BISPO CARMELITA ASSUME A DIOCESE DE BAURU, SÃO PAULO.
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Papa Francisco transfere bispo de Vitória (ES) para Bauru (SP)
A Nunciatura Apostólica no Brasil comunicou nesta quarta-feira, 28, a decisão do papa Francisco em acolher o pedido de renúncia apresentado por dom Caetano Ferrari, bispo de Bauru, no Estado de São Paulo, por motivo de idade. Com a decisão o atual bispo auxiliar de Vitória, no Espírito Santo, dom Rubens Sevilla assume a diocese. A notícia foi publicada no Jornal L’Osservatore Romano desta quarta-feira, às 12 horas de Roma.
Dom Rubens Sevilla
Membro da Ordem dos Carmelitas Descalços (OCD), dom Rubens Sevilla é natural de Taraby (SP). Fez seus estudos eclesiásticos na Faculdade Nossa Senhora Medianeira dos Jesuítas em São Paulo, onde cursou Filosofia e em Roma estudou Teologia Internacional do Teresianum. Foi nomeado bispo auxiliar de Vitória em dezembro de 2011, pelo então papa Bento XVI. Seu lema episcopal é: “Pertransivit Benefaciendo”.
Dom Leonardo Steiner, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), enviou saudação em nome da entidade ao novo bispo de Bauru.
Confira, abaixo, a saudação na íntegra:
Brasília, 28 de março de 2018
Saudação da CNBB a dom Rubens Sevilha
Prezado Irmão, dom Rubens Sevilha
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tomou conhecimento, hoje, 28 de março, da decisão do Papa Francisco em acolher o pedido de renúncia apresentado pelo bispo da diocese de Bauru (SP), dom Caetano Ferrari, de acordo com o cânon 401§1º do Código de Direito Canônico, por motivo de idade e de nomear o senhor, como seu sucessor naquela diocese paulista.
Sabemos do seu trabalho realizado como auxiliar de dom Luiz Mancilha, arcebispo de Vitória (ES). Sabemos da sua formação e da sua espiritualidade. Tudo isso nos deixa esperançosos diante da nova missão que a Igreja lhe confia.
Acolhemos sua nomeação trazendo presente a palavra do Papa Francisco sobre a Igreja e o Espírito Santo dirigida ao pregador do retiro no qual participou durante a Quaresma: “Obrigado por nos ter recordado que a Igreja não é uma gaiola para o Espírito Santo, que o Espírito voa e age também fora. E com as citações e com aquilo que nos disse, o senhor mostrou-nos como Ele trabalha nos não-crentes, nos ‘pagãos’, nas pessoas de outras confissões religiosas: é universal, é o Espírito de Deus, que é para todos. Também hoje existem ‘Cornélios’, ‘centuriões’, ‘guardas da prisão de Pedro’ que vivem uma busca interior, ou que sabem distinguir quando há algo que chama. Obrigado por esta chamada a abrir-nos sem temores, sem rigidez, para sermos dóceis ao Espírito e para não nos mumificarmos nas nossas estruturas, que nos fecham”.
A CNBB agradece a fecunda vida e missão de dom Caetano Ferrari, e pede a Deus, por intercessão Maria, Mãe do Perpétuo Socorro, conceder aos senhores, a graça da saúde e da paz.
Em Cristo,
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Fonte: cnbb.net.br
VIOLÊNCIA NO RIO: Homem é morto a tiros na Avenida Brasil, altura da Penha
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Crime aconteceu na pista sentido Centro do Rio
RIO - Um homem foi morto a tiros na Avenida Brasil na manhã desta quarta-feira, na pista lateral da via expressa, sentido Centro, na altura da Penha, na Zona Norte do Rio. Motoristas que passam pela via expressa devem redobrar a ateção. Devido ao crime, a pista está parcialmente interditada ao trânsito, que apresenta pontos de retenção.
Bombeiros já foram acionados, mas o homem não resistiu. Ainda não há informações sobre a identificação da vítima. Fonte: https://oglobo.globo.com
SEMANA SANTA: Na quinta-feira Santa bispos e padres consagram os Santos Óleos e realizam o Lava pés
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O arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, dom Jaime Spengler, um dos responsáveis pela elaboração do texto do tema central da 56ª Assembleia Geral dos bispos do Brasil que se realiza em Aparecida (SP), de 11 a 20 de abril falou ao portal da CNBB sobre o sentido das celebrações da quinta-feira Santa: a Missa Crismal e a missa do Lava pés. Nesta celebração, que marca o início do Tríduo Pascal, se consagram os Santos Óleos do Crisma, dos Catecúmenos e dos Enfermos. “Pode-se dizer que na Quinta-feira Santa sela-se o Testamento da Nova Aliança, em torno dos sacramentos, especialmente da Eucaristia, e do novo mandamento, significado pelo lava-pés”.
A ocasião, reforça o pastor, também é oportuna para rezar pelas vocações tendo em vista que muitas comunidades não contam com a presença de um sacerdote nem mesmo no período da Semana Santa. “Todas as comunidades são convocadas a rezar pelas vocações. Contudo é também importante que, neste caso, os próprios ministros ordenados tenham coragem suficiente para dizer aos adolescentes e jovens de nosso tempo que o ministério ordenado vale a pena; que vale a pena ser presbítero. Que gostamos do que somos e amamos o que fazemos”.
O arcebispo lembra que povo brasileiro vive momentos difíceis em função do descrédito em relação às instituições, à corrupção, ao desemprego e às drogas o que, segundo ele, abre brechas para o risco de se cair em radicalismos tanto de direita como de esquerda. Para ele, o Evangelho de Jesus Cristo apresenta um caminho para superação de todas as expressões de morte. “A Páscoa é a celebração dos prodígios de Deus ao longo da história da salvação: a libertação do povo da escravidão do Egito e a vitória de Cristo sobre a morte”, disse. Confira abaixo, a íntegra da entrevista.
A celebração da quinta-feira santa tem a ver com a missão dos ministros ordenados na Igreja? Qual?
Aqui tratamos da Missa Crismal que o Bispo concelebra com o seu presbitério (presbíteros diocesanos e presbíteros religiosos que atuam no território da Diocese) e durante a qual se consagram os Santos Óleos do Crisma, dos Catecúmenos e dos Enfermos. Esta concelebração é manifestação da comunhão dos presbíteros com o seu Bispo.
Nesta solene concelebração, os presbíteros, na confecção do óleo do Crisma são testemunhas e cooperadores do seu Bispo, de cujo múnus sagrado são participantes, edificando, santificando e conduzindo o povo de Deus. É conveniente que todos os presbíteros atuantes no território da Diocese estejam presentes na concelebração da Missa Crismal, exprimindo-se assim a unidade do presbitério. Em muitas comunidades do Brasil, católicos ficam impossibilitados de ter a presença de um sacerdote na semana santa.
O senhor considera ser hora importante para a oração pelas vocações?
É fato que em muitas comunidades do imenso território brasileiro é impossível a presença do presbítero não só nestes dias da Semana Santa. Tal situação representa um forte apelo à reflexão e ao estudo, no sentido de encontrar meios para superar essa deficiência. Em tempos idos, os bispos da América Latina, reunidos em Puebla, afirmaram que “a Eucaristia orienta-nos de modo imediato para a hierarquia sem a qual ela é impossível; porque foi aos apóstolos que o Senhor deu o mandato de celebrá-la ‘em minha memória’ (Lc 22,19).
Os pastores da Igreja, sucessores dos apóstolos, constituem por isso mesmo o centro visível onde se constrói, aqui na terra a unidade da Igreja” (n. 247). Quase 30 anos depois, reunidos em Aparecida dão continuidade à reflexão dizendo que “os fiéis devem desejar a participação plena na Eucaristia dominical, pela qual também os motivamos a orar pelas vocações” (n. 253). É certamente sempre tempo de rezar pelas vocações! A oração pelas vocações é resposta à exortação do próprio Jesus: “Pedi ao Senhor da messe que envie operários” (Mt 9,38).
Há na Igreja um serviço de animação vocacional. Faz parte da pastoral orgânica da Igreja o trabalho em prol das vocações. Para este trabalho é necessário planejamento, estratégias, organização. No entanto, não se pode jamais esquecer que fundamental é seguir aquilo que Jesus ensina. Vocações é sobretudo questão de oração. Pode-se aqui lançar uma provocação: será que acreditamos na força da oração? Cremos verdadeiramente que o Senhor mesmo inspira e chama para o trabalho na sua messe?
Todas as comunidades são convocadas a rezar pelas vocações. Contudo é também importante que, neste caso, os próprios ministros ordenados tenham coragem suficiente para dizer aos adolescentes e jovens de nosso tempo que o ministério ordenado vale a pena; que vale a pena ser presbítero. Em poucas palavras: dizer aos nossos adolescentes e jovens que gostamos do que somos e amamos o que fazemos.
Qual a mensagem de Páscoa o senhor envia ao povo brasileiro?
A solenidade da Páscoa é expressão maior do amor de Deus pela humanidade. Deus não poupou o seu próprio Filho (Rm 8,32); Ele “amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).
O nosso povo vive momentos difíceis! Há um certo descrédito em relação às instituições; a corrupção é uma realidade em distintos níveis da sociedade; a violência atinge números alarmantes, vitimando, sobretudo, os menos favorecidos; o desemprego se alastra como praga, roubando o sonho de muitos; a drogadição espalha a morte por toda parte. Faz falta um projeto de nação! Com isso se corre o risco de cair em radicalismos tanto de direita como de esquerda. É urgente a necessidade de espaços para uma autocritica, que envolva distintos setores da sociedade.
O Evangelho de Jesus Cristo apresenta um caminho para superação de todas as expressões de morte. Somente o amor é mais forte que a morte (Ct 8,6) . A Igreja, através de sua Doutrina Social, deseja cooperar ativamente para que se possa construir uma ‘terra sem males’.
A Páscoa é celebração dos prodígios de Deus ao longo da história da salvação: a libertação do povo da escravidão do Egito e a vitória de Cristo sobre a morte. Possa a celebração da Páscoa reacender em nosso povo a esperança. A esperança num Deus que nos ama e que deseja que todos tenham vida e vida em abundância. Fonte: cnbb.net.br
SEMANA SANTA-2018: Ao pé da cruz- O silêncio de Maria, que fala mais alto que as palavras (João 19,25-27 e At 1,14)
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Frei Carlos Mesters, O. Carm.
Vamos ouvir dois textos bem em que Nossa Senhora aparece, mas não fala. Ela conserva o silêncio. Durante a leitura vamos prestar atenção no seguinte: O que Maria nos diz através do seu silêncio?
Leitura do Evangelho de João 19,25-27
"A mãe de Jesus, a irmã de sua mãe, Maria Cléofas, e Maria Madalena estavam junto à cruz. Jesus, vendo sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à sua mãe: "Mulher, eis aí o teu filho! Depois disse ao discípulo: "Eis aí tua mãe!" E dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa"
Leitura dos Atos dos Apóstolos 1,12-14
"Depois que Jesus subiu ao céu, os apóstolos voltaram para Jerusalém, pois se encontravam no chamado Monte das Oliveiras, não muito longe de Jerusalém: uma caminhada de sábado. Entraram na cidade e subiram para a sala de cima, onde costumavam hospedar-se. Aí estavam Pedro e João, Tiago e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão Zelota e Judas filho de Tiago. Todos eles tinham os mesmos sentimentos e eram assíduos na oração, junto com algumas mulheres, entre as quais Maria, a mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus."
Uma ajuda para a reflexão
Há muitas formas de silêncio: o silêncio que se pede num hospital; o silêncio da natureza, da noite ou da madrugada; o silêncio da morte; o silêncio que precede à tempestade; o silêncio do medo; o silêncio do censurado e do povo silenciado; o silêncio do aluno que não sabe a resposta; o silêncio do fulano frustrado, do jovem abafado e do lutador derrubado; o silêncio do namorado na presença da namorada; o silêncio da quebra interior: tudo que a pessoa tinha imaginado e planejado até àquele momento cai no vazio e se desintegra. Parece que não valeu nada. O silêncio do místico. O silêncio de Deus.
Tantos silêncios!
A prática do silêncio é condição necessária para o encontro com Deus; é importante também para o relacionamento correto com o próximo. Silêncio é muito mais do que ausência de barulho. Sem silêncio não há conversa, nem com o irmão e a irmã, nem com Deus. Pois a condição para a conversa verdadeira é saber escutar o outro. Palavras verdadeiras nascem é do silêncio. Silêncio é saber escutar e fazer à outra pessoa sentir que, no momento da conversa, ela, e só ela, é o absoluto diante do qual todo o resto é relativo. Isto exige uma ascese muito grande. Sobretudo, saber escutar as pessoas que sempre foram silenciadas, os pobres, tanto na sociedade como na igreja.
Maria, a Virgem do silêncio. De Maria se fala pouco na Bíblia, e ela mesma fala menos ainda. Os textos da Bíblia sobre Maria são todos dos evangelhos de Mateus, Lucas e João, menos quatro: Mc 3,31; Gl 4,4; At 1,13; Ap 12,1-17. Nos textos do evangelho de Mateus, em que Maria é mencionada, tudo é centrado em torno da pessoa de José. Maria aparece como a esposa de José. Ela mesma não fala. No evangelho de Lucas, Maria aparece mais. Mesmo assim, ela fala pouco: com o anjo Gabriel, com Isabel e com Jesus no Templo de Jerusalém. Lucas, quando fala de Maria, pensa nas Comunidades. Ele apresenta Maria como modelo para as comunidades saberem como relacionar-se com a Palavra de Deus: acolhê-la, encarná-la, vivê-la, aprofundá-la, ruminá-la, fazê-la nascer e crescer, deixar-se moldar por ela, mesmo quando não a entendemos ou quando ela nos faz sofrer. Maria nos orienta na escuta e no uso da Palavra de Deus.
A Mãe de Jesus aparece duas vezes no evangelho de João: no começo, nas bodas de Caná (Jo 2,1-5), e no fim, ao pé da Cruz (Jo 19,25-27). Nos dois casos ela representa o Antigo Testamento que aguarda a chegada do Novo e, nos dois casos, contribui para que o Novo chegue. Maria é o elo entre o que havia antes e o que virá depois. Em Caná, é ela, a mãe de Jesus, símbolo do Antigo Testamento, que percebe os limites do Antigo e dá os passos para que o Novo possa chegar. Na hora da morte, é novamente Maria, a Mãe de Jesus, que acolhe o "Discípulo Amado". O Discípulo Amado é a comunidade que cresceu ao redor de Jesus, é o filho que nasceu do AT. A pedido de Jesus, o filho, o NT, recebe a Mãe, o AT, em sua casa. Os dois devem caminhar juntos. Pois o Novo não se entende sem o Antigo. Seria um prédio sem fundamento. E o Antigo sem o Novo ficaria incompleto. Seria uma árvore sem fruto.
Nos Atos dos Apóstolos, Maria aparece rezando no meio dos discípulos e discípulas, aguardando a descida do Espírito Santo. Quando Lucas, no ano 85, escrevia os Atos dos Apóstolos, havia muitas tensões nas comunidades. Havia várias tendências e rumos. Havia os que eram da linha de Pedro, outros da linha de Tiago, outros da linha de Paulo. Lucas escreve, para seja preservada a unidade. Ao redor de Maria, a mãe de Jesus, todos estão congregados numa unidade que ultrapassa as diferenças e as acolhe, sem destruí-las. Maria com a sua oração faz com que todos se abram para a ação do Espírito Santo e consigam ter os mesmos sentimentos. Ao redor do silêncio orante de Maria, todos se unem e preservam a unidade.
SEMANA SANTA-2018: Morte e Ressurreição
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Frei Carlos Mesters, O. Carm.
Morte e Ressurreição: Só ressuscita quem morre preimeiro! (Lucas 23,44-24,12)
Situando
Os inimigos conseguiram realizar o seu projeto. Mataram Jesus. Venceram, usando o poder da força bruta. Venceram, mas não convenceram! Não conseguiram destruir nem abafar a bondade e o amor em Jesus. Pelo contrário! Lucas mostra como Jesus, exatamente enquanto está sendo vítima do ódio e da crueldade dos homens, revela a ternura de Deus e nos dá a "suprema prova do amor!" (Jo 13,1). Eis algumas frases de Jesus que só Lucas nos conservou e nas quais transparece a vitória da vida que a morte não conseguiu matar: “Desejei ardentemente comer esta páscoa com vocês” (22,15). “Façam isto em memória de mim!” (22,19). “Simão, rezei por você, para que não desfaleça a sua fé!” (22,32). Na hora da negação de Pedro, Jesus fixou o nele o olhar, provocando o choro de arrependimemento (22,61). No caminho do calvário, Jesus acolhe as mulheres: “Filhas de Jerusalém, não chorem por mim!” (23,28) Na hora de ser pregado na cruz, ele reza: “Pai, perdoa, porque não sabem o que fazem” (23,34). Ao ladrão pendurado na cruz a seu lado ele diz: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso!” (23,43) Estas frases nos dão os olhos certos para ler e saborear a descrição da morte, do enterro e da ressurreição de Jesus.
Comentando
Lucas 23,44-46: A morte de Jesus
Jesus está pendurado na Cruz. A morte está chegando. Ao meio dia, o sol escurece, as trevas invadem a terra. Estes fenômenos da natureza interpretam o significado da morte de Jesus. Simbolizam a chegada do Reino. O véu do santuário rasgou-se no meio. Terminou a vigência do Antigo Testamento, simbolizado pelo Templo, cujo véu separava Deus do resto do mundo. Pela sua vida, paixão, morte e ressurreição, Jesus trouxe Deus para perto de nós e revelou a sua presença em tudo que existe e acontece. Na hora de morrer, Jesus deu um forte grito. O grito do povo oprimido deu início ao primeiro exôdo (Ex 2,23-25), pois Deus escutou o grito do povo. Escutou também o grito de Jesus, fazendo com que se realizasse o novo êxodo. Jesus resume toda a sua vida dizendo: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Com esta frase do salmo (Sl 31,6), Jesus devolve ao Pai o Espírito que dele tinha recebido na hora do batismo (Lc 3,22). Foi na força do Espírito, que Jesus iniciou a sua missão. É na força do mesmo Espírito, que ele a encerra.
Lucas 23,47-48: As reações diante da morte de Jesus
Um estrangeiro, centurião do exército romano, vendo o que acontecera na hora da morte de Jesus, faz uma profissão de fé: “Realmente, este homem era um justo!” Justo é aquele que realiza o objetivo da Lei de Deus. Jesus realizou a Lei, transgredindo normas inúteis, abrindo novos caminhos, e acolhendo a todos, inclusive aos pagãos. A multidão, vendo o que tinha acontecido, voltou para casa batendo no peito. Reconhece o erro que cometeu, pedindo a condenação de Jesus.
Lucas 23,49: As testemunhas da morte de Jesus
Os amigos e as mulheres que o haviam acompanhado desde a Galiléia, permanecem à distância, observando tudo. Testemunham que foi assim que Jesus morreu. Aqui, Lucas indica a fonte, de onde recolheu parte do material que acaba de contar.
Lucas 23,50-54: O enterro de Jesus
José de Arimatéia, membro do Sinédrio, que não concordara com a condenação de Jesus, cuidou do enterro. Jesus foi enterrado num sepulcro novo, talhado na rocha. Realiza-se, assim, uma outra profecia de Isaías sobre o Servo que dizia: “Seu túmulo está com os ricos” (Is 53,9). Lucas insiste em dizer: "Era o dia da Preparação. O sábado estava quase começando”. O sábado é o 7º dia. Estava terminando o 6º dia da nova criação. Jesus descansou no 7º dia.
Lucas 23,55-56: As mulheres, testemunhas do enterro de Jesus
As mulheres testemunham também o lugar onde foi colocado o corpo de Jesus. Havia alí muitos sepulcros, alguns fechados, outros abertos. Quem não soubesse bem onde Jesus tinha sido enterrado, poderia enganar-se. Mas elas seguiram José de Arimatéia, observaram bem o túmulo, viram o lugar, fixaram na memória. Aquele sepulcro aberto do domingo de Páscoa era realmente de Jesus! Não foi um engano! Em seguida, elas voltam para casa, preparando aromas e perfumes para poder ungir o corpo de Jesus depois do descanso do sábado..
Lucas 24,1-3: Os fatos encontrados: túmulo vazio, pedra removida
Seguindo de perto o evangelho de Marcos, Lucas oferece informações detalhadas sobre a hora e o lugar. Estes detalhes sugerem que as mulheres são pessoas de confiança para testemunhar a ressurreição. Elas estavam convencidas de que Jesus estava morto, pois iam para o túmulo para ungí-lo. A sua fé na ressurreição não foi fruto de fantasia, mas algo totalmente inesperado. Quando chegaram no sepulcro, viram que a pedra já tinha sido removida. Entrando dentro do sepulcro não encontraram o corpo de Jesus. Estes são os fatos. Qual o seu significado?
Lucas 24,4-8: O significado dos fatos: o anúncio da ressurreição
Dentro do sepulcro, elas encontram dois homens em vestes fulgurantes que lhes interpretam o significado destes fatos inexplicáveis: “Jesus está vivo. Ele ressuscitou!” Elas lembraram as palavras do próprio Jesus e as palavras da Escritura. Daqui para a frente, a palavra de Jesus e a palavra da Escritura têm ambas o mesmo valor.
Lucas 24,9-12: Os apóstolos não acreditaram no testemunho das mulheres
Lucas diz quem eram as mulheres: Maria Madalena, Joana e Maria, a mãe de Tiago, bem como as outras que estavam com elas. Voltando do sepulcro, elas anunciaram a Boa Nova aos Onze, mas estes não lhes deram crédito. Não foram capazes de crer no testemunho das mulheres. Diziam que era um “desvario”, invenção, fofoca. Naquele tempo, as mulheres não podiam ser testemunhas. Ao transmitir a elas a Ordem de anunciar a Boa Nova da ressurreição, Jesus estava pedindo uma mudança total na cabeça das pessoas. Deviam dar crédito a quem, dentro da sociedade daquele tempo, não merecia crédito. Assim, começou a subversão do anúncio da ressurreição! Lucas termina dizendo que Pedro foi ao túmulo, encontrou-o vazio e voltou para casa. Mas não chegou a crer. Ficou apenas surpreso.
Alargando
- A experiência da ressurreição aconteceu, primeiro, nas mulheres (Mt 28,9-10; Mc 16,9; Lc 24, 4-11.23; Jo 20, 13-16); depois, nos homens. Ela é a confirmação de que, para Deus, uma vida vivida como Jesus, é vida vitoriosa. Deus a ressuscita! Em torno desta Boa Nova, surgiram as comunidades. Crer na ressurreição o que é? É voltar para Jerusalém, de noite, reunir a comunidade e partilhar as experiências, sem medo dos judeus e dos romanos (Lc 24,33-35). É receber a força do Espírito, abrir as portas e anunciar a Boa Nova à multidão (At 2,4). É ter a coragem de dizer: "É preciso obedecer antes a Deus que aos homens" (At 5,29). É reconhecer o erro e voltar para a casa do pai: "Teu irmão estava morto e voltou a viver" (Lc 15,32). É sentir a mão de Jesus ressuscitado que, nas horas difíceis, nos diz: “Não tenha medo! Eu sou o Primeiro e o Último. Sou o Vivente. Estive morto, mas eis que estou vivo para sempre. Tenho as chaves da morte e da morada dos mortos” (Apc 1,17s). É crer que Deus é capaz de tirar vida da própria morte (Hb 11,19). É crer que o mesmo poder, usado por Deus para tirar Jesus da morte, opera também em nós e nas nossas comunidades, através da fé (Ef 1,19-23).
- Até hoje, a ressurreição acontece. Ela nos faz experimentar a presença libertadora de Jesus na comunidade, na vida de cada dia (Mt 18,20), e nos leva a cantar: "Quem nos separará, quem vai nos separar, do amor de Cristo, quem nos separará? Se ele é por nós, quem será contra nós?" Nada, ninguém, autoridade nenhuma é capaz de neutralizar o impulso criador da ressurreição de Jesus (Rm 8,38-39). A experiência da ressurreição ilumina a cruz e a transforma em sinal de vida (Lc 24,25-27). Abre os olhos para entender o significado da Sagrada Escritura (Lc 24,25-27.44-48) e ajuda a entender as palavras e gestos do próprio Jesus (Jo 2,21-22; 5,39; 14,26). Uma comunidade que quiser ser testemunho fiel da Boa Nova da Ressurreição deve ser sinal de vida, lutar pela vida contra as forças da morte. Sobretudo aqui na América Latina, onde a vida do povo corre perigo por causa do sistema de morte que nos foi imposto.
SEMANA SANTA-2018: “Desejei muito comer esta Páscoa com vocês!”
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Frei Carlos Mesters, O. Carm.
“Desejei muito comer esta Páscoa com vocês!”: Uma ajuda para o grupo:
Situando
No 6º Bloco, Lucas descreve a paixão, morte e ressurreição de Jesus. Inicia-se a etapa final do “êxodo” de Jesus, anunciado por Moisés e Elias no Monte da Transfiguração (Lc 9,31). A maneira de Lucas descrever os acontecimentos é semelhante àqueles filmes que, primeiro, mostram a cena de longe. Em seguida, pouco a pouco, eles ajustam a câmara e a cena vai chegando mais perto, até que se possa ver todos os detalhes. Assim faz Lucas. Desde o capítulo 9, ele vem dizendo que Jesus está indo para Jerusalém. E agora, uma vez em Jerusalém, ele vai ajustando a câmara no ponto, em que os leitores e as leitoras devem prestar mais atenção. Primeiro, ele diz: "Aproxima-se a festa dos ázimos, chamada Páscoa" (Lc 22,1). Em seguida, informa: "Chegou o dia dos Ázimos" (Lc 22,7). E finalmente, constata: "Quando chegou a hora, ele sentou à mesa!" (Lc 22,14). Este é o ponto onde Lucas quer que a gente preste toda a atenção, pois é o momento em que começa a Páscoa, o “êxodo” de Jesus.
Comentando
Lucas 22,7-13: Preparativos para a Ceia Pascal
“Veio o dia dos Ázimos, quando devia ser imolada a páscoa”. Esta frase lembra a carta de Paulo que diz: “Nossa páscoa, Cristo, foi imolada” (1 Cor 5,7). No primeiro êxodo, aquele do Egito, o sangue do cordeiro pascal, passado nas portas das casas, libertou o povo da opressão do faraó (Ex 12,13). Agora, neste novo êxodo, Jesus, o novo Cordeiro pascal, vai libertar o povo da opressão da lei. Vai revelar a bondade e a ternura de Deus Pai que acolhe a todos. Jesus pensou em tudo para preparar bem a celebração desta última páscoa com seus amigos. Combinou as coisas com pessoas conhecidas da cidade. Ele mantém até um certo segredo, pois o momento era perigoso. Jesus estava sendo procurado para ser preso e morto.
Lucas 22,14-18: Início da Ceia Pascal
“Desejei ardentemente comer esta páscoa com vocês”. É como se dissesse: “Até que enfim! Chegou o momento que tanto desejei!” Jesus tem o desejo ardente de levar a bom termo o projeto do Pai. É a última vez que ele está reunido com seus amigos. É a páscoa definitiva, em que ele celebra a Nova Aliança e realiza a passagem da opressão da antiga lei para a revelação da lei do amor. Jesus enche um cálice com vinho e o distribui aos amigos. Beber o cálice significa cumprir a missão recebida do Pai (Mc 10,38-39; Jo 18,11). Jesus bebe o cálice que o Pai lhe deu e pede que seus amigos participem.
Lucas 22,19-20: A instituição da eucaristia
O último encontro de Jesus com os discípulos realiza-se no ambiente solene da celebração tradicional da Páscoa. Eles estão reunidos para comer o cordeiro pascal e, assim, lembrar a libertação da opressão do Egito. O contraste é muito grande. De um lado, os discípulos: eles estão inseguros, sem entenderem o alcance dos acontecimentos. De outro lado, Jesus que faz um gesto de partilha, convidando seus amigos a tomar o seu corpo e o seu sangue. Ele distribui o pão e o vinho como expressão do que ele mesmo estava vivendo naquele momento: doar sua vida, distribuir-se aos outros para que eles pudessem viver e, assim, revelar o amor do Pai. Este é o sentido da eucaristia: aprender de Jesus a distribuir-se, doar-se, entregar-se, servir, sem medo dos poderes que ameaçam a vida. E Jesus acrescenta uma frase que só Lucas conservou: “Fazei isto em memória de mim!” (Lc 19,22).
Lucas 22,21-23: Anúncio da traição de Judas
Estando reunido com os discípulos pela última vez, Jesus anuncia: “A mão daquele que me trai está comigo sobre a mesa”. Este jeito de falar acentua o contraste. Para os judeus a comunhão de mesa era a expressão máxima da amizade, da intimidade e da confiança. Com outras palavras, Jesus vai ser traído por alguém muito amigo! E Jesus acrescenta: “Sim, o Filho do Homem vai morrer, segundo o que foi determinado!” Aqui não se trata de predestinação nem de fatalismo. Trata-se da certeza que a experiência humana de séculos nos comunica: num mundo organizado a partir do egoismo, quem decide viver o amor, vai morrer crucificado. E Jesus termina: “Ai daquele homem por quem o Filho do Homem foi entregue!” Será para sempre conhecido e lembrado como o traidor de Jesus!
Alargando
- A grande luta. De um lado, Jesus. Animado pelo Espírito de Deus, ele procura realizar o projeto do Pai. Do outro lado, os inimigos de Jesus. Animados pelo espírito oposto, procuram realizar o projeto de satanás. "Satanás entrou em Judas” e o levou a conferenciar com os sacerdotes, que estavam procurando um meio para eliminar Jesus, mas temiam o povo (Lc 22,2-3). Combinaram o preço e Judas começou a procurar um jeito de como entregá-lo (Lc 22,5). É na Última Ceia que as duas forças se encontram e se enfrentam! Jesus diz: "A mão que me trai está comigo sobre a mesa" (Lc 22,21). Por de trás da luta entre os homens, está a luta entre os poderes. O vencedor será Jesus!
- Lucas acentua a semelhança entre o Êxodo e a paixão, morte e ressurreição de Jesus. No êxodo antigo, conduzido por Moisés, Deus libertou o povo da lei do Faraó que oprimia e escravizava o povo. No novo êxodo, conduzido por Jesus, Deus liberta o povo da escravidão da lei, que o impedia de perceber e de experimentar o amor acolhedor de Deus como Pai. No antigo êxodo, nasceu o povo, feito de muitas raças e tribos diferentes. O que os unia e deles fazia um só povo era a fé comum em Javé, o Deus libertador. No novo êxodo, nasce um povo novo, feito de muitas raças, culturas e etnias. O que os une não é o sangue nem a raça, mas sim a fé comum em Jesus. Ele nos revelou a misericórdia e a ternura do Deus libertador que não exclui a ninguém.
SEMANA SANTA-2018: A agonia de Jesus no Horto das Oliveiras
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A agonia de Jesus no Horto das Oliveiras: A Oração: fonte de luz e de força.
Frei Carlos Mesters, O. Carm.
Situando
- No início da sua missão, Jesus foi tentado no deserto (Lc 4,1-12). Naquela ocasião, Lucas fez a seguinte observação: “Tendo acabado toda a tentação, o diabo deixou Jesus até o momento oportuno" (Lc 4,13). Este momento oportuno agora chegou. Chegou a hora da tentação suprema, “a hora do poder das trevas” (Lc 22,53). Começou a última etapa do êxodo de Jesus. O satanás já tinha conseguido desviar Judas (Lc 22,3). Queria desviar Tiago e João na hora da vingança contra os samaritanos, no início da viagem para Jerusalém (Lc 9,55). Quis entrar em Pedro, mas a oração de Jesus foi mais forte (Lc 22,31). Agora ele vai fazer a tentativa suprema para desviar Jesus do caminho do Pai.
Mas não vai conseguir.
- Durante a leitura do texto que descreve a agonia de Jesus no Horto, convém lembrar a cena da Transfiguração (Lc 9,28-36). No Evangelho de Lucas estes dois episódios tem uma semelhança muito grande, o que, sem dúvida, encerra uma mensagem da parte de Lucas para nós, seus leitores e suas leitoras.
- Comentando
Lucas 22,39-40: Tentação e angústia
“Como de costume, Jesus sai para o Monte das Oliveiras”. Era a última noite da sua vida aqui na terra! Ele costumava ir naquela chácara para rezar. Jesus sabe que estão à sua procura para matá-lo. Sente a hora da tentação chegando. Bastaria subir o Monte das Oliveiras, alcançar o deserto, e ele estaria livre. Ninguém o prenderia! O que fazer? Era a tentação de escapar do cálice. Ele reza e pede aos amigos, para que rezem, “afim de não entrar em tentação!” Jesus estava sentindo a angústia provocada pela tentação. Não quer que seus amigos sofram esta mesma tentação.
Lucas 22,41-42: A oração da total entrega
Jesus reza de joelhos. Ele devia estar muito abalado e angustiado, pois naquele tempo, o costume era rezar em pé. Lucas traz as palavras da oração: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice. Contudo, não a minha, mas a tua vontade seja feita!” É a oração da total entrega. Jesus não volta atrás, não quer escapar. Quer é continuar no caminho de acolher os excluídos, de denunciar o fechamento da religião oficial, de insistir nas exigências da fraternidade, mesmo que os poderosos o persigam e matem. Ele assume ser o Messias-Servo.
Lucas 22,43-44: O anjo de Deus ajuda a beber o cálice
Apareceu um anjo do céu. O anjo do céu é o próprio Deus se comunicando com o ser humano. É pela terceira vez no evangelho de Lucas, que Deus se manifesta diretamente a Jesus. A primeira vez, foi no Batismo (Lc 3,21-22). A segunda, na Transfiguração (Lc 9,35). E agora, a terceira vez, aqui no Horto. O anjo não vem para consolar. Ele vem para ajudá-lo a continuar no caminho do Pai até o fim, a beber o cálice até o fundo. Diz a carta aos Hebreus: “Nos dias da sua vida terrestre, Jesus apresentou pedidos e súplicas, com veemente clamor e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte” (Hb 5,7). De fato, depois que apareceu o anjo, Lucas diz que “cheio da angústia, Jesus reza com mais insistência ainda” e começa a suar sangue. Suor de sangue é sinal de que a angústia que o envolve é muito grande. Jesus é jovem. Tem apenas 33 anos. É acusado e perseguido por algo que nunca fez nem quis, e sabe que vão matá-lo. É pela oração que ele se reencontra consigo, com a missão e com o Pai. A paz voltou. “Foi atendido por causa da sua total entrega!” (Hb 5,7)
Lucas 22,45-46: Resistir à tentação
Jesus se levanta. Vai ao encontro dos discípulos. Eles estão dormindo de tristeza. Novamente, lhes dá a mesma recomendação: “Levantem e rezem, para que não entrem em tentação!” No Pai-Nosso, Jesus já tinha mandado fazer o mesmo pedido: “Não nos deixeis cair em tentação!” (Lc 11,4) A tentação faz parte da vida. Constantemente, Jesus era puxado para seguir por caminhos contrários ao caminho do Pai. Mas ele resiste através da oração e vence a tentação. Partindo da sua própria experiência, dá um conselho aos amiogos: "Rezem para que não entrem em tentação!"
Alargando
A tentação de assumir o papel do Messias glorioso acompanhou Jesus, do começo ao fim. A pressão vinha de todos os lados. Pessoas, fatos, situações, o próprio demônio, todos tentavam levá-lo por outros caminhos. Mas nunca ninguém conseguiu desviá-lo do caminho do Pai.
* Pedro tentou afastá-lo do caminho da Cruz, mas recebeu uma resposta dura: "Vai embora, Satanás!"(Mc 8,33).
* Seus pais tiveram que ouvir: “Então não sabiam que devo estar na casa do meu Pai?”(Lc 2,49)
* Aos parentes ele disse: "Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?"(Mc 3,33).
* Aos apóstolos que queriam levá-lo de volta, ele disse: "Vamos para outros lugares! Pois foi para isto que eu vim!"(Mc 1,38)
* João Batista é convidado a conferir as profecias com a realidade dos fatos (Mt 11,4-6 e Is 29,18-19; 35,5-6; 61,1).
* Aos fariseus avisou: “Vão dizer àquela raposa que vou continuar trabalhando aqui hoje e amanhã. Só vou terminar é depois de amanhã!”(Lc13, 32).
* O povo queria forçar Jesus a ser o messias-rei (Jo 6,15). Ao percebê-lo, Jesus simplesmente foi embora e se refugiou na montanha(Jo 6,15).
* Ao demônio Jesus reage com força, condenando as propostas com palavras da Escritura (Mt 4, 4.7.10).
* No Horto, o sofrimento leva Jesus a pedir: "Pai, afasta de mim este cálice!" Mas ele logo acrescenta: "Não o que eu quero, mas o que tu queres"(Mc 14, 36). E na hora da prisão, hora das trevas(Lc 22,53), aparece pela última vez a tentação de seguir pelo caminho do messias guerreiro. Jesus reage: “Guarde a espada no seu lugar!”(Mt 26,52).
Orientando-se pela Palavra de Deus, Jesus recusou todas estas propostas. Inserido no meio dos pobres e excluídos e unido ao Pai pela oração, fiel a ambos, ele resistia e seguia pelo caminho do Servo de Javé, o caminho do serviço ao povo (Mt 20,28).
Diocese de Formosa/GO: Dom José Aparecido, delegado para as celebrações da Semana Santa
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Na última quarta-feira (21/03), o Papa Francisco nomeou como administrador apostólico da Diocese de Formosa (GO), Dom Paulo Mendes Peixoto, arcebispo metropolitano de Uberaba.
Cidade do Vaticano
Na última quarta-feira (21/03), o Papa Francisco nomeou como administrador apostólico da Diocese de Formosa (GO), Dom Paulo Mendes Peixoto, arcebispo metropolitano de Uberaba.
A diocese foi alvo da Operação chamada ‘Caifás’ do Ministério Público Federal (MP-GO) que levou à prisão do bispo local, de quatro sacerdotes e outras pessoas acusadas de corrupção e desvio de dinheiro.
Devido a esses acontecimentos, a Santa Sé indicou o bispo auxiliar de Brasília, Dom José Aparecido, como delegado para as celebrações da Semana Santa, em Formosa.
Eis o que disse Dom José na entrevista a Ronaldo da Canção Nova. Fonte: http://www.vaticannews.va
Fiéis de Formosa tentam recuperar confiança na Igreja após Operação Caifás
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Uma semana após escândalo de corrupção, católicos da cidade de Goiás se dividem entre o silêncio e a revolta, mas não falam em abandonar a fé
Maria Vaz, ao lado do marido, Valdemário: "Temos que pedir ao Senhor que nos recupere e nos tire desse sofrimento"
"As pessoas ainda estão com o sentimento muito à flor da pele. Depois da operação policial, passaram a despejar raiva em cima de nós." As palavras são de uma funcionária da Catedral de Formosa (GO), que pediu para não ter o nome divulgado. A operação à qual ela se refere é a Caifás, conduzida pelo Ministério Público de Goiás (GO) e que culminou com a prisão do bispo da cidade, dom José Ronaldo Ribeiro, e mais oito pessoas, sendo outros cinco sacredotes. "Até quem não está envolvido tem sofrido as penalidades", completa a mulher.
Uma semana depois que a operação foi deflagrada, os fiéis católicos do município goiano buscam recuperar a confiança na instituição. Ainda atônitos com o escândalo de corrupção, os moradores se dividem em grupos antagônicos. Parte prefere o silêncio. Outros mostram revolta. Alguns condenam. Mas nenhum fala em abandonar a Igreja. Sabem que ela também é vítima.
“A fé não se abala, mas essa situação não é algo compreensível. As pessoas erram, podem tropeçar em sua conduta”, explica a professora aposentada Neide Espíndola, 67 anos. O marido dela, o técnico em contabilidade aposentado Antônio Flávio Pessoa, 62, concorda. “Não é uma situação fácil de aceitar, mas quem somos nós para julgar?”
Os dois estavam entre os 700 fiéis que participaram, ontem, da celebração do Domingo de Ramos, que marca o início da semana santa na Igreja Católica. O céu estava fechado quando a procissão de Ramos começou, encurtando o trajeto. O bispo auxiliar de Brasília, dom José Aparecido Gonçalves de Almeida, designado pela Santa Sé para presidir as celebrações de Semana Santa na diocese de Formosa, pediu orações. O religioso garantiu aos fiéis que a Igreja retornará ao estado de "normalidade".
Ressurreição
Os mais otimistas acreditam na ressurreição da Igreja em Formosa, assim como Cristo ressuscitou no domingo de Páscoa. "Regeneração" parece ser a palavra que define os desejos do fiéis. "Espero que a Igreja recupere sua moral. Mas as pessoas não podem crucificar os católicos. Somos tementes a Deus e não aos homens que lideram a Igreja", pondera. O irmão dela, o motorista David Batista Teixeira, 56 anos, é menos esperançoso. "A corrupção que aconteceu nos deixa muito tristes e nos coloca em uma situação muito delicada. Agora, só resta rezar."
O assunto permaneceu praticamente intocado na missa de domingo, mas surgiu perto do fim. "Assumo a administração da igreja com o intuito de correção e de volta à normalidade", afirmou dom José Aparecido. Ele pediu ajuda aos fiéis. Repetiu trechos do discurso do papa Francisco, quando assumiu o Vaticano em 2013. "Conto com a oração de vocês."
A dona de casa Maria Vaz Ribeiro, 68 anos, garante que vai atender a recomendação do líder religioso. "Temos que pedir ao Senhor que nos recupere e nos tire desse sofrimento. Não é protestando, prendendo e condenando que se livram a Igreja e o povo de Deus do mal e da calúnia. Só o amor de Cristo nos salva", defende. Mas o marido dela, o lavrador Valdemário Ribeiro, 78 anos, cobrou respostas. "É uma dor muito grande, mas quem está envolvido deve ser responsabilizado." Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br
Vaticano, porque a carta cortada esconde um “caso Ratzinger”
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Por trás do "escândalo Viganò" escondem-se problemas não resolvidos: a descontinuidade entre os dois pontificados, a inquietação dos tradicionalistas, o papel de "papa emérito" cada vez mais desconfortável. Francisco conseguirá suportar tudo isso? A reportagem é de Francesco Peloso, publicada por Lettera 43, 22-03-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Caso Viganò ou caso Ratzinger? No evento, confuso e um tanto mirabolante, que levou à renúncia do prefeito da Secretaria da Comunicação, monsenhor Dario Edoardo Viganò, as duas coisas podem ser vistas juntas e os fatos ajudam um pouco a desvendar esse estranho e rumoroso caso político-midiático do Vaticano.
Somente um “tolo preconceito”?
Em janeiro de 2018, por ocasião da futura publicação - pela Libreria Editrice Vaticana – de uma coleção de 11 pequenos volumes de teólogos com comentários sobre a teologia de Francisco, monsenhor Viganò pediu ao Papa Emérito Bento XVI um prólogo para os livros em questão. Ratzinger educadamente recusou, afirmando, porém, que aqueles que veem uma ruptura entre o seu magistério e o de Bergoglio (um demasiado teórico, o outro muito pastoral) são vítimas de um "tolo preconceito". Tudo bem então, o prólogo não saiu, mas a sintonia não está faltando.
A retirada de duas linhas finais
No entanto, no texto divulgado pela Sala de Imprensa de Santa Sé faltavam as duas últimas linhas da carta em que Ratzinger explicava os motivos de sua recusa, afirmando que "mesmo que apenas por razões físicas, não estou em condições de ler os onze pequenos volumes no futuro próximo, especialmente porque preciso atender outros compromissos já assumidos"; o trecho "esquecido", mesmo assim, foi lido pelo próprio Viganò durante a conferência de imprensa de apresentação dos volumes em 12 de março, véspera do quinto aniversário da eleição do Papa Francisco à Cátedra de Pedro.
O texto - que naquele momento com o acréscimo das duas linhas parecia completo - foi publicado por Sandro Magister, especialista em Vaticano de longa data, em seu blog. Isso imediatamente causou embaraço e comentários: "Ratzinger é irônico, de fato não quis comentar a teologia de Francisco", logo afirmaram os críticos de Bergoglio.
Outro parágrafo omitido
Em seguida, porém, apareceu um parágrafo inteiro totalmente removido da divulgação da carta (com relativa foto da carta de Ratzinger retocada para que não aparecesse o texto “a mais”). Novamente, o parágrafo omitido facilmente encontrou a via da publicação. E o escândalo estourou.
Ataque a um dos teólogos
No texto em questão, de fato, o papa emérito mostrava seu descontentamento com um dos teólogos escolhidos para comentar os volumes do papa Francisco e explicava: "Só para registro, eu gostaria de manifestar a minha surpresa com o fato de que entre os autores também apareça o professor Peter Hünermann que durante o meu pontificado se destacou por ter liderado as iniciativas antipapais". Depois Ratzinger entrou em detalhes de algumas dessas controvérsias e explicou que inclusive a presença desse autor estava na origem da sua "recusa".
A carta do papa emérito Bento XVI
A ala tradicionalista anti-bergogliana exultou: finalmente aqui estava seu campeão, o papa "anterior", quando já parecia que uma oportunidade assim nunca iria acontecer; já não se tratava mais algum bispo periférico de ânimo exaltado a representar a "tradição", mas justamente o "predecessor".
O inteiro caso mal conduzido
O "tolo preconceito" da primeira parte da carta desapareceu na rocambolesca divulgação "em capítulos" da carta e o caso tornou-se político, isto é, de gestão das comunicações do Vaticano. O erro assumiu dimensão institucional e Viganò foi obrigado a renunciar. Por outro lado, é difícil imaginar que Francisco pudesse endossar a decisão de omitir deliberadamente parte do pensamento de seu predecessor, enquanto que todo o episodio parece ter sido gerido com pouca atenção até se tornar um caso internacional.
Viganó defende a sua obra
Viganò deixou o cargo afirmando, entre outras coisas: "Nos últimos dias apareceram muitas polêmicas sobre o meu trabalho que, para além das intenções, desestabiliza o complexo e grande trabalho de reforma que me foi confiado em junho 2015, e que está próximo, graças à contribuição de muitas pessoas da equipe, de chegar ao fim".
O papa lhe respondeu aceitando, mesmo que "com dificuldade", sua renúncia - por isso o deixou, no entanto, no dicastério da comunicação como "assessor" – renovando sua confiança no plano pessoal e profissional. Ele ressaltou, acima de tudo, que a reforma da comunicação chegou "agora em sua reta final com a iminente fusão do Osservatore Romano dentro do único sistema de comunicação da Santa Sé e a anexação da Gráfica vaticana". Em suma, se alguém imagina ou espera que todo o evento possa representar um obstáculo em termos concretos, está equivocado.
Ânsia de silenciar vozes críticas
No entanto, o caso se presta a algumas rápidas observações para além do clamor midiático. Primeiro, há a solicitação do monsenhor Viganò ao idoso papa emérito de um prólogo sobre a teologia do Papa no cargo. Esse talvez tenha sido o erro original, porque mostra uma ânsia por silenciar as vozes críticas contra Francisco - algumas vezes de forma virulenta - vindas do mundo ultraconservador.
Dupla autoridade teológica
A tentativa de Viganò (mas não o único a ir por esse caminho) foi tentar conter ou isolar essas vozes pedindo que Ratzinger desse "cobertura" a Francisco nessa frente. Desta forma, já se admitia, implicitamente, uma relação entre correntes conservadoras e Ratzinger; além disso, havia também o risco de montar uma espécie de dupla autoridade teológica e magisterial, uma do papa reinante e outra do ex-papa em nome dos contestadores (coisa diferente, como vimos nos últimos tempos, é expressar a não concordância em um sínodo geral dos bispos). Talvez essa seja uma das principais razões para a renúncia de Viganò? Não pode ser excluído.
A complexidade da resposta de Ratzinger parece excessiva, sintoma de uma condição, a de demissionário, com a qual não parece estar tão conformado.
Nessa perspectiva, a recusa de Ratzinger de escrever o prólogo tem um significado preciso: não alimentar o conflito em torno de autoridade do papado, e esse é certamente um ponto pacífico. No entanto - e, por outro motivo - o ex-braço direito de Karol Wojtyla não se eximiu, apresentado o que ele pensa com uma série de juízos articulados sobre a sua pessoa, sobre Francisco e sobre os teólogos.
Aquele silêncio incômodo
A sua é uma espécie de resenha não sobre os volumes, mas sobre o próprio pedido que lhe foi solicitado, sinal de um silêncio um tanto incômodo para ele (e, realmente, às vezes o quebra). Se, de fato, a solicitação de Viganò foi excessiva, também a complexidade de sua resposta parece excessiva, sintoma de uma condição, a de demissionário, com a qual não parece estar tão conformado.
Existem diferenças inegáveis
No pano de fundo há uma questão decisiva: a continuidade ou a descontinuidade entre os dois pontificados. Uma questão, em parte, capciosa: existem ambos os componentes, só uma leitura hagiográfica do papado como de outras instituições pode fingir não ver diferenças, pontos de encontro, rupturas e assim por diante.
Ratzinger e Bergoglio
Certamente, para a Igreja a admitir a existência dessas diferenças, inclusive com dois pontífices em vida é uma novidade significativa e provoca dúvidas, erros e imprevistos. Ratzinger na carta também fala de "continuidade interior", com Francisco, uma fórmula muito sofisticada, em parte certamente verdadeira, mas que - justamente - deixa espaço para uma realidade mais complexa.
Renúncia, um ato de reforma
Por outro lado, é inegável a marca conservadora deixada pelo cardeal Ratzinger antes e por Bento XVI depois, ao mesmo tempo em que a renúncia é um ato de reformapoderoso do papado, sem precedentes (e sobre esse ponto os tradicionalistas manifestam-se pouco, porque de fato a mudança veio daquele que era uma referência para aquele mundo).
Papa emérito, um papel de ser revisto
O que parece ficar cada vez mais evidente nesse episódio é que a figura do "papa emérito" mostra limites cada vez mais vistosos. Precisa ser dito que, praticamente não existindo precedentes, se não muito longe no tempo, quando Bento XVI pediu demissão foram construídas soluções específicas e em parte experimentais. É concebível, então, que no futuro um papa demissionário não mais viva no Vaticano, não se vista mais de branco, e se retire para a vida privada em um mosteiro ou em uma casa religiosa? Realmente difícil afirmar isso com certeza, mas o tema existe.
Em tempos de internet, o Vaticano ciclicamente cai nessa cilada: acha que pode esconder documentos embaraçosos como acontecia em outros períodos históricos.
Depois, há os erros cometidos na gestão do caso, no geral bastante evidentes: a publicação parcial do texto de Ratzinger, omissões, correções, gafes: uma bola de neve que se tornou uma avalanche e facilmente atraiu a curiosidade da mídia do mundo todo.
Palavras que não se podem ignorar
A conclusão foi inevitável, inclusive porque a ser relatada de forma incompleta foi a palavra do papa emérito, algo que Francisco não podia desconsiderar, independe de qual fosse a intenção daquela remoção. Em tempos de internet, o Vaticano ciclicamente cai nessa cilada: acha que pode esconder documentos e cartas que criariam constrangimentos como acontecia em outros períodos históricos. Não que seja impossível manter um segredo, mas é certamente muito mais difícil e desafiador, mesmo para os sagrados salões.
Mas a agenda de Francisco continua
Também deve ser dito, contudo, que nesses dias de confusão o Papa Francisco não alterou sua agenda: primeiro foi até a região de Padre Pio na Puglia, em seguida, reuniu-se com jovens em vista do Sínodo sobre a juventude em outubro de 2018 (denunciou os sofrimentos de mulheres obrigadas a se prostituirem e a responsabilidade dos clientes, especialmente no caso de batizados, só para mencionar algumas de suas prioridades), depois, o Vaticano anunciou que no final de agosto, o papa é esperado na Irlanda; agenda lotada e pouco alterada pelos recentes acontecimentos. O futuro mostrará como a reforma da Cúria Romana vai prosseguir, apesar de tudo. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Padre preso em operação pediu excomunhão para religioso que defendeu gays
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O juiz eclesiástico Thiago Wenceslau, um dos religiosos presos na operação do Ministério Público que apurou desvio de dinheiro da Igreja Católica, em Formosa, em Goiás, foi o responsável pelo processo que resultou na excomunhão de Roberto Francisco Daniel, o padre Beto, acusado de defender a relação entre gays, na Diocese de Bauru, no interior de São Paulo, em 2013. De acordo com o Ministério Público goiano, o padre Wenceslau foi convocado para apurar denúncias contra o clero de Formosa, mas agiu para encobrir os desvios. A reportagem é de José Maria Tomazela, publicada por O Estado de S.Paulo, 20-03-2018.
Ele foi preso nesta segunda-feira, 19, na ação que prendeu também o bispo d. José Ronaldo Ribeiro e outros cinco sacerdotes, além de leigos, acusados de comprar bens materiais, carros e fazenda de gado com o dinheiro dos fiéis. Todos tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça e continuavam presos nesta terça. Segundo o MP, Wenceslau chegou a ameaçar os padres que deixassem de defender o bispo das acusações de desvios.
O juiz eclesiástico exerce a função de julgador de questões reservadas envolvendo os dogmas da igreja. No processo realizado pela Diocese de Bauru, o padre Beto foi acusado de defender temas polêmicos, como a união entre homossexuais, a falta de fidelidade entre cônjuges e a necessidade de mudanças na estrutura da Igreja.
Wenceslau assinou a peça enviada ao Vaticano, considerando que "o padre feriu a Igreja com suas declarações consideradas graves contra os dogmas da Fé Católica" e defendeu sua excomunhão, deferida pelo papa. Beto recorreu à Justiça, e o caso será examinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Bispo de Formosa e cinco padres viram réus em ação por desvio de dízimo; juiz decide manter grupo preso
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Papa Francisco havia determinado investigação nas contas da diocese antes das prisões, informou Nunciatura Apostólica. 'Interventor' chegou à cidade nesta quinta.
Por Raquel Morais, G1 GO
O juiz Fernando Oliveira Samuel acolheu a denúncia do Ministério Público de Goiás (MP-GO) e decidiu manter presos o bispo Dom José Ronaldo e outros cinco padres. Eles são acusados de desvio superior a R$ 2 milhões de dízimos e doações. Os dois empresários apontados como laranjas do esquema também são alvos da decisão. O prazo para prisão do grupo era temporário (válido por cinco dias) e venceria nesta sexta.
O grupo está no presídio de Formosa desde segunda-feira (19), após o Ministério Público deflagrar a Operação Caifás e apontar que os detidos teriam comprado uma fazenda e uma casa lotérica com os recursos.
O MP-GO não denunciou o secretário da Cúria, Guilherme Frederico Magalhães. O G1 tentou contato por telefone com o promotor responsável pelo caso, Douglas Chegury, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem. O juiz determinou que Guilherme seja liberado do presídio.
De acordo com a Nunciatura Apostólica (que atua como embaixada da Santa Sé), o Papa Francisco havia determinado que as contas da Diocese de Formosa fossem investigadas no início do mês, antes mesmo das prisões. O arcebispo de Uberaba (MG), Dom Paulo Mendes Peixoto, foi nomeado administrador apostólico, espécie de "interventor".
“No dia que Dom Paulo estava indo até a Formosa fazer essa visita [ordenada pelo Papa], o Bispo, Dom José Ronaldo Ribeiro, foi preso. E preso também os demais religiosos. Logo não fazia sentido Dom Paulo ir até Formosa para esta visita, uma vez que a Diocese estava sem representante, ele não teria com quem conversar”, explicou a assessoria do “interventor”.
Em entrevista à TV Anhanguera, Dom Paulo afirmou que estará à disposição da comunidade e dos religiosos detidos. Ele volta para Uberaba (MG) no sábado, onde fica por tempo indeterminado, já que segue administrador lá também.
“A primeira atitude minha é conversar com os padres, dizer que a gente está com o coração aberto para ajudá-los e contar com a ajuda deles", afirmou.
"A questão que aconteceu, a Justiça é que tem que dar a sua palavra. A gente não [pode] ficar preocupado com isso não,[vamos ficar] preocupados com o povo que precisa de uma segurança, os padres, que também precisam de uma segurança. Vou estar ali com eles, [serei] mais um para somar”, afirmou.
Investigações
As investigações começaram no ano passado, após denúncias de fiéis. Eles afirmaram que as despesas da casa episcopal subiram de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde a chegada do bispo Dom José Ronaldo. Na ocasião, o clérigo negou haver irregularidades nas contas da Diocese de Formosa.
Segundo a investigação, o grupo se apropriava de dinheiro oriundo de dízimos, doações, arrecadações de festas realizadas por fiéis e taxas de eventos como batismos e casamentos. O bispo Dom José Ronaldo sempre negou as acusações.
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça apontam que o grupo comprou uma fazenda de criação de gado e uma casa lotérica com dinheiro desviado de dízimos e doações. Na decisão que determinou as prisões temporárias, o juiz disse haver indícios de que o dinheiro era usado para despesas pessoais e que carros da Diocese de Formosa eram usados com fins particulares.
Os presos estão em celas isoladas no presídio de Formosa, com direito a até duas horas por dia de banho de sol e chuveiro sem eletricidade. O G1 não localizou a defesa dos presos para comentarem o caso.
Depoimentos dos padres
Nesta quinta-feira (22), os promotores encerram a fase de oitivas. Eles colheram os depoimentos do bispo, do monsenhor e juiz eclesiástico. O órgão disse que, por enquanto, não vai divulgar o teor dos relatos por pedido da defesa dos detidos.
Anteriormente, outros padres tinham dito que eram coagidos pelo bispo a compactuar com as irregularidades. O promotor Douglas Chegury já havia dito que os depoimentos eram "contraditórios" e cheios de justificativas "absurdas".
‘Juramento de fidelidade’
Convocado após denúncias de desvios de dízimos e doações na Diocese de Formosa, o juiz eclesiástico Tiago Wenceslau forjou um relatório das contas questionadas anunciando que “auditoria rigorosa” apontou não haver nenhuma irregularidade, de acordo com o MP-GO.
“[O juiz eclesiástico] Veio [de São Paulo] com um objetivo: intimidar de forma definitiva os padres e fazer com que eles fizessem, como de fato muitos fizessem, um juramento de fidelidade ao bispo [Dom José Ronaldo, apontado como líder do esquema]”, explicou o promotor Douglas Chegury.
“Chamados nominalmente, [os padres] deveriam responder se estavam com o bispo ou contra o bispo, não era com a igreja ou contra igreja. Isso aconteceu em uma reunião a portas fechadas”, completou.
De acordo com o MP-GO, havia “clima de terror e opressão” e ameaças de retaliação, transferências e até perda de ministério aos clérigos que não se calassem ou não demonstrassem apoio ao bispo.
'Mesada' por paróquias mais rentáveis
A investigação aponta ainda que padres de Formosa, Posse e Planaltina pagavam ao bispo de Formosa, Dom José Ronaldo, para que fossem mantidos em paróquias mais lucrativas. O valor mensal da "mesada" variava entre R$ 7 mil e R$ 10 mil.
"As informações que nós obtivemos é que, para permanecer nas paróquias que davam mais dinheiro, os padres pagavam uma mesada, em dinheiro, ao bispo. Um pároco, que contribuiu com as investigações, inclusive, chegou a ver esse repasse", disse o promotor Douglas Chegyry ao G1.
Dinheiro escondido em guarda-roupa
Foram apreendidos cordões de ouro, relógios e caminhonetes da cúria em nomes de terceiros, além de uma grande quantia de dinheiro em espécie, com valor ainda não foi divulgado. Havia moedas estrangeiras, incluindo dólares americanos, dólares australianos, pesos argentinos, pesos chilenos e euros.
Na casa do vigário-geral, segundo na linha de sucesso da Diocese, foi apreendida grande quantidade de dinheiro no fundo falso de um guarda-roupa. Segundo a TV Anhanguera apurou, o montante contabilizou R$ 70 mil. A quantia estava em sacos plásticos.
Vídeo mostra quando os policias entram na casa e vão até um armário, guiados pelo vigário-geral. Eles abrem o móvel e encontram três caixas de celulares e um notebook. Um dos policiais civis começa a tirar os objetos das prateleiras enquanto o religioso diz: “Esse dinheiro é da Paróquia, não é meu não. Isso é para pagar as despesas da Paróquia”.
Prisões
O MP-GO fez à Justiça pedido de 13 mandados de prisão temporária e 10 de busca e apreensão em residências, igrejas e um mosteiro. O juiz Fernando Oliveira Samuel concluiu, no primeiro momento, haver necessidade de prisão em nove casos:
José Ronaldo Ribeiro, bispo de Formosa
Monsenhor Epitácio Cardozo Pereira, vigário-geral da Diocese de Formosa
Padre Moacyr Santana, pároco da Catedral Nossa Senhora Imaculada Conceição,
Formosa
Padre Mário Vieira de Brito, pároco da Paróquia São José Operário, Formosa
Padre Tiago Wenceslau, juiz eclesiástico
Padre Waldoson José de Melo, pároco da Paróquia Sagrada Família, Posse (GO)
Guilherme Frederico Magalhães, secretário da Cúria de Formosa
Antônio Rubens Ferreira, empresário suspeito de ser laranja da quadrilha
Pedro Henrique Costa Augusto, empresário, suspeito de ser laranja da quadrilha
O nome da operação foi escolhido considerando que Caifás era o sumo sacerdote quando Jesus foi condenado a morrer na cruz, explicou o MP-GO. Fonte: https://g1.globo.com
OLHAR HERESIAS
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Muito cedo sintetizou-se a doutrina cristã no Credo. Era apresentada aos batizandos como norma de obrigação e como regra.
O Credo, desde o início, evidentemente professava o monoteísmo, mas com a novidade da doutrina da Trindade já claramente afirmada na ordem de batizar (Mt 28, 19).
Pontos principais do Credo:
- Um só Deus, Pai e criador onipotente e regedor do mundo;
- unigênito Filho de Deus, que apareceu em Jesus Cristo de Nazaré;.
- Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, o Paráclito que permanecerá sempre com os discípulos de Jesus (Jo 14, 16)
- Santa Igreja, que Paulo descreve como o Corpo Místico de Cristo
- Penitência para a remissão dos pecados, que se atua no batismo como banho de regeneração
- Ressurreição da carne, que se realizará no momento do fim do mundo e da parusia do Senhor
- Vida eterna feliz, como prêmio para os justos.
Mas alguns daqueles a quem foi pregado o Evangelho julgaram poder escolher da pregação apostólica aquilo que lhes convinha e/ou misturar doutrinas estranhas. Nasceram assim as heresias.
As doutrinas que lhes servem de apoio são de origem hebraica ou pagã.
Entre os cristãos provenientes da religião hebraica, havia aqueles que tinham dificuldades de se acostumar à ideia do Antigo Testamento ser substituído pelo Novo; alguns continuavam a considerar sempre a lei de Moisés obrigatória para todos, se quisessem salvar-se. A supervalorização da lei de Moisés acabou levando alguns a não darem o devido valor ao Fundador do Novo Testamento, contestando totalmente ou em parte a sua natureza superior.
Havia pagãos que somente com dificuldade chegavam a aceitar a doutrina cristã da criação e do mal, ou não chegavam de modo algum; posto que lhes parecia impossível uma criação do nada, contrapunham uma concepção dualista (Deus e a matéria eterna) à concepção unitária do cristianismo.
A heresia desenvolve-se, por isso, em duas direções: uma derivada da compenetração do cristianismo e judaísmo, a outra, da mistura do cristianismo com o paganismo, isto é, com a filosofia grega e com os sistemas religiosos greco-orientais. Contudo, esta diversidade de direção nem sempre se evidencia. Alguns hereges aparecem influenciados pelo judaísmo e pelo paganismo ao mesmo tempo.
As heresias são de máxima importância para o desenvolvimento da doutrina cristã. Elas deram um impulso notável para um conhecimento sempre mais claro das verdades da fé nos seus vários aspectos, a uma sua motivação mais completa e a uma formulação mais precisa.
Se a heresia é desvio da doutrina cristã, o cisma consiste na separação da comunidade da Igreja, determinada pelas controvérsias concernentes à constituição eclesiástica. Convém lembrar que nem sempre um cisma acontece por causa de uma heresia.
Simão Mago é considerado como o “Patriarca de todos os hereges” pelos Padres da Igreja – inclusive ouviu a pregação de Filipe, foi batizado (Atos 8,9-13) e ofereceu dinheiro para obter a faculdade de comunicar o Espírito Santo (At 8,18) — disto surgiu a palavra simonia. Com ele apareceram os primeiros indícios da especulação gnóstica. Segundo Ireneu, na obra Adversus Haereses, Simão quis ser a manifestação da divindade até então desconhecida: do sumo Deus (Simão) emanou-se a primeira ideia criadora, Ennóia, a mãe de tudo, e desta provieram as potestades angélicas, os demiurgos; estes criaram o mundo e, para que não surgissem rebentos de novos mundos, expulsaram Ennóia para a matéria; como ovelha desgarrada, Ennóia transmigrou por diversos corpos femininos até a etérea Helena de Tiro, companheira de Simão; para libertar Ennóia e reunir os homens, Simão desceu incógnito à terra sob a espécie de homem; na Judéia sofreu aparentemente como Filho, na Samaria como Pai, e nos outros povos como Espírito Santo; para salvar-se basta crer nele e em Helena.
Menandro sustentava uma teoria análoga da criação e fazia-se passar senão pelo próprio Deus ao menos pelo redentor.
Arcebispo cogita auditoria pública nas contas da diocese de Formosa-GO
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Em entrevista exclusiva ao Correio Braziliense, o arcebispo de Uberaba pede "prudência" em relação ao inquérito contra os sacerdotes presos em Formosa
Arcebispo de Uberaba, dom Paulo Mendes Peixoto assumiu, ontem, a administração da diocese de Formosa(foto: Arquidiocese de Uberaba (MG))
Aos 67 anos, o Arcebispo de Uberaba, dom Paulo Mendes Peixoto, é um homem que demonstra experiência em pesar as palavras antes de emitir uma opinião. Não se trata do ato de convencer, mas de expressar os pensamentos na justa medida que os têm, evitando escorregões emocionais que possam torná-lo injusto. Ao comentar a difícil missão que enfrentará: botar o caixa da Diocese de Formosa (GO) nos eixos e trazer a credibilidade de volta para a comunidade diocesana; demonstra um otimismo racional.
O sacerdote foi nomeado pelo Papa Francisco como administrador apostólico da Diocese de Formosa (GO), e substituirá o bispo dom José Ronaldo, preso na Operação Caifás, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás, que apurou o desvio de verbas e lavagem de dinheiro em várias igrejas e na catedral da região. Ao falar do sacerdote investigado, e também dos outros clérigos apontados como participantes no esquema, expressa firmeza e compaixão na mesma medida, e deixa claro que não está indo para punir, mas para prestar assistência aos católicos e padres que restaram.
“Vim convidado. Aceitei por amor à igreja, pois quero servir, e estou indo para ajudar o povo e os outros padres”, destaca. O sacerdote chegou em Brasília por volta de 12h desta quinta-feira (22/3) e foi para o município goiano no fim da tarde de ontem. Conversou com a reportagem do Correio Braziliense no começo da tarde, pouco antes do almoço, e falou com franqueza sobre as expectativas do novo desafio e do desejo de, o quanto antes, voltar a ser “apenas” o arcebispo de Uberaba.
Dom Paulo Mendes Peixoto tem uma longa trajetória e um extenso currículo dentro da Igreja Católica. Foi ecônomo do Seminário Diocesano de Caratinga (MG), é especialista em direito canônico pelo Instituto Superior de Direito Canônico do Rio de Janeiro e já administrou pelo menos 11 paróquias. Ele permanecerá na função até que a Santa Sé denomine outro bispo ou administrador para Formosa. A diocese do município agrega 33 paróquias de 20 municípios.
“Eu estou muito sobrecarregado. Além de estar com uma arquidiocese, que é toda uma província, atualmente eu estou como presidente do Regional Leste II, que são 32 dioceses. E minha arquidiocese tem 70 paróquias. É muito trabalho. Mas houve uma insistência. É um momento difícil da igreja, eles precisavam de alguém, confiaram em mim. Eu agradeço pela confiança, e pedi que não seja um tempo, então, muito longo. Que fosse o mais breve o possível, e eu me colocaria à disposição para ajudar a diocese, para não ficar do jeito que está, vaga. Simplesmente coloquei minha vida à disposição para estar ajudando”, comenta.
O senhor terá que se inteirar de uma série de dificuldades e desafios. Pretende entrar em contato com o Ministério Público de Goiás, para saber se, de alguma forma, as investigações policiais podem ajudar o senhor a se orientar nos ditames técnicos da administração da Diocese de Formosa?
Eu diria que a primeira coisa não seria isso. Quem prendeu foi o Ministério Público. Se prendeu, tem a obrigação, agora, de dizer se está certo ou se está errado. Eles têm culpa, ou não? Se tem culpa, obviamente, vai ter que pagar. Mas, minha primeira providência será um contato com os padres, uma reunião para dizer que eu estou ali, que sou o bispo agora e que a Diocese não está a esmo. A Igreja está preocupada com a diocese e estou ali para isso, para criar ânimo, levantar o astral. A primeira coisa é esta. Dizer que quero caminhar junto, quero contar com os padres para somarmos juntos. Para que não haja divisão entre nós. E até dizer que minha forma de agir não é de tomar decisões precipitadas. Temos que ter calma, jeito. Por isso que sou mineiro.
Qual a maior dificuldade?
Já que entra uma questão econômica, logicamente, a gente vai ter que tentar entender como está a situação, eu não sei se seria o caso de fazer uma auditoria pública na cúria. Talvez fosse uma coisa assim, para checar o que realmente está certo e errado, o que tem de dívida e o que não tem.
A nomeação do senhor como visitador mostra que a igreja já estava atenta ao problema e às denúncias?
Já. Costumam dizer que a igreja chega tarde. Eu acho que não. A Igreja é muito prudente. Quem tem responsabilidade maior sobre isso é o Papa. Tem a distância, que é uma dificuldade. Outra, é encontrar quem vai fazer a visita. É outro desafio. Deveria, talvez, ter sido um bispo da região, mas preferiram um de fora, que nem faça parte da regional centro-oeste. Eu sou do regional Leste. Estou isento de qualquer situação. Eu vejo que é um momento de prudência, de abertura de coração com eles, de me apresentar como pastor, para que eles criem confiança em mim.
Lá o senhor deverá nomear um novo vigário-geral e um novo ecônomo?
Algumas coisas teremos que ver. Primeiro, terei que confirmar os párocos. Chegando um novo bispo, ele tem que confirmar se suas provisões estão de pé. Três dos padres presos eram párocos. A paróquia está sem dirigente. Todas elas, as três, tem vigários paroquiais. Minha primeira providência, então, seria nomeá-los como administradores paroquiais, que tem a mesma função do padre. Pelo menos enquanto a situação está assim. Se você me perguntasse assim, e se os padres fossem liberados hoje, eles vão assumir de novo? Eu acho que não devem assumir, pelo menos, de imediato. Temos que ver, no ato canônico, o caminho a ser feito.
"O Papa Francisco tem sido muito exigente quanto a isso. E está correto. Se ele quer uma igreja que vá ao encontro do povo, uma igreja que evangeliza, não pode concordar com maus testemunhos"
O direito canônico tem uma velocidade de ação menor que a do direito secular. Seria mais lento nesse caso? Isso é melhor, ou pior? E que punições, se culpados, os sacerdotes podem receber?
A lentidão está dentro da questão da prudência. A igreja tem que ouvir todos os lados para saber qual a punição correta. Se não, você tende a ser injusto. Nunca entendi que a Igreja chega tarde. Ela dá tempo. Espera. A Igreja acredita na ação do Espírito Santo. O Espírito Santo, primeiro, cria os caminhos. Eu acho que tudo é providencial. Espero que isso sirva de alerta. Há fraqueza para todo lado. Que alerte a gente para um cuidado maior no agir. Padres e bispos. A gente já vive em um país marcado por tantas irresponsabilidades. Eu até digo que o Papa Francisco tem sido muito exigente quanto a isso. E está correto. Se ele quer uma igreja que vá ao encontro do povo, uma igreja que evangeliza, não pode concordar com maus testemunhos. Hoje há uma exigência muito forte em cima dos bispos em relação a isso. Queremos pastores que sejam pastores mesmo. Modelos de Jesus Cristo. Não pessoas evasivas e sem compromisso.
Eles automaticamente estão respondendo a um processo canônico nesse momento? E que punição poderiam ter caso fossem considerados culpados?
O dom José, por exemplo, já não volta mais como bispo da diocese de formosa. Não sei se a igreja iria colocá-lo em outra diocese também. Talvez não. Isso já é um processo canônico.
Ele se mantém como bispo no título?
Sim. É o chamado bispo emérito. Algo assim. Mas não tem responsabilidade com ofício nenhum na igreja.
Quando o senhor tomou conhecimento dessa situação, o que o senhor pensou? Que sentimentos o senhor teve a respeito do acontecido?
Uma preocupação. Uma certa tristeza de nós, líderes de igreja, passarmos por um fato como este. Acho que isso desmonta a autenticidade da gente. Claro que isso não significa a Igreja em si. São casos isolados. Uma outra preocupação é que um fato desses, dentro da imprensa, fica generalizado. Aí, todo mundo sofre com isto. Os honestos e os desonestos. Atinge todo mundo. Ainda mais a figura do bispo. A figura do bispo na igreja católica é a de alguém que realmente deve dar testemunho. A imprensa colocou que o bispo está comandando uma quadrilha. Eu acho isso muito grave. Eu não acredito que o dom José tenha isso. Será que ele vai comandar uma quadrilha desse tipo? De roubar da igreja? Mas, é claro, tem que ser apurado.
O senhor tem um longo currículo. Já administrou 11 paróquias, assumiu o cargo de ecônomo e é especialista em direito canônico. O senhor diria que é o maior desafio que já aceitou na igreja? Ou um dos maiores desafios?
Não acho. Estou indo lá para ajudar a comunidade. As coisas da Justiça, é a Justiça que tem que resolver. As questões jurídicas, civis, a gente tem que ter advogado para ajudar a resolver. As questões de igreja, temos um jurista canônico que vai dar um certo apoio. E o grande desafio, não digo que seja o maior, é de convencer a comunidade de que a igreja está presente e caminha com ela. Queira ou não, todas as dioceses, todas as paróquias caíram em uma certa tristeza pelo que está acontecendo. O meu desafio lá é me apresentar como alguém que quer ajudar a comunidade. Eu quero caminhar com Formosa. Temos que olhar pra frente. O passado está no passado. Vamos construir uma nova realidade de igreja e deixar a ação de Deus acontecer.
Quanto tempo o senhor acha que todo esse procedimento deve durar?
Isso é difícil saber. Temos, no Brasil, várias dioceses sem bispo. A Nunciatura tem que fazer esse trabalho de tentar conseguir padres aqui e ali para serem nomeados para preencher essas dioceses. Passou a ter mais uma. Eu gostaria que fosse bem rápido. Não sei se vou aguentar. Não vou ficar fora de Uberaba. Vou atender as duas. Talvez uma semana aqui e uma semana lá. Por isso, precisa ser muito rápido. Tenho feito muitas viagens e essas viagens desgastam muito a gente.
Como uma diocese funciona sem o bispo?
Tem o vigário-geral e tem o ecônomo. O vigário geral não pode ordenar um padre. Logicamente, tem que ser o bispo. Mas, se tem um problema imediato, ele pode resolver aquilo em nome do bispo. Tanto lá quanto cá, teremos um bispo. Qualquer coisa mais grave, por telefone a gente resolve.
Eu perguntei antes sobre possíveis punições ao sacerdotes, caso fique comprovado o crime. O senhor poderia discorrer mais sobre isso?
O caso de o bispo não poder voltar, creio que isso já é uma punição. O caso, também, dos padres não poderem voltar de imediato às paróquias, também já é uma punição. Isso já está acontecendo.
O senhor pretende visitar o bispo? Seria uma visita religiosa, a um irmão, ou uma visita administrativa?
Sim. Tendo oportunidade, havendo possibilidade, certamente. Seria mais uma visita no sentido de apoio a um irmão bispo. Afinal de contas, é um irmão na mesma missão, que chegou àquilo. Para dar uma palavra de apoio, de sentido, de dizer que está com ele nessa situação, que ele não está abandonado.
O bispo que saiu vai prestar contas à Justiça goiana e à Justiça Eclesiástica?
Não é com a Justiça Eclesiástica. A situação como ele caiu, ser preso, no fundo é uma situação muito degradante. Para ele mesmo, se tivesse que voltar para a diocese, acho que ele mesmo não aceitaria. Não estou indo para puni-lo. Nada disso. Inclusive, se eu puder ajudá-lo, ajudarei. Não para encobrir erros. Temos que ser transparentes. Se há o erro, é preciso pagar pelo erro. Agora, também tem que olhar o outro lado. Mas, meu objetivo é dar assistência. Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br
História da Catedral de São Dimas, de São José dos Campos, São Paulo.
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Dom Francisco Borja do Amaral, Bispo de Taubaté, ao decidir criar uma nova paróquia em São José dos Campos escolheu como padroeiro o Santo do Calvário – São Dimas.
Em 18 de janeiro de 1951, por decreto canônico, foi criada a Paróquia de São Dimas, sendo o primeiro templo dedicado ao santo no Brasil e na América do Sul.
Provisoriamente, a Matriz de São Dimas foi instalada na Capela do Menino Jesus de Praga, na Vila Ema e teve como primeiro vigário ecônomo Monsenhor Ascânio da Cunha Brandão, nomeado em 29 de janeiro de 1951 e, em 8 de abril, aconteceu a primeira festa do padroeiro, com procissão até o local do futuro templo, onde foi levantada uma cruz e celebrada uma missa campal por Dom Francisco Borja do Amaral.
Do final do ano de 1951 até 1952, os esforços foram voltados para a construção da matriz provisória, inaugurada em 25 de janeiro de 1953.
O projeto do santuário foi feito pelo arquiteto Dr. Benedito Calixto de Jesus Netto, também autor do projeto da Basílica de Aparecida, o qual passou a ser um sonho, não somente do Monsenhor Ascânio, mas de todos os fiéis.
Monsenhor Ascânio idealizou a Paróquia de São Dimas como um centro de romarias de todo o Brasil. Para tanto, construiu o primeiro templo da Matriz de São Dimas, fundou a gráfica São Dimas e o jornal “São Dimas – O Bom Ladrão”, instalou o sistema de alto-falantes da paróquia, criou a Obra Assistencial São Dimas e deixou pronto o projeto para o Santuário de São Dimas.
Em janeiro de 1956, a Matriz de São Dimas perdeu seu pároco, Monsenhor Ascânio Brandão e foi nomeado o novo vigário ecônomo da Paróquia de São Dimas, Padre Ernesto Cunha. Seu trabalho foi dar continuidade à grande obra de Monsenhor Ascânio Brandão e de permanecer com as atividades da igreja, realizando novas conquistas para a Paróquia.
Em 1969, foi constituída uma comissão, com o objetivo de iniciar as obras do novo Santuário de São Dimas e, a década de 70 foi marcada por muita dedicação e trabalho para a construção do Santuário. Três anos mais tarde, as obras estavam finalizadas e as missas de domingo já eram celebradas no novo templo.
Em janeiro de 1981, aconteceu a inauguração oficial do Santuário de São Dimas. Nesse mesmo ano, o Papa João Paulo II elevou a Igreja de São Dimas a catedral, nomeando o primeiro bispo pela Bula Papal “Veni in Beati Petri”, Dom Eusébio Oscar Scheid.
O ano de 1991 foi um ano de festa. Comemoraram-se 40 anos de criação da paróquia, 10 anos de criação da diocese e 10 anos da Catedral de São Dimas com a celebração da Santa Missa no dia 1º de maio, presidida por Monsenhor Antônio de Castro Silva, administrador diocesano e, em 20 de julho Dom Nelson Westrupp foi sagrado o novo bispo da diocese.
Com a transferência de Dom Nelson para a Diocese de Santo André, Padre Moacir Silva foi eleito administrador diocesano e, em 20 de outubro de 2004, Sua Santidade o Papa João Paulo II nomeou-o Bispo da Diocese de São José dos Campos, onde permanece exercendo suas atividades.
Em dezembro de 2004, tomou posse o novo cura da Catedral de São Dimas, Padre Rinaldo Roberto de Rezende, que alicerçado nos trabalhos desenvolvidos até então, investiu na continuidade da construção de uma “Igreja Viva e Participativa”.
Em 1º de maio de 2005, dois acontecimentos foram marcantes para a paróquia: a celebração do Ano Jubilar de Prata da Diocese e a Dedicação da Igreja Catedral. Foram depositadas sob o altar as relíquias de Santo Afonso Maria de Ligório, São Bartolomeu, São Bento, São Félix de Valois, São Francisco Caracciolo, São Francisco de Paula, São Francisco de Sales, São Francisco Xavier, São João da Cruz, São José Calazans, São Pedro Alcântara, São Roque Gonzáles, Santa Ana, Santa Ângela de Mérici, Santa Escolástica, Santa Rosa de Viterbo e Santa Teresa D’Avila.
Santificada pela Dedicação do Altar e do próprio edifício e enriquecida pelo tesouro espiritual das relíquias dos santos, a nossa igreja foi revestida de um caráter sagrado que impõe respeito.
A “Igreja Viva e Participativa” vai acontecendo em nossa comunidade, onde vivemos momentos intensos de sinais de fé. Fomos agraciados com um belo presente do Abade da Igreja da Santa Cruz, Dom Simone M. Fioraso, que, a pedido do Cardeal Dom Cláudio Hummes, doou uma relíquia do Patíbulo da Cruz do Bom Ladrão São Dimas, guardada na Basílica de Santa Cruz em Jerusalém, na cidade de Roma, que foi entronizada na catedral no dia 17 de abril de 2009.
No ano de 2011, a Catedral São Dimas completou 60 anos de existência. São 60 anos construindo o Reino de Deus, onde a comunidade vive momentos fortes de fé, vence desafios, sempre na certeza da intercessão de nosso patrono São Dimas, o Santo do Calvário. Fonte: http://www.catedralsaodimas.org.br
OLHAR HERESIAS: O que é o Gnosticismo?
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A gnose (conhecimento superior) é uma forma de teologia que promete salvação pela compreensão dos enigmas do céu e da terra. Tal compreensão é adquirida quando o ser humano, orientado por um mestre, dirige sua atenção para dentro de si mesmo.
O gnosticismo resultou do sincretismo das religiões orientais com o judaísmo e o cristianismo. Aflorou nos tempos apostólicos com Simão Mago e Menandro, e desenvolveu-se sobretudo entre os anos 130-180 com Saturnino[1], Basílides[2], Valentim[3] e Carpócrates[4], sob o influxo de tendências sincretistas típicas da Ásia Menor, da aversão pela simplicidade do evangelho e da tentativa de explicar a origem do mal.
Os gnósticos reportavam-se a uma tradição oculta que remontava aos profetas e apóstolos, e da qual se diziam continuadores. Interpretavam alegoricamente as Escrituras. Adotavam a forma social de comunidade religiosa e de escolas filosóficas, aninhando-se nas comunidades cristãs em forma de conventículos secretos.
Os centros principais do gnosticismo foram Alexandria, Antioquia e Roma. Suas ideias continuaram vivas no maniqueísmo, no mandeísmo e nas seitas medievais dos paulicianos, bogomilos e cátaros.
Elementos fundamentais comuns às várias formas de gnosticismo:
— dualismo metafísica, ao reino da luz (pleroma), derivado de Deus, contrapõe-se o reino das trevas e do mal, derivado da matéria incriada, eterna e essencialmente má.
— emanação de uma série de seres intermediários (eons) entre Deus e o criado; os eons emanam de Deus.
— origem do mundo: mistura de elementos do reino da luz com a matéria, dando origem ao elemento material para a formação do mundo — partes do mundo da luz caíram ou foram desterradas para a matéria —; o elemento material foi reorganizado pelo último eon, o demiurgo, identificado com Javé.
— redenção: libertação das centelhas de luz aprisionadas na matéria e sua restituição ao reino da luz por obra de um eon superior que ou assume um corpo aparente (docetismo), ou desce sobre o homem Jesus (do batismo ao tempo anterior à paixão).
— divisão dos homens: ílicos: seres preponderantemente materiais que, como a matéria, serão eliminados; psíquicos: crentes ordinários, que gozarão de uma beatitude de segunda ordem; pneumáticos ou gnósticos: os perfeitos, que participarão plenamente da redenção.
— divisão dos ensinamentos: exotéricos (públicos), suscetíveis de divulgação; esotéricos (ocultos), destinados só aos iniciados.
— moral: tendências ascéticas (os valentinianos sabiam imitar a terminologia e o teor de vida dos cristãos), rigoristas (a seita de Saturnino rejeitava o matrimônio e muitos se abstinham de carne; Clemente de Alexandria — Strom. III, 64 ss — transcreve do Evangelho dos Egípcios esta sentença: "A Salomé, que pergunta até quando durará a morte, o Senhor responde: enquanto vocês, mulheres, gerarem. Daí os hereges partem para proibir o casamento e a geração de filhos, para não introduzir no mundo outros infelizes e assim alimentar a morte".) e licenciosas (Carpócrates ensinava a comunhão de bens e de mulheres; os nicolaítas afirmavam que para matar a concupiscência era necessário abusar dos prazeres carnais).
[1] Saturnino viveu em Antioquia. Dividia os homens em duas classes e tinha a Cristo como redentor revestido de um corpo aparente nesta terra. Sua seita rejeitava o matrimônio como instituição do demônio; muitos adeptos abstinham-se de comer carne.
[2] Basílides viveu em Alexandria entre os anos 120 a 145 aproximadamente; compôs uma exegese do "evangelho" (Exegética) em 24 livros. Sua doutrina evolvia um sistema de emanação (o Pléroma com 365 eões ou reinos dos espíritos, traz o nome místico de Abrasax ou Abraxás).
Para os basilidianos, apesar de requerida a profissão de fé em Jesus, era permitido e eventualmente obrigatório renegar o Crucificado e lícito o uso de carnes sacrificadas aos ídolos. Todas as ações externas eram indiferentes para eles; contudo, os chefes da escola, Basílides e seu filho Isidoro, professavam ainda princípios morais severos.
[3] Valentim era de Alexandria passou para Roma no tempo do Papa Higino no ano 136 aproximadamente), e aí desenvolveu suas atividades até o tempo do Papa Aniceto (ano 160), vindo a morrer em Chipre. Era uma bela inteligência e bom orador. De suas homilias, salmos e cartas possuímos apenas alguns fragmentos.
Valentim transformou de modo singular a doutrina de seus predecessores, tornando-se destarte o fundador de um novo sistema, que contém uma doutrina dos eões ricamente desenvolvida, na qual, todavia, sob o influxo da filosofia platônica apresenta um dualismo mais moderado. Ele divide a humanidade em três classes: pneumáticos, psíquicos e ílicos (cfr. § 29, 2).
Consta que seus discípulos introduziram práticas de prestidigitador na celebração da Missa. Os valentinianos sabiam imitar muito bem a terminologia e o teor de vida da Igreja e por isso eram considerados particularmente perigosos.
[4] Carpócrates de Alexandria, também platônico, afirmava que a criação do mundo era devida aos eões inferiores e ensinava a metempsicose. A redenção provinha da fé e do amor, todo o resto era indiferente para ele.
A seita dos carpocracianos distinguia-se por uma grande dissolução dos costumes. Tinha imagens de Cristo e as venerava com ritos pagãos juntamente com imagens de Pitágoras, Platão, Aristóteles e de outros filósofos. Uma discípula de Carpócrates de nome Marcelina foi a Roma no tempo do Papa Aniceto (154-166 aproximadamente) e seduziu muita gente. Epífanes, filho de Carpócrates, que depois de sua morte prematura, aos 17 anos na ilha de Cefalônia recebeu honras divinas, ensinava a comunhão de bens e de mulheres.
Padre defensor de moradores de rua é ameaçado. Igreja pede providências
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Julio Lancellotti, que trabalha há mais de 30 anos com a população marginalizada de SP, foi atacado com mensagens de ‘morte ao padreco’ e ‘mandem esse padre para o inferno’.
A reportagem é de Maria Teresa Cruz, publicada por Ponte, 21-03-2013.
Há cerca de três semanas, internautas começaram a propagar ofensas e ameaças, inclusive de morte, ao Padre Julio Lancellotti em comunidades, grupos e na página do Facebook do religioso. Em uma delas, o agressor, um advogado, segundo o padre, diz “morte ao padreco”. Um outro comentarista diz “Tem que começar mandando esse padre pro inferno, e depois seus seguidores…”, sendo saudado com aplausos virtuais.
Lancellotti tem 69 anos, dos quais quase 34 dedicados à causa dos moradores de rua e outros grupos marginalizados. Pároco da Igreja de São Miguel Arcanjo, na Mooca, região central e vigário episcopal para a população de rua da Arquidiocese de São Paulo, ele atribuiu as ameaças ao tipo de trabalho que desenvolve e à crescente onda de intolerância dos dias atuais. “O discurso de ódio sempre existiu. Mas esses intolerantes, antes, ficavam restritos, não se impunham. Nesse momento que estamos vivendo, sinto que essas pessoas se sentem livres, não tem mais o menor pudor e se sentem legitimadas para falar o que bem entenderem”, afirma o padre.
Para ele, o fato de trabalhar com população de rua é um dos grandes causadores desse ódio. “Os moradores de rua aumentaram, isso é fato. E são diversas causas, como o desemprego, a inadimplência, essas coisas. Tem muita gente na rua e em condições de rua e a intolerância, que sempre existiu, fica mais evidente por causa dessa convivência em todo lugar: parques, áreas públicas, ruas”, analisa.
Ameaças
Lancellotti, com a orientação das advogadas Valdênia Paulino Lanfranchi e Juliana Hashimoto Bertin, enviou um ofício nesta segunda-feira (19/3) ao procurador-geral do Ministério Público de São Paulo, Walter Paulo Sabella, e ao subprocurador de Políticas Criminais e Institucionais, Mário Luiz Sarrubbo, informando a respeito das ameaças e ofensas e solicitando providências. O documento traz uma explicação sobre quem é Padre Julio e detalha as atividades pastorais realizadas por ele, destacando o aumento expressivo da população de rua e a importância da luta dele para pressionar o poder público para que olhe e assista adequadamente esse grupo vulnerável. O último censo, de 2015, fala em 16 mil pessoas, mas entidades que lidam com a causa afirmam que já chega a 25 mil. Além disso, traz prints das ameaças que vêm sofrendo. Além dos ataques diretos, há outros que o acusam de uso de drogas e alguns que sugerem que o padre “pegue os pedintes e coloque para morar na igreja” ou na casa dele.
Assinam o ofício o arcebispo metropolitano de São Paulo, D. Odilo Scherer, o bispo auxiliar de São Paulo, D. Luiz Carlos Dias e mais de 200 outras entidades ligadas a direitos humanos e pessoas físicas que repudiam os ataques que Lancellotti vem sofrendo.
O pároco está acostumado com pressões, especialmente da administração municipal, que lida de maneira mais direta com a situação. Em maio de 2015, ainda na gestão de Fernando Haddad (PT), Lancellotti denunciou repressão e processo de “higienização social em decorrência da especulação imobiliária”. Em setembro do ano passado, já na gestão de João Doria (PSDB), Lancellotti voltou a denunciar a truculência com que a GCM (Guarda Civil Metropolitana) e PM estavam lidando com a população de rua na região da Sé, retirando pertences e promovendo agressões com spray de pimenta. No mês seguinte, Lancellotti voltou a criticar o prefeito tucano por causa da farinata, uma espécie de farinha com sobras de alimentos, anunciada às pressas e sem qualquer planejamento, como demonstrou a reportagem da Ponte.
Para Lancellotti, os ataques são motivados pelo ódio ao pobre e à população em situação de rua e conta com uma articulação que envolve a PM, GCM, os Conselhos Municipais de Segurança, associações de bairro e até subprefeituras. Questionado se tem medo das ameaças, que, por enquanto, estão apenas na esfera virtual, o padre diz que se sente triste. “Me causa muita tristeza o que fazem com os moradores de rua. Eles estão usando os moradores para me atingir. Eles falam cada coisa, eles xingam, eles têm muito ódio. Ainda ontem soube que moradores de uma região aqui do centro foram agredidos de madrugada por guardas e policiais que diziam ‘você é amigo do padre, então? cadê ele?’. Eu imagino que eles não vão vir até mim. No final das contas, quem sofre é quem está na rua. São forças neoconservadoras, forças raivosas que acabam surgindo como uma onda”, analisa. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
O Papa conforta a família de Marielle, cujo assassinato abala o Brasil
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Um gesto de proximidade, em meio à dor. O Papa ofereceu seu consolo à família de Marielle Franco, cujo assassinato violento gerou uma onda de indignação no Brasil e na América Latina. Francisco telefonou para Marinete, mãe da vereadora do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), famosa defensora dos direitos humanos e relatora da comissão responsável por investigar a intervenção militar nas favelas do Rio de Janeiro, para comunicar seu afeto e solidariedade. A reportagem é de Andrés Beltramo Álvarez, publicada por Vatican Insider, 21-03-2018. A tradução é de André Langer.
Tudo aconteceu na terça-feira, 20 de março. Quem tornou público o telefonema do Papa foi a filha de Marielle, Luyara Santos, de 19 anos. Ela contou o fato a algumas pessoas depois de uma missa dedicada à memória da ativista, assassinada a tiros há exatamente uma semana no centro do Rio, em seu carro depois de uma reunião de mulheres negras.
A comunicação com o Vaticano acontecera algumas horas antes. Com ela, Jorge Mario Bergoglio quis responder a uma carta que recebeu na segunda-feira 19 e que foi escrita pela própria Santos. Na carta, breve, mas emotiva, ela contava que sua mãe era uma pessoa muito crente, que sempre lhe falava sobre o Evangelho e insistia na coisa mais importante da vida: o amor.
O líder católico queria, na verdade, falar com Luyara, mas acabou conversando com sua avó. O telefonema foi confirmado por Andressa Caldas, diretora do departamento de relações institucionais do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Mercosul. Na noite da terça-feira, ela escreveu uma breve mensagem no Facebook: “Hoje, o Papa Francisco ligou para a família de Marielle. Obrigado a Flexa Correa Lopes, Lucas Schaerer e Gustavo Vera por fazerem essa ponte. É emocionante ver essa rede de amor e solidariedade em movimento. Marielle fez isso. Ele continuará fazendo isso. Política com carinho. #MarielleVive”.
Dessa maneira, Caldas agradeceu o vínculo estabelecido por Vera, presidente da fundação argentina La Alameda, ativista contra o tráfico de pessoas e homem de confiança do Papa. Depois de algumas manifestações da comunidade afro-americana e brasileira no centro de Buenos Aires, para protestar pelo assassinato de Franco, ele entrou em contato com organizações de direitos humanos desse país. Em seguida, serviu de ponte para que a carta de Luyara Santos chegasse à Casa Santa Marta do Vaticano. E Francisco respondeu algumas horas depois.
Marielle Franco já é um símbolo do ativismo social e feminista no Brasil. Afrodescendente, ela foi executada no caminho para casa. Também morreu seu motorista, e sua assessora salvou-se por um milagre. Apenas duas semanas antes, ela tinha sido indicada como relatora de uma comissão encarregada de investigar e supervisionar a intervenção militar ordenada pelo governo de Michel Temer no Estado do Rio de Janeiro.
“Nossa posição crítica com as operações policiais nas favelas não muda. O Exército nas ruas não é a solução para o problema da violência e, menos ainda, o caminho para resolver o homicídio de Marielle”, disse à imprensa Tarcísio Motta, também vereador do Rio de Janeiro pelo PSOL.
Segundo reportagens da imprensa brasileira, a investigação do crime mostra que a munição usada para matar Marielle fazia parte de alguns lotes comprados pela Polícia Federal em 2006 e que também foram utilizados no massacre de Osasco e Barueri, subúrbio de São Paulo, em que morreram 17 pessoas e pelo qual três policiais militares e um policial foram condenados. Os companheiros do partido de Franco apontam a hipótese de um crime político, ao passo que o governo de Temer afirmou, em nota, que irá acompanhar o caso. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
QUINTA-FEIRA 22: HOMILIA DO PAPA: “Deus nos ama como um pai e uma mãe”.
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A fidelidade de Deus à aliança foi o tema da homilia de Francisco na Casa Santa Marta. "O Senhor jamais se esquece de nós e nos ama de um amor visceral", disse o Papa.
Cidade do Vaticano (22/03/2018)
O Senhor é fiel, jamais se esquece de nós: isso nos leva a exultar na esperança. A poucos dias da Semana Santa, a Igreja propõe a reflexão sobre o amor fiel de Deus e foi este o tema da missa celebrada pelo Papa Francisco na capela da Casa Santa Marta.
A homilia do Pontífice foi inspirada no Salmo responsorial e na Primeira Leitura, extraída do Livro do Gênesis, que narra o episódio da aliança de Deus com Abraão. Uma aliança que se prolongará na história do povo, não obstante os pecados e a idolatria.
Amor de mãe
O Senhor, de fato, tem um “amor visceral” que não faz esquecer. Para dar um exemplo, o Papa recorda que na Argentina, no Dia das Mães, se presenteia uma flor chamada “não se esqueça de mim”, que tem duas cores: azul claro para as mães vivas e roxa para as mães que já morreram:
Este é o amor de Deus, como o de uma mãe. Deus não se esquece de nós. Nunca. Não pode, é fiel à Sua aliança. Isso nos dá segurança. De nós podemos dizer: “Mas a minha vida é tão ruim... Tenho esta dificuldade, sou um pecador, uma pecadora...” Ele não se esquece de você, porque tem este amor visceral, e é pai e mãe.
Abraço de amor
Trata-se, portanto, de uma fidelidade que leva à alegria, notou o Papa. Assim como para Abraão, a nossa alegria é exultar na esperança, porque “cada um de nós sabe que não é fiel”, mas Deus sim, reiterou o Papa. Basta pensar na experiência do Bom Ladrão:
O Deus fiel não pode renegar a si mesmo, não pode nos renegar, não pode renegar o seu amor, não pode renegar o seu povo, não pode renegar porque nos ama. Esta é a fidelidade de Deus. Quando nos aproximamos do sacramento da penitência, por favor: não pensar que vamos à lavanderia para tirar as sujeiras. Não. Vamos para receber um abraço de amor deste Deus fiel que nos espera sempre. Sempre.
Concluindo, o Papa retoma a exortação central desta homilia:
Ele é fiel, ele me conhece, me ama. jamais me deixará só. Ele me leva pela mão. Que mais posso querer? Que mais? Que devo fazer? Exulta na esperança, porque o Senhor ama você como pai e como mãe. Fonte: http://www.vaticannews.va
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