Quarta-feira, 29 de maio-2024. 8ª Semana do Tempo Comum-Ano Litúrgico-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais, e a vossa Igreja vos possa servir, alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 10, 32-45)
32Estavam a caminho de Jerusalém e Jesus ia adiante deles. Estavam perturbados e o seguiam com medo. E tomando novamente a si os Doze, começou a predizer-lhes as coisas que lhe haviam de acontecer: 33"Eis que subimos a Jerusalém e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas; condená-lo-ão à morte e entregá-lo-ão aos gentios. 34Escarnecerão dele, cuspirão nele, açoitá-lo-ão, e hão de matá-lo; mas ao terceiro dia ele ressurgirá. 35Aproximaram-se de; Jesus Tiago e João, filhos de Zebedeu, e disseram-lhe: "Mestre, queremos que nos concedas tudo o que te pedirmos." 36"Que quereis que vos faça?" 37"Concede-nos que nos sentemos na tua glória, um à tua direita e outro à tua esquerda." 38"Não sabeis o que pedis, retorquiu Jesus. Podeis vós beber o cálice que eu vou beber, ou ser batizados no batismo em que eu vou ser batizado?" 39"Podemos", asseguraram eles. Jesus prosseguiu: "Vós bebereis o cálice que eu devo beber e sereis batizados no batismo em que eu devo ser batizado. 40Mas, quanto ao assentardes à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim: o lugar compete àqueles a quem está destinado." 41Ouvindo isto, os outros dez começaram a indignar-se contra Tiago e João. 42Jesus chamou-os e deu-lhes esta lição: "Sabeis que os que são considerados chefes das nações dominam sobre elas e os seus intendentes exercem poder sobre elas. 43Entre vós, porém, não será assim: todo o que quiser tornar-se grande entre vós, seja o vosso servo; 44e todo o que entre vós quiser ser o primeiro, seja escravo de todos. 45Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção por muitos."
3) Reflexão Mc 10,32-45
O evangelho de hoje traz o terceiro anúncio da paixão e, novamente, como nas vezes anteriores, mostra a incoerência dos discípulos (cf. Mc 8,31-33 e Mc 9,30-37). Enquanto Jesus insistia no serviço e na doação entregando sua vida, eles continuavam discutindo os primeiros lugares no Reino, um à direita e outro à esquerda do trono. Ao que tudo indica, os discípulos continuavam cegos! Sinal de que a ideologia dominante da época tinha penetrado profundamente na mentalidade deles. Apesar da convivência de vários anos com Jesus, eles ainda não tinham renovado sua maneira de ver as coisas. Olhavam para Jesus com o olhar antigo. Queriam uma retribuição pelo fato de seguir a Jesus.
Marcos 10,32-34: O terceiro anúncio da paixão
Eles estão a caminho de Jerusalém. Jesus vai na frente. Ele tem pressa. Sabe que vão matá-lo. O profeta Isaías já o tinha anunciado (Is 50,4-6; 53,1-10). Sua morte não é fruto de um destino cego ou de um plano já preestabelecido, mas é conseqüência do compromisso assumido com a missão que recebeu do Pai junto aos excluídos do seu tempo. Por isso, Jesus alerta os discípulos sobre a tortura e a morte que ele vai enfrentar lá em Jerusalém. Pois o discípulo deve seguir o mestre, mesmo que for para sofrer com ele. Os discípulos estavam espantados, e aqueles que iam atrás estavam com medo. Não entendem o que está acontecendo. O sofrimento não combinava com a idéia que eles tinham do messias.
Marcos 10,35-37: O pedido pelo primeiro lugar
Os discípulos não só não entendem, mas continuam com suas ambições pessoais. Tiago e João pedem um lugar na glória do Reino, um à direita e outro à esquerda de Jesus. Querem passar na frente de Pedro! Não entenderam a proposta de Jesus. Estavam preocupados só com os próprios interesses. Isto reflete a briga e as tensões que existiam nas comunidades, no tempo de Marcos, e que existem até hoje nas nossas comunidades. No evangelho de Mateus é a mãe de Tiago e João que faz o pedido pelos filhos (Mt 20,20). Provavelmente, diante da situação difícil de pobreza e desemprego crescente daquela época, a mãe intercede pelos filhos e tenta garantir um emprego para eles na vinda do Reino de que Jesus falava tanto.
Marcos 10,38-40: A resposta de Jesus
Jesus reage com firmeza: “Vocês não sabem o que estão pedindo!” E pergunta se eles são capazes de beber o cálice que ele, Jesus, vai beber, e se estão dispostos a receber o batismo que ele vai receber. É o cálice do sofrimento, o batismo de sangue! Jesus quer saber se eles, em vez do lugar de honra, aceitam entregar a vida até à morte. Os dois respondem: “Podemos!” Parece uma resposta da boca para fora, pois, poucos dias depois, abandonaram Jesus e o deixaram sozinho na hora do sofrimento (Mc 14,50). Eles não têm muita consciência crítica, nem percebem sua realidade pessoal. Quanto ao lugar de honra no Reino ao lado de Jesus, quem o dá é o Pai. O que ele, Jesus, tem para oferecer é o cálice e o batismo, o sofrimento e a cruz.
Marcos 10,41-44: Entre vocês não seja assim
Neste final da sua instrução sobre a Cruz, Jesus fala, novamente, sobre o exercício do poder (Mc 9,33-35). Naquele tempo, os que detinham o poder no império romano não prestavam conta ao povo. Agiam conforme bem entendiam (Mc 6,17-29). O império romano controlava o mundo e o mantinha submisso pela força das armas e, assim, através de tributos, taxas e impostos, conseguia concentrar a riqueza dos povos na mão de poucos lá em Roma. A sociedade era caracterizada pelo exercício repressivo e abusivo do poder. Jesus tem outra proposta. Ele diz: “Entre vocês não deve ser assim! Quem quiser ser o maior, seja o servidor de todos!” Ele traz ensinamentos contra os privilégios e contra a rivalidade. Inverte o sistema e insiste no serviço como remédio contra a ambição pessoal. A comunidade deve apresentar uma alternativa para a convivência humana.
Marcos 10,45: O resumo da vida de Jesus
Jesus define a sua missão e a sua vida: “O Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir e dar sua vida como resgate em favor de muitos”. Jesus é o Messias Servidor, anunciado pelo profeta Isaías (cf. Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Aprendeu de sua mãe que disse ao anjo: “Eis aqui a serva do Senhor!” (Lc 1,38). Proposta totalmente nova para a sociedade daquele tempo. Nesta frase em que ele define sua vida, transparecem os três títulos mais antigos, usados pelos primeiros cristãos para expressar e comunicar aos outros o que Jesus significava para eles: Filho do Homem, Servo de Javé, Resgatador dos excluídos (libertador, salvador). Humanizar a vida, Servir aos irmãos e irmãs, Acolher os excluídos.
4) Para um confronto pessoal
- Tiago e João pediram o primeiro lugar no Reino. Hoje, muita gente reza a Deus pedindo dinheiro, promoção, cura, êxito. E eu, o que busco na minha relação com Deus e o que peço a Ele na oração?
- Humanizar a vida, Servir aos irmãos e irmãs, Acolher os excluídos. É o programa de Jesus, é o nosso programa. Como estou realizando?
5) Oração final
O Senhor manifestou sua salvação, aos olhos dos povos revelou sua justiça. Lembrou-se do seu amor e da sua fidelidade à casa de Israel (Sl 97, 2-3)
Terça-feira, 28 de maio-2024. 8ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais, e a vossa Igreja vos possa servir, alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 10,28-31)
Naquele tempo, 28Começou Pedro a dizer a Jesus: "Eis que deixamos tudo e te seguimos." 29Respondeu-lhe Jesus. "Em verdade vos digo: ninguém há que tenha deixado casa ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim e por causa do Evangelho 30que não receba, já neste século, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, com perseguições e no século vindouro a vida eterna. 31Muitos dos primeiros serão os últimos, e dos últimos serão os primeiros."
3) Reflexão Mc 10,28-31
No evangelho de ontem, Jesus falava da conversão que deve ocorrer no relacionamento dos discípulos com os bens materiais: desapegar-se das coisas, vender tudo, dar para os pobres e seguir Jesus. Ou seja, como Jesus, devem viver na total gratuidade, entregando sua vida na mão de Deus e servindo aos irmãos e irmãs (Mc 10,17-27). No evangelho de hoje Jesus explica melhor como deve ser esta vida de gratuidade e de serviço dos que abandonam tudo por causa dele, Jesus, e do Evangelho (Mc 10,28-31).
Marcos 10,28-31: Cem vezes mais desde agora, mas com perseguições
Pedro observa: "Eis que nós deixamos tudo e te seguimos". É como se dissesse: “Fizemos o que o senhor pediu ao jovem rico. Deixamos tudo e te seguimos. Explica para nós como deve ser esta nossa vida?” Pedro quer que Jesus explicite um pouco mais o novo modo de viver no serviço e na gratuidade. A resposta de Jesus é bonita, profunda e simbólica: "Eu garanto a vocês: quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, vai receber cem vezes mais. Agora, durante esta vida, vai receber casas, irmãos, irmãs, mãe, filhos e campos, junto com perseguições. E, no mundo futuro, vai receber a vida eterna”. O tipo de vida que resulta da entrega de tudo é a amostra do Reino que Jesus quer realizar: (1) Alarga a família e cria comunidade, pois aumenta cem vezes o número de irmãos e irmãs. (2) Provoca a partilha dos bens, pois todos terão cem vezes mais casas e campos. A providência divina se encarna e passa pela organização fraterna, onde tudo é de todos e já não haverá mais necessitados. Eles realizam a lei de Deus que pede “entre vocês não pode haver pobres” (Dt 15,4-11). Foi o que fizeram os primeiros cristãos (At 2,42-45). É a vivência perfeita do serviço e da gratuidade. (3) Não devem esperar nenhuma vantagem em troca, nem segurança, nem promoção de nada. Pelo contrário, nesta vida terão tudo isto, mas com perseguições. Pois os que, neste nosso mundo organizado a partir do egoísmo e dos interesses de grupos e pessoas, vivem a partir do amor gratuito e da entrega de si, estes, como Jesus, serão crucificados. (4) Serão perseguidos neste mundo, mas, no mundo futuro terão a vida eterna de que falava o jovem rico.
Jesus e a opção pelos pobres
Um duplo cativeiro marcava a situação do povo na época de Jesus: o cativeiro da política de Herodes, apoiada pelo Império Romano e mantida por todo um sistema bem organizado de exploração e de repressão, e o cativeiro da religião oficial, mantida pelas autoridades religiosas da época. Por causa disso, o clã, a família, a comunidade, estava sendo desintegrada e uma grande parte do povo vivia excluída, marginalizada, sem lugar, nem na religião, nem na sociedade. Por isso, havia vários movimentos que, como Jesus, procuravam uma nova maneira de viver e conviver em comunidade: essênios, fariseus e, mais tarde, os zelotes. Dentro da comunidade de Jesus, porém, havia algo novo que a diferenciava dos outros grupos. Era a atitude frente aos pobres e excluídos. As comunidades dos fariseus viviam separadas. A palavra “fariseu” quer dizer “separado”. Viviam separadas do povo impuro. Muitos dos fariseus consideravam o povo como ignorante e maldito (Jo 7,49), cheio de pecado (Jo 9,34). Jesus e a sua comunidade, ao contrário, viviam misturados com as pessoas excluídas, consideradas impuras: publicanos, pecadores, prostitutas, leprosos (Mc 2,16; 1,41; Lc 7,37). Jesus reconhece a riqueza e o valor que os pobres possuem (Mt 11,25-26; Lc 21,1-4). Proclama-os felizes, porque o Reino é deles, dos pobres (Lc 6,20; Mt 5,3). Define sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4, 18). Ele mesmo vive como pobre. Não possui nada para si, nem mesmo uma pedra para reclinar a cabeça (Lc 9,58). E a quem quer segui-lo para conviver com ele, manda escolher: ou Deus, ou o dinheiro! (Mt 6,24). Manda fazer opção pelos pobres! (Mc 10,21) A pobreza, que caracterizava a vida de Jesus e dos discípulos, caracterizava também a missão. Ao contrário dos outros missionários (Mt 23,15), os discípulos e as discípulas de Jesus não podiam levar nada, nem ouro, nem prata, nem duas túnicas, nem sacola, nem sandálias (Mt 10,9-10). Deviam confiar é na hospitalidade (Lc 9,4; 10,5-6). E caso fossem acolhidos pelo povo, deviam trabalhar como todo mundo e viver do que receberiam em troca (Lc 10,7-8). Além disso, deviam tratar dos doentes e necessitados (Lc 10,9; Mt 10,8). Então podiam dizer ao povo: “O Reino chegou!” (Lc 10,9).
4) Para um confronto pessoal
1) Como você, na sua vida, realiza a proposta de Pedro: “Deixamos tudo e te seguimos”?
2) Partilha, gratuidade, serviço, acolhida aos excluídos são sinais do Reino. Como as vivo hoje?
5) Oração final
Todos os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus. Aclamai ao Senhor, terra inteira gritai e exultai cantando hinos. (Sl 97, 3-4)
CUIDAR E RECONSTRUIR
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Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
A catástrofe climática no Rio Grande do Sul é estrondoso grito que deve alertar a sociedade brasileira para a necessidade de mudanças no tratamento dedicado ao meio ambiente. Com a tarefa da reconstrução, é muito necessária uma análise crítica inadiável sobre as legislações vigentes, em nível federal e nos âmbitos estaduais. Sabe-se que a lógica cega e perversa do lucro, com justificativas de desenvolvimento econômico, preside escolhas políticas e até decisões judiciais.
Com facilidade, anuncia-se o fim de práticas que ameaçam o meio ambiente, mas o que se verifica é uma simples substituição por outros procedimentos igualmente prejudiciais. Essas substituições são anunciadas como se fossem benéficas a partir de pesado investimento midiático e se efetivam com manipulações nas instâncias decisórias. Nessa lógica, propagandeia-se que o simples tratamento de uma nascente compensa graves prejuízos provocados a um determinado sistema hídrico, desconsiderando sua fundamental importância no abastecimento de água. Justifica-se o dano causado ao meio ambiente defendendo a geração de empregos, mas são desconsideradas as perdas maiores causadas pelo assoreamento e a extinção dos cursos d’água. Ainda há, pois, uma incompreensão a respeito do que significa ecologia integral.
A ecologia integral deve constituir um estribilho que precisa ser cantado diariamente, na contramão de uma busca por excessivo lucro que, apesar de parecer caminho para o desenvolvimento, apenas enriquece oligarquias, deixa rastro de destruição que leva a catástrofes climáticas, a incontáveis tragédias. Reconhecer o significado de ecologia integral é perceber que cada intervenção no meio ambiente desencadeia muitas transformações, pois tudo está interligado.
Quando essa verdade é reconhecida, percebe-se que nada pode justificar um procedimento minerário que ameaça bacias hídricas, por exemplo. Mas grande parte dos megaempreendimentos não considera as relações entre os seres vivos e o planeta. Por isso, convive-se com a gestação silenciosa de catástrofes, acentuando ainda cenários de exclusão social. Uma sociedade, para sobreviver, deve criticamente discernir sobre seus modelos de produção e consumo. Esse discernimento exige honestidade nas considerações e na apresentação de projetos ligados à exploração da natureza.
A sociedade brasileira ainda tem muito a aprender sobre a sua relação com o meio ambiente, para inspirar mudanças na conduta cidadã e nas legislações vigentes. O Papa Francisco, na Carta Encíclica Laudato Si’ – sobre o cuidado com a casa comum, faz importante advertência: conhecimentos fragmentários e isolados podem se tornar ignorância. É preciso reconhecer que, no planeta, tudo se interliga, inclusive as relações.
Nesse sentido, a economia não pode ser considerada como uma realidade separada das relações ambientais, sob pena de contaminações perigosas, prejuízos graves, com consequências irreversíveis, principalmente a perda de vidas. Deve-se levar em conta a íntima relação entre crise ambiental e crise social, conforme ensina a Laudato Si’. Os sistemas naturais estão conectados com os sistemas sociais. Dissociá-los leva a escolhas equivocadas, a permissividades que se desdobram em manipulações. O que se vive na atualidade é uma crise não simplesmente social ou ambiental, mas socioambiental. A superação dessa crise exige, pois, um abrangente entendimento sobre o conjunto de problemas para que sejam alcançadas propostas de soluções.
Imprescindível e honesto é considerar o impacto ambiental de um empreendimento a partir da necessária capacidade para ouvir: abrir-se à consideração de pesquisadores, ao diálogo transparente envolvendo diferentes públicos e à sensibilidade de cada cidadão. Deve-se reconhecer também o que ensina o Papa Francisco – cada organismo é essencial por ser criatura de Deus.
Da mesma forma, deve-se considerar o conjunto harmônico dos organismos. Criar desarmonia entre os elementos que integram o planeta traz consequências para a existência humana e pode configurar catástrofes. Essencial é valer-se dos recursos naturais de modo sustentável, o que exige considerar a capacidade regenerativa de cada ecossistema. O crescimento econômico não pode ser uma prioridade formatada com sacrifícios ao meio ambiente. Proteger o meio ambiente é um imperativo na garantia do desenvolvimento econômico sustentável.
Ainda é considerável a distância entre a busca pelo desenvolvimento econômico e a adequada postura diante da necessidade de se preservar o meio ambiente. Pode até ser mais fácil visar somente o lucro, mas, cedo ou tarde, a desconsideração sobre a natureza irá trazer consequências na saúde das instituições, pois impacta gravemente na vida humana. Inteligente e interpelante, conforme sublinha o Papa Francisco, é reconhecer que tudo que fere a solidariedade e a amizade cívica provoca danos ambientais. Assim, é preciso reconfigurar legislações levando-se em conta a ecologia integral, para corrigir descompassos agravados por manipulações, interesses egoístas e exercícios inadequados do poder.
As violações do meio ambiente continuam perpetradas sob a “vista grossa” de legislações permissivas e insuficientes, com autoridades “mudas”, em uma sociedade ainda despreparada para zelar adequadamente por seu patrimônio ambiental. É necessário investir na educação ecológica enquanto se trabalha para reconstruir aquilo que já foi destruído. Isto significa buscar aprender mais sobre a melhor forma de se relacionar com a natureza, cultivando a humildade para tratar o meio ambiente com reverência. Um caminho essencial para vencer a sedução do lucro que impõe sacrifícios ao planeta e qualificar o exercício da cidadania. Fonte: www.cnbb.org.br
Segunda-feira, 27 de maio-2024. 8ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais, e a vossa Igreja vos possa servir, alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mc 10,17-27)
Naquele tempo, 17Quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo e, dobrando os joelhos diante dele, suplicou-lhe: "Bom Mestre, que farei para alcançara vida eterna?"18Jesus disse-lhe: "Por que me chamas bom? Só Deus é bom.19Conheces os mandamentos: não mates; não cometas adultério; não furtes; não digas falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe."20Ele respondeu-lhe: "Mestre, tudo isto tenho observado desde a minha mocidade."21Jesus fixou nele o olhar, amou-o e disse-lhe: "Uma só coisa te falta; vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me.22Ele entristeceu-se com estas palavras e foi-se todo abatido, porque possuía muitos bens.23E, olhando Jesus em derredor, disse a seus discípulos: "Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os ricos!"24Os discípulos ficaram assombrados com suas palavras. Mas Jesus replicou: "Filhinhos, quão difícil é entrarem no Reino de Deus os que põem a sua confiança nas riquezas!25É mais fácil passar o camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar o rico no Reino de Deus."26Eles ainda mais se admiravam, dizendo a si próprios: "Quem pode então salvar-se?"27Olhando Jesus para eles, disse: "Aos homens isto é impossível, mas não a Deus; pois a Deus tudo é possível.
3) Reflexão Marcos 10,17-27
O evangelho de hoje traz dois assuntos: (1) conta a história do homem rico que perguntou pelo caminho da vida eterna (Mc 10,17-22), e (2) Jesus chama a atenção para o perigo das riquezas (Mc 10,23-27). O homem rico não aceitou a proposta de Jesus, pois era muito rico. Uma pessoa rica é protegida pela segurança que a riqueza lhe dá. Ela tem dificuldade em abrir mão desta segurança. Agarrada às vantagens dos seus bens, vive preocupada em defender seus próprios interesses. Uma pessoa pobre não costuma ter esta preocupação. Mas pode haver pobres com cabeça de rico. Então, o desejo de riqueza cria neles uma dependência e faz com que eles também se tornem escravos do consumismo. Ficam devendo prestações em todo canto e já não têm mais tempo para dedicar-se ao serviço do próximo. Com esta problemática na cabeça, tanto das pessoas como dos países, vamos ler e meditar o texto do homem rico.
Marcos 10,17-19: A observância dos mandamentos e a vida eterna.
Alguém chega perto de Jesus e pergunta: “Bom mestre, o que devo fazer para herdar a vida eterna?” O evangelho de Mateus informa que se tratava de um jovem (Mt 19,20.22). Jesus responde bruscamente: “Por que me chamas bom. Ninguém é bom senão só Deus!” Jesus desvia a atenção de si mesmo e aponta para Deus, pois o que importa é fazer a vontade de Deus, revelar o Projeto do Pai. Em seguida, Jesus afirma: “Você conhece os mandamentos: não matar, não cometer adultério, não roubar, não levantar falso testemunho, não defraudar ninguém, honrar pai e mãe”. É importante olhar bem a resposta de Jesus. O jovem tinha perguntado pela vida eterna. Queria a vida junto de Deus! Mas Jesus não mencionou os três primeiros mandamentos que definem nosso relacionamento com Deus! Ele só lembrou aqueles que dizem respeito à vida junto do próximo! Para Jesus, só conseguimos estar bem com Deus, se soubermos estar bem com o próximo. Não adianta se enganar. A porta para chegar até Deus é o próximo.
Marcos 10,20: Observar os mandamentos, para que serve?
O homem responde dizendo que já observava os mandamentos desde a sua juventude. O curioso é o seguinte. Ele tinha perguntado pelo caminho da vida. Ora, o caminho da vida era e continua sendo: fazer a vontade de Deus expressa nos mandamentos. Quer dizer que ele observava os mandamentos sem saber para que serviam. Do contrário, não teria feito a pergunta. É como muitos católicos de hoje: não sabem dizer para que serve ser católico. ”Nasci num país católico, por isso sou católico!” Coisa de costume!
Marcos 10,21-22: Partilhar os bens com os pobres e seguir Jesus.
Ouvindo a resposta do jovem, “Jesus olhou para ele, o amou e lhe disse: Só uma coisa te falta: vai, vende o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu, e em seguida vem e segue-me!” A observância dos mandamentos é apenas o primeiro degrau de uma escada que vai mais longe e mais alto. Jesus pede mais! A observância dos mandamentos prepara a pessoa para ela poder chegar à doação total de si a favor do próximo. Jesus pede muito, mas ele o pede com muito amor. O moço não aceitou a proposta de Jesus e foi embora, “pois era muito rico”.
Marcos 10,23-27: O camelo e o fundo da agulha.
Depois que o jovem foi embora, Jesus comentou a decisão dele: Como é difícil um rico entrar no Reino de Deus! Os discípulos ficaram admirados. Jesus repete a mesma frase e acrescenta: É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino! A expressão “entrar no Reino” diz respeito, não só e nem em primeiro lugar à entrada no céu depois da morte, mas também e sobretudo à entrada na comunidade ao redor de Jesus. A comunidade é e deve ser uma amostra do Reino. A alusão à impossibilidade de um camelo passar pelo buraco de uma agulha vem de um provérbio popular da época usado pelo povo para dizer que uma coisa era humanamente impossível e inviável. Os discípulos ficaram chocados com a afirmação de Jesus e perguntavam uns aos outros: "Então, quem pode ser salvo?" Sinal de que não tinham entendido a resposta de Jesus ao homem rico: “Vai vende tudo, dá para os pobres e vem e segue-me!” O jovem tinha observado os mandamentos desde a sua juventude, mas sem entender o porquê da observância. Algo semelhante estava acontecendo com os discípulos. Eles já tinham abandonado todos os bens conforme o pedido de Jesus ao jovem rico, mas sem entender o porquê do abandono! Se o tivessem entendido, não teriam ficado chocados com a exigência de Jesus. Quando a riqueza ou o desejo da riqueza ocupa o coração e o olhar, a pessoa já não consegue perceber o sentido do evangelho. Só Deus mesmo para ajudar! Jesus olhou para os discípulos e disse: "Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível."
4) Para um confronto pessoal
- Uma pessoa que vive preocupada com a sua riqueza ou que vive querendo adquirir aquelas coisas da propaganda na televisão, pode ela libertar-se de tudo para seguir Jesus e viver em paz numa comunidade cristã? É possível? O que você acha? Como é que você faz?
- Conhece alguém que conseguiu largar tudo por causa do Reino? O que significa para nós hoje: “Vai vende tudo, dá aos pobres”? Como entender e praticar hoje os conselhos que Jesus deu ao jovem rico?
5) Oração final
Louvarei o Senhor de todo o coração, na assembléia dos justos e em seu conselho. Grandes são as obras do Senhor, dignas de admiração de todos os que as amam. (Sl 110, 1-2)
Sexta-feira, 24 de maio-2024. 7º SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho– (Marcos 10, 1-12)
Naquele tempo, 1Jesus foi para a região da Judéia, além do Jordão. As multidões voltaram a segui-lo pelo caminho e de novo ele pôs-se a ensiná-las, como era seu costume.2Chegaram os fariseus e perguntaram-lhe, para o pôr à prova, se era permitido ao homem repudiar sua mulher.3Ele respondeu-lhes: "Que vos ordenou Moisés?"4Eles responderam: "Moisés permitiu escrever carta de divórcio e despedir a mulher."5Continuou Jesus: "Foi devido à dureza do vosso coração que ele vos deu essa lei;6mas, no princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.7Por isso, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher;8e os dois não serão senão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne.9Não separe, pois, o homem o que Deus uniu." 10Em casa, os discípulos fizeram-lhe perguntas sobre o mesmo assunto.11E ele disse-lhes: "Quem repudia sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira.12E se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério."
3) Reflexão Mc 10,1-12
O evangelho de ontem trazia conselhos de Jesus sobre o relacionamento entre adultos e crianças, entre os grandes e os pequenos da sociedade. O evangelho de hoje traz conselhos sobre como deve ser o relacionamento entre homem e mulher, entre marido e mulher.
Marcos 10,1-2: A pergunta dos fariseus: “o marido pode mandar a mulher embora?”
A pergunta é maliciosa. Ela pretende colocar Jesus à prova: “É lícito a um marido repudiar sua mulher?” Sinal de que Jesus tinha uma opinião diferente, pois do contrário os fariseus não iriam interrogá-lo sobre este assunto. Não perguntam se é lícito a esposa repudiar o marido. Isto nem passava pela cabeça deles. Sinal claro da forte dominação machista e da marginalização da mulher na sociedade daquele tempo.
Marcos 10,3-9: A resposta de Jesus: o homem não pode repudiar a mulher.
Em vez de responder, Jesus pergunta: “O que diz a lei de Moisés?” A lei permitia o homem escrever uma carta de divórcio e repudiar sua mulher. Esta permissão revela o machismo. O homem podia repudiar a mulher, mas a mulher não tinha este mesmo direito. Jesus explica que Moisés agiu assim por causa da dureza de coração do povo, mas a intenção de Deus era outra quando criou o ser humano. Jesus volta ao projeto do Criador e nega ao homem o direito de repudiar sua mulher. Ele tira o privilégio do homem frente à mulher e pede o máximo de igualdade entre os dois.
Marcos 10,10-12: Igualdade homem e mulher.
Em casa, os discípulos fazem perguntas sobre este assunto. Jesus tira as conclusões e reafirma a igualdade de direitos e deveres entre homem e mulher. Ele propõe um novo tipo de relacionamento entre os dois. Não permite o casamento em que o homem pode mandar a mulher embora, nem vice-versa. O evangelho de Mateus acrescenta um comentário dos discípulos sobre este assunto. Eles dizem: “Se a situação do homem com a mulher é assim, então é melhor não se casar” (Mt 19,10). Preferem não casar, do que casar sem o privilégio de poder continuar mandando na mulher e sem o direito de poder pedir divórcio caso ela não lhe agradar mais. Jesus vai até o fundo da questão e diz que há somente três casos em que se permite uma pessoa não casar: "Nem todos entendem isso, a não ser aqueles a quem é concedido. De fato, há homens castrados, porque nasceram assim; outros, porque os homens os fizeram assim; outros, ainda, se castraram por causa do Reino do Céu. Quem puder entender, entenda" (Mt 19,11-12). Os três casos são: “(1) impotência, (2) castração e (3) por causa do Reino. Não casar só porque o homem se recusa a perder o domínio sobre a mulher, isto, a Nova Lei do Amor já não o permite! Tanto o casamento como o celibato, ambos devem estar a serviço do Reino e não a serviço de interesses egoístas. Nenhum dos dois pode ser motivo para manter o domínio machista do homem sobre a mulher. Jesus modificou o relacionamento homem-mulher, marido-esposa.
4) Para um confronto pessoal
1) Na minha vida pessoal, como vivo o relacionamento homem-mulher?
2) Na vida da minha família e da minha comunidade, como está sendo o relacionamento homem-mulher?
5) Oração final
O Senhor é bom e misericordioso, lento para a cólera e cheio de clemência. Ele não está sempre a repreender, nem eterno é o seu ressentimento. (Sl 102, 8-9)
Domingo 26- Solenidade da Santíssima Trindade.
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DEUS UNO E TRINO
Dom Anuar Battisti
Arcebispo emérito de Maringá (PR)
A primeira das três Solenidades do Tempo Comum é a Solenidade da Santíssima Trindade celebrada no domingo seguinte a clausura do tempo pascal. Quem é Deus? Como é Ele? A liturgia da Solenidade da Santíssima Trindade convida-nos a mergulhar no mistério de Deus e a contemplar o Deus que, sendo unidade, é família de três Pessoas em perfeita comunhão de amor. Por isso, chamamos-Lhe “Santíssima Trindade”. Por amor, Ele criou os homens e as mulheres; e, por amor, Ele convida-os a vincularem-se com essa comunidade de amor que é a família trinitária.
Santíssima Trindade: Deus que se revela Pai, e Filho e Espírito Santo. Bendizemos o Pai criador, o Filho salvador e o Espírito santificador.
Na primeira leitura – Dt 4,32-34.39-40 –, Moisés convida Israel a descobrir o rosto e o coração de Deus a partir da contemplação das ações por Ele feitas na história. O Deus em que Israel acredita é o Deus libertador e salvador, que ama os seus filhos e que está sempre disponível para os libertar de tudo aquilo que os escraviza. Ele acompanha cada passo do seu Povo e deixa-lhe indicações seguras para ser feliz e ter Vida em abundância. Esta leitura confessa a fé no Deus único – “o Senhor é o Deus lá em cima no céu e embaixo na terra, a que não há outro além dele” (Dt 4,39). Israel tem consciência de ser o povo escolhido por Deus (Dt 4,34). Em um panorama histórico-religioso feito pelo povo, vê-se as manifestações, comunicações e prodígios realizados pelo Deus Uno.
Na segunda leitura – Rm 8,14-17 –, o autor da Carta aos Romanos pede os que receberam o batismo que se deixem conduzir sempre pelo Espírito de Deus. Animados pelo dinamismo do Espírito, eles serão membros da família de Deus e poderão chamar a Deus “Abbá”. Deus será para eles o Pai cheio de amor, em cujo colo se sentirão sempre amados, protegidos e cuidados. É por meio do Espírito que somos elevados à dignidade de filhos de Deus (Rm 8,14). A comunidade cristã é a família que tem a Deus como Pai. Como filhos e herdeiros de Deus, conduzidos pelo Espírito Santo, somos chamados à testemunhar a vida em Cristo mediante a vivência dos valores do Evangelho.
No Evangelho – Mt 28,16-20 –, Jesus despede-se dos discípulos e envia-os a todas as nações como testemunhas da salvação de Deus. Eles deverão ensinar tudo o que aprenderam de Jesus e batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo todos os que se mostrarem disponíveis para integrar a família de Deus, a comunidade trinitária. O Evangelho é o mandato missionário de Jesus e a promessa de sua presença na vida e na missão dos discípulos. “Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. O Senhor ressuscitado deixa como herança espiritual para a comunidade nascente a fé trinitária o dever de ensinar ou transmitir seus ensinamentos e a certeza de sua colaboração na obra missionária: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20; Mt 1,23; Mt 18,20)
A inclusão de novos membros na comunidade-Igreja se realiza mediante o batismo em nome da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Jesus garante a sua presença permanente na comunidade; Ele é o Emanuel – o Deus conosco –.
Ao celebrarmos a Santíssima Trindade celebramos a perfeita comunhão de amor de Deus, celebrando nossa própria missão de batizados. Marcados que somos no batismo pelo selo do amor divino, com a vocação de vivenciar em comunidade o amor de Deus, continuemos abertos a esse amor, acolhendo a todos, sobretudo aqueles que são esquecidos ou abandonados. Pois não existe outro caminho para entrar na misteriosa dinâmica do amor de Deus, senão levando adiante nossa missão em comunidade, vivendo relações de gente transformada pelo amor infinito da Trindade. A Solenidade da Santíssima Trindade nos revela um Deus que é amor e que partilha esse amor com todos os seres humanos. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Evangelização e cultos em presídios não foram proibidos pelo governo
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Evangelização e cultos em presídios não foram proibidos pelo governo
Vídeo viral distorce conteúdo de resolução do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária
Detentos participam de culto evangélico no Centro de Progressão Penitenciária em Bauru, no interior de São Paulo - SAP - 7.mai.2017/Divulgação
SÃO PAULO
É falso que o governo Lula (PT) tenha proibido a evangelização em presídios. Essa desinformação foi compartilhada em vídeo no Tiktok, visualizado mais de 1,1 milhão de vezes. Na gravação, uma pré-candidata à Câmara Municipal de Rio das Ostras (a 169 km do Rio de Janeiro) afirma que a pregação do evangelho e a realização de cultos e orações nos ambientes prisionais foram proibidas por meio de decreto presidencial.
O vídeo distorce a resolução nº 34 do CNPCP (Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária), órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Publicado no Diário Oficial da União no dia 29 de abril, o texto define diretrizes e recomendações sobre a liberdade religiosa em presídios.
Entre os pontos, o documento assegura aos ingressos no sistema prisional o direito de professar qualquer religião ou crença, assim como prevê a atuação de diferentes grupos religiosos nos presídios, sendo vedado o proselitismo religioso. Proselitismo é a tentativa persistente de convencer outra pessoa a aceitar suas crenças. A proibição, contudo, já constava desde a resolução Nº 8, de 2011.
A diferença é que o novo documento do CNPCP também proíbe o racismo religioso. Diferentemente do que afirma o conteúdo enganoso, não há qualquer menção à proibição a cultos ou evangelização. Um dos princípios fundamentais da resolução, inclusive, é a premissa de que "será assegurado aos representantes religiosos das instituições religiosas o acesso a todos os estabelecimentos de privação de liberdade dentro território nacional".
Em nota, o Ministério da Justiça afirmou que o texto não referenda qualquer tipo de perseguição religiosa e deixa claro que pessoas privadas de liberdade têm "direito à mudança de religião, consciência ou filosofia a qualquer tempo".
O governo federal também informou que são falsas as acusações e lembrou que o documento não tem poder de lei. "Essa resolução fala em garantir a ‘liberdade de consciência, de crença e de expressão’ das pessoas presas. Diz que será assegurando a elas ‘o direito de professar qualquer religião ou crença’.Isso é exatamente o oposto à ideia de perseguição religiosa", diz comunicado.
VERDADEIRO OU FALSO
Recebeu um conteúdo que acredita ser enganoso? Mande para o WhatsApp 11 99581-6340 ou envie para o email Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. para que ele seja verificado pela Folha. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Testemunhas de Jeová orientam fiéis a não fazerem doações às vítimas do RS
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Denominação cristã suspeita de fraudes e fake news e diz que prefere concentrar ajuda da congregação
Diversos municípios do Rio Grande do Sul, como Canoas, seguem alagados -
Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
SÃO PAULO
A liderança máxima dos Testemunhas de Jeová no Brasil pediu às suas congregações que orientem os fiéis a não participarem de campanhas de arrecadação e a não enviarem dinheiro para desabrigados no Rio Grande do Sul.
No comunicado, a instituição afirma ter preocupação com golpes e fraudes envolvendo doações, mas, mesmo assim, não dá o comando para que os fiéis façam doações diretamente pelo Pix da igreja. Esta diretriz deve valer para aqueles que desejarem fazer doações mesmo assim.
"Se a sua congregação ainda não foi convidada [a ajudar], pedimos que não façam arranjos pessoais para enviar doações", diz a liderança em uma carta cuja autenticidade foi confirmada.
"Além disso, pedimos que não tomem a iniciativa de fazer ou participar de vaquinhas virtuais. A intenção pode ser boa, mas nunca se sabe quem está por trás disso e se os valores arrecadados serão realmente enviados."
Ainda de acordo com o comunicado, somente as congregações de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul foram mobilizadas para participar no envio de doações. A carta informa que cerca de 2.000 fiéis afetados pela enchente já estão recebendo os cuidados necessários.
No documento, há a recomendação de que os fiéis só aceitem a ajuda de programas do governo federal.
A liderança diz a seus anciãos —que cuidam da parte administrativa das congregações— que a ajuda prestada em desastres precisa ser "bem organizada e coordenada de modo eficiente".
Os Testemunhas se definem como bem cuidadosos ao usar os donativos. "Evitamos duplicação de esforços, confusões e desperdício de dinheiro e de materiais, coisas que geralmente acontecem quando os irmãos agem por conta própria", diz a carta.
Consultado, o Departamento de Informações ao Público (DIP) dos Testemunhas de Jeová disse que, no início das enchentes, diversos veículos de mídia alertaram sobre golpes financeiros e fake news envolvendo a ajuda aos refugiados.
"Nesse contexto, procuramos alertar e orientar os interessados em fornecer ajuda humanitária de forma organizada", disse a instituição.
"Naturalmente, cada Testemunha de Jeová pode decidir se e como irá apoiar campanhas de ajuda humanitária, independentemente do modo em que sejam prestadas."
A instituição não esclareceu por que não incentivou doações, mesmo que fosse pelo Pix da igreja.
Com Diego Felix
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Quinta-feira, 23 de maio-2024. 7º SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho – (Marcos 9, 41-50)
Naquele tempo disse Jesus a seus discípulos: 42“E quem provocar a queda um só destes pequenos que crêem em mim, melhor seria que lhe amarrassem uma grande pedra de moinho ao pescoço e o lançassem no mar. 43Se tua mão te leva à queda, corta-a! É melhor entrares na vida tendo só uma das mãos do que, tendo as duas, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. [44] 45Se teu pé te leva à queda, corta-o! É melhor entrar na vida tendo só um dos pés do que, tendo os dois, ser lançado ao inferno. [46] 47Se teu olho te leva à queda, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus tendo um olho só do que, tendo os dois, ir para o inferno, 48onde o verme deles não morre e o fogo nunca se apaga. 49Todos serão salgados pelo fogo. 50O sal é uma coisa boa; mas se o sal perder o sabor, como devolver-lhe o sabor? Tende sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros”.
3) Reflexão Marco 9,41-50
O Evangelho de hoje traz alguns conselhos de Jesus sobre o relacionamento dos adultos com os pequenos e excluídos. Naquele tempo, muita gente pequena era excluída e marginalizada. Não podia participar. Muitos deles perdiam a fé. O texto que vamos meditar tem algumas afirmações estranhas que, se tomadas ao pé da letra, causam perplexidade na gente.
Marcos 9,41: Um copo de água tem recompensa.
Uma frase solta de Jesus foi inserida aqui: Eu garanto a vocês: quem der para vocês um copo de água porque vocês são de Cristo, não ficará sem receber sua recompensa. Dois pensamentos: 1) “Quem der para vocês um copo de água”: Jesus está indo para Jerusalém para entregar sua vida. Gesto de grande doação! Mas ele não esquece os gestos pequenos de doação no dia a dia da vida: um copo de água, um acolhimento, uma esmola, tantos gestos. Quem despreza o tijolo, nunca faz casa! 2) “Porque vocês são de Cristo”: Jesus se identifica conosco que queremos pertencer a Ele. Isto significa que, para Ele, temos muito valor.
Marcos 9,42: Escândalo para os pequenos.
Escândalo, literalmente, é pedra no caminho, pedra no sapato; é aquilo que desvia uma pessoa do bom caminho. Escandalizar os pequenos é ser motivo pelo qual os pequenos se desviam do caminho e percam a fé em Deus. Quem faz isto recebe a seguinte sentença: “Corda no pescoço com pedra de moinho para ser jogado no fundo do mar!” Por que tanta severidade? É porque Jesus se identifica com os pequenos (Mt 25,40.45). Quem toca neles, toca em Jesus! Hoje, no mundo inteiro, os pequenos, os pobres, muitos deles estão saindo das igrejas tradicionais. Cada ano, só na América Latina, são em torno de três milhões de pessoas que migram para outras igrejas. Já não conseguem crer no que professamos na nossa igreja! Por que será? Até onde nós temos culpa? Merecemos a corda no pescoço?
Marcos 9,43-48: Cortar mão e pé, arrancar o olho.
Jesus manda a pessoa arrancar mão, pé e olho, caso estes forem motivo de escândalo. Ele diz: “É melhor entrar na vida ou no Reino com um pé (mão, olho), do que entrar no inferno ou na geena com dois pés (mãos, olhos)”. Estas frases não podem ser tomadas ao pé da letra. Elas significam que a pessoa deve ser radical na opção por Deus e pelo Evangelho. A expressão ”geena (inferno) onde tem verme que não morre e o fogo que não se apaga”, é uma imagem para indicar a situação da pessoa que fica sem Deus. A geena era o nome de um vale perto de Jerusalém, onde se jogava o lixo da cidade e onde sempre havia um fogo de monturo queimando o lixo. Este lugar fedorento era usado pelo povo para simbolizar a situação da pessoa que ficava sem participar do Reino de Deus.
Marcos 9,49-50: Sal e Paz
Estes dois versículos ajudam a entender as palavras severas sobre o escândalo. Jesus diz: “Tenham sal em vocês, e estejam em paz uns com os outros!” A comunidade, na qual se convive em paz, uns com os outros, é como o pouco de sal que tempera a comida toda. A convivência pacífica e fraterna na comunidade é o sal que tempera a vida do povo no bairro. É um sinal do Reino, uma revelação da Boa Notícia de Deus. Estamos sendo sal? Sal que não tempera não serve para mas nada!
Jesus acolhe e defende a vida dos pequenos
Várias vezes, Jesus insiste no acolhimento a ser dado aos pequenos. “Quem acolhe a um destes pequenos em meu nome é a mim que acolhe” (Mc 9,37). Quem dá um copo de água a um destes pequenos não perderá a sua recompensa (Mt 10,42). Ele pede para não desprezar os pequenos (Mt 18,10). E no julgamento final os justos vão ser recebidos porque deram de comer a “um destes mais pequeninos” (Mt 25,40). Se Jesus insiste tanto no acolhimento a ser dado aos pequenos, é porque devia haver muita gente pequena sem acolhimento! De fato, mulheres e crianças não contavam (Mt 14,21; 15,38), eram desprezadas (Mt 18,10) e silenciadas (Mt 21,15-16). Até os apóstolos impediam que elas chegassem perto de Jesus (Mt 19,13; Mc 10,13-14). Em nome da lei de Deus, mal interpretada pelas autoridades religiosas da época, muita gente boa era excluída. Em vez de acolher os excluídos, a lei era usada para legitimar a exclusão. Nos evangelhos, a expressão “pequenos” (em grego se diz elachistoi, mikroi ou nepioi), às vezes, indica “criança”, outras vezes, indica os setores excluídos da sociedade. Não é fácil discernir. Às vezes, o que é “pequeno” num evangelho, é “criança” no outro. É porque criança pertencia à categoria dos “pequenos”, dos excluídos. Além disso, nem sempre é fácil discernir entre o que vem do tempo de Jesus e o que é do tempo das comunidades para as quais foram escritos os evangelhos. Mesmo assim, o que resulta claro é o contexto de exclusão que vigorava na época e a imagem que as primeiras comunidades conservaram de Jesus: Jesus se coloca do lado dos pequenos, dos excluídos, e assume a sua defesa.
4) Para um confronto pessoal
1) Na nossa sociedade e na nossa comunidade, quem são hoje os pequenos e os excluídos? Como está sendo o acolhimento que nós damos a eles?
2) “Corda no pescoço”. Será que o meu comportamento merece a corda ou uma cordinha no pescoço? E o comportamento da nossa comunidade: merece?
5) Oração final
É ele quem perdoa todas as tuas culpas, que cura todas as tuas doenças; é ele, que salva tua vida do fosso, e te coroa com sua bondade e sua misericórdia (Sl 102, 3-4).
Quarta-feira, 22 de maio-2024. 7º SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho – (Marcos 9, 38-40)
Naquele tempo, 38João disse a Jesus: Mestre, vimos alguém, que não nos segue, expulsar demônios em teu nome, e lho proibimos. 39Jesus, porém, disse-lhe: Não lho proibais, porque não há ninguém que faça um prodígio em meu nome e em seguida possa falar mal de mim.40Pois quem não é contra nós, é a nosso favor.
3) Reflexão Marco 9,38-40
O evangelho de hoje traz um exemplo muito bonito e atual da pedagogia de Jesus. Mostra como ele ajudava seus discípulos a perceber e a superar o “fermento dos fariseus e de Herodes”.
Marcos 9,38-40: A mentalidade do fechamento: “ele não anda conosco”.
Alguém que não era da comunidade usava o nome de Jesus para expulsar os demônios. João, o discípulo, vê e proíbe: Impedimos, porque ele não anda conosco. Em nome da comunidade ele impede que o outro possa fazer uma ação boa! Por ser discípulo, ele pensa ter o monopólio sobre Jesus e, por isso, quer proibir que outros usem o nome de Jesus para realizar o bem. Era a mentalidade fechada e antiga de “Povo eleito, Povo separado!”. Jesus responde: "Não lhe proíbam, pois ninguém faz um milagre em meu nome e depois pode falar mal de mim. Quem não está contra nós, está a nosso favor”. (Mc 9,40). Dificilmente você pode encontrar uma afirmação mais ecumênica do que esta afirmação de Jesus. Para Jesus, o que importa não é se a pessoa faz ou não faz parte da comunidade, mas sim se ela faz ou não o bem que a comunidade deve realizar.
Um retrato de Jesus como formador dos seus discípulos
Jesus, o Mestre, é o eixo, o centro e o modelo da formação dada aos discípulos. Pelas suas atitudes, ele é uma amostra do Reino, encarna o amor de Deus e o revela (Mc 6,31; Mt 10,30; Lc 15,11-32). Muitos pequenos gestos refletem este testemunho de vida com que Jesus marcava presença na vida dos discípulos e das discípulas, preparando-os para a vida e a missão. Era a sua maneira de dar forma humana à experiência que ele mesmo tinha de Deus como Pai. Eis um retrato de Jesus como formador dos seus discípulos:
* ele os envolve na missão (Mc 6,7; Lc 9,1-2;10,1),
* na volta, faz revisão com eles (Lc 10,17-20),
* corrige-os quando erram e querem ser os primeiros (Mc 9,33-35; 10,14-15)
* aguarda o momento oportuno para corrigir (Lc 9,46-48; Mc 10,14-15).
* ajuda-os a discernir (Mc 9,28-29),
* interpela-os quando são lentos (Mc 4,13; 8,14-21),
* prepara-os para o conflito (Jo 16,33; Mt 10,17-25),
* manda observar a realidade (Mc 8,27-29; Jo 4,35; Mt 16,1-3),
* reflete com eles as questões do momento (Lc 13,1-5),
* confronta-os com as necessidades do povo (Jo 6,5),
* ensina que as necessidades do povo estão acima das prescrições rituais (Mt 12,7.12),
* tem momentos a sós para poder instruí-los (Mc 4,34; 7,17; 9,30-31; 10,10; 13,3),
* sabe escutar, mesmo quando o diálogo é difícil, (Jo 4,7-42).
* ajuda-os a se aceitar a si mesmos (Lc 22,32).
* é exigente e pede para deixar tudo por amor a ele (Mc 10,17-31).
* é severo com a hipocrisia (Lc 11,37-53).
* faz mais perguntas que respostas (Mc 8,17-21).
* é firme e não se deixa desviar do caminho (Mc 8,33; Lc 9,54).
* prepara-os para o conflito e a perseguição (Mt 10,16-25).
* A formação não era, em primeiro lugar, a transmissão de verdades a serem decoradas, mas sim a comunicação da nova experiência de Deus e da vida que irradiava de Jesus para os discípulos e as discípulas. A própria comunidade que se formava ao redor de Jesus era a expressão desta nova experiência. A formação levava as pessoas a terem outros olhos, outras atitudes. Fazia nascer nelas uma nova consciência a respeito da missão e a respeito de si mesmas. Fazia com que fossem colocando os pés do lado dos excluídos. Produzia, aos poucos, a "conversão" como conseqüência da aceitação da Boa Nova (Mc 1,15).
4) Para um confronto pessoal
1) O que significa hoje, século XXI, para mim, para nós, a afirmação de Jesus que diz: Quem não está contra nós, está a nosso favor?”
2) Como acontece a formação de Jesus na minha vida?
5) Oração final
Minha alma, bendize o Senhor e tudo o que há em mim, o seu santo nome! Minha alma, bendize o Senhor, e não esqueças nenhum de seus benefícios. (Sl 102, 1-2)
22 de maio- O Santo do Dia: HISTÓRIA DE SANTA RITA DE CÁSSIA
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Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Rita nasceu por volta do ano de 1381 em Roccaporena, uma aldeia situada na Prefeitura de Cássia na província de Perugia, filha de Antonio Lotti e Camata Ferri. Os seus pais eram pessoas de fé e a situação econômica não era das melhores, mas decorosa e tranquila.
A história de Santa Rita foi repleta de eventos extraordinários e um destes se mostrou na sua infância. São situações que a tradição dos cristãos quis expressar a missão e vocação dela. A criança, talvez deixada por alguns minutos sozinha em uma cesta na roça enquanto os seus pais trabalhavam na terra, foi circundada dá um enxame de abelhas. Estes insetos recobriram a menina mas estranhamente não a picaram. Um caipira, que no mesmo momento havia ferido a mão com a enxada e estava correndo para ir curar-se, passou na frente da cesta onde estava deitada Rita. Viu as abelhas que rodeavam a criança, começou a mandá-las embora e com grande estupor, à medida que movia o braço, a ferida se cicatrizava completamente.
Rita teria desejado ser monja, todavia ainda jovem (aos 13 anos) os pais, já idosos, a prometeram em casamento a Paulo Ferdinando Mancini, um homem conhecido pelo seu caráter iroso e brutal. Santa Rita, habituada ao dever não opôs resistência e se casou com o jovem oficial que comandava a guarnição de Collegiacone, presumivelmente entre os 17-18 anos, isto é, em torno aos anos 1387-1388.
Do casamento entre Rita e Paulo nasceram dois filhos gêmeos; Giangiacomo Antonio e Paulo Maria que tiveram todo o amor, a ternura e os cuidados da mãe. Rita conseguiu com o seu doce amor e tanta paciência a transformar o caráter do marido, o fazendo ser mais dócil.
Tiveram dois filhos, e ela buscou educá-los na fé e no amor. Porém, eles foram influenciados pelo pai, que antes de se casar se apresentava com uma boa índole, mas depois se mostrou fanfarrão, traidor, entregue aos vícios. E seus filhos o acompanharam.
Rita então, chorava, orava, intercedia e sempre dava bom exemplo a eles. E passou por um grande sofrimento ao ver o marido assassinado e ao descobrir depois que os dois filhos pensavam em vingar a morte do pai. Com um amor heroico por suas almas, ela suplicou a Deus que os levasse antes que cometessem esse grave pecado. Pouco tempo mais tarde, os dois rapazes morreram depois de preparar-se para o encontro com Deus.
Sem o marido e filhos, Santa Rita entregou-se à oração, penitência e obras de caridade e tentou ser admitida no Convento Agostiniano em Cássia, fato que foi recusado no início. No entanto, ela não desistiu e manteve-se em oração, pedindo a intercessão de seus três santos patronos – São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolas de Tolentino – e milagrosamente foi aceita no convento. Isso aconteceu por volta de 1441.
Seu refúgio era Jesus Cristo. A santa de hoje viveu os impossíveis de sua vida se refugiando no Senhor. Rita quis ser religiosa. Já era uma esposa santa, tornou-se uma viúva santa e depois uma religiosa exemplar. Ela recebeu um estigma na testa, que a fez sofrer muito devido à humilhação que sentia, pois cheirava mal e incomodava os outros. Por isso teve que viver resguardada.
Rita de Cássia, a santa das causas impossíveis e do perdão, deixou-nos um legado de fé e perseverança, transmitido por sua vida de amor ao próximo e ao Senhor. Dedicada a Cristo e Seus ensinamentos, foi Seu instrumento para a realização de muitos milagres. Por sua devoção e espiritualidade, recebeu o estigma que a acompanhou durante toda a vida e lhe permitiu compartilhar com Jesus as dores de Sua Paixão.
Santa Rita, modelo de humildade e bondade, viveu o Evangelho a tal extremo que foi capaz de perdoar os assassinos de seu marido e de orar por eles. Conheçamos, nestes tempos de individualismo e guerras, a história daquela que praticou e defendeu o maior ensinamento do Senhor: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.”
Para Rita os últimos 15 anos de sua vida foram de sofrimento sem trégua. A sua perseverança na oração a levava a passar até 15 dias correntes na sua cela “sem falar com ninguém se não com Deus”, além do mais usava também o cilicio que lhe dava tanto sofrimento, submetia o seu corpo a muitas mortificações: dormia no chão até que se adoentou e assim ficou até os últimos anos da sua vida.
Cinco meses antes da morte de Rita, um dia de inverno com a temperatura rígida e um manto de neve cobria tudo, uma parente lhe foi visitar e antes de ir embora perguntou à Santa se Ela desejava alguma coisa, Rita respondeu que teria desejado uma rosa da sua horta. Quando voltou a Roccaporena a parente foi à horta e grande foi a sua surpresa quando viu uma belíssima rosa, a colheu e a levou a Rita.
Assim Santa Rita foi denominada a Santa da “Rosa” e dos impossíveis. Santa Rita antes de fechar os olhos para sempre, teve a visão de Jesus e da Virgem Maria que a convidavam no Paraíso. Uma monja viu a sua alma subir ao céu acompanhada de Anjos e contemporaneamente os sinos da igreja começaram a tocar sozinhos, enquanto um perfume suavíssimo se espalhou por todo o Mosteiro e do seu quarto viram uma luz luminosa como se fosse entrado o Sol. Era o dia 22 de Maio de 1447. Santa Rita de Cássia foi beatificada 180 anos depois da sua subida aos céus e proclamada Santa após 453 anos da sua morte.
A primeira Igreja dedicada a Santa Rita erigida no Rio de Janeiro foi em 1710. A sua Igreja, erigida no centro da cidade, é um importante centro de evangelização. Depois muitas outras paróquias e capelas foram dedicadas a “santa dos impossíveis”. Todos os santos nos demonstram que a razão primeira e última de suas vidas foi Jesus Cristo. E é só por Ele que podemos compreender suas vidas e virtudes. Por isso eles nos apontam para o centro de nossa vida e pedra angular da construção da humanidade: o Senhor Jesus Cristo. Acorramos a Santa Rita e nela busquemos os exemplos para vivermos a esperança como virtude cristã que só o Cristo Ressuscitado pode nos proporcionar no cotidiano de nossas vidas. Santa Rita! Rogai por nós! Fonte: https://www.cnbb.org.br
Terça-feira, 21 de maio-2024. 7º SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho – (Marcos 9, 30-37)
Naquele tempo, 30Tendo partido dali, atravessaram a Galiléia. Não queria, porém, que ninguém o soubesse.31E ensinava os seus discípulos: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e matá-lo-ão; e ressuscitará três dias depois de sua morte.32Mas não entendiam estas palavras; e tinham medo de lho perguntar.33Em seguida, voltaram para Cafarnaum. Quando já estava em casa, Jesus perguntou-lhes: De que faláveis pelo caminho?34Mas eles calaram-se, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles seria o maior.35Sentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos.36E tomando um menino, colocou-o no meio deles; abraçou-o e disse-lhes:37Todo o que recebe um destes meninos em meu nome, a mim é que recebe; e todo o que recebe a mim, não me recebe, mas aquele que me enviou.
3) Reflexão Mc 9,30-37
O evangelho de hoje traz o segundo anúncio da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Como no primeiro anúncio (Mc 8,27-38), os discípulos ficam espantados e com medo. Não entendem a palavra sobre a cruz, porque não são capazes de entender nem de aceitar um Messias que se faz empregado e servidor dos irmãos. Eles continuam sonhando com um messias glorioso e mostram, além disso, uma grande incoerência. Enquanto Jesus anuncia a sua Paixão e Morte, eles discutem entre si quem deles é o maior. Jesus quer servir, eles só pensam em mandar! A ambição os leva a se auto-promover às custas de Jesus. Até hoje, aqui e acolá, o mesmo desejo de auto-promoção aparece nas nossas comunidades.
Tanto na época de Jesus como na época de Marcos, havia o “fermento” da ideologia dominante. Também hoje, a ideologia das propagandas do comércio, do consumismo, das novelas influi profundamente no modo de pensar e de agir do povo. Na época de Marcos, nem sempre as comunidades eram capazes de manter uma atitude crítica frente à invasão da ideologia do império romano. E hoje?
Marcos 9,30-32: O anúncio da Cruz.
Jesus caminha através da Galiléia, mas não quer que o povo o saiba, pois está ocupado com a formação dos discípulos e discípulas, e conversa com eles sobre a Cruz. Ele diz que, conforme a profecia de Isaías (Is 53,1-10), o Filho do Homem deve ser entregue e morto. Isto mostra como Jesus se orientava pela Bíblia, tanto na realização da sua própria missão, como na formação dada aos discípulos. Ele tirava o seu ensinamento das profecias. Como no primeiro anúncio (Mc 8,32), os discípulos o escutam, mas não entendem a palavra sobre a cruz. Mesmo assim, não pedem esclarecimento. Eles têm medo de deixar transparecer sua ignorância!
Marcos 9,33-34: A mentalidade de competição.
Chegando em casa, Jesus pergunta: “Sobre que vocês estavam discutindo no caminho?” Eles não respondem. É o silêncio de quem se sente culpado, “pois pelo caminho discutiam sobre quem deles era o maior”. Jesus é bom pedagogo. Não intervém logo. Ele sabe aguardar o momento oportuno para combater a influência da ideologia nos seus formandos. A mentalidade de competição e de prestígio, que caracterizava a sociedade do Império Romano, já se infiltrava na pequena comunidade que estava apenas começando! Aqui aparece o contraste, a incoerência: enquanto Jesus se preocupa em ser o Messias Servidor, eles só pensam em ser o maior. Jesus procura descer. Eles querem subir!
Marcos 9,35-37: Servir, em vez de mandar.
A resposta de Jesus é um resumo do testemunho de vida que ele mesmo vinha dando desde o começo: Quem quer ser o primeiro seja o último de todos, o servidor de todos! Pois o último não ganha prêmio nem recompensa. É um servo inútil (cf. Lc 17,10). O poder deve ser usado não para subir e dominar, mas para descer e servir. Este é o ponto em que Jesus mais insistia e em que mais deu o seu próprio testemunho (cf. Mc 10,45; Mt 20,28; Jo 13,1-16). Em seguida, Jesus coloca uma criança no meio deles. Uma pessoa que só pensa em subir e dominar, não daria tão grande atenção aos pequenos e às crianças. Mas Jesus inverte tudo! Ele diz: Quem receber uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe. Quem recebe a mim recebe aquele que me enviou! Ele se identifica com as crianças. Quem acolhe os pequenos em nome de Jesus, acolhe o próprio Deus!
* Não é pelo fato de uma pessoa “seguir Jesus” que ela já é santa e renovada. No meio dos discípulos, cada vez de novo, o “fermento de Herodes e dos fariseus” (Mc 8,15) levantava a cabeça. No episódio do evangelho de hoje, Jesus aparece como o mestre que forma os seus seguidores. "Seguir" era um termo que fazia parte do sistema educativo da época. Era usado para indicar o relacionamento entre o discípulo e o mestre. O relacionamento mestre-discípulo é diferente do relacionamento professor-aluno. Os alunos assistem às aulas do professor sobre uma determinada matéria. Os discípulos "seguem" o mestre e convivem com ele, vinte e quatro horas por dia. Foi nesta "convivência" de três anos com Jesus, que os discípulos e as discípulas receberam a sua formação. O Evangelho de amanhã nos dará um outro exemplo muito concreto de como Jesus formava seus discípulos.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus quer descer e servir. Os discípulos querem subir e dominar. E eu? Qual a motivação mais profundo do meu “eu” desconhecido?
2) Seguir Jesus e estar com ele, vinte e quatro horas por dia, e deixar que o seu modo de viver se torne o meu modo de viver e de conviver. Isto está acontecendo em mim?
5) Oração final
Prestai ouvidos, ó Deus, à minha oração, não vos furteis à minha súplica; Escutai-me e atendei-me. (Sl 54, 2-3a)
PAPA FRANCISCO FEZ UMA LIGAÇÃO PARA DOM JAIME SPENGLER
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O arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, foi surpreendido na manhã deste sábado 11 de maio com uma ligação do Santo Padre, Papa Francisco, às 11h37. A voz de Dom Jaime em áudio enviado à assessoria de Comunicação da CNBB estava embargada de emoção com o gesto de paternidade do Santo Padre.
Dom Jaime disse, no áudio, que foi surpreendido com uma chamada telefônica do secretário do Santo Padre. Segundo o presidente da CNBB, na sequência o Papa Francisco tomou o telefone e disse as seguintes palavras de conforto ao povo do Rio Grande do Sul:
“Manifesto minha solidariedade em favor de todos que estão sofrendo esta catástrofe. Estou próximo a vocês e rezo por vocês”, disse Francisco ao telefone.
Solidariedade do Papa ao povo do RS
No dia 9 de maio, a Nunciatura Apostólica do Brasil deu o informe de que o Santo Padre destinou um valor substancial, através da Esmolaria Apostólica, para auxílio dos desabrigados. Este valor foi em torno de 100 mil euros e será repassado para o Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o regional que abrange todo o Rio Grande do Sul, para ajudar no que for possível.
A preocupação do Papa Francisco
Ao final do Regina Caeli do último domingo (05/05), o Pontífice já havia manifestado sua solidariedade aos afetados pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul:
“Quero assegurar a minha oração pelas populações do Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, atingidas por grandes inundações. Que o Senhor acolha os mortos e conforte os familiares e quem teve que abandonar suas casas.”
Proximidade que se transformou em uma ajuda concreta, conforme confirmou por dom Jaime Spengler. O valor doado pelo Papa Francisco, na moeda local do Brasil, ultrapassa os 500 mil reais, recurso que será gerido pelo Regional da CNBB Sul 3 e que será de grande ajuda ao povo gaúcho. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Rio Grande do Sul: a solidariedade concreta do Papa
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O arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, confirmou o gesto concreto de ajuda do Papa aos gaúchos. Através da Esmolaria Apostólica, Francisco enviou à Nunciatura do Brasil um valor em torno de 100 mil euros, equivalente a mais de 500 mil reais.
Thulio Fonseca - Vatican News
"Fomos informados através da Nunciatura Apostólica de que o Santo Padre destinou um valor substancial, através da Esmolaria Apostólica, para auxílio dos desabrigados. Este valor foi em torno de 100 mil euros e será repassado para o Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o regional que abrange todo o Rio Grande do Sul, para ajudar no que for possível." Essas são as palavras de dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, na manhã desta quinta-feira, 09 de maio, ao Vatican News.
A preocupação do Papa Francisco
Ao final do Regina Caeli do último domingo (05/05), o Pontífice já havia manifestado sua solidariedade aos afetados pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul:
"Quero assegurar a minha oração pelas populações do Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, atingidas por grandes inundações. Que o Senhor acolha os mortos e conforte os familiares e quem teve que abandonar suas casas."
Proximidade que se transformou em uma ajuda concreta, conforme confirmado por dom Jaime Spengler. O valor doado pelo Papa Francisco, na moeda local do Brasil, ultrapassa os 500 mil reais, recurso que será gerido pelo Regional da CNBB Sul 3 e que será de grande ajuda ao povo gaúcho.
Os últimos dados
Em todo o estado, 425 municípios foram atingidos, com 100 mortes confirmadas até a noite de quarta-feira, além de 130 desaparecidos, 374 feridos, 163.786 desalojados e 7.428 pessoas em abrigos. Esses números, que estão em constante atualização, refletem as inundações sem precedentes que atingiram o Rio Grande do Sul, em meio a novos episódios de chuvas intensas e previsões de ventos fortes, juntamente com a chegada do frio. O Aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre, inundado pelas águas, permanece fechado até o dia 30 de maio.
O trabalho extraordinário de tantos voluntários
Dom Jaime relata que em Porto Alegre, capital do estado, "o nível das águas quase não baixou, e nas áreas baixas da cidade, as inundações continuam a subir". No entanto, a solidariedade das pessoas tem sido de grande ajuda:
"Visitei vários locais onde os desabrigados estão sendo acolhidos, e é verdadeiramente um trabalho extraordinário realizado por tantos voluntários, juntamente com as nossas comunidades. É um trabalho muito bonito."
O prelado descreve também que "na parte sul do estado, na região de Pelotas e Rio Grande, quase na fronteira com o Uruguai, estão enfrentando as consequências das águas que estão chegando àquela região". Lá, eles tiveram tempo para se preparar para isso, completa o presidente da CNBB, "então, de alguma forma pode-se dizer que eles estão numa situação um pouco melhor, mas choveu muito naquela região, e isso certamente contribuirá para o sofrimento ainda maior daquela população". Fonte: https://www.vaticannews.va
SOLIDARIEDADE EM TEMPOS DE ADVERSIDADE
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Dom Jailton Oliveira Lino
Bispo de Teixeira de Freitas (BA)
Queridos irmãos e irmãs, Nestes tempos de provação, onde as águas do Rio Grande do Sul transbordaram e as enchentes ceifaram vidas e sonhos, é com um coração pesaroso que me dirijo a todos vocês. As notícias que nos chegam são de desolação e perda, mas também de uma solidariedade que floresce nos corações e nas ações do povo brasileiro.
Como Bispo da Diocese de Teixeira de Freitas-Caravelas, sinto-me compelido a refletir sobre o amor incondicional que Jesus nos ensinou. Ele nos disse: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei.” Este mandamento nunca foi tão necessário quanto agora, quando muitos de nossos irmãos e irmãs no sul do país precisam de nossa ajuda e compaixão.
A tragédia que se abateu sobre o Rio Grande do Sul é um chamado para que coloquemos em prática os ensinamentos de Cristo e o espírito da Campanha da Fraternidade. Somos todos irmãos, e é nosso dever estender a mão àqueles que sofrem.
A solidariedade não é apenas um sentimento, mas uma ação concreta que deve emergir de nossa fé e do nosso compromisso com o bem comum. É o momento de unirmos forças, de sermos a expressão viva do amor de Deus, trabalhando juntos para aliviar o sofrimento e reconstruir as vidas que foram afetadas.
Que possamos ser instrumentos de esperança e que nossa ajuda seja um reflexo do amor que Deus tem por cada um de nós. Que a nossa solidariedade se traduza em gestos de fraternidade e amizade social, pois, como nos ensina a Campanha da Fraternidade, somos todos irmãos. Que possamos, juntos, superar este momento difícil, mantendo firme a fé e a esperança de dias melhores.
Solidariedade: Um Chamado à Ação
A tragédia que assola o Rio Grande do Sul não é apenas um teste de nossa resistência, mas também uma oportunidade para demonstrarmos o verdadeiro significado da solidariedade. É nos momentos de adversidade que nossa humanidade é posta à prova, e é nesses momentos que devemos mostrar nossa compaixão e empatia para com nossos irmãos e irmãs em necessidade.
A solidariedade vai além de simples palavras de conforto; é uma ação concreta, um compromisso ativo de estender a mão e oferecer apoio àqueles que sofrem. Como comunidade cristã, temos o dever moral e espiritual de responder ao chamado da solidariedade.
Devemos nos unir, independentemente de diferenças ou adversidades, e trabalhar juntos para reconstruir o que foi perdido e restaurar a esperança naqueles que foram afetados pela tragédia. Que cada um de nós se torne um farol de esperança, irradiando amor e compaixão em meio à escuridão da desolação. Que possamos encontrar forças uns nos outros e, juntos, superar os desafios que se apresentam diante de nós.
Com determinação e solidariedade, podemos transformar a tragédia em uma oportunidade de renovação e crescimento, fortalecendo os laços que nos unem como membros de uma mesma família humana. Que a solidariedade continue a guiar nossos corações e ações, inspirando-nos a sermos agentes de mudança e esperança em nosso mundo. Unidos em amor fraterno, podemos superar qualquer adversidade e construir um futuro mais justo e solidário para todos. Fonte: https://www.cnbb.org.br
MENSAGEM DE SOLIDARIEDADE AO QUERIDO RIO GRANDE DO SUL
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Dom Neri José Tondello
Bispo de Juína (MT)
Meu querido Rio Grande do Sul. Coração amado, bate forte por ti. As vidas que se foram, meu lamento. Estejam em paz nas moradas eternas.
As pessoas perdidas, esperança de encontrarmo-nos, não sei aonde. As pessoas feridas e machucadas, nossa cura humana, psicológica e espiritual.
As pessoas fora de suas casas, coragem, apoio e fé. As pessoas solidárias, participação, unidade, ajuda e força: muito obrigado.
As pessoas orantes, consolo. Peregrinos da esperança, apesar de todo desespero. As pessoas que nos governam, hora da unidade.
A tragédia não tem partido, não tem religião. Não tem cor. Não tem opção sexual. A tragédia não tem polarização, a não ser sozinha contra tudo e todos. A tragédia não tem lado. Não tem rico. Não tem pobre.
A tragédia é apelo humano, ético e cristão para todos. Somos todos irmãos na amizade. A tragédia nos chama e a hora da caridade é agora. A hora da solidariedade está a porta de nosso coração.
A tragédia nos pede conversão ecológica. Conversão sinodal. A tragédia nos leva a rezar e pensar a finitude das rebeldias humanas.
A tragédia nos faz irmãos. Se nada aprendemos com a tragédia, nos tornaremos insossos no conjunto da obra. Cada vida em risco, dor e fragilidade alheia. Cada vida ameaçada e engolida e/ou, cada vida salva, alteridade em serviço. Fonte: www.cnbb.org.br
AS CHUVAS NO RS E A CONSOLAÇÃO
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Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)
Rio Grande do Sul
Nesse momento, ao contemplarmos ao redor, vemos mortes, desabrigados, ilhados, pontes caídas, estradas bloqueadas, destruição de casas e de construções. Nosso coração fica perturbado, nos perguntamos: o que podemos aprender disso tudo? Não temos respostas. Também o mal físico é um mistério. Saber contemplar o mistério sem fantasia ou racionalismo é uma sabedoria.
Um grande flagelo veio sobre nossas cidades e vilas, muito se perdeu, rezamos por aqueles que partiram, mas nós que aqui ficamos, queremos, diante de Deus, aprender a viver e a conviver. Deus está conosco, disso temos experiência e somos capazes de solidariedade, sobre isso podemos enxergar.
O profeta Isaías nos recorda que o próprio Deus, por meio de seu Cristo, veio e sempre vem para curar as nossas feridas, para anunciar nossa liberdade, para consolar os que choram, para dar alegria para quem vive na aflição, para nos vestir de salvação, com o manto da justiça, e nisso tudo se manifesta sua glória.
Não será a morte, o luto e as lágrimas que definirão a última palavra sobre a vida. Tampouco a destruição, o deslizamento e os alagamentos roubarão nossa esperança. Somos um povo que sabe em quem depositou sua fé. A água que sacia a sede, limpa o que está sujo, refresca o calor e rega o que está seco, voltará a ser sinal de vida, de renovação e liberdade.
Esse dilúvio que veio sobre nós não apagará de nossa memória os feitos que o Senhor realizou ao longo da história da salvação. Nós sobreviveremos e encontraremos razões para reconstruir nossas estradas e nossas casas, nossas vidas e de fato, podemos estar ilhados, mas não isolados.
Sabemos o quanto o Pai nos ama e não será um desafio grande como o que estamos passando que nos separará desse amor e da comunidade humana que Ele ama. Para nós servem as palavras de Cristo dizendo: Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou. Essa paz é tão clara e forte que não ficamos com o coração perturbado e nem intimidado.
Enfrentemos, irmãos e irmãs, mais essa provação. Deus está conosco. Isso passará, iremos superar. Mas desde já colhamos os frutos bons desse momento, sempre há uma luminosidade sideral em meio à noite escura. Recordo aqui tantas instituições governamentais, militares e civis dedicadas na defesa da vida nesse momento.
Recordo as nossas comunidades paroquiais de portas abertas para acolher os desabrigados, alimentar os que perderam tudo, para atender as necessidades que emergem. Como bem diz o Papa Francisco: somos comunidades que parecem Hospital de Campanha, que socorre imediatamente quem precisa.
Recordo as comunidades que viram os caminhoneiros impedidos de viajar pelos bloqueios e lhes providenciaram refeições. Recordo as coletas de doações que estão sendo realizadas em todo Estado especialmente pela CNBB Sul 3. Quanta luz de solidariedade. Tudo passa, mas esse amor já é consolação.
Nossa fé em Cristo nos compromete para continuarmos criando laços de solidariedade e amizade social, pois podemos estar ilhados, mas não isolados. Deus abençoe todos que decidiram tornarem-se consolação para os outros. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Chuvas: Nota de Solidariedade da Arquidiocese de Porto Alegre.
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Ao Povo de Deus da
Arquidiocese de Porto Alegre
Deus nos console em nossa tribulação para que possamos
consolar os que se acham em alguma tribulação (cf. 2Cor 1,4)
Querido Povo de Deus!
Em comunhão com o Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que, em nota da presidência sobre os temporais que atingem o estado do Rio Grande do Sul descreveu a “grande provação para nossa população”, constatando-se “mortes, desabrigados, ilhados, pontes caídas, estradas bloqueadas, destruição de casas e de construções”, com “parte da população sem energia elétrica e o abastecimento de água comprometido, [...] instabilidade e insegurança em todo nosso Estado”, também a Arquidiocese de Porto Alegre une-se neste empenho de reconstrução, inclusive e sobretudo, da esperança.
Há, sim, “o empenho das instituições governamentais, militares e civis dedicadas à defesa da vida, o envolvimento de nossas comunidades eclesiais abrindo suas portas para acolher os que perderam tudo”. O próprio Regional Sul 3 organizou uma campanha para socorrer os diversos municípios. A Arquidiocese de Porto Alegre, através da Cáritas – Mensageiros da Caridade – está empenhada nessa direção, pois sabemos que há necessidade em muitas ações, as emergenciais e, depois, toda a ajuda para a reconstrução.
Além disso, neste ano da oração em preparação ao Jubileu da Igreja 2025, exortamos as comunidades eclesiais a se unirem em oração, conforme as possibilidades, diante do Santíssimo Sacramento, que é o grande símbolo da comunhão e da partilha, renovando nosso compromisso de peregrinos de esperança. Aproveitemos a devoção da Primeira Sexta-feira do mês, neste ano Festa dos Santos Filipe e Tiago, recordando inclusive do diálogo de Jesus, quando disse: “O que pedirdes em meu nome, eu o realizarei” (Jo 14,13-14). Ou organizemos um momento de oração com o povo antes ou depois das missas deste final de semana. As comissões pastorais poderão se unir neste gesto orante e solidário. Na Liturgia do próximo domingo vemos novamente a mesma frase de Jesus: “O que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá” (Jo 15,16). Que possamos pedir, juntos, a consolação, a proteção, a união e o fortalecimento da fé, da caridade e da esperança.
Nossa querida padroeira da Arquidiocese, a Mãe de Deus, com tantos outros nossos santos e santas padroeiros de comunidades eclesiais, continuem intercedendo ao Senhor do Universo para que escute nossas preces!
Dom Jaime Spengler
Arcebispo Metropolitano
Dom Darley José Kummer
Bispo Auxiliar
Dom Bertilo João Morsch
Bispo Auxiliar
Dom Juarez Albino Destro
Bispo Auxiliar
Fonte: https://www.arquipoa.com
Festa dos Apóstolos são Felipe e são Tiago (3 de maio-2024). Frei Carlos Mesters, O. Carm
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1) Oração
Ó Deus, vós nos alegrais cada ano com a festa dos apóstolos são Felipe e são Tiago. Concedei-nos, por suas preces, participar de tal modo da paixão e ressurreição do vosso Filho que vejamos eternamente a vossa faze. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho segundo João (Jo 14,6-14)
Naquele tempo, Jesus disse a Tomé: 6Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. 7Se me conhecêsseis, também certamente conheceríeis meu Pai; desde agora já o conheceis, pois o tendes visto. 8Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta. 9Respondeu Jesus: Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai... 10Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras. 11Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa destas obras. 12Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai. 13E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. 14Qualquer coisa que me pedirdes em meu nome, vo-lo farei.
3) Reflexão - Jo 14,6-14
O evangelho de hoje, festa dos apóstolos Filipe e Tiago, é o mesmo que já meditamos nos dias 18 e 19 de abril deste ano, pois traz o trecho em que o apóstolo Filipe pede a Jesus: “Mostra-nos o Pai, e basta”.
João 14,6: Eu sou o caminho, a verdade e a vida.
Tomé tinha feito a pergunta: "Senhor, não sabemos para onde vai. Como podemos conhecer o caminho?" (Jo 14,5). Jesus responde: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida! Ninguém vai ao Pai senão por mim”. Três palavras importantes. Sem caminho, não se anda. Sem verdade, não se acerta. Sem vida, só há morte! Jesus explica o sentido. Ele é o caminho, porque "ninguém vem ao Pai senão por mim!" Pois, ele é a porta, por onde as ovelhas entram e saem (Jo 10,9). Jesus é a verdade, porque olhando para ele, estamos vendo a imagem do Pai. "Se vocês me conhecem, conhecerão também o Pai!" Jesus é a vida, porque caminhando como Jesus caminhou, estaremos unidos ao Pai e teremos a vida em nós!
João 14,7: Conhecer Jesus é conhecer o Pai. Jesus acrescentou: “Se vocês me conhecem, conhecerão também o meu Pai. Desde agora vocês o conhecem e já o viram". Jesus sempre fala do Pai, pois o Pai era a vida dele e transparecia em tudo que ele, Jesus, falava e fazia. Esta referência constante ao Pai provoca a pergunta de Filipe, cuja festa hoje celebramos.
João 14,8-11: Filipe pergunta: "Mostra-nos o Pai, e basta!" Ver e experimentar o Pai era o desejo dos discípulos e das discípulas; era o desejo de muitas pessoas nas comunidades do Discípulo Amado da Ásia Menor e, até hoje, continua sendo o desejo de muitos de nós. Como experimentar a presença do Pai de que Jesus fala tanto? A resposta de Jesus é muito bonita e vale até hoje: "Filipe, tanto tempo estou no meio de vocês, e você ainda não me conhece! Quem me vê, vê o Pai!" A gente não deve pensar que Deus está longe de nós, como alguém distante e desconhecido. Quem quiser saber como é e quem é Deus Pai, basta olhar para Jesus. Ele o revelou nas palavras e gestos da sua vida! "O Pai está em mim e eu estou no Pai!" Através da sua obediência, Jesus está totalmente identificado com o Pai. Ele a cada momento fazia aquilo que o Pai mostrava que era para fazer (Jo 5,30; 8,28-29.38). Por isso, em Jesus tudo é revelação do Pai! E os sinais ou as obras de Jesus são as obras do Pai! Como diz o povo: "O filho é a cara do pai!" Em Jesus e por Jesus, Deus está no meio de nós.
João 14,12-14: Promessa de Jesus. Jesus faz uma promessa para dizer que a intimidade dele com o Pai não é privilégio só dele, mas é possível para todos e todas que crêem nele: Eu garanto a vocês: quem acredita em mim, fará as obras que eu faço, e fará maiores do que estas, porque eu vou para o Pai. O que vocês pedirem em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se vocês pedirem qualquer coisa em meu nome, eu o farei. Nós também, através de Jesus, podemos chegar a fazer coisas bonitas para os outros do jeito que Jesus fazia para o povo do seu tempo. Ele vai interceder por nós. Tudo que a gente pedir a ele, ele vai pedir ao Pai e vai conseguir, contanto que seja para servir. Jesus é o nosso defensor. Ele vai embora, mas não nos deixa sem defesa. Ele promete que vai pedir ao Pai para Ele mandar um outro defensor ou consolador, o Espírito Santo (Jo 14,15-17). Jesus chegou a dizer que ele precisa ir embora, pois, do contrário, o Espírito Santo não poderá vira (Jo 16,7). É o Espírito Santo que realizará as coisas de Jesus em nós, desde que peçamos em nome de Jesus e observemos o grande mandamento da prática do amor.
4) Para confronto pessoal
1) Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Sem caminho, sem verdade e sem vida não se vive. Procure deixar isto penetrar na sua consciência.
2) Duas perguntas importantes: Quem é Jesus para mim? Quem sou eu para Jesus?
5) Oração final
Narram os céus a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos. O dia ao outro transmite essa mensagem, e uma noite à outra a repete (Sl 18).
Terça-feira, 30 de abril-2024. 5ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que pela ressurreição do Cristo nos renovais para a vida eterna, dai ao vosso povo constância na fé e na esperança, para que jamais duvide das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho segundo João (Jo 14,27-31a)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 27“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. 28Ouvistes que eu vos disse: ‘Vou, mas voltarei a vós’. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. 29Disse-vos isto, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis. 30Já não falarei muito convosco, pois o chefe deste mundo vem. Ele não tem poder sobre mim, 31amas, para que o mundo reconheça que eu amo o Pai, eu procedo conforme o Pai me ordenou”.
3) Reflexão - Jo 14,27-31a
Aqui, em Jo 14,27, começa a despedida de Jesus e no fim do capítulo 14, ele encerra a conversa dizendo: "Levantem! Vamos embora daqui!" (Jo 14,31). Mas, em vez de sair da sala, Jesus continua falando por mais três capítulos: 15, 16 e 17. Se você pular estes três capítulos, você vai encontrar no começo do capítulo 18 a seguinte frase: "Tendo dito isto, Jesus foi com seus discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia ali um jardim onde entrou com seus discípulos" (Jo 18,1). Em Jo 18,1, está a continuação de Jo 14,31. O Evangelho de João é como um prédio bonito que foi sendo construído lentamente, pedaço por pedaço, tijolo por tijolo. Aqui e acolá, ficaram sinais destes remanejamentos. De qualquer maneira, todos os textos, todos os tijolos, fazem parte do edifício e são Palavra de Deus para nós.
João 14,27: O dom da Paz.
Jesus comunica a sua paz aos discípulos. A mesma paz será dada depois da ressurreição (Jo 20,19). Esta paz é mais uma expressão da manifestação do Pai, de que Jesus tinha falado antes (Jo 14,21). A paz de Jesus é a fonte da alegria que ele nos comunica (Jo 15,11; 16,20.22.24; 17,13). É uma paz diferente da paz que o mundo dá, diferente da Pax Romana. Naquele fim do primeiro século a Pax Romana era mantida pela força das armas e pela repressão violenta contra os movimentos rebeldes. A Pax Romana garantia a desigualdade institucionalizada entre cidadãos romanos e escravos. Esta não é a paz do Reino de Deus. A Paz que Jesus comunica é o que no AT se chama Shalôm. É a organização completa de toda a vida em torno dos valores da justiça, fraternidade e igualdade.
João 14,28-29: O motivo por que Jesus volta ao Pai.
Jesus volta ao Pai para poder retornar em seguida. Ele dirá a Madalena: “Não me segure, porque ainda não subi para o Pai “ (Jo 20,17). Subindo para o Pai, ele voltará através do Espírito que nos enviará (cf Jo 20,22). Sem o retorno ao Pai ele não poderá estar conosco através do seu Espírito.
João 14,30-31a: Para que o mundo saiba que amo o Pai.
Jesus está encerrando a última conversa com os discípulos. O príncipe deste mundo vai tomar conta do destino de Jesus. Jesus vai ser morto. Na realidade, o Príncipe, o tentador, o diabo, nada pode contra Jesus. Jesus faz em tudo o que lhe ordena o Pai. O mundo vai saber que Jesus ama o Pai. Este é o grande e único testemunho de Jesus que pode levar o mundo a crer nele. No anúncio da Boa Nova não se trata de divulgar uma doutrina, nem de impor um direito canônico, nem de unir todos numa organização. Trata-se, antes de tudo, de viver e de irradiar aquilo que o ser humano mais deseja e tem de mais profundo dentro de si: o amor. Sem isto, a doutrina, o direito, a celebração não passa de peruca em cabeça calva.
João 14,31b: Levantem e vamos embora daqui.
São as últimas palavras de Jesus, expressão da sua decisão de ser obediente ao Pai e de revelar o seu amor. Na eucaristia, na hora da consagração, em alguns países se diz: “Na véspera da sua paixão, voluntariamente aceita”. Jesus diz em outro lugar: “O Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la de novo. Ninguém tira a minha vida; eu a dou livremente. Tenho poder de dar a vida e tenho poder de retomá-la. Esse é o mandamento que recebi do meu Pai” (Jo 10,17-18).
4) Para confronto pessoal
1) Jesus disse: “Dou-vos a minha paz”. Como contribuo para a construção da paz na minha família e na minha comunidade?
2) Olhando no espelho da obediência de Jesus ao Pai, em que ponto eu poderia melhorar a minha obediência ao Pai?
5) Oração final
Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, e os vossos santos com louvores vos bendigam! Narrem a glória e o esplendor do vosso reino e saibam proclamar vosso poder! (Sl 144, 10-11)
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