Quarta-feira 26- História do Dia- A Procura da felicidade
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Um homem não conseguia encontrar a felicidade em lugar nenhum.
Um dia ele resolveu sair pelo mundo à procura da felicidade.
Fechou a porta da sua casa e partiu com a disposição de percorrer
todos os caminhos da terra até encontrar o lugar de ser feliz.
Aonde chegava reunia um grupo a quem explicava os planos que tinha para ser feliz.
Afirmava que seus seguidores seriam felizes na posse de regiões gigantescas,
onde haveria montes de ouro.
Mas o povo lamentava e ninguém o seguia.
No dia seguinte novamente partia.
Assim, foi percorrendo cidades e cidades, de país em país, anos a fio.
Mas um dia percebeu que estava ficando velho sem ter encontrado a felicidade.
Seus cabelos tingiam-se de branco, suas mãos estavam enrugadas,
suas roupas esfarrapadas, os calçados aos pedaços.
Além disso, estava cansado de procurar a felicidade, tão inutilmente.
Enfim, depois de muito andar, parou em frente de uma casa antiga.
As janelas de vidro estavam quebradas, o mato cobria o canteiro do jardim,
a poeira invadia quartos e salas.
Ele olhou e pensou que ali, naquela casa desprezada e sem dono,
ele construiria a sua felicidade: arrumaria o telhado,
colocaria vidro nas janelas, pintaria as paredes, cuidaria do jardim.
"Vou ser feliz aqui" disse ele.
E o homem cansado foi andando até chegar à porta.
Quando entrou, ficou imóvel, perplexo!
Aquela era a sua própria casa, que ele abandonou há tantos
anos à procura da felicidade.
Então ele compreendeu que de nada tinha adiantado dar a volta ao mundo,
pois a felicidade estava dentro da própria casa e ele não tinha percebido.
Quarta-feira, 26 de junho-2024. Evangelho do Dia, 12ª Semana do Tempo Comum. 2024. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que formais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 7, 15-20)
15Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores. 16Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos? 17Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos. 18Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos. 19Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. 20Pelos seus frutos os conhecereis.
3) Reflexão - Mt 7,15-20
Estamos chegando às recomendações finais do Sermão da Montanha. Comparando o evangelho de Mateus com o de Marcos percebe-se uma grande diferença na maneira de os dois apresentarem o ensinamento de Jesus. Mateus insiste mais no conteúdo do ensinamento e o organizou em cinco grande discursos, dos quais o Sermão da Montanha é o primeiro (Mt 5 a 7). Marcos, por mais de quinze vezes, diz que Jesus ensinava, mas raramente diz o que ele ensinava. Apesar destas diferenças, os dois concordam num ponto: Jesus ensinava muito. Ensinar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc 10,1). Mateus se interessava pelo conteúdo. Será que Marcos não se interessava pelo conteúdo? Depende do que entendemos por conteúdo! Ensinar não é só uma questão de comunicar verdades para o povo aprender de memória. O conteúdo não está só nas palavras, mas também nos gestos e no próprio jeito de Jesus se relacionar com as pessoas. O conteúdo nunca está desligado da pessoa que o comunica. Ela, a pessoa, é a raiz do conteúdo. A bondade e o amor que transparecem nas palavras e gestos de Jesus fazem parte do conteúdo. São o seu tempero. Conteúdo bom sem bondade é como leite derramado. Não convence e não à conversão.
As recomendações finais e o resultado do Sermão da Montanha na consciência do povo ocupam o evangelho de hoje (Mt 7,15-20) e o de amanhã (Mt 7,21-29). (A seqüência dos evangelhos diários da semana nem sempre é a mesma dos próprios evangelhos.)
Mateus 7,13-14: Escolher o caminho certo
Mateus 7,15-20: O profeta se conhece pelos frutos
Mateus 7,21-23: Não só falar, também praticar
Mateus 7,24-27: Construir a casa na rocha
Mateus 7,28-29: A nova consciência do povo
Mateus 7,15-16ª : Cuidado com os falsos profetas
No tempo de Jesus, havia profetas de todo tipo, pessoas que anunciavam mensagens apocalípticas para envolver o povo nos vários movimentos daquela época: essênios, fariseus, zelotes e outros (cf. At 5,36-37). No tempo em que Mateus escreve também havia profetas que anunciavam mensagens diferentes da mensagem proclamada pelas comunidades. As cartas de Paulo mencionam estes movimentos e tendências (cf 1Cor 12,3; Gal 1,7-9; 2,11-14;6,12). Não deve ter sido fácil para as comunidades fazer o discernimento dos espíritos. Daí a importância das palavras de Jesus sobre os falsos profetas. A advertência de Jesus é muito forte: "Cuidado com os falsos profetas: eles vêm a vocês vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes”. A mesma imagem é usada quando Jesus envia os discípulos e as discípulas para a missão: “Mando vocês como cordeiros no meio de lobos” (Mt 10,16 e Lc 10,3). A oposição entre lobo voraz e manso cordeiro é irreconciliável, a não ser que o lobo se converta e perca a sua agressividade como sugere o profeta Isaías (Is 11,6; 65,25). O que importa aqui no nossos texto é o dom do discernimento. Não é fácil discernir os espíritos. Às vezes, acontece que interesses pessoais ou grupais levam as pessoas a proclamar como falsos aqueles profetas que anunciam a verdade que incomoda. Isto aconteceu com o próprio Jesus. Ele foi eliminado e morto como falso profeta pelas autoridades religiosas da época. De vez em quando, o mesmo aconteceu e continua acontecendo na nossa igreja.
Mateus 7,16b-20 : A comparação da árvore e seus frutos
Para ajudar no discernimento dos espíritos, Jesus usa a comparação do fruto: “Vocês os conhecerão pelos frutos”. Um critério semelhante já tinha sido sugerido pelo livro do Deuteronômio (Dt 18,21-22). E Jesus acrescenta: “Uma árvore boa não pode dar frutos maus, e uma árvore má não pode dar bons frutos. 19 Toda árvore que não der bons frutos, será cortada e jogada no fogo”. No evangelho de João, Jesus completa a comparação: “Todo ramo que não dá fruto em mim, o Pai o corta. Os ramos que dão fruto, ele os poda para que dêem mais fruto ainda. O ramo que não fica unido à videira não pode dar fruto. Esses ramos são ajuntados, jogados no fogo e queimados." (Jo 15,2.4.6)
4) Para um confronto pessoal
1) Falsos profetas! Conhece algum caso em que uma pessoa boa e honesta que proclamava uma verdade incômoda foi condenada como falso profeta?
2) A julgar pelos frutos da árvore da sua vida pessoal, como você se define: falso ou verdadeiro?
5) Oração final
Desvia meu olhar para eu não ver as vaidades, faze-me viver no teu caminho. Eis que desejo teus preceitos; pela tua justiça conserva-me a vida. (Sl 118, 37.40)
12ª Domingo do Tempo Comum: Um Olhar.
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CONTRAPOSIÇÃO, MEDO E FÉ
Dom Severino Clasen
Arcebispo de Maringá (PR)
Estamos no mundo agitado, inseguro e violento. As forças que geram o domínio são impiedosas, maldosas, corruptas, mentirosas, opressoras. Dominam, agem com ameaças, inibem para que os pequenos não se organizem, se contentem em serem submissos aos poderosos e dominadores.
No mundo social, gerado pela política opressora, dominadora, desumana, age como o mar violento que agita e amedronta os navegadores. O medo se torna a força geradora da angústia, do terror e ameaça.
Jesus, Deus, parece que dorme. Deus chega sempre por primeiro. Ninguém consegue antecipar a Deus. Basta uma palavra, silêncio, que as tempestades lhe obedecem.
Assim, nós nos encontramos na vida quando somos privados da fé que encoraja e confia. A figura de Jó, no Antigo Testamento é o exemplo a ser seguido. Ele é colocado na disputa entre o bem, Deus, e o mal, satanás. Sofre todas as sortes de dor, destruição, despojo, perda de tudo e de todos, mas não roga praga contra Deus. Coloca sua confiança na esperança do Deus que o liberta de todas as perdas na vida.
A ação divina intensifica a convivência do ser humano com toda a natureza, toda a obra criada. Tanto em Jó, quanto no Evangelho de Marcos, Deus tem domínio sobre os mares e sobre as tempestades. “Quem fechou o mar com portas, quando ele jorrou com ímpeto do seio materno, quando eu lhe dava nuvens por vestes e névoas espessas por faixas; quando marquei seus limites e coloquei portas e trancas e disse: ‘Até aqui chegarás, e não além; aqui cessa a arrogância de tuas ondas?’” (Jó 38,8-11). Remar contra a maré é negar para o precipício quando não se tem sabedoria e reconhecimento das potencialidades e virtudes disponíveis para conduzir e proteger a vida.
Na mesma situação, os discípulos experimentaram o medo, mesmo na presença de Jesus: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” (Mc 4,41). A soberania divina assiste os frágeis delirando no mundo sem rumo, enquanto Deus se faz presente. Ressoa em nossa mente, quem perdeu tudo nas enchentes no Rio Grande do Sul. Quem se salvou, agora precisa reconstruir novamente. Colocar a força da esperança na construção de algo diferente, experimentado pela dor da perda e do pavor das águas que inundaram, destruíram. Manter a paz e confiança no Senhor que não dorme, é exercício de fé e esperança que move para os barcos seguros que navegam, conduzem para a serenidade. O Senhor está junto, mesmo não percebido. Nós que somos cegos e não percebemos a ação de Deus na história humana e na natureza que gera vida e beleza.
O Apóstolo Paulo nos alerta para o novo. A vida se renova, na esperança de um dia ressuscitarmos com Cristo. Ele já morreu por todos nós, agora buscamos viver segundo sua ciência para recuperar a fragilidade humana caída no pecado. “Portanto, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho despareceu. Tudo agora é novo” (2Cor 5,17). A catequese paulina nos estimula a seguir Jesus Cristo com amor e liberdade. Nele encontramos a razão mais profunda de viver. Nele está a fonte da vida, a segurança que nos liberta, a fraternidade que nos conduz à emocionante experiência da solidariedade humana. Com Jesus dissipemos a tristeza, o medo e abraçamos corajosamente o bem, frutos do amor revelado por Deus em Jesus Cristo.
Que o nosso modo de viver, sentir, agir, crie um novo jeito de amar a vida segundo os mandamentos do amor. Que toda a dor seja substituída pela mística do seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Fonte: https://www.cnbb.org.br
EVANGELHO DO DIA-11ª SEMANA DO TEMPO COMUM-ANO B. Sexta-feira, 21 de junho-2024. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 6, 19-23)
19Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. 20Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. 21Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração. 22O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado. 23Se teu olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará nas trevas. Se a luz que está em ti são trevas, quão espessas deverão ser as trevas!
3) Reflexão - Mt 6, 19-23
No evangelho de hoje continuamos nossa reflexão sobre o Sermão da Montanha. Anteontem e ontem refletimos sobre a prática das três obras de piedade: esmola (Mt 6,1-4), oração (Mt 6,5-15) e jejum (Mt 6,16-18). O evangelho de hoje e de amanhã trazem quatro recomendações sobre o relacionamento com os bens materiais, explicitando assim como viver a pobreza da primeira bem-aventurança: (1) não acumular (Mt 6,19-21); (2) ter a visão correta dos bens materiais (Mt 6,22-23); (3) não servir a dois senhores (Mt 6,24); (4) abandonar-se à providência divina (Mt 6,25-34). O evangelho de hoje trata das duas primeiras recomendações: não acumular bens (6,19-21) e não olhar o mundo com olhos doentes (6,22-23).
Mateus 6,19-21: Não acumular tesouros na terra
Se, por exemplo, hoje na TV é dado o aviso de que vai faltar açúcar e café no próximo mês, todos vamos comprar o máximo possível de café e de açúcar. Acumulamos, porque não confiamos. Nos quarenta anos de deserto, o povo foi provado para ver se era capaz de observar a lei de Deus (Ex 16,4). A prova consistia nisto: ver se eles eram capazes de recolher só o necessário de maná para um único dia e de não acumular para o dia seguinte. Jesus diz: "Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde a traça e a ferrugem corroem, e onde os ladrões assaltam e roubam. Ajuntem riquezas no céu, onde nem a traça nem a ferrugem corroem, e onde os ladrões não assaltam nem roubam”. O que significa ajuntar tesouros no céu? Trata-se de saber onde coloco o fundamento da minha existência. Se o coloco nos bens materiais desta terra, sempre corro o perigo de perder o que acumulei. Se coloco o fundamento em Deus, ninguém vai poder destruí-lo e terei a liberdade interior de partilhar com os outros os bens que possuo. Para que isto seja possível e viável, é importante que se crie uma convivência comunitária que favoreça a partilha e a ajuda mútua, e na qual a maior riqueza ou tesouro não é a riqueza material, mas sim a riqueza ou o tesouro da convivência fraterna nascida a partir da certeza trazida por Jesus de que Deus é Pai/Mãe de todos. Onde está o teu tesouro (riqueza), aí está o teu coração.
Mateus 6,22-23: A lâmpada do corpo é o olho
Para entender o que Jesus pede é necessário ter olhos novos. Jesus é exigente e pede muita coisa: não acumular (6,19-21), não servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo (6,24), não se preocupar com comida e bebida (6,25-34). Estas recomendações exigentes tratam daquela parte da vida humana, onde as pessoas tem mais angústias e preocupações. É também a parte do Sermão da Montanha, que é a mais difícil de se entender e de praticar. Por isso Jesus diz: "Se teu olho estiver doente, ....". Alguns traduzem olho doente e olho são. Outros traduzem olho mesquinho e olho generoso. Tanto faz. Na realidade, a pior doença que se possa imaginar é uma pessoa se fechar sobre si mesma e sobre seus bens e confiar só neles. É a doença da mesquinhez! Quem olha a vida com este olhar viverá na tristeza e na escuridão. O remédio para curar esta doença é a conversão, a mudança de mentalidade e de ideologia. Colocando o fundamento da vida em Deus, o olhar se torna generoso e a vida toda se torna luminosa, pois faz nascer a partilha e a fraternidade.
Jesus quer uma mudança radical. Quer a observância da lei do ano sabático, onde se diz que, na comunidade dos que crêem, não pode haver pobres (Dt 15,4). A convivência humana deve ser organizada de tal maneira que já não seja necessário uma pessoa se preocupar com comida e bebida, roupa e moradia, saúde e educação (Mt 6,25-34). Mas isto só é possível se todos buscarem primeiro o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6,33). O Reino de Deus é permitir que Deus reine e tome conta: é imitar Deus (Mt 5,48). A imitação de Deus leva à partilha justa dos bens e ao amor criativo, que gera fraternidade verdadeira. A Providência Divina deve ser mediada pela organização fraterna, Só assim é possível jogar fora toda a preocupação pelo dia de amanhã (Mt 6,34).
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus disse: “Onde está tua riqueza, aí estará o teu coração”. Onde está minha riqueza: no dinheiro ou na fraternidade?
2) Qual a luz que está nos meus olhos para olhar a vida, os acontecimentos?
5) Oração final
Porque o Senhor escolheu Sião, ele a preferiu para sua morada. É aqui para sempre o lugar de meu repouso, é aqui que habitarei porque o escolhi. (Sl 131, 13-14)
JOÃO BATISTA E O BATISMO CRISTÃO
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Dom Carlos José
Bispo de Apucarana (PR)
“Pois todos vocês que foram batizados em Cristo, de Cristo se revestiram”. (Gl 3,27)
São João, o Batista, precursor de Jesus, muito conhecido por tê-Lo batizado nas águas do Rio Jordão, tem sua festa litúrgica comemorada em duas datas, a do nascimento em 24 de junho e a de sua morte, em 29 de agosto, uma honra concedida a poucos santos de Deus. No encontro de duas mães, grávidas pelo poder do Altíssimo, João estremece em êxtase, ao sentir a presença de Jesus, diante dele. O Espírito Santo conduz a vida de João antes mesmo de seu nascimento até seu fim terreno, e certamente o conduziu aos céus. São João é conhecido como “anunciador”, aquele que anunciou Cristo com sua vida, sua missão e sua morte.
Nas festas juninas a tradicional fogueira de São João, acesa na véspera de seu dia remonta à história de que sua mãe, Santa Isabel, acendeu uma fogueira para avisar a prima, a Virgem Maria que seu filho estava para nascer. Porém, como precursor de Jesus, João deixou-se apagar, para que brilhasse a Luz de Cristo.
Também João tem sua imagem atrelada ao cordeiro, pelo fato de anunciar a vinda do Cordeiro de Deus, Jesus Cristo. Seu ministério profético era claro e límpido, forte e fiel, exatamente como apenas um verdadeiro enviado de Deus poderia fazer. Suas palavras eram claras: “Eu batizo com água, mas vem Aquele que batizará com o Espirito Santo e com Fogo” (Jo 1, 33).
O batismo de João nas águas não era o Sacramento do Batismo, e sim uma preparação para a vinda do Messias, um convite a lavar-se das impurezas do pecado em preparação para a chegada do Reino de Deus. Para compreender o Sacramento do Batismo, precisamos entrar no mistério da Ressurreição de Cristo. Na madrugada daquele Domingo Glorioso da Ressurreição, Jesus foi plenamente glorificado pelo Pai. E assim, glorificado pelo Espírito Santo, entrou no Cenáculo de Jerusalém e derramou o Espírito Santo sobre os Apóstolos: “Recebei o Espirito Santo” (Jo 20, 19 -22).
Na Ressurreição de Cristo fomos transfigurados! A Igreja nasce e é enviada pelo próprio Cristo: “Como o Pai me enviou, assim eu também vos envio” (Jo 20, 21). De Cristo Ressuscitado, a Igreja recebe o Sacramento do Batismo: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.” (Mt 28, 19).
Pelo Batismo, recebemos o Espírito Santo; o Espírito do Ressuscitado habita em nós, fazendo arder nosso coração como Fogo que queima nossos pecados, quando nos arrependemos sinceramente! Cristo está em nós e nós vivemos dEle e nEle! Assim, podemos dizer que o Batismo nos “cristifica”. Como São Paulo, podemos dizer: “Já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim.” (Gl 2, 20).
Ser batizado é literalmente mergulhar de corpo e alma na graça do Espírito Santo para permitir que brote em nós uma fé renovada e viva, que venha da Fonte que é Cristo Ressuscitado! Que São João Batista nos ajude a sermos anunciadores das graças de Cristo. Amém. Fonte: www.cnbb.org.br
EVANGELHO DO DIA-11ª SEMANA DO TEMPO COMUM- ANO B. Quarta-feira, 19 de junho-2024. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 6, 1-6.16-18)
1Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu. 2Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. 3Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita. 4Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á. 5Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. 6Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á. 16Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. 17Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto. 18Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que está presente ao oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.
3) Reflexão - Mt 6,1-6.16-18
O evangelho de hoje dá continuidade à meditação sobre o Sermão da Montanha. Nos dias anteriores, de 9 até 17 de junho, refletimos longamente sobre a mensagem do capítulo 5 do evangelho de Mateus. No evangelho de hoje e dos dias seguintes, de 18 a 21 de junho, vamos meditar a mensagem do capítulo 6 do mesmo evangelho. A seqüência dos capítulos 5 e 6 pode ajudar na sua compreensão. Os trechos em itálico indicam o texto do evangelho de hoje. Eis o esquema:
Mateus 5,1-12: As Bem-aventuranças: solene abertura da nova Lei
Mateus 5,13-16: A nova presença no mundo: Sal da terra e Luz do mundo
Mateus 5,17-19: A nova prática da justiça: relacionamento com a antiga lei
Mateus 5, 20-48; A nova prática da justiça: observando a nova Lei.
Mateus 6,1-4: A nova prática das obras de piedade: a esmola
Mateus 6,5-15: A nova prática das obras de piedade: a oração
Mateus 6,16-18: A nova prática das obras de piedade: o jejum
Mateus 6,19-21: Novo relacionamento com os bens materiais: não acumular
Mateus 6,22-23: Novo relacionamento com os bens materiais: visão correta
Mateus 6,24: Novo relacionamento com os bens materiais: Deus ou dinheiro
Mateus 6,25-34: Novo relacionamento com os bens materiais: abandono à Providência
O evangelho de hoje trata de três assuntos: da esmola (6,1-4), da oração (6,5-6) e do jejum (6,16-18). São as três obras de piedade dos judeus.
Mateus 6,1: Não praticar o bem para ser visto pelos outros
Jesus critica os que praticam as boas obras só para serem vistos pelos homens (Mt 6,1). Jesus pede para construir a segurança interior não naquilo que nós fazemos por Deus, mas sim naquilo que Deus faz por nós. Nos conselhos que ele dá transparece um novo tipo de relacionamento com Deus: “O teu Pai que vê no segredo te recompensará" (Mt 6,4). "Vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes de o pedirdes a Ele” (Mt 6,8). "Se Perdoardes aos homens seus delitos, também vosso Pai celeste vos perdoará" (Mt 6,14). É um novo caminho que aqui se abre de acesso ao coração de Deus Pai. Jesus não permite que a prática da justiça e da piedade seja usada como meio de auto-promoção diante de Deus e diante da comunidade (Mt 6,2.5.16).
Mateus 6,,2-4: Como praticar a esmola
Dar esmola é uma maneira de realizar a partilha tão recomendada pelos primeiros cristãos (At 2,44-45; 4,32-35). A pessoa que pratica a esmola e a partilha para se promover a si mesmo diante dos outros merece a exclusão da comunidade, como foi o caso de Ananias e Safira (At 5,1-11). Hoje, tanto na sociedade como na igreja, há pessoas que fazem grande publicidade do bem que fazem aos outros. Jesus pede o contrário: fazer o bem de tal maneira que a mão esquerda não fique sabendo o que a mão direita está fazendo. É o total desapego e a total entrega na gratuidade do amor que crê em Deus Pai e o imita em tudo que faz.
Mateus 6,5-6: Como praticar a oração
A oração coloca a pessoa em relação direta com Deus. Alguns fariseus transformavam a oração numa ocasião para aparecer e se exibir diante dos outros. Naquele tempo, quando tocava a trombeta nos três momentos de oração, manhã, meio dia e entardecer, eles deviam parar no lugar onde estavam para fazer as suas orações. Havia gente que procurava estar nas esquinas em lugares públicos, para que todos pudessem ver como rezavam. Ora, uma atitude assim perverte nossa relação com Deus. É falsa e sem sentido. Por isso, Jesus diz que é melhor fechar-se no quarto e rezar em segredo, preservando a autenticidade da relação. Deus te vê mesmo no segredo e ele sempre te escuta.Trata-se da oração pessoal, não da oração comunitária.
Mateus 6,16-18: Como praticar o jejum
Naquele tempo a prática do jejum era acompanhada de alguns gestos exteriores bem visíveis: não lavar o rosto nem alinhar os cabelos, usar roupa sombria. Era o sinal visível de jejum. Jesus critica este jeito de jejuar e manda fazer o contrário, para que ninguém consiga perceber que você está jejuando: tome banho, use perfume, arrume bem o cabelo. Aí, só o Pai que vê no segredo sabe que você está jejuando e ele saberá recompensa-lo.
4) Para um confronto pessoal
1) Quando você reza, como você vive a sua relação com Deus?
2) Como vive o seu relacionamento com os outros em família e na comunidade?
5) Oração final
Quão grande é, Senhor, vossa bondade, que reservastes para os que vos temem e com que tratais aos que se refugiam em vós, aos olhos de todos. (Sl 30, 20)
Bispo católico contraria CNBB e diz que PL Antiaborto é 'leviandade' e 'distorção da realidade'
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Ele afirma que questão tão complexa não pode ser discutida em ano eleitoral e que igreja, escola e família precisam evoluir
O bispo emérito dom Angélico Sândalo Bernardino em sua casa, no Jardim Primavera, em São Paulo - Adriano Vizoni -20.jan.2023/Folhapress
Mônica bergamo
O bispo emérito de Blumenau (SC) dom Angélico Sândalo Bernardino afirma que o projeto de lei que equipara o aborto acima de 22 semanas ao crime de homicídio, inclusive para as vítimas de estupro, é "uma distorção da realidade".
Para ele, é preciso promover a educação sexual no país antes de se "prender mulheres" que interrompem a gravidez.
"Simplesmente punir a mulher sem discutir com profundidade uma situação tão complexa é uma leviandade. É uma precipitação legalista. É querer resolver pela lei um problema muito mais amplo e muito mais vasto", afirma o religioso, um dos mais respeitados da Igreja Católica.
Ele afirma que o momento para a apreciação do tema pela Câmara dos Deputados, em regime de urgência, também é inadequado. "Uma questão complexa como o aborto não pode ser debatida às vésperas de uma eleição. Qual é a motivação desses políticos que defendem essa proposta?", questiona dom Angélico.
A posição do bispo é diferente da adotada pela CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), que defendeu a aprovação do projeto. "Não sou juiz da CNBB. Mas a minha posição é esta", afirma.
Uma questão complexa como o aborto não pode ser debatida às vésperas de uma eleição. Qual é a motivação desses políticos que defendem essa proposta? Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC)
Aos 91 anos, o religioso foi nomeado bispo da diocese de Blumenau em 2000 pelo papa ultraconservador João Paulo 2º.
Antes disso, ele foi bispo auxiliar de dom Paulo Evaristo Arns em São Paulo e se envolveu com a Pastoral Operária nos anos 1970. Na época, se aproximou de Lula (PT), batizando os filhos do hoje presidente e celebrando o casamento dele com Janja em 2022, entre outros eventos religiosos da família.
"O aborto é um crime. Está certo. Mas espera um pouco! A mulher é frequentemente a maior vítima dessa situação. O que mais há na sociedade é machismo", diz ele. No caso de mulheres estupradas que engravidam e fazem aborto, diz, a situação se agrava. "A pessoa jamais poderia ser punida, porque é vítima."
Para dom Angélico, "chegou o momento de focarmos nesta problemática de maneira global, e não somente de criarmos leis para aumentar a punição".
Ele diz considerar "urgente que as escolas, as famílias, as igrejas e toda a sociedade proporcionem a educação sexual e afetiva do homem e da mulher, baseada na ciência, na boa informação".
"Não podemos prender mulheres antes de darmos a elas, e também aos homens, uma formação sexual e afetiva sólida", segue. "É lamentável como isso ainda não seja incluído na nossa formação."
"A educação sexual deveria ser prioridade na escola, na pastoral, na catequese, na família. Da infância à velhice", diz. "A mulher, por exemplo, é uma coisa aos 20, e outra quando amadurece, quando passa pela menopausa."
O aborto é um crime. Está certo. Mas espera um pouco! A mulher é frequentemente a maior vítima dessa situação. O que mais há na sociedade é machismo. Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC)
Dom Angélico usa o próprio exemplo: aos 91 anos, diz, "nunca recebi formação específica sobre sexualidade. Nem quando era menino, nem quando era adolescente, nem na andropausa e na velhice".
Ele diz que o projeto, do deputado evangélico Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), tem "um lado bom porque todos devemos ser contra o aborto".
"O aborto deve seguir proibido. É crime, porque mata uma criança", segue. O problema é encarcerar as mulheres de forma indiscriminada quando elas "muitas vezes são as vítimas".
"É preciso ver caso a caso. O que levou essa menina, essa mulher, a ter relação sexual? Qual é a vida afetiva e familiar dela? Que educação ela recebeu? Muitas são estupradas dentro de suas próprias casas", diz ele.
A educação sexual deveria ser prioridade na escola, na pastoral, na catequese, na família. Da infância à velhice. Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC)
"Nunca houve educação. Sempre foi aquela coisa de 'é proibido isso, é proibido aquilo'", diz. "A masturbação, por exemplo, era proibida, era um pecado. Hoje, o catecismo diz que cada caso deve ser examinado por considerar que muitas vezes a pessoa é levada a isso por questões psicológicas."
"A gente tem que evoluir, e não ficar somente apegado à punição das pessoas", finaliza o bispo. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
EVANGELHO DO DIA-11ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Terça-feira, 18 de junho-2024. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 43-48)
43Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo. 44Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem. 45Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. 46Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? 47Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos? 48Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.
3) Reflexão - Mt 5, 43-48
No evangelho de hoje alcançamos o topo da Montanha das Bem-aventuranças, onde Jesus proclamou a Lei do Reino de Deus, cujo ideal se resume nesta frase lapidar: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48). Jesus estava corrigindo a Lei de Deus! Cinco vezes em seguida ele já tinha afirmado: “Antigamente foi dito, mas eu digo!” (Mt 5,21.27,31.33.38). Era sinal de muita coragem da parte dele de corrigir, publicamente, diante de todo o povo reunido, o tesouro mais sagrado do povo, a raiz da sua identidade, que era a Lei de Deus. Jesus quer comunicar um novo olhar para entender e praticar a Lei de Deus. A chave para poder atingir este novo olhar é a afirmação: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito”. Nunca ninguém poderá chegar a dizer: “Hoje fui perfeito como o Pai do céu é perfeito!” Estaremos sempre abaixo da medida que Jesus colocou diante de nós. Por que será que ele colocou diante de nós um ideal impossível a ser atingido por nós mortais?
Mateus 5,43-45: Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo
Nesta frase Jesus explicita a mentalidade com que os escribas explicavam a lei; mentalidade que nascia das divisões entre judeu e não-Judeu, entre próximo e não-próximo, entre santo e pecador, entre puro o impuro, etc. Jesus manda subverter esta pretensa ordem nascida de divisões interesseiras. Ele manda ultrapassar as divisões. “Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês! Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no céu, porque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos” .E aqui atingimos a fonte, de onde brota a novidade do Reino. Esta fonte é o próprio Deus, reconhecido como Pai, que faz nascer o sol sobre maus e bons. Jesus manda que imitemos este Deus: "Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito" (5,48). E' imitando este Deus que criamos uma sociedade justa, radicalmente nova:
Mateus 5,46-48: Ser perfeito como o Pai celeste é perfeitoTudo se resume em imitar Deus: "Pois, se vocês amam somente aqueles que os amam, que recompensa vocês terão? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se vocês cumprimentam somente seus irmãos, o que é que vocês fazem de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu" (Mt 5,43-48). O amor é o princípio e o fim de tudo. Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão (Jo 15,13). Jesus imitou o Pai e revelou o seu amor. Cada gesto, cada palavra de Jesus, desde o nascimento até à hora de morrer na cruz, era uma expressão deste amor criador que não depende do presente que recebe, nem descrimina o outro por motivo de raça, sexo, sexo, religião ou classe social, mas que nasce de um bem querer totalmente gratuito. Foi um crescendo contínuo, desde o nascimento até à morte na Cruz.
A manifestação plena do amor criador em Jesus. Foi quando na Cruz ele ofereceu o perdão ao soldado que o torturava e matava. O soldado, empregado do império, prendeu o pulso de Jesus no braço da cruz, colocou um prego e começou a bater. Deu várias pancadas. O sangue espirrava. O corpo de Jesus se contorcia de dor. O soldado, mercenário ignorante, alheio ao que estava fazendo e ao que estava acontecendo ao redor, continuava batendo como se fosse um prego na parede da casa para pendurar um quadro. Neste momento Jesus dirige ao Pai esta prece: “Pai, perdoa! Eles não sabem o que estão fazendo!” (Lc 23,34). Por mais que os homens quisessem, a desumanidade não conseguiu apagar em Jesus a humanidade. Eles o prenderam, xingaram, cuspiram no rosto dele, deram soco na cara, fizeram dele um rei palhaço com coroa de espinhos na cabeça, flagelaram, torturaram, fizeram-no andar pelas ruas como um criminoso, teve de ouvir os insultos das autoridades religiosas, no calvário deixaram-no totalmente nu à vista de todos e de todas. Mas o veneno da desumanidade não conseguiu alcançar a fonte da humanidade que brotava de dentro de Jesus. A água que jorrava de dentro era mais forte que o veneno que vinha de fora, querendo de novo contaminar tudo. Olhando aquele soldado ignorante e bruto, Jesus teve dó do rapaz e rezou por ele e por todos: “Pai, perdoa!” E ainda arrumou uma desculpa: “São ignorantes. Não sabem o que estão fazendo!” Diante do Pai, Jesus se fez solidário daqueles que o torturavam e maltratavam. Era como o irmão que vem com seus irmãos assassinos diante do juiz e ele, vítima dos próprios irmãos, diz ao juiz: “São meus irmãos, sabe. São uns ignorantes. Perdoa. Eles vão melhorar!” Era como se Jesus estivesse com medo que o mínimo de raiva contra o rapaz pudesse apagar nele o restinho de humanidade que ainda sobrava. Este gesto incrível de humanidade e de fé na possibilidade de recuperação daquele soldado foi a maior revelação do amor de Deus. Jesus pôde morrer: “Está tudo consumado!” E inclinando a cabeça, entregou o espírito (Jo 19,30). Realizou a profecia do Servo Sofredor (Is 53).
4) Para um confronto pessoal
1) Qual a motivação mais profunda do esforço que você faz para observar a Lei de Deus: merecer a salvação ou agradecer a bondade imensa de Deus que te criou, te mantém em vida e te salva?
2) Como você entende a frase “ser perfeito como o Pai do céu é perfeito”?
5) Oração final
Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa bondade. E conforme a imensidade de vossa misericórdia, apagai a minha iniquidade. Lavai-me totalmente de minha falta, e purificai-me de meu pecado. (Sl 50, 3-4)
EVANGELHO DO DIA-11ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Segunda-feira, 17 de junho-2024. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 38-42)
Naquele tempo disse Jesus: 38Tendes ouvido o que foi dito: Olho por olho, dente por dente. 39Eu, porém, vos digo: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra. 40Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa. 41Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil. 42Dá a quem te pede e não te desvies daquele que te quer pedir emprestado. 43Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo.
3) Reflexão - Mt 5, 38-42
O evangelho de hoje faz parte de uma pequena unidade literária que vai desde Mt 5,17 até Mt 5,48, na qual se descreve como passar da antiga justiça dos fariseus (Mt 5,20) para a nova justiça do Reino de Deus (Mt 5,48). Descreve como subir a Montanha das Bem-aventuranças, de onde Jesus anunciou a nova Lei do Amor. O grande desejo dos fariseus era alcançar a justiça, ser justo diante de Deus. Este é também o desejo de todos nós. Justo é aquele ou aquela que consegue viver no lugar onde Deus o quer. Os fariseus se esforçavam para alcançar a justiça através da observância estrita da Lei. Pensavam que era pelo próprio esforço que poderiam chegar até o lugar onde Deus os queria, Jesus toma posição diante desta prática e anuncia a nova justiça que deve ultrapassar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). No evangelho de hoje estamos quase chegando no topo da montanha. Falta pouco. O topo é descrita com a frase: “Sede perfeito como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48), que meditaremos no evangelho de amanhã. Vejamos de perto este último degrau que nos falta para chegar ao topo da Montanha, da qual São João da Cruz diz: “Aqui reinam o silêncio e o amor”.
Mateus 5,38: Olho por olho, dente por dente
Jesus cita um texto da Lei antiga dizendo: "Vocês ouviram o que foi dito: Olho por olho e dente por dente!”. Ele abreviou o texto. O texto inteiro dizia: ”Vida por vida, olho por olho, dente por dente, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe” (Ex 21,23-25). Como nos casos anteriores, também aqui Jesus faz uma releitura inteiramente nova. O princípio “olho por olho, dente por dente” estava na raiz da interpretação que os escribas faziam da lei. Este princípio deve ser subvertido, pois ele perverte e estraga o relacionamento entre as pessoas e com Deus.
Mateus 5,39ª: Não retribuir o mal com o mal
Jesus afirma exatamente o contrário: “Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês”. Diante de uma violência recebida, nossa reação natural é pagar o outro com a mesma moeda. A vingança pede “olho por olho, dente por dente”. Jesus pede para retribuir o mal não com o mal, mas com o bem. Pois, se não soubermos superar a violência recebida, a espiral da violência tomará conta de tudo e já não haverá mais saída. Lameque dizia: “Por uma ferida recebida, eu matarei um homem, e por uma cicatriz matarei um jovem. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta e sete” (Gn 4,24). Foi por causa desta vingança extremada que tudo terminou na confusão da Torre de Babel (Gn 11,1-9). Fiel ao ensinamento de Jesus, Paulo escreve na carta aos Romanos: “Não paguem a ninguém o mal com o mal; a preocupação de vocês seja fazer o bem a todos os homens. Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem”. (Rm 12,17.21). Para poder ter esta atitude é necessário ter muita fé na possibilidade da recuperação do ser humano. Como fazer isto na prática. Jesus oferece 4 exemplos concretos.
Mateus 5,39b-42: Os quatro exemplos para superar a espiral da violência
Jesus diz: “Pelo contrário: (1) se alguém lhe dá um tapa na face direita, ofereça também a esquerda! (2) Se alguém faz um processo para tomar de você a túnica, deixe também o manto! (3) Se alguém obriga você a andar um quilômetro, caminhe dois quilômetros com ele. (4) Dê a quem lhe pedir, e não vire as costas a quem lhe pedir emprestado.” (Mt 5,40-42). Como entender estas quatro afirmações? Jesus mesmo nos ofereceu uma ajuda de como devemos entendê-las. Quando o soldado lhe deu uma bofetada numa face, ele não ofereceu a outra. Pelo contrário, ele reagiu energicamente: "Se falei mal, mostre o que há de mal. Mas se falei bem, por que você bate em mim?" (Jo 18,23) Jesus não ensina passividade. São Paulo acredita que, retribuindo o mal com o bem, “você fará o outro corar de vergonha” (Rm 12,20). Esta fé na possibilidade da recuperação do ser humano só é possível a partir de uma raiz que nasce da total gratuidade do amor criador que Deus mostrou para conosco na vida e nas atitudes de Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1) Você já sentiu alguma vez uma raiva tão grande de querer aplicar a vingança “olho por olho, dente por dente”? Como fez para supera-la?
2) Será que a convivência comunitária hoje na igreja favorece a ter em nós o amor criador que Jesus sugere no evangelho de hoje?
5) Oração final
Senhor, ouvi minhas palavras, escutai meus gemidos. Atendei à voz de minha prece, ó meu rei, ó meu Deus. É a vós que eu invoco, Senhor. (Sl 5, 2-4)
11º DOMINGO DO TEMPO COMUM: O CRESCIMENTO E A PARTICIPAÇÃO NO REINO DE DEUS!
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Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
Queridos irmãos e irmãs,
Hoje celebramos o 11º Domingo do Tempo Comum no Ano B, e as leituras que a liturgia nos apresenta são uma verdadeira fonte de reflexão sobre o crescimento do Reino de Deus e a nossa participação nele.
Na primeira leitura, Ezequiel 17,22-24, o profeta Ezequiel nos apresenta uma visão poderosa: “Assim diz o Senhor Deus: Também eu tirarei um broto do topo do cedro e o plantarei. Do mais alto dos seus ramos novos eu arrancarei um tenro broto e o plantarei no alto de um monte elevado” (Ezequiel 17,22). Esta imagem do raminho de cedro que se transforma em uma árvore frondosa é um símbolo da ação de Deus em meio ao seu povo. Ele é o jardineiro divino que toma aquilo que parece pequeno e insignificante e o transforma em algo grande e majestoso. Isso nos lembra que Deus pode fazer maravilhas a partir das nossas humildes contribuições e das nossas vidas, mesmo que inicialmente pareçam insignificantes.
O Salmo responsorial é o Salmo 91(92) complementa essa imagem de crescimento e prosperidade: “Os justos florescerão como a palmeira, crescerão como o cedro do Líbano; plantados na casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus” (Salmo 91(92), 13-14). O salmista celebra a fidelidade e a justiça de Deus, que faz com que os justos cresçam e floresçam. Isso nos convida a confiar no Senhor e a viver de acordo com a Sua vontade, sabendo que Ele nos fará prosperar espiritualmente.
Na segunda leitura, 2 Coríntios 5,6-10, São Paulo nos fala sobre a confiança que temos em Deus, mesmo quando estamos longe do Senhor em nosso corpo: “Andamos na fé e não na visão” (2 Coríntios 5,7). Ele nos lembra que todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, onde seremos julgados segundo o bem ou o mal que tivermos feito em nossa vida terrena. Isso nos incentiva a viver de maneira justa e piedosa, sabendo que nossa verdadeira morada está com o Senhor.
O Evangelho de hoje, Marcos 4, 26-34 traz duas parábolas de Jesus sobre o Reino de Deus. A primeira é a parábola da semente que cresce por si mesma: “O Reino de Deus é como um homem que lança semente na terra. Ele dorme e se levanta, noite e dia, e a semente germina e cresce, sem ele saber como” (Marcos 4,26-27). Isso nos ensina que o crescimento do Reino de Deus não depende de nós, mas da ação misteriosa e poderosa de Deus. Devemos fazer a nossa parte, mas é Deus quem dá o crescimento.
A segunda parábola é a do grão de mostarda: “É como um grão de mostarda que, quando semeado, é a menor de todas as sementes sobre a terra. Mas depois de semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças e deita ramos tão grandes que as aves do céu podem aninhar-se à sua sombra” (Marcos 4,31-32). Esta parábola nos mostra que o Reino de Deus pode ter começos pequenos e humildes, mas seu impacto final é grandioso e abrangente.
Queridos irmãos e irmãs, as leituras de hoje nos chamam a refletir sobre o papel de Deus em nossas vidas e no crescimento do Seu Reino. Somos convidados a confiar na ação divina, mesmo quando não vemos os resultados imediatos. Devemos semear a semente da fé, da esperança e do amor, e confiar que Deus fará com que ela cresça e frutifique.
Que possamos viver com a certeza de que, mesmo em meio às dificuldades e incertezas, Deus está trabalhando em nós e através de nós para fazer florescer o Seu Reino. Que nossa fé seja firme e nossa confiança em Deus seja inabalável, pois é Ele quem dá o crescimento e nos faz prosperar em Sua graça. Amém. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Quinta-feira, 13 de junho-EVANGELHO DO DIA-10ª SEMANA DO TEMPO COMUM. 2024. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por sua inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 20-26)
20Digo-vos, pois, se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos céus. 21Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás, mas quem matar será castigado pelo juízo do tribunal. 22Mas eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes. Aquele que disser a seu irmão: Raca, será castigado pelo Grande Conselho. Aquele que lhe disser: Louco, será condenado ao fogo da geena. 23Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta. 25Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. 26Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo.
3) Reflexão – Mt 5, 20-26
O texto do evangelho de hoje está dentro da unidade maior de Mt 5,20 até Mt 5,48. Nela Mateus mostra como Jesus interpretava e explicava a Lei de Deus. Por cinco vezes ele repetiu a frase: "Antigamente foi dito, eu, porém, lhes digo!" (Mt 5,21.27.33.38.43). Na opinião de alguns fariseus, Jesus estava acabando com a lei. Mas era exatamente o contrário. Ele dizia: “Não pensem que vim acabar com a Lei e os Profetas. Não vim acabar, mas sim dar-lhes pleno cumprimento (Mt 5,17). Frente à Lei de Moisés, Jesus tem uma atitude de ruptura e de continuidade. Ele rompe com as interpretações erradas que se fechavam na prisão da letra, mas reafirma categoricamente o objetivo último da lei: alcançar a justiça maior que é o Amor.
Nas comunidades para as quais Mateus escreve o seu Evangelho havia opiniões diferentes frente à Lei de Moisés. Para alguns, ela não tinha mais sentido. Para outros, ela devia ser observada até nos mínimos detalhes. Por isso, havia muitos conflitos e brigas. Uns chamavam os outros de imbecil e de idiota. Mateus tenta ajudar os dois grupos a entender melhor o verdadeiro sentido da Lei e traz alguns conselhos de Jesus para ajudar a enfrentar e superar os conflitos que surgem dentro da família e dentro da comunidade.
Mateus 5,20: A justiça de vocês deve ser maior que a justiça dos fariseus.
Este primeiro versículo dá a chave geral de tudo que segue no conjunto de Mt 5,20-48. O evangelista vai mostrar às comunidades como elas devem praticar a justiça maior que supera a justiça dos escribas e dos fariseus e que levará à observância plena da lei. Em seguida, depois desta chave geral sobre a justiça maior, Mateus traz cinco exemplos bem concretos de como praticar a Lei de tal maneira que a sua observância leve à prática perfeita do amor. No primeiro exemplo do evangelho de hoje, Jesus revela o que Deus queria quando entregou a Moisés o quinto mandamento “Não Matarás!”.
Mateus 5,21-22: Não Matar
“Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: Não mate! Quem matar será condenado pelo tribunal" (Ex 20,13) Para observar plenamente este quinto mandamento não basta evitar o assassinato. É preciso arrancar de dentro de si tudo aquilo que, de uma ou de outra maneira, possa levar ao assassinato, como por exemplo, raiva, ódio, xingamento, desejo de vingança, exploração, etc. “Todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal”. Ou seja, quem fica com raiva do irmão já merece o mesmo castigo de condenação pelo tribunal que, na antiga lei, era reservado para o assassino! E Jesus vai mais longe ainda. Ele quer arrancar a raiz do assassinato: Quem diz ao seu irmão: 'imbecil', se torna réu perante o Sinédrio; e quem chama o irmão de 'idiota', merece o fogo do inferno. Com outras palavras, eu só observei plenamente o mandamento Não Matar se consegui tirar de dentro do meu coração qualquer sentimento de raiva que leva a insultar o irmão. Ou seja, se cheguei à perfeição do amor.
Mateus 5,23-24: O culto perfeito que Deus quer
“Portanto, se você for até o altar para levar a sua oferta, e aí se lembrar de que o seu irmão tem alguma coisa contra você, deixe a oferta aí diante do altar, e vá primeiro fazer as pazes com seu irmão; depois, volte para apresentar a oferta”. Para poder ser aceito por Deus e estar unido a ele, é preciso estar reconciliado com o irmão, com a irmã. Antes da destruição do Templo do ano 70, quando os cristãos ainda participavam das romarias a Jerusalém para fazer suas ofertas no altar do Templo, eles sempre se lembravam desta frase de Jesus. Agora, nos anos 80, no momento em que Mateus escreve, o Templo e o Altar já não existiam. A própria comunidade passou ser o Templo e o Altar de Deus (1Cor 3,16).
Mateus 5,25-26: Reconciliar
Um dos pontos em que o Evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação, pois nas comunidades daquela época, havia muitas tensões entre grupos radicais com tendências diferentes, sem diálogo. Ninguém queria ceder diante do outro. Mateus ilumina esta situação com palavras de Jesus sobre a reconciliação que pedem acolhimento e compreensão. Pois o único pecado que Deus não consegue perdoar é a nossa falta de perdão aos outros (Mt 6,14). Por isso, procure a reconciliação, antes que seja tarde demais!
O ideal da justiça maior
Por cinco vezes, Jesus cita um mandamento ou um costume da lei antiga: Não matar (Mt 5,21), Não cometer adultério (Mt 5,27), Não jurar falso (Mt 5,33), Olho por olho, dente por dente (Mt 5,38), Amar o próximo e odiar o inimigo (Mt 5,43). E por cinco vezes, ele critica a maneira antiga de observar estes mandamentos e aponta um caminho novo para atingir a justiça, o objetivo da lei (Mt 5,22-26; 5, 28-32; 5,34-37; 5,39-42; 5,44-48). A palavra Justiça aparece sete vezes no Evangelho de Mateus (Mt 3,15; 5,6.10.20; 6,1.33; 21,32). O ideal religioso dos judeus da época era "ser justo diante de Deus". Os fariseus ensinavam: "A pessoa alcança a justiça diante de Deus quando chega a observar todas as normas da lei em todos os seus detalhes!" Este ensinamento gerava uma opressão legalista e trazia muitas angústias para as pessoas de boa vontade, pois era muito difícil alguém observar todas as normas (Rom 7,21-24). Por isso, Mateus recolhe palavras de Jesus sobre a justiça mostrando que ela deve ultrapassar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). Para Jesus, a justiça não vem daquilo que eu faço para Deus observando a lei, mas sim vem do que Deus faz por mim, me acolhendo com amor como filho ou filha. O novo ideal que Jesus propõe é este: "Ser perfeito com o Pai do céu é perfeito!" (Mt 5,48). Isto quer dizer: eu serei justo diante de Deus, quando procuro acolher e perdoar as pessoas da mesma maneira como Deus me acolhe e me perdoa gratuitamente, apesar dos meus muitos defeitos e pecados.
4) Para um confronto pessoal
1) Quais os conflitos mais freqüentes na nossa família? E na nossa comunidade? É fácil a reconciliação na família e na comunidade? Sim ou não? Por que?
2) De que maneira os conselhos de Jesus podem ajudar a melhorar o relacionamento dentro da nossa família e da comunidade?
5) Oração final
Visitastes a terra e a regastes, cumulando-a de fertilidade. De água encheu-se a divina fonte e fizestes germinar o trigo. (Sl 64, 10)
Por que Santo Antônio tem fama de casamenteiro? Conheça o frade português que morreu na Itália
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Por que Santo Antônio tem fama de casamenteiro? Conheça o frade português que morreu na Itália
Dia do santo é comemorado nesta quinta-feira, 13; tradições vão desde colocá-lo de cabeça para baixo até tirar o menino Jesus de seu colo. Pão também é famoso
Imagem de Santo Antônio, que foi canonizado 11 meses após sua morte no século 13 Foto: Nilton Fukuda/Estadão
Por Fabio Grellet
Nesta quinta-feira, 13 de junho, os católicos comemoram o Dia de Santo Antônio, conhecido como o santo casamenteiro. Mas de onde vem essa fama?
Nascido em Lisboa em 1195, Fernando de Bulhões e Taveira de Azevedo ingressou na Ordem dos Agostinianos quando tinha 15 anos, segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Aos 25 anos, já morando em Coimbra, foi ordenado sacerdote. Quando o mosteiro em que ele morava recebeu os corpos de três frades menores que haviam sido martirizados em Marrocos, Fernando decidiu ingressar na Ordem dos Frades Menores e pediu para adotar o nome de Antônio. Queria ir para o Marrocos também, mas acabou sendo levado para a Itália.
Ali viveu de maneira simples entre os frades e ficou famoso pelas suas pregações.
Antônio morreu em Pádua, em 13 de junho de 1231, aos 36 anos de idade. Foi sepultado numa basílica que logo se tornou lugar de peregrinação. Apenas 11 meses após sua morte, ele foi declarado santo pelo papa Gregório IX. Documentos registram 53 milagres atribuídos a ele, mas nenhum estava relacionado a casamentos.
A fama de casamenteiro, então, vem de onde?
Existe mais de uma história de casamento relacionada a Santo Antônio, mas segundo a CNBB a fama decorre após o religioso ter atendido ao pedido de uma moça que só conseguiria se casar se tivesse um dote (dinheiro ou posses que a família da noiva oferecia ao noivo, para convencê-lo a se casar).
Ela não tinha dinheiro, mas, após rezar diante de uma imagem de Santo Antônio, recebeu um bilhete com instruções. Deveria entregar o papel a um determinado comerciante, e o bilhete dizia que o comerciante deveria dar à moça moedas de prata correspondentes ao peso do papel. Pensando que o papel pesaria muito pouco, o comerciante aceitou.
Em uma balança de dois lados, ele colocou o papel de um lado e começou a preencher o outro com moedas de prata, até que a balança chegasse ao equilíbrio. Foram necessários 400 escudos, e o comerciante então se lembrou de uma promessa que havia feito a Santo Antônio e que não havia cumprido: dar 400 escudos de prata a um desconhecido. A jovem recebeu a quantia e pôde se casar.
A fama de casamenteiro rendeu muitas crenças populares, que envolvem virar o santo de cabeça pra baixo, tirar o menino Jesus de seus braços ou encontrar uma medalha ou imagem no bolo.
Existe ainda outra tradição ligada a este santo: o famoso pão de Santo António, símbolo de proteção e bênção, que se guarda de um ano para o outro para que não falte o pão na família daquela pessoa. Fonte: https://www.estadao.com.br
Festa de São Barnabé - 11 de junho. Frei Carlos Mesters, O. Carm.
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1) Oração
Ó Deus, que designastes são Barnabé, cheio de fé e do Espírito Santo, para converter as nações, fazei que a vossa Igreja anuncie por palavras e atos o Evangelho de Cristo que ele proclamou intrepidamente. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 10, 7-13)
7Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo. 8Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai! 9Não leveis nem ouro, nem prata, nem dinheiro em vossos cintos, 10nem mochila para a viagem, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão; pois o operário merece o seu sustento. 11Nas cidades ou aldeias onde entrardes, informai-vos se há alguém ali digno de vos receber; ficai ali até a vossa partida. 12Entrando numa casa, saudai-a: Paz a esta casa. 13Se aquela casa for digna, descerá sobre ela vossa paz; se, porém, não o for, vosso voto de paz retornará a vós.
3) Reflexão - Mt 10, 7-13
Hoje é festa de S. Barnabé. O evangelho fala das instruções de Jesus aos discípulos sobre como anunciar a Boa Nova do Reino às “ovelhas perdidas de Israel” (Mt 10,6). Eles devem: 1. curar os enfermos, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos, expulsar os demônios (v.8); 2. anunciar de graça aquilo que de graça receberam (v.8); 3. não levar ouro, nem sandálias, nem bastão, nem sacola, nem sapatos, nem duas túnicas (v.9); 4. procurar uma casa onde possam ficar hospedados até terminar a missão (v.11); 5. ser portadores de paz (v.13).
No tempo de Jesus havia vários movimentos que, como Jesus, buscavam uma nova maneira de viver e conviver, por exemplo, João Batista, os fariseus, essênios e outros. Muitos deles também formavam comunidades de discípulos (Jo 1,35; Lc 11,1; At 19,3) e tinham seus missionários (Mt 23,15). Mas havia uma grande diferença! Os fariseus, por exemplo, quando iam em missão, iam prevenidos. Achavam que não podiam confiar na comida do povo que nem sempre era ritualmente “pura”. Por isso, levavam sacola e dinheiro para poder cuidar da sua própria comida. Assim, as observâncias da Lei da pureza, em vez de ajudar a superar as divisões, enfraqueciam ainda mais a vivência dos valores comunitários. A proposta de Jesus é diferente. O método dele transparece nos conselhos que ele dá aos apóstolos quando os envia em missão. Por meio das instruções, ele procura renovar e reorganizar as comunidades da Galiléia para que sejam novamente uma expressão da Aliança, uma amostra do Reino de Deus. Vejamos:
Mateus 10,7: O anúncio da proximidade do Reino.Jesus envia os discípulos para anunciar a Boa Nova. Eles devem dizer: “O Reino dos céus está próximo!” Em que consiste esta proximidade? Não significa a proximidade no tempo no sentido de que basta aguardar mais um pouco de tempo e em breve o Reino vai aparecer. “O Reino está próximo” significa que ele já está ao alcance do povo, já “está no meio de vocês” (Lc 17,21). É preciso adquirir um novo olhar para poder perceber a sua presença ou proximidade. A vinda do Reino não é fruto da nossa observância, como queriam os fariseus, mas ele se faz presente, gratuitamente, nas ações que Jesus recomenda aos apóstolos: curar os enfermos, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos, expulsar os demônios.
Mateus 10,8: Curar, ressuscitar, purificar, expulsar
Doentes, mortos, leprosos, possessos eram os excluídos da convivência, e eles eram excluídos em nome de Deus. Não podiam participar da vida comunitária. Jesus manda que estas pessoas excluídas sejam acolhidas, incluídas. É nestes gestos de acolhida e de inclusão dos excluídos que o Reino de Deus se faz presente. Pois nestes gestos de gratuidade humana transparece o amor gratuito de Deus que reconstrói a convivência humano e refaz os relacionamentos inter-pessoais.
Mateus 10,9-10: Não levar nada
Ao contrário dos outros missionários, os apóstolos não podem levar nada: “Não levem nos cintos moedas de ouro, de prata ou de cobre; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão, porque o operário tem direito ao seu alimento”. A única coisa que podem e devem levar é a Paz (Mt 10,13). Isto significa que devem confiar na hospitalidade e na partilha do povo. Pois o discípulo que vai sem nada levando apenas a paz, mostra que confia no povo. Acredita que vai ser recebido, e o povo se sente provocado, valorizado, respeitado e confirmado. O operário tem direito ao seu alimento. Por meio desta prática o discípulo critica as leis de exclusão e resgata os antigos valores da partilha e da convivência comunitária.
Mateus 10,11-13: Conviver e integrar-se na comunidade
Chegando num lugar os discípulos devem escolher uma casa de paz e lá devem permanecer até o fim. Não devem passar de casa em casa, mas conviver de maneira estável. Devem fazer-se membros da comunidade e trabalhar pela paz, isto é, pela reconstrução dos relacionamentos humanos que favorece a Paz. Por meio desta prática, eles resgatam uma antiga tradição do povo, criticam a cultura de acumulação que marcava a política do Império Romano e anunciam um novo modelo de convivência.
Resumindo: as ações recomendadas por Jesus para o anúncio do Reino são estas: acolher os excluídos, confiar na hospitalidade, provocar a partilha, conviver de modo estável e de maneira pacífica. Se isto acontecer, então podem e devem gritar aos quatro ventos: O Reino chegou! Anunciar o Reino não é em primeiro lugar ensinar verdades e doutrinas, catecismo ou direito canônico, mas é levar as pessoas a uma nova maneira de viver e de conviver, a um novo jeito de agir e de pensar a partir da Boa Notícia, trazida por Jesus, de que Deus é Pai/Mãe e de que, portanto, todos somos irmãos e irmãs.
4) Para um confronto pessoal
1) Por que todas estas atitudes recomendadas por Jesus são sinal da chegada do Reino de Deus?
2) Como realizar hoje aquilo que Jesus pede: “não levar bolsa”, “não passar de casa em casa”?
5) Oração final
Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele operou maravilhas. Sua mão e seu santo braço lhe deram a vitória.. (Sl 97, 1)
10º Domingo do Tempo Comum: Um Olhar
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ONDE ESTÁS, ADÃO?
Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)
Os textos da Escritura da liturgia dominical (Gênesis 3,9-15, Salmo 129, 2 Coríntios 4,13-18-5,1 e Marcos 3,20-35) são muitos provocativos e inquietantes. Jesus provoca fortes reações nos ouvintes por causa da sua presença, metodologia, ensinamentos, gestos e atitudes. O Evangelista registra que “se reuniu tanta gente que eles (Jesus e os apóstolos) nem sequer podiam comer”. Os parentes de “Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que está fora de si”. Os mestres da Lei, “diziam que estava possuído por Belzebu, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava demônios”. Portanto, é neste ambiente tenso que Jesus opta por ensinar com parábolas e não em forma de debates, argumentos racionais. A liturgia propõe o livro do Gênesis para compor o conjunto de textos bíblicos que narra o encontro de Deus com Adão e Eva no qual acontece um diálogo constrangedor e revelador.
“Onde estás?” Pergunta o Senhor Deus “depois que o homem comeu da fruta da árvore”. Deus toma a iniciativa do encontro, de maneira discreta, fazendo sentir a sua presença no jardim. Não foi invocado, não foi buscado, mas foi lá aonde o homem estava. Deus faz ouvir a sua voz que chama, isto é, convoca a um confronto com a verdade. A palavra do Senhor toma forma interrogativa: “Onde estás?”; “E quem te fez saber?” “Acaso comestes?” “Por que fizestes isso?”. A narrativa do Gênesis revela que o Senhor pretende que os transgressores confessem seu comportamento errado, de modo a torná-los conscientes e assumam o mal feito. Uma sincera confissão abre caminho de saída e para obter gestos de misericórdia.
A pergunta “Adão, onde estás?” direciona-se a cada indivíduo, a cada grupo, à Igreja, e a toda sociedade. Martin Buber, filósofo do diálogo e escritor (1878 -1965), comentando esta passagem bíblica, escreve: “Adão se esconde para não prestar contas, para fugir da responsabilidade da própria vida. Assim se esconde cada homem […] Assim escondendo-se e persistindo sempre no escondimento […] o homem se esquiva sempre, e sempre mais profundamente, na falsidade. Se cria de tal modo uma nova situação que, dia após dia e de escondimento em escondimento, se torna sempre mais problemática […] E é próprio nesta situação que Deus surpreende perguntando: quer inquietar o homem, destruir o seu artifício de escondimento, fazê-lo ver onde o conduziu a estrada equivocada […] A partir deste ponto, tudo depende do fato que o homem se coloque ou não a pergunta” (O Caminho do homem).
“Onde estás?” é uma pergunta que não se pode e nem se deve fugir. Cada homem está na situação de Adão: sempre tentando fugir de si e das próprias responsabilidades, da própria estrutura de fragilidade. Adão passou a culpa para Eva e Eva para a serpente. O texto do Gênesis da criação diz que Deus “modelou, com o pó do solo, o homem e soprou-lhe nas narinas o sopro da vida; e o homem tornou-se um ser vivo”. (Gn 2,7). A palavra adão remonta a argila e a pó. Isto significa que o horizonte humano é constituído pela fragilidade e pelos limites. Reconciliar-se com esta verdade essencial é o princípio da sabedoria, porque a presunção ofusca e impede de recomeçar sempre do começo, com confiança e sinceridade.
“Onde estás?” A pergunta provoca toda a humanidade. Não se faz necessário muito esforço para ver os grandes problemas da humanidade que são frutos das escolhas erradas: seja no campo econômico, social, ambiental, guerras, etc.. A tática de Adão de se esconder e repassar a responsabilidade para os outros, por vezes, é o método mais usado.
A interrogação de Deus tem mais um objetivo: colocar Adão na estrada de retorno. A pergunta quer conduzir o ser humano a retornar a si mesmo, a reconciliar-se com mundo que o rodeia, a encontrar-se com Deus. A pergunta não é de condenação, mas de salvação. Fonte: https://www.cnbb.org.br
A TERNURA AQUECE O CORAÇÃO DE AMOR
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Dom Severino Clasen
Arcebispo de Maringá (PR)
Em tempos de sinodalidade, os cristãos são conduzidos pelo caminho do diálogo que requer escuta e respeito mútuo. Voltar o olhar para os semelhantes desperta sensibilidade ao coração bom. Ninguém pode se julgar superior, ou, autossuficiente que não necessite de outras pessoas. Tudo está em relação. Vivemos em rede. É preciso se entender, respeitar, saber ler o que se passa na vida das pessoas.
A Sagrada Escritura nos aponta para um coração bom à semelhança do Bom Pastor que doa sua vida pelas ovelhas (Jo 10,11-21). Dá preferência a machucada, desviada, desvirtuada, esquecida.
Na montanha da transfiguração, Jesus revela o agrado de Deus Pai pelo seu filho amado. Os discípulos, tomados de sensação de profundo amor, não se importavam mais com o mundo onde vivem. Há uma tentação de permanecer em estado agradabilíssimo, mas a voz do Pai que confirma a primazia do agrado às criaturas, revela que é preciso escutar o Filho (Cf. Mt 17,1-8). É preciso descer a montanha sagrada e consagrar o mundo pela via da bondade, do coração generoso que aquece toda a relação humana, transformando-a em fraternidade e amizade social.
A abertura para o novo que é pura inspiração evangélica, nos move para ações concretas de solidariedade, otimizando os serviços pastorais que devem gerar uma nova postura de vida junto aos semelhantes, seja na família, na Igreja, na sociedade. Em todo o lugar, somos conduzidos para sensibilizar as pessoas na busca do sentido da fé, que aquece o coração com muito amor. Quando perdemos a sensibilidade humana, não nos importamos mais com as pessoas. Depredamos o ambiente onde vivemos e destruímos a natureza ecológica, a natureza humana, enfim, toda a humanidade.
Voltemos a Jesus com o coração cheio de afeto e que neste mês do Sagrado Coração de Jesus, nos esforcemos para que sejamos mais humanos, serviçais e amorosos.
Que a Mãe de Jesus nos encha de alegria ao seguirmos o seu Filho amado. Com a luz do Espírito Santo, sigamos o caminho dos mandamentos.
Que os nossos passos tenham a velocidade da capacidade pessoal, sem desanimar, mas enfrentar com coragem os desígnios de Deus que revela Seu amor por nós. Ele nos deu Seu Filho para ser o Caminho que nos conduz à vida eterna.
O Reino proposto para nós é de amor, de ternura, de intensa felicidade. Deus Uno e Trino nos abençoe. Que nosso coração seja semelhante ao Sagrado Coração de Jesus. Fonte: https://www.cnbb.org.br
A SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
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Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
A Solenidade do Sagrado Coração de Jesus é uma das celebrações mais ricas e significativas do calendário litúrgico da Igreja Católica. Realizada na sexta-feira seguinte ao segundo domingo após o Pentecostes, neste ano está previsto para acontecer em 7 de junho. É a representação do amor incomensurável de Jesus Cristo por toda a humanidade, símbolo poderoso e eterno do amor divino, do sacrifício redentor e da misericórdia infinita de Deus.
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus tem raízes antigas, mas ganhou proeminência especial no século XVII com as revelações privadas de Santa Margarida Maria Alacoque, então uma freira visitandina francesa. Entre 1673 e 1675, Jesus apareceu a Santa Margarida Maria, revelando-lhe Seu Sagrado Coração e pedindo que se criasse uma festa especial para honrar Seu coração cheio de amor e compaixão pela humanidade.
Em 1856, o Papa Pio IX estabeleceu oficialmente a festa do Sagrado Coração de Jesus para toda a Igreja. Desde então, a devoção ao Sagrado Coração tem se espalhado amplamente, inspirando orações, novenas, e obras de caridade.
O Sagrado Coração de Jesus representa o amor total e sacrificial de Cristo. É um convite para meditarmos sobre o Seu sofrimento e sacrifício na cruz, bem como Seu amor constante e misericordioso por nós. A imagem do Sagrado Coração é geralmente retratada com um coração cercado de chamas, uma coroa de espinhos, uma cruz e uma ferida aberta, simbolizando o amor ardente, o sofrimento, o sacrifício e a misericórdia de Jesus.
Esta devoção nos lembra que o amor de Deus é tangível e acessível. Jesus, em Sua humanidade e divindade, abre Seu coração para nós, oferecendo consolo, perdão e uma profunda união com Ele. Ele nos chama a responder a esse amor com uma devoção sincera e um compromisso de amor e serviço aos outros.
Durante a solenidade, a liturgia enfatiza passagens bíblicas que destacam o amor de Deus. O Evangelho de João 19, 31-37, que descreve o soldado perfurando o lado de Jesus, é particularmente significativo, pois a água e o sangue que jorram do lado de Cristo são vistos como símbolos dos sacramentos da Eucaristia e do Batismo.
Além das celebrações litúrgicas, muitas práticas devocionais estão associadas ao Sagrado Coração de Jesus, incluindo a entronização do Sagrado Coração nos lares, a recitação das Ladainhas do Sagrado Coração, e a prática das Nove Primeiras Sextas-Feiras, que promete graças especiais a quem comungar na primeira sexta-feira de cada mês por nove meses consecutivos.
No mundo atual, marcado por conflitos, divisões e uma crescente desconexão espiritual, a mensagem do Sagrado Coração de Jesus é mais relevante do que nunca. O Sagrado Coração nos chama a um amor mais profundo e autêntico, tanto por Deus quanto pelo próximo. É um apelo à compaixão, ao perdão e ao compromisso com a justiça e a paz.
A devoção ao Sagrado Coração também nos lembra da importância da reparação pelos pecados do mundo. Somos convidados a oferecer nossos próprios sacrifícios e orações como um ato de amor e reparação, unindo-nos ao sofrimento redentor de Cristo.
A Solenidade do Sagrado Coração de Jesus é uma poderosa celebração do amor divino. É uma oportunidade para renovarmos nossa devoção a Cristo, meditarmos sobre Seu amor sacrificial e comprometermo-nos a viver esse amor em nossas vidas diárias. Que ao celebrarmos esta solenidade, possamos abrir nossos corações ao amor transformador de Jesus e sermos instrumentos de Sua misericórdia no mundo. Amém. Fonte: https://www.cnbb.org.br
A Bíblia tem até pileque nudista e massacre de ursas; vale a leitura fundamentalista?
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E Jesus condenou uma figueira por não ter frutos fora da época de frutos
Poucas leituras são tão animadas quanto a da Bíblia, e eu posso provar.
Repórter especial, escreve sobre religião, política, eleições e direitos humanos. Autora dos livros "O Púlpito" e "Talvez Ela não Precise de Mim"
Não precisa ser nenhum devoto do cristianismo para se fascinar com passagens como a de Gênesis que narra como Noé tomou um porre de vinho e ficou peladão na tenda. Seu caçula, Cam, flagrou o pileque nudista e contou aos irmãos. E aí Noé foi lá e amaldiçoou um neto que não tinha nada a ver com isso, Canaã, filho do X9.
O Antigo Testamento é farto em histórias que soam insólitas a quem teve pouco ou nenhum contato com a Bíblia. Gosto desta: o profeta Eliseu, enfurecido por ser chamado de careca, solta uma maldição em nome de Deus contra uns rapazes. "Então duas ursas saíram do bosque e despedaçaram 42 daqueles meninos", diz o Livro dos Reis.
Já Jesus condenou à danação uma figueira. Estava com fome e viu a árvore sem nenhum figo para contar história. O messias então a amaldiçoa para que nunca mais dê fruto. Tudo acontece pouco antes de o filho de Deus subir nas tamancas contra os vendilhões do templo. Detalhe: não era temporada de figos.
Tem aquela outra em que Jacó veste pele de cabrito para se passar por Esaú, o irmão peludão, diante do pai cego. O Tony Ramos da dupla perde o direito de primogenitura após Jacó enganar o velho —ele veio à luz depois do gêmeo, a quem segurou pelos calcanhares ao sair do ventre. As nações que descendem dos irmãos ficam assim fadadas ao conflito.
Há personagens menos mainstream que rendem cenas memoráveis, como a jumenta que apanha três vezes de Balaão. Deus faz o animal falar só para passar um pito no profeta: a pobre coitada só estava tentando protegê-lo de um anjo com uma espada que tentava impedir o homem de seguir caminho.
Também estão nas Escrituras histórias de casais incestuosos, como os irmãos Abraão e Sara, ou Ló transando com duas filhas (não ao mesmo tempo), após ser embebedado por elas.
Para não dizer que de tédio ninguém morre ali, o Livro de Atos de Apóstolos relata a triste sina do jovem que, apoiado na janela, desaba do terceiro andar ao cair no sono ouvindo "o extenso discurso de Paulo".
A Bíblia fala até sobre cocô. Em Deuteronômio, Moisés orienta seu povo a evacuar longe do acampamento e levar uma pá para enterrar as fezes.
A exegese bíblica pode extrair de cada versículo alegorias e lições.
O que me intriga é o leitor fundamentalista. Ou seja, quem toma ao pé da letra tudo o que vem dali, o que muitas vezes acaba sendo usado para justificar o injustificável, como a intolerância com os LGBTQIA+.
Levítico sugere que morra o homem que deitar com outro, ato dito abominável. O mesmo livro fala sobre não tocar mulheres menstruadas, misturar tecidos diferentes na mesma roupa nem comer animais marinhos que não têm barbatanas ou escamas —adeus, camarão.
Se no princípio é o verbo, a interpretação de texto pode ser o fim da picada. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Terça-feira, 4 de junho-2024. 9ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, cuja providência jamais falha, nós vos suplicamos humildemente: afastai de nós o que é nocivo, e concedei-nos tudo o que for útil. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 12,13-17)
13Enviaram-lhe alguns fariseus e herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra. 14Aproximaram-se dele e disseram-lhe: Mestre, sabemos que és sincero e que não lisonjeias a ninguém; porque não olhas para as aparências dos homens, mas ensinas o caminho de Deus segundo a verdade. É permitido que se pague o imposto a César ou não? Devemos ou não pagá-lo? 15Conhecendo-lhes a hipocrisia, respondeu-lhes Jesus: Por que me quereis armar um laço? Mostrai-me um denário. 16Apresentaram-lho. E ele perguntou-lhes: De quem é esta imagem e a inscrição? De César, responderam-lhe. 17Jesus então lhes replicou. Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. E admiravam-se dele.
3) Reflexão - Mc 12,13-17
No evangelho de hoje continua o confronto entre Jesus e as autoridades. Os sacerdotes, anciãos e escribas tinham sido criticados e denunciados por Jesus na parábola da vinha (Mc 12,1-12). Agora, os mesmos pedem aos fariseus e herodianos para armar uma cilada contra Jesus, a fim de poder apanhá-lo e condená-lo. Estes perguntam a Jesus sobre o imposto a ser pago aos romanos. Era um assunto polêmico que dividia a opinião pública. Os adversários de Jesus querem a todo custo acusá-lo e, assim, diminuir a sua influência junto do povo. Grupos, que antes eram inimigos entre si, agora se unem para combater Jesus que pisava no calo de todos eles. Isto acontece também hoje. Muitas vezes, pessoas ou grupos, inimigos entre si, se unem para defender seus privilégios contra aqueles que os incomodam com o anúncio da verdade e da justiça.
Marcos 12,13-14. A pergunta dos fariseus e herodianos.
Fariseus e herodianos eram as lideranças locais nos povoados da Galiléia. Bem antes, eles já tinham decidido matar Jesus (Mc 3,6). Agora, a mando dos Sacerdotes e Anciãos, eles querem saber de Jesus se ele é a favor ou contra o pagamento do imposto aos romanos, a César. Pergunta esperta, cheia de malícia! Sob a aparência de fidelidade à lei de Deus, buscam motivos para poder acusá-lo. Se Jesus dissesse: “Deve pagar!”, poderiam acusá-lo junto ao povo como amigo dos romanos. Se ele dissesse: “Não deve pagar!”, poderiam acusá-lo junto às autoridades romanas como subversivo. Parecia uma sinuca sem saída!
Marcos 12, 15-17: A resposta de Jesus.
Jesus percebe a hipocrisia. Na sua resposta, ele não perde tempo em discussões inúteis, e vai direto ao centro da questão. Em vez de responder e de discutir o assunto do tributo a César, ele pede que lhe mostrem a moeda, e pergunta: "De quem é esta imagem e inscrição?" Eles respondem: "De César!" Resposta de Jesus: "Então, dêem a César o que é de César, mas a Deus o que é de Deus!”. Na prática, eles já reconheciam a autoridade de César. Já estavam dando a César o que era de César, pois usavam as moedas dele para comprar e vender e até para pagar o imposto ao Templo! O que interessa a Jesus é que “dêem a Deus o que é de Deus!”, isto é, que devolvam a Deus o povo, por eles desviado, pois com os seus ensinamentos bloqueavam a entrada do Reino para o povo (Mt 23,13). Outros explicam esta frase de Jesus de outra maneira: “Dêem a Deus o que é de Deus!”, isto é, pratiquem a justiça e a honestidade conforme o exige a Lei de Deus, pois pela hipocrisia vocês estão negando a Deus o que lhe é devido. Os discípulos e as discípulas devem tomar consciência! Pois era o fermento destes fariseus e herodianos que estava cegando os olhos deles! (Mc 8,15).
Impostos, tributos, taxas e dízimos
No tempo de Jesus, o povo da Palestina pagava muitos impostos, taxas, tributos e dízimos, tanto aos romanos como ao Templo. O império romano invadiu a Palestina no ano 63 aC e passou a exigir muitos impostos e tributos. Pelos cálculos feitos, metade ou mais do orçamento familiar era para os impostos, tributos, taxas e dízimos. Os impostos exigidos pelos romanos eram de dois tipos: direto e indireto:
- O imposto Direto era sobre as propriedades e sobre as pessoas. Imposto sobre as propriedades (tributum soli): os fiscais do governo verificavam o tamanho da propriedade, da produção e do número de escravos e fixavam a quantia a ser paga. Periodicamente, havia nova fiscalização através dos censos. Imposto sobre as pessoas (tributum capitis): era para as classes pobres sem terra. Incluía tanto homens como mulheres entre 12 e 65 anos. Era sobre a força do trabalho: 20% da renda de cada pessoa era para o imposto.
- O imposto Indireto era sobre transações variadas. Coroa de ouro: Originalmente, era um presente ao imperador, mas tornou-se um imposto obrigatório. Era cobrado em ocasiões especiais como festas e visitas do imperador. Imposto sobre o sal: o sal era o monopólio do imperador. Só era tributado o sal para uso comercial. Por exemplo, o sal usado pelos pescadores para comercializar o peixe. Daqui vem a nossa palavra “salário”. Imposto na compra e venda: Em cada transação comercial pagava-se 1%. A cobrança era feita pelos fiscais na feira. Na compra de um escravo exigiam-se 4%. Em cada contrato comercial registrado, exigiam-se 2%. Imposto para exercer a profissão: Para tudo se precisava de licença. Por exemplo, um sapateiro na cidade de Palmira pagava um denário por mês. Um denário era o equivalente ao salário de um dia. Até as prostitutas tinham que pagar. Imposto sobre o uso de coisas de utilidade pública: O imperador Vespasiano introduziu o imposto para se poder usar as privadas públicas em Roma. Ele dizia “Dinheiro não fede!”
- Outras Taxas e obrigações: Pedágio ou alfândega; Trabalho forçado; Despesa especial para o exército (dar hospedagem aos soldados; fornecer pagar comida para o sustento das tropas); Imposto para o Templo e o Culto.
4) Para um confronto pessoal
- Você conhece algum caso de grupos ou de pessoas que eram inimigos entre si, mas que se juntaram para perseguir a pessoa honesta que os incomodava e denunciava? Isto já aconteceu alguma vez com você?
- Qual é hoje o sentido da frase: “Dai a César o que é do César, e a Deus o que é de Deus”?
5) Oração final
Cumulai-vos desde a manhã com as vossas misericórdias, para exultarmos alegres em toda a nossa vida. Manifestai vossa obra aos vossos servidores, e a vossa glória aos seus filhos (Sl 89, 14.16)
Qual a origem de Corpus Christi?
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Pensar em junho é lembrar-se dos bonitos tapetes e enfeites que decoram as ruas e casas numa quinta-feira para celebrar Corpus Christi . Porém, para acompanhar as celebrações de Corpus Christi, precisamos entender um pouco mais sobre esse momento tão rico e cheio de significado.
O que é Corpus Christi? Como surgiram esses dados? O que se comemora? Padre Camilo Júnior conta, em 10 tópicos, a história de origem da solenidade.
1- Corpus Christi : Solenidade em que a Igreja professa a fé no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. É o único dia em que o Santíssimo sai em procissão pelas ruas ;
2- Na celebração de Corpus Christi , os agradecimentos pelo dom da Eucaristia , sustento para continuar a missão de Jesus de construir o Reino do Pai;
3- A festa de Corpus Christi surgiu no século XIII, na Bélgica, motivada pelas visões da religiosa Irmã Juliana;
4- Na Abadia de Cornillon, onde Irmã Juliana vivia, além da solenidade, obteve alguns trajes eucarísticos, como a exposição e vitória do Santíssimo e o uso dos sinos durante a elevação na missa;
5- Após o milagre eucarístico em Bolsena, na Itália, Papa Urbano IV tentou que as relíquias fossem levadas a Orvieto, cidade próxima em que ele residia;
6- Esse trajeto foi feito em procissão. Na entrada de Orvieto, o Papa Urbano IV pronunciou diante das relíquias eucarísticas as palavras “Corpus Christi” ;
7- Em 1264, o Papa Urbano IV decretou que a quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade fosse celebrada em honra ao Corpo e Sangue do Senhor ;
8- O Ofício da celebração foi produzido por São Tomás de Aquino;
9- Porém, foi em 1317 que o Papa João XXII estendeu a solenidade para toda a Igreja;
10- O traje de enfeitar as casas e ruas manifesta o amor do povo para com o mistério da Eucaristia e a alegria em saber que Jesus caminha no meio de nós. Fonte: https://www.a12.com
Quarta-feira, 29 de maio-2024. 8ª Semana do Tempo Comum-Ano Litúrgico-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais, e a vossa Igreja vos possa servir, alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 10, 32-45)
32Estavam a caminho de Jerusalém e Jesus ia adiante deles. Estavam perturbados e o seguiam com medo. E tomando novamente a si os Doze, começou a predizer-lhes as coisas que lhe haviam de acontecer: 33"Eis que subimos a Jerusalém e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas; condená-lo-ão à morte e entregá-lo-ão aos gentios. 34Escarnecerão dele, cuspirão nele, açoitá-lo-ão, e hão de matá-lo; mas ao terceiro dia ele ressurgirá. 35Aproximaram-se de; Jesus Tiago e João, filhos de Zebedeu, e disseram-lhe: "Mestre, queremos que nos concedas tudo o que te pedirmos." 36"Que quereis que vos faça?" 37"Concede-nos que nos sentemos na tua glória, um à tua direita e outro à tua esquerda." 38"Não sabeis o que pedis, retorquiu Jesus. Podeis vós beber o cálice que eu vou beber, ou ser batizados no batismo em que eu vou ser batizado?" 39"Podemos", asseguraram eles. Jesus prosseguiu: "Vós bebereis o cálice que eu devo beber e sereis batizados no batismo em que eu devo ser batizado. 40Mas, quanto ao assentardes à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim: o lugar compete àqueles a quem está destinado." 41Ouvindo isto, os outros dez começaram a indignar-se contra Tiago e João. 42Jesus chamou-os e deu-lhes esta lição: "Sabeis que os que são considerados chefes das nações dominam sobre elas e os seus intendentes exercem poder sobre elas. 43Entre vós, porém, não será assim: todo o que quiser tornar-se grande entre vós, seja o vosso servo; 44e todo o que entre vós quiser ser o primeiro, seja escravo de todos. 45Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção por muitos."
3) Reflexão Mc 10,32-45
O evangelho de hoje traz o terceiro anúncio da paixão e, novamente, como nas vezes anteriores, mostra a incoerência dos discípulos (cf. Mc 8,31-33 e Mc 9,30-37). Enquanto Jesus insistia no serviço e na doação entregando sua vida, eles continuavam discutindo os primeiros lugares no Reino, um à direita e outro à esquerda do trono. Ao que tudo indica, os discípulos continuavam cegos! Sinal de que a ideologia dominante da época tinha penetrado profundamente na mentalidade deles. Apesar da convivência de vários anos com Jesus, eles ainda não tinham renovado sua maneira de ver as coisas. Olhavam para Jesus com o olhar antigo. Queriam uma retribuição pelo fato de seguir a Jesus.
Marcos 10,32-34: O terceiro anúncio da paixão
Eles estão a caminho de Jerusalém. Jesus vai na frente. Ele tem pressa. Sabe que vão matá-lo. O profeta Isaías já o tinha anunciado (Is 50,4-6; 53,1-10). Sua morte não é fruto de um destino cego ou de um plano já preestabelecido, mas é conseqüência do compromisso assumido com a missão que recebeu do Pai junto aos excluídos do seu tempo. Por isso, Jesus alerta os discípulos sobre a tortura e a morte que ele vai enfrentar lá em Jerusalém. Pois o discípulo deve seguir o mestre, mesmo que for para sofrer com ele. Os discípulos estavam espantados, e aqueles que iam atrás estavam com medo. Não entendem o que está acontecendo. O sofrimento não combinava com a idéia que eles tinham do messias.
Marcos 10,35-37: O pedido pelo primeiro lugar
Os discípulos não só não entendem, mas continuam com suas ambições pessoais. Tiago e João pedem um lugar na glória do Reino, um à direita e outro à esquerda de Jesus. Querem passar na frente de Pedro! Não entenderam a proposta de Jesus. Estavam preocupados só com os próprios interesses. Isto reflete a briga e as tensões que existiam nas comunidades, no tempo de Marcos, e que existem até hoje nas nossas comunidades. No evangelho de Mateus é a mãe de Tiago e João que faz o pedido pelos filhos (Mt 20,20). Provavelmente, diante da situação difícil de pobreza e desemprego crescente daquela época, a mãe intercede pelos filhos e tenta garantir um emprego para eles na vinda do Reino de que Jesus falava tanto.
Marcos 10,38-40: A resposta de Jesus
Jesus reage com firmeza: “Vocês não sabem o que estão pedindo!” E pergunta se eles são capazes de beber o cálice que ele, Jesus, vai beber, e se estão dispostos a receber o batismo que ele vai receber. É o cálice do sofrimento, o batismo de sangue! Jesus quer saber se eles, em vez do lugar de honra, aceitam entregar a vida até à morte. Os dois respondem: “Podemos!” Parece uma resposta da boca para fora, pois, poucos dias depois, abandonaram Jesus e o deixaram sozinho na hora do sofrimento (Mc 14,50). Eles não têm muita consciência crítica, nem percebem sua realidade pessoal. Quanto ao lugar de honra no Reino ao lado de Jesus, quem o dá é o Pai. O que ele, Jesus, tem para oferecer é o cálice e o batismo, o sofrimento e a cruz.
Marcos 10,41-44: Entre vocês não seja assim
Neste final da sua instrução sobre a Cruz, Jesus fala, novamente, sobre o exercício do poder (Mc 9,33-35). Naquele tempo, os que detinham o poder no império romano não prestavam conta ao povo. Agiam conforme bem entendiam (Mc 6,17-29). O império romano controlava o mundo e o mantinha submisso pela força das armas e, assim, através de tributos, taxas e impostos, conseguia concentrar a riqueza dos povos na mão de poucos lá em Roma. A sociedade era caracterizada pelo exercício repressivo e abusivo do poder. Jesus tem outra proposta. Ele diz: “Entre vocês não deve ser assim! Quem quiser ser o maior, seja o servidor de todos!” Ele traz ensinamentos contra os privilégios e contra a rivalidade. Inverte o sistema e insiste no serviço como remédio contra a ambição pessoal. A comunidade deve apresentar uma alternativa para a convivência humana.
Marcos 10,45: O resumo da vida de Jesus
Jesus define a sua missão e a sua vida: “O Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir e dar sua vida como resgate em favor de muitos”. Jesus é o Messias Servidor, anunciado pelo profeta Isaías (cf. Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Aprendeu de sua mãe que disse ao anjo: “Eis aqui a serva do Senhor!” (Lc 1,38). Proposta totalmente nova para a sociedade daquele tempo. Nesta frase em que ele define sua vida, transparecem os três títulos mais antigos, usados pelos primeiros cristãos para expressar e comunicar aos outros o que Jesus significava para eles: Filho do Homem, Servo de Javé, Resgatador dos excluídos (libertador, salvador). Humanizar a vida, Servir aos irmãos e irmãs, Acolher os excluídos.
4) Para um confronto pessoal
- Tiago e João pediram o primeiro lugar no Reino. Hoje, muita gente reza a Deus pedindo dinheiro, promoção, cura, êxito. E eu, o que busco na minha relação com Deus e o que peço a Ele na oração?
- Humanizar a vida, Servir aos irmãos e irmãs, Acolher os excluídos. É o programa de Jesus, é o nosso programa. Como estou realizando?
5) Oração final
O Senhor manifestou sua salvação, aos olhos dos povos revelou sua justiça. Lembrou-se do seu amor e da sua fidelidade à casa de Israel (Sl 97, 2-3)
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