Quarta-feira, 12 de abril-2023. Oitava da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que nos alegrais todos os anos com a solenidade da ressurreição do Senhor, concedei-nos, pelas festas que celebramos nesta vida, chegar às eternas alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 24, 13-35)
13Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, a uns dez quilômetros de Jerusalém. 14Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. 15Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. 16Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo. 17Então Jesus perguntou: “O que andais conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, 18e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “És tu o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes dias?” 19Ele perguntou: “Que foi?” Eles responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo. 20Os sumos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, com tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! 22É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos assustaram. Elas foram de madrugada ao túmulo 23e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. 24Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém viu”. 25Então ele lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! 26Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na sua glória?” 27E, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a ele. 28Quando chegaram perto do povoado para onde iam, ele fez de conta que ia adiante. 29Eles, porém, insistiram: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Ele entrou para ficar com eles. 30Depois que se sentou à mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu- o e deu a eles. 31Neste momento, seus olhos se abriram, e eles o reconheceram. Ele, porém, desapareceu da vista deles. 32Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” 33Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos. 34E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” 35Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão.
3) Reflexão Luca 24,13-35
O evangelho de hoje traz o episódio tão conhecido da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús. Lucas escreve nos anos 80 para as comunidades da Grécia que na sua maioria eram de pagãos convertidos. Os anos 60 e 70 tinham sido muito difíceis. Houve a grande perseguição de Nero em 64. Seis anos depois em 70, Jerusalém foi totalmente destruída pelos romanos. Em 72, em Massada no deserto de Judá, foi o massacre dos últimos judeus revoltosos. Nesses anos todos, os apóstolos, testemunhas da ressurreição, foram desaparecendo. O cansaço ia tomando conta da caminhada. Onde encontrar força e coragem para não desanimar? Como descobrir a presença de Jesus nesta situação tão difícil? A narração da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús procura ser uma resposta para estas perguntas angustiantes. Lucas quer ensinar as comunidades como interpretar a Escritura para poder redescobrir a presença de Jesus na vida.
Lc 24,13-24: 1º Passo: partir da realidade. Jesus encontra os dois amigos numa situação de medo e de descrença. As forças de morte, a cruz, tinham matado neles a esperança. Era a situação de muita gente no tempo de Lucas e continua sendo a situação de muitos hoje em dia. Jesus se aproxima e caminha com eles, escuta a conversa e pergunta: "De que estão falando?" A ideologia dominante, isto é, a propaganda do governo e da religião oficial da época, impedia-os de enxergar. "Nós esperávamos que ele fosse o libertador, mas...". Qual é hoje a conversa do povo que sofre?
O primeiro passo é este: aproximar-se das pessoas, escutar sua realidade, sentir seus problemas; ser capaz de fazer perguntas que ajudem as pessoas a olhar a realidade com um olhar mais crítico.
Lc 24,25-27: 2º Passo: usar a Bíblia para iluminar a vida. Jesus usa a Bíblia e a história do povo de Deus para iluminar o problema que fazia sofrer os dois amigos, e para esclarecer a situação que eles estavam vivendo. Usa-a também para situá-los dentro do conjunto do projeto de Deus que vinha desde Moisés e os profetas. Ele mostra assim que a história não tinha escapado da mão de Deus. Jesus usa a Bíblia não como um doutor que já sabe tudo, mas como o companheiro que vem ajudar os amigos a lembrar o que estes tinham esquecido. Jesus não provoca complexo de ignorância nos discípulos, mas procura despertar neles a memória: “Como vocês demoram para entender o que os profetas anunciaram!”.
O segundo passo é este: com a ajuda da Bíblia, ajudar as pessoas a descobrir a sabedoria que já existe dentro delas mesmas, e transformar a cruz, sinal de morte, em sinal de vida e de esperança. Aquilo que as impedia de caminhar, torna-se agora força e luz na caminhada. Como fazer isto hoje?
- Lc 24,28-32: 3º Passo: partilhar na comunidade. A Bíblia, ela por si, não abre os olhos. Apenas faz arder o coração. O que abre os olhos e faz enxergar, é a fração do pão, o gesto comunitário da partilha, rezar juntos, a celebração da Ceia. No momento em que os dois reconhecem Jesus, eles renascem e Jesus desaparece. Jesus não se apropria da caminhada dos amigos. Não é paternalista. Ressuscitados, os discípulos são capazes de caminhar com seus próprios pés.
O terceiro passo é este: saber criar um ambiente de fé e de fraternidade, de celebração e de partilha, onde possa atuar o Espírito Santo. É ele que nos faz descobrir e experimentar a Palavra de Deus na vida e nos leva a entender o sentido das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,13).
- Lc 24,33-35: O resultado: Ressuscitar e voltar para Jerusalém. Os dois criam coragem e voltam para Jerusalém, onde continuavam ativas as mesmas forças de morte que tinham matado Jesus e que tinham matado neles a esperança. Mas agora tudo mudou. Se Jesus está vivo, então nele e com ele está um poder mais forte do que o poder que o matou. Esta experiência os faz ressuscitar! Realmente tudo mudou! Coragem, em vez de medo! Retorno, em vez de fuga! Fé, em vez de descrença! Esperança, em vez de desespero! Consciência crítica, em vez de fatalismo frente ao poder! Liberdade, em vez de opressão! Numa palavra: vida, em vez de morte! Em vez da má noticia da morte de Jesus, a Boa Notícia da sua Ressurreição! Os dois experimentam a vida, e vida em abundância! (Jo 10,10). Sinal do Espírito de Jesus atuando neles!
4) Para um confronto pessoal
- Os dois disseram: “Nós esperávamos, mas….!” Você já viveu uma situação de desânimo que o levou a dizer: “Eu esperava, mas...!”?
- Como você lê, usa e interpreta a Bíblia? Já sentiu arder o coração ao ler e meditar a Palavra de Deus? Lê a Bíblia sozinho ou faz parte de algum grupo bíblico?
5) Oração final
Celebrai o SENHOR, invocai seu nome, manifestai entre as nações suas grandes obras. Cantai em sua honra, tocai para ele, recordai todos os seus milagres. Gloriai-vos do seu santo nome, alegre-se o coração dos que buscam o SENHOR. (Sl 104, 1-3)
Padre da Diocese de Umuarama está desaparecido e a polícia investiga o caso
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Ele escreveu cartas nas quais informou que se ausentaria da Paróquia São Tomé por tempo indeterminado
O padre Marciano Monteiro da Silva, pároco da Paróquia São Tomé, no município de São Tomé, continua desaparecido, conforme a Diocese de Umuarama. O religioso sumiu no dia 31 de março.
Ainda de acordo com a Diocese de Umuarama, antes de desaparecer o padre escreveu cartas nas quais informou que se ausentaria da Paróquia São Tomé por tempo indeterminado “a fim de rezar e silenciar”. Ele teria levado apenas uma muda de roupa, o celular e o notebook.
Em nota, a Diocese de Umuarama destaca que entrou em contato com a família do religioso, e ela também não possui informações sobre a localização do padre. Por isso, na manhã de sábado (08), a Diocese registrou um Boletim de Ocorrência na 21ª Subdivisão Policial de Cianorte.
A Diocese de Umuarama solicita que toda e quaisquer eventuais informações sobre o paradeiro do padre sejam repassadas, exclusivamente, aos serviços policiais ou à própria Diocese. A Polícia Civil já investiga o caso.
MÁS INTENÇÕES
Segundo o delegado-chefe da 21ª SDP de Cianorte, Jonas Amaral, informalmente chegou até a polícia a informação de que pessoas mal-intencionadas estão abordando familiares do padre Marciano e também conhecidos pedindo dinheiro para dizer onde o religioso está. “A orientação é que contatos assim sejam rechaçados, pois trata-se de aproveitadores”, salientou o delegado-chefe. Fonte: https://portalrondon.com.br
NOTA DA DIOCESE DE UMUARAMA – PADRE MARCIANO
Passados onze dias, continuamos a busca do paradeiro do Padre Marciano. Contamos com a colaboração da Promotoria Pública e da Polícia Civil. Mantemos contínuo contato com a família do referido Padre, que também não dispõe de novas informações. Quaisquer novidades publicaremos imediatamente nos nossos meios oficiais de comunicação.
Reiteramos o pedido de que só confiem nas nossas notificações. Desta forma, evitaremos desinformação e confusão. No mais, continuemos atentos e em oração. Deus esteja!
Assessoria de Imprensa Diocesana
EVANGELHO DO DIA. Terça-feira, 11 de abril 2023- Oitava da Páscoa- Lectio Divina, com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que nos concedestes a salvação pascal, acompanhai o vosso povo com vossos dons celestes, para que, tendo conseguido a verdadeira liberdade, possa um dia alegra-se no céu, como exulta agora na terra. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 20, 11-18)
Naquele tempo, 11Maria tinha ficado perto do túmulo, do lado de fora, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para olhar dentro do túmulo. 12Ela enxergou dois anjos, vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13Os anjos perguntaram: “Mulher, por que choras”. Ela respondeu: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. 14Dizendo isto, Maria virou-se para trás e enxergou Jesus, de pé, mas ela não sabia que era Jesus. 15Jesus perguntou- lhe: “Mulher, por que choras? Quem procuras?” Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o colocaste, e eu irei buscá-lo”. 16Então, Jesus falou: “Maria!” Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: “Rabûni!” (que quer dizer: Mestre). 17Jesus disse: “Não me segures, pois ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. 18Então, Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor”, e contou o que ele lhe tinha dito.
3) Reflexão
O evangelho de hoje descreve a aparição de Jesus a Maria Madalena. A morte do seu grande amigo levou Maria a uma perda do sentido da vida. Mas ela não desistiu da busca. Foi ao sepulcro para reencontrar aquele que a morte lhe tinha roubado. Há momentos na vida em que tudo desmorona. Parece que tudo acabou. Morte, desastre, doença, decepção, traição! Tantas coisas que podem tirar o chão debaixo dos pés e jogar-nos numa crise profunda. Mas também acontece o seguinte. Como que de repente, o reencontro com uma pessoa amiga pode refazer a vida e nos fazer redescobrir que o amor é mais forte do que a morte e a derrota.
O Capítulo 20 de João, além da aparição de Jesus a Madalena, traz vários outros episódios que revelam a riqueza da experiência da ressurreição: (1) do discípulo amado e de Pedro (Jo 20,1-10); (2) de Maria Madalena (Jo 20,11-18); (3) da comunidade dos discípulos (Jo 20,19-23) e (4) do apóstolo Tomé (Jo 20,24-29). O objetivo da redação do Evangelho é levar as pessoas a crer em Jesus e, acreditando nele, ter a vida (Jo 20,30-3).
Na maneira de descrever a aparição de Jesus a Maria Madalena transparecem as etapas da travessia que ela teve de fazer, desde a busca dolorosa até o reencontro da Páscoa. Estas são também as etapas pelas quais passamos todos nós, ao longo da vida, na busca em direção a Deus e na vivência do Evangelho.
João 20,11-13: Maria Madalena chora, mas busca. Havia um amor muito grande entre Jesus e Maria Madalena. Ela foi uma das poucas pessoas que tiveram a coragem de ficar com Jesus até a hora da sua morte na cruz. Depois do repouso obrigatório do sábado, ela voltou ao sepulcro para estar no lugar onde tinha encontrado o Amado pela última vez. Mas, para a sua surpresa, o sepulcro estava vazio! Os anjos perguntam: "Por que você chora?" Resposta: "Levaram meu senhor e não sei onde o colocaram!" Maria Madalena buscava o Jesus, o mesmo Jesus, que ela tinha conhecido e com quem tinha convivido durante três anos.
João 20,14-15: Maria Madalena conversa com Jesus sem reconhecê-lo. Os discípulos de Emaús viram Jesus mas não o reconheceram (Lc 24,15-16). O mesmo acontece com Maria Madalena. Ela vê Jesus, mas não o reconhece. Pensa que é o jardineiro. Como os anjos, Jesus pergunta: "Por que você chora?" E acrescenta: "A quem está procurando?" Resposta: "Se foi você que o levou, diga-me, que eu vou buscá-lo!" Ela ainda busca o Jesus do passado, o mesmo de três dias atrás. É a imagem de Jesus do passado que a impede de reconhecer o Jesus vivo, presente na frente dela.
João 20,16: Maria Madalena reconhece Jesus. Jesus pronuncia o nome: "Maria!" Foi o sinal de reconhecimento: a mesma voz, o mesmo jeito de pronunciar o nome. Ela responde: "Mestre!" Jesus tinha voltado, o mesmo que tinha morrido na cruz. A primeira impressão é que a morte foi apenas um incidente doloroso de percurso, mas que agora tudo tinha voltado a ser como antes. Maria abraça Jesus com força. Era o mesmo Jesus que ela tinha conhecido e amado. Realiza-se o que dizia a parábola do Bom Pastor: "Ele as chama pelo nome e elas conhecem a sua voz". - "Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem" (Jo 10,3.4.14).
- João 20,17-18: Maria Madalena recebe a missão de anunciar a ressurreição aos apóstolos. De fato, é o mesmo Jesus, mas a maneira de ele estar junto dela já não é mais a mesma. Jesus lhe diz: "Não me segure, porque anda não subi para o Pai!" Ele vai para junto do Pai. Maria Madalena deve soltar Jesus e assumir sua missão: anunciar aos irmãos que ele, Jesus, subiu para o Pai. Jesus abriu o caminho para nós e fez com que Deus ficasse, de novo, perto de nós.
4) Para um confronto pessoal
- Você já passou por uma experiência que lhe deu um sentimento de perda e de morte? Como foi? O que foi que lhe trouxe vida nova e lhe devolveu a esperança e a alegria de viver?
- Qual a mudança que se operou em Maria Madalena ao longo do diálogo? Maria Madalena buscava Jesus de um jeito e o reencontrou de outro jeito. Como isto acontece hoje na nossa vida?
5) Oração final
Nossa alma espera pelo SENHOR, é ele o nosso auxílio e o nosso escudo. SENHOR, esteja sobre nós a tua graça, do modo como em ti esperamos. (Sl 32, 20.22)
OITAVA DA PÁSCOA
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Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
A mão direita do Senhor fez maravilhas, a mão direita do Senhor me levantou. Não morrerei, mas ao contrário, viverei para cantar as grandes obras do Senhor! (Sl 117)
Durante os primeiros oito dias do Tempo Pascal, também conhecido como Oitava de Páscoa, celebramos solenemente a Ressurreição de Jesus. É um período em que vivenciamos e festejamos este acontecimento tão importante para a nossa fé. A Oitava da Páscoa é um momento de relembrar a importância do sacrifício de Jesus e de renovar a nossa fé em Deus.
A Oitava da Páscoa faz parte do Tempo Pascal, um período de 50 dias que se estende até a celebração de Pentecostes. Durante esse período, o Círio Pascal é aceso em todas as celebrações, simbolizando o Cristo Ressuscitado ou a Luz de Cristo. O Círio é consagrado e preparado na Vigília Pascal e permanece aceso até o domingo de Pentecostes. Essa imponente coluna de luz nos conduz para a libertação total da vida.
A Páscoa de Jesus deve ser uma realidade diária em nossas vidas e na ação pastoral da Igreja, mas é durante esses oito dias que a celebração é ainda mais vigorosa. Durante a Oitava da Páscoa, o hino de louvor é entoado em todas as missas.
Devido à grande relevância deste acontecimento em nossa história e em nossas vidas, na Oitava Pascal celebramos a cada dia como se fosse domingo, solenizando a Ressurreição de Jesus como se fosse um único dia. Isso nos convida a experimentar a Vida Nova em Cristo e a renovar constantemente a nossa fé nesta grande promessa divina. Convém, também, cantar nestes dias a Sequência Pascal.
Com fé e confiança no Novo Tempo que se inicia, devemos ser corajosos e permanecer na luz daquele que foi crucificado e ressuscitou: Jesus Cristo.
Nesse período, somos chamados a meditar sobre a mensagem de esperança e salvação que é transmitida pela ressurreição de Jesus. É um momento de reflexão sobre o amor de Deus por nós e sobre a necessidade de seguirmos os seus mandamentos e vivermos de acordo com a sua vontade.
A Oitava da Páscoa é também um momento de união e confraternização entre os fiéis. É uma oportunidade para estreitar os laços de amizade e fraternidade, compartilhando a alegria da ressurreição de Jesus com os outros.
Além disso, a Oitava da Páscoa nos lembra da importância da nossa própria ressurreição. Assim como Jesus ressuscitou dos mortos, nós também teremos a oportunidade de ressuscitar e viver eternamente junto a Deus, desde que vivamos de acordo com a sua vontade.
Vivamos plenamente este tempo de graça que a Igreja nos oferece e possamos desfrutar de suas bênçãos. A Igreja nos presenteia com oito dias de Oitava Pascal, porque compreende que um mistério tão grandioso não pode ser celebrado em apenas um dia, necessitando-se de mais tempo para fazê-lo.
Que seja um tempo de agradecimento e louvor a Deus por tudo o que Ele fez por nós. Um momento de reconhecimento da sua bondade e misericórdia, que nos permitiram ter acesso à vida eterna por meio da morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Que possamos renovar a nossa fé em Deus, compartilhar a nossa alegria com os outros e refletir sobre a mensagem de esperança e salvação que é transmitida pela ressurreição de Jesus. Que possamos viver de acordo com a vontade de Deus e estar prontos para a nossa própria ressurreição, para viver eternamente junto a ele.
Saudações em Cristo Ressuscitado! Aleluia, Aleluia, Aleluia! Fonte: https://www.cnbb.org.br
Padre desaparece no interior do Paraná; polícia investiga o caso
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O padre Marciano Monteiro da Silva, pároco da Paróquia São Tomé, no município de São Tomé, no interior do Paraná, está desaparecido desde o dia 31 de março. Segundo informações repassadas pela Diocese de Umuarama, antes de desaparecer o religioso escreveu cartas nas quais informou que se ausentaria da Diocese por tempo indeterminado “a fim de rezar e silenciar”. A Diocese de Umuarama entrou em contato com a família, que também não tem informações sobre a localização do padre.
“A Diocese de Umuarama comunica que no dia 31 de março de 2023, Pe. Marciano Monteiro da Silva, pároco da Paróquia São Tomé, município de São Tomé-PR, Diocese de Umuarama, redigiu cartas nas quais informou que se ausentaria da Diocese por tempo indeterminado. Segundo o que ele mesmo informa nos escritos deixados, o propósito para sua ausência é a necessidade de se retirar, a fim de rezar e silenciar. Desde então, o padre está ausente da paróquia e incomunicável. A Diocese de Umuarama entrou em contato com a família, que também não possui maiores informações sobre a localização do padre”, afirma a Diocese, em nota oficial. “Assim, decorridos os dias, não havendo o retorno do padre às atividades paroquiais, e sem a possibilidade de contatá-lo, a Diocese, na manhã deste sábado (8), registrou Boletim de Ocorrência, junto à 21ª Subdivisão Policial de Cianorte-Pr. Aguardamos o desenvolvimento dos trabalhos das autoridades competentes, cientes do caso, assim como contamos com a oração dos fiéis em favor do bem do Pe. Marciano. Futuras informações serão notificadas pelos meios de comunicação oficiais da Diocese de Umuarama”, diz comunicado publicado no site da Diocese de Umuarama.
A polícia já investiga o caso. Fonte: https://www.bemparana.com.br
NOTA DA DIOCESE DE UMUARAMA
A Diocese de Umuarama comunica que no dia 31 de março de 2023, Pe. Marciano Monteiro da Silva, pároco da Paróquia São Tomé, município de São Tomé-Pr, Diocese de Umuarama, redigiu cartas nas quais informou que se ausentaria da Diocese por tempo indeterminado.
Segundo o que ele mesmo informa nos escritos deixados, o propósito para sua ausência é a necessidade de se retirar, a fim de rezar e silenciar. Desde então, o padre está ausente da paróquia e incomunicável.
A Diocese de Umuarama entrou em contato com a família, que também não possui maiores informações sobre a localização do padre.
Assim, decorridos os dias, não havendo o retorno do padre às atividades paroquiais, e sem a possibilidade de contatá-lo, a Diocese, na manhã deste sábado (8), registrou Boletim de Ocorrência, junto à 21ª Subdivisão Policial de Cianorte-Pr.
Aguardamos o desenvolvimento dos trabalhos das autoridades competentes, cientes do caso, assim como contamos com a oração dos fiéis em favor do bem do Pe. Marciano. Futuras informações serão notificadas pelos meios de comunicação oficiais da Diocese de Umuarama.
Assessoria de Imprensa Diocesana
Fonte: https://www.bemparana.com.br
NOTA DA DIOCESE DE UMUARAMA
A Diocese de Umuarama agradece o apoio recebido e as orações pelo Pe. Marciano. Ressalta que continua no aguardo de informações sobre seu paradeiro.
Solicita, contudo, que toda e quaisquer eventuais informações sejam repassadas, exclusivamente, aos serviços policiais ou à Diocese de Umuarama.
Dessa forma, pretende-se evitar a ação de golpistas e pessoas mal-intencionadas que, infelizmente, costumam se aproveitar de situações como essa para aplicar golpes ou propagar notícias falsas.
Solicita ainda, a quem receber ligações desse teor, que anote o número e repasse imediatamente à polícia de Cianorte-PR, ou à Diocese de Umuarama.
Assessoria de Imprensa Diocesana
A Cruz de Jesus.
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Frei Carlos Mesters, O. Carm
Para que possamos segui-lo, devemos nós também carregar a cruz. Ele disse: “Tome a sua cruz, e siga-me!” Jesus não pede para a gente carregar a cruz dos outros, nem para carregar a cruz que ele carregou, mas pede que cada um carregue sua própria cruz, não de qualquer jeito, mas sim “atrás de Jesus e por amor a ele e ao evangelho” (Mc 8,35). Isto é, eu devo carregar-me a mim mesmo com as minhas limitações, defeitos e pecados; devo procurar ser eu mesmo sem pretensão nem arrogância, e colocar-me a serviço, atrás de Jesus, do jeito que Jesus carregou a sua cruz. Foi assim que ele realizou sua missão: “Eu não vim para ser servido, mas para servir” (Mc 10,45).
Junto ao nosso povo não convém insistir demais nesta obrigação de que devemos sofrer, como se Deus quisesse aumentar o nosso sofrimento. Não! Deus não quer o nosso sofrimento. Ele quer é que tenhamos vida e vida em abundância (Jo 10,10). Não há necessidade de insistir sempre no sofrimento, pois o povo já vive cercado de sofrimento. O sofrimento já faz parte do quotidiano da sua vida. É algo normal que o povo já aceitou e vive, desde criança. Não se deve pedir um compromisso a mais neste ponto.
O compromisso que se pede consiste em não buscar saídas individuais para problemas coletivos. A Cruz de Jesus pede que coloquemos o bem comum acima do bem pessoal ou familiar (de sangue, classe, cultura e demais extensões do meu 'eu'). Este é o resumo de toda a Bíblia: "Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles. Pois nisso consistem a Lei e os Profetas." (Mt 7,12).
É importante aprofundar o significado da Cruz de Jesus com a ajuda de textos da Bíblia, sobretudo das cartas de Paulo. É importante também olhar e experimentar de perto o sofrimento que marca a vida humana, sobretudo a vida dos pobres, aqui no Brasil, no meio do qual vivemos nós Carmelitas. Completamos assim o que falta à paixão de Cristo (Col 1,24).
Refletindo sobre o símbolo da Cruz de Jesus
A cruz era o pior instrumento de tortura inventado pelo império romano para dissuadir e abafar qualquer rebeldia contra o poder central. Visava desumanizar as pessoas a ponto de destruir nelas qualquer auto-estima ou sentimento de humanidade, e as matava através de uma agonia cruel e prolongada. Para um crucificado não havia sepultura. Ele ficava pendurado na cruz até o corpo apodrecer ou ser comido pelos bichos.
Em Jesus, a consciência da sua dignidade humana foi mais forte que a desumanidade do poder romano. Em vez de odiar e vingar, Jesus perdoava e rezava: “Pai, perdoai, eles não sabem o que fazem!” (Lc 23,34). O amor ao Pai e aos irmãos levou-o a perdoar seus próprios torturadores e assassinos. Com este gesto incrível de perdão Jesus mostrou que um grande amor é capaz de vencer o ódio que mata.
Esta resistência humana e humanizadora de Jesus destruiu na raiz o instrumento do ódio. Em Jesus, a força desumanizadora da cruz, esse terrível instrumento de tortura do império, foi esvaziada. A cruz de Jesus tornou-se o símbolo da vitória do amor sobre o ódio, da vida sobre a morte. O amor levou Jesus ao dom total de si mesmo e, assim, tornou-se fonte de esperança para todo ser humano.
Perguntas reflexão pessoal
1-Criar em nós uma atitude de doação a Deus e aos irmãos;
2-Colocar o bem dos outros acima do próprio bem-estar individual;
3-Aprender a viver melhor a fé na ressurreição que acontece
4-Quando em nós o amor vence o ódio,
5- Quando nossa esperança derruba o desespero,
6- Quando em mim a atitude de serviço supera o egoísmo.
O Papa deve voltar ao Vaticano neste sábado
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Segundo declaração do diretor da Sala de Imprensa vaticana, neste sábado o Papa depois do café da manhã, leu alguns jornais e retomou o trabalho.
Vatican News
O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, comunicou aos jornalistas na manhã desta sexta-feira sobre o estado de saúde do Papa Francisco. Eis o que disse:
"O dia de ontem transcorreu bem, com um normal decurso clínico. À noite, o Papa Francisco jantou, comendo pizza, na companhia das pessoas que o assistem nesses dias de internamento hospitalar. Com o Santo Padre, estavam presentes médicos, enfermeiros, assistentes e membros da Gendarmaria.
Hoje, depois do café da manhã, leu alguns jornais e retomou o trabalho. A volta para a Casa Santa Marta está prevista para amanhã, quando saírem os resultados dos últimos exames efetuados esta manhã."
Domingo de Ramos: presença confirmada
O porta-voz vaticano confirmou que está prevista a presença Pontífice na Praça São Pedro no dia 2 de abril, para a celebração eucarística do Domingo de Ramos. Fonte: www.vaticannews.va
A DIMENSÃO PROFÉTICA DA AUTORIDADE DE JESUS: RETIFICAR O RUMO DA COMUNIDADE
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Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Este novo modo de conviver surge numa sociedade, que pensava exatamente o contrário. Por isso, a iniciativa de Jesus provoca reações fortes: pró e contra. Pró, por parte do povo que gostava de ouvir Jesus, pois ele lhe anunciava uma Boa Notícia. Contra, por parte das autoridades religiosas que perguntavam a Jesus: “Com que autoridade você faz estas coisas?” (Mc 11,28; Jo 2,18). Na pergunta transparece uma concepção de autoridade que pensava ser o dono da situação, ao qual os outros deveriam pedir licença. Pela sua maneira de exercer o poder, as autoridades religiosas da época controlavam a vida do povo e bloqueavam a entrada do Reino (Mt 23,13). Elas impunham uma infinidade de normas e leis (Mt 11,28), que impediam ao povo de perceber a chegada do Reino (Mc 1,15) e de saborear a sua presença no meio dele (Lc 17,20-21).
Jesus reconhece a autoridade dos escribas e fariseus, mas denuncia a falta de coerência: “Fazei o que dizem, mas não o que eles fazem” (Mt 23,2). Quando a autoridade perde de vista o objetivo para o qual foi dada e se torna finalidade em si mesma, ela se perde, torna-se opressora e desumaniza a vida. “Quando o senhor tiver a diocese bem disciplinada, o que vai fazer com ela?”, dizia o leigo ao bispo.
Jesus não teve medo de criticar o abuso da autoridade. Por isso, foi perseguido. Mas diante das ameaças tanto dos judeus como dos romanos, ele não se intimidava. Mantinha uma atitude de grande liberdade (Lc 13,32;23,9; Jo 19,11;18, 23). Eis algumas críticas de Jesus às autoridades:
* Desautorizou o ensino dos escribas sobre a vinda de Elias (Mc 9,11-13) e sobre a descendência davídica do messias (Mc 12,35-37). Tornou desnecessária a legislação existente sobre a pureza legal, defendida sobretudo pelos fariseus, e anunciava uma nova maneira de se conseguir a pureza (Mc 7,1-23). Alargou as fronteiras do povo de Deus, pois na sua comunidade acolhia publicanos, pecadores, leprosos, possessos, doentes e prostitutas.
* Criticou a inversão da observância do sábado, e colocou-o, novamente, a serviço da vida (Mc 2,27). Chegou a sugerir que proibir a cura de uma pessoa em dia de sábado era o mesmo que matar uma pessoa (Mc 3,4). Criticou e relativizou o Templo, expulsando os vendedores (Mc 11,15-19) e dizendo que Deus podia ser adorado em qualquer lugar (Jo 4,20-24).
* Não teve medo de denunciar a hipocrisia de alguns líderes religiosos: sacerdotes, escribas e fariseus (Mt 23,1-36; Lc 11,37-52; 12,1; Mc 11,15-18). Criticou a ganância deles e a vontade que tinham de aparecer em público e de ocupar os primeiros lugares (Mc 12,38-40). Condenou a pretensão dos ricos (Lc 6,24; 12,13-21; Mt 6,24; Mc 10,25). Não acreditava muito na sua conversão (Lc 16,29-31), embora admitisse que fosse possível pelo poder de Deus (Mt 19,26).
Jesus não só criticou com palavras a maneira como as autoridades exerciam o poder e promoviam a vida comunitária. A própria comunidade que nascia ao seu redor era uma uma denúncia viva, uma alternativa profética sob vários aspectos:
- As pessoas que compunham a comunidade eram de vários níveis: publicanos, pescadores, agricultores, artesãos, zelotes. A religião oficial, a cultura, a situação econômica e política causavam conflitos entre estes grupos sociais. Jesus os chama para formar uma comunidade. Este era o grande desafio! Era o mesmo que remar contra a corrente ou andar na contra-mão, tanto da sociedade como da religião! É até hoje o grande desafio dos cristãos! A comunidade deve ser um sinal do Reino, onde é possível unir os contrários em fraternidade sob condição de ambos fazerem a conversão em direção a Deus. É a autoridade de Jesus que consegue esta mudança, não como imposição, mas como compromisso livremente aceito.
- Os valores que orientavam a comunidade de Jesus eram o contrário dos valores que orientavam a religião oficial do Templo e a política tanto de Herodes como do Império romano. Na comunidade de Jesus, a posse dos bens era comunitária; eles viviam da partilha, exerciam o poder como serviço, e não se importavam com aquelas normas de pureza que eram contrárias à vida. O povo se reconhecia neles. Assim, dentro da prática de Jesus estava uma semente subversiva, capaz de, a longo prazo, desestabilizar e derrubar os valores ou contra-valores que sustentavam o sistema, mantido pela política do governo de Herodes, e, assim, provar que um outro mundo é possível. Geravam esperança.
- O comportamento era de revisão permanente. Não é pelo fato de uma pessoa andar com Jesus e de viver na comunidade que ela já é santa e renovada. No meio dos discípulos, cada vez de novo, a mentalidade antiga levantava a cabeça, pois o “fermento de Herodes e dos fariseus” (Mc 8,15), isto é, a ideologia dominante, tinha raízes profundas na vida daquele povo. Jesus faz todo o possível, para que a pequena comunidade que nasce ao seu redor não se contamine com a concepção da autoridade que caracterizava tanto a religião da época como o Império romano. A conversão que ele pede vai longe e fundo. Ele quer atingir a raíz e erradicar o “fermento”. Eis alguns casos desta maneira fraterna de Jesus exercer a autoridade para corrigir os discípulos.
Mentalidade de grupo fechado.
Certo dia, alguém que não era da comunidade, usava o nome de Jesus para expulsar os demônios. João viu e proibiu: “Impedimos, porque ele não anda conosco” (Mc 9,38). Em nome da comunidade João impediu uma ação boa! Ele pensava ser dono de Jesus e usou a sua autoridade para proibir que outros usassem o nome dele para realizar o bem. Queria uma comunidade fechada sobre si mesma. Era a mentalidade antiga de "Povo eleito, Povo separado!". Jesus responde: "Não impeçam!... Quem não é contra é a favor!"(Lc 9,39-40). Para Jesus, o que importa não é se a pessoa faz ou não faz parte da comunidade, mas sim se ela faz ou não o bem que a comunidade deve realizar.
Mentalidade de grupo que se considera superior aos outros.
Certa vez, os samaritanos não queriam dar hospedagem a Jesus. Reação dos discípulos: “Que um fogo do céu acabe com esse povo!”(Lc 9,54). Achavam que, pelo fato de estarem com Jesus, todos deviam acolhê-los. Pensavam ter Deus do seu lado para defendê-los. Era a mentalidade antiga de “Povo eleito, Povo privilegiado!”. Jesus os repreende: "Vocês não sabem de que espírito estão sendo animados"(Lc 9,55)
Mentalidade de competição e de prestígio.
Os discípulos brigavam entre si pelo primeiro lugar(Mc 9,33-34). Era a mentalidade de classe e de competição, que caracterizava a sociedade do Império Romano. Ela já se infiltrava na pequena comunidade que estava apenas começando! Jesus reage e manda ter a mentalidade contrária : "O primeiro seja o último"(Mc 9, 35). É o ponto em que ele mais insistiu e em que mais deu o próprio testemunho: “Não vim para ser servido, mas para servir”(Mc 10,45; Mt 20,28; Jo 13,1-16).
Mentalidade de quem marginaliza o pequeno.
Os discípulos afastavam as crianças. Era a mentalidade da cultura da época em que criança não contava e devia ser disciplinada pelos adultos. Jesus os repreende:”Deixem vir a mim as crianças!”(Mc 10,14). Ele coloca criança como professora de adulto: “Quem não receber o Reino como uma criança, não pode entrar nele”(Lc 18,17).
Mentalidade de quem segue a opinião da ideologia dominante.
Certo dia, vendo um cego, os discípulos perguntaram: "Quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego?"(Jo 9,2). Como hoje, o poder da opinião pública era muito forte. Fazia todo mundo pensar de acordo com a ideologia dominante. Enquanto se pensa assim não é possível perceber todo o alcance da Boa Nova do Reino. Jesus os ajuda a ter uma visão mais crítica: “Nem ele, nem os pais dele”(Jo 9,3). A resposta de Jesus supõe uma leitura diferente da realidade.
Como no tempo de Jesus, também hoje, através de muitos canais, a mentalidade antiga renasce e reaparece na vida das nossas comunidades. Jesus ajudava os discípulos a mudar de vida e de visão e a continuar na conversão, na formação permanente. Como reagimos e usamos a autoridade para impedir que a mentalidade ateia e secularizada do atual sistema neo-liberal contamine a nossa maneira de conviver?
Semana Santa-2023: O silêncio orante de Jesus
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Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS
Todo silêncio contém um segredo oculto: indescritível e inafavel a partir da razão humana. Ao contrário do mutismo, que não passa de um pseudosilêncio (encerrado em si mesmo e fechado ao diálogo com o outro, desértico, árido e estéril, às vezes destilando veneno, um “gueto impenetrável” que representa a recusa de toda e qualquer comunicação) – o verdadeiro silêncio contém o mistério da Palavra. Calam-se todas as palavras (no plural, com minúscula), para que possa falar a Palavra (no singular, com maiúscula). Jesus Cristo, o “Verbo que se fez carne e armou sua tenda entre nós” é a Revelação de Deus, em seu infinito amor e misericórdia.
Disso resulta que sua mensagem – em gestos ou palavras que, de tão concretas, visíveis e palpáveis, mais parecem gestos – nasça, cresça, se desenvolva e ganhe autoridade no terreno fecundo do silêncio. Somente este silêncio de escuta e contemplação, sempre atento, reverente e respeitoso diante dos desígnios do Pai, poderá engendrar a Palavra viva, livre, libertadora e criativa. A Palavra que renova e anima, conforta e confere novo vigor ao exausto caminheiro. Na visão do teólogo italiano Bruno Forte, por exemplo, enquanto Jesus é a “Palavra Encarnada” e o Espírito Santo o “Encontro”, o Pai continua sendo o “Silêncio”, indefinível e insondável ao conhecimento científico.
E de fato, o silêncio na vida de Jesus nos impressiona e comove. O profeta de Nazaré proclama a Boa Notícia do Evangelho somente em idade já relativamente adulta, após 30 anos de silenciosa meditação. Mas antes disso, retira-se por 40 dias e 40 noites ao silêncio ermo mas habitado do deserto, onde deverá ser tentado pelo demônio. Criação literária ou não, a simbologia dos 40 dias e 40 noites reflete o poder místico e espiritual do “estar a sós consigo mesmo e com Deus”.
Em seguida, durante seu ministério público itinerante, por diversas vezes Jesus dribla a multidão e os próprios discípulos para retirar-se à montanha, novamente ao deserto ou a um lugar à parte, numa prática permanente de escuta e oração. Impressiona igualmente o silêncio de toda a família de Nazaré, onde Maria, como sublinha o evangelista Lucas por duas vezes “conservava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração” (Lc 2, 19.51). José, por sua vez, embora sempre pronto a ouvir os anjos de Deus e por-se em marcha para defender a família, jamais profere uma palavra.
Entre tantos momentos de silêncio, são emblemáticos o momento de oração no Horto das Oliveiras (ou Getsêmani), antes de ser preso e conduzido aos tribunais, como também a atitude de “escrever no chão com o dedo”, no episódio da mulher surpreendida em adultério (Jo 8, 1-11). Neste último caso, Jesus se interpõe entre os fariseus e doutores da lei (juízes) e a acusada (réu). O silêncio de Jesus, que se limita a “escreve no chão” revela-se um verdadeiro espelho para a consciência de todos os presentes. Espelho ainda mais evidente diante das palavras gestadas por esse silêncio: “Quem de vocês não tiver pecado, atire nela a primeira pedra”. Enquanto Jesus “continua a escrever no chão”, os ouvintes “foram se retirando um a um, a começar pelos mais velhos”.
Silêncio que, além de interpelar a consciência dos próprios doutores da lei e fariseus, inverte os papéis desse, digamos, tribunal improvisado. Se, de um lado, os acusadores (juízes) se convertem em réus, de outro, a acusada (réu) torna-se uma espécie de juíza, mesmo sem proferir qualquer palavra. O silêncio possui este segredo: transmite sentimentos e emoções que as palavras são incapazes de expressar. Outras vezes converte-se em lágrimas, olhares, sorrisos, abraços, gestos, toques... Todos mais eloquentes que qualquer palavra! O final da história é expressivamente comovente: “Eu também não te condeno; podes ir, e nã peques mais”, conclui o Mestre. Palavras de carne e osso, diríamos! Jesus não legitima o pecado, não lhe é cúmplice... Mas acolhe e absolve a pecadora arependida.
Papa internado: quadro clínico em melhoramento
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De acordo com o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, quadro clínico do Papa Francisco é em progressivo melhoramento e prossegue o tratamento programado.
Vatican News
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, divulgou na manhã desta quinta-feira, 30 de março, um novo boletim a respeito da saúde do Pontífice, internado desde ontem no hospital Policlínico Gemelli de Roma:
"Papa Francisco repousou bem durante a noite. O quadro clínico é em progressivo melhoramento e prossegue o tratamento programado. Hoje, depois do café da manhã, leu alguns jornais e retomou o trabalho. Antes do almoço, foi à pequena capela do apartamento particular, onde se recolheu em oração e recebeu a eucaristia."
Comunicação precedente
O portavo-voz vaticano comunicou ontem que Francisco foi levado ao hospital depois de se queixar de dificuldades respiratórias. O resultado dos exames evidenciou uma infecção respiratória e se exclui a infecção por Covid 19. O quadro exige alguns dias de terapia médica hospitalar.
O Papa agradece as muitas mensagens recebidas e expressa sua gratidão pela proximidade e oração. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa Francisco no Hospital Gemelli por causa de uma infecção respiratória
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Na manhã desta quarta-feira o Papa presidiu normalmente a audiência geral com os fiéis reunidos na Praça São Pedro.
Vatican News
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, comunica que:
"O Santo Padre se encontra desde a tarde de hoje no Gemelli para alguns controles previamente programados".
Na manhã desta quarta-feira o Papa presidiu normalmente a audiência geral com os fiéis reunidos na Praça São Pedro.
No início da noite (horário de Roma), Matteo Bruni acrescentou que "nos dias passados, o Papa Francisco se lamentou de algumas dificuldades respiratórias e esta tarde foi até ao Policlínico A. Gemelli para efetuar alguns controles médicos. O resultado evidenciou uma infecção respiratória (exclui-se a infecção de Covid 19), que exigirá alguns dias de adequada terapia médica hospitalar. O Papa Francisco ficou comovido com as muitas mensagens recebidas e expressa sua gratidão pela proximidade e a oração."
Atualizado às 20h50 (horário italiano) de 29 de março de 2023. Fonte: Vatican News
Evangélicos sob Lula querem distância da esquerda e esperam Bolsonaro voltar
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Ainda que permaneça certo desânimo com o que é visto como apatia do ex-presidente, o discurso antipetista alvoroça púlpitos
SÃO PAULO
Após uma ruidosa participação na campanha eleitoral, em que até mentiu sobre uma intimação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que nunca existiu, o pastor André Valadão baixou o tom por um tempo. O entusiasmo por Jair Bolsonaro (PL) desbotou em suas redes sociais.
Valadão chegou a se dizer decepcionado com a letargia do aliado após a derrota para Lula (PT), semanas antes da viagem para os EUA que Bolsonaro fez no epílogo do seu mandato, e da qual ainda não retornou.
Em fevereiro, um seguidor quis saber no Instagram: "O senhor batizaria o Lula?". Líder na Igreja Batista da Lagoinha, baseado na mesma Flórida onde por ora reside o ex-presidente, ele respondeu que sim. "Mas deixa uns 30 segundos ali debaixo d’água para dar uma limpada com força, né?"
Ambígua o bastante para mesclar apologia de violência e proposta evangelizadora, a reação ressuscitou algo nas entranhas do bolsonarismo.
A quem se perguntava se o triunfo lulista marcaria a volta de uma velha disposição fisiológica no segmento, o chiste mostrou que não é bem assim. O persistente mau humor nas igrejas com a esquerda pode sinalizar um ponto de não retorno nessa relação.
Ainda que permaneça certo desânimo com o que é visto como apatia de Bolsonaro nesses primeiros meses fora do cargo, o discurso antipetista ainda alvoraça púlpitos.
Silas Malafaia foi um dos que foi a público criticar o amigo. Mas a mão que apedreja também afaga. "Sou aliado, não alienado. Não tenho Bolsonaro como ídolo. Sei que ele tem defeitos, que tem erros, mas põe na balança o que ele fez nos quatro anos de governo. Ele tem muito mais crédito."
E o ex-mandatário conseguiu uma façanha, diz o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo. "É uma coisa rara: o cara é derrotado e continua com maioria absoluta no segmento."
Malafaia, assim como Valadão, costuma se posicionar com mais belicosidade do que outros colegas, é verdade. Como também é fato que alguns líderes ensaiaram uma trégua.
O bispo Edir Macedo, por exemplo, logo depois da eleição falou em perdoar Lula, eleito "por vontade de Deus". As pancadas que o jornal da sua igreja, o Folha Universal, vinha dando na esquerda também murcharam.
Mas "espaços viáveis de conciliação" estão fora do horizonte, afirma o sociólogo Ricardo Mariano, que pesquisa a ascensão evangélica. "A aliança com Bolsonaro robusteceu a radicalização política de grande parte das lideranças, e isso intensificou a oposição ao PT."
Para a cientista política Ana Carolina Evangelista, diretora-executiva do Instituto de Estudos da Religião, pastores bolsonaristas podem até estar "mais calados sobre o apoio a um ex-presidente que saiu do país e nunca mais voltou", mas não silenciaram suas desaprovações a Lula. "Esse elemento é novo. Nas gestões anteriores do PT, a vocalização dessas críticas arrefecia assim que os governos eram eleitos."
Bater em candidaturas tidas como progressistas não é nenhuma novidade. O próprio Lula apanhou um bocado no passado. A Universal de Edir Macedo o comparava ao diabo em 1989. Em 1994, colocou-o na capa de seu jornal e legendou: "Sem ordem e sem progresso".
Tão logo o petista chegou ao Palácio do Planalto, em 2003, vários líderes suspenderam a beligerância e abraçaram o PT, cortesia que se estendeu ao governo Dilma Rousseff. Entre os fatores que colaboraram para o desgaste dessa relação estavam a iminência da perda de poder, na medida em que o impeachment de Dilma se avizinhava, e também o avanço da agenda identitária.
É preciso considerar que o bolsonarismo se retroalimentou desse fenômeno relativamente novo, diz Mariano.
"As disputas morais ganharam relevo nas últimas duas décadas. Em resposta a movimentos feministas e LGBTQIA+, a reivindicações por igualdade de gênero e à aprovação, pelo STF, da união civil de pessoas de mesmo sexo e do aborto de anencéfalos, atores evangélicos radicalizaram seu ativismo político, sobretudo a partir do primeiro governo Dilma, em defesa da conformação do ordenamento jurídico a valores bíblicos."
Deram assim uma contribuição e tanto para a avalanche de manifestações de direita que jorrariam nos anos seguintes, segundo o sociólogo. Bolsonaro pegou carona nesse Zeitgeist em formação, como ao difundir a falsa tese do "kit gay".
Num primeiro momento, o retorno do lulismo pareceu desnortear a cúpula evangélica. Encontrar saídas honrosas para se aliar ao governante da vez costumava ser a praxe no meio. Bússolas para o batalhão de pequenos e médios pastores espalhados pelo país, líderes de envergadura nacional apostaram alto na reeleição de Bolsonaro. Ele perdeu, e eles se viram numa posição que lhes era pouco familiar: oposição.
Para Evangelista, o debate "é menos sobre como se mantém o bolsonarismo e mais sobre como, e se se mantém, o antiesquerdismo". Pastores, afinal, pautam a base, mas também são pautados por ela. Fica insustentável persistir no discurso do medo se lá na ponta os fiéis estão vendo melhoras reais no dia a dia.
"Que políticas deste governo também estão a serviço dessa população e melhoram concretamente suas condições de vida como trabalhadores, mães de família, jovens inseridos nas universidades e no mercado de trabalho? Independentemente de serem evangélicos."
Chegamos então a um impasse. Ainda não há qualquer sinal à vista de que o PT vai conseguir reaver a parceria com as igrejas. Já Bolsonaro ainda é um farol, mas sua moral no segmento caiu no último trimestre.
A Casa Galileia, que monitora redes sociais evangélicas, notou essa retração, diz seu assessor de campanhas, o antropólogo Flávio Conrado.
Os acampamentos em frente a quartéis, que por fim desembocaram nos ataques golpistas de 8 de janeiro, afugentaram parcela dos crentes.
"Alguns já disseram ali ‘perdemos’ e vamos então orar pelo Lula, botar a viola no saco e lidar com a perda. A candidatura de Bolsonaro foi trabalhada como a luta do bem contra o mal, e a derrota causou grande frustração entre os fiéis."
A partida para os EUA, contudo, deixou um vácuo no conservadorismo, afirma Conrado. "Me parece ter uma rearrumação desse campo, esse refluxo. Ele vai continuar sendo a liderança da extrema direita?"
O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), que chegou a posar com petistas e dizer que a omissão do ex-presidente nos últimos tempos "beira a covardia", é um bom exemplo desse pêndulo entre pragmatismo político e óbice ideológico.
"Sem dúvida alguma", diz o membro da bancada evangélica, Bolsonaro ainda é o grande nome para 2026 nos templos. "Ele tem a capacidade da Fênix. Quando todos apostam que agora já era, ele consegue ressurgir. As críticas que ele sofreu, e inclusive fiz parte de algumas delas, não são fator de ruptura."
Retomar uma acomodação com progressistas lhe parece algo improvável, diz. "Antes você não tinha muito bem a compreensão entre direita e esquerda. Com a voz dissonante do bolsonarismo, passou-a se ter a real clareza do que é uma e do que é outra. Por isso acho muito difícil que o lulismo consiga fazer dentro da igreja o que Bolsonaro fez. Era necessário que o PT morresse e ressuscitasse com nova roupagem ideológica."
"Em futuras eleições, continuaremos sendo guiados pelos mesmos princípios que nos trouxeram até aqui, ou seja, mais à direita", afirma o bispo Eduardo Bravo, à frente da Unigrejas, braço da Universal.
Esse nome pode ser Bolsonaro, mas não necessariamente. "Para mim, pessoalmente, mito somente o Senhor Jesus."
Enquanto isso, o efeito rebote vem a mil. Daí o fortalecimento de pautas como o preconceito visto no deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que usou uma peruca para zombar as trans no Dia da Mulher, e no reforço transfóbico do também evangélico senador Magno Malta (PL-ES). Em evento com Michelle Bolsonaro, ele disse que homens nunca terão útero, ataque patente à mulher trans.
Valadão, o pastor que sugeriu deixar Lula um tempinho sob a água para batizá-lo, embarcou na mesma onda. Postou uma montagem da "picanha trans", que "nasceu coxão duro, mas se sente picanha".
"Tá desse jeito", comentou. O futuro do bolsonarismo entre evangélicos está nas mãos de líderes como ele. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
5º Domingo da Quaresma: Um olhar de amizade e vida
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RESSURREIÇÃO E VIDA
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará (PA)
“Dá-me de beber uma água viva!” “Eu sou a luz do mundo!” “Eu sou a ressurreição e a vida!” Todos nós, envolvidos na preparação da Páscoa, somos chamados ao novo encontro com Jesus Cristo, nossa Páscoa, nossa esperança. A partir de ângulos diferentes, todos caminhamos para ele, a fim de participarmos com ainda maior intensidade de seu mistério, na graça dos sacramentos da iniciação cristã que recebemos. E nossa Igreja de Belém celebra este tempo especial dando passos na realização de seu Plano de Pastoral, fruto do esforço conjunto, iluminados que fomos pelo Espírito Santo para ser uma Igreja missionária, de portas abertas, dando nossa contribuição para que nossas cidades e nosso tempo se encham da alegria genuína, fruto do mesmo Espírito.
Hoje vamos apenas acompanhar Jesus e seus discípulos a Betânia (Jo 11,1-45), casa do pobre e da amizade, lugar que podemos imaginar como verdadeiro refúgio, onde se encontravam à vontade. Trata-se de Lázaro, um amigo, daqueles que uma expressão popular diz serem mais queridos do que um irmão! O Senhor fica sabendo de sua enfermidade. Onde se encontrava, permaneceu ainda dois dias, viajando apenas no terceiro dia, certamente um detalhe do autor do Quarto Evangelho para referir-se ao dia da Ressurreição de Jesus, cujo fato aqui descrito é prenúncio e sinal. Os laços de amizade levam Jesus a dirigir-se à Judéia, justamente quando o clima de perseguição se acirrava. De longe, sabe o Senhor que Lázaro morreu. Jesus não se mostra como um taumaturgo, mas como amigo e irmão! Para curar e restaurar, há que começar com um relacionamento humano verdadeiro, pelo que temos muito a aprender, para sanar as feridas físicas, emocionais, psicológicas e espirituais, missão de nossa Igreja!
O Evangelho fala dos quilômetros de distância entre Jerusalém e Betânia, e Jesus certamente estava mais distante. Noutro texto evangélico (Lc 24, 13-35), distância percorrida com decepções por onze quilômetros se transforma num verdadeiro salto depois da experiência do Ressuscitado em Emaús! Nossa Grande Belém é bem maior do que Nínive, para critérios antigos, “uma cidade fabulosamente grande, do tamanho de uma caminhada de três dias” (Jn 3,3). Não há distâncias intransponíveis para o zelo da nova Evangelização missionária a que somos chamados, a fim de curar o mundo e as pessoas, reconduzindo-as à vida plena!
É Marta que recebe Jesus, enquanto sua irmã Maria permanece em casa. Uma pequena família, diferenças entre as pessoas, mas ressoa o convite: “O Mestre está aí e te chama”. “Quando Maria ouviu isso, levantou-se depressa e foi ao encontro de Jesus” (Jo 11,28-29). Em voz alta ou ao pé do ouvido, a boa notícia há de percorrer estradas, casas e corações. O problema é quando não levamos o chamado de Jesus, mas nossas pequenas e tão limitadas ideias. Quando a mensagem do Senhor chega, o salto acontece na vida das pessoas. Cuidemo-nos seriamente, para que não sejamos intermediários falsificados!
Nossa meditação vai com Marta, Maria, Discípulos, uma Multidão de pessoas positivamente incomodadas (“Muitos dos judeus viram o que Jesus fizera e creram nele” – Jo 11,45) e outras curiosas, para chegar à entrada do sepulcro. Aqui, uma cena humana e surpreendente: “Jesus chorou” (Jo 11,35). Para nós e nossa Igreja, fica a lição de humanidade, pois não tratamos das dores humanas como exercício profissional, mas com a sensibilidade da caridade e da atenção!
Algumas situações, como um morto quatro dias antes (Jo 11,39), podem levar ao desânimo daqueles que pensam não haver soluções. E com Jesus aprendemos que não é verdade o dito de que só com a morte não há jeito, pois nele e com ele sempre ressoará o “Lázaro, vem para fora” (Jo 11,43)! É hora de ampliar nosso horizonte e descobrir o que existe de mais difícil e desafiador em nossa sociedade, para chegar lá com a Evangelização e a Caridade.
Algum tempo antes desses fatos, Jesus “chamou os doze discípulos e deu-lhes autoridade de expulsar os espíritos impuros e curar toda sorte de males e enfermidades. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar” (Mt 10, 1.8). De lá para cá, a missão da Igreja (Cf. a proposta do Plano Arquidiocesano de Pastoral para “Curar”) é empenhar-se no “anúncio do Evangelho aos homens do nosso tempo, animados pela esperança, mas ao mesmo tempo torturados muitas vezes pelo medo e pela angústia, um serviço prestado à comunidade dos cristãos, bem como a toda a humanidade” (Cf. Evangelii Nuntiandi, 1). O sentido da vida cristã, seu rosto mais reluzente, encontra-se na caridade. “A caridade é a virtude pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas por ele mesmo, e ao próximo como a nós mesmos, por amor de Deus” (Cf. Catecismo da Igreja Católica, 1822). Ao mesmo tempo, “quanto mais o homem fizer o bem, mais livre se torna. Não há verdadeira liberdade senão no serviço do bem e da justiça” (Catecismo da Igreja Católica, 1733).
O testemunho profético através da caridade e serviço é a marca inseparável da missão da Igreja de “portas abertas”, em saída ao encontro do outro, e disposta a acolher quem chega, pois, considerando-se que, “quando amado, o pobre é estimado como de alto valor” (Evangelii Gaudium, 168), e isto diferencia a autêntica opção pelos pobres de qualquer ideologia, de qualquer tentativa de utilizar os pobres ao serviço de interesses pessoais ou políticos. Unicamente a partir desta proximidade real e cordial é que podemos acompanhá-los adequadamente no seu caminho de libertação. Só isto tornará possível que “os pobres se sintam, em cada comunidade cristã, como ‘em casa’” (Evangelii Gaudium, 199). Nossa Igreja de Belém quer fomentar o ministério da caridade, reorganizar todas as expressões caritativas presentes na Igreja, implantando pastorais sociais e organismos da missão sociotransformadora na Amazônia, sendo presença luminosa nas causas sociais, como “Igreja em saída”. Não há limites ou ambientes em que a Igreja não possa ou não deva estar presente. “Curar” há de ser uma palavra apaixonante, para que o cuidado com pessoas e situações se multiplique entre nós, pois todos nós, batizados, acreditamos que o Senhor Jesus é Ressurreição e Vida! Fonte: https://www.cnbb.org.br
Igreja entrega 'lista de pecados' a fiéis que vão de horóscopo a jogos de RPG e material viraliza, mas gera polêmicas
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Internautas repercutiram os temas listados e apontaram a intolerância presente em muitos dos tópicos
Postagem com 'lista de pecados' viralizou nas redes sociais nesta terça-feira Reprodução / Redes Sociais
Por O Globo — Rio de Janeiro
Uma "lista de pecados" entregue durante um retiro de fiéis de uma igreja de São Paulo viralizou nas redes, nesta quarta-feira (22), causando, além de risadas, também muita polêmica. São mais de 100 itens que o frequentador do culto deve preencher no papel, que objetiva medir a quantidade de blasfêmias praticadas por cada um. Entre as "transgressões" estão itens inusitados, como adesão a horóscopo, pirataria, jogos de RPG, intelectualismo e irreverência. O material também traz ataques diretos a outras religiões. Primeira comunhão, crisma, "benzimentos" e umbanda, por exemplo, são colocados como pecados na mesma relação que contém assassinato, estupro, pedofilia e crueldade.
Ainda há itens que apontam como blasfêmias o "homossexualismo" e o "lesbianismo", o que pode ser considerado crime. Além da intolerância religiosa, a homofobia também é infração prevista no Código Penal. A mesma folha traz itens conflitantes, já que a instituição trata a intolerância, o ódio, o racismo, a opressão e o autoritarismo como pecados.
Outros "pecados" listados pela igreja em questão, que não foi identificada pelo autor da postagem, citam questões subjetivas e pouco inteligíveis, como: "intelectualismo", "irreverência", "imprudência", "facção". Outros, adentram a intimidade dos fiéis. Segundo a lista, a religião não permite: pornografia (escrito como "pronografia"), sadomasoquismo, masturbação.
Os jogos de RPG, queridos entre o público jovem, jogados com folhas, tabuleiros e dados, simulando aventuras, são "jogos da morte", segundo a lista e estão no mesmo patamar do sexo com parentes, vício de álcool e drogas e sadismo. Pirataria, também não pode – como também prevê a lei.
À reportagem, a autora da postagem contou que a entrega da lista a um amigo seu ocorreu neste fim de semana em um retiro da igreja que a família dele frequenta. Procurado, o colega não quis dar detalhes sobre como o papel chegou às mãos do fiéis. "Era só pra ser um tweet inocente, não imaginávamos que ia tomar essas proporções", disse. Também publicou:
"Eu não quero que isso chegue nas pessoas da igreja da minha mãe, porque nem todos de lá tem culpa disso. Não quero estressar ninguém, nem trazer olhares tortos para as pessoas que me conhecem de lá. Por favor, tentem entender", disse o amigo.
Após a grande repercussão da lista, que foi parar nos trending topics do Twitter, ambos decidiram bloquear seus perfis e a publicação não está mais disponível.
'Quase gabaritamos'
Internautas repercutiram a postagem e brincaram com a situação. "Eu imprimi e pedi aos meus colegas de trabalho para preencher. Quase gabaritaram", escreveu um usuário. "Lesbianismo, ciúmes doentio, RPG, pirataria e horóscopo me quebrou demais", comentou outra conta.
Muitos usuários decidiram marcar a quantidade de "pecados cometidos" e comparar o número alcançado com o dos demais. Internautas também apontaram a intolerância religiosa presente em muitos dos pontos listados.
"O [tópico] sobre orixás foi intolerância religiosa", escreveu uma conta. "Calmaê, primeira comunhão e crisma é pecado? Da última vez que eu vi o código penal religioso, isso daí era pra ser feito por todos os fieis durante a adolescência" comentou outro usuário. Fonte: https://oglobo.globo.com
Líder da Universal, Edir Macedo critica Lula: 'Não deu nada à Igreja'
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Líder da Universal, Edir Macedo critica Lula: 'Não deu nada à Igreja'
Em vídeo divulgado em suas redes, líder religioso afirmou que o petista lhe "deve" por ter rezado por ele quando Lula estava com câncer
Por Luísa Marzullo — Rio de Janeiro
O bispo e fundador da igreja Universal, Edir Macedo, usou as redes sociais para criticar o presidente Lula (PT). Em vídeo divulgado nesta quinta-feira, o líder religioso afirmou que o petista não teria dedicado medidas ao setor evangélico, nem à Record TV, emissora de qual é proprietário.
— O Lula esteve oito anos no governo. Pergunta a ele o que ele me fez, o que ele me deu? O que ele me deu? O que ele deu à Igreja? O que ele deu à Record? Ele não deu nada, ele apenas fez o que ele tinha que fazer, assim como fez com as demais emissoras. Obviamente que pagou, honrou lá seus compromissos. Mas eu não devo nada ao Lula — criticou Macedo.
Em seguida, o religioso afirma que, na verdade, quem lhe deve é o petista. Na fala, ele relembra o diagnóstico de câncer na laringe que Lula recebeu em 2011, e cita o ex-presidente Bolsonaro, sem especificar qual questão de saúde resolveu do ex-aliado.
— Agora, ele me deve. Não a mim, mas a Deus. Mas obviamente Deus nos usou. Quando ele estava com câncer na garganta ele foi lá na Igreja falar comigo. Fechamos a sala. Fechei a porta. Impus as mãos sobre o pescoço dele e orei por ele. Eu orei pelo Lula. E ele ficou curado. Fez tratamento lá no Einstein (hospital em São Paulo) e ficou curado. O Bolsonaro é a mesma coisa. Quer dizer, eu fiz favor para ele. Ele não me fez favor nenhum. Oito anos que ele esteve lá e não fez favor nenhum para mim — finalizou.
Como noticiou o GLOBO nesta semana, o governo Lula tem feito acenos recentes à ala política da Universal, insuficientes para cavar proximidade com a igreja. Além da fala de Edir Macedo nesta quinta-feira, desde novembro do ano passado, após a derrota de Jair Bolsonaro, a Folha Universal — periódico de tiragem semanal — criticou o petista em ao menos sete ocasiões. Enquanto isso, o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), mantém o posicionamento de que a sigla ligada à igreja não integrará a base governista. Fonte: https://oglobo.globo.com
Padre faz discurso antirracista em missa de homenagem a Marielle Franco: 'Pedido de justiça não é pedido de vingança'
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Durante a celebração, o padre Luciano Gomes chamou ao altar parentes da vereadora e do motorista Anderson Gomes, ativistas e parlamentares do PSOL e do PT
Por Jéssica Marques — Rio de Janeiro
Sentados nas duas primeiras fileiras da paróquia, à esquerda do altar da Igreja Nossa Senhora do Parto, no Centro do Rio, políticos do PT e PSOL, ativistas e familiares da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes — ambos assassinados em 14 de março de 2018— prestaram homenagens e pediram por justiça.
Na primeira fileira, a filha de Marielle, Luyara, e os pais, Marinete da Silva e Antônio Francisco da Silva Neto, acompanharam a celebração ao lado da viúva, vereadora Monica Benicio (PSOL). A família da vereadora estava próxima à de Anderson. A viúva do motorista, Agatha Arnaus, também acompanhou emocionada a celebração, vestindo uma camiseta que pedia justiça em nome do marido.
Ex-assessora de gabinete da parlamentar e agora deputada federal, Renata Souza, também compareceu e sentou-se um pouco mais afastada, à direita da igreja lotada de apoiadores, ao lado da vereadora Luciana Boiteux, ambas do PSOL.
A celebração da missa, na manhã desta terça-feira, foi mais um dos itinerários marcado pelo dia em memória da vereadora e começou logo após a inauguração do monumento "corte seco — Marielle", doado pelo artista Paulo Nazareth — onde a mãe, Marinete Silva, o pai, Antonio Francisco, e a ex-companheira a vereadora Mônica Benício, estavam presentes.
Luciano Borges, padre e defensor de políticas antirracistas, foi quem ficou a cargo de mediar a cerimônia. O sacerdote é amigo próximo da família de Marielle e responsável por celebrar todas as homilias sobre a parlamentar nesses cinco anos, desde que foi assassinada.
Enquanto discursava e dava procedimento a cerimônia eucarística, padre Julio direcionou sua fala a filha de Marielle, Luyara Santos, que emocionada fechou os olhos e orou. Atrás dela, estava a viúva de Anderson, Ágatha Arnaus, que também participou do momento. Para o sacerdote, a vereadora foi uma "mulher preta, pobre e periférica que se tornou símbolo dos direitos humanos, bandeira que tanto carregou durante seu mandato".
— Quanto mais humanos somos, mais divinos nos tornamos. Matou-se o corpo, mataram alguém muito especial. Mas seu legado será lembrando. Alguém que lutou pelo povo periférico. Pedido de justiça e não é pedido de vingança. A vingança não nos traz paz. A justiça traz leveza para a alma. Estamos de mãos dadas — disse o padre para o público presente.
Parlamentares no altar e pedido à Oxalá
Borges também rezou pelos parlamentares que foram prestigiar as homenagens a Marielle e Anderson. Em um momento solene, chamou ao altar os vereadores Edson Gomes (PT), Monica Cunha (PSOL), Monica Benício (PSOL), Luciana Boiteux (PSOL) e as deputadas Marina do MST (PT), Renata Souza (PSOL) e os ex-deputados Waldeck Carneiro e Mônica Francisco.
Ovacionado, aceitou as palmas e seguiu com as comemorações em memórias da parlamentar com o público ecoando ao fundo da igreja: "Marielle presente!".
— Saúdo a vocês (vereadores e deputadas) com um compromisso sério com a vida das pessoas. Compromisso com a periferia da cidade do Rio de Janeiro, com aqueles que estão, muitas vezes, colocados às margens da sociedade. Queremos justiça. Vingança, jamais — pontuou Borges.
Entre os presentes, estavam em sua maioria mulheres, jovens e ativistas dos direitos humanos, a diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, além de amigos e familiares das vítimas. O grito é, ao mesmo tempo, uma homenagem à recordação de quem dedicou boa parte da vida na luta contra as desigualdades.
Luciano Gomes não poupou elogios ao governo atual. Durante a missa, acenou à antiga colega de classe, irmã da Marielle e agora Ministra de Igualdade, Anielle Franco, que não esteve presente na cerimônia. Na ocasião, o padre em um ato inusitado, declarou sua preferência política ao presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo (PT-RJ), de quem é próximo. Freixo não compareceu à missa deste ano.
— Eu apoie o Freixo como candidato ao governo do Rio nas eleições passados e vou continuar apoiando nas eleições futuras. Ele é uma pessoa que eu admiro e acredito do trabalho que ele faz. A Marielle, de certo modo, vem do legado dele. Eu e a Arielle tivemos o Freixo como professor na Organização Social e Política do Brasil (OSPB). Então, nós queremos lembrar com alegria deste grande homem que será nosso governador do Estado do Rio de Janeiro, se Deus quiser — afirmou o padre.
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O sincretismo religioso entre o catolicismo e o candomblé também esteve presente na celebração. Emocionado, o padre fez questão de direcionar uma oração aos familiares da vereadora onde afirmou que "Oxalá, pede que em todos os momentos da vida sejamos orientados para o amor"
— Não à guerra e não à fome. Oxalá que sempre em tudo tenhamos a mão dele sobre nós. Uma socióloga (referindo-se à Marielle) buscou colocar em prática aquilo que aprendeu nos livros que levou para a sua comunidade, a Maré, o Rio de Janeiro e depois para o mundo.
A vereadora e viúva de Marielle, Monica Benício, também discursou. Ela afirmou que a falta de respostas sobre o mandante e a motivação do crime impede que as famílias e amigos vivam o luto em paz.
— Tem momentos políticos, que o estado nos obriga pelos cinco anos sem resposta sobre quem mandou matar Marielle. E momentos como esse, que o nosso luto deveria permitir, que é rememorar a saudade, mas não de um lugar violento, e sim de um lugar de vibrar muito amor e paz para Marielle e para o Anderson. Mas infelizmente, o estado brasileiro ao não responder, faz com que a gente precise não só revisitar as saudades, mas também revisitar a violência para seguir cobrando justiça para que nunca mais aconteça nada parecido — disse a parlamentar. Fonte: https://oglobo.globo.com
“CARTA PARA UM PADRE QUE SE SUICIDOU"
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Pe. Thiago Linhares - Diocese de Campos”
Olá, meu irmão, depois da notícia da sua morte alguns choraram, outros julgaram. Aliás, durante a vida já foi assim, né? Uns estão, permanecem, amam. Outros... deixa pra lá...
Muitos não estão entendendo por que um padre pode tirar a própria vida, talvez seja porque não compreendem que padre também é gente. Foi assim com você também né?
Lembra daquele dia que você chegou mal naquela reunião? É, ninguém percebeu.
Lembra daquela vez que você cancelou a missa porque não se sentia bem? É, quase ninguém compreendeu.
E aquela vez que você estava mais calado que o de costume? Alguém te perguntou se precisava de algo? Eu sei que não.
Por aqui continuam dizendo que todo mundo tem problemas. Mas os problemas de todo mundo eram seus, mas os seus não eram de quase ninguém.
Lembra aquele dia que você passou a manhã toda escutando? E daquela reunião de animação pastoral? Recorda quando você fez mais do que era sua obrigação fazer? É, ninguém notou que você não estava bem. Aliás, quase nunca imaginam que podemos não estar bem, talvez porque esquecem que padre também é gente.
Por aqui andam dizendo nos bastidores que padre não é coitadinho e que muitos pais de família são exigidos da mesma forma, e é verdade. Só que para este as exigências são de 10 pessoas no máximo. Mas sobre você pesaram as exigências de uma comunidade inteira, e mais as da sua família, e mais as da Mitra Diocesana e mais as suas próprias... É, ninguém
considerou.
Nenhum padre é coitadinho. A gente só é gente, e a obscuridade da vida também chega para nós. Como chegou para você, e você não suportou.
Perdão, meu irmão, pelas vezes que suas dores visíveis se tornaram invisíveis. Ninguém as viu. Ou se viram, passaram adiante. Eu sei que pesa o fato de acharem que somos sempre uma rocha, mas fique em paz, rocha também se quebra.
Você se foi, mas que seu destino continue a gritar: Padre também é gente!
Por aqui seguimos pedindo misericórdia por ti e por nós!
Em Cristo, seus irmãos padres, “gente como você!”
Lágrimas e emoção na despedida ao Padre Douglas.
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Lágrimas, emoção e manifestações de carinho marcaram o velório e o sepultamento do Padre Douglas Ferreira Leite na última sexta-feira, 10/03.
O velório teve início volta de 1h30 dentro da Igreja Matriz da Paróquia Santa Bárbara em Fervedouro. Logo pela manhã, foi celebrada uma missa com a presença dos paroquianos que eram pastoreados pelo Pe. Douglas e cerca de 24 padres da Diocese de Caratinga e Dioceses irmãs que se comoveram e solidarizaram com a partida do padre.
Na manhã da sexta-feira (10), após a missa o féretro partiu da Paróquia de Santa Bárbara em Fervedouro com destino a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Conceição de Ipanema, sua terra natal onde o padre foi sepultado.
Após a última missa em sua homenagem, celebrada pelo bispo diocesano Dom Emanuel Messias de Oliveira e diversos padres da diocese de Caratinga, houve também o carinho dos fiéis para com o padre e seus familiares.
Quando um padre se vai, todos nós perdemos, perdemos um amigo, um conselheiro, um mensageiro da Palavra, uma dor imensurável para seu rebanho, seus amigos e também para sua família. O seu pai, senhor José Cristóvão se fez forte e levou todos a se emocionar, com lágrimas no rosto agradecendo a Deus, pois seu filho realizou dois grandes sonhos: “ser padre e comprar um fusca”.
Padre Douglas partiu jovem, deixando no coração de todos aqueles com quem conviveu seus ensinamentos, seu sorriso largo e seu amor pela Igreja.
Histórico
Natural de Conceição de Ipanema, no Vale do Rio Doce, o Padre Douglas Ferreira Leite nasceu em 23 de dezembro de 1987, filho de José Cristóvão Teixeira Leite e Maria Lucia Ferreira Leite.
O sacerdote foi ordenado em agosto de 2021 pelo bispo Dom Emanuel Messias de Oliveira e foi o primeiro vigário na Paróquia de Santa Bárbara, em Fervedouro, pertencente à Diocese de Caratinga, onde estava por apenas 4 meses.
Colaboração - Texto – Gicélia e Cainan – Pascom Diocesana / Fotos - Neuza Santos e José Carlos – Paróquia Santa Bárbara / Jéssica - Pascom Simonésia (Fotos Conceição de Ipanema). Fonte: https://www.portalcaparao.com.br
Dez anos de Francisco, o papa que renovou a Igreja Católica
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Argentino incomodou conservadores com discurso progressista e defesa dos mais pobres
Por Bernardo Mello Franco
O primeiro papa latino-americano vai completar dez anos no trono de São Pedro. Em março de 2013, o argentino Jorge Mario Bergoglio não aparecia nas listas de favoritos para a sucessão de Bento XVI. Sua eleição foi tão surpreendente quanto as transformações que ele promoveria na Igreja.
“A escolha do nome Francisco foi uma senha. Ali começou a mudar tudo”, resume o padre Julio Lancellotti, que não conteve as lágrimas quando assistiu ao anúncio do papa na TV.
Na primeira aparição pública, o pontífice chamou a atenção pela simplicidade. Dispensou o crucifixo de ouro e a estola vermelha usada pelos antecessores. Três dias depois, ele lembrou São Francisco de Assis e disse desejar “uma Igreja pobre e para os pobres”.
“O papa é radicalmente fiel ao Evangelho e aos ensinamentos de Jesus. Ele é uma pessoa verdadeiramente cristã. Não gosta de insígnias nem de bajulação”, elogia o padre Lancellotti, que coordena a Pastoral do Povo da Rua em São Paulo.
Francisco surpreendeu a Cúria ao abrir mão de mordomias e privilégios. Ao fim do conclave, fez questão de ir ao hotel onde se hospedava para buscar as malas e pagar as despesas. Há poucos meses, ele lamentou não poder mais usar o transporte público, como fazia até os tempos de cardeal. “Em Buenos Aires, eu era muito livre. Gostava de ver como as pessoas se locomoviam”, justificou.
A mudança de estilo foi acompanhada por declarações contundentes contra a desigualdade. O papa não perde uma chance de condenar a concentração da riqueza. “O mercado por si só não pode resolver todos os problemas, por mais que nos façam acreditar nesse dogma da fé neoliberal”, escreveu, na encíclica “Todos irmãos”.
O inconformismo o transformou em alvo de setores da direita, que passaram a tratá-lo como um perigoso subversivo. Quando Francisco criticou a destruição da Amazônia e saiu em defesa dos povos indígenas, o então presidente Jair Bolsonaro resolveu provocá-lo. Disse que o papa poderia ser argentino, mas Deus era brasileiro.
“Bolsonaro não foi ao Vaticano nem para a canonização de Santa Dulce dos Pobres, a primeira santa nascida no Brasil. Acho que ele não teve coragem de olhar nos olhos do papa”, critica Lancellotti.
No auge da pandemia, o padre recebeu ataques enquanto atendia a população de rua. Em outubro de 2020, foi surpreendido com um telefonema do papa, que elogiou sua dedicação aos sem-teto. Mais tarde, no Vaticano, Francisco se referiu a ele como “mensageiro de Deus”.
“Quando reconheci a voz do papa, meu coração disparou”, contou Lancellotti na sexta-feira. Horas antes de conversar com a coluna, ele voltou a receber ameaças. Um homem interrompeu sua missa aos gritos, acusando-o de “sustentar vagabundos”.
A defesa dos mais pobres não é a única explicação para o incômodo com Francisco. O papa também se notabilizou por posições consideradas progressistas em temas como aborto, homossexualidade, divórcio e celibato de sacerdotes. Mesmo sem revisar os dogmas da Igreja, despertou a ira de alas mais conservadoras do catolicismo.
Aos 86 anos, Francisco tem enfrentado problemas de mobilidade, mas não dá sinais de que vá renunciar. Numa entrevista recente, ele avisou que governa com a cabeça, não com os joelhos. “Posso morrer amanhã, mas está tudo sob controle”, brincou. Fonte: https://oglobo.globo.com
Papa Francisco exerceu diplomacia fluida em seus 10 anos à frente da Igreja
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Pontífice causou alguns curtos-circuitos com abordagem mais pessoal de assuntos da geopolítica
Papa Francisco acena para multidão do papamóvel ao chegar a missa em Nairóbi, no Quênia - Thomas Mukoya - 26.nov.15/Reuters
MILÃO (ITÁLIA)
De um lado, um dos pontífices mais comunicativos da Igreja moderna. De outro, uma máquina diplomática que tenta realizar seu trabalho por meio de ações contínuas e cuidadosas. Às vezes, essas duas forças agem juntas no papa Francisco, em nome do objetivo maior de favorecer o diálogo e a busca pela paz. Em outras, apesar de suas boas intenções, resultam em curto-circuitos.
Um desses desencontros aconteceu em torno de um dos temas mais enroscados da geopolítica atual, a Guerra da Ucrânia. Em abril do ano passado, poucas semanas após a invasão do Exército de Vladimir Putin ao país vizinho, o Vaticano convidou para o rito da via-crúcis, na Sexta-Feira Santa, uma mulher ucraniana e outra russa, que seguraram juntas, lado a lado, a cruz em parte do percurso que simboliza o caminho de Jesus à sua crucificação.
A ideia foi levada adiante apesar de queixas públicas nos dias anteriores à celebração, manifestadas tanto pelo embaixador de Kiev junto à Santa Sé, quanto pelo arcebispo da Igreja Greco-Católica Ucraniana, que considerou a cena "inoportuna". Um incidente diplomático que resultou do esforço de equidistância praticado naquele momento pelo papa Francisco.
"Havia um sentimento de perda por parte da Ucrânia, e a escolha do papa pareceu uma reconciliação imposta. E uma reconciliação pode ser um problema para quem está sofrendo uma guerra", comenta Andrea Gagliarducci, vaticanista da rede americana Catholic News Agency e da agência italiana ACI Stampa.
O episódio mostra como a diplomacia do papa Francisco tem sido caracterizada pela fluidez em sua década à frente da Igreja Católica, completada nesta segunda-feira (13). "Ele tem uma abordagem muito pessoal, mais que diplomática. E quando algo se baseia em um relacionamento pessoal, ele muda de acordo com as circunstâncias", afirma.
A diplomacia do papa é fluida também porque esse modo de agir do argentino acontece simultaneamente ao trabalho tradicional, com conversas e visitas calculadas, chefiado pela secretaria de Relações Exteriores do Vaticano, hoje a cargo do britânico Paul Gallagher. "No fim, é preciso entender como essas duas coisas se combinam. Não há uma linha a seguir precisa, a diretriz é o instinto do papa", diz Gagliarducci.
Ao longo dos meses, Francisco foi deixando de lado a equidistância em relação ao conflito, ao condenar com cada vez mais ênfase a guerra "absurda e cruel", ainda que tentando oferecer uma porta aberta a Putin. Em diversas ocasiões, manifestou disposição de viajar a Kiev e a Moscou para atuar como mediador, o que não tem perspectivas para acontecer. O problema, diz Gagliarducci, é que a mediação da Santa Sé não pode ser imposta. "Ela se oferece somente quando solicitada. E, para a Rússia, ainda não é o momento", afirma o vaticanista.
A busca pelo diálogo e a manutenção de pontes, seja entre o Vaticano e outros países, seja entre as próprias nações, é exercida por Francisco também por meio de suas viagens internacionais. Primeiro pontífice nascido fora da Europa depois de 13 séculos, o argentino deslocou o eixo dos destinos papais para países mais distantes de Roma, com especial atenção para Ásia e África.
Das 40 viagens já realizadas, 16 foram dentro do continente europeu, 11 para o asiático, oito para o americano e cinco para o africano. Com média de quatro partidas internacionais por ano –considerando a interrupção de 2020, em razão da pandemia–, ele supera seu antecessor, Bento 16, com três viagens por ano, sendo 17 de 24 para o continente europeu. O ritmo se aproxima, porém, do de João Paulo 2º, que fez 104 viagens, bem distribuídas pelo globo, ao longo de 26 anos de papado.
Pesam questões de saúde na comparação com Bento 16, mas as escolhas do argentino de ir a lugares mais remotos, como Mianmar, onde quase 90% da população é budista, refletem sua ideia de igreja. Mesmo na Europa, nunca foi a grandes católicos como França e Espanha, preferindo Bulgária e Romênia. "O papa é atento àquilo que acontece nas periferias, porque fala de uma 'Igreja em saída'", afirma Matteo Cantori, professor de história das relações entre Estado e Igreja da Universidade Niccolò Cusano, em Roma.
Presente na primeira exortação apostólica de Francisco, em novembro de 2013, a expressão "Igreja em saída" é um dos fundamentos do seu pontificado. Significa uma Igreja de portas abertas para todos, mas também missionária e proativa para ir ao encontro das pessoas, menos voltada para si própria. "Sua diplomacia deu muitos passos à frente. Ela olha para o futuro e não só dentro de determinadas fronteiras. Dá voz para quem não a tem, incluindo não-católicos e não-cristãos", diz Cantori.
Entre os momentos mais marcantes de suas viagens, estão a missa realizada no México, em 2016, na fronteira com os Estados Unidos, ponto simbólico pela imigração, a ida à ilha grega de Lesbos, no mesmo ano, que concentra campos de refugiados, e a recente visita à República Democrática do Congo, onde ouviu vítimas de violência do conflito local que se arrasta por décadas.
Em 2016, foi histórico o encontro, em Cuba, entre o papa e Cirilo, o líder da Igreja Ortodoxa Russa.
Além da Guerra da Ucrânia, restam ao menos dois outros pontos que testam a diplomacia do papa. O relacionamento com a China, com quem a Santa Sé não têm relações formais, ao mesmo tempo em que o Vaticano reconhece Taiwan diplomaticamente.
Foi no papado de Francisco, em 2018, que foi assinado um contestado acordo com Pequim sobre a nomeação de bispos, renovado novamente em outubro. O tratado buscava aliviar uma divisão de longa data entre a igreja oficial, apoiada pelo Estado chinês, e um rebanho clandestino leal ao Vaticano. Foi a primeira vez desde a década de 1950 no país asiático que ambos os lados reconheceram o papa como líder supremo da Igreja Católica.
Mais urgente, porém, é a crise com a Nicarágua, onde religiosos foram presos e instituições ligadas à igreja, como universidade e a Cáritas, foram nos últimos dias banidas pela ditadura de Daniel Ortega. "É uma situação de ataque à igreja muito forte. Ali, o problema é que é impossível o diálogo", diz o vaticanista Gagliarducci. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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