Segunda-feira, 29 de abril-2024. 5ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Pai, que unis os corações dos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho segundo João (Jo 14,21-26)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 21“Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele”. 22Judas — não o Iscariotes — disse-lhe: “Senhor, como se explica que te manifestarás a nós e não ao mundo?” 23Jesus respondeu-lhe: “Se alguém me ama, guardará minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. 24Quem não me ama não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é minha, mas do Pai que me enviou. 25Isso é o que vos disse enquanto estava convosco. 26Mas o Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito”.
3) Reflexão - Jo 14,21-26
Como dissemos anteriormente, o capítulo 14 do Evangelho de João é um exemplo bonito de como se praticava a catequese nas comunidades da Ásia Menor no fim do primeiro século. Através das perguntas dos discípulos e das respostas de Jesus, os cristãos formavam sua consciência e encontravam uma orientação para os seus problemas. Assim, neste capítulo 14, temos a pergunta de Tomé com a resposta de Jesus (Jo 14,5-7), a pergunta de Filipe com a resposta de Jesus (Jo 14,8-21), e a pergunta de Judas com a resposta de Jesus (Jo 14,22-26). A última frase da resposta de Jesus a Filipe (Jo 14,21) forma o primeiro versículo do evangelho de hoje.
João 14,21: Eu o amarei e me manifestarei a ele.
Este versículo traz o resumo da resposta de Jesus a Filipe. Filipe tinha dito: “Mostra-nos o Pai e isso nos basta!” (Jo 14,8). Moisés tinha perguntado a Deus: “Mostra-me a tua glória!” (Ex 33,18). Deus respondeu: “Não poderás ver minha face, porque ninguém pode ver-me e continuar vivendo” (Ex 33,20). O Pai não pode ser mostrado. Deus habita uma luz inacessível (1Tim 6,16). “Ninguém jamais viu a Deus” (1Jo 4,12). Mas a presença do Pai pode ser experimentada através da experiência do amor. Diz a primeira carta de São João: “Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”. Jesus diz a Filipe: “Quem aceita os meus mandamentos e a eles obedece, esse é que me ama. E quem me ama, será amado por meu Pai. Eu também o amarei e me manifestarei a ele”. Observando o mandamento de Jesus, que é o mandamento do amor ao próximo (Jo 15,17), a pessoa mostra o seu amor por Jesus. E quem ama a Jesus, será amado pelo Pai e pode ter a certeza de que o Pai se manifestará a ele. Na resposta a Judas, Jesus dirá como acontece esta manifestação do Pai na nossa vida.
João 14,22: A pergunta de Judas, pergunta de todos.
A pergunta de Judas: “Por que o senhor se manifesta só a nós e não ao mundo?” Esta pergunta de Judas reflete um problema que é real até hoje. Às vezes, sobe em nós cristãos o pensamento de que somos melhores que os outros e que Deus nos ama mais do que os outros. Será que Deus faz distinção de pessoas?
João 14,23-24: Resposta de Jesus.
A resposta de Jesus é simples e profunda. Ele repete o que acabou de dizer a Filipe. O problema não é se nós cristãos somos mais amados por Deus do que os outros, ou que os outros são desprezados por Deus. Este não é o critério da preferência do Pai. O critério da preferência do Pai é sempre o mesmo: o amor. "Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará. Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras”. Independentemente do fato de a pessoa ser ou não ser cristã, o Pai se manifesta a todos aqueles que observam o mandamento de Jesus que é o amor ao próximo (Jo 15,17). Em que consiste a manifestação do Pai? A resposta a esta pergunta está estampada no coração da humanidade, na experiência humana universal. Observe a vida das pessoas que praticam o amor e que fazem da sua vida uma doação aos outros. Examine a sua própria experiência. Independentemente de religião, classe, raça ou cor, a prática do amor traz uma paz profunda e uma alegria que conseguem conviver com dor e sofrimento. Esta experiência é o reflexo da manifestação do Pai na vida das pessoas. É a realização da promessa: Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada
João 14,25-26: A promessa do Espírito Santo.
Jesus termina sua resposta a Judas dizendo: Essas são as coisas que eu tinha para dizer estando com vocês. Jesus comunicou tudo que ouviu do Pai (Jo 15,15). As palavras dele são fonte de vida e devem ser meditadas, aprofundadas e atualizadas constantemente à luz da realidade sempre nova que nos envolve. Para esta meditação constante das suas palavras Jesus nos promete a ajuda do Espírito Santo: “O Advogado, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ele ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu lhes disse.
4) Para confronto pessoal
1) Jesus disse: Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada. Como eu experimento esta promessa?
2) Temos a promessa do dom do Espírito para nos ajudar a entender as palavra de Jesus. Eu invoco a luz do Espírito quando vou ler e meditar a Escritura?
5) Oração final
Que a minha boca cante a glória do Senhor e que bendiga todo ser seu nome santo, desde agora, para sempre e pelos séculos. (Sl 144, 21)
No lusco-fusco cansativo do mundo, a teologia pode ser uma forma de repouso
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Ricardo Cammarota/Folhapress
Escritor e ensaísta, autor de "Notas sobre a Esperança e o Desespero" e “A Era do Niilismo”. É doutor em filosofia pela USP.
Deus nos deixa mais inteligentes, ao contrário do que pensa o ingênuo ateísmo militante
Afinal, quem é Deus? Moisés, na famosa passagem da sarça ardente no Sinal —livro do "Êxodo"–, em que Deus o manda libertar os hebreus da escravidão no Egito e levá-los até o monte Sinai para receberem os mandamentos divinos, pergunta num dado momento: "E se me perguntarem quem me mandou, o que eu respondo? Qual o seu nome? Quem é você?". Evidente que faço aqui uma versão simplificada do texto bíblico.
Essa passagem é conhecida na tradição cristã como teologia do Êxodo, a teologia em que Deus se dá a conhecer a Moisés, revela "um pouco" quem Ele é, e se vincula à ideia de libertação da escravidão.
A versão grega da Bíblia hebraica, conhecida como Septuaginta ("LXX", em latim), teria sido uma versão grega de livros do Antigo Testamento ou Bíblia hebraica feita por cerca de setenta —daí LXX, setenta em latim– judeus gregos, nos três últimos séculos da era antes de Cristo.
Nesta versão, Deus teria respondido à pergunta de Moisés algo como "Eu sou quem eu sou". Dessa ideia surgirá a concepção de que Deus seria aquele que é, ou seja, aquele que carrega seu ser em si mesmo.
À diferença do restante dos seres existentes, Deus seria o único que é "causa sui", ou seja, que é causa de si mesmo. Os demais seres são causados por Ele. Deus seria —conversando um pouco com Aristóteles, que nada sabia da Bíblia hebraica– o incausado que tudo causa, o incondicionado que tudo condiciona, o imóvel que tudo move.
O paralelo entre esse deus do Aristóteles e o Deus israelita é recusado, por exemplo, pelo filósofo judeu do século 20 A.I. Heschel que, na sua monumental obra "The Prophets", sem tradução no Brasil, nega que o Deus de Abraão, dos patriarcas e de Moisés seja considerado imóvel, uma vez que é puro páthos, ou paixão. Tampouco incondicionado, na medida que reage apaixonadamente às ações dos homens.
De qualquer forma, essa diferença ontológica entre Deus e os outros seres criados por Ele —que, portanto, recebem o ser das mãos Dele, de graça, pela eternidade— , ideia esta decorrente da resposta de Deus a Moisés –que Ele é quem é–, fará escola no cristianismo e produzirá das mais sofisticadas discussões teológicas acerca do ser de Deus e do nosso ser frágil e dependente Dele.
Já na versão hebraica, Deus teria dito "Eu serei o que serei", já que a formulação do presente do verbo ser não existe, propriamente, em hebraico. Eu diria "Eu brasileiro" e não "Eu sou brasileiro".
Pensando a partir dai, teríamos a absoluta liberdade de Deus que seria, portanto, impredicável e ilimitado —Deus multiplica o futuro pelo futuro nesta formulação, portanto, Ele é absolutamente livre. Deus está fora da linguagem e da representação.
Esse caráter de Deus será também discutido no cristianismo naquilo que ficou conhecido como teologia negativa ou apofática —o que não pode ser enunciado na linguagem—, na esteira do tratado teológico mais curto do cristianismo, conhecido como "Teologia Negativa" de Pseudo-Dionísio, o Aeropagita, que viveu entre os séculos 5 e 6 da era cristã.
Deus é superior à linguagem porque esta só representa o que é despedaçado como ela, e, portanto, aquilo que pode ser "alocado" nas palavras, que são, por sua vez, "pedaços" do todo.
A teologia é um dos exercícios intelectuais mais sofisticados que existe. Principalmente quando não está a serviço nem da direita evangélica que brinca com a supressão do Estado laico no Brasil, nem, tampouco, com as versões à esquerda, que querem nos fazer crer que o PT seja a representação pura da santidade política democrática.
Deus nos deixa mais inteligentes, ao contrário do que pensa o ingênuo ateísmo militante. No judaísmo, a ideia de que Deus seja inteligente, e de que buscar sê-lo seja uma espécie de mandamento, é comum. Pensar é uma forma de se aproximar de Deus.
No lusco-fusco cansativo do mundo em que vivemos, esse exercício intelectual pode ser uma forma de repouso. Não por acaso que na tradição monástica cristã –para alguns, podendo ser resumida como "opção beneditina"– o estudo é uma das formas de se viver com Deus. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
5º Domingo da Páscoa: Um Olhar para vida, outro para Bíblia
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JESUS NOS DÁ A VIDA AUTÊNTICA!
Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
A liturgia do quinto Domingo da Páscoa fala-nos de Jesus como a fonte da Vida autêntica. Os discípulos de Jesus, unidos a Ele, bebem d’Ele essa Vida e testemunham-na em gestos concretos de amor. É assim que a proposta de Vida nova de Deus alcança o mundo e a vida dos homens.
No Evangelho – Jo 15,1-8 – Jesus, em contexto de despedida, apresenta-se aos discípulos como “a verdadeira videira” e convida-os a permanecerem ligados a Ele para receberem d’Ele Vida. Jesus (a videira) e os discípulos (os ramos) produzirão frutos bons, os frutos que Deus espera. Enquanto se mantiverem unidos a Jesus, os discípulos serão testemunhas verdadeiras, no meio dos homens, da Vida nova de Deus.
A primeira leitura – At 9,26-31 –, a pretexto de nos contar a inserção de Paulo de Tarso na comunidade cristã de Jerusalém, lembra-nos que a experiência cristã é um caminho feito em comunidade: é no diálogo e na partilha com os irmãos que a nossa fé nasce, cresce e amadurece. A comunidade cristã deve ser uma casa de portas abertas, onde todos têm lugar e onde todos podem fazer, de mãos dadas com os outros irmãos, uma experiência de encontro com Jesus ressuscitado.
A segunda leitura – 1Jo 3,18-24 – lembra que na base da vida cristã autêntica está o “acreditar em Jesus” e o amar os irmãos “como Ele mandou”. São esses os “frutos” que Deus espera de todos aqueles que estão unidos a Cristo. Se testemunharmos em gestos concretos o amor de Jesus, estamos unidos a Jesus e a vida de Jesus circula em nós. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Sexta-feira, 26 de abril-2024. 4ª SEMANA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus, a quem devemos a liberdade e a salvação, fazei que possamos viver por vossa graça e encontrar em vós a felicidade eterna, pois nos remistes com o sangue do vosso Filho. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 14, 1-6)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos,“1Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim. 2Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fosse assim, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós. 3E depois que eu tiver ido e preparado um lugar para vós, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também. 4E para onde eu vou, conheceis o caminho”. 5Tomé disse: “Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” 6Jesus respondeu: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim.
3) Reflexão
Estes cinco capítulos (Jo 13 a 17) são um exemplo bonito de como as comunidades do Discípulo Amado do fim do primeiro século lá na Ásia Menor, atual Turquia, faziam catequese. Por exemplo, neste capítulo 14, as perguntas dos três discípulos, Tomé (Jo 14,5), Filipe (Jo 14,8) e Judas Tadeu (Jo 14,22), eram também as perguntas e os problemas das Comunidades. Assim, as respostas de Jesus para os três eram um espelho em que as comunidades encontravam uma resposta para as suas próprias dúvidas e dificuldades. Para sentir melhor o ambiente em que se fazia a catequese, você pode fazer o seguinte. Durante ou depois da leitura do texto, feche os olhos e faça de conta que você está lá na sala no meio dos discípulos e discípulas, participando do encontro com Jesus. Enquanto vai escutando, procure prestar atenção na maneira como Jesus prepara seus amigos para a separação e lhes revela sua amizade, transmitindo segurança e apoio.
João 14,1-2: Nada te perturbe. O texto começa com uma exortação: "Não se perturbe o coração de vocês!" Em seguida, diz: "Na casa do meu Pai há muitas moradas!" A insistência em conservar palavras de ânimo que ajudam a superar a perturbação e as divergências, é um sinal de que havia muita polêmica e divergências entre as comunidades. Uma dizia para a outra: "Nossa maneira de viver a fé é melhor do que a de vocês. Nós estamos salvos! Vocês estão erradas! Se quiserem ir para o céu, têm que se converter e viver como nós vivemos!" Jesus diz: "Na casa do meu Pai há muitas moradas!" Não é necessário que todos pensem do mesmo jeito. O importante é que todos aceitem Jesus como revelação do Pai e que, por amor a ele, tenham atitudes de compreensão, de serviço e de amor. Amor e serviço são o cimento que liga entre si os tijolos e faz as várias comunidades serem uma igreja de irmãos e de irmãs.
João 14,3-4: Jesus se despede. Jesus diz que vai preparar um lugar e depois retornará para levar-nos com ele para a casa do Pai. Ele quer que estejamos todos com ele para sempre. O retorno de que Jesus fala é a vinda do Espírito que ele manda e que trabalha em nós, para que possamos viver como ele viveu (Jo 14,16-17.26; 16,13-14). Jesus termina dizendo: "Para onde eu vou, vocês conhecem o caminho!" Quem conhece Jesus conhece o caminho, pois o caminho é a vida que ele viveu e que o levou através da morte para junto do Pai.
João 14,5-6: Tomé pergunta pelo caminho. Tomé diz: "Senhor, não sabemos para onde vai. Como podemos conhecer o caminho?" Jesus responde: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida! Ninguém vai ao Pai senão por mim”. Três palavras importantes. Sem caminho, não se anda. Sem verdade, não se acerta. Sem vida, só há morte! Jesus explica o sentido. Ele é o caminho, porque "ninguém vem ao Pai senão por mim!" Pois, ele é a porteira, por onde as ovelhas entram e saem (Jo 10,9). Jesus é a verdade, porque olhando para ele, estamos vendo a imagem do Pai. "Se vocês me conhecem, conhecerão também o Pai!" Jesus é a vida, porque caminhando como Jesus caminhou, estaremos unidos ao Pai e teremos a vida em nós!
4) Para um confronto pessoal
1) Que encontros bons do passado você guarda na memória e que são força na sua caminhada?
2) Jesus disse: "Na casa de meu Pai há muitas moradas". O que significa esta afirmação para nós hoje?
5) Oração final
Cantai ao SENHOR um cântico novo, pois ele fez maravilhas. Deu-lhe vitória sua mão direita e seu braço santo. (Sl 97, 1)
Festa de São Marcos, Evangelista (25 de abril). Evangelho, com Frei Carlos Mesters, O. Carm.
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1) Oração
Ó Deus, que concedestes a são Marcos, vosso evangelista, a glória de proclamar a Boa nova, dai-nos assimilar de tal modo seus ensinamentos, que sigamos fielmente os caminhos do Cristo. Que conosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho segundo Marcos (Mc 16,15-20)
Naquele tempo, Jesus se manifestou aos onze discípulos, 15e disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! 16Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. 17Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; 18se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”.
19Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. 20Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam.
3) Reflexão - Mc 16,15-20
O Evangelho de hoje faz parte do apêndice do Evangelho de Marcos (Mc 16,9-20) que traz a lista de algumas aparições de Jesus: a Madalena (Mc 16,9-11), a dois discípulos a caminho do campo (Mc 16,12-13) e aos doze apóstolos (Mc 16,14-18). Esta última aparição junto com a descrição da ascensão ao céu (Mc 16,19-20) constitui o evangelho de hoje.
Marcos 16,14: Os sinais que acompanham o anúncio da Boa Nova.
Jesus aparece aos onze discípulos e os repreende por não terem acreditado nas pessoas que o tinham visto ressuscitado. Não acreditaram em Madalena (Mc 16,11), nem nos dois a caminho do campo (Mc 16,13). Várias vezes, Marcos se refere à resistência dos discípulos em crer no testemunho daqueles e daquelas que experimentaram a ressurreição de Jesus. Por que será que Marcos insiste tanto na falta de fé dos discípulos? Provavelmente, para ensinar duas coisas. Primeiro, que a fé em Jesus passa pela fé nas pessoas que dão testemunho dele. Segundo, que ninguém deve desanimar quando a descrença nasce no coração. Até os onze discípulos tiveram dúvidas!
Marcos 16,15-18: A missão de anunciar a Boa Nova a toda a criatura.
Depois de ter criticado a falta de fé dos discípulos, Jesus lhes confere a missão: "Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade. Quem acreditar e for batizado, será salvo. Quem não acreditar, será condenado”. Aos que tiverem a coragem de crer na Boa Nova e que são batizados, Jesus promete os seguintes sinais: expulsarão demônios, falarão línguas novas, pegarão em serpentes e não serão molestados pelo veneno, imporão as mãos aos doentes e eles ficarão curados. Isto acontece até hoje:
expulsar os demônios: é combater o poder do mal que estraga a vida. A vida de muitas pessoas ficou melhor pelo fato de terem entrado na comunidade e de terem começado a viver a Boa Nova da presença de Deus em sua vida.
falar línguas novas: é começar a comunicar-se com os outros de maneira nova. Às vezes, encontramos uma pessoa que nunca vimos antes, mas parece que já a conhecemos há muito tempo. É porque falamos a mesma língua, a linguagem do amor.
vencer o veneno: há muita coisa que envenena a convivência. Muita fofoca que estraga o relacionamento entre as pessoas. Quem vive a presença de Deus dá a volta por cima e consegue não ser molestado por este veneno terrível.
curar doentes: em todo canto, onde aparece uma consciência mais clara e mais viva da presença de Deus, aparece também um cuidado especial para com as pessoas excluídas e marginalizadas, sobretudo para com os doentes. Aquilo que mais favorece a cura é a pessoa sentir-se acolhida e amada.
Marcos 16,19-20: Através da comunidade Jesus continua a sua missão.
O mesmo Jesus que viveu na Palestina, e acolhia os pobres do seu tempo, revelando assim o amor do Pai, este mesmo Jesus continua vivo no meio de nós, nas nossas comunidades. É através de nós, que ele quer continuar a sua missão para revelar a Boa Nova do amor de Deus aos pobres. Até hoje, a ressurreição acontece. Ela nos leva a cantar: "Quem nos separará, quem vai nos separar, do amor de Cristo, quem nos separará?" Poder nenhum deste mundo é capaz de neutralizar a força que vem da fé na ressurreição (Rm 8,35-39). Uma comunidade que quiser ser testemunha da Ressurreição deve ser sinal de vida, deve lutar contra as forças da morte, para que o mundo seja um lugar favorável à vida, deve crer que um outro mundo é possível. Sobretudo aqui na América Latina, onde a vida do povo corre perigo por causa do sistema de morte que nos foi imposto, as comunidades devem ser uma prova viva da esperança que vence o mundo, sem medo de ser feliz!.
4) Para confronto pessoal
- Como estes sinais da presença de Jesus acontecem na minha vida?
- Quais são, hoje, os sinais que mais convencem as pessoas da presença de Jesus no nosso meio?
5) Oração final
Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor, de geração em geração eu cantarei vossa verdade! Porque dissestes: “O amor é garantido para sempre!” E a vossa lealdade é tão firme como os céus (Sl 88).
São Jorge e o dragão dos boletos
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Peço vênia ao padroeiro São Sebastião, coitado, cariocamente amarrado pelas cordas da violência urbana no tronco Largo do Russel. Hoje é preciso radicalizar a fé e chamar aquele que. para ajudar o próximo. sentou praça na cavalaria dos santos
Espadas de São Jorge — Foto: Internet
Por Joaquim Ferreira dos Santos
Toda noite de lua cheia eu te vejo aqui de baixo, golpeando o dragão da maldade, e eis que hoje, meu santo guerreiro da Capadócia, às vésperas do teu dia municipal, aproveito este gancho, a necessidade pagã de escrever a crônica de jornal, para agradecer o feriadão e principalmente o empréstimo, sempre generoso, das lanças para que teus fiéis enfrentem os dragões do cotidiano. O bicho tá solto e solta fogo, estresse e boleto pelas ventas.
Eu ando vestido com as armas, com as roupas vermelhas e com todas as canções já compostas sobre São Jorge em sua lua deslumbrante, de um azul verdejante, cauda de pavão. Desde o início ele estava desenhado na fachada da casa na infância suburbana, num azulejo que funcionava como alarme Verisure vintage, como câmera Gabriel pré-moderna, na segurança máxima contra todo tipo de ladrão.
Peço vênia ao padroeiro São Sebastião, coitado, sempre tão cariocamente flechado, amarrado pelas cordas da violência urbana e para sempre inerte em seu tronco de dor no Largo do Russel. Hoje é preciso radicalizar a fé e discar o 190 do socorro celestial, chamar aquele que, para ajudar o próximo, sentou praça na cavalaria dos santos.
É urgente acionar Jorge, o mártir cristão que não quer saber de calçar as sandálias da humildade de São Francisco de Assis, mas as botas de guerra. Que ele venha montado em seu cavalo branco cumprir a oração, a promessa de que as armas de fogo, e também as bicicletas nas calçadas, muito menos as balas perdidas, aos corpos de seus crentes não alcançarão.
Viver no Rio de Janeiro é matar um dragão de maldade a cada dia e por isso é preciso saudar a quem sabe da dureza do ofício, quem estende o escudo protetor e inspira na missão diuturna de correr atrás.
Salve ‘seu’ Jorge, salve Benjor, Jorge Mautner e também Aragão, salve os que estão felizes na companhia deste que, todo 23 de abril, desce da “lua bonita” da toada triste de Zé do Norte, da “lua soberana” da balada dançante do Caetano, e sai em procissão pela cidade que tanto pede por ele. O cortejo parte da igreja do Campo de Santana, passa pela matriz de Quintino, veste-se de Ogum para o batuque na feijoada do Império Serrano em Madureira – e eu sugeriria ao prefeito que esse percurso sagrado, uma versão tropical do Caminho de Santiago, fosse cercado por sublimes touceiras de Espadas de São Jorge.
O Rio de Janeiro tem árvores fundamentais que explicam a carioquice – a sumaúma do Tom Jobim no Jardim Botânico, o tamarindeiro do Zeca Pagodinho no Cacique de Ramos – e a todas elas, mais a Palma Mater do Dom João, deve-se a sombra divina para erigir tamanho sonho de civilização.
Dentro de casa, porém, de preferência logo na porta da entrada, é a Espada de São Jorge, principalmente a de borda amarela, que serve de amuleto contra energias negativas, o mau olhado da vizinha faladeira e a inveja da visita fuxiqueira. Ela reforça a esperança do morador e embeleza a crença de que, mesmo tendo mãos, os inimigos não o pegarão. Esta crônica pagã, um abraço em todos que são desta cavalaria de fé, foi escrita aos pés de uma delas, uma Espada de São Jorge com bordas amarelíssimas. Fonte: https://oglobo.globo.com
Papa: para o Bom Pastor somos valiosos sempre, insubstituíveis
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No Regina Caeli, o Papa explicou o que o Senhor quer nos dizer com a imagem do Bom Pastor: não só que Ele é a guia, o Chefe do rebanho, mas sobretudo que pensa em cada um de nós como no amor da sua vida. Pensemos nisto: eu para Cristo sou importante, insubstituível.
Vatican News
O Papa rezou o Regina Caeli com os fiéis reunidos na Praça São Pedro neste IV domingo da Páscoa, dedicado a Jesus Bom Pastor. Em sua alocução, Francisco se deteve numa frase repetida três vezes pelo Mestre: "O bom pastor dá a vida por suas ovelhas".
O Pontífice recordou que ser pastor, especialmente no tempo de Cristo, não era só uma profissão, mas significava compartilhar jornadas inteiras, e também noitadas, com as ovelhas, de viver em simbiose com elas. Com efeito, Jesus explica que não é um mercenário que não se importa com as ovelhas, mas Ele as conhece, chama por nome. E mais: Jesus não é só um bom pastor que compartilha a vida do rebanho, é o Bom Pastor que por nós sacrificou a vida e, ressuscitado, nos deu o seu Espírito.
“Eis o que quer nos dizer o Senhor com a imagem do Bom Pastor: não só que Ele é o guia, o Chefe do rebanho, mas sobretudo que pensa em cada um de nós, e nos pensa como o amor da sua vida. Pensemos nisto: eu para Cristo sou importante, Ele pensa em mim, sou insubstituível, valho o preço infinito da sua vida. E isso não é um modo de dizer: Ele deu realmente a vida por mim, morreu e ressuscitou por mim, por quê? Porque me ama e encontra em mim uma beleza que eu frequentemente não vejo.”
Quantas pessoas hoje se consideram inadequadas ou até mesmo erradas, prosseguiu o Pontífice. Ou se pensa que o nosso valor depende dos objetivos que conseguimos alcançar, do sucesso aos olhos do mundo, dos julgamentos dos outros: "Hoje, Jesus nos diz que nós para Ele valemos muito e sempre. E então, para reencontrar a nós mesmos, a primeira coisa a fazer é colocar-nos na sua presença, deixar-nos acolher e levantar pelos braços amorosos do nosso Bom Pastor".
Francisco então dirigiu algumas perguntas aos fiéis: "Consigo encontrar todos os dias um momento para abraçar a certeza que dá valor à minha vida? Consigo encontrar um momento de oração, de adoração, de louvor, para estar na presença de Cristo e deixar-me acariciar por Ele?". E concluiu:
"Irmão, irmã, se o fizer, redescobrirá o segredo da vida: lembrará que o Bom Pastor, Ele que deu a vida por você, por mim, por todos nós. E que, para Ele, somos todos importantes, cada um de nós, todos. Que Nossa Senhora nos ajude a encontrar em Jesus o essencial para viver." Fonte: https://www.vaticannews.va
Democracia, confiança e plataformas digitais
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A era digital confere inédita abrangência ao sentimento de ódio que coloca em questão a pluralidade e a diversidade da condição humana, bases da sociedade democrática
Professor emérito da USP, ex-ministro das Relações Exteriores (1992 e 2001-2002) e presidente da Fapesp, Celso Lafer escreve mensalmente na seção Espaço Aberto
A democracia requer confiança. A confiança recíproca entre os cidadãos e destes nas instituições, como diz Bobbio. A confiança exige transparência. A cidadania precisa saber quem é quem, o que faz e quais são seus parceiros na vida pública. A institucionalização da confiança passa pelas boas leis e pressupõe o cumprimento das regras da democracia.
O fundamento ético da democracia é o reconhecimento da autonomia de todos, sem distinções. Isso significa realçar na relação governantes/governados a relevância da perspectiva ex parte populi, que se traduz pelo voto. Daí a importância de eleições periódicas nas quais os eleitores votam livremente, de acordo com a melhor informação, formada na livre concorrência da disputa entre partidos.
No jogo democrático, a decisão se desenvolve de baixo para cima, a partir dos eleitores. Eleger (eligere) é escolher, designar, o primeiro verbo da gramática da democracia, como aponta Michelangelo Bovero. Daí a importância capital da integridade do processo eleitoral, que tem na Justiça Eleitoral um guardião da lisura do seu processo. A pergunta, na hora presente, é se é possível transpor por analogia para o mundo virtual a regra do que é permitido/proibido no mundo real. O desafio é como tornar realizáveis estes valores no novo mundo virtual, aquilo que no seu instantâneo abrangente escapa aos tradicionais ritmos da vida jurídica.
A técnica e o conhecimento não fazem a História, mas mudam as condições pelas quais os seres humanos a fazem. Elas modificaram-se com a era digital, que trouxe um novo paradigma transformador da convivência coletiva.
As redes sociais operam pelas plataformas digitais, que não são só ferramentas de comunicação que dão acesso à informação e à expansão da liberdade de expressão. O impacto do seu alcance em todas as dimensões da vida transcende a dimensão privada de sua propriedade pelas big techs. Comportam a preocupação com a sua presença e responsabilidade jurídica na res publica.
Esta preocupação é de generalizado reconhecimento. Dela têm se ocupado decisões jurisdicionais em vários países democráticos que criaram marcos normativos de regulação, instrução e regras técnicas distintas das do mundo analógico.
A construção da confiança numa democracia requer a transparência que contém os segredos do poder. Um dos desafios das plataformas digitais para a democracia são as arcas de segredo que nelas se ocultam. Destituídas de apropriados marcos normativos e de controle jurisdicional, elas operam num belicoso estado de natureza hobbesiana. Suas metodologias não são transparentes, nem é transparente o processo decisório dos algoritmos de que se valem. Propiciam assim, pelas arcas dos seus segredos, o potencial de desinformação que delas emana por meio da transmissão das fake news e de “discursos de ódio”. É o que proporciona danos para a integridade do processo eleitoral. Disso tratou Alexandre de Moraes na sua tese de titularidade recém-defendida na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), que aponta para a relevância das regras de calibração da moderação do conteúdo das matérias que discutiu.
O ódio não é um sentimento novo na interação humana. Caracteriza-se pela duração da sua intransitividade. Passa pela ameaça e pela calúnia, como registrou Aristóteles. A era digital confere inédita abrangência ao sentimento de ódio que coloca em questão a pluralidade e a diversidade da condição humana, bases da sociedade democrática. A persistência do discurso de ódio, facilitada pelas plataformas, integra suas manifestações como um dado permanente do tecido visível da sociedade. Consolida práticas discriminatórias que se contrapõem ao princípio da inclusão, de favorecer o bem de todos sem qualquer discriminação, contemplado pela Constituição.
As fake news versam um tema clássico: o emprego da mentira na vida política, que busca enganar, induzindo pela falsidade a opinião alheia, como ensina São Tomás.
A era digital dá inédita abrangência às narrativas das palavras mentirosas. As fake news denegam o princípio da veracidade que alimenta a reciprocidade da confiança. Colocam em questão a verdade factual, a verdade da política, na lição de Hannah Arendt. Esta não carrega no seu bojo a clareza da evidência, mas é, no entanto, o solo sobre o qual nos colocamos de pé. As fake news solapam o chão que permite diferenciar fato e ficção. Ensejam a sombra de conspirações imaginárias e o arbítrio da escolha de “inimigos objetivos”. Geram, no vigor de seu ubíquo negacionismo, insegurança generalizada que provém da incapacidade de distinguir, no espaço público, o falso do verdadeiro.
O digital do extremismo dos discursos de ódio e das fake news, favorecidos pelas plataformas operando num estado de natureza hobbesiano, compromete a confiança da dinâmica do processo eleitoral. Tende a transformar na era digital as eleições, ao modo de Carl Schmitt, na assertiva polarização de uma relação amigo/inimigo, ontologicamente constitutiva de um decisionismo antidemocrático.
*PROFESSOR EMÉRITO DA FACULDADE DE DIREITO DA USP, FOI MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES (1992, 2001-2002) Fonte: https://www.estadao.com.br
Pastores reavaliam condutas após experiências com doenças da mente
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Cresce o número de líderes que buscam ajuda, segundo médico do Instituto Cristão de Psicanálise
Número de evangélicos que buscam ajuda para resolver questões mentais aumentou, segundo o médico Pedro Onari - Arquivo Pessoal
SÃO PAULO
Aos 23 anos, o pastor José Almeida iniciou seu ministério em uma igreja batista, em São Paulo. Segundo ele, foram 25 anos pregando, servindo pessoas e ao ministério, sem nenhuma pausa.
A conta chegou em 2015, quando passou a ter picos de ansiedade, burnout e estafa, que o levaram para uma internação de 12 dias.
Como muitos evangélicos de sua época, Almeida associava doença mental a pecados ou demônios, por isso, resistiu em procurar ajuda psiquiátrica. "Minha saúde física e emocional foi se degradando e cheguei ao fundo do poço", lembra.
"Minha esposa foi orientada pelos médicos a esconder instrumentos de corte e colocar grade nas janelas", lembra o líder de 60 anos, que chegou a tomar 56 doses de remédios por dia, durante seu tratamento.
As medicações foram suspensas em 2022, mas as terapias continuam até hoje, e ele diz reconhecer mais fácil os gatilhos, sendo a falta de descanso, o maior deles.
O número de pastores com depressão, estafa e ansiedade que passaram a buscar ajuda no Instituto Onari de Psicanálise Cristã aumentou muito nos últimos anos, segundo o médico e psicanalista que coordena o local, Pedro Onari.
Ao contrário de psicólogos, cujo código de ética veda a utilização do título associado a vertentes religiosas, a psicanálise, por ser um curso livre, permite tal fusão.
Onari explica que a associação da psicanálise clássica, neurociência e ensinamentos de Jesus formam um combo para acessar o inconsciente e acolher o sofrimento humano. "Muitos casos de depressão não têm relação alguma com a espiritualidade. São inconscientes cheios de princípios adquiridos ao longo da vida, geralmente trocados por traumas e fantasias, desenvolvidos principalmente na infância", pontua.
"Libertar pessoas dos próprios pensamentos não é espiritual", reitera o psicanalista, que afirma atender muitos casos de depressão em sua clínica.
"Ao olhar para a depressão, é preciso imaginar uma laranja com muitos gomos", diz o pastor titular da Igreja Mevam (Missões Evangelísticas Vinde Amados Meus) em Campinas (SP), Jucélio de Souza, 55. Ele refere-se aos inúmeros fatores que podem levar uma pessoa à doença, como histórico familiar, perdas, traumas, falta de vitaminas, estresse ou doenças físicas.
Ele foi diagnosticado com depressão, tomou remédios psiquiátricos por um tempo e conta ter vivido uma experiência intensa de cura.
"Deus me levou para uma depressão para confrontar minhas crenças erradas. Eu saí dali um Jucélio com muito mais misericórdia, com muito mais amor, menos julgador, menos orgulhoso, menos soberbo, menos tudo que era ruim", testemunha.
O líder cita Oséias 6, no antigo testamento, para explicar por que passou por tudo isso. "Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará. Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará, e viveremos diante dele", dizem os dois primeiros versículos.
"Independentemente da causa, Deus usou o naufrágio emocional para me curar. Desilusão é um elemento da pedagogia de Deus e se a vida emocional foi abalada, significa que as emoções estavam se acomodando de forma desordenada dentro de nós. Ele [Deus] vai ferir as bases de crenças erradas, inclusive bases de crenças religiosas equivocadas para devolver saúde para nós", pontua.
Souza destaca o papel paralelo da igreja na vida de quem está buscando a mesma cura. "A igreja é uma UTI, e nela há pessoas que vão abraçá-lo e ajudá-lo. Ao viver essa experiência, a pessoa vai sair do outro lado mais feliz, agradecida pelo túnel escuro que passou, porque encontrou uma claridade, uma luz, que antes não tinha".
O pastor José Almeida também cita as mudanças na forma de tratar as ovelhas que chegaram até ele com questões de saúde mental após seu tratamento.
"Minha visão de mundo, meu atendimento pastoral e a forma de acolher as pessoas mudaram radicalmente. Antes julgava e até condenava. Hoje sou mais humano, mais misericordioso", diz o pregador, que estudou psicanálise e hoje oferece seminários e rodas de conversa sobre saúde mental em sua igreja. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Sexta-feira, 19 de abril-2024. 3ª SEMANA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus todo-poderoso, concedei que, conhecendo a ressurreição do Senhor e a graça que ela nos trouxe, ressuscitemos para uma vida nova pelo amor do vosso espírito. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 6, 52-59)
Naquele tempo, 52Os judeus discutiam entre si: “Como é que ele pode dar a sua carne a comer?” 53Jesus disse: “Em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55Pois minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida. 56Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele. 57Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por meio do Pai, assim aquele que me consome viverá por meio de mim. 58Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram – e no entanto morreram. Quem consome este pão viverá para sempre”. 59Jesus falou estas coisas ensinando na sinagoga, em Cafarnaum.
3) Reflexão
Estamos chegando quase ao fim do Discurso do Pão da Vida. Aqui começa a parte mais polêmica. Os judeus se fecham e começam a questionar as afirmações de Jesus.
João 6,52-55: Carne e sangue: expressão da vida e da doação total. Os judeus reagem: "Como esse homem pode dar-nos 0a sua carne para comer?" Era perto da festa da Páscoa. Dentro de poucos dias, todos iam comer a carne do cordeiro pascal na celebração da noite de páscoa. Eles não entenderam as palavras de Jesus, porque tomaram tudo ao pé da letra. Mas Jesus não diminui as exigências, não retira nada do que disse, e insiste: "Eu garanto a vocês: se vocês não comem a carne do Filho do Homem e não bebem o seu sangue, não terão a vida em vocês. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em mim e eu vivo nele”. (1) Comer a carne de Jesus significa aceitar Jesus como o novo Cordeiro Pascal, cujo sangue nos liberta da escravidão. A lei do Antigo Testamento, por respeito à vida, proibia comer sangue (Dt 12,16.23; At 15.29). Sangue era o sinal da vida. (2) Beber o sangue de Jesus significa assimilar a mesma maneira de viver que marcou a vida de Jesus. O que traz vida não é celebrar o maná do passado, mas sim comer este novo pão que é Jesus, a sua carne e o seu sangue. Participando da Ceia Eucarística, assimilamos a sua vida, a sua doação e entrega. “Se vocês não comem a carne do Filho do Homem e não bebem o seu sangue não terão vida em vocês”. Devem aceitar Jesus como messias crucificado, cujo sangue vai ser derramado.
João 6,56-58: Quem me receber como alimento viverá por mim. As últimas frases do Discurso do Pão da Vida são de grande profundidade e tentam resumir tudo que foi dito. Elas evocam a dimensão mística que envolve a participação na eucaristia. Expressam o que Paulo diz na carta aos Gálatas: “Vivo, mas já não sou eu que vivo. É Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). E o que diz o Apocalipse de João: “Se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, ele comigo” (Ap 3,20). E o próprio João no Evangelho: “Se alguém me ama guardará minha palavra e o meu Pai o amará e a ele viremos e nele faremos nossa morada” (Jo 14,23). E termina com a promessa da vida que marca a diferença com o antigo êxodo: “Este é o pão que desceu do céu. Não é como o pão que os pais de vocês comeram e depois morreram. Quem come deste pão viverá para sempre."
João 6,59: Termina o discurso na sinagoga. Até aqui foi a conversa entre Jesus e o povo e os judeus na sinagoga de Cafarnaum. Como aludimos anteriormente, o Discurso do Pão da Vida nos oferece uma imagem de como era a catequese naquele fim do primeiro séculos nas comunidades cristãs da Ásia Menor. As perguntas do povo e dos judeus refletem as dificuldades dos membros das comunidades. E as resposta de Jesus representam os esclarecimentos para ajuda-los a superar as dificuldades, aprofundar sua fé e viver mais intensamente a eucaristia que era celebrada sobretudo nas noites de sábado para o domingo, o Dia do Senhor.
4) Para um confronto pessoal
1) A partir do Discurso do Pão da Vida, a celebração da Eucaristia recebe uma luz muito forte e um aprofundamento enorme. Qual a luz eu estou percebendo que me ajuda a dar um passo?
2) Comer a carne e o sangue de Jesus, é o mandamento que ele nos dá. Como vivo a eucaristia na minha vida? Mesmo não podendo ir à missa todos os dias ou todos os domingos, minha vida deve ser eucarística. Como tento realizar este objetivo?
5) Oração final
Povos todos, louvai o SENHOR, nações todas, dai-lhe glória; porque forte é seu amor para conosco e a fidelidade do SENHOR dura para sempre. (Sl 116, 1-2)
DOMINGO DO BOM PASTOR: Um Olhar...
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BOM PASTOR
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Biblicamente falando, o Bom Pastor é Jesus Cristo, é aquele que testemunha coerentemente tudo aquilo que faz em relação às pessoas, e é Ele mesmo quem se apresenta assim. Mas não deixa de ser e ter autêntico estilo de vida comprometido em seus objetivos, com dimensão extrema de cuidado e de atenção para com as ovelhas pastoreadas, fomentando um trabalho de defesa e proteção.
Na figura do Bom Pastor, Jesus, projetamos as pessoas de autoridade, constituídas no mundo das relações humanas, seja a do pai, seja a da mãe, ou das diversas governanças na sociedade. Assim deve estar formada toda a organização natural do povo, para que aconteça a harmonia no bem viver das pessoas, mas entendemos a autoridade que se converte em verdadeiro serviço comunitário.
A autoridade vem de Deus, mas ela se consolida quando é realizada como verdadeiro serviço de doação ao próximo. Criticaram a autoridade dos apóstolos, ao dizer: “Com que poder ou em nome de quem vocês fizeram isso?” (At 4,7). Pedro, porque o Espírito de Deus estava nele, deu-lhes uma resposta sábia e segura, afirmando agir em nome de Jesus Cristo, a serviço da comunidade.
A prática da arrogância, o espírito de dominação e dos atos injustos desabonam totalmente a força das autoridades e de qualquer liderança. O espelho, que deve ser contemplado, é a Pessoa do Bom Pastor, despido de qualquer formalidade arbitrária em relação ao outro, principalmente para com os mais pobres e vulneráveis. Toda autoridade deve ser de confiança e fazer o bem para ser confiável.
O pastor tem o compromisso de ser sempre humano, de amar e ser amado para desempenhar bem sua tarefa. Jesus revela essa prática como pessoa humano/divina, para conduzir os humanos, levando-os ao divino. Era diferente dos mercenários, exploradores, sem compaixão e manipuladores das ovelhas. Lançavam mão dos próprios caprichos para conduzi-las à total submissão.
A ação de um pastor acontece numa comunidade concreta, onde está presente a diversidade de pensamento e de atitudes. É seu papel ser aglutinador das diferenças para acontecer a unidade, evitando as arestas destoantes e provocadoras de atritos. Mas o bem pode acontecer também em ambientes conflitantes, desde que sejam conduzidos com determinação por quem é bom pastor. Fonte: https://www.cnbb.org.br
4º Domingo da Páscoa - Domingo do Bom Pastor.
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O Bom Pastor
Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)
“Eu sou o Bom Pastor”. É assim que Jesus se auto revela. Ele se define como bom Pastor, excluindo e contrapondo-se a todos os demais. É o Pastor verdadeiro, autêntico, modelo e único. (Atos 4,8-12, Salmo 117, 1 Jo 3,1-2 e Jo 10,11-18). O mundo antigo está repleto de pastores: pastores de profissão que cuidavam ovelhas, cabritos para o seu sustento e da família; pastores também eram denominados os chefes, reis, sacerdotes. Temos dificuldade de compreender hoje o modo de vida dos pastores de profissão e o comportamento das ovelhas, mas a relação que Jesus faz com os líderes e quem exerce funções de chefia é compreensível.
Jesus diz que é diferente do mercenário. Compreende-se por mercenário o soldado profissional que serve qualquer governo ou entidade que lhe pague; alguém que trabalha e serve apenas por dinheiro; que é movido apenas pelo interesse pessoal e material. Jesus aponta duas razões que o diferenciam do mercenário. Em primeiro lugar “dá vida por suas ovelhas”, enquanto que o mercenário “abandona as ovelhas”. A sexta-feira da Paixão e Morte celebra a doação da vida do Bom Pastor pelas ovelhas. Este é o maior aval do pastoreio de Cristo. É também a máxima diferença e contraste: o Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas, o mercenário nem sequer se expõe, foge diante de qualquer perigo.
A segunda diferença com o mercenário é que o Bom Pastor “conhece as ovelhas, e elas o conhecem”. Recordando que no contexto bíblico “conhecer” não se reduz ou fica somente no plano intelectual ou conceitual. É um conhecimento que cria comunhão de vida, relação pessoal, ativa, amorosa, compaixão. Os relatos do Evangelho testemunham o envolvimento de Jesus nas mais variadas situações vitais. Por exemplo, se comove com a viúva de Naim que está indo enterrar o filho único. A primeira carta de João revela que o conhecer cria um vínculo vital de “sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!” O conhecimento se completará na eternidade. “Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é”.
Jesus sempre fala para todos os ouvintes, pois ele é o Pastor de todos. Mas quando ele se compara com os mercenários foca a atenção aos que exercem a função de liderança, em primeiro lugar aos líderes religiosos. O rebanho do Senhor vive no mundo por isso a palavra se dirige, e é válida, para todas as lideranças.
O 4º Domingo da Páscoa é o “Dia Mundial de oração pelas vocações”. A mensagem do Papa Francisco tem por título: “Chamados a semear a esperança e a construir a paz”. A oração é para a todas as vocações existentes na Igreja. A mensagem diz que “este Dia é dedicado de modo particular à oração para implorar do Pai o dom de santas vocações para a edificação do seu Reino: “Rogai ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe” (Lc 10,2)”. Pede-se, portanto, uma oração particular pelos que receberam o Sacramento da Ordem e por vocacionados para este Sacramento.
O ensinamento de Jesus desperta em nós uma alegria muito grande de pertencermos ao povo de Deus conduzido por Cristo, O Bom Pastor. Somos conhecidos e amados por Ele. Somos provocados a não traí-lo. Jesus oferece um sinal de reconhecimento para sabermos se estamos no seu rebanho: “Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem […] elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor”. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Quinta-feira, 18 de abril-2024. 3ª SEMANA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus eterno e onipotente, que nestes dias vos mostrais tão generoso, dai-nos sentir mais de perto o vosso amor paterno para que, libertados das trevas do erro, sigamos com firmeza a luz da verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 6, 44-51)
Naquele tempo, disse Jesus às multidões: 44Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrair. E eu o ressuscitarei no último dia. 45Está escrito nos Profetas: ‘Todos serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele que escutou o ensinamento do Pai e o aprendeu vem a mim. 46Ninguém jamais viu o Pai, a não ser aquele que vem de junto de Deus: este viu o Pai. 47Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê, tem a vida eterna. 48Eu sou o pão da vida. 49Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. 50Aqui está o pão que desce do céu, para que não morra quem dele comer. 51“Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne, entregue pela vida do mundo”.
3) Reflexão
Até agora, o diálogo era entre Jesus e o povo. Daqui para a frente, os líderes judeus começam a entrar na conversa, e a discussão se torna mais tensa.
João 6,44-46: Quem se abre para Deus, aceita Jesus e a sua proposta. A conversa torna-se mais exigente. Agora são os judeus, os líderes do povo, que murmuram: "Esse não é Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como é que ele pode dizer que desceu do céu?" (Jo 6,42) Eles pensavam conhecer as coisas de Deus. Na realidade, não as conheciam. Se fossem realmente abertos e fiéis a Deus, sentiriam dentro de si o impulso de Deus atraindo-os para Jesus e reconheceriam que Jesus vem de Deus, pois está escrito nos Profetas: 'Todos serão instruídos por Deus'. Todo aquele que escuta o Pai e recebe sua instrução vem a mim.
João 6,47-50: Vossos pais comeram o maná e morreram. Na celebração da páscoa, os judeus lembravam o pão do deserto. Jesus os ajuda a dar um passo. Quem celebra a páscoa, lembrando só o pão que os pais comeram no passado, vai acabar morrendo como todos eles! O verdadeiro sentido da Páscoa não é lembrar o maná que caiu do céu, mas sim aceitar Jesus como o novo Pão da Vida e seguir pelo caminho que ele ensinou. Agora já não se trata de comer a carne do cordeiro pascal, mas sim de comer a carne de Jesus, para que não pereça quem dele comer, mas tenha a vida eterna!
João 6,51: Quem comer deste pão viverá eternamente. E Jesus termina dizendo: "Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá para sempre. E o pão que eu vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha a vida." Em vez do maná e em vez do cordeiro pascal do primeiro êxodo, somos convidados e comer o novo maná e o novo cordeiro pascal que é o próprio Jesus que se entregou na Cruz pela vida de todos.
O novo Êxodo. A multiplicação dos pães aconteceu perto da Páscoa (Jo 6,4). A festa da páscoa era a memória perigosa do Êxodo, a libertação do povo das garras do faraó. Todo o episódio narrado neste capítulo 6 do evangelho de João tem um paralelo nos episódios relacionados com a festa da páscoa, tanto com a libertação do Egito quanto com a caminhada do povo no deserto em busca da terra prometida. O Discurso do Pão da Vida, feito na sinagoga de Cafarnaum, está relacionado com o capítulo 16 do livro do Êxodo que fala do Maná. Vale a pena ler todo este capítulo 16 de Êxodo. Percebendo as dificuldades do povo no deserto, podemos compreender melhor os ensinamentos de Jesus aqui no capítulo 6 do evangelho de João. Por exemplo, quando Jesus fala de “um alimento que perece” (Jo 6,27) ele está lembrando o maná que estragava e perecia (Ex 16,20). Da mesma forma, quando os judeus “murmuram” (Jo 6,41), eles fazem a mesma coisa que os israelitas faziam no deserto, quando duvidavam da presença de Deus no meio deles durante a travessia (Ex 16,2; 17,3; Nm 11,1). A falta de alimentos fazia com que o povo duvidasse de Deus e começasse a murmurar contra Moisés e contra Deus. Aqui também os judeus duvidam da presença de Deus em Jesus de Nazaré e começam a murmurar (Jo 6,41-42).
4) Para um confronto pessoal
1) A eucaristia me ajuda a viver em estado permanente de Êxodo? Estou conseguindo?
2) Quem é aberto para a verdade encontra em Jesus a resposta. Hoje, muita gente se afasta e já não encontra a resposta. Culpa de quem? Das pessoas que não quer escutar? Ou de nós cristãos que não sabemos apresentar o evangelho como uma mensagem de vida?
5) Oração final
Vinde e escutai, vós todos que temeis a Deus, porque quero narrar-vos o que ele fez para mim. A ele gritei com minha boca e a minha língua o exaltou. (Sl 65, 16-17)
No Brasil, abrir igreja é fazer um país
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Processo que torna o mapa brasileiro pontilhado de núcleos religiosos nos possibilita visualizar a produção de espaços sociais ao longo do tempo
Por Renata Nagamine e Aramis Luis Silva
Quando os dados do Censo 2022 sobre usos do domicílio saiu, chamou a atenção o número de “estabelecimentos religiosos”: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 580 mil. Para dimensionar esse número, jornais o compararam com a quantidade de escolas e hospitais existentes no País, mostrando que os “estabelecimentos religiosos” os superavam numericamente.
Um painel com o georreferenciamento de organizações e associações religiosas no Brasil lançado na sequência pelo Observatório da Religião e Interseccionalidades do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) mostra que, destes 580 mil “estabelecimentos religiosos”, cerca de 123 mil estão inscritos no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), e estão ativos perante a Receita Federal. O mapa torna visível um achado do projeto temático Religião, direitos e secularismo, concluído em 2022: abrir igreja é um dos modos de “fazer religião” no Brasil.
A proposição pode parecer estranha. No Brasil, é comum acreditar que religião é algo que se tem. Também é comum acreditar que esse algo é uma crença, um conjunto de preceitos adquiridos sobre a ordem do mundo ou de conhecimentos transmitidos pela tradição. Da matriz católica que produziu o que convencionalmente se percebe como religião no País vem outro senso comum: a centralidade do dogma.
A Antropologia nos leva a pensar que temos uma crença na crença. Nossas pesquisas de campo em dois sucessivos projetos temáticos no Cebrap nos levam a pensar, por sua vez, que parte dos autodeclarados religiosos é alheia àquela crença. Para eles, religião seria um modo de fazer e viver o mundo.
Entre estes, muitos regularizam seus “estabelecimentos religiosos”, por meio da adoção de uma forma jurídica que os torna reconhecíveis pelo Estado brasileiro. As duas formas à disposição deles são organização e associação religiosa. Para adotar qualquer uma delas, o “estabelecimento” precisa tomar uma série de medidas práticas: obter alvará de funcionamento na prefeitura, constituir diretoria, adotar estatuto social, dar-se um nome (razão social), entre outras.
Não por acaso, encontramos com facilidade na internet escritórios de contabilidade especializados na assessoria de organizações e associações religiosas. “Fazer igreja” é uma atividade que requer toda uma tecnologia, um saber prático, que vai muito além da pregação e do aconselhamento. Como a organização ou associação religiosa precisa atualizar sua situação cadastral periodicamente, passa a atualizar balanço contábil e prestar contas perante os órgãos do Estado.
A pesquisa do observatório ainda fornece elementos para compreender uma dimensão pouco comentada do “fazer religião” no Brasil. Se, por um lado, está claro que abrir igreja é um modo de fazer religião, como argumenta Paula Montero, por outro, é preciso examinar como a produção destes espaços sociais impacta a constituição do território nacional.
O processo que torna o mapa brasileiro pontilhado de núcleos religiosos nos possibilita visualizar a produção de espaços sociais ao longo do tempo. O pontilhado aumenta a partir dos anos 1980 e se intensifica a partir dos anos 2000, com um aumento vertiginoso entre 2008 e 2011.
O Observatório da Religião e Interseccionalidades ainda não divulgou sua classificação das organizações e associações por vertentes religiosas. Mas uma busca por termos possibilita visualizar que esse aumento é concentrado em denominações como a Assembleia de Deus, a Igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja Batista.
Se confirmado no decorrer da pesquisa, o acentuado aumento da abertura formal de organizações e associações nos últimos anos do segundo mandato de Lula desafiará adeptos da narrativa de perseguição religiosa a mostrar como ela ocorreu. Será difícil sustentar que foi pela oposição de qualquer tipo de obstáculo à abertura e manutenção de espaços de culto.
Também é importante refletir sobre uma dimensão menos discutida do crescente pontilhado do mapa do Brasil: a relação entre religião e ocupação territorial a partir dos anos 1980. Ela indica a importância da Constituição de 1988 na abertura formal e informal de igrejas, logo, na produção de espaços sociais.
Uma dimensão da produção destes espaços é que, por meio dela, a terra física formalmente demarcada como território do Brasil ganha sentido para a sociedade. Nesse sentido, “fazer igreja” é tanto um modo de “fazer religião” quanto um modo de “fazer um país”.
Não é preciso acreditar. É possível ver no Painel com Georreferenciamento de Organizações e Associações Religiosas, que torna visível a ocupação do território a oeste e em alguns corredores fluviais amazônicos.
Se, por um lado, as apresentações gráficas que o observatório traz evidenciam a proposição de que a religião se faz “fazendo igreja”, por outro, essa proposição não nos ajuda a compreender as oscilações grandes, súbitas e contrárias dos números no Brasil no intervalo que vai de 2008 a 2015. Para compreendê-las, pode ser útil lembrar que “fazer igreja” é um modo, não o único modo, de “fazer religião” no Brasil.
*SÃO, RESPECTIVAMENTE, PESQUISADORA DE PÓS-DOUTORADO NO NÚCLEO DE RELIGIÕES NO MUNDO CONTEMPORÂNEO DO CEBRAP (FAPESP, PROCESSO N.º 2022/16449-6); E PESQUISADOR DO CENTRO DE IMAGINAÇÃO CRÍTICA. Fonte: https://www.estadao.com.br
Quarta-feira, 17 de abril-2024. 3ª SEMANA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Permanecei, ó Pai, com vossa família e, na vossa bondade, fazei que participem eternamente da ressurreição do vosso Filho aqueles a quem destes a graça da fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 6, 35-40)
Naquele tempo, 35disse Jesus às multidões: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede. 36Contudo, eu vos disse que me vistes, mas não credes. 37Todo aquele que o Pai me dá, virá a mim, e quem vem a mim eu não lançarei fora, 38porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 39E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. 40Esta é a vontade do meu Pai: quem vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia”.
3) Reflexão
João 6,35-36: Eu sou o pão da vida. Entusiasmado com a perspectiva de ter o pão do céu de que falava Jesus e que dá vida para sempre (Jo 6,33), o povo pede: "Senhor, dá nos sempre desse pão!" (Jo 6,34). Pensavam que Jesus estivesse falando de um pão especial. Por isso, interesseiramente pede: “Dá-nos sempre desse pão!” Este pedido do povo faz lembrar a conversa de Jesus com a Samaritana. Jesus tinha dito que ela poderia ter dentro de si a fonte de água que brota para a vida eterna, e ela interesseiramente pedia: "Senhor, dá-me dessa água!" (Jo 4,15). A Samaritana não percebeu que Jesus não estava falando da água material. Da mesma maneira, o povo não se deu conta de que Jesus não estava falando do pão material. Por isso, Jesus responde bem claramente: "Eu sou o pão da vida! Quem vem a mim não terá mais fome, e quem acredita em mim nunca mais terá sede”. Comer o pão do céu é o mesmo que crer em Jesus. É crer que ele veio do céu como revelação do Pai. É aceitar o caminho que ele ensinou. Mas o povo, apesar de estar vendo Jesus, não acredita nele. Jesus percebe a falta de fé e diz: “Vocês me vêem, mas não acreditam”.
João 6,37-40: Fazer a vontade daquele que me enviou. Depois da conversa com a Samaritana, Jesus tinha dito aos discípulos: "O meu alimento é fazer a vontade do Pai que está no céu!" (Jo 4,34). Aqui, na conversa com o povo a respeito do pão do céu, Jesus toca no mesmo assunto: “Eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, e sim para fazer a vontade daquele que me enviou. E a vontade daquele que me enviou é esta: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas que eu os ressuscite no último dia. Sim, esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o Filho e nele acredita, tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” Este é o alimento que o povo deve buscar: fazer a vontade do Pai do céu. É este o pão que sustenta a pessoa na vida e lhe dá rumo. Aí começa a vida eterna, vida que é mais forte que a morte! Se estivessem realmente dispostos a fazer a vontade do Pai, não teriam dificuldade em reconhecer o Pai presente em Jesus.
João 6,41-43: Os judeus murmuram. O evangelho de amanhã começa com o versículo 44 (Jo 6,44-51) e salta os versículos 41 a 43. No versículo 41, começa a conversa com os judeus, que criticam Jesus. Damos aqui uma breve explicação do significado da palavra judeus no evangelho de João para evitar que uma leitura superficial alimente em nós cristãos o sentimento do anti-semitismo. Antes de tudo, é bom lembrar que Jesus era Judeu e continua sendo judeu (Jo 4,9). Judeus eram seus discípulos e discípulas. As primeiras comunidades cristãs eram todas de judeus que aceitavam Jesus como o Messias. Só depois, pouco a pouco, nas comunidades do Discípulo Amado, gregos e pagãos começam a ser aceitos em pé de igualdade com os judeus. Eram comunidades mais abertas. Mas tal abertura não era aceita por todos. Alguns cristãos vindos do grupo dos fariseus queriam manter a “separação” entre judeus e pagãos (At 15,5). A situação ficou mais crítica depois da destruição de Jerusalém no ano 70. Os fariseus se tornam a corrente religiosa dominante dentro do judaísmo e começam a definir as diretrizes religiosas para todo o povo de Deus: suprimir o culto em língua grega; adotar unicamente o texto bíblico em hebraico; definir a lista dos livros sagrados eliminando os livros que estavam só na tradução grega da Bíblia: Tobias, Judite, Ester; Baruc, Sabedoria, Eclesiástico e os dois livros dos Macabeus; segregar os estrangeiros; não comer nenhuma comida, suspeita de impureza ou de ter sido oferecida aos ídolos. Todas estas medidas assumidas pelos fariseus repercutiam nas comunidades dos judeus que aceitavam Jesus como Messias. Estas comunidades já tinham caminhado muito. A abertura para os pagãos era irreversível. A Bíblia em grego já era usada há muito tempo. Não podiam voltar atrás. Assim, lentamente, cresce um distanciamento mútuo entre cristianismo e judaísmo. As autoridades judaicas nos anos 85-90 começam a discriminar os que continuavam aceitando Jesus de Nazaré como Messias (Mt 5, 11-12; 24,9-13). Quem teimava em permanecer na fé em Jesus era expulso da sinagoga (Jo 9,34) . Muitos das comunidades cristãs sentiam medo desta expulsão (Jo 9,22), já que significava perder o apoio de uma instituição forte e tradicional como a sinagoga. Os que eram expulsos perdiam os privilégios legais que os judeus tinham conquistado ao longo dos séculos dentro do império. As pessoas expulsas perdiam até a possibilidade de ter um enterro decente. Era um risco muito grande. Esta situação conflituosa do fim do primeiro século repercute na descrição do conflito de Jesus com os fariseus. Quando o evangelho de João fala em judeus não está falando do povo judeu como tal, mas está pensando muito mais naquelas poucas autoridades farisaicas que estavam expulsando os cristãos das sinagogas nos anos 85-90, época em que o evangelho foi escrito. Não podemos permitir que esta afirmações sobre os façam crescer o anti-semitismo entre os cristãos.
4) Para um confronto pessoal
1) Anti-semitismo: olhe bem dentro de você e arranque qualquer resto de anti-semitismo.
2) Comer o pão do céu é crer em Jesus. Como isto me ajuda a viver melhor a eucaristia?
5) Oração final
Aclamai a Deus, terra inteira, cantai hinos à glória do seu nome; dai glória em seu louvor. Dizei a Deus: “Como são estupendas as tuas obras! pela grandeza da tua força teus adversários se curvam diante de ti”. (Sl 65, 1-3)
Terça-feira, 16 de abril-2024. 3ª SEMANA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que abris as portas do reino dos céus aos que renasceram pela água e pelo Espírito Santo, aumentai em vosso filhos a graça que lhes destes para que, purificados de todo o pecado, obtenham os bens que prometestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 6, 30-35)
Naquele tempo, 30os judeus perguntaram: “Que sinais realizas para que possamos ver e acreditar em ti? Que obras fazes? 31Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: ‘Deu-lhes a comer o pão do céu’”. 32Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão do céu. É meu Pai quem vos dá o verdadeiro pão do céu. 33Pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo”. 34Eles então pediram: “Senhor, dá-nos sempre desse pão!” 35Jesus lhes disse: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede.
3) Reflexão
O Discurso do Pão da Vida não é um texto para ser discutido e dissecado, mas sim para ser meditado e ruminado. Por isso, caso você não entender logo tudo, não se preocupe. Este texto do Pão da Vida exige toda uma vida para meditá-lo e aprofundá-lo. Um texto assim, a gente deve ler, meditar, rezar, pensar, ler de novo, repetir, ruminar, como se faz com um doce gostoso na boca. Vai virando e virando, até se gastar. Quem lê o Quarto Evangelho superficialmente pode ficar com a impressão de que João repete sempre a mesma coisa. Lendo com mais atenção, você perceberá que não se trata de repetição. O autor do Quarto Evangelho tem um jeito próprio de repetir o mesmo assunto, mas num nível cada vez mais alto ou mais profundo. Parece uma escada em caracol. Girando você volta ao mesmo lugar, mas num nível mais alto ou mais profundo.
João 6,30-33: Que sinal realizas para que possamos crer? O povo tinha perguntado: O que devemos fazer para realizar a obra de Deus? Jesus respondeu: “A obra de Deus é acreditar naquele que ele enviou”, isto é, crer em Jesus. Por isso o povo formula nova pergunta: “Que sinal realizas, para que possamos ver e crer em ti? Qual é a tua obra?” Isto significa que eles não entenderam a multiplicação dos pães como um sinal da parte de Deus para legitimar Jesus junto ao povo como o enviado de Deus! E eles continuam argumentando: No passado, nossos pais comeram o maná que foi dado por Moisés! Eles o chamavam de “pão do céu” (Sb 16,20), ou seja, “pão de Deus”. Moisés continua sendo o grande líder, no qual acreditam. Se Jesus quer que o povo acredite nele, deve fazer um sinal maior que o de Moisés. “Qual a tua obra?”
Jesus responde que o pão dado por Moisés não era o pão verdadeiro do céu. Veio do alto, sim, mas não era o pão de Deus, pois não garantiu a vida para ninguém. Todos eles morreram no deserto (Jo 6,49). O pão do céu verdadeiro, o pão de Deus, é aquele que vence a morte e traz vida! É aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. É o próprio Jesus! Jesus tenta ajudar o povo a se libertar dos esquemas do passado. Para ele, fidelidade ao passado não significa fechar-se nas coisas de antigamente e recusar a renovação. Fidelidade ao passado é aceitar o novo que chega como fruto da semente plantada no passado.
João 6,34-35: Senhor, dá-nos sempre desse pão! Jesus responde claramente: "Eu sou o pão da vida!" Comer o pão do céu é o mesmo que crer em Jesus e aceitar o caminho que ele ensinou, a saber: "O meu alimento é fazer a vontade do Pai que está no céu!" (Jo 4,34). Este é o alimento verdadeiro que sustenta a pessoa, dá rumo e traz vida nova. Este último versículo do evangelho de hoje (Jo 6,35) será retomado como primeiro versículo do evangelho de amanhã (Jo 6,35-40).
4) Para um confronto pessoal
1) Fome de pão, fome de Deus. Qual dos dois predomina em mim?
2) Jesus disse: “Eu sou o pão da vida”. Ele mata a fome e a sede. Qual a experiência que tenho neste ponto?
5) Oração final
Inclina para mim teu ouvido, vem depressa livrar-me. Sê para mim o rochedo que me acolhe, refúgio seguro, para a minha salvação. Pois tu és minha rocha e meu baluarte, pelo teu nome me diriges e me guias. (Sl 30, 3-4)
Existe salvação fora do extremismo religioso? Talvez não
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Principal nome entre pastores antibolsonaristas, Ed Rene Kivitz sobe o tom e parte para o ataque
O pastor batista Ed René Kivitz, crítico dos apoiadores de Bolsonaro e do fundamentalismo cristão - Danilo Verpa/Folhapress
Antropólogo, autor de "Povo de Deus" (Geração 2020), criador do Observatório Evangélico e sócio da consultoria Nosotros
O pastor batista Ed Rene Kivitz é uma pedra no sapato do bolsonarismo evangélico. Ele é ao mesmo tempo um erudito, capaz de debater qualquer tema à luz da Bíblia e em alto nível, e um polemista. "Quem não incomoda, não faz a diferença", ele argumenta. Qual papel, então, está reservado a ele neste momento em que o campo evangélico flerta com o extremismo de direita?
Ed é o nome mais conhecido entre pastores que rejeitaram publicamente o bolsonarismo. Ele é um comunicador carismático e mantém um decoro ético que pastores progressistas e de esquerda muitas vezes não têm.
Ideologicamente, ele é ligado à Teologia da Missão Integral que, assim como a Teologia da Libertação, associa o cristianismo à militância social. E sem ter se pentecostalizado, ele conduz cultos exuberantes do ponto de vista estético, principalmente pelo uso da música acompanhando cultos. Esses componentes o tornaram uma liderança com influencia nacional: ele tem hoje 400 mil seguidores no Instagram e mais 263 mil no YouTube.
Ed influencia o campo evangélico mesmo somando apenas uma fração da audiência de pastores bolsonaristas como Claudio Duarte. Sua comunidade de fé, a Igreja Batista da Água Branca (Ibab), atua na formação de pastores e, mais recentemente, ela se tornou a principal alternativa a oferecer cultos online para desigrejados descontentes com a politização excessiva de suas igrejas.
Além disso, Ed decidiu se expor mais falando sobre política. Ele manteve uma posição conciliadora no debate público mesmo depois de ser violentamente cancelado em um ataque de pastores fundamentalistas e de ser excluído da Ordem dos Pastores Batistas.
Mas nas últimas duas semanas ele mudou de estratégia e abandonou a neutralidade: declarou que não tinha a obrigação de ser imparcial com racistas, fascistas e golpistas, que não convidaria lideranças como o deputado Nikolas Ferreira para pregar na Ibab, e dissecou criticamente a Teologia do Domínio que inspira o discurso de pastores bolsonaristas.
Somando prós e contras, Ed Rene continuará a influenciar o debate político entre religiosos, mas de forma modesta. Novos ataques devem levar um intelectual como ele a se posicionar cada vez mais próximo do campo progressista. Ao fazer isso, ele será celebrado por artistas e influenciadores de esquerda, como acontece com o pastor Henrique Vieira. Mas suas falas, que já não chegam à massa pentecostal, continuarão afastando os evangélicos moderados, que rejeitam a instrumentalização de suas igrejas, mas não querem relativizar a pauta de costumes.
E assim o pensamento fundamentalista continuará atuando para descreditar e isolar quem, no campo evangélico, se contrapuser a ele. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
EM RITUAL INÉDITO NO PAÍS, DOM LEOMAR BRUSTOLIN CONFERE O MINISTÉRIO DE CATEQUISTA A GRUPO DE 19 CATEQUISTAS
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Neste sábado, 13 de abril de 2024, o arcebispo de Santa Maria, presidente da Comissão Episcopal Bíblico-Catequética da CNBB, dom Leomar Brustolin, presidiu a Celebração de Instituição do Ministério do Catequista, durante a 61ª Assembleia Geral da CNBB. A celebração foi a primeira missa no Brasil na qual foram instituídos no ministério 19 catequistas representando todos os regionais da CNBB.
Dom Leomar em sua homilia apresentou a importância do ministério do Catequista na atualidade e seu papel fundamental para a propagação da Palavra de Deus. Durante a reflexão, ele destacou a necessidade de fortalecer o anúncio do Evangelho e o acompanhamento das pessoas na comunidade cristã, citando a exortação apostólica Evangelii Gaudium do Papa Francisco. Ele ressaltou a importância de reconhecer a presença de Jesus em meio às adversidades da vida, fazendo referência ao relato bíblico da travessia do Mar da Galileia.
Ainda na homilia, também, enfatizou o papel fundamental dos catequistas na evangelização, mencionando a instituição desse ministério pelo Papa Francisco através do Motu próprio Antiquum Ministerium. Dom Leomar expressou sua gratidão aos 19 catequistas presentes na celebração, representantes dos 19 regionais da CNBB e reconheceu a diversidade de contextos em que atuam, desde comunidades indígenas até o trabalho com pessoas com deficiência.
Por fim, o bispo convidou os novos catequistas a rezar pelos que os convidaram para esse ministério, suas famílias e suas comunidades de origem. Ele os encorajou a seguir firmes em sua vocação, confiando na presença constante do Senhor em suas vidas. Durante a Celebração os catequistas escolhidos receberam símbolos que expressam a caminhada para a vida de Ministros da Catequese.
Símbolos entregues durante o ritual
A Cruz
Para o catequista, a cruz representa não apenas um símbolo de fé, mas também um profundo compromisso com a missão de transmitir os ensinamentos de Cristo. A cruz é um lembrete constante do sacrifício supremo de Jesus e do amor redentor que ele demonstrou por toda a humanidade.
Para o catequista, carregar a cruz significa seguir o exemplo de Cristo, dedicando-se ao serviço aos outros, à educação na fé e ao testemunho do Evangelho. Assim, a cruz na vida do catequista é um símbolo de renúncia pessoal, de entrega total a Deus e de uma jornada de fé e serviço ao próximo.
A Bíblia
A Bíblia é mais do que um livro sagrado; é uma fonte inesgotável de sabedoria, inspiração e orientação. Ela não apenas instrui sobre a fé e os ensinamentos cristãos, mas também nutre e fortalece a sua própria jornada espiritual. A Bíblia é o mapa que guia o catequista em sua missão de transmitir os ensinamentos de Cristo aos outros, servindo como um manual vivo de amor, compaixão e justiça. Ao mergulhar nas palavras sagradas, o catequista encontra respostas para as perguntas mais profundas da vida e descobre uma fonte de esperança e consolo em tempos de desafio. Assim, a Bíblia se torna não apenas um livro, mas um companheiro essencial em sua caminhada de fé e serviço.
A celebração foi um momento fecundo para os novos ministros da catequese. Todos sentiram-se abençoados sabendo do significado que é receber este Ministério como um serviço e de grande responsabilidade, que se traduz em amor a igreja e missão.
Testemunhos:
Para Maria Lúcia Pagliari Maciel, da diocese de Umuarama (PR), representando a CNBB Sul 2: “a catequese é permanente e tudo que o que eu rezo, falo e prego é aquilo que eu vivo. Vivo a catequese com a vida. Cristo vive e permanece em nós! As pessoas precisam sentir Jesus no seu olhar, na sua fala e no seu viver de cada dia.”
Flávio Souza dos Santos, da diocese de Eunápolis (BA) representante da CNBB Nordeste 3 diz que “a instituição recebida representa o coroamento dessa caminhada de evangelização que realizamos através do serviço à Catequese, levando as pessoas ao mergulho no grande mistério do encontro e do conhecimento de Jesus Cristo.”
A representante do Leste 2, da arquidiocese de Mariana (MG), Sueli de Fátima da Silva expressa que esse momento “foi o reavivamento e fortalecimento da vocação. Catequese é vocação, é dom Deus! O compromisso com o Reino de Deus e fazer com que Jesus Cristo se torne cada dia mais conhecido.”
“Como Ministra da Catequese estou sentindo a graça de viver este dom. E receber a Cruz, me parece muito pesada, mas seu propósito foi por amor, amor por mim, amor a Deus… Receber a Palavra de Deus, também tem um grande peso, pois traz consigo experiências de uma verdadeira Fé e um verdadeiro Testemunho. Mas o Senhor me chamou e eu respondi: Eis me aqui… Toma-me Senhor segundo Teu propósito”, são as palavras de Anamar Ferreira Arrais Silva, da diocese de Goiás, representante da CNBB Centro-Oeste.
Com colaboração de Jaison Alves (Sul 4) | Comunicação 61ª AG CNBB. Fonte: www.cnbb.org.br
Que fazem os bispos na assembleia da CNBB?
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Que fazem os bispos na assembleia da CNBB?
A Igreja é servida e conduzida, em cada diocese, pelo seu bispo próprio, unido ao papa, e no Brasil inteiro, pelo conjunto dos bispos, unidos na Conferência Episcopal
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), seguindo uma praxe consolidada, realiza sua assembleia anual no período pascal. Desta vez, ela ocorre em Aparecida, junto do Santuário da Padroeira do Brasil, de 10 a 19 de abril. Na pauta constam abundantes momentos de oração, relatórios, prestações de contas, reflexões sobre a realidade da Igreja e do povo brasileiro, partilha fraterna entre os bispos e muito diálogo entre eles. Também sempre se faz um dia de retiro espiritual, que, desta vez, foi pregado pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado da Santa Sé.
A Igreja Católica Apostólica Romana possui atualmente, no Brasil, 279 circunscrições eclesiásticas, entre dioceses, prelazias e eparquias de ritos católicos orientais, com 484 bispos, dos quais 317 estão em função e 167 são eméritos (aposentados). Também participam da assembleia cinco bispos de recente nomeação, ainda não ordenados, além de alguns administradores diocesanos sacerdotes, que cuidam de dioceses vacantes, enquanto estas esperam a nomeação de seus bispos próprios.
O assunto principal da assembleia são as atuais diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja, no contexto da realidade eclesial, cultural e social brasileira e à luz do sínodo universal, que ocorre em Roma, convocado pelo papa Francisco. As diretrizes gerais da CNBB são rediscutidas a cada quatro anos, para receber novos enfoques sobre a vida e a ação da Igreja em nosso país. No essencial, contudo, as diretrizes orientam-se pela perene e sempre atual missão que Jesus conferiu aos apóstolos e seus sucessores: “Proclamar e testemunhar o Evangelho a toda criatura” (cf. Mc 16.15).
Outro tema saliente na pauta desta assembleia-geral da CNBB é o sínodo sobre “a Igreja sinodal, em comunhão, participação e missão”. Embora ainda deva ocorrer a segunda parte da assembleia sinodal, em outubro deste ano, o episcopado já reflete sobre o significado e as implicações deste sínodo universal, que deverá contribuir muito para uma profunda renovação da Igreja a partir de dentro dela mesma. Como não poderia deixar de ser, também o Jubileu de 2025 será tema de reflexão e orientação durante a assembleia. A cada 25 anos, a Igreja é convocada pelo papa a celebrar um ano Santo, ou Jubileu, para dar graças a Deus e se renovar em sua vida e missão.
Como se trata da assembleia formal de um organismo, é compreensível que também haja a apresentação de relatórios e prestações de contas. Dedica-se um bom espaço à reflexão sobre a situação social, política e religiosa do Brasil. De fato, os bispos exercem sua missão pastoral em contextos humanos concretos, que os desafiam, estimulam e também angustiam no cumprimento de sua missão de pastores do povo de Deus. Em particular, a situação religiosa, à luz do mais recente Censo, está sendo atentamente analisada e refletida pelos bispos, ajudados por peritos e estudiosos dos fenômenos sociais, culturais e religiosos.
Cada bispo é o responsável imediato pela vida cristã e a missão eclesial em sua diocese. Ajudado pelo seu clero, religiosos e leigos, ele procura dar conta do anúncio do Evangelho, da condução do povo na fé, da celebração dos sacramentos e da animação da caridade de todos para com todos, especialmente para com os pobres e mais necessitados. Porém eles não atuam de maneira isolada, sem estarem em comunhão com os demais bispos e com o papa. O bispo é nomeado pelo papa, que confere legitimidade à sua condição de membro do “colégio episcopal” e lhe dá uma missão específica na Igreja. Além de cuidarem da própria diocese, os bispos também devem preocupar-se com o bem da Igreja inteira. As Conferências Episcopais, que são organismos colegiados do episcopado, estão a serviço da solicitude de cada bispo por sua igreja particular e por toda a Igreja. Por isso, a situação da vida do povo e a preocupação missionária estão sempre presentes nas assembleias da CNBB.
Um dos temas tratados nesta assembleia é o Pontifício Colégio Pio Brasileiro, de Roma. Essa instituição, fundada pelo papa Pio XI há 90 anos, está a serviço da Igreja no Brasil e oferece às dioceses a possibilidade de enviar padres para realizarem estudos eclesiásticos aprofundados nas Universidades Pontifícias de Roma. O benefício é da Igreja do Brasil inteiro. Há pouco mais de uma década, a direção e a manutenção deste colégio passaram à responsabilidade da CNBB. Trata-se de um esforço conjunto para beneficiar dioceses de todo o Brasil.
As Conferências Episcopais, sempre aprovadas e constituídas pelo papa, são uma forma concreta de exercício da colegialidade episcopal, quer em assuntos pastorais, quer em assuntos doutrinais. Elas são regradas pelo Direito Canônico e pelo estatuto próprio de cada uma, aprovado pela Santa Sé. Em palavras breves, a Igreja Católica no Brasil é servida e conduzida, em cada diocese, pelo seu bispo próprio, unido ao papa, e no Brasil inteiro, pelo conjunto dos bispos, unidos na Conferência Episcopal.
*É CARDEAL-ARCEBISPO DE SÃO PAULO Fonte: https://www.estadao.com.br
Padre é preso com armas dentro de carro da diocese de Caruaru, em Campina Grande
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Padre foi preso com uma pistola de uso restrito, um revólver calibre 38, 49 munições, dois rádios comunicadores e uma câmera portátil.
Padre é preso com armas e munições em Campina Grande — Foto: Reprodução/TV Paraíba
Por g1 PB
Um padre foi preso, nesta quinta-feira (11), suspeito de porte ilegal de armas. De acordo com apuração da TV Paraíba, o suspeito estava em um carro da diocese, quando foi parado em uma blitz da Companhia de Policiamento de Trânsito (CPTran), que identificou que o padre estava com munições e duas armas, sendo uma delas de uso restrito.
Ainda segundo informações da TV Paraíba, o padre foi preso com um revólver calibre 38, uma pistola .40 de uso restrito, 49 munições, dois rádios comunicadores e uma câmera portátil. A pistola está registrada no nome de um policial militar de Pernambuco, e a polícia ainda não identificou se o revólver está registrado.
De acordo com a defesa do padre, ele é um homem íntegro, sem passagens pela polícia. As armas pertenciam a um conhecido dele, que tem porte, e que acabou deixando o material no carro do padre. A defesa também informou que tudo será esclarecido no processo.
O padre é vinculado à Diocese de Caruaru. O g1 entrou em contato com a Secretaria de Cúria do município pernambucano, que informou que já está ciente do ocorrido, mas não afirmou se vai tomar medidas internas contra o religioso. Fonte: https://g1.globo.com
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