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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 38-42)
Naquele tempo disse Jesus: 38Tendes ouvido o que foi dito: Olho por olho, dente por dente. 39Eu, porém, vos digo: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra. 40Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa. 41Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil. 42Dá a quem te pede e não te desvies daquele que te quer pedir emprestado. 43Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo.
3) Reflexão - Mt 5, 38-42
O evangelho de hoje faz parte de uma pequena unidade literária que vai desde Mt 5,17 até Mt 5,48, na qual se descreve como passar da antiga justiça dos fariseus (Mt 5,20) para a nova justiça do Reino de Deus (Mt 5,48). Descreve como subir a Montanha das Bem-aventuranças, de onde Jesus anunciou a nova Lei do Amor. O grande desejo dos fariseus era alcançar a justiça, ser justo diante de Deus. Este é também o desejo de todos nós. Justo é aquele ou aquela que consegue viver no lugar onde Deus o quer. Os fariseus se esforçavam para alcançar a justiça através da observância estrita da Lei. Pensavam que era pelo próprio esforço que poderiam chegar até o lugar onde Deus os queria, Jesus toma posição diante desta prática e anuncia a nova justiça que deve ultrapassar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). No evangelho de hoje estamos quase chegando no topo da montanha. Falta pouco. O topo é descrita com a frase: “Sede perfeito como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48), que meditaremos no evangelho de amanhã. Vejamos de perto este último degrau que nos falta para chegar ao topo da Montanha, da qual São João da Cruz diz: “Aqui reinam o silêncio e o amor”.
Mateus 5,38: Olho por olho, dente por dente
Jesus cita um texto da Lei antiga dizendo: "Vocês ouviram o que foi dito: Olho por olho e dente por dente!”. Ele abreviou o texto. O texto inteiro dizia: ”Vida por vida, olho por olho, dente por dente, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe” (Ex 21,23-25). Como nos casos anteriores, também aqui Jesus faz uma releitura inteiramente nova. O princípio “olho por olho, dente por dente” estava na raiz da interpretação que os escribas faziam da lei. Este princípio deve ser subvertido, pois ele perverte e estraga o relacionamento entre as pessoas e com Deus.
Mateus 5,39ª: Não retribuir o mal com o mal
Jesus afirma exatamente o contrário: “Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês”. Diante de uma violência recebida, nossa reação natural é pagar o outro com a mesma moeda. A vingança pede “olho por olho, dente por dente”. Jesus pede para retribuir o mal não com o mal, mas com o bem. Pois, se não soubermos superar a violência recebida, a espiral da violência tomará conta de tudo e já não haverá mais saída. Lameque dizia: “Por uma ferida recebida, eu matarei um homem, e por uma cicatriz matarei um jovem. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta e sete” (Gn 4,24). Foi por causa desta vingança extremada que tudo terminou na confusão da Torre de Babel (Gn 11,1-9). Fiel ao ensinamento de Jesus, Paulo escreve na carta aos Romanos: “Não paguem a ninguém o mal com o mal; a preocupação de vocês seja fazer o bem a todos os homens. Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem”. (Rm 12,17.21). Para poder ter esta atitude é necessário ter muita fé na possibilidade da recuperação do ser humano. Como fazer isto na prática. Jesus oferece 4 exemplos concretos.
Mateus 5,39b-42: Os quatro exemplos para superar a espiral da violência
Jesus diz: “Pelo contrário: (1) se alguém lhe dá um tapa na face direita, ofereça também a esquerda! (2) Se alguém faz um processo para tomar de você a túnica, deixe também o manto! (3) Se alguém obriga você a andar um quilômetro, caminhe dois quilômetros com ele. (4) Dê a quem lhe pedir, e não vire as costas a quem lhe pedir emprestado.” (Mt 5,40-42). Como entender estas quatro afirmações? Jesus mesmo nos ofereceu uma ajuda de como devemos entendê-las. Quando o soldado lhe deu uma bofetada numa face, ele não ofereceu a outra. Pelo contrário, ele reagiu energicamente: "Se falei mal, mostre o que há de mal. Mas se falei bem, por que você bate em mim?" (Jo 18,23) Jesus não ensina passividade. São Paulo acredita que, retribuindo o mal com o bem, “você fará o outro corar de vergonha” (Rm 12,20). Esta fé na possibilidade da recuperação do ser humano só é possível a partir de uma raiz que nasce da total gratuidade do amor criador que Deus mostrou para conosco na vida e nas atitudes de Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1) Você já sentiu alguma vez uma raiva tão grande de querer aplicar a vingança “olho por olho, dente por dente”? Como fez para supera-la?
2) Será que a convivência comunitária hoje na igreja favorece a ter em nós o amor criador que Jesus sugere no evangelho de hoje?
5) Oração final
Senhor, ouvi minhas palavras, escutai meus gemidos. Atendei à voz de minha prece, ó meu rei, ó meu Deus. É a vós que eu invoco, Senhor. (Sl 5, 2-4)
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Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
Queridos irmãos e irmãs,
Hoje celebramos o 11º Domingo do Tempo Comum no Ano B, e as leituras que a liturgia nos apresenta são uma verdadeira fonte de reflexão sobre o crescimento do Reino de Deus e a nossa participação nele.
Na primeira leitura, Ezequiel 17,22-24, o profeta Ezequiel nos apresenta uma visão poderosa: “Assim diz o Senhor Deus: Também eu tirarei um broto do topo do cedro e o plantarei. Do mais alto dos seus ramos novos eu arrancarei um tenro broto e o plantarei no alto de um monte elevado” (Ezequiel 17,22). Esta imagem do raminho de cedro que se transforma em uma árvore frondosa é um símbolo da ação de Deus em meio ao seu povo. Ele é o jardineiro divino que toma aquilo que parece pequeno e insignificante e o transforma em algo grande e majestoso. Isso nos lembra que Deus pode fazer maravilhas a partir das nossas humildes contribuições e das nossas vidas, mesmo que inicialmente pareçam insignificantes.
O Salmo responsorial é o Salmo 91(92) complementa essa imagem de crescimento e prosperidade: “Os justos florescerão como a palmeira, crescerão como o cedro do Líbano; plantados na casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus” (Salmo 91(92), 13-14). O salmista celebra a fidelidade e a justiça de Deus, que faz com que os justos cresçam e floresçam. Isso nos convida a confiar no Senhor e a viver de acordo com a Sua vontade, sabendo que Ele nos fará prosperar espiritualmente.
Na segunda leitura, 2 Coríntios 5,6-10, São Paulo nos fala sobre a confiança que temos em Deus, mesmo quando estamos longe do Senhor em nosso corpo: “Andamos na fé e não na visão” (2 Coríntios 5,7). Ele nos lembra que todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, onde seremos julgados segundo o bem ou o mal que tivermos feito em nossa vida terrena. Isso nos incentiva a viver de maneira justa e piedosa, sabendo que nossa verdadeira morada está com o Senhor.
O Evangelho de hoje, Marcos 4, 26-34 traz duas parábolas de Jesus sobre o Reino de Deus. A primeira é a parábola da semente que cresce por si mesma: “O Reino de Deus é como um homem que lança semente na terra. Ele dorme e se levanta, noite e dia, e a semente germina e cresce, sem ele saber como” (Marcos 4,26-27). Isso nos ensina que o crescimento do Reino de Deus não depende de nós, mas da ação misteriosa e poderosa de Deus. Devemos fazer a nossa parte, mas é Deus quem dá o crescimento.
A segunda parábola é a do grão de mostarda: “É como um grão de mostarda que, quando semeado, é a menor de todas as sementes sobre a terra. Mas depois de semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças e deita ramos tão grandes que as aves do céu podem aninhar-se à sua sombra” (Marcos 4,31-32). Esta parábola nos mostra que o Reino de Deus pode ter começos pequenos e humildes, mas seu impacto final é grandioso e abrangente.
Queridos irmãos e irmãs, as leituras de hoje nos chamam a refletir sobre o papel de Deus em nossas vidas e no crescimento do Seu Reino. Somos convidados a confiar na ação divina, mesmo quando não vemos os resultados imediatos. Devemos semear a semente da fé, da esperança e do amor, e confiar que Deus fará com que ela cresça e frutifique.
Que possamos viver com a certeza de que, mesmo em meio às dificuldades e incertezas, Deus está trabalhando em nós e através de nós para fazer florescer o Seu Reino. Que nossa fé seja firme e nossa confiança em Deus seja inabalável, pois é Ele quem dá o crescimento e nos faz prosperar em Sua graça. Amém. Fonte: https://www.cnbb.org.br
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1) Oração
Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por sua inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 20-26)
20Digo-vos, pois, se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos céus. 21Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás, mas quem matar será castigado pelo juízo do tribunal. 22Mas eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes. Aquele que disser a seu irmão: Raca, será castigado pelo Grande Conselho. Aquele que lhe disser: Louco, será condenado ao fogo da geena. 23Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta. 25Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. 26Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo.
3) Reflexão – Mt 5, 20-26
O texto do evangelho de hoje está dentro da unidade maior de Mt 5,20 até Mt 5,48. Nela Mateus mostra como Jesus interpretava e explicava a Lei de Deus. Por cinco vezes ele repetiu a frase: "Antigamente foi dito, eu, porém, lhes digo!" (Mt 5,21.27.33.38.43). Na opinião de alguns fariseus, Jesus estava acabando com a lei. Mas era exatamente o contrário. Ele dizia: “Não pensem que vim acabar com a Lei e os Profetas. Não vim acabar, mas sim dar-lhes pleno cumprimento (Mt 5,17). Frente à Lei de Moisés, Jesus tem uma atitude de ruptura e de continuidade. Ele rompe com as interpretações erradas que se fechavam na prisão da letra, mas reafirma categoricamente o objetivo último da lei: alcançar a justiça maior que é o Amor.
Nas comunidades para as quais Mateus escreve o seu Evangelho havia opiniões diferentes frente à Lei de Moisés. Para alguns, ela não tinha mais sentido. Para outros, ela devia ser observada até nos mínimos detalhes. Por isso, havia muitos conflitos e brigas. Uns chamavam os outros de imbecil e de idiota. Mateus tenta ajudar os dois grupos a entender melhor o verdadeiro sentido da Lei e traz alguns conselhos de Jesus para ajudar a enfrentar e superar os conflitos que surgem dentro da família e dentro da comunidade.
Mateus 5,20: A justiça de vocês deve ser maior que a justiça dos fariseus.
Este primeiro versículo dá a chave geral de tudo que segue no conjunto de Mt 5,20-48. O evangelista vai mostrar às comunidades como elas devem praticar a justiça maior que supera a justiça dos escribas e dos fariseus e que levará à observância plena da lei. Em seguida, depois desta chave geral sobre a justiça maior, Mateus traz cinco exemplos bem concretos de como praticar a Lei de tal maneira que a sua observância leve à prática perfeita do amor. No primeiro exemplo do evangelho de hoje, Jesus revela o que Deus queria quando entregou a Moisés o quinto mandamento “Não Matarás!”.
Mateus 5,21-22: Não Matar
“Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: Não mate! Quem matar será condenado pelo tribunal" (Ex 20,13) Para observar plenamente este quinto mandamento não basta evitar o assassinato. É preciso arrancar de dentro de si tudo aquilo que, de uma ou de outra maneira, possa levar ao assassinato, como por exemplo, raiva, ódio, xingamento, desejo de vingança, exploração, etc. “Todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal”. Ou seja, quem fica com raiva do irmão já merece o mesmo castigo de condenação pelo tribunal que, na antiga lei, era reservado para o assassino! E Jesus vai mais longe ainda. Ele quer arrancar a raiz do assassinato: Quem diz ao seu irmão: 'imbecil', se torna réu perante o Sinédrio; e quem chama o irmão de 'idiota', merece o fogo do inferno. Com outras palavras, eu só observei plenamente o mandamento Não Matar se consegui tirar de dentro do meu coração qualquer sentimento de raiva que leva a insultar o irmão. Ou seja, se cheguei à perfeição do amor.
Mateus 5,23-24: O culto perfeito que Deus quer
“Portanto, se você for até o altar para levar a sua oferta, e aí se lembrar de que o seu irmão tem alguma coisa contra você, deixe a oferta aí diante do altar, e vá primeiro fazer as pazes com seu irmão; depois, volte para apresentar a oferta”. Para poder ser aceito por Deus e estar unido a ele, é preciso estar reconciliado com o irmão, com a irmã. Antes da destruição do Templo do ano 70, quando os cristãos ainda participavam das romarias a Jerusalém para fazer suas ofertas no altar do Templo, eles sempre se lembravam desta frase de Jesus. Agora, nos anos 80, no momento em que Mateus escreve, o Templo e o Altar já não existiam. A própria comunidade passou ser o Templo e o Altar de Deus (1Cor 3,16).
Mateus 5,25-26: Reconciliar
Um dos pontos em que o Evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação, pois nas comunidades daquela época, havia muitas tensões entre grupos radicais com tendências diferentes, sem diálogo. Ninguém queria ceder diante do outro. Mateus ilumina esta situação com palavras de Jesus sobre a reconciliação que pedem acolhimento e compreensão. Pois o único pecado que Deus não consegue perdoar é a nossa falta de perdão aos outros (Mt 6,14). Por isso, procure a reconciliação, antes que seja tarde demais!
O ideal da justiça maior
Por cinco vezes, Jesus cita um mandamento ou um costume da lei antiga: Não matar (Mt 5,21), Não cometer adultério (Mt 5,27), Não jurar falso (Mt 5,33), Olho por olho, dente por dente (Mt 5,38), Amar o próximo e odiar o inimigo (Mt 5,43). E por cinco vezes, ele critica a maneira antiga de observar estes mandamentos e aponta um caminho novo para atingir a justiça, o objetivo da lei (Mt 5,22-26; 5, 28-32; 5,34-37; 5,39-42; 5,44-48). A palavra Justiça aparece sete vezes no Evangelho de Mateus (Mt 3,15; 5,6.10.20; 6,1.33; 21,32). O ideal religioso dos judeus da época era "ser justo diante de Deus". Os fariseus ensinavam: "A pessoa alcança a justiça diante de Deus quando chega a observar todas as normas da lei em todos os seus detalhes!" Este ensinamento gerava uma opressão legalista e trazia muitas angústias para as pessoas de boa vontade, pois era muito difícil alguém observar todas as normas (Rom 7,21-24). Por isso, Mateus recolhe palavras de Jesus sobre a justiça mostrando que ela deve ultrapassar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). Para Jesus, a justiça não vem daquilo que eu faço para Deus observando a lei, mas sim vem do que Deus faz por mim, me acolhendo com amor como filho ou filha. O novo ideal que Jesus propõe é este: "Ser perfeito com o Pai do céu é perfeito!" (Mt 5,48). Isto quer dizer: eu serei justo diante de Deus, quando procuro acolher e perdoar as pessoas da mesma maneira como Deus me acolhe e me perdoa gratuitamente, apesar dos meus muitos defeitos e pecados.
4) Para um confronto pessoal
1) Quais os conflitos mais freqüentes na nossa família? E na nossa comunidade? É fácil a reconciliação na família e na comunidade? Sim ou não? Por que?
2) De que maneira os conselhos de Jesus podem ajudar a melhorar o relacionamento dentro da nossa família e da comunidade?
5) Oração final
Visitastes a terra e a regastes, cumulando-a de fertilidade. De água encheu-se a divina fonte e fizestes germinar o trigo. (Sl 64, 10)
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Por que Santo Antônio tem fama de casamenteiro? Conheça o frade português que morreu na Itália
Dia do santo é comemorado nesta quinta-feira, 13; tradições vão desde colocá-lo de cabeça para baixo até tirar o menino Jesus de seu colo. Pão também é famoso
Imagem de Santo Antônio, que foi canonizado 11 meses após sua morte no século 13 Foto: Nilton Fukuda/Estadão
Por Fabio Grellet
Nesta quinta-feira, 13 de junho, os católicos comemoram o Dia de Santo Antônio, conhecido como o santo casamenteiro. Mas de onde vem essa fama?
Nascido em Lisboa em 1195, Fernando de Bulhões e Taveira de Azevedo ingressou na Ordem dos Agostinianos quando tinha 15 anos, segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Aos 25 anos, já morando em Coimbra, foi ordenado sacerdote. Quando o mosteiro em que ele morava recebeu os corpos de três frades menores que haviam sido martirizados em Marrocos, Fernando decidiu ingressar na Ordem dos Frades Menores e pediu para adotar o nome de Antônio. Queria ir para o Marrocos também, mas acabou sendo levado para a Itália.
Ali viveu de maneira simples entre os frades e ficou famoso pelas suas pregações.
Antônio morreu em Pádua, em 13 de junho de 1231, aos 36 anos de idade. Foi sepultado numa basílica que logo se tornou lugar de peregrinação. Apenas 11 meses após sua morte, ele foi declarado santo pelo papa Gregório IX. Documentos registram 53 milagres atribuídos a ele, mas nenhum estava relacionado a casamentos.
A fama de casamenteiro, então, vem de onde?
Existe mais de uma história de casamento relacionada a Santo Antônio, mas segundo a CNBB a fama decorre após o religioso ter atendido ao pedido de uma moça que só conseguiria se casar se tivesse um dote (dinheiro ou posses que a família da noiva oferecia ao noivo, para convencê-lo a se casar).
Ela não tinha dinheiro, mas, após rezar diante de uma imagem de Santo Antônio, recebeu um bilhete com instruções. Deveria entregar o papel a um determinado comerciante, e o bilhete dizia que o comerciante deveria dar à moça moedas de prata correspondentes ao peso do papel. Pensando que o papel pesaria muito pouco, o comerciante aceitou.
Em uma balança de dois lados, ele colocou o papel de um lado e começou a preencher o outro com moedas de prata, até que a balança chegasse ao equilíbrio. Foram necessários 400 escudos, e o comerciante então se lembrou de uma promessa que havia feito a Santo Antônio e que não havia cumprido: dar 400 escudos de prata a um desconhecido. A jovem recebeu a quantia e pôde se casar.
A fama de casamenteiro rendeu muitas crenças populares, que envolvem virar o santo de cabeça pra baixo, tirar o menino Jesus de seus braços ou encontrar uma medalha ou imagem no bolo.
Existe ainda outra tradição ligada a este santo: o famoso pão de Santo António, símbolo de proteção e bênção, que se guarda de um ano para o outro para que não falte o pão na família daquela pessoa. Fonte: https://www.estadao.com.br
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1) Oração
Ó Deus, que designastes são Barnabé, cheio de fé e do Espírito Santo, para converter as nações, fazei que a vossa Igreja anuncie por palavras e atos o Evangelho de Cristo que ele proclamou intrepidamente. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 10, 7-13)
7Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo. 8Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai! 9Não leveis nem ouro, nem prata, nem dinheiro em vossos cintos, 10nem mochila para a viagem, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão; pois o operário merece o seu sustento. 11Nas cidades ou aldeias onde entrardes, informai-vos se há alguém ali digno de vos receber; ficai ali até a vossa partida. 12Entrando numa casa, saudai-a: Paz a esta casa. 13Se aquela casa for digna, descerá sobre ela vossa paz; se, porém, não o for, vosso voto de paz retornará a vós.
3) Reflexão - Mt 10, 7-13
Hoje é festa de S. Barnabé. O evangelho fala das instruções de Jesus aos discípulos sobre como anunciar a Boa Nova do Reino às “ovelhas perdidas de Israel” (Mt 10,6). Eles devem: 1. curar os enfermos, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos, expulsar os demônios (v.8); 2. anunciar de graça aquilo que de graça receberam (v.8); 3. não levar ouro, nem sandálias, nem bastão, nem sacola, nem sapatos, nem duas túnicas (v.9); 4. procurar uma casa onde possam ficar hospedados até terminar a missão (v.11); 5. ser portadores de paz (v.13).
No tempo de Jesus havia vários movimentos que, como Jesus, buscavam uma nova maneira de viver e conviver, por exemplo, João Batista, os fariseus, essênios e outros. Muitos deles também formavam comunidades de discípulos (Jo 1,35; Lc 11,1; At 19,3) e tinham seus missionários (Mt 23,15). Mas havia uma grande diferença! Os fariseus, por exemplo, quando iam em missão, iam prevenidos. Achavam que não podiam confiar na comida do povo que nem sempre era ritualmente “pura”. Por isso, levavam sacola e dinheiro para poder cuidar da sua própria comida. Assim, as observâncias da Lei da pureza, em vez de ajudar a superar as divisões, enfraqueciam ainda mais a vivência dos valores comunitários. A proposta de Jesus é diferente. O método dele transparece nos conselhos que ele dá aos apóstolos quando os envia em missão. Por meio das instruções, ele procura renovar e reorganizar as comunidades da Galiléia para que sejam novamente uma expressão da Aliança, uma amostra do Reino de Deus. Vejamos:
Mateus 10,7: O anúncio da proximidade do Reino.Jesus envia os discípulos para anunciar a Boa Nova. Eles devem dizer: “O Reino dos céus está próximo!” Em que consiste esta proximidade? Não significa a proximidade no tempo no sentido de que basta aguardar mais um pouco de tempo e em breve o Reino vai aparecer. “O Reino está próximo” significa que ele já está ao alcance do povo, já “está no meio de vocês” (Lc 17,21). É preciso adquirir um novo olhar para poder perceber a sua presença ou proximidade. A vinda do Reino não é fruto da nossa observância, como queriam os fariseus, mas ele se faz presente, gratuitamente, nas ações que Jesus recomenda aos apóstolos: curar os enfermos, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos, expulsar os demônios.
Mateus 10,8: Curar, ressuscitar, purificar, expulsar
Doentes, mortos, leprosos, possessos eram os excluídos da convivência, e eles eram excluídos em nome de Deus. Não podiam participar da vida comunitária. Jesus manda que estas pessoas excluídas sejam acolhidas, incluídas. É nestes gestos de acolhida e de inclusão dos excluídos que o Reino de Deus se faz presente. Pois nestes gestos de gratuidade humana transparece o amor gratuito de Deus que reconstrói a convivência humano e refaz os relacionamentos inter-pessoais.
Mateus 10,9-10: Não levar nada
Ao contrário dos outros missionários, os apóstolos não podem levar nada: “Não levem nos cintos moedas de ouro, de prata ou de cobre; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão, porque o operário tem direito ao seu alimento”. A única coisa que podem e devem levar é a Paz (Mt 10,13). Isto significa que devem confiar na hospitalidade e na partilha do povo. Pois o discípulo que vai sem nada levando apenas a paz, mostra que confia no povo. Acredita que vai ser recebido, e o povo se sente provocado, valorizado, respeitado e confirmado. O operário tem direito ao seu alimento. Por meio desta prática o discípulo critica as leis de exclusão e resgata os antigos valores da partilha e da convivência comunitária.
Mateus 10,11-13: Conviver e integrar-se na comunidade
Chegando num lugar os discípulos devem escolher uma casa de paz e lá devem permanecer até o fim. Não devem passar de casa em casa, mas conviver de maneira estável. Devem fazer-se membros da comunidade e trabalhar pela paz, isto é, pela reconstrução dos relacionamentos humanos que favorece a Paz. Por meio desta prática, eles resgatam uma antiga tradição do povo, criticam a cultura de acumulação que marcava a política do Império Romano e anunciam um novo modelo de convivência.
Resumindo: as ações recomendadas por Jesus para o anúncio do Reino são estas: acolher os excluídos, confiar na hospitalidade, provocar a partilha, conviver de modo estável e de maneira pacífica. Se isto acontecer, então podem e devem gritar aos quatro ventos: O Reino chegou! Anunciar o Reino não é em primeiro lugar ensinar verdades e doutrinas, catecismo ou direito canônico, mas é levar as pessoas a uma nova maneira de viver e de conviver, a um novo jeito de agir e de pensar a partir da Boa Notícia, trazida por Jesus, de que Deus é Pai/Mãe e de que, portanto, todos somos irmãos e irmãs.
4) Para um confronto pessoal
1) Por que todas estas atitudes recomendadas por Jesus são sinal da chegada do Reino de Deus?
2) Como realizar hoje aquilo que Jesus pede: “não levar bolsa”, “não passar de casa em casa”?
5) Oração final
Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele operou maravilhas. Sua mão e seu santo braço lhe deram a vitória.. (Sl 97, 1)
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ONDE ESTÁS, ADÃO?
Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)
Os textos da Escritura da liturgia dominical (Gênesis 3,9-15, Salmo 129, 2 Coríntios 4,13-18-5,1 e Marcos 3,20-35) são muitos provocativos e inquietantes. Jesus provoca fortes reações nos ouvintes por causa da sua presença, metodologia, ensinamentos, gestos e atitudes. O Evangelista registra que “se reuniu tanta gente que eles (Jesus e os apóstolos) nem sequer podiam comer”. Os parentes de “Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que está fora de si”. Os mestres da Lei, “diziam que estava possuído por Belzebu, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava demônios”. Portanto, é neste ambiente tenso que Jesus opta por ensinar com parábolas e não em forma de debates, argumentos racionais. A liturgia propõe o livro do Gênesis para compor o conjunto de textos bíblicos que narra o encontro de Deus com Adão e Eva no qual acontece um diálogo constrangedor e revelador.
“Onde estás?” Pergunta o Senhor Deus “depois que o homem comeu da fruta da árvore”. Deus toma a iniciativa do encontro, de maneira discreta, fazendo sentir a sua presença no jardim. Não foi invocado, não foi buscado, mas foi lá aonde o homem estava. Deus faz ouvir a sua voz que chama, isto é, convoca a um confronto com a verdade. A palavra do Senhor toma forma interrogativa: “Onde estás?”; “E quem te fez saber?” “Acaso comestes?” “Por que fizestes isso?”. A narrativa do Gênesis revela que o Senhor pretende que os transgressores confessem seu comportamento errado, de modo a torná-los conscientes e assumam o mal feito. Uma sincera confissão abre caminho de saída e para obter gestos de misericórdia.
A pergunta “Adão, onde estás?” direciona-se a cada indivíduo, a cada grupo, à Igreja, e a toda sociedade. Martin Buber, filósofo do diálogo e escritor (1878 -1965), comentando esta passagem bíblica, escreve: “Adão se esconde para não prestar contas, para fugir da responsabilidade da própria vida. Assim se esconde cada homem […] Assim escondendo-se e persistindo sempre no escondimento […] o homem se esquiva sempre, e sempre mais profundamente, na falsidade. Se cria de tal modo uma nova situação que, dia após dia e de escondimento em escondimento, se torna sempre mais problemática […] E é próprio nesta situação que Deus surpreende perguntando: quer inquietar o homem, destruir o seu artifício de escondimento, fazê-lo ver onde o conduziu a estrada equivocada […] A partir deste ponto, tudo depende do fato que o homem se coloque ou não a pergunta” (O Caminho do homem).
“Onde estás?” é uma pergunta que não se pode e nem se deve fugir. Cada homem está na situação de Adão: sempre tentando fugir de si e das próprias responsabilidades, da própria estrutura de fragilidade. Adão passou a culpa para Eva e Eva para a serpente. O texto do Gênesis da criação diz que Deus “modelou, com o pó do solo, o homem e soprou-lhe nas narinas o sopro da vida; e o homem tornou-se um ser vivo”. (Gn 2,7). A palavra adão remonta a argila e a pó. Isto significa que o horizonte humano é constituído pela fragilidade e pelos limites. Reconciliar-se com esta verdade essencial é o princípio da sabedoria, porque a presunção ofusca e impede de recomeçar sempre do começo, com confiança e sinceridade.
“Onde estás?” A pergunta provoca toda a humanidade. Não se faz necessário muito esforço para ver os grandes problemas da humanidade que são frutos das escolhas erradas: seja no campo econômico, social, ambiental, guerras, etc.. A tática de Adão de se esconder e repassar a responsabilidade para os outros, por vezes, é o método mais usado.
A interrogação de Deus tem mais um objetivo: colocar Adão na estrada de retorno. A pergunta quer conduzir o ser humano a retornar a si mesmo, a reconciliar-se com mundo que o rodeia, a encontrar-se com Deus. A pergunta não é de condenação, mas de salvação. Fonte: https://www.cnbb.org.br
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Dom Severino Clasen
Arcebispo de Maringá (PR)
Em tempos de sinodalidade, os cristãos são conduzidos pelo caminho do diálogo que requer escuta e respeito mútuo. Voltar o olhar para os semelhantes desperta sensibilidade ao coração bom. Ninguém pode se julgar superior, ou, autossuficiente que não necessite de outras pessoas. Tudo está em relação. Vivemos em rede. É preciso se entender, respeitar, saber ler o que se passa na vida das pessoas.
A Sagrada Escritura nos aponta para um coração bom à semelhança do Bom Pastor que doa sua vida pelas ovelhas (Jo 10,11-21). Dá preferência a machucada, desviada, desvirtuada, esquecida.
Na montanha da transfiguração, Jesus revela o agrado de Deus Pai pelo seu filho amado. Os discípulos, tomados de sensação de profundo amor, não se importavam mais com o mundo onde vivem. Há uma tentação de permanecer em estado agradabilíssimo, mas a voz do Pai que confirma a primazia do agrado às criaturas, revela que é preciso escutar o Filho (Cf. Mt 17,1-8). É preciso descer a montanha sagrada e consagrar o mundo pela via da bondade, do coração generoso que aquece toda a relação humana, transformando-a em fraternidade e amizade social.
A abertura para o novo que é pura inspiração evangélica, nos move para ações concretas de solidariedade, otimizando os serviços pastorais que devem gerar uma nova postura de vida junto aos semelhantes, seja na família, na Igreja, na sociedade. Em todo o lugar, somos conduzidos para sensibilizar as pessoas na busca do sentido da fé, que aquece o coração com muito amor. Quando perdemos a sensibilidade humana, não nos importamos mais com as pessoas. Depredamos o ambiente onde vivemos e destruímos a natureza ecológica, a natureza humana, enfim, toda a humanidade.
Voltemos a Jesus com o coração cheio de afeto e que neste mês do Sagrado Coração de Jesus, nos esforcemos para que sejamos mais humanos, serviçais e amorosos.
Que a Mãe de Jesus nos encha de alegria ao seguirmos o seu Filho amado. Com a luz do Espírito Santo, sigamos o caminho dos mandamentos.
Que os nossos passos tenham a velocidade da capacidade pessoal, sem desanimar, mas enfrentar com coragem os desígnios de Deus que revela Seu amor por nós. Ele nos deu Seu Filho para ser o Caminho que nos conduz à vida eterna.
O Reino proposto para nós é de amor, de ternura, de intensa felicidade. Deus Uno e Trino nos abençoe. Que nosso coração seja semelhante ao Sagrado Coração de Jesus. Fonte: https://www.cnbb.org.br
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Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
A Solenidade do Sagrado Coração de Jesus é uma das celebrações mais ricas e significativas do calendário litúrgico da Igreja Católica. Realizada na sexta-feira seguinte ao segundo domingo após o Pentecostes, neste ano está previsto para acontecer em 7 de junho. É a representação do amor incomensurável de Jesus Cristo por toda a humanidade, símbolo poderoso e eterno do amor divino, do sacrifício redentor e da misericórdia infinita de Deus.
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus tem raízes antigas, mas ganhou proeminência especial no século XVII com as revelações privadas de Santa Margarida Maria Alacoque, então uma freira visitandina francesa. Entre 1673 e 1675, Jesus apareceu a Santa Margarida Maria, revelando-lhe Seu Sagrado Coração e pedindo que se criasse uma festa especial para honrar Seu coração cheio de amor e compaixão pela humanidade.
Em 1856, o Papa Pio IX estabeleceu oficialmente a festa do Sagrado Coração de Jesus para toda a Igreja. Desde então, a devoção ao Sagrado Coração tem se espalhado amplamente, inspirando orações, novenas, e obras de caridade.
O Sagrado Coração de Jesus representa o amor total e sacrificial de Cristo. É um convite para meditarmos sobre o Seu sofrimento e sacrifício na cruz, bem como Seu amor constante e misericordioso por nós. A imagem do Sagrado Coração é geralmente retratada com um coração cercado de chamas, uma coroa de espinhos, uma cruz e uma ferida aberta, simbolizando o amor ardente, o sofrimento, o sacrifício e a misericórdia de Jesus.
Esta devoção nos lembra que o amor de Deus é tangível e acessível. Jesus, em Sua humanidade e divindade, abre Seu coração para nós, oferecendo consolo, perdão e uma profunda união com Ele. Ele nos chama a responder a esse amor com uma devoção sincera e um compromisso de amor e serviço aos outros.
Durante a solenidade, a liturgia enfatiza passagens bíblicas que destacam o amor de Deus. O Evangelho de João 19, 31-37, que descreve o soldado perfurando o lado de Jesus, é particularmente significativo, pois a água e o sangue que jorram do lado de Cristo são vistos como símbolos dos sacramentos da Eucaristia e do Batismo.
Além das celebrações litúrgicas, muitas práticas devocionais estão associadas ao Sagrado Coração de Jesus, incluindo a entronização do Sagrado Coração nos lares, a recitação das Ladainhas do Sagrado Coração, e a prática das Nove Primeiras Sextas-Feiras, que promete graças especiais a quem comungar na primeira sexta-feira de cada mês por nove meses consecutivos.
No mundo atual, marcado por conflitos, divisões e uma crescente desconexão espiritual, a mensagem do Sagrado Coração de Jesus é mais relevante do que nunca. O Sagrado Coração nos chama a um amor mais profundo e autêntico, tanto por Deus quanto pelo próximo. É um apelo à compaixão, ao perdão e ao compromisso com a justiça e a paz.
A devoção ao Sagrado Coração também nos lembra da importância da reparação pelos pecados do mundo. Somos convidados a oferecer nossos próprios sacrifícios e orações como um ato de amor e reparação, unindo-nos ao sofrimento redentor de Cristo.
A Solenidade do Sagrado Coração de Jesus é uma poderosa celebração do amor divino. É uma oportunidade para renovarmos nossa devoção a Cristo, meditarmos sobre Seu amor sacrificial e comprometermo-nos a viver esse amor em nossas vidas diárias. Que ao celebrarmos esta solenidade, possamos abrir nossos corações ao amor transformador de Jesus e sermos instrumentos de Sua misericórdia no mundo. Amém. Fonte: https://www.cnbb.org.br
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E Jesus condenou uma figueira por não ter frutos fora da época de frutos
Poucas leituras são tão animadas quanto a da Bíblia, e eu posso provar.
Repórter especial, escreve sobre religião, política, eleições e direitos humanos. Autora dos livros "O Púlpito" e "Talvez Ela não Precise de Mim"
Não precisa ser nenhum devoto do cristianismo para se fascinar com passagens como a de Gênesis que narra como Noé tomou um porre de vinho e ficou peladão na tenda. Seu caçula, Cam, flagrou o pileque nudista e contou aos irmãos. E aí Noé foi lá e amaldiçoou um neto que não tinha nada a ver com isso, Canaã, filho do X9.
O Antigo Testamento é farto em histórias que soam insólitas a quem teve pouco ou nenhum contato com a Bíblia. Gosto desta: o profeta Eliseu, enfurecido por ser chamado de careca, solta uma maldição em nome de Deus contra uns rapazes. "Então duas ursas saíram do bosque e despedaçaram 42 daqueles meninos", diz o Livro dos Reis.
Já Jesus condenou à danação uma figueira. Estava com fome e viu a árvore sem nenhum figo para contar história. O messias então a amaldiçoa para que nunca mais dê fruto. Tudo acontece pouco antes de o filho de Deus subir nas tamancas contra os vendilhões do templo. Detalhe: não era temporada de figos.
Tem aquela outra em que Jacó veste pele de cabrito para se passar por Esaú, o irmão peludão, diante do pai cego. O Tony Ramos da dupla perde o direito de primogenitura após Jacó enganar o velho —ele veio à luz depois do gêmeo, a quem segurou pelos calcanhares ao sair do ventre. As nações que descendem dos irmãos ficam assim fadadas ao conflito.
Há personagens menos mainstream que rendem cenas memoráveis, como a jumenta que apanha três vezes de Balaão. Deus faz o animal falar só para passar um pito no profeta: a pobre coitada só estava tentando protegê-lo de um anjo com uma espada que tentava impedir o homem de seguir caminho.
Também estão nas Escrituras histórias de casais incestuosos, como os irmãos Abraão e Sara, ou Ló transando com duas filhas (não ao mesmo tempo), após ser embebedado por elas.
Para não dizer que de tédio ninguém morre ali, o Livro de Atos de Apóstolos relata a triste sina do jovem que, apoiado na janela, desaba do terceiro andar ao cair no sono ouvindo "o extenso discurso de Paulo".
A Bíblia fala até sobre cocô. Em Deuteronômio, Moisés orienta seu povo a evacuar longe do acampamento e levar uma pá para enterrar as fezes.
A exegese bíblica pode extrair de cada versículo alegorias e lições.
O que me intriga é o leitor fundamentalista. Ou seja, quem toma ao pé da letra tudo o que vem dali, o que muitas vezes acaba sendo usado para justificar o injustificável, como a intolerância com os LGBTQIA+.
Levítico sugere que morra o homem que deitar com outro, ato dito abominável. O mesmo livro fala sobre não tocar mulheres menstruadas, misturar tecidos diferentes na mesma roupa nem comer animais marinhos que não têm barbatanas ou escamas —adeus, camarão.
Se no princípio é o verbo, a interpretação de texto pode ser o fim da picada. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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1) Oração
Ó Deus, cuja providência jamais falha, nós vos suplicamos humildemente: afastai de nós o que é nocivo, e concedei-nos tudo o que for útil. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 12,13-17)
13Enviaram-lhe alguns fariseus e herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra. 14Aproximaram-se dele e disseram-lhe: Mestre, sabemos que és sincero e que não lisonjeias a ninguém; porque não olhas para as aparências dos homens, mas ensinas o caminho de Deus segundo a verdade. É permitido que se pague o imposto a César ou não? Devemos ou não pagá-lo? 15Conhecendo-lhes a hipocrisia, respondeu-lhes Jesus: Por que me quereis armar um laço? Mostrai-me um denário. 16Apresentaram-lho. E ele perguntou-lhes: De quem é esta imagem e a inscrição? De César, responderam-lhe. 17Jesus então lhes replicou. Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. E admiravam-se dele.
3) Reflexão - Mc 12,13-17
No evangelho de hoje continua o confronto entre Jesus e as autoridades. Os sacerdotes, anciãos e escribas tinham sido criticados e denunciados por Jesus na parábola da vinha (Mc 12,1-12). Agora, os mesmos pedem aos fariseus e herodianos para armar uma cilada contra Jesus, a fim de poder apanhá-lo e condená-lo. Estes perguntam a Jesus sobre o imposto a ser pago aos romanos. Era um assunto polêmico que dividia a opinião pública. Os adversários de Jesus querem a todo custo acusá-lo e, assim, diminuir a sua influência junto do povo. Grupos, que antes eram inimigos entre si, agora se unem para combater Jesus que pisava no calo de todos eles. Isto acontece também hoje. Muitas vezes, pessoas ou grupos, inimigos entre si, se unem para defender seus privilégios contra aqueles que os incomodam com o anúncio da verdade e da justiça.
Marcos 12,13-14. A pergunta dos fariseus e herodianos.
Fariseus e herodianos eram as lideranças locais nos povoados da Galiléia. Bem antes, eles já tinham decidido matar Jesus (Mc 3,6). Agora, a mando dos Sacerdotes e Anciãos, eles querem saber de Jesus se ele é a favor ou contra o pagamento do imposto aos romanos, a César. Pergunta esperta, cheia de malícia! Sob a aparência de fidelidade à lei de Deus, buscam motivos para poder acusá-lo. Se Jesus dissesse: “Deve pagar!”, poderiam acusá-lo junto ao povo como amigo dos romanos. Se ele dissesse: “Não deve pagar!”, poderiam acusá-lo junto às autoridades romanas como subversivo. Parecia uma sinuca sem saída!
Marcos 12, 15-17: A resposta de Jesus.
Jesus percebe a hipocrisia. Na sua resposta, ele não perde tempo em discussões inúteis, e vai direto ao centro da questão. Em vez de responder e de discutir o assunto do tributo a César, ele pede que lhe mostrem a moeda, e pergunta: "De quem é esta imagem e inscrição?" Eles respondem: "De César!" Resposta de Jesus: "Então, dêem a César o que é de César, mas a Deus o que é de Deus!”. Na prática, eles já reconheciam a autoridade de César. Já estavam dando a César o que era de César, pois usavam as moedas dele para comprar e vender e até para pagar o imposto ao Templo! O que interessa a Jesus é que “dêem a Deus o que é de Deus!”, isto é, que devolvam a Deus o povo, por eles desviado, pois com os seus ensinamentos bloqueavam a entrada do Reino para o povo (Mt 23,13). Outros explicam esta frase de Jesus de outra maneira: “Dêem a Deus o que é de Deus!”, isto é, pratiquem a justiça e a honestidade conforme o exige a Lei de Deus, pois pela hipocrisia vocês estão negando a Deus o que lhe é devido. Os discípulos e as discípulas devem tomar consciência! Pois era o fermento destes fariseus e herodianos que estava cegando os olhos deles! (Mc 8,15).
Impostos, tributos, taxas e dízimos
No tempo de Jesus, o povo da Palestina pagava muitos impostos, taxas, tributos e dízimos, tanto aos romanos como ao Templo. O império romano invadiu a Palestina no ano 63 aC e passou a exigir muitos impostos e tributos. Pelos cálculos feitos, metade ou mais do orçamento familiar era para os impostos, tributos, taxas e dízimos. Os impostos exigidos pelos romanos eram de dois tipos: direto e indireto:
- O imposto Direto era sobre as propriedades e sobre as pessoas. Imposto sobre as propriedades (tributum soli): os fiscais do governo verificavam o tamanho da propriedade, da produção e do número de escravos e fixavam a quantia a ser paga. Periodicamente, havia nova fiscalização através dos censos. Imposto sobre as pessoas (tributum capitis): era para as classes pobres sem terra. Incluía tanto homens como mulheres entre 12 e 65 anos. Era sobre a força do trabalho: 20% da renda de cada pessoa era para o imposto.
- O imposto Indireto era sobre transações variadas. Coroa de ouro: Originalmente, era um presente ao imperador, mas tornou-se um imposto obrigatório. Era cobrado em ocasiões especiais como festas e visitas do imperador. Imposto sobre o sal: o sal era o monopólio do imperador. Só era tributado o sal para uso comercial. Por exemplo, o sal usado pelos pescadores para comercializar o peixe. Daqui vem a nossa palavra “salário”. Imposto na compra e venda: Em cada transação comercial pagava-se 1%. A cobrança era feita pelos fiscais na feira. Na compra de um escravo exigiam-se 4%. Em cada contrato comercial registrado, exigiam-se 2%. Imposto para exercer a profissão: Para tudo se precisava de licença. Por exemplo, um sapateiro na cidade de Palmira pagava um denário por mês. Um denário era o equivalente ao salário de um dia. Até as prostitutas tinham que pagar. Imposto sobre o uso de coisas de utilidade pública: O imperador Vespasiano introduziu o imposto para se poder usar as privadas públicas em Roma. Ele dizia “Dinheiro não fede!”
- Outras Taxas e obrigações: Pedágio ou alfândega; Trabalho forçado; Despesa especial para o exército (dar hospedagem aos soldados; fornecer pagar comida para o sustento das tropas); Imposto para o Templo e o Culto.
4) Para um confronto pessoal
- Você conhece algum caso de grupos ou de pessoas que eram inimigos entre si, mas que se juntaram para perseguir a pessoa honesta que os incomodava e denunciava? Isto já aconteceu alguma vez com você?
- Qual é hoje o sentido da frase: “Dai a César o que é do César, e a Deus o que é de Deus”?
5) Oração final
Cumulai-vos desde a manhã com as vossas misericórdias, para exultarmos alegres em toda a nossa vida. Manifestai vossa obra aos vossos servidores, e a vossa glória aos seus filhos (Sl 89, 14.16)
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Pensar em junho é lembrar-se dos bonitos tapetes e enfeites que decoram as ruas e casas numa quinta-feira para celebrar Corpus Christi . Porém, para acompanhar as celebrações de Corpus Christi, precisamos entender um pouco mais sobre esse momento tão rico e cheio de significado.
O que é Corpus Christi? Como surgiram esses dados? O que se comemora? Padre Camilo Júnior conta, em 10 tópicos, a história de origem da solenidade.
1- Corpus Christi : Solenidade em que a Igreja professa a fé no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. É o único dia em que o Santíssimo sai em procissão pelas ruas ;
2- Na celebração de Corpus Christi , os agradecimentos pelo dom da Eucaristia , sustento para continuar a missão de Jesus de construir o Reino do Pai;
3- A festa de Corpus Christi surgiu no século XIII, na Bélgica, motivada pelas visões da religiosa Irmã Juliana;
4- Na Abadia de Cornillon, onde Irmã Juliana vivia, além da solenidade, obteve alguns trajes eucarísticos, como a exposição e vitória do Santíssimo e o uso dos sinos durante a elevação na missa;
5- Após o milagre eucarístico em Bolsena, na Itália, Papa Urbano IV tentou que as relíquias fossem levadas a Orvieto, cidade próxima em que ele residia;
6- Esse trajeto foi feito em procissão. Na entrada de Orvieto, o Papa Urbano IV pronunciou diante das relíquias eucarísticas as palavras “Corpus Christi” ;
7- Em 1264, o Papa Urbano IV decretou que a quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade fosse celebrada em honra ao Corpo e Sangue do Senhor ;
8- O Ofício da celebração foi produzido por São Tomás de Aquino;
9- Porém, foi em 1317 que o Papa João XXII estendeu a solenidade para toda a Igreja;
10- O traje de enfeitar as casas e ruas manifesta o amor do povo para com o mistério da Eucaristia e a alegria em saber que Jesus caminha no meio de nós. Fonte: https://www.a12.com
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1) Oração
Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais, e a vossa Igreja vos possa servir, alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 10, 32-45)
32Estavam a caminho de Jerusalém e Jesus ia adiante deles. Estavam perturbados e o seguiam com medo. E tomando novamente a si os Doze, começou a predizer-lhes as coisas que lhe haviam de acontecer: 33"Eis que subimos a Jerusalém e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas; condená-lo-ão à morte e entregá-lo-ão aos gentios. 34Escarnecerão dele, cuspirão nele, açoitá-lo-ão, e hão de matá-lo; mas ao terceiro dia ele ressurgirá. 35Aproximaram-se de; Jesus Tiago e João, filhos de Zebedeu, e disseram-lhe: "Mestre, queremos que nos concedas tudo o que te pedirmos." 36"Que quereis que vos faça?" 37"Concede-nos que nos sentemos na tua glória, um à tua direita e outro à tua esquerda." 38"Não sabeis o que pedis, retorquiu Jesus. Podeis vós beber o cálice que eu vou beber, ou ser batizados no batismo em que eu vou ser batizado?" 39"Podemos", asseguraram eles. Jesus prosseguiu: "Vós bebereis o cálice que eu devo beber e sereis batizados no batismo em que eu devo ser batizado. 40Mas, quanto ao assentardes à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim: o lugar compete àqueles a quem está destinado." 41Ouvindo isto, os outros dez começaram a indignar-se contra Tiago e João. 42Jesus chamou-os e deu-lhes esta lição: "Sabeis que os que são considerados chefes das nações dominam sobre elas e os seus intendentes exercem poder sobre elas. 43Entre vós, porém, não será assim: todo o que quiser tornar-se grande entre vós, seja o vosso servo; 44e todo o que entre vós quiser ser o primeiro, seja escravo de todos. 45Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção por muitos."
3) Reflexão Mc 10,32-45
O evangelho de hoje traz o terceiro anúncio da paixão e, novamente, como nas vezes anteriores, mostra a incoerência dos discípulos (cf. Mc 8,31-33 e Mc 9,30-37). Enquanto Jesus insistia no serviço e na doação entregando sua vida, eles continuavam discutindo os primeiros lugares no Reino, um à direita e outro à esquerda do trono. Ao que tudo indica, os discípulos continuavam cegos! Sinal de que a ideologia dominante da época tinha penetrado profundamente na mentalidade deles. Apesar da convivência de vários anos com Jesus, eles ainda não tinham renovado sua maneira de ver as coisas. Olhavam para Jesus com o olhar antigo. Queriam uma retribuição pelo fato de seguir a Jesus.
Marcos 10,32-34: O terceiro anúncio da paixão
Eles estão a caminho de Jerusalém. Jesus vai na frente. Ele tem pressa. Sabe que vão matá-lo. O profeta Isaías já o tinha anunciado (Is 50,4-6; 53,1-10). Sua morte não é fruto de um destino cego ou de um plano já preestabelecido, mas é conseqüência do compromisso assumido com a missão que recebeu do Pai junto aos excluídos do seu tempo. Por isso, Jesus alerta os discípulos sobre a tortura e a morte que ele vai enfrentar lá em Jerusalém. Pois o discípulo deve seguir o mestre, mesmo que for para sofrer com ele. Os discípulos estavam espantados, e aqueles que iam atrás estavam com medo. Não entendem o que está acontecendo. O sofrimento não combinava com a idéia que eles tinham do messias.
Marcos 10,35-37: O pedido pelo primeiro lugar
Os discípulos não só não entendem, mas continuam com suas ambições pessoais. Tiago e João pedem um lugar na glória do Reino, um à direita e outro à esquerda de Jesus. Querem passar na frente de Pedro! Não entenderam a proposta de Jesus. Estavam preocupados só com os próprios interesses. Isto reflete a briga e as tensões que existiam nas comunidades, no tempo de Marcos, e que existem até hoje nas nossas comunidades. No evangelho de Mateus é a mãe de Tiago e João que faz o pedido pelos filhos (Mt 20,20). Provavelmente, diante da situação difícil de pobreza e desemprego crescente daquela época, a mãe intercede pelos filhos e tenta garantir um emprego para eles na vinda do Reino de que Jesus falava tanto.
Marcos 10,38-40: A resposta de Jesus
Jesus reage com firmeza: “Vocês não sabem o que estão pedindo!” E pergunta se eles são capazes de beber o cálice que ele, Jesus, vai beber, e se estão dispostos a receber o batismo que ele vai receber. É o cálice do sofrimento, o batismo de sangue! Jesus quer saber se eles, em vez do lugar de honra, aceitam entregar a vida até à morte. Os dois respondem: “Podemos!” Parece uma resposta da boca para fora, pois, poucos dias depois, abandonaram Jesus e o deixaram sozinho na hora do sofrimento (Mc 14,50). Eles não têm muita consciência crítica, nem percebem sua realidade pessoal. Quanto ao lugar de honra no Reino ao lado de Jesus, quem o dá é o Pai. O que ele, Jesus, tem para oferecer é o cálice e o batismo, o sofrimento e a cruz.
Marcos 10,41-44: Entre vocês não seja assim
Neste final da sua instrução sobre a Cruz, Jesus fala, novamente, sobre o exercício do poder (Mc 9,33-35). Naquele tempo, os que detinham o poder no império romano não prestavam conta ao povo. Agiam conforme bem entendiam (Mc 6,17-29). O império romano controlava o mundo e o mantinha submisso pela força das armas e, assim, através de tributos, taxas e impostos, conseguia concentrar a riqueza dos povos na mão de poucos lá em Roma. A sociedade era caracterizada pelo exercício repressivo e abusivo do poder. Jesus tem outra proposta. Ele diz: “Entre vocês não deve ser assim! Quem quiser ser o maior, seja o servidor de todos!” Ele traz ensinamentos contra os privilégios e contra a rivalidade. Inverte o sistema e insiste no serviço como remédio contra a ambição pessoal. A comunidade deve apresentar uma alternativa para a convivência humana.
Marcos 10,45: O resumo da vida de Jesus
Jesus define a sua missão e a sua vida: “O Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir e dar sua vida como resgate em favor de muitos”. Jesus é o Messias Servidor, anunciado pelo profeta Isaías (cf. Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Aprendeu de sua mãe que disse ao anjo: “Eis aqui a serva do Senhor!” (Lc 1,38). Proposta totalmente nova para a sociedade daquele tempo. Nesta frase em que ele define sua vida, transparecem os três títulos mais antigos, usados pelos primeiros cristãos para expressar e comunicar aos outros o que Jesus significava para eles: Filho do Homem, Servo de Javé, Resgatador dos excluídos (libertador, salvador). Humanizar a vida, Servir aos irmãos e irmãs, Acolher os excluídos.
4) Para um confronto pessoal
- Tiago e João pediram o primeiro lugar no Reino. Hoje, muita gente reza a Deus pedindo dinheiro, promoção, cura, êxito. E eu, o que busco na minha relação com Deus e o que peço a Ele na oração?
- Humanizar a vida, Servir aos irmãos e irmãs, Acolher os excluídos. É o programa de Jesus, é o nosso programa. Como estou realizando?
5) Oração final
O Senhor manifestou sua salvação, aos olhos dos povos revelou sua justiça. Lembrou-se do seu amor e da sua fidelidade à casa de Israel (Sl 97, 2-3)
- Detalhes
1) Oração
Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais, e a vossa Igreja vos possa servir, alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 10,28-31)
Naquele tempo, 28Começou Pedro a dizer a Jesus: "Eis que deixamos tudo e te seguimos." 29Respondeu-lhe Jesus. "Em verdade vos digo: ninguém há que tenha deixado casa ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim e por causa do Evangelho 30que não receba, já neste século, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, com perseguições e no século vindouro a vida eterna. 31Muitos dos primeiros serão os últimos, e dos últimos serão os primeiros."
3) Reflexão Mc 10,28-31
No evangelho de ontem, Jesus falava da conversão que deve ocorrer no relacionamento dos discípulos com os bens materiais: desapegar-se das coisas, vender tudo, dar para os pobres e seguir Jesus. Ou seja, como Jesus, devem viver na total gratuidade, entregando sua vida na mão de Deus e servindo aos irmãos e irmãs (Mc 10,17-27). No evangelho de hoje Jesus explica melhor como deve ser esta vida de gratuidade e de serviço dos que abandonam tudo por causa dele, Jesus, e do Evangelho (Mc 10,28-31).
Marcos 10,28-31: Cem vezes mais desde agora, mas com perseguições
Pedro observa: "Eis que nós deixamos tudo e te seguimos". É como se dissesse: “Fizemos o que o senhor pediu ao jovem rico. Deixamos tudo e te seguimos. Explica para nós como deve ser esta nossa vida?” Pedro quer que Jesus explicite um pouco mais o novo modo de viver no serviço e na gratuidade. A resposta de Jesus é bonita, profunda e simbólica: "Eu garanto a vocês: quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, vai receber cem vezes mais. Agora, durante esta vida, vai receber casas, irmãos, irmãs, mãe, filhos e campos, junto com perseguições. E, no mundo futuro, vai receber a vida eterna”. O tipo de vida que resulta da entrega de tudo é a amostra do Reino que Jesus quer realizar: (1) Alarga a família e cria comunidade, pois aumenta cem vezes o número de irmãos e irmãs. (2) Provoca a partilha dos bens, pois todos terão cem vezes mais casas e campos. A providência divina se encarna e passa pela organização fraterna, onde tudo é de todos e já não haverá mais necessitados. Eles realizam a lei de Deus que pede “entre vocês não pode haver pobres” (Dt 15,4-11). Foi o que fizeram os primeiros cristãos (At 2,42-45). É a vivência perfeita do serviço e da gratuidade. (3) Não devem esperar nenhuma vantagem em troca, nem segurança, nem promoção de nada. Pelo contrário, nesta vida terão tudo isto, mas com perseguições. Pois os que, neste nosso mundo organizado a partir do egoísmo e dos interesses de grupos e pessoas, vivem a partir do amor gratuito e da entrega de si, estes, como Jesus, serão crucificados. (4) Serão perseguidos neste mundo, mas, no mundo futuro terão a vida eterna de que falava o jovem rico.
Jesus e a opção pelos pobres
Um duplo cativeiro marcava a situação do povo na época de Jesus: o cativeiro da política de Herodes, apoiada pelo Império Romano e mantida por todo um sistema bem organizado de exploração e de repressão, e o cativeiro da religião oficial, mantida pelas autoridades religiosas da época. Por causa disso, o clã, a família, a comunidade, estava sendo desintegrada e uma grande parte do povo vivia excluída, marginalizada, sem lugar, nem na religião, nem na sociedade. Por isso, havia vários movimentos que, como Jesus, procuravam uma nova maneira de viver e conviver em comunidade: essênios, fariseus e, mais tarde, os zelotes. Dentro da comunidade de Jesus, porém, havia algo novo que a diferenciava dos outros grupos. Era a atitude frente aos pobres e excluídos. As comunidades dos fariseus viviam separadas. A palavra “fariseu” quer dizer “separado”. Viviam separadas do povo impuro. Muitos dos fariseus consideravam o povo como ignorante e maldito (Jo 7,49), cheio de pecado (Jo 9,34). Jesus e a sua comunidade, ao contrário, viviam misturados com as pessoas excluídas, consideradas impuras: publicanos, pecadores, prostitutas, leprosos (Mc 2,16; 1,41; Lc 7,37). Jesus reconhece a riqueza e o valor que os pobres possuem (Mt 11,25-26; Lc 21,1-4). Proclama-os felizes, porque o Reino é deles, dos pobres (Lc 6,20; Mt 5,3). Define sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4, 18). Ele mesmo vive como pobre. Não possui nada para si, nem mesmo uma pedra para reclinar a cabeça (Lc 9,58). E a quem quer segui-lo para conviver com ele, manda escolher: ou Deus, ou o dinheiro! (Mt 6,24). Manda fazer opção pelos pobres! (Mc 10,21) A pobreza, que caracterizava a vida de Jesus e dos discípulos, caracterizava também a missão. Ao contrário dos outros missionários (Mt 23,15), os discípulos e as discípulas de Jesus não podiam levar nada, nem ouro, nem prata, nem duas túnicas, nem sacola, nem sandálias (Mt 10,9-10). Deviam confiar é na hospitalidade (Lc 9,4; 10,5-6). E caso fossem acolhidos pelo povo, deviam trabalhar como todo mundo e viver do que receberiam em troca (Lc 10,7-8). Além disso, deviam tratar dos doentes e necessitados (Lc 10,9; Mt 10,8). Então podiam dizer ao povo: “O Reino chegou!” (Lc 10,9).
4) Para um confronto pessoal
1) Como você, na sua vida, realiza a proposta de Pedro: “Deixamos tudo e te seguimos”?
2) Partilha, gratuidade, serviço, acolhida aos excluídos são sinais do Reino. Como as vivo hoje?
5) Oração final
Todos os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus. Aclamai ao Senhor, terra inteira gritai e exultai cantando hinos. (Sl 97, 3-4)
- Detalhes
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
A catástrofe climática no Rio Grande do Sul é estrondoso grito que deve alertar a sociedade brasileira para a necessidade de mudanças no tratamento dedicado ao meio ambiente. Com a tarefa da reconstrução, é muito necessária uma análise crítica inadiável sobre as legislações vigentes, em nível federal e nos âmbitos estaduais. Sabe-se que a lógica cega e perversa do lucro, com justificativas de desenvolvimento econômico, preside escolhas políticas e até decisões judiciais.
Com facilidade, anuncia-se o fim de práticas que ameaçam o meio ambiente, mas o que se verifica é uma simples substituição por outros procedimentos igualmente prejudiciais. Essas substituições são anunciadas como se fossem benéficas a partir de pesado investimento midiático e se efetivam com manipulações nas instâncias decisórias. Nessa lógica, propagandeia-se que o simples tratamento de uma nascente compensa graves prejuízos provocados a um determinado sistema hídrico, desconsiderando sua fundamental importância no abastecimento de água. Justifica-se o dano causado ao meio ambiente defendendo a geração de empregos, mas são desconsideradas as perdas maiores causadas pelo assoreamento e a extinção dos cursos d’água. Ainda há, pois, uma incompreensão a respeito do que significa ecologia integral.
A ecologia integral deve constituir um estribilho que precisa ser cantado diariamente, na contramão de uma busca por excessivo lucro que, apesar de parecer caminho para o desenvolvimento, apenas enriquece oligarquias, deixa rastro de destruição que leva a catástrofes climáticas, a incontáveis tragédias. Reconhecer o significado de ecologia integral é perceber que cada intervenção no meio ambiente desencadeia muitas transformações, pois tudo está interligado.
Quando essa verdade é reconhecida, percebe-se que nada pode justificar um procedimento minerário que ameaça bacias hídricas, por exemplo. Mas grande parte dos megaempreendimentos não considera as relações entre os seres vivos e o planeta. Por isso, convive-se com a gestação silenciosa de catástrofes, acentuando ainda cenários de exclusão social. Uma sociedade, para sobreviver, deve criticamente discernir sobre seus modelos de produção e consumo. Esse discernimento exige honestidade nas considerações e na apresentação de projetos ligados à exploração da natureza.
A sociedade brasileira ainda tem muito a aprender sobre a sua relação com o meio ambiente, para inspirar mudanças na conduta cidadã e nas legislações vigentes. O Papa Francisco, na Carta Encíclica Laudato Si’ – sobre o cuidado com a casa comum, faz importante advertência: conhecimentos fragmentários e isolados podem se tornar ignorância. É preciso reconhecer que, no planeta, tudo se interliga, inclusive as relações.
Nesse sentido, a economia não pode ser considerada como uma realidade separada das relações ambientais, sob pena de contaminações perigosas, prejuízos graves, com consequências irreversíveis, principalmente a perda de vidas. Deve-se levar em conta a íntima relação entre crise ambiental e crise social, conforme ensina a Laudato Si’. Os sistemas naturais estão conectados com os sistemas sociais. Dissociá-los leva a escolhas equivocadas, a permissividades que se desdobram em manipulações. O que se vive na atualidade é uma crise não simplesmente social ou ambiental, mas socioambiental. A superação dessa crise exige, pois, um abrangente entendimento sobre o conjunto de problemas para que sejam alcançadas propostas de soluções.
Imprescindível e honesto é considerar o impacto ambiental de um empreendimento a partir da necessária capacidade para ouvir: abrir-se à consideração de pesquisadores, ao diálogo transparente envolvendo diferentes públicos e à sensibilidade de cada cidadão. Deve-se reconhecer também o que ensina o Papa Francisco – cada organismo é essencial por ser criatura de Deus.
Da mesma forma, deve-se considerar o conjunto harmônico dos organismos. Criar desarmonia entre os elementos que integram o planeta traz consequências para a existência humana e pode configurar catástrofes. Essencial é valer-se dos recursos naturais de modo sustentável, o que exige considerar a capacidade regenerativa de cada ecossistema. O crescimento econômico não pode ser uma prioridade formatada com sacrifícios ao meio ambiente. Proteger o meio ambiente é um imperativo na garantia do desenvolvimento econômico sustentável.
Ainda é considerável a distância entre a busca pelo desenvolvimento econômico e a adequada postura diante da necessidade de se preservar o meio ambiente. Pode até ser mais fácil visar somente o lucro, mas, cedo ou tarde, a desconsideração sobre a natureza irá trazer consequências na saúde das instituições, pois impacta gravemente na vida humana. Inteligente e interpelante, conforme sublinha o Papa Francisco, é reconhecer que tudo que fere a solidariedade e a amizade cívica provoca danos ambientais. Assim, é preciso reconfigurar legislações levando-se em conta a ecologia integral, para corrigir descompassos agravados por manipulações, interesses egoístas e exercícios inadequados do poder.
As violações do meio ambiente continuam perpetradas sob a “vista grossa” de legislações permissivas e insuficientes, com autoridades “mudas”, em uma sociedade ainda despreparada para zelar adequadamente por seu patrimônio ambiental. É necessário investir na educação ecológica enquanto se trabalha para reconstruir aquilo que já foi destruído. Isto significa buscar aprender mais sobre a melhor forma de se relacionar com a natureza, cultivando a humildade para tratar o meio ambiente com reverência. Um caminho essencial para vencer a sedução do lucro que impõe sacrifícios ao planeta e qualificar o exercício da cidadania. Fonte: www.cnbb.org.br
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1) Oração
Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais, e a vossa Igreja vos possa servir, alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mc 10,17-27)
Naquele tempo, 17Quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo e, dobrando os joelhos diante dele, suplicou-lhe: "Bom Mestre, que farei para alcançara vida eterna?"18Jesus disse-lhe: "Por que me chamas bom? Só Deus é bom.19Conheces os mandamentos: não mates; não cometas adultério; não furtes; não digas falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe."20Ele respondeu-lhe: "Mestre, tudo isto tenho observado desde a minha mocidade."21Jesus fixou nele o olhar, amou-o e disse-lhe: "Uma só coisa te falta; vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me.22Ele entristeceu-se com estas palavras e foi-se todo abatido, porque possuía muitos bens.23E, olhando Jesus em derredor, disse a seus discípulos: "Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os ricos!"24Os discípulos ficaram assombrados com suas palavras. Mas Jesus replicou: "Filhinhos, quão difícil é entrarem no Reino de Deus os que põem a sua confiança nas riquezas!25É mais fácil passar o camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar o rico no Reino de Deus."26Eles ainda mais se admiravam, dizendo a si próprios: "Quem pode então salvar-se?"27Olhando Jesus para eles, disse: "Aos homens isto é impossível, mas não a Deus; pois a Deus tudo é possível.
3) Reflexão Marcos 10,17-27
O evangelho de hoje traz dois assuntos: (1) conta a história do homem rico que perguntou pelo caminho da vida eterna (Mc 10,17-22), e (2) Jesus chama a atenção para o perigo das riquezas (Mc 10,23-27). O homem rico não aceitou a proposta de Jesus, pois era muito rico. Uma pessoa rica é protegida pela segurança que a riqueza lhe dá. Ela tem dificuldade em abrir mão desta segurança. Agarrada às vantagens dos seus bens, vive preocupada em defender seus próprios interesses. Uma pessoa pobre não costuma ter esta preocupação. Mas pode haver pobres com cabeça de rico. Então, o desejo de riqueza cria neles uma dependência e faz com que eles também se tornem escravos do consumismo. Ficam devendo prestações em todo canto e já não têm mais tempo para dedicar-se ao serviço do próximo. Com esta problemática na cabeça, tanto das pessoas como dos países, vamos ler e meditar o texto do homem rico.
Marcos 10,17-19: A observância dos mandamentos e a vida eterna.
Alguém chega perto de Jesus e pergunta: “Bom mestre, o que devo fazer para herdar a vida eterna?” O evangelho de Mateus informa que se tratava de um jovem (Mt 19,20.22). Jesus responde bruscamente: “Por que me chamas bom. Ninguém é bom senão só Deus!” Jesus desvia a atenção de si mesmo e aponta para Deus, pois o que importa é fazer a vontade de Deus, revelar o Projeto do Pai. Em seguida, Jesus afirma: “Você conhece os mandamentos: não matar, não cometer adultério, não roubar, não levantar falso testemunho, não defraudar ninguém, honrar pai e mãe”. É importante olhar bem a resposta de Jesus. O jovem tinha perguntado pela vida eterna. Queria a vida junto de Deus! Mas Jesus não mencionou os três primeiros mandamentos que definem nosso relacionamento com Deus! Ele só lembrou aqueles que dizem respeito à vida junto do próximo! Para Jesus, só conseguimos estar bem com Deus, se soubermos estar bem com o próximo. Não adianta se enganar. A porta para chegar até Deus é o próximo.
Marcos 10,20: Observar os mandamentos, para que serve?
O homem responde dizendo que já observava os mandamentos desde a sua juventude. O curioso é o seguinte. Ele tinha perguntado pelo caminho da vida. Ora, o caminho da vida era e continua sendo: fazer a vontade de Deus expressa nos mandamentos. Quer dizer que ele observava os mandamentos sem saber para que serviam. Do contrário, não teria feito a pergunta. É como muitos católicos de hoje: não sabem dizer para que serve ser católico. ”Nasci num país católico, por isso sou católico!” Coisa de costume!
Marcos 10,21-22: Partilhar os bens com os pobres e seguir Jesus.
Ouvindo a resposta do jovem, “Jesus olhou para ele, o amou e lhe disse: Só uma coisa te falta: vai, vende o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu, e em seguida vem e segue-me!” A observância dos mandamentos é apenas o primeiro degrau de uma escada que vai mais longe e mais alto. Jesus pede mais! A observância dos mandamentos prepara a pessoa para ela poder chegar à doação total de si a favor do próximo. Jesus pede muito, mas ele o pede com muito amor. O moço não aceitou a proposta de Jesus e foi embora, “pois era muito rico”.
Marcos 10,23-27: O camelo e o fundo da agulha.
Depois que o jovem foi embora, Jesus comentou a decisão dele: Como é difícil um rico entrar no Reino de Deus! Os discípulos ficaram admirados. Jesus repete a mesma frase e acrescenta: É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino! A expressão “entrar no Reino” diz respeito, não só e nem em primeiro lugar à entrada no céu depois da morte, mas também e sobretudo à entrada na comunidade ao redor de Jesus. A comunidade é e deve ser uma amostra do Reino. A alusão à impossibilidade de um camelo passar pelo buraco de uma agulha vem de um provérbio popular da época usado pelo povo para dizer que uma coisa era humanamente impossível e inviável. Os discípulos ficaram chocados com a afirmação de Jesus e perguntavam uns aos outros: "Então, quem pode ser salvo?" Sinal de que não tinham entendido a resposta de Jesus ao homem rico: “Vai vende tudo, dá para os pobres e vem e segue-me!” O jovem tinha observado os mandamentos desde a sua juventude, mas sem entender o porquê da observância. Algo semelhante estava acontecendo com os discípulos. Eles já tinham abandonado todos os bens conforme o pedido de Jesus ao jovem rico, mas sem entender o porquê do abandono! Se o tivessem entendido, não teriam ficado chocados com a exigência de Jesus. Quando a riqueza ou o desejo da riqueza ocupa o coração e o olhar, a pessoa já não consegue perceber o sentido do evangelho. Só Deus mesmo para ajudar! Jesus olhou para os discípulos e disse: "Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível."
4) Para um confronto pessoal
- Uma pessoa que vive preocupada com a sua riqueza ou que vive querendo adquirir aquelas coisas da propaganda na televisão, pode ela libertar-se de tudo para seguir Jesus e viver em paz numa comunidade cristã? É possível? O que você acha? Como é que você faz?
- Conhece alguém que conseguiu largar tudo por causa do Reino? O que significa para nós hoje: “Vai vende tudo, dá aos pobres”? Como entender e praticar hoje os conselhos que Jesus deu ao jovem rico?
5) Oração final
Louvarei o Senhor de todo o coração, na assembléia dos justos e em seu conselho. Grandes são as obras do Senhor, dignas de admiração de todos os que as amam. (Sl 110, 1-2)
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho– (Marcos 10, 1-12)
Naquele tempo, 1Jesus foi para a região da Judéia, além do Jordão. As multidões voltaram a segui-lo pelo caminho e de novo ele pôs-se a ensiná-las, como era seu costume.2Chegaram os fariseus e perguntaram-lhe, para o pôr à prova, se era permitido ao homem repudiar sua mulher.3Ele respondeu-lhes: "Que vos ordenou Moisés?"4Eles responderam: "Moisés permitiu escrever carta de divórcio e despedir a mulher."5Continuou Jesus: "Foi devido à dureza do vosso coração que ele vos deu essa lei;6mas, no princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.7Por isso, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher;8e os dois não serão senão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne.9Não separe, pois, o homem o que Deus uniu." 10Em casa, os discípulos fizeram-lhe perguntas sobre o mesmo assunto.11E ele disse-lhes: "Quem repudia sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira.12E se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério."
3) Reflexão Mc 10,1-12
O evangelho de ontem trazia conselhos de Jesus sobre o relacionamento entre adultos e crianças, entre os grandes e os pequenos da sociedade. O evangelho de hoje traz conselhos sobre como deve ser o relacionamento entre homem e mulher, entre marido e mulher.
Marcos 10,1-2: A pergunta dos fariseus: “o marido pode mandar a mulher embora?”
A pergunta é maliciosa. Ela pretende colocar Jesus à prova: “É lícito a um marido repudiar sua mulher?” Sinal de que Jesus tinha uma opinião diferente, pois do contrário os fariseus não iriam interrogá-lo sobre este assunto. Não perguntam se é lícito a esposa repudiar o marido. Isto nem passava pela cabeça deles. Sinal claro da forte dominação machista e da marginalização da mulher na sociedade daquele tempo.
Marcos 10,3-9: A resposta de Jesus: o homem não pode repudiar a mulher.
Em vez de responder, Jesus pergunta: “O que diz a lei de Moisés?” A lei permitia o homem escrever uma carta de divórcio e repudiar sua mulher. Esta permissão revela o machismo. O homem podia repudiar a mulher, mas a mulher não tinha este mesmo direito. Jesus explica que Moisés agiu assim por causa da dureza de coração do povo, mas a intenção de Deus era outra quando criou o ser humano. Jesus volta ao projeto do Criador e nega ao homem o direito de repudiar sua mulher. Ele tira o privilégio do homem frente à mulher e pede o máximo de igualdade entre os dois.
Marcos 10,10-12: Igualdade homem e mulher.
Em casa, os discípulos fazem perguntas sobre este assunto. Jesus tira as conclusões e reafirma a igualdade de direitos e deveres entre homem e mulher. Ele propõe um novo tipo de relacionamento entre os dois. Não permite o casamento em que o homem pode mandar a mulher embora, nem vice-versa. O evangelho de Mateus acrescenta um comentário dos discípulos sobre este assunto. Eles dizem: “Se a situação do homem com a mulher é assim, então é melhor não se casar” (Mt 19,10). Preferem não casar, do que casar sem o privilégio de poder continuar mandando na mulher e sem o direito de poder pedir divórcio caso ela não lhe agradar mais. Jesus vai até o fundo da questão e diz que há somente três casos em que se permite uma pessoa não casar: "Nem todos entendem isso, a não ser aqueles a quem é concedido. De fato, há homens castrados, porque nasceram assim; outros, porque os homens os fizeram assim; outros, ainda, se castraram por causa do Reino do Céu. Quem puder entender, entenda" (Mt 19,11-12). Os três casos são: “(1) impotência, (2) castração e (3) por causa do Reino. Não casar só porque o homem se recusa a perder o domínio sobre a mulher, isto, a Nova Lei do Amor já não o permite! Tanto o casamento como o celibato, ambos devem estar a serviço do Reino e não a serviço de interesses egoístas. Nenhum dos dois pode ser motivo para manter o domínio machista do homem sobre a mulher. Jesus modificou o relacionamento homem-mulher, marido-esposa.
4) Para um confronto pessoal
1) Na minha vida pessoal, como vivo o relacionamento homem-mulher?
2) Na vida da minha família e da minha comunidade, como está sendo o relacionamento homem-mulher?
5) Oração final
O Senhor é bom e misericordioso, lento para a cólera e cheio de clemência. Ele não está sempre a repreender, nem eterno é o seu ressentimento. (Sl 102, 8-9)
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DEUS UNO E TRINO
Dom Anuar Battisti
Arcebispo emérito de Maringá (PR)
A primeira das três Solenidades do Tempo Comum é a Solenidade da Santíssima Trindade celebrada no domingo seguinte a clausura do tempo pascal. Quem é Deus? Como é Ele? A liturgia da Solenidade da Santíssima Trindade convida-nos a mergulhar no mistério de Deus e a contemplar o Deus que, sendo unidade, é família de três Pessoas em perfeita comunhão de amor. Por isso, chamamos-Lhe “Santíssima Trindade”. Por amor, Ele criou os homens e as mulheres; e, por amor, Ele convida-os a vincularem-se com essa comunidade de amor que é a família trinitária.
Santíssima Trindade: Deus que se revela Pai, e Filho e Espírito Santo. Bendizemos o Pai criador, o Filho salvador e o Espírito santificador.
Na primeira leitura – Dt 4,32-34.39-40 –, Moisés convida Israel a descobrir o rosto e o coração de Deus a partir da contemplação das ações por Ele feitas na história. O Deus em que Israel acredita é o Deus libertador e salvador, que ama os seus filhos e que está sempre disponível para os libertar de tudo aquilo que os escraviza. Ele acompanha cada passo do seu Povo e deixa-lhe indicações seguras para ser feliz e ter Vida em abundância. Esta leitura confessa a fé no Deus único – “o Senhor é o Deus lá em cima no céu e embaixo na terra, a que não há outro além dele” (Dt 4,39). Israel tem consciência de ser o povo escolhido por Deus (Dt 4,34). Em um panorama histórico-religioso feito pelo povo, vê-se as manifestações, comunicações e prodígios realizados pelo Deus Uno.
Na segunda leitura – Rm 8,14-17 –, o autor da Carta aos Romanos pede os que receberam o batismo que se deixem conduzir sempre pelo Espírito de Deus. Animados pelo dinamismo do Espírito, eles serão membros da família de Deus e poderão chamar a Deus “Abbá”. Deus será para eles o Pai cheio de amor, em cujo colo se sentirão sempre amados, protegidos e cuidados. É por meio do Espírito que somos elevados à dignidade de filhos de Deus (Rm 8,14). A comunidade cristã é a família que tem a Deus como Pai. Como filhos e herdeiros de Deus, conduzidos pelo Espírito Santo, somos chamados à testemunhar a vida em Cristo mediante a vivência dos valores do Evangelho.
No Evangelho – Mt 28,16-20 –, Jesus despede-se dos discípulos e envia-os a todas as nações como testemunhas da salvação de Deus. Eles deverão ensinar tudo o que aprenderam de Jesus e batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo todos os que se mostrarem disponíveis para integrar a família de Deus, a comunidade trinitária. O Evangelho é o mandato missionário de Jesus e a promessa de sua presença na vida e na missão dos discípulos. “Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. O Senhor ressuscitado deixa como herança espiritual para a comunidade nascente a fé trinitária o dever de ensinar ou transmitir seus ensinamentos e a certeza de sua colaboração na obra missionária: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20; Mt 1,23; Mt 18,20)
A inclusão de novos membros na comunidade-Igreja se realiza mediante o batismo em nome da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Jesus garante a sua presença permanente na comunidade; Ele é o Emanuel – o Deus conosco –.
Ao celebrarmos a Santíssima Trindade celebramos a perfeita comunhão de amor de Deus, celebrando nossa própria missão de batizados. Marcados que somos no batismo pelo selo do amor divino, com a vocação de vivenciar em comunidade o amor de Deus, continuemos abertos a esse amor, acolhendo a todos, sobretudo aqueles que são esquecidos ou abandonados. Pois não existe outro caminho para entrar na misteriosa dinâmica do amor de Deus, senão levando adiante nossa missão em comunidade, vivendo relações de gente transformada pelo amor infinito da Trindade. A Solenidade da Santíssima Trindade nos revela um Deus que é amor e que partilha esse amor com todos os seres humanos. Fonte: https://www.cnbb.org.br
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Evangelização e cultos em presídios não foram proibidos pelo governo
Vídeo viral distorce conteúdo de resolução do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária
Detentos participam de culto evangélico no Centro de Progressão Penitenciária em Bauru, no interior de São Paulo - SAP - 7.mai.2017/Divulgação
SÃO PAULO
É falso que o governo Lula (PT) tenha proibido a evangelização em presídios. Essa desinformação foi compartilhada em vídeo no Tiktok, visualizado mais de 1,1 milhão de vezes. Na gravação, uma pré-candidata à Câmara Municipal de Rio das Ostras (a 169 km do Rio de Janeiro) afirma que a pregação do evangelho e a realização de cultos e orações nos ambientes prisionais foram proibidas por meio de decreto presidencial.
O vídeo distorce a resolução nº 34 do CNPCP (Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária), órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Publicado no Diário Oficial da União no dia 29 de abril, o texto define diretrizes e recomendações sobre a liberdade religiosa em presídios.
Entre os pontos, o documento assegura aos ingressos no sistema prisional o direito de professar qualquer religião ou crença, assim como prevê a atuação de diferentes grupos religiosos nos presídios, sendo vedado o proselitismo religioso. Proselitismo é a tentativa persistente de convencer outra pessoa a aceitar suas crenças. A proibição, contudo, já constava desde a resolução Nº 8, de 2011.
A diferença é que o novo documento do CNPCP também proíbe o racismo religioso. Diferentemente do que afirma o conteúdo enganoso, não há qualquer menção à proibição a cultos ou evangelização. Um dos princípios fundamentais da resolução, inclusive, é a premissa de que "será assegurado aos representantes religiosos das instituições religiosas o acesso a todos os estabelecimentos de privação de liberdade dentro território nacional".
Em nota, o Ministério da Justiça afirmou que o texto não referenda qualquer tipo de perseguição religiosa e deixa claro que pessoas privadas de liberdade têm "direito à mudança de religião, consciência ou filosofia a qualquer tempo".
O governo federal também informou que são falsas as acusações e lembrou que o documento não tem poder de lei. "Essa resolução fala em garantir a ‘liberdade de consciência, de crença e de expressão’ das pessoas presas. Diz que será assegurando a elas ‘o direito de professar qualquer religião ou crença’.Isso é exatamente o oposto à ideia de perseguição religiosa", diz comunicado.
VERDADEIRO OU FALSO
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Denominação cristã suspeita de fraudes e fake news e diz que prefere concentrar ajuda da congregação
Diversos municípios do Rio Grande do Sul, como Canoas, seguem alagados -
Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
SÃO PAULO
A liderança máxima dos Testemunhas de Jeová no Brasil pediu às suas congregações que orientem os fiéis a não participarem de campanhas de arrecadação e a não enviarem dinheiro para desabrigados no Rio Grande do Sul.
No comunicado, a instituição afirma ter preocupação com golpes e fraudes envolvendo doações, mas, mesmo assim, não dá o comando para que os fiéis façam doações diretamente pelo Pix da igreja. Esta diretriz deve valer para aqueles que desejarem fazer doações mesmo assim.
"Se a sua congregação ainda não foi convidada [a ajudar], pedimos que não façam arranjos pessoais para enviar doações", diz a liderança em uma carta cuja autenticidade foi confirmada.
"Além disso, pedimos que não tomem a iniciativa de fazer ou participar de vaquinhas virtuais. A intenção pode ser boa, mas nunca se sabe quem está por trás disso e se os valores arrecadados serão realmente enviados."
Ainda de acordo com o comunicado, somente as congregações de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul foram mobilizadas para participar no envio de doações. A carta informa que cerca de 2.000 fiéis afetados pela enchente já estão recebendo os cuidados necessários.
No documento, há a recomendação de que os fiéis só aceitem a ajuda de programas do governo federal.
A liderança diz a seus anciãos —que cuidam da parte administrativa das congregações— que a ajuda prestada em desastres precisa ser "bem organizada e coordenada de modo eficiente".
Os Testemunhas se definem como bem cuidadosos ao usar os donativos. "Evitamos duplicação de esforços, confusões e desperdício de dinheiro e de materiais, coisas que geralmente acontecem quando os irmãos agem por conta própria", diz a carta.
Consultado, o Departamento de Informações ao Público (DIP) dos Testemunhas de Jeová disse que, no início das enchentes, diversos veículos de mídia alertaram sobre golpes financeiros e fake news envolvendo a ajuda aos refugiados.
"Nesse contexto, procuramos alertar e orientar os interessados em fornecer ajuda humanitária de forma organizada", disse a instituição.
"Naturalmente, cada Testemunha de Jeová pode decidir se e como irá apoiar campanhas de ajuda humanitária, independentemente do modo em que sejam prestadas."
A instituição não esclareceu por que não incentivou doações, mesmo que fosse pelo Pix da igreja.
Com Diego Felix
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho – (Marcos 9, 41-50)
Naquele tempo disse Jesus a seus discípulos: 42“E quem provocar a queda um só destes pequenos que crêem em mim, melhor seria que lhe amarrassem uma grande pedra de moinho ao pescoço e o lançassem no mar. 43Se tua mão te leva à queda, corta-a! É melhor entrares na vida tendo só uma das mãos do que, tendo as duas, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. [44] 45Se teu pé te leva à queda, corta-o! É melhor entrar na vida tendo só um dos pés do que, tendo os dois, ser lançado ao inferno. [46] 47Se teu olho te leva à queda, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus tendo um olho só do que, tendo os dois, ir para o inferno, 48onde o verme deles não morre e o fogo nunca se apaga. 49Todos serão salgados pelo fogo. 50O sal é uma coisa boa; mas se o sal perder o sabor, como devolver-lhe o sabor? Tende sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros”.
3) Reflexão Marco 9,41-50
O Evangelho de hoje traz alguns conselhos de Jesus sobre o relacionamento dos adultos com os pequenos e excluídos. Naquele tempo, muita gente pequena era excluída e marginalizada. Não podia participar. Muitos deles perdiam a fé. O texto que vamos meditar tem algumas afirmações estranhas que, se tomadas ao pé da letra, causam perplexidade na gente.
Marcos 9,41: Um copo de água tem recompensa.
Uma frase solta de Jesus foi inserida aqui: Eu garanto a vocês: quem der para vocês um copo de água porque vocês são de Cristo, não ficará sem receber sua recompensa. Dois pensamentos: 1) “Quem der para vocês um copo de água”: Jesus está indo para Jerusalém para entregar sua vida. Gesto de grande doação! Mas ele não esquece os gestos pequenos de doação no dia a dia da vida: um copo de água, um acolhimento, uma esmola, tantos gestos. Quem despreza o tijolo, nunca faz casa! 2) “Porque vocês são de Cristo”: Jesus se identifica conosco que queremos pertencer a Ele. Isto significa que, para Ele, temos muito valor.
Marcos 9,42: Escândalo para os pequenos.
Escândalo, literalmente, é pedra no caminho, pedra no sapato; é aquilo que desvia uma pessoa do bom caminho. Escandalizar os pequenos é ser motivo pelo qual os pequenos se desviam do caminho e percam a fé em Deus. Quem faz isto recebe a seguinte sentença: “Corda no pescoço com pedra de moinho para ser jogado no fundo do mar!” Por que tanta severidade? É porque Jesus se identifica com os pequenos (Mt 25,40.45). Quem toca neles, toca em Jesus! Hoje, no mundo inteiro, os pequenos, os pobres, muitos deles estão saindo das igrejas tradicionais. Cada ano, só na América Latina, são em torno de três milhões de pessoas que migram para outras igrejas. Já não conseguem crer no que professamos na nossa igreja! Por que será? Até onde nós temos culpa? Merecemos a corda no pescoço?
Marcos 9,43-48: Cortar mão e pé, arrancar o olho.
Jesus manda a pessoa arrancar mão, pé e olho, caso estes forem motivo de escândalo. Ele diz: “É melhor entrar na vida ou no Reino com um pé (mão, olho), do que entrar no inferno ou na geena com dois pés (mãos, olhos)”. Estas frases não podem ser tomadas ao pé da letra. Elas significam que a pessoa deve ser radical na opção por Deus e pelo Evangelho. A expressão ”geena (inferno) onde tem verme que não morre e o fogo que não se apaga”, é uma imagem para indicar a situação da pessoa que fica sem Deus. A geena era o nome de um vale perto de Jerusalém, onde se jogava o lixo da cidade e onde sempre havia um fogo de monturo queimando o lixo. Este lugar fedorento era usado pelo povo para simbolizar a situação da pessoa que ficava sem participar do Reino de Deus.
Marcos 9,49-50: Sal e Paz
Estes dois versículos ajudam a entender as palavras severas sobre o escândalo. Jesus diz: “Tenham sal em vocês, e estejam em paz uns com os outros!” A comunidade, na qual se convive em paz, uns com os outros, é como o pouco de sal que tempera a comida toda. A convivência pacífica e fraterna na comunidade é o sal que tempera a vida do povo no bairro. É um sinal do Reino, uma revelação da Boa Notícia de Deus. Estamos sendo sal? Sal que não tempera não serve para mas nada!
Jesus acolhe e defende a vida dos pequenos
Várias vezes, Jesus insiste no acolhimento a ser dado aos pequenos. “Quem acolhe a um destes pequenos em meu nome é a mim que acolhe” (Mc 9,37). Quem dá um copo de água a um destes pequenos não perderá a sua recompensa (Mt 10,42). Ele pede para não desprezar os pequenos (Mt 18,10). E no julgamento final os justos vão ser recebidos porque deram de comer a “um destes mais pequeninos” (Mt 25,40). Se Jesus insiste tanto no acolhimento a ser dado aos pequenos, é porque devia haver muita gente pequena sem acolhimento! De fato, mulheres e crianças não contavam (Mt 14,21; 15,38), eram desprezadas (Mt 18,10) e silenciadas (Mt 21,15-16). Até os apóstolos impediam que elas chegassem perto de Jesus (Mt 19,13; Mc 10,13-14). Em nome da lei de Deus, mal interpretada pelas autoridades religiosas da época, muita gente boa era excluída. Em vez de acolher os excluídos, a lei era usada para legitimar a exclusão. Nos evangelhos, a expressão “pequenos” (em grego se diz elachistoi, mikroi ou nepioi), às vezes, indica “criança”, outras vezes, indica os setores excluídos da sociedade. Não é fácil discernir. Às vezes, o que é “pequeno” num evangelho, é “criança” no outro. É porque criança pertencia à categoria dos “pequenos”, dos excluídos. Além disso, nem sempre é fácil discernir entre o que vem do tempo de Jesus e o que é do tempo das comunidades para as quais foram escritos os evangelhos. Mesmo assim, o que resulta claro é o contexto de exclusão que vigorava na época e a imagem que as primeiras comunidades conservaram de Jesus: Jesus se coloca do lado dos pequenos, dos excluídos, e assume a sua defesa.
4) Para um confronto pessoal
1) Na nossa sociedade e na nossa comunidade, quem são hoje os pequenos e os excluídos? Como está sendo o acolhimento que nós damos a eles?
2) “Corda no pescoço”. Será que o meu comportamento merece a corda ou uma cordinha no pescoço? E o comportamento da nossa comunidade: merece?
5) Oração final
É ele quem perdoa todas as tuas culpas, que cura todas as tuas doenças; é ele, que salva tua vida do fosso, e te coroa com sua bondade e sua misericórdia (Sl 102, 3-4).
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