11 anos de Papa Francisco: da Misericórdia à Esperança

 

Escrito por Redação A12

Desde sua eleição no conclave, naquele 13 de março de 2013 , o Papa Francisco tem sido um farol de misericórdia e esperança para os católicos católicos em todo o mundo. Sua jornada de serviço à Igreja tem sido marcada por gestos de compaixão, compromisso com os mais pobres e um chamado contínuo à esperança em Cristo.

Neste artigo, destacamos 10 aspectos fundamentais do pontificado de Francisco , desde seu lema pessoal até sua incansável dedicação à promoção de uma cultura de misericórdia e fraternidade.

 

1-Lema Episcopal e Papal: “Miserando atque eligendo”

O lema “miserando atque eligendo” , que significa “Olhou-o com misericórdia e o escolhido” , tem sido a bússola espiritual de Francisco desde seus dias como arcebispo. Esta frase engloba sua sinceridade na infinita misericórdia de Deus e sua chamada para os fiéis viverem a compaixão uns pelos outros.

 

2-Compromisso com os pobres e marginalizados

Desde seus dias como arcebispo em Buenos Aires até seu pontificado, o Papa Francisco tem demonstrado um compromisso profundo com os mais pobres e marginalizados da sociedade, fazendo jus ao que seu saudoso amigo, o brasileiro Cardeal Cláudio Hummes , lhe pediu: “Não se esqueça dos pobres!” . Sua visita ao bairro de Kangemi, no Quênia, em 2015 , foi um exemplo poderoso de sua solidariedade com os necessitados.

 

3-Dia Mundial dos Pobres

O Papa Francisco instituiu o Dia Mundial dos Pobres em 2017, como parte de seus esforços contínuos para chamar a atenção para as necessidades dos menos favorecidos. Esta celebração anual, realizada no 33º Domingo do Tempo Comum , destacou a importância da solidariedade e da justiça social na vida cristã.

 

4-Encontros Ecumênicos e Inter-religiosos

Francisco tem sido um defensor incansável do diálogo inter-religioso e da cooperação ecumênica. Seus encontros com líderes de diferentes tradições religiosas , incluindo a Islã e o Judaísmo, demonstram seu compromisso com a construção de pontes entre as diversas comunidades de fé.

 

5-Acolhimento de Refugiados e Migrantes

Em um mundo marcado pela crise migratória , o Papa Francisco tem sido uma voz de compaixão e solidariedade para com os refugiados e migrantes. Seu apelo para acolher e proteger as mais públicas reflete os ensinamentos de Jesus sobre o amor ao próximo, fazendo valer as palavras do Evangelho: “ Porque tive fome, e estes-me de comer; tive sede, e estes-me de beber; era estrangeiro, e hospedaste-me” . ( Mateus 25, 35)

 

6-Educação Ambiental e Cuidado com a Criação

Francisco é muito lembrado também por sua encíclica “Laudato Si'”, na qual destaca a importância da proteção ambiental e do cuidado com a criação de Deus. Seu apelo por uma conversão ecológica tem inspiração inspirada em todo o mundo a assumir uma postura responsável em relação ao meio ambiente.

 

7-Ano Jubilar da Misericórdia (2015–2016)

O Jubileu da Misericórdia , realizado em 2015–2016, foi uma oportunidade crucial para os fiéis compreenderem a ênfase do Papa Francisco na misericórdia divina. Este período especial de reflexão e celebração destacou a importância de perdoar e ser compassivo . “Pedimos a graça de nunca fechar as portas da reconciliação e do perdão , e de saber superar o mal e as divergências” , disse Francisco no encerramento daquela ano. 

 

8-Processo Sinodal e Reforma da Igreja

O processo sinodal, iniciado em 2021, representa uma das maiores iniciativas de reforma da Igreja desde o Concílio Vaticano II. Sob a liderança de Francisco, este processo busca promover uma cultura de escuta e participação entre os membros da Igreja, promovendo uma comunidade mais inclusiva e responsiva aos desafios contemporâneos.

 

9-Jornadas Mundiais da Juventude (2013, 2016, 2019 e 2023)

As Jornadas Mundiais da Juventude têm sido um marco importante no pontificado de Francisco. Este encontro internacional de jovens católicos testemunha a alegria da fé e a unidade na diversidade , enquanto o Papa Francisco encorajou os participantes a construir uma Igreja acolhedora e inclusiva.

 

10-Ano Jubilar da Esperança (2025)

O Jubileu da Esperança, planejado para 2025, será outra ocasião significativa de Francisco. Este jubileu, focado na esperança cristã , promete inspirar os fiéis a confiar na promessa redentora de Cristo em meio às adversidades da vida.

Esta parece ser a mensagem central do pontificado de Francisco: a esperança em Cristo.  Sua fé inabalável na presença de Deus oferece conforto e orientação aos católicos em todo o mundo.

Ao longo de seus 11 anos de pontificado, o Papa Francisco tem sido um modelo de liderança pastoral e uma fonte de inspiração para milhões de pessoas em todo o mundo. Seu compromisso com a misericórdia e a justiça social  continua a ressoar profundamente na vida da Igreja e na sociedade em geral.

Que seu exemplo continue a iluminar o caminho da fidelidade e a promover um mundo de paz e fraternidade. Fonte: https://www.a12.com

 

1) Oração

Ó Deus, que a fiel observância dos exercícios quaresmais prepare os corações dos vossos filhos para acolher com amor o mistério pascal e anunciar ao mundo a salvação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho  (João 5, 1-16)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - Naquele tempo, 1Houve uma festa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. 2Há em Jerusalém, junto à porta das Ovelhas, um tanque, chamado em hebraico Betesda, que tem cinco pórticos. 3Nestes pórticos jazia um grande número de enfermos, de cegos, de coxos e de paralíticos, que esperavam o movimento da água. 4[Pois de tempos em tempos um anjo do Senhor descia ao tanque e a água se punha em movimento. E o primeiro que entrasse no tanque, depois da agitação da água, ficava curado de qualquer doença que tivesse.] 5Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. 6Vendo-o deitado e sabendo que já havia muito tempo que estava enfermo, perguntou-lhe Jesus: Queres ficar curado? 7O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; enquanto vou, já outro desceu antes de mim. 8Ordenou-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda. 9No mesmo instante, aquele homem ficou curado, tomou o seu leito e foi andando. Ora, aquele dia era sábado. 10E os judeus diziam ao homem curado: E sábado, não te é permitido carregar o teu leito. 11Respondeu-lhes ele: Aquele que me curou disse: Toma o teu leito e anda. 12Perguntaram-lhe eles: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito e anda? 13O que havia sido curado, porém, não sabia quem era, porque Jesus se havia retirado da multidão que estava naquele lugar. 14Mais tarde, Jesus o achou no templo e lhe disse: Eis que ficaste são; já não peques, para não te acontecer coisa pior. 15Aquele homem foi então contar aos judeus que fora Jesus quem o havia curado. 16Por esse motivo, os judeus perseguiam Jesus, porque fazia esses milagres no dia de sábado. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão Jo 5,1-16

O Evangelho de hoje descreve como Jesus curou um paralítico que ficou esperando 38 anos por alguém que o ajudasse chegar à água da piscina para poder ser curado! Trinta e oito anos! Diante desta ausência total de solidariedade, Jesus, o que faz? Ele transgride a lei do sábado curando o paralítico. Hoje, com a falência do atendimento às pessoas doentes nos países pobres, muita gente experimenta a mesma falta de solidariedade. Vivem num total abandono, sem ajuda nem solidariedade da parte de ninguém.

João 5,1-2: Jesus vai a Jerusalém . Por ocasião de uma festa dos judeus, Jesus vai a Jerusalém. Havia ali, perto do Templo, uma piscina com cinco pórticos ou corredores. Naquele tempo, o culto no Templo exigia muita água por causa dos inúmeros animais que eram sacrificados, sobretudo nas grandes festas. Por isso, perto do templo havia várias cisternas, que recolhiam a água da chuva. Algumas delas tinham a capacidade de mais de um milhão de litros de água. Lá por perto, por causa da abundância de água, havia um balneário público, onde os doentes se aglomeravam à espera de ajuda ou de cura. A arqueologia informa que, naquela mesma redondeza do Templo, havia o lugar onde os escribas ensinavam a lei aos estudantes. De um lado, o ensino da Lei de Deus. Do outro lado, o abandono dos pobres. A água purificava o Templo, mas não purificava o povo.

João 5,3-4: A situação dos doentes. Esses doentes eram atraídos pelas águas do balneário. Diziam que um anjo mexia nas águas e o primeiro que nelas descesse depois do mexido do anjo ficava curado. Com outras palavras, os doentes eram atraídos por falsas esperanças. Pois a cura era só para uma única pessoa. Como as loterias de hoje. Só uma única pessoa ganha um prêmio! A maioria só paga e não ganha nada. É nessa situação de total abandono, lá no balneário popular, que Jesus vai encontrar os doentes.

João 5,5-9: Jesus cura em dia de sábado. Bem perto do lugar, onde se ensinava a observância da Lei de Deus, um paralítico ficou 38 anos à espera de alguém que o ajudasse a descer na água para obter a cura. Este fato revela a falta absoluta de solidariedade e de acolhida aos excluídos! O número 38 indicava a duração de uma geração (Dt 2,14). É toda uma geração que não chegou a experimentar solidariedade nem misericórdia. A religião da época já não era capaz de revelar a face acolhedora e misericordiosa de Deus. Diante desta situação dramática, Jesus transgride a lei do sábado e atende o paralítico dizendo: "Toma teu leito e anda!" O homem pegou a sua cama nas costas e foi andando, e Jesus desapareceu no meio da multidão.

João 5,10-13: Discussão do homem curado com os judeus. Logo em seguida, alguns judeus chegam ao local e criticam o homem por ele estar carregando a cama em dia de sábado. O homem nem soube responder quem foi a pessoa que o tinha curado. Não conhecia Jesus. Isto significa que Jesus, passando por aquele lugar dos pobres e doentes, viu aquele fulano, percebeu a situação dramática em que se encontrava e, sem mais, o curou. Não fez a cura para que o homem se convertesse, nem para que acreditasse em Deus. Fez, porque queria ajudá-lo. Queria que ele pudesse experimentar um pouco do amor e de solidariedade através da sua ajuda e bem-querer.

João 5,14-16: O reencontro com Jesus. Andando no Templo no meio da multidão, Jesus encontra o mesmo fulano e lhe diz: "Você está curado! Não deve pecar mais, para que não te aconteça algo pior!" Naquele tempo, o povo dizia: "Doença é castigo de Deus! Se você é paralítico, é sinal de que Deus está de mal com você!" Jesus não concordava com este modo de pensar. Curando o homem, ele estava dizendo o contrário: "Tua doença não é castigo de Deus. Deus está de bem com você!" Uma vez curado, o homem deve manter-se de bem com Deus e não pecar mais, para que não lhe aconteça algo pior! Meio ingênuo, o homem foi dizer aos judeus que tinha sido Jesus quem o curou. Os judeus começam a perseguir Jesus por ele fazer tais coisas em dia de sábado. No Evangelho de amanhã vem a seqüência.

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Você já passou alguma vez por uma experiência como a do paralítico: ficar tanto tempo sem ajuda? Como é a situação de atendimento aos doentes no lugar onde você mora? Você percebe sinais de solidariedade?
  2. O que tudo isto ensina para nós hoje?

 

5) Oração final

Deus é para nós refúgio e força, defensor poderoso no perigo. Por isso não temos medo se a terra treme, se os montes desmoronam no fundo do mar. (Sl 45, 2-3)

Autor do pedido na Câmara Municipal, vereador Rubinho Nunes muda escopo do texto e busca novas assinaturas nesta terça (12)

 

Alvo de possível CPI, o padre Júlio Lancellotti diz que sofre com imputações falsas - Eduardo Knapp - 11.jan.2024/Folhapress

 

Carlos Petrocilo

SÃO PAULO

proposta de criar uma CPI para investigar ONGs que atuam na região da cracolândia, no centro de São Paulo, mudou o seu escopo na Câmara Municipal e passará, agora, a apurar violações contra a dignidade humana, sobretudo crimes sexuais, assédio e abusos contra pessoas em situação de rua.

Com alteração, apresentada pelo autor do pedido de CPI, o vereador Rubinho Nunes (União Brasil), a Casa mira de forma ainda mais direta o padre Júlio Lancellotti, que é responsável pela paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca (zona leste) e coordenador da Pastoral do Povo da Rua.

Parte da vizinhança atribui ao trabalho de Lancellotti de assistência à população de rua a responsabilidade pela presença de dependentes químicos, furtos, sujeira e desvalorização de imóveis comuns às cenas abertas de uso de crack.

Com a abordagem mais ampla, o texto não faz menção somente a ONGs e abre caminho para a investigação de Lancellotti, mesmo que desde o início o pároco fosse considerado um alvo implícito da medida.

A nova proposta de CPI depende de 19 assinaturas, o equivalente a um terço dos 55 vereadores paulistanos, para ser protocolada. Rubinho disse que tentará colher as assinaturas nesta terça-feira (12).

O próximo passo é levar o pedido para votação no plenário da Câmara —nessa fase serão necessárias 28 assinaturas, a maioria absoluta da Casa, para instauração da CPI. A abertura da CPI depende da articulação do presidente da Casa, Milton Leite (União Brasil).

Com a mudança no escopo, o texto de Nunes "requer a criação e instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito com a finalidade de apurar violação à dignidade da pessoa humana, em especial crimes contra a liberdade sexual, assédio moral, sexual, psicológico e abusos congêneres cometidos contra pessoas em situação de rua, vulnerabilidade e drogadição no município de São Paulo".

O texto foi ajustado, segundo o autor do pedido, para que a comissão tenha segurança jurídica para investigar supostos crimes sexuais praticados por quem atua com pessoas vulneráveis. Segundo Nunes, há dois "depoimentos contundentes" contra o padre, que nega as acusações.

Nunes e Leite compartilharam entre os vereadores um vídeo no qual mostra um homem se masturbando durante uma conversa pela internet. O material não tem autenticidade comprovada. Lancellotti diz se tratar de conteúdo adulterado.

Este vídeo também foi compartilhado em 2020, quando Arthur do Val, então candidato à Prefeitura de São Paulo, fez denúncia à Igreja Católica. Na ocasião, a igreja arquivou a investigação.

Em fevereiro deste ano, a Arquidiocese informou que abriu nova investigação para apurar a conduta do pároco após tomar conhecimento de um "suposto novo fato de abuso sexual".

O padre sempre rebateu as acusações e disse, em nota, que "as imputações surgidas recentemente —assim como aquelas que sobrevieram no passado— são completamente falsas, inverídicas" e que ele tem "plena fé que as apurações conduzidas pela Arquidiocese esclarecerão a verdade dos fatos". Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

 

1) Oração

Ó Deus, que renovais o mundo com admiráveis sacramentos, fazei a vossa Igreja caminhar segundo a vossa vontade, sem que jamais lhe faltem neste mundo os auxílios de que necessita. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho  (João 4,43-54)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - Naquele tempo, 43Passados os dois dias, Jesus partiu para a Galiléia. 44(Ele mesmo havia declarado que um profeta não é honrado na sua pátria.) 45Chegando à Galiléia, acolheram-no os galileus, porque tinham visto tudo o que fizera durante a festa em Jerusalém; pois também eles tinham ido à festa. 46Ele voltou, pois, a Caná da Galiléia, onde transformara água em vinho. Havia então em Cafarnaum um oficial do rei, cujo filho estava doente. 47Ao ouvir que Jesus vinha da Judéia para a Galiléia, foi a ele e rogou-lhe que descesse e curasse seu filho, que estava prestes a morrer. 48Disse-lhe Jesus: Se não virdes milagres e prodígios, não credes... 49Pediu-lhe o oficial: Senhor, desce antes que meu filho morra! 50Vai, disse-lhe Jesus, o teu filho está passando bem! O homem acreditou na palavra de Jesus e partiu. 51Enquanto ia descendo, os criados vieram-lhe ao encontro e lhe disseram: Teu filho está passando bem. 52Indagou então deles a hora em que se sentira melhor. Responderam-lhe: Ontem à sétima hora a febre o deixou. 53Reconheceu o pai ser a mesma hora em que Jesus dissera: Teu filho está passando bem. E creu tanto ele como toda a sua casa. 54Esse foi o segundo milagre que Jesus fez, depois de voltar da Judéia para a Galiléia. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão Jo 4, 43-54

Jesus tinha saído da Galiléia, andou pela Judéia, foi até Jerusalém por ocasião da festa (Jo 4,45) e, passando pela Samaria, ia voltar para a Galiléia (Jo 4,3-4). Para os judeus observantes era proibido passar pela Samaria, nem era costume conversar com os samaritanos (Jo 4,9). Jesus não se importa com estas normas que impedem a amizade e o diálogo. Ele ficou vários dias na Samaria e muita gente se converteu (Jo 4,40). Depois disso ele resolveu voltar para a Galiléia.

João 4,43-46ª: O retorno para a Galiléia. Mesmo sabendo que o povo da Galiléia olhava para ele com uma certa reserva, Jesus quis voltar para a sua terra. Provavelmente, João se refere à má acolhida que Jesus recebera em Nazaré da Galiléia. Jesus mesmo tinha dito: “Um profeta não é honrado em sua pátria” (Lc 4,24). Mas agora, diante da evidência dos sinais de Jesus em Jerusalém, os galileus mudaram de opinião e lhe fizeram uma boa acolhida. Jesus voltou para Caná, onde tinha feito o primeiro “sinal” (Jo 2,11). 

João 4,46b-47: O pedido de um funcionário do rei. Trata-se de um pagão. Pouco antes, na Samaria, Jesus tinha conversado com uma samaritana, pessoa herética para os judeus, à qual Jesus revelara sua condição de messias (Jo 4,26). E agora, na Galiléia, ele recebe um pagão, funcionário do Rei, que buscava ajuda para o filho doente. Jesus não se fecha na sua raça nem na sua religião. Ele é ecumênico e acolhe a todos.

João 4,48: A resposta de Jesus ao funcionário. O funcionário queria que Jesus fosse com ele até à casa dele para curar o filho. Jesus responde: “Se vocês não vêem sinais e prodígios vocês não acreditam!”. Resposta dura e estranha. Por que será que Jesus respondeu assim? Qual era o defeito do pedido do funcionário? O que Jesus queria alcançar com esta resposta? Jesus quer ensinar como deve ser a fé. O funcionário do rei só acreditaria se Jesus fosse com ele até à casa dele. Ele queria ver Jesus fazendo a cura. No fundo, esta é e continua sendo a atitude normal de todos nós. Não nos damos conta da deficiência da nossa fé.

João 4,49-50: O funcionário repete o pedido e Jesus repete a resposta. Apesar da resposta dura de Jesus, o homem não se abalou e repetiu o mesmo pedido: “Desça comigo antes que meu filho morra!” Jesus continuou firme. Ele não atendeu ao pedido e não foi com o homem até à casa dele e repetiu a mesma resposta, mas formulada de outra maneira: “Vai! Teu filho vive!” Tanta na primeira resposta como agora na segunda resposta, Jesus pede fé, muita fé. Pede que o funcionário acredite que o filho já esteja curado. E o verdadeiro milagre aconteceu! Sem ver nenhum sinal nem prodígio, o homem acreditou na palavra de Jesus e voltou para casa. Não deve ter sido fácil. Este é o verdadeiro milagre da fé: acreditar sem nenhuma outra garantia a não ser a Palavra de Jesus. O ideal é crer na palavra de Jesus, mesmo sem ver (cf. Jo 20,29). 

João 4,51-53: O resultado da fé na palavra de Jesus. Enquanto o homem vai indo para casa, os empregados lhe vem ao encontro para dizer que o filho estava curado. Ele investigou a hora e descobriu que era exatamente a hora em que Jesus tinha dito: “Teu filho vive!” Ele teve a confirmação da sua fé.

João 4,54: Um resumo da parte de João, o evangelista. João termina dizendo: “Este foi o segundo sinal que Jesus fez”. João prefere falar sinal e não milagre. A palavra sinal evoca algo que eu vejo com os olhos, mas cujo sentido profundo só a fé me faz descobrir. A fé é como Raio-X: faz descobrir o que a olho nu não se vê.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Como você vive a sua fé? Confia na palavra de Jesus ou só crê na base de milagres e experiências sensíveis?

2) Jesus acolhe pessoas heréticas e estrangeiras. E eu, como me relaciono com as pessoas?

 

5) Oração final

Cantai hinos ao SENHOR, ó seus fiéis, rendei graças a sua santa memória; porque sua ira dura um instante, a sua bondade, por toda a vida. Se de tarde sobrevém o pranto de manhã vem a alegria. (Sl 29, 5-6)

 

Dom Anuar Battisti

Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

A discussão sobre o papel da mulher na Igreja tem sido um tema de grande importância e relevância nos tempos atuais. No contexto do século XX, mulheres como Santa Teresa de Calcutá e Santa Dulce dos Pobres se destacam como exemplos inspiradores de serviço e amor ao próximo, mostrando como as mulheres podem desempenhar papéis cruciais na vida da Igreja e na sociedade como um todo. 

À medida que buscamos compreender melhor as Escrituras e aplicar seus princípios à nossa sociedade em constante mudança, é fundamental examinar o papel das mulheres na história bíblica e na vida da Igreja primitiva. 

Não podemos deixar de mencionar Nossa Senhora, Mãe de Jesus e da Igreja. Maria desempenhou um papel único e crucial na história da redenção, sendo escolhida por Deus para dar à luz o Salvador do mundo. Sua humildade, devoção e obediência são um exemplo para todos os cristãos, homens e mulheres, de como responder à vontade de Deus com fé e submissão (Lucas 1,26-38). 

Ao longo das Escrituras, encontramos numerosos exemplos de mulheres que desempenharam papéis significativos na história da redenção e na vida do povo de Deus. Desde o Antigo Testamento até o Novo Testamento, essas mulheres são apresentadas como modelos de fé, coragem e serviço. 

 

Débora: No livro de Juízes, encontramos a história de Débora, uma profetisa e juíza em Israel. Débora foi uma líder corajosa que exerceu autoridade e liderança sobre o povo de Deus em um tempo de grande dificuldade (Juízes 4-5). 

 

Ester: Ester é uma figura central no livro que leva seu nome. Ela era uma jovem judia que se tornou rainha da Pérsia e desempenhou um papel crucial na salvação de seu povo da destruição (Ester 4,14). 

 

Maria de Magdala: Maria de Magdala é frequentemente lembrada como uma das seguidoras mais fiéis de Jesus. Ela foi testemunha da ressurreição de Jesus e foi comissionada por ele para anunciar a boa nova aos discípulos (João 20,11-18). 

 

Priscila: Priscila é mencionada várias vezes no Novo Testamento como uma colaboradora fiel na propagação do Evangelho. Ela e seu marido, Áquila, trabalharam lado a lado com Paulo na missão de plantar igrejas e ensinar o evangelho (Atos 18, 2.18.26; Romanos 16, 3-5; 1 Coríntios 16,19). 

 

Febe: Febe é mencionada por Paulo em sua carta aos Romanos como uma serva da Igreja em Cencréia. Ela foi elogiada por sua dedicação ao serviço cristão e pela liderança que exercia entre os irmãos (Romanos 16,1-2). 

Embora haja diferenças nos papéis e responsabilidades dentro da comunidade cristã, a igualdade de dignidade e valor entre homens e mulheres é fundamental. 

Paulo expressa esse princípio claramente em sua carta aos Gálatas: “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus” (Gálatas 3,28). Essa passagem ressalta a igualdade fundamental de todos os crentes perante Deus, independentemente de sua raça, classe social ou gênero. 

Além disso, é importante reconhecer que o chamado ao serviço na Igreja não é limitado pelo gênero. Todos os cristãos, homens e mulheres, são chamados a servir conforme os dons e talentos que receberam de Deus, contribuindo para o crescimento e edificação do corpo de Cristo (1 Coríntios 12, 4-11). 

À medida que refletimos sobre o papel da mulher na Igreja, somos desafiados a reconhecer e valorizar a diversidade de dons, talentos e perspectivas que cada membro traz para a comunidade cristã. Mulheres e homens são chamados a se unir em um espírito de amor, serviço mútuo e cooperação, buscando juntos o avanço do Reino de Deus neste mundo. 

Que possamos, como comunidade de fé, honrar e celebrar o papel das mulheres na Igreja, reconhecendo sua contribuição vital para a missão e o testemunho do Evangelho. Sigamos o exemplo daqueles que nos precederam na fé, homens e mulheres que serviram fielmente ao Senhor, proclamando sua verdade e compartilhando seu amor com o mundo ao nosso redor. 

Que Deus nos conceda a graça de vivermos juntos em unidade e diversidade, como membros do corpo de Cristo, trabalhando para a glória de seu nome e para o bem de sua criação. Deus abençoe todas as mulheres e a sua ação evangelizadora na Igreja! Amém! Fonte: www.cnbb.org.br

 

1) Oração

Ó Deus de bondade, concedei que, formados pela observância da Quaresma e nutridos por vossa palavra, saibamos mortificar-nos para vos servir com fervor, sempre unânimes na oração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 17-19)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 17Disse Jesus aos seus discípulos não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição. 18Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei. 19Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

O Evangelho de hoje (Mt 5,17-19) ensina como observar a lei de Deus de tal maneira que a sua prática mostre em que consiste o pleno cumprimento da lei (Mt 5,17-19). Mateus escreve para ajudar as comunidades de judeus convertidos a superar as críticas dos irmãos de raça que as acusavam dizendo: “Vocês são infiéis à Lei de Moisés”. O próprio Jesus tinha sido acusado de infidelidade à lei de Deus. Mateus traz a resposta esclarecedora de Jesus aos que o acusavam. Assim ele traz uma luz para ajudar as comunidades a resolver seu problema.

Usando imagens do quotidiano, com palavras simples e diretas, Jesus tinha dito que a missão da comunidade, a sua razão de ser, é ser sal e ser luz! A respeito de cada uma das duas imagens ele tinha dado alguns conselhos. Em seguida, vem os três breves versículos do Evangelho de hoje:

Mateus 5,17-18: Nenhuma vírgula da lei vai cair. Havia várias tendências nas comunidades dos primeiros cristãos. Uns achavam que já não era necessário observar as leis do Antigo Testamento, pois é pela fé em Jesus que somos salvos e não pela observância da Lei (Rm 3,21-26). Outros aceitavam Jesus como Messias, mas não aceitavam a liberdade de Espírito com que algumas comunidades viviam a presença de Jesus ressuscitado. Achavam que eles, sendo judeus, deviam continuar observando as leis do AT (At 15,1.5). Havia ainda cristãos que viviam tão plenamente na liberdade do Espírito, que já não olhavam mais nem para a vida de Jesus de Nazaré nem para o AT e chegavam a dizer: “Anátema Jesus!” (1Cor 12,3). Diante destas tensões, Mateus procura um equilíbrio para além dos extremos. A comunidade deve ser o espaço, onde este equilíbrio possa ser alcançado e vivido. A resposta dada por Jesus aos que o criticavam continuava bem atual para as comunidades: “Não vim abolir a lei, mas dar-lhe pleno cumprimento!”. As comunidades não podiam ser contra a Lei, nem podiam fechar-se dentro da observância da lei. Como Jesus, deviam dar um passo e mostrar, na prática, qual o objetivo que a lei quer alcançar na vida das pessoas, a saber, a prática perfeita do amor.

Mateus 5,17-18: Nenhuma vírgula da lei vai cair. E aos que queriam desfazer-se de toda a lei, Mateus lembra a outra palavra de Jesus: “Portanto, quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem os praticar e ensinar, será considerado grande no Reino do Céu”. A grande preocupação do Evangelho de Mateus é mostrar que o AT, Jesus de Nazaré e a vida no Espírito não podem ser separados. Os três fazem parte do mesmo e único projeto de Deus e nos comunicam a certeza central da fé: o Deus de Abraão e Sara está presente no meio das comunidades pela fé em Jesus de Nazaré que nos manda o seu Espírito.

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Como vejo e vivo a lei de Deus: como horizonte de liberdade crescente ou como imposição que delimita minha liberdade?
  2. E o que podemos fazer hoje para os irmãos e irmãs que consideram toda esta discussão como ultrapassada e sem atualidade? O que podemos aprender deles?

 

5) Oração final

Glorifica o SENHOR, Jerusalém, louva teu Deus, ó Sião! Porque reforçou as trancas das tuas portas, no teu meio abençoou teus filhos. (Sl 147, 12-14)

 

1) Oração

Ó Deus, que a vossa graça não nos abandone, mas nos faça dedicados ao vosso serviço e aumente sempre em nos os vossos dons. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 18, 21-35)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 21Pedro se aproximou dele e disse: Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? 22Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Por isso, o Reino dos céus é comparado a um rei que quis ajustar contas com seus servos. 24Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. 25Como ele não tinha com que pagar, seu senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus bens para pagar a dívida. 26Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo! 27Cheio de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida. 28Mas este servo, tendo saído, encontrou um dos seus companheiros, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando-lhe a mão, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves. 29O outro caiu-lhe aos pés e pediu-lhe: Dá-me um prazo e eu te pagarei! 30Mas, sem nada querer ouvir, este homem o fez lançar na prisão, até que tivesse pago sua dívida. 31Vendo isto, os outros servos, profundamente tristes, vieram contar a seu senhor o que se tinha passado. 32Então o senhor o chamou e lhe disse: Servo mau, eu te perdoei toda sua dívida, porque me suplicaste; 33Não devias também tu compadecer-te de teu companheiro de serviço, como eu tive piedade de ti? 34E o senhor, encolerizado, entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida. 35Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

O Evangelho de hoje fala da necessidade do perdão. Não é fácil perdoar. Pois certas mágoas continuam machucando o coração. Há pessoas que dizem: "Eu perdôo, mas não esqueço!" Rancor, tensões, brigas, opiniões diferentes, ofensas, provocações dificultam o perdão e a reconciliação. Vamos meditar as palavras de Jesus que falam da reconciliação (Mt 18,21-22) e que trazem a parábola do perdão sem limites (Mt 18,23-35).

Mateus 18,21-22: Perdoar setenta vezes sete!. Jesus tinha falado sobre a importância do perdão e sobre a necessidade de saber acolher os irmãos e as irmãs para ajudá-los a se reconciliar com a comunidade (Mt 18,15-20). Diante destas palavras de Jesus, Pedro pergunta: “Quantas vezes devo perdoar ao irmão que pecar contra mim? Até sete vezes?” O número sete indica uma perfeição. No caso, era sinônimo de sempre. Jesus vai mais longe do que a proposta de Pedro. Ele elimina todo e qualquer possível limite para o perdão: "Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete!” Ou seja, setenta vezes sempre!  Pois não há proporção entre o perdão que recebemos de Deus e o perdão que nós devemos oferecer ao irmão, como ensinará a parábola do perdão sem limites.

A expressão setenta vezes sete era uma alusão clara às palavras de Lamec que dizia: “Por uma ferida, eu matei um homem, e por uma cicatriz matei um jovem. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta vezes sete" (Gn 4,23-24). Jesus quer reverter a espiral da violência que entrou no mundo pela desobediência de Adão e Eva, pelo assassinato de Abel por Caim e pela vingança de Lamec. Quando a violência desenfreada toma conta da vida, tudo desanda e a vida se desintegra. Surge o Dilúvio e aparece a Torre de Babel da dominação universal (Gn 2,1 a 11,32).

Mateus 18,23-35: A parábola do perdão sem limite.  A dívida de dez mil talentos valia em torno de 164 toneladas de ouro. A dívida de cem denários valia 30 gramas de ouro. Não existe meio de comparação entre os dois! Mesmo que o devedor junto com mulher e filhos fossem trabalhar a vida inteira, jamais seriam capazes de juntar 164 toneladas de ouro. Diante do amor de Deus que perdoa gratuitamente nossa dívida de 164 toneladas de ouro, é nada mais do que justo que também nós perdoemos ao irmão a insignificante dívida de 30 gramas de ouro, setenta vezes sempre! O único limite para a gratuidade do perdão de Deus é a nossa incapacidade de perdoar o irmão! (Mt 18,34; 6,15).

A comunidade como espaço alternativo de solidariedade e de fraternidade. A sociedade do Império Romano era dura e sem coração, sem espaço para os pequenos. Estes buscavam um abrigo para o coração e não o encontravam. As sinagogas também eram exigentes e não ofereciam um lugar para eles. E nas comunidades cristãs, o rigor de alguns na observância da Lei levava para dentro da convivência os mesmos critérios da sinagoga. Além disso, lá para o fim do primeiro século, nas comunidades cristãs começavam a aparecer as mesmas divisões que existiam na sociedade entre rico e pobre (Tg 2,1-9). Em vez da comunidade ser um espaço de acolhimento, ela corria o risco de tornar-se um lugar de condenação e de conflitos. Mateus quer iluminar as comunidades, para que sejam um espaço alternativo de solidariedade e de fraternidade. Devem ser uma Boa Notícia para os pobres.

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Por que será que é tão difícil perdoar?
  2. Na nossa comunidade existe espaço para a reconciliação? De que maneira?

 

5) Oração final

Mostra-me, SENHOR, os teus caminhos, ensina-me tuas veredas. Faz-me caminhar na tua verdade e instrui-me, porque és o Deus que me salva, e em ti sempre esperei. (Sl 24, 4-5)

Ao tratar a política como guerra santa entre o ‘bem’ e o ‘mal’, como fez na Paulista, a ex-primeira-dama deixa claro que espera dos fiéis da seita bolsonarista fé absoluta em seu marido

 

No discurso de abertura da manifestação bolsonarista de domingo passado, Michelle Bolsonaro tratou como um triunfo do “mal” o fato de haver no Brasil a devida separação entre política e religião. “Por um tempo, fomos negligentes ao ponto de dizer que não poderiam misturar política com religião”, disse a ex-primeira-dama. “E o mal tomou, e o mal ocupou o espaço. Chegou o momento, agora, da libertação. ‘Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará’”, concluiu Michelle, reproduzindo o versículo da Bíblia que serviu como mote da campanha de seu marido à reeleição.

Ao questionar a laicidade do Estado, a ex-primeira-dama explicitamente atenta contra essa conquista civilizatória da sociedade brasileira, que remonta ao fim do século 19, e é uma das cláusulas pétreas da Constituição de 1988. Nada disso causa surpresa nem é novidade, dada a sistemática campanha do bolsonarismo para transformar os anseios cristãos, particularmente evangélicos, em arma política. Mas o apelo escatológico de Michelle Bolsonaro neste momento sugere que o bolsonarismo pretende caracterizar as agruras do ex-presidente Jair Bolsonaro na Justiça como parte da luta do bem – Bolsonaro, é claro – contra o mal, isto é, o Supremo Tribunal Federal e, particularmente, o ministro Alexandre de Moraes.

Ao trazer explicitamente a questão política e jurídica para o terreno do fundamentalismo religioso, o bolsonarismo não admite heresias: para ter a bênção de Bolsonaro, é preciso demonstrar fé inabalável em sua doutrina e em seu evangelho. Quando diz e repete que ganhou a eleição de 2022, Bolsonaro não precisa apresentar provas: por sair da boca de um sujeito que se julga escolhido por Deus, sua palavra basta.

“Aprouve ao Senhor nos colocar à frente desta nação. Aprouve a Deus nos colocar na Presidência da República”, disse Michelle na manifestação. Portanto, conforme essa exegese, se Deus pôs, só Deus poderia tirar. Não à toa, uma pesquisa da USP com participantes da manifestação bolsonarista mostrou que, para nada menos que 88% dos entrevistados, Jair Bolsonaro venceu a eleição de 2022 e só não foi empossado porque uma fraude o impediu. Sem qualquer respaldo em fatos concretos, tal conclusão só pode ser resultado de fé absoluta, a mesma que move os 94% dos presentes que, conforme a mesma pesquisa, disseram acreditar que o Brasil vive sob uma “ditadura” em razão do que qualificam como “excessos e perseguições” da Justiça. O fato de que participavam de uma manifestação política de oposição ao atual governo sem serem incomodados pelas forças do Estado, algo que por si só desmente a conclusão de que vivemos sob uma “ditadura”, não parece ter sido suficiente para importar alguma dúvida – prevaleceu a certeza mística produzida pelo bolsonarismo radical.

Diante disso, a aposta de Michelle numa abordagem sobrenatural e escatológica, numa ideia de que estamos testemunhando a luta final do “bem” contra o “mal”, como se a política fosse uma guerra santa de aniquilação, revela-se muito eficaz, sobretudo diante do iminente encontro de Bolsonaro com seu inexorável destino jurídico-penal. Nada, pois, é fortuito.

O fanatismo religioso é, por óbvio, a negação da política. Para os fanáticos, não há adversários políticos a contestar, e sim inimigos demoníacos a eliminar. Não existem dúvidas, apenas certezas, estabelecidas por Deus por intermédio de seus profetas iluminados. O apelo ao mistério é a repulsa aos fatos, sobre os quais é preciso haver consenso mínimo para estabelecer qualquer forma de diálogo. A prevalecer o místico – instrumentalizado por lideranças políticas ou partidos de quaisquer inclinações ideológicas –, tem-se o fim da concertação civilizada entre os interesses em disputa numa sociedade plural e democrática. Certamente é isso o que pretendem os fanáticos bolsonaristas, e é contra isso que devem lutar os que prezam a democracia e a liberdade. Fonte: https://www.estadao.com.br

O negócio da religião

Avanço da PEC que amplia imunidade tributária para templos, inclusive com apoio do governo, mostra o crescente poder dos donos de igrejas, que fazem da fé um ativo para barganha política

 

Com apoio do governo federal, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 5/23, que amplia a imunidade tributária das igrejas, foi aprovada pela comissão especial da Câmara encarregada de analisar a matéria. A PEC 5/23, de autoria do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), sobrinho do notório bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, seguiu para votação no plenário da Casa no dia 28 passado.

Se leram Eclesiastes 5:10, e é muito provável que tenham lido, os líderes da poderosa bancada evangélica na Câmara decerto não se comoveram com aquele versículo da Bíblia, que diz: “Quem ama o dinheiro jamais terá o suficiente. Quem ama as riquezas jamais ficará satisfeito”. Pois é assim, insaciáveis, que parecem se mover os deputados que abusam do mandato ao subverter a representação política em trampolim para o enriquecimento – e pior, por meio da exploração da religiosidade de milhões de brasileiros.

A Constituição já concede imunidade tributária aos templos de qualquer credo no País como forma de garantir aos cidadãos o direito fundamental à liberdade religiosa. Afinal, ninguém pode ser privado de exercer plenamente a sua fé por falta de recursos financeiros para manter de pé os seus locais de culto. Essa isenção tributária do livre exercício da fé é uma coisa. Outra, muito distinta, é o que se pretende com essa imoral, para dizer o mínimo, PEC 5/23.

O relatório do deputado Fernando Máximo (União-RO), ao final aprovado, retirou da PEC 5/23 os partidos políticos e os sindicatos como beneficiários da ampliação da imunidade tributária – o que seria o insulto adicionado à injúria. Manteve, contudo, a vedação da cobrança de impostos sobre “bens ou serviços necessários à formação do patrimônio, à geração de renda e à prestação de serviços” por instituições religiosas de qualquer credo. Como é público, são os representantes das igrejas de fé evangélica os que mais têm se mobilizado pela aprovação da PEC 5/23 no Congresso, a começar por seu autor.

Ora, o que são bens ou serviços essenciais para a missão pastoral de cada igreja? Trata-se de algo tão impreciso que uma avenida será aberta para toda sorte de privilégios, quando não para o enriquecimento de um punhado de vendilhões. Podem significar desde a isenção de impostos para compra de cimento necessário para uma obra numa determinada igreja até a aquisição ou aluguel de automóveis de luxo ou jatinhos para os deslocamentos de pastores. O céu é o limite nesse vale-tudo absolutamente antirrepublicano.

Esse avanço sem sobressaltos da PEC 5/23 também é revelador da absoluta incompreensão do presidente Lula da Silva do que seria uma legítima e esperada aproximação entre o mandatário e o chamado segmento evangélico. Sendo esse segmento cada vez maior e mais articulado politicamente, é claro que a parcela da população que se declara evangélica – cerca de 30% dos brasileiros – deve merecer a atenção do presidente da República, como quaisquer outras. O busílis é que Lula entende que se aproximar dos evangélicos significa sacudir um saco de dinheiro diante dos que se dizem seus líderes. E, em defesa do petista, deve-se dizer que não são poucos os líderes evangélicos que se prestam a essa esperteza. Aproximação republicana seria Lula ouvir e assimilar os legítimos interesses e valores dessa parcela da população, não raro conflitantes com os apoiados pelos ditos progressistas.

É altamente improvável que os 308 votos necessários à aprovação da PEC 5/23 não sejam obtidos no plenário. Em primeiro lugar, porque, historicamente, os líderes da bancada evangélica não costumam ter dificuldade em arregimentar apoios a questões de seu interesse. Em segundo lugar, porque a PEC 5/23 avança no Congresso justamente no momento em que Lula da Silva move mundos e fundos – sobretudo fundos – para se aproximar dos evangélicos. E assim se perpetua esse mutualismo mundano, que só leva em conta os interesses eleitorais do presidente e os interesses financeiros dos que vivem de explorar a fé alheia. Fonte: https://www.estadao.com.br

 

1) Oração

Ó Deus, que amais e restaurais a inocência, orientai para vós os corações dos vossos filhos, para que, renovados pelo vosso Espírito, sejamos firmes na fé e eficientes nas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 16, 19-31)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 19Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho finíssimo, e que todos os dias se banqueteava e se regalava. 20Havia também um mendigo, por nome Lázaro, todo coberto de chagas, que estava deitado à porta do rico. 21Ele avidamente desejava matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico... Até os cães iam lamber-lhe as chagas. 22Ora, aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. 23E estando ele nos tormentos do inferno, levantou os olhos e viu, ao longe, Abraão e Lázaro no seu seio. 24Gritou, então: - Pai Abraão, compadece-te de mim e manda Lázaro que molhe em água a ponta de seu dedo, a fim de me refrescar a língua, pois sou cruelmente atormentado nestas chamas. 25Abraão, porém, replicou: - Filho, lembra-te de que recebeste teus bens em vida, mas Lázaro, males; por isso ele agora aqui é consolado, mas tu estás em tormento. 26Além de tudo, há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que, os que querem passar daqui para vós, não o podem, nem os de lá passar para cá. 27O rico disse: - Rogo-te então, pai, que mandes Lázaro à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, 28para lhes testemunhar, que não aconteça virem também eles parar neste lugar de tormentos. 29Abraão respondeu: - Eles lá têm Moisés e os profetas; ouçam-nos! 30O rico replicou: - Não, pai Abraão; mas se for a eles algum dos mortos, arrepender-se-ão. 31Abraão respondeu-lhe: - Se não ouvirem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite algum dos mortos. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

Toda vez que Jesus tem uma coisa importante para comunicar, ele cria uma história e conta uma parábola. Assim, através da reflexão sobre a realidade visível, ele leva os ouvintes a descobrirem os apelos invisíveis de Deus, presentes na vida. Uma parábola é feita para fazer pensar e refletir. Por isso, é importante prestar atenção até nos seus mínimos detalhes. Na parábola do evangelho de hoje aparecem três pessoas: o pobre Lázaro, o rico sem nome e o pai Abraão. Dentro da parábola, Abraão representa o pensamento de Deus. O rico sem nome representa a ideologia dominante da época. Lázaro representa o grito calado dos pobres do tempo de Jesus e de todos os tempos.

Lucas 16,19-21: A situação do rico e do pobre.  Os dois extremos da sociedade. De um lado, a riqueza agressiva. Do outro, o pobre sem recurso, sem direitos, coberto de úlceras, impuro, sem ninguém que o acolhe, a não ser os cachorros que lambem suas feridas. O que separa os dois é a porta fechada da casa do rico. Da parte do rico não há acolhimento nem piedade pelo problema do pobre à sua porta. Mas o pobre tem nome e o rico não tem. Ou seja, o pobre tem o seu nome inscrito no livro da vida, o rico não. O pobre se chama Lázaro. Significa Deus ajuda. É através do pobre que Deus ajuda o rico e que o rico poderá ter o seu nome no livro da vida. Mas o rico não aceita ser ajudado pelo pobre, pois mantém a porta fechada. Este início da parábola que descreve a situação, é um espelho fiel do que estava acontecendo no tempo de Jesus e no tempo de Lucas. É espelho do que acontece até hoje no mundo!

Lucas 16,22: A mudança que revela a verdade escondida.  O pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na parábola, o pobre morre antes do rico. Isto é um aviso aos ricos. Enquanto o pobre está vivo à porta, ainda tem salvação para o rico. Mas depois que o pobre morre, morre também o único instrumento de salvação para o rico. Agora, o pobre está no seio de Abraão. O seio de Abraão é a fonte de vida, de onde nasceu o povo de Deus. Lázaro, o pobre, faz parte do povo de Abraão, do qual era excluído enquanto estava à porta do rico. O rico que pensa ser filho de Abraão não vai para o seio de Abraão! Aqui termina a introdução da parábola. Agora começa a revelação do seu sentido, através de três conversas entre o rico e o pai Abraão.

Lucas 16,23-26: A primeira conversa.  Na parábola, Jesus abre uma janela sobre o outro lado da vida, o lado de Deus. Não se trata do céu. Trata-se do lado verdadeiro da vida que só a fé enxerga e que o rico sem fé não percebia. É só à luz da morte que a ideologia do império se desintegra na cabeça do rico e que aparece para ele o que é valor real na vida. No lado de Deus, sem a propaganda enganadora a ideologia, os papéis são trocados. O rico vê Lázaro no seio de Abraão e pede para ele vir aliviá-lo no sofrimento. O rico descobre que Lázaro é o seu único benfeitor possível. Mas agora é tarde demais! O rico sem nome é piedoso, pois reconhece Abraão e o chama de Pai.  Abraão responde e o chama de filho. Esta palavra de Abraão, na realidade, está sendo dirigida a todos os ricos vivos. Enquanto vivos, eles ainda têm chance de se tornarem filhos e filhas de Abraão, se souberem abrir a porta para Lázaro, o pobre, o único que em nome de Deus pode ajudá-los. A salvação para o rico não é Lázaro trazer uma gota de água para refrescar-lhe a língua, mas é ele, o próprio rico, abrir a porta fechada para o pobre e, assim, transpor o grande abismo.

Lucas 16,27-29: A segunda conversa.  O rico insiste: "Pai, eu te suplico: manda Lázaro para a casa do meu pai. Tenho cinco irmãos!" O rico não quer que seus irmãos venham no mesmo lugar de tormento. Lázaro, o pobre, é o único verdadeiro intermediário entre Deus e os ricos. É o único, porque é só aos pobres que os ricos podem e devem devolver o que roubaram e, assim, restabelecer a justiça prejudicada! O rico está preocupado com os irmãos. Nunca esteve preocupado com os pobres! A resposta de Abraão é clara: "Eles têm Moisés e os Profetas: que os ouçam!" Têm a Bíblia! O rico tinha a Bíblia. Conhecia-a até de memória. Mas nunca se deu conta de que a Bíblia tivesse algo a ver com os pobres. A chave para o rico poder entender a Bíblia é o pobre sentado à sua porta!

Lucas 16,30-31: A terceira conversa.  "Não, pai, se alguém entre os mortos der um aviso, eles vão se arrepender!" O próprio rico reconhece que ele está errado, pois fala em arrependimento, coisa que durante a vida nunca sentiu. Ele quer um milagre, uma ressurreição! Mas este tipo de ressurreição não existe. A única ressurreição é a de Jesus. Jesus ressuscitado vem até nós na pessoa do pobre, dos sem-direito, dos sem-terra, dos sem-comida, do sem-casa, dos sem-saúde. Na sua resposta final, Abraão é curto e grosso: "Se não escutarem Moisés e os profetas, mesmo que alguém ressuscitar dos mortos, eles não se convencerão!" Está encerrada a conversa! Fim da parábola!

A chave para entender o sentido da Bíblia é o pobre Lázaro, sentado à porta! Deus vem até nós na pessoa do pobre, sentado à nossa porta, para nos ajudar a transpor o abismo intransponível que os ricos criaram. Lázaro é também Jesus, o Messias pobre e servidor, que não foi aceito, mas cuja morte mudou radicalmente todas as coisas. É à luz da morte do pobre que tudo se modifica. O lugar de tormento é a situação da pessoa sem Deus. Por mais que o rico pense ter religião e fé, não há jeito de ele estar com Deus, enquanto não abrir a porta para o pobre, como fez Zaqueu (Lc 19,1-10).

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Qual o tratamento que nós damos aos pobres? Eles têm nome para nós? Nas atitudes que tomo na vida, sou parecido com Lázaro ou com o rico?
  2. Entrando em contato conosco, os pobres percebem algo diferente? Percebem uma Boa Notícia? E eu, para que lado tende o meu coração: para o milagre ou para a Palavra de Deus?

 

5) Oração final

 Feliz quem não segue o conselho dos maus, não anda pelo caminho dos pecadores nem toma parte nas reuniões dos zombadores, mas na lei do SENHOR encontra sua alegria e nela medita dia e noite. (Sl 1, 1-2)

 

1) Oração

Ó Deus, conservai constantemente vossa família na prática das boas obras, e, assim como nos confortais agora com vossos auxílios, conduzi-nos aos bens eternos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 20, 17-28)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 17Subindo para Jerusalém, durante o caminho, Jesus tomou à parte os Doze e disse-lhes: 18Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte. 19E o entregarão aos pagãos para ser exposto às suas zombarias, açoitado e crucificado; mas ao terceiro dia ressuscitará. 20Nisso aproximou-se a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e prostrou-se diante de Jesus para lhe fazer uma súplica. 21Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda. 22Jesus disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu devo beber? Sim, disseram-lhe. 23De fato, bebereis meu cálice. Quanto, porém, ao sentar-vos à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim vo-lo conceder. Esses lugares cabem àqueles aos quais meu Pai os reservou. 24Os dez outros, que haviam ouvido tudo, indignaram-se contra os dois irmãos. 25Jesus, porém, os chamou e lhes disse: Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. 26Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo. 27E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo. 28Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

O evangelho de hoje traz três assuntos: o terceiro anúncio da paixão (Mt 20,17-19), o pedido da mãe dos filhos de Zebedeu (Mt 20,20-23) e a discussão dos discípulos pelo primeiro lugar (Mt 20,24-28).

Mateus 20,17-19: O terceiro anúncio da paixão.  Eles estão a caminho de Jerusalém. Jesus vai na frente. Sabe que vão matá-lo. O profeta Isaías já o tinha anunciado (Is 50,4-6; 53,1-10). Porém, a sua morte não é fruto de um plano já preestabelecido, mas é conseqüência do compromisso assumido com a missão recebida do Pai junto aos excluídos do seu tempo. Por isso, Jesus alerta os discípulos sobre a tortura e a morte que ele vai enfrentar em Jerusalém. Pois o discípulo deve seguir o mestre, mesmo que for para sofrer com ele. Os discípulos estão assustados e o acompanham com medo. Não entendem o que está acontecendo (cf. Lc 18,34). O sofrimento não combinava com a idéia que eles tinham do messias (cf. Mt 16,21-23).

Mateus 20,20-21: O pedido da mãe pelo primeiro lugar para os filhos.  Os discípulos não só não entendem o alcance da mensagem de Jesus, mas continuam com suas ambições pessoais. Enquanto Jesus insistia no serviço e na doação, eles teimavam em pedir os primeiros lugares no Reino. A mãe de Tiago e João, levando consigo os dois filhos, chega perto de Jesus e pede um lugar na glória do Reino para os dois filhos, um à direita e outro à esquerda de Jesus. Os dois não entenderam a proposta de Jesus. Estavam preocupados só com os próprios interesses. Sinal de que a ideologia dominante da época tinha penetrado profundamente na mentalidade dos discípulos. Apesar da convivência de vários anos com Jesus, eles não tinham renovado sua maneira de ver as coisas. Olhavam para Jesus com o olhar antigo. Queriam uma recompensa pelo fato de seguir a Jesus. As mesmas tensões existiam nas comunidades no tempo de Mateus e existem até hoje nas nossas comunidades.

Mateus 20,22-23: A resposta de Jesus.  Jesus reage com firmeza: “Vocês não sabem o que estão pedindo!” E pergunta se eles são capazes de beber o cálice que ele, Jesus, vai beber, e se estão dispostos a receber o batismo que ele vai receber. É o cálice do sofrimento, o batismo de sangue! Jesus quer saber se eles, em vez do lugar de honra, aceitam entregar a vida até à morte. Os dois respondem: “Podemos!” Parece uma resposta da boca para fora, pois, poucos dias depois, abandonaram Jesus e o deixaram sozinho na hora do sofrimento (Mc 14,50). Eles não têm muita consciência crítica, nem percebem sua realidade pessoal. Quanto ao lugar de honra no Reino ao lado de Jesus, quem o dá é o Pai. O que ele, Jesus, tem para oferecer é o cálice e o batismo, o sofrimento e a cruz.

Mateus 20,24-27: Entre vocês não seja assim.  Jesus fala, novamente, sobre o exercício do poder (cf. Mc 9,33-35). Naquele tempo, os que detinham o poder não prestavam conta ao povo. Agiam conforme bem entendiam (cf. Mc 6,27-28). O império romano controlava o mundo e o mantinha submisso pela força das armas e, assim, através de tributos, taxas e impostos, conseguia concentrar a riqueza dos povos na mão de poucos lá em Roma. A sociedade era caracterizada pelo exercício repressivo e abusivo do poder. Jesus tem outra proposta. Ele diz: “Entre vocês não deve ser assim! Quem quiser ser o maior, seja o servidor de todos!” Ele traz ensinamentos contra os privilégios e contra a rivalidade. Quer mudar o sistema e insiste no serviço como remédio contra a ambição pessoal.

Mateus 20,28: O resumo da vida de Jesus. Jesus define a sua missão e a sua vida: “Não vim para ser servido, mas para servir!” Veio dar sua vida em resgate para muitos. Ele é o messias Servidor, anunciado pelo profeta Isaías (cf. Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Aprendeu da mãe que disse: “Eis aqui a serva do Senhor!”(Lc 1,38). Proposta totalmente nova para a sociedade daquele tempo.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Tiago e João pedem favores, Jesus promete sofrimento. E eu, o que peço a Jesus na oração? Como acolho o sofrimento e as dores que acontecem na minha vida?

2) Jesus diz: “Entre vocês não deve ser assim!” Meu jeito de viver em comunidade está de acordo com este conselho de Jesus?

 

5) Oração final

Livra-me do laço que me armaram, porque és minha força. Nas tuas mãos entrego meu espírito; tu me resgatas, SENHOR, Deus fiel. (Sl 30, 5-6)

 

1) Oração

Guardai, Senhor Deus, a vossa Igreja com a vossa constante proteção e, como a fraqueza humana desfalece sem vosso auxílio, livrai-nos constantemente do mal e conduzi-nos pelos caminhos da salvação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 23, 1-12)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 1Dirigindo-se, então, Jesus à multidão e aos seus discípulos disse: 2Os escribas e os fariseus sentaram-se na cadeira de Moisés. 3Observai e fazei tudo o que eles dizem, mas não façais como eles, pois dizem e não fazem. 4Atam fardos pesados e esmagadores e com eles sobrecarregam os ombros dos homens, mas não querem movê-los sequer com o dedo. 5Fazem todas as suas ações para serem vistos pelos homens, por isso trazem largas faixas e longas franjas nos seus mantos. 6Gostam dos primeiros lugares nos banquetes e das primeiras cadeiras nas sinagogas. 7Gostam de ser saudados nas praças públicas e de ser chamados rabi pelos homens. 8Mas vós não vos façais chamar rabi, porque um só é o vosso preceptor, e vós sois todos irmãos. 9E a ninguém chameis de pai sobre a terra, porque um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10Nem vos façais chamar de mestres, porque só tendes um Mestre, o Cristo. 11O maior dentre vós será vosso servo. 12Aquele que se exaltar será humilhado, e aquele que se humilhar será exaltado. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

O evangelho de hoje traz uma crítica de Jesus contra os escribas e fariseus do seu tempo. No começo da atividade missionária de Jesus, os doutores de Jerusalém já tinham ido até a Galiléia para observá-lo (Mc 3,22; 7,1). Incomodados pela pregação de Jesus, tinham espalhado a calúnia de que ele era um possesso (Mc 3,22). Ao longo dos três anos a popularidade de Jesus cresceu. Cresceu também o conflito dele com as autoridades religiosas. A raiz deste conflito estava na maneira de eles se colocarem frente a Deus. Os fariseus buscavam sua segurança não tanto no amor de Deus para com eles, mas mais na observância rigorosa da Lei. Confrontado com esta mentalidade, Jesus acentua a prática do amor que relativiza a observância da lei e lhe dá o seu verdadeiro sentido.

Mateus 23,1-3: A raiz da crítica: “Eles dizem, mas não fazem”. Jesus reconhece a autoridade dos escribas e fariseus. Eles ocupam a cátedra de Moisés e ensinam a lei de Deus, mas eles mesmos não observam o que ensinam. Daí a advertência de Jesus ao povo: “Fazei e observai tudo quanto vos disserem. Mas não imiteis suas ações, pois dizem mas não Fazem!” É uma crítica arrasadora! Em seguida, como num espelho, Jesus faz ver alguns aspectos da incoerência das autoridades religiosas

Mateus 23,4-7: Olhar no espelho para fazer uma revisão de vida. Jesus chama a atenção dos discípulos para o comportamento incoerente de alguns doutores da lei. Ao meditar estas incoerências, convém pensar não nos fariseus e escribas daquele longínquo passado, mas sim em nós mesmos e nas nossas incoerências: amarrar pesos pesados nos outros e nós mesmos não os carregamos; fazer as coisas para sermos vistos e elogiados; gostar dos lugares de honra e de sermos chamados de doutor. Os escribas gostavam de entrar nas casas das viúvas e fazer longas preces em troca de dinheiro! (Mc 12,40)

Mateus 23,8-10: Vocês todos são irmãos.  Jesus manda ter atitude contrária. Em vez de usar a religião e a comunidade como meio de auto-promoção para aparecer mais importante diante dos outros, ele pede para não usar o título de Mestre, Pai ou Guia, pois um só é o guia, o Cristo; só Deus no céu é Pai; e o próprio Jesus é o mestre. Todos vocês são irmãos. Esta é a base da fraternidade que nasce da certeza de que Deus é nosso Pai.

Mateus 23,11-12: O resumo final: o maior é o menor . Esta frase final é o que caracteriza tanto o ensino como o comportamento de Jesus: “O maior de vocês deve ser aquele que serve a vocês. Quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado” (cf. Mc 10,43; Lc 14,11; 18,14).

 

4) Para um confronto pessoal

1) O que Jesus criticou nos doutores da Lei, e em que os elogiou? O que ele critica em mim e o que elogiaria em mim?

2) Você já olhou no espelho?

 

5) Oração final

Quem me oferece o sacrifício de louvor, me honra, e a quem caminha retamente farei experimentar a salvação de Deus. (Sl 49, 23)

 

1) Oração

É Deus, que para remédio e salvação nossa nos ordenais a prática da mortificação, concedei que possamos evitar todo pecado e cumprir de coração os mandamentos do vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 6, 36-38)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 36Disse Jesus sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. 37Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; 38dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

Os três breves versículos do Evangelho de hoje(Lc 6,36-38) são a parte final de um pequeno discurso de Jesus (Lc 6,20-38). Na primeira parte deste discurso, ele se dirige aos discípulos (Lc 6,20) e aos ricos (Lc 6,24) proclamando para os discípulos quatro bem-aventuranças (Lc 6,20-23), e para os ricos quatro maldições (Lc 6,20-26). Na segunda parte, ele se dirige a todos que o escutam (Lc 6,27), a saber, aquela multidão imensa de pobres e doentes, vinda de todos os lados (Lc 6,17-19). As palavras que ele diz a este povo e a todos nós são exigentes e difíceis: amar os inimigos (Lc 6,27), não amaldiçoar (Lc 6,28), oferecer a outra face a quem bate no rosto e não reclamar quando alguém toma o que é nosso (Lc 6,29). Como entender estes conselhos tão exigentes? A explicação nos é dada nos três versículos do evangelho de hoje, nos quais atingimos o centro da Boa Nova que Jesus nos trouxe. 

Lucas 6,36: Ser misericordioso como vosso Pai é misericordioso. As bem-aventuranças para os discípulos (Lc 6,20-23) e as maldições contra os ricos (Lc 6,24-26) não podem ser interpretadas como uma ocasião para os pobres se vingarem dos ricos. Jesus manda ter a atitude contrária. Ele diz: "Amai os vossos inimigos!" (Lc 6,27). A mudança ou conversão que Jesus quer realizar em nós não consiste em virar a mesa apenas para inverter o sistema, pois aí nada mudaria. Ele quer é mudar o sistema. O Novo que Jesus quer construir vem da nova experiência que ele tem de Deus como Pai/Mãe cheio de ternura que acolhe a todos, bom e maus, que faz brilhar o sol para maus e bons e faz chover sobre injustos e justos (Mt 5,45). O amor verdadeiro não depende nem pode depender do que eu recebo do outro. O amor deve querer o bem do outro independentemente do que ele ou ela faz por mim. Pois assim é o amor de Deus por nós. Ele é misericordioso não só para com os bons, mas para com todos, até “para com os ingratos e com os maus” (Lc 6,35). Os discípulos e as discípulas de Jesus devem irradiar este amor misericordioso.

Lucas 6,37-38: Não julgar para não ser julgado. Estas palavras finais repetem de maneira mais clara o que ele tinha dito anteriormente: “Aquilo que vocês desejam que os outros façam a vocês, vocês devem fazer a eles” (Lc 6,31; cf. Mt 7,12). Se você não deseja ser julgado, não julgue! Se não deseja ser condenado, não condene! Se quiser ser perdoado, perdoe! Se quiser receber uma boa medida, dê uma boa medida aos outros! Não fique esperando até que o outro tome a iniciativa, mas tome você a iniciativa e comece já! E verá que dará certo!

 

4) Para um confronto pessoal

1) Quaresma é tempo de conversão. Qual a conversão que o evangelho de hoje pede de mim?

2) Você já tentou ser misericordioso como o Pai do céu é misericordioso?

 

5) Oração final

Ajuda-nos, ó Deus, nosso salvador, pela glória do teu nome, salva-nos e perdoa os nossos pecados por amor do teu nome. (Sl 78, 9)

 

1) Oração

Concedei, ó Deus, que vossos filhos se preparem dignamente para a festa da Páscoa, de modo que a mortificação desta Quaresma frutifique em todos nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 20-26)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 20 Disse Jesus , se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos céus. 21Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás, mas quem matar será castigado pelo juízo do tribunal. 22Mas eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes. Aquele que disser a seu irmão: Raca, será castigado pelo Grande Conselho. Aquele que lhe disser: Louco, será condenado ao fogo da geena. 23Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta. 25Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. 26Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

O texto do evangelho de hoje faz parte de uma unidade maior de Mt 5,20 até Mt 5,48. Nela Mateus mostra como Jesus interpreta e explica a Lei de Deus. Por cinco vezes ele repete a frase: "Antigamente foi dito, mas eu vos digo!" (Mt 5,21. 27.33.38.43). Um pouco antes, ele tinha dito: “Não pensem que vim acabar com a Lei e os Profetas. Não vim acabar, mas sim dar-lhes pleno cumprimento (Mt 5,17). A atitude de Jesus frente à lei é, ao mesmo tempo, de ruptura e de continuidade. Ele rompe com as interpretações erradas, mas mantém firme o objetivo que a lei quer alcançar: a prática da justiça maior que é o Amor.

Mateus 5,20: A justiça maior que a justiça dos fariseus. Este primeiro versículo dá a chave geral de tudo que segue no conjunto de Mt 5,20-48. A palavra Justiça  aparece nenhuma vez em Marcos, e sete vezes no Evangelho de Mateus (Mt 3,15; 5,6.10.20; 6,1.33; 21,32). Isto tem a ver com a situação das comunidades para as quais Mateus escreve. O ideal religioso dos judeus da época era "ser justo diante de Deus". Os fariseus ensinavam: "A pessoa alcança a justiça diante de Deus quando chega a observar todas as normas da lei em todos os seus detalhes!" Este ensinamento gerava uma opressão legalista e trazia muita angústia para as pessoas, pois era muito difícil alguém observar todas as normas (cf. Rom 7,21-24). Por isso, Mateus recolhe palavras de Jesus sobre a justiça mostrando que ela deve ultrapassar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). Para Jesus, a justiça não vem do que eu faço por Deus observando a lei, mas sim do que Deus faz por mim, acolhendo-me como filho ou filha. O novo ideal que Jesus propõe é este: "Ser perfeito com o Pai do céu é perfeito!" (Mt 5,48). Isto quer dizer: eu serei justo diante de Deus, quando procuro acolher e perdoar as pessoas da mesma maneira como Deus me acolhe e me perdoa, apesar dos meus defeitos e pecados.

Por meio de cinco exemplos bem concretos, Jesus vai mostrar como fazer para alcançar esta justiça maior que supera a justiça dos escribas e dos fariseus. Como veremos, o evangelho de hoje traz o primeiro exemplo relacionado com a nova interpretação do quinto mandamento: Não matarás! Jesus vai revelar o que Deus queria quando entregou este mandamento a Moisés.

Mateus 5,21-22: A lei diz "Não matarás!" (Ex 20,13) Para observar plenamente este quinto mandamento não basta evitar o assassinato. É preciso arrancar de dentro de si tudo aquilo que de uma ou de outra maneira possa levar ao assassinato, como por exemplo, raiva, ódio, xingamento, desejo de vingança, exploração, etc.

Mateus 5,23-24: O culto perfeito que Deus quer. Para poder ser aceito por Deus e estar unido a ele, é preciso estar reconciliado com o irmão, com a irmã. Antes da destruição do Templo, no ano 70, quando os judeus cristãos participavam das romarias a Jerusalém para fazer suas ofertas no altar e pagar suas promessas, eles sempre se lembravam desta frase de Jesus. Nos anos 80, no momento em que Mateus escreve, o Templo e o Altar já não existem. Tinham sido destruídos pelos romanos. A própria comunidade e a celebração comunitária passam ser o Templo e o Altar de Deus.

Mateus 5,25-26: Reconciliar. Um dos pontos em que o Evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação. Isto mostra que, nas comunidades daquela época, havia muitas tensões entre grupos radicais com tendências diferentes e até opostas. Ninguém queria ceder diante do outro. Não havia diálogo. Mateus ilumina esta situação com palavras de Jesus sobre a reconciliação que pedem acolhimento e compreensão. Pois o único pecado que Deus não consegue perdoar é a nossa falta de perdão aos outros (Mt 6,14). Por isso, procure a reconciliação, antes que seja tarde demais!

 

 

5) Oração final

Do fundo do abismo, clamo a vós, Senhor; Senhor, ouvi minha oração. Que vossos ouvidos estejam atentos à voz de minha súplica. (Sl 129, 1-2)

 

1) Oração

Convertei-nos, ó Deus, nosso salvador, e, para que a celebração da Quaresma nos seja útil, iluminai-nos com a doutrina celeste. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 25, 31-46)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 31Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso. 32Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. 34Então o Rei dirá aos que estão à direita: - Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, 35porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; 36nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim. 37Perguntar-lhe-ão os justos: - Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? 38Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos? 39Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar? 40Responderá o Rei: - Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes. 41Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: - Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos. 42Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber; 43era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes. 44Também estes lhe perguntarão: - Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te socorremos? 45E ele responderá: - Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer. 46E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

O Evangelho de Mateus apresenta Jesus como o novo Moisés. Como Moisés, Jesus promulgou a Lei Deus. Como a antiga Lei, assim a nova lei dada por Jesus tem cinco livros ou discursos. O Sermão da Montanha (Mt 5,1 a 7,27), o primeiro discurso, abriu com as oito bem-aventuranças. O Sermão da Vigilância (Mt 24,1 a 25,46), o quinto e último discurso, encerra com a descrição do Juízo Final. As bem-aventuranças descreveram a porta de entrada para o Reino de Deus, enumerando oito categorias de pessoas: os pobres em espírito, os mansos, os aflitos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os de coração limpo, os promotores da paz e os perseguidos por causa da justiça (Mt 5,3-10). A parábola do Juízo Final conta o que devemos fazer para poder tomar posse do Reino: acolher os famintos, os sedentos, os estrangeiros, os sem roupa, os doentes e os prisioneiros (Mt 25,35-36). Tanto no começo como no fim da Nova Lei, estão os excluídos e marginalizados.

Mateus 25,31-33: Abertura do Juízo final. O Filho do Homem reúne ao seu redor todas as nações do mundo. Separa as pessoas como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. O pastor sabe discernir. Ele não erra: ovelhas à direita, cabritos à esquerda. Jesus não erra. Ele sabe discernir bons e maus. Jesus não julga nem condena (cf. Jo 3,17; 12,47). Ele apenas separa. É a própria pessoa que se julga ou se condena pela maneira como se comportou com relação aos pequenos e excluídos.

Mateus 25,34-36: A sentença para os que estiverem à direita do Juiz.  Os que estão à sua direita são chamados de “Benditos de meu Pai!”, isto é, recebem a bênção que Deus prometeu à Abraão e à sua descendência (Gn 12,3). Eles são convidados a tomar posse do Reino, preparado para eles desde a fundação do mundo. O motivo da sentença é este: "Tive fome e sede, era estrangeiro, nu, doente e preso, e vocês me acolheram e ajudaram!” Esta sentença nos faz saber quem são as ovelhas. São as pessoas que acolheram o próprio Juiz quando este estava faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente e preso. E pelo jeito de falar "meu Pai" e "Filho do Homem", ficamos sabendo que o Juiz é o próprio Jesus. Ele se identifica com os pequenos!

Mateus 25,37-40: Um pedido de esclarecimento e a resposta do Juiz:  Os que acolheram os excluídos são chamados “justos”. Isto significa que a justiça do Reino não se alcança observando normas e prescrições, mas sim acolhendo os necessitados. Mas o curioso é que os próprios justos não sabem quando foi que acolheram Jesus necessitado. Jesus responde: "Toda vez que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes!" Quem são estes "meus irmãos mais pequeninos"? Em outras passagens do Evangelho de Mateus, as expressões "meus irmãos" e "pequeninos" indicam os discípulos (Mt 10,42; 12,48-50; 18,6.10.14; 28,10). Indicam também os membros mais abandonados da comunidade, os desprezados que não recebem lugar e não são bem recebidos (Mt 10,40). Jesus se identifica com eles. Mas não é só isto. No contexto tão amplo desta parábola final, a expressão "meus irmãos mais pequeninos" se alarga e inclui todos aqueles que na sociedade não têm lugar. Indica todos os pobres. E os "justos" e os "benditos de meu Pai" são todas as pessoas de todas as nações que acolhem o outro na total gratuidade, independente do fato de ser cristão ou não.

Mateus 25,41-43: A sentença para os que estiverem à sua esquerda. Os que estão do outro lado do Juiz são chamados de “malditos” e são destinados ao fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Jesus usa a linguagem simbólica comum daquele tempo para dizer que estas pessoas não vão entrar no Reino. E aqui também o motivo é um só: não acolheram Jesus faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente e preso. Não é Jesus que nos impede de entrar no Reino, mas sim a nossa prática de não acolher o outro, a cegueira que nos impede de ver Jesus nos pequeninos.

Mateus 25,44-46: Um pedido de esclarecimento e a resposta do Juiz. O pedido de esclarecimento mostra que se trata de gente bem comportada, pessoas que têm a consciência em paz. Estão certas de terem praticado sempre o que Deus pedia delas. Por isso estranham quando o Juiz diz que não o acolheram. O Juiz responde: “Todas as vezes que vocês não fizeram isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizeram!” A omissão! Não fizeram coisas más! Apenas deixaram de praticar o bem aos pequeninos e de acolher os excluídos. E segue a sentença final: estes vão para o fogo eterno, e os justos para a vida eterna. Assim termina o quinto livro da Nova Lei!

 

4) Para um confronto pessoal

1) O que mais chamou a sua atenção nesta parábola do Juízo Final?

2) Pare e pense: se o Juízo final fosse hoje, você estaria do lado das ovelhas ou dos cabritos?

 

5) Oração final

Os preceitos do Senhor são retos, deleitam o coração; o mandamento do Senhor é luminoso, esclarece os olhos. (Sl 18, 9) 

Pastor 'herói' que resgatava adolescentes da Coreia do Norte é condenado por abuso sexual

Chun Ki-won, que ajudava desertores a fugirem de ditadura para Coreia do Sul, vai passar cinco anos atrás das grades

 

 

Chun Ki-won, em foto de 2004, em um festival de cinema promovendo os resgates de sua missão - Getty Images

 

Frances Mao

BBC NEWS BRASIL

Um pastor sul-coreano que já foi aclamado em seu país como um herói por ajudar centenas de pessoas a fugirem da Coreia do Norte foi preso por abusar sexualmente de adolescentes desertores.

Chun Ki-won, de 67 anos, foi condenado a cinco anos de prisão por molestar menores de idade em seu internato em Seul.

O pastor era visto como um "salvador" durante décadas. Algumas pessoas o apelidaram de "Oskar Schindler Asiático" —em referência ao empresário que ajudou a resgatar 1.100 judeus durante o Holocausto. Suas operações de fuga da Coreia do Norte eram chamadas de "Ferrovia Subterrânea".

Ele foi preso em Seul em setembro do ano passado.

Ele foi condenado por molestar seis adolescentes norte-coreanos, incluindo desertores que se hospedavam nos dormitórios da escola alternativa que ele fundou na sua missão, chamada de Durihana.

Chun nega todas as acusações, mas um tribunal na quarta-feira (14) considerou que as provas contra ele eram irrefutáveis.

"As vítimas estão fazendo declarações consistentes e incluem conteúdo que não pode ser afirmado sem experiência direta das circunstâncias", disse o juiz Seung-jeong Kim, do Tribunal Distrital Central de Seul.

O juiz acrescentou que Chun cometeu seus crimes se aproveitando "de uma posição onde tinha influência absoluta".

Ele foi considerado culpado em cinco dos seis casos de abuso contra menores —alguns dos quais escaparam sozinhos e outros com suas famílias sob a orientação da missão de Chun.

Chun fundou a Durihana, uma das ONGs mais proeminentes da Coreia do Sul que ajuda os norte-coreanos a fugir pelas rotas da China.

Ele afirma ter ajudado mais de mil norte-coreanos a escaparem do regime norte-coreano nos últimos 25 anos e era pessoalmente criticado por Pyongyang pelo seu trabalho.

Em 2002, ele virou notícia por ter ficado sete meses preso na China durante uma missão de fuga.

Seu trabalho —que incluiu o estabelecimento de uma escola alternativa para filhos de desertores norte-coreanos —foi amplamente coberto pela imprensa, sendo tema de documentários e artigos de notícias, inclusive da BBC, CNN, The New York Times e National Geographic.

A sua prisão e condenação chocaram a Coreia do Sul —onde o seu julgamento recebeu grande cobertura da imprensa.

Boletins de TV mostraram Chun, de cabelos grisalhos e vestido de branco, sendo levado ao tribunal algemado e cercado por guardas. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Fraternidade e paz ou desigualdade e tensão?

Impacto da IA sobre a vida das pessoas e do mundo preocupa não só instituições como o FMI e o Fórum Econômico Mundial, mas também o papa Francisco

 

Por Jorge J. Okubaro

Esperança e desorientação, ansiedade e medo, oportunidade e risco. Sentimentos e percepções aparentemente conflitantes têm marcado avaliações sobre a inteligência artificial (IA) e seu impacto sobre a vida das pessoas e sobre o mundo. Ninguém duvida de que, com a IA, as coisas não serão mais como têm sido. Mas em que direção elas mudarão? Esta questão preocupa não apenas instituições de natureza técnica, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Fórum Econômico Mundial, mas também o papa Francisco.

“A inteligência artificial está destinada a modificar profundamente a economia global, a ponto de alguns analistas a compararem a uma nova revolução industrial”, afirma recente estudo do FMI. Trata-se de uma antevisão dos efeitos imensos da IA sobre a forma como as coisas são feitas.

As tarefas desempenhadas por cirurgiões, administradores, advogados e juízes terão grandes ganhos de produtividade, sem que a ocupação dos profissionais seja colocada em risco, lembra o estudo IA Generativa: A Inteligência Artificial e o Futuro do Trabalho, que o FMI publicou em meados de janeiro. Mas, em outros casos, a IA poderá desempenhar tarefas importantes hoje executadas por seres humanos, o que poderá reduzir a procura por mão de obra, afetar salários e até eliminar empregos.

O FMI prevê que o impacto da inteligência artificial sobre o trabalho será mais intenso nos países desenvolvidos, onde 60% dos empregos sentirão algum efeito do avanço tecnológico. Em metade desses casos, o resultado será positivo para os trabalhadores, pois levará ao aumento de sua produtividade, que será acompanhado pela evolução da renda. Em outros casos, a inteligência artificial eliminará postos de trabalho.

Outra consequência será o aprofundamento do fosso entre os países avançados e os de baixa renda. Nestes, apenas 26% dos empregos sofrerão impacto da inteligência artificial. A maioria dos países mais pobres não tem infraestrutura nem mão de obra qualificada para aproveitar os benefícios da IA. Assim, adverte o FMI, cresce o risco de que a tecnologia venha a piorar a desigualdade entre as nações.

Ao mesmo tempo que assusta, a IA representa uma oportunidade, diz a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva. Na maioria dos cenários, diz ela, “a IA piorará a desigualdade geral”. Daí a necessidade de os dirigentes públicos e os políticos em geral tratarem do que Georgieva chama de “tendência preocupante”, de modo “a evitar que a tecnologia alimente mais as tensões sociais”.

Medidas indispensáveis serão o estabelecimento, nos países mais afetados negativamente pelo avanço tecnológico, de redes de segurança social amplas, bem como a criação de programas de reciclagem para trabalhadores vulneráveis. “Ao fazer isso, podemos tornar a transição para a inteligência artificial mais inclusiva, protegendo os meios de subsistência e reduzindo a desigualdade”, diz o FMI.

O Fórum Econômico Mundial, de sua parte, apontou para os riscos que as novas tecnologias trazem para a humanidade no futuro próximo, como o mau uso das tecnologias de informação e da inteligência artificial, que pode afetar não apenas a vida das pessoas, mas até a estabilidade política e a democracia.

Há pouco, em mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o papa Francisco observou que “a rápida difusão de maravilhosas invenções, cujo funcionamento e potencialidades são indecifráveis para a maior parte de nós, suscita um espanto que oscila entre o entusiasmo e a desorientação e põe-nos inevitavelmente diante de questões fundamentais”. Qual será o futuro do homem na era das inteligências artificiais?

O papa observa que “cada coisa nas mãos do homem torna-se oportunidade ou perigo, segundo a orientação do coração”. Assim, os sistemas de IA “podem contribuir para o processo de libertação da ignorância e facilitar a troca de informações entre diferentes povos e gerações”. Mas também podem ser instrumentos para a “poluição cognitiva”, por meio de “alteração da realidade através de narrações parcial ou totalmente falsas, mas acreditadas – e partilhadas – como se fossem verdadeiras”. Eis aí, nas palavras do papa Francisco, o risco das informações falsas disseminadas nas redes sociais e que, como advertiu o Fórum Econômico Mundial, afetam não apenas a vida das pessoas, mas das sociedades, com riscos para as instituições democráticas.

Em outro texto, divulgado em dezembro para o Dia Mundial da Paz, o papa ressaltava que “o progresso da ciência e da técnica (...) leva ao aperfeiçoamento do homem e à transformação do mundo”, mas em seguida observava que “os progressos técnico-científicos, que permitem exercer um controle – até agora inédito – sobre a realidade, colocam nas mãos do homem um vasto leque de possibilidades, algumas das quais podem constituir um risco para a sobrevivência e um perigo para a casa comum (o planeta)”.

São advertências, recomendações, ensinamentos que não podemos ignorar.

*JORNALISTA, É AUTOR, ENTRE OUTROS, DO LIVRO O SÚDITO (BANZAI, MASSATERU!) (EDITORA TERCEIRO NOME) E PRESIDENTE DO CENTRO DE ESTUDOS NIPO-BRASILEIROS (JINMONKEN)

Mensagem do papa sobre IA reforça que a tecnologia não serve bem quando afasta as pessoas de sua humanidade. Ela deve ser um meio para enriquecer as capacidades humanas

 

Por Notas & Informações

O papa Francisco publicou há poucos dias sua mensagem para o 58.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que, neste ano, será celebrado pela Igreja Católica em 12 de maio. A mensagem papal revela desde o título – Inteligência artificial e sabedoria do coração: para uma comunicação plenamente humana – a preocupação do pontífice com o desenvolvimento e o alcance de ferramentas de inteligência artificial (IA) e de que modo isso pode afetar uma das mais humanas das capacidades. Com uma singela pergunta, Francisco sintetiza uma apreensão que não é só dele, mas de boa parte dos líderes mundiais nesta quadra da história: “O que então é o homem, qual é a sua especificidade e qual será o futuro desta nossa espécie chamada homo sapiens na era das inteligências artificiais?”.

A resposta a essa questão, fundamental para o entendimento de como serão as relações entre os indivíduos e as nações no século 21, não é de interesse circunscrito aos muros do Vaticano. Basta lembrar que o Global Risks Report 2024, do Fórum Econômico Mundial, classificou as fake news geradas por IA como “a maior ameaça global a curto prazo”. Por sua vez, o Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou para o possível aprofundamento de desigualdades a partir da disseminação do uso de IA nas mais variadas cadeias produtivas, além, é claro, de mudanças significativas que a IA empreenderá no mundo do trabalho. Essas visões, contudo, embora demonstrem preocupação, passam longe do pessimismo. Como bem resumiu a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, “a IA pode ser assustadora, mas também pode representar uma grande oportunidade para todos. Cabe a nós usá-la da melhor forma possível”.

Eis a chave para a humanidade lidar bem com essa nova etapa do imparável progresso tecnológico. Não foi por acaso que o papa Francisco, com muita sensibilidade, uniu as palavras “inteligência” e “sabedoria” em sua mensagem. O desenvolvimento da IA, não resta dúvida, contribuirá cada vez mais para a resolução de problemas de toda ordem, o que não é outra coisa senão uma das manifestações de inteligência como habilidade analítica, criatividade e exercício lógico. Contudo, todo esse instrumental prático terá serventia limitada ou danosa se for usado sem sabedoria, vale dizer, desacompanhado de uma compreensão ampla da vida e das relações humanas e, não menos importante, de uma consideração ética sobre as implicações futuras de decisões tomadas hoje.

O papa Francisco já demonstrou ser um líder religioso que compreende o mundo de seu tempo. O pontífice sabe que o desenvolvimento científico não só é virtualmente ilimitado, como é inerente à própria natureza humana. E é exatamente com essa visão – atenta, mas não assustada – que Sua Santidade abordou a IA na mensagem preparatória para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, recomendando que, ao lidar com essa tecnologia, os indivíduos devem antes “limpar o terreno das leituras catastróficas e de seus efeitos paralisadores”. Com essas palavras, Francisco convida à reflexão sobre o desenvolvimento tecnológico não como algo que afaste os indivíduos de sua humanidade, mas, ao contrário, sobre como a tecnologia pode ser um meio de aprimorar e enriquecer as capacidades humanas, entre as quais a comunicacional.

“A sabedoria do coração”, concluiu o papa Francisco, “é a virtude que nos permite combinar o todo com as partes, as decisões com suas consequências, as grandezas com suas fragilidades, o passado com o futuro, o eu com o nós.”

A comunicação entre as pessoas é regida por emoções, nuances culturais e contextos históricos e sociais. A IA, por outro lado, opera sob uma lógica binária, buscando padrões orientada por uma programação voltada exclusivamente à eficiência, sem perscrutar, obviamente, as profundezas da experiência humana. A questão levantada pelo papa Francisco, portanto, não é se podemos integrar a IA ao processo comunicacional, mas como podemos fazê-lo de maneira que a ferramenta preserve a essência humana, não fomente a discórdia e assegure a paz. Fonte: https://www.estadao.com.br

 

Padre José Eduardo — Foto: Reprodução/Instagram

 

Por 

Rodrigo Castro

Alvo da operação Tempus Veritatis, deflagrada hoje pela PF, o padre José Eduardo de Oliveira e Silva está fazendo uma “vaquinha” para comprar um celular e um computador. O pároco, da Diocese de Osasco, teve seus equipamentos apreendidos pelos agentes da PF que cumpriam mandado de busca e apreensão a partir de informações da delação de Mauro Cid.

Diz uma mensagem publicada nos stories do seu perfil no Instagram, em que tem quase 300 mil seguidores:

“O padre José Eduardo está incomunicável, pelos motivos evidentes. Retiraram seu celular e seu computador. Se alguém quiser ajudar o padre a adquirir novos equipamentos, segue o pix”.

Segundo a PF, o padre participou de uma reunião em 19 de novembro de 2022 no Palácio do Planalto na qual teria sido discutida uma minuta golpista para impedir a posse de Lula. Sua presença ali indica que, aparentemente, ele abençoava o golpe.

Conforme a representação, o religioso "possui um site com seu nome no qual foi possível verificar diversos vínculos com pessoas e empresas já investigados em inquéritos correlacionados à produção e divulgação de notícias falsas".

Em nota, José Eduardo disse que “não cooperei nem endossei qualquer ato disruptivo da Constituição”. Acrescentou que, “como professor de teologia moral, sempre ensinei que a lei positiva deve ser obedecida pelos fiéis, dentre os quais humildemente me incluo”. Fonte: https://oglobo.globo.com

Segundo as investigações, José Eduardo de Oliveira e Silva fazia parte do núcleo jurídico do esquema que teria atuado para dar um golpe de Estado.

 

Na decisão do ministro Alexandre de Moraes, José Eduardo de Oliveira e Silva citado como integrante do núcleo jurídico do esquema. — Foto: Reprodução

 

Por Isabela LeiteFábio Santos

Um dos alvos da operação deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (8) contra suspeitos de tentar dar um golpe de Estado no país é um padre que atua na diocese de Osasco, na Grande São Paulo.

Na decisão do ministro Alexandre de Moraes, José Eduardo de Oliveira e Silva citado como integrante do núcleo jurídico do esquema, que atuaria no "assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado".

O religioso foi alvo de um mandado de busca e apreensão e terá que cumprir as seguintes medidas cautelares, segundo decisão do STF:

a proibição de manter contato com os demais investigados;

e de se ausentar do país, com determinação para entrega de todos os passaportes (nacionais e estrangeiros) no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.

Procurada pelo g1, a arquidiocese de Osasco informou que vai apurar as notícias antes de se manifestar.

 

Segundo a investigação, fazem parte do núcleo jurídico:

  • Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro;
    • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro;
    • Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como "mentor intelectual" da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres;
    • José Eduardo de Oliveira e Silva, padre da diocese de Osasco;
    • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

De acordo com a PF, o padre participou de uma reunião no dia 19 de novembro de 2022, com Filipe Martins e Amauri Feres Saad, como indicam os controles de entrada e saída do Palácio do Planalto.

"Como apontado pela autoridade policial, 'José Eduardo possui um site com seu nome no qual foi possível verificar diversos vínculos com pessoas e empresas já investigados em inquéritos correlacionados à produção e divulgação de notícias falsas'”, diz a decisão. Fonte: https://g1.globo.com