Mantimentos são entregues por helicóptero para famílias ilhadas em Eldorado do Sul
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Mutirão é feito por agentes de segurança e voluntários no estacionamento da Havan de Guaíba
Helicópteros levam mantimentos a locais ilhados em Eldorado do Sul a partir do estacionamento da Havan de Guaíba | Foto: Ricardo Giusti
Uma força-tarefa realizada no estacionamento de uma loja da rede catarinense Havan em Guaíba está permitindo que mantimentos sejam entregues via aérea para moradores que estão ilhados em Eldorado do Sul e região. Além dos donativos, aeronaves do Exército Brasileiro utilizam o local para realizar operações de resgate. Nas entregas de mantimentos, helicópteros do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais e da Polícia Militar de São Paulo auxiliam na força-tarefa.
A Havan de Guaíba também se tornou local de triagem dos mantimentos que são entregues para os ilhados. No espaço, os donativos são organizados em carrinhos da loja até serem levados para dentro das aeronaves. O relato é de que o trabalho é feito com muita agilidade. No momento em que estes helicópteros descem para o estacionamento, os carrinhos com mantimentos se aproximam para abastecer as aeronaves. Entre os principais itens entregues estão água, papel higiênico, alimentos não perecíveis, fraldas, roupas. Fonte: https://www.correiodopovo.com.br
Aumenta para 83 o número de mortes provocadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul
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No total, 345 municípios do Estado registraram danos em razão dos temporais dos últimos dias
Foto: Divulgação
Por Redação O Sul | 6 de maio de 2024
Aumentou para 83 o número de mortes provocadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, de acordo com balanço divulgado nesta segunda-feira (06) pela Defesa Civil. Pelos menos 111 pessoas estão desaparecidas e 291 ficaram feridas.
Quase 150 mil gaúchos estão desalojados ou desabrigados. No total, 364 municípios do Estado registraram danos em razão dos temporais dos últimos dias.
Os óbitos foram registrados nas seguintes cidades:
Bento Gonçalves (3)
Boa Vista do Sul (2)
Bom Princípio (1)
Canela (2)
Canoas (1)
Capela de Santana (1)
Capitão (1)
Caxias do Sul (5)
Cruzeiro do Sul (8)
Encantado (2)
Farroupilha (1)
Forquetinha (2)
Gramado (7)
Itaara (1)
Lajeado (5)
Montenegro (1)
Pantano Grande (1)
Paverama (2)
Pinhal Grande (1)Porto Alegre (2)
Putinga (1)
Roca Sales (2)
Salvador do Sul (2)
Santa Cruz do Sul (2)
Santa Maria (5)
São João do Polêsine (1)
São Leopoldo (1)
São Vendelino (2)
Segredo (1)
Serafina Corrêa (2)
Silveira Martins (1)
Sinimbu (1)
Taquara (2)
Três Coroas (1)
Vale do Sol (1)
Venâncio Aires (3)
Vera Cruz (1)
Veranópolis (5)
Fonte: https://www.osul.com.br
Temporais: aumenta para 62 o número de mortos, sendo que 7 ainda estão em investigação
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O Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública.
Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini
Por Redação O Sul | 4 de maio de 2024
Em balanço divulgado pela Defesa Civil do RS, às 18h, deste sábado (4), o número de mortes provocadas pelos temporais no Rio Grande do Sul chegou está em 62 (55 confirmadas e 7 em investigação). Pelo menos 74 pessoas estão desaparecidas e 74 ficaram feridas.
No total, 300 municípios gaúchos foram afetados pelas enchentes. Mais de 40 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas. O Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública.
Boletim das 18 h de sábado (4)
Municípios afetados: 300
Pessoas em abrigos: 9.581
Desalojados: 32.640
Afetados: 422.307
Feridos: 74
Desaparecidos: 74
Óbitos: 62 (destes, 7 estão em investigação)
Óbitos confirmados: 55
Bento Gonçalves (3), Boa Vista do Sul (2), Bom Princípio (1), Canela (2), Caxias do Sul (4), Encantado (1), Farroupilha (1), Forquetinha (2), Gramado (6), Itaara (1), Lajeado (1), Montenegro (1), Pantano Grande (1), Paverama (2), Pinhal Grande (1), Putinga (1), Salvador do Sul (2), Santa Cruz do Sul (3), Santa Maria (6), São João do Polêsine (1), São Vendelino (2), Segredo (1), Serafina Corrêa (2), Taquara (2), Três Coroas (1), Vale do Sol (1), Venâncio Aires (3) e Vera Cruz (1).
Óbitos em investigação: 7
Caxias do Sul (1), Pinhal Grande (1), Santa Cruz do Sul (1), Santa Maria (1) e Três Coroas (3). Fonte: https://www.osul.com.br
Aumenta para 39 o número de mortes provocadas pelos temporais no Rio Grande do Sul
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Grande do Sul decretou estado de calamidade pública
Foto: Agência Brasil
Por Redação O Sul | 3 de maio de 2024
Aumentou para 39 o número de mortes provocadas pelos temporais no Rio Grande do Sul, de acordo com balanço da Defesa Civil Estadual divulgado na tarde desta sexta-feira (3). Pelo menos 68 pessoas estão desaparecidas e 74 ficaram feridas.
Os óbitos foram registrados em Canela (2), Candelária (1), Caxias do Sul (1), Bento Gonçalves (1), Boa Vista do Sul (2) Paverama (2), Pantano Grande (1), Pinhal Grande (1), Putinga (1), Gramado (4), Itaara (1), Encantado (1), Salvador do Sul (2), Serafina Corrêa (2) Segredo (1), Santa Maria (2), Santa Cruz do Sul (4), São João do Polêsine (1), Silveira Martins (1), Vera Cruz (1), Taquara (2), São Vendelino (2)e Três Coroas (3).
No total, 265 municípios gaúchos foram afetados pelas enchentes. Mais de 32 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas. O Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública. Fonte: https://www.osul.com.br
1º de Maio esvaziado resulta de individualismo e até de igrejas, diz pesquisadora
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Para Andréia Galvão, crise do sindicalismo não é problema de comunicação, é de base, mas data se mantém importante
A cientista política Andréia Galvão, da Unicamp - Divulgação
SÃO PAULO
O público muito abaixo do esperado na comemoração do 1º de Maio das centrais sindicais sinaliza a distância da agenda dessas entidades das demandas dos trabalhadores.
Na avaliação da cientista política Andréia Galvão, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), movimentações políticas e questões ideológicas mexeram não apenas com o mundo do trabalho, mas com a subjetividade dos trabalhadores, e isso interfere no que eles consideram importante —uma disputa com frequência mais individual e menos coletiva.
Em relação ao esvaziamento do ato, diferentemente da queixa feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à comunicação, Galvão diz que a questão "não é exatamente um problema de divulgação". "Está mais ligada à dificuldade dos sindicatos de falarem com a base, e acho que isso tem várias razões."
"Os trabalhadores se tornam mais refratários à organização e à ação coletiva, ficam mais distantes do sindicato e apostam muito mais na capacidade de encontrar saídas individuais, ou a partir de movimentos sociais organizados em torno de outras identidades, além do apoio oferecido pelas igrejas e pela própria família", afirma.
Ainda assim, a pesquisadora diz considerar o 1º de Maio uma data fundamental, que precisa ser valorizada.
O ato das centrais sindicais no 1º de Maio deste ano foi visto como esvaziado, chegando a ser alvo de queixas do presidente Lula. O que esse esvaziamento diz sobre a capacidade de mobilização dos sindicatos?
Ele revela essa dificuldade de organização e de mobilização da base em torno da luta por direitos, em torno de pautas políticas.
Os atos do 1º de Maio estão sempre conformados em torno de questões mais gerais que as centrais sindicais têm na agenda e negociam periodicamente com o governo. Isso indica dificuldade muito grande de fazer com que essa agenda chegue e faça sentido aos trabalhadores.
Não é exatamente um problema de divulgação [como disse Lula]. Está mais ligada à dificuldade dos sindicatos de falarem com a base, e acho que isso tem várias razões.
Na discussão da regulamentação do trabalho mediado por aplicativos, a relação com os sindicatos gerou certa tensão. Por que esses trabalhadores são tão refratários ao modelo tradicional de representação? Por que além da dificuldade de mobilização, os sindicatos também despertam essa oposição?
Acho que tem vários fatores que se devem a mudanças nas condições e relações de trabalho nos últimos anos, relacionadas às formas de organização e gestão das empresas e às novas tecnologias.
O trabalho de plataforma é uma expressão disso, e a mudança na legislação desde a reforma trabalhista de 2017, com a introdução de novas formas de contratação, é outra.
O aumento da precarização dificulta a sindicalização. Ocupações precárias são muito frágeis do ponto de vista dos seus vínculos: a rotatividade é maior, a remuneração é menor, os níveis de qualificação são mais reduzidos, a informalidade e a própria ausência de vínculo de emprego são indicativos dessa precariedade.
Há ainda o contexto político e ideológico, porque vivemos um período de muita mudança política desde pelo menos 2015, e essas mudanças todas interferem na realidade do trabalho e na subjetividade de quem trabalha.
Outro fator a ser considerado é o impacto do neoliberalismo entre dirigentes sindicais e trabalhadores, porque essa ideologia desresponsabiliza o Estado da produção do bem-estar e transfere a responsabilidade ao indivíduo, que vai provê-la da maneira que puder.
Pode parecer estranho dizer que os dirigentes também são afetados por isso, mas eles descuidaram da defesa de direitos e passaram a priorizar as necessidades mais imediatas e individuais dos trabalhadores.
E os trabalhadores se tornam mais refratários à organização e à ação coletiva, ficam mais distantes do sindicato e apostam muito mais na capacidade de encontrar saídas individuais, ou a partir de movimentos sociais organizados em torno de outras identidades, além do apoio oferecido pelas igrejas e pela própria família.
A realidade desses trabalhadores, suas péssimas condições de trabalho e de vida, faz com que muitos deles, como os entregadores e motoristas de aplicativos, criem associações a partir de um movimento que vem da base, justamente porque eles não se sentem representados pelos sindicatos.
Eles têm condições de trabalho diferentes porque não têm vínculo de emprego nem direitos, e tendem a achar que os sindicatos só representam os trabalhadores formais, o que não é verdade. Não é que eles não se organizem, eles estão experimentando [outro modelo].
Questões como uberização, pejotização, empreendedorismo de necessidade. Como a crise dos sindicatos atravessa essas nuances do mundo do trabalho?
A crise dos sindicatos é atravessada por essas mudanças. O trabalho precário sempre foi muito presente no mercado de trabalho brasileiro, que é muito desestruturado, muito desigual. A taxa de informalidade sempre foi muito grande.
As novas modalidades de contratação vêm sendo usadas para substituir assalariados por trabalhadores contratados por serviço, que deixam de ter acesso a direitos e garantias que tinham enquanto empregados.
Essas fórmulas de contratação são muito usadas pelas empresas para burlar direitos e é uma prática difundida, mas há também o aspecto ideológico.
Os trabalhadores também vão se vendo nesse lugar por causa de uma propagação das vantagens de ser autônomo, de ser independente, empreendedor. Mas também pelas experiências que esses trabalhadores e trabalhadoras têm nos seus vínculos anteriores de trabalho.
Eles percebem que mesmo assalariados muitas vezes são trabalhos que não garantem todos os direitos, que são desrespeitados pelas empresas. Ou tem uma gestão muito despótica, rígida.
Tudo isso vai desestimulando o trabalhador em relação ao emprego assalariado, essas experiências que ele vai relacionar à carteira de trabalho, a ter CLT [Consolidação das Leis do Trabalho].
Com frequência, a questão da unicidade sindical volta a ser debatida. Na sua avaliação, essa questão tem papel no distanciamento e na capacidade dos sindicatos manterem representação?
Sou bastante crítica ao modelo sindical brasileiro. Com isso, não quero dizer que o sindicalismo não seja necessário, não seja importante, quero deixar isso bastante claro.
O sindicalismo atravessa dificuldades, mas isso não significa que esteja fadado ao desaparecimento. É uma instituição importantíssima para a democracia e para a melhoria das condições de trabalho e de vida.
Enquanto houver trabalho, haverá organização de resistência, por dentro e por fora dos sindicatos.
A unicidade sindical engessa a organização. A gente não tem liberdade de organização sindical no Brasil, porque a lei estabelece que só pode ter um sindicato por categoria profissional numa base territorial.
Isso faz com que os trabalhadores se desencantem, porque percebem que não conseguem mudar essa estrutura, não têm liberdade para se organizar da forma que poderiam.
A categoria profissional é outro limitador. Nossa legislação estabelece uma categoria profissional à qual aquele trabalhador tem que se vincular, ele não escolhe, e isso dificulta a ampliação ou fusão de sindicatos que poderiam representar categorias mais amplas.
Por exemplo, esse projeto dos motoristas de aplicativo estabelece uma categoria que é muito limitada. O projeto não obriga a sindicalização, e alguns estão entendendo que o projeto está obrigando, o que ele estabelece é uma categoria profissional que vai representar esses trabalhadores, e isso eles não podem escolher.
Essa organização na base da unicidade e da categoria profissional é muito restritiva, limitante, fator de insatisfação. Esse sindicatos específicos tendem a se fechar na representação dos seus, sem conseguir se articular para além da categoria.
A gente tem um número enorme de sindicatos no Brasil, mais de 11 mil, com muitos dirigentes e pouca base.
Nosso modelo de organização sindical é um modelo que favorece também esse distanciamento da base. E a redução da faixa de sindicalização que a gente vem observando ao longo dos últimos anos e essa dificuldade de atender ao apelo das centrais sindicais são uma expressão disso.
Diferentemente dos anteriores, o governo Lula é conhecido por ter boa relação com os sindicatos. Nessa discussão dos aplicativos, poderia haver uma confusão entre as duas figuras, a dos sindicatos e a do governo?
É possível, dada a proximidade entre o movimento sindical e os governos petistas. E acho que esse afastamento dos sindicatos de suas bases também tem relação com essa proximidade desde o primeiro mandato do Lula.
Talvez uma crença exagerada de que um governo aliado bastaria para resolver todos os problemas relativos ao mundo do trabalho.
Os sindicatos deixaram a formação política sindical no segundo plano e apostaram as suas fichas nos canais de interlocução que elas tinham com o Estado.
Com a crise, depois com as mudanças de governo, a capacidade do sindicalismo de mobilizar os setores amplos da classe trabalhadora em torno dessas pautas, como a defesa de direitos sociais e trabalhistas, mas também a defesa da própria democracia, foi se reduzindo ainda mais.
Andréia Galvão, 53
É graduada e doutora em Ciências Sociais e mestra em Ciência Política pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), onde é professora do Departamento de Ciência Política. Na instituição, pesquisa relações de trabalho e ação sindical. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Mortes pela chuva no RS sobem para 29 e desaparecidos chegam a 60; governo decreta calamidade
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Mortes pela chuva no RS sobem para 29 e desaparecidos chegam a 60; governo decreta calamidade
Pelo menos 203 cidades gaúchas foram atingidas pelos temporais. A previsão é de que a precipitação forte siga para Santa Catarina nos próximos dias
Por Redação
O total de mortes registradas pelos temporais no Rio Grande do Sul subiu para 29 na noite desta quinta-feira, 2, e o número de desaparecidos chegou a 60. A previsão é de que a precipitação forte siga para Santa Catarina nos próximos dias.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), declarou estado de calamidade pública após 203 municípios gaúchos terem sido afetados pelas chuvas intensas, pouco mais de 40% de todas as cidades do Estado. A medida foi publicada na noite de quarta-feira de feriado, 1º, em edição extraordinária do Diário Oficial.
Segundo o governador, este deve ser “o maior desastre” climático já enfrentado pelos gaúchos, e o Rio Taquari, um dos principais do Estado, atinge a maior elevação da história. Foram contabilizadas 71.306 pessoas afetadas, sendo 10.242 desalojadas, 4.645 abrigadas e 36 feridas.
Leite descreveu a situação como ”absurdamente excepcional” e que as chuvas que caem no Estado gaúcho provocará a “pior enchente já vista”, superando a do ano de 1941. Afirmou também que o temporal tem atrapalhado a ação de resgates e pediu à população que busque proteção, em locais afastados de áreas que possam sofrer com alagamentos de rios e deslizamentos de terra.
“É absolutamente impossível atender a todos os pedidos de resgate nas condições climáticas que a gente está vivendo”, afirmou. “Não conseguimos acessar todas as localidades. Sabemos de inundações, deslizamento e de pessoas que estão em locais inacessíveis”, afirmou. “Infelizmente, esse número (de 29 mortes) vai aumentar. São 60 desaparecidos registrados.”
De acordo com o balanço do governo, são 160 pontos de rodovias estaduais e federais bloqueadas e 160 pontos georreferenciados para efetuar algum resgate. Conforme apresentado pelo coronel Luciano Boeira, da Defesa Civil, 4,6 mil pessoas foram resgatadas e mais de 2,5 mil servidores atuam na busca de pessoas afetadas.
“A situação que estamos vivenciando é absurdamente excepcional. Não é só um caso crítico. É o mais crítico muito provavelmente que se tem registro na sua história. Por isso é muito importante que as pessoas busquem se proteger”, disse o governador Eduardo
Chuvas devem perder força só no domingo, diz meteorologista
Meteorologistas do governo alertaram, em live transmitida com Eduardo Leite, que os temporais volumosos devem continuar nesta sexta-feira e no fim de semana. A previsão é de um acúmulo de chuva de 200 mm, podendo ultrapassar os 250 mm, principalmente na região norte do Estado. A expectativa é que os temporais comecem a perder força somente no domingo.
“A instabilidade segue sobre o Estado do Rio Grande do Sul. Aquele canal de umidade que vem do norte do País vai continuar nos próximos dias”, disse a meteorologista Cátia Valente. “Nós temos volumes de chuva ainda muito elevados nas partes noroeste, norte gaúcho e o fluxo segue passando na região central do Estado, indo em direção à Serra, ao litoral norte, e também em Campos de Cima da Serra e toda a região dos vales”.
Leite afirmou que a atual situação é pior em relação às chuvas que acontecerem em setembro do ano passado, quando o Estado também foi castigado pelos temporais. “Vai ser pior que em outros momentos. Em setembro, choveu, mas no dia seguinte, a gente conseguia fazer o resgate”, disse na transmissão.
Em Porto Alegre, a expectativa é que o Rio Guaíba chegue a maior altura já registrada, superando o 4,73 metros registrados na enchente de 1941. Segundo o governador, há uma crescimento de 8 centímetros por hora das águas do rio, que se encontrava na altura de 3,37 metros até as 19h desta quinta. “Vai passar dos 4 metros nesta madrugada”, disse Leite.
Visita do presidente Lula
Nesta quinta-feira, 2, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou para o Rio Grande do Sul, onde se reuniu com Leite. No encontro, como uma medida emergencial, ficou decidida a criação de uma Sala de Situação Integrada, sob coordenação do comandante militar do Sul, general Hertz Pires do Nascimento, para organizar as operações de resgate em todas as regiões atingidas.
O Rio Grande do Sul tem sofrido com uma série de eventos extremos nos últimos anos. Em setembro de 2023, ao menos 41 pessoas morreram após a passagem de um ciclone pelo Estado.
O decreto de calamidade, que seguirá vigente por 180 dias, estabelece que os órgãos e entidades da administração pública estadual devem prestar apoio imediato às áreas afetadas, em colaboração com a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil.
Além disso, o texto prevê a possibilidade de os municípios afetados pedirem auxílio semelhante, cujas solicitações serão avaliadas e homologadas pelo Estado, na tentativa de dar resposta mais ágil e coordenada diante da emergência. Fonte: https://www.estadao.com.br
Ônibus, pneus e barricadas são incendiados durante tiroteios em comunidades do Rio; chefe do tráfico é morto na Zona Norte
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Moradores afirmam que policiais militares e civis realizam operação na comunidade Vila Aliança, em Bangu, e no Morro da Primavera, na Zona Norte do Rio. Um dos chefes do Morro da Primavera foi morto, junto a um comparsa.
Tiroteio fecha unidades de saúde na Zona Oeste do Rio, e criminosos colocam fogo em barricadas — Foto: Reprodução
Por Thaís Espírito Santo, g1 Rio
Um ônibus, diversos pneus, barricadas e outros objetos foram incendiados durante tiroteios em comunidades das zonas Oeste e Norte do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (4).
Um dos chefes do Morro da Primavera, na Zona Norte, foi morto em confronto com policiais civis. Wellington de Souza Gouvêa, conhecido como Gaguinho, estava em prisão domiciliar desde 2021.
Na hora em que foi baleado, ele estava com um segurança, conhecido na região como Novinho. Eles chegaram a ser levados para um hospital, mas não resistiram.
A Rua Silva Vale, na mesma comunidade, foi fechada com pneus em chamas e um ônibus foi incendiado na Rua Enaldo dos Santos Araújo, em protesto à morte dos traficantes.
Por volta de 19h, mais tiros foram relatados e objetos incendiados na comunidade.
Na comunidade Vila Aliança, em Bangu, na Zona Oeste, diversas ruas foram bloqueadas por ônibus e caminhões que foram atravessados nas pistas pelos criminosos. A fumaça das barricadas em chamas eram vistas de longe.
Um fuzil foi apreendido por policiais militares do 14º BPM (Bangu). Três unidades de saúde foram fechadas pela segurança dos pacientes e funcionários. Outras duas tiveram parte do funcionamento afetado, como as visitas domiciliares.
Uma escola municipal foi impactada pela violência.
Nas duas comunidades, há a presença de policiais civis e militares - ambas são dominadas pela mesma facção de tráfico de drogas.
Não se sabe o motivo das incursões. Em Bangu, o tiroteio durou mais de uma hora e meia. A Avenida Taquaral e a Rua Augusto de Figueiredo, em Bangu, estavam bloqueadas.
A Polícia Militar informou que no Morro da Primavera atuou apenas para dispersar uma manifestação. As pessoas estariam tentando fechar uma rua e colocar fogo em objetos. O policiamento foi reforçado.
Já em Bangu, os agentes ainda atuam em apoio à Polícia Civil. Fonte: https://g1.globo.com
Saiba de quanto será o cachê de Madonna para cantar em Copacabana
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Documento passado ao governo do Rio detalha quanto a estrela POP irá receber pelo show
Por Nelson Lima Neto
No processo administrativo que tratou do patrocínio de R$ 10 milhões do governo do Estado do Rio para realização do show de Madonna na Praia de Copacabana, a produtora responsável pela apresentação detalhou os gastos previstos para trazer a americana para o Brasil.
Pois no documento consta, por exemplo, o cachê que Madonna receberá para se apresentar em terras cariocas, assim como o custo total da apresentação e outros detalhamentos. A previsão é de um gasto de R$ 59.908.437,50 para que o show aconteça de forma plena.
Já Madonna receberá R$ 17,075 milhões de cachê, segundo informado pela Bonus Track ao governo do Rio. O valor equivale a US$ 3,3 milhões, aplicada a cotação de ontem. A planilha foi enviada pela produtora, por e-mail, à direção da Funarj, responsável por financiar o patrocínio. Fonte: https://oglobo.globo.com
Por que o Dia do Trabalhador é comemorado em 1º de maio?
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Folhinha relembra edição de 24 de abril de 1977, que trazia na capa uma homenagem aos trabalhadores do Brasil
SÃO PAULO
Você sabe por que se comemora o Dia do Trabalho em 1º de maio?
A edição da Folhinha de 24 de abril de 1977 trazia na capa uma homenagem aos trabalhadores do Brasil. Na matéria principal, o leitor encontrava alguns dados sobre a economia do país e, de forma resumida, o porquê de o Dia do Trabalho ser comemorado em 1º de maio.
A data foi criada em 1889, em Paris, em homenagem à manifestação feita em 1886 pelos trabalhadores americanos de Chicago, que brigavam por melhores condições nas fábricas. O ato resultou em mortes, prisões e violência.
O texto também dedicava um espaço especial às mulheres que fugiam das estatísticas apontadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) à época: aquelas que cuidavam da casa e dos filhos (dos seus ou dos de outras pessoas) enquanto os maridos trabalhavam fora.
"Estas mulheres também devem receber, no dia 1º de maio, uma homenagem especial. Se não fosse seu trabalho, pouco se poderia fazer nas fábricas, nos escritórios, nas escolas (... )", dizia a reportagem.
DIA DO TRABALHO
No dia 1º de maio, o Brasil comemora o Dia do Trabalho. Um dia importante porque nele é prestada homenagem aos trabalhadores, os que fazem a grandeza de seu país, que garantem a vida de sua família. E não são poucos os trabalhadores que devem receber, neste dia, um pensamento especial dos leitores da "Folhinha" –a começar de seus parentes: pais e mães, tios e tias, avós, professores, pajens, empregadas, e todos os que vivem perto de nós.
Segundo o IBGE (Anuário Estatístico 1975) são economicamente ativos, isto é, estão em condições de trabalhar, 71,8% dos homens e 18,5% das mulheres brasileiras de mais de 10 anos. Isto significa que trabalham quase 24 milhões de homens e mais de 6 milhões de mulheres.
Este pessoal todo trabalha em setores variados: agricultura, pecuária, silvicultura, extração vegetal, caça e pesca (36% dos homens e 3% das mulheres); na indústria (14% dos homens e 2% das mulheres); no comércio (6% dos homens e 1% das mulheres); na prestação de serviços (o que inclui um grande número de atividades), nos serviços de transporte, de comunicações etc. Há ainda um grande número –principalmente de mulheres– que não constam das estatísticas porque seu trabalho está restrito ao âmbito de sua casa: cuidando da sua própria família ou ajudando a cuidar da casa e dos filhos de alguém.
Estas mulheres também devem receber, no dia 1º de maio, uma homenagem especial. Se não fosse seu trabalho, pouco se poderia fazer nas fábricas, nos escritórios, nas escolas, nas fazendas –é de casa que saem, todos os dias, os trabalhadores que produzem as riquezas de nosso país.
O Dia do Trabalho é comemorado a 1º de maio porque foi nesse dia que, há anos, fez-se um grande movimento a favor dos trabalhadores, que, no início da era industrial, eram submetidos a condições muito precárias –salários baixos, muitas horas de serviço, locais insalubres para o trabalho. Revoltados com essa situação, os operários da época se reuniram e exigiram condições melhores de trabalho. E isso é o que se vem fazendo, há anos. No Brasil, existe uma legislação especial tratando dos direitos e deveres do trabalhador, a fim de que o serviço prestado tenha, no mínimo, a recompensa de um salário. Se muita coisa ainda há a fazer, muito já se conseguiu. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Van atropela 15 ciclistas em Paraopeba; dois estão em estado grave
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Vítimas graves foram encaminhadas para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte.
Por Alex Araújo, Rodrigo Salgado, g1 Minas — Belo Horizonte
Um grupo de 15 ciclistas foi atropelado por uma van no km 429 da BR-040, em Paraopeba, na Região Central de Minas Gerais, na manhã desta terça-feira (30). Sete deles ficaram feridos, dois em estado grave.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o acidente aconteceu no sentido Brasília (DF) e o motorista alegou que foi fechado por um caminhão. Ele fez o teste do bafômetro, que deu negativo.
Helicópteros da PRF e do Corpo de Bombeiros socorreram as vítimas graves, que foram levadas para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, no bairro Santa Efigênia, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Os demais feridos foram atendidos por ambulâncias do município, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e da Via 040, concessionária que administra a rodovia.
Às 11h10, a PRF informou que a BR estava totalmente liberada.
Por nota, a empresa que administra a van, Barth Transportes Express, lamentou o ocorrido e afirmou que prestou assistência e suporte às vítimas.
"Esclarecemos que em todas as atividades realizadas pela empresa são atendidas as regulamentações e normas de segurança de trânsito. Reiteramos nosso compromisso com a assistência aos envolvidos", disse o comunicado. Fonte: https://g1.globo.com
Corpo de mulher é achado concretado em quintal no interior de SP; namorado foi preso
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Natalia Aline da Silva, 31, cujo corpo foi achado enterrado e concretado no quintal de uma casa em Taubaté (SP) - Natalia Aline Silva no Facebook
Segundo a polícia, detido confessou o crime e disse que a matou após uma discussão; ele não tem advogado
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO (SP)
O corpo de uma mulher de 31 anos foi encontrado enterrado debaixo de concreto no quintal de uma casa, no bairro Parque São Luís, em Taubaté (a 133 km de São Paulo), na tarde desta quinta-feira (25).
O namorado dela, Manoel Aurino Chaves dos Santos, 52, foi preso sob suspeita de feminicídio e ocultação de cadáver. Segundo a polícia, Santos confessou o crime e disse que matou Natália Aline da Silva após uma discussão na semana anterior. Ele não apresentou advogado até esta sexta-feira (26).
Natália Silva estava desaparecida desde a noite do dia 19 e vinha sendo procurada pelos familiares. O corpo dela foi encontrado após a Polícia Civil receber uma denúncia anônima através do Disque Denúncia comunicando um possível assassinato.
Na ligação, a pessoa detalhou aos policiais que ouviu uma briga entre o casal na residência de Santos e que, no dia seguinte, viu o suspeito carregando um saco de cimento para concretar o quintal. Ao saber do desaparecimento de Silva, o denunciante diz ter desconfiado da situação.
Policiais e equipes do Corpo de Bombeiros foram até o imóvel e notaram que parte do quintal havia sido reformado recentemente. A área foi escavada, e o corpo da mulher foi localizado a um metro de profundidade.
"Assim que os policiais chegaram na casa para verificar a denúncia, esse homem os atendeu e confessou o crime. O motivo que ele narrou foi uma briga, um motivo fútil e banal. Ele alega que teria agarrado no pescoço da vítima e nesse momento teve um branco. Quando voltou a si, ela já estava morta", diz o delegado Vinicius Garcia Vieira.
Em relato à polícia, a família da vítima contou que ela e Manoel se conheceram pela internet há cerca de um mês. O homem já havia ido até à casa dos familiares da mulher algumas vezes.
Ainda segundo os parentes, Santos foi até à residência dos pais de Silva nesta semana procurar pela mulher.
Ela deixa três filhos, sendo duas meninas e um menino com idades entre 8 e 13 anos. O corpo dela foi enterrado na manhã desta sexta-feira (26), no cemitério do Belém, em Taubaté.
Dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo mostram uma crescente nesse tipo de crime. O feminicídio é o assassinato de mulheres cometido em razão do gênero. São enquadrados nessa tipificação casos de violência doméstica e familiar e de menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
De janeiro a março deste ano, 73 casos de feminicídio já foram registrados no estado. O número é 20% maior do que o registrado no mesmo período de 2023, quando 61 casos foram contabilizados. Em 2022, nos três primeiros meses do ano, esse número foi de 50 assassinatos registrados.
Ainda segundo o levantamento, em todo o ano passado foram computados 221 feminicídios no estado —13% a mais do que em 2022. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Casos TikTok e Musk põem holofote em debate político sobre redes e soberania digital
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Casos, que têm série de diferenças jurídicas, foram mobilizados de formas distintas pela esquerda e direita no Brasil
SÃO PAULO
Nos Estados Unidos, uma lei aprovada pelo Congresso pode resultar no banimento do TikTok no país. Já no Brasil, as ameaças do dono do X, o empresário Elon Musk, de descumprir decisões judiciais levaram ao debate público a especulação sobre um eventual bloqueio da plataforma.
Ambos os casos, em alguma medida, mobilizam a discussão sobre soberania digital dos países para fazer cumprir suas ordens, leis ou decisões sobre empresas de tecnologia que operam em todo o mundo sem barreira física.
Há diferenças sobre o que está em jogo. No caso brasileiro, o respeito ao Judiciário, enquanto nos Estados Unidos, a segurança nacional.
No Brasil, Musk prometeu "derrubar restrições" no X (o antigo Twitter) impostas por decisões judiciais do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Além disso, uma comissão do Congresso dos EUA divulgou relatório com uma série de decisões e ofícios sob segredo de Justiça emitidos pelo magistrado. Os ofícios foram entregues pela rede social a pedido do órgão, que é presidido por um aliado de Donald Trump.
Não há evidências de que o X tenha desbloqueado perfis. Ainda assim, o tema da soberania acabou sendo mobilizado diante da ameaça de descumprimento –que foi comemorada entre os bolsonaristas. Um ponto ainda a ser esclarecido é como contas suspensas conseguiram fazer transmissões online pela plataforma, como apontou a Polícia Federal.
Já a lei sancionada nesta quarta-feira (24) pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, proíbe o TikTok no país se a ByteDance, empresa chinesa dona do aplicativo, não se desfizer dele em nove meses.
A justificativa para o apoio à medida é o que o app seria uma ameaça à segurança nacional enquanto for de propriedade da ByteDance. Entre as preocupações está a de a empresa fornecer dados ao governo chinês –apesar de não haver evidências de que isso tenha ocorrido.
No Brasil, a ofensiva de Musk contra Moraes teve consequências políticas e têm sido mobilizada de modos diferentes pela direita e esquerda.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus filhos, que manifestaram enfático apoio a Musk, não se pronunciaram nesta quarta sobre a decisão do Congresso dos EUA a respeito do TikTok, que está alinhada à posição do aliado Trump.
Já a esquerda viu a investida de Musk contra Moraes como um ataque à soberania nacional, como disse o ministro Paulo Pimenta (Comunicação Social), e como um argumento pela regulação das redes –o PL das Fake News, no entanto, acabou enterrado neste meio tempo.
A posição foi reforçada nesta quarta com a iniciativa do Legislativo dos EUA em relação ao TikTok.
"Interessante como o Congresso deles trata as plataformas como questão de soberania nacional, mas para o resto do mundo querem a falsa liberdade do neoliberalismo", declarou Ivan Valente (PSOL-SP).
Francisco Brito Cruz, que é diretor executivo do InternetLab, centro de pesquisa sobre direito e tecnologia, avalia que a lei dos EUA é um precedente que alimenta um discurso de que Estados devem sair banindo e suspendendo plataformas, a despeito das consequências que esse tipo de medida possa ter em como a internet funciona.
"Lógico que os Estados têm que exercer algum nível de controle, mas desprezar o que pode significar essa fragmentação é não olhar para a forma como a internet foi construída até hoje e o que ela ainda pode agregar nesse sentido", diz. "O mundo seria muito diferente se existisse uma internet só brasileira, uma internet só americana, uma internet só iraniana."
Clara Iglesias Keller, líder de pesquisa em tecnologia, poder e dominação no Weizenbaum Institute de Berlim, não vê como comparar a gravidade das medidas de bloqueio que já foram tomadas no Brasil e o que prevê a lei aprovada contra o TikTok.
Ela argumenta que enquanto esta última pode implicar em uma proibição definitiva, os casos brasileiros tratavam, ainda que se possa discutir quanto à proporcionalidade das medidas, de bloqueios frente a casos concretos e específicos no Judiciário.
Keller adiciona que a iniciativa dos EUA pode acabar reverberando no cenário brasileiro. "Reforça os debates sobre até onde um país pode e deve ir para exercer sua soberania online, tão antigos quanto a expansão da internet para o uso civil", diz.
Após repetidas declarações como a de que descumpriria decisões, Musk foi incluído por Moraes no inquérito das milícias digitais. Se de um lado há críticas quanto à jusficativa para a medida, paira incerteza sobre a efetividade de eventuais sanções penais ao empresário, que não mora no Brasil e cuja plataforma opera sem que sua sede física em São Paulo seja fundamental para a operação no país.
É um problema comum no mundo digital, diz o advogado Renato Opice Blum. Embora a lei possa ser clara, diz, é difícil fazê-la valer em casos como esse ou mesmo em situações em que a empresa nem sequer tem uma filial no país. Em sua avaliação, esse problema só poderá ser solucionado com convenções internacionais. Elas permitiriam a execução mais céleres de ordens judiciais sobre o tema de um país em outro.
Ao tratar desse tema, o aspecto econômico é fundamental, afirma Luca Belli, professor da FGV Direito Rio. Ele aponta a importância de investimento no desenvolvimento de tecnologia própria para garantir a soberania digital, o que valeria tanto para redes sociais como, por exemplo, para inteligência artificial.
É isso que impediria que um país fosse impactado por uma decisão unilateral de uma empresa digital ou do país que a abriga. "Fora os Estados Unidos e a China, todos os outros países são basicamente consumidores de tecnologia digital", diz.
"Estão em uma situação de colônia digital, em que sua sociedade e sua democracia são definidas por tecnologias criadas por atores estrangeiros que conseguem extrair bens valiosíssimos, como os dados de seus cidadãos."
Ironicamente, a decisão americana pode dificultar ainda mais uma regulação no Brasil, avalia João Victor Archegas, pesquisador sênior de Direito e Tecnologia do ITS (Instituto de Tecnologia e Sociedade) Rio.
Isso porque o mercado brasileiro se tornaria ainda mais relevante para a empresa —hoje, segundo o portal Statisa, é o terceiro, atrás apenas dos EUA e da Indonésia.
"Imagino que o TikTok também passaria a investir muito mais dinheiro em relações governamentais no Brasil para tentar influenciar ainda mais tentativas de regulação que possam ir na contramão dos seus interesses econômicos", diz. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Conheça Irmã Marluce, crossfiteira de 61 anos que treina de saia e incentiva evangélicos
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Ela começou a treinar aos 53 anos para reverter um diagnóstico de pré-diabetes e hoje faz sucesso participando de competições e mostrando sua rotina de exercícios nas redes sociais
Irmã Marluce, 61, é dona de casa e posta vídeos praticando crossfit nas redes sociais
SÃO PAULO
"5 Wods, 12 Deadlifts, 100 kg." Para quem não pratica CrossFit, a sequência de exercícios pode ser desafiadora. Mas para Marluce Santos, de 61 anos, mais conhecida como Irmã Marluce na internet, é moleza. Ela vem fazendo sucesso ao mostrar seus treinos diários nas redes sociais.
Não era assim há 8 anos, quando a dona de casa, mãe e avó dedicada começou a praticar atividades físicas para evitar uma piora na saúde. Evangélica, ela treina de saia e se denomina "irmã" por ser chamada assim na Igreja, onde é incentivada e também incentiva fiéis a aderirem à atividade física.
Moradora de Jaboatão dos Guararapes (município da região metropolitana do Recife), a influenciadora conta com 189 mil seguidores no Instagram e já faz conteúdos de publicidade para marcas de roupa e de suplementos alimentares. Participa de podcasts e entrevistas. Em conversa com o F5, ela contou que não imaginava nada disso, até uma amiga sugerir filmar seus treinos.
Quando começou a praticar exercícios, Marluce tinha 53 anos, pesava mais de 100 kg e estava com pré-diabetes e hipertensão. "Eu comecei a caminhar, caminhava meia hora indo, meia hora voltando e depois de alguns tempos assim, minha filha começou a me convidar para ir para uma academia funcional", contou ela.
Hoje apaixonada pelo esporte, ela conta que não teve facilidade em aceitar o convite da filha: "Eu tinha vergonha, eu já estava com 53 anos e eu pensava que a academia era só para moças e rapazes sarados", lembra. Mas, ao longo dos anos, entendeu que não era bem assim.
Irmã Marluce passou pelo treino funcional e se encontrou no CrossFit, sem deixar seu conforto e personalidade de lado, vestindo saias, como é de costume entre algumas denominações evangélicas. "É algo que me deixa confortável e não expõe o meu corpo, por eu ser evangélica", explica.
"Eu não sou tão novinha assim para estar com shortinho bem curtinho, com legging bem colada, entendeu? Então eu comecei a usar minha saia, o que já era moda entre os evangélicos", continua. "Agora ela está tendo mais evidência por causa de mim", arremata, orgulhosa.
A rotina dela, no entanto, não se resume aos treinos: Marluce contou que vive num "corre-corre bastante grande", já que toma conta de uma neta de 4 anos pela manhã. À tarde, divide o tempo entre a igreja, onde é líder de um grupo de idosos, e os treinos no box (como é chamado o centro de treinamento de CrossFit).
As redes sociais ficam a cargo de seu filho, que foi também quem escolheu o nome "bem evangélico" para a página da mãe. "Eu amo esse título, entendeu? É algo que faz parte de mim, da minha pessoa. Eu sou realmente Irmã Marluce aqui, no geral, no meu dia a dia. Irmã para lá, irmã para cá", conta ela.
Segundo ela, os irmãos da Igreja também a incentivam. "O povo sempre, sempre, sempre me apoiou", afirma a influenciadora. "Eles viram a Marluce de oito anos atrás e estão vendo hoje. O quanto eu mudei fisicamente, falando, na saúde, na disposição. Elas ficam: 'Eu vou também, vou seguir a Marluce'."
Com a nova rotina, Marluce conseguiu abaixar os índices de glicose no sangue e participou de sua primeira competição, instigada pelos colegas e familiares. "O único objetivo de frequentar um box de CrossFit era a minha saúde. Todo o resto veio de bônus", comemora. Fonte: https://f5.folha.uol.com.br
WhatsApp poderá ‘dedurar’ se você esteve online recentemente; saiba como desativar opção
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WhatsApp poderá ‘dedurar’ se você esteve online recentemente; saiba como desativar opção
Nova ferramenta está sendo testada e pode ser disponibilizada em breve pelo app
Por Bruna Arimathea e Henrique Sampaio
Uma nova ferramenta do WhatsApp pode deixar o aplicativo mais informativo para quem gosta de “stalkear” contatos. De acordo com o site especializado WaBetainfo, o mensageiro está testando uma tela para que os usuários possam visualizar quais contatos estiveram online recentemente e quais estão ativamente no app em tempo real.
O recurso, no teste, foi integrado no mesmo menu em que o usuário pode selecionar um novo contato para começar uma conversa. Abaixo da lista de seleção do chat (com opções de novo contato ou de criar um link para a conversa), a imagem obtida pelo site mostra um item identificado como “recentemente online”.
Nesse rol, devem aparecer aqueles contatos que estiveram há pouco tempo usando o mensageiro ou que estão online no momento - e te ajudar a saber se desculpa do seu amigo que diz que “não olha o WhatsApp” é real. O teste não afirmou o período de tempo que o app vai considerar como “recente” para esse menu.
A ferramenta pode vir em conjunto com uma outra novidade que o WhatsApp também está testando: a sugestão de contatos para conversas. Nessa mesma aba, abaixo dos nomes de quem esteve online recentemente, o mensageiro também pode começar a sugerir algumas pessoas para conversar, sejam contatos que você não fala há algum tempo ou pessoas que você costumava trocar mais mensagens com alguma frequência.
Todas as essas mudanças ainda são testes e o WhatsApp não confirmou se alguma delas deve fazer parte de alguma atualização do app ou quando elas ficarão disponíveis.
Como desativar o recurso
Apesar da possível atualização aumentar a exposição dos usuários no aplicativo, o WhatsApp já conta com opções de privacidade que deixam de indicar se você está ou esteve online. Veja como configurar:
1-Toque no ícone “três pontos”;
2-Acesse “Configurações”;
3-Em seguida, “Privacidade”;
4-Escolha “Visto por último e online”;
Em “Quem pode ver meu ‘visto por último’”, você pode escolher entre “todos”, “meus contatos” (ou seja, apenas pessoas adicionadas por você), “Meus contatos, exceto…” (para criar uma lista de exceção) e “Ninguém”. Marque sua opção desejada;
Em “Quem pode ver quando estou online”, escolha entre “Todos” ou “Mesmo que ‘visto por último’”. Se não quiser ser “dedurado” pelo app, marque a opção “Ninguém” na etapa 5. Fonte: www.estadao.com.br
Saiba quem é o casal que sumiu quando viajava para missa de 7º dia
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O casal foi flagrado por câmeras de monitoramento de um posto de gasolina no dia em que sumiu. A Polícia Civil investiga o caso.
Wander José de Jesus, de 45 anos e Fábia Cristina Santos, de 43 anos. — Foto: Arquivo pessoal / Reprodução
Por Rodrigo Melo, g1 Goiás
Fábia Cristina Santos, de 43 anos, e Wander José de Jesus, de 45 anos, estão desaparecidos desde o dia 9 de março, após uma viagem para a missa de sétimo dia do pai da mulher que foi realizada em Quirinópolis, na região sudoeste de Goiás. Contudo, segundo a família, eles não chegaram a ir à cerimônia e não se tem notícias deles desde o sumiço.
O casal está junto há 27 anos e têm dois filhos. Natural de Quirinópolis, os dois chegaram a morar por 10 anos em uma fazenda, mas se mudaram para Goianira, Região Metropolitana da capital. No entanto, segundo a advogada da família, Rosemere Oliveira, desde novembro do ano passado o casal estava separado e vivendo em casas diferentes, mas tentavam reatar o casamento.
Fábia Cristina trabalha como pedagoga em uma escola, em Goianira. Em uma foto ao lado de Wander, publicada no dia 26 de dezembro de 2023, Fábia descreveu a esperança da relação dar certo: “Juntos vamos enfrentar todas as dificuldades e viver cada segundo unidos, firmes...”.
Wander José nasceu em São Simão, no sudoeste goiano e atuava como caminhoneiro. Contra ele, corre um processo em sigilo pelo crime de agressão. O g1 não conseguiu localizar o advogado do caminhoneiro para que pudesse se posicionar sobre o processo.
Desaparecimento
O casal foi flagrado por câmeras de monitoramento de um posto de gasolina no Bairro Cidade Jardim, em Goiânia, quando estavam em viagem para a missa de sétimo dia do pai da mulher. O vídeo mostra quando os dois, que estavam num veículo Ford Fiesta preto, chegam ao estabelecimento e vão embora. As imagens mostram que o casal chega ao posto às 13h49 e sai de lá às 13h54.
Sete minutos após abastecerem, o veículo do casal foi multado no km 27 da GO-469, em Abadia de Goiás. De acordo com o boleto da multa, o carro passou pela fiscalização excedendo a velocidade máxima da pista em mais de 50%. Numa via em que a velocidade máxima é de 80 km/hora, uma multa com essa especificação indica que o veículo passou pelo radar a 120 km/hora, no mínimo.
Entretanto, a GO-469 não é caminho convencional para Quirinópolis para quem sai de Goiânia. A rodovia corta a GO-060 (que leva para Quirinópolis e possui pista dupla) e tem pista simples, embora seja duplicada no perímetro urbano de Abadia de Goiás.
Pedido de ajuda
Nove minutos depois de serem vistos no posto, às 14h17, Fábia Cristina Santos enviou uma mensagem para o filho dizendo “Me ajuda”. A família divulgou um print do bate-papo entre mãe e filho em que o rapaz responde “O que? Você me preocupa”.
“Tudo indica que ali na hora já tinha algo errado acontecendo, porque eles passam a uma velocidade superior à máxima de 50%”, afirmou a advogada.
A mulher chegou a enviar uma outra mensagem, mas o texto foi apagado antes que o filho pudesse visualizar. O homem continuou tentando contato com a mãe, mas ela não respondeu desde então.
O trajeto até o local onde seria realizada a missa de sétimo dia deveria durar cerca de três horas e meia. Mas, o casal não voltou a ser visto. As investigações seguem em andamento de modo sigiloso.
Investigações
Em nota ao g1, a Polícia Civil afirmou instaurou inquérito policial para investigar o desaparecimento e que as informações divulgadas recentemente pela imprensa, como a mensagem enviada pela mulher e também a multa recebida pelo carro, já estão sob conhecimento da Autoridade Policial.
Veja a nota completa abaixo:
A Polícia Civil de Goiás, através da Delegacia de Polícia de Goianira - 16ª DRP, informa que instaurou inquérito policial para investigar o desaparecimento do referido casal. As informações divulgadas recentemente pela imprensa, como a mensagem enviada pela mulher e também a multa recebida pelo carro, já estão sob conhecimento da Autoridade Policial responsável pela investigação desde o momento em que o desaparecimento foi comunicado. Diligências estão sendo realizadas para a escorreita apuração dos fatos. Em razão da própria natureza investigativa, o caso é mantido sob sigilo. Fonte: https://g1.globo.com
As mulheres que se rebelam contra venda de meninas para casamentos no México
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As mulheres que se rebelam contra venda de meninas para casamentos no México
A BBC News Mundo viajou para La Montaña de Guerrero, no sul do México, onde meninas de apenas 9 anos são vendidas pelos pais para se casarem por até R$ 91 mil
Soyla Ortiz, prestes a se casar aos 21 anos, aprendeu a tecer para ter uma renda própria - Marcos González - 13.abr.24/BBC
Marcos González Díaz
METLATÓNOC, MÉXICO
Inicialmente, Claudia* não havia pedido dinheiro em troca da filha adolescente quando a menina decidiu se casar. Mas ao vê-la tão magra e abatida logo após o casamento, ela pensou que "vendê-la" faria com que o marido e a família dele, com quem a filha mora, a "valorizassem mais".
Embora esta negociação geralmente seja feita antes do casamento —e não depois— Claudia conversou com os pais do genro e recebeu dele 100 mil pesos mexicanos (cerca de R$ 30 mil) pela filha.
"Se a tivéssemos 'dado' (de graça), eles a teriam expulsado de casa e dito que não vale nada por não terem pago por ela", diz esta mãe que, com 35 anos, já tem cinco filhos e cinco filhas.
Com o filho homem mais velho, ela vivenciou esta prática inversamente. Quando ele se casou, eles tiveram que pagar aos pais da noiva 180 mil pesos (quase R$ 56 mil).
"Do contrário, a família dela teria discriminado ele, e perguntado por que não pagava, se ele era pobre... Esse é o costume aqui", revela.
Pode-se pensar que a venda de meninas e adolescentes para casamentos são casos isolados —e só acontecem em países distantes. Mas o "aqui" a que Claudia se refere é La Montaña de Guerrero, uma região no sul do México, onde povos indígenas realizam há muitos anos esta prática, com base em seus hábitos e costumes.
La Montaña sobrevive como pode em meio à pobreza extrema e à falta de oportunidades sufocante. Claudia, na verdade, teve que pedir dinheiro emprestado e viajar com parte da família para o norte do México para trabalhar no campo durante vários meses para pagar a quantia que os sogros do filho pediram.
Estas vendas para casamento afetam principalmente jovens adolescentes, mas foram registrados casos, inclusive, de meninas de 9 e 10 anos. Em algumas comunidades, no entanto, a situação está começando a mudar, e as mulheres estão começando a poder decidir sobre o seu próprio futuro.
ATÉ R$ 91 MIL
Chegar a Itia Zuti, comunidade do município de Metlatónoc, onde Claudia mora, não é uma tarefa fácil. São cerca de sete horas de carro de Chilpancingo, capital de Guerrero, por uma estrada repleta de curvas que cortam as montanhas da região —e na qual você percorre dezenas de quilômetros sem ver uma viva alma.
Para um estrangeiro, entrar na comunidade também não é simples, sem antes consultar as autoridades locais. E muito menos para falar sobre um tema —a venda de meninas e adolescentes—, que é complexo e incômodo para muitos moradores, que se comunicam principalmente na língua mixteca.
Benito Mendoza sabe bem disso. Ele é facilitador das oficinas e palestras sobre os direitos das mulheres que a ONG Yo Quiero, Yo Puedo (eu quero, eu posso, em espanhol) realiza na região desde 2015, com o objetivo, entre outros, de erradicar esta prática e o casamento infantil forçado.
"Estávamos dando uma palestra em uma escola, e quando um adulto ouviu uma menina dizer que tinha o direito de escolher livremente com quem se casar, eles ficaram alvoroçados e 'nos convidaram a sair' da comunidade", ele recorda, destacando que muitos moradores chegam a estas oficinas sem ter consciência de que esta prática viola os direitos das mulheres.
Tradicionalmente, muitas meninas eram vendidas a homens mais velhos —às vezes, até estranhos—, para os quais acabavam realizando tarefas domésticas em troca de uma quantia para sua família, que podia variar entre R$ 6 mil e R$ 91 mil.
Quanto mais jovem for a menina, maior costuma ser o pagamento. E, quando são vendidas, elas geralmente vão parar em uma casa onde não vão ter qualquer independência econômica, por não poder estudar nem trabalhar.
—em muitos casos, por meio da internet fraca e cara que chega à comunidade—, e concordam em se casar, mas os pais continuam a negociar, em geral, um acordo financeiro.
"Com a chegada do crime organizado, até pessoas de fora da comunidade passaram a comprar meninas. Elas saem então do seu entorno, e você as perde de vista, o que pode fazer com que acabem sendo vítimas de outros fenômenos, como o tráfico de mulheres, a exploração infantil, a violência física e sexual..." alerta a psicóloga Karina Estrada, assistente social da Yo Quiero, Yo Puedo.
A venda é vista como salvação econômica para muitas famílias que vivem em situação de pobreza e sobrevivem do cultivo de milho, feijão ou banana para consumo próprio. Não são poucos os que optam por migrar para o norte do México e para os Estados Unidos devido à total ausência de oportunidades de trabalho na cidade.
O município de Metlatónoc foi, na verdade, durante anos o mais pobre do México. Hoje, 97,7% da sua população vive na pobreza (e 67,8% na pobreza extrema) no estado de Guerrero, que também é um dos mais pobres do país e que, durante décadas, foi uma das principais áreas de cultivo de papoula, utilizada para produzir heroína.
Nos últimos anos, no entanto, o preço desta flor despencou após a chegada do fentanil, um opioide sintético, ao mercado de drogas americano. As comunidades que sobreviviam do cultivo da papoula viram desaparecer sua principal —e praticamente única— fonte de renda.
Mas, além da falta de recursos econômicos, outro fator que perpetua esta prática na região é a questão dos estereótipos de gênero em relação às mulheres. "Não se concebe que as mulheres possam fazer algo além de reproduzir ou cuidar da casa. Quando se decide quem vai à escola, os pais mandam acima de tudo os filhos homens", explica Georgina García, psicóloga da ONG Yo Quiero, Yo Puedo.
Devido a estas crenças arraigadas, as próprias jovens chegam a normalizar sua venda, atribuindo seu valor à quantia que é paga por elas. Foram registrados, inclusive, casos de mulheres que deram seus filhos homens, pois não conseguem obter benefícios econômicos a partir da venda deles.
García lembra que uma mulher disse a ela que "se eliminassem a venda, tirariam o seu valor e tudo seria tirado dela, porque é a única razão pela qual existem na comunidade".
AS MULHERES DA MUDANÇA
Mas algumas mulheres da comunidade não pensam da mesma forma —e lideram um movimento de mudança, lenta mas constante, graças ao apoio imprescindível de suas famílias. Norma* faz parte da primeira geração de mulheres da sua família que não foi vendida.
"Quando me juntei com meu marido, meu pai disse que não me venderia, porque quando você faz isso, eles podem te maltratar ou prejudicar. Ele fez muito bem", ela explica com um sorriso.
Ela garante que o não pagamento facilitaria, se fosse necessário, abandonar o lar conjugal para voltar à casa da família sem maiores problemas. "Mas uma vez que eles pagam por você, você não consegue escapar do seu marido, e eles te forçam a ficar", diz ela.
As supostas vantagens e desvantagens desta prática são certamente contraditórias porque, ao mesmo tempo, Norma afirma que "o pressuposto é que os homens que pagam devem respeitar as esposas; mas quando não se paga, dizem que isso dá a eles o direito de sair com outras pessoas ou não dar atenção à esposa".
Dado o quão profundamente arraigada esta prática está, erradicá-la na comunidade não vai ser fácil. Na verdade, só de falar sobre isso já é complicado —e Norma pede para não ser fotografada. "Quem cobra pelas meninas pode retaliar", responde a mãe dela, presente na entrevista.
Soyla, uma jovem sorridente de 21 anos que acaba de anunciar que vai se casar com um rapaz que conheceu na comunidade, conta que está igualmente satisfeita por seus pais não cobrarem por ela.
"Estou feliz e orgulhosa porque pensaram em mim, que posso conseguir tudo o que quiser com o meu parceiro. Porque alguns casamentos pagos têm problemas, você não sabe como pode acabar, o homem começa a repreender (a mulher)... e então eles se divorciam", afirma.
Ela sabe que se casar na sua idade é uma raridade no povoado, mas reitera que foi sua decisão esperar. Assim como quando ela terminou o ensino médio aos 15 anos, e decidiu não continuar estudando, embora seus pais sempre terem dito que iriam apoiá-la.
No futuro, ela se vê se dedicando ao lar e à tecelagem artesanal, enquanto o marido trabalha no campo. Ela conta que quer ter filhos, e vai dar a eles a mesma oportunidade que seus pais deram a ela de escolher quando e com quem se casar.
A mãe dela, Cecilia, que acaba de preparar uma canja de galinha e umas tortilhas enormes, explica sua decisão. "Muitos vendem as filhas, mas as consequências são para elas. Alguns dizem: 'Levanta cedo, faz comida, lava minha roupa, foi para isso que te comprei'... Isso reforçou minha decisão de não vender Soyla."
Jaime, o pai da jovem, lembra que ela pediu a ele que a deixasse crescer —e não tivesse a responsabilidade de cuidar do lar conjugal tão nova.
"E fiz isso, também porque tinha a capacidade de continuar sustentando ela. Muitos não conseguem, e é aí que mandam (as filhas) em busca de marido", diz ele.
"Esse negócio de vender me parece errado, porque quando meus outros dois filhos homens se casarem, eles podem virar para mim e pedir dinheiro para as noivas. Mas pelo menos não vão jogar na minha cara que vendi minha filha por tanto, por que não quero pagar agora ou que estou pechinchando", enfatiza.
Algumas das consequências destas vendas e casamentos de menores de idade —o México é o oitavo país com a maior taxa de casamento infantil no mundo, segundo a ONU— são o abandono escolar por parte de muitas jovens, e as elevadas taxas de gravidez entre adolescentes.
"A educação sexual aqui é um tabu total. Há quem entenda a questão da gravidez na adolescência e, quando os filhos se casam, os trazem aqui para que planejem. Mas são uma minoria. Vemos muitos casos de gestação de meninas entre 14 e 16 anos", diz Celia Ortiz, enfermeira do pequeno centro de saúde comunitário, que não conta com um médico.
"São elas que geralmente planejam. Até que o sogro intervém, porque como elas são compradas, quem manda é a família dele", ela acrescenta, antes de continuar caminhando pelas ruas da comunidade sob um sol escaldante para vacinar os cães contra raiva em algumas moradias. "Tem que ser assim, as pessoas não vão ao centro médico."
OPINIÕES DIVIDIDAS
Embora em comunidades como esta se saiba que a venda de meninas é muito comum, é impossível quantificar o número de casos que acontecem no México.
Um dado a levar em consideração seria o do Censo Demográfico de 2020, que concluiu que 4% dos adolescentes entre 12 e 17 anos no México estavam ou estiveram em algum tipo de união conjugal, principalmente nos estados de Chiapas, Oaxaca, Guerrero e Yucatán.
No entanto, dado que o Código Civil do país proíbe desde 2019 o casamento entre menores de 18 anos, e prevê desde o ano passado penas entre oito e 15 anos de prisão como punição, as organizações consideram que as uniões informais de adolescentes aumentaram desde então, o que contribui para a subnotificação —e para que a realidade não seja refletida nas estatísticas.
Sentado na porta da delegacia municipal para enfrentar o calor sufocante, o comissário (líder comunitário) de Itia Zuti, Félix Hernández, olha para a quadra de esportes completamente vazia, bem em frente à igreja do povoado.
É um homem de 65 anos, embora pareça mais velho. Ele tem problemas de audição, não sabe ler nem escrever, e diz que não falar espanhol dificulta a negociação de melhorias para a cidade, como a instalação de um sistema de drenagem, reformar as estradas ou construir um mercado e um centro de saúde bem equipado.
Quando visitamos o povoado, a comunidade estava sem eletricidade há três dias. Ele reconhece que aceitou o cargo —pelo qual não ganha um peso sequer— porque os poucos moradores que têm escolaridade acabam saindo da comunidade.
Ele admite que a venda de meninas é uma questão "complicada", que divide opiniões. "Para mim é errado, mas quando você questiona as famílias das jovens, elas dizem que as sustentaram, e que só elas têm capacidade de decidir por suas filhas".
Reconhece também que se uma jovem recorresse a ele com um problema no contexto de um casamento forçado, o seu papel, junto ao resto das autoridades locais, seria o de aconselhar e, apenas no caso de não haver solução para o conflito do casal, defender que a menina volte para a casa da família —e que os pais devolvam o dinheiro da venda.
Na verdade, embora tenha sido assinado um acordo na sua comunidade para proibir a venda de meninas, um mês antes de ele assumir o cargo, o comissário admite que não sabia da existência deste documento.
"As leis existem, mas é importante fundamentá-las e harmonizá-las com a realidade das nossas comunidades. Sem levar em conta o contexto na hora de aplicar as regras, encheríamos as prisões de pessoas indígenas", pondera Martha Ramírez, chefe do Centro Coordenador do Instituto Nacional dos Povos Indígenas (INPI) da cidade de Tlapa de Comonfort, em Guerrero.
Além disso, ela destaca, é importante não responsabilizar apenas as comunidades por esta prática. "O Estado tem que garantir os direitos fundamentais das mulheres para terem uma vida livre e sem violência. Não se pode falar em erradicar o casamento forçado em um lugar onde as meninas não têm nem certidão de nascimento, nem educação..."
Enquanto as coisas vão mudando pouco a pouco, Claudia, a mulher que acabou vendendo a filha na esperança de que isso melhoria o relacionamento dela com o marido, reconhece que nada mudou —e que não descarta trazê-la de volta para casa, se os abusos contra a jovem, agora grávida de dois meses, continuarem.
"O que eu tenho é uma tristeza muito grande porque ela mora longe da nossa comunidade. E estou preocupada que a irmã dela, que está completando 15 anos, também possa ir embora, mas ela me disse que quer ir para os Estados Unidos trabalhar e construir uma casa para mim. Que não quer se casar por enquanto."
*Os nomes foram alterados a pedido das entrevistadas. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Ônibus de turismo do Rio de Janeiro tomba em rodovia na Bahia e deixa 9 mortos e 23 feridos
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Acidente aconteceu na manhã desta quinta-feira (11), na BR-101, no trecho da cidade de Teixeira de Freitas. Veículo tinha Porto Seguro como destino.
Acidente aconteceu por volta das 4h30, em trecho de Teixeira de Freitas — Foto: Lenio Cidreira/ Liberdade News
Por g1 BA e TV Santa Cruz
Nove pessoas morreram e 23 ficaram feridas após um ônibus de turismo bater em um barranco e tombar na manhã desta quinta-feira (11), na BR-101, no trecho da cidade de Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia. A informação foi confirmada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Segundo a PRF, o acidente aconteceu no km 885, por volta das 4h30, sentido o distrito de Posto da Mata, em Teixeira de Freitas. O veículo saiu do Rio de Janeiro e tinha Porto Seguro, município turístico que também fica no extremo sul baiano, como destino.
As vítimas feridas foram levadas por funcionários do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Municipal de Teixeira de Freitas. Não há informações sobre o estado de saúde delas.
Informações iniciais passadas pela PRF apontam que 34 pessoas estavam no ônibus. Oito passageiros morreram no local e 24 ficaram feridos. Os dois motoristas não tiveram ferimentos.
Por volta das 9h30, a morte da nona vítima foi confirmada. Ela estava no Hospital Municipal de Teixeira de Freitas e não resistiu aos ferimentos após uma cirurgia.
O ônibus da empresa RM Viagens e Turismo saiu da Penha, às 13h de quarta-feira (10) e tinha previsão de chegar em Porto Seguro, às 9h desta quinta. O veículo deixaria a cidade do extremo sul da Bahia às 14h30 de segunda-feira (15), com previsão de chegada ao Rio de Janeiro, às 10h de terça (16).
Em nota, a RM Turismo informou que está empenhada em prestar todo o suporte necessário aos envolvidos e que se coloca à disposição para fornecer qualquer informação para auxiliar no que for preciso para amenizar os impactos do acidente.
"Expressamos nossos mais sinceros sentimentos aos envolvidos e reiteramos nosso compromisso com a segurança e o bem-estar de nossos clientes em todas as nossas viagens, é nossa prioridade. Que Deus abençoe e conforte a todos", disse a empresa. Fonte: https://g1.globo.com
Voa Brasil: Programa com passagens aéreas até R$ 200 começa em abril, diz ministro; veja como vai funcionar.
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‘Voa Brasil’ foi apresentado no ano passado e deve iniciar depois de ter lançamento adiado duas vezes
Programa Voa Brasil garantirá passagens aéreas por até R$ 200 — Foto: Yuri Murakami/Fotoarena
Por Bernardo Lima e Geralda Doca
— Brasília
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho anunciou nesta quarta-feira que o programa Voa Brasil, que garantirá passagens aéreas por até R$ 200, começará a operar neste mês.
A iniciativa foi anunciada ainda em março de 2023 pelo ex-ministro da pasta, Márcio França, atual titular do Ministério do Empreendedorismo. O lançamento estava previsto para janeiro de 2024, o que não aconteceu.
Silvio Costa anunciou o início do programa em evento de lançamento do programa, Asas para Todos, uma iniciativa da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e do Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), que incentiva a diversidade, inclusão e a capacitação no setor aéreo.
Em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, em março deste ano, o ministro destacou que o programa foi "redesenhado" pela sua gestão e já foi autorizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Como vai funcionar o programa Voa Brasil?
O programa vai oferecer 5 milhões de passagens a R$ 200 para um público-alvo já definido: aposentados do INSS que recebem até dois salários mínimos e estudantes do Programa Universidade Para Todos (Prouni). Segundo o ministro, a previsão é que cerca de 2,5 milhões sejam beneficiados no primeiro momento.
Quem voou nos últimos 12 meses, no entanto, não poderá ter acesso ao programa, de acordo com Silvio Costa Filho.
A iniciativa não vai contar com verba da União. Conforme dito pelo ministro em janeiro, como contrapartida para as companhias, o governo já reduziu o valor do combustível de aviação em 19%.
Quando as passagens do Voa Brasil serão disponibilizadas?
As passagens do programa serão disponibilizadas ao longo do ano, mas principalmente durante a "baixa temporada". Enquanto isso, nos meses de alta temporada (férias escolares e de fim de ano) o número de passagens disponibilizadas dependerá de alguns fatores, já que nesses períodos há menos voos com vagas disponíveis.
Quem tem direito ao programa Voa Brasil?
Segundo o ministério, o programa ainda está em ajuste final, e por isso, ainda não existem regras definidas para participar do Voa Brasil, apenas os critérios que foram anunciados publicamente pelo ministro.
Golpes
O programa ainda não começou a operar, mas já tem seu nome usado para aplicar golpes contra consumidores. Um aviso no site do Ministério de Portos e Aeroportos traz alerta que o Governo Federal e ministério ainda não estão realizando cadastro ou solicitando valores para inclusão no programa.
“Caso o cidadão receba ligação, correspondência, mensagem de texto no celular ou via redes sociais solicitando depósito em dinheiro para ser incluído no Voa Brasil, sugerimos que denuncie essa prática por meio dos canais de atendimento ao usuário”. Fonte: https://oglobo.globo.com
Indígenas dividem rios com traficantes e invasores em viagem de ‘peque-peque’ por assistência
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Povos do Vale do Javari, na Amazônia, percorrem rotas cobiçadas pelo crime organizado para buscar benefícios sociais e atendimento médico; espera por serviços os deixa por meses vivendo dentro de canoas em condição de miséria
Por Vinícius Valfré
Por meses, indígenas do Vale do Javari vivem dentro de pequenas canoas com famílias inteiras à margem da cidade
No cais da pequena Atalaia do Norte (AM), vivem em condição de miséria, dependem de cestas básicas e ficam à mercê do alcoolismo e da violência
Para buscar atendimento médico ou acessar benefícios sociais, refazem o caminho no qual Bruno Pereira e Dom Phillips foram mortos. Dois anos depois, o crime continua à solta na região
A relação dos indígenas com a cidade é marcada pela violência desde a época da demarcação, em 2001
Aviagem pelas curvas dos rios Ituí, Itaquaí e Javari, na Amazônia, é cada vez mais perigosa para quem nasceu nestas margens. Traficantes de drogas e de armas, pescadores ilegais, caçadores e garimpeiros usam as mesmas calhas pelas quais indígenas descem com famílias inteiras dentro de peque-peques. A peregrinação nas pequenas canoas motorizadas chega a durar mais de quatro dias.
Foi exatamente por este caminho que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram interceptados e assassinados em junho de 2022. Pereira tinha um histórico de serviços em defesa dos povos do Javari e a atuação dele passou a incomodar grupos criminosos que exploram a região.
Apesar da comoção geral, pouca coisa mudou de lá para cá. As ameaças continuam. Nesta semana, indígenas denunciaram a circulação de nauas dentro de um corredor na mata utilizado por grupos que vivem em isolamento. A área invadida é rica em canamã – os nutrientes que fazem dela um santuário para uma variedade de animais buscados por invasores e necessários à dieta de subsistência dos nativos.
O destino dos indígenas que partem das florestas do oeste do Amazonas por essa rota é o cais do município de Atalaia do Norte (AM), o primeiro centro urbano fora da terra indígena. Na margem da cidade, kanamaris, mayorunas e matises do Javari se aglomeram em condição de miséria dentro das canoas cobertas com lona ou sob barracões abandonados. Por ali permanecem por três, quatro ou cinco meses.
A migração, em tese, é provisória. Dura o tempo da espera pelo atendimento médico que não existe na aldeia, o de conseguir acessar benefícios sociais como o Bolsa Família ou o de receber por serviços prestados à Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).
Enquanto se desvencilham da burocracia dos brancos depois da longa viagem de barco, viram dependentes de cestas básicas e ficam à mercê da violência e das seduções da cidade, como o álcool, e de comerciantes mafiosos que retêm cartões de benefícios sociais de indígenas. A situação rende um inquérito em tramitação no Ministério Público Federal.
Esse fluxo migratório permanente e os riscos enfrentados por comunidades vulneráveis sintetizam a deficiência da prestação de serviço a cidadãos que vivem nos extremos do País e a pressão do crime organizado em uma área de infinitas riquezas naturais. Com efeito, agravam problemas sociais na pequena cidade da Tríplice Fronteira do Brasil com a Colômbia e com o Peru.
A precariedade no atendimento escolar e sanitário força os deslocamentos precários. A polícia local não tem estrutura para enfrentar os pequenos e grandes traficantes de drogas, nacionais e estrangeiros, que atuam por dentro das matas e até na praça central de Atalaia. Do outro lado do rio que margeia a cidade, já território peruano, lavouras de coca podem ser encontradas em meia hora de viagem, contam policiais e agentes da Funai.
As consequências do descaso e da violência nesta parte remota do Brasil podem ter começado a aparecer na numeralha oficial. Dados do Censo 2022 apontam uma queda no número de habitantes do Vale do Javari. Agora são 5.598, contra 6.978 na medição de 2010.
É uma redução de 19,7%, significativa sobretudo por se tratar de uma das áreas ainda mais preservadas da Amazônia e onde está a maior concentração de povos isolados do mundo. Na cidade, os números também indicam um fenômeno em curso. Ao longo dos 12 últimos anos, Atalaia do Norte manteve os seus cerca de 15 mil habitantes, também um sinal de encolhimento populacional do município que é o primeiro porto fora da terra indígena, no lado brasileiro.
Desde o assassinato de Bruno e Dom, lideranças locais são unânimes em apontar que quase nada mudou em relação à estrutura oferecida na região para proteger os indígenas e para derrubar o crime organizado que se beneficia da ausência do Estado – e, cada vez mais, da ausência dos próprios indígenas.
Os números são vistos como indícios de um movimento migratório de esvaziamento, mas com exatidão questionada por gestores dos municípios afastados dos grandes centros. As dificuldades de acesso e a pouca estrutura dos recenseadores, na visão de prefeitos e secretários, não detectaram com precisão os fenômenos dentro de áreas como a do Javari, do tamanho de Portugal. Além disso, ainda existe um número indefinido de indígenas isolados na região sobre os quais ainda pouco se sabe.
A vida no ‘peque-peque’
Luiz e Sônia Kanamari, da aldeia Bananeira, atracaram a canoa que aloja 11 pessoas há três semanas. Entre os seis filhos, Aurora, recém-nascida. A maioria entende o português, mas nem todos conseguem se expressar na língua neolatina.
“Viemos pegar um dinheirinho, a pensão da mãe, os benefícios e comprar açúcar, sabão e sal. Depois, colocar gasolina e subir. A sobrinha adoeceu, está com anemia. Mas agora está bem, está gorda”, contou Luiz. A viagem de volta leva seis dias. A depender da aldeia, pode durar dez ou mais.
No período em que vivem em Atalaia, os indígenas de aldeias do Vale do Javari ficam em vulnerabilidade extrema. Não têm água limpa nem onde preparar alimentos de forma adequada. O tamanho e o conteúdo das panelas são incompatíveis com a quantidade de bocas. Doações de botijas de gás e insumos básicos, como pão e arroz, enganam a insegurança alimentar das famílias com pessoas de todas as idades, de idosos a crianças magras de barrigas salientes. É comum que crianças terminem com infecções graves ou mesmo padeçam.
Atalaia do Norte não tem uma agência da Caixa. Quem não possui o cartão que permite os saques na lotérica da cidade precisa ir ainda mais longe, até Tabatinga, principal cidade da região e uma das mais violentas do interior do Amazonas. A falta de tradutores no banco capazes de atender membros de todas as sete etnias conhecidas do Javari é um dificultador. A burocracia é mais complicada para quem não entende bem a papelada exigida nem pode ser atendido no idioma nativo.
Por outro lado, ter a documentação completa e o cartão do programa social não é garantia de facilidades. Alguns comerciantes locais travam os cartões de benefícios sociais de indígenas e viram os únicos vendedores, a preços inflacionados. O esquema do comércio foi citado pela primeira vez em relatório à polícia elaborado pelo indigenista Bruno Pereira.
Além de serem vítimas de uma variedade de violências, os indígenas ficam expostos ao assistencialismo. O poder público não leva os serviços administrativos até as aldeias e todos os anos centenas de indígenas precisam viver temporadas nas cidades. As doações da prefeitura são garantidas aos mesmos assistidos que se tornam eleitores nas disputas municipais.
O alcoolismo é outra face visível desse êxodo. A atração pelas igrejas evangélicas, mais uma. Sem autorização para entrar no Vale do Javari, pastores evangelizam índios que surgem na cidade para que estes levem a mensagem e regressem com outros convertidos. A catequização é vista com preocupação por lideranças locais.
O interesse é o de esvaziar as aldeias em nome da fé dos brancos. Os templos evangélicos existem às dezenas na pequena Atalaia do Norte, inclusive liderados por estrangeiros. Um casal de pastores norte-americanos é célebre na cidade, mas ambos se recusaram a dar entrevistas para explicar motivações, crenças e propósitos.
Há três anos na cidade, o indígena Burano Shabac Mayoruna, 24, tem na parede da casa de madeira onde vive um conjunto de passagens bíblicas e cumprimentos evangélicos que lhe foram ensinados. Tudo está em português, apesar de livros do Novo Testamento também já serem oferecidos em sua língua materna.
O idioma mayoruna
“Na aldeia tem escola até o Ensino Fundamental. Muitos jovens vêm porque não tem como terminar o Ensino Médio e ter profissão. A gente perde os anos, não dá pra terminar cedo”, diz o mayoruna.
O jovem tenta se capacitar como técnico em enfermagem por acreditar que o ofício será útil na floresta, para onde diz que pretende voltar um dia, depois de formado.
Enquanto providencia o diploma, trabalha durante a semana como tradutor do atendimento do Cadastro Único. Fluente no mayoruna, no matis e no português, Burano também entende a língua dos marubo e dos korubo. Cabe a ele receber e orientar outros nativos que chegam à cidade em busca de benefícios sociais. Aos finais de semana, ele faz bicos de marcenaria e dedica-se à igreja.
“Jesus nos dá fortaleza, força, conhecimento”, afirma. “Eu vim somente para aprender. Formado eu gostaria de voltar para a aldeia, não morar aqui. Como saí da aldeia, tenho que voltar para compartilhar conhecimento da cultura do branco”, frisa.
É comum que indígenas saiam das aldeias para estudar e não voltem mais, especialmente aqueles que cresceram com algum contato com brancos e que foram atraídos pelo mundo que lhes aparece pelo celular e pela televisão. A opção de viver as injustiças das cidades soa mais atraente do que a de lidar com a dureza das aldeias.
Aos 13 anos, Bushe Matis deixou pais e irmãos na aldeia Aurélio e seguiu para Atalaia do Norte com um tio, levado por uma ONG internacional para uma capacitação como agente de saúde. Aos 35, nunca mais voltou a viver como seus antepassados.
“Quando a gente já nasceu olhando as culturas dos brancos, tem que ter educação boa. Antes, o inídigena era nômade, tinha uma roça aqui e outra ali. Ia plantando e descia colhendo. Agora não é mais assim. Então precisa de uma estrutura pessoal, barcos, motores, precisa de uma camisa. Para ter isso é de que forma? Tem que correr atrás de alguma coisa, de um conhecimento. Já que estamos contactados, precisamos usar a tecnologia do branco, temos que buscar conhecimento, capacitação, formação, trabalho”, afirmou. Mas conseguir trabalho na região é um problema. Ouça:
“É difícil ter trabalho”
A mudança de Bushe para a cidade ocorreu nos idos de 2000, época da demarcação da terra indígena Vale do Javari, no governo de Fernando Henrique Cardoso. A medida gerou animosidades com ribeirinhos e moradores da cidade. Com a demarcação, o território estava formalmente “trancado” para a exploração dos brancos, que reclamaram de prejuízos e passaram a não ver com bons olhos os nativos na cidade.
“Eu nem andava na rua, senão era surrado. Depois de um tempo, Atalaia viu que demarcação foi boa, porque coibiu colombianos e peruanos que tinham mais dinheiro para explorar. A cidade aproveita o entorno da terra indígena. Então passaram a entender que tinha que tratar o índio melhor” Bushe Matis
liderança indígena do Vale do Javari
Na cidade, um pastor batista foi importante na adaptação de Bushe. O indígena conta que recebeu ensinamentos sobre a importância do trabalho e da família, e ainda sobre a importância de ir para longe do álcool. “Quando eu estava sem saída, a quem recorrer?” Depois, incomodou-se com a proliferação de diversas igrejas diferentes e concluiu que era melhor afastar-se de todas.
Em seguida, Bushe se aproximou de antropólogos e pesquisadores estrangeiros que decidiram bancá-lo em uma faculdade de Administração em Goiânia (GO). Formado, não conseguiu trabalho e voltou para Atalaia, onde cria os cinco filhos. Quatro homens e Maria Vitória, de 1 ano.
“Nessa região do interior do Amazonas é muito difícil. Não tem empresas legalizadas, com CNPJ, não tem algo que precise de uma mão de obra. As únicas coisas são os serviços, a prefeitura e a Funai”, explica.
Hoje, Bushe Matis trabalha como coordenador da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), entidade não governamental que atua na região e para a qual Bruno Pereira prestava serviços quando foi assassinado.
REPORTAGEM: VINÍCIUS VALFRÉ; EDITORA DE INFOGRAFIA: REGINA ELISABETH; EDITORES-ASSISTENTES DE INFOGRAFIA: ADRIANO ARAUJO E WILLIAM MARIOTTO; EDITOR-EXECUTIVO: MURILO RODRIGUES ALVES; DESIGNER MULTIMÍDIA: LUCAS ALMEIDA; INFOGRAFISTA MULTIMÍDIA: LUCAS THAYNAN. Fonte: https://www.estadao.com.br
Bombeiros buscam por jovem de 16 anos em Teresópolis; RJ tem 7 mortes pelas chuvas
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Frente fria chegou ao RJ no início da tarde desta sexta-feira (22).
Resumo
Cidades que o Governo do RJ considera que ainda têm risco hidrológico:
Magé;
Rio de Janeiro;
Petrópolis;
Teresópolis;
Nova Friburgo;
Campos dos Goytacazes;
Bom Jesus do Itabapoana
De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Desastres Naturais (Cemaden), é alto o risco de deslizamentos nas seguintes cidades:
Maricá
Rio de Janeiro
Angra dos Reis
Magé
Nova Friburgo
Campos dos Goytacazes
Bom Jesus do Itabapoana
O maior volume de chuvas foi registrado entre o fim da manhã de sexta (22) e a madrugada deste sábado (23). Desde o início do dia a chuva perdeu intensidade sobre o Rio de Janeiro e apenas chuva fraca a moderada foi registrada.
Governador fala sobre chuva
O governador Cláudio Castro afirmou em entrevista coletiva no começo da tarde deste sábado (23) que recebeu ligações do presidente Lula e de José Múcio, ministro da Defesa. Ele afirmou que o Governo Federal se colocou à disposição do poder estadual no atendimento e resgate das vítimas.
“Estão 100% mobilizados para caso a gente precise. Estão de prontidão. Durante a madrugada, a chuva não causou mais tragédias”, disse o governador.
A EcoRioMinas liberou, no início da tarde deste sábado (23), o trecho de serra da BR-116/RJ, que liga o Rio de Janeiro a Teresópolis. A liberação, em ambos os sentidos, aconteceu após nova vistoria na região.
O trecho estava totalmente interditado desde as 21h de sexta-feira (22) por precaução devido às fortes chuvas que atingiram a região.
As equipes técnicas da concessionária avaliaram que diante da diminuição das chuvas e melhora na visibilidade foi possível a reabertura do tráfego. Não foram detectados novos pontos de atenção e as equipes já trabalham nos locais.
Estradas interditas com pistas alagadas em Cachoeiras de Macacu e Itaperuna
O Norte e o Noroeste do Rio de Janeiro sofrem com as chuvas que atingem a região desde a sexta-feira (22).
A RJ 122, está com o trânsito interrompido nos dois sentidos, na altura do Km 17, em Cachoeiras de Macacu. Equipes do Departamento de Estradas e Rodagem (DER) estão no local.
Já a BR-365, na altura de Itaperuna também está com o trânsito interrompido.
Em Teresópolis, duas casas foram atingidas por deslizamentos na comunidade da Corea durante esta madrugada. Um menino de 7 anos morreu, e um jovem de 16 anos é procurado. Não se sabe se eles pertencem à mesma família.
Confira abaixo os pontos de apoio da Prefeitura de Duque de Caxias:
-Saracuruna - Vila Urussaí Escola Municipal Jayme Fichman Endereço: Rua Uruguaiana, s/n
-Parque Paulista Escola CIEP Henrique de Souza Filho - Henfil Endereço: Avenida Trinta e um de Março, 88
-Vila Maria Helena / Chácara Arcampo Escola Municipal Interrcultural México - Nilcelina dos Santos Ferreira Endereço: Estrada do Serrado, s/n
-Vila do Sapê / Imbariê CIEP 226 Porto Estrela Endereço: Rodovia Rio-Magé, Km 7,5
Vítima internada em estado grave
Uma casa desabou durante a chuva e deixou três pessoas feridas em Nilópolis, na Baixada Fluminense. Uma vítima está internada em estado grave. O desabamento aconteceu na sexta-feira (22).
Davi da Silva, de 60 anos, está internado no Hospital Geral de Nova Iguaçu. Ele vivia em uma casa às margens do Rio Sarapuí, na Rua Marechal Castelo Branco.
Ele passou por uma cirurgia de emergência ortopédica no dedo direito e também para colocação de um dreno no tórax. Ele ainda apresenta outras fraturas na região da face, costelas, braço e coluna e, neste momento, não precisam de cirurgia. Davi está internado no CTI da unidade. Fonte: https://g1.globo.com
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