de Jesus com Nicodemos, o evangelista falava da fé imperfeita de certas pessoas que só se interessavam pelos milagres de Jesus (Jo 2,23-25). Nicodemos era uma destas pessoas. Tinha boa vontade mas a sua fé ainda era imperfeita. A conversa com Jesus vai ajudá-lo a perceber que deve dar um passo a mais para poder aprofundar sua fé em Jesus e em Deus.
João 3,2: 1ª pergunta de Nicodemos: tensão entre o velho e o novo
Nicodemos era um fariseu, pessoa de destaque entre os judeus e com um bom raciocínio. Ele foi encontrar Jesus de noite e lhe diz: "Você vem da parte de Deus como um mestre, pois ninguém é capaz de fazer os sinais que você faz!" Nicodemos opina sobre Jesus a partir dos argumentos que ele, Nicodemos, tem dentro de si. Isto já é um passo importante, mas não basta para conhecer Jesus. Os sinais que Jesus faz podem despertar a pessoa e produzir nela um interesse. Podem gerar curiosidade, mas não geram entrega nem fé. Não fazem ver o Reino de Deus presente em Jesus. Para isto é necessário dar mais um passo. Qual é este passo?
João 3,3: Resposta de Jesus: "Tem que nascer de novo!"
Para que Nicodemos possa perceber o Reino presente em Jesus, ele terá que nascer de novo, do alto. Quem tenta compreender Jesus só a partir dos seus próprios argumentos, não consegue entendê-lo. Jesus é maior. Enquanto Nicodemos fica só com o catecismo do passado na mão, não vai poder entender Jesus. Ele terá que abrir mão de tudo. Terá que deixar de lado suas próprias certezas e seguranças e entregar-se totalmente. Terá que fazer uma escolha entre, de um lado, manter a segurança que lhe vem da religião organizada com suas leis e tradições e, do outro lado, lançar-se na aventura do Espírito que Jesus lhe propõe.
João 3,4: 2ª pergunta de Nicodemos: Como é possível nascer de novo?
Nicodemos não dá o braço a torcer e torna a perguntar com certa ironia: "Como uma pessoa pode nascer sendo já velha? Poderá entrar uma segunda vez no seio de sua mãe e nascer?" Nicodemos tomou as palavras de Jesus ao pé da letra e, por isso, não entendeu nada. Ele deveria ter percebido que as palavras de Jesus tinham um sentido simbólico.
João 3,5-8: Resposta de Jesus: Nascer do alto, nascer do espírito
Jesus explica o que quer dizer: nascer do alto ou nascer de novo. É "nascer da água e do Espírito". Aqui temos uma alusão muito clara ao batismo. Através da conversa de Jesus com Nicodemos, o evangelista nos convida a fazer uma revisão do nosso batismo. Ele relata as seguintes palavras de Jesus: "O que nasceu da carne é carne. O que nasceu do Espírito é Espírito". Carne significa aquilo que nasce só das idéias nossas. O que nasce de nós tem o nosso tamanho. Nascer do Espírito é outra coisa! O Espírito é como o vento. "O vento sopra onde quer e você ouve o seu ruído, mas você não sabe de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do espírito" O vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção. Nós percebemos a direção do vento, por exemplo, no vento Norte ou vento Sul, mas não conhecemos nem controlamos a causa a partir da qual o vento se movimenta nesta ou naquela direção. Assim é o Espírito. "Ninguém é senhor do Espírito" (Ecl 8,8). O que mais caracteriza o vento, o Espírito, é a liberdade. O vento, o espírito, é livre, não pode ser controlado. Ele age sobre os outros e ninguém consegue agir sobre ele. Sua origem é mistério, seu destino é mistério. O barqueiro deve, primeiro, descobrir o rumo do vento. Depois, deve colocar as velas de acordo com este rumo. É o que Nicodemos e todos nós temos de fazer.
Uma chave para entender melhor as palavras de Jesus sobre o Espírito Santo
A língua hebraica usa a mesma palavra para dizer vento e espírito. Como dissemos, o vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção: vento Norte, vento Sul. O Espírito de Deus tem um rumo, um projeto, que já se manifestava na criação. O Espírito estava presente na criação sob a forma de uma ave pairando sobre as águas do caos (Gn 1,2). Ano após ano, ele renova a face da terra e coloca a natureza em movimento através da seqüência das estações (Sl 104,30; 147,18). Este mesmo Espírito está presente também na história. Fez recuar o Mar Vermelho (Ex 14,21) e trouxe as codornizes para o povo comer (Nm 11,31). Esteve com Moisés e, a partir dele, se distribuiu nas lideranças do povo (Nm 11,24-25). Tomava posse dos líderes e os levava a realizar ações libertadoras: Otoniel (Jz 3,10), Gedeão (Jz 6,34), Jefté (Jz 11,29), Sansão (Jz 13,25; 14,6.19; 15,14), Saul (1Sm 11,6), e Débora, a profetisa (Jz 4,4). Esteve presente no grupo dos profetas e agia neles com força contagiosa (1Sm 10,5-6.10). Sua ação nos profetas produziu inveja nos outros, mas Moisés reagiu: "Oxalá todo o povo fosse profeta e recebesse o Espírito de Javé!" (Nm 11,29).
Ao longo dos séculos cresceu a esperança de que o Espírito de Deus orientasse o Messias na realização do projeto de Deus (Is 11,1-9) e descesse sobre todo o povo de Deus (Ez 36,27; 39,29; Is 32,15; 44,3). A grande promessa do Espírito transparece de várias maneiras nos profetas do exílio: a visão dos ossos secos, ressuscitados pela força do Espírito de Deus (Ez 37,1-14); a efusão do Espírito de Deus sobre todo o povo (Jl 3,1-5); a visão do Messias-Servo que será ungido pelo Espírito para estabelecer o direito na terra e anunciar a Boa Nova aos pobres (Is 42,1; 44,1-3; 61,1-3). Eles vislumbram um futuro, em que o povo, cada vez de novo, renasce pela efusão do Espírito (Ez 36,26-27; Sl 51,12; cf. Is 32,15-20).
O evangelho de João usa muitas imagens e símbolos para significar a ação do Espírito. Como na criação (Gn 1,1), assim o Espírito desceu sobre Jesus "como uma pomba, vinda do céu" (Jo 1,32). É o começo da nova criação! Jesus fala as palavras de Deus e nos comunica o Espírito sem medida (Jo 3,34). Suas palavras são Espírito e vida (Jo 6,63). Quando Jesus se despediu, ele disse que ia enviar um outro consolador, um outro defensor, para ficar conosco. É o Espírito Santo (Jo 14,16-17). Através da sua paixão, morte e ressurreição, Jesus conquistou o dom do Espírito para nós. Através do batismo todos nós recebemos este mesmo Espírito de Jesus (Jo 1,33). Quando apareceu aos apóstolos, soprou sobre eles e disse: "Recebei o Espírito Santo!" (Jo 20,22). O Espírito é como água que jorra de dentro das pessoas que crêem em Jesus (Jo 7,37-39; 4,14). O primeiro efeito da ação do Espírito em nós é a reconciliação: "Aqueles a quem vocês perdoarem os pecados serão perdoados; aqueles aos quais retiverem, serão retidos" (Jo 20,23). O Espírito nos é dado para que possamos lembrar e entender o significado pleno das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,12-13). Animados pelo Espírito de Jesus podemos adorar a Deus em qualquer lugar (Jo 4,23-24). Aqui se realiza a liberdade do Espírito de que fala São Paulo: "Onde há o Espírito do Senhor, aí está a liberdade" (2Cor 3,17).
4) Para um confronto pessoal
1-Como você costuma reagir diante das novidades que se apresentam? É como Nicodemos ou aceita a surpresa de Deus?
2-Jesus compara a ação do Espírito Santo com o vento (Jo 3,8). O que esta comparação nos revela sobre a ação do Espírito de Deus na minha vida?Você já passou por alguma experiência que lhe deu a sensação de nascer de novo?
5) Oração final
Vou proclamar o decreto do SENHOR: Ele me disse: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei! Servi ao SENHOR com reverência e prestai-lhe homenagem com tremor. (Sl 2, 7.11)
Igreja Anglicana do DF celebra primeiro casamento homoafetivo
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Cerimônia realizada neste sábado (27/04/2019) é a primeira em Brasília desde que a religião aprovou a união entre pessoas do mesmo sexo
Dois homens percorreram o caminho entre a porta da igreja do altar e disseram “sim” um ao outro para o compromisso do matrimônio. É a primeira vez que duas pessoas do mesmo sexo se casam num templo da Igreja Anglicana do Distrito Federal, desde que a religião aprovou a união homoafetiva, em setembro de 2018. A cerimônia de Caio e Philipe Silva Costa ocorreu na noite desse sábado (27/04/2019), na Catedral da Ressurreição, localizada na 309/310 Sul – seguida de festa no Hotel Nacional.
A cerimônia lembra muito um casamento católico. Há momentos de leituras bíblicas, sermões, votos matrimoniais e a reafirmação do compromisso de amor, fidelidade e respeito.
Egressos da Igreja Católica, os dois se sentiram acolhidos na Anglicana, onde participam de discussões e cerimônias. Há, entre os membros do grupo, outros LGBTs – incluindo uma pessoa transsexual – e nenhum deles sofreu qualquer tipo de discriminação durante reuniões ou celebrações, conforme relata o casal.
No começo do namoro, os dois frequentaram um grupo católico de estudo e oração, mas decidiram sair após reclamações de outros participantes ao padre da paróquia. A partir de então, sentindo a necessidade de prosseguir com as próprias profissões de fé, decidiram migrar para onde seriam aceitos. Fonte: https://www.metropoles.com
Sinais da presença do Ressuscitado
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“Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor” (Jo 20,20).
Pe. Adroaldo Palaoro sj
As Aparições são a maneira mais convincente de transmitir a vivência daquilo que Jesus Cristo significou para os(as) primeiros(as) seguidores(as), depois da desoladora experiência de Sua paixão e morte. O que a primitiva comunidade quis transmitir foi a experiência de que Jesus Vive e, além disso, continua comunicando-lhes aquela mesma Vida da qual tantas vezes Ele lhes havia falado. E, ao tomarem consciência de que possuíam a verdadeira Vida, o medo da morte não lhes preocupava mais. A Vida que o Cristo Ressuscitado lhes comunicou, permanece. Esta é a mensagem de Páscoa.
Com o conceito de Ressurreição quer-se expressar, então, a mensagem de que a morte de Jesus não foi o final. Sua morte não foi a meta, senão que sua meta foi a Vida, uma Vida em Deus, a mesma Vida de Deus, como nos diz João: “O Pai que vive me enviou e eu vivo pelo Pai”.
Jesus não volta à vida. Está já na vida. Por isso os relatos pascais insistem em que Jesus não é uma recordação do passado, mas que está vivo e ativo entre os seus.
João usa o verbo “soprar sobre eles” para expressar a comunicação do dom da Vida, através do Espírito do Ressuscitado. É o mesmo verbo que aparece em Gen. 2,7: com aquele sopro o ser humano de barro se transformou em ser vivente. Agora Jesus lhes transmite o Espírito que dá verdadeira Vida. Trata-se de uma nova criação do ser humano. Sem essa Vida que vai mais além da vida, nada daquilo que diz o Evangelho teria sentido.
O Espírito recebido é o critério para discernir as atitudes e as ações que derivam dessa Vida. Essa nova Vida é capacidade de amar como Jesus amou; é “passar pela vida fazendo o bem” (At. 10,38); é força que arranca de tudo aquilo que desumaniza e oprime; é impulso para “estar entre os seus como aquele que serve” (Lc. 22,27).
Dando seu Espírito, Jesus quer que seu Projeto seja também realizado por todos os seus(suas) seguido-res(as). Ele desvela no ser humano todas as suas possibilidades: transcender-se a si mesmo e ativar todas as potencialidades de vida ainda latentes.
“Viver como ressuscitados” implica esvaziar-nos do “ego”, para deixar transparecer o que há de mais divino em nosso interior. É preciso destravar portas e janelas de nossos estreitos lugares para que o novo Sopro do Ressuscitado areje nossa interioridade, ainda envolvida na sombra e no medo. Todos nós temos de passar e superar o mesmo processo vivido pelos discípulos e discípulas, se quisermos entrar na dinâmica da experiência Pascal. A fé no Ressuscitado não significa nada se nós mesmos continuamos vivendo uma vida atrofiada e sem horizontes.
Quem se experimenta a si mesmo como “Vida” é já uma pessoa “ressuscitada”. Nós vivemos já ressuscitados porque o Ressuscitado está em nosso meio, através do seu Espírito que dá a Vida. A Vida definitiva já está alentando nossa vida.
A Ressurreição de Jesus nos convida e nos convoca a um sentido maior de nossa existência e uma maior qualidade de vida em nossas relações. Há “sinais” de Ressurreição perpassando todas as experiências humanas. Da mesma forma como há sinais de morte, também há inúmeros sinais de vida saltando por todos os lados. Cabe a nós, portanto, prestar atenção a esses “sinais” para deixar-nos impactar por eles.
Os sinais da Ressurreição não são diferentes daqueles da Paixão, mas os mesmos: os cravos e a lança. Não nos enganemos, trata-se do Crucificado; Ele é o Ressuscitado. Não há outro modo de encontrá-lo e verificá-lo a não ser tocando a marca dos cravos e o seu lado traspassado. Só que agora quem o vê e o toca, sente a força que o Crucificado/Ressuscitado tem para libertar e curar, para sanar e levantar, para dar vida e vencer a morte. Suas cicatrizes são curativas e sanam aqueles que O contemplam e O descobrem no cotidiano da história. “Tocar” no Ressuscitado é “tocar” a carne dos feridos e excluídos de nosso meio.
Jesus Ressuscitado continua carregando em suas mãos, pés e lado, a ferida da história; não só as chagas dos cravos e o corte da lança em seu próprio corpo, mas a chaga dos enfermos e expulsos, dos famintos e oprimidos... e de todos aqueles que continuam sofrendo ao nosso lado.
Experimentamos a Ressurreição quando somos capazes de acreditar que a boa semente precisa morrer para dar frutos, isto é, que a vida bem vivida é aquela que está a serviço e que deve ser bem cuidada. A Ressurreição acontece quando alimentamos a pequena chama que ainda fumega nos corações desanimados, mas esperançosos; quando acreditamos no ser humano e em suas possibilidades de mudança; quando transformamos escuridão em luz, choro em dança, sofrimento em crescimento.
Vivemos a Ressurreição quando ajudamos os outros a encontrar razões para viver e alimentamos os sonhos por dias melhores, com pão na mesa de todos e com dignidade garantida. A Ressurreição acontece nos pequenos e simples gestos de partilha, de perdão sincero e de confiança alegre. Ela está presente nos corações que mantêm viva a novidade da vida. E se revela na capacidade de ver o mundo e as pessoas com olhar de misericórdia, que reconstrói a existência fragmentada.
Eis por que é fundamental o exercício do olhar transparente, da escuta atenta, da sensibilidade antenada... Importa contemplar o amor entre as pessoas, o cuidado do planeta, o sorriso das crianças, o sofrimento e as limitações humanas, a festa e a alegria, os rostos marcados pelo desgaste do caminho, bem como as lutas e as conquistas cotidianas. Tudo é mensagem, tudo se reveste de sentido.
A Ressurreição de Jesus toca nossa existência e nos possibilita experimentar o céu enquanto caminhamos pela terra, viver o divino misturado com o humano. Assim, o bem, a bondade e a solidariedade nos colocam na perspectiva do paraíso. A Ressurreição nos eleva e nos orienta para o Transcendente e para os valores mais altos, sem perder a simplicidade e complexidade de cada dia.
Ao entrarmos no mistério das coisas, pessoas e acontecimentos, somos banhados pela onda vital que emana de Deus. Dessa maneira, a vida nova resplandece e ilumina a escuridão da humanidade. A perspectiva da Ressurreição nos permite, portanto, dar um salto em direção à vida plena, ainda que marcada pela dor, pela cruz e pelos sinais de derrota. Para os semeadores do bem, a vida é recompensa e fruto. E tem a última palavra...
Texto bíblico: Jo 20,19-31
Na oração: * Preste atenção aos sinais de vida ao seu redor: gestos simples, iniciativas de pessoas e comunidades, posturas éticas e coerentes na política e na Igreja, solidariedade, perdão, acolhimento, voluntariado, cuidado de pessoas e do meio ambiente, etc...
* Faça, diariamente, uma “leitura orante” dos acontecimentos pessoais, sociais, ecle-siais...
* Quê mensagem de Ressurreição você encontra neles? Quê apelos você reconhece nessas experiências?
Fonte: centroloyola.org.br
Livro revela pedofilia em seminário do Rio
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Em livro “O silêncio do Rio Comprido”, o jornalista Lélio Fabiano dos Santos, ex-seminarista, conta como foram seus dez anos no Seminário Arquidiocesano de São José, o mais antigo do Rio e do Brasil
Ascânio Seleme
Não são poucos os casos de pedofilia envolvendo padres e bispos relatados em diversos países, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa. A situação é tão grave e constrangedora que abriu um novo capítulo na História da igreja no pontificado de Francisco. Religiosos que assediam, seduzem e violentam menores estão sendo denunciados e punidos pela Justiça e pela igreja. No Brasil, inúmeros episódios foram descobertos nos últimos anos. Quase todos originados em denúncias encorajadas pela onda de casos tornados públicos ao redor do mundo. Histórias mesmo, como as contadas em Boston, onde 300 padres abusaram de mais de mil vítimas durante 70 anos, apenas agora começam a ser contadas.
O pioneiro é o jornalista Lélio Fabiano dos Santos, ex-seminarista, que lançou no sábado em Belo Horizonte o livro “O silêncio do Rio Comprido”. Em pouco mais de cem páginas, Lélio Fabiano conta como foram seus dez anos no Seminário Arquidiocesano de São José, o mais antigo do Rio e do Brasil. Os casos de assédio e sedução começaram já nos primeiros anos de internato. O jovem seminarista entrou no São José em março de 1952, com dez anos de idade. Ele queria ser padre. Ao sair, com 20 anos, queria distância da igreja, de padres e de bispos.
Dos 27 capítulos do livro, três são dedicados exclusivamente aos casos de assédio sexual e moral que o menino sofreu ao longo dos anos que passou no seminário da Avenida Paulo de Frontin, no Rio Comprido. Num dos episódios relatados por Lélio Fabiano, um padre o chama para uma sala de estudos, afrouxa o cinto da calça, abre a braguilha e pede para o menino coçar a sua barriga. Depois manda ele descer as mãos até o seu pênis. O garoto foge em desespero.
Em outro ponto, o ex-seminarista conta como o padre prefeito, o disciplinador do Seminário, cuidava dos meninos que tinham resfriado. Ele levava o enfermo para o seu quarto para que pudesse tomar banho quente, já que apenas nos aposentos dos padres havia água aquecida a gás. O padre então mandava que os garotos, antes de começarem o banho, fossem retirando as roupas enquanto ele ajustava a temperatura da água. E ele repetia uma ordem que o menino seminarista nunca esqueceu: “Vai descendo (as roupas), que eu vou regulando”.
O assédio desse padre era tão disseminado no Seminário que a frase “vai descendo…” era objeto de brincadeiras dos jovens e inocentes seminaristas, alvos da volúpia do padre prefeito. Tanto que os meninos repetiam em coro a ordem do padre no plural, quando se reuniam em intervalos fora das salas de aula: “Vão descendo, que eu vou regulando”, e riam sem entender direito o que era mesmo aquilo.
Foi quase ao final do seu período no internato que o seminarista se deparou com dom Jaime de Barros Câmara, o cardeal arcebispo do Rio e capelão-mor das Forças Armadas. Foi na passagem do Seminário Menor para o Maior onde cumpriria seus últimos três anos antes da ordenação. Dom Jaime recebia cada um dos seminaristas que faziam essa passagem num dos quartos do Seminário. Com o autor, o que ocorreu foi decisivo para que ele desistisse enfim da vida eclesiástica.
Dom Jaime não o molestou sexualmente, mas o assédio moral que Lélio Fabiano sofreu e conta em seu livro ocorreu em torno do ambiente sexista que o perseguiu durante todos os anos que passou internado. Mal iniciado o diálogo com o seminarista, o cardeal o questionou sobre sua castidade. Diante do espanto do aluno, dom Jaime acrescentou: “O senhor me confirma, ou não, que está mantendo uma amizade particular com um colega, o G, meu caro? O senhor teve atitudes libidinosas com ele, é ou não é verdade, meu caro? Até que ponto foram esses atos lascivos, meu caro?”
O seminarista não respondeu, mas queria ter dito ao cardeal que os únicos atos libidinosos e lascivos vividos no Seminário foram com padres e contra a sua vontade. Mas ele não teve coragem. Saiu do quarto e pouco depois abandonou o Seminário. Somente agora, 60 anos depois, conseguiu quebrar o silêncio que rondou o Seminário do Rio Comprido. O livro, editado pela Mazza Edições, é denso e forte. O texto é impecável, e o percurso de suas 111 páginas pode ser feito em pouco mais de uma hora de boa leitura. Fonte: https://oglobo.globo.com
*ELE VIVE EM COMUNIDADE: 2º Domingo da Páscoa – Ano C. (28 de abril-2019)
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Tema
A liturgia deste domingo põe em relevo o papel da comunidade cristã como espaço privilegiado de encontro com Jesus ressuscitado.
O Evangelho sublinha a ideia de que Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã; é à volta d’Ele que a comunidade se estrutura e é d’Ele que ela recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e as perseguições. Por outro lado, é na vida da comunidade (na sua liturgia, no seu amor, no seu testemunho) que os homens encontram as provas de que Jesus está vivo.
EVANGELHO (JO 20, 19-31): ATUALIZAÇÃO
A comunidade cristã gira em torno de Jesus, constrói-se à volta de Jesus e é d’Ele que recebe vida, amor e paz. Sem Jesus, estaremos secos e estéreis, incapazes de encontrar a vida em plenitude; sem Ele, seremos um rebanho de gente assustada, incapaz de enfrentar o mundo e de ter uma atitude construtiva e transformadora; sem Ele, estaremos divididos, em conflito e não seremos uma comunidade de irmãos… Na nossa comunidade, Cristo é verdadeiramente o centro? É para Ele que tudo tende e é d’Ele que tudo parte?
A comunidade tem de ser o lugar onde fazemos, verdadeiramente, a experiência de Jesus ressuscitado. É nos gestos de amor, de partilha, de serviço, de encontro, de fraternidade, que encontramos Jesus vivo, a transformar e a renovar o mundo. É isso que a nossa comunidade testemunha? Quem procura Cristo encontra-O em nós?
Não é em experiências pessoais, íntimas, fechadas, egoístas que encontramos Jesus ressuscitado; mas encontramo-lo no diálogo comunitário, na Palavra partilhada, no pão repartido, no amor que une os irmãos em comunidade de vida. O que é que significa, para mim, a Eucaristia?
*LEIA A REFLEXÃO NA ÍNTEGRA. CLIQUE AO LADO NO LINK- Evangelho do dia.
2° Domingo da Páscoa: Ninguém resiste a um gesto de amor.
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Frei Jorge Van Kampen, Carmelita. In Memoriam. (*17/04/1932 + 08/08/2013)
Cada pessoa humana, de vez em quando, é confrontado com perguntas acerca da vida e da morte: perguntas em torno da morte depois da vida, e a vida após a morte. São perguntas difíceis de responder, porque a nossa inteligência não consegue a entender, e a nossa fantasia só chega a fazer exageros.
A Bíblia e a Igreja fazem um apelo a nós para crer na vida depois da morte, mas como será ninguém nos conta, e - como diz o povo – ninguém voltou para cá para nos contar como será isto. Não há mistério, que exige tanta fé, que o mistério da Ressurreição, mesmo assim Paulo, coloca a Ressurreição como ponto da nossa fé. “Porque se os mortos não ressuscitam,” escreve ele, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a fé não vale nada, e continuamos perdidos nos nossos pecados “(1 Cor. 15, 16 e 55). Para saborear o artigo da Fé”: Creio na Ressurreição da carne e na vida eterna: Precisamos meditar sobre isto.
Reflexão.
Quem deixa tocar seu coração, já está comprometido. Diante do desafio arregaça as mangas, diante da alegria e dança, diante da dor que comove. É o sentimento, que abre o coração, cativa à vontade e envolve a pessoa. O que toca o sentimento? Pode ser um olhar, um gesto, uma palavra..., desde que haja um clima, que os faça caminhar seguro aos sentimentos. Mas vejamos como tudo começou; À tardinha, já estava escuro, numa sala, de portas fechadas, estavam os apóstolos com muito medo no coração. Jesus não se escandaliza com a fraqueza humana e se coloca no meio deles. Sentiu a covardia deles, na hora do aperto, mas conhecia o carinho, que lhe devotaram. Jesus não recrimina os discípulos. Oferece a Paz. Eles esperavam tudo menos a saudação da Paz. Parecia um sonho.
Tomé foi o único, que não foi tocado por Jesus. Por isso resiste. Mas basta a presença amiga de Jesus e Tomé se rende. Ninguém resiste a um gesto de amor. Quem se deixa tocar por esta Paz, só pode perguntar: “Senhor, que queres, que eu faço?” E Jesus responde: “Como o Pai me enviou, assim Eu te envio também!”
Resposta à Palavra de Deus.
Assim como na criação do homem Deus, por um supro infundiu vida ao homem. È a vida Cristã. Esta vida é um compromisso com Cristo, de imitá-lo e difundir a Sua Palavra.
DOMINGO, 28: Reflexão para o II Domingo de Páscoa
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O Senhor morreu e ressurgiu para a nossa alegria, para a nossa felicidade ainda neste mundo, por isso o dom da paz, o dom do perdão dos pecados, o dom do Espírito.
Padre César Augusto dos Santos - Cidade do Vaticano
No início do Evangelho de hoje, que nos relata o cair da tarde no domingo da ressurreição, os discípulos estão amedrontados e se encontram reunidos a portas fechadas. Nada adiantou os relatos daqueles que tiveram a experiência do Cristo Ressuscitado, mas o receio, o medo da morte falava mais alto.
Nesse ambiente o Senhor lhes aparece e lhes dá a paz. Em seguida, para confirmar sua ressurreição, lhes mostra as marcas da paixão em seu corpo. Como sempre, nas aparições após a ressurreição, o Senhor lhes dá a missão de anunciar sua vitória sobre a morte e, agora, lhes dá uma missão até então não conferida: com a efusão do Espírito Santo lhes dá o poder de perdoar os pecados!
O Senhor morreu e ressurgiu para a nossa alegria, para a nossa felicidade ainda neste mundo, por isso o dom da paz, o dom do perdão dos pecados, o dom do Espírito.
Contudo, na comunidade reunida, falta alguém – Tomé. Por que será que o autor do quarto evangelho relata essa ausência de Tomé. Para criticá-lo? Certamente não! Não havia motivo para isso. João aproveita esse episódio para fortalecer nossa fé na ressurreição de Jesus.
Como vimos nos relatos anteriores, apesar de Jesus ter prevenido seus discípulos sobre a sua ressurreição, eles não creram, nem mesmo após o testemunho da Maria Madalena e dos dois de Emaús. Assim também aconteceu com a primeira Comunidade cristã e para muitos de nós.
Por isso, João escreve no final do Evangelho: “Isto foi escrito para que vocês acreditem que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham a vida em seu nome”.
Muitos desejam ver para crer. Contudo, Jesus ressuscitado não pode ser visto com nossos olhos, tocado com nossas mãos, mas apenas é visto e tocado com nossa fé! Se eu vejo, se toco, não preciso ter fé, pois vi e toquei! É aceitar o evidente! Mas o que não vi e nem toquei e, mesmo assim, acredito que exista, isso é fé. À exclamação de Tomé “Meu Senhor e meu Deus!”, Jesus reage: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” Isso supõe uma fé genuína, pura. Acreditar somente na palavra de Jesus, por crer em Jesus!
Hoje o Senhor também solicita nossa resposta de amor ao seu Amor. Ele nos ama e está sempre ao nosso lado. Tenhamos para com nosso Senhor um relacionamento afetivo, ele é o nosso maior amigo, é o nosso Senhor e nosso Deus! Fonte: www.vaticannews.va
Sábado, 27 de abril-2019. Oitava da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que pela riqueza da vossa graça multiplicai os povos que creem em vós, contemplai solícitos aqueles que escolhestes e dai aos que renasceram pelo batismo a veste da imortalidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo..
2) Leitura do Evangelho (Marcos 16, 9-15)
9Ressuscitado na madrugada do primeiro dia depois do sábado, Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena, de quem tinha expulsado sete demônios. 10Ela foi anunciar o fato aos seguidores de Jesus, que estavam de luto e choravam. 11Quando ouviram que ele estava vivo e tinha sido visto por ela, não acreditaram. 12Depois disso, Jesus apareceu a dois deles, sob outra aparência, enquanto estavam indo para o campo. 13Eles contaram aos outros. Também não acreditaram nesses dois. 14Por fim, Jesus apareceu aos onze discípulos, enquanto estavam comendo. Ele os criticou pela falta de fé e pela dureza de coração, porque não tinham acreditado naqueles que o tinham visto ressuscitado. 15E disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura!
3) Reflexão
O evangelho de hoje faz parte de uma unidade literária mais ampla (Mc 16,9-20) que traz uma lista ou um resumo de várias aparições de Jesus: (1) Jesus aparece a Maria Madalena, mas os discípulos não aceitam o testemunho dela (Mc 16,9-11); (2) Jesus aparece a dois discípulos, mas os outros não creram no testemunho deles (Mc 16,12-13); (3) Jesus aparece aos Onze, critica a falta de fé e dá ordem de anunciar a Boa Nova a todos (Mc 16,14-18); (4) Jesus sobe ao céu e continua cooperando com os discípulos (Mc 16,19-20).
Além desta lista de aparições do evangelho de Marcos, existem outras listas de aparições que nem sempre coincidem entre si. Por exemplo, a lista conservada por Paulo na carta aos Coríntios é bem diferente (1 Cor 15,3-8). Esta variedade mostra que, inicialmente, os cristãos não se preocupavam em provar a ressurreição por meio das aparições. Para eles a fé na ressurreição era tão evidente e tão vivida, que não havia necessidade de prova. Uma pessoa que toma banho de sol na praia não se preocupa em provar que o sol existe. Ela mesma, bronzeada, é a prova viva de que o sol existe. As comunidades, elas mesmas, existindo no meio daquele império imenso, eram uma prova viva da ressurreição. As listas das aparições começam a aparecer mais tarde, na segunda geração, para rebater as críticas dos adversários.
Marcos 16,9-11: Jesus aparece a Maria de Mágdala, mas os outros discípulos não creram nela. Jesus aparece primeiro a Maria Madalena. Ela foi anunciá-lo aos outros. Para vir ao mundo, Deus quis depender do sim de uma jovem de 15 ou 16 anos, chamada Maria, lá de Nazaré (Lc 1,38). Para ser reconhecido como vivo no meio de nós, quis depender do anúncio de uma moça que tinha sido libertada de sete demônios, também chamada Maria, lá de Mágdala! (Por isso, era chamada Maria Magdalena). Mas os outros não acreditaram nela. Marcos diz que Jesus apareceu primeiro a Madalena. Na lista das aparições, transmitida na carta aos Coríntios (1 Cor 15,3-8), já não constam as aparições de Jesus às mulheres. Os primeiros cristãos tiveram dificuldade de crer no testemunho das mulheres. É pena!
Marcos 16,12-13: Jesus aparece a dois discípulos, mas os outros não creram neles. Sem muitos detalhes, Marcos se refere a uma aparição de Jesus a dois discípulos, “enquanto estavam a caminho do campo”. Trata-se, provavelmente, de um resumo da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús, narrada por Lucas (Lc 24,13-35). Marcos insiste em dizer que “os outros não acreditaram nem mesmo nestes”.
Marcos 16,14-15: Jesus critica a incredulidade e manda anunciar a Boa Nova a todas as criaturas. Por fim, Jesus aparece aos onze discípulos e os repreende por não terem acreditado nas pessoas que o tinham visto ressuscitado. Novamente, Marcos se refere à resistência dos discípulos em crer no testemunho daqueles e daquelas que experimentaram a ressurreição de Jesus. Por que será? Provavelmente, para ensinar três coisas. Primeiro, que a fé em Jesus passa pela fé nas pessoas que dão testemunho dele. Segundo, que ninguém deve desanimar, quando a dúvida e a descrença nascem no coração. Terceiro, para rebater as críticas dos que diziam que cristão é ingênuo e aceita sem crítica qualquer notícia, pois os onze discípulos tiveram muita dificuldade em aceitar a verdade da ressurreição!
O evangelho de hoje termina com o envio: “Ide pelo mundo inteiro e proclamai a Boa Nova a toda criatura!” Jesus lhes confere a missão de anunciar a Boa Nova a toda a criatura.
4) Para um confronto pessoal
1) Maria Madalena, os dois discípulos de Emaús e os onze discípulos: quem é que teve maior dificuldade em crer na ressurreição? Por que? Eu me identifico com qual deles?
2) Quais são os sinais que mais convencem as pessoas da presença de Jesus no nosso meio?
5) Oração final
O SENHOR é justo em todos os seus caminhos, santo em todas as suas obras. O SENHOR está perto de todos os que o invocam, dos que o invocam de coração sincero. (Sl 144, 17-18)
Sexta-feira, 26 de abril-2019. Oitava da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que no Sacramento pascal restaurastes vossa aliança, reconciliando convosco a humanidade, concedei-nos realizar em nossa vida o mistério que celebramos na fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 21, 1-14)
Naquele tempo, 1Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Gêmeo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos dele. 3Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Nós vamos contigo”. Saíram, entraram no barco, mas não pescaram nada naquela noite. 4Já de manhã, Jesus estava aí na praia, mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5Ele perguntou: “Filhinhos, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”. 6Ele lhes disse: “Lançai a rede à direita do barco e achareis”. Eles lançaram a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7Então, o discípulo que Jesus mais amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu e arregaçou a túnica (pois estava nu) e lançou-se ao mar. 8Os outros discípulos vieram com o barco, arrastando as redes com os peixes. Na realidade, não estavam longe da terra, mas somente uns cem metros. 9Quando chegaram à terra, viram umas brasas preparadas, com peixe em cima e pão. 10Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”. 11Então, Simão Pedro subiu e arrastou a rede para terra. Estava cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rasgou. 12Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. 13Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com o peixe. 14Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.
3) Reflexão
O Capítulo 21 do evangelho de São João parece um apêndice que foi acrescentado mais tarde depois que o evangelho já estava terminado. A conclusão do capítulo anterior (Jo 20,30-31) ainda deixa perceber que se trata de um acréscimo. De qualquer maneira, acréscimo ou não, é Palavra de Deus que traz uma bonita mensagem de ressurreição para esta sexta-feira da semana de Páscoa.
João 21,1-3: O pescador de homens volta a ser pescador de peixes. Jesus morreu e ressuscitou. No fim daqueles três anos de convivência com Jesus, os discípulos voltaram para a Galileia. Um grupo deles está de novo diante do lago. Pedro retoma o passado e diz: “Eu vou pescar!” Os outros disseram: “Nós vamos com você!” Assim, Tomé, Natanael, João e Tiago junto com Pedro saíram de barco e foram pescar. Retomaram a vida do passado como se nada tivesse acontecido. Mas algo aconteceu. Algo estava acontecendo! O passado não voltou! “Não pagaram nada!” Voltaram à praia cansados. Foi uma noite frustrante.
João 21,4-5: O contexto da nova aparição de Jesus. Jesus estava na praia, mas eles não o reconheceram. Jesus pergunta: “Moços, por acaso vocês alguma coisa para comer?” Responderam: “Não!” Na resposta negativa reconheceram que a noite tinha sido frustrante e que não pescaram nada. Eles tinham sido chamados para serem pescadores de homens (Mc 1,17; Lc 5,10), e voltaram a ser pescadores de peixes. Mas algo mudou em suas vidas! A experiência de três anos com Jesus provocou neles uma mudança irreversível. Já não era possível voltar para atrás como se nada tivesse acontecido, como se nada tivesse mudado.
João 21,6-8: Lancem a rede do lado direito do barco e vocês vão encontrar. Eles fizeram algo que, provavelmente, nunca tinham feito na vida. Cinco pescadores experimentados obedecem a um estranho que mandou fazer algo que contrastava com a experiência deles. Jesus, aquela pessoa desconhecida que estava na praia, mandou que jogassem a rede do lado direito do barco. Eles obedeceram, jogaram a rede, e foi um resultado inesperado. A rede ficou cheia de peixes! Como era possível! Como explicar esta surpresa fora de qualquer previsão? O amor faz descobrir. O discípulo amado diz: “É o Senhor!” Esta intuição clareou tudo. Pedro se jogou na água para chegar mais depressa perto de Jesus. Os outros discípulos vieram mais devagar com o barco arrastando a rede cheia de peixes.
João 21,9-14: A delicadeza de Jesus. Chegando em terra, viram que Jesus tinha aceso umas brasas e que estava assando peixe e pão. Ele pediu que trouxessem mais uns peixes. Imediatamente, Pedro subiu no barco, arrastou a rede com cento e cinquenta e três peixes. Muito peixe, e a rede não se rompeu. Jesus chamou a turma: “Venham comer!” Ele teve a delicadeza de preparar algo para comer depois de uma noite frustrada sem pescar nada. Gesto bem simples que revela algo do amor com que o Pai nos ama. “Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14,9). Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. E evocando a eucaristia, o evangelista João completou: “Jesus se aproximou, tomou o pão e distribuiu para eles”. Sugere assim que a eucaristia é o lugar privilegiado para o encontro com Jesus ressuscitado.
4) Para um confronto pessoal
1) Já aconteceu com você ter que te pediram jogar a rede do lado direito do barco da sua vida, contrariando toda a sua experiência? Você obedeceu? Jogou a rede?
2) A delicadeza de Jesus. Como é a sua delicadeza nas coisas pequenas da vida?
5) Oração final
Celebrai o SENHOR, porque ele é bom; pois eterno é seu amor. Que Israel diga: eterno é seu amor. Que a casa de Aarão diga: eterno é seu amor. Digam os que temem o SENHOR: eterno é seu amor. (Sl 117, 1-4)
Quinta-feira, 25 de abril-2019. Oitava da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que reunistes povo tão diversos no louvor do vosso nome, concedei aos que renasceram nas águas do batismo ter no coração a mesma fé e na vida a mesma caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 24, 35-48)
35Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão. 36Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco!” 37Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um espírito. 38Mas ele disse: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? 39Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um espírito não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”. 40E dizendo isso, ele mostrou-lhes as mãos e os pés. 41Mas eles ainda não podiam acreditar, tanta era sua alegria e sua surpresa. Então Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?” 42Deram-lhe um pedaço de peixe assado. 43Ele o tomou e comeu diante deles. 44Depois disse-lhes: “São estas as coisas que eu vos falei quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. 45Então ele abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, 46e disse-lhes: “Assim está escrito: o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, 47e no seu nome será anunciada a conversão, para o perdão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém. 48Vós sois as testemunhas destas coisas.
3) Reflexão
Nestes dias depois da Páscoa, os textos do evangelho relatam as aparições de Jesus. No início, nos primeiros anos depois da morte e ressurreição de Jesus, os cristãos não se preocupavam em defender a ressurreição por meio das aparições. Eles mesmos, a comunidade viva, era a grande aparição de Jesus ressuscitado. Mas na medida em que cresciam as críticas dos inimigos contra a fé na ressurreição e que, internamente, surgiam críticas e dúvidas a respeito das várias funções nas comunidades (cf. 1Cor 1,12), eles começaram a lembrar as aparições de Jesus. Há dois tipos de aparições: (1) as que acentuam as dúvidas e resistências dos discípulos em crer na ressurreição, e (2) as que chamam a atenção para as ordens de Jesus aos discípulos e discípulas conferindo-lhes alguma missão. As primeiras respondem às críticas vindas de fora. Elas mostram que os cristãos não são pessoas ingênuas e crédulas que aceitam qualquer coisa. Pelo contrário. Eles mesmos tiveram muitas dúvidas em crer na ressurreição. As outras respondem às críticas de dentro e fundamentam as funções e tarefas comunitárias não nas qualidades humanas sempre discutíveis, mas sim na autoridade e nas ordens recebidas do próprio Jesus ressuscitado. A aparição de Jesus narrada no evangelho de hoje combina os dois aspectos: as dúvidas dos discípulos e a missão de anunciar e perdoar recebida de Jesus.
Lucas 24,35: O resumo de Emaús. De retorno a Jerusalém, os dois discípulos encontram a comunidade reunida e comunicam a experiência que tiveram. Narram o que aconteceu no caminho e como reconheceram Jesus na fração do pão. A comunidade reunida, por sua vez, comunica a eles como Jesus aparecera a Pedro. Foi uma partilha mútua da experiência de ressurreição, como até hoje acontece quando as comunidades se reúnem para partilhar e celebrar sua fé, sua esperança e seu amor.
Lucas 24,36-37: A aparição de Jesus causa espanto nos discípulos. Neste momento, Jesus se faz presente no meio deles e diz: “A Paz esteja com vocês!” É a saudação mais freqüente de Jesus: “A Paz esteja com vocês!” (Jo 14,27; 16,33; 20,19.21.26). Mas os discípulos, ao verem Jesus, ficam com medo. Eles se espantam e não reconhecem Jesus. Diante deles está o Jesus real, mas eles imaginam estar vendo um espírito, um fantasma. Há um desencontro entre Jesus de Nazaré e Jesus ressuscitado. Não conseguem crer.
Lucas 24,38- 40: Jesus os ajuda a superar o medo e a incredulidade. Jesus faz duas coisas para ajudar os discípulos a superar o espanto e a incredulidade. Ele mostra as mãos e os pés, dizendo: “Sou eu!”, e manda apalpar o corpo, dizendo: “Espírito não tem carne nem osso como vocês estão vendo que eu tenho!” Jesus mostra as mãos e os pés, porque é neles que estão as marcas dos pregos (cf. Jo 20,25-27). O Cristo ressuscitado é Jesus de Nazaré, o mesmo que foi morto na Cruz, e não um Cristo fantasma como imaginavam os discípulos ao vê-lo. Ele mandou apalpar o corpo, porque a ressurreição é ressurreição da pessoa toda, corpo e alma. A ressurreição não tem nada a ver com a teoria da imortalidade da alma, ensinada pelos gregos.
Lucas 24,41-43: Outro gesto para ajuda-los a superar a incredulidade. Mas não bastou. Lucas diz que por causa de tanta alegria eles não podiam crer. Jesus pede que lhe dêem algo para comer. Eles deram um pedaço de peixe e ele comeu diante deles, para ajuda-los a superar a dúvida.
Lucas 24,44-47: Uma chave de leitura para compreender o sentido novo da Escritura. Uma das maiores dificuldades dos primeiros cristãos era aceitar um crucificado como sendo o messias prometido, pois a própria lei de Deus ensinava que uma pessoa crucificada era “um maldito de Deus” (Dt 21,22-23). Por isso, era importante saber que a própria Escritura já tinha anunciado que “o Cristo devia sofrer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia e que em seu nome fosse proclamado o arrependimento para o perdão dos pecados a todas as nações”. Jesus mostrou a eles como isto já estava escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos. Jesus ressuscitado, vivo no meio deles, se torna a chave para abrir o sentido total da Sagrada Escritura.
Lucas 24,48: Vocês são testemunhas disso. Nesta ordem final está toda a missão das comunidades cristãs: ser testemunha da ressurreição, para que se torne manifesto o amor de Deus que nos acolhe e nos perdoe, e quer que vivamos em comunidade como seus filhos e filhas, irmãos e irmãs uns dos outros.
4) Para um confronto pessoal
1) Às vezes, a incredulidade e a dúvida se aninham no coração e procuram enfraquecer a certeza que a fé nos dá a respeito da presença de Deus em nossa vida. Você já viveu isto alguma vez? Como o superou?
2) Ser testemunha do amor de Deus revelado em Jesus é a nossa missão, a minha missão. Será que eu sou?
5) Oração final
Ó SENHOR, nosso Deus, como é glorioso teu nome em toda a terra! Sobre os céus se eleva a tua majestade! Que coisa é o homem, para dele te lembrares, que é o ser humano, para o visitares? (Sl 8, 2.5)
Teologia de Joseph Ratzinger: 2º Simpósio Internacional.
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O 11º volume das “Obras completas de Joseph Ratzinger”: “Teologia da Liturgia – O fundamento sacramental da existência cristã”, do prefeito emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Gerhard Muller, será lançado no dia 25 de abril, às 15h, na sede da Arquidiocese do Rio. O livro também será lançado na PUC-RS, em Porto Alegre (RS), e na PUC-SP, em São Paulo (SP).
O lançamento ocorrerá durante o 2º Simpósio Internacional “O fundamento sacramental da existência cristã”: A teologia litúrgica e sacramental de Joseph Ratzinger. O evento, da Sociedade Ratzinger Brasil, em colaboração com a Cátedra Joseph Ratzinger e com o apoio da Arquidiocese do Rio, ocorrerá nos dias 25 e 26 de abril, respectivamente, na sede da arquidiocese, na Glória, e no auditório da Pastoral Universitária da PUC-Rio, na Gávea.
Simpósio
No primeiro dia do simpósio, 25 de abril, o evento acontecerá a partir das 14h, no 2° andar do Edifício São João Paulo II, com a presença do Cardeal Müller, editor da Coleção das Obras completas de Joseph Ratzinger em alemão. Já no dia 26, às 7h45, será celebrada uma missa, que dará início às atividades do segundo dia, na Pastoral Universitária da PUC-Rio, onde será sediado esse segundo dia do encontro. O evento terá conferências de importantes nomes da teologia e apresentações de pesquisas de alunos da área, além de debates.
A comissão organizadora tem como presidentes monsenhor Antonio Luiz Catelan Ferreira e o bispo auxiliar Dom Joel Portella Amado. Ambos têm importantes trabalhos realizados na área da Doutrina da Fé.
Segundo monsenhor Catelan, o simpósio também está relacionado com o lançamento do livro. “A vinda do cardeal Müller ao Brasil tem como finalidade o lançamento desse volume das obras de Ratzinger. Ele passará por Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Aparecida (SP). Ele vem a convite da Sociedade Ratzinger Brasil”, explicou.
Segundo ele, o fato de a PUC-Rio ter uma cátedra – uma instituição interna – em homenagem a Joseph Ratzinger, criada em 2012, permite que ela ofereça, através da cátedra, o apoio logístico para a realização de alguns desses eventos, sobretudo a do simpósio. “A relação entre todos esses eventos, em várias cidades, são a figura de Ratzinger e a vinda de Müller ao Brasil. O cardeal foi escolhido pelo próprio Bento XVI para organizar a publicação de suas obras”, contou monsenhor Catelan.
Obras completas de Ratzinger
Monsenhor Catelan contou que ao longo de aproximadamente 50 anos, Joseph Ratzinger publicou artigos, pequenos volumes, alguns livros completos, juntou artigos, fazendo pequenas coletâneas e publicando livros em diversas partes do mundo, em diferentes revistas, jornais e outras publicações.
Por ele ser um dos maiores teólogos do século XX e do início do século XXI, muitas pessoas pediram que organizassem essas publicações, como é costume fazer para filósofos, teólogos ou cientistas: se reúnem todas as obras, organizadas por temas, para melhor acessibilidade. Assim, as pessoas conseguem encontrar todas as informações sobre um determinado assunto em um só volume.
Dessa forma, as obras de Ratzinger foram organizadas em 16 volumes, sendo alguns deles em dois tomos – divisões editoriais. “De um modo simples se tem, ao todo, 21 volumes, cada um com entre 700 e mil páginas”, afirmou o organizador. Fonte:
O volume 11 é o primeiro a ser publicado. Ratzinger não pediu que os volumes fossem publicados por ordem temática, mas, sim, quis que o núcleo fundamental do pensamento dele, a Liturgia, fosse lançado primeiro. Por isso, o 11º volume será lançado antes dos demais.
“Ele confiou esse trabalho científico de organização e publicação ao então bispo Dom Müller, que era o bispo de Ragensburg, na Alemanha. Futuramente, tornou-se cardeal e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé – hoje é emérito – e continuou o trabalho. Para isso, criou uma fundação, chamada Instituto Papa Bento XVI. Ele possui uma equipe coletando e organizando esse material, mas o responsável final é ele mesmo. Por isso que, para o lançamento desse volume, ele virá apresentar a obra e esclarecer critérios editoriais”, pontuou monsenhor Catelan.
Evento
O Simpósio é destinado a professores, pesquisadores e alunos de pós-graduação e graduação da área de ciências da religião e teologia e a todos os interessados em refletir e se aprofundar na teologia e na atuação eclesial de Joseph Ratzinger (Bento XVI). O evento tem abrangência internacional. Para mais informações consulte o site http://www.sociedaderatzingerbrasil.com.br/.
As inscrições ainda estão abertas, através do link https://www.sympla.com.br/ii-simposio-internacional-de-estudos-ratzingerianos__483756 ou do e-mail Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar..
Fonte: http://arqrio.org
Olhe para o altar: onde estão as mulheres? Artigo de Phyllis Zagano
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Se você teve a oportunidade de participar dos ritos da Semana Santa pessoalmente ou por meio da televisão – e eu espero que você tenha participado –, provavelmente você percebeu que, quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as mesmas. É uma Igreja de homens. O comentário é da teóloga estadunidense Phyllis Zagano, pesquisadora da Hofstra University, em Hempstead, Nova York, em artigo publicado por National Catholic Reporter, 22-04-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Os clérigos – todos paramentados – estão no presbitério ou, pelo menos, lá na frente. O resto de nós está longe. Manter os fiéis à distância era um marco do catolicismo medieval, tanto que São Francisco de Assis tentou fazer algo a respeito disso. Incapaz de aproximar as pessoas da celebração, ele lhes deu o Evangelho. Sua atitude, ainda florescendo no mundo, ajuda os fiéis a assimilarem a desconfortável verdade: eles não podem estar perto do sagrado. Especialmente as mulheres.
A liturgia demonstra a colisão entre o real e o irreal, entre a verdade e o modo como a Igreja trata as mulheres. Ah, você pode dizer, na minha paróquia nós temos meninas e meninos como coroinhas. Temos homens e mulheres como leitores e como ministros extraordinários da Eucaristia.
Tudo bem, isso é na sua paróquia. Mas olhe ao redor do país e ao redor do mundo, e você encontrará cada vez mais paróquias instalando gradis no altar, e cada vez menos, se é que elas existem, removendo-os. É a mesma coisa nas catedrais diocesanas.
Há muitos anos, eu ouvi uma professora de liturgia chamar o gradil do altar de “cerca”. Ela tem razão. Quando a “cerca” não é suficiente, geralmente em uma grande celebração como a Missa Crismal ou a Vigília Pascal, os seminaristas podem formar um muro com tochas entre o povo e o altar durante a oração eucarística. Eu até vi membros militares parados lá – na festa de São Patrício em Waterford, na Irlanda!
É um sentimento desconfortável, especialmente para as mulheres, ser “cercado” do lado de fora da celebração eucarística. Sim, as mulheres – e os homens – podem receber a comunhão em qualquer missa, mas a distância entre o povo de Deus e o altar aumenta exponencial e simbolicamente quando dezenas ou centenas de bispos, padres e diáconos formam uma guarda armada virtual, com ou sem tochas.
É assim mesmo, você pode dizer. Sim, é assim mesmo. Mas pense sobre o que isso parece. Imagine uma foto da missa da Vigília Pascal na Basílica de São Pedro, ou mesmo na sua própria catedral diocesana. Você vê alguma mulher? Ah, sim, ali está a mulher que leu a leitura. E não foi uma mulher que ajudou a trazer as oferendas? Mas quem mais, onde mais? Onde estão as mulheres?
Elas estão no fundo da igreja. E é bem provável que muitas das que estavam lá no ano passado foram para a Igreja Episcopal este ano. Isso não é uma ameaça. É um fato. As mulheres estão caminhando, algumas até correndo, para longe do simbolismo litúrgico alimentado por testosterona do catolicismo. Agora, já é um clichê culpar a crise sexual. É isso, mas não é só isso.
As mulheres, com os seus maridos, filhos, outros parentes e amigos, foram embora. Suas explicações são as mesmas, não importa em que língua: elas estão cansadas de serem consideradas, tanto simbólica quanto realmente, como cidadãs de segunda classe da Igreja que um dia amaram. Sua dor insuportável é profunda e é real. Elas não podem e não vão permitir que sejam tratadas assim.
Na minha paróquia é diferente, você diz? Que bom. Que a sua luz brilhe na cidade. Que ela salte por cima dos portadores de tochas e cruze a divisão clerical até o bispo. Diga a ele com que tudo isso se parece. Diga-lhe que a imagem não corresponde à história.
Diga-lhe logo, porque a história é o Evangelho; a história é sobre Jesus; a história é que as mulheres são feitas à imagem e semelhança de Deus. Lembre-lhe, se quiser e puder, que foi uma mulher quem primeiro proclamou a ressurreição. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Quarta-feira, 24 de abril-2019. Oitava da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que nos alegrais todos os anos com a solenidade da ressurreição do Senhor, concedei-nos, pelas festas que celebramos nesta vida, chegar às eternas alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 24, 13-35)
13Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, a uns dez quilômetros de Jerusalém. 14Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. 15Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. 16Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo. 17Então Jesus perguntou: “O que andais conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, 18e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “És tu o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes dias?” 19Ele perguntou: “Que foi?” Eles responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo. 20Os sumos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, com tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! 22É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos assustaram. Elas foram de madrugada ao túmulo 23e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. 24Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém viu”. 25Então ele lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! 26Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na sua glória?” 27E, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a ele. 28Quando chegaram perto do povoado para onde iam, ele fez de conta que ia adiante. 29Eles, porém, insistiram: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Ele entrou para ficar com eles. 30Depois que se sentou à mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu- o e deu a eles. 31Neste momento, seus olhos se abriram, e eles o reconheceram. Ele, porém, desapareceu da vista deles. 32Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” 33Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos. 34E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” 35Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão.
3) Reflexão Luca 24,13-35
O evangelho de hoje traz o episódio tão conhecido da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús. Lucas escreve nos anos 80 para as comunidades da Grécia que na sua maioria eram de pagãos convertidos. Os anos 60 e 70 tinham sido muito difíceis. Houve a grande perseguição de Nero em 64. Seis anos depois em 70, Jerusalém foi totalmente destruída pelos romanos. Em 72, em Massada no deserto de Judá, foi o massacre dos últimos judeus revoltosos. Nesses anos todos, os apóstolos, testemunhas da ressurreição, foram desaparecendo. O cansaço ia tomando conta da caminhada. Onde encontrar força e coragem para não desanimar? Como descobrir a presença de Jesus nesta situação tão difícil? A narração da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús procura ser uma resposta para estas perguntas angustiantes. Lucas quer ensinar as comunidades como interpretar a Escritura para poder redescobrir a presença de Jesus na vida.
Lc 24,13-24: 1º Passo: partir da realidade. Jesus encontra os dois amigos numa situação de medo e de descrença. As forças de morte, a cruz, tinham matado neles a esperança. Era a situação de muita gente no tempo de Lucas e continua sendo a situação de muitos hoje em dia. Jesus se aproxima e caminha com eles, escuta a conversa e pergunta: "De que estão falando?" A ideologia dominante, isto é, a propaganda do governo e da religião oficial da época, impedia-os de enxergar. "Nós esperávamos que ele fosse o libertador, mas...". Qual é hoje a conversa do povo que sofre?
O primeiro passo é este: aproximar-se das pessoas, escutar sua realidade, sentir seus problemas; ser capaz de fazer perguntas que ajudem as pessoas a olhar a realidade com um olhar mais crítico.
Lc 24,25-27: 2º Passo: usar a Bíblia para iluminar a vida. Jesus usa a Bíblia e a história do povo de Deus para iluminar o problema que fazia sofrer os dois amigos, e para esclarecer a situação que eles estavam vivendo. Usa-a também para situá-los dentro do conjunto do projeto de Deus que vinha desde Moisés e os profetas. Ele mostra assim que a história não tinha escapado da mão de Deus. Jesus usa a Bíblia não como um doutor que já sabe tudo, mas como o companheiro que vem ajudar os amigos a lembrar o que estes tinham esquecido. Jesus não provoca complexo de ignorância nos discípulos, mas procura despertar neles a memória: “Como vocês demoram para entender o que os profetas anunciaram!”.
O segundo passo é este: com a ajuda da Bíblia, ajudar as pessoas a descobrir a sabedoria que já existe dentro delas mesmas, e transformar a cruz, sinal de morte, em sinal de vida e de esperança. Aquilo que as impedia de caminhar, torna-se agora força e luz na caminhada. Como fazer isto hoje?
- Lc 24,28-32: 3º Passo: partilhar na comunidade. A Bíblia, ela por si, não abre os olhos. Apenas faz arder o coração. O que abre os olhos e faz enxergar, é a fração do pão, o gesto comunitário da partilha, rezar juntos, a celebração da Ceia. No momento em que os dois reconhecem Jesus, eles renascem e Jesus desaparece. Jesus não se apropria da caminhada dos amigos. Não é paternalista. Ressuscitados, os discípulos são capazes de caminhar com seus próprios pés.
O terceiro passo é este: saber criar um ambiente de fé e de fraternidade, de celebração e de partilha, onde possa atuar o Espírito Santo. É ele que nos faz descobrir e experimentar a Palavra de Deus na vida e nos leva a entender o sentido das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,13).
- Lc 24,33-35: O resultado: Ressuscitar e voltar para Jerusalém. Os dois criam coragem e voltam para Jerusalém, onde continuavam ativas as mesmas forças de morte que tinham matado Jesus e que tinham matado neles a esperança. Mas agora tudo mudou. Se Jesus está vivo, então nele e com ele está um poder mais forte do que o poder que o matou. Esta experiência os faz ressuscitar! Realmente tudo mudou! Coragem, em vez de medo! Retorno, em vez de fuga! Fé, em vez de descrença! Esperança, em vez de desespero! Consciência crítica, em vez de fatalismo frente ao poder! Liberdade, em vez de opressão! Numa palavra: vida, em vez de morte! Em vez da má noticia da morte de Jesus, a Boa Notícia da sua Ressurreição! Os dois experimentam a vida, e vida em abundância! (Jo 10,10). Sinal do Espírito de Jesus atuando neles!
4) Para um confronto pessoal
- Os dois disseram: “Nós esperávamos, mas….!” Você já viveu uma situação de desânimo que o levou a dizer: “Eu esperava, mas...!”?
- Como você lê, usa e interpreta a Bíblia? Já sentiu arder o coração ao ler e meditar a Palavra de Deus? Lê a Bíblia sozinho ou faz parte de algum grupo bíblico?
5) Oração final
Celebrai o SENHOR, invocai seu nome, manifestai entre as nações suas grandes obras. Cantai em sua honra, tocai para ele, recordai todos os seus milagres. Gloriai-vos do seu santo nome, alegre-se o coração dos que buscam o SENHOR. (Sl 104, 1-3)
Terça-feira, 23 de abril-2019. Oitava da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus, que nos concedestes a salvação pascal, acompanhai o vosso povo com vossos dons celestes, para que, tendo conseguido a verdadeira liberdade, possa um dia alegra-se no céu, como exulta agora na terra. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 20, 11-18)
Naquele tempo, 11Maria tinha ficado perto do túmulo, do lado de fora, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para olhar dentro do túmulo. 12Ela enxergou dois anjos, vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13Os anjos perguntaram: “Mulher, por que choras”. Ela respondeu: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. 14Dizendo isto, Maria virou-se para trás e enxergou Jesus, de pé, mas ela não sabia que era Jesus. 15Jesus perguntou- lhe: “Mulher, por que choras? Quem procuras?” Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o colocaste, e eu irei buscá-lo”. 16Então, Jesus falou: “Maria!” Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: “Rabûni!” (que quer dizer: Mestre). 17Jesus disse: “Não me segures, pois ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. 18Então, Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor”, e contou o que ele lhe tinha dito.
3) Reflexão
O evangelho de hoje descreve a aparição de Jesus a Maria Madalena. A morte do seu grande amigo levou Maria a uma perda do sentido da vida. Mas ela não desistiu da busca. Foi ao sepulcro para reencontrar aquele que a morte lhe tinha roubado. Há momentos na vida em que tudo desmorona. Parece que tudo acabou. Morte, desastre, doença, decepção, traição! Tantas coisas que podem tirar o chão debaixo dos pés e jogar-nos numa crise profunda. Mas também acontece o seguinte. Como que de repente, o reencontro com uma pessoa amiga pode refazer a vida e nos fazer redescobrir que o amor é mais forte do que a morte e a derrota.
O Capítulo 20 de João, além da aparição de Jesus a Madalena, traz vários outros episódios que revelam a riqueza da experiência da ressurreição: (1) do discípulo amado e de Pedro (Jo 20,1-10); (2) de Maria Madalena (Jo 20,11-18); (3) da comunidade dos discípulos (Jo 20,19-23) e (4) do apóstolo Tomé (Jo 20,24-29). O objetivo da redação do Evangelho é levar as pessoas a crer em Jesus e, acreditando nele, ter a vida (Jo 20,30-3).
Na maneira de descrever a aparição de Jesus a Maria Madalena transparecem as etapas da travessia que ela teve de fazer, desde a busca dolorosa até o reencontro da Páscoa. Estas são também as etapas pelas quais passamos todos nós, ao longo da vida, na busca em direção a Deus e na vivência do Evangelho.
João 20,11-13: Maria Madalena chora, mas busca. Havia um amor muito grande entre Jesus e Maria Madalena. Ela foi uma das poucas pessoas que tiveram a coragem de ficar com Jesus até a hora da sua morte na cruz. Depois do repouso obrigatório do sábado, ela voltou ao sepulcro para estar no lugar onde tinha encontrado o Amado pela última vez. Mas, para a sua surpresa, o sepulcro estava vazio! Os anjos perguntam: "Por que você chora?" Resposta: "Levaram meu senhor e não sei onde o colocaram!" Maria Madalena buscava o Jesus, o mesmo Jesus, que ela tinha conhecido e com quem tinha convivido durante três anos.
João 20,14-15: Maria Madalena conversa com Jesus sem reconhecê-lo. Os discípulos de Emaús viram Jesus mas não o reconheceram (Lc 24,15-16). O mesmo acontece com Maria Madalena. Ela vê Jesus, mas não o reconhece. Pensa que é o jardineiro. Como os anjos, Jesus pergunta: "Por que você chora?" E acrescenta: "A quem está procurando?" Resposta: "Se foi você que o levou, diga-me, que eu vou buscá-lo!" Ela ainda busca o Jesus do passado, o mesmo de três dias atrás. É a imagem de Jesus do passado que a impede de reconhecer o Jesus vivo, presente na frente dela.
João 20,16: Maria Madalena reconhece Jesus. Jesus pronuncia o nome: "Maria!" Foi o sinal de reconhecimento: a mesma voz, o mesmo jeito de pronunciar o nome. Ela responde: "Mestre!" Jesus tinha voltado, o mesmo que tinha morrido na cruz. A primeira impressão é que a morte foi apenas um incidente doloroso de percurso, mas que agora tudo tinha voltado a ser como antes. Maria abraça Jesus com força. Era o mesmo Jesus que ela tinha conhecido e amado. Realiza-se o que dizia a parábola do Bom Pastor: "Ele as chama pelo nome e elas conhecem a sua voz". - "Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem" (Jo 10,3.4.14).
- João 20,17-18: Maria Madalena recebe a missão de anunciar a ressurreição aos apóstolos. De fato, é o mesmo Jesus, mas a maneira de ele estar junto dela já não é mais a mesma. Jesus lhe diz: "Não me segure, porque anda não subi para o Pai!" Ele vai para junto do Pai. Maria Madalena deve soltar Jesus e assumir sua missão: anunciar aos irmãos que ele, Jesus, subiu para o Pai. Jesus abriu o caminho para nós e fez com que Deus ficasse, de novo, perto de nós.
4) Para um confronto pessoal
- Você já passou por uma experiência que lhe deu um sentimento de perda e de morte? Como foi? O que foi que lhe trouxe vida nova e lhe devolveu a esperança e a alegria de viver?
- Qual a mudança que se operou em Maria Madalena ao longo do diálogo? Maria Madalena buscava Jesus de um jeito e o reencontrou de outro jeito. Como isto acontece hoje na nossa vida?
5) Oração final
Nossa alma espera pelo SENHOR, é ele o nosso auxílio e o nosso escudo. SENHOR, esteja sobre nós a tua graça, do modo como em ti esperamos. (Sl 32, 20.22)
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