ROMA NESTA TERÇA, 27: 25 Anos de ordenação episcopal do Francisco- O Papa.
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O Papa Francisco celebrou os seus 25 anos de ordenação episcopal com uma Missa concelebrada com os Cardeais presentes em Roma na Capela Paulina, do Vaticano. De brasileiros, estavam presentes os Cardeais João Braz de Aviz, Cláudio Hummes, Raymundo Damasceno Assis e Sérgio da Rocha.
Na sua homilia, comentando a primeira leitura, o Pontífice falou de três imperativos inseridos no diálogo entre Deus e Abraão: levantar-se, olhar e esperar. Expressões que marcam não só o caminho que Abraão deve percorrer, mas também a sua atitude interior.
Levantar-se significa não ficar parado, realizar a missão em caminho e o símbolo é a tenda. Olhar é fixar o horizonte, cuja mística consiste em estar cada vez mais distante enquanto se avança. Esperar é a força de ir avante, com o ânimo de um “escoteiro”. “A esperança não tem muros”, disse o Papa.
“O Senhor hoje nos diz o mesmo: levante-se, olhe e espere. Essa palavra de Deus vale também para nós, que temos quase a mesma a idade de Abraão”, brincou Francisco, que pediu aos Cardeais não fechem a sua vida e a sua história:
“Quem não nos quer bem, diz: ‘somos a gerontocracia da Igreja’. É uma zombaria, não sabe o que diz. Não somos gerontes, somos avós. E se não sentimos isso, devemos pedir a graça de senti-lo. Avôs para quais os netos olham e esperam de nós a experiência sobre o sentido da vida. Avôs não fechados. Para nós, ‘levante-se, olhe e espere’ se chama sonhar. Somos avôs chamados a sonhar e dar o nosso sonho à juventude de hoje, que necessita disso, porque tirarão dos nossos sonhos a força para profetizar e levar avante a sua missão.”
O Senhor, acrescentou o Papa, pede aos avôs da Igreja que tenham a vitalidade para dar aos jovens, sem se fechar, para oferecer à juventude o melhor, para levar avante a profecia e o trabalho.
“Peço ao Senhor que dê a todos nós esta graça, também para quem ainda não é avô, como o presidente do Brasil (referindo-se ao presidente da CNBB, Dom Sérgio da Rocha), que é um jovenzinho, mas você chegará lá. A graça de ser avós, a graça de sonhar e dar esse sonho aos nossos jovens, eles precisam disso.”
Antes da bênção final, o Papa Francisco agradeceu aos Cardeais “por esta oração comum neste aniversário”, pedindo o perdão pelos seus pecados e a perseverança na fé, na esperança e na caridade.
Ordenação em Buenos Aires
O Padre Jorge Mario Bergoglio soube que seria Bispo Auxiliar de Buenos Aires no 13 de maio de 1992, notícia que foi aprovada oficialmente por João Paulo II uma semana depois, no dia 20.
No dia 27 de junho daquele mesmo ano, 1992, recebeu a ordenação episcopal na Catedral de Buenos Aires das mãos do Cardeal Antonio Quarracino, então Arcebispo da capital argentina. (BS/SJ). Fonte: http://pt.radiovaticana.va
CNBB manifesta apoio ao Cimi e denuncia desrespeito a direitos conquistados
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Para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), as acusações recebidas pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) são infundadas e injustas. Em nota divulgada pela presidência da entidade nesta quinta-feira, 22, a Conferência manifesta seu total apoio e solidariedade ao Cimi, alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito denominada CPI da Funai e Incra, que indiciou mais de cem pessoas, entre lideranças indígenas, antropólogos, procuradores da República e ligadas ao próprio organismo. No texto, aprovado pelo Conselho Permanente, os bispos ressaltam aumento da violência no campo no período de funcionamento da CPI.
NOTA DA CNBB EM DEFESA DOS DIREITOS INDÍGENAS E DO CIMI
O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunido em Brasília-DF, nos dias 20 a 22 de junho de 2017, manifesta seu total apoio e solidariedade ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI) diante das infundadas e injustas acusações que recebeu da Comissão Parlamentar de Inquérito, denominada CPI da Funai e Incra, encerrada no último mês de maio. A CNBB repudia o relatório desta Comissão que indicia mais de uma centena de pessoas: lideranças indígenas, antropólogos, procuradores da república e aliados da causa indígena, entre eles, missionários do CIMI.
Criado há 45 anos, o CIMI inspira-se nos princípios do Evangelho. Por isso, põe-se ao lado dos povos indígenas, defendendo sua vida, sua dignidade, seus direitos e colaborando com sua luta por justiça, no respeito à sua história e à sua cultura. O indiciamento de missionários do CIMI é uma evidente tentativa de intimidar esta instituição tão importante para os indígenas, e de confundir a opinião pública sobre os direitos dos povos originários.
Em seu longo processo, a CPI desconsiderou dezenas de requerimentos de alguns de seus membros, não ouviu o CIMI e outras instituições citadas no relatório, mostrando-se, assim, parcial, unilateral e antidemocrática. Revelou, dessa forma, o abuso da força do poder político e econômico na defesa dos interesses de quem deseja a todo custo inviabilizar a demarcação das terras indígenas e quilombolas, numa afronta à Constituição Federal. São inadmissíveis iniciativas como o estabelecimento do marco temporal, a mercantilização e a legalização da exploração de terras indígenas por não índios, ferindo o preceito constitucional do usufruto exclusivo e permanente outorgado aos povos.
Chama a atenção que o aumento da violência no campo coincida com o período de funcionamento da CPI da Funai e Incra. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 2016 foram registrados 61 assassinatos em conflitos no campo, um aumento de 22% em relação a 2015. As atrocidades ocorridas em Colniza (MT) e Pau D’Arco (PA) elevaram para 40 o número de assassinatos no campo, só neste primeiro semestre de 2017. Levadas adiante, as proposições da CPI podem agravar ainda mais esses conflitos. É preciso que os parlamentares considerem isso ao votarem qualquer questão que tenha incidência na vida dos povos indígenas e demais populações do campo.
Tenha-se em conta, ainda, que as proposições da CPI se inserem no mesmo contexto de reformas propostas pelo governo, especialmente as trabalhista e previdenciária, privilegiando o capital em detrimento dos avanços sociais. Tais mudanças apontam para o caminho da exclusão social e do desrespeito aos direitos conquistados com muita luta pelos trabalhadores e trabalhadoras.
Ao se colocar na defesa da vida dos povos indígenas, ao lado do CIMI e dos missionários, a CNBB o faz com a convicção de que o “serviço pastoral à vida plena dos povos indígenas exige que anunciemos Jesus Cristo e a Boa Nova do Reino de Deus, denunciemos as situações de pecado, as estruturas de morte, a violência e as injustiças internas e externas” (Documento de Aparecida, 95) que ameaçam os primeiros habitantes desta Terra de Santa Cruz.
O Deus da justiça e da misericórdia ilumine o CIMI e venha em auxílio de nossos irmãos e irmãs indígenas, quilombolas e trabalhadores e trabalhadoras do campo, cuja vida confiamos à proteção de Nossa Senhora Aparecida, Mãe de Deus e Padroeira do Brasil.
Brasília, 22 de junho de 2017.
Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Kriger, SCJ
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Fonte: www.cnbb.net.br
O Papa nomeou bispo um padre que protegeu em 1975
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Trata-se de Enrique Martínez Ossola. Bergoglio o aceitou em seu seminário a pedido de Enrique Angelelli. A reportagem é de Sergio Rubin, publicada por Clarín, 21-06-2017. A tradução é de André Langer.
Corria o tumultuado ano de 1975 no país, prelúdio da sangrenta ditadura que se abateria no ano seguinte, quando três jovens seminaristas provenientes de La Rioja eram admitidos no Colégio Máximo, de San Miguel, na Região Metropolitana de Buenos Aires, pelo então superior dos jesuítas, o padre Jorge Bergoglio. Aparentemente, eram rapazes que estavam se encaminhando para o sacerdócio que, a pedido do bispo de La Rioja, Enrique Angelelli, iriam aprofundar seus estudos teológicos no reputado centro de estudos da Companhia de Jesus. Até que no ano seguinte, após o assassinato, camuflado de acidente de carro, de Angelelli, deram-se conta de que, na realidade – como tinha sido o verdadeiro propósito do seu agora morto bispo, estavam sendo protegidos do impiedoso embate dos repressores em La Rioja, uma proteção assumida pelo padre Bergoglio.
A história destes três seminaristas é a mesma de cerca de 20 religiosos que estiveram na mira dos militares e que Bergoglio abrigou no Colégio Máximo sob o falso pretexto de “aprofundar os estudos teológicos” ou de “fazer longos retiros espirituais” que, na realidade, buscava proteger. E ganhou notoriedade esta semana após se ficar sabendo que um daqueles seminaristas, Enrique Martínez Ossola – os outros dois eram Miguel La Civita e Carlos González – foi nomeado bispo pelo Papa Francisco. Martínez Ossola era vigário-geral da diocese de La Rioja, com uma trajetória em paróquias que lhe valeram um grande apreço dos fiéis e o confirmaram como “pastor com cheiro de ovelha”, como gosta o pontífice.
No livro A lista de Bergoglio [São Paulo: Edições Loyola, Paulinas, Paulus, 2013], do jornalista italiano Nello Scavo, Martínez Ossola relatou como foi aquela passagem pelo Colégio Máximo. “No Colégio, fomos recebidos por um padre jovem, muito cordial. Ele era o padre provincial, a autoridade máxima da Companhia de Jesus na Argentina, mas no começo não nos havíamos dado conta do verdadeiro motivo da transferência. Desde o início ele intuiu a nossa preocupação e, de modo nada formal, estabeleceu conosco uma relação fraterna. Ele e seus irmãos nos deixaram a máxima liberdade, não nos impuseram nem mesmo os horários para o almoço e a janta”, disse.
No dia do assassinato de Angelelli, no dia 04 de agosto de 1976, Bergoglio encontrava-se no Peru e assim que recebeu a notícia voltou para San Miguel. Foi diretamente encontrar os três seminaristas e, ao vê-los, pediu-lhes com severidade: “Vocês jamais devem se separar, devem andar sempre juntos e deslocar-se com prudência. Se estiverem juntos, será mais difícil para eles sequestrarem os três ao mesmo tempo”. Foi apenas então que os três se deram conta de qual era o verdadeiro motivo de estarem no Colégio Máximo.
Finalmente, os três seminaristas voltaram para La Rioja e Bergoglio participou de suas ordenações sacerdotais. Em 2013, ao ser eleito papa, Francisco recebeu uma afetuosa carta de Martínez Ossola que se apressou a respondê-la com o mesmo afeto. “Bergoglio continua o mesmo”, comprovou o agora novo bispo. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
12º Domingo do Tempo Comum – Ano A
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As leituras deste domingo põem em relevo a dificuldade em viver como discípulo, dando testemunho do projeto de Deus no mundo. Sugerem que a perseguição está sempre no horizonte do discípulo… Mas garantem também que a solicitude e o amor de Deus não abandonam o discípulo que dá testemunho da salvação.
No Evangelho, é o próprio Jesus que, ao enviar os discípulos, os avisa para a inevitabilidade das perseguições e das incompreensões; mas acrescenta: “não temais”. Jesus garante aos seus a presença contínua, a solicitude e o amor de Deus, ao longo de toda a sua caminhada pelo mundo.
Um olhar para o Evangelho- Atualização: (Mt 10, 26-33)
O projeto de Jesus, vivido com radicalidade e coerência, não é um projeto “simpático”, aclamado e aplaudido por aqueles que mandam no mundo ou que “fazem” a opinião pública; mas é um projeto radical, questionante, provocante, que exige a vitória sobre o egoísmo, o comodismo, a instalação, a opressão, a injustiça… É um projeto capaz de abalar os fundamentos dessa ordem injusta e alienante sobre a qual o mundo se constrói. Há um certo “mundo” que se sente ameaçado nos seus fundamentos e que procura, todos os dias, encontrar formas para subverter e domesticar o projeto de Jesus.
Quem quer seguir um Jesus oba oba e light, descomprometido com a realidade, é melhor ficar em casa e esquecer a verdadeira mensagem cristológica que exige tomada de posição. Ou seja, impossível falar de Jesus de Nazaré e ficarmos em cima do muro ou de braços cruzados diante de um mundo consumista, desumano, violento e injusto.
A nossa época inventou formas (menos sangrentas, mas certamente mais refinadas do que as de Domiciano) de reduzir ao silêncio os discípulos: ridiculariza-os, desautoriza-os, calunia-os, corrompe-os, massacra-os com publicidade enganosa de valores efêmeros… Como a comunidade de Mateus, também nós andamos assustados, confusos, desorientados, interrogando-nos se vale a pena continuar a remar contra a maré… A todos nós, Jesus diz: “não temais”.
O medo - de parecer antiquado, de ficar desenquadrado em relação aos outros, de ser ridicularizado, de ser morto – não pode impedir-nos de dar testemunho. A Palavra libertadora de Jesus não pode ser calada, escondida, escamoteada; mas tem de ser vivamente afirmada com palavras, com gestos, com atitudes provocatórias e questionantes. Em outras palavras, ser cristão não é um passaporte para o ibope ou o aumento da conta bancária, mas sujarmos as mãos na mudança que “AINDA” é possível, mesmo que para tal tenhamos que passar pelas noites escuras da vida.
Viver uma fé “morninha” (instalada, cômoda, que não faz ondas, que não muda nada, que aceita passivamente valores, esquemas, dinâmicas e estruturas desumanizantes), não chega para nos integrar plenamente na comunidade de Jesus. A Boa Nova de Jesus Cristo não é doce de coco ou suco de maracujá. Às vezes é amarga como jiló.
De resto, o valor supremo da nossa vida não está no reconhecimento público, mas está nessa vida definitiva que nos espera no final de um caminho gasto na entrega ao Pai e no serviço aos homens; e Jesus demonstrou-nos que só esse caminho produz essa vida de felicidade sem fim que os donos do mundo não conseguem roubar.
A Palavra de Deus que nos foi hoje proposta convida-nos também a fazer a descoberta desse Deus que tem um coração cheio de ternura, de bondade, de solicitude. Se nos entregarmos confiadamente nas mãos desse Deus, que é um pai que nos dá confiança e proteção e é uma mãe que nos dá amor e que nos pega ao colo quando temos dificuldade em caminhar, não teremos qualquer receio de enfrentar os homens.
Enfim, temos que ter a mesma convicção do apóstolo Paulo (Romanos 8, 35-39 e dizer: “Quem vai nos separar do amor de Cristo? O desemprego? Os corruptos do Brasil? As balas perdidas do Rio de Janeiro, os assaltos e a violência em nossas cidades? A depressão? A infidelidade matrimonial? As incompreensões no trabalho, na família e na Igreja?... Não, não. Nada, eu disse NADA! poderá nos separar do amor de Cristo.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA- A PROFISSÃO DA FÉ: O PAI
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- «Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo»
- Os cristãos são batizados «em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28, 19). Antes disso, eles respondem «Creio» à tríplice pergunta com que são interpelados a confessar a sua fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo: «Fides omnium christianorum in Trinitate consistit – A fé de todos os cristãos assenta na Trindade») ([1]).
- Os cristãos são batizados «em nome» do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e não «nos nomes» deles ([2]) porque não há senão um só Deus – o Pai Onipotente, o Seu Filho Unigênito e o Espírito Santo: a Santíssima Trindade.
- O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. E, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé e a luz que os ilumina. É o ensinamento mais fundamental e essencial na «hierarquia das verdades da fé» ([3]). «Toda a história da salvação não é senão a história do caminho e dos meios pelos quais o Deus verdadeiro e único, Pai, Filho e Espírito Santo, Se revela, reconcilia consigo e Se une aos homens que se afastam do pecado»([4]).
- 235. Neste parágrafo se exporá brevemente de que maneira foi revelado o mistério da Santíssima Trindade (I), como é que a Igreja formulou a doutrina da fé sobre este mistério (II) e, por fim, como é que, pelas missões divinas do Filho e do Espírito Santo, Deus Pai realiza o seu «desígnio de benevolência» de criação, redenção e santificação (III).
- Os Padres da Igreja distinguem entre «Theologia» e «Oikonomia», designando pelo primeiro termo o mistério da vida íntima de Deus-Trindade e, pelo segundo, todas as obras de Deus pelas quais Ele Se revela e comunica a sua vida. É pela «Oikonomia» que nos é revelada a «Theologia»; mas, inversamente, é a «Theologia» que esclarece toda a «Oikonomia». As obras de Deus revelam quem Ele é em Si mesmo: e, inversamente, o mistério do seu Ser íntimo ilumina o entendimento de todas as suas obras. Analogicamente, é o que se passa com as pessoas humanas. A pessoa revela-se no que faz, e, quanto mais conhecemos uma pessoa, tanto melhor compreendemos o seu agir.
- A Trindade é um mistério de fé em sentido estrito, um dos «mistérios ocultos em Deus, que não podem ser conhecidos se não forem revelados lá do alto» ([5]) É verdade que Deus deixou traços do seu Ser trinitário na obra da criação e na sua revelação ao longo do Antigo Testamento. Mas a intimidade do seu Ser como Trindade Santíssima constitui um mistério inacessível à razão sozinha e, mesmo, à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo.
[1] São Cesário de Arles. Expositio vel traditio Symboli (sermo 9): CCL 103. 47.
[2] Cf. Papa Vigílio, Professio fidei (522): DS 415.
[3] Cf. Sagrada Congregação do Clero, Directorium catechisticum generale, 43: AAS (1972)123.
[4] Ibid., 47.
[5] I Concílio do Vaticano. Const. dogm. Dei Filius, c. 4: DS 3015.
História da Igreja Antiga: Era Cristã
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Dom Frei Wilmar Santin, O.Carm. Bispo de Itaituba-PA
A Era Cristã é a que nós utilizamos. Passou a ser usada a partir do século VI por Dionísio, o Pequeno, que tinha sido encarregado pelo Papa para fazer uma nova tabela da Páscoa em continuação à de São Cirilo. Dionísio passa a usar como ponto inicial a data do nascimento de Jesus. Pelas suas contas Jesus nasceu no dia 25 de dezembro do ano 753 da Fundação de Roma, ou seja, 25 de dezembro do 1 a.C. O primeiro ano a Era Cristã (d.C.) seria o ano 754 da Fundação de Roma (“ab Roma condita”). Esse cálculo mostrou-se errado entre 4 e 7 anos, porque o censo foi promulgado no ano 746 da Fundação de Roma e Herodes morreu no ano 750 da Fundação de Roma. Portanto Jesus nasceu entre estes dois anos. No entanto, o uso continua de acordo com os cálculos de Dionísio.
Inicialmente passou a ser usada na Itália já no séc. VI, depois na Inglaterra (séc. VII), Espanha e França, mas nos primeiros tempos somente por cronistas e historiadores.
Nos documentos, os primeiros a usarem esta Era foram os anglo-saxões no início do séc. VIII. Depois o seu uso entrou na França (metade do séc. VIII), Alemanha (séc. IX), Espanha (séc. XIV), Grécia e Portugal (séc. XV). A Igreja passou a usá-la oficialmente através da cancelaria pontifícia sob o pontificado de João XIII (965-72) – no período anterior há o uso isolado em algumas cartas papais. No Ocidente uso da Era Cristã começa a se generalizar a partir do século X.
Há 3 datas para o início do ano:
- 1º de janeiro, como se usa atualmente;
- 25 de dezembro, com o nome “do Nascimento”;
- 25 de março, com o nome “da Encarnação”.
Devoção ao Sagrado Coração de Jesus: como tudo começou
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O Coração de Jesus é o foco do amor. A devoção ao Sagrado Coração é a devoção que vem do amor como princípio, que se dirige ao amor como fim, que emprega o amor como meio. Celebrando este grande Amor de Deus por nós, somos convidados a renovar nossa devoção a Jesus, manifestado concretamente na vivência deste amor na família, na Igreja Doméstica, na partilha do pão, na alegria de celebrar em comunidade a Eucaristia, Vida de Jesus entregue por nós.
Celebrar o Coração de Jesus torna-se uma importante ocasião pastoral para que toda a comunidade cristã novamente se sensibilize para fazer deste admirável Sacrifício e Sacramento o coração da própria vida.
Origem da Devoção
A devoção ao Sagrado Coração tem sua origem na própria Sagrada Escritura. O coração é um dos modos para falar do infinito amor de Deus por você. Este amor chega a seu ponto alto com a vinda de Jesus. A devoção ao Sagrado Coração aparece em dois acontecimentos fortes do evangelho: o gesto de São João, discípulo amado, encostando a sua cabeça em Jesus durante a última ceia (cf. Jo 13,23); e na cruz, onde o soldado abriu o lado de Jesus com uma lança (cf. Jo 19,34). Em um temos o consolo pela dor da véspera de sua morte, e no outro, o sofrimento causado pelos pecados da humanidade. Estes dois exemplos do evangelho nos ajudam a entender o apelo de Jesus, feito em 1675, a Santa Margarida Maria Alacoque:
"Eis este coração que tanto tem amado os homens. Não recebo da maior parte senão ingratidões, desprezos, ultrajes, sacrilégios, indiferenças…
Eis que te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento (Corpo de Deus) seja dedicada a uma festa especial para honrar o Meu coração, comungando neste dia e dando-lhe a devida reparação por meio de um ato de desagravo, para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo em que esteve exposto sobre os altares.
E prometo-te que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu divino Amor sobre os que tributem esta divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada." O papa João Paulo II sempre cultivou esta devoção, e a incentivava a todos que desejassem crescer na amizade com Jesus.
O Sagrado Coração de Jesus e Santa Maria Alacoque
O Sagrado Coração de Jesus apareceu a Santa Margarida Maria Alacoque, jovem religiosa da Ordem da Visitação, para transmitir sua mensagem de misericórdia e confiança, expressa no coração humano e divino do Verbo Encarnado. O Culto ao Sagrado Coração de Jesus obteve, a partir de então, grande impulso e espalhou-se por toda a Igreja.
Santa Margarida Maria, que recebeu a missão de espalhar pelo mundo a devoção ao Sagrado Coração ofendido pela ingratidão dos homens, foi incompreendida e perseguida, até que a Providência colocou em seu caminho o jesuíta São Cláudio La Colombière, que lhe deu orientação segura e conseguiu fazer com que sua mensagem começasse a ser vista com outros olhos. Canonizada em 1920, sua festa é celebrada no dia 16 de outubro. Fonte: https://pt.aleteia.org
ESTUDOS BÍBLICOS COM FREI PETRÔNIO: O sinal da cruz
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Justin Taylor, sm.
(Tema do Programa- AO VIVO- A Palavra do Frei Petrônio, nesta terça-feira, 20 de junho-2017).
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Já encontramos diversas alusões à cruz como sinal. A mais notável é o formato do cordeiro pascal, assado em dois espetos na forma de uma cruz. O caso mais simbólico é a confirmação pelo bispo, que unge a testa com óleo e faz o sinal da cruz como selo. Entretanto, é difícil encontrar uma ligação intrínseca entre essas duas alusões. É possível tomar um caminho indireto e interpretar todo o batismo “no nome de Jesus” como a transferência de uma dívida, que era um uso habitual da expressão “no nome de XY”. O resultado para o batizado é a anulação de sua dívida, o que é o conteúdo da proclamação inaugural de Jesus do ano do perdão (Lc 4,19).
Em termos estritamente bancários, o certificado de dívida era anulado, traçando-se nele duas linhas em forma de cruz, aparentemente um gesto bastante natural. Desse modo, a marca de uma cruz na testa, traçada com o polegar, pode facilmente representar o perdão dos pecados, isto é, a redenção por meio da cruz do cordeiro imolado. A associação é ainda mais natural se puder ser demonstrado que a cruz na testa preexistia antes de ter qualquer importância estritamente cristã. Se for acrescentada a unção com óleo (feita com o dedo), será possível identificar os dois elementos essenciais na expressão estranhamente combinada “um Messias crucificado”, com referência a Jesus ou a seus seguidores (“se morrermos com ele”). Entretanto, isso não significa que tivessem esse sentido no começo.
Há, de fato, um modelo bíblico. Em Ez 9,1ss, um homem vestido de linho (um anjo) fica em pé no meio dos destruidores que vão castigar Jerusalém e Iahweh lhe diz: “Passa no meio da cidade, no meio de Jerusalém, e marca com um tau na testa os homens que gemem e suspiram por tantas abominações que nela se praticam”. A palavra para “marca”, traduzida como “sinal” pela LXX [Septuaginta] é a última letra do alfabeto hebraico, thaw. Essa marca na testa é muito semelhante à do sangue do cordeiro pascal posto nas ombreiras da porta (Ex 12,7) e talvez também posto como lembrança na fronte (Ex 13,9.16). A mesma passagem de Ezequiel, traduzida independentemente da LXX, está no pano de fundo de Ap 7,3ss, onde o anjo que sobe do leste traz consigo o selo de Deus, mas não pode destruir nada enquanto os eleitos (os 144.000) não forem marcados na testa com esse selo; a mesma coisa é ordenada ao anjo com a quinta trombeta (Ap 9,4). Percebemos uma ideia análoga em Ef 4,30: “Não entristeçais o Espírito Santo de Deus, com o qual fostes marcados, como por um sinal, para o dia da redenção”.
O elemento constante nessas metáforas é um selo oficial (na testa). As metáforas baseiam-se em mais do que um simples empréstimo literário, pois o termo usado (selo) é mais forte que o de Ezequiel. No mesmo espírito, CD 9,10-12 declara, citando a profecia de Ezequiel, que quando o Ungido de Aarão e Israel (isto é, os dois Messias, Sacerdote e Rei) chegar, os que estão marcados na testa com o thaw serão salvos.
Tertuliano afirma que esse thaw era precisamente o sinal da cruz (Contra Marcião 3,22). Não era uma invenção pessoal. Na mesma época, Orígenes cita a opinião de um judeu, “um dos que creem em Cristo”: o formato do thaw na antiga escrita hebraica assemelha-se à cruz e prefigura o futuro sinal na testa dos cristãos (Selecta in Ezechielem, PG 13,800d).
Essa informação dada pelo judeu-cristão sobre o formato do thaw é exata e pode até ser completada. No antigo alfabeto hebraico, que já não está em uso, duas letras têm mais ou menos o formato de uma cruz, isto é, de uma simples marca: a primeira, aleph, e a última, thaw, as duas passíveis de revezar-se entre os sinais + e X. Ora, em Ap 1,8, lemos: “Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus”. Aqui, a primeira e a última letras do alfabeto grego revelam que Deus é o começo e o fim de todas as coisas; mas, no contexto, a declaração aplica-se igualmente bem a Jesus Cristo, “que por seu sangue nos libertou de nossos pecados” (Ap 1,5).
Se transpusermos os termos dessa declaração do alfabeto grego para o antigo alfabeto hebraico, ela fica: “Eu sou o aleph e o thaw”, isto é, “Eu sou o + e o X”. No Apocalipse, lemos também que ninguém pode abrir o livro, exceto “um Cordeiro (...) de pé, como que imolado” (5,6). É possível deduzir que a cruz do cordeiro pascal está sobreposta à primeira e à última letras do alfabeto: o Jesus crucificado fornece a chave do alfabeto e, em última análise, da própria Escritura. Assim, por meio de uma espécie de trocadilho simbólico, a cruz completa a Escritura: “Está consumado” é precisamente o que Jesus diz na cruz (Jo 19,30). Todo esse simbolismo está ligado ao hebraico. Em grego, porém, é ainda mais simples, em especial quando há também uma unção com óleo. No alfabeto grego, o sinal X é a letra chi, a inicial do verbo “ungir” e do título Christos. É esse o meio mais direto de entender Ap 22,4: “e seu nome estará sobre suas frontes”.
Entretanto, a clareza desse simbolismo da cruz não deve obscurecer o fato de reunir duas séries de elementos muito bem definidos. Uma é o instrumento da morte de Jesus, com três braços desiguais, à qual é associada a preparação do cordeiro pascal. A outra é a marca (na testa) em forma de cruz, na posição vertical ou de lado, com quatro braços iguais e diversos sentidos diferentes, diretos ou anexados (supressão, selo, alfabeto). O fato de essas duas realidades se unirem em um simbolismo comum pressupõe que ambas preexistiam de modo independente, o que é óbvio quanto à primeira. Quanto à segunda, a tradição rabínica, que tem uma base próxima dos costumes marginais dos haberim, jamais se interessa por outras religiões em consideração a elas, nisso seguindo um costume bem bíblico. Em outras palavras, a própria energia com a qual essa tradição opõe-se à colocação de um filactério na testa revela que ela estava familiarizada com outro sinal na testa, que agora está associado aos minim.
A conclusão mais simples de todas essas observações é que a descrição que Hipólito faz da recepção pelo bispo de um novo membro, ungindo-o com óleo e marcando-lhe a testa com uma cruz, é apenas uma reinterpretação cristã do gesto que vem inalterado das irmandades judaicas de renovação da Aliança, zelotes ou não. A cruz, como simples marca com vários sentidos possíveis, era originalmente um gesto oficial de adoção feito pelo “inspetor”. É, então, fácil compreender por que as autoridades romanas chamaram alguns desses “ungidos”, que proclamavam o fim e a chegada iminente do “Ungido” (o Messias), christiani, isto é, adeptos de “Christus” ou “Chrestus”, entendido como nome próprio.
É igualmente fácil entender certos aspectos da cultura religiosa de Paulo que, com toda probabilidade, era um messianista “ungido”. O paralelo entre a marca do Espírito no batismo (Ef 1,13) e o selo da circuncisão (Rm 4,11) sugere um rito. Onde ele declara que não foi enviado para batizar, mas para anunciar o evangelho “sem sabedoria de palavras, para não esvaziar a força da cruz de Cristo” (1Cor 1,17), Paulo não expressa necessariamente falta de interesse em sinais propriamente ditos, mas sua consciência de uma missão para lhes dar outro sentido “mais pleno”. Quer dizer, a cruz (uma simples marca) na testa de alguém ungido já existia como sinal costumeiro que concluía o processo batismal; na pregação, ele recebeu o novo sentido da “cruz de Cristo”, que combina morte e vida (ressurreição, nova criação). Isso acarretou completa mudança no messianismo, que deixou de se centralizar em Jerusalém e podia ser levado “até os confins da terra” (At 1,8).
*Justin Taylor, sm. As origens do cristianismo
VATICANO: Pensar para agir contra a corrupção
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Cidade do Vaticano (18/06/2017) – O Serviço para o Desenvolvimento Humano e Integral publicou as conclusões do "Primeiro debate Internacional contra a Corrupção", que ocorreu no Vaticano na última quinta-feira, dia 15de Junho.
No encontro, promovido em colaboração com a Pontifícia Academia das Ciências Sociais, participaram cerca de 50 magistrados antimáfia e anticorrupção, Bispos e personalidades do Vaticano e de outros Estados, líderes de Movimentos, vítimas, jornalistas, estudiosos, intelectuais e alguns Embaixadores.
Os participantes afirmaram que a luta contra a corrupção e as máfias é uma questão não apenas de legalidade, mas também de civilização.
O Prefeito do Serviço para o Desenvolvimento Humano e Integral, Cardeal Peter Turkson, explicou que “este encontro ocorreu com o intuito de enfrentar um fenómeno que leva a espezinhar a dignidade da pessoa. Queremos afirmar que nunca se pode espezinhar, negar, prejudicar a dignidade das pessoas. Logo, cabe a nós, mediante este Organismo Vaticano, defender e promover o respeito da dignidade da pessoa. Por isso, procuramos chamar a atenção do mundo sobre este fenómeno”.
Por sua vez, o Arcebispo Dom Silvano Tomasi destacou o objectivo principal do encontro: “Sensibilizar a opinião pública e dar passos concretos para se encontrar políticas e leis que possam prevenir a corrupção, pois ela é como um caruncho, que se infiltra nos processos de desenvolvimento dos Países Pobres como nos Ricos, arruinando as relações entre as Instituições e as pessoas. Logo, o esforço que estamos a fazer é para criar uma mentalidade, uma cultura da justiça que possa combater a corrupção e beneficiar o bem comum”.
O grupo participante no encontro está providenciando à elaboração de um texto conjunto como guia dos trabalhos sucessivos e de futuras iniciativas, entre as quais a necessidade de aprofundar, a nível internacional e da Doutrina jurídica da Igreja, a questão sobre a excomunhão por corrupção e associação mafiosa. Fonte: http://pt.radiovaticana.va
Vaticano estuda possibilidade de excomunhão de corruptos e mafiosos
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Esta é uma antiga reivindicação, tanto na América Latina como em outras partes do mundo. Especialmente ali onde religiosidade popular e crime organizado se cruzam tecendo um perverso sincretismo. Uma exigência natural, naqueles lugares onde os narcotraficantes se encomendam a Nossa Senhora e aos santos. Agora, um grupo do Vaticano vai estudar as implicações, “em nível internacional” e “segundo a doutrina jurídica da Igreja”, da aplicação da excomunhão aos corruptos, mafiosos e expoentes do crime organizado. A reportagem é de Andrés Beltramo Álvarez, publicada por Vatican Insider, 17-06-2017. A tradução é de André Langer.
Esta é a conclusão mais relevante do primeiro Debate Internacional sobre a Corrupção, que aconteceu no dia 15 de junho na Casina Pio IV, um prédio histórico situado no centro dos Jardins Vaticanos. Um encontro convocado pela Pontifícia Academia para as Ciências Sociais e pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.
Segundo confidenciaram alguns participantes ao Vatican Insider, a reunião contou com poucos participantes considerando a importância do tema. Reuniu apenas cerca de 50 pessoas entre magistrados anti-máfia e anti-corrupção, bispos, personalidades de instituições vaticanas, líderes de movimentos, vítimas, jornalistas, estudiosos, intelectuais e embaixadores. Cada participante pôde tomar a palavra durante três a cinco minutos.
As discussões aconteceram a portas fechadas. Esperava-se que, no final do dia, fosse emitido um importante comunicado. Finalmente, dois dias depois, a Sala de Imprensa vaticana divulgou um breve boletim com pouco conteúdo. Não obstante, incluiu algumas significativas novidades. Por um lado, fez referência, ainda que de maneira genérica, à formação de um “grupo de trabalho” que dará prosseguimento a iniciativas na luta contra a corrupção.
“O grupo está avançando na elaboração de um texto compartilhado que irá nortear os trabalhos sucessivos e as futuras iniciativas”, precisou. E depois, estabeleceu que o grupo abordará “a necessidade de aprofundar a questão relativa à excomunhão por corrupção e associação mafiosa”.
Ponto. Não foram dadas maiores informações. Assim, fica evidente que a iniciativa, por enquanto, encontra-se em estado embrionário e não se pode afirmar que, no final, seja colocada em prática. Mas este é um primeiro passo.
Embora o crime organizado seja um pecado grave, as normativas da Igreja não contemplam – até agora – que quem incorrer nele seja excomungado, a pior punição que pode ser aplicada a um católico. Segundo o Código de Direito Canônico, a excomunhão é uma “pena medicinal” que implica praticamente a expulsão da vida da Igreja de uma pessoa, que é suspensa de todos os seus direitos na comunidade católica.
Contudo, não se trata de uma “pena de morte da alma”, já que o excomungado pode pedir (e até exigir) ser readmitido na Igreja, caso se comprometa formal e publicamente a abandonar o estado de coisas que o levou a ser punido. Segundo a tradição eclesiástica, a excomunhão é aplicada aos atos considerados gravíssimos, como o aborto (que, para a Igreja, é o assassinato de um inocente indefeso) ou a ordenação de um bispo sem a autorização expressa do Papa.
Existem dois tipos de excomunhão. Uma é automática (latae sententiae) e nela incorre um fiel no momento mesmo em que comete o ato em questão. A outra se aplica após um processo formal (ferendae sententiae). A segunda requer uma declaração pública por parte da autoridade eclesiástica, ao passo que a primeira não. Em ambos os casos, a absolvição pode ser concedida pelo Papa, pelo bispo do lugar ou por sacerdotes especialmente autorizados.
O cardeal africano Peter Turkson, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, foi um dos organizadores do debate sobre a corrupção. “Pensamos, neste encontro, em enfrentar um fenômeno que leva ao afastamento da dignidade da pessoa. Nós queremos afirmar que não se pode jamais negar ou obstruir esta dignidade. Por isso, queremos chamar a atenção para este ponto”, explicou.
O arcebispo Silvano Tomasi, secretário do dicastério, por sua vez, precisou que o objetivo do debate é sensibilizar a opinião pública, além de identificar passos concretos que possam ajudar a promulgação de leis contra a corrupção, um “cupim” que “acaba com as relações entre as pessoas e as instituições”.
“Portanto, o esforço que estamos fazendo é o de criar uma mentalidade, uma cultura da justiça que combata a corrupção para favorecer o bem comum”, disse. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Universidade terá curso contra preconceito religioso coordenado por babalaô
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Pós-graduação sobre intolerância contará docentes de vários credos
RIO — Em tempos de intolerância, a existência de um curso composto por professores de diferentes religiões, coordenado por um babalaô e sediado numa universidade católica parece estar mais próxima do sonho que da realidade. No último dia 7, no entanto, a pós-graduação lato sensu Pluralidades e Intolerância Religiosa foi aprovada por unanimidade no conselho da Universidade Católica de Petrópolis.
Com um corpo docente que inclui católicos, umbandistas, judeus, muçulmanos, protestantes e uma ex-testemunha de Jeová, o curso começará em agosto, com uma turma na universidade em Petrópolis e outra no centro de estudos Dom Vital, no Rio. Para se candidatar, é preciso ter diploma de graduação reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC).
— Fiz questão de ter uma equipe plural. Uma coisa é falar sobre intolerância, outra é saber lidar com ela. Não é um curso de teologia, embora abordemos diversas religiões. É uma mensagem contra intolerância. Há aqueles que não querem o diálogo, mas há um setor amplo que quer — analisa o babalaô Ivanir dos Santos, que coordenará o programa.
Embora qualquer pessoa com curso superior possa se candidatar, o programa pretende atingir, prioritariamente, professores das redes particular e pública de ensino, jornalistas e líderes religiosos. A ideia é também alcançar magistrados e outros agentes que possam trabalhar o tema de forma responsável, com habilidade para mediar conflitos e criar programas sobre o assunto.
— Queremos formar pessoas capazes de desenvolver políticas públicas relativas à intolerância — afirma Carlos Frederico da Silveira, presidente do Centro Dom Vital e diretor do Centro de Teologia da Universidade Católica de Petrópolis. — Precisamos potencializar nossa capacidade de entender o outro e promover a liberdade de culto e a não agressão. Juízes, advogados e professores estão frequentemente envolvidos em problemas relacionados à intolerância. As manifestações da umbanda e do candomblé muitas vezes são violentadas. As pessoas precisam entender e respeitar os diversos credos.
UTILIDADE NAS SALAS DE AULA
Professora da educação básica, Lucimar Santos, que também faz parte do corpo docente do novo curso, conta que frequentemente os professores são confrontados com questões delicadas em sala de aula, evidenciando a necessidade de uma formação específica.
— Trabalho em algumas prefeituras com crianças do 6º ao 9º ano, e a intolerância é uma questão enfrentada diariamente. Muitos docentes deixam de dar a aula completa de cultura brasileira pela resistência de alunos e pais a aspectos culturais africanos, por remetê-los a outra religião — diz Lucimar, que é ex-testemunha de Jeová. — A banca do novo curso é bastante plural e jovem. Há pessoas ligadas ao feminismo, ao antirracismo. Na verdade, considero este um programa sobre intolerâncias diversas, ele não está voltado apenas para o público religioso.
Os alunos passarão por três módulos. O primeiro será dedicado a fundamentação e contextualização; o segundo, a intolerância, história e cultura; e o terceiro terá discussões sobre religião e sociedade. Entre as disciplinas estão Cultura Europeia, Cultura Africana, Sociologia e Antropologia da Religião.
Embora tenha nascido com o objetivo de promover a pluralidade e o respeito às diferentes religiões, o próprio curso foi alvo de preconceito em sua gênese. Ivanir dos Santos conta que foi procurado inicialmente por membros de uma universidade protestante para que construísse o curso. No entanto, o projeto precisou ser submetido a um líder religioso e, desde então, há mais de um ano, está engavetado na instituição. Diante disso, o babalaô optou por sugerir o projeto para uma universidade católica.
— Felizmente, vamos conseguir realizá-lo em outra instituição. O curso é um marco, sobretudo por acontecer neste momento de tanta intolerância e desrespeito, e ser sediado numa universidade com aspectos confessionais — acredita.
O diretor do Centro de Teologia da Universidade Católica de Petrópolis conta que, embora a proposta tenha gerado surpresa, ela foi muito bem aceita pela instituição desde o início:
— Já estávamos fazendo um diálogo inter-religioso há algum tempo. É cada vez mais importante que as religiões se unam para testemunhar que a fé também ajuda a promover a convivência social e a paz. As pessoas veem a religião como algo agressivo, mas é o contrário. Fonte: https://oglobo.globo.com
Arautos, a doutrina secreta. "Dr. Plínio incentiva a morte do Papa"
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Plínio Corrêa de Oliveira lá do além, sentado ao lado de Nossa Senhora, determina alterações climáticas e empenha-se a valer para que o Papa Francisco morra em breve. Esses são os tipos de absurdos valorizados pelos líderes da entidade Arautos do Evangelho. Para muitos ficou óbvio que havia razões bem sólidas na origem da decisão do Vaticano quando solicitou uma investigação sobre os Arautos, embora outros logo tratassem de torcer o pedido tentando enquadrar a decisão da Congregação para os Religiosos em uma intolerância inexistente contra as realidades eclesiais mais tradicionais e conservadoras.A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por La Stampa - Vatican Insider, 14-06-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
Em 12 de junho, tornou-se pública a carta em que se comunicava o pedido de afastamento de monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, 77 anos, fundador e superior geral da sociedade clerical de vida apostólica "Virgo Flos Carmeli” e presidente da associação privada de fiéis "Arautos do Evangelho”, a primeira nascida e aprovada no novo milênio. Monsenhor Clá não faz nenhuma referência à profunda investigação iniciada pelo dicastério do Vaticano liderada pelo bispo brasileiro Cardeal João Braz de Aviz. Mas a coincidência temporal fala por si.
O culto de Correa
Entre as razões da investigação está o que o sociólogo Massimo Introvigne define de "uma espécie de culto secreto e extravagante a uma espécie de trindade composta por Plinio Corrêa de Oliveira, sua mãe Dona Lucília, e o próprio monsenhor Clá Dias". O brasileiro Correa de Oliveira, chamado de "Dr. Plínio", que morreu em 1995, foi um pensador católico tradicionalista, de direita e contrarrevolucionário, idealizador e fundador da associação TFP (Tradição, Família e Propriedade), que após a sua morte foi desmembrada e de um dos seus ramos nasceu a entidade Arautos do Evangelho. Sobre esse culto secreto, que na opinião de alguns teria ido muito além do mero culto da personalidade, já tiveram oportunidade de escrever vários ex-membros.
O diabo confirma a doutrina oculta
Agora, para complicar os fatos surgem alguns vídeos recém-gravados, que mostram não só que o fundador dos Arautos, Scognamiglio Clá Dias, e os seus sacerdotes usam rituais de exorcismo compilados por eles mesmos, considerando ineficazes os da Igreja Católica aprovados pela Santa Sé, mas também fornecem uma confirmação do bizarro culto ao "Dr. Plínio" e sua mãe, Lucilia. Além disso, o agora ex-superior dos Arautos, dá crédito a delirantes teorias, convencendo seus sacerdotes a fazerem o mesmo. Quem é a fonte dessas pseudo-revelações: o próprio diabo, durante um dos frequentes exorcismos que os padres dos Arautos do Evangelho celebram através de fórmulas que carecem de aprovação eclesiástica.
Um dos vídeos em questão.
No vídeo – que certamente não foi feito por uma câmara escondida dada a estabilidade de imagem e a panorâmica inicial que mostra toda a sala – pode ser visto o fundador dos Arautos, Scognamiglio Clá Dias, enquanto conversa com cerca de sessenta dos seus sacerdotes. O vídeo foi filmado durante uma recente visita papal e é certamente posterior a fevereiro de 2016, porque um dos oradores menciona a peregrinação de Francisco ao México. Monsenhor Clá pega um envelope contendo uma transcrição de perguntas e respostas e entrega as folhas ao padre Beccari que as lê, em pé, ao seu lado. Trata-se do diálogo entre um padre e o demônio durante um exorcismo. O conteúdo dessas divagações é lido sem que o superior ou qualquer um dos presentes levante objeção alguma. Na verdade, tudo é endossado e entende-se também, através de uma das perguntas do sacerdote ao demônio, que todas as indagações foram feitas "por ordem do monsenhor Clá" e que servem "apenas para confirmar" o que os Arautos já acreditam.
Ao "Dr. Plínio" todo o poder sobre o mundo
O sacerdote pratica o exorcismo sobre a pessoa possuída, nunca nomeada, com a fórmula: "A maldição de Monsenhor João caia sobre a tua cabeça!" O demônio revela que "Nossa Senhora está muito empenhada para que os membros do grupo (os Arautos, ndr) se comprometam a servir Monsenhor João, renunciando à própria vontade para fazer a do monsenhor". Plínio Correa "está sentado à direita da Virgem, ele também acomodado em um trono e tem todo o poder. Dona Lucília está à sua esquerda, um pouco mais abaixo e colabora para tudo o que o filho Plínio constrói". Plínio Correa detém "o controle sobre o mundo porque ele é a ordem do universo". Todos os padres presentes comentam entusiasmados: "Nossa! Impressionante", enquanto o monsenhor fundador acena a cabeça confirmando.
O diabo também revela que dona Lucília conversa normalmente do além com monsenhor João, que novamente confirma com um aceno da cabeça.
Plínio Correa provoca a mudança climática
Durante o exorcismo do suposto demônio, solicitado pela curiosidade do padre que faz perguntas em nome de Monsenhor João, são feitas várias "revelações". Diz-se que "Plínio está estragando os computadores das pessoas, para que elas não acessem a Internet". Além disso, Correa de Oliveira, do seu trono, sentado à direita da Virgem Maria, também está "mudando o clima". Seria ele, portanto, o autor da "mudança climática, do aumento do calor. É Plínio que faz tudo", garante o demônio exorcizado. E avisa: "Um meteorito irá cair no oceano na frente dos EUA, no Atlântico, e a América do Norte vai desaparecer". Monsenhor João ouve satisfeito.
"O Papa? É um dos meus servos. Rodé[1] será o sucessor". O auge da anuência entusiasmada de Monsenhor João e de seu fascinado público de padres acontece quando o suposto demônio fala do Papa atual. "O Vaticano? É meu, é meu! (O Papa, ndr) faz tudo o que eu mando, é um tolo". Todo mundo ri satisfeito e acena confirmando. "Obedece a tudo que mando - continua o demônio - é a minha glória, está disposto a fazer tudo por mim. Ele me serve". Para confirmar a autoridade da fonte e, assim, as pseudo-revelações, Monsenhor João diz: "Este é o demônio mais preparado que já apareceu entre nós." A diversão dos padres dos Arautos Evangelho continua quando o demônio exorcizado explica que "o Papa vai morrer em um tombo", no Vaticano, não durante uma viagem como esperam os presentes, dado que na época Francisco estava envolvido em uma de suas peregrinações. O demônio explica que o "Dr. Plínio está incentivando a morte do Papa", está tentando encurtar sua vida. Também se fala que "o próximo papa será bom", e que o diabo está tramando para "matar o homem que Deus chama, o Cardeal Rodé, o próximo Papa". O cardeal esloveno Franc Rodé, Prefeito da Congregação para os religiosos, é considerado um amigo pelos Arautos do Evangelho. Por fim, também é dito que o diabo não tem poder sobre os Arautos do Evangelho, porque são consagrados a Plínio Corrêa de Oliveira: "Os planos dependem de Deus e do Dr. Plínio".
As palavras de um verdadeiro exorcista
Não são necessários comentários sobre o que é visto e afirmado no vídeo em questão. Contudo, vale lembrar as palavras de um verdadeiro grande exorcista, padre Gabriele Amorth, a propósito das "revelações" durante os rituais: "As respostas do demônio precisam ser avaliadas. Às vezes o Senhor impõe ao demônio falar a verdade, para provar que Satanás foi derrotado por Cristo e também é forçado a obedecer aos seguidores de Cristo que agem em seu nome. Muitas vezes o maligno afirma expressamente ser obrigado a falar, embora faça de tudo para evitar isso. É um perigo, no entanto, quando o exorcista se perde atrás de perguntas por curiosidade (que o Ritual proíbe expressamente) ou se deixa guiar em uma discussão pelo demônio! Justamente porque ele é um mestre da mentira".
Nota:
- Refere-se ao cardeal Franc Rodé, esloveno, que foi prefeito, no Vaticano, da Congregação para os Religiosos.
- Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Pastor morre após ser atingido por bala perdida na Praça Seca
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Severino da Silva, de 53 anos, tentava fugir do tiroteio na região
Ele é a 30ª vítima fatal de balas perdidas no Rio, neste ano, segundo levantamento da BandNewsFM.
Um pastor evangélico morreu vítima de bala perdida neste domingo (18) na comunidade do Bateau Mouche, na Praça Seca, na Zona Oeste do Rio. De acordo com a Polícia Militar, Severino da Silva, de 53 anos foi atingido durante um confronto entre criminosos na comunidade.
A vítima chegou a ser socorrida para o hospital Urgências Médicas, na Vila Valqueire, na mesma região, mas não resistiu aos ferimentos. Ainda segundo a corporação, o batalhão responsável pela área está fazendo buscas pelos bandidos no local.
Severino da Silva é a 30ª vítima fatal de balas perdidas no Rio, neste ano, segundo levantamento da BandNewsFM.
Fonte: http://bandnewsfmrio.com.br
POR QUE CHRISTIANI?
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Justin Taylor, sm.
Jesus e os discípulos foram desde o início chamados “nazoreus”, termo mantido em siríaco e hebraico. Porém, como vimos, o termo latino christiani, dado pelos romanos a agitadores messiânicos, foi atribuído aos discípulos em Antioquia, em uma época de distúrbios. O nome firmou-se em grego e em latim. Que isso acontecesse é ainda mais notável, visto que, estritamente falando, o cristianismo paulino não é messianismo: “Cristo” tornou-se nome próprio, e a narrativa de Pentecostes em At 2 tem o cuidado de evitar a pergunta (messiânica) final dos discípulos, que aguardam o restabelecimento do Reino para Israel (At 1,6). Podemos bem nos admirar por que o cristianismo neotestamentário, em especial com os novos horizontes abertos por Paulo, ainda sentia a necessidade de conservar uma ligação polêmica com o judaísmo, declarando-se a “nova Aliança” e transformando o messianismo, em vez de cortar todos esses laços e lançar-se em águas inteiramente novas.
Se os nomes de Cristo (Ungido) e cristão foram preservados, embora desviados do sentido primitivo, só pode ser porque originalmente eles tinham alcance apreciável, presumivelmente ligado a unção. Além disso, em uma cultura tão sensível a sinais como o judaísmo, precisamos começar a procurar não arranjos inteligentes com versículos, nem sutis alusões bíblicas a um rei-Messias ou a um sacerdote-Messias, mas pontos de referência concretos, isto é, seguir o método que usamos até agora, ritos em vez de acontecimentos ou doutrinas.
Falando francamente: as informações disponíveis são vagas demais para levar a certas conclusões. Teremos de nos contentar com suposições baseadas em indicações convergentes e distinguir duas partes: primeiro, tratar das unções propriamente ditas; em seguida, fazer algumas observações sobre o sinal da cruz.
*Justin Taylor, sm. As origens do cristianismo
A GALILEIA QUE JESUS CONHECEU
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Justin Taylor, Sm.
Antes de prosseguir com a história da Galileia, precisamos fazer uma pausa. Já vimos o bastante para fazer uma ideia do ambiente galileu em que Jesus chamou os primeiros discípulos. Esse ambiente era rural, efusivo e muito diferente em cada lado do lago, o que propicia um cenário para muitos detalhes dos evangelhos. Pode ser útil apresentar uma pequena lista de aspectos característicos que esclareçam o ambiente original de Jesus e dos discípulos.
- Nos evangelhos, Jesus vem de Nazaré, mas essa é precisamente a cidade da qual ele sai (mais adiante, examinaremos o significado da palavra “nazoreu” e sua relação com o lugar chamado Nazaré: cap. 5, §II,2). Sua “cidade” era antes Cafarnaum, no lago, não longe de Tiberíades (Mc 2,1; 3,20; 9,33), onde escavações arqueológicas mostraram claramente que antes de Herodes existia uma aldeia de pescadores. Era conhecida de Jesus e ali ele chamou discípulos que eram pescadores e marinheiros experientes.
- Falando de modo geral, identificamos uma oposição entre círculos zelotes a oeste do lago de Tiberíades e outros a leste que eram mais submissos. Esse lago desempenha importante papel nas viagens de Jesus, não só do ponto de vista da geografia, mas também pelo simbolismo da água e da pesca. Além do tema de atravessar o lago, as muitas referências ao “outro lado” agora se destacam (ver Jo 6,1 etc.). A maldição simétrica de Betsaida e Corazim (Mt 11,21 par.) inclui os dois lados. A primeira multiplicação dos pães acontece na margem ocidental, com doze cestos (Mt 14,13-34 par.); a segunda, na margem oriental, com sete (Mt 15,32-39 par.). Essas comunicações entre as duas margens não tinham originalmente o propósito de construir uma ponte entre a Decápolis dos gentios e a Galileia judaica, mas entre duas tendências opostas dentro da mesma cultura. A cultura em si era muito fechada e Jesus viera apenas “para as ovelhas perdidas da casa de Israel”
- O ambiente de referência é rural e altamente motivado do ponto de vista religioso, com tendências diferentes empenhadas em debate, ou mesmo conflito. A última pergunta que os discípulos fazem a Jesus antes da ascensão (At 1,6) diz respeito à restauração do Reino para “Israel”. A passagem não leva em conta, de modo algum, a verdadeira Judeia dos sucessores de Herodes. É antes sinal de um sonho de libertação tipicamente zelote, que também se encontra na terceira tentação (Mt 4,8ss), no desapontamento dos dois discípulos que vão de Jerusalém para Emaús e na escolha de Barrabás, que era um “sicário”, isto é, não assaltante comum, mas galileu da espécie mais pura, segundo a terminologia de Josefo. Jesus resistiu ao ativismo político e ao messianismo transformado ou, mais exatamente, ele o redefiniu em termos bíblicos apropriados. Por outro lado, enquanto andava pela Galileia e chamava discípulos, ficou bem longe de Séforis e Tiberíades, as duas únicas cidades de fama na Galileia; elas estavam efetivamente sob o controle romano por intermédio da dinastia herodiana. A julgar pela vã tentativa de Josefo, durante a revolta, de unificar a Galileia pelo domínio dos conflitos entre essas cidades e os galileus intransigentes nos distritos rurais vizinhos, está claro que o ambiente de Jesus e dos discípulos assemelha-se ao dos “galileus”. Esse rótulo tinha conotações bem marcantes, religiosas e também políticas, embora Jesus mantivesse sua independência.
- O grupo que seguia Jesus era realmente muito variado. Incluía Mateus, o publicano, e Simão, o cananeu (dois que eram, em princípio, opostos, e correspondiam às duas margens do lago) e também Joana, mulher de um alto funcionário de Herodes Antipas, que representa um terceiro enfoque oposto, ligado às classes governantes das cidades, em especial a nova – e escandalosa – capital Tiberíades. Discípulos de João Batista deixaram-no para seguir Jesus. Em Jerusalém, para a Última Ceia, Jesus ocupou uma sala da qual os discípulos não tinham conhecimento, pois estavam ali apenas em peregrinação; assim, Jesus tinha outros contatos fora da Galileia. As controvérsias entre os discípulos de Jesus e os “fariseus” a respeito da purificação antes de comer (cf. Mc 7,1ss; Lc 11,38) mostram que eles compartilham uma cultura religiosa comum ou similar, que também está próxima da dos essênios; por outro lado, ele se opunha aos fariseus, mantendo a primazia da Escritura sobre a tradição oral. Alguns escribas aceitavam Jesus, enquanto outros o rejeitavam; todos defendiam as Escrituras e eram adversários dos fariseus.
Todas essas tendências formam uma imagem do judaísmo da Galileia, na qual dificilmente encontram-se saduceus ou sacerdotes. Jesus atravessou todas essas barreiras, embora ainda permanecesse no judaísmo. Ele até mesmo andou em companhia de “pecadores”, leprosos e prostitutas, mas seus contatos com os gentios não passaram de alguns gestos simbólicos, que eram certamente o máximo que seu ambiente tolerava. Tais gestos eram sempre realizados na frente de espectadores judeus; é esse o sentido do “sinal de Jonas”, que se destinava aos israelitas (até o pior dos profetas é capaz de converter uma capital gentia, enquanto Israel continua resistente). A essa lista de transgressões, podemos acrescentar a visita aos samaritanos, que seguiam o texto escrito e aguardavam um novo Moisés, e que fizeram um reconhecimento de Jesus dos mais solenes. Todos esses cruzamentos de fronteiras reunidos indicam que Jesus não tinha medo de se expor à impureza. Fundamentalmente, ele não tinha medo dos outros.
- Assim como João Batista estava cercado de discípulos singulares, também Jesus, que chamou e formou um grupo. Dentro desse grupo, ele era reconhecido como o Mestre (“Rabûni”), mas não era uma escola no sentido próprio da palavra: os apóstolos foram posteriormente considerados pessoas “simples e sem instrução” (At 4,13). Isso não significa necessariamente que eles eram ignorantes; somente não se encaixavam em nenhum sistema reconhecido de capacidade doutrinal. O grupo vivia em comunidade, um tanto isoladamente, e seguia costumes próprios, dos quais a Última Ceia é exemplo perfeito. Assim, era na verdade uma irmandade, mais ou menos itinerante, com organização própria, que ao mesmo tempo se incumbia de anunciar a todos que o Reino estava próximo. O ambiente galileu era favorável a ambiguidades políticas, como torna-se aparente até pela acusação escrita fixada na cruz de Jesus.
- Jesus foi diversas vezes a Jerusalém, sozinho ou em grupo. Embora censurasse o Templo, nunca deixou de ver nele o centro das promessas. No momento decisivo, ele insistiu em confrontar as autoridades, apesar do conselho dos discípulos (ver Mt 16,22 par.). É perfeitamente possível que alguns deles nunca tivessem feito a peregrinação antes, pois, embora fossem adultos, olhavam admirados para a arquitetura. Ao voltar da Judeia passando pela Samaria, Jesus prevê o fim dos dois lugares de culto, em Jerusalém e em Garizim (Jo 4,21ss), e segue seu caminho para a Galileia. O horizonte é uma vez mais o judaísmo da Galileia, mas com alguns vislumbres de perspectivas mais amplas.
- A extrema importância das peregrinações que são ocasiões de encontro e conflito, está enfatizada nos evangelhos, especialmente por Lucas. São relatadas numerosas controvérsias entre Jesus e outros judeus quanto ao sábado, à pureza, à autoridade da tradição oral etc. Entretanto, em seu julgamento, nenhuma observância errada foi apresentada como motivo para acusação, mas unicamente a acusação a respeito do Templo e, assim, peregrinações. Isso é significativo. Como muitos outros antes dele, Jesus e seus companheiros tinham opiniões sobre o Templo e o que ele deveria ser, e essas opiniões, na medida em que atraíam apoio, eram consideradas ameaça pelas autoridades, quer pelo sumo sacerdote, quer pelo governador romano. O fato de compararem Jesus com Judas, o Galileu, e Teudas (At 5,35ss) mostra onde estava o problema.
As fontes estudadas revelaram alguns fatores simbólicos e religiosos que explicam a obsessão de Josefo pela Galileia. Circunstâncias socioeconômicas, fomes e opressão política também desempenharam sua parte. Mas os estudos da Galileia nesse período, que consideram decisivos esses fatores materiais, não alcançaram nenhuma síntese coerente dos aspectos específicos da cultura local, embora ponham em jogo noções como “povo da terra” ou “os pobres”. Eles acabam por fazer do Jesus histórico uma figura um tanto irreal, que por acaso surgiu na Galileia, mas sem raízes tradicionais ali.
Jesus não foi nem o primeiro nem o último reformador “fariseu” ou “galileu” a meter-se em apuros com as autoridades de Jerusalém. Seu perfil associa-se a dois tipos religiosos conhecidos, que às vezes se opõem: o mestre, com uma palavra que conta (“rabûni”), inconfundível com o escriba, e o hassid, repleto do Espírito, bem evidenciado em fontes rabínicas, com um comportamento que às vezes é paradoxal e se mantém afastado de círculos eruditos. Todos os que têm origem conhecida vêm da Galileia. Esses hassidim têm, de fato, o mesmo nome que os hassideus do tempo dos macabeus (ver 1Mc 2,42). Esses últimos têm de ser considerados antecessores dos fariseus (“separados”) e dos essênios (“fiéis”); antes designação de grupos diversos, o adjetivo tinha sentido similar. Nenhum dos termos restringe-se à definição de Josefo, que reflete uma situação mais tardia que a queda de Jerusalém. Em especial os essênios, os hassidim da Galileia e os fariseus do NT têm alguns pontos em comum. Notavelmente, todos são capazes de fazer as Escrituras falarem ao presente. Assim, para favorecer nossa pesquisa, precisamos continuar o estudo dos amplos esboços da história da Galileia judaica.
*Justin Taylor, sm. As origens do cristianismo
SUCO DE NONI. Freis; Petrônio e Donizetti.
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Os Freis; Petrônio e Donizetti, Carmelitas, falam sobre os benefícios do NONI.
NOTA: Reconhecido pela grande quantidade de antioxidantes, fruto famoso na medicina oriental deve ser evitado, segundo as autoridades.
Consumido na Ásia há pelo menos 2 mil anos, o noni, um fruto bastante parecido com a fruta-do-conde, está se tornando cada vez mais conhecido por aqui. Na medicina popular oriental, ele é receitado para combater desde dores no corpo até tumores ou diabetes.
Os supostos benefícios do consumo do fruto ou de chás, pílulas e sucos são extraordinários. Segundo vendedores - e parte da medicina popular asiática -, ele é basicamente 'pau para toda obra': serve para combater de febre a câncer, de inflamação a mal de Alzheimer, de infecção a asterosclerose.
Natural do sudeste asiático, o noni é bastante consumido no Taiti (maior produtor mundial), Polinésia, Malásia, Filipinas e algumas regiões do Japão e da China. Ele tem um sabor bastante amargo e, portanto, costuma ser consumido em sucos e chás. Aliás, uma simples busca no Google pelo termo 'chá de noni' traz quase 400 mil resultados. DIVULGAÇÃO: www.olharjornalistico.com.br Rio de Janeiro. 16 de junho-2017.
HOMILIA DO PAPA NESTA SEXTA, 16: O Poder de Deus salva das fraquezas e pecados.
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“Tomar consciência de sermos frágeis, vulneráveis e pecadores: somente a potência de Deus salva e cura. Foi a exortação do Papa Francisco na homilia da missa celebrada na manhã de sexta-feira (16/06/07) na Casa Santa Marta.
Nenhum de nós se ‘pode salvar sozinho’: precisamos do poder de Deus para sermos salvos. O Papa Francisco refletiu sobre a Segunda carta aos Coríntios, em que o apóstolo fala do mistério de Cristo dizendo “temos um tesouro em vasos de barro” e exorta todos a tomar consciência de serem ‘barro, frágeis e pecadores’: sem o poder de Deus – recordou, não podemos prosseguir. “Temos este tesouro de Cristo – explicou o Papa – em nossa fragilidade ... nós somos barro”, porque é o poder, a força de Deus que nos salva, que nos cura, que nos ergue. É esta, no fundo, a realidade de nossa fraqueza”.
A dificuldade de admitir nossa fragilidade
“Todos nós somos vulneráveis, frágeis, fracos, e precisamos ser curados. Ele nos diz: somos afligidos, abalados, perseguidos, atingidos: é a manifestação da nossa fraqueza, é a nossa vulnerabilidade. E uma das coisas mais difíceis na vida é admitir a própria fragilidade. Às vezes, tentamos encobri-la para que não se veja; ou mascará-la, ou dissimular... O próprio Paulo, no início deste capítulo, diz: ‘Quando caí em dissimulações vergonhosas’. Dissimular é vergonhoso sempre. É hipocrisia”.
Além da ‘hipocrisia com os outros’ – prosseguiu Francisco – existe também a ‘comparação com nós mesmos’, ou seja, quando acreditamos ‘ser outra coisa’, pensando ‘não precisar de curas ou apoio’. Quando dizemos: “não sou feito de barro, tenho um tesouro meu”.
“Este é o caminho, é a estrada rumo à vaidade, à soberba, à auto-referencialidade daqueles que não se sentindo de barro, buscam a salvação, a plenitude de si mesmos. Mas o poder de Deus é o que nos salva, porque Paulo reconhece a nossa vulnerabilidade:
Paulo e a vergonha da dissimulação
‘Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia. Existe algo em Deus que nos dá esperança. Somos postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança; perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados’. É o poder de Deus que nos salva. Sempre existe esta relação entre o barro e o poder, o barro e o tesouro. Nós temos um tesouro em vasos de barro, mas a tentação é sempre a mesma: cobrir, dissimular, não admitir que somos barro... a hipocrisia em relação a nós mesmos”.
O apóstolo Paulo – destacou o Papa – com este modo de pensar, de raciocinar, de pregar a Palavra de Deus, nos conduz a um diálogo entre o tesouro e a argila. Um diálogo que continuamente devemos fazer para sermos honestos”. Francisco citou o exemplo da confissão, ‘quando dizemos os pecados como se fossem uma lista de preços no supermercado’, pensando em “clarear um pouco o barro” para sermos mais fortes. Ao invés, temos que aceitar a fraqueza e a vulnerabilidade, mesmo que seja difícil fazê-lo: é aqui que entra em jogo a ‘vergonha’.
“É a vergonha, aquilo que aumenta o coração para deixar entrar o poder de Deus, a força de Deus. A vergonha de ser barro e não um vaso de prata ou de ouro. De ser de argila. E se chegarmos a este ponto, seremos felizes. O diálogo entre o poder de Deus e o barro. Por exemplo, no lava-pés, quando Jesus se aproxima de Pedro e este lhe diz: ‘Não, a mim não Senhor, por favor’. O que? Pedro não tinha entendido que era de barro, que precisava do poder do Senhor para ser salvo”.
Reconhecer nossas fragilidades e obter a salvação
É na generosidade que reconhecemos ser vulneráveis, frágeis, fracos, pecadores. Somente quando aceitamos ser de barro – concluiu o Papa – “o extraordinário poder de Deus virá a nós e nos dará a plenitude, a salvação, a felicidade, a alegria de sermos salvos, recebendo assim a alegria de sermos ‘tesouro’ do Senhor. (BS/CM). Fonte: http://pt.radiovaticana.va
CORPUS CHRISTI EM SALVADOR-BA
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