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Colisão foi na madrugada desta sexta-feira, 5, na Rodovia Prof. Francisco da Silva Pontes, próximo a Itapetininga; veículo tinha 48 ocupantes, segundo o Corpo de Bombeiros
Pelo menos 10 pessoas morreram em um grave acidente envolvendo um ônibus na madrugada desta sexta-feira, 5, em Itapetininga, região de Sorocaba, interior de São Paulo. Motorista do veículo diz que perdeu o controle da direção e atingiu uma pilastra de concreto Foto: Reproducao /TV Globo
Por Giovanna Castro
Um ônibus de turismo colidiu com uma pilastra de concreto na madrugada desta sexta-feira, 5, na Rodovia Professor Francisco da Silva Pontes, deixando 10 mortos e pelo menos 16 com ferimentos graves ou moderados. O acidente aconteceu por volta da meia-noite, no sentido norte do km 171 da rodovia, que fica próximo a Itapetininga, no interior de São Paulo.
De acordo com a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), o motorista do ônibus relatou que trafegava normalmente quando, “por motivos a serem esclarecidos, o veículo apresentou uma pane mecânica, travando a direção”. Neste momento, ele teria perdido o controle do ônibus, chocando com um pilar do viaduto Jornalista José Carlos Tallarico.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o ônibus tinha 48 ocupantes no momento da colisão. Dez delas morreram, 16 foram socorridas e encaminhadas a hospitais de Itapetininga e Sorocaba e as demais foram atendidas por equipes médicas do SAMU; da concessionária CCR, que administra a rodovia; ou ambulâncias de municípios vizinhos.
Até a última atualização da Artesp, feita às 7h desta sexta, a perícia ainda estava no local investigando o acidente e os procedimentos de retirada do ônibus da rodovia estão sendo executados. O tráfego na rodovia segue congestionado do km 177 ao km 171, com todo o sentido norte bloqueado e uma faixa bloqueada no sentido sul.
A Defesa Civil do Estado informou que, neste momento, não há mais vítimas no local. Todas foram encaminhadas para hospital, serviço funerário ou liberadas. De acordo com o órgão, compareceram ao local, além do Corpo de Bombeiros, o SAMU, a concessionária da rodovia (CCR), a Polícia Técnico Científica e o Policiamento Rodoviário (CPRv). Fonte: https://www.estadao.com.br
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Em congresso no Rio, professor de Harvard diz que isso tem a ver com tribalismo político: acreditamos naquilo que faz nossa tribo parecer bem, mesmo que fatos não comprovem a ideia
Steven Pinker discursa no Brain Congress, no Rio de Janeiro Foto: Leandro Martins/Brain Congress
Por Leon Ferrari
ENVIADO ESPECIAL AO RIO DE JANEIRO*
O psicólogo e linguista canadense Steven Pinker decidiu que queria ensinar e escrever sobre racionalidade humana. A ideia era falar sobre ferramentas como lógica, probabilidade, estatística, teoria da escolha racional, teoria dos jogos, correlação e causalidade. No entanto, as pessoas estavam interessadas em outra coisa. “Elas queriam saber por que o mundo estava enlouquecendo”, conta ele, que é professor da Universidade Harvard, autor do best-seller Enlightenment Now: The Case for Reason, Science, Humanism, and Progress (O novo Iluminismo: Em defesa da razão, da ciência e do humanismo, no título em português) e já foi considerado, mais de uma vez, uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time.
“Por que as pessoas acreditam em teorias da conspiração? Notícias falsas? Em tratamentos médicos malucos, como a homeopatia, mas ao mesmo tempo negam as vacinas? Por que as pessoas acreditam em percepção extra-sensorial? Clarividência? Ver o futuro e vidas passadas? É nisso que as pessoas estão realmente interessadas, não tanto em por que somos ruins em probabilidade e estatísticas”, disse ele neste sábado, 29, durante participação no Congresso Brain 2024: Cérebro, Comportamento e Emoções, realizado no Rio de Janeiro entre os dias 26 e 29 de junho.
Ele segue aconselhando que as pessoas se dediquem às ferramentas básicas, no entanto, lançou-se ao desafio das questões com as quais foi confrontado. “São vários motivos, não apenas um”, fala.
Entre eles, algumas crenças ou “intuições” humanas, como dualismo (“acreditamos que cada humano tem um corpo e uma mente”), essencialismo (“pensamos que os seres vivos têm algum tipo de substância invisível ou química neles que os torna vivos, que lhes dá forma e poderes”) e teleologia (tudo o que fazemos tem uma razão/propósito), mas, para Pinker, o mais importante é o que ele chama de tribalismo político.
“Poucas pessoas mudam de opinião por causa das notícias falsas. As notícias falsas reforçam os preconceitos políticos delas”, afirma. “As pessoas se dividem em setores, tribos ou coalizões, e as ideias que acreditam não são as ideias que são verdadeiras, mas as ideias que fazem a coalizão delas parecer mais inteligente, mais competente, mais moral e nobre do que as outras tribos.”
E é por isso que ele lança o seguinte desafio, que pode parecer óbvio, mas, segundo ele, contra intuitivo para a natureza humana: “você deve acreditar apenas em coisas para as quais há evidências, para as quais há uma boa razão para acreditar que são verdadeiras”.
“Cheguei à conclusão de que essa é a ideia mais radical na história humana”, afirma. “É uma boa lição moral para os jovens: a ideia de que você pode estar errado. Você deve deixar os fatos dizerem o que é certo e errado. Esta é uma ideia muito estranha, exótica, não natural, mas é uma ideia importante, e acho que temos que apoiar a ideia de que somos ignorantes sobre a maioria das coisas.”
“A única maneira de estar certo é tentar testar nossas ideias, tentar ver o que as tornaria falsas, ver se elas sobrevivem a testes de falsificação. Este é, basicamente, a mentalidade da revolução científica, mas não penetrou toda a população, nem mesmo toda a população de cientistas.”
Negacionismo
A exacerbação desse tribalismo é o que, para Pinker, nos colocou cara a cara com a negação da ciência. Mas como chegamos até aqui?
Ele sugere duas respostas. A primeira é de que as redes sociais fazem as pessoas viverem em bolhas. “Elas são uma máquina para reforçar o tribalismo.” No entanto, ele acha que esse fenômeno não responde por completo, nem mesmo é a mais importante explicação. Pinker avalia que, ao longo das últimas décadas, houve um aumento significativo da “segregação por educação e classe”.
“Cada vez mais pessoas com diplomas universitários vivem próximas em áreas urbanas centrais. Pessoas que não são tão graduadas vivem nos subúrbios mais distantes ou nas áreas rurais”, pontua. “As pessoas são muito mais propensas a apenas viver com pessoas que têm as mesmas crenças. É mais fácil demonizar as pessoas que você nunca conheceu.”
‘É preciso despolitizar a ciência’
Alguns, diz Pinker, avaliam que, para enfrentar o negacionismo científico, o ideal seria ensinar mais ciência às pessoas. Ele não acha que essa seja a solução.
“A maioria dos cientistas tem a teoria errada sobre por que as pessoas negam a ciência. Eles pensam que as pessoas que negam a mudança climática, vacinas ou a evolução humana são ignorantes. Na verdade, se você der testes de alfabetização científica a eles, como ‘o que é maior: um átomo ou um elétron?’, vão ter as mesmas pontuações do que aqueles que acreditam.”
Isso nos leva de volta ao tribalismo. Para ele, é preciso, então, tirar a ciência dessa polarização, despolitizando-a. “Precisamos tornar as questões científicas não alinhadas com um lado político ou outro, e restaurar a confiança nos cientistas, nas agências governamentais, jornalistas e estatísticos.”
Como? “Temos que admitir quando somos ignorantes, e mudar de opinião à medida que as evidências mudam.”
“Não somos anjos, não somos deuses, apenas fazemos o nosso melhor”, aponta. “A ciência realmente descobriu algumas coisas. Existem realmente células. Há realmente algo chamado DNA. Mas nunca estamos 100% certos.”
Esse raciocínio, claro, pode nos levar ao completo ceticismo. No entanto, Pinker destaca que o consenso é importante. É assim, por exemplo, que determinamos e aplicamos políticas públicas. O psicólogo aponta o melhor caminho para chegarmos até ele.
“Muitas vezes haverá discordância, mas você realmente tem que dizer sim ou não. Por exemplo, no caso de um paciente com alguns sintomas e alguns exames médicos, você nunca tem 100% de certeza se ele tem uma doença ou não. Opera ou não opera? Dá o remédio ou não dá?”
Aí, segundo ele, precisamos acionar a teoria da decisão estatística. “Você analisa quão ruim seria estar errado em cada direção. Ou seja, quão ruim se ela não tiver a doença, um falso positivo, em que o paciente poderia passar por uma cirurgia desnecessária, e quão ruim seria se você estivesse errado, um falso negativo, se for um câncer, talvez ele cresça rapidamente.”
“Você junta essas coisas e, pelo menos, isso lhe dá uma base racional para tomar uma decisão quando não pode ter certeza da verdade.” Fonte: https://www.estadao.com.br
*O repórter viajou a convite do Congresso Brain 2024: Cérebro, Comportamento e Emoções
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Vítimas que morreram após carro bater em caminhão eram pai, mãe e filho bebê
Os três morreram no local do acidente. Batida aconteceu no distrito de Marcianópolis, em Goiatuba.
Acidente deixa mortos na GO-319, em Goiatuba — Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros
Por Thauany Melo, g1 Goiás
As três pessoas que morreram em um acidente de carro na GO-319, em Goiatuba, no sul de Goiás, eram da mesma família, segundo o perito do Instituto Médico Legal (IML) Tiago Fernandes. O bebê de três meses e os pais morreram após o carro em que estavam bater contra um caminhão.
O acidente aconteceu a 10 km do distrito de Marcianópolis, por volta das 3h de sábado (29). As vítimas de acidente são: Bruno Bittencourt, Bianca Gomes e o filho deles, Anthony Gabriel.
Conforme o Corpo de Bombeiros, a família estava em um veículo do modelo saveiro, que bateu na traseira do caminhão.
Segundo a corporação, os três já estavam mortos, presos às ferragens, quando a equipe chegou ao local. Os bombeiros fizeram o desencarceramento e os corpos foram levados pelo Instituto Médico Legal (IML). Fonte: https://g1.globo.com
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ONG fundada por Betinho diz que dificultar doação de alimentos é desumano; veja o que diz o PL
Moradores da favela de Paraisópolis (SP) aguardam para receber marmita distribuída pela Associação de Moradores da Comunidade - Lalo de Almeida/Folhapress
SÃO PAULO
Doar alimentos a pessoas em situação de vulnerabilidade social na cidade de São Paulo poderá ficar mais difícil e render multa de R$ 17.680. Os vereadores paulistanos aprovaram, em primeira votação nesta quarta-feira (26), projeto de lei que cria regras para ONGs e pessoas físicas que combatem a fome na cidade.
O PL 445/223, do vereador Rubinho Nunes (União), estabelece a necessidade de autorização prévia da Secretaria Municipal de Subprefeituras e da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social.
A aprovação aconteceu três dias após a abertura do inquérito da Polícia Civil de São Paulo para apurar eventual delito de abuso de autoridade que estaria sendo praticado pelo vereador contra o padre Júlio Lancellotti. Nunes é o autor da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que mira o pároco e ONGs que atuam na região da cracolândia, no centro da capital paulista.
Segundo o projeto de lei, que ainda passará por segunda votação na casa e aprovação do prefeito Ricardo Nunes (MDB-SP), entidades devem fazer o cadastro de seus voluntários, além de disponibilizar tendas, mesas, cadeiras, talheres e guardanapos e manter limpa a área onde será distribuída a refeição.
O PL determina ainda o agendamento prévio, junto a ambas as secretarias, da ação social, "de forma a garantir a segurança e o bem-estar dos beneficiários".
Já aqueles que recebem as doações —pessoas em situação de rua, em abrigos temporários, em situação de pobreza extrema ou em qualquer outra condição que evidencie falta de recursos— devem estar cadastrados na Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, "garantindo uma abordagem mais organizada e efetiva das ações assistenciais".
ONGs e pessoas físicas que descumprirem a lei poderão ser multadas em R$ 17.680 e descredenciados por três anos junto às secretarias.
"O político que toma a decisão de restringir o trabalho de organizações sérias está seriamente comprometido em extinguir a existência das 10,6 milhões de pessoas que vivem no estado de São Paulo e hoje não conseguem fazer todas as refeições como deveriam", afirma Rodrigo ‘Kiko’ Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania.
A ONG fundada por Betinho, que combate a fome há 30 anos no país, acusa o deputado de impor barreiras burocráticas a um trabalho que deveria ser atribuição do poder público.
"Proibir e dificultar a doação de comida não só é desumano, como também vai contra tudo o que acreditamos e pelo que lutamos diariamente", afirma ‘Kiko’ Afonso. "Precisamos combater o retrocesso daqueles que insistem na legitimação da fome."
Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que o PL "segue em discussão na Câmara Municipal de São Paulo e será analisado pelo prefeito caso seja aprovado em segunda votação."
Em suas redes sociais, o padre Júlio Lancelotti fez publicações contra o projeto de lei. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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‘Atlas da Violência’ reafirma o fracasso brasileiro na proteção de crianças e jovens e mostra que é preciso mais compromisso e ação onde hoje há indignação de alguns e indiferença de muitos
A nova edição do Atlas da Violência – produzido anualmente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública – traz dados estarrecedores que escancaram o fracasso brasileiro na proteção da vida de crianças e jovens. Com dados referentes a 2022, descobre-se que praticamente metade (49,2%) dos 46,4 mil homicídios registrados no Brasil teve como vítimas pessoas entre 15 e 29 anos. Naquele ano, de cada cem mortes de jovens, um terço (34) se deu por homicídio – e grande parte deles por arma de fogo. Visto de outra forma, a cada dia, 62 jovens foram assassinados no País. Em dez anos, foram mais de 321 mil vítimas de violência letal, a maioria homens negros.
O Atlas também mapeou a extensão dos casos de violência sexual. Meninas até 14 anos são, proporcionalmente, as maiores vítimas de agressão sexual, uma das formas mais comuns de violência doméstica e familiar. Dito com outras palavras, quase metade (49,6%) da violência contra meninas de 10 a 14 anos tem caráter sexual. Seis em cada dez vítimas têm no máximo 13 anos. São números obtidos com base nos registros do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, criado pelo Ministério da Saúde para notificar, compulsoriamente, qualquer caso suspeito ou confirmado de diferentes formas de violência, como doméstica/intrafamiliar e sexual, e contra mulheres e homens de todas as idades. Isso significa admitir que o levantamento é composto apenas pelos casos oficialmente registrados – e não há razão para duvidar que a realidade é ainda pior do que os números publicados.
Pouca gente há de questionar a premissa de que o Brasil vem falhando na proteção de crianças e adolescentes, não só nos efeitos da violência, mas também no cuidado da educação básica, sem o que é impossível imaginar um futuro minimamente digno para eles. Com incômoda frequência, no entanto, a divulgação de números e balanços, como esses expostos no Atlas, ajuda a dar contornos ainda mais dramáticos a uma realidade perturbadora – e que muitos acabam ignorando ou deixando em segundo plano diante de outras mazelas. Há um círculo vicioso do qual precisamos escapar: a falta de preparo do jovem leva-o ao desemprego e subemprego; a falta de ocupação e perspectivas leva-o ao desespero; a falta de esperança leva-o à droga e à captura pelo crime organizado. E assim se fecha um ciclo de miséria, delinquência e violência que condena o presente e o futuro de boa parte do País.
É como se o Brasil estivesse numa guerra, situação em que jovens soldados são enviados para matar e morrer, mas a guerra que vitima os jovens brasileiros é do País consigo mesmo. A título de comparação, os EUA perderam 58 mil soldados em 20 anos de Guerra do Vietnã. Ou seja, no Brasil ocorreram cinco guerras do Vietnã em uma década.
Ademais, como afirmou Samira Bueno, uma das coordenadoras do Atlas, são os jovens a mão de obra preferencial do crime organizado. Uma vez aliciados pelo mundo do crime, evadem da escola muito cedo e não veem oportunidades senão na engenharia das organizações criminosas.
Se há cooptação sobre os jovens meninos, há muito mais do que coação sobre as meninas. Os números do Atlas são confirmados por outras pesquisas, como o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado também pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, segundo o qual houve 75 mil estupros em 2023. O perfil demográfico das vítimas diz muito sobre nossas iniquidades e sobre nossa miséria moral e institucional: 88,7% são mulheres, 61,4% são menores de 14 anos e 10,4% têm menos de quatro anos de idade. Na maioria dos casos seus algozes são familiares.
Por vezes os números não dão conta da dramaticidade do mundo real e de suas histórias. Mas são fundamentais para dar a dimensão do problema e produzir gritos de alerta, de modo que o País reaja com o devido vigor. Não está escrito nas estrelas, porém, que tais números se manterão assim, como se não houvesse caminho alternativo para dar algum alento à grande maioria das crianças e dos jovens brasileiros. Mas mudá-los vai requerer muito mais compromisso e ação do que a indignação de alguns e a indiferença de muitos. Fonte: https://www.estadao.com.br
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Além de entes estatais, grandes emissores podem ser acionados judicialmente
Gabriel Wedy
Juiz federal, é professor do Programa de Pós-Graduação em Direito da Unisinos (RS); autor de "Curso de Direito Climático" (ed. Revista dos Tribunais)
Mestre e doutora em direito, é desembargadora no TRF-3
O desastre climático ocorrido no Rio Grande do Sul exigirá, em breve, a discussão sobre medidas para reparação dos danos materiais e morais causados.
No ano de 2015, relatório da Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul e do governo da França já apontava que as chuvas, dentro de poucos anos, aumentariam entre 5% e 10% em território gaúcho. O atual desastre confirma que os entes estatais nada ou pouco fizeram desde o referido estudo —aliás, foi aprovado em 2020 um novo Código Estadual Ambiental profundamente desidratado em matéria de tutela do meio ambiente.
É possível discutir se seria justo a União, o estado e os municípios sucateados arcarem integralmente com a reparação civil dos seus cidadãos, do meio ambiente e das estruturas públicas e privadas danificadas e destruídas pelo temporal —e, com isso, os contribuintes arcarem duas vezes por ações e omissões estatais, sendo que a origem do aquecimento global tem como os maiores responsáveis as indústrias do petróleo e do carvão e, no plano geopolítico, a China e os Estados Unidos, como os maiores emissores.
Na perspectiva brasileira, de um país que tem sofrido consequências desproporcionais em decorrência de desastres gerados por alterações climáticas, é válido levar adiante o debate.
Há exemplos ao redor do mundo. O caso Dutch Shell é um "leading case", julgado em maio de 2021, no qual o poder judiciário holandês emitiu decisão para que a Royal Dutch Shell acelerasse o seu objetivo de redução das emissões de carbono.
Em janeiro de 2023, a Colômbia e o Chile ingressaram na Corte Interamericana de Direitos Humanos com um Pedido de Parecer Consultivo sobre Emergência Climática e Direitos Humanos. Em sua justificativa para a provocação à corte interamericana, os Estados requerentes justificaram que "os efeitos da mudança climática não são experimentados de maneira uniforme na comunidade internacional. De fato, eles já estão sendo sentidos por parte das comunidades mais vulneráveis em razão de sua geografia, condições climáticas, socioeconômicas e infraestrutura, incluindo vários países das Américas". Esse procedimento está em andamento.
No caso do RS, embora União, estado e municípios possam, em tese, ser responsabilizados por questão de justiça climática, seria importante se houvesse um amadurecimento na análise sobre a conveniência de ajuizamento de demandas climáticas em defesa do povo gaúcho. Essas demandas colocariam nos bancos dos réus indústrias do petróleo, do carvão e grandes emissores de gases de efeito estufa, além de envolver os países que abrigam essas indústrias em seus territórios.
Há aporte teórico e experiências em cortes estrangeiras para embasar ações judiciais dessa natureza. Não é mais aceitável a irresponsabilidade climática de alguns países, que assumem posições contraditórias e contrárias ao Acordo de Paris e que violam os direitos humanos de pessoas que vivem em nações que não causam desequilíbrio climático relevante, mas sofrem com desastres devastadores. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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'Mirian, para de escrever sobre velhos, por favor. Escreve sobre a rebimboca da parafuseta', me pediu um leitor
Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autora de "A Invenção de uma Bela Velhice"
"Mirian, posso te dar um conselho de amigo: para de escrever sobre velhos, por favor. Não gosto de ficar lendo sobre velhofobia, etarismo, violência contra os velhos. Não quero ficar pensando sobre a minha própria velhice. Gosto mais quando você escreve sobre traição, sexo e temas mais leves. Você escreve tão bem que eu iria adorar até se você escrevesse sobre a rebimboca da parafuseta. Pode escrever sobre qualquer coisa, menos sobre velhos."
Não sei quantas vezes eu escutei nas últimas três décadas: "Mirian, para de escrever sobre velhos. Que assunto chato! Escreve sobre um tema mais leve". Mas foi a primeira vez que um leitor sugeriu que eu escrevesse sobre a "rebimboca da parafuseta".
Apesar das críticas, conselhos e sugestões para mudar de tema, nunca parei de pesquisar sobre envelhecimento, autonomia e felicidade, nem de escrever sobre os meus melhores amigos nonagenários.
E vou continuar escrevendo, e até mesmo gritando, para denunciar e combater a violência física, verbal e psicológica que os mais velhos sofrem dentro das próprias casas e famílias. É o propósito da minha vida.
Nos seis primeiros meses de 2024, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania registrou 74.620 denúncias de violência contra idosos. A realidade é muito mais assustadora, pois a maioria tem vergonha e medo de denunciar seus agressores: os próprios filhos na maior parte dos casos; e também os netos, cônjuges, genros e noras. Entre os abusos mais comuns estão:
Negligência - quando deixam de oferecer cuidados básicos ao idoso, como higiene, saúde, medicamentos, proteção contra frio ou calor;
Abandono - quando há ausência ou omissão dos familiares ou responsáveis, governamentais ou institucionais, de prestarem socorro a um idoso que precisa de proteção;
Violência física - quando é usada a força para obrigar o idoso a fazer o que não deseja, ferindo, provocando dor, incapacidade ou até a morte;
Violência psicológica ou emocional - comportamentos que prejudicam a autoestima ou o bem-estar do idoso, como xingamento, susto, constrangimento, impedimento de que vejam amigos e familiares, tortura psíquica;
Violência financeira ou material - a exploração ou o uso não consentido de seus recursos financeiros e patrimoniais.
O "Junho Violeta", criado pela ONU, é o mês de prevenção e de conscientização da violência contra a pessoa idosa. Dia 15 de junho é o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2011, com o objetivo de chamar a atenção para a existência de violações dos direitos dos idosos e divulgar formas de denunciá-las e combatê-las.
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, por meio da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, lançou uma campanha com o slogan "Respeito não tem prazo de validade", com o objetivo de "conscientizar a sociedade sobre a necessidade da garantia de direitos, dignidade e combate à violência contra pessoas idosas".
O último Censo mostrou a tendência de envelhecimento da população brasileira: somos 32 milhões de brasileiros de 60 anos ou mais.
O Estatuto da Pessoa Idosa, lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, dispõe que a pessoa idosa goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, garantindo-lhe todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.
A lei dispõe que é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar à pessoa idosa, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer forma de violação a esta lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento.
Tudo muito lindo, mas será que o Estatuto da Pessoa Idosa tem sido respeitado dentro das nossas próprias casas e famílias? Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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Segundo autoridades locais, a criança ficou 'gravemente ferida', mas 'não corre risco de vida'
Mãe é presa após jogar filha da janela de apartamento em caixa de gato na Alemanha — Foto: Reprodução
Por O Globo com agências internacionais — Berlim
Uma bebê de 1 ano e 9 meses foi arremessada do terceiro andar de uma casa por sua própria mãe, em Berlim, na Alemanha. A vítima sofreu ferimentos graves após ter sido jogada pela janela em uma caixa para transportar gatos. A mãe, de 41 anos, foi presa pelo crime e encaminhada para uma clínica psiquiátrica. O caso aconteceu na segunda-feira.
Uma mulher que passava nos fundos do prédio, viu a caixa de gatos no chão e encontrou a bebê, que estava chorando. Com isso, o Corpo de Bombeiros e a polícia local foram acionados. A vítima foi levada ao hospital e teria quebrado o braço e as pernas. As informações são do jornal alemão B.Z.
“A menina foi imediatamente levada ao hospital pelas equipes de resgate para tratamento hospitalar com ferimentos significativos por queda”, informou o policial ao jornal alemão.
A bebê teria sido jogada de um apartamento no terceiro andar, em uma altura de pelo menos dez metros. Já dentro do apartamento, outra criança, de 9 anos, foi encontrada e encaminhada pelas autoridades para a Secretaria de Assistência à Juventude. O caso aconteceu no bairro de Altglienicke, próximo ao aeroporto de Berlim.
Segundo os vizinhos, a mulher têm cinco filhos e nasceu na República Checa. Ainda de acordo com eles, a mulher é solteira e descrita como "simpática e amorosa".
A polícia investiga o caso e ainda não há informações sobre a motivação do crime. Testes foram realizados, mas não foram encontrados indícios de uso de droga por parte da mulher. Ainda segundo o jornal B.Z, a mãe compareceu ao juízo nesta terça-feira e será internada em um centro psiquiátrico por suspeita de tentativa de homicídio. Fonte: https://oglobo.globo.com
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Não tem sentido nenhum, neste momento em que o mundo vive uma mudança climática violenta, mexer com este projeto de privatização das praias no Brasil
Por Merval Pereira
Não tem sentido nenhum, neste momento em que o mundo vive uma mudança climática violenta, mexer com este projeto de privatização das praias no Brasil. Aliás, o nome do projeto já diz tudo e cria um clima muito ruim. Se for para fazer, é para melhorar. Não se pode mexer em questões delicadas como esta sem estudo, sem projeto cuidadoso, que veja as consequências que possa trazer.
Não vejo nenhuma razão para permitir especulação imobiliária na beira do mar. É o momento de estudar as maneiras de protegermos as cidades contra as marés que estão subindo devido às geleiras que se derretem. Animais do mar precisam ser preservados.
A PEC visa o Brasil inteiro e não é hora para uma especulação imobiliária tão grande, porque a. Privatizar praia é um absurdo. Tem ainda um aspecto social; praia é um lugar onde se pode conviver sem desigualdade, é uma maneira de dar um lazer gratuito a quem não tem condições. A praia é de graça.
No Rio, se privatizar, será uma tragédia social. Difícil imaginar que alguém esteja pensando nisso. A especulação imobiliária tem que ser contida; não só na beira da praia, mas em todo lugar. Fonte: https://oglobo.globo.com
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Por; Frei Petrônio de Miranda, O. Carm, Padre Carmelita e Jornalista. Convento do Carmo, São Paulo. 06 de maio-2012. Atualização: Comunidade do Carmo de Vicente de Carvalho- Vila Kosmos/RJ. 30 de maio-2024, Festa de Corpus Christi.
Ó Jesus no ventre materno
Em Maria a gerar.
Olha para as mães grávidas
Sem família e sem um lar.
Junta todos os pedaços
De sangue, suor e dor
Ó meu Jesus Eucarístico
Vem mostrar o teu amor!
Sacramento de unidade
Pão da vida salutar.
Os Sem-Teto chorando
Em nossas ruas a morar.
Ó meu Jesus Eucarístico
Este povo a clamar
Junta todos os pedaços
Vem logo os ajudar!
Com os Mártires da Guerra
Na Faixa de Gaza a gritar
Nos Países Africanos
O sangue a derramar.
Estas vidas em pedaços
Na Ucrania a caminhar.
Com a juventude atormentada
Nós iremos suplicar!
Partilhar a Boa Nova
A todos saber amar.
No Rio Grade do Sul
O povo vive a chorar.
Ó meu Jesus Eucarístico
Vem logo iluminar
Livra-nos das balas perdidas
E da violência a reinar.
Crianças refugiadas
Os idosos a orar.
Destrói do nosso país
A Fake News a se espalhar.
Ó meu Jesus Eucarístico
Vem logo nos confortar
As vidas despedaçadas
Os cacos venha juntar.
As comunidades Quilombolas
Os indígenas a lutar
Suas vidas em pedaços
Com medo de caminhar.
Ó meu Jesus Eucarístico
Este povo a suplicar.
Quebra todas as correntes
Que possam aprisionar!
A violência mediática
Entrando em nosso lar.
Até a nossa irmã Morte,
Vem sempre nos visitar.
Ó meu Jesus Eucarístico
Venha nos acalmar,
Deleta os homofóbicos
Ensina-nos a caminhar.
Este país que vale ouro
A mãe natureza a sangrar
O desemprego dominando
A fome sempre a reinar.
Ó meu Jesus Eucarístico
Venha nos ensinar
Abre os nossos olhos
Ensina-nos a caminhar!
Se depender de oração
Este povo vai se salvar.
Com as novenas e rezas
Todo o povo a suplicar.
Mas as vidas em pedaços
Quem poderá ajuntar?
Ó meu Jesus Eucarístico
Venha nos conscientizar!
Neste ano decisivo
Onde o voto tem valor
Livra-nos dos corruptos
Sem carinho e sem amor
Ó meu Jesus Eucarístico
Vem logo nos levantar
Afasta-nos dos fanáticos
E dos políticos a roubar!
Em cada cidade clamamos
Meu Jesus libertador.
Olha por estas famílias,
Com carinho e com amor.
Ó meu Jesus Eucarístico
Do tráfico vem libertar
A estas vidas em pedaços
A tua paz vem nos dar!
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Nicolas Gomes De Brito é acusado de ter participado do assassinato de William Pereira de Paiva na cidade de Caratinga, em Minas Gerais, em 2019
Nicolas Gomes De Brito seria preso em Alagoas — Foto: Reprodução
Uma juíza britânica negou ao governo brasileiro a extradição de Nicolas Gomes De Brito, de 26 anos, alvo de um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça de Minas Gerais e integrante da lista de foragidos da Interpol. Ao longo do processo, concluído em janeiro deste ano, mas revelado apenas nesta semana pela imprensa do Reino Unido, o brasileiro, apontado como autor de um assassinato ocorrido em Caratinga, em 2019, alegou correr risco a sua integridade física nas prisões brasileiras, tanto por ser gay, quanto pelas condições desses estabelecimentos. Brito foi solto por decisão da juíza distrital Briony Clarke.
"Isso ocorre porque, na ausência dessas informações, há, na minha visão, fundamentos substanciais para acreditar que ele enfrentaria um 'risco real' de ser submetido a tortura ou tratamento ou punição desumana ou degradante se fosse extraditado", escreveu a magistrada na decisão a qual O GLOBO teve acesso.
O argumento que sustentou a decisão de liberar o brasileiro foi a situação das prisões no Brasil. Segundo o documento, a defesa apresentou um relatório formulado por um especialista argentino em sistemas penitenciários no qual as deficiências das prisões brasileiras são expostas. Detalhes da prisão de Agreste, para a qual Brito seria enviado caso fosse extraditado, também aparecem no processo. Com base no relatório do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), a análise apresentada pelos advogados do brasileiro aponta uma superlotação de 108% na unidade.
As celas também não estariam em conformidade com os padrões da Convenção Europeia dos Direitos Humanos (CEDH), com pouca ou nenhuma iluminação artificial e sem ventilação. Nas solitárias, há ausência de camas, com detentos obrigados a dormirem no chão, e falta de acesso a água nas celas, além de superlotação.
O especialista alega ainda que, por conta de sua orientação sexual, Brito também poderia ser vítima de homofobia e violência. A juíza Clarke pontua, no entanto, a ausência de evidências nesse sentido. O foragido chegou a afirmar ter casado com um português oito meses antes de deixar o Brasil, mas não apresentou documentos ou fotos que provem o relacionamento. Além disso, a polícia brasileira disse ter conversado com a mulher de Brito após o crime.
Ao ser preso no Brasil, Nicolas recebeu uma ligação de sua esposa na noite do assassinato. Além disso, argumenta a juíza britânica, ele deu o nome dela e afirmou que estavam em um relacionamento há pelo menos três anos. "Não há nada na prova de evidência do réu que dê qualquer explicação para o término desse relacionamento, como registros de divórcio, e as informações que ele forneceu não fazem referência alguma à sua esposa", pontua o documento.
Ainda segundo a decisão, procurado, o governo brasileiro não forneceu uma série de informações solicitadas pela juíza, referentes as características da prisão onde o homem ficaria. "É decepcionante que este tribunal não tenha recebido nenhuma resposta do Estado solicitante (Brasil). Mesmo que fosse difícil fornecer as informações solicitadas ou a garantia necessária, eu esperaria ter recebido algum tipo de resposta, mesmo que fosse para dizer 'não podemos fornecer essas informações' ou 'não podemos fornecer essas informações no prazo fornecido'", escreveu.
Procurado pelo GLOBO, o Ministério da Justiça não se manifestou.
Além disso, a última movimentação do processo no Tribunal de Justiça de Minas Gerais dá conta de que o juiz do caso solicitou informações ao Ministério da Justiça sobre o paradeiro de Nicolas. A pasta se limitou a dizer que ele esteve preso no Reino Unido, mas não deu informações adicionais sobre o status atual do rapaz, nem a localização exata dele.
Entenda a acusação
A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu ainda em 2019 o inquérito em que Nicolas Gomes de Brito é acusado de participar de um homicídio em Caratinga. Segundo o delegado Rodrigo Cavassoni, a polícia descobriu que a motivação da morte de William Pereira de Paiva foi vingança e envolvimento com o tráfico de drogas.
De acordo com as investigações, em 2018, William teria contratado Anthonie Guilherme de Oliveira, na época com 18 anos, para executar Lucas Ferreira Lima, conhecido como “Lucas Boi”. Na época, Lucas Boi resistiu aos ferimentos, mas ficou paraplégico.
Dois dias após sair do presídio onde estava, a vingança foi realizada: William foi executado sob comando de Lucas Boi, que teria contado com a ajuda de Nicolas — apontado como “um dos principais articuladores desse crime” — um menor de 17 anos e Luís Henrique Lopes de Oliveira.
Na época, apenas Lucas Boi terminou preso pelo crime. Segundo os últimos registros da polícia de Minas, Luís Henrique teria fugido para a França e sido abrigado na casa do irmão de Lucas Boi. Neste período, da conclusão do inquérito, a polícia ainda considerava Nicolas foragido e não sabia o paradeiro do criminoso. Fonte: https://oglobo.globo.com
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Polícia Civil gaúcha realizou buscas no local na última sexta-feira. Imóvel era usado, segundo a investigação, como espécie de QG para aplicar série de estelionatos virtuais
Apartamento de alto padrão na beira-mar em Santa Catarina, onde foram realizadas buscas pela Polícia Civil-RS / Divulgação
Uma cobertura de alto padrão na beira-mar em Balneário Camboriú, Santa Catarina, com aluguel de R$ 30 mil, é apontada pela polícia como espécie de QG usado para aplicar golpes pela internet. Entre as trapaças, está a que simulava campanhas de doações para o Rio Grande do Sul, para auxiliar as vítimas das inundações. O imóvel, onde residia um adolescente de 16 anos investigado pelo esquema, foi alvo de buscas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
A Polícia Civil gaúcha chegou ao local enquanto investigava os responsáveis pela fraude que buscava se aproveitar do momento de calamidade no Estado para lucrar pela internet. Um adolescente, que usa as redes sociais para divulgar a vida de alto padrão, tornou-se um dos investigados dentro da chamada Força-Tarefa Cyber — criada para apurar estelionatos virtuais e casos de disseminação de notícias falsas envolvendo as inundações no RS.
O adolescente de 16 anos já era alvo da investigação, mas dentro do imóvel a polícia localizou mais dois suspeitos, um de 17 e outro de 20 anos.
— Deparamos com esses três, sozinhos, numa cobertura de luxo, trabalhando com dinheiro ilícito, obtido pela internet. Eles estavam praticando naquele momento diversos golpes virtuais — afirma a diretora do Deic, delegada Vanessa Pitrez, em coletiva à imprensa nesta segunda-feira (27).
A investigação aponta que o trio seria integrante do mesmo grupo, especializado em aplicar golpes pela internet, utilizando diferentes contextos. O adolescente de 16 anos é natural de Santa Catarina, enquanto os outros dois são de Alagoas e do Rio Grande do Norte. Os três teriam se unido para a prática dos estelionatos. A polícia ainda apura há quanto tempo o grupo estava atuando.
— Quando surgiu a tragédia, a enchente aqui no RS, eles se utilizaram disso para continuar e criar espécies de golpes. A gente ainda apura há quanto tempo eles atuam especificamente nessa modalidade que eles chamam de "black", mas entende que sim eles atuavam há mais tempo. Eles relataram durante o cumprimento dos mandados que de fato eram especialistas nessa modalidade de golpe. Tudo que chamava atenção da população em geral eles se utilizavam para criar golpes — afirma o delegado João Vitor Heredia.
O aluguel do imóvel, segundo a polícia, era dividido pelo trio. Dentro do apartamento havia equipamentos de informática com valor estimado em cerca de R$ 200 mil. Foram apreendidos no apartamento computadores, celulares, HDs e outros equipamentos que serão analisados para tentar extrair provas.
— De fato, eles se utilizavam desse apartamento como um quartel general para a prática de golpes diuturnamente. Eles estavam praticando golpes naquele momento. O próprio menor de 16 anos ouvido nos confirmou diversas espécies de golpes, que se utilizavam de qualquer outro fato nacional que chamasse atenção para a criação de golpes — explica o delegado.
Como há envolvimento de menores de 18 anos, a investigação passará a contar com apoio da Divisão Especial da Criança e do Adolescente (Deca) para apurar os atos infracionais. Os adultos identificados seguirão sendo investigados pelo Deic. A polícia apura, entre outros crimes, a prática de estelionato, associação criminosa e uso de documento falso.
Como funcionava
Um dos pontos que despertou a atenção da polícia é a sofisticação do golpe. Neste caso, era usado um gateway (tecnologia de pagamento digital, conectando quem paga e a instituição financeira) para tornar mais complexa a identificação do destinatário e forçar uma licitude dos valores. Para impulsionar o golpe e motivar as pessoas a doarem, os golpistas fingiam que a campanha já havia arrecadado somas milionárias.
— Essas pessoas que praticam esses golpes já identificamos diversas modalidades. Alguns um pouco mais simples, mas ainda assim arrecadando dinheiro, e como esse praticado por esse adolescente, residente em Balneário Camboriú, que é um dos mais sofisticados — explica o diretor de investigações do Deic, delegado Eibert Moreira Neto.
Para a prática do golpe, segundo a polícia, foi criado um site, simulando uma campanha do governo do RS. A partir dali, havia um link para outro site falso, com uma vaquinha virtual. Por meio dessa página, era acessado um QR Code (processado por meio de uma loja virtual) para pagamento por Pix. A partir dali, quando a pessoa pensava estar fazendo a doação é que se concretizava o golpe.
O dinheiro era encaminhando para um gateway de pagamento, que faz a intermediação entre a pessoa que está comprando e a instituição financeira. O gateway direcionava esse pagamento para onde o golpista, o titular daquela conta, havia definido. Neste caso, segundo a polícia, o adolescente, como era sócio proprietário de uma empresa de consultoria online, direcionava o valor do gateway de pagamento para a empresa dele.
"Esse valor a título de contribuição chegava na conta desse golpista como se fosse a aquisição de um produto ou serviço. Ele fazia todo esse caminho para dar a aparência de licitude".
JOÃO VITOR HEREDIA-Delegado
Então, Mas, na verdade, se tratava de um golpe, que foi todo elaborado por eles, utilizando esses gateway de pagamento para fins de tentar ocultar a real ilicitude desses valores — explica Heredia.
-Houve determinação da Justiça, a partir de pedidos da polícia, para o bloqueio de contas no valor de até R$ 1 milhão. Os policiais ainda investigam qual o valor que foi movimentado pelo grupo desde o início do esquema.
Força-Tarefa Cyber
Desde o começo da força-tarefa já foram investigados 59 casos e abertos 29 inquéritos para apurar estelionatos virtuais e notícias falsas. Esta foi a segunda operação voltada para golpes realizada desde o início da mobilização. Segundo a polícia, já foi possível retirar do ar 71 páginas, contas e publicações.
Dicas
-Não compartilhe notícias das quais não tem certeza sobre a veracidade da informação. Busque confirmar as informações que recebe por conversas de WhatsApp, por exemplo, em canais oficiais e pela imprensa.
-Quem compartilha e dissemina as notícias falsas também pode ser responsabilizado por isso, não somente aquele que criou a informação falsa.
-Verifique a confiabilidade da campanha para onde pretende doar algum valor. Na hora de realizar e concluir o pagamento, via Pix, por exemplo, confira se a conta e o destinatário do valor é a mesma pessoa física ou jurídica que solicitou a doação.
-Se não souber para quem doar, busque campanhas oficiais, como do governo do Estado, por meio da campanha SOS Rio Grande do Sul.
-Também é possível acessar o portal “Para quem doar”, que faz a certificação de credibilidade das campanhas.
-Informe a polícia sobre casos de suspeita de golpes ou mesmo de divulgação de fake news. Fonte: Polícia Civil – RS
Como registrar
Caso seja vítima de algum golpe ou perceba que uma página ou perfil está disseminando notícias falsas, registre o fato na Polícia Civil. Só assim será possível investigar os crimes e chegar aos responsáveis. A comunicação pode ser feita por meio do Disque-Denúncia no número 197, ou no 181. Também é possível registrar ocorrência nas delegacias ou pelo site da Delegacia Online. Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br
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Gerar engajamento promovendo informações relevantes é um caminho potente para criarmos uma rede rumo à transformação necessária
Uma pessoa verificando o celular — Foto: Mego-studio no Freepik
Rachel Maia
As redes sociais, nós sabemos, representam um meio de comunicação importantíssimo hoje. Com elas, podemos nos relacionar com familiares, amigos, colegas de trabalho e até com quem não conhecemos pessoalmente, mas que, de alguma forma, admiramos ou nos admira. O poder dessas redes é inquestionável, servindo tanto para promover ações positivas quanto para disseminar, por exemplo, notícias falsas (fake news).
Os meus canais na internet têm quase 400 mil seguidores. No LinkedIn, rede social direcionada a assuntos profissionais, são mais de 205 mil pessoas que me acompanham. Tamanho alcance me faz, com frequência, pensar sobre a nossa responsabilidade ao produzir conteúdos em ambientes virtuais. Precisamos de atenção redobrada: uma informação pode viralizar em pouco tempo e afetar indivíduos ou grupos de maneira grave.
Leis para o digital
Promover o direito e o dever digitais é algo discutido desde 2007. Com o avanço da tecnologia e, em particular, da inteligência artificial (IA), observamos uma corrida contra o tempo no que diz respeito ao combate de cibercrimes e à promoção de uma educação a favor do bom uso da internet e das redes sociais.
Uma das leis mais importantes desde o início da era tecnológica é a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), n° 13.709/2018. Segundo o site do governo federal, a LGPD procura proteger os direitos fundamentais de liberdade e privacidade, além da livre formação da personalidade de cada indivíduo. Já leis anteriores à primazia do on-line também seguem em vigor no contexto virtual. A lei nº 7.716/89, a qual garante que todos sejam respeitados independentemente de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, aplica-se à convivência mediada pela internet, nos resguardando e, em simultâneo, nos cobrando atitudes éticas.
O poder da comunicação
É importante entender como nossos seguidores chegam até nós, qual a relevância do que publicamos e o quanto isso interfere na sociedade. Nas minhas redes, há uma audiência que busca se conectar com a minha história, com assuntos voltados para a área de negócios, diversidade e meio ambiente. Sei da minha responsabilidade por representar pessoas que, de alguma maneira, enxergam em mim um lugar de pertencimento almejado.
Com os meus mais de trinta anos de experiência corporativa, construí um compromisso empresarial e social que, agora, é desenvolvido e praticado também no universo digital, sempre com o intuito de democratizar dados verídicos e promover debates qualificados.
Fomentar o acesso à comunicação e à informação de qualidade é um passo muito importante para os avanços necessários na batalha contra a desinformação em massa. Todo assunto que debato nos meus artigos de opinião, publicados em jornais, revistas e sites, são compartilhados para minha audiência das redes sociais, com o objetivo de que mais gente tenha a oportunidade de entrar em contato com veículos que prezam pela integridade da informação.
O meu respeito à imprensa e à ciência se conecta com as minhas ações e com o modo que escolho me comunicar com quem me segue. Trazer dados e notícias que se somam ao meu trabalho à frente de assuntos pertinentes para a sociedade é uma escolha respeitosa com o meu público e também um compromisso como cidadã.
No nosso país, a TV ainda é o meio de comunicação mais consumido. No entanto, a internet já ocupa o segundo lugar. O Brasil é o terceiro maior utilizador de redes sociais do mundo, de acordo com levantamento da Comscore em 2023 (mais de 131,5 milhões de pessoas estão conectadas). E é por isso que acredito que gerar engajamento promovendo informações relevantes é um caminho potente para criarmos uma rede rumo à transformação necessária, validando e renovando nossos direitos e deveres no mundo. Fonte: https://oglobo.globo.com
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Por que opinamos sobre as mortes dos outros?
Luto e as disputas de narrativas sobre as causas das mortes
Carlos com a esposa, Crispina, e as duas filhas, Ludmyla e Letícia - Arquivo pessoal
Eu estava longe de ser uma pessoa interessada em questões sobre a morte quando reparei, pela primeira vez, neste fenômeno: quando alguém anuncia a morte de uma pessoa, a curiosidade sobre a causa e as circunstâncias vem ainda antes das condolências.
Mas morreu de quê? Estava doente? Quantos anos?
Isso sempre me chamou a atenção e, embora muitas vezes eu também tenha ficado curiosa, tentava conter perguntas inconvenientes.
Já procurei algum texto que explique, tecnicamente, por que sentimos essa necessidade de conhecer as causas das mortes alheias, muitas vezes de pessoas que nem conhecemos, de quem nunca ouvimos falar em vida, mas cuja morte desperta curiosidade.
Não consegui. Mas tenho um palpite. Queremos saber do que morrem os outros para garantir que não é algo que está próximo de acontecer com a gente.
Mas estava doente? Se sim, não estou doente, não estou perto da morte.
Mas tinha quantos anos? Se é muito mais velho do que minha mãe, então ela também não está perto da morte.
Estava internado? Ufa, então a morte deu aviso prévio.
Talvez seja apenas mais uma das formas que encontramos de nos afastar da realidade e nos iludirmos sobre nosso material não infinito. No fim das contas, essa curiosidade pode ser apenas uma expressão da nossa humanidade e dos nossos medos.
Mas aí chegaram as redes sociais e a amplificação de tudo que temos de pior. Nossa curiosidade, até natural, transformou-se em suposições aleatórias sobre a vida alheia. E isso torna ainda mais difícil o luto de quem fica após a morte de uma pessoa querida, cuja morte, por algum motivo, foi exposta.
Foi o que aconteceu com a família do Carlos Pereira, operário da construção civil. No último dia 25 de abril, dia do aniversário da sua filha, Ludmyla, e do seu irmão, Jean, ele sofreu um acidente de carro na estrada para Esmeraldas, em Minas Gerais. Carlos morreu na hora.
"A imprudência no trânsito é grande". "Complicado. O povo conhece os perigos dessa estrada e mesmo assim ainda abusa! Lamentável". "Aconteceu por causa de um irresponsável".
No imaginário de quem deixou os comentários, Carlos, de vítima de um acidente de trânsito fatal, passou a ser apenas mais um motorista de trânsito imprudente. A família, que já estava sofrendo imensamente com a perda repentina de um pai, filho, irmão, primo, passou a sofrer também para tentar disputar a narrativa da Internet. Na era das redes sociais, todas as mortes são disputas de narrativa.
A realidade do que aconteceu com Carlos é conhecida por poucas pessoas. Ele estava se sentindo mal, com tosse. Gravou um áudio para sua esposa, Crispina, e disse que iria ao hospital. Pegou o carro e foi.
Enquanto tentava chegar ao seu destino, teve um infarto, bateu em outro carro e capotou várias vezes. Foi a única vítima.
Dificilmente, alguém que começa a passar mal e decide ir ao hospital imagina que está prester a ter um infarto. No mundo ideal, Carlos poderia ter pedido a alguém para levá-lo. Mas, no mundo real, quase ninguém espera pelo pior.
Se tivesse imaginado que era algo mais grave, Carlos talvez agisse diferente. "Os homens raramente pedem ajuda", sua prima Jéssica me diz.
Crispina estava indo embora do trabalho quando ouviu a mensagem do marido. Ao ligar para ele para saber se já havia sido atendido no hospital, um policial rodoviário atendeu, perguntando o que ela era de Carlos. "É meu marido". O policial informou o local do acidente e não disse que Carlos tinha morrido na hora.
Crispina e Crispiniana são irmãs gêmeas. O marido de Crispiniana, Nélio, foi ao local do acidente e recebeu a informação do óbito. Ele quem deu a notícia para Crispina. Logo depois, também começou a passar mal. O impacto da notícia acelerou outro infarto, que, segundo o médico, Nélio já estava para ter mesmo.
Enquanto Carlos era enterrado, Nélio estava em estado grave na UTI. Enquanto as duas irmãs choravam por seus maridos, a Internet discutia a culpa pelo acidente no Instagram.
Um estudo recente sobre morte e luto nas redes sociais demonstra que, embora possam ser úteis, as redes também validam narrativas que "justificam" algumas mortes, o que dificulta a elaboração do luto pelos familiares das vítimas. Já vi muito comentário horrível sendo feito contra pessoas que acabaram de perder seus maiores amores. Pais sendo responsabilizados por filhos que supostamente teriam tirado a própria vida. Lutos sendo ridicularizados, porque os desconhecidos da Internet teriam sido capazes de salvar pessoas que eles nunca viram. "Se fosse meu amigo, não teria acontecido".
As redes sociais estenderam certezas absolutas que alguns sempre tiveram sobre a vida também para a morte. Não é só o luto da família de Carlos Pereira que se dificulta. É o legado de alguém que talvez sempre tenha prezado pela responsabilidade no trânsito, pela preocupação com as outras vidas ali na estrada, no lugar em que também não imaginava encerrar a sua.
Um dos meus primeiros textos aqui no Morte sem Tabu foi sobre a morte do menino João Pedro, dentro da casa da tia, no Rio de Janeiro, com um tiro de fuzil nas costas. Nunca esqueci o desespero de sua família em tentar preservar a sua imagem, já sabendo que tentariam culpá-lo de alguma forma pelo próprio assassinato. O luto fica para depois, eu pensei.
Sei que são situações diferentes, porque a culpabilização da vítima faz parte da estratégia do aparato policial violento. Mas se não fôssemos tão naturalmente ávidos por comentar a causa da morte alheia com base em nossas próprias suposições, talvez tanto a família de João Pedro, como a de Carlos pudessem sofrer as suas perdas com um pouco mais de paz.
Indo além, penso em outra situação: por que falamos que pessoas doentes perderam as batalhas sobre suas doenças? Por que as culpamos pelo desfecho natural e inegociável de cânceres incuráveis, como se de fato houvesse uma possibilidade de vitória?
Sei que quem destila comentários inoportunos e tantas vezes mentirosos na Internet pode não se importar com os sentimentos que vão atingir os vivos, quem dirá os mortos. Mas, ainda sim, penso que a reflexão é válida. Talvez possamos nos perguntar por que queremos tanto saber e opinar sobre o papel das próprias vítimas nas causas de suas mortes. E, talvez, lembrando que isso pode dificultar muito o luto de quem fica, sejamos um pouco mais cuidadosos, nas redes sociais e fora delas. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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Com a tragédia gaúcha e a previsão de mais desastres, ou o País segue a politização inconsequente ou opta por reconhecer que a política tratou a agenda climática e ambiental com descaso
Por Notas & Informações
Há politização demais e política de menos na forma como o Brasil está lidando com as mudanças climáticas e seus efeitos nos desastres naturais cada vez mais intensos e frequentes – como é o caso da tragédia no Rio Grande do Sul, a mais grave do gênero enfrentada pelo País nos últimos anos e possivelmente o prenúncio de muitas outras que virão no futuro próximo. Da esquerda à direita, do governo federal aos governadores e prefeitos, do Congresso Nacional aos legisladores estaduais e municipais, o fato é que a agenda climática e ambiental sempre foi, e segue sendo, um tema lateral na política brasileira. A constatação se torna ainda mais relevante quando se assiste tanto à descoordenação entre as diferentes lideranças que deveriam agir de maneira concertada quanto ao tiroteio, explícito ou velado, em que cada grupo, partido ou – vá lá – ideologia busca transferir culpas pela tragédia.
Enquanto isso, a boiada tenta passar. No Congresso, apesar da recente aprovação do projeto de lei que cria diretrizes para a formulação de planos de adaptação às mudanças climáticas, tramitam 25 projetos que agridem normas ambientais. Um deles regulamenta um termo autodeclaratório de que o empreendimento está de acordo com as regras exigidas, além de estipular prazos máximos para o andamento do processo de licenciamento ambiental. Se é fato que a desburocratização dos procedimentos é uma necessidade para destravar projetos econômicos, também é verdade que o projeto de lei pode criar uma espécie de “autolicenciamento” e inibir a análise de casos mais complexos. Há mais: um projeto propõe reduzir a reserva legal na Amazônia, enquanto outro elimina a proteção de campos nativos; mais um admite a exploração mineral em unidades de conservação, enquanto outro anistia desmatadores; um esvazia o poder de fiscalização do Ibama, enquanto outro flexibiliza normas de regularização fundiária.
O problema vai além da Câmara e do Senado. Vozes lulopetistas e bolsonaristas se apressaram a colocar o dedo em riste contra o governador Eduardo Leite (PSDB), acusando-o de favorecer a alteração de 450 pontos do Código Florestal gaúcho. Não faltou oportunismo na crítica, afinal decerto tais mudanças não provocaram as enchentes. Mas convém não ignorar o fato de que as alterações não apenas são questionáveis quando se pensa nos efeitos ambientais de longo prazo, como nem sequer seriam notadas não fosse a tragédia trazida pelas chuvas. Por outro lado, enquanto as gralhas bolsonaristas gritam, resta lembrar a sucessão de retrocessos promovidos pelo governo Bolsonaro – aquele que enxergava na floresta em pé um inimigo e o aquecimento do planeta um delírio esquerdista.
O desenvolvimentismo lulopetista não fica atrás. Apesar do verniz ambientalista do terceiro mandato, o presidente Lula da Silva, o PT e a esquerda jamais deram grande atenção à pauta do clima e do meio ambiente. Essa pauta foi historicamente deixada em segundo plano, ora como uma agenda restrita a “ongueiros” amazônicos e ambientalistas radicais, ora como se fosse uma preocupação típica de liberais. Nos governos petistas, houve fartos exemplos de projetos grandiosos que não levaram em conta os impactos climáticos já previstos àquele tempo – esta semana, por exemplo, uma pesquisadora lembrou o desmonte, por Dilma Rousseff, de um programa de adaptação climática, em nome do cartão postal que grandes empreendimentos desenvolvimentistas simbolizavam para sua errática gestão.
O Brasil bateu recorde de desastres naturais em 2023, resultado da conjugação de fatores climáticos, da intervenção humana e da tibieza das lideranças políticas em todos os níveis ante o problema. Diante das evidências e da tragédia gaúcha, há dois caminhos a escolher: ou segue a politização inconsequente ou opta por reconhecer que até aqui relegamos a agenda climática e ambiental ora ao descaso, ora ao negacionismo – e sempre ao segundo plano. Tratá-la com o devido peso ajudará, primeiro, a separar o que é o catastrofismo que imobiliza do que é informação capaz de mobilizar o País à ação; e, segundo, a incluir o clima na equação dos projetos de desenvolvimento econômico. Sem isso, seguiremos sacrificando o futuro em nome do presente. Fonte: https://www.estadao.com.br
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Natalia, uma chimpanzé de 21 anos, perdeu um filhote recém-nascido em fevereiro.
A chimpanzé Natalia perdeu o filhote após 14 dias do nascimento. — Foto: Reuters
Por Darío Brooks, g1
Esta é a segunda vez que a chimpanzé Natalia perde um filhote.
Ela deu à luz no início de fevereiro deste ano no Bioparc, um zoológico da cidade de Valência, na Espanha.
Tudo parecia estar indo bem — mas 14 dias após o parto, literalmente da noite para o dia, o filhote "ficou debilitado muito rápido, e morreu".
"Não sabemos a causa exata, mas parece que a mãe não estava produzindo leite suficiente", explica o diretor do Bioparc, Miguel Casares, à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC.
Desde a morte da cria, a chimpanzé de 21 anos não quis se separar do corpo do filhote. Ela o carrega consigo há mais de três meses enquanto cumpre sua rotina diária.
"Ela não solta em nenhum momento. É um comportamento já descrito, que pode acontecer ocasionalmente no caso de chimpanzés fêmeas com filhotes que morrem com apenas alguns dias
de vida, em zoológicos e na natureza", afirma Casares, que é veterinário.
Sabe-se que as mães carregam seus filhotes por até quatro meses.
"Nem sempre acontece, mas de vez em quando uma fêmea pode carregar uma cria morta por alguns dias ou, até mesmo, algumas semanas, assim como alguns meses, como neste caso", acrescenta o diretor do Bioparc.
Durante todo esse tempo, os visitantes do zoológico viram a mãe com o filhote no que é considerado um processo de luto. A cena causou reações de todos os tipos.
"Nos primeiros dias, dava para ver claramente que era um filhote, e que estava morto. Todo mundo ficava surpreso... Notamos uma reação de empatia muito, muito forte com a situação. Empatia e respeito", diz Casares.
O corpo do filhote passou por um processo natural de decomposição, e o zoológico se certificou de que isso não resultaria em problemas sanitários, para permitir à chimpanzé uma separação gradual da cria, até que se sinta preparada para tal.
Tirar o filhote da mãe não era uma opção
A chimpanzé já havia perdido um filhote em 2018 — e, naquela ocasião, desapegou dele em poucos dias.
Desta vez, foi diferente. Assim como acontece com outros primatas que vivem em ambientes naturais ou controlados, os chimpanzés do Bioparc de Valência são uma família bastante sociável e unida.
"Nos primeiros dias, eles ficaram muito próximos, se abraçavam. Foi algo bastante impressionante de ver, porque se equiparava com o que poderia acontecer com as pessoas, é uma situação muito próxima para nós", explica Casares.
Depois de um tempo, o restante dos chimpanzés — da subespécie p.t. verus, um dos mais ameaçados do mundo — continuou com sua rotina normal.
Mas Natalia optou por não soltar o corpo do filhote.
Os especialistas do zoológico avaliaram a situação, e decidiram deixar o processo continuar da melhor maneira para ela. Além disso, intervir para retirar o corpo teria implicado em um trabalho complicado — e até arriscado.
"O grupo está sempre junto. Então, se quiséssemos anestesiar a mãe para retirar o filhote, certamente teríamos que anestesiar vários membros da família", explica o diretor do Bioparc.
"E havia outra fêmea, que é irmã dela, que tinha um filhote pequeno. Esta ação colocaria o outro filhote em risco. Nunca pensamos nesta opção."
Para os especialistas, que já presenciaram situações semelhantes, era o melhor caminho a seguir.
'A morte também faz parte da vida'
Hoje a chimpanzé Natalia realiza suas atividades cotidianas com relativa normalidade. Ela não apresentou problemas de saúde, tampouco os demais chimpanzés, por ter o corpo do filhote morto junto a ela durante estes meses.
"Temos monitorado o estado de saúde dos animais adultos, e não observamos nenhum problema. Mas, claro, o filhote passou por uma fase de decomposição. É um processo natural. Mas os chimpanzés têm, felizmente, um sistema imunológico muito forte", explica Casares.
Se necessário, os especialistas do zoológico poderiam intervir, mas priorizaram que a mãe assimilasse a situação de forma natural para seu próprio bem-estar.
Casares destaca que, apesar de estarem em um ambiente controlado, os chimpanzés deste zoológico não são animais domesticados ou de estimação.
O que acontece com eles segue padrões observados em outros ambientes naturais ou controlados.
"Isso também acontece na natureza, não só com os chimpanzés, (o comportamento) também é observado em outros primatas sociáveis, grandes símios, babuínos, elefantes, animais que são sempre muito inteligentes e têm uma relação muito forte entre mãe e filhote, e comportamento familiar bastante complexo", ressalta.
"[No zoológico] não há apenas animais jovens e filhotes fofos brincando. A morte também faz parte da vida e, às vezes, os animais morrem."
Como a cena chama a atenção e pode até impressionar algumas pessoas, principalmente as crianças, membros do zoológico têm estado presentes no local para dar explicações pertinentes sobre o que aconteceu.
"A grande maioria das pessoas a quem eles explicaram (a situação), compreendeu — e demonstrou empatia e respeito por uma mãe que está em processo de luto pela perda de um filho." Fonte: https://g1.globo.com
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Governador se desculpa por falas desastradas, mas insiste em defender mudanças que afrouxaram legislação ambiental
O governador Eduardo Leite usa colete da Defesa Civil em balanço dos estragos no Rio Grande do Sul — Foto: Reprodução
A declaração causou espanto no início da semana passada. Em entrevista à rádio BandNews, o governador Eduardo Leite disse que o alto volume de doações ao Rio Grande do Sul poderia prejudicar as vendas do comércio local.
“O reerguimento desse comércio fica dificultado na medida em que você tem uma série de itens que estão vindo de outros lugares”, afirmou.
A frase repercutiu tão mal que o tucano precisou se retratar. Disse que não quis desprezar os donativos nem esnobar a ajuda ao estado.
“Meu mais sincero pedido de desculpas pela confusão que possa ter causado no entendimento de algumas pessoas”, escusou-se.
Sem tirar o colete laranja da Defesa Civil, que passou a vestir até em solenidades no palácio, Leite argumentou que “ninguém está livre de errar”. Pode ser, mas ele parece estar exagerando no marketing — e abusando da boa vontade alheia.
Na segunda-feira, o governador disse ao GLOBO que defende o debate sobre adiar as eleições municipais. Alegou que o clima de campanha poderia dificultar a recuperação dos municípios gaúchos.
Além de criar um precedente perigoso, a ideia significaria premiar maus gestores. Prefeitos que ignoraram as mudanças climáticas e não investiram em prevenção seriam beneficiados com a prorrogação dos mandatos.
Em outra entrevista, Leite admitiu à Folha de S. Paulo que recebeu alertas sobre o aumento no volume de chuvas. Em seguida, alegou que não se mexeu porque “o governo também vive outras pautas e agendas”.
Ao ser cobrado pela nova fala desastrada, o tucano engrenou um discurso contra as fake news e os “recortes para as redes sociais”. “Talvez haja culpa de não ter me expressado bem”, completou, a contragosto.
Na noite de segunda, Leite foi ao Roda Viva com uma ideia fixa: repetir que acredita na ciência e não é um negacionista. Depois de tocar seu realejo, teve que explicar as quase 500 mudanças que afrouxaram a legislação ambiental do estado.
Desta vez, o governador evitou pedir desculpas ou fazer autocrítica. Com ar impassível, não admitiu um único erro no pacote. E também não anunciou um único recuo para proteger os gaúchos de novas enchentes. Fonte: https://oglobo.globo.com
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A região com o pior índice de analfabetismo é também aquela que tem ilhas de excelência na educação, enquanto programas para jovens e adultos são incapazes de frear a disparidade
Um dos retratos mais exemplares e perversos do atraso brasileiro, o analfabetismo é daqueles temas que inspiram análises adversativas, em que uma boa notícia é invariavelmente sucedida por um porém. É esse o caso dos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na semana passada, com base no Censo 2022: naquele ano, 93% dos 163 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais estavam alfabetizados – uma taxa de analfabetismo, portanto, de 7%. Algo positivo se comparado ao índice de 2010 (10%) e notável quando se sabe que, em 1940, quando iniciada a série histórica, chegava a inacreditáveis 56%.
Há um porém nos números apresentados. Vem do Nordeste mais da metade dos 11,4 milhões de analfabetos do Brasil, uma região cuja taxa é simplesmente o dobro da média nacional. Ou seja, mais de 14% da população do Nordeste não sabe ler e escrever uma carta simples. Se é verdade que a curva dos números é descendente (19,1% em 2010; 14,2% em 2022), também é verdade que há uma insistente desigualdade no Brasil, assim como uma inconcebível lentidão na redução do analfabetismo entre nordestinos e pessoas mais velhas.
Chega a ser espantoso que, no Brasil, haja 50 municípios com índices de analfabetismo iguais ou superiores a 30%, dos quais 48 – isso mesmo: 48! – estejam no Nordeste. E o mais surpreendente: trata-se da mesma região que se notabilizou por ilhas de excelência na escola pública, atestada por sucessivos testes de avaliação de âmbito nacional e internacional.
São notórios os bons exemplos e resultados educacionais de municípios do Piauí e de Alagoas, e de Estados como Ceará e Pernambuco – além de Sobral, cidade cearense do ministro da Educação, Camilo Santana. Diferentemente do que sugere o senso comum, a educação básica pública brasileira não é exatamente uma terra arrasada. Há experiências bem-sucedidas em alguns sistemas educacionais, entre Estados e municípios País afora, marcados por ensino de qualidade, boa gestão, capacidade de formação de professores e diretores de escolas e, sobretudo, continuidade das boas políticas – condição essencial para resultados positivos de longo prazo.
De novo, porém, estamos diante de uma análise adversativa: todos os Estados nordestinos tiveram melhora significativa, muitos deles em nível mais acelerado do que outras unidades da Federação – é natural ter avanço em ritmo menor quando a curva já se encontra em patamar melhor. Nenhum desses Estados, contudo, superou a marca de 87% na taxa de alfabetizados. Tal disparidade certamente não começou ontem, e sim é fruto de um histórico de atraso e de intermitência de garantia de recursos para a educação, sobretudo a educação básica e gratuita. (Recursos só foram assegurados à educação a partir da Constituição de 1988 e, mais adiante, com a Lei de Diretrizes e Bases, de 1996.) É também um sinal de que programas voltados para a alfabetização de jovens e adultos não tiveram bons resultados em diferentes governos. Em português ainda mais claro: programas do gênero foram varridos para debaixo do tapete ao longo da história brasileira.
O fato é que sucessivos governos fecharam a torneira do analfabetismo focando na universalização do ensino dos mais jovens. Era um imperativo, mas insuficiente. A alfabetização de adultos pouco avançou no País – tanto que o índice nacional é menor entre a população de 15 a 19 anos (1,5%) e maior entre pessoas acima de 65 anos (20,3%). As faixas etárias mais altas, em síntese, não tiveram acesso à expansão educacional que aconteceu no Brasil a partir do início da década de 1990. As consequências são conhecidas, isto é, pessoas que se inserem no mercado de trabalho em profissões que exigem baixa qualidade. Com isso, a elas não é garantida a expectativa do chamado “bônus educacional” na renda ao eventualmente voltarem para a escola. No caso nordestino, não seria exagero dizer que, na prática, a redução do analfabetismo é favorecida na medida em que as pessoas analfabetas com mais idade vão morrendo.
É um dado sombrio de um país que prometeu erradicar o analfabetismo até este ano. Fonte: https://www.estadao.com.br
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Adolescente mata os pais e a irmã em SP por ficar sem computador e celular
Segundo a polícia, ele usou a arma do pai, que era guarda municipal, e ficou em casa com os corpos no final de semana
Policiais militares e agentes da GCM em rua onde os crimes aconteceram, na zona oeste de SP - Reprodução/TV Globo
SÃO PAULO
Um adolescente de 16 anos matou a tiros os pais adotivos e a irmã depois de uma discussão em família. Ele teria ficado com raiva porque os pais tiraram seu computador e celular. O crime aconteceu na Vila Jaguara, na zona oeste de São Paulo, na sexta-feira (17), mas só foi descoberto na noite de domingo (19), quando o jovem ligou para a polícia e contou o que havia acontecido.
Segundo o boletim de ocorrência, o adolescente relatou que sempre teve desentendimentos com os pais adotivos. Na quinta-feira (16), houve uma nova discussão e, de acordo com o depoimento do jovem, os pais o chamaram de vagabundo e tiraram o celular dele, o que o impediu de fazer uma apresentação da escola. Por isso, planejou as mortes.
O jovem sabia onde o pai —um guarda civil de 57 anos que trabalha no interior de São Paulo— guardava a arma. Ele a pegou e fez um teste atirando na cama dos pais, enquanto estava sozinho em casa, na sexta-feira.
Ainda de acordo com o registro policial, por volta das 13h30, o pai chegou em casa depois de buscar a filha de 16 anos na escola. O jovem, então, o baleou pelas costas na cozinha. Em seguida, foi ao andar superior da casa e atirou na irmã.
O adolescente, em seu relato à polícia, afirma que ainda voltou para a cozinha e almoçou. Na sequência, foi para a academia e retornou para casa para aguardar a chegada da mãe.
O adolescente conta que, por volta das 19h, abriu o portão para a mãe e atirou nela.
Ao longo do final de semana, o adolescente manteve a rotina, saindo para ir à academia e à padaria para comprar comida.
Na noite de domingo (19), o filho ligou para a polícia para comunicar os crimes. O adolescente afirmou que já tinha pensado em matar os pais em outras ocasiões, mas não chegou a elaborar o plano, e que teve de matar a irmã porque ela estava no local.
Segundo o boletim de ocorrência, o adolescente afirmou que não se arrependeu dos crimes.
De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), o caso foi registrado no 33º DP (Pirituba) como ato infracional de homicídio e feminicídio; ato infracional de posse ou porte ilegal de arma de fogo e ato infracional de vilipêndio a cadáver.
O adolescente foi apreendido e encaminhado para a Fundação Casa. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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PORTO ALEGRE e RIO DE JANEIRO
Dois ônibus foram incendiados em um protesto na noite deste domingo (19) em Porto Alegre, que ainda convive com impactos das enchentes que assolam o estado do Rio Grande do Sul desde o início do mês. As chamas já foram contidas e não há informações sobre vítimas.
"Informações preliminares apontam que aproximadamente 50 pessoas bloquearam a via e lançaram um artefato incendiário, possivelmente um coquetel molotov, com o intuito de inflamar dois ônibus", disse a Secretaria de Segurança Pública.
A ocorrência não tem relação com as cheias da cidade. Trata-se de uma revolta de um grupo diante da morte de Vladimir Abreu de Oliveira, morador do bairro Azenha, onde o protesto aconteceu.
Segundo uma familiar do morto, que não quis se identificar, Oliveira era usuário de drogas, mas não estava envolvido com o tráfico.
O corpo de Oliveira ficou desaparecido por 48 horas, de acordo com a família. A parente afirma que ele foi vítima de violência policial e que o cadáver foi lançado nas águas da enchente.
Procurada pela Folha para comentar as acusações, a secretaria não respondeu até a publicação da reportagem.
O protesto ocorreu na esquina das avenidas Princesa Isabel e João Pessoa, em frente a um conjunto habitacional chamado Residencial Princesa Isabel. Segundo a Rádio Gaúcha, os primeiros policiais a chegarem ao local foram atacados com pedras.
"As chamas foram contidas pelo Corpo de Bombeiros, enquanto a Brigada Militar assumiu a responsabilidade pela segurança da região", continua a nota da secretaria. "A ocorrência ainda está em andamento e a Brigada Militar está coordenando esforços para garantir a integridade e ordem no local." Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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