4° Domingo da Quaresma: O velho pai e o “velho” filho. (Lc 15, 1-3. 11-32)
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Frei Jorge Van Kampen, O. Carm. In Memoriam (*17/04/1932 + 08/08/2013).
Às vezes encontramos pessoas, que não querem reconciliar-se. Esta atitude torna a vida fria e gelada. Ninguém se sente bem com este comportamento. É sempre um grande acontecimento, quando duas pessoas se reconciliam. Isto traz calor humano. Parece, que a vida torna-se mais leve. Calor, luz, paz, amizade são grandes valores na nossa vida.
Praticamente não podemos viver sem estes valores. Jesus, na sua vida de pregação, toma a reconciliação como base na vida. Jesus sempre se interessou pelos homens, pela convivência entre as pessoas. Jesus sabia valorizar cada pessoa em particular. Ele sofria por causa da frieza das pessoas.
O calor humano contagiou tanto Paulo na sua vida, que fez, que ele renovasse totalmente a sua vida. O seu grande desejo era que o contato com esta nova visão da vida tocasse profundamente as pessoas.
A reconciliação tornou-se difícil em nossos dias. Somos obcecados pelo orgulho, a nossa posição social, pelo dinheiro ou competição. Paulo descobriu a força da reconciliação na vida de Jesus.
Reflexão.
Duas tendências dão vida e vigor à pessoa humana: a busca da comunicação com os outros e do recolhimento em si mesmo. Cada pessoa se torna mais homem ou menos homem dependendo do que cada um tem a comunicar e receber. Lamentamos a fuga apavorada de si mesmo, quando deveria procurar estar com alguém.
A paz menor, tão aspirada, só acontece, quando soubermos construir o equilíbrio entre as duas tendências: a comunicação com os outros e o recolhimento em si mesmo.
Quem seria eu ao comunicar-me com os outros, se dentro de mim tivesse uma vida extravagante? Que poderia eu receber dos outros, se não houvesse em mim um espaço para acolher-me? Jesus cultivou o recolhimento como um meio para sentir a presença íntima do Pai... Só aqueles que amam o recolhimento podem entender, o que significa se comunicar com Deus.
Resposta à Palavra de Deus.
Estamos diante de um dilema: transformar as estruturas pela violência, ou transformar a sociedade pela FÉ. É evidente, que não podemos continuar assim: aumentar a fome e a marginalização da grande parte do nosso povo. Violência gera violência, portanto não vai resolver definitivamente o caso.
O outro caminho é guiar a sociedade, criando melhores condições para ser gente. É um caminho difícil, mas tem a vantagem, que quando surgirem novas estruturas, existem pessoas capazes de viver nelas. Porque elas mesmas as construíram. Para isto devemos saber comunicar: adorar a Deus e não ao dinheiro.
PROVÍNCIA 300: Jaboticabal-01.
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Da Série; Província 300, em comemoração aos 300 Anos da Província Carmelitana de Santo Elias (Província Carmelitana Fluminense)- Carmelitas no Brasil. Reveja imagens da presença do Carmo na Diocese de Jaboticabal- Paróquia Nossa Senhora Aparecida- com Frei Aparecida, O. Carm. 29 de março-2019.
Carmelita de alma brasileira aguarda o Papa em Marrocos
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Ir. María Ana Nef Ulloa é natural do Chile, mas que morou 38 anos no Brasil. Em entrevista ao Vatican News/Rádio Vaticana, ela fala dos frutos esperados com a visita do Papa Francisco e traça o perfil da Igreja Católica em Marrocos.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
Falta pouco: a pequena comunidade católica de Marrocos aguarda com expectativa a chegada do Papa Francisco a Rabat neste final de semana.
Uma carmelita de alma brasileira estará entre os consagrados no encontro na Catedral e entre os fiéis na missa de domingo: é a Ir. María Ana Nef Ulloa, natural do Chile, mas que morou 38 anos no Brasil.
Antes de se mudar para o Carmelo de Tânger, Ir. María Ana estava no mosteiro de Campinas. Agora, a carmelita descalça reside em Marrocos desde 2015. Trata-se de uma comunidade internacional que acolhe integrantes de Chile-Brasil, Espanha, Itália, Libéria, Bolívia, Colômbia, Equador, Polônia, Filipinas e Portugal.
Igreja servidora
Em entrevista ao Vatican News/Rádio Vaticana, ela fala dos frutos esperados com a visita do Pontífice e traça ainda o perfil da Igreja Católica em Marrocos: uma pequena comunidade de 25 mil fiéis, “como uma paróquia de periferia de uma grande cidade brasileira”.
“Uma Igreja pequena, pobre, precária e multicultural”, que engloba 100 nações diferentes, mas com uma particularidade: sem católicos autóctones, isto é, marroquinos. “É uma Igreja servidora dos pobres, seja do povo, seja dos migrantes”. Fonte: www.vaticannews.va
O OLHAR NO MUNDO: Carmelitas retornam à diocese de Wilcannia-Forbes
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Uma casa de campo antiga e humilde, rodeada de árvores e vida selvagem na diocese de Wilcannia-Forbes, hoje abriga um novo mosteiro de freiras carmelitas enclausuradas dos Estados Unidos.
O calor e a poeira que cercam sua casa de campo são um lembrete útil para as irmãs de que agora elas são parte da Austrália e que precisam orar pelo povo da região, que está lutando contra a seca em curso. Foi um dia especial no sábado, quando a Diocese de Wilcannia-Forbes recebeu de volta membros da ordem carmelita com uma missa pontifícia na qual participaram quase 500 pessoas de toda a Austrália.
Os Carmelitas se estabeleceram em Parkes em 1949, mas fundiram-se com outro grupo de Dulwich Hill e mudaram-se para Varroville, a sudoeste de Sydney, em 1987. O Bispo de Wilcannia-Forbes, Columba Macbeth-Green OSPPE disse: “Estou muito feliz que em nossa diocese temos um Carmelo contemplativo que rezará por nós todos os dias e todos os dias - não apenas para nossa diocese, mas para nossa nação.
“Nós realmente temos uma força em nossa diocese e sabendo que eles estão aqui e orando por nós me traz muito conforto e paz. Deus é tão bom para nós."
A comunidade de freiras, que vive uma vida contemplativa pura alimentada pela forma extraordinária da missa, aproximou-se do Bispo Macbeth-Green há quatro anos com seu plano.
"Depois de um longo processo liderado por um comitê independente e com a aprovação da Santa Sé, as freiras estão prontas para começar suas vidas na diocese de Wilcannia-Forbes, localizada entre Deniliquin e Mathoura", disse o bispo Macbeth-Green.
“Peço que você se junte a mim em agradecimento e oração pelas freiras. Que sua vida de oração contemplativa seja de muito fruto espiritual para nossa diocese. ”
As irmãs são de uma ordem carmelita que remonta a um mosteiro carmelita espanhol do século XVI, fundado por Santa Teresa de Jesus. Dois mosteiros-filhos foram estabelecidos no México e, em 1927, a comunidade estabeleceu um Carmel na Califórnia. Mais tarde, os mosteiros foram fundados em Nevada, Nebraska, Pensilvânia e, mais recentemente, em Idaho.
As irmãs, todas religiosas plenamente professas que viveram a vida monástica carmelita por muitos anos, são: Madre Mariam Joseph, Irmã Frances Teresa, Irmã Maria da Encarnação e Irmã Juana Teresa de Jesus. Dois nasceram e cresceram na Austrália e têm uma alegria especial em retornar à sua terra natal depois de muitos anos de ausência.
Georgina Brazier, um dos membros do comitê que o bispo Macbeth-Green designou para ajudar a facilitar o retorno das freiras à diocese, disse que as irmãs estão "impressionadas com a recepção adorável que tiveram da diocese".
“Somos muito gratos ao Bispo Columba por sua sábia orientação neste processo e, com seu novo monastério, as irmãs agora têm uma base muito segura e já têm cartas de inquérito para futuras vocações”, disse a Sra. Brazier.
A principal missão dos Carmelitas, que têm uma forte devoção a São José, é orar e oferecer oblações pela Igreja e pelo mundo. As irmãs vivem uma vida de pobreza, dependendo inteiramente da generosidade dos outros.
Para mais informações sobre o novo mosteiro carmelita, visite: http://carmeljmj.org.au/. Fonte: https://catholicoutlook.org
*CARMELITAS E FRATERNIDADE
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O objetivo da vida cristã é que a vontade de Deus se realize em cada um de nós e em nosso mundo. Para que isso aconteça, precisamos ser transformados. De fato, toda a Criação, que espera ansiosamente pela revelação dos filhos de Deus, também deve ser transformada.
Nossa transformação individual acontece em vários níveis e espaços. Os primeiros carmelitas começaram como eremitas, mas num certo ponto, reuniram-se como uma comunidade e, mais tarde, como um grupo. Também buscaram reconhecimento da Igreja através da “formula vitae” dada por Alberto, patriarca de Jerusalém. A vida eremítica sempre permaneceu como uma possível expressão do ideal carmelitano. No início, ela exerceu uma profunda influência na espiritualidade carmelitana através dos séculos.
A CELA
A cela é um conceito importante na Regra e, mais tarde, nos escritos carmelitanos. Ela representa o interior. Nela estamos diante de nós mesmos para lutar contra o inimigo. Para essa batalha precisamos da proteção da armadura de Deus. A Regra tem uma dinâmica de passar da cela individual para a capela no centro e depois retornar à cela. Ouvir a Palavra de Deus e celebrar a Eucaristia juntos em comunidade, nos fortalece para retornarmos à luta na cela. Saímos de nossas batalhas contra o falso eu no silêncio da cela com um coração purificado para o serviço da comunidade.
A solidão e o silêncio são armas essenciais na batalha contra o falso eu e, portanto, no processo de purificação. Por estarmos longe das distrações, ficamos diante de nós mesmos como realmente somos. Começamos a ver através da fachada que passamos muitos anos construindo para proteger nossos frágeis egos. Começamos a ter consciência das grandes e pequenas infidelidades em nossas vidas e da grande inconsistência entre os ideais que professamos e a realidade em que vivemos. A cela é claramente um conceito espiritual e não pode ser equiparada ao espaço físico em que vivemos. Em nossos quartos, podemos nos rodear de distrações externas de todo tipo. A cela é o lugar do encontro com Deus nas profundezas de nosso ser. É possível que nosso quarto não seja um lugar para a oração.
Somente quando começamos a deixar as distrações externas, nos tornamos conscientes do ruído constante que está dentro de nós. Quando começamos a nos aproximar do aposento mais profundo do castelo, parece que o inimigo se torna mais frenético em nos manter afastado. Temos todos os tipos de distrações em nossas mentes. Ao tentarmos rezar, geralmente barramos a maior parte das distrações externas, mas então tomamos consciência de nosso ruído interno. Às vezes, nossa oração pode parecer uma batalha constante contra as distrações. Outras vezes, nem reconhecemos que estamos seguindo uma distração em vez de permanecer com Deus. Podemos pensar que um assunto sobre o qual estamos meditando é muito santo, mas ele pode ser um modo sutil de reforçar nosso próprio ego. De acordo com São João da Cruz, a linguagem que Deus ouve melhor é o amor silencioso. Teresa disse que o fim da oração não é pensar muito, mas amar muito. É realmente difícil alcançar o silêncio, mas a tentativa é válida porque é somente no silêncio que podemos ouvir a Palavra proferida por Deus num silêncio eterno.
Nossas Constituições nos dizem que a experiência transformadora do irresistível amor de Deus nos esvazia de nossos modos limitados e imperfeitos de pensar, amar e agir, transformando-os em modos divinos (Const. 17). Toda nossa vida e, especialmente nossa oração, deve ser uma preparação para esse encontro transformador com Deus. É importante cultivar o silêncio interior e exterior, para que possamos ouvir verdadeiramente a Palavra de Deus nas profundezas de nosso ser. A voz do Espírito é muito gentil e precisamos ser muitos silenciosos para ouvi-la.
A cela individual é a primeira arena do processo de transformação. Contudo, os eremitas no Monte Carmelo se reuniram em comunidade. Nosso título nos chama de Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. A fraternidade é uma parte essencial do carisma carmelitano. Não vamos sozinhos ao encontro de Deus. A fraternidade é o local do teste de nossa espiritualidade. É muito bom falar belamente sobre a oração e a vida espiritual, mas a menos que seja vivida na prática, ela não passa de muito ar quente. O modo como realmente nos tratamos uns aos outros é a medida de nosso relacionamento com Deus. Como você pode amar o Deus que não vê se não ama o irmão a quem vê? A fraternidade é também o ambiente no qual crescemos. Através de nossos relacionamentos com os outros membros de nossa comunidade, algumas de nossas asperezas serão polidas.
COMUNIDADE
A comunidade é um sinal maravilhoso de que o amor de Deus pode operar milagres nos corações dos seres humanos. Ela proclama a verdade do Evangelho e é uma parte integrante de nossa missão. Todos nós conhecemos a bela teoria da comunidade e o prazer que pode ser viver numa boa comunidade, mas também temos consciência dos obstáculos que encontramos na comunidade. Às vezes, não é fácil viver em comunidade. Ela é feita de seres humanos imperfeitos. Esperamos que todos se comprometem com a jornada espiritual e que possam apoiar se uns aos outros para que alcancemos o objetivo para o qual fomos criados. Contudo, todos os membros da comunidade são seres humanos imperfeitos que buscam a felicidade de modos que nunca serão plenamente satisfeitos. De tempos em tempos, esses modos entram em conflito porque até que o processo de transformação alcance um certo nível de maturidade, estaremos buscando auto-estima e afeição, segurança e controle, que nem todos podemos ter e, portanto, experimentamos conflitos de personalidade.
Ao fazermos nossa profissão, nos comprometemos com um grupo de pessoas reais que são fundamentalmente boas, mas imperfeitas. Somos convidados a amar nosso próximo, que é um ser humano de carne e osso com sentimentos, que nem sempre reage como esperamos. É fácil amar outro ser humano na teoria, mas é mais difícil fazê-lo na prática. Talvez tenhamos que agradecer a Deus pelo sucesso que temos em comunidade. Os relacionamentos humanos não são todos fáceis. Também devemos agradecer a Deus porque os companheiros de nossa jornada são, na sua maioria, pessoas que tentam ao máximo viver o Evangelho como eles o entendem, apesar de acharmos isso difícil de acreditar tal vez.
A celebração da Eucaristia e a leitura comunitária da Palavra de Deus são de grande ajuda para construir uma comunidade. A Eucaristia é a celebração da comunidade, mas também forma a comunidade e, por isso, merece uma preparação séria. Ela transforma indivíduos em comunidade e então nos envia a viver o Evangelho em nosso dia-a-dia. Infelizmente, a Eucaristia também pode ser um divisor dentro da comunidade se dermos muita atenção aos fatores externos e pouca atenção ao coração da questão.
Sair das celas individuais para a capela todo dia é um símbolo do constante esforço necessário para sair de si mesmo para encontrar os outros e fazer comunidade com eles (Ratio, 35). A fraternidade é um sinal profético de que é possível viver em comunhão apesar de termos que pagar o preço (Ratio, 36).
Acredito que uma das maiores dificuldades na vida comunitária é que cada membro busca coisas diferentes e nunca partilha suas expectativas. Cada um tem um modelo de vida religiosa e de Igreja que nunca questiona porque são parte dele e, portanto existem expectativas que foram construídas a respeito da vida de um(a) religioso(a). A necessidade da purificação profunda da noite escura torna-se clara quando tomamos consciência de como estão profundamente enraizadas as expectativas e os preconceitos que inconscientemente colhemos em nosso crescimento e em nossos primeiros anos como carmelitas.
O objetivo da jornada espiritual é que sejamos transformados em Deus. Nossas Constituições descrevem-na como uma mudança profunda no modo como pensamos, agimos e amamos. Nos afastamos de nossos modos humanos, que são limitados por natureza, para o modo divino. Simplificando, nossa vocação é que nos tornemos como Deus. Os Pais da Igreja falaram e escreveram muito sobre a divinização do ser humano. Todos os aspectos do ser humano devem ser transformados. Esse processo é normalmente longo e lento, e talvez dificilmente será completado nesta vida. Estar na jornada espiritual é estar envolvido nesse processo de transformação. O relacionamento com outros seres humanos ajuda muito nesse processo de crescimento e de transformação porque aprendemos muito sobre nós mesmos se tivermos olhos para ver e ouvidos para ouvir.
Numa comunidade religiosa vivemos e partilhamos com pessoas com quem temos pouco em comum. O que devemos ter em comum são os valores fundamentais de seguir Cristo e a tradição carmelitana. No entanto, o modo como compreendemos isso nos vem através de nossos processos humanos que ainda não estão transformados. Logo teremos maneiras diferentes de compreender e de viver esses valores e nossa motivação nunca será completamente pura. Viver em comunidade provoca algumas dificuldades porque meu falso eu entra em conflito com o falso eu dos outros. É muito fácil e errado culpar os outros membros da comunidade por todas as dificuldades de viver em comunidade ou presumir que todas as dificuldades são negativas. A maioria das dificuldades na vida comunitária tem um aspecto positivo ao me revelarem algo sobre mim mesmo, mas devo ser bem honesto para considerar que um problema de minha comunidade seja meu problema.
Existe um certo paralelo entre a vida religiosa e a vida matrimonial. Sabemos que se um casal não mantém um diálogo, pequenas coisas se tornarão problemas maiores ou o casal se separará. A mesma questão está em atividade numa comunidade religiosa. Podemos tentar evitar o problema pedindo uma transferência, mas existem alguns religiosos que viveram em diversas comunidades da Província e não estão felizes em lugar algum. Muitos nunca perguntam se o problema pode estar vindo deles!
Quando uma nova comunidade se forma, e isso acontece toda vez que um novo membro chega ou outro parte, seria muito útil se a comunidade partilhasse suas expectativas. Por exemplo, se um membro da comunidade espera ser capaz de partilhar seus sentimentos mais profundos com a comunidade e outro fica paralisado de constrangimento se alguém pergunta: “como vai você?”, haverá grande insatisfação nessa comunidade. Se a comunidade puder ao menos estar consciente das diferentes expectativas desde o princípio, ela aprenderá a não esperar muito ou a equilibrar as expectativas de acordo com as necessidades dos membros.
A DISFUNÇÃO NA VIDA COMUNITÁRIA
Não tenho nenhuma pretensão de ser um psicólogo, mas o conceito de disfunção é muito comum hoje e pode ser muito útil na compreensão de alguns problemas na vida comunitária. Ninguém é perfeito e todos podemos causar problemas aos outros, mas existe uma situação realmente disfuncional numa comunidade quando a vida de toda a comunidade gira em torno de uma única pessoa. O caso clássico seria o de um alcoólatra na comunidade. Ninguém contesta o indivíduo sobre a bebida e não se enfrenta o problema. Podem existir outros casos onde um membro da comunidade tem um problema psicológico que domina a vida da comunidade. Nenhum encontro comunitário pode ser realizado porque os outros têm medo de como o indivíduo enfermo reagirá e tudo é feito em nome da paz. Nesse caso, toda a comunidade está enferma porque o problema de um indivíduo domina e estabelece a ordem do dia de toda a comunidade. Acima de tudo, cabe ao superior intervir em tal situação para ter certeza de que tal indivíduo possa obter a ajuda de que necessita. Se o irmão não aceitar ajuda, ao menos não devemos permitir que ele domine a vida da comunidade.
Cada um de nós precisa se examinar no tocante à nossa própria vida em comunidade. Deus usará as pequenas idiossincrasias de nossos irmãos para nos purificar e usará nossas idiossincrasias para purificar nossos irmãos. A convivência conosco é agradável? Somos egoístas ou realmente tentamos viver uma vida fraterna? Estamos preparados para permitir que nossos irmãos desafiem e purifiquem nosso falso eu?
O ENCONTRO COMUNITÁRIO
O encontro comunitário é uma ferramenta essencial para o crescimento de um grupo de indivíduos numa comunidade. Às vezes, surgirão tensões nos encontros comunitários. Isso é muito natural e não algo que devemos temer. Se os encontros comunitários são realizados freqüentemente, de acordo com o que está estabelecido nas Constituições, isso dá aos membros da comunidade a oportunidade de manifestar seus ressentimentos. Isso diminui o nível de tensão na casa. Se os encontros comunitários não acontecem regularmente, não há foro no qual levantar as questões normais que emergem em toda comunidade. Na ausência de encontros comunitários regulares, a informação será transmitida por meio de discussões nos corredores. Isso também pode levar a apatia dentro da comunidade, o que não é saudável.
Os encontros comunitários não devem se limitar ao trabalho, mas deve existir foro no qual sejam discutidas questões espirituais. Tratar de questões espirituais amedronta muito mais os corações das pessoas, mais do que os encontros para tratar de trabalho. Por isso, em muitos lugares, a Regra e as Constituições neste ponto são simplesmente ignoradas.
Empregar o método da Lectio Divina tem sido útil para os encontros comunitários sobre questões espirituais. A redescoberta desse antigo método de oração foi muito importante para toda a Igreja e também para a Ordem. Um passo da Lectio Divina é partilhar nossas idéias sobre um texto das Escrituras com os outros, mas este não é o objetivo. O objetivo da Lectio Divina é a contemplação, que é um relacionamento amadurecido com Deus, em Jesus Cristo, no qual nossos modos humanos limitados de pensar, amar e agir são transformados em modos divinos (Const. 17). A discussão de um texto das Escrituras e a tentativa de aplicá-lo na vida da comunidade pode ser muito útil, mas muito mais poderosa é partilharmos juntos a experiência do silêncio no qual todos desejam a presença e a ação de Deus dentro da comunidade. A Lectio Divina pode ser muito útil nas comunidades, mas é importante não parar o processo na metade do caminho.
A PROVÍNCIA
Não somos membros de uma comunidade isolada. Cada comunidade é parte de um grupo mais amplo, geralmente uma Província ou um Comissariado. Os superiores devem seguir a determinação dos Capítulos Gerais e Provinciais. Além disso, os superiores devem tomar certas decisões após o devido discernimento e consulta. É impossível agradar a todos. Temos o direito de ter uma opinião e de expressá-la claramente, mas uma vez que a decisão foi tomada, devemos acatá-la, mesmo que não concordemos inteiramente com ela.
O falso eu é muito sutil e podemos aceitar aparentemente uma decisão, mas tentar miná-la não cooperando plenamente. Também podemos minar a autoridade de um superior de diversas maneiras ao mesmo tempo em que apresentamos uma fachada inocente. A vida comunitária, no nível local ou provincial, revela o que está em nossos corações. Outras pessoas perceberão quem somos. Se nós perceberemos também depende do nível de autoconhecimento, que é fundamental para a jornada espiritual.
A ORDEM E A IGREJA
Cada Província faz parte de uma realidade mais ampla, a Ordem. Por sua vez, a Ordem faz parte da Igreja. Todos nós somos membros da Ordem e não apenas de uma comunidade ou Província em particular. A Ordem Carmelitana faz parte da Igreja e temos o dever de assumir nosso lugar dentro da missão da Igreja. Logo, não fazemos apenas o que será bom para a Ordem. Tentamos fazer o que a Igreja nos pede. Um grupo recebe um carisma dentro da Igreja para servir ao mundo. Acima de tudo, a Igreja espera que nós carmelitas não façamos apenas esse ou aquele trabalho em especial, mas que sejamos fiéis ao carisma que recebemos de Deus.
O MUNDO
Durante toda história da Ordem, expressamo-nos de diferentes formas. Um tema constante, que é parte importante de quem somos e que corre pelos oito séculos de nossa existência, é a dimensão contemplativa. O estilo de vida contemplativo buscou fornecer as condições mais favoráveis para o desenvolvimento da vida contemplativa. Contudo, os dois são muito diferentes. Somos chamados a sermos contemplativos, mas como frades mendicantes. Não somos chamados a viver um estilo de vida contemplativo. Vivemos no meio do povo. Um(a) contemplativo(a) é alguém que está no processo de ser afinado, como um lindo instrumento, pelo Mestre. Um(a) contemplativo(a) é um amigo prudente de Jesus Cristo e, logo, estará em união com todos os homens e mulheres num nível profundo. O(a) contemplativo(a) é alguém que está aprendendo lentamente a ver com os olhos de Deus e a amar com o coração de Deus.
Essa é nossa vocação. Trilhamos esse caminho não como indivíduos isolados, mas na companhia de nossos irmãos e irmãs com todos os membros da Família Carmelitana. Rezemos com eles e por eles. Lembremo-nos especialmente em tempos de dificuldades, que o apoio e as orações de todos os nossos irmãos e irmãs nos sustentam.
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
- Em sua prática, como a experiência de viver em comunidade o ajudou a crescer como um indivíduo?
- Você vive uma vida fraterna?
- Se você fosse convidado a ser o prior da comunidade, o que você faria para favorecer a fraternidade dentro da comunidade?
*ASSEMBLÉIA DA PROVÍNCIA CARMELITANA DE SANTO ELIAS.Convento do Carmo – São Paulo- JANEIRO 2007
*CARMELITAS E ORAÇÃO
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Mt 6,6: “Quando você rezar, entre no seu quarto, feche a porta, e reze ao seu Pai ocultamente; e o seu Pai, que vê o escondido, recompensará você”.
Titus Brandsma escreveu que a oração é vida, não um oásis no deserto da vida. A oração é uma parte essencial do carisma carmelitano. Espera-se que sejamos homens de oração e que formemos comunidades orantes. O Carmelo é certamente símbolo da oração para a maioria das pessoas em todo mundo.
A Ratio (art. 29) faz uma distinção entre oração e contemplação, embora afirme que na tradição carmelitana a oração foi muitas vezes identificada com a contemplação. A oração é a porta para a contemplação (Castelo Interior, 1,7). Na Regra, temos um equilíbrio entre oração em comum e tempo sozinhos com Deus na cela. A oração litúrgica certamente é a forma mais alta de oração já que é a oração de Cristo dirigida ao Pai no Espírito Santo. Quando celebramos a liturgia estamos partilhando dessa oração, dessa comunicação íntima entre o Pai e o Filho, que é o Espírito Santo.
Para o carmelita, a celebração diária da liturgia é muito importante. Somos incumbidos de celebrar o ofício divino para o mundo em nome da Igreja. Esse é um compromisso muito sério que aceitamos na profissão solene. Contudo, celebrar a liturgia em certos momentos do dia não é o suficiente. A liturgia deve influenciar cada momento de nossa vida. A ideia da Liturgia das Horas é santificar todo o dia e recordar a presença de Deus a cada momento. É muito importante viver a Eucaristia, aprender com o exemplo de Cristo a nos doarmos aos outros, a viver na presença de Deus. Logo, a Eucaristia e a Liturgia das Horas não são celebrações momentâneas, mas o coração de cada dia. Na liturgia ganhamos força para servir ao Povo de Deus e para viver em harmonia com nossos irmãos e irmãs.
Gostaria de enfocar a oração pessoal. Se vamos crescer em nosso relacionamento com Deus, é essencial termos um tempo sozinhos com Deus. Existem muitas maneiras de rezar, mas todas elas se voltam para estabelecer uma amizade íntima com Jesus Cristo. Santa Teresa d’Ávila nos advertiu que devemos fazer tudo para aumentar nosso amor pelo Senhor. O único modo de julgar a oração é se ela transforma nossas vidas. Isto é: estamos tratando as outras pessoas um pouco melhor? As Constituições nos lembram que: “Uma vida de oração também exige que examinemos nosso modo de vida à luz do Evangelho, para que a oração possa influenciar tanto nossas vidas pessoais quanto as vidas de nossas comunidades” (art. 81). O modo como rezamos depende muito de nossas personalidades e do tipo de relacionamento que temos e queremos ter com Deus.
Talvez a Lectio Divina seja o modo mais tradicional de crescer no relacionamento com Deus. Existem muitas formas de usar esse modo de oração. Ela pode ser usada tanto comunitária quanto individualmente. Podemos usá-la como a estrutura de todo nosso dia. Na Missa ou na Oração da Manhã lemos a Palavra de Deus. Durante o dia podemos recordar essa Palavra em determinados momentos, repetindo uma frase curta ou mesmo uma única palavra. Os eremitas no Monte Carmelo meditavam dessa forma. Ás vezes isso pode permitir que nossos corações falem diretamente com Deus respondendo aos acontecimentos de nosso dia. Quando chega o momento da oração pessoal, podemos simplesmente abandonar nossos pensamentos e palavras e repousar em Deus.
A Prática da Presença de Deus
Foi o carmelita descalço de Lourenço da Ressurreição quem primeiro viveu e tornou famosa a Prática da presença de Deus. Essa prática é muito simples e, ao mesmo tempo, muito difícil. A Regra nos lembra: “que tudo seja feito na Palavra do Senhor” (Regra 19). Isso é um eco da carta aos Colossenses: “E tudo o que vocês fizerem através de palavras ou ações, o façam em nome do Senhor Jesus” (Cl 3,17). A prática da presença de Deus é um método de oração simples porque não requer qualquer regra complicada. Significa simplesmente viver na verdade. Deus está presente em cada momento de nossas vidas, mantendo-nos vivos. Essa prática envolve partilhar com Deus tudo que acontece com você. Não é necessário conversar com Deus apenas sobre coisas sagradas. Podemos falar com Deus sobre o que nos interessa e partilhar com Deus o que acontece conosco. Lourenço da Ressurreição conversou com Deus sobre todos os detalhes práticos de seu trabalho como cozinheiro e tesoureiro comunitário. Santa Teresa d’Ávila nos lembra que Deus caminha entre os utensílios da cozinha. Deus está no meio da realidade que nos rodeia, seja ela qual for. Nós não trazemos Cristo para as circunstâncias em que vivemos. Ele está lá antes de nós.
A prática da presença de Deus é um modo de continuar o diálogo com Deus durante todo o dia. O Concílio Vaticano Segundo enfatizou o perigo da divisão entre fé e vida. Elas são e devem ser uma. Partilhar os eventos do dia é um modo de permitir que a Palavra de Deus influencie tudo que fazemos, pensamos ou dizemos. Se não temos vergonha de fazer ou dizer alguma coisa na presença de Deus, estamos vivendo uma ilusão ou nossas ações e palavras estão realmente de acordo com a vontade de Deus. Nosso falso eu levantará todos os tipos de razões para nos assegurar de que estamos certos e que não precisamos de mudança. Para vivermos na presença de Deus e trilharmos o caminho espiritual, a honestidade é uma virtude algumas vezes dolorosa, mas essencial.
A devoção a Maria, a Mãe de Jesus
A devoção mariana está intimamente ligada à Ordem Carmelitana. Maria é a Padroeira, Mãe e Irmã dos Carmelitas e cada um de nós deve pôr em prática seu próprio relacionamento com ela. O rosário é uma devoção popular resistente. Existem inúmeras maneiras de usá-lo para a oração. Ele só se limita à criatividade de cada pessoa. O símbolo mais importante da devoção mariana entre os carmelitas é o escapulário. Foram feitas diversas tentativas de atualizar esse símbolo para nossos dias. Pela ocasião do 750º aniversário da devoção ao escapulário, o Papa escreveu uma carta na qual descreveu seus dois elementos fundamentais. O escapulário faz parte de todo conjunto da espiritualidade carmelitana e nos lembra especificamente a presença constante de Maria em nossas vidas. Ela é a mãe da vida divina dentro de nós e nos acompanha até que essa vida cresça e nos transformemos em Deus. Esse é o objetivo de nossa existência. O segundo elemento fundamental da devoção ao escapulário é nosso compromisso de assumir as virtudes de Maria.
No Evangelho que usamos para a Solenidade de Nossa Senhora do Monte Carmelo, ouvimos as palavras que Jesus disse na cruz ao dar Maria ao discípulo amado como mãe a um filho. Então o evangelista nos fala que o discípulo assumiu Maria “para si”. Geralmente essa frase é traduzida como “a recebeu em sua casa”, mas a língua Grega não queria dizer isso. Acredito que o texto diz que o discípulo amado, que representa todos nós, levou Maria para o local mais precioso para ele. O que caracteriza o discípulo amado acima de tudo é seu relacionamento com Jesus. Logo, ele colocou Maria no centro do seu relacionamento com Jesus e Maria colocou o discípulo no centro do seu relacionamento com seu Filho.
A Oração Silenciosa
A Ratio nos diz que a oração é essencialmente um relacionamento pessoal, um diálogo entre Deus e o ser humano. Somos convidados a cultivá-la e a encontrar tempo e espaço para estarmos com o Senhor. A amizade só pode crescer através “estando muitas vezes a sós com quem sabemos que nos ama” (Santa Teresa d’Ávila – Livro da Vida 8,5) (Ratio 31). A Ratio continua dizendo que além de todas as questões da forma da oração, o importante é cultivar um relacionamento profundo com Cristo. Ela cita Santa Teresa mais uma vez dizendo que a oração perfeita “não consiste em muito pensar, e sim em muito amar” (Fundações 5,2; Castelo Interior 4, 1, 7) (Ratio). As Constituições nos lembram que: “A oração em silêncio é de grande ajuda no desenvolvimento de um espírito de contemplação. Portanto, devemos praticá-la diariamente por um período de tempo apropriado” (Art. 80).
Então o que é a oração em silêncio e o que é um período de tempo apropriado? Nossas vidas são muito agitadas, mas precisamos estabelecer prioridades. A oração é absolutamente essencial. O período de tempo depende do relacionamento da pessoa com Deus e, até certo ponto, depende da criatividade em encontrar espaço e tempo.
Todo relacionamento tem seu próprio ritmo. Geralmente, após um período de tempo, um relacionamento tende a ser menos complicado quando as duas pessoas se acostumam com o jeito uma da outra. Quando você não conhece bem uma pessoa, é difícil sentar em silêncio com ela. Temos a tendência de conversar. Ao conhecermos melhor a pessoa, o relacionamento torna-se mais fácil e sentar-se no silêncio amistoso torna-se normal e agradável. Quando entramos em harmonia com o outro podemos começar a ler seu silêncio. Trata-se de um relacionamento íntimo. O silêncio pode ser mais eloqüente do que muitas palavras.
É muito normal que no decorrer do tempo nossa oração se torne mais e mais simples. Pode ser que já tenhamos uma palavra que resuma tudo que queremos dizer a Deus. Dizer essa palavra significa milhares de coisas. Jesus abriu seu coração a seus discípulos e partilhou conosco o nome especial que tinha para Deus. Esse nome é “Abba”. Essa palavra contém todo relacionamento de Jesus com o Pai. É muito útil ter nosso próprio modo de nos relacionarmos com Deus, para que possamos lembrar durante o dia da presença constante de Deus conosco ao repetirmos uma simples palavra ou frase.
Cada relacionamento com o Senhor é diferente. Se você aproveita o máximo em sentar-se e conversar com o Senhor, ou de meditar sobre um tema, ou de ler e pensar sobre uma passagem da Escritura, ou de refletir sobre um livro espiritual, isso é bom. Por favor, continue a fazer isso. No entanto, podem existir momentos numa jornada de oração quando a pessoa se torna um pouco confusa e procura para onde ir. Também é comum ser levado ao silêncio durante a oração e, a princípio, isso pode parecer estranho e assustador. Não sabemos o que fazer e temos a sensação de estarmos perdendo tempo. A grande tentação é deixar de lado a oração porque não podemos mais encontrar o consolo que tivemos e ceder à sensação de perda de tempo. Como Santa Teresa d’Ávila, insisto que você não ceda a essa tentação e tenha uma “determinação muito determinada” de agarrar-se à oração especialmente quando ela não está de acordo com os seus planos.
É uma experiência muito comum passar por períodos prolongados de aridez na oração. Mais uma vez sentimos como se estivéssemos desistindo ou chateados. Sentimos que Deus foi embora não deixando endereço. Se, de alguma forma, mesmo no meio da confusão e da aridez, estamos convencidos do valor da oração, devemos apenas nos sentar na poeira e esperar por Deus. Em ocasiões muito estranhas em que um pensamento santo flutua sobre o rio de nossa consciência, temos a tendência de nos precipitarmos sobre ele e sufocá-lo, exaurindo-o por estarmos ressecados. No entanto, existe outra forma de lidar com esses pensamentos santos ocasionais. Não importa o quanto possam parecer santos, eles são nossos pensamentos, por isso subtende-se que deixamos que eles venham ou não. Se esses pensamentos forem verdadeiramente de Deus, retornarão em outro momento.
Existem muitos métodos de esperar por Deus no silêncio. Gostaria de propor um método de oração que pode fazer com que o silêncio seja muito produtivo e que pode nos ajudar a esperar por Deus no silêncio. Trata-se de um método de oração cristão baseado na rica tradição contemplativa e, especialmente, num livro clássico dessa tradição, “A Nuvem do Não-Saber”, um escrito anônimo do século XIV. Não estou sugerindo que devemos deixar de lado outras formas pessoais de oração, mas esse método pode aprofundar esses outros métodos e torná-los mais produtivos. O mais importante para esse tipo de oração é estar convencido de que Deus não está longe, mas muito perto. Deus faz sua morada em nós (cf. Jo 14,23).
Esse método de oração pode ser chamado de oração do silêncio ou de oração do desejo porque, no silêncio, nos voltamos para Deus com nosso desejo. Ele também foi chamado de oração em segredo, seguindo o conselho de Jesus para entramos em nosso quarto e rezarmos ao Pai ocultamente (M 6,6). A primeira fase dessa oração é encontrar um local adequado onde as interrupções sejam reduzidas ao mínimo. Depois se coloque numa posição confortável que você possa manter durante todo tempo da oração. Recomenda-se um mínimo de 20 minutos. Pode-se começar essa oração com uma pequena leitura da Bíblia. Não é hora de pensar no significado das palavras. Esse tipo de meditação fica para outra hora. Agora é hora de simplesmente estar na presença de Deus e de consentir na ação divina com nossa intenção. Então, com os olhos fechados, introduza gentilmente uma palavra sagrada em seu coração. Uma palavra sagrada é aquela que tem um grande significado para você em seu relacionamento contínuo com Deus. A palavra sagrada deve ser sagrada para você. De acordo com o ensinamento de “A Nuvem do Não Saber”, é melhor que essa palavra seja breve, de uma sílaba se possível. Sugiro algumas palavras: “Deus, Senhor, Amor, Jesus, Espírito, Pai, Maria, Sim”. Escolha uma palavra significativa para você. Talvez você pense em uma, se pedir a ajuda de Deus.
Quando peço que você introduza uma palavra sagrada no seu coração, não estou sugerindo que você a pronuncie com seus lábios, ou mesmo mentalmente, mas acolha-a dentro de você sem pensar em seu significado. Não é necessário forçar a palavra sagrada. Ela deve ser muito gentil. A palavra sagrada não é um mantra a ser repetido constantemente. A palavra concentra nosso desejo e sempre a usamos do mesmo modo simplesmente voltando nosso coração para o Senhor assim que percebemos que estamos distraídos. Essa é uma oração de intenção e não de atenção. Nossa intenção é estar na presença de Deus e consentir na ação divina em nossas vidas. A palavra sagrada expressa essa intenção e, assim, quanto tomamos consciência de que estamos pensando em algo diferente, podemos decidir se continuamos com a distração por ser mais interessante, ou se voltamos nossa intenção para a presença de Deus e consentimos com aquilo que Deus quer realizar em nós. Voltamos nosso coração para Deus pelo uso da palavra sagrada. Ela é um símbolo de nossa intenção. Não é necessário repeti-la freqüentemente, apenas quando desejamos voltar nosso coração para Deus.
Durante essa oração, não é hora de conversar com Deus usando belas palavras ou mesmo de ter pensamentos santos, mesmo que pensemos que são inspirações de Deus. É melhor deixar essas coisas para outro momento. Nosso silêncio e nosso desejo valem mais do que palavras.
Através da palavra que escolhemos, expressamos nosso desejo e nossa intenção de permanecer na presença de Deus e de consentir com a ação divina purificante e transformadora. Voltamos para a palavra sagrada, que é o símbolo de nossa intenção e de nosso desejo, apenas quando tomamos consciência de estarmos envolvidos em algo diferente.
A oração consiste simplesmente em estar na presença de Deus sem pensar em nada em especial. Se você compreende como estar em silêncio com outra pessoa sem pensar ou fazer algo em especial, então você será capaz de compreender do que trata a oração. Nem todas as pessoas se adaptam a esse método de oração. Se você sentir um chamado interior para um silêncio maior, ele pode ajudá-lo.
No final do período que você decidiu dedicar à oração, talvez você possa dizer um Pai Nosso ou outra oração lentamente. É bom permanecer em silêncio por alguns momentos para se preparar para levar o fruto de sua oração para sua vida pessoal.
(Convido você a rezar agora e usar brevemente esse método de oração em segredo. Fique à vontade e entre na sala secreta de seu coração onde Deus mora. Para marcar o final do tempo de oração recitarei lentamente uma oração comum. Esse é o momento de reajustar-se ao momento presente).
Pauta prática para a Oração em Segredo:
1-Escolha uma palavra sagrada como símbolo de sua intenção em consentir na presença e na ação de Deus dentro de você.
2-Sente-se confortavelmente e, com os olhos fechados, fixe brevemente e introduza a palavra sagrada silenciosamente como símbolo de seu consentimento da presença da ação de Deus dentro de você.
3-Quando estiver envolvido com seus pensamentos, volte sempre gentilmente à palavra sagrada.
4-No final do período de oração, permaneça em silêncio com os olhos fechados por alguns minutos.
*ASSEMBLÉIA DA PROVÍNCIA CARMELITANA DE SANTO ELIAS. Convento do Carmo – São Paulo-JANEIRO 2007
AO VIVO- ORDEM TERCEIRA DO CARMO. Encontro de Priores (as) e formadores-02.
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AO VIVO- ORDEM TERCEIRA DO CARMO. Encontro de Priores (as) e formadores dos 37 Sodalícios da Ordem Terceira do Carmo da Província Carmelitana de Santo Elias- Carmelitas. De 22-24 no Carmo da Bela Vista, São Paulo. Momento de confraternização nesta noite de sábado, 23.
AO VIVO- ORDEM TERCEIRA DO CARMO. Encontro de Priores (as) e formadores.
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AO VIVO- ORDEM TERCEIRA DO CARMO. Encontro de Priores (as) e formadores dos 37 Sodalícios da Ordem Terceira do Carmo da Província Carmelitana de Santo Elias- Carmelitas. De 22-24 no Carmo da Bela Vista, São Paulo. Momento de confraternização nesta noite de sábado, 23.
Beato Frei Tito Brandsma: homem de seu tempo
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*Dom Frei Vital Wilderink, O Carm, In Memoriam. (30/11/ 1931 +11 de junho de 2014)
Ainda recentemente um historiador holandês anunciou um projeto seu de escrever uma nova biografia de Tito Brandsma.[1] O que motivou o escritor foram não só seu estudo de inúmeras fontes que oferecem novos dados, mas também a importância- de uma visão mais crítica da vida e do trabalho desse carmelita que corresponda mais à realidade dele mesmo e da época turbulenta em que ele viveu. A personalidade de Tito seria mais complexa do que a imagem que dele durante decênios foi apresentada à admiração e à devoção pública. A compreensível emoção provocada por sua morte, teria comprometido a visão da realidade. Isto seria uma pena. Jamais deve-se despojar Tito Brandsma da sua humanidade com as contradições e limitações que ela possa apresentar. Do contrário perderia seu interesse para a geração de hoje. Tito é uma figura suficientemente pura para passar por essas provas críticas.
É evidente que não podemos privar uma pessoa espiritual ou mesmo santa, da sua humanidade. Não sobraria nenhuma possibilidade para falar da sua espiritualidade ou santidade que não teriam nenhum significado histórico. Espiritualidade sem história não existe e é só a partir da sua história que pode ser conhecida e descrita. Daí o caráter interdisciplinar da espiritualidade como ciência. A experiência da nossa relação com Deus sempre supõe um contexto histórico caracterizado por determinados fatores culturais.
O discurso que Tito Brandsma, como reitor magnífico pronunciou, em 1932, no dies natalis da Universidade Católica de Nijmegen sobre o conceito ou imagem de Deus, conserva uma atualidade surpreendente. Na época a formação teológica trazia o carimbo da neo-escolástica caracterizada por uma linguagem especulativa e abstrata. Falava-se de Deus como se tratasse de uma espécie de realidade eterna, atemporal e imutável sobre a qual a nossa busca de peregrinos não tinha muito a dizer. Insistia-se, sem dúvida, na prática das virtudes, mas, como Tito diz no seu discurso, não sem perigo de reduzir a vida espiritual a uma prática exterior. Para Tito, porém, Deus não independe de formas humanas de conhecimento que são marcadas pelo tempo e pelo contexto. Neste ponto o professor Brandsma quer insistir na necessidade de uma abertura em relação a novas evoluções na espiritualidade.[2]
"Credo che sia nostro dovere guardare attorno a noi al fenomeno della negazione di Dio. Non perché, innanzittutto, dobbiamo assumere verso di esso un atteggiamento di difesa; bensì, a causa di questo fenomento, trarre motivo per far conoscere l'immagine di Dio in forme nuove, per adattarne il concetto alla cultura moderna. In modo tale che dalla ricchezza di questo concetto venga messa in evidenza quell'aspetto della grandezza del nostro Dio che più oggi affascina... Vi è una così grande ricchezza di aspetti sotto i quali si può considerare l'immagine di Dio, che dobbiamo stare attenti a non appoggiarci troppo sul vecchio e a non ritenere sufficienti le immagini tradizionali. Tempi nuovi richiedono forme nuove....Non basta insistere sull'esigenza di mettere in pratica la fede in Dio e impegnarci in questa direzione: occorre di più. Dobbiamo comprendere il nostro tempo e non estraniarcene. Anche noi siamo figli del nostro tempo: siamo-lo con chiara conscienza! Lasciamo che il tempo attuale agisca su di noi con quanto di buono ha"[3].
Neste tempo de transformação o discernimento torna-se uma necessidade. O conceito de Deus na nossa época tem um caráter pragmático. A verdade para o homem moderno é pragmática. O que explica porque muitos se afastam de Deus e que muita injustiça existente no mundo é considerada uma realidade evidente. Além disto a imagem que se tem de Deus tem caráter intuitivo. Mas freqüentemente a intuição não é mais que o resultado de um simples raciocínio que se tornou inconsciente: o hábito torna-se uma segunda natureza.
Tito Brandsma iniciou seu discurso com a seguintes palavras: "Tra le numerose domande che mi pongo, nessuna me preoccupa di più della questione perché l'uomo con il suo sviluppo e nella fierezza orgogliosa del suo progresso, si allontani in cosi gran número da Dio".A época dos anos 20-30 que marcaram mais a atuação de Tito, já era uma época de mudanças. Já se falava do aparecimento de uma "sociedade aquisitiva". Nos dias atuais percebemos que a história se acelerou. As mudanças se tornaram vertiginosas, comunicando-se a todos os cantos do mundo, configurando uma mudança de época, mais que uma época de mudanças. É um fenômeno que afeta a vida dos povos e o sentido religioso e ético dos que buscam o rosto de Deus, mas que são desafiados por novas linguagens do domínio técnico. É muito significativo o título do livro escrito em 1977 por Erich From: "Ter ou Ser" mostrando que são os BENS, não mais o "bem" ou os valores que constituem o eixo articulador da organização social. É uma caça de bens, não em vista de necessidades, mas em vista de desejos de possuir[4].
O que Tito defende como necessária para o nosso tempo é "a contemplação de tudo que existe na sua dependência de Deus e na sua origem em Deus" É ver assim a sua ação, discernir assim o seu Ser, antes de tudo em nós mesmos.
Os homens devem reencontrar Deus e viver na sua contemplação. Chamam isto de mística: que seja! Até aceito com satisfação se nisso posso ver a expressão da verdade de que na mística podemos observar o progresso ulterior e mais alto daquilo que potencialmente foi depositado na natureza humana..Contanto que se saiba que a realização dessa potencialidade só acontece por especial graça divina. De nenhuma maneira ela é em conflito com a natureza; pelo contrário, é vocação da natureza humana ver a Deus como o mais alto que ela possa conhecer. É lamentável que isso não seja mais entendido"[5].
Percebe-se que o discurso de Tito Brandsma segue um caminho que partindo da filosofia, passa pela teologia para chegar à mística. Não recorre a uma retórica que arrasta os auditório.. O pensamento de Tito em movimento para o mistério de Deus é simples e toca o interior dos seus ouvintes.Um dos colegas-professores de Tito, o jesuíta Jacques van Ginneken, observou depois de ouvir o discurso: "Se não me engano, havia no discurso de Brandsma tonalidades da sua própria experiência mística"
[1] O historiador Ton Crijnen falou do seu projeto numa palestra feita em 3 de novembro de 2007. Uma síntese dessa palestra foi publicada no Informativo da Província holandesa dos carmelitas Achter de Karmel, 2007/5 pp.11-12
[2] Kees Waaijman, Naar God toe denken met Titus Brandsma, in Achter de Karmel, 2008/3, pp 8-12. Trata-se de uma parte de uma palestra de Kees Waaijman, feita no simpósio realizada em Nijmegen, em 12 de abril de 2008 por ocasião dos 40 anos do Instituto Tito Brandsma.
[3] O texto do discurso, sobre Godsbegrip (conceito de Deus) e outros textos de Titus Brandsma, foram publicados numa antologia a cura de Bruno Borchert- Tius Brandsma, Mystiek leven/Een bloemlezing, Ed. B.Gottmer, Nijmegen, 1985, O texto citado encontra-se nas páginas 75-77. .
[4] Ver Diretrizes Gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil 2008-2010, Documento aprovado na Assembléia Geral dos Bispos do Brasil, em abril de 2008. Capítulo I A realidade que nos interpela.
[5] Godsbegrip, pp 106-107.
*Dom Frei Vital Wilderink, O Carm- Eremita Carmelita- foi vítima de um acidente de automóvel quando retornava para o Eremitério, “Fonte de Elias”, no alto do Rio das Pedras, nas montanhas de Lídice, distrito do município de Rio Claro, no estado do Rio de Janeiro. O acidente ocorreu no dia 11 de junho de 2014. O sepultamento foi na cidade de Itaguaí/RJ, no dia 12, na Catedral de São Francisco Xavier, Diocese esta onde ele foi o primeiro Bispo.
19 de março: São José- O Santo do Carmelo [1]
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A São José "devem afeiçoar-se de maneira especial as pessoas de oração, porque não sei como se pode pensar na Rainha dos Anjos e nos grandes trabalhos que teve de sofrer com o Menino Jesus, sem agradecer a São José que serviu de tanta ajuda para os dois", assim falava a grande Santa do Carmelo, Santa Teresa de Jesus (V. Autobiografia VI nº8). Com estas palavras Santa Teresa não exprime somente uma convicção sua pessoal, mas de todo o Carmelo, em cuja escola aprendeu a venerar o puríssimo Esposo de Maria.
A Ordem do Carmo, na verdade, que nasceu do amor à oração ─ amor do qual vive e cresce até agora - e que deve aos cuidados maternais da Rainha dos Anjos a sua existência na Igreja de Deus, não podia deixar de associar com a devoção a Nossa Senhora a mais afetuosa devoção a São José, Seu puríssimo Esposo: "O Carmelo teve-O sempre numa veneração cheia de carinho, e com muita solenidade não cessou de celebrar a sua festa", já escrevia, no longínquo ano de 1479, o carmelita Arnoldo Bóstio (V. Speculum Carmelitanum nº1109).
Atribui-se à Ordem, que transmigrou do Oriente para o Ocidente, o mérito de ter dado ao culto de São José, na Igreja Ocidental, o esplendor particular de que hoje se reveste, como escreve Bento XIV: "É sentença comum entre os eruditos que foram os Carmelitas que trouxeram do Oriente para o Ocidente o costume louvável de honrar São José com soleníssimo culto, acompanhados depois neste ponto pelas Famílias Religiosas de São Domingos e São Francisco" (De Servorum Dei beatificatione et Beatorum canonizatione L.IV p.II c.XX). Para isto deve ter contribuído não pouco o belíssimo ofício que, até o ano de 1585, se cantava no dia 19 de março no coro dos carmelitas, com antífonas, responsórios, etc. especiais, em versos rimados.
Não é, portanto, para se maravilhar se Santa Teresa, que viveu plenamente as mais belas tradições do Carmelo, tenha concebido também uma particular devoção ao humilde esposo da Virgem Santíssima e, em troca, dele tenha recebido provas singularíssimas de afeto paternal. Hoje é clássica a página que a Santa Carmelita escreveu a respeito da devoção a São José na sua Autobiografia (cap. VI n.6-8). Fala da própria experiência quando aí afirma: "As almas que a Ele se recomendam são ajudadas de um modo todo especial"; "não me lembro até hoje de ter-Lhe implorado alguma graça sem logo tê-la alcançado"; "há já vários anos que no dia da sua festa eu Lhe peço uma graça especial: Ele sempre me atendeu".
Mas não foi ela somente que chegou a fazer esta constatação; muitas outras pessoas que, seguindo o seu conselho, se recomendaram a São José, confessaram o mesmo: "Isto, por outra parte, também reconheceram por experiência outras pessoas que, seguindo o meu conselho, se recomendaram ao seu patrocínio, e são muitas as almas que há pouco se tornaram suas devotas por haverem experimentado esta verdade". O Santo tudo consegue - diz Santa Teresa - e a sua proteção se demonstra eficaz em todas as nossas necessidades: "É coisa que verdadeiramente causa maravilha recordar os grandes favores que o Senhor me fez e os perigos, tanto da alma como do corpo, dos quais me livrou por intercessão deste Santo". A razão é que o Senhor quer continuar a fazer a vontade dele no céu assim como submeteu-se a ele na terra: "O Senhor quer fazer entender com isto que da maneira como era submisso a ele na terra, onde como pai e guarda podia dar-lhe ordens, hoje igualmente faz no céu quando ele lhe faz os seus pedidos". Virtudes, espírito de oração, todas são graças que este glorioso Santo concede à alma "que Lhe seja sinceramente devota e que pratique em sua honra alguma particular devoção" e que nos caminhos da vida interior a Ele se confie como a seu Mestre: "Quem, além disso, não tivesse alguém com o qual pudesse aprender a fazer oração, tome por mestre este Santo glorioso, e não se enganará". E com ardorosas palavras insiste: "Rogo, por amor de Deus, que experimente quem não acredita em mim e por experiência verá de que vantagem seja recomendar-se a este glorioso Patriarca e ser devotos dele".
Enquanto a Santa carmelita de Ávila no-lo demonstra glorioso nos prodígios que operava, uma outra Santa do Carmelo, Santa Maria Madalena de' Pazzi, nos faz contemplá-lo na sua glória no céu. Arrebatada em êxtase, a Santa do Carmelo de Florença prorrompe nesta exclamação: "Oh! Quanto o glorioso São José participa da paixão de Jesus pelos serviços que lhe prestou na Sua Humanidade!"
O culto que o Santo recebe no Carmelo, na Igreja toda, nada subtrai ao culto à Nossa Senhora, pelo contrário, o faz ressaltar mais intensamente, assim como no céu "a pureza de José se põe lado a lado com a pureza de Maria e assim naquele transbordamento de esplendor que um transmite ao outro, parece, por assim dizer, que a pureza de José faça a pureza da Virgem aparecer muito mais esplêndida e gloriosa".
Chefe da Sagrada Família, São José era todo carinho para Jesus e Maria quando ainda vivia na terra; agora no céu "está José no meio de Jesus e Maria como uma estrela brilhante" e - continua a Santa no êxtase - "concede uma proteção especial às almas que militam sob o estandarte de Maria".
Debaixo do estandarte de Maria se milita no Carmelo! Quem aí combate não sucumbirá: sobre ele vela o Santo do Carmelo! Conquistará a vitória sustentado e defendido pelo seu braço todo-poderoso!
[1]. Il Monte Carmelo 1946 (Páginas 21-23)
ORDEM TERCEIRA: Convite-01
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AO VIVO-OS 7 PASSOS DE JESUS: SEXTA FEIRA DO TRIUNFO. (Carmo do Rio. 17 de março-2019).
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OS 7 PASSOS DE JESUS: SEXTA FEIRA DO TRIUNFO.
Frei Victor Kruger, O. Carm.
Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
“Desde meados do Sec. XVII, os carmelitas introduziram na Colônia a devoção da Via Crucis ou 7 Passos, em que se representava o drama da Paixão através de quadros ou Estações. Essa devoção passou a ser representada inicialmente através de uma Procissão que se realizava na SEXTA-FEIRA anterior à Semana Santa, designada também como SEXTA FEIRA do TRIUNFO.
No Sec. XIX Thomas Ewbank ainda pôde assistir a essa Procissão promovida pelos carmelitas, e que iniciava com o Quadro representando a Oração de Cristo no Horto das Oliveiras. Em São Paulo, ao que consta, a primeira Procissão desta Via Crucis foi realizada em 1681.”
7 PASSOS DE JESUS: ACOMPANHANDO OS 7 PASSOS DE JESUS, RUMO À RESSURREIÇÃO.
1- ACOLHIDA / ABERTURA DA CELEBRAÇÃO.
(Cel- Celebrante. T- Todos. C- Comentarista. L1- Primeiro Leitor. L 2º- Segundo Leitor).
COMENTÁRIO INICIAL:
- Hoje celebramos de modo especial, o sofrimento, a incompreensão, a prisão, a tortura e a morte de Jesus.
Ele foi vítima das pessoas que se sentiam ameaçadas em seus privilégios pelas palavras e pelo modo de agir de Jesus
- Então se armaram contra Ele e o maltrataram até a morte e morte de cruz.
- A cruz de Jesus mostra o mal que existe no mundo. Mostra toda a violência da mentira, da injustiça e da exploração contra a vida.
- E essa violência se manifesta ainda hoje na cruz pesada do nosso povo.
- Eis o que significa a cruz de Jesus Cristo: Jesus não morreu para exaltar o sofrimento. Ele aceitou a cruz para ser fiel à sua missão e para não trair a verdade que viveu e pregou.
CAMINHANDO E ACOMPANHANDO JESUS ATRAVÉS DOS ÚLTIMOS 7 PASSOS TRIUNFANDO SOBRE A MORTE.
CANTANDO:
Eles queriam um grande rei que fosse forte dominador e por isso não creram nele e mataram o Salvador. ( bis )
1º- NO PRIMEIRO PASSO CONTEMPLAMOS JESUS NO HORTO DAS OLIVEIRAS.
O SENHOR DA AGONIA
Cel. Nós vos adoramos Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos!
- Porque pela vossa Santa cruz remiste o mundo!
- O quê se passa no íntimo de Jesus? Uma luta dramática em que entra em confronto a companhia e a solidão, o medo e a serenidade, a coragem de continuar o Projeto de Deus até o fim e a vontade de desistir e fugir.
A oração é a fonte que reanima nosso projeto de vida, segundo a vontade de Deus.
LEITOR-1. (MARCOS 14, 32 – 42)
REFLEXÃO
Cel. Senhor Jesus! Na vossa agonia experimentastes o mais intenso sofrimento e, diante da provação acolhestes sem reservas a vontade do Pai.
Concedei a nós vossos servos a graça de aceitar tudo, de suportar tudo, de confiar tudo, fazendo de nossa vida um ato contínuo de acolhida da vontade do Pai. Amém!
CANTANDO:
Eis a cruz ó madeiro sagrado, eis a cruz ó altar consumado, eis a cruz, eis a cruz, de Jesus.
1-No Monte das Oliveiras Ele sente a aflição, está em silêncio e desolação. Meu Pai afasta de mim essa dor, mas não seja feita a minha vontade mas/ Do Senhor (bis)
2º- NO SEGUNDO PASSO CONTEMPLAMOS A PRISÃO DE JESUS.
Cel. Nós vos adoramos ...
- Um dos discípulos se alia ao poder repressivo das autoridades e trai Jesus com um gesto de amizade. Todos fogem e Jesus fica sozinho e preso.
Aquele que realiza o projeto de Deus e atrai o povo é considerado pelos poderosos como bandido perigoso.
LEITOR-2 (MARCOS 14, 43 – 46 . 53)
REFLEXÃO.
Cel. Senhor Jesus! Vós viestes não para condenar, mas para salvar, não para aprisionar, mas para libertar.
Infundi em nós a vossa serenidade, a fim de que possamos enfrentar as grandes lutas de nossa vida, sem ódio e sem violência. Amém!
CANTANDO:
Eis a cruz ó madeiro sagrado, eis a cruz ó altar consumado, eis a cruz, eis a cruz, de Jesus.
1-Judas Iscariotes traiu meu Salvador, ô quanto sofrimento ó quanta dor. No coração de Pedro a noite chegou, nega o Filho de Deus/ O Salvador. (bis)
3º- NO TERCEIRO PASSO CONTEMPLAMOS JESUS ATADO À COLUNA E FLAGELADO.
Cel. Nós vos adoramos Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos!
- Porque pela vossa Santa cruz remiste o mundo!
L 1- O OLHAR DO PROFETA ISAIAS:
Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado. Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas. (Is 53, 4-5)
- A flagelação de Jesus é ao mesmo tempo, uma covardia do sistema injusto de Pilatos e também já anuncia um julgamento premeditado.
LEITOR-3. (JOÃO 18, 19 – 28).
REFLEXÃO
Cel. Senhor Jesus! Inspirai em cada um de nós a consciência de nossa fragilidade. Fazei-nos dignos do carinho e da confiança que depositastes em nós quando decidimos trilhar o caminho do Evangelho. Amém!
CANTANDO:
Eis a cruz ó madeiro sagrado, eis a cruz ó altar consumado, eis a cruz, eis a cruz, de Jesus.
1- Ele foi julgado e condenado com desamor, e logo Pilatos Barrabás soltou. Cuspiam
Nele e diziam salve o Rei dos Judeus, batiam em sua cabeça/ Ô quanto dor. (bis)
4º- NO QUARTO PASSO CONTEMPLAMOS JESUS ESCARNECIDO E COROADO DE ESPINHOS
Cel. Nós vos adoramos Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos!
- Porque pela vossa Santa cruz remiste o mundo!
- Revestido com todos os sinais de poder: manto de púrpura, coroa, cetro e adoração, Jesus é motivo de zombaria.
LEITOR-4. (JOÃO 19, 2 – 3)
REFLEXÃO
Cel. Senhor Jesus! Zombado por todos como caricatura de rei; no entanto, quando retoma suas próprias vestes se revela como verdadeiro rei, aquele que entrega sua vida para salvar seu povo.
Que Tu sejas para nós: caminho, verdade e vida para nos tornar imensamente felizes. Amém!
CANTANDO:
Eis a cruz ó madeiro sagrado, eis a cruz ó altar consumado, eis a cruz, eis a cruz, de Jesus.
1-No caminho do calvário as santas mulheres encontrou, no caminho do calvário Verônica aflita/ As lágrimas enxugou. (bis)
5º NO QUINTO PASSO CONTEMPLAMOS JESUS APRESENTADO AO POVO POR PILATOS. EIS O HOMEM!
Cel. Nos vos adoramos ...
- O dilema de Pilatos é o mesmo do homem de hoje, dependente do sistema capitalista injusto e violento. Ou arrisca sua posição de poder, ou sacrifica o inocente.
LEITOR-5. (JOÃO 19, 4-7)
REFLEXÃO
Cel. Senhor Jesus! Que Tu sejas para nós a força que nos sustenta na tentação, a mão que nos reergue no momento da queda e o bálsamo que alivia nossas chagas, afim de que perseveremos até o fim. Amém!
CANTANDO:
Eis a cruz ó madeiro sagrado, eis a cruz ó altar consumado, eis a cruz, eis a cruz, de Jesus.
1-Para o calvário a cruz Ele carregou, Simão Cirineu logo o ajudou. Para o calvário a cruz Ele carregou, a sua santa Mãe/ O consolou. (bis)
6º NO SEXTO PASSO CONTEMPLAMOS JESUS CARREGANDO A CRUZ ÀS COSTAS.
O SENHOR DOS PASSOS.
Cel. Nós vos adoramos Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos!
- Porque pela vossa Santa cruz remiste o mundo!
A cruz é o trono de onde Jesus exerce sua realeza. Ele não esta só, mas é a motivação daqueles que o seguem, aqueles que dão a vida como Ele “ para que todos tenham vida“.
LEITOR-6. (JOÃO 19, 16 -18)
REFLEXÃO
Cel. Senhor Jesus! Nós te contemplamos carregando a cruz e Te reconhecemos como nosso Deus.
Aceitando a cruz, Jesus nosso Salvador aponta para a vida nova, para um mundo mais humano e para a libertação dos males que oprimem homens e mulheres. Amém!
CANTANDO:
Eis a cruz ó madeiro sagrado, eis a cruz ó altar consumado, eis a cruz, eis a cruz, de Jesus.
1-No suplício da cruz Dimas suplicou, e o perdão dos pecados ele ganhou. Pobre Filho de Deus homem da dor, os pecados de Dimas/ Ele deletou. (bis)
7º NO SÉTIMO PASSO CONTEMPLAMOS A CRUCIFIXÃO E MORTE DE JESUS.
Cel. Nós vos adoramos Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos!
- Porque pela vossa Santa cruz remiste o mundo!
Jesus está completamente só. Seu corpo está reduzido a uma fraqueza extrema. Contudo, até o fim Ele permanece fiel e consciente de sua entrega.
LEITOR-07. (JOÃO 19, 28 - 30)
REFLEXÃO
Cel. Senhor Jesus! Tu não Te apegaste a tua condição divina, mas como homem te esvaziaste por inteiro, assumindo a condição de servo, humilhando-se até a morte e morte de cruz.
Ensina-nos a dizer diante de cada angustia de nossa vida: “ Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito”.
CANTANDO:
Eis a cruz ó madeiro sagrado, eis a cruz ó altar consumado, eis a cruz, eis a cruz, de Jesus.
1-No alto da cruz Ele gritou, meu Deus, meu Deus por que/ Me abandonou. O que fizeram com o meu Senhor, fazem todos os dias, ô/ Quanta horror. (bis)
8-CONCLUSÃO- DIANTE DO SACRÁRIO
REFLEXÃO
Cel. Celebrando os últimos 7 Passos de Jesus rumo à Ressurreição sentimos quanto e fraco é ainda nosso amor, apesar de entendermos um pouco melhor o sofrimento dos outros. Acreditamos que não há morte sem Ressurreição; essa é a razão de nossa fé!
- A VIDA TRIUNFA SOBRE A MORTE!
L 8. LENDO 1 Cor 15, 1 - 8
Cel. Introdução ao... Pai nosso que estais ...
CANTO FINAL
Ressurreição (1 Coríntios 15)
Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.
1-Se não acreditamos na ressurreição, se ficamos na noite da- escuridão/ É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
2-Se Ele foi condenado e a cruz venceu, se no Monte Calvário Ele- padeceu/ É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
3-Se na cruz foi o fim quando Ele gritou, se o saldado com a lança- o derrotou / É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
4-Se a sombra da morte o dominou, se botaram na tumba e não- mais voltou/ É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
5-Se a morte venceu e o fim chegou, se no terceiro dia Ele- não voltou/ É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
PADRE PROVINCIAL: Notícias da saúde do Frei Cláudio van Balen, O. Carm.
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Frei Claudio sentiu mal na missa das 11.00, no último domingo. Foi levado para o Hospital Madre Teresa em Belo Horizonte e a previsão é que tenha alta na quinta-feira. Ele NÃO ESTÁ NO CTI! Está no quarto 405, falando normalmente e recebendo visitas. Agora acabou de tomar banho e está tomando o café da manhã.
Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. Terça-feira, 12 de março-2019
Frei Evaldo Xavier, O. Carm. Superior Provincial da Província Carmelitana de Santo Elias.
NESTE DOMINGO, 10: Eleição da nova mesa administrativa da OTC da Esplanada/SP.
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Da esquerda para direita
Ir Olímpio, tesoureiro/ Ir Mônica, secretaria/ Ir Elisângela, Priora/ Frei Atanael, Assistente Espiritual/ Ir Ana, formadora/ Ir Altino, procurador.
Com informações do Paulo Daher.
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