O padre Francivaldo Lima da Silva de 52 anos foi encontrado morto. Ele estava sendo investigado pela Polícia Civil do Amapá por acusações de crimes sexuais.

Segundo a diocese de Macapá Francivaldo que ocupava o cargo de pároco do Santuário de Nossa Senhora de Fátima e vigário geral foi dispensado de suas funções em 26 de julho de 2024.

Jovens ligados à igreja incluindo ex-coroinhas e ex- seminaristas denunciaram o padre por assédio sexual e importunação.

O caso estava sendo investigado pela Polícia Civil e foi encaminhado Ministério Público para apreciação. Fonte: https://agazetadoamapa.com.br

 

 

1) Oração

Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 5,33-39)

Naquele tempo, 33os fariseus e os mestres da lei disseram a Jesus: Os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam com freqüência e fazem longas orações, mas os teus comem e bebem... 34Jesus respondeu-lhes: Porventura podeis vós obrigar a jejuar os amigos do esposo, enquanto o esposo está com eles? 35Virão dias em que o esposo lhes será tirado; então jejuarão. 36Propôs-lhes também esta comparação: Ninguém rasga um pedaço de roupa nova para remendar uma roupa velha, porque assim estragaria uma roupa nova. Além disso, o remendo novo não assentaria bem na roupa velha. 37Também ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo arrebentará os odres e entornar-se-á, e perder-se-ão os odres; 38mas o vinho novo deve-se pôr em odres novos, e assim ambos se conservam. 39Demais, ninguém que bebeu do vinho velho quer já do novo, porque diz: O vinho velho é melhor. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão  Lucas 5,33-39

No evangelho de hoje vamos ver de perto mais um conflito entre Jesus e as autoridades religiosas de época, escribas e fariseus (Lc 5,3). Desta vez, o conflito é em torno da prática do jejum. Lucas relata vários conflitos em torno das práticas religiosas da época: o perdão dos pecados (Lc 5,21-25), comer com pecadores (Lc 5,29-32), o jejum (Lc 5,33-36), e mais dois conflitos em torno da observância do sábado (Lc 6,1-5 e Lc 6,6-11).

Lucas 5,33: Jesus não insiste na prática do jejum

Aqui, o conflito é em torno da prática do jejum. O jejum é um costume muito antigo, praticado por quase todas as religiões. O próprio Jesus o praticou durante quarenta dias (Mt 4,2). Mas ele não insiste com os discípulos para que façam o mesmo. Deixa a eles a liberdade. Por isso, os discípulos de João Batista e dos fariseus, que eram obrigados a jejuar, querem saber por que motivo Jesus não insiste no jejum.

Lucas 5,34-35: Enquanto o noivo está com eles não precisam jejuar

Jesus responde com uma comparação. Enquanto o noivo está com os amigos do noivo, isto é, durante a festa do casamento, estes não precisam jejuar. Jesus se considera o noivo. Durante o tempo em que ele, Jesus, estiver com os discípulos, é festa de casamento. Um dia, porém, o noivo vai ser tirado. Aí, se quiserem, podem jejuar. Jesus alude à sua morte. Ele sabe e sente que, se ele continuar neste caminho de liberdade, as autoridades vão querer matá-lo.

No Antigo Testamento, várias vezes, o próprio Deus se apresenta como sendo o noivo do povo (Is 49,15; 54,5.8; 62,4-5; Os 2,16-25). No Novo Testamento, Jesus é visto como o noivo do seu povo (Ef 5,25). O Apocalipse faz o convite para a celebração das núpcias do Cordeiro com sua esposa a Jerusalém celeste (Ap 19,7-8; 21,2.9).

Lucas 5,36-39: Vinho novo em odre novo!

Estas palavras meio soltas sobre o remendo novo em pano velho e sobre o vinho novo em odre novo devem ser entendidas como uma luz que joga sua claridade sobre os vários conflitos, relatados por Lucas, antes e depois da discussão em torno do jejum. Elas esclarecem a atitude de Jesus com relação a todos os conflitos com as autoridades religiosas. Colocados em termos de hoje seriam conflitos como estes: casamento de pessoas divorciadas, amizade com prostitutas e homossexuais, comungar sem estar casado na igreja, faltar à missa no domingo, não fazer jejum na Sexta-feira Santa, etc.

Não se coloca remendo de pano novo em roupa velha. Na hora de lavar, o remendo novo repuxa o vestido velho e o estraga mais ainda. Ninguém coloca vinho novo em odre velho, porque o vinho novo pela fermentação faz estourar o odre velho. Vinho novo em odre novo! A religião defendida pelas autoridades religiosas era como roupa velha, como odre velho. Não se deve querer combinar o novo que Jesus trouxe com os costumes antigos. Ou um, ou outro! O vinho novo que Jesus trouxe faz estourar o odre velho. Tem que saber separar as coisas. Muito provavelmente, Lucas traz estas palavras de Jesus para orientar as comunidades dos anos 80. Havia um grupo de judeu-cristãos que queriam reduzir a novidade de Jesus ao tamanho do judaísmo de antes. Jesus não é contra o que é “velho”. O que ele não quer é que o velho se imponha ao novo e, assim, o impeça de manifestar-se. Seria o mesmo que, na Igreja Católica, reduzir a mensagem do Concílio Vaticano II ao tamanho da igreja de antes do concílio, como hoje muita gente parece estar querendo.

 

4) Para um confronto pessoal

 

  1. Quais os conflitos em torno de práticas religiosas que, hoje, trazem sofrimento para as pessoas e são motivo de muita discussão e polêmica? Qual a imagem de Deus que está por trás de todos estes preconceitos, normas e proibições?
  2. 2. Como entender hoje a frase de Jesus: “Não colocar remendo de pano novo em roupa velha”? Qual a mensagem que você tira de tudo isto para a sua vida e a vida da sua comunidade?

 

5) Oração final

Confia ao Senhor a tua sorte, espera nele, e ele agirá. Como a luz, fará brilhar a tua justiça; e como o sol do meio-dia, o teu direito (Sl 36, 2)

 

1) Oração

Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho  (Lucas 5,1-11)

Naquele tempo, 1Estando Jesus um dia à margem do lago de Genesaré, o povo se comprimia em redor dele para ouvir a palavra de Deus. 2Vendo duas barcas estacionadas à beira do lago, - pois os pescadores haviam descido delas para consertar as redes -, 3subiu a uma das barcas que era de Simão e pediu-lhe que a afastasse um pouco da terra; e sentado, ensinava da barca o povo. 4Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar. 5Simão respondeu-lhe: Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas por causa de tua palavra, lançarei a rede. 6Feito isto, apanharam peixes em tanta quantidade, que a rede se lhes rompia. 7Acenaram aos companheiros, que estavam na outra barca, para que viessem ajudar. Eles vieram e encheram ambas as barcas, de modo que quase iam ao fundo. 8Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador. 9É que tanto ele como seus companheiros estavam assombrados por causa da pesca que haviam feito. 10O mesmo acontecera a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus companheiros. Então Jesus disse a Simão: Não temas; doravante serás pescador de homens. 11E atracando as barcas à terra, deixaram tudo e o seguiram.

 

3) Reflexão Lucas 5,1-11

O evangelho de hoje conta como Pedro foi chamado por Jesus. O evangelho de Marcos situa o chamado dos primeiros discípulos logo no início do ministério público de Jesus (Mc 1,16-20). Lucas o situa depois que a fama de Jesus já se havia espalhado por toda a região (Lc 4,14). Jesus já havia curado muita gente (Lc 4,40) e pregado nas sinagogas de todo o país (Lc 4,44). O povo já o procurava em massa e a multidão o apertava por todos os lados para ouvir a Palavra de Deus (Lc 5,1). Lucas torna o chamado mais compreensível. Primeiro, Pedro pôde escutar as palavras de Jesus ao povo. Em seguida, presenciou a pesca milagrosa. Foi só depois desta dupla experiência surpreendente, que veio o chamado de Jesus. Pedro atendeu, largou tudo e se tornou “pescador de gente”.

Lucas 5,1-3: Jesus ensina a partir da barca.

O povo busca Jesus para ouvir a Palavra de Deus. É tanta gente que se junta ao redor de Jesus, que ele fica comprimido. Jesus busca ajuda com Simão Pedro e mais alguns companheiros que acabavam de voltar de uma pescaria. Ele entra no barco deles e, de lá, responde à expectativa do povo, comunicando-lhe a Palavra de Deus. Sentado, Jesus tem a postura e a autoridade de um mestre, mas ele fala a partir da barca de um pescador. A novidade consiste no fato de ele ensinar não só na sinagoga para um público selecionado, mas em qualquer lugar onde tem gente que queira escutá-lo, até mesmo na praia.

Lucas 5,4-5: "Pela tua palavra lançarei as redes!"

Terminada a instrução ao povo, Jesus se dirige a Simão e o anima a pescar de novo. Na resposta de Simão transparecem frustração, cansaço e desânimo: "Mestre, pelejamos a noite toda e não pescamos nada!". Mas, confiantes na palavra de Jesus, eles voltam a pescar e continuam a peleja. A palavra de Jesus teve mais força do que a experiência frustrante da noite!

Lucas 5,6-7: O resultado é surpreendente.

A pesca é tão abundante que as redes quase se rompem e as barcas ameaçam afundar. Simão precisa da ajuda de João e Tiago, que estão na outra barca. Ninguém consegue ser completo sozinho. Uma comunidade deve ajudar a outra. O conflito entre as comunidades, tanto no tempo de Lucas como hoje, deve ser superado em vista do objetivo comum, que é a missão. A experiência da força transformadora da Palavra de Jesus é o eixo em torno do qual as diferenças se abraçam e se superam.

Lucas 5,8-11: "Seja pescador de gente!"

A experiência da proximidade de Deus em Jesus faz Simão perceber quem ele é: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador!" Diante de Deus somos todos pecadores! Pedro e os companheiros sentem medo e, ao mesmo tempo, se sentem atraídos. Deus é um mistério fascinante: mete medo e, ao mesmo tempo, atrai. Jesus afasta o medo: "Não tenha medo!"  Ele chama Pedro e o compromete na missão, mandando que seja pescador de gente. Pedro experimenta, bem concretamente, que a Palavra de Jesus é como a Palavra de Deus. Ela é capaz de fazer acontecer o que ela afirma. Em Jesus aqueles rudes trabalhadores fizeram uma experiência de poder, de coragem e de confiança. Então, "deixaram tudo e seguiram a Jesus!". Até agora, era só Jesus, que anunciava a Boa Nova do Reino. Agora, outras pessoas vão sendo chamadas e envolvidas na missão. Esse jeito de Jesus trabalhar em equipe é também uma Boa Nova para o povo.

O episódio da pesca no lago mostra a atração e a força da Palavra de Jesus. Ela atrai o povo (Lc 5,1). Leva Pedro a oferecer o seu barco para Jesus poder falar (Lc 5,3). A Palavra de Jesus é tão forte que vence a resistência de Pedro, leva-o a lançar de novo a rede e faz acontecer a pesca milagrosa (Lc 5,4-6). Vence nele a vontade de se afastar de Jesus e o atrai para ser "pescador de gente!" (Lc 5,10) É assim que a Palavra de Deus atua em nós até hoje!

 

4) Para um confronto pessoal

 1) Onde e como acontece hoje a pesca milagrosa, realizada em atenção à Palavra de Jesus?

2) Eles largaram tudo e seguiram Jesus. O que devo largar para poder seguir Jesus?

 

 

5) Oração final

Quem será digno de subir ao monte do Senhor? Ou de permanecer no seu lugar santo? O que tem as mãos limpas e o coração puro, cujo espírito não busca as vaidades nem perjura para enganar seu próximo (Sl 23, 3)

 

1) Oração

Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 4,38-44)

Naquele tempo, 38Saindo Jesus da sinagoga, entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta; e pediram-lhe por ela. 39Inclinando-se sobre ela, ordenou ele à febre, e a febre deixou-a. Ela levantou-se imediatamente e pôs-se a servi-los. 40Depois do pôr-do-sol, todos os que tinham enfermos de diversas moléstias lhos traziam. Impondo-lhes a mão, os sarava. 41De muitos saíam os demônios, aos gritos, dizendo: Tu és o Filho de Deus. Mas ele repreendia-os severamente, não lhes permitindo falar, porque sabiam que ele era o Cristo. 42Ao amanhecer, ele saiu e retirou-se para um lugar afastado. As multidões o procuravam e foram até onde ele estava e queriam detê-lo, para que não as deixasse. 43Mas ele disse-lhes: É necessário que eu anuncie a boa nova do Reino de Deus também às outras cidades, pois essa é a minha missão. 44E andava pregando nas sinagogas da Galiléia.

 

3) Reflexão   Lucas 4,38-44 (Mc 1,29-39)

O evangelho de hoje traz quatro assuntos diferentes: a cura da sogra de Pedro (Lc 4,38-39), a cura de muitos doentes à noite, depois do sábado (Lc 4, 40-41), a oração de Jesus num lugar deserto (Lc 4,42) e a sua insistência na missão (Lc 4,43-44). Com pequenas diferenças Lucas segue e adapta as informações que tirou do evangelho de Marcos.

Lucas 4,38-39Jesus restaura a vida para o serviço

Depois de participar da celebração do sábado, na sinagoga, Jesus entra na casa de Pedro e cura a sogra dele. A cura faz com que ela se coloque imediatamente de pé. Com a saúde e a dignidade recuperadas, ela se põe a serviço das pessoas. Jesus não só cura, mas cura para que a pessoa possa colocar-se a serviço da vida.

Lucas 4,40-41: Jesus acolhe e cura os marginalizados

Ao cair da tarde, na hora do aparecimento da primeira estrela no céu, terminado o sábado, Jesus acolhe e cura os doentes e os possessos que o povo tinha trazido. Doentes e possessos eram as pessoas mais marginalizadas naquela época. Elas não tinham a quem recorrer. Ficavam entregues à caridade pública. Além disso, a religião as considerava impuras. Elas não podiam participar na comunidade. Era como se Deus as rejeitasse e as excluísse. Jesus as acolhe e as cura impondo a mão em cada um. Assim, aparece em que consiste a Boa Nova de Deus e o que ela quer atingir na vida da gente: acolher os marginalizados e os excluídos e reintegrá-los na convivência.

“De muitas pessoas saíam demônios, gritando: “Tu és o Filho de Deus”. Jesus os ameaçava e não os deixava falar, porque os demônios sabiam que ele era o Messias”. Naquele tempo, o título Filho de Deus ainda não tinha a densidade e a profundidade que o título tem hoje para nós. Significava que o povo reconhecia em Jesus uma presença todo especial de Deus. Jesus não deixava os demônios falar. Ele não queria propaganda fácil por meio do impacto de expulsões espetaculares.  

Lucas 4,42a: Permanecer unido ao Pai pela oração 

“Ao raiar do dia, Jesus saiu, e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam, e, indo até ele, não queriam deixá-lo que fosse embora”. Aqui Jesus aparece rezando. Ele faz um esforço muito grande para ter o tempo e o ambiente apropriado para rezar. Levantou mais cedo que os outros e foi para um lugar deserto, para poder estar a sós com Deus. Muitas vezes, os evangelhos nos falam da oração de Jesus no silêncio (Lc 3,21-22; 4,1-2.3-12; 5,15-16; 6,12; 9,18; 10,21; 5,16; 9,18; 11,1; 9,28;23,34; Mt 14,22-23; 26,38; Jo 11,41-42; 17,1-26; Mt  Mc 1,35; Lc  3,21-22). É através da oração que ele mantém viva em si a consciência da sua missão.

Lucas 4,42b-44: Manter viva a consciência da missão e não se fechar no resultado

Jesus tornou-se conhecido. O povo ia atrás dele e não queria que ele fosse embora. Jesus não atendeu ao pedido e disse: "Devo anunciar a Boa Notícia do Reino de Deus também para as outras cidades, porque para isso é que fui enviado." Jesus tem muito clara a sua missão. Não se fecha no resultado já obtido, mas quer manter bem viva a consciência da sua missão. É a missão recebida do Pai que o orienta na tomada das decisões. Foi para isto que fui enviado! E aqui no texto esta consciência tão viva aparece como fruto da oração.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Jesus tirava tempo para poder rezar e estar a sós com o Pai? Eu tiro tempo para rezar e estar a sós com Deus?

2) Jesus mantinha viva a consciência da sua missão. E eu, será que, como cristã ou cristão, tenho consciência de alguma missão ou vivo sem missão?

 

5) Oração final

Nossa alma espera no Senhor, porque ele é nosso amparo e nosso escudo. Nele, pois, se alegra o nosso coração, em seu santo nome confiamos (Sl 32)

 

1) Oração

Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 4,31-37)

Naquele tempo, 31Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e ali ensinava-os aos sábados. 32Maravilharam-se da sua doutrina, porque ele ensinava com autoridade. 33Estava na sinagoga um homem que tinha um demônio imundo, e exclamou em alta voz: 34Deixa-nos! Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és: o Santo de Deus! 35Mas Jesus replicou severamente: Cala-te e sai deste homem. O demônio lançou-o por terra no meio de todos e saiu dele, sem lhe fazer mal algum. 36Todos ficaram cheios de pavor e falavam uns com os outros: Que significa isso? Manda com poder e autoridade aos espíritos imundos, e eles saem? 37E corria a sua fama por todos os lugares da redondeza.

 

3) Reflexão   Lucas 4,31-37

No evangelho de hoje, vamos ver de perto dois assuntos: a admiração do povo pela maneira de Jesus ensinar e a cura de um homem possuído por um demônio impuro. Nem todos os evangelistas contam os fatos do mesmo jeito. Para Lucas, o primeiro milagre é a calma com que Jesus se livrou da ameaça de morte da parte do povo de Nazaré (Lc 4,29-30) e a cura do homem possesso (Lc 4,33-35). Para Mateus, o primeiro milagre é a cura de uma porção de doentes e endemoninhados (Mt 4,23) ou, mais especificamente, a cura de um leproso (Mt 8,1-4). Para Marcos, foi a expulsão de um demônio (Mc 1,23-26). Para João, o primeiro milagre foi em Caná, onde Jesus transformou água em vinho (Jo 2,1-11). Assim, na maneira de contar as coisas, cada evangelista mostra qual foi, segundo ele, a maior preocupação de Jesus.

Lucas 4,31A mudança de Jesus para Cafarnaum

Jesus foi a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e aí ensinava aos sábados”. Mateus diz que Jesus foi morar em Cafarnaum (Mt 4,13). Mudou de residência. Cafarnaum era uma pequena cidade junto ao entroncamento de duas estradas importantes: uma que vinha da Ásia Menor e ia para Petra no sul da Transjordânia, e a outra que vinha da região dos rios Euphrates e Tigris e descia para o Egito. A mudança para Cafarnaum facilitava o contato com o povo e a divulgação da Boa Nova.

Lucas 4,32Admiração do povo pelo ensino de Jesus

A primeira coisa que o povo percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é tanto o conteúdo, mas sim o jeito de ensinar, que impressiona. Jesus falava com autoridade”. Marcos acrescenta que, por este seu jeito diferente de ensinar, Jesus criava consciência crítica no povo com relação às autoridades religiosas da época. O povo percebia e comparava: Ele ensina com autoridade, diferente dos escribas” (Mc 1,22.27). Os escribas da época ensinavam citando autoridades. Jesus não cita autoridade nenhuma, mas fala a partir da sua experiência de Deus e da vida. 

Lucas 4,33-35Jesus combate o poder do mal

O primeiro milagre é a expulsão de um demônio. O poder do mal tomava conta das pessoas e as alienava. Jesus devolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a liberdade. E ele o faz pelo poder da sua palavra: "Cale-se, e saia dele!"  Ele dizia em outra ocasião: “Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou para vocês” (Lc 11,20). Hoje também, muita gente vive alienada de si mesma pelo poder dos meios de comunicação, da propaganda do governo e do comércio. Vive escrava do consumismo, oprimida pelas prestações e ameaçada pelos cobradores. Acha que não vive direito enquanto não comprar aquilo que a propaganda anuncia. Não é fácil expulsar este poder que hoje aliena tanta gente, e devolver as pessoas a si mesmas!

Lucas 1,36-37: A reação do povo: ele manda nos espíritos impuros primeiro impacto

Além do jeito diferente de Jesus ensinar as coisas de Deus, o outro aspecto que causava admiração no povo era o seu poder sobre os espíritos impuros: "Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos impuros com autoridade e poder, e eles saem". Jesus abre um novo caminho para o povo poder conseguir a pureza através do contato com ele. Naquele tempo, uma pessoa impura não podia comparecer diante de Deus para rezar e receber a bênção prometida a Abraão. Teria que purificar-se, primeiro. Havia muitas leis e normas que dificultavam a vida do povo e marginalizavam muita gente como impura. Mas agora, purificadas pela fé em Jesus, as pessoas podiam comparecer novamente na presença de Deus e rezar a Ele, sem necessidade de recorrer àquelas complicadas e, muitas vezes, dispendiosas normas de pureza.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Jesus provocava a admiração do povo. A atuação da nossa comunidade aqui no bairro provoca alguma admiração no povo? Qual?

2) Jesus expulsava o poder do mal e devolvia as pessoas a si mesmas. Hoje, muita gente vive alienada de si mesma e de tudo. Como devolve-las a si mesmas?

 

5) Oração final

O Senhor é clemente e compassivo, longânime e cheio de bondade. O Senhor é bom para com todos, e sua misericórdia se estende a todas as suas obras (Sl 144, 1)

Teto de santuário desaba no Recife e mata duas pessoas

Incidente no Santuário do Morro da Conceição ocorreu, segundo testemunhas, durante distribuição de cestas básicas; mais de 20 ficaram feridos

 

O teto do santuário de Nossa Senhora da Conceição, na zona norte do Recife, desabou na tarde desta sexta-feira (30) Reprodução/Globo NewsMais 

 

José Matheus Santos

Aléxia Sousa

Recife e Rio de Janeiro

O teto do santuário de Nossa Senhora da Conceição, na zona norte do Recife, desabou na tarde desta sexta-feira (30). Ao menos duas pessoas morreram.

O desabamento aconteceu por volta das 13h50. De acordo com as autoridades, 22 pessoas foram socorridas. Oito adultos e uma criança foram levadas ao Hospital da Restauração, na área central do Recife, e outras foram socorridas para Unidades de Pronto Atendimento. As vítimas tiveram escoriações leves.

"Infelizmente, dois óbitos já foram confirmados após a queda do telhado no Santuário do Morro da Conceição. Nossas equipes seguem atuando nas ações emergenciais por conta dessa tragédia. Estou me dirigindo ao local neste momento", escreveu o prefeito João Campos nas redes sociais.

 

O município decretou três dias de luto oficial pelas vítimas.

Os dois mortos eram homens, segundo a vice-governadora Priscila Krause. A idade deles ainda não foi informada pelos órgãos que atuam na ocorrência. O Instituto de Medicina Legal está no local.

Atuam na ocorrência 15 policiais militares e 32 integrantes do Corpo de Bombeiros. Equipes do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e da Defesa Civil também estão no local.

Krause, que também está na área, disse que ainda não é possível confirmar quantas pessoas estavam na igreja no local, já que diversas pessoas foram resgatadas por voluntários ou conseguiram escapar logo após o desabamento do teto.

Testemunhas relataram que havia uma distribuição de cestas básicas para pessoas em situação de vulnerabilidade no interior da igreja no momento em que o teto cedeu. Uma câmera de segurança registrou quando a estrutura desabou.

O presidente Lula (PT) usou as redes sociais para lamentar o ocorrido e prestar solidariedade às vítimas. "Uma tragédia. Minha solidariedade com as vítimas, seus familiares, amigos e com a cidade de Recife neste momento", afirmou Lula.

A governadora Raquel Lyra (PSDB) também se manifestou em seu perfil na internet. "Acabo de saber sobre o desabamento de parte do teto do Santuário do Morro da Conceição, no Recife, espaço de fé tão importante para nossa gente. Estou no Sertão, para agenda administrativa, mas já acionamos nossas equipes de segurança para resgate e atendimento imediato às vítimas. Que Deus e Nossa Senhora da Conceição console a todos", escreveu Lyra.

Em nota, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Paulo Jackson, lamentou o episódio. "O acidente, que resultou em vítimas e causou grande dor à nossa comunidade, enche nossos corações de luto e solidariedade. Em oração, nos unimos às famílias enlutadas e a todos os que foram afetados por esta tragédia", disse. Segundo o arcebispo, a Arquidiocese de Olinda e Recife oferece suporte necessário às vítimas e aos familiares.

Nossa Senhora da Conceição é tida como a padroeira afetiva do Recife. O acidente ocorre a cem dias da festa de celebração da santa, realizada em 8 de dezembro, que reúne milhares de pessoas no Morro da Conceição, um dos principais pontos da cidade.

A igreja se preparava para a festividade, e de acordo com uma postagem do perfil do santuário nas redes sociais, o teto havia recebido a instalação de placas solares recentemente. A obra teria sido finalizada há menos de uma semana. Não há informações se a intervenção tem ligação com o desabamento do teto.

O padre Emerson Borges, reitor do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, também divulgou uma nota sobre o acidente. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

 

A memória do martírio de São João Baptista associa-se à solenidade da sua Natividade, que se celebra em 24 de junho. João era primo de Jesus, concebido, de modo tardio, por Zacarias e Isabel, ambos descendentes de famílias sacerdotais: seu nascimento é colocado cerca de seis meses antes daquele de Cristo, segundo o episódio evangélico da Visita de Maria a Isabel. Por outro lado, a data da sua morte, ocorrida entre os anos 31 e 32, remonta à dedicação de uma pequena basílica, do século V, no lugar do seu sepulcro, em Sebaste da Samaria: de fato, parece que, naquele dia, tenha sido encontrada a sua cabeça, que o Papa Inocêncio II transladou para Roma, na igreja de São Silvestre “in Capite”. A celebração do martírio de São João Batista tem origens antigas: seu culto já existia na França, no século V, e em Roma, no século seguinte.

«Imediatamente o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, foi à prisão e cortou a cabeça de João. Depois levou a cabeça num prato, deu à moça, e esta a entregou à sua mãe. Ao saber disso, os discípulos de João foram, levaram o cadáver e o sepultaram» (Mc 6,27-29).

 

Motivo do martírio de João Batista

A causa principal do martírio foi uma mulher: Herodíades, atual esposa de Herodes Antipas, ex-esposa do seu irmão de criação. João foi preso por ter denunciado este casamento ilegal. Durante a festa de aniversário de Herodes, a filha de Herodíades, Salomé, dançou em homenagem ao rei, que era fascinado por ela: se ela dançasse, ele lhe permitiria pedir o que quisesse, até mesmo a metade do seu reino. Depois de consultar a mãe, ela pediu a cabeça de João Batista. Herodes não queria aceitar, mas não pôde recusar, porque lhe havia prometido.

 

Comentário do Papa Francisco

Quatro personagens: o Rei Herodes "corrupto e indeciso", Herodíades, esposa do irmão de criação do rei, que "só sabia odiar", Salomé, "a dançarina vaidosa" e o "profeta decapitado na solidão da sua cela".

 

O rei

O rei Herodes, que "acreditava que João era um profeta", "gostava de ouvi-lo" e até o "protegia", apesar de mantê-lo na prisão. Estava indeciso porque João "o repreendeu pelo seu pecado" de adultério. Por meio do profeta, Herodes “ouvia a voz de Deus, que lhe dizia para “mudar de vida”, mas não conseguia. O rei era corrupto e, onde há corrupção, é muito difícil mudar". Era um homem corrupto porque "procurava manter equilíbrio diplomático" entre a sua vida de adúltero, também repleta "de tantas injustiças, que praticava", e a consciência da "santidade do profeta, que estava diante de si". Ele não conseguia desatar este nó!

 

Herodíades

Herodíades era a esposa do irmão de criação do rei, que Herodes matou para se casar com ela. O Evangelho diz, apenas, que ela "odiava" João, porque ele falava claro. “Sabemos que o ódio é capaz de tudo - comenta Francisco – e tem uma grande força. O ódio é o respiro de Satanás. Sabemos que ele não sabe amar, não pode amar. Seu ‘amor’ é o ‘ódio’. Aquela mulher era possuída pelo espírito satânico do ódio", que tudo destrói. O rei disse a Salomé: "darei tudo o que você quiser", como Satanás.

 

Salomé

O terceiro personagem, para o Papa Francisco, é a filha de Herodíades: Salomé, a bailarina vaidosa, que dançava muito bem, “agradava aos convidados, e, sobretudo, ao rei”. Herodes, tão entusiasmado, prometeu à jovem que "lhe daria tudo o que quisesse”, usando as mesmas palavras que Satanás utilizou para tentar Jesus: “Tudo isso lhe darei, todo o meu reino, se me adorar". Mas, Herodes não sabia disso!

 

João Batista, o Santo

Atrás destes personagens, agia Satanás: semeador de ódio na mulher, semeador de vaidade na moça, semeador de corrupção no rei.

E o "maior homem nascido de mulher" acabou sozinho, em uma cela escura da prisão, por capricho de uma bailarina vaidosa, do ódio de uma mulher diabólica e da corrupção de um rei indeciso.

Batista morreu como mártir, não um mártir da fé - porque não lhe pediram para renegá-la - mas um mártir da verdade. Ele era um homem "justo e santo" (At 3,14), condenado à morte por sua liberdade de expressão e fidelidade ao seu mandato.
João foi um mártir, que sempre deixou espaço na sua vida, cada vez mais, para dar lugar ao Messias. “O maior homem, nascido de mulher, acabou assim”! Porém, João já sabia que acabaria assim e se aniquilou: “Ele deve crescer e eu diminuir”. E o Papa acrescentou: "Diminuiu-se, a ponto de morrer"! João mostrou Jesus aos primeiros discípulos, indicando-O como a Luz do mundo! No entanto, ele morreu, lentamente, na obscuridade daquela cela, na prisão.

“A vida só terá valor na entrega de si: doá-la com amor e na verdade; doá-la aos outros, todos os dias, na família; doá-la sempre! Se alguém tomar posse da vida e guardá-la só para si, - como o rei, em sua corrupção; a mulher, possuída pelo ódio; a moça vaidosa, adolescente inconsciente - a vida morre, acaba murchando e não serve para nada” (Homilia do Papa Francisco na Casa Santa Marta, no Vaticano, 8 de fevereiro de 2019). Fonte: https://www.vaticannews.va

Clero da Diocese de Caicó está de luto: Morre o Padre Nixon Bezerra

 

Sidney Silva

O Clero da Diocese de Caicó está de luto. Faleceu na madrugada desta quarta-feira (28), no Rio de Janeiro, o Padre Nixon Bezerra de Brito. Padre Nixon tinha 51 anos de idade e atualmente estava à frente da paróquia Bom Jesus do Monte, em Paquetá, no Rio de Janeiro.

O sacerdote estava internado há vários dias, em estado grave, no Hospital Pró-cardíaco. Padre Nixon estava acometido de Glioblastoma, tipo de tumor que atinge o Sistema Nervoso Central e se desenvolve na medula espinhal ou no cérebro com crescimento invasivo. Dor de cabeça, perda de apetite e equilíbrio, convulsões e dificuldade de aprender são sintomas.

 

Saiba mais sobre o Padre Nixon Bezerra

Filho de José Aroldo de Brito e de Lucinete Bezerra de Brito, padre Nixon nasceu no dia 24 de junho de 1973, na cidade de Caicó, no Rio Grande do Norte. Recebeu na Diocese de Caicó a ordenação diaconal no dia 17 de dezembro de 1997 e a ordenação sacerdotal no dia 19 de dezembro de 1998 pelo então bispo diocesano, Dom Jaime Vieira Rocha. Foi incardinado na Arquidiocese do Rio de Janeiro no dia 25 de novembro de 2016. Padre Nixon residiu por vários anos na cidade de São Fernando-RN.

Em 2023, por ocasião da celebração do seu jubileu de 25 anos de sacerdócio, Padre Nixon concedeu entrevista ao jornal “Testemunho de Fé”, onde abordou sobre sua vocação, a convivência com monsenhor Vital Francisco Brandão Cavalcanti, a experiência de ser pároco e o sentimento de celebrar o jubileu sacerdotal.

 

Testemunho de Fé (TF) – Como surgiu sua vocação?

Padre Nixon Bezerra de Brito – Desde criança senti o chamado ao sacerdócio, mas por ser de família militar não tinha coragem para expressar isso. Até que o reitor do Seminário Menor de Caicó, padre José Tadeu, que também foi meu pároco, na Paróquia Nossa Senhora do Patrocínio, na cidade de São Fernando (RN), situada no coração do Seridó potiguar. Ele, que foi o grande incentivador da minha vocação, me convidou a um fim de semana de discernimento no seminário, e a partir daí não havia mais dúvidas.

 

TF – Recebeu apoio de sua família quando decidiu entrar no seminário?

Padre Nixon – A grande dificuldade foi comunicar ao meu pai que não aceitava entregar o filho à Igreja, mas Deus tem os seus desígnios e a minha madrinha, Maria Edite, que cuidou do meu pai desde bebê, profundamente católica, assumiu essa missão. Ela era zeladora do Apostolado da Oração, ministra da Sagrada Comunhão e consagrada a Deus, nunca se casou. Por meio dela, meu pai permitiu meu ingresso no seminário aos 16 anos. Aos poucos, o coração do meu pai foi amolecendo, que sendo casado há 25 anos apenas no civil com a minha mãe, me pediu, logo após a ordenação, para receber o Sacramento do Matrimônio, no qual também se confessou e passou a professar a fé católica, vindo a falecer em 2004 nos meus braços e também da minha mãe, reconciliado com Deus e com a Igreja.

 

TF – Sua vocação teve como inspiração algum sacerdote?

Padre Nixon – Sim, o primeiro padre que me serviu de exemplo foi Deoclides de Brito, que era sobrinho-neto da minha avó, um grande sacerdote. Um historiador, primo do meu pai, escreveu um livro que me identificou como o décimo padre da família, e eu nem sabia disso.
O outro sacerdote foi monsenhor Vital Francisco Brandão Cavalcanti, já no Rio de Janeiro, que para mim foi um verdadeiro exemplo, um verdadeiro pai e que me incentivou muito com o seu jeito simples e autêntico de ser e disponível sempre à Igreja e ao povo de Deus.
Com ele, desde seminarista, pude entender de fato a missão de sacerdote, que serve onde for preciso: na Igreja, na rádio, nos movimentos e em toda situação que a Igreja precisar.
Monsenhor Vital foi o grande testemunho de sacerdote íntegro e sempre antenado ao tempo presente. Ele me ensinou desde cedo como ser um sacerdote íntegro e, ao mesmo tempo, servidor da Igreja e do povo de Deus.

 

TF – Por que veio estudar no Rio de Janeiro?

Padre Nixon – O bispo de Caicó, Dom Heitor de Araujo Sales, quando reabriu o seminário menor, pediu ajuda para seu irmão, Dom Eugenio de Araujo Sales, então arcebispo do Rio de Janeiro. Na época, a Diocese de Caicó não tinha condições de manter um seminário maior. Dom Eugenio abriu as portas do Seminário Arquidiocesano de São José, no Rio de Janeiro, para os vocacionados, independente se Caicó tem condições de ajudar ou não. Foi feito um projeto de dioceses irmãs, e quando os seminaristas concluíam o propedêutico em Caicó, vinham para o Rio cursar filosofia e teologia.

 

TF – Chegou a estudar Direito Canônico no Rio de Janeiro?

Padre Nixon – Sim. Aproveitei o último ano de teologia, e havia poucas matérias. Na época, o Instituto de Direito Canônico começou a funcionar em uma das salas do prédio do seminário, próximo à Casa do Padre. Fui recebido pelo diretor, padre Luís Madeiro Lopes, que abriu uma exceção, porque para fazer o Direito Canônico deveria terminar a teologia. Foi possível, pois já tinha feito dois anos de filosofia e mais dois anos para seu reconhecimento.

 

TF – Como foi sua experiência de pároco na Paróquia Nossa Senhora de Nazaré e os Santos Mártires Ugandenses, em Acari?

Padre Nixon – Acari foi um grande desafio, minha primeira paróquia. Até então, era vigário paroquial na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Glória. Embora não tivesse a responsabilidade de pároco, monsenhor Vital tinha confiança em mim, e partilhava muitas coisas comigo. Fui aprendendo com ele, e quando me convidaram para assumir Acari, fui, de fato, o primeiro pároco. A paróquia tinha mais de 20 anos, e nunca teve pároco residente, estava sob a responsabilidade das Irmãs Salesianas. As missas, nos finais de semana eram celebradas por um vigário dominical que elas convidavam ou designados pela arquidiocese. Dom Assis Lopes, na época, moderador da Cúria, sugeriu, se eu quisesse, de continuar morando na Glória e ir para Acari nos finais da semana. As religiosas ainda estavam lá e não havia casa paroquial. Conversei com monsenhor Vital sobre o assunto e ele disse que não haveria problema, mas se quisesse ser pároco, de fato, seria necessário morar na paróquia. Voltei a conversar com Dom Assis e manifestei meu desejo de morar na paróquia.

Porém, não havia dinheiro para alugar uma casa. Monsenhor Abílio Ferreira da Nova, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Copacabana e Santa Cecília, em Copacabana, escutou a conversa e se ofereceu para ajudar. Ele tinha ajudado a criar a paróquia de Acari, desmembrada de sua paróquia na época, a São Jerônimo, e tinha muito carinho pela comunidade. Sem pedir nada, ele disse para alugar a melhor casa próxima à paróquia e não se preocupar com o plano de saúde e o salário que a Paróquia de Copacabana iria pagar. Recomendou, quando tivesse condições, avisá-lo que certamente outros iriam precisar. Agradeci muito e assim fiz, e todos os meses cumpriu o que prometeu. Seis meses depois, fui procurá-lo, pois já tínhamos condições de assumir as despesas. Disse que eu tinha sido o primeiro que veio antes de um ano. “É um povo muito bom, são pessoas maravilhosas”, disse, e me deu nomes de algumas pessoas que tinha certeza que iriam ajudar, e aconteceu.

Em resumo, a paróquia de Acari me ensinou a ser pároco, ser padre de verdade, uma comunidade que eu dirigia e, ao mesmo tempo, era dirigido pelo povo, sedento de ter um padre residente. Uma comunidade que desejava o sacerdote presente todos os dias, vivendo a vida do povo. É uma dádiva e eles sabiam disso, tinham consciência. O povo tinha sido bem formado pelas religiosas na catequese e nos aspectos espiritual e teológico. Elas fizeram um bom trabalho e colhi muito do que elas plantaram.
Fui muito bem acolhido e querido em Acari, embora tenha cometido equívocos não pela vontade, mas por ansiedade em acertar. O povo, com todo o carinho e delicadeza, vinha falar comigo: “olha, padre, acho que não é assim”. Muitas vezes buscava auxílio com monsenhor Gilson José Macedo da Silveira, vigário episcopal, que na sua sabedoria e experiência, me dizia: “escute o povo, escute. Não vê o ditado de que a voz do povo é a voz de Deus. Escute o povo, que está dizendo com o coração, são seus amigos, não estão contra você. Se fossem contra seria por trás, mas se diz na frente, é porque quer ajudar”. Sempre dizia para não perder o sono por causa de alguma situação, mas que estava à disposição, a qualquer hora, quando precisasse.

Uma vez liguei para monsenhor Gilson pedindo orientações sobre um conflito entre lideranças de dois grupos em uma das capelas. O que fazer? Ele respondeu: “Não faça nada, espere a poeira baixar. Não fique do lado de ninguém, mas de todos”. Ele me ajudou muito. Sempre vinha me visitar, e se colocava à disposição para a partilha e a orientação. Ele também foi um pai que me acompanhou e me ensinou muito.

 

TF – Como tem sido sua experiência na Ilha de Paquetá?

Padre Nixon – Após 11 anos em Acari, o moderador da Cúria, Dom Luiz Henrique da Silva Brito, me ligou e ofereceu a Paróquia Senhor Bom Jesus do Monte, em Paquetá. Disse que o pároco iria sair e que tinham pensado em mim, já que Acari é uma região de conflitos e Paquetá oferecia um pouco de descanso.

Quando seminarista na teologia, o pároco de Paquetá era o padre José Roberto da Silva, que também era nosso professor de teologia. Ele tinha costume, no final de cada período, de levar os seminaristas para um passeio. Eu tive a oportunidade de conhecer Paquetá em 1996 e fiquei encantado. Não só pela viagem, mas por ter a sensação de ter sido transportado no tempo, no passado.

Na ocasião, brinquei com o padre José Roberto e com os colegas dizendo que um dia seria pároco em Paquetá. Não era nada sério. No domingo seguinte, partilhei a viagem com monsenhor Vital e fiz o mesmo comentário. Uma outra vez, fui com monsenhor Vital para Paquetá na posse do padre Jonas, e cheguei a comentar com ele que um dia iria morar em Paquetá, por ser um lugar maravilhoso.

Quando recebi o convite de Dom Luiz Henrique, não lembrava mais o que tinha dito no passado. Conversando com monsenhor Vital, ele perguntou se eu tinha pedido a paróquia para Dom Orani. Respondi que não, mas ele gravou o que eu havia dito ainda como seminarista, que um dia seria pároco em Paquetá. Pude entender que Deus ouve as coisas que falamos sem perceber. Assim aconteceu, mas a mudança foi brusca. A tranquilidade de Paquetá me fez sentir viver no paraíso, porque eu gosto da simplicidade e da natureza. Tive a impressão de voltar para casa por ser um lugar ideal para morar e trabalhar.
A ilha de Paquetá, que fica a 40 minutos de distância do centro do Rio de Janeiro, é um lugar diferente, paradisíaco, sem a agitação e a violência da grande metrópole. Foi a realização dos meus sonhos mais primitivos, que não lembrava, mas que Deus foi me conduzindo até aquele lugar especial.

TF – Quem foi monsenhor Vital?

Padre Nixon – Durante meus estudos no Rio de Janeiro, fui vigário paroquial da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Glória, onde havia feito estágio pastoral como seminarista e diácono, sendo pároco, monsenhor Vital Brandão Cavalcanti. Fiquei nesta paróquia com ele até 2004, quando assumi a paróquia de Acari.

Monsenhor Vital é aquela pessoa que Deus coloca em nossa vida e que marca profundamente. No meu jubileu de 25 anos se fez presente de uma maneira bem especial. Quando veio presidir a Santa Missa, Dom Orani me entregou uma cruz de lapela que ele usava.
Dom Orani, com sua paternidade, é um outro diferencial em nossa vida, na arquidiocese. Ao chegar em Paquetá, fui recebê-lo na barca. Ele disse: “uma pessoa que não pôde vir, mas fez questão de estar presente, mandou para você um presente’. Tirou do bolso uma caixinha e disse: “abra para ver se você conhece”. Abri e era a cruz de lapela. Em cima tinha um papelzinho colado escrito de monsenhor Vital para padre Nixon. Era a Cruz do monsenhor Vital. Claro que eu reconheci, ele sempre usava na lapela essa cruz. Foi um choque, porque não esperava. Naquele momento senti que monsenhor Vital sempre está presente em todos os momentos e que a paternidade dele continua através de Dom Orani, que é o nosso pastor e pai aqui da nossa arquidiocese.

Eu nunca vi Dom Orani receber mal qualquer padre, criticar, falar alto ou chamar a atenção. Há situações em que é necessário tomar posições, próprio de sua função, mas vejo que é ele que sente a dor. Não é dele deixar de acolher algum de seus filhos, causar mal em alguém. Essa paternidade se estende em Dom Orani, essa coisa especial que faz a diferença na nossa vida. Vejo a continuidade da paternidade de monsenhor Vital através de Dom Orani. Ele, num domingo, debaixo de forte calor, veio de barca para Paquetá par celebrar meu jubileu. É um gesto de muito carinho. Agradeço profundamente e vejo nisso sinais claros de Deus.

 

TF – Fale um pouco de sua vocação de comunicador à frente do programa “Expresso da Saudade”, que vai ao ar aos domingos à noite pela Rádio Catedral?

Padre Nixon – A convite do monsenhor Vital e do cônego Abílio, comecei a participar do programa no ano 2000. O “Expresso da Saudade” é a continuação, de certa forma, da missão de monsenhor Vital. Ele tinha um profundo amor pelo programa que iniciou com o cônego Abílio Soares de Vasconcelos. Quando não pôde mais gravar por questões na fala e na locomoção, recomendou: “não deixe acabar, continue”. Ele escutava o programa e dizia: “foi muito bom, continue”, e dava sugestões: “fala uma coisa séria e faz uma brincadeira, conta uma piada para provocar risos, mas na certeza que as pessoas ficaram atentas”.
Para um final de uma noite de domingo, o programa procura ser leve, ajudar as pessoas a descontraírem-se e dormir com mais tranquilidade. Desde o início nunca teve pauta, sempre é uma conversa espontânea e os assuntos vão surgindo. Procuramos abordar assuntos da Igreja, partilhar atividades da arquidiocese e recordar os santos de devoção popular. Junto com temas religiosos, também de cultura, apresentando poemas, músicas, clássicos imortais, que marcam a história e a vida das pessoas. É um bate-papo de família. Despertar na pessoa bons sentimentos, fazer a pessoa se sentir família ouvindo a Rádio Catedral.

 

TF – Qual é o sentimento de celebrar 25 anos de sacerdócio?

Padre Nixon – Chegar aos 25 anos de sacerdócio é curioso. Na época de seminarista, quando um padre celebrava o jubileu de prata imaginava um padre experiente, maduro, mais velho. Parecia inalcançável. Agora quando cheguei aos 25 de sacerdócio, vejo que foi tão rápido, intenso e não senti que o tempo passou.

Quando olho no espelho, às vezes me assusto, os cabelos e a pele não são os mesmos, mas a cabeça, o sentimento, o desejo de fazer o melhor continuam. Foi um pedido que eu fiz na minha primeira missa. Estava emocionado, sensibilizado e tocado, e pedi a Jesus naquele momento da primeira missa, para que em cada missa a ser celebrada eu tivesse o mesmo sentimento e amor e que não me deixasse cair na rotina de fazer de qualquer jeito. Cada missa para mim é única e essa graça recebida há 25 anos. Em Acari, entre sábado à noite e domingo, chegava a celebrar seis missas, para não deixar nenhuma capela sem missa dominical. Mesmo cansado, na hora da Eucaristia sentia uma sensação de amor, de ser abraçado por Jesus, vivo na Sua Palavra e na Eucaristia. Nesse pedido fui privilegiado. Até hoje todas as minhas missas têm sido celebradas com o sentimento e a sensação da primeira missa. Cheguei aos 25 anos com sensação de dever cumprido, de não ter desperdiçado o tempo. Me ordenei com 25 anos, muito jovem, e achava que sabia tudo, mas tive falhas, equívocos, por causa da ansiedade em querer fazer tudo. Mas sabemos que essa fase passa, tudo na vida passa, o que fica é a graça de Deus, a vocação, o ministério, o chamado. É contínuo. Fonte: https://sidneysilva.com.br 

A mulher desfilou com o boneco em festa religiosa e precisou ser escoltada por militares. Pároco a havia alertado sobre proibição do uso da sua imagem

 

Bonecão do padre em frente à igreja fechada após o mastro. crédito: Arquivo pessoal

 

Larissa Figueiredo

Após fazer um “bonecão” do padre responsável pela Paróquia São Sebastião, em Sabinópolis, no Vale do Rio Doce, a artista e arquiteta Celina Barroso foi excomungada da igreja católica em praça pública. O caso aconteceu na sexta-feira (16/8) durante a festividade religiosa de Nossa Senhora do Rosário, quando o conjunto folclórico “Grupo do Bonecão” desfilou com uma caricatura do pároco como uma crítica à gestão paroquial. Segundo Celina, o padre estava centralizando as decisões da igreja e cometendo irregularidades em sua administração. 

O boneco gigante, semelhante aos bonecos tradicionais de Olinda, em Pernambuco, foi produzido em conjunto com o grupo, que confecciona as caricaturas todos os anos para o desfile que antecede o mastro, momento em que uma bandeira com a imagem da santa homenageada é erguida pelo pároco e organizadores.

No entanto, durante a cerimônia, o padre José Geraldo anunciou a excomunhão da artista. “É um desrespeito o que ela acabou de fazer. Eu pedi: ‘não saia [com o boneco], dona Celina’, e ela saiu. Ela está excomungada”, repetiu em praça pública durante o evento religioso. Fonte: https://www.em.com.br

Frei Carlos Mesters, O. Carm

 

1) Oração

Ó Deus, que fizestes a Mãe do vosso Filho nossa Mãe e Rainha, dai-nos, por sua intercessão, alcançar o reino do céus e a glória prometida aos vossos filhos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho  (Lucas 1,26-38)

Naquele tempo, 26o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,27a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria.28Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.29Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação.30O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus.31Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.32Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó,33e o seu reino não terá fim.34Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem?35Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus.36Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril,37porque a Deus nenhuma coisa é impossível.38Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela.

 

3) Reflexão

Hoje é a festa de Maria Regina. O texto que meditamos no evangelho descreve a visita do anjo a Maria (Lc 1,26-38). A Palavra de Deus chega a Maria não através de um texto bíblico, mas através de uma experiência profunda de Deus, manifestada na visita do anjo. No AT, muitas vezes, o Anjo de Deus é o próprio Deus. Foi graças à ruminação da Palavra escrita de Deus na Bíblia, que Maria foi capaz de perceber a Palavra viva de Deus na visita do Anjo. Assim também acontece com a visita de Deus em nossas vidas. As visitas de Deus são frequentes. Mas por falta de ruminação da Palavra escrita de Deus na Bíblia, não percebemos a visita de Deus em nossas vidas. A visita de Deus é tão presente e tão contínua que, muitas vezes, já nem a percebemos e, por isso, perdemos uma grande oportunidade de viver na paz e na alegria.

 

Lucas 1,26-27: A Palavra faz a sua entrada na vida.

Lucas apresenta as pessoas e os lugares: uma virgem chamada Maria, prometida em casamento a um homem, chamado José, da casa de Davi. Nazaré, uma cidadezinha na Galiléia. Galiléia era periferia. O centro era Judéia e Jerusalém. O anjo Gabriel é o enviado de Deus para esta moça virgem que morava na periferia. O nome Gabriel significa Deus é forte. O nome Maria significa amada de Javé ou Javé é o meu Senhor. A história da visita de Deus a Maria começa com a expressão “No sexto mês”. Trata-se do "sexto mês" da gravidez de Isabel, parenta de Maria, uma senhora já de idade, precisando de ajuda. A necessidade concreta de Isabel é o pano de fundo de todo este episódio. Encontra-se no começo (Lc 1,26) e no fim (Lc 1,36.39).

 

Lucas 1,28-29: A reação de Maria.

Foi no Templo que o anjo apareceu a Zacarias. A Maria ele aparece na casa dela. A Palavra de Deus atinge Maria no ambiente da vida de cada dia. O anjo diz: “Alegra-te! Cheia de graça! O Senhor está contigo!” Palavras semelhantes já tinham sido ditas a Moisés (Ex 3,12), a Jeremias (Jr 1,8), a Gedeão (Jz 6,12), a Rute (Rt 2,4) e a muitos outros. Elas abrem o horizonte para a missão que estas pessoas do Antigo Testamento deviam realizar a serviço do povo de Deus. Intrigada com a saudação, Maria procura saber o significado. Ela é realista, usa a cabeça. Quer entender. Não aceita qualquer aparição ou inspiração.

 

Lucas 1,30-33: A explicação do anjo.

“Não tenha medo, Maria!” Esta é sempre a primeira saudação de Deus ao ser humano: não ter medo! Em seguida, o anjo recorda as grandes promessas do passado que vão ser realizadas através do filho que vai nascer de Maria. Este filho deve receber o nome de Jesus. Ele será chamado Filho do Altíssimo e nele se realizará, finalmente, o Reino de Deus prometido a Davi, que todos estavam esperando ansiosamente. Esta é a explicação que o anjo dá a Maria para ela não ficar assustada.

 

Lucas 1,34: Nova pergunta de Maria

Maria tem consciência da missão importante que está recebendo, mas ela permanece realista. Não se deixa embalar pela grandeza da oferta e olha a sua condição: “Como é que vai ser isto, se eu não conheço homem algum?” Ela analisa a oferta a partir dos critérios que nós, seres humanos, temos à nossa disposição. Pois, humanamente falando, não era possível que aquela oferta da Palavra de Deus se realizasse naquele momento.

 

Lucas 1,35-37: Nova explicação do anjo

"O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de você será chamado Filho de Deus”. O Espírito Santo, presente na Palavra de Deus desde o dia da Criação (Gênesis 1,2), consegue realizar coisas que parecem impossíveis. Por isso, o Santo que vai nascer de Maria será chamado Filho de Deus. Quando hoje a Palavra de Deus é acolhida pelos pobres sem estudo, algo novo acontece pela força do Espírito Santo! Algo tão novo e tão surpreendente como um filho nascer de uma virgem ou como um filho nascer de Isabel, uma senhora já de idade, da qual todo mundo dizia que ela não podia ter nenêm! E o anjo acrescenta: “E olhe, Maria! Isabel, tua prima, já está no sexto mês!”

 

Lucas 1,38A entrega de Maria.

A resposta do anjo clareou tudo para Maria. Ela se entrega ao que Deus estava pedindo: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua Palavra”. Maria usa para si o título de Serva, empregada do Senhor. O título vem de Isaías, que apresenta a missão do povo não como um privilégio, mas sim como um serviço aos outros povos (Is 42,1-9; 49,3-6). Mais tarde, Jesus, o filho que estava sendo gerado naquele momento, definirá sua missão:  “Não vim para ser servido, mas para servir!” (Mt 20,28). Aprendeu da Mãe!

 

Lucas 1,39A forma que Maria encontra para servir

A Palavra de Deus chegou e fez com que Maria saísse de si para servir aos outros.  Ela deixa o lugar onde estava e vai para a Judéia, a mais de quatro dias de viagem, para ajudar sua prima Isabel. Maria começa a servir e cumprir sua missão a favor do povo de Deus.

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Como você percebe a visita de Deus em sua vida? Você já foi visitada ou visitado? Você já foi uma visita de Deus na vida dos outros, sobretudo dos pobres? Como este texto nos ajuda a descobrir as visitas de Deus em nossa vida?
  2. A Palavra de Deus se encarnou em Maria. Como a Palavra de Deus está tomando carne na minha vida pessoal e na vida da comunidade?

 

5) Oração final

Que louvem o Senhor por sua bondade e por suas maravilhas em favor dos homens. Pois saciou quem tinha sede, e cumulou de bens os que tinham fome. (Sl 106, 8-9)

Há mais de meio século, Frei Betto é personagem de primeiro plano da história nacional. O semblante que o Brasil tem hoje leva sinais da sua caligrafia e da sua pedagogia

 

Por Eugênio Bucci

Carlos Alberto Libânio Christo, o dominicano Frei Betto, é um autor de letras diversas e números altos. Escreveu 74 livros. Tem 64 obras publicadas no exterior. Apenas um de seus títulos, Fidel e a Religião, lançado no Brasil em 1985 pela Editora Brasiliense, foi publicado em outros 28 países. Além de autor, ele é também educador popular. Ajudou a formar milhares de ativistas no Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, o MST, e em outras organizações sociais. O semblante que o Brasil tem hoje leva sinais da sua caligrafia e sua pedagogia. Há mais de meio século, Betto, como ele prefere ser chamado, é personagem de primeiro plano da história nacional.

Com sua jaqueta jeans à guisa de batina, mobiliza gente de tipos e matizes variados. Gente contente. Um sinal disso são as homenagens que disputam sua agenda à medida que se aproxima o dia 25 de agosto, quando ele vai completar 80 anos de idade. Em sindicatos, embaixadas, comunidades católicas e nas áreas comuns, ditas “sociais”, de prédios de apartamentos, recebe aplausos em grande quantidade e presentes em quantidade menor. Seus seguidores sinceros são mais numerosos que os dedos de uma mão – ou de milhares de mãos. Seus admiradores declarados lotam salões de casas abastadas e animam as rodas de quem não tem onde morar.

As festividades não aparecem nos jornais nem fazem alarde. Avançam como uma onda calma e pipocam em toda parte – até em salas de cinema. O documentário A Cabeça Pensa Onde os Pés Pisam – Frei Betto e a Educação Popular, o primeiro da trilogia dirigida por Evanize Sydow e Américo Freire, a cargo da produtora Mirar Lejos, foi exibido em pré-estreias comemorativas. A mesma produtora já começou a rodar o longa-metragem Betto, com o ator Enrique Díaz no papel principal. O lançamento está previsto para 2025.

No domingo passado, outro documentário, O Humanismo de Frei Betto, dirigido por Roberto Mader, foi exibido em avant-première pelo canal do ICL no YouTube. Leonardo Boff, um dos entrevistados, diz que seu velho companheiro sabe unir militância e religião. Os dois religiosos veem na figura de Jesus Cristo um preso político que foi torturado e assassinado por defender uma revolução – a revolução de mudar a maneira de viver por meio do amor ao próximo. No mesmo filme, Betto afirma que, no Novo Testamento, há apenas uma definição de Deus: “Deus é amor”. É tanta afeição mística que, de acordo com Boff, às vezes o frade “sente ciúme de Deus” por achar que o Superior não lhe dá a atenção devida.

A fibra moral desse escritor e pregador é maior do que supõe a nossa vã laicidade. Ele de vez em quando se avista com um presidente da República, a quem não adula. Sem mudar de roupa, vai amparar por horas, por dias, por semanas, os pais de um jovem que morreu tragicamente. Entre uma coisa e outra, conversa com os desvalidos, os esquecidos, os invisíveis. Sem barulho, sem ruído, sem precisar ser notado. Em silêncio.

Coerente, muito embora controverso, Betto defende o governo de Cuba. Não espere que ele desista dessa causa, à qual se sente irmanado. E, se você for um crítico e disser que em Havana vige uma ditadura, ele o acolherá com o mesmo respeito caloroso e – para usar aqui uma palavra que ele inventou – com a mesma “fraternura”.

Fora isso, cultiva a boa mesa. Guarda de cor as receitas da mãe, dona Stella. Escreve sobre culinária – Comer como um frade, por exemplo –, sabe cozinhar e não faz feio. Não deixa ninguém cortar o queijo mineiro como se fosse pizza. Nessa matéria, sua ortodoxia é inflexível: as fatias devem ser retiradas sempre de fora a fora, e o queijo vai diminuindo da direita para a esquerda, como se fosse pão.

Betto é capaz de levar uma caixa de charutos Cohiba para o jovem editor que acabou de virar pai, mas você jamais vai vê-lo ostentando grifes. Seus vinhos têm preço mediano. Com a mesma disciplina litúrgica que lidera um grupo de oração, comanda a “Academia de Litros”, em que confrades e confreiras se reúnem para comer o que engorda, beber o que embriaga e prosear sobre assuntos que levam uma pitada de veneno.

Assim é. Quem o vê dando risada e fazendo piadas ferinas não tem ideia dos sofrimentos por que passou. Batismo de Sangue, de 1983, um de seus livros definitivos, conta a história dos frades dominicanos que entraram nas fileiras da ALN de Carlos Marighella para dar apoio logístico, sem nunca pegar em armas, e terminaram encarcerados. Frei Tito se matou no exílio. Não suportou conviver com o que a tortura quebrou dentro dele. Betto sobreviveu. Suportou. As cicatrizes que ficaram não se põem à mostra. Batismo de Sangue ganhou o Jabuti e foi adaptado para o cinema em 2006, pelo diretor Helvécio Ratton.

Esse homem de muitos tempos e muitos lugares, que foi jornalista na revista Realidade, trabalhou no Teatro Oficina junto com Zé Celso, morou na cadeia, na favela e no convento, sempre mineiramente quieto, merece todas as celebrações, silenciosas ou não. Parabéns, meu amigo. Feliz aniversário. Fonte: https://www.estadao.com.br

*JORNALISTA, É PROFESSOR DA ECA-USP

Segundo a Polícia Civil. religioso mantinha um arquivo com mais de 260 vídeos de relações sexuais com menores de idade

Segundo a Diocese de Coari, padre Paulo Araújo da Silva foi afastado de suas funções 

 

Carol Queirozda CNN em Manaus

O padre Paulo Araújo da Silva, 31 anos, foi preso no último domingo (18) em Coari (AM), a cerca de 370 quilômetros de Manaus, sob suspeita de praticar crimes sexuais contra adolescentes. Segundo a Polícia Civil, ele agia de forma violenta e fazia ameaças e torturas psicológicas contra as vítimas.

Conforme as autoridades policiais, as investigações tiveram início em setembro de 2023 após denúncias anônimas recebidas pelo Disque 100. As notificações davam conta de que uma adolescente de 17 anos estava sendo vítima de crimes como estupro, gravação de vídeos sexuais, aborto, ameaça e violência doméstica.

De acordo com o delegado José Barradas, da delegacia de Coari, a vítima foi identificada e levada à delegacia para prestar depoimento, momento em que relatou que desde os 14 anos mantinha relações sexuais com o padre e que chegou a engravidar dele. O religioso teria a obrigado a abortar.

“Nesse contexto, entra a participação de Francisco Rayner Barros Batista, de 34 anos, que está foragido. Ele é amigo do infrator e foi o responsável por fornecer à adolescente um medicamento que ela ingeriu e resultou no aborto. O feto foi expelido no quintal da casa de Francisco Rayner e enterrado no local. Isso foi confirmado tanto por fotos quanto pelo depoimento da vítima”, explicou o delegado.

Ainda segundo a polícia, a adolescente também estava sofrendo violência psicológica, tendo em vista que o padre, conforme as investigações, a obrigava a manter relações sexuais com ele e fazia constantes ameaças caso ela não continuasse. Segundo relato da vítima, ele dizia que “iria acabar com a vida dela”, pois sela seria “dele” e “de mais ninguém”.

Durante a prisão do padre na paróquia, os investigadores encontraram ele na cama com uma jovem que tinha acabado de completar 18 anos. A polícia diz ele mantinha relações com essa jovem desde quando ela era menor de idade.

No quarto dele, a polícia apreendeu cerca de R$ 30 mil em espécie, além de mais de 260 vídeos de cenas de sexo com adolescentes e com outras pessoas. Todo o material vai ser analisado pela perícia, juntamente com o computador do suspeito.

A autoridade policial destacou que as investigações continuarão, pois pode haver outras pessoas envolvidas. Nos depoimentos das testemunhas, foi mencionado que o padre aliciava outras pessoas. Além de manter relações com essa vítima, ele pedia para que ela trouxesse outras amigas, para que todos tivessem relações sexuais em conjunto.

Em nota, a Diocese de Coari, disse que repudia toda forma de abuso e exploração e manifestou solidariedade às vítimas e a suas famílias. A diocese informou ainda que tomou todas as providências canónicas necessárias, que determina a lei da Igreja, afastando o referido religioso de todas as funções que desempenhava na Igreja Católica.

A organização religiosa também diz que se colocou em “total disponibilidade” para colaborar com as autoridades. Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br

 

Cardeal Sergio da Rocha 

Arcebispo de Salvador (BA)

 

O período da campanha eleitoral, pela sua decisiva importância política, requer especial atenção e empenho não somente dos candidatos e dos partidos políticos, mas também dos eleitores. Participar da vida política do país tem sido uma tarefa cada vez mais difícil, mas irrenunciável numa sociedade democrática. O exercício consciente da cidadania não se restringe à via partidária e ao voto, mas a participação na política através dos partidos é muito importante na democracia participativa. O descrédito ou a indiferença diante da política ou dos políticos não devem pautar a conduta dos cidadãos, cuja participação se faz muito necessária não somente na época das eleições. A afirmação da ética na política é tarefa permanente que desafia a todos, políticos e eleitores, devendo ocorrer já durante a campanha eleitoral para se prolongar após as eleições, durante o mandato dos eleitos. 

A conduta ética que se espera dos candidatos e eleitores diante dos adversários políticos é de respeito. A Igreja Católica, através dos pronunciamentos do Papa Francisco e da Conferência Episcopal, tem insistido na necessidade de respeito entre as pessoas ou grupos de diferentes tendências políticas. Numa sociedade democrática, há lugar para a diversidade de opiniões políticas, mas jamais para a agressão, seja nas redes sociais, em casa, nas ruas, no ambiente de trabalho ou em qualquer outro. Os adversários no campo político não devem ser vistos como inimigos a serem combatidos. O caminho da agressividade e da intolerância representa a negação da política. A discussão de ideias e propostas políticas não pode ser motivo para agressões ou para a divulgação de informações falsas. A polêmica ofensiva deve ceder espaço para o diálogo construtivo em que as propostas políticas sejam claramente apresentadas. O crescimento da influência das redes sociais na vida política merece especial atenção e exige maior discernimento para não se deixar levar pela desinformação. 

Os debates no período eleitoral podem contribuir muito para o conhecimento dos candidatos e de suas propostas, em vista de uma participação consciente e responsável nas eleições. Contudo, devem ser debates sobre o programa efetivo de ação a que se propõem realizar, considerando as necessidades maiores da população local. Os eleitores necessitam conhecer, de fato, os candidatos a partir do seu histórico pessoal e das propostas políticas que defendem. O respeito de um candidato diante do seu oponente, mesmo ao tecer-lhe críticas, é sinal também de respeito ao eleitor. 

Os cristãos e os membros das diversas confissões religiosas têm a grave responsabilidade de contribuir para a convivência respeitosa e pacífica entre os candidatos e entre os eleitores neste período político eleitoral. 

 *Artigo publicado no jornal A Tarde, em 11 de agosto de 2024. Fonte: https://www.cnbb.org.br

 

1) Oração

Ó Deus, que preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho  (Mateus 20,1-16a)

1Com efeito, o Reino dos céus é semelhante a um pai de família que saiu ao romper da manhã, a fim de contratar operários para sua vinha. 2Ajustou com eles um denário por dia e enviou-os para sua vinha. 3Cerca da terceira hora, saiu ainda e viu alguns que estavam na praça sem fazer nada. 4Disse-lhes ele: - Ide também vós para minha vinha e vos darei o justo salário. 5Eles foram. À sexta hora saiu de novo e igualmente pela nona hora, e fez o mesmo. 6Finalmente, pela undécima hora, encontrou ainda outros na praça e perguntou-lhes: - Por que estais todo o dia sem fazer nada?7Eles responderam: - É porque ninguém nos contratou. Disse-lhes ele, então: - Ide vós também para minha vinha. 8Ao cair da tarde, o senhor da vinha disse a seu feitor: - Chama os operários e paga-lhes, começando pelos últimos até os primeiros. 9Vieram aqueles da undécima hora e receberam cada qual um denário. 10Chegando por sua vez os primeiros, julgavam que haviam de receber mais. Mas só receberam cada qual um denário. 11Ao receberem, murmuravam contra o pai de família, dizendo: 12Os últimos só trabalharam uma hora... e deste-lhes tanto como a nós, que suportamos o peso do dia e do calor. 13O senhor, porém, observou a um deles: - Meu amigo, não te faço injustiça. Não contrataste comigo um denário? 14Toma o que é teu e vai-te. Eu quero dar a este último tanto quanto a ti. 15Ou não me é permitido fazer dos meus bens o que me apraz? Porventura vês com maus olhos que eu seja bom? 16Assim, pois, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos.

 

3) Reflexão  Mateus 20,1-16 

O evangelho de hoje traz uma parábola que só é relatada por Mateus. Ela não existe nos outros três evangelhos. Como em todas as parábolas, Jesus conta uma história feita de elementos do dia-a-dia da vida do povo. Ele retrata a situação social do seu tempo, na qual os ouvintes se reconhecem. Mas ao mesmo tempo, na história desta parábola, acontecem coisas que nunca acontecem na realidade da vida do povo. É que, ao falar do patrão, Jesus pensa em Deus, seu Pai. Por isso, na história da parábola, o patrão faz coisas surpreendentes que não acontecem no dia-a-dia da vida dos ouvintes. É nesta atitude estranha do patrão, que deve ser procurada a chave para a compreensão do mensagem da parábola.

Mateus 20,1-7: As cinco vezes que o patrão sai em busca de operários

"O Reino do Céu é como um patrão, que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia, e os mandou para a vinha” Assim começa a história que fala por si e nem precisaria de muito comentário. No que segue, o patrão sai mais quatro vezes chamando operários para trabalhar na sua vinha. Jesus alude ao terrível desemprego daquela época. Alguns detalhes da história: (1) O próprio patrão sai pessoalmente cinco vezes para contratar operários. (2) Na hora de contratar os operários, é só com o primeiro grupo que ele acerta o salário: um denário por dia. Com os da nona hora ele diz: Eu lhes pagarei o que for justo. Com os outros ele não acertou nada. Apenas os contratou para trabalhar na vinha. (3) No fim do dia, na hora de acertar as contas com os operários, o patrão manda que o administrador faça o serviço.

Mateus 20,8-10: A estranha maneira de acertar as contas no fim do dia

Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador: Chame os trabalhadores, e pague uma diária a todos. Comece pelos últimos, e termine pelos primeiros. Aqui, na hora de acertar as contas, acontece algo estranho que não acontece na vida comum. Parece a inversão das coisas. O pagamento começa com os que foram contratados por último e que trabalharam apenas uma única hora. O pagamento é o mesmo para todos: um denário, como tinha sido combinado com os que foram contratados no começo do dia. No fim, chegaram os que foram contratados primeiro, e pensavam que iam receber mais. No entanto, cada um deles recebeu também uma moeda de prata.  Por que o patrão faz isso? Você faria assim? É aqui neste gesto surpreendente do patrão que está escondida a chave da mensagem desta parábola.

Mateus 20,11-12: A reação normal dos operários diante da estranha atitude do patrão

Os últimos a receber o salário eram os que foram contratados por primeiro. Estes, assim diz a história, ao receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão e disseram: “Esses últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor do dia inteiro!”  É a reação normal do bom senso. Creio que todos nós teríamos a mesma reação e diríamos a mesma coisa ao patrão. Ou não?

Mateus 20,13-16: A explicação surpreendente do Patrão que fornece a chave da parábola

A resposta do patrão é esta: “Amigo, eu não fui injusto com você. Não combinamos uma moeda de prata? Tome o que é seu, e volte para casa. Eu quero dar também a esse, que foi contratado por último, o mesmo que dei a você. Por acaso não tenho o direito de fazer o que eu quero com aquilo que me pertence? Ou você está com ciúme porque estou sendo generoso?”  Estas palavras trazem a chave que explica a atitude do patrão e aponta a mensagem que Jesus quer comunicar: (1) O patrão não foi injusto, pois ele agiu de acordo com o que tinha sido combinado com o primeiro grupo de operários: um denário por dia. (2) É decisão soberano do patrão de dar aos últimos o mesmo que tinha sido combinado com os da primeira hora. Estes não têm direito de reclamar. (3) Atuando dentro da justiça, o patrão tem o direito de fazer o bem que ele quer com as coisas que lhe pertencem. O operário da parte dele tem este mesmo direito. (4) A pergunta final toca no ponto central: Ou você está com ciúme porque estou sendo generoso?' Deus é diferente mesmo! Ele não cabe nos nossos pensamentos (Is 55,8-9).

O pano de fundo da parábola é a conjuntura daquela época, tanto de Jesus como de Mateus. Os operários da primeira hora são o povo judeu, chamado por Deus para trabalhar em sua vinha. Eles sustentaram o peso do dia, desde Abraão e Moisés, bem mais de mil anos. Agora, na undécima hora, Jesus chama os pagãos para ir trabalhar na sua vinha e eles chegam a ter a preferência do coração de Deus. “Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”. 

 

4) Para um confronto pessoal

1) Os da undécima hora chegam, levam vantagem e recebem prioridade na fila diante da entrada do Reino de Deus. Quando você espera duas horas numa fila e chega alguém que, sem mais, se coloca na frente de você, você aceitaria? Dá para comparar as duas situações?

2) A ação de Deus ultrapassa nossos cálculos e nosso jeito humano de atuar. Ele surpreende e às vezes incomoda. Isto já aconteceu alguma vez na sua vida? Qual a lição que tirou?

 

5) Oração final

A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me por todos os dias de minha vida. E habitarei na casa do Senhor por longos dias. (Sl 22, 6)

Teve início nesta segunda-feira, 19 de agosto de 2024 o V Encontro da Igreja na Amazônia Legal, que reúne na Maromba de Manaus, de 19 a 22 de agosto, os bispos e outros representantes das 58 igrejas locais que fazem parte da região.

 

Padre Modino – Regional Norte 1 da CNBB

Com o tema, “A Igreja que se fez carne, alarga sua tenda na Amazônia: Memória e Esperança”, o encontro é organizado pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil).

 

O fato de “nos encontrarmos é sempre importante, para criarmos mais comunhão, para pensarmos juntos a evangelização, permanecermos fiéis ao espírito missionário da nossa Igreja na Amazônia, revermos a nossa caminhada”, segundo o cardeal Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1). Uma caminhada missionária, sinodal da Igreja da Amazônia, com horizontes muito bonitos e significativos, afirma o purpurado. Isso se concretiza em “sermos cada vez mais uma Igreja mais inserida”, lembrando a encarnação proposta em Santarém, que hoje deve acontecer em realidades que são outras.

O presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) destacou a necessidade de “cada vez mais inserirmos a vida dos povos indígenas”, falando sobre a situação muito difícil em termos de meio ambiente em que vive a Amazônia. O cardeal Steiner destacou o incentivo do Papa Francisco a levarmos em consideração toda a realidade, uma perspectiva que “nos anima, mas é uma perspectiva exigente, porque não podemos deixar ninguém para trás. Queremos caminhar todos juntos, mas levando em consideração as realidades que estamos a viver”.

Um encontro iniciado com uma celebração marcada pela vida da Igreja e dos povos da Amazônia, seguida da abertura oficial do encontro, que representa uma alegria muito grande para a arquidiocese de Manaus, segundo seu arcebispo. O cardeal Steiner pediu que “seja um encontro onde podermos continuar a sonhar, para sermos uma Igreja profundamente encarnada, levando em consideração os sonhos do Papa Francisco”, e a partir daí “sermos uma Igreja que realmente canta a liberdade, e ao cantar a liberdade, se encarnar nas culturas que aqui existem, para que possamos realmente ser sinal de esperança”.

Uma alegria partilhada pelo arcebispo emérito de Huancayo (Peru) e presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), cardeal Pedro Barreto, que lembrou que “é um fruto do processo sinodal vivido nesta região tão querida”. Ele destacou a larga história da Igreja na Amazônia, ressaltando a necessidade de “sermos conscientes que recolhemos uma sagrada herança dos nossos antecessores que trabalharam na Amazônia”. O cardeal Barreto agradeceu “todo o esforço que estão fazendo para caminhar em comunhão, participando todos na única missão de Cristo”.

Em nome da presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, lembrou a longa história de encontros da Igreja da Amazônia, iniciado com o primeiro encontro inter-regional em 1952, destacando que “a perseverança nos ensina que vale a pena continuar esse processo com todo entusiasmo”. Ele refletiu sobre os retrocessos que acontecem cada dia na Amazônia, citando os desmatamentos, e mostrando a preocupação do episcopado brasileiro para com os povos originários, “esses são os que mais sofrem”, denunciando “a gravidade das coisas que estão acontecendo em nosso país”, algo que lhes preocupa e que buscam dar respostas. Ele mostrou a apertura da CNBB a todos, e lembrou o tema da Campanha da Fraternidade de 2025, sobre a ecologia integral, “uma oportunidade para sensibilizar a todo o Brasil”.

A Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM), que está completando 10 anos, o fato de estar presente no território a leva a mostrar suas alegrias e preocupações, segundo sua vice-presidente, a irmã Carmelita Conceição. A religiosa citou a realidade da seca, que desafia a “dar um sinal de vida e esperança na Amazônia”, vendo o encontro como uma ajuda para “vermos o que fazer e como nos posicionar diante de tantos desafios”.

A representante do Governo Brasileiro, Kenarik Boujikian, Secretária Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas da Secretaria Geral da Presidência da República, afirmou que o papel da instituição que representa é manter o diálogo da sociedade civil e os movimentos sociais com o Governo, lembrando a importância dos movimentos populares para o Papa Francisco. Ela destacou a importância das messas de diálogo, apresentando um caderno de respostas às demandas da Igreja brasileira, que não pretende dar soluções, mas ele é uma ferramenta de trabalho, dividido em quatro eixos: emergência climática; direitos dos povos das águas, do campo e das florestas; regularização fundiária: denúncias e violações de direitos nos territórios. Um caderno para fazer novas construções, pequenas coisas que na realidade podem impactar.

Diante dessa realidade, “a REPAM-Brasil quer ser um serviço eclesial, articulado com muitos movimentos e muitas organizações da sociedade civil, em busca de preservar os direitos dos nossos povos, dos nossos territórios e da nossa Amazônia como um todo”, segundo se presidente, o bispo de Roraima, dom Evaristo Spengler. Respondendo ao caderno, o bispo afirmou que “as nossas ações apoiam e visibilizam as iniciativas das comunidades, pastorais e organizações eclesiais, a partir de uma espiritualidade encarnada, na defesa da vida dos povos e da biodiversidade amazônica para construir o bem viver”, algo feito com fé e esperança.

Ele lembrou a visita realizada a 13 ministérios e outras entidades, levando os resultados da escuta aos povos, que tem como consequência o caderno de respostas. Diante de uma situação que tende a se agravar, dom Evaristo Spengler agradeceu as respostas, destacando a importância das políticas públicas necessárias ao cuidado com a casa comum, com a Criação e com a nossa querida Amazônia.

O arcebispo de São Luis e presidente da Comissão Especial Episcopal para a Amazônia, dom Gilberto Pastana, lembrou os membros da comissão desde sua criação em 2003, que hoje é formada pelos presidentes dos regionais da Amazônia Legal. Um encontro de “muita convivência, partilha da vida e da missão, e comprometimento com a causa do Reino”, para dar continuidade às conclusões assumidas no IV Encontro, realizado em Santarém em 2022. Lembrando o tema e o lema, ressaltou a importância do processo de escuta feito em preparação ao encontro, em busca de “construir novos caminhos para a Igreja na Amazonia, para a ecologia e para o território”.

Insistindo em que “a missão nos desafia”, ele disse que “queremos ser fiéis aos desafios do Senhor”, chamando a “dar continuidade a toda essa riqueza colhida e observada nos avanços, dificuldades e desafios em nossas ações evangelizadoras”. Igualmente, ele pediu “fortificar o nosso compromisso missionário”, e “identificar os passos concretos que o Espírito Santo revela à Igreja na Amazônia para realizar e crescer a comunhão, a missão e a participação.” Fonte:  https://www.vaticannews.va

A construção é uma das mais antigas da cidade e estava interditada pela Defesa Civil

 

Igreja da Ordem Primeira do Carmo após desabamento do telhado - Igreja da Ordem Primeira do Carmo/Divulgação

 

São Paulo

O telhado da igreja da Ordem Primeira do Carmo, no centro de Angra dos Reis (RJ), desabou na tarde desta segunda-feira (19). A igreja faz parte de um conjunto arquitetônico construído há mais de 400 anos e que é tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) desde 1944.

O desabamento foi comunicado pela Paróquia Nossa Senhora da Conceição, que definiu a notícia como lastimável.

A igreja estava interditada há um mês pela Defesa Civil municipal devido à fragilidade da estrutura e não havia ninguém no local no momento do desabamento.

"Informamos que a paróquia, junto com o poder público, desde a primeira vistoria da Defesa Civil não mediu esforços para que tal situação não ocorresse e estavam progressivamente ocorrendo os devidos encaminhamentos", diz nota divulgada pela igreja.

A construção é uma das mais antigas de Angra dos Reis. Começou em 1593 e foi concluída em 1617, segundo a prefeitura. O conjunto arquitetônico tem estilo colonial e dois pavimentos divididos em duas igrejas, coro, torre, sineira, corredor lateral, claustro, sala do capítulo, cozinha, sacristia, celas, biblioteca e cartório.

O Iphan havia autorizado o escoramento emergencial em andaimes metálicos sob o forro da nave da igreja, para estabilizar a estrutura do edifício enquanto era preparado o material técnico para reforma da construção.

O projeto de escoramento estava sendo desenvolvido pela Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas do município.

Uma equipe do Iphan fará uma vistoria na igreja nesta terça-feira (20) para avaliar a situação. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

 

Dom João Santos Cardoso

Arcebispo de Natal (RN)

 

O ódio é uma das paixões tão antiga quanto a humanidade, mas sua manifestação moderna nas redes sociais e plataformas digitais trouxe novos desafios éticos e sociais. O Papa Francisco utiliza a expressão “movimentos digitais de ódio” para descrever as formas de agressividade, insultos, difamações e afrontas verbais que são amplificadas pelas plataformas digitais, com o objetivo de desfigurar e destruir a reputação do outro. Esses meios proporcionam um ambiente onde a agressividade social se expande, permitindo que as ideologias percam o respeito e a civilidade (Fratelli Tutti, 43-44). O Papa também alerta para os perigos dos movimentos digitais de ódio, que muitas vezes se apresentam como formas de “ajuda mútua”, mas que, na verdade, fomentam o isolamento, o individualismo e a xenofobia. 

No contexto das redes sociais, o ódio é frequentemente utilizado como um instrumento para manter a polarização entre diferentes grupos ideológicos e políticos. Plataformas como YouTube e Twitter veem um aumento no engajamento quando os usuários compartilham conteúdos carregados de ódio, o que incentiva a criação e disseminação de tais mensagens. O Papa Francisco também condena essa prática, afirmando que promover mensagens de ódio na web é uma forma de “cultura do descarte”, que despoja o ser humano de sua dignidade (Mensagem aos participantes da 13ª edição do Festival da Doutrina Social, Verona, 24/11/2023). 

Friedrich Nietzsche, em sua “Genealogia da Moral”, entende o ódio como uma manifestação do ressentimento dos fracos contra os fortes, particularmente dos escravos em relação à moralidade de seus senhores. Esse ressentimento, que transforma o ódio em uma força moldadora da moralidade e da cultura, é visto por Nietzsche como uma característica central da moral dos escravos, fundamentada na vingança e na negação dos valores dos fortes. Ele alerta que, na impotência dos fracos, o ódio pode assumir proporções monstruosas e espiritualmente venenosas, um fenômeno que se reflete nas redes sociais, onde indivíduos e grupos marginalizados usam o ódio para se autoafirmar e atacar inimigos ideológicos. 

Santo Tomás de Aquino, em sua “Suma Teológica”, no Tratado sobre as paixões, define o ódio como uma paixão da alma que surge instintivamente em resposta ao que é percebido como nocivo ou repugnante, destacando que o amor é a causa do ódio, pois só odiamos o que contraria o bem que amamos. Embora o ódio possa parecer mais forte por sua sensibilidade e imediatismo, Santo Tomás argumenta que o amor é a força primordial e mais poderosa. Mesmo nas redes sociais, onde o ódio parece prevalecer, o impulso pelo bem ainda é mais profundo, embora menos visível. 

O Papa Francisco propõe um caminho alternativo ao ódio: a humildade e a ternura. Ele argumenta que estas não são virtudes dos fracos, mas dos fortes, que não precisam maltratar os outros para se sentirem importantes (Evangelii Gaudium, 288). Esse ensinamento é fundamental no contexto atual, onde a comunicação digital muitas vezes incentiva a agressividade e a desumanização do outro. Francisco exorta os cristãos e a sociedade em geral a rejeitarem o ódio e a abraçarem o amor e o respeito mútuo como fundamentos de uma verdadeira fraternidade (Fratelli Tutti, 46.242, 282-284). 

O ódio nas redes digitais é um fenômeno complexo, enraizado em emoções humanas profundas e muitas vezes manipulado para servir a agendas políticas e ideológicas. Somos desafiados a rejeitar essa força destrutiva e a buscar uma cultura de amor, respeito e fraternidade. Em última análise, o ódio pode parecer poderoso, mas é o amor que tem o potencial de transformar e unir a humanidade em sua diversidade. Fonte: https://www.cnbb.org.br

 

Anos atrás Luis Fernando Figari já havia sido afastado do movimento que criou na década de 1970, por causa de alegações de abuso psicológico e sexual, inclusive de menores, e por irregularidades financeiras, com o veto de retornar ao seu país. Agora veio a medida do Dicastério para a Vida Consagrada, tornada pública pela Conferência Episcopal Peruana.

 

Salvatore Cernuzio - Vatican News

Expulso do movimento que ele mesmo criou. O caso de Luis Fernando Figari, fundador no Peru da Sociedade de Vida Apostólica Sodalitium Christianae Vitae, mais comumente conhecida como Sodalício de Vida Cristã (SVC), que já foi comissionada no passado por casos de abuso e má gestão financeira por parte da administração, chegou ao fim com uma medida da Santa Sé. Figari, em particular, é acusado de violência física, psicológica e sexual, inclusive contra menores de idade.

Foi a Conferência Episcopal Peruana que divulgou o decreto emitido pelo Dicastério para a Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, que, de acordo com o cânon 746 do Código de Direito Canônico, estabeleceu a expulsão de Figari da realidade nascida na década de 1970 e muito difundida na América Latina por meio dessas comunidades, chamadas “sodálites”, formadas por leigos e sacerdotes consagrados que vivem juntos com votos perpétuos de celibato e obediência. Durante anos, o Sodalício foi uma das realidade mais ativas na evangelização da América do Sul.

 

As acusações

As primeiras acusações de abuso surgiram no início dos anos 2000, após denúncias de ex-membros e de investigações realizadas pela mídia. O caso explodiu em 2015 com a publicação de um livro que reúne os testemunhos das vítimas. A obra fala sobre abuso físico, psicológico e sexual por parte dos líderes do movimento e do próprio fundador Figari.

 

O veto do retorno ao Peru

Em 2018, o Ministério Público peruano havia solicitado a prisão preventiva de vários membros e ex-membros da organização, incluindo Figari. E o próprio Sodalício havia criado um grupo de investigação que, por meio de um relatório, identificou os autores de tais crimes - então afastados do movimento - cometidos entre 1975 e 2002 contra cerca de 36 pessoas, incluindo 19 menores.

No mesmo ano, Figari foi impedido por uma medida do Vaticano de retornar ao seu país, “exceto por razões muito sérias e sempre com a permissão por escrito” do comissário nomeado após a crise, o bispo colombiano Noel Antonio Londoño Buitrago, prelado de Jericó (Antioquía), que ficou ao lado do cardeal estadunidense Joseph William Tobin, desde 2016 o “delegado papal” para liderar o governo dessa realidade eclesial e que depois permaneceu como “referente”, em particular para questões econômicas.

O veto a um retorno ao Peru foi motivado pelo temor de que Figari pudesse “causar mais danos contra o povo”, “ocultar e destruir provas contra ele” ou “obstruir o curso da justiça” tanto eclesiástica quanto civil. Isso foi explicado em uma carta assinada pelo cardeal João Braz de Aviz, prefeito da Vida Consagrada, publicada em junho de 2018, em resposta às acusações da mídia local de que o Vaticano de alguma forma “protegeria” Figari.

 

Os enviados do Papa

Em julho de 2023, o Papa Francisco havia enviado dois investigadores especiais ao país andino para “investigar, ouvir e relatar” o caso do Sodalitium Christianae Vitae. Eram os dois especialistas que, alguns anos antes, haviam feito o mesmo trabalho no Chile, profundamente abalado por escândalos de abuso, passados e presentes: os investigadores Charles Scicluna, arcebispo de Malta, e o padre espanhol Jordi Bertomeu, ambos membros do Dicastério para a Doutrina da Fé. Fonte: https://www.vaticannews.va

 

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 18,21-19,1)

18:21Então Pedro se aproximou dele e disse: Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? 22Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Por isso, o Reino dos céus é comparado a um rei que quis ajustar contas com seus servos. 24Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. 25Como ele não tinha com que pagar, seu senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus bens para pagar a dívida. 26Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo! 27Cheio de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida. 28Apenas saiu dali, encontrou um de seus companheiros de serviço que lhe devia cem denários. Agarrou-o na garganta e quase o estrangulou, dizendo: Paga o que me deves! 29O outro caiu-lhe aos pés e pediu-lhe: Dá-me um prazo e eu te pagarei! 30Mas, sem nada querer ouvir, este homem o fez lançar na prisão, até que tivesse pago sua dívida. 31Vendo isto, os outros servos, profundamente tristes, vieram contar a seu senhor o que se tinha passado. 32Então o senhor o chamou e lhe disse: Servo mau, eu te perdoei toda a dívida porque me suplicaste. 33Não devias também tu compadecer-te de teu companheiro de serviço, como eu tive piedade de ti? 34E o senhor, encolerizado, entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida. 35Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração. 19:1Após esses discursos, Jesus deixou a Galiléia e veio para a Judéia, além do Jordão.

 

3) Reflexão   Mateus 18,21-19,1

No evangelho de ontem ouvimos as palavras de Jesus sobre a correção fraterna (Mt 18,15-20). No evangelho de hoje (Mt 18,21-39) o assunto central é o perdão e a reconciliação.

Mateus 18,21-22: Perdoar setenta vezes sete!.

Diante das palavras de Jesus sobre a correção fraterna e a reconciliação, Pedro pergunta: “Quantas vezes devo perdoar? Sete vezes?” Sete é um número que indica uma perfeição e, no caso da proposta de Pedro, sete é sinônimo de sempre. Mas Jesus vai mais longe. Ele elimina todo e qualquer possível limite para o perdão: "Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete!” É como se dissesse: “Sempre, não! Pedro, mas setenta vezes sempre!” Pois não há proporção entre o amor de Deus para conosco e o nosso amor para com o irmão. Aqui se evoca o episódio de Lamec do AT. “Lamec disse para as suas mulheres: da e Sela, ouçam minha voz; mulheres de Lamec, escutem minha palavra: Por uma ferida, eu matarei um homem, e por uma cicatriz matarei um jovem. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta e sete" (Gn 4,23-24). A tarefa das comunidades é a de reverter o processo da espiral da violência. Para esclarecer a sua resposta a Pedro Jesus conta a parábola do perdão sem limite.

 

Mateus 18,23-27: A atitude do patrão

Esta parábola é uma alegoria, isto é, Jesus fala de um patrão, mas pensa em Deus. Isto explica os contrastes enormes desta parábola. Como veremos, apesar de se tratar de coisas normais diários, existe algo nesta história que não acontece nunca na vida diária. Na história que Jesus conta, o patrão segue as normas do direito da época. Era um direito dele de prender o empregado com toda a sua família e mantê-lo na prisão até que tivesse pago pelo trabalho escravo a sua dívida. Mas diante do pedido do empregado endividado, o patrão perdoa a dívida. O que chama a atenção é o tamanho da dívida: dez mil talentos. Um talento equivale a 35 kg. Segundo os cálculos feitos, dez mil talentos equivalem a 350 toneladas de ouro. Mesmo que o devedor junto com mulher e filhos fossem trabalhar a vida inteira, jamais seriam capazes de juntar 350 toneladas de ouro. O cálculo extremo é proposital. Nossa dívida frente a Deus é incalculável e impagável.

 

Mateus 18,28-31: A atitude do empregado

Ao sair daí, esse empregado perdoado encontrou um de seus companheiros que lhe devia cem moedas de prata. Ele o agarrou, e começou a sufocá-lo, dizendo: 'Pague logo o que me deve'. Dívida de cem denários é o salário de cem dias de trabalho. Alguns calculam que era de 30 gramas de ouro. Não existe meio de comparação entre os dois! Nem dá para entender a atitude do empregado: Deus lhe perdoou 350 toneladas de outro e ele não quer perdoas 30 gramas de ouro. Em vez de perdoar, ele faz com o companheiro aquilo que o patrão ia fazer, mas não fez. Mandou prender o companheiro de acordo com as normas da lei, até que fosse paga a dívida. Atitude chocante para qualquer ser humano. Chocou os outros companheiros. Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão, e lhe contaram tudo. Qualquer um de nós teria tido a mesma atitude de desaprovação.

 

Mateus 18,32-35: A atitude de Deus

“O patrão mandou chamar o empregado, e lhe disse: 'Empregado miserável! Eu lhe perdoei toda a sua dívida, porque você me suplicou. E você, não devia também ter compaixão do seu companheiro, como eu tive de você?' O patrão indignou-se, e mandou entregar esse empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida”. Diante do amor de Deus que perdoa gratuitamente nossa dívida de 350 toneladas de ouro, é nada mais que justo que nós perdoemos ao irmão a pequena dívida de 30 gramas de ouro. O perdão de Deus é sem limites. O único limite para a gratuidade da misericórdia de Deus vem de nós mesmos, da nossa incapacidade de perdoar o irmão! (Mt 18,34). É o que dizemos e pedimos no Pai Nosso: “Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (Mt 6,12-15).

 

A comunidade como espaço alternativo de solidariedade e fraternidade

A sociedade do Império Romano era dura e sem coração, sem espaço para os pequenos. Estes buscavam um abrigo para o coração e não o encontravam. As sinagogas também eram exigentes e não ofereciam um lugar para eles. Nas comunidades cristãs, o rigor de alguns na observância da Lei levava para dentro da convivência os mesmos critérios da sociedade e da sinagoga. Assim, nas comunidades começavam a aparecer as mesmas divisões que existiam na sociedade e na sinagoga entre rico e pobre, dominação e submissão, homem e mulher, raça e religião. Em vez da comunidade ser um espaço de acolhimento, tornava-se um lugar de condenação. Juntando palavras de Jesus, Mateus quer iluminar a caminhada dos seguidores e das seguidoras de Jesus, para que as comunidades sejam um espaço alternativo de solidariedade e de fraternidade. Devem ser uma Boa Notícia para os pobres.

 

4) Para um confronto pessoal

 1) Perdoar. Tem gente que diz: “Perdôo, mas não esqueço!” E eu? Sou capaz de imitar a Deus?

2) Jesus deu o exemplo. Na hora de ser morto pediu perdão para os seus assassinos (Lc 23,34). Será que sou capaz de imitar Jesus?

 

5) Oração final

Desde o nascer ao pôr-do-sol, seja louvado o nome do Senhor. O Senhor é excelso sobre todos os povos, sua glória ultrapassa a altura dos céus. (Sl 112, 3-4)

 

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 18,15-20)

Naquele tempo, disse Jesus: 15Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te ouvir, terás ganho teu irmão. 16Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. 17Se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano. 18Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu. 19Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus. 20Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.

 

3) Reflexão   Mateus 18,15-20

No evangelho de hoje e de amanhã vamos ler e meditar a segunda parte do Sermão da Comunidade. O evangelho de hoje fala da correção fraterna (Mt 18,15-18) e da oração em comum (Mt 18,19-20). O de amanhã fala do perdão (Mt 18,21-22) e traz a parábola do perdão sem limites (Mt 18,23-35). A palavra chave desta segunda parte é “perdoar”. O acento cai na reconciliação. Para que possa haver reconciliação que permita o retorno dos pequenos, é importante saber dialogar e perdoar. pois o fundamento da fraternidade é o amor gratuito de Deus. Só assim a comunidade será um sinal do Reino. Não é fácil perdoar. Certas mágoas continuam machucando o coração. Há pessoas que dizem: "Eu perdôo, mas não esqueço!" Rancor, tensões, brigas, opiniões diferentes, ofensas, provocações dificultam o perdão e a reconciliação.

A organização das palavras de Jesus nos cinco grandes Sermões do evangelho de Mateus mostra que, já no fim do primeiro século, as comunidades tinham formas bem concretas de catequese. O Sermão da Comunidade (Mt 18,1-35), por exemplo, traz instruções atualizadas de como proceder em caso de algum conflito entre os membros da comunidade e como encontrar critérios para solucionar os conflitos. Mateus reuniu aquelas frases de Jesus que pudessem ajudar as comunidades do fim do primeiro século a superar os dois problemas agudos que elas enfrentavam naquele momento, a saber, a saída dos pequenos por causa do escândalo de alguns e a necessidade de diálogo para superar o rigorismo de outros e acolher os pequenos, os pobres, na comunidade. 

Mateus 18,15-18: A correção fraterna e o poder de perdoar.

Estes versículos trazem normas simples de como proceder no caso de algum conflito na comunidade. Se um irmão ou uma irmã pecar, isto é, se tiver um comportamento não de acordo com a vida da comunidade, não se deve logo denunciá-los. Primeiro, procure conversar a sós. Procure saber os motivos do outro. Se não der resultado, leve mais duas ou três pessoas da comunidade para ver se consegue algum resultado. Só em caso extremo, deve levar o problema para a comunidade toda. E se a pessoa não quiser escutar a comunidade, que ela seja para você “como um publicano ou pagão”, isto é, como alguém que já não faz parte da comunidade. Não é você que está excluindo, mas é a pessoa, ela mesma, que se exclui a si mesma. A comunidade reunida apenas constata e ratifica a exclusão. A graça de poder perdoar e reconciliar em nome de Deus foi dada a Pedro (Mt 16,19), aos apóstolos (Jo 20,23) e, aqui no Sermão da Comunidade, à própria comunidade (Mt 18,18). Isto revela a importância das decisões que a comunidade toma com relação a seus membros.

Mateus 18,19: A oração em comum 

A exclusão não significa que a pessoa seja abandonada à sua própria sorte. Não! Ela pode estar separada da comunidade, mas nunca estará separada de Deus. Caso a conversa na comunidade não der resultado e a pessoa não quiser integrar-se na vida da comunidade, resta o último recurso de rezar juntos ao Pai para conseguir a reconciliação. E Jesus garante que o Pai vai atender: “Se dois de vocês na terra estiverem de acordo sobre qualquer coisa que queiram pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está no céu”.

Mateus 18,20: A presença de Jesus na comunidade.

O motivo da certeza de ser ouvido pelo Pai é a promessa de Jesus: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, estarei no meio deles!” Jesus é o centro, o eixo, da comunidade e, como tal, junto com a Comunidade ele estará rezando conosco ao Pai, para que conceda o dom do retorno ao irmão ou à irmã que se excluiu.

 

4) Para um confronto pessoal

  

  1. Por que será que é tão difícil perdoar? Na nossa comunidade existe espaço para a reconciliação? De que maneira?
  2. Jesus disse: "Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, estarei no meio deles". O que significa isto para nós hoje?

 

5) Oração final

Louvai, ó servos do Senhor, louvai o nome do Senhor. Bendito seja o nome do Senhor, agora e para sempre. (Sl 112, 1-2)