Pelo que sabemos, o primeiro núcleo da Ordem Terceira do Carmo surgiu em Lisboa, na Igreja de Santa Maria dos Carmelitas, em 28 de novembro de 1629, como sugere um letreiro na primitiva capela do convento. A expansão dos terceiros está intimamente ligada à entranhada devoção mariana do povo português, particularmente no que se refere ao Escapulário do Carmo.

O organizador da Ordem terceira lusitana foi frei Pedro de Melo (+1635), que publicou a primeira Regra dos Terceiros em língua portuguesa (1630), contido num devocionário destinado a eles, obra que, infelizmente, se perdeu. Provavelmente frei Pedro deixou se orientar pela Regra de Terceiros do Prior-geral da Ordem, Teodoro Straccio, oficialmente publicada somente em 1637. Interessante notar que uma das fontes do livro de Straccio foi precisamente um tratado composto por frei João Silveira (1592-1687), por ordem do provincial de Portugal. Diversas foram as Regras para Terceiros publicadas em anos posteriores. Destacamos a de frei José de Jesus Maria, no seu Tesouro Carmelitano, cuja primeira edição é de 1705. Teve grande influência em todo o território lusitano e suas colônias. Conserva os votos, mas no final da Regra, ao tratar das obrigações, não faz mais menção dos votos! Tudo que a Regra contém — diz frei José de Jesus Maria — são conselhos e diretrizes para facilitar o caminho da salvação. O texto de frei Miguel de Azevedo (+1811), editado em Lisboa, no ano de 1778, consagra uma outra concepção dos votos de Terceiros. São considerados simples propósitos que não implicam nenhuma obrigação moral. Influenciou fortemente a vida da Ordem terceira, tanto em Portugal quanto no Brasil.

Notamos, assim, uma significativa evolução da Ordem terceira do Carmo: de uma associação só para mulheres, com voto expresso de ‘castidade perfeita’, chega-se a uma associação com voto de castidade ‘segundo o próprio estado’. Por volta de 1600 vemos surgir o que será chamada depois de ‘Ordem Terceira Secular do Carmo’, isto é, uma associação de fiéis que vivem no mundo e que, sob a obediência da Ordem do Carmo e segundo o seu espírito, se esforçam por alcançar a perfeição cristã pela observância da Regra terceira. O fim principal, portanto, é ‘uma vida mais perfeita, segundo o ideal carmelitano’, ou seja, união íntima com Deus pelo espírito de oração e uma terna devoção à Virgem Puríssima do Carmo. Semelhante estilo de vida deve contribuir para promover, no próprio ambiente em que vive o terceiro, o bem da Igreja e a salvação das almas.

Foi a Ordem Terceira que, em Portugal, manteve viva a devoção de Nossa Senhora do Carmo e o culto ao Santo Condestável durante a supressão da Primeira Ordem em terras lusitanas.

Jacobus Gerardus Hubertus Mesters, 88 anos, nasceu na Holanda, no dia 20 de outubro de 1931. Foi este o nome que recebeu na pia batismal.  Vinte anos mais tarde, ao receber o hábito da Ordem Carrnelita, já no Brasil, foi rebatizado de Carlos: Frei Carlos Mesters, O. Carm.

Aos 17 anos, o jovem Jacobus Mesters escolheu o Brasil como campo de sua futura atividade missionária.  No dia 6 de janeiro de 1949, festa dos Santos Reis, ele e seu amigo Dom Frei Vital Wilderink, O. Carm, (In Memoriam) tomaram o navio rumo ao Brasil. Foram duas semanas entre o céu e o mar. No dia 20 de janeiro, o navio lançou âncoras no porto do Rio de Janeiro. Era a festa do padroeiro da cidade, São Sebastião. 

Terminado o noviciado, fez a profissão religiosa no dia 22 de janeiro de 1952.  Cursou a Filosofia em São Paulo e foi fazer a Teologia em Roma, no Colégio Internacional Santo Alberto, em 1954.  Foi consagrado presbítero no dia 7 de julho de 1957 com mais dois estudantes carmelitas; Frei Dom Vital Wilderink, O. Carm, (In Memoriam) e Frei Paulo Gullarte, O. Carm

Formou-se em Teologia no Angelicum, Faculdade Teológica dos dominicanos, em 1958. Em ciências bíblicas, formou-se primeiro, no Institutum Biblicum dirigido pelos jesuítas em Roma e, depois, na Escola Bíblica de Jerusalém, dos dominicanos.  Em 1962, voltou a Roma para defender tese junto à Pontifícia Comissão Bíblica. Em 1963, de volta ao Brasil, foi nomeado professor no Curso Teológico dos Carmelitas, em São Paulo. 

Em 1967, foi convocado para dar aulas no Colégio Internacional Santo Alberto, em Roma.
É claro que este "brasileiro" não podia se conformar em ficar longe do Brasil. Em 1968, deu por encerrada sua colaboração em Roma e voltou, sendo transferido para Belo Horizonte (MG), onde o Convento do Carmo se destacava como um centro de irradiação, um lugar de acolhimento e um ponto de referência, naqueles tempos convulsos.

Foi chamado para lecionar no Instituto Central de Teologia e Filosofia da Universidade Católica, que vivia uma fase de grande efervescência.  Aliás, todo o mundo estudantil, em Belo Horizonte, estava em febre alta.  Frei Carlos e seus companheiros participavam ativamente dos movimentos de resistência ao regime militar que se exacerbava.

No começo dos anos 70, época da ditadura, foi respondendo a muitos pedidos de cursos de Bíblia tanto nas paróquias carmelitas como em outras dioceses, a exemplo de Volta Redonda/RJ, Crateús/CE, Santos/SP, Valença/RJ, Itaguaí/RJ Duque de Caxias/RJ Fortaleza/CE, Recife/PE, etc.

Em 1977 foi mestre de noviços em Angra dos Reis. Em 1982, junto com frei Antônio Muniz ajudou na criação do Noviciado comum em Camocim. A partir de 1987 junto com outros carmelitas, ajudou a criar o INTERCAB CARMEITANO. Ele também foi Conselheiro Geral da Ordem do Carmo.

A semente do CEBI- Centro de Estudos Ecumênicos Bíblicos- foi lançada a semente em Angra dos Reis e oficialmente instalado no dia 20 de Julho de 1979, festa do Profeta Elias. Deu muitos cursos para ajudar na implantação e crescimento do CEBI. No encontro da CNBB em Goiânia, com mais de 450 pessoas do Brasil inteiro, quando foi mencionado o CEBI, houve um aplauso espontâneo da Assembleia. Em 1979 foi semeada regionalmente no Nordeste, no Centro-Oeste e no Sul.

Em 1988 o Jornal Estadão publicou- com estardalhaço- um longo artigo feito de ataques contra Carlos Mesters e o CEBI, foi grande a repercussão.  Repórteres de jornais e revistas iam ao CEBI ou telefonavam, à cata de informações e queriam marcar entrevistas com Frei Carlos. Na falta de notícia, publicavam especulações sobre supostos processos em andamento no Vaticano. Frei Carlos se esquivou da imprensa, mas preparou uma resposta contundente a todas as acusações para distribuir aos amigos e interessados. Fonte: http://mesters80anos.blogspot.com (Com atualização do Olhar Jornalístico neste dia 24 de julho-2018). www.olharjornalistico.com.br

FAIXAS

1- Tempo do Carmelo

2- Ressurreição

(1 Coríntios 15)

3- A Saga do Profeta Elias

 (1º Reis 17-22; 2º Reis 1, 1-2)

4- Agradecer

5- O Silêncio no Carmelo

6- A Cruz de Jesus

7- A Missão do Frei Petrônio

8- Santidade

9- Caracacá

10- Venha para o Carmelo

11- Uma prece

12- Levanta Elias

13- Eu vou votar

14- Monte Carmelo

15- Tempo do Carmelo

(Em espanhol)

16- Levanta Elias

(Em Inglês)

17-Consagração da Casa a Nossa Senhora do Carmo. 

Imagens da Missa Solene no dia de Santo Elias- Pai e Guia do Carmelo- na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 20 de julho-2018.

A intervenção constante da Palavra de Deus obriga o profeta Elias a sair do lugar onde se encontra para o lugar onde Deus o quer: "Vai-te daqui!"(1R 17,2; cfr 1R 17,9; 18, 1.12.46; 19,7.11.15; 21,18; 2 R 1,3.15; 2,2.3.4.5.6.11). Elias deve caminhar. E invariavelmente a resposta é esta: "E Elias partiu e fez como Javé tinha mandado!"(1R 17,5; cfr 1R 17,10; 18,2.15; 19,8.13.19; 2R 1,4.15; 2,2.4.6). A Tradição Eliana da Ordem retomou esta ideia do ca­minho e começou a insistir no itinerário místico ou espi­ritual, realizado pelo profeta. Ela apresenta Elias como mode­lo do caminho que o carmelita deve percorrer para realizar o ideal do Evangelho tal como este está expresso na Regra.

Desde que se abriu à ação da Palavra, a vida de Elias é só movimento. Já não pode parar. Deve andar sempre. Sair de um lugar para outro:

* para a torrente de Karit(1 R 17,3),

* para Sarepta na Sidônia(1 R 17,9),

* para encontrar o rei Acab no Carmelo(1 R 18,1),

* para ir na frente do rei até Yisrael(1 R 18,46),

* para o Monte Horeb. (1 R 19,8),

* para continuar a missão e ungir Eliseu(1 R 19,15-16),

* para denunciar o rei na vinha de Nabot. (1 R 21,17-19),

* para Betel(2 R 2,2),

* para Jericó (2 R 2,4),

* para o Jordão(2 R 2,6).

Ele já não se pertence. Sua vida tornou-se uma despedida contínua. Um peregrinar constante em busca do que Deus queria dele. Elias viveu em estado permanente de êxodo! No fim, ele é arrebatado (2 R 2,11). Como tal, ele já era conhecido pelo povo: alguém totalmente disponível que, a cada momento, podia ser levado pelo Espírito para realizar a obra de Deus (1 R 18,12).

De um lado, a Palavra, que atinge Elias em todos os momentos da sua vida, tanto de clareza, de coragem e de decisão, como de confusão, de desânimo e de desencontro. De outro lado, o próprio Elias, que se abre, para que a Palavra tome conta dele e o leve por caminhos dos quais ele mesmo nem sempre conhece o trajeto nem percebe o alcance.

O caminhar de Elias não é só geográfico, mas atinge todos os níveis da vida: o nível pessoal e comunitário; o nível das instituições tanto econômicas e sociais, como políticas e religiosas; o nível da cultura e dos valores básicos da vida. A palavra que o chama e convoca inicia nele e através dele um processo de mudança e de transformação que abrange tudo e que continua até hoje.

A idéia do caminho, presente tanto na Bíblia como na Tradição Carmelitana, é capaz de inspirar nossa vida hoje. A situação de onde Elias devia partir era uma situação de crise, tanto econômica social e política, como ideológica, cultural e religiosa. Ora, foi exatamente neste momento de crise aguda que a Palavra de Deus se fêz presente na vida do povo, chamando Elias:

"Saia daqui, dirija-se para o oriente e esconda-se junto ao córrego Karit,

que fica a leste do Jordão. Você poderá beber água do córrego.

Eu ordenei aos corvos que levem comida para você"

(1 R 17,3-4).

É dificil reconstruir a cronologia exata da caminhada de Elias. Também não é tão importante para o nosso objetivo. As histórias de Elias não eram usadas como relatórios de viagens, mas sim como símbolo e paradigma do itinerário místico do carmelita. Sete pontos merecem atenção. Sete janelas, sete espelhos.

  1. Elias, o homem do deserto

A experiência do deserto marcou a caminhada de Elias. Ele enfrentou o deserto de Karit(1 R 17,5), o deserto de Beersheba(1 R 19, 4), o deserto de Horeb(1 R 19,8). Deserto, não só como lugar geográfico, mas também como experiência interior. Elias teve momentos de não saber, de estar perdido, de ter medo, de achar que tudo estava terminado, de querer fugir e morrer, de pensar só em comer e dormir.

O deserto interior manifestou-se sobretudo no fato de ele procurar a presença de Deus nos sinais tra­dicionais (terremoto, vento, fogo) e de descobrir que estes sinais já não revelavam mais nada a respeito de Deus. Eram lâmpadas que já não acendiam. Quem o procurasse por aí, já não o encontraria(1 R 19,11-12).

O deserto era também o lugar da origem do povo, da volta às fontes em época de crise, onde se recuperavam a memória e a identidade; o lugar para onde o povo escapou para a liberdade, onde morreram os restos da ideologia do faraó, e onde o povo se reorganizou; o lugar da longa caminhada, quarenta anos, onde morreu uma geração inteira; o lugar do murmúrio, da luta, da tentação e da queda; o lugar do namoro, do noivado, da experiência de Deus, da oração. O deserto fez Elias se reaproximar da origem do povo. Os 40 dias lembram os 40 anos.

No deserto Elias experimentou os seus próprios limites. Não chegou a perder a fé, mas já não sabia como usar a fé antiga para enfrentar a situação nova. Foi o momento de viver e sofrer a crise do próprio povo. Por isso mesmo, ao superar a sua crise pessoal e ao reencontrar a presença da Deus para si mesmo, ele estava redescobrindo o sentido de Deus para a vida do povo.

A experiência do deserto marcou para sempre a vida dos primeiros eremitas do Monte Carmelo. Saindo da Palestina, levaram o deserto consigo, dentro de si. Vivendo na Europa, reencontraram o deserto, não na vida regular dos grandes mosteiros independentes e autosuficientes, longe das cidades, mas sim na vida pobre dos Mendicantes.

  1. Elias, o homem da brisa leve

Atravessando o deserto de Beersheba, Elias entrou no deserto da montanha de Deus, o Horeb(1 R 19,8). Lá ele ouviu a pergunta: "Elias, que fazes aqui?" E ele respondeu, por duas vezes:

"O zelo por Javé dos exércitos me consome,

porque os israelitas abandonaram tua aliança,

derrubaram teus altares e mataram teus profetas.

Sobrei somente eu, e eles querem me matar também"

(1 R 19,10.14).

Existe uma contradição entre a resposta e a realidade vivida, entre o discurso e a prática de Elias. Conforme o discurso ele é o único que sobrou; mas havia sete mil(1 R 19,18). Conforme o discurso ele está cheio de zelo; mas a prática mostra um homem medroso que foge(1 R 19, 3). Conforme o discurso ele sabe analisar o fracasso da nação; mas na prática não sabe analisar o seu próprio fracasso. Elias não se dá conta de que a situação de derrota e de morte em que se encontra é o lugar onde Deus o atinge, pois não percebe a presença do anjo que o orienta. Ele só pensa em comer e dormir(1 R 19,6)

O olhar de Elias está perturbado por algum defeito que o impede de perceber a realidade tal como ela é: ele se considera dono da luta contra Baal (e não é); acha que sem ele tudo estará perdido (e não esta­rá); pensa que Deus sai perdendo caso ele, Elias, for derrotado (e Deus não sai perdendo). Qual o defeito nos olhos de Elias? Qual o defeito em nossos olhos hoje? A resposta está na história da Brisa Leve.

A expressão "Brisa Leva" traduz o hebraico: “qôl demamáh daqqáh”. Literalmente: “voz de calmaria suave”. A palavra hebraica, demamáh, usada para indicar a calmaria vem de uma raiz, DMH, que signi­fi­ca parar, ficar imóvel, emudecer. A brisa leve indica algo, um fato, que, de repente, faz emudecer, faz a pessoa ficar calada, cria nela um vazio e, assim, a dispõe para escutar; provoca nela uma expectativa.

A "Brisa Leve" não deve ser entendida no sentido romântico de uma brisa suave no fim da tarde, mas sim no sentido de algo que, de repen- te, fez desintegrar tudo que Elias pensava e vivia até àquele momento. Ela indica o impacto de algum fato que o obrigou a uma mudança radical e o levou a uma visão totalmente nova das coisas. É como diz a poesia:

"Diante da vida do povo sofrido, a gente não fala, só sabe calar.

Esquece as idéias do povo sabido, e fica humilde, começa a pensar".

Qual foi a "brisa leve" que provocou tudo isto na vida de Elias? O texto não o diz expressamente, mas sugere que foi a descoberta dolorosa de que Javé, o Deus de Israel, já não estava nem no vento, nem no terremoto, nem no raio! (Os sinais tradicionais da manifestação de Deus). Deus já não era como ele, Elias, o imaginava. Elias descobriu que, apesar de toda a sua fidelidade e luta pela causa de Javé, ele estava lutando por algo que já não era a causa de Javé!

Deus se fez presente na ausência! A luz apareceu na escuridão! A voz de calmaria suave era o silêncio de todas as vozes! Elias descobriu que ele estava errado. E descobrindo que estava errado, descobriu coisa certa! A "Brisa Leve" é a noite escura da experiência mística; é o sair de si para se encontrar. Ela derrubou tudo e abriu o espaço para uma nova experiência de Deus que, aos poucos, foi penetrando na vida de Elias e o levou a redescobrir sua missão na reconstrução da Aliança.

*FOCAL- IV. MIRAFLORES- LIMA PERU (1 a 15 de agosto de 1998)

No momento de aceitar a Palavra de Deus, Elias deixa o conflito entrar em sua vida. O conflito nasce de dupla fonte: da situação geral de infidelidade à Palavra de Deus e da vontade de Elias de ser fiel a esta Palavra que o chama a sair da situação.

São muitos e variados os conflitos que envolvem a vida de Elias. Eis alguns deles:

  1. Conflito com o rei, anunciando a seca. (1 R 17,1)
  2. Conflito com a situação, rompendo com ela e saindo para o Karit e para Sarepta. (1 R 17,2.9).
  1. Conflito com a viúva, pedindo que partilhe o pão. (1 R 17,10s) e pela morte do filho. (1 R 17,18).
  1. Conflito com Abdias, o empregado do rei, enviando-o para junto do rei. (1 R 18,9-14).
  1. Conflito com o rei e a rainha, enfrentando o seu sistema no Monte Carmelo. (1 R 18,16-19) e na vinha de Nabot (1 R 21,17-19), e matando os profetas de Baal (1 R 18,40).
  1. Conflito com o povo, exigindo desafiando-o a escolher o Deus verdadeiro. (1 R 18,20-24)
  1. Conflito com os 450 profetas de Baal, desafiando-os para o julgamento. (1 R 18,25-29).
  1. Conflito consigo mesmo, pois não encontra Deus no vento, no fogo e no terremoto. (1R 19,11s).
  2. Conflito com Deus, queixando-se de estar perdido, sem saber como continuar a luta. (1 R 19,4).
  3. Conflito com os militares que o desafiam a descer da montanha a pedido do rei. (2 R 1,9.11).
  1. Conflito com Eliseu ao chamá-lo (1R 18,19s) e não permitir que caminhe com ele (2R 2, 2.4.6).

Elias vive em confito permanente, provoca conflitos e envolve outros no conflito. Todos estes conflitos são expressão e manifestação do grande conflito básico: caminhar do lugar onde está para o lugar onde Deus o quer.

*FOCAL- IV. MIRAFLORES- LIMA PERU ( 1 a 15 de agosto de 1998)

Frei Egídio Palumbo O. Carm

             - O deserto como Caminho Pascoal. O Livro I da "Institutio" relê a experiência de Elias no deserto como Caminho Pascoal rumo ao amadurecimento do homem novo segundo o Espírito. O deserto, na realidade, é o lugar (ou situação), onde o Profeta vem deslocado do seu "Eu" enrolado dentro de si mesmo (= "viver segundo a carne"), para concentrar-se em Deus, conformar-se totalmente com a sua Palavra (=viver segundo o Espírito). Este descentralizar-se do seu "Eu" conduz o Profeta à experiência do Deus-Amor: "No  deserto o coração de Elias abrasava-se de amor ardente; na meditação inflamava-se no fogo do Divino Amor(...)". E permanecendo no amor de Deus, o Profeta é alimentado pela Divina Sabedoria, pela sua Palavra; entrega assim "o próprio sustento nas mãos de Deus", visto que procura "em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça" (cf. Mt 6,33).

            - A vida como doxologia: no Capítulo III afirma-se que Elias construiu no Carmelo uma "casa de oração", onde três vezes ao dia se reunia com os seus discípulos para rezar por meio dos salmos. No Capítulo V do Livro VI se diz que os monges do Carmelo eram chamados "profetas" porque salmodiavam: cantavam em louvor de Deus salmos e hinos, acompanhados por instrumentos musicais. Com o advento da Nova Lei, com a chegada de Cristo este  rito  de louvar a Deus com instrumentos  musicais  foi interiorizado, conforme as palavras de Ef 5,18-19.

            Não nos encontramos diante de uma declaração histórica, mas teológico-espiritual: viver como profetas significa fazer vibrar as cordas do Espírito através do nosso estilo de vida; significa fazer da nossa existência um perfeito louvor ao nosso Deus, um culto existencial (Rm 12,1).

            - Os olhos do místico: nos cc.1-4 do Livro VI se relê simbolicamente a página da Bíblia de 1Rs 18,41-44. Foi escrito que no Monte Carmelo - enquanto estava Elias prostrado em oração - Deus lhe tinha revelado o mistério da Encarnação do Verbo no seio da Virgem Maria (figurada pela "nuvenzinha" que sobe do "mar", símbolo da humanidade pecadora).

            A modalidade desta revelação vem descrita através da simbólica do olhar e da simbólica da história. Assim: o profeta envia o seu discípulo  (que  representa  a  comunidade  dos "discípulos de Elias") para olhar por sete vezes(= sete eras da história da salvação) em direção do mar (=humanidade pecadora): é o mesmo que dizer que a comunidade do Profeta Elias perscruta na história da humanidade o sinal da Encarnação do Verbo; tudo isto acontece num contexto de oração, de adoração. Elias está prostrado.

            Usando de uma linguagem diferente da nossa, o autor da "Institutio" quer  comunicar-nos  um  aspecto  profético  da experiência mística: olhar para a história com o olhar de Deus para descobrir aí dentro as "sementes do Verbo". Isto é possível se os nossos olhos forem iluminados pela luz da Palavra de Deus.

*0 CARMELO A SERVIÇO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO: Carisma,  Espiritualidade e Missão - apontamentos. - Fraternitá Carmelitana-  Pozzo di Gotto  -  1993. Tradução, Frei Pedro Caxito O.Carm. In Memoriam ( *31/12/1926  +02/09/ 2009 ).

Tical- da cidade de São Félix/BA- fiel da Igreja da Ordem Primeira do Carmo de Cachoeira-BA, fala sobre a sua devoção. REPORTAGEM: Olhar Jornalístico (Frei Petrônio de Miranda, O. Carm).

Frei Joseph Chalmers O. Carm.

Invocação

Pedimos a presença do Espírito Santo para que nossa oração esteja de acordo com a vontade de Deus.

Pai, envia teu Espírito Santo para iluminar meu coração a fim de que tua Palavra possa se tornar o centro de minha existência. O profeta Elias apareceu sem nenhuma apresentação para realizar tua vontade em tempos difíceis. Dá-me a sabedoria para conhecer tua vontade e a coragem para colocá-la em prática em todos os momentos de minha vida. Pai, faço esta humilde oração por Jesus Cristo, seu Filho amado, pelo poder do Espírito Santo. Amém.

Texto

Leia o texto atentamente pela primeira vez para compreender o sentido geral e para conhecer a história em detalhes.

1Rs 17,1   “Elias, tesbita, de Tesbi em Galaad, disse a Acab: ‘Pela vida de Iahweh, o Deus de Israel, a quem sirvo: não haverá nestes anos nem orvalho nem chuva, a não ser quando eu o ordenar’.

2 A palavra de Iahweh foi-lhe dirigida nestes termos:

3 ‘Vai-te daqui, retira-te para o oriente e esconde-te na torrente de Carit, que está a leste do Jordão.

4 Beberás da torrente e ordenei aos corvos que te dêem lá alimento’.

5 Elias partiu, pois, e fez como Iahweh ordenara, indo morar na torrente de Carit, a leste do Jordão.

6 Os corvos lhe traziam pão de manhã e carne à tarde, e ele bebi da torrente.”

Os textos bíblicos usados neste livro são tirados da Bíblia de Jerusalém, mas qualquer tradução pode ser usada. As palavras podem ser um pouco diferentes de acordo com a tradução, mas o sentido é o mesmo.

Os textos bíblicos usados neste livro são tirados da Bíblia de Jerusalém, mas qualquer tradução pode ser usada. As palavras podem ser um pouco diferentes de acordo com a tradução, mas o sentido será o mesmo.

Ler

Qual o significado desse texto? Para compreender do que se trata , é importante ler também alguns versículos anteriores que resumem a lei do Rei Acab. Assim entenderemos a razão para as palavras e ações do profeta.

1Rs 16,29-34:

Introdução ao reinado de Acab (874-853)

29 Acab, filho de Amri, tornou-se rei no trigésimo oitavo ano de Asa, rei de Judá, e reinou vinte e dois anos sobre Israel, em Samaria.

30 Acab, filho de Amri, fez o mal aos olhos de Iahweh, mais do que todos os seus antecessores.

31 Como se não lhe bastasse imitar os pecados de Jeroboão, filho de Nabat, desposou ainda Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios, e passou a servir Baal e adorá-lo;

32  erigiu-lhe um altar no templo de Baal, que construiu em Samaria.

33 Acab erigiu também um poste sagrado e cometeu ainda outros pecados, irritando Iahweh, Deus de Israel, mais que todos os reis de Israel que o precederam.

34 No seu tempo, Hiel de Betel reconstruiu Jericó, pelo preço de seu primogênito Abiram lançou-lhes os fundamentos e pelo preço de seu último filho Segub assentou-lhes as portas, conforme a predição que Iahweh fizera por intermédio de Josué, filho de Nun.”

O primeiro livro dos Reis faz parte de uma história maior. O interesse dessa história é explicar porque a monarquia não obteve êxito em Israel. De acordo com essa visão do autor dos textos sagrados, os reis de Israel não eram fiéis a Deus. A monarquia tentou transformar Iahweh num deus nacional a serviço do reino e de seus interesses. De acordo com o autor, o rei Acab, assim como seu pai, era um inimigo de Deus e da verdadeira religião.

A biografia de Elias, uma das fontes utilizadas pelo autor, deve ter começado com a apresentação do profeta. O autor dos livros dos Reis omite essa parte introdutória porque seu interesse é despertar a fé e não responder à curiosidade humana. Ele nos apresenta o profeta subitamente ao anunciar a longa seca ao rei Acab. Elias entrou em cena num momento crítico na luta contra o sincretismo religioso. Acab, rei de Israel, casou-se com Jezabel, a princesa de Tiro. A religião dela era o baalismo, que se baseava na idéia de que de alguma forma os seres humanos se relacionam e acalmam as forças misteriosas que os rodeiam. Eles faziam isso através de um ritual e esses poderes eram muitas vezes personificados e apresentados como deuses (baal). O rei Acab permitiu que Jezabel e seus servos continuassem a praticar sua religião em Israel. Construíram um templo dedicado a Baal em Samaria (1Rs 16,32). Salomão agiu da mesma forma com suas esposas estrangeiras (1Rs 11,1-8). No entanto, Jezabel era bem diferente das esposas de Salomão. Ela mantinha 450 profetas de Baal e 400 profetas de Aserá (o ídolo feminino) (1Rs 18,19). Havia muito mais profetas do que a rainha precisava para suas devoções pessoais e não há dúvida de que o trabalho desses profetas era a propagação de sua fé entre os israelitas. Jezabel estava decidida a substituir Iahweh por Baal e a livrar-se da religião tradicional de Israel.

Num determinado momento, Jezabel começou a perseguir os seguidores de Iahweh. Ela obteve sucesso no sentido de que a oposição foi forçada a esconder-se, mas um ódio profundo começa a se instaurar nos corações dos israelitas. Foi o profeta Elias quem cristalizou a oposição a Jezabel.

Então, Elias apareceu em cena sem qualquer apresentação anterior para proclamar o julgamento de Deus nessa situação de apostasia. Elias anunciou ao rei Acab o início de uma grande seca como punição divina por sua ligação obstinada ao culto de Baal. Talvez não fosse uma punição, mas um sinal de que era Deus e não Baal que providenciava a chuva, tão necessária para as colheitas e para a própria vida. Baal era o deus da fertilidade e da chuva de acordo com seus seguidores. Com o anúncio da seca, Elias proclamou que Iahweh era Deus em Israel e apenas Ele poderia garantir a chuva para o crescimento da colheita. Isso era o equivalente a uma declaração de guerra!

O nome Elias, que significa “Iahweh é meu Deus”, nos diz muito sobre ele. De acordo com o livro do Êxodo (20,3), Deus não admitirá outros deuses diante dele. Elias é fiel à antiga aliança com Iahweh, o Deus de Israel. O conceito de aliança que Deus fez com algumas pessoas (Noé, Abraão etc) e com todo o povo escolhido, é fundamental para a Bíblia. Uma aliança era um laço que unia Deus e seu povo. Por toda a Bíblia a frase que descreve a natureza da aliança é: “Tomar-vos-ei por meu povo, e serei o vosso Deus” (ex. Ex 6,7). Elias é o servo de Iahweh, o Deus que fez uma aliança com o povo de Israel. Deus é sempre fiel e exige fidelidade de seu povo.

Na mentalidade da época, a seca era interpretada como uma punição de Deus pelos pecados de infidelidade. Após a descrição do reinado de Acab com todos os seus pecados, Elias aparece para anunciar a seca como punição de Deus. Depois desse anúncio, Elias recebe a ordem de Deus para se dirigir ao leste, onde encontraria o suficiente para comer e beber. Parece que a vida do profeta está em perigo. Deus ordenou que os corvos alimentassem Elias. De acordo com a Bíblia, os corvos são criaturas impuras (Lv 11,15; Dt 14,14) e os bons israelitas não poderiam tocá-los. Alguns exegetas sugerem que a palavra “corvos” também poderia ser traduzida como “árabes”. Em hebraico não há muita diferença entre as palavras “árabes” e “corvos”. Sem dúvida, receber alimento de corvos é miraculoso, mas seria menos miraculoso se, em vez de corvos, os árabes alimentassem o profeta?

Refletir

Releia o texto de 1Rs 17,1-6.

O que Deus quer nos dizer nesse momento através do texto? Para ajudar nossa reflexão e a aplicação da Palavra de Deus a nossa vida, proponho algumas perguntas. Isso não é um teste. Não há resposta certa ou errada. Suas respostas podem ajudá-lo a aprofundar seu relacionamento com Deus. Não se apresse em responder cada pergunta:

  1. Como você se sentiu diante do poder de Deus que o profeta Elias mostrou quando anunciou a seca?
  2. A Palavra de Deus foi até Elias. Como Deus fala a você?
  3. Elias é o servo de Iahweh. Como você serve a Deus?
  4. O profeta Elias seguiu o mandamento de Deus para sair e se esconder perto da torrente de Carit. Que decisões você tomou para mudar de direção em sua vida de acordo com o que você acreditava ser a vontade de Deus?
  5. Deus ordenou que os corvos (árabes?) alimentassem o profeta. Como e quando você experimentou a Providência de Deus?
  6. Como você se sente diante dessas perguntas?

Responder

O que seu coração quer dizer a Deus agora? O que você sente? Você está zangado com Deus? Você quer mudar sua vida? Talvez você esteja satisfeito com seus preconceitos ou talvez esteja agradecido por tudo que Deus fez por você. Não existe sentimento inaceitável. A oração é um relacionamento com Deus e todo relacionamento é diferente. Nos salmos encontramos uma grande variedade de emoções humanas em relação a Deus. Podemos encontrar diversas orações na Bíblia ou na tradição cristã. Talvez algumas das palavras abaixo respondam ao que você sente.

“A Vós, ó Deus, louvamos,

a Vós, Senhor, cantamos.

a Vós, Eterno Pai,

adora toda a terra.

A Vós cantam os anjos,

Os céus e seu poderes

Todos os querubins e serafins

Vos evocam  numa canção sem fim:

Santo, Santo, Santo,

Senhor, Deus do universo!

Proclamam céus e terra

A vossa imensa glória”.[1]

É importante que você dê algum espaço a si mesmo para que seu coração tenha a oportunidade de falar diretamente com Deus com suas próprias palavras, mesmo se elas não forem tão bonitas como aquelas da Bíblia ou da Igreja.

Repousar

Existe uma fome profunda no coração humano. Nada é o suficiente. Sempre buscamos algo mais. Apenas Deus pode satisfazer a fome infinita do coração humano. A tragédia da existência humana é que sempre tentamos aplacar essa necessidade crescente com o que não é Deus. Todas essas coisas satisfazem apenas parcialmente e por um curto período de tempo, mas não para sempre.

O profeta Elias é o pai espiritual da Ordem Carmelita no sentido de que a Ordem vê nele uma inspiração para viver fielmente de acordo com a vontade de Deus. Toda a espiritualidade carmelitana está voltada para a transformação. Transformar-se significa fazer o possível para atingir o que fomos criados a ser nesta terra. Cristo é o protótipo de uma nova humanidade. Nossa tarefa é nos tornarmos como ele e encarnarmos algum aspecto do divino na natureza humana. Desta forma, cooperamos na transformação de nosso mundo. Contudo, não podemos fazer coisa alguma sem ele: é ele quem realiza nossa transformação, mas não sem nossa colaboração. A transformação é um mistério que tem a ver com o que acontece no coração do ser humano, que colabora com Deus para tornar-se um novo homem ou uma nova mulher, obra-prima de Deus. O que acontece no coração deve surtir efeito em como a pessoa vive sua vida diariamente.

O objetivo final da Lectio Divina é estar tão amadurecido na amizade com Jesus a ponto de seus valores tornarem-se nossos valores e começarmos a ver com os olhos de Deus e a amar com o coração de Deus. Uma amizade autêntica com Deus deve ser expressa num compromisso de servir aos outros de algum modo.

Existe algo trágico na condição humana. Os escritores da Bíblia chamam de “A Queda” e atribuem todos os problemas do mundo ao pecado humano. Qualquer que seja a razão, há sem dúvida algo errado, algo que destrói mesmo as melhores intenções. Nascemos com instintos naturais que, com o passar dos anos, tornam-se necessidades vorazes. Por exemplo, nascemos com uma necessidade de sermos amados, de termos algum controle sobre nossas vidas e, simplesmente, sobreviver tanto no nível físico quanto no psicológico. As necessidades humanas básicas entram facilmente em conflito com outras pessoas e suas necessidades. Existe um egoísmo profundo em todo ser humano que, se não for controlado, nos aprisionará. Esses instintos, junto com o condicionamento da cultura e do ambiente social que recebemos ao crescermos, irão formar nosso falso eu.[2]  Existem várias formas de descrever e explicar o falso eu. É através de nosso falso eu que tentamos nos salvar em vez de confiarmos em Deus que pode nos salvar sozinho.

O falso eu leva à miséria e à morte, por isso a transformação é essencial. A jornada espiritual leva à transformação, que é a morte do falso eu e o nascimento do verdadeiro eu, feito à imagem e semelhança de Deus. Trata-se realmente de uma questão de vida e de morte porque aquele que busca salvar sua vida, vai perdê-la, mas aquele que perde sua vida por causa de Deus, vai salvá-la (Mt 10,39; Mc 8,35; Lc 9,24).

Começamos a jornada de nossa transformação quando respondemos a Deus que nos convida a refletir seriamente sobre nosso relacionamento com Ele. Também podemos deixar passar alguns anos. São anos de preparação para essa jornada do espírito na qual devemos tentar e tentar novamente, alcançar uma compreensão de nossa verdadeira necessidade espiritual. Talvez recebamos diversas “chamadas para despertar” durante nossa vida, várias chamadas de Deus, eventos que nos sacodem, que nos indicam o que Deus quer de nós.

O que acontece quando decidimos levar Deus a sério? Num famoso exemplo, Santa Teresa d’Ávila descreve o ser humano como um castelo composto de muitas moradas.[3]  A porta do castelo é a oração e parece que muitas pessoas não vão além da porta. As primeiras moradas do castelo são chamadas de salas de autoconhecimento[4], que deve acompanhar cada passo da jornada espiritual. De acordo com Santa Teresa, a humildade significa “caminhar na verdade”[5], conhecer e aceitar a verdade sobre nós mesmos. O autoconhecimento não é fácil e muitas vezes preferimos permanecer numa situação de profunda auto-ilusão. Nossa vocação é sermos transformados por Deus para nos tornarmos como Deus, aprendendo a ver com os olhos de Deus e a amar com um coração divinizado. Eu fui chamado a percorrer esse caminho de transformação como um frade carmelitano. Cada um de nós tem seu próprio caminho a percorrer e uma vida a viver. Deus nos conhece profundamente. Nosso chamado, seja como casados, solteiros, sacerdotes, religiosos, é o caminho que devemos percorrer para chegarmos à nossa transformação.

O falso eu, que nos envolve como um casulo, deve ser destruído para que possamos experimentar a liberdade de filhos e filhas de Deus. O primeiro passo é reconhecer e aceitar o que realmente somos, caso contrário continuaremos a viver num mundo de ilusão. O falso eu é um perito em disfarces. A vida na família ou na comunidade revela quem você é porque você não pode se esconder quando vive com outras pessoas. Talvez durante o período de namoro a pessoa possa apresentar seu melhor lado, mas após o casamento, o outro lado começa a se impor. É muito melhor quando o marido e a mulher se comprometem mutuamente com a jornada espiritual porque assim, cada um será capaz de compreender as dificuldades que o outro tem que enfrentar. Tomara que todos os membros numa comunidade religiosa estejam comprometidos em percorrer o caminho espiritual.

Podemos nos cercar de todos os tipos de desculpas quanto ao modo como vivemos ou quanto ao modo como agimos em determinadas situações. Essas desculpas são comuns e nos acostumamos a rejeitar o que Deus nos pede de tal modo que não percebemos mais a contradição.

O falso eu nos convence que estamos certos e que algumas propostas do Evangelho não se aplicam a nós. Deus está sempre presente, mas temos o poder de impedir a ação do Espírito. É isso que o falso eu quer, pois ele compreende intuitivamente que seguir o Espírito será sua destruição. Deus nos transforma diariamente e não apenas quando estamos engajados naquilo que consideramos como atividades sagradas. Temos que cooperar diariamente. Não basta apenas dizer poucas ou muitas orações. Devemos colocar a vontade de Deus em ação nos mínimos detalhes de nossas vidas.

Começamos a reorganizar nossas vidas de acordo com a mensagem de Jesus Cristo lentamente. Deixamos para trás o pecado grave e isso não é fácil, mas o sofrimento em fazer isso logo será inundado pela alegria inicial de seguir Cristo. Ao nos acostumarmos a viver uma vida cristã, existe o perigo de cair na rotina. Se desejarmos realmente seguir a vontade de Deus e colocá-la em prática, encontraremos obstáculos e o falso eu se rebelará contra toda tentativa de ataque contra ele. Esse conflito interior provoca dificuldades e obscuridade. Esse pode ser um tempo de sofrimento, mas devemos permanecer fiéis. Deus curará as feridas causadas pelo falso eu e nos libertará para que nos tornemos tudo que Deus nos criou a ser.

Quais são esses obstáculos? O falso auto-sistema baseia-se na mentira de que podemos alcançar a felicidade perfeita se recebermos estima suficiente, se controlarmos nossa vida e nos sentirmos seguros. Supondo que fomos criados com uma capacidade infinita, buscamos quantidades infinitas de afeição, de segurança e de controle. Quando tentamos mudar nosso enfoque das coisas terrenas para questões religiosas, o falso eu também começa a mover-se na mesma direção e sente-se perfeitamente à vontade numa situação religiosa. Entretanto, o falso eu está sempre centrado nele mesmo onde quer que se encontre.

Devemos sempre lembrar que Deus nos ama e faz tudo para nosso crescimento e transformação. Quando encontramos dificuldades no caminho, é importante tentar ver a mão de Deus em ação. O que Deus diz diante das situações em que nos encontramos? Podemos aprender algo sobre nós mesmos através de nossas respostas aos problemas da vida?

Precisamos de períodos de silêncio ao deixarmos de lado todas as nossas preocupações e ouvirmos a voz de Deus que, muitas vezes, nos fala sem palavras. Devemos ficar muito tranqüilos para discernir o que Deus está nos dizendo. Agora sugiro que você reserve um momento para a oração. O Apêndice I possui algumas pistas para a “oração do silêncio”. Outro termo para essa forma de oração é “oração em segredo”, no sentido do Evangelho de Mateus: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora ao teu Pai que está lá, no segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará” (Mt 6,6).

Agir

A oração não é uma prática isolada. Ela deve surtir algum efeito em nossa vida. O fruto da oração pode ser percebido em nossa vida diária, em como tratamos habitualmente aqueles que vivem conosco, com quem trabalhamos ou aqueles que encontramos casualmente. São Paulo descreve o fruto do Espírito Santo na vida da pessoa. Se nossa oração é autêntica, este fruto crescerá dentro de nós: “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio. Contra estas coisas não existe lei” (Gl 5,22-23).

A partir de nossa leitura da Palavra de Deus ou a partir de nossa oração, algumas palavras ou frases talvez o toquem e o acompanhem durante o dia para lembrá-lo da presença de Deus. A oração deve estar encarnada na realidade diária. Existe dentro de nós algo equivalente a uma fita cassete ou cd. Essas fitas ou discos contém a memória de tudo que vivemos assim como de nossas reações diante desses eventos. Já mencionei que o processo da contemplação transforma o coração humano e nos dá outra perspectiva, que é a perspectiva de Deus. Antes de pensarmos em ver a partir da perspectiva da Deus, seria interessante tentar ver o mundo a partir da perspectiva de outra pessoa. Isso é impossível, mas a tentativa nos ajuda a emergir de nossa solidão e egoísmo e, pelo menos, começar a compreender porque alguém age de certa forma. Essas fitas internas tecem comentários em todas as situações em que nos encontramos. Esses comentários estão normalmente a nosso favor e contra os outros.

Podemos usar uma frase ou palavra da Bíblia para reescrever o disco interno junto com um comentário positivo em vez daquele que sempre usamos. Deixe essa frase ou palavra ecoar dentro de você durante o dia, especialmente nos momentos de dificuldade ou quando você se sentir tentado a responder a alguém com raiva ou ironia.

Talvez uma palavra ou uma frase surja espontaneamente a partir de sua própria oração. Se isso não acontecer, você deve escolher alguma palavra do texto bíblico que estamos usando para oração, para recordar durante o dia. Por exemplo:

“o Deus de Israel, a quem sirvo”;

“a Palavra de Iahweh veio a mim”;

“saia daqui”;

“ele fez como Iahweh disse”.

O mais importante é lembrar da presença de Deus durante os altos e baixos do dia a dia. Permita que seu relacionamento com o Senhor penetre em toda sua vida.

O profeta Elias respondeu com fé à ordem de Deus. A fé nem sempre é fácil. Ela nos ajuda a ver o mundo e a reagir a ele como Deus. Em sua carta aos Romanos, São Paulo nos ensina no que implica uma vida de fé:

“9 Que vosso amor seja sem hipocrisia, detestando o mal e apegados ao bem;

10 com amor fraterno, tendo carinho uns para com os outros, cada um considerando o outro como mais digno de estima.

11 Sede diligentes, sem preguiça, fervorosos de espírito, servindo ao Senhor,

12 alegrando-vos na esperança, perseverando na tribulação, assíduos na oração,

13 tomando parte nas necessidades dos santos, buscando proporcionar a hospitalidade.

14 Abençoai os que vos perseguem; abençoai e não amaldiçoeis.

15 Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram.

16 Tende a mesma estima uns pelos outros, sem pretensões de grandeza, mas sentindo-vos solidários com os mais humildes: não vos deis ares de sábios.

17 A ninguém pagueis o mal com o mal; seja vossa preocupação fazer o que é bom para todos os homens,

18 procurando, se possível, vivei em paz com todos, por quanto de vós depende” (Rm 12,9-18).

O que você precisa fazer para viver sua fé em Deus hoje?

*Do livro, O Som do Silêncio, de Frei Joseph Chalmers O. Carm. Ex- Prior Geral  da Ordem do Carmo.

[1] Te Deum, oração tradicional da Igreja.

[2] Ver Thomas Keating, Invitation to Love, (Element, Massachusetts & Dorset, 1992), caps. 1-4, e Elizabeth Smith e Joseph Chalmers, A Deeper Love, cap. 8.

[3] Castelo Interior, em Obras completas de Santa Teresa d’Ávila.

[4] Castelo Interior, I, 1-2.

[5] Castelo Interior, VI, 10,7.

Frei Joseph Chalmers O. Carm.

Invocação

Ó Pai Misericordioso, tens um cuidado especial para com os pobres e os que sofrem. Teu profeta Elias rezou pela vida do filho da viúva e foi ouvido. Aceita agora meu pedido pela presença de teu Espírito durante este momento de oração e também em minha vida diária, a fim de que a Palavra possa estar sempre em meus lábios e em meu coração. Faço esta oração em nome de Cristo nosso Senhor. Amém.

Texto

Leia o texto atentamente pela primeira vez para compreender o sentido geral e para conhecer a história em detalhes.

1Rs 17,17  Depois disso, aconteceu que o filho dessa mulher, dona da casa, adoeceu e seu mal foi tão grave que ele veio a falecer.

18 Então ela disse a Elias: “Que há entre mim e ti, homem de Deus? Vieste à minha casa para reavivar a lembrança de minhas faltas e causar a morte do meu filho!”

19 Ele respondeu: “Dá-me teu filho.” Tomando-o dos braços dela, levou-o ao quarto de cima onde morava e colocou-o sobre seu leito.

20 Depois clamou a Iahweh, dizendo: “Iahweh, meu Deus, até a viúva que me hospeda queres afligir, fazendo seu filho morrer?”

21 Estendeu-se por três vezes sobre o menino e invocou Iahweh: “Iahweh, meu Deus, eu te peço, faze voltar a ele a alma deste menino!”

22 Iahweh atendeu à súplica de Elias e a alma do menino voltou a ele e ele reviveu.

23 Elias tomou o menino, desceu-o do quarto de cima para dentro da casa e entregou-o à sua mãe, dizendo: “Olha, teu filho está vivo.”

24 A mulher respondeu a Elias: “Agora sei que és um homem de Deus e que Iahweh fala verdadeiramente por tua boca!”.

Ler

Esse texto nos fala de um desafio ainda maior para Deus. Deus já alimentou Elias através dos corvos ou dos árabes, e através dos serviços da viúva, mas agora o que Deus pode fazer diante da morte? Muitos povos antigos pensavam que a morte era um deus, mas esse relato mostra que não existe outro deus a não ser o Senhor. O verdadeiro Deus é o Senhor da vida!

Esse relato acentua a reputação do profeta e estabelece a autoridade de sua palavra. A viúva interpreta a morte de seu filho como uma punição pelos pecados. Essa era a mentalidade da época, também presente no Novo Testamento (cf. Jo 9,2). A viúva pensa que a presença do homem de Deus fez com que Deus lembrasse de seus pecados. Elias se estende sobre o menino. Esse gesto, análogo aos que foram realizados pelo profeta Eliseu (2Rs 4,34) e por São Paulo (At 20,10), simboliza a volta do poder doador da vida de Deus, o verdadeiro artífice do milagre.

No Novo Testamento, o profeta Elias é visto como o precursor de Jesus. Explicita ou implicitamente, o ministério de Elias é visto como um modelo para o ministério de Jesus. Como exemplo, vejamos o milagre de Jesus quando ele ressuscita o filho da viúva de Naim:

“Ele foi em seguida a uma cidade chamada Naim. Seus discípulos e numerosa multidão caminhavam com ele.

12 Ao se aproximar da porta da cidade, coincidiu que levavam a enterrar um morto, filho único de mãe viúva; e grande multidão da cidade estava com ela.

13 O Senhor, ao vê-la, ficou comovido e disse-lhe. ‘Não chores!’

14 Depois, aproximando-se, tocou o esquife, e os que o carregavam pararam. Disse ele, então: ‘Jovem, eu te ordeno, levanta-te!’

15 E o morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe.

16 Todos ficaram com muito medo e glorificavam a Deus, dizendo: ‘Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo’.

17 E essa notícia difundiu-se pela Judéia inteira e por toda a redondeza” (Lc 7,1-17).

Refletir

Releia a história de 1Rs 17,17-24.

Aqui estão algumas perguntas que nos ajudarão a refletir sobre o texto. A pergunta fundamental é sempre: o que esse texto significa para mim ou o que Deus está me dizendo nesse momento em especial da minha vida através desse texto?

  1. Você já perdeu alguém bem próximo? Como isso afetou seu relacionamento com Deus?
  2. Você já passou por uma doença grave? Como você se relacionou com Deus durante e após essa experiência?
  3. Que importância você dá a seus pecados? Você acha que eles são um impedimento em seu relacionamento com Deus?
  4. Seu modo habitual de rezar lhe diz alguma coisa sobre seu relacionamento com Deus? Você acha que tem um relacionamento íntimo ou distante de Deus?
  5. Você acha que sua oração foi ouvida? Como você se sentiu quando recebeu uma resposta de Deus?
  6. Você já esteve na presença de um amigo de Deus? Como essa experiência o afetou?

Responder

Que resposta seu coração quer dar a Deus? Talvez uma oração da Bíblia ou da Tradição Cristã possa nos ajudar. Contudo, é sempre bom usar suas próprias palavras. Eis uma oração tirada dos salmos:

Quando te invoco, responde-me, meu justo Deus! Na angústia tu me aliviaste: tem piedade de mim, ouve a minha prece!

3 Ó homens, até quando tereis o coração pesado, e amareis o nada, e buscareis a ilusão?

4 Sabeis que Iahweh faz maravilhas para seu fiel: Iahweh ouve quando eu o invoco.

5 Tremei e não pequeis, refleti no vosso leito e ficai em silêncio.

6 Oferecei sacrifícios justos e confiai em Iahweh.

7 Muitos dizem: “Quem nos fará ver o bem?” Iahweh, levanta sobre nós a luz da tua face.

8 Puseste em meu coração mais alegria do que quando seu trigo e seu vinho transbordam.

9 Em paz me deito e logo adormeço, porque só tu, Iahweh, me fazes viver em segurança (Sl 4,2-9).

Repousar

Continuar na jornada espiritual nos introduz num longo processo onde Deus nos recria de acordo com a imagem do Filho. A destruição do “velho eu” é dolorosa, mas o nascimento de um “novo eu” significa que tudo valeu a pena. Se o casulo ou o ovo pudesse sentir, ele certamente não gostaria de ser quebrado. Mas se não fosse quebrado, a borboleta ou a ave não nasceria. Purificação é um outro nome para esse processo. Somos purificados para que possamos receber Deus, que deseja nos preencher com a vida divina. Contudo, somos muito fracos para receber esse dom inestimável. Deus purifica gradualmente nossos sentidos espirituais para nos abrir à vida divina. Na jornada espiritual existem altos e baixos, momentos de luz e de sombras, de força e de fraqueza. Devemos ter paciência e perseverança quando Deus está dando os últimos retoques à obra de arte que é nossa vida. Muitos artistas não gostam de revelar seu trabalho antes de tê-lo terminado. Deus age assim conosco. Normalmente Deus não permite que vejamos o que Ele está realizando em nossas vidas. A oração do silêncio (ver Apêndice I) nos ensina a reservar um espaço para que Deus possa continuar trabalhando em nós, confiantes de que a obra das mãos de Deus será boa. Olhando para a criação, Deus viu que tudo era bom (Gn 1,31a).

Ao libertarmos nossas próprias vidas, podemos repousar em Deus e dar mais espaço à ação divina. A purificação em nossas vidas será lenta. Pois, ao nos tornarmos mais conscientes da presença e da ação de Deus em nossas vidas como a fonte de toda felicidade, estaremos preparados para desmanchar o falso eu que percebemos agora como um grande fardo. Depositamos nossa esperança de felicidade no falso eu. Agora, pouco a pouco, há um desenvolvimento gradual de um auto-esquecimento e de um auto-abandono progressivo, confiando no poder de Deus que nos leva à plenitude da vida humana. Tudo que gostamos ou não, nossos desejos, emergem lentamente numa submissão radical à vontade de Deus, não apenas durante a oração, mas também em toda nossa vida.

Nossas idéias, opiniões e palavras sustentam nosso falso eu e usamos isso para nos convencer de que estamos sempre certos. Há um tempo para deixarmos de lado nossas palavras, até mesmo as mais belas, e nossos pensamentos, mesmo os mais santos. No entanto, é difícil permanecer em silêncio sem pensar em algo em particular. O método de oração apresentado no Apêndice I pode nos ajudar a permanecer em silêncio e a não seguir qualquer distração. O silêncio pode ser vazio e isso não tem um significado cristão, mas o silêncio também pode estar repleto de significado se temos o desejo de estar na presença de Deus e de consentirmos com a ação purificadora e transformadora de Deus diariamente em nossas vidas.

Quando tentamos permanecer em silêncio por algum tempo, estamos sujeitos a distrações. Na oração em segredo, usamos uma palavra sagrada[1]  para voltarmos nosso coração para Deus quando pensamos em outra coisa. A oração em segredo é uma oração de intenção e não de atenção, o que deve ser levado em conta é a vontade e não a imaginação. É importante não julgar nossa própria oração. Se tentarmos rezar com um bom motivo, de estar na presença de Deus aberto à ação divina, essa é a verdadeira oração, mesmo se sentirmos que foi uma completa perda de tempo. Deus pode usar nosso desejo para nossa saúde espiritual. Apenas Deus pode julgar o coração humano e se estamos realmente rezando.

Sugiro que você veja as orientações para a oração em segredo no Apêndice I e tente passar vinte minutos aproximadamente em silêncio. Se você começar a pensar em alguma coisa, volte seu coração mais uma vez para Deus com a palavra sagrada, que é uma palavra curta, sagrada para você, que age como um símbolo de sua intenção de estar na presença de Deus e de seu consentimento com a ação divina em sua vida.

Agir

Apresentamos algumas sugestões de frases tiradas do texto que você pode usar durante o dia como uma lembrança da presença de Deus, mas é sempre melhor usar qualquer coisa que tenha um significado para você:

“homem de Deus?”;

“clamou a Iahweh”;

“Iahweh, meu Deus”;

“eu te peço”;

“teu filho está vivo”;

“a Palavra de Deus é a verdade”;

“Iahweh ouviu sua oração”.

Uma boa árvore produz bons frutos. Se formos fiéis à prática da oração como um relacionamento com Deus, ela produzirá bons frutos em nossa vida. Muitas vezes não experimentamos coisa alguma durante a oração, mas devemos escutar e estarmos atentos à atividade de Deus em todos os momentos de nossa vida. Na história da ressurreição do filho da viúva, o profeta Elias rezou com grande fervor pelo menino. Você se lembra de alguém em especial hoje? Carregue essa pessoa (ou pessoas) em seu coração durante o dia e lembre-se de rezar por ela. Não se esqueça de que Deus está bem perto e sempre escuta o que você diz. “Se alguém me ama, guardará minha palavra e o meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos morada” (Jo 14,23).

*Do livro, O Som do Silêncio, de Frei Joseph Chalmers O. Carm. Ex- Prior Geral  da Ordem do Carmo.

[1] Para o conceito “palavra sagrada” neste método de oração, ver especialmente Thomas Keating, Open Mind, Open Heart, cap. 5 & Elizabeth Smith e Joseph Chalmers, A Deeper Love, pp. 36-53.

O Carmo da Lapa, Rio de Janeiro, celebrou nesta terça-feira o 1º Dia do Tríduo de Santo Elias- Pai e Guia do Carmelo. No homilia, o Frei Petrônio de Miranda, O. Carm, presidente da celebração, falou sobre a importância da amorosidade e sensibilidade a partir da reza-devoção, seja a Nossa Senhora do Carmo ou ao Profeta Elias.

Segundo o Frei, existe muita reza e pouca compaixão e amor ao irmão (a). Elias, em suas atitudes e ações, não era um homem de Deus no sentido de ritos ou palavras, mas de carinho e defesa do próximo mais próximo, seja através da viúva de Sarepta, da vinha de Nabut ou na súplica pela volta da chuva. Portanto, a espiritualidade Eliana Carmelitana nos leva a adesão e contemplação no sentido histórico e não ficar com os pés nas nuvens - oração devocional vazia- descomprometida com a história e com a própria igreja samaritana e acolhedora. 

Amanhã, o presidente da celebração será o Frei Donizetti Barbosa, O. Carm e também será transmitido ao vivo aqui no olhar e nas mídias sociais.