19º DOMINGO DO TEMPO COMUM
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Dom Carmo João Rhoden
Bispo Emérito de Taubaté (SP)
Mensagem central do Evangelho – Jesus lhes disse: “não vos inquieteis, sou Eu mesmo. Não tenhais medo” (Mt 14, 22-33).
Jesus veio para evangelizar, edificar o Reino de Deus: salvar-nos da condenação eterna. Devia, por isso, continuar a educação do povo medroso, fraco e desanimado, como aquele do Êxodo. Razão pela qual, Ele é tido como o verdadeiro Moisés, do qual o anterior foi apenas pálido representante. Por isso, formou Seu povo pela Palavra, pelo agir e orar.
É preciso, portanto, conhecer bem Jesus Cristo: Sua obra, pessoa e missão. O relato, do Evangelho de hoje, não é mera crônica. É catequese, pela qual Mateus ensina que, mesmo havendo perseguições e dificuldades é preciso manter-se firme, pois Ele (Cristo) está sempre presente. Num mundo, como o de hoje, haverá forçosamente desânimos, defecções e abandonos da verdadeira vida cristã. Somos fracos. Mas acentuo: Cristo permanece eternamente conosco. Contudo, não podemos ser ingênuos, nem também, precisamos ver sempre fantasmas…. Onde existe o pecado, há também pecadores, assim como também, santos e até mártires. O discipulado cristão nunca foi fácil. Há, por isso, também hoje, Pedros se afogando, Thomés querendo ver os sinais do crucificado, como Judas traindo, mas, graças a Deus, há também, Joãos que dirão: “Cristo não falha, Ele está, sempre conosco, crede-O e crescereis, sempre, no amor e não vereis novos fantasmas. ”
Jesus é fiel à missão, porque está em união com o Pai, A quem ouve, ama, e por isso, ora. Educa, assim, o povo a Ele confiado pelo exemplo. Pedro impelido, pelo temperamento e não pela fé, ia naufragando, mesmo sendo tido, como bom pescador…. Pede, então, socorro e é atendido. Mostra fraqueza, mas aprende com seus erros. Iluminado pelo Espírito Santo, torna-se fiel e o demonstra, por seu martírio de cruz, como o mestre. Cumpriu, o que prometera a Jesus, quando este lhe perguntou: “Tu me amas mais, do que estes? Apascenta, então, meu rebanho.” (Jo 21,15). Fez uma bela caminhada. Portanto, se o imitamos no erro, aprendamos com ele. Imitemo-lo, na busca da fidelidade, mesmo quando enfrentarmos tempestades. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Sexta-feira, 11 de agosto-2023. 18ª SEMANA DO TEMPO COMUM-A. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade para com os vosso filhos que vos imploram e se gloriam de vos ter como criador e guia, restaurando para eles a vossa criação, e conservando-a renovada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 16, 24-28)
Naquele tempo, 24Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. 25Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á. 26Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se vem a prejudicar a sua vida? Ou que dará um homem em troca de sua vida? 27Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai com seus anjos, e então recompensará a cada um segundo suas obras. 28Em verdade vos declaro: muitos destes que aqui estão não verão a morte.
3) Reflexão Mateus 16,24-28
Os cinco versículos do evangelho de hoje são a continuidade das palavras de Jesus a Pedro que meditamos ontem. Jesus não esconde nem abranda as exigências do discipulado. Não permitiu que Pedro tomasse a dianteira e o colocou no seu devido lugar: “Atrás de mim!” O evangelho de hoje explicita estas exigências para todos nós;
Mateus 16,24: Tome a sua cruz e siga-me
Jesus tira as conclusões que valem até hoje: "Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz, e me siga”. Naquele tempo, a cruz era a pena de morte que o império romano impunha aos marginais e bandidos. Tomar a cruz e carregá-la atrás de Jesus era o mesmo que aceitar ser marginalizado pelo sistema injusto que legitimava a injustiça. A Cruz não é fatalismo, nem é exigência do Pai. A Cruz é a conseqüência do compromisso livremente assumido por Jesus de revelar a Boa Nova de que Deus é Pai e que, portanto, todos e todas devem ser aceitos e tratados como irmãos e irmãs. Por causa deste anúncio revolucionário, Jesus foi perseguido e não teve medo de dar a sua vida. Prova de amor maior não há, que doar a vida pelo irmão (Jo 15,13). O testemunho de Paulo na carta aos Gálatas mostra o alcance concreto de tudo isto: “Quanto a mim, que eu não me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo”. (Gal 6,14) E ele termina aludindo às cicatrizes das torturas que sofreu: “De agora em diante ninguém mais me moleste, pois trago em meu corpo as marcas de Jesus” (Gal 6,17).
Mateus 16,25-26: Quem perde a vida por causa de mim vai encontrá-la
Estes dois versículos explicitam valores humanos universais que confirmam a experiência de muitos, cristãos e não cristãos. Salvar a vida, perder a vida, encontrar a vida. A experiência de muitos ensina o seguinte: Quem vive atrás de bens e de riqueza, nunca fica saciado. Quem se doa aos outros esquecendo-se a si mesmo, sente uma grande felicidade. É a experiência das mães que se doam, e de tanta gente que não pensa em si, mas nos outros. Muitos fazem e vivem assim quase por instinto, como algo que vem do fundo da alma. Outros fazem assim, porque tiveram uma experiência dolorosa de frustração que os levou a mudar de atitude. Jesus tem razão em dizer: Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la”. Importante é o motivo: “por causa de mim”, ou como diz em outro lugar: “por causa do Evangelho” (Mc 8,35). E ele termina: “Com efeito, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? O que um homem pode dar em troca da sua vida?” Esta última frase evoca o salmo onde se diz que ninguém é capaz de pagar o preço do resgate da vida: “O homem não pode comprar seu próprio resgate, nem pagar a Deus o preço de si mesmo. É tão caro o resgate da vida, que nunca bastará para ele viver perpetuamente, sem nunca ver a cova”. (Sl 49,8-10).
Mateus 16,27-28: O Filho do Homem retribuirá a cada uma conforme a sua conduta
Estes dois versículos se referem à esperança do povo com relação à vinda do Filho do Homem no fim dos tempos como juiz da humanidade, como é apresentado na visão do profeta Daniel (Dn 7,13-14). O primeiro versículo diz: “O Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a própria conduta” (Mt 16,27). Nesta frase se fala da justiça do Juiz. Cada um vai receber conforme a sua própria conduta. O segundo versículos diz: “Alguns daqueles que estão aqui, não morrerão sem terem visto o Filho do Homem vindo com o seu Reino”. (Mt 16,28). Esta frase é um aviso para ajudar a perceber a vinda de Jesus como Juiz nos fatos da vida. Alguns achavam que Jesus viria logo (1Ts 4,15-18). Jesus, de fato, veio e já estava presente nas pessoas, sobretudo nos pobres. Mas eles não o percebiam. Jesus mesmo tinha dito: “Aquela vez que você ajudou o pobre, o doente, o sem casa, o preso, o peregrino, era eu!” (Mt 25,34-45)
4) Para um confronto pessoal
- Quem perde a vida vai ganha-la. Qual a experiência que tenho neste ponto?
- As palavras de Paulo: “Quanto a mim, que eu não me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo”. Tenho coragem de repeti-las na minha vida?
5) Oração final
Celebrai comigo o Senhor, exaltemos juntos o seu nome. Busquei o Senhor e ele respondeu-me e de todo temor me livrou. (Sl 33), 4-5
Quinta-feira, 10- São Lourenço: O maior tesouro da Igreja são os pobres
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SÃO LOURENÇO
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
Meus queridos irmãos e irmãs em Cristo, neste dia 10 de agosto nos reunimos para celebrar a vida e o testemunho do inspirador São Lourenço, um diácono e mártir da Igreja, cuja história ecoa através dos séculos.
São Lourenço nasceu em Huesca, na Espanha, durante o século III, em tempos turbulentos de perseguição aos cristãos. Desde jovem, demonstrou uma profunda fé e um desejo ardente de servir a Deus. Assim, ele se mudou para Roma, onde foi ordenado diácono e ingressou no serviço da Igreja.
Seu carisma e dedicação logo o destacaram aos olhos do Papa Sisto II, que o nomeou o primeiro diácono de Roma, confiando-lhe a importante responsabilidade de cuidar das finanças e administrar os bens da Igreja. Entretanto, a história de São Lourenço ficou ainda mais marcada por seu coração compassivo e generoso para com os mais necessitados.
Em uma época de perseguição, o imperador Valeriano ordenou que todos os líderes cristãos fossem presos e suas propriedades confiscadas. Ao ser confrontado pelas autoridades romanas e exigirem que entregasse os tesouros da Igreja, São Lourenço fez uma ousada resposta: ele reuniu os pobres, os doentes e os necessitados e apresentou-os como o verdadeiro tesouro da Igreja. Ele declarou que a verdadeira riqueza da Igreja era o amor, a caridade e a devoção a Deus.
Essa atitude desafiadora e corajosa custou-lhe a vida. São Lourenço foi condenado à morte pelo imperador e enfrentou seu martírio com uma fé inabalável. Conta-se que, enquanto estava sendo queimado na grelha, ele permaneceu calmo e até mesmo brincou com o carrasco, dizendo: “Vire-me, estou bem assado deste lado”. Sua atitude destemida e alegre na face da morte inspirou muitos a se converterem ao cristianismo.
A vida de São Lourenço é uma lição para todos nós. Ele nos ensina que a verdadeira grandeza está em servir a Deus e ao próximo, especialmente aos mais vulneráveis. Sua caridade e dedicação aos necessitados nos mostram que a fé deve ser vivida em ação, em amor concreto e solidariedade.
Quando revisitamos a história, somos convidados a refletir sobre como podemos seguir o exemplo de São Lourenço em nossas vidas diárias. Que possamos ser pessoas generosas, dispostas a compartilhar nossos dons com os outros, e a enxergar o verdadeiro tesouro naqueles que precisam de nosso cuidado e apoio.
Que a memória de São Lourenço nos inspire a sermos autênticos cristãos, dispostos a enfrentar desafios com coragem e alegria, a viver nossa fé com generosidade e a buscar sempre o bem do próximo.
Que a intercessão de São Lourenço nos ajude a trilhar o caminho da santidade e do amor, para que, como ele, possamos testemunhar a mensagem do Evangelho em nossas vidas e fazer a diferença no mundo através do serviço ao próximo.
Que Deus nos abençoe e nos conceda a graça de seguir os passos de São Lourenço, com humildade e alegria no coração.
Saudações em Cristo! Fonte: www.cnbb.org.br
Dom Jaime Spengler: evasão de fiéis católicos preocupa a CNBB
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Possibilidade de o Brasil perder o título de país mais católico do mundo e o número de fiéis ser inferior a 50%, leva a um convite de dom Jaime: “ser sal da terra e luz do mundo”.
Filipe Brogliatto – Porto Alegre
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enfrenta um cenário desafiador para combater a evasão de fiéis e a migração de católicos para outras religiões cristãs. Ao mesmo tempo, busca promover o diálogo e propor uma mensagem que seja relevante para diferentes faixas etárias, especialmente em um contexto de desigualdades sociais no país. A metáfora de "ser sal da terra" e "luz do mundo", baseada no Evangelho de Mateus, capítulo 5, versículos 13-14, emerge como uma proposta para enfrentar esses desafios.
De acordo com o presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, a diminuição no número de católicos é uma questão que preocupa a Igreja. Em uma entrevista ao Vatican News, ele alerta sobre a possibilidade de o país perder o título de "mais católico do mundo" com a divulgação dos dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Existe ainda apreensão de que o percentual de católicos possa se tornar inferior a 50%.
"Nós precisamos levar esses números em conta", afirma Dom Jaime. "Há quem diga que, ao serem publicados os resultados do Censo, provavelmente seremos [nós católicos] menos de 50% da população. É um dado que preocupa sim", completa o presidente da CNBB.
Diante desse contexto desafiador, Dom Jaime convoca os fiéis leigos, sacerdotes e religiosos e religiosas para uma reflexão sobre como ser "sal da terra", "luz do mundo" e "fermento na massa", conforme descrito no Evangelho de Mateus. A proposta, completa o arcebispo, “é encontrar uma linguagem que seja capaz de propor a mensagem ao adolescente, ao jovem, ao adulto de hoje num contexto social marcado por desigualdades imensas, mas também por avanços tecnológicos extraordinários”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Terça-feira, 8 de agosto-2023. 18ª SEMANA DO TEMPO COMUM-A. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade para com os vosso filhos que vos imploram e se gloriam de vos ter como criador e guia, restaurando para eles a vossa criação, e conservando-a renovada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 14, 22-36)
22Logo depois, Jesus obrigou seus discípulos a entrar na barca e a passar antes dele para a outra margem, enquanto ele despedia a multidão.23Feito isso, subiu à montanha para orar na solidão. E, chegando a noite,estava lá sozinho.24Entretanto, já a boa distância da margem, a barca era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário.25Pela quarta vigília da noite, Jesus veio a eles, caminhando sobre o mar.26Quando os discípulos o perceberam caminhando sobre as águas, ficaram com medo: É um fantasma! disseram eles, soltando gritos de terror.27Mas Jesus logo lhes disse: Tranqüilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo!28Pedro tomou a palavra e falou: Senhor, se és tu, manda-me ir sobre as águas até junto de ti!29Ele disse-lhe: Vem! Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus.30Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando a afundar, gritou: Senhor, salva-me!31No mesmo instante, Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e lhe disse: Homem de pouca fé, por que duvidaste?32Apenas tinham subido para a barca, o vento cessou.33Então aqueles que estavam na barca prostraram-se diante dele e disseram: Tu és verdadeiramente o Filho de Deus.34E, tendo atravessado, chegaram a Genesaré.35As pessoas do lugar o reconheceram e mandaram anunciar por todos os arredores. Apresentaram-lhe, então, todos os doentes,36rogando-lhe que ao menos deixasse tocar na orla de sua veste. E, todos aqueles que nele tocaram, foram curados.
3) Reflexão Mateus 14,22-36
O Evangelho de hoje descreve a difícil e cansativa travessia do mar da Galiléia num barco frágil, balançado pelo vento contrário. Entre o Sermão das Parábolas (Mt 13) e o da Comunidade (Mt 18), está, novamente, a parte narrativa (Mt 14 até 17). O Sermão das Parábolas chamava nossa atenção para a presença do Reino. Agora, a parte narrativa mostra como esta presença acontece provocando reações a favor e contra Jesus. Em Nazaré ele não foi aceito (Mt 13,53-58) e o rei Herodes pensava que Jesus fosse uma espécie de reencarnarão de João Batista, por ele assassinado (Mt 14,1-12). O povo pobre, porém, reconhecia em Jesus o enviado de Deus e o seguia no deserto, onde aconteceu a multiplicação dos pães (Mt 14,13-21). Depois da multiplicação dos pães, Jesus despede a multidão e manda os discípulos fazer a travessia, descrita no evangelho de hoje (Mt 14,22-36).
Mateus 14,22-24: Iniciar a travessia a pedido de Jesus.
Jesus forçou os discípulos a entrar no barco e ir para o outro lado do mar, onde ficava a terra dos pagãos. Ele mesmo sobe a montanha para rezar. O barco simboliza a comunidade. Ela tem a missão de dirigir-se aos pagãos e de anunciar também entre eles a Boa Nova do Reino que gera um novo jeito de conviver em comunidade. Mas a travessia é cansativa e demorada. A barca é agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Apesar de terem remado a noite toda, falta muito para chegar à terra. Faltava muito para as comunidades fazerem a travessia para os pagãos. Jesus não foi com os discípulos. Eles devem aprender a enfrentar juntos as dificuldades, unidos e fortalecidos pela fé em Jesus que os enviou. O contraste é grande: Jesus em paz junto de Deus rezando no alto da montanha, e os discípulos meio perdidos lá em baixo, no mar revolto.
A travessia para o outro lado do lago simboliza também a difícil travessia das comunidades do fim do primeiro século. Elas deviam sair do mundo fechado da antiga observância da lei para o novo jeito de observar a Lei do amor, ensinado por Jesus; sair da consciência de pertencer ao povo eleito, privilegiado por Deus entre todos os povos, para a certeza de que em Cristo todos os povos estavam sendo fundidos num único Povo diante de Deus; sair do isolamento da intolerância para o mundo aberto do acolhimento e da gratuidade. Também nós hoje estamos numa travessia difícil para um novo tempo e uma nova maneira de ser igreja. Travessia difícil, mas necessária. Há momentos na vida em que o medo nos assalta. Boa vontade não falta, mas não basta. Somos como um barco que enfrenta o vento contrário.
Mateus 14,25-27: Jesus se aproxima e eles não o reconhecem.
Na quarta vigília, isto é, entre as horas três e seis da madrugada, Jesus foi ao encontro dos discípulos. Andando sobre as águas, chegou perto deles, mas eles não o reconheceram. Gritavam de medo, pensando que fosse um fantasma. Jesus os acalma dizendo: “Coragem! Sou eu! Não tenham medo!” A expressão "Sou Eu!" é a mesma com que Deus tentou superar o medo de Moisés quando o enviou para libertar o povo do Egito (Ex 3,14). Para as comunidades, tanto as de ontem como as de hoje, era e é muito importante ouvir sempre de novo: "Coragem! Sou eu! Não tenham medo!"
Mateus 14,28-31: Entusiasmo e fraqueza de Pedro .
Sabendo que é Jesus, Pedro pede para poder andar sobre as águas. Quer experimentar o poder que domina a fúria do mar. Um poder que, na Bíblia, é exclusivo de Deus (Gn 1,6; Sl 104,6-9). Jesus permite que ele participe desse poder. Mas Pedro tem medo. Pensa que vai afundar e grita: "Senhor! Salva-me!" Jesus o segura e repreende: "Homem fraco na fé! Por que duvidou?" Pedro tem mais força do que ele imagina, mas tem medo diante das ondas contrárias e não acredita no poder de Deus que existe nele. As comunidades não acreditam na força do Espírito que existe dentro delas e que atua através da fé. É a força da ressurreição (Ef 1,19-20).
Mateus 14,32-33: Jesus é o Filho de Deus
Diante da onda que avança sobre ele, Pedro afunda no mar por falta de fé. Depois que foi salvo, ele e Jesus, os dois, entram na barca e a ventania para. Os outros discípulos, que estavam na barca, ficam maravilhados e se ajoelham diante de Jesus, reconhecendo nele o Filho de Deus: "De fato, tu és o Filho de Deus". Mais tarde, Pedro também vai professar a mesma fé em Jesus: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16). Assim, Mateus sugere que não é só Pedro que sustenta a fé dos discípulos, mas também é a fé dos discípulos, que sustenta a fé de Pedro.
Mateus 14,34-36: Levaram a Jesus todos os doentes
O episódio da travessia termina com este final bonito: “Acabando de atravessar, desembarcaram em Genesaré. Os homens desse lugar, reconhecendo-os, espalharam a notícia por toda a região. Então levaram a Jesus todos os doentes, e pediram que pudessem ao menos tocar a barra da roupa dele. E todos os que tocaram, ficaram curados”.
4) Para um confronto pessoal
- Um vento contrário assim já aconteceu na sua vida? Como fez para vencer? Já aconteceu alguma vez na comunidade? Como superaram?
- Qual a travessia que hoje as comunidades estão fazendo? De onde para onde? Como tudo isto nos ajuda a reconhecer hoje a presença de Jesus nas ondas contrárias da vida?
5) Oração final
Afastai-me do caminho da mentira, e fazei-me fiel à vossa lei. Não me tireis jamais da boca a palavra da verdade, porque tenho confiança em vossos decretos. (Sl 118, 29.43)
Papa encerra jornada em Portugal com 1,5 milhão de fiéis e anuncia Seul como próxima sede.
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Diante de multidão católica em Lisboa, Francisco exorta jovens a terem coragem e volta a pedir fim da Guerra da Ucrânia
LISBOA
Último grande evento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, a missa celebrada pelo papa Francisco reuniu 1,5 milhão de pessoas na manhã deste domingo (6), de acordo com a Santa Sé.
Boa parte do público já havia participado da vigília na noite anterior, também comandada pelo pontífice, e pernoitou no local: um parque à beira do rio Tejo, com área equivalente à de 100 campos de futebol.
A celebração de despedida teve ainda o anúncio da próxima cidade a sediar a JMJ. Seul, na Coreia do Sul, receberá o evento, considerado o maior encontro internacional da Igreja Católica, em 2027.
"Desde a fronteira ocidental da Europa, [a JMJ] vai deslocar-se para o extremo Oriente, em 2027, bonito sinal da universalidade da Igreja", disse Francisco.
Segundo especialistas, a escolha da capital coreana mostra um desejo do Vaticano de se expandir de maneira mais consistente na Ásia. Será a segunda vez que o continente recebe a JMJ, que em 1995 foi realizada em Manila, nas Filipinas.
A missa final em Lisboa foi celebrada pelo papa Francisco em português, mas o discurso da homilia foi feito em espanhol. Em sua fala, o pontífice defendeu a necessidade de amar o próximo.
"Amar o próximo como é, não apenas quando está em sintonia conosco, mas também quando nos é antipático e apresenta aspectos de que não gostamos", afirmou.
Francisco também pediu várias vezes que os jovens tenham coragem diante dos desafios da vida. "A vós, jovens, que cultivais sonhos grandes mas frequentemente ofuscados pelo medo de não os ver realizados; a vós, jovens, que às vezes pensais que não ides conseguir; a vós, jovens, tentados neste tempo a desanimar, a julgar-vos inadequados ou a esconder a vossa dor disfarçando-a com um sorriso (…) Jesus diz: ‘Não tenhais medo’", afirmou.
Antes de terminar a celebração, o pontífice, que em seu primeiro dia em Portugal já havia criticado a falta de esforços da Europa para encerrar a Guerra da Ucrânia, repetiu o apelo pela paz.
"Amigos, permiti a mim, idoso, partilhar convosco, jovens, um sonho que trago cá dentro. O sonho da paz, o sonho de jovens que rezam pela paz, vivem em paz e constroem um futuro de paz." O argentino manifestou "dor e tristeza pela querida Ucrânia, que continua a sofrer".
Com dificuldades para caminhar, o papa de 86 anos usou uma cadeira de rodas nos momentos em que precisou se locomover pelo palco.
Além dos peregrinos vindos de todo o mundo –esta edição da JMJ bateu o recorde de nacionalidades, com representantes de todos os países, com exceção das Maldivas–, a missa contou ainda com um grande contingente de membros do clero: cerca de 10 mil sacerdotes, 700 bispos e 30 cardeais.
Em uma espécie de setor VIP da missa, diversos políticos de Portugal –onde 80,2% da população se declarou católica no último censo, em 2021– assistiram à celebração.
Entre os presentes estava o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, que acompanhou praticamente toda a agenda do papa no país. Católico praticante, o chefe de Estado recebeu um agradecimento de Francisco durante os momentos finais da missa.
O ato litúrgico aconteceu em um dos focos de maior polêmica da Jornada Mundial da Juventude: um altar-palco construído com recursos públicos. Em fevereiro, após a divulgação dos custos, o orçamento para a plataforma acabou reduzido de € 4,2 milhões (R$ 22,5 milhões) para € 2,9 milhões (R$ 15,5 milhões), pagos pela Câmara Municipal de Lisboa (equivalente à Prefeitura).
Há dez dias, o artista plástico português Bordalo II realizou um protesto no local, instalando uma espécie de "tapete de dinheiro", formado por reproduções de notas de € 500. Batizada de "Walk of Shame" (caminhada da vergonha, em tradução literal), a obra criticava o dinheiro público no encontro católico.
O gasto público total na JMJ ainda não foi contabilizado. O governo federal previu um investimento de € 36 milhões (R$ 187,9 milhões), enquanto a Câmara de Lisboa afirmou que gastaria no máximo outros € 35 milhões (R$ 182,7 milhões).
Quando Francisco foi ao Brasil em 2013, também para uma edição da JMJ, logo após ter sido eleito pontífice, o custo total estimado pelos organizadores à época foi entre R$ 320 milhões e R$ 350 milhões, com ao menos R$ 109 milhões em recursos públicos.
A principal justificativa para o investimento do Estado é o legado das estruturas para a cidade, além da movimentação econômica proporcionada pela enxurrada de peregrinos.
Esta edição da jornada foi também bastante marcada pela questão dos abusos sexuais. Em fevereiro, uma comissão independente que investigou os casos publicou um relatório revelando que pelo menos 4.815 menores foram vítimas de membros da Igreja Católica em Portugal desde 1950. Mais de 70% dos abusadores eram padres.
Na última terça-feira (2), Francisco se reuniu de forma reservada com 13 vítimas de abusos praticados por integrantes da igreja no país. O grupo foi acompanhado por representantes de órgãos da igreja responsáveis pela proteção dos menores.
Antes de regressar ao Vaticano no fim da tarde deste domingo, Francisco terá um encontro com os voluntários da JMJ. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Pesquisa diz que metade dos brasileiros é católico, mas é o evangélico que mais vai à igreja
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A conta é de Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva
Pesquisa diz que metade dos brasileiros é católico, mas é o evangélico que mais vai à igreja — Foto: Guito Moreto/ foto de arquivo
Por Ancelmo Gois
Pesquisa diz que metade dos brasileiros é católico, mas é o evangélico que mais vai à igreja — Foto: Guito Moreto/ foto de arquivo
Metade da população brasileira se declara católica. Mas são apenas 34% dos que frequentam templos no país. Já os evangélicos são 31% da população, mas 59% dos que vão às igrejas. A conta é de Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva. Fonte: https://oglobo.globo.com
A violência virou algo corriqueiro?
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Preocupa-me a violência desencadeada no cotidiano e que nos ameaça ao se multiplicar a cada dia
Jornalista, escritor (Prêmio Jabuti 2000 e 2005; Prêmio APCA 2004) e professor aposentado da
A violência apoderou-se do nosso dia a dia. Já evitamos sair de casa e caminhar pelas calçadas. Passamos a sair em automóvel, mas até isso se transformou em perigo, já que podem roubar o carro a mão armada.
Chegamos até ao disparate de, no íntimo, agradecer ao ladrão por não disparar e, assim, deixar-nos com vida.
A violência em si tem origens remotas. Inicia-se na Bíblia, ao contar que Caim matou o irmão, Abel. Ao longo dos séculos, a violência se multiplicou nas guerras. Hoje, a invasão da Ucrânia pela Rússia é uma extensão, no século 21, do horror das duas guerras mundiais do século passado.
Preocupa-me, porém, a violência desencadeada no cotidiano e que nos ameaça ao se multiplicar a cada dia. Dias atrás, este jornal descreveu o aberrante quadro da violência no Brasil. Começava em São Paulo, percorria o País e concluía na Bahia, onde a pequena cidade de Jequié tem a maior taxa de violência do Brasil.
Em São Paulo, pode-se dizer que a polícia mata a esmo. No primeiro semestre de 2023 houve 221 mortos. A maioria dos policiais militares tem câmera nos uniformes, mas a violência continua.
Não há pena de morte no Brasil. Nenhum juiz pode condenar à morte sequer o maior facínora com provas materiais da ferocidade dos assassinatos. A polícia, porém, segue matando, como se fosse um direito assegurado em lei ou ditado pela Constituição e cumprido com rigor. Em São Paulo, o comando da Polícia Militar chegou a sugerir que a tropa “não hesite” em defender-se, algo que libera todas as formas de disparar.
Após isso, como se o horror, a ferocidade e a sanha se unissem, houve a chacina de Guarujá, onde a Rota matou 14 pessoas em represália à morte de um soldado. Mais estranho ainda foi a declaração do governador paulista ao justificar a matança.
As chamadas “balas perdidas” (quase sempre originadas na polícia) completam o quadro do terror vindo de todos os lados, especialmente no Rio de Janeiro. Não descreverei, aqui, o quadro das matanças nas favelas cariocas, pois basta lembrá-las para situar o horror.
Os estupros se multiplicam a cada dia e chegaram, em 2022, a oito por hora no País, cerca de 75 mil casos, cifra que atormenta por si só. A maioria das vítimas é de meninas com menos de 14 anos, ainda na infância, muitas delas transformadas em mães precoces. Dir-se-á que tudo se deve ao machismo ainda imperante, o que é só uma forma de simplificar o problema.
Lembro-me de quando, anos atrás, o ex-prefeito e ex-governador de São Paulo Paulo Maluf, ao referir-se ao aumento dos crimes passionais seguidos de morte, fez um apelo aos criminosos: “Estupra, mas não mata”.
Tudo parece inverossímil, mesmo sendo realidade, e me pergunto até que ponto os videogames (que dizemos assim, em inglês, numa violência contra nosso idioma) influenciam esta matança generalizada dos tempos atuais. Até que ponto o mata-mata dos vídeo-jogos acostuma, desde tenra idade, a interpretar o matar como normalidade? Ou naquele brinquedo o vencedor não é o que mata mais?
O narcotráfico surge como perigo maior. Pelo alto preço, a cocaína continua restrita às classes altas. O crack surgiu nos últimos 30 anos, como droga perversa. A mostra paulistana é a cracolândia, uma espécie de território livre em que convivem a miséria, o marginalismo e o crime, cada qual mantendo e multiplicando o outro.
A violência da fraude tornou-se habitual até no comércio, crescendo assustadoramente com os golpes virtuais. A telefonia celular é a grande marca da modernidade, mas hoje é usada também como instrumento do crime. Agora nos chamam de um suposto banco para nos oferecer um empréstimo inexistente. Os cartões que facilitaram as transações bancárias são clonados para servir às mais diversas fraudes.
A maioria dos golpes se origina de celulares roubados quase sempre na rua, como o roubo da bolsa das mulheres. O estelionato torna a violência uma forma sofisticada (e mais criminosa) de roubar. Ali, a violência inteligente se serve da boa-fé da vítima.
As redes sociais propagam a mentira com invencionices absurdas, corrompendo os jovens desde quando alfabetizados.
Não comento sequer a corrupção no setor público, que a Operação Lava Jato escancarou ao mostrar o conluio milionário entre políticos e empresários. Tudo se fez público, mas já nos esquecemos. A corrupção fez a Petrobras, maior empresa da América Latina, ter prejuízos bilionários, mas também nos esquecemos.
Os homicídios diminuíram nos últimos anos, segundo as estatísticas. Mas ainda seguem altos: 130 por dia no Brasil.
A violência das violências, porém, continua a ser nosso descaso com o meio ambiente e a crise climática. Mas seguimos insensíveis poluindo a vida com combustíveis fósseis e carros a gasolina ou diesel, sem maiores iniciativas de veículos elétricos.
Em suma, concluo que a violência tende a tornar-se algo corriqueiro.
*JORNALISTA E ESCRITOR, PRÊMIO JABUTI DE LITERATURA 2000 E 2005, PRÊMIO APCA 2004, É PROFESSOR APOSENTADO DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. Fonte: https://www.estadao.com.br
Padre Lício: O suicídio de padres no Brasil
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O suicídio é um fenômeno complexo e multifatorial. No caso dos padres, vários estudos apontam que os principais fatores de risco são o estresse, a solidão e a cobrança excessiva.
Padre Lício de Araújo Vale – Diocese de São Miguel Paulista
Mesmo a fé sendo uma aliada essencial para dar sentido à vida, e os padres, importantes alicerces para a vivência da fé, algo tem acontecido que extrapola a força da crença e da vocação. Tenho feito o registro do suicídio notificado de padres no Brasil. A minha pesquisa começa com a morte do Pe. Bonifácio Buzzi, aos 57 anos, em Três Corações-MG, em 07 de agosto de 2016 e termina com a morte do Pe. Mário Castro, aos 55 anos, na Diocese de Roraima, em 19/06/2023. De agosto de 2016 a junho de 2023, 40 padres se mataram no Brasil.
O suicídio é um fenômeno complexo e multifatorial. No caso dos padres, vários estudos apontam que os principais fatores de risco são o estresse, a solidão e a cobrança excessiva. O Papa Francisco acrescenta a questão do clericalismo: “O clericalismo é uma peste na Igreja", afirmou ele em entrevista no voo de volta de Fátima, em 14/05/2017.
Nos dias de hoje, tanto a Igreja quanto os próprios sacerdotes enfrentam o desafio de atuar numa sociedade cada vez mais individualista, secularizada e espetacularizada, que apresenta grandes exigências causadas pelas mudanças sociais e pela pluralidade de valores. A evolução experimentada pela sociedade pós-moderna deixou sua marca na vida da Igreja, provocando uma mudança na imagem que as pessoas têm dela e, por conseguinte, de seus sacerdotes.
Diversas contingências incidem na realidade do sacerdote hoje. Neste artigo, convido vocês para de refletirem apenas sobre uma delas: o dilema entre a imagem teológica e a sociológica do presbítero.
Em muitos casos, a imagem teológica do sacerdote se contrapõe à imagem sociológica que lhe é atribuída na sociedade dita pós-moderna. A imagem teológica é aquela que o sacerdote projeta quando celebra os sacramentos, os sacramentais e quando se relaciona com seus colaboradores mais próximos. Por outro lado, a imagem sociológica é aquela que o presbítero recebe da sociedade, muitas vezes diferente daquela que ele tem de si próprio, o que pode causar estresse, solidão e abatimento. A contradição entre essas duas imagens pode levar o sacerdote a subvalorizar a imagem teológica, ou então enclausurar-se nela. Dessa forma, pode mover-se numa ambivalência que lhe facilite passar de uma imagem a outra. Mais ainda, a supervalorização da imagem teológica pode levá-lo a subestimar a imagem sociológica e cultivar o desejo de ocupar um posto na sociedade, ao passo que a infravalorização dessa imagem teológica pode levar a questioná-la e vê-la como um produto de uma teologia exagerada.
Portanto, o desafio dos sacerdotes neste aspecto resume-se a não fugir da realidade, refugiando-se na imagem teológica do presbítero, mas tampouco ignorar a imagem sociológica que se tem deles na sociedade atual. Mais ainda, devem viver coerentemente a dimensão teológica do sacerdócio, tão questionada a partir da realidade social em todos os seus aspectos. É o caso de um sacerdote recém-ordenado que fica deslumbrado com sua imagem teológica, motivo pelo qual nela se refugia e se identifica somente como sacerdote, porém começa a se distanciar de sua humanidade, de seu "ser pessoa" com qualidades e defeitos. Gostaria de lembrar aqui que no caso da vocação sacerdotal o Senhor chama "pessoas". Para "ser padre", é preciso "ser" primeiro.
Assim, evadir-se de sua verdadeira realidade pode resultar em uma personalidade fragmentada, inclusive com o aparecimento de transtornos psíquicos. O século XXI vem se caracterizando pela marcação de um ritmo diferente, no qual reinam o individualismo, a urbanização, a inteligência artificial, o metaverso, ou seja, uma outra realidade. Ser sacerdote no século XXI implica uma descoberta nova para a Igreja, porque os paradigmas anteriores e a experiência dos sacerdotes predecessores não respondem a todas as interrogações que os ministros ordenados atualmente enfrentam. Adaptar-se ao tempo presente mediante serviço fiel e efetivo ao chamado do Evangelho requer olhos e ouvidos atentos aos sinais dos tempos, habilidade para atender aos corações sedentos nesta mudança de época e cuidar de si.
Por fim, é relevante reconhecer a importância e urgência de uma melhor formação inicial nos seminários e noviciados (trabalhando mais efetivamente a dimensão humano-afetiva), a criação de estratégias pastorais mais apropriadas não só para a formação permanente, mas também para o cuidado dos próprios sacerdotes, como também enfrentar o medo e o preconceito em relação à saúde mental dos presbíteros. Fonte: https://www.vaticannews.va
Sexta-feira, 4 de agosto-2023. 17ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, sois o amparo dos que em vós esperam e, sem vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo: redobrai de amor para convosco, para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 13,54-58)
54Foi para a sua cidade e ensinava na sinagoga, de modo que todos diziam admirados: Donde lhe vem esta sabedoria e esta força miraculosa? 55Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? 56E suas irmãs, não vivem todas entre nós? Donde lhe vem, pois, tudo isso? 57E não sabiam o que dizer dele. Disse-lhes, porém, Jesus: É só em sua pátria e em sua família que um profeta é menosprezado. 58E, por causa da falta de confiança deles, operou ali poucos milagres.
3) Reflexão
O evangelho de hoje conta como foi a visita de Jesus à Nazaré, sua comunidade de origem. A passagem por Nazaré foi dolorosa para Jesus. O que antes era a sua comunidade, agora já não é mais. Alguma coisa mudou. Onde não há fé, Jesus não pode fazer milagre.
Mateus 13, 53-57ª: Reação do povo de Nazaré frente a Jesus.
É sempre bom voltar para a terra da gente. Após longa ausência, Jesus também voltou e, como de costume, no dia de sábado, foi para a reunião da comunidade. Jesus não era coordenador, mesmo assim ele tomou a palavra. Sinal de que as pessoas podiam participar e expressar sua opinião. O povo ficou admirado, não entendeu a atitude de Jesus: "De onde lhe vêm essa sabedoria e esses milagres?” Jesus, filho do lugar, que eles conheciam desde criança, como é que ele agora ficou tão diferente? O povo de Nazaré ficou escandalizado e não o aceitou: “Não é ele o filho do carpinteiro?” O povo não aceitou o mistério de Deus presente num homem comum como eles conheciam Jesus. Para poder falar de Deus ele teria de ser diferente. Como se vê, nem tudo foi bem sucedido. As pessoas que deveriam ser as primeiras a aceitar a Boa Nova, estas eram as que se recusavam a aceitá-la. O conflito não é só com os de fora de casa, mas também com os parentes e com o povo de Nazaré. Eles recusam, porque não conseguem entender o mistério que envolve a pessoa de Jesus: “Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs, não moram aqui conosco? Então, de onde vem tudo isso?" Não deram conta de crer.
Mateus 13, 57b-58: Reação de Jesus diante da atitude do povo de Nazaré.
Jesus sabe muito bem que “santo de casa não faz milagre”. Ele diz: "Um profeta só não é honrado em sua própria pátria e em sua família". De fato, onde não existe aceitação nem fé, a gente não pode fazer nada. O preconceito o impede. Jesus, mesmo querendo, não pôde fazer nada. Ele ficou admirado da falta de fé deles.
Os irmãos e as irmãs de Jesus.
A expressão “irmãos de Jesus” é causa de muita polêmica entre católicos e protestantes. Baseando-se neste e em outros textos, os protestantes dizem que Jesus teve mais irmãos e irmãs e que Maria teve mais filhos! Os católicos dizem que Maria não teve outros filhos. O que pensar disso? Em primeiro lugar, as duas posições, tanto dos católicos como dos protestantes, ambas têm argumentos tirados da Bíblia e da Tradição das suas respectivas Igrejas. Por isso, não convém brigar nem discutir esta questão com argumentos só de cabeça. Pois trata-se de convicções profundas, que têm a ver com a fé e com o sentimento de ambos. Argumento só de cabeça não consegue desfazer uma convicção do coração! Apenas irrita e afasta! Mesmo quando não concordo com a opinião do outro, devo sempre respeitá-la. Em segundo lugar, em vez de brigar em torno de textos, nós todos, católicos e protestantes, deveríamos unir-nos bem mais para lutar em defesa da vida, criada por Deus, vida tão desfigurada pela pobreza, pela injustiça, pela falta de fé. Deveríamos lembrar algumas outras frases de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância”(Jo 10,10). “Que todos sejam um, para que o mundo creia que Tu, Pai, me enviaste”(Jo 17,21). “Não o impeçam! Quem não é contra nós é a favor”(Mc 10,39.40).
4) Para um confronto pessoal
- Em Jesus algo mudou no seu relacionamento com a Comunidade de Nazaré. Desde que você começou a participar na comunidade, alguma coisa mudou no seu relacionamento com a família? Por que?
- A participação na comunidade tem ajudado você a acolher e a confiar mais nas pessoas, sobretudo nos mais simples e pobres?
5) Oração final
Eu, porém, miserável e sofredor, seja protegido, ó Deus, pelo vosso auxílio. Cantarei um cântico de louvor ao nome do Senhor, e o glorificarei com um hino de gratidão. (Sl 68, 30-31)
Cardeal Tolentino a influenciadores: anunciem Cristo aos "próximos digitais"
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Depois do encontro do Papa com os universitários, a Universidade Católica Portuguesa acolheu o primeiro evento para os jovens que levam a mensagem de Cristo nas redes sociais e on-line, promovido pelo Dicastério para a Comunicação. O cardeal prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, que presidiu à Missa: “Agora cabe a vocês: vivam como cristãos o novo Areópago”
Alessandro Di Bussolo e Francesca Merlo - Lisboa
Hoje a Igreja “precisa de vocês, queridos influenciadores digitais, para ser o fermento da esperança nestes novos espaços de construção social que são as redes sociais e as redes digitais”. Porque a questão “já não é se vamos ou não interagir com a cultura digital”, este é já um fato irreversível, mas a reflexão que nos é colocada “é saber como fazê-lo”.
Com estas palavras o cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, envolveu centenas de jovens influenciadores digitais na missão “de traduzir culturalmente a mensagem de Jesus” no mundo digital de hoje. Fê-lo na Universidade Católica Portuguesa de Lisboa, na homilia da Missa celebrada após o encontro do Papa Francisco com jovens universitários, promovido pelo Dicastério para a Comunicação.
JMJ, oportunidade para conhecer o “próximo digital”
Momentos da Jornada Mundial da Juventude número 37, a decorrer na capital portuguesa até 6 de agosto, um grande evento, para o cardeal Tolentino, para poder aprender a reconhecer o nosso “próximo digital”, porque coloca em contato centenas de milhares de jovens face a face, "para mostrar ao mundo que a guerra, a ditadura da indiferença e da desigualdade entre os seres humanos não são uma eventualidade inevitável". Os jovens podem assim realizar o sonho do Papa Francisco quando fala da necessidade de construir uma “cultura do encontro” e “nos desafia a ser protagonistas juntos do sonho missionário de chegar a todos”.
Fantasia para anunciar a fé fora das portas
Caros influenciadores digitais, continuou o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, “agora é com vocês. Cabe a vocês enamorar-se de Cristo, fazer dele o centro de sua história pessoal”.
“O cristianismo tem necessidade de testemunhas que digam precisamente isso – explicou – que o expressem com credibilidade antes de tudo com a própria vida”. Segundo o cardeal português, o cristianismo contemporâneo precisa da “credibilidade existencial por parte dos cristãos. Mas também precisa de uma credibilidade cultural”. Porque o pior que nos pode acontecer "é falarmos a nós mesmos, reduzir a experiência da fé a uma conversa clandestina ou ao círculo dos já convencidos, agarrando-nos a uma linguagem que os homens e as mulheres de hoje não compreendem. Jesus é uma boa notícia. A missão de hoje pede a vocês habitar o novo Areópago. Pede fantasia e coragem para anunciar a fé fora das portas, em contextos heterogêneos, onde a presença tradicional dos religiosos não chega, ou chega de forma transformada e rarefeita”.
“Façam ouvir que vocês são a Igreja”
E por fim, o cardeal Tolentino de Mendonça recordou aos jovens influenciadores que “a Igreja é um trabalho de equipe”: por vezes vemos “que as redes sociais funcionam como uma bolha, onde a polarização e a rejeição facilmente se normalizam”. Assim triunfa “a lógica do espelho e uma certa tribalização do discurso, muito diferente da missão sinodal que Jesus nos confia. Ele nos exorta a caminhar em direção aos outros”. Façam ouvir, foi o seu apelo final ,“vossa capacidade de sonhar, vosso desejo no coração da Igreja. Façam ouvir que vocês são a Igreja. Encham-se de sua juventude, da sua alegria. Ajam como corresponsáveis por ela e sua missão".
Ruiz: "Influenciadores da ternura e da misericórdia de Deus"
No final da homilia, os jovens aproximaram-se de um grande crucifixo, pintado com as cores da JMJ, para afixarem nele, cada um, um post-it que lhes foi previamente entregue. Assim, cada jovem ofereceu ao Senhor seu nome de usuário nas redes sociais, escrito cuidadosamente no post-it ao chegar.
Posteriormente, monsenhor Lucio Ruiz, secretário do Dicastério para a Comunicação, pedindo a bênção do cardeal celebrante sobre os jovens influenciadores, os definiu como “influenciadores da ternura e da misericórdia de Deus” como Maria.
Há um ano - explicou Ruiz - o projeto "A Igreja te escuta", que acompanha o Sínodo da Igreja, definido como "Sínodo Digital", descobriu este rio de graça, amor e missão, colocando-os juntos, fazendo sentir neles o carinho da Igreja, que vê e valoriza a missão e os estimula a ser uma “Igreja em saída” e a ir “até os confins existenciais”.
Ruffini: somos todos missionários digitais
Antes da celebração, neste primeiro encontro (sexta-feira à noite, 4 de agosto, o segundo, depois da Via Sacra da JMJ), as palavras de boas-vindas do prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, e do secretário Ruiz, que deram a todos os participantes uma pequena cruz de madeira e um ícone abençoado pelo Papa Francisco.
Ruffini agradeceu a todos os jovens influenciadores “por terem acompanhado com suas reflexões pastorais a nossa reflexão pastoral sobre a presença cristã nas redes sociais". Se o digital é o nosso tempo, explicou, “somos todos missionários digitais. Devemos estar todos plenamente presentes." Os jovens como nativos digitais, e "quem, como eu, vem de outra época", como migrantes digitais.
Uma rede que liberta e não captura
Juntos para "fazer rede entre nós". O Dicastérioprocurou propor isso com o documento “Rumo à presença plena”. Agora é a hora de passar das palavras à ação. “Construir nas redes sociais uma comunicação verdadeiramente diferenciada. Capaz de criar comunhão”.
Segundo o prefeito do Dicastério para a Comunicação, deve ser criada “uma rede de testemunhas conscientes da diferença entre o Espírito que nos une e os algoritmos que são incapazes de perceber o amor em que tudo existe”. Testemunhas capazes de “se doar aos outros, sem fingir ser alguém. Só assim nossa rede será diferente. Uma rede de liberdade que te liberta, não te prende. Uma rede animada - como nos disse ontem o Papa - por uma "boa inquietação".
Tagle: "Só Jesus nos tornará verdadeiros influenciadores"
Entre os concelebrantes também o cardeal Luis Antonio Tagle, pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, que fez votos que os influenciadores digitais encontrem "uma maneira de entender e praticar a influência com base no Evangelho ou, melhor ainda, aprender com Jesus como influenciar os outros”. E os convidou a guiar seus bispos, sacerdotes, religiosos e coetâneos “neste território como terreno fértil para o ministério e a missão”: lembrando que “todo influenciador que quer ser evangelizador deve ser influenciado por Jesus e seu Evangelho. Só Jesus fará de nós verdadeiros influenciadores. O mundo já tem muitos falsos influenciadores para falsos propósitos.” Fonte: https://www.vaticannews.va
Angola contraria questão de angolanos desaparecidos em Portugal
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O Porta-voz da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) contraria números avançados em Portugal sobre desaparecimento de jovens da delegação angolana à Jornada Mundial da Juventude, Lisboa 2023.
Anastácio Sasembele - Luanda
O Porta-voz da CEAST e Chefe da delegação angolana à Jornada Mundial da Juventude, Lisboa 2023, contraria a versão apresentada por alguns órgãos de comunicação em Portugal, que falam em 106 peregrinos angolanos e cabo-verdianos dados como desaparecidos pela organização do evento.
- Belmiro Tchissengueti fala em apenas seis jovens que abandonaram a delegação angolana, além de outras duas pessoas que segundo ele, não integravam a comitiva saída de Angola para as jornadas.
Recordamos que a coordenação da delegação angolana tinha admitido o “risco de fuga” de alguns dos 1.500 jovens residentes em Angola e na diáspora inscritos para participar no evento religioso, em Lisboa.
Numa conferência de imprensa realizada pela coordenação da delegação antes da partida para Portugal D. Belmiro apelou os jovens a evitarem tal comportamento.
E o repórter da Emissora Católica de Angola Guilherme da Paixão que esta em Portugal, numa gentileza a Vatican News, ouviu as expectativas de alguns peregrinos que integram a delegação angolana composta por mais de mil e quinhentas pessoas ávidas para o encontro com o Papa Francisco. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa, recebido em Lisboa como pop star, alerta sobre 'ilusões do mundo virtual'
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Francisco critica uso de redes sociais em seu primeiro grande evento na Jornada Mundial da Juventude
LISBOA
Em seu primeiro grande evento na Jornada Mundial da Juventude, nesta quinta (3), o papa Francisco criticou as redes sociais e alertou para os perigos de quem valoriza excessivamente o mundo digital.
O pontífice pediu aos fiéis que acompanhavam a missa atenção para não se deixarem enganar por "ilusões do mundo virtual". "Muitas realidades que nos atraem e nos prometem felicidade mostram-se depois pelo que são: coisas vãs, supérfluas, substitutos que deixam um vazio interior", disse o argentino, que destacou ainda a existência de "lobos que se escondem por trás de sorrisos de falsa bondade".
O que o pontífice não citou é que a Jornada Mundial da Juventude promove, na sexta (4), a primeira edição do Festival de Influenciadores Católicos, para promover criadores de conteúdo cristãos de vários países.
Em espanhol e com uma linguagem mais informal direcionada aos jovens, o papa disse ainda que "há espaço para todos na igreja". A fala sobre a importância do acolhimento acontece em um momento em que as tensões entre as alas conservadores e progressistas da Igreja Católica seguem em ebulição.
Nesta quinta, em Lisboa, uma missa organizada por um grupo de católicos LGBTQIA+ no âmbito da JMJ foi alvo de protestos. Cerca de dez pessoas interromperam o culto, e a polícia foi chamada para intervir.
Já a cerimônia com Francisco aconteceu sem sobressaltos. Cerca de 500 mil pessoas, segundo a Santa Sé, lotaram o palco do evento, instalado numa colina no coração da capital portuguesa. Espalhada pelo gramado, a multidão recebeu o pontífice com aplausos e coro de "papa Francisco", bem no estilo pop star.
Muitos peregrinos não escondiam a emoção de estar na presença do papa, e vários fiéis acompanharam os deslocamentos do pontífice pela cidade. Pela manhã, Francisco visitou a Universidade Católica e realizou reuniões com estudantes, refugiados e religiosos. O dia anterior, o primeiro do papa em Portugal, foi preenchido por agendas com políticos e membros do clero, além de um aguardado encontro com vítimas de casos de abuso sexual perpetrados por membros da Igreja Católica em Portugal desde 1950. Em um encontro que ficou de fora do programa oficial da visita ao país, ele se reuniu reservadamente com 13 vítimas, além de representantes do clero e membros da sociedade civil que lidam com o tema.
Antes, Francisco havia feito um reconhecimento indireto da situação. Ao comandar uma celebração dirigida a membros do clero no mosteiro dos Jerônimos, falou que a igreja precisava de "uma purificação".
A fala se deu enquanto o papa comentava "a desilusão e a aversão" que muitas pessoas nutrem pela Igreja Católica em razão de "escândalos que desfiguraram o seu rosto", uma referência às denúncias de escândalos encobertos pelo Vaticano que vieram à tona nos últimos tempos.
A questão dos abusos contra menores de idade tem sido um dos grandes temas em Portugal, após uma investigação conduzida por uma comissão independente identificar que pelo menos 4.815 crianças e adolescentes foram vítimas de membros da instituição no país desde 1950. Mais de 70% dos abusadores eram padres.
Como forma de chamar a atenção para as vítimas, um grupo de portugueses arrecadou fundos por meio de uma vaquinha online para instalar três outdoors com referências aos escândalos. Uma das placas, no entanto, acabou removida pela Câmara Municipal de Oeiras, equivalente à prefeitura local, poucas horas após ser revelada. As autoridades municipais alegam que se trata de uma publicidade ilegal.
O papa Francisco segue com agenda intensa em Portugal nos próximos dias. Na sexta (4), participará da confissão de alguns peregrinos e comandará uma espécie de Via Sacra com os participantes da jornada.
No sábado, o pontífice faz uma breve viagem ao santuário de Fátima pela manhã, mas regressa a Lisboa durante a tarde, a tempo de rezar o terço com jovens doentes e comandar o início da vigília. Ele volta ao Vaticano no domingo, depois de celebrar uma missa e participar da cerimônia de encerramento, na qual será anunciada a próxima cidade a sediar a jornada da juventude. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Descanse em paz, Otávio Lunardi- Seminarista da Diocese de Uruguaiana/RS
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Cerimônia de despedida será realizada na Capela Santo Antônio da Perseverança, a partir das 00h30min desta quinta-feira.
Sepultamento ocorrerá amanhã quinta-feira (03), às 15h no Cemitério do Toroquá.
Nos solidarizamos com toda família, juntamente com a comunidade de São Francisco de Assis, enlutada com sua perda tão repentina e trágica. Fonte: BlogNossaGenteAssisense
(Morte por suicídio).
Mensagens dos internautas...
A partir do ano de 2018, as dioceses de Santa Maria, Cachoeira do Sul, Santa Cruz do Sul, Cruz Alta, Santo Ângelo e Uruguaiana, pertencentes à província eclesiástica de Santa Maria no Rio Grande do Sul decidiram agrupar o período de seminário propedêutico num só lugar, e desde então a formação ocorre no seminário São João Batista em Santa Cruz do Sul, a partir deste ano de 2023, também a etapa da filosofia e da teologia assumiu um projeto comum, em duas casas em Santa Maria. Todo o projeto formativo é pensado pelas seis dioceses juntas e os reitores nomeados pelos bispos.
No dia 02 de agosto de 2023 tivemos a triste notícia que mais um jovem se suicidou no interior do Rio Grande do Sul, desta vez um ex-seminarista...
... Uma pessoa não decide tirar sua vida de uma hora para outra, alguém que toma uma atitude dessas é porque já estava mal a algum tempo, já sofria de problemas, já era fragilizado. E vendo alguém fraco assim, o que o reitor e os formadores fazem? Auxiliam? Ajudam? Orientam? Falo por experiência própria que não, o que os padres responsáveis pela formação fazem é julgar que os problemas dos seminaristas são por excesso de radicalismo e conservadorismo.
Quinta-feira, 3 de agosto-2023. 17ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, sois o amparo dos que em vós esperam e, sem vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo: redobrai de amor para convosco, para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 13,47-53)
Naquele tempo, disse Jesus a multidão: 47O Reino dos céus é semelhante ainda a uma rede que, jogada ao mar, recolhe peixes de toda espécie.48Quando está repleta, os pescadores puxam-na para a praia, sentam-se e separam nos cestos o que é bom e jogam fora o que não presta.49Assim será no fim do mundo: os anjos virão separar os maus do meio dos justos50e os arrojarão na fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes.51Compreendestes tudo isto? Sim, Senhor, responderam eles.52Por isso, todo escriba instruído nas coisas do Reino dos céus é comparado a um pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas.53Após ter exposto as parábolas, Jesus partiu.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz a última parábola do Sermão das Parábolas: a história da rede lançada ao mar. Esta parábola encontra-se só no evangelho de Mateus, sem nenhum paralelo nos outros três evangelhos.
Mateus 13,47-48: A parábola da rede lançada ao mar
"O Reino do Céu é ainda como uma rede lançada ao mar. Ela apanha peixes de todo o tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e escolhem: os peixes bons vão para os cestos, os que não prestam são jogados fora”. A história contada é bem conhecida do povo da Galiléia que vive ao redor do lago. É o trabalho deles. A história reflete o fim de um dia de trabalho. Os pescadores saem para o mar com esta única finalidade: jogar a rede, apanhar muito peixe, puxar a rede cheia para a praia, escolher os peixes bons para levar para casa e jogar fora os que não servem. Descreve a satisfação do pescador no fim de um dia de trabalho pesado e cansativo. Esta história deve ter provocado um sorriso de satisfação no rosto dos pescadores que escutavam Jesus. O pior é chegar na praia no fim do dia sem ter pescado nada (Jo 21,3).
Mateus 13,49-50: A aplicação da parábola
Jesus aplica a parábola, ou melhor dá uma sugestão para as pessoas poderem discutir a parábola e aplicá-la em suas vidas. “Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são bons. E lançarão os maus na fornalha de fogo. Aí eles vão chorar e ranger os dentes." Como entender esta fornalha de fogo? São imagens fortes para descrever o destino daqueles que se separam de Deus ou não querem saber de Deus. Toda cidade tem um lixão, um lugar onde joga os detritos e o lixo. Lá existe um fogo de monturo permanente que é alimentado diariamente pelo lixo novo que nele vai sendo despejado. O lixão de Jerusalém ficava num vale perto da cidade que se chamava geena, onde, na época dos reis havia até uma fornalha para sacrificar os filhos ao falso deus Molok. Por isso, a fornalha da geena tornou-se símbolo de exclusão e de condenação. Não é Deus que exclui. Deus não quer a exclusão nem a condenação, mas que todos tenham vida e vida em abundância. Cada um de nós se exclui a si mesmo
Mateus 13,51-53: O encerramento do Sermão das Parábola
No final do Sermão das parábolas Jesus encerra com a seguinte pergunta: "Vocês compreenderam tudo isso?" Ele responderam “Sim!” E Jesus termina a explicação com uma outra comparação que descreve o resultado que ele quer obter com as parábolas: "E assim, todo doutor da Lei que se torna discípulo do Reino do Céu é como pai de família que tira do seu baú coisas novas e velhas". Dois pontos para esclarecer:
(1) Jesus compara o doutor da lei com o pai de família. O que faz o pai de família? Ele “tira do seu baú coisas novas e velhas". A educação em casa se faz transmitindo aos filhos e às filhas o que eles, os pais, receberam e aprenderam ao longo dos anos. É o tesouro da sabedoria familiar onde estão encerradas a riqueza da fé, os costumes da vida e tanta outra coisa que os filhos vão aprendendo. Ora, Jesus quer que, na comunidade, as pessoas responsáveis pela transmissão da fé sejam como o pai de família. Assim como os pais entendem da vida em família, assim, estas pessoas responsáveis pelo ensino devem entender as coisas do Reino e transmiti-la aos irmãos e irmãs da comunidade.
(2) Trata-se de um doutor da Lei que se torna discípulo do Reino. Havia portanto doutores da lei que aceitavam Jesus como revelador do Reino. O que acontece com um doutor na hora em que descobre em Jesus o Messias, o filho de Deus? Tudo aquilo que ele estudou para poder ser doutor da lei continua válido, mas recebe uma dimensão mais profunda e uma finalidade mais ampla. Uma comparação para esclarecer o que acabamos de dizer. Numa roda de amigos alguém mostrou uma fotografia, onde se via um homem de rosto severo, com o dedo levantado, quase agredindo o público. Todos ficaram com a idéia de se tratar de uma pessoa inflexível, exigente, que não permitia intimidade. Nesse momento, chegou um jovem, viu a fotografia e exclamou: "É meu pai!" Os outros olharam para ele e, apontando a fotografia, comentaram: "Pai severo, hein!" Ele respondeu: "Não é não! Ele é muito carinhoso. Meu pai é advogado. Aquela fotografia foi tirada no tribunal, na hora em que ele denunciava o crime de um latifundiário que queria despejar uma família pobre que estava morando num terreno baldio da prefeitura há vários anos! Meu pai ganhou a causa. Os pobres não foram despejados!” Todos olharam de novo e disseram: "Que pessoa simpática!” Como por um milagre, a fotografia se iluminou por dentro e tomou um outro aspecto. Aquele rosto, tão severo adquiriu os traços de uma grande ternura! As palavras do filho, mudaram tudo, sem mudar nada! As palavras e gestos de Jesus, nascidas da sua experiência de filho, sem mudar uma letra ou vírgula sequer, iluminaram o sentido do Antigo Testamento pelo lado de dentro (Mt 5,17-18) e iluminaram por dentro toda a sabedoria acumulada do doutor da Lei. . O mesmo Deus, que parecia tão distante e severo, adquiriu os traços de um Pai bondoso de grande ternura!
4) Para um confronto pessoal
1) A experiência do Filho já entrou em você para mudar os olhos e descobrir as coisas de Deus de outro modo?
2) O que te revelou o Sermão das Parábolas sobre o Reino?
5) Oração final
Louva, ó minha alma, o Senhor! Louvarei o Senhor por toda a vida. Salmodiarei ao meu Deus enquanto existir. (Sl 145, 1-2)
O crente vive da fé e ajuda Jair Bolsonaro a comprar o seu caviar com muitos Pix
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A igreja ficar rica ou ex-presidente ter mais mansões é consequência, o importante é que o ato distingue minha crença
Ilustração de Ariel Severino para coluna de Wilson Gomes de 1º de agosto de 2023 - Ariel Severino
Professor titular da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e autor de "Crônica de uma Tragédia Anunciada"
No país do homem cordial, a compaixão por quem padece suscita muito menos generosidade do que pareceria normal.
De fato, esse é um país muito difícil para as organizações que pedem ajuda humanitária para instituições que cuidam dos que sofrem e dos desvalidos. A explicação para tanto é a "fadiga de compaixão", pois até de misericórdia se cansa quando ela é exigida com tanta constância.
Em um país de tantas misérias, endurecer o coração pode ser forma de sobrevivência.
O que não é de fácil entendimento é o desprendimento com que os brasileiros comuns têm metido a mão no bolso para ir em socorro de seus políticos prediletos quando são multados por alguma conduta inapropriada.
Há antes de tudo um desafio a quem aplicou a sanção original, uma declaração de que consideram injusta a decisão ou tendenciosos juízes e autoridades que julgaram o caso.
Mas é também um tipo de concessão de imunidade, em que se declara afrontosamente que o político que colocamos debaixo das nossas asas não será tocado pelas mãos parciais da Justiça: essa multa ele não paga, nós pagamos.
Há, pois, uma dupla declaração no ato de cobrir a dívida: o que quer ele tenha feito, foi bem feito; se ele por punido, nós o tornaremos impune.
A desobediência civil ante a injustiça parece nobre, exceto pelo fato de que não estamos sob um regime de exceção e o devido processo é de regra. Nos dois casos recentes, de Dallagnol e de Bolsonaro, tratou-se de uma indenização por ataques à honra e de multas por não usar máscara de proteção em atos públicos na pandemia. Nenhum episódio de lawfare ou casuísmo.
Nas "campanhas de solidariedade", como o PT as chamava em 2014, em favor de Genoino ou Dirceu, essas alegações foram feitas e os petistas responderam aos apelos cobrindo as multas aplicadas como parte da condenação dos dois políticos.
Da perspectiva dos beneficiários das campanhas, porém, o negócio escalonou desde então. Genoino e Dirceu apenas cobriram as multas, e algum excedente —pelo que foi noticiado— foi repassado para cobrir débitos de outros condenados menos populares.
Já a campanha "pague por mim a minha punição" foi um negócio da China. Dallagnol devia R$ 75 mil e teve que pedir que parassem quando as doações chegaram a R$ 500 mil. Bolsonaro tinha obrigações de R$ 936.8 mil e, segundo apurou matérias de O Globo, recebeu R$ 17,2 milhões.
Deputados bolsonaristas, ante o susto com a revelação das doações, gabaram-se de que a meta agora é alcançar R$ 22 milhões em doações.
Só faltou o debochado bordão do saudoso Juca Chaves: "Ajudem o Juquinha a comprar seu caviar". No caso, conforme declaração orgulhosa de Bolsonaro, "Dá para pagar contas e comer pastel com Michelle". Contas que, aliás, ainda não foram pagas, embora o dinheiro esteja aplicado.
Um excelente negócio. Mais rápidas do que rachadinhas, mais limpas do que corrupção, vaquinhas para pagar multas ou indenizações se revelaram um método eficaz de enriquecimento de políticos.
É o ponto de vista dos contribuintes que me fascina. Sempre me impressionaram os fiéis das grandes igrejas neopentecostais que, nos ofertórios, doavam joias, escrituras de casas e documentos de venda de carros, numa espécie de barganha com a divindade.
Mas havia uma teologia e crença religiosa ali, nos muitos rituais a que assisti, pois o sujeito lançava a Deus um desafio: eu te dou mais do que posso para provar a minha fé e isso te obriga a cobrir a minha aposta e me devolver em prosperidade, saúde, paz familiar, etc. Para o crente, aquilo, paradoxalmente, faz sentido.
De algum modo, a seita bolsonarista não resolve só abrir um aplicativo bancário para dar R$ 20 milhões a Bolsonaro. Como na megaigreja neopentecostal, a ideia não é dar a única casa da família à obra do Senhor. É um testemunho de fé: provo à comunidade, ao mundo, aos descrentes e, sobretudo, a mim mesmo, que a crença é verdadeira, que o objeto da minha fé é tão excelso que merece o sacrifício.
A igreja ficar rica ou Bolsonaro comprar mais umas mansões para a família é consequência, o importante é que por esse ato me distingo dos incréus e dos vacilantes em sua crença, e me afirmo como devoto e contrito.
O crente —o religioso e o político— vivem da sua fé, mesmo quando os que não compartilham do credo veem o que fazem e apenas o considerem mais um otário enriquecendo o malandro de plantão. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
A espiritualidade metamoderna
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Uma nova espiritualidade ocupa o vácuo criado nas religiões do Ocidente pela hegemonia da guerra cultural
Mulher meditando em frente ao mar - Personare
Neurocientista, professor livre-docente da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e sócio do Instituto Locomotiva e da WeMind
A afiliação religiosa está em queda no Ocidente. A exceção costumeiramente apontada é o islamismo, especialmente prevalente nos Estados Unidos. Mesmo lá, porém, estudo da Pew Research mostra que o aumento no número de convertidos se equipara ao de pessoas que deixam a religião, contradizendo a hipótese de crescimento efetivo.
O Brasil não é exceção. Conforme escrevi em um dos artigos que dediquei ao tema: "de acordo com a última pesquisa do Latinobarómetro (2020/2021), os sem religião cresceram 6% entre 2010 e 2020. No mesmo período, os evangélicos tornaram-se 4% mais comuns no Brasil. Isso contrasta com o crescimento de 15% da década anterior".
Em metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, o número de jovens sem religião supera o de católicos e evangélicos, mostrando que este não é um fenômeno passageiro.
O que as pesquisas também mostram é que a maioria dos sem religião crê em manifestações ou forças que transcendem a realidade material e recorrem à fé em situações delicadas, o que contradiz a ideia tão disseminada nos círculos cristãos de que a desfiliação surge "porque os jovens estão virando as costas para a vida espiritual".
A minha hipótese é que os seguintes fatores sejam determinantes para o fenômeno: menor protagonismo moral das igrejas, em função da elevação do padrão educacional global, reduzida conexão espiritual com os fiéis no âmbito institucional e rechaço cognitivo-comportamental às visões de mundo das lideranças religiosas. Eu expus esse ponto de vista em um artigo do ano passado. Foi outro dia, mas parece que faz tempo.
A mudança de clima dominante, que vem ganhando forma e que você pode conhecer aqui e aqui, era ainda pouco clara. O fim da pandemia não tinha sido declarado, a polarização estava em seu ápice, não havia chamado para nos unirmos contra os supostos riscos existenciais da inteligência artificial (IA), nem antropoceno, entre outros fenômenos massivos.
Hoje noto que a baixa conexão espiritual dos afiliados ocidentais é mais do que mero fator na afiliação religiosa descendente; ela é a pressão negativa do vácuo para um novo modelo de relacionamento com o invisível: a espiritualidade metamoderna, que este artigo apresenta.
RELIGIOSIDADE X ESPIRITUALIDADE
A experiência religiosa é um fenômeno duplo. De um lado, há a doutrina, que tem na escuta atenta a postura receptiva ideal. De outro, a fé ou ‘admiração misteriosa’, domínio do espiritual. Aquela é mais pré-frontal, sendo dependente da formação de modelos mentais coerentes com o dito, enquanto esta se distribui principalmente pela chamada "rede cerebral padrão", ativada na ausência de demandas analíticas, por exemplo, quando devaneamos.
A independência neurológica mostra que estas duas dimensões da experiência religiosa precisam ser nutridas separadamente para vicejar, o que não vem acontecendo, dado a importância exígua dessa segunda dimensão nas práticas religiosas hegemônicas do Ocidente.
Homossexualidade, descriminalização das drogas e outros tópicos centrais à guerra cultural pós-moderna ocupam o espaço que poderia ser dedicado à elevação espiritual dos fiéis na economia da atenção da maioria dos cultos cristãos, ampliando a demanda por formas alternativas de conexão.
"Exercite-se espiritualmente porque isso o ajudará, não só agora, nesta vida, mas também na vida futura", escreveu o apóstolo Paulo, na 1ª. Epístola à Timóteo (Timóteo 4:7-8). A percepção dominante é de que a relevância contextual destas palavras minguou, a despeito da aspiração crescente dos mais jovens por psicotecnologias espiritualizantes, como a explosão de popularidade dos apps de ioga e meditação dos últimos anos atesta.
Isso cria uma dissonância que, especialmente no catolicismo de orientação mais tradicional, é reforçada pela prevalência do princípio de que a vida terrena é puro sofrimento, como em: "A vós bradamos os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas". (Salve Rainha, Herman Contrat, 1050).
Na base deste raciocínio supostamente reconfortante está o princípio de que estamos aqui de passagem, o que, por sua vez, significa que as coisas da vida importam menos do que as do "post mortem". Como acomodar essa orientação em sistemas de entendimento que atribuem ao bem-estar e à longevidade caráter central?
Um grande estudo americano (2016) apresentou a seguinte questão: você prefere ser feliz ou ser o protagonista de grandes realizações? Só 13% escolheram a segunda opção. A taxa atual tende a ser ainda mais baixa, vide a grande demissão nos países ricos e a escalada do nomadismo digital.
Nada é mais distante da maneira como a geração Y dá sentido à vida do que a ideia de que esta se reduz ao campo fenomênico da negatividade e do sacrifício. Trata-se de uma dissonância esperada; afinal, qualquer apartamento da terceira década do século 21 é mais aprazível do que o castelo de Henrique 3,º que reinava sobre as terras onde Contrat escreveu a oração.
A espiritualidade metamoderna emerge do rechaço ao espaço institucional exíguo reservado à espiritualidade e da afirmação da felicidade como a grande missão existencial, concepção que, vale notar, prejudica sua própria realização, ao amplificar os impactos das experiências infelizes.
Seu leitmotiv é a reconexão espiritual. Mas seria errado considerá-la como fruto da transição para uma fase de relacionamento mais direto com o invisível.
Pelo contrário, ela é uma expressão do aumento da racionalização comportamental, em função da elevação do nível educacional e do amplo acesso a informações desmistificadoras e a modelos de subjetivização alternativos, disponibilizados pela internet. A nova forma de relação com o invisível é puro idealismo pragmático.
INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL
O que mais marca as manifestações da espiritualidade metamoderna é seu caráter antropofágico. A internet, fonte primária de psicotecnologias na terceira década do século 21, é essencialmente uma câmara de subjetivização antropofágica que os algoritmos lutam para conter em esferas de influência bem discriminadas, sem pleno sucesso.
Este caráter incontido da rede, aliado ao fim do embargo aos psicodélicos, forja um cenário propício para o desenvolvimento de fórmulas abertas para a reconexão.
Budismo, taoísmo, Qi Gong, neoplatonismo, estoicismo inventado, meditação via app, jejum, psilocibina e ayahuasca servem de ingredientes em combos espiritualizantes, tal como sono, árvores e jejum nas posologias dos saudáveis. A adoção é medida aos milhões.
Os elementos são semelhantes, mas o espírito é muito diferente do movimento new age (1970-80). A tendência atual não é em nada contracultural. Pelo contrário, ela está intimamente ligada à divulgação dos trabalhos que mostram que cogumelos mágicos e ayahuasca podem ser bons para as mazelas da alma e que isso tem a ver com a experiência mística induzida.
A mesma coisa pode ser dita sobre a meditação: a Índia deixou de ser a terra da sabedoria há tempos, mas o reconhecimento do valor de práticas típicas do budismo e de outras religiões nascidas no país tornou-se praticamente unânime entre os formadores de opinião da geração Y.
A tendência atual também diverge do new age pela subtração do sexo e da conotação de desrepressiva, que Herbert Marcuse chamou de disrupção repressiva, dado seu potencial para aumentar a repressão.
Em seu lugar entram flow —estado em que comportamentos se acoplam ao mundo, tal como se tivéssemos sendo ajudados de fora— e uma busca ainda maior do que a habitual por sentido, a qual foi intensificada na pandemia, conforme as pesquisas atestam.
Estas direções alinham a espiritualidade à saúde mental, numa espécie de profilaxia cósmica que se quer científica. Sai de cena a busca espiritual antiestablishement e entra a inteligência espiritual —o afã conectivo como defesa contra a praga do sofrimento mental. Num cenário em que depressão e ansiedade atingem máximas históricas, é de se entender que seja assim.
A espiritualidade metamoderna tem ares de soft skill. Não do tipo encontrado em livros como "O Monge e o Executivo" (2010), de natureza puramente profissional, mas como metacompetência, a ser cultivada em casa. Quem respira o novo zeitgeist quer se espiritualizar metodologicamente.
A mudança de orientação é relevante, vide o fato de que, após amplo debate, Howard Gardner, pai do conceito de múltiplas inteligências, desqualificou a ideia de inteligência espiritual (2009), no que foi seguido pelos principais pesquisadores envolvidos neste debate. Tempo, tempo, tempo.
Outro fator digno de nota é o declínio da guruficação típica da era new age. Gurus são os padres desviantes das mulheres adultas. Se você entendeu, é porque também compreendeu: eles são culpados a priori, conforme visto na Netflix.
Essa é a razão mais visível para o seu rareamento, ao passo que a mais profunda é a supremacia da concepção de que o brilho da condição humana surge da cognição distribuída pelas mentes ao redor do mundo e juntada pela rede mundial de computadores.
Assim como quase não existe mais espaço para gênios solitários, quase não existe mais para gurus. Em seu lugar, entram especialistas, ou quase isso, em inteligência espiritual, que além de não contarem com qualquer coisa que lembre a devoção incondicional daqueles, tampouco podem construir cidades indianas no Oregon, já que habitam protocolos HTTPS.
KEN WILBER, O METAMODERNO
Ninguém sintetiza melhor os princípios da espiritualidade metamoderna do que Ken Wilber. O intelectual americano desenvolveu um sistema chamado Teoria Integral, cuja complexidade e sofisticação vão muito além do que daria para cobrir aqui. Isso não é um problema, já que as noções que justificam o título desta seção são simples e fundamentam todas as suas teses.
Wilber filia-se à corrente intelectual dos que dividem a espiritualidade em dois grandes eixos: despertamento e crescimento. O primeiro diz respeito à capacidade de se conectar com a dimensão espiritual e, então, de se aprofundar neste processo fundamentalmente sensorial. Por exemplo, existe uma diferença imensa entre o estado de conexão de uma pessoa qualquer e o de um monge tibetano, conforme demonstrado por estudos com ressonância magnética cerebral.
No modelo de Wilber, isso significa que este segundo tipo está muito mais acordado do que você e eu, razão pela qual também tem uma saúde mental superior, a despeito das condições pouco convidativas em que vive.
Psicodélicos se tornaram centrais nessa reconfiguração da espiritualidade porque, ao menos em tese, permitem ao praticante dar saltos não lineares na esfera do despertamento, redefinindo padrões neurais de conectividade de um modo que lembra o que acontece no cérebro dos monges.
Por outro lado, é sabido que a capacidade de secar cobertores molhados na neve e elevar em 8 graus a temperatura dos dedos do pé (1981) não se traduz automaticamente em sabedoria ou mesmo bom senso. Difícil ignorar o dalai-lama pedindo para um menino lhe dar um beijo de língua.
Do lado de cá do mundo é a mesma coisa. O ex-bispo e hoje comentarista político amador Sérgio Von Helder não chutou a imagem de Nossa Senhora Aparecida (TV Record, 1995) por viver um simulacro. Pelo contrário, estivesse ele no mesmo estágio que eu (despertar incipiente), nem sequer lembraria da existência da santa, naquele fatídico Dia da Criança.
A questão que chocou o país é o primitivismo no trato da espiritualidade como uma dimensão que transcende a sua igreja. A mesma lógica se aplica aos terroristas religiosos de A a Z, cuja relação com o invisível facilita imensamente a condução de ataques suicidas.
Wilber chama essa dimensão que parece estar enfraquecida nestes casos de "crescimento espiritual" e a segmenta em 4 estágios: egocêntrico, etnocêntrico, centrado no mundo e cosmológico.
A esquizofrenia é uma doença do neurodesenvolvimento que leva a dificuldades para se desvencilhar do ponto de vista pessoal e enxergar as coisas pela perspectiva do outro. Não por acaso, os episódios psicóticos muitas vezes incluem a experiência de ter sido contatado por Deus, o que é chamado de delírio de referência. É disso que Wilber está falando quando se refere ao estágio de espiritualidade egocêntrica em adultos do século 21.
Estágio etnocêntrico é o do pastor iconoclasta e de todos os grupos religiosos que pregam o amor aos de dentro e cultivam o ódio aos de fora. É, enfim, a regra desde antes das Cruzadas, com suas parcas exceções.
O estágio centrado no mundo é aquele em que estão as pessoas que veem mais do que graça naquele quadro do Porta dos Fundos em que a Clarisse Falcão morre e descobre que o Deus certo é o dos polinésios. Trata-se do estado que cresce com o nível educacional e a defesa dos valores laicos.
Já o estágio cosmológico é o da transcendência da materialidade e da atribuição de alta relevância às coisas comezinhas.
O que torna Wilber metamoderno é a maneira como compõe um mosaico metodologicamente fundamentado de práticas espiritualizantes ocidentais e orientais. Seu sistema de pensamento é como uma pequena internet antropofágica, costurando tudo o que vê pela frente sob a premissa de que importa ser feliz e saudável, aqui e agora.
No entanto, existe um segundo aspecto que reforça esse posicionamento. Ao colocar o etnocentrismo religioso como estágio espiritual pouco elaborado e endossar um modelo de crescimento baseado na diversidade, ele se alinha às crenças hegemônicas das gerações Y e Alpha (nascidos após 2010; crianças e pré-adolescentes), que rechaçam ideias como a de que a homossexualidade é errada pelo simples fato de isso contrastar com os modelos de subjetivação aos quais são expostos no dia a dia, além daquilo que aprenderam na escola, se esta tiver um padrão mínimo de ensino.
Esta perspectiva adiciona um novo sentido ao descompasso entre a aspiração por maior contato com a admiração misteriosa e o espaço institucional exíguo disponibilizado pelas grandes religiões em função da tese de que mais importa investir na guerra cultural: o rechaço às diferentes subjetividades cada vez mais transparece como atraso intelectual ou, na linguagem de Wilber, falta de evolução espiritual —talvez não para o tio do pavê, mas certamente para os novos formadores de opinião.
Essa é a essência da metamodernidade e razão pela qual vejo a espiritualidade como uma de suas dimensões mais determinantes. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
17º Domingo do tempo comum: O TESOURO A SER DESCOBERTO.
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Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)
Tesouros misteriosos aguçam a curiosidade e a imaginação. Tema que inspira livros, filmes, jogos, como também empreendimentos econômicos. Por passatempo e divertimento se organiza a “caça ao tesouro” através de uma série de enigmas e provas a serem superadas para apossar-se do desejado tesouro. O que é um tesouro? Qual é o volume? Qual a quantidade de dinheiro que vale? O tesouro em geral são coisas materiais. É o que está no senso comum. Mas será que só coisas materiais podem ser verdadeiramente tesouros?
A Palavra de Deus deste domingo (1 Reis 3,5.7-12, Salmo 118, Romanos 8, 28-30 e Mateus 13,44-52) fala de tesouros. São parábolas que partem do cotidiano da vida pera conduzir o ouvinte a algo maior que é o Reino de Deus. Fala de tesouros não materiais, mas imateriais e espirituais. Apresenta o misterioso tesouro de Deus e seu o projeto de vida e amor para as pessoas e a humanidade. Jesus revela aos ouvintes a existência deste tesouro, como também desperta neles o desejo de procurá-lo.
O tesouro existe, é real. Alcançá-lo é resultado de busca, de opções a serem feitas que resultam em grande alegria. As parábolas descrevem os passos de quem quer se apossar dele. Precisa “vender”, “comprar”. Antes disso vem a decisão de fazer tudo para chegar ao tesouro. Quando se decide pelo mais importante, as outras coisas se tornam secundárias. Renunciar a elas não se torna um peso, pelo contrário um alívio para focar-se no essencial. O investimento no que se quer é uma ação do tempo presente. Não de perde nada, mas se ganha tudo. A parábola aponta para o próprio Jesus, o maior tesouro que a humanidade já recebeu. Seguir a Cristo, estar com Ele exige uma opção consciente e livre que requer tempo e investimento.
A leitura do primeiro livro dos Reis descobre o tesouro da sabedoria, um bem imaterial e incalculável. Salomão, recém escolhido como rei, é jovem e inexperiente para substituir o pai Davi no governo do povo. Em um ambiente religioso e litúrgico Deus lhe dá a oportunidade de “pedir o que desejar, e eu te darei”. Salomão pede: “Um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal”. Pediu “sabedoria para praticar a justiça”. Não pediu “vida longa, nem riquezas, nem a morte dos inimigos”.
Salomão pediu “um coração sábio”. O “coração” na bíblia não indica apenas uma parte do corpo, mas sim o âmago da pessoa, a sede das intenções e dos juízos. Podemos dizer, é a consciência da pessoa. Ter “coração sábio” quer dizer ter consciência que sabe ouvir, que é sensível à voz da verdade, e por isso é também capaz de discernir o bem do mal. Salomão pede sabedoria para governar bem.
Na possibilidade de “pedir o que quiser”, Salomão surpreende. Não é o mais comum pedir sabedoria, normalmente é dinheiro, saúde. O seu pedido permitiu que fizesse um governo “justo” e os outros bens viessem por acréscimo. “Ter um coração sábio” é ter um grande tesouro. A sabedoria não se refere somente à dimensão moral de ter uma consciência reta e realizar o bem e evitar mal. A sabedoria abraça quase todos os setores da formação humana em uma espécie de humanismo integral. Temas sociais como justiça, prudência, relação com o próximo, problemas políticos e diplomáticos, filosóficos e teológicos requerem sabedoria. Numa escala de valores a sabedoria saberá ordenar os valores fundamentais e indispensáveis dos que são secundários, com isso as decisões serão baseadas em valores e não em falsos valores que são palha e pó. Fonte: https://www.cnbb.org.br
17º Domingo do Tempo Comum: O VALOR DO REINO DE DEUS
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Dom Adimir Antonio Mazali
Bispo de Erexim (RS)
Saúdo com carinho os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. O Evangelho deste Domingo continua a narrativa das parábolas de Jesus sobre o Reino de Deus. O Reino de Deus é o resultado de duas profundas aspirações, a saber: primeiro por parte de Deus, e segundo, por parte do ser humano. O desejo de Deus, tantas vezes expresso na Bíblia, é que a humanidade viva em paz e em harmonia. Que todos possam, como disse o próprio Jesus, ter vida e vida em abundância, conforme relata Jo 10,10. O desejo das pessoas, é ter vida digna numa sociedade, na qual as relações humanas sejam de justiça, de fraternidade, de solidariedade, e o bem comum esteja à frente do bem particular. Por isso, o que Deus quer é aquilo que também aspira ao coração do ser humano.
Caríssimos irmãos e irmãs. O Evangelho deste Domingo apresenta três parábolas de Jesus. A primeira, relata que “o Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo” (Mt 13,44). A segunda parábola, é um tanto semelhante quando afirma: “O Reino dos Céus é como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola” (Mt 13,45-46).
Estas duas parábolas de Jesus fazem pensar qual é o tesouro ou a pérola de grande valor de nossa vida? Para Jesus, este tesouro ou pérola de grande valor é a justiça do Reino. Diante da descoberta da justiça do Reino, vale a pena arriscar tudo. As duas parábolas mostram a atitude de alguém que, ao fazer esta descoberta em sua vida, vende tudo o que possui para conquistar este tesouro, algo de valor incalculável e que passa a ser o único valor absoluto de sua vida. As parábolas destacam a alegria daqueles que fazem essa descoberta. Perante o valor do tesouro, o Reino de Deus, tudo o resto passa a ser relativo. Trata-se da descoberta do valor absoluto da vida. Como reage quem encontra um tesouro? Como reage quem descobre que a justiça, a verdade, a solidariedade são os únicos caminhos para poder construir uma sociedade nova?
Prezados irmãos e irmãs. Já a terceira parábola, apresenta o Reino dos Céus semelhante a “uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo o tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para fora e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam” (Mt 13,47-48). Esta parábola prolonga o tema da parábola do joio no meio do trigo (cf. Mt 13,24-30). Trigo e joio crescem juntos. Escatologicamente, esta separação é feita só no fim dos tempos, sendo que a triagem é feita por Deus. A parábola, porém, transmite-nos uma certeza: os “peixes ruins”, assim como o “joio”, são jogados fora, não são acolhidos no Reino. Este é o juízo de Deus.
Além desses ensinamentos de Jesus, a liturgia da Palavra, deste domingo, ainda nos apresenta a súplica de Salomão ao Senhor. Salamão pediu a Deus “a sabedoria para praticar a justiça” e um coração compreensivo, capaz de governar a vida de acordo com os seus planos, e capaz de discernir sempre entre o bem e o mal” (cf 1Rs5.7-12). É essa sabedoria que também nós pedimos a Deus. E mais, assim como afirma o Apóstolo Paulo, somos “chamados para a salvação” (cf. Rm 8,28-30), a qual nos é dada pela prática da justiça do Reino de que fala Jesus.
Peçamos a Deus, a graça de alcançar a sabedoria para compreender os sinais e os valores do Reino anunciado por Jesus, a fim de que a salvação que nos é prometida por Ele, conduza nossa vida segundo Sua vontade. Amém!
Deus abençoe a todos e um bom domingo! Fonte: https://www.cnbb.org.br
DOMINGO 23. DIA MUNDIAL DOS AVÓS E DAS PESSOAS IDOSAS
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Dom Jaime Vieira Rocha
Prezados/as leitores/as!
Sua misericórdia se estende de geração em geração (cf. Lc 1, 50)
Esse é o tema escolhido pelo Papa Francisco para o 3º Dia Mundial dos Avós e das Pessoas Idosas, a ser comemorado no próximo dia 23 de julho. O Dia dos Avós e das Pessoas Idosas foi instituído pelo Papa Francisco em 2021. Essa comemoração, instituída pelo Francisco para celebrar os avós e idosos no mês em que a Igreja faz memória de Sant’Ana e São Joaquim, pais de Nossa Senhora e avôs de Jesus, tem o sentido de expressar a atenção, o respeito e o cuidado com aqueles que nos apresentam um caminho de vida cheio de sabedoria. Em sua mensagem, o Papa Francisco ressalta a proximidade dessa comemoração com a Jornada Mundial da Juventude, propondo aquela relação sadia dos jovens e dos idosos: “Neste ano, regista-se uma proximidade estupenda entre a celebração do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos e a Jornada Mundial da Juventude; no tema de ambas, sobressai a ‘pressa’ de Maria (cf. 1, 39) quando visita Isabel, levando-nos assim a refletir sobre a ligação entre jovens e idosos. O Senhor espera que os jovens, ao encontrar os idosos, acolham o apelo a guardar as memórias e reconheçam, graças a eles, o dom de pertencerem a uma história maior”.
Essa relação deve levar-nos à bela experiência do encontro, da atenção e do reconhecimento da graça divina, presente nos jovens e nos idosos. Justificando a escolha do tema, dentro da relação da Mãe de Jesus com a Mãe do João Batista, o Papa reconhece: “O tema leva-nos a um encontro abençoado: o encontro entre Maria, jovem, e sua parente Isabel, idosa (cf. Lc 1, 39-56). Esta, cheia de Espírito Santo, dirige à Mãe de Deus palavras que, dois milénios depois, cadenciam a nossa oração diária: ‘Bendita és Tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre’ (1, 42). E o Espírito Santo, que já tinha descido sobre Maria, sugere-Lhe como resposta o Magnificat, onde proclama que a misericórdia do Senhor se estende de geração em geração. O Espírito Santo abençoa e acompanha todo o encontro fecundo entre gerações diversas, entre avós e netos, entre jovens e idosos”. O Papa ainda ressalta que o no encontro da jovem Maria com a idosa Isabel manifestou-se a salvação: “No encontro entre Maria e Isabel, entre jovens e idosos, Deus dá-nos o seu futuro. Na realidade, o caminho de Maria e o acolhimento de Isabel abrem as portas à manifestação da salvação: através do seu abraço, a misericórdia irrompe, com alegre mansidão, na história humana”.
Por fim, o grande apelo de Papa Francisco, uma expressão de seu coração cheio de ternura para com os idosos e os jovens: “A vós, jovens, que estais a preparar-vos para partir para Lisboa ou que vivereis a Jornada Mundial da Juventude na própria localidade, quero dizer: antes de sair para a viagem, ide visitar os vossos avós, fazei uma visita a um idoso sozinho. A sua oração proteger-vos-á e levareis no coração a bênção daquele encontro. A vós, idosos, peço para acompanhardes com a oração os jovens que estão prestes a celebrar a JMJ. Aqueles jovens são a resposta de Deus aos vossos pedidos, o fruto daquilo que semeastes, o sinal de que Deus não abandona o seu povo, mas sempre o rejuvenesce com a criatividade do Espírito Santo”.
Celebremos esse dia – Dia Mundial dos Avós e das Pessoas Idosas – com grande alegria, com gratidão e peçamos ao Senhor Deus que nos dê sempre um coração generoso, agradecido pelo dom imenso dos avós e das pessoas idosas. Eles são a maturidade da vida que todos necessitamos de contemplar. Jovens, tenham paciência com as pessoas idosas. Idosos não deixem de transmitir a todos, especialmente aos jovens, a força, o vigor e a grande esperança de que todos eles possam viver em dignidade, em generosidade e grande partilha de coração, de amor. À Pastoral da Pessoa Idosa, presente em nossas paróquias, concedo minha bênção e as mais cordiais congratulações pelo trabalho realizado em favor das pessoas idosas. Fonte: https://www.cnbb.org.br
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