Sexta-feira, 10 de junho-2022. 10ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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1) Oração
Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por sua inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 27-32)
27Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. 28Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração. 29Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado na geena. 30E se tua mão direita é para ti causa de queda, corta-a e lança-a longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo inteiro seja atirado na geena. 31Foi também dito: Todo aquele que rejeitar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. 32Eu, porém, vos digo: todo aquele que rejeita sua mulher, a faz tornar-se adúltera, a não ser que se trate de matrimônio falso; e todo aquele que desposa uma mulher rejeitada comete um adultério.
3) Reflexão - Mt 5, 27-32
No evangelho de ontem, Jesus fez uma releitura do mandamento “Não Matarás” (Mt 5,20-26). No evangelho de hoje, ele faz uma releitura do mandamento “Não cometer adultério”. Jesus relê a lei a partir da intenção que Deus tinha ao proclama-la, séculos atrás, no Monte Sinai. Ele procura o Espírito da Lei e não se fecha dentro da letra. Ele retoma e defende os grandes valores da vida humana que estão por de trás de cada um dos Dez Mandamentos. Ele insiste no amor, na fidelidade, na misericórdia, na justiça, na veracidade, na humanidade (Mt 9,13; 12,7; 23,23; Mt 5,10; 5,20; Lc 11,42; 18,9). O resultado da observância plena da Lei de Deus é a humanização perfeita da vida. A observância da Lei humaniza a pessoa. Em Jesus aparece aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus tomar conta da sua vida. O objetivo último é unir os dois amores, a construção da fraternidade em defesa da vida. Quanto maior a fraternidade, tanto maior será a plenitude da vida e maior a adoração das criaturas todas ao Deus Criador e Salvador.
No evangelho de hoje, Jesus olha de perto o relacionamento mulher e homem no casamento, a base fundamental da convivência em família. Havia um mandamento que dizia: “Não cometer adultério”, e um outro que dizia: “Quem se divorciar da sua mulher lhe dê uma certidão de divórcio”. Jesus retoma os dois e lhes dá um novo sentido.
Mateus 5,27-28: Não cometer adultério
O que pede de nós este mandamento? A resposta antiga era esta: o homem não pode dormir com a mulher do outro. É o que exigia a letra do mandamento. Mas Jesus vai além da letra e diz: “Eu, porém, lhes digo: todo aquele que olha para uma mulher e deseja possuí-la, já cometeu adultério com ela no coração”. O objetivo do mandamento é a fidelidade mútua entre o homem e a mulher que assumiram viver juntos como casados. E esta fidelidade só será completa, se os dois souberam manter a fidelidade mútua até no pensamento e no desejo e se souberem chegar a uma total transparência entre si.
Mateus 5,29-30: Arrancar o olho e cortar a mão
Para ilustrar o que acaba de dizer Jesus traz uma palavra forte que ele usou também em outra ocasião quando tratava do escândalo aos pequenos (Mt 18,9 e Mc 9,47). Ele diz: “Se o olho direito leva você a pecar, arranque-o e jogue-o fora! É melhor perder um membro, do que o seu corpo todo ser jogado no inferno”. E ele afirma o mesmo a respeito da mão. Estas afirmações não podem ser tomadas ao pé da letra. Elas indicam a radicalidade e a seriedade com que Jesus insiste na observância deste mandamento.
Mateus 5,31-32: A questão do divórcio
Ao homem era permitido dar uma certidão de divórcio para a mulher. Jesus dirá no Sermão da Comunidade que Moisés o permitiu por causa da dureza do coração do povo (Mt 19,8). “Eu, porém, lhes digo: todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada, comete adultério". Muita discussão já foi feita em torno deste assunto. Baseando-se nesta afirmação de Jesus, a igreja oriental permite o divórcio no caso de “fornicação”, isto é, de infidelidade. Outros dizem que, aqui, a palavra fornicação traduz um termo aramaico ou hebraico zenuth que indicava um casamento dentro de um grau parentesco proibido. Não seria um casamento válido.
Qualquer que seja a interpretação correta desta palavra, o que importa é ver o objetivo e o sentido geral das afirmações de Jesus na nova leitura que ele faz dos Dez Mandamentos. Jesus aponta um ideal que deve estar sempre diante dos meus olhos. O ideal último é este: “ser perfeito como o pai de céu é perfeito” (Mt 5,48). Este ideal vale para todos os mandamentos revistos por Jesus. Na releitura do mandamento “Não cometer adultério“, este ideal se traduz na total e radical transparência e honestidade entre marido e mulher. Ninguém nunca vai poder dizer: “Sou perfeito como o Pai do céu é perfeito”. Estaremos sempre abaixo da medida. Nunca vamos poder merecer o prêmio pela nossa observância que sempre será abaixo da medida. O que importa é manter-se na caminhada, manter o ideal diante dos olhos, sempre! Mas ao mesmo tempo, como Jesus, devemos saber aceitar as pessoas com a mesma misericórdia com que ele aceitava as pessoas e as orientava para o ideal. Por isso, certas exigências jurídicas da igreja hoje, como por exemplo, não permitir a comunhão a pessoas que vivem em segundas núpcias, parecem mais com os fariseus do que com a atitude de Jesus. Ninguém aplica ao pé da letra a explicação do mandamento “Não Matar”, onde Jesus diz que todo aquele que chama seu irmão de idiota merece o inferno (Mt 5,22). Pois neste caso, todos já teríamos viagem garantida até lá e ninguém se salvaria. Por que a doutrina nossa usa medidas diferentes no caso do quinto e do nono mandamento?
4) Para um confronto pessoal
1) Você consegue viver a total honestidade e transparência com as pessoas do outro sexo?
2) Como entender a exigência “ser perfeito como o Pai celeste é perfeito”?
5) Oração final
A vossa face, ó Senhor, eu a procuro. Não escondais de mim vosso semblante, não afasteis com ira o vosso servo. Vós sois o meu amparo, não me rejeiteis. Nem me abandoneis, ó Deus, meu Salvador. (Sl 26, 8-9)
Quinta-feira, 9 de junho-2022. 10ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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1) Oração
Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por sua inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 20-26)
20Digo-vos, pois, se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos céus. 21Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás, mas quem matar será castigado pelo juízo do tribunal. 22Mas eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes. Aquele que disser a seu irmão: Raca, será castigado pelo Grande Conselho. Aquele que lhe disser: Louco, será condenado ao fogo da geena. 23Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta. 25Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. 26Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo.
3) Reflexão – Mt 5, 20-26
O texto do evangelho de hoje está dentro da unidade maior de Mt 5,20 até Mt 5,48. Nela Mateus mostra como Jesus interpretava e explicava a Lei de Deus. Por cinco vezes ele repetiu a frase: "Antigamente foi dito, eu, porém, lhes digo!" (Mt 5,21.27.33.38.43). Na opinião de alguns fariseus, Jesus estava acabando com a lei. Mas era exatamente o contrário. Ele dizia: “Não pensem que vim acabar com a Lei e os Profetas. Não vim acabar, mas sim dar-lhes pleno cumprimento (Mt 5,17). Frente à Lei de Moisés, Jesus tem uma atitude de ruptura e de continuidade. Ele rompe com as interpretações erradas que se fechavam na prisão da letra, mas reafirma categoricamente o objetivo último da lei: alcançar a justiça maior que é o Amor.
Nas comunidades para as quais Mateus escreve o seu Evangelho havia opiniões diferentes frente à Lei de Moisés. Para alguns, ela não tinha mais sentido. Para outros, ela devia ser observada até nos mínimos detalhes. Por isso, havia muitos conflitos e brigas. Uns chamavam os outros de imbecil e de idiota. Mateus tenta ajudar os dois grupos a entender melhor o verdadeiro sentido da Lei e traz alguns conselhos de Jesus para ajudar a enfrentar e superar os conflitos que surgem dentro da família e dentro da comunidade.
Mateus 5,20: A justiça de vocês deve ser maior que a justiça dos fariseus.
Este primeiro versículo dá a chave geral de tudo que segue no conjunto de Mt 5,20-48. O evangelista vai mostrar às comunidades como elas devem praticar a justiça maior que supera a justiça dos escribas e dos fariseus e que levará à observância plena da lei. Em seguida, depois desta chave geral sobre a justiça maior, Mateus traz cinco exemplos bem concretos de como praticar a Lei de tal maneira que a sua observância leve à prática perfeita do amor. No primeiro exemplo do evangelho de hoje, Jesus revela o que Deus queria quando entregou a Moisés o quinto mandamento “Não Matarás!”.
Mateus 5,21-22: Não Matar
“Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: Não mate! Quem matar será condenado pelo tribunal" (Ex 20,13) Para observar plenamente este quinto mandamento não basta evitar o assassinato. É preciso arrancar de dentro de si tudo aquilo que, de uma ou de outra maneira, possa levar ao assassinato, como por exemplo, raiva, ódio, xingamento, desejo de vingança, exploração, etc. “Todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal”. Ou seja, quem fica com raiva do irmão já merece o mesmo castigo de condenação pelo tribunal que, na antiga lei, era reservado para o assassino! E Jesus vai mais longe ainda. Ele quer arrancar a raiz do assassinato: Quem diz ao seu irmão: 'imbecil', se torna réu perante o Sinédrio; e quem chama o irmão de 'idiota', merece o fogo do inferno. Com outras palavras, eu só observei plenamente o mandamento Não Matar se consegui tirar de dentro do meu coração qualquer sentimento de raiva que leva a insultar o irmão. Ou seja, se cheguei à perfeição do amor.
Mateus 5,23-24: O culto perfeito que Deus quer
“Portanto, se você for até o altar para levar a sua oferta, e aí se lembrar de que o seu irmão tem alguma coisa contra você, deixe a oferta aí diante do altar, e vá primeiro fazer as pazes com seu irmão; depois, volte para apresentar a oferta”. Para poder ser aceito por Deus e estar unido a ele, é preciso estar reconciliado com o irmão, com a irmã. Antes da destruição do Templo do ano 70, quando os cristãos ainda participavam das romarias a Jerusalém para fazer suas ofertas no altar do Templo, eles sempre se lembravam desta frase de Jesus. Agora, nos anos 80, no momento em que Mateus escreve, o Templo e o Altar já não existiam. A própria comunidade passou ser o Templo e o Altar de Deus (1Cor 3,16).
Mateus 5,25-26: Reconciliar
Um dos pontos em que o Evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação, pois nas comunidades daquela época, havia muitas tensões entre grupos radicais com tendências diferentes, sem diálogo. Ninguém queria ceder diante do outro. Mateus ilumina esta situação com palavras de Jesus sobre a reconciliação que pedem acolhimento e compreensão. Pois o único pecado que Deus não consegue perdoar é a nossa falta de perdão aos outros (Mt 6,14). Por isso, procure a reconciliação, antes que seja tarde demais!
O ideal da justiça maior
Por cinco vezes, Jesus cita um mandamento ou um costume da lei antiga: Não matar (Mt 5,21), Não cometer adultério (Mt 5,27), Não jurar falso (Mt 5,33), Olho por olho, dente por dente (Mt 5,38), Amar o próximo e odiar o inimigo (Mt 5,43). E por cinco vezes, ele critica a maneira antiga de observar estes mandamentos e aponta um caminho novo para atingir a justiça, o objetivo da lei (Mt 5,22-26; 5, 28-32; 5,34-37; 5,39-42; 5,44-48). A palavra Justiça aparece sete vezes no Evangelho de Mateus (Mt 3,15; 5,6.10.20; 6,1.33; 21,32). O ideal religioso dos judeus da época era "ser justo diante de Deus". Os fariseus ensinavam: "A pessoa alcança a justiça diante de Deus quando chega a observar todas as normas da lei em todos os seus detalhes!" Este ensinamento gerava uma opressão legalista e trazia muitas angústias para as pessoas de boa vontade, pois era muito difícil alguém observar todas as normas (Rom 7,21-24). Por isso, Mateus recolhe palavras de Jesus sobre a justiça mostrando que ela deve ultrapassar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). Para Jesus, a justiça não vem daquilo que eu faço para Deus observando a lei, mas sim vem do que Deus faz por mim, me acolhendo com amor como filho ou filha. O novo ideal que Jesus propõe é este: "Ser perfeito com o Pai do céu é perfeito!" (Mt 5,48). Isto quer dizer: eu serei justo diante de Deus, quando procuro acolher e perdoar as pessoas da mesma maneira como Deus me acolhe e me perdoa gratuitamente, apesar dos meus muitos defeitos e pecados.
4) Para um confronto pessoal
1) Quais os conflitos mais freqüentes na nossa família? E na nossa comunidade? É fácil a reconciliação na família e na comunidade? Sim ou não? Por que?
2) De que maneira os conselhos de Jesus podem ajudar a melhorar o relacionamento dentro da nossa família e da comunidade?
5) Oração final
Visitastes a terra e a regastes, cumulando-a de fertilidade. De água encheu-se a divina fonte e fizestes germinar o trigo. (Sl 64, 10)
Terça-feira, 7 de junho-2022. 10ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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1) Oração
Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por sua inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5,13-16)
13Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens. 14Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha 15nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. 16Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.
3) Reflexão - Mt 5,13-16
Ontem, meditando as oito bem-aventuranças, passamos pelo portão de entrada do Sermão da Montanha (Mt 5,1-12). No evangelho de hoje recebemos uma importante instrução sobre a missão da Comunidade. Ela deve ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-16). Sal não existe para si, mas para dar sabor à comida. Luz não existe para si, mas para iluminar o caminho. A comunidade não existe para si, mas para servir ao povo. Na época em que Mateus escrevia o seu evangelho, esta missão estava sendo difícil para as comunidades dos judeus convertidas. Apesar de viverem na observância fiel da lei de Moisés, elas estavam sendo expulsas das sinagogas, cortadas do seu passado judeu. Enquanto isso, entre os pagãos convertidos alguns diziam: “Depois que Jesus veio, a Lei de Moisés está superada”. Tudo isto era causa de tensões e incertezas. A abertura de uns parecia criticar a observância dos outros, e vice-versa. Este conflito gerou uma crise que levou cada um a se fechar na sua própria posição. Uns querendo avançar, outros querendo colocar a luz debaixo da mesa. Muitos se perguntavam: "Afinal, qual a nossa missão?" Lembrando e atualizando as palavras de Jesus, o Evangelho de Mateus procura ajudá-los:
Mateus 5,13-16: Sal da terra.
Usando imagens do quotidiano, com palavras simples e diretas, Jesus faz saber qual a missão e a razão de ser de uma comunidade cristã: ser sal. Naquele tempo, com o calor que fazia, o povo e os animais precisavam de consumir muito sal. O sal, entregue pelo fornecedor em grandes blocos colocados em praça pública, ia sendo consumido pelo povo. No fim, aquilo que sobrava ficava espalhado como poeira no chão, tinha perdido o gosto. “Não serve para mais nada; serve só para ser jogado fora e ser pisado pelos homens”. Jesus evoca este costume para esclarecer os discípulos e as discípulas sobre a missão que devem realizar.
Mateus 5,14-16: Luz do mundo.
A comparação é obvia. Ninguém acende uma vela para colocá-la debaixo de um caixote. Uma cidade situada em cima de um morro não consegue ficar escondida. A comunidade deve ser luz, deve iluminar. Não deve ter medo que apareça o bem que faz. Não o faz para aparecer, mas o que faz pode aparecer. Sal não existe para si. Luz não existe para si! Assim deve ser a comunidade: ela não pode fechar-se sobre si mesma. “Que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu."
Mateus 5,17-19: Nenhuma vírgula da lei vai cair.
Entre os judeus convertidos havia duas tendências. Uns achavam que já não era necessário observar as leis do AT, pois é pela fé em Jesus que somos salvos e não pela observância da Lei (Rm 3,21-26). Outros achavam que eles, sendo judeus, deviam continuar observando as leis do AT (At 15,1-2). Em cada uma das duas tendências havia grupos mais radicais. Diante deste conflito, Mateus procura um equilíbrio para além dos dois extremos. A comunidade deve ser o espaço, onde este equilíbrio possa ser alcançado e vivido. A resposta dada por Jesus aos que o criticavam continuava bem atual: “Não vim abolir a lei, mas dar-lhe pleno cumprimento!”. As comunidades não podem ser contra a Lei, nem podem fechar-se dentro da observância da lei. Como Jesus, devem dar um passo e mostrar, na prática, que o objetivo que a lei quer alcançar na vida é a prática perfeita do amor.
As várias tendências nas primeiras comunidades cristãs. O plano de salvação tem três etapas unidas entre si pelo chão da vida: 1) O Antigo Testamento: a caminhada do povo hebreu, orientada pela Lei de Deus. 2) A vida de Jesus de Nazaré: ele renova a Lei de Moisés a partir da sua experiência de Deus como Pai/Mãe. 3) A vida das Comunidades: através do Espírito de Jesus, elas procuram viver a vida como Jesus a viveu. A unidade destas três etapas gera a certeza de fé de que Deus está no meio de nós. As tentativas de quebrar ou de enfraquecer a unidade deste plano de salvação geravam os vários grupos e tendências nas comunidades:
- Os fariseus não reconheciam Jesus como Messias e aceitavam só o AT. Dentro das comunidades havia gente simpatizante com a linha dos fariseus (At 15,5)
- Alguns judeus convertidos aceitavam Jesus como Messias, mas não aceitavam a liberdade do Espírito com que as comunidades viviam a presença de Jesus ressuscitado. (At 15,1).
- Outros, tanto judeus como pagãos convertidos, achavam que com Jesus tinha chegado o fim do AT. Daqui para a frente, só Jesus e a vida no Espírito.
- Havia ainda cristãos que viviam tão plenamente a vida na liberdade do Espírito, que já não olhavam mais para a vida de Jesus de Nazaré nem para o Antigo Testamento (1Cor 12,3).
- Ora, a grande preocupação do Evangelho de Mateus é mostrar que o AT, Jesus de Nazaré e a vida no Espírito não podem ser separados. Os três fazem parte do mesmo e único projeto de Deus e nos comunicam a certeza central da fé: o Deus de Abraão e Sara está presente no meio das comunidades pela fé em Jesus de Nazaré.
4) Para um confronto pessoal
- Para você, na sua experiência de vida, para que serve o sal? Sua comunidade está sendo sal? Para você, o que significa a luz na sua vida? De que maneira sua comunidade está sendo Luz?
- Como as pessoas do bairro vêem a sua comunidade? Sua comunidade exerce alguma atração? É sinal? Sinal de que? Para quem?
5) Oração final
Quando vos invoco, respondei-me, ó Deus de minha justiça, vós que na hora da angústia me reconfortastes. Tende piedade de mim e ouvi minha oração. (Sl 4, 2)
Massacre em uma igreja católica na Nigéria, a dor do Papa
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Massacre em uma igreja católica na Nigéria, a dor do Papa
Homens armados invadiram a Igreja de São Francisco Xavier em Owo, Estado de Ondo, atirando contra os fiéis que estavam celebrando a Solenidade de Pentecostes. Muitas as vítimas, incluindo várias crianças. Francisco expressa a sua proximidade às famílias dos mortos e dos feridos. Presidente Buhari: "O país nunca se renderá ao mal".
Salvatore Cernuzio, Silvonei José – Vatican News
Pentecostes sangrento na Nigéria, onde homens armados com fujis atiraram contra fiéis dentro de uma igreja católica no Sudoeste do país, causando a morte de várias pessoas, incluindo muitas crianças, que estavam celebrando a Solenidade. De acordo com uma reconstrução inicial, o comando teria usado explosivos. O ataque teve lugar na Igreja de São Francisco Xavier em Owo, Estado de Ondo, até então um dos mais pacíficos.
As condolências do Papa
À dor geral, "enquanto os detalhes do incidente estão sendo esclarecidos", se uniu também o Papa, como foi informado pelo Sala de Imprensa da Santa Sé. "O Papa Francisco reza pelas vítimas e pelo país, dolorosamente atingido num momento de festa, e confia ambos ao Senhor, para que envie o Seu Espírito para que os console", refere o porta-voz Matteo Bruni.
Mais de 40 vítimas, temor pelos feridos
De acordo com fontes locais, as vítimas seriam mais de quarenta. O medo agora é pelos sobreviventes que, embora imediatamente socorridos e transportados para o hospital, correm o risco de não sobreviverem devido aos ferimentos sofridos, considerando também a escassez de meios sanitários. Os médicos locais, citados por agências internacionais, relatam que muitos chegaram ao hospital já sem vida. Os apelos à doação de sangue também circulam nestas horas, especialmente através das redes sociais.
O bispo apela à calma
No choque geral, o temor é "que haja muitos mais mortos, muitos mais feridos, e que a Igreja tenha sido violada", disse o padre Augustine Ikwu, diretor das comunicações sociais da diocese, numa declaração, negando as notícias que circularam nos primeiros minutos do sequestro de alguns fiéis, incluindo o pároco. Os padres estão a salvo", explicou, "e o bispo da diocese também está com eles neste momento difícil". É precisamente o bispo que pede neste momento de terror "para manter a calma, respeitar a lei, e de rezar pelo retorno da paz e da normalidade" na comunidade e em todo o país.
Em oração pelas vítimas e pelas famílias
"A identidade dos agressores permanece desconhecida, enquanto a situação deixou a comunidade devastada. No entanto, por enquanto, agentes de segurança foram destacados por toda a comunidade para administrar a situação", informa ainda o padre Ikwu. Invoca, então "a intervenção de Deus" para restaurar "a paz e a tranquilidade" no país. "Dirigimo-nos a Deus para consolar as famílias daqueles que perderam a vida neste ataque angustiante e rezamos para que as almas falecidas descansem em paz".
A condenação do presidente
Entretanto, condenação ao ataque chegou da parte do presidente nigeriano Muhammadu Buhari. Numa declaração emitida pelo seu porta-voz, Femi Adesina, Buhari afirma que espera que os agressores sofram uma dor eterna tanto na terra como após a morte. Expressando condolências às famílias das vítimas e à Igreja Católica, o chefe de Estado deu instruções às agências de emergência para entrarem em ação e prestarem socorro aos feridos. "Este país", lê-se na declaração do presidente, "nunca se renderá ao mal e aos ímpios, e as trevas nunca vencerão a luz". Fonte: https://www.vaticannews.va
Padre é afastado pela Arquidiocese de Natal após confessar relacionamento em áudio vazado
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O caso aconteceu há cerca de 10 anos e ganhou as redes sociais nesta sexta-feira (3). O assunto chegou a ficar entre mais comentados do Twitter.
A Arquidiocese de Natal afastou nesta sexta-feira (3) um padre das funções ministeriais após o vazamento de um áudio no qual o sacerdote confessou ter vivido um relacionamento com um homem.
O relacionamento aconteceu há cerca de 10 anos e o áudio foi gravado em 2019, se tornando público nesta sexta — o que culminou com o afastamento do sacerdote. O assunto chegou a ser um dos mais comentados do Twiter.
Na época do acontecimento, o homem era noivo e o padre com o qual se envolveu celebrou o casamento dele com a esposa pouco tempo depois. Anos mais tarde, ela descobriu o caso e confrontou os dois, gravando o áudio no qual o padre confessa a relação.
Em nota, a Arquidiocese informou que o Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, determinou o afastamento para que sejam "apurados os fatos e tomadas as devidas providências". Avisou também que só ficou ciente da situação após o vazamento do áudio.
"Também determinou que fosse aberta uma investigação prévia, conforme prescreve o Direito Canônico, para que sejam averiguadas as possíveis responsabilidades", explicou a nota.
Na gravação, a mulher diz que o caso entre os dois ocorreu entre 2010 e 2012 — antes do matrimônio.
O padre era presidente do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano, função em que julgava denúncias contra outros padres e processos de nulidade de casamentos, por exemplo.
História ganha as redes sociais
Como mencionado acima, o áudio vazado nas redes sociais foi gravado pela esposa do homem que se envolveu com o padre. A gravação mostra o padre confessando o relacionamento na frente do casal. A história chegou a ficar entre aos assuntos mais comentados do Twitter.
Em um dos trechos da publicação, o sacerdote diz que o caso com o rapaz se tratou de uma "fraqueza grande" e que "se arrependeu muito".
A mulher questiona o fato dele, mesmo tendo tido um relacionamento com o noivo dela na época, ter aceitado celebrar o casamento. O padre responde que tinha um carinho pelo casal, o que é negado pela mulher.
O padre ainda comenta que depois desse caso nunca mais teve nenhum relacionamento. Fonte: https://g1.globo.com
PENTECOSTES: O SOPRO DIVINO
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Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)
O Pentecostes é celebrado cinquenta dias depois da Páscoa. Essa festa cristã tem origem na liturgia dos judeus que celebravam a festa das colheitas. Era também chamada festa das semanas, pois acontecia sete semanas depois da Páscoa. Os judeus comemoravam neste dia a entrega da Lei a Moisés no Monte Sinai, quando Deus fez uma Aliança com o Povo de Israel. Desde a criação, sua presença é atuante na obra de Deus. Na tradição israelita, o espírito de Deus é chamado de ruah, o vento ou sopro de Deus, o hálito de vida.
Para os cristãos, a festa recorda o dia em que povos diversos acolheram a mensagem de Cristo e se tornaram seus discípulos. São Lucas, ao escrever o livro de Atos dos Apóstolos, menciona a descida do Espírito Santo para expressar que o próprio Espírito passa a conduzir aqueles que aderiram aos ensinamentos de Cristo Ressuscitado.
Após a vinda do Espírito Santo em Pentecostes, o livro dos Atos dos Apóstolos narra que seus discípulos ficaram repletos do Espírito e começaram a falar em outras línguas. Lucas vê nesse evento a restauração da unidade perdida em Babel, símbolo da missão universal dos apóstolos. O dom principal do Espírito é possibilitar que o Evangelho de Jesus seja compreendido por todos, cada um em seu idioma. Seu anúncio não fica restrito a um único povo, mas é destinado a todas as culturas, povos e línguas da Terra. O Espírito faz com que cada povo perceba que a Palavra de Deus é salvação e vida em plenitude.
Crer no Espírito Santo é crer na terceira Pessoa da Santíssima Trindade que participa da mesma divindade do Pai e do Filho. Ele não é inferior em relação às duas Pessoas da Trindade, e igualmente é adorado e glorificado com o Pai e o Filho.
O Espírito acompanha toda a vida de Jesus de Nazaré, e é enviado aos seus discípulos em Pentecostes, quando estão reunidos no Cenáculo. Ele está no início da Igreja e a acompanhará até ao fim dos tempos, onde acontecerá a consumação de toda a criação.
A sua atuação na Igreja realiza os mesmos acontecimentos de salvação, ajuda e consolo que Jesus fez em sua vida: o dom de curar os doentes, perdoar os pecados, abençoar as pessoas. O Espírito Santo dá vida à Igreja, anima as iniciativas de evangelização e as ações de fazer o bem às pessoas. Sem o Espírito, a liturgia da Igreja seria apenas um ritualismo, sem nenhum sentido e sem valor de salvação. Nossa oração não passaria de um palavreado dito a ninguém, apenas uma forma de pensamento.
O Espírito não faz Jesus ser apenas um nome a ser lembrado. Ele faz Jesus ser uma presença real na vida da comunidade cristã. Sem Ele, Jesus teria ficado apenas como um bom exemplo do passado sem atualizar o “hoje” de sua salvação para todos os momentos da história. O Espírito Santo foi o último a ser revelado das três divinas pessoas, mas é o primeiro que desperta a fé nas pessoas e as conduz ao encontro com Jesus e o Pai. É na força do Espírito Santo que podemos reconhecer que Jesus é o Senhor e Salvador. Fonte: https://www.cnbb.org.br
ACENDEI EM NÓS O FOGO DO AMOR!
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Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)
A solenidade de Pentecostes faz reviver os ensinamentos fundamentais de Jesus Cristo e, segundo Lucas (Atos dos Apóstolos 2,1-11), o nascimento da Igreja. A presente reflexão refletirá somente dois pontos: a unidade na universalidade e o fogo do amor.
A narração do Pentecostes no livro de Atos dos Apóstolos apresenta um novo caminho da obra de Deus que envolve o homem, a história e o cosmos. O ponto de partida é o mistério pascal. Depois da ascensão de Jesus ao céu, emana de Deus Pai e de Jesus Cristo o Espírito Santo, uma nova energia que produz um efeito novo. A família humana está marcada por conflitos, divisões, competições. O novo efeito da obra de Deus é a unidade na comunidade humana, mesmo que ela fale línguas diferentes, seja composta de diversas raças ou organizada em diversos Estados nacionais.
A Igreja que surge de Pentecostes se torna no mundo um sinal de unidade. Naquele acontecimento extraordinário encontramos as notas fundamentais e qualificadoras da Igreja. A Igreja é una como a comunidade de Pentecostes que estava unida em oração e “tinha um coração e uma só alma” (Atos 4,32). A Igreja é santa, não por seus méritos, mas porque animada pelo Espírito Santo que a faz manter os olhos fixos em Jesus Cristo. É católica porque o Evangelho se destina a todos os povos e por isso fala diversas línguas. A Igreja é apostólica por estar fundamentada nos Apóstolos que conservam fielmente os ensinamentos.
Um critério prático de discernimento para a comunidade cristã, se ela vive no Espírito Santo, é se conserva a unidade. Quando uma pessoa ou um grupo se fecha no seu modo de pensar e de agir é um sinal de afastamento da unidade e de uma vida sem o Espírito de Deus. A unidade criada pelo Espírito Santo não é uma espécie de igualitarismo. Pelo contrário, Pentecostes fala línguas diferentes, mas compreendida por todos. “A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum” (1 Coríntios 12,7).
Outra sugestão concreta que o livro de Atos nos oferece é da universalidade da Igreja. A citação dos destinatários da primeira pregação dos Apóstolos em Pentecostes aponta nesta direção. Lucas elenca povos da Ásia, do noroeste da África e acrescenta outros três elementos: o mundo ocidental ao citar os “romanos”; os “judeus e prosélitos”, incluindo de modo novo a unidade de Israel e o mundo, e enfim “cretenses e árabes”, que representam ocidente e oriente, ilhas e terra firme. Esta abertura de horizontes confirma a novidade de Cristo na dimensão do espaço humano, da história e das gentes. Muros e barreiras devem dar lugar a pontes.
O Espírito Santo em Pentecostes se manifesta na forma de fogo. A chama descida sobre os Apóstolos acendeu neles o fogo do amor de Cristo, um novo ardor por Deus e os fez saírem de si mesmos, das fronteiras culturais e étnicas para anunciarem o Evangelho que lhes fora confiado ao mundo. Agora, o seu pequeno mundo ganhou dimensões cósmicas. O fogo que os iluminou e aqueceu, eles o levaram pelo mundo afora, tornando-se colaboradores de Deus para renovar a face da terra. Levaram um fogo muito diferente do fogo oriundo das guerras e das bombas que incendeia para matar e destruir. O fogo de Deus, o fogo do Espírito Santo, é aquele experimentando por Moisés na sarça ardente, que ardia sem consumir a sarça (cf. Êxodo, 3,2). A chama de Deus arde sem destruir, pelo contrário faz aparecer a parte mais verdadeira e melhor do homem. Queima o que é sem valor, supérfluo e faz brilhar e evidenciar o essencial da vida humana e cristã.
“Vinde, Espírito Santo! Enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Arquidiocese de Natal afasta padre após suposto envolvimento em escândalo sexual
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A Arquidiocese de Natal afastou o padre Júlio Cezar Souza Cavalcante, após repercussão de um suposto envolvimento em escândalo sexual. A decisão foi confirmada através de nota da assessoria de imprensa da instituição. O caso em questão viralizou nas redes sociais após vazamento de áudio nesta sexta-feira (3) e vai ser apurado pela igreja.
O afastamento foi determinado pelo Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha. O padre está afastado de todas as funções ministeriais que exercia na Paróquia de Nossa Senhora de Candelária, em Natal, até que o fato seja apurado e as devidas providências sejam tomadas, de acordo com a arquidiocese.
A Arquidiocese de Natal também determinou que fosse aberta uma investigação prévia, conforme prescreve o Direito Canônico, para que sejam averiguadas as possíveis responsabilidades do sacerdote.
A reportagem tentou contato por telefone com a Paróquia de Nossa Senhora de Candelária, para ouvir o posicionamento do sacerdote, mas não foi atendida até a publicação do texto.
Repercussão
O suposto envolvimento em escândalo sexual ganhou repercussão nesta sexta-feira (3) depois que um áudio foi vazado na internet. O conteúdo mostra a conversa entre o padre e um casal, do qual o marido teria se envolvido em relações sexuais com o sacerdote. Fonte: http://www.tribunadonorte.com.br
NOTA OFICIAL DA ARQUIDIOCESE DE NATAL
Tendo tomado conhecimento dos fatos que vieram à tona envolvendo o Pe. Júlio Cezar Souza Cavalcante, o Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, determinou o afastamento do referido sacerdote de todas as suas funções ministeriais exercidas na Arquidiocese de Natal, a fim de que possam ser apurados os fatos e tomadas as devidas providências. Também determinou que fosse aberta uma investigação prévia, conforme prescreve o Direito Canônico, para que sejam averiguadas as possíveis responsabilidades.
Rogamos ao Bom Deus que tudo seja esclarecido e, para o bem do povo de Deus, possa reinar a paz nos corações.
ASSESSORIA DE IMPRENSA DA ARQUIDIOCESE DE NATAL. Fonte: https://www.arquidiocesedenatal.org.br
Quinta-feira, 2 de junho-2022. 7ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Nós vos pedimos, ó Deus, que o vosso Espírito nos transforme com a força dos seus dons, dando-nos um coração capaz de agradar-vos e de aceitar a vossa vontade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Jo 17,20-26)
20Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim. 21Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste. 22Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um: 23eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim. 24Pai, quero que, onde eu estou, estejam comigo aqueles que me deste, para que vejam a minha glória que me concedeste, porque me amaste antes da criação do mundo. 25Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes sabem que tu me enviaste. 26Manifestei-lhes o teu nome, e ainda hei de lho manifestar, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles.
3) Reflexão - Jo 17,20-26
O Evangelho de hoje traz a terceira e última parte da Oração Sacerdotal, na qual Jesus olha para o futuro e manifesta o seu grande desejo pela unidade entre nós, seus discípulos, e pela permanência de todos no amor que unifica, pois sem amor e sem unidade não merecemos credibilidade.
João 17,20-23: Para que o mundo creia que tu me enviaste
Jesus alarga o horizonte e reza ao Pai: Eu não te peço só por estes, mas também por aqueles que vão acreditar em mim por causa da palavra deles, para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. E para que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo acredite que tu me enviaste. Aqui transparece a grande preocupação de Jesus pela união que deve existir nas comunidades. Unidade não significa uniformidade, mas sim permanecer no amor, apesar de todas as tensões e conflitos. Amor que unifica a ponto de criar entre todos uma profunda unidade, como aquela que existe entre Jesus e o Pai. A unidade no amor revelada na Trindade é o modelo para as comunidades. Por isso, é através do amor entre as pessoas que as comunidades revelam ao mundo a mensagem mais profunda de Jesus. Como o povo dizia dos primeiros cristãos: “Veja como eles se amam!” É trágica a atual divisão entre as três religiões nascidas a partir de Abraão: judeus, cristãos e muçulmanos. Mais trágica ainda é a divisão entre nós cristãos que dizemos crer em Jesus. Divididos não merecemos credibilidade. O ecumenismo está no centro da última prece de Jesus ao Pai. É o seu Testamento. Ser cristão e não ser ecumênico é um contra-senso. Contradiz a última vontade de Jesus.
João 17,24-26: Que o amor com que me amaste esteja neles
Jesus não quer ficar só. Ele diz: Pai, aqueles que tu me deste, eu quero que eles estejam comigo onde eu estiver, para que eles contemplem a minha glória que tu me deste, pois me amaste antes da criação do mundo. A felicidade de Jesus é que todos nós estejamos com ele. Ele quer que os discípulos e as discípulas tenham a mesma experiência que ele mesmo teve do Pai. Quer que conheçam o Pai como ele o conheceu. Na Bíblia, a palavra conhecer não se reduz a um conhecimento teórico racional, mas implica experimentar a presença de Deus na convivência amorosa com as pessoas na comunidade.
Que sejam um como nós! (Unidade e Trindade no evangelho de João)
O evangelho de João nos ajuda muito na compreensão do mistério da Trindade, a comunhão entre as três pessoas divinas: o Pai, o Filho e o Espírito. Dos quatro evangelhos, João é o que mais acentua a profunda unidade entre o Pai e o Filho. Vemos pelo texto do evangelho (Jo 17,6-8) que a missão do Filho é a suprema manifestação do amor do Pai. É esta unidade entre Pai e Filho que faz Jesus proclamar: Eu e o Pai somos um (Jo 10,30). Entre ele e o Pai existe uma unidade tão intensa que quem vê o rosto de um vê também o do outro. É cumprindo esta missão de unidade recebida do Pai, que Jesus revela o Espírito. O Espírito da Verdade vem de junto do Pai (Jo 15,26). A pedido do Filho (Jo 14,16), o Pai o envia a cada um de nós para que permaneça conosco, nos animando e nos fortalecendo. O Espírito também nos vem do Filho (Jo 16,7-8). Assim, o Espírito da Verdade, que caminha conosco, é a comunicação da profunda unidade que existe entre o Pai e o Filho (Jo 15,26-27). O Espírito não pode comunicar outra verdade que não seja a Verdade do Filho. Tudo o que se relaciona com o mistério do Filho, o Espírito nos faz conhecer (Jo 16,13-14). Esta experiência da unidade em Deus foi muito forte nas comunidades do Discípulo Amado. O amor que une as pessoas divinas Pai e Filho e Espírito nos permite experimentar Deus através da união com as pessoas numa comunidade de amor. Assim também era a proposta da comunidade, onde o amor deveria ser o sinal da presença de Deus no meio da comunidade (Jo 13,34-35). E este amor constrói a unidade dentro da comunidade (Jo 17,21). Eles olhavam para a unidade em Deus para poder entender a unidade entre eles.
4) Para confronto pessoal
1) Dizia o bispo Dom Pedro Casaldáliga: “A Trindade ainda é a melhor comunidade”. Na comunidade da qual você faz parte, você percebe algum reflexo humano da Trindade Divina?
2) Ecumenismo. Sou ecumênico?
5) Oração final
Vós me ensinareis o caminho da vida, há abundância de alegria junto de vós, e delícias eternas à vossa direita (Sl 15, 11).
Padre revela detalhes de investigação que culminou em denúncia de trabalho escravo contra Volkswagen.
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Ministério Público do Trabalho convocou audiência com a empresa para o próximo dia 14
Por Lucas Altino
Antigos trabalhadores entrevistados pela equipe do Ministério Público do Trabalho, no Sul do Pará — Foto: Divulgação MPT
No final da década de 1970, o padre Ricardo Rezende, então coordenador da Comissão Pastoral da Região do Araguaia e Tocantins, ouvia falar, pela primeira vez, de ocorrência de trabalho escravo na chamada Fazenda Volkswagen, em Santana do Araguaia (PA). Desde então, o padre, vinculado à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), se empenhou em denúncias a órgãos do estado e à imprensa, em elaboração de dossiês, aberturas de inquérito, mas nunca viu os fatos serem devidamente julgados. Agora, porém, a sua esperança em ver um desfecho para a macabra história renasceu, a partir da convocação feita pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) à Volkswagen Brasil para uma audiência administrativa, que pode resultar em reconhecimento dos crimes e reparações aos antigos trabalhadores.
Em 1977, Rezende chegou para trabalhar em Conceição do Araguaia (PA) e lá encontrou um ambiente turbulento, com a chegada de muitas empresas do sul do país, promovida pela então ditadura militar, o que resultou num contexto de conflitos fundiários, danos ambientais, sonegação de impostos, trabalho escravo e assassinatos, como definiu.
-- O Sul do Pará era o epicentro do conflito fundiário e trabalho escravo -- afirma Rezende, que lembra do papel da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e do Banco da Amazônia S/A (Basa), órgãos do governo militar responsáveis pelo subsídio a empreendimentos na região amazônica, sob o lema de "desenvolver" aquele local. -- Só o município de Santana de Araguaia concentrava mais de 50% do volume de financiamentos do governo para os novos empreendimentos. O governo deduzia impostos para as empresas que fossem para a Amazônia, além de conceder empréstimos a juros negativos. Então um conglomerado de empresas se deslocou para a região.
O boom de financiamentos logo resultou em caos fundiário, disse Rezende, pois terras antes estaduais passaram a ser federalizadas (a partir do decreto que instituiu que os 100 km à esquerda e à direita de cada estrada construída ou projetada fossem para a União), mas sem os devidos estudos, o que resultou em sobreposição de titulação de terras, inclusive sobre lugares em que havia comunidades ribeirinhas. Em seguida, terrenos começaram a ser vendidos a "preço de banana", como definiu Rezende.
Nesse cenário que a Volkswagen adquiriu uma área de 139 mil hectares de terra de uma família da elite de São Paulo. Sob nome oficial de Fazenda Vale do Rio Cristalino, o terreno virou propriedade da Companhia Vale do Rio Cristalino Agropecuária Comércio e Indústria (CVRC), uma subsidiária da Volkswagen.
Entenda: Você sabia que ação no STF pode liberar porte de maconha para uso pessoal?
Os primeiros relatos de trabalho escravo na Fazenda Volkswagen, onde estimava-se a presença de 600 a mil trabalhadores, chegaram a Rezende através de denúncias do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Araguaia, mas, com a omissão da polícia e de órgãos do governo, o caso não ia para frente. Mas em 1983, três jovens trabalhadores conseguiram fugir da Fazenda Volkwsagem, ao convencerem os patrões que precisavam se apresentar ao Exército.
-- Eles saíram sem ganhar nada, e foram pegando carona até chegar em casa. E aí contaram coisas terríveis, espancamento, assassinato, estupro -- contou o padre, que lembra de mínimos detalhes dos fatos da época.
Ricardo Rezende resolveu, então, recorrer a Jader Barbalho, recém eleito governador do Pará, sob bandeiras progressistas e com a promessa de pacificar os conflitos no campo. Ao chegar em Brasília, onde estaria Barbalho, não conseguiu encontrar o governador, que àquela altura já estava em outra comitiva, no Rio, mas mesmo assim decidiu realizar uma coletiva de imprensa para denunciar a situação. Pouca foi a repercussão na mídia, recorda-se Rezende, com exceção de uma notícia no GLOBO.
A matéria, entretanto, foi o suficiente para alertar a imprensa internacional, que passou a pressionar a alemã Volkswagen. Na época, a montadora passava por um processo de reconhecimento de exploração de trabalho escravo na Alemanha, no contexto da 2ª Guerra Mundial, que terminou em indenização às vítimas.
-- A Volks contratou historiadores para investigar seu próprio passado, para identificar uso de mão de obra escrava. Enquanto isso, ela usava trabalho escravo no Brasil. Será que a empresa fez estudos porque passou a ter senso de justiça maior, ou porque a opinião pública da Alemanha exigiu? -- questionou Rezende, que lembra do controle estatal que existia na ditadura militar brasileira, inclusive sobre a imprensa, o que dificultava as denúncias. -- A escravidão moderna, de servidão por dívidas, dá lucro. Por isso que ela cometia esse crime.
Inspeção na Fazenda Volkswagen após denúncias
Mas, ainda naquele ano, após denúncias do então deputado estadual de São Paulo Expedito Soares, ex funcionário da Volkswagen de São Bernardo do Campo, foi montada uma comitiva, com diversos parlamentares e imprensa, para apurar a situação in loco. Ricardo Rezende, que inicialmente não estaria presente, foi convidado pelo deputado.
-- Eu estava em Barreira do Campo, cidade vizinha, e a comitiva foi me buscar. No caminho, contaram que um "gato" (apelido dos empreiteiros terceirizados pelas grandes empresas e que subcontratavam funcionários, os mantendo em regime de escravidão) mostrou para os parlamentares um trabalhador que ele havia capturado durante uma tentativa de fuga, e que estava literalmente amarrado, na sua propriedade. Ele mostrou com orgulho, tentando justificar que os trabalhadores eram desobedientes. Ou seja, não tinha nem noção do crime que cometia -- disse Rezende, que em Barreira do Campo ainda apresentou outros ex-trabalhadores aos parlamentares.
Durante a inspeção na fazenda, o padre foi agarrado por um funcionário que lhe pediu socorro. Com febre, ele estava sofria de malária e alegava que não conseguia deixar a fazenda por causa da dívida contestada pelos patrões. A escravidão se configurava justamente por causa da servidão por dívidas. Obrigados a comprarem alimentos e outros itens de subsistência com os próprios gatos, a preços superfaturados, os trabalhadores contraíam dívidas e eram impedidos de deixar a fazenda.
-- Eu exigi ao gerente da fazenda que aquele homem fosse libertado. Depois orientei o rapaz a procurar, ao chegar na sua cidade natal, Porto Nacional (TO), um bispo que eu conhecia. Mas nunca tive a notícia se ele sobreviveu ou não. Fui ingênuo de não ter saído junto com aquele homem, me arrependo de eu próprio não ter tirado aquele trabalhador da fazenda -- lamenta o padre.
Após a inspeção, uma ação trabalhista contra a empresa foi aberta pela Comissão Pastoral da Terra e a Volkswagen chegou a ser condenada a pagar indenização aos três trabalhadores que fugiram. O valor só foi pago anos depois, quando a empresa alemã decidiu leiloar a propriedade, que acabou comprada por uma companhia japonesa.
Ainda houve a instauração de um inquérito policial, que concluiu que existia trabalho escravo na fazenda, mas o inquérito desapareceu, segundo o padre, antes de gerar um processo judicial. Nas últimas décadas, Rezende continuou juntando material e documentos e escreveu três livros sobre o assunto. Em 2017, quando a Volkswagen reconheceu que apoiou a ditadura militar e reprimiu funcionários da fábrica de São Bernardo, após investigações do Ministério Público Federal, o padre decidiu que era momento de tentar, mais uma vez, emplacar a apuração sobre o caso da Fazenda Volkswagen.
MPT conclui que houve graves violações
Em 2019, o MPT iniciou suas investigações e concluiu que centenas de pessoas sofreram trabalho escravo. No próximo dia 14, uma audiência administrativa está marcada para tratar do caso. Coordenador das investigações, o procurador Rafael Rodrigues explicou que a Volkswagen terceirizava os serviços de desmatamento e limpeza para transformação do solo em pastagem, na propriedade. Com isso, eram contratados empreiteiros, os "gatos", que percorriam municípios vizinhos em busca de pessoas desempregadas em condições de vulnerabilidade. Esses trabalhadores, ao chegarem na fazenda, encontravam uma situação diferente da prometida. Segundo as estimativas da equipe do MPT, centenas de homens e mulheres tiveram seus direitos violados.
-- Eram trabalhadores pobres, vulneráveis, muitos analfabetos. Ao chegarem, descobriam alojamentos insalubres, sem água potável, sem alimentação fresca, sem qualquer tipo de assistência médica, numa região de malária endêmica. Alguns morriam e outros desenvolviam sequelas permanentes. Ficavam sob forte e ostensiva vigilância armada e submetidos a um sistema de servidão por dívida, em que o trabalhador só pode sair depois de ter pago toda sua dívida. Mas a dívida proporcionalmente só aumentava, já que precisavam comprar tudo, como alimentos, da mão do empregador, que cobrava valores altíssimos. Era uma estrutura clássica de escravidão contemporânea -- explicou Rodrigues
Resgates de trabalhadores em situações de escravidão em fazendas na Amazônia foram recorrentes no final dos anos 1990. Já um caso se tratando de um empreendimento da época da ditatura, como agora, é algo inédito, explica o procurador. Segundo ele, o objetivo do MPT, com a audiência, é chegar a um acordo com a empresa, sem necessidade de um processo judicial. Em negociações dessa natureza, é comum que aconteçam indenizações individuais além de pagamentos por dano coletivo.
-- Temos convicção de que Volkswagen vai reconhecer a sua responsabilidade e reafirmar seu compromisso com valores democráticos que sustentam a sociedade brasileira. E, assim, poderemos avançar com os pedidos reparação -- afirmou Rodrigues, que acrescentou que tudo que acontecia na fazenda era de conhecimento da empresa. -- Não era apenas uma questão de leis trabalhistas não cumpridas, eram violações graves.
Agora, mais de 40 anos após o início das denúncias, o padre Ricardo Rezende aguarda, com esperança, enfim, um desfecho
-- O ideal seria indenizar as vítimas. E também pagarem por dano moral coletivo, porque não foi um prejuízo só aos trabalhadores, mas ao país. Eles escravizaram brasileiros ao Brasil -- afirmou Rezende. --A gente convive com escravidão, primeiro legalmente, depois ilegalmente, desde a chegada dos portugueses. Fonte: https://oglobo.globo.com
O cardeal da floresta
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De Roma, Francisco mandou um sinal
O Vaticano fala baixo. O Papa Francisco acaba de elevar ao cardinalato o arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Steiner. Um cardeal na Amazônia já seria muita coisa, mas não foi só. Há três semanas, Steiner havia sido nomeado presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia. Se isso não bastasse, ele nasceu na cidade de Forquilhinha (SC), assim como seus primos Paulo Evaristo (outro franciscano) e Zilda Arns. Esse pequeno burgo fundado por colonos alemães deu à Igreja dois cardeais e a médica que revitalizou a Pastoral da Criança. Seu processo de beatificação tramita na Santa Sé. (Ela morreu em 2010, durante o terremoto do Haiti.) Saíram de Forquilhinha três bispos, 58 padres e mais de cem irmãs de caridade. Em 2005 João Paulo II mandou Dom Leonardo Steiner para a prelazia de São Félix do Araguaia, antes ocupada por Dom Pedro Casaldáliga.
Falando baixo, em 1964 o Vaticano afastou da Arquidiocese de São Paulo o regalesco cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta. Anos depois chamou para Roma seu sucessor, Dom Agnelo Rossi, que se aproximara demais da ditadura. Para o lugar, o Papa Paulo VI mandou um religioso pouco conhecido: Paulo Evaristo Arns. Ele viria a se tornar um campeão na defesa dos direitos humanos. Falando baixo, Roma também mudou o arcebispo do Rio de Janeiro, trocando o bisonho Dom Eusébio Scheid por Dom Orani Tempesta.
Durante os pontificados de João Paulo II (1978-2005) e Bento XVI (2005-2013), a Igreja Católica brasileira viveu um período de sedação política. O Papa Francisco poderia ter nomeado cardeais para Porto Alegre ou Fortaleza, que já os tiveram. Em vez disso, nomeou o primeiro cardeal da Amazônia, região do Brasil cuja conquista muito deveu aos missionários jesuítas, carmelitas e franciscanos. Jesuíta era o padre Antônio Vieira, que chegou ao Maranhão em 1652.
Passaram-se 370 anos, o mundo é outro, mas na Amazônia reabriram-se as feridas da luta pelos direitos dos povos indígenas. Ao tempo de Vieira, eles eram escravizados (até pelos jesuítas) e hoje sofrem ataques de garimpeiros e agrotrogloditas que lhes invadem as terras. Vieira perdeu a parada e acabou em Lisboa.
Quem olha o mapa do Brasil pode imaginar o que foi a conquista da Amazônia durante o período colonial. As terras a oeste de uma linha que ia da Ilha de Marajó a Santa Catarina eram da Espanha. Ao norte, Inglaterra, França e Holanda, as potências da época, se bicavam na expectativa de acesso à margem do Rio Amazonas. As tropas e, de certa forma, os padres garantiram a posse do vale. Hoje a opção pelo atraso acordou um pedaço da agenda do tempo de Vieira, e com ela veio a questão do meio ambiente.
No século XVII, tornou-se Papa Urbano VIII o cardeal Barberini. Ele tirou o bronze da cúpula do Pantheon romano para enfeitar a Basílica de São Pedro. Dizia-se na cidade que aquilo que os bárbaros não fizeram os Barberinis cometeram. Para os indígenas, Urbano foi um anjo e excomungou os predadores.
A nomeação de um cardeal para a floresta é um sinal para o garimpo ilegal e seu braço no crime organizado, bem como para os agrotrogloditas da região. Dom Leonardo receberá o barrete sendo pouco conhecido fora da região e da Igreja Católica. Em 1970, muita gente se perguntava quem era o bispo Paulo Evaristo Arns. Fonte: https://oglobo.globo.com
Quarta-feira, 1º de junho-2022. 7ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus misericordioso, concedei que a vossa Igreja, reunida no Espírito Santo, se consagre ao vosso serviço num só coração e numa só alma. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Jo 17, 11b-19)
11Pai santo, guarda-os em teu nome, que me encarregaste de fazer conhecer, a fim de que sejam um como nós. 12Enquanto eu estava com eles, eu os guardava em teu nome, que me incumbiste de fazer conhecido. Conservei os que me deste, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. 13Mas, agora, vou para junto de ti. Dirijo-te esta oração enquanto estou no mundo para que eles tenham a plenitude da minha alegria. 14Dei-lhes a tua palavra, mas o mundo os odeia, porque eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo. 15Não peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do mal. 16Eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo. 17Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade. 18Como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. 19Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade.
3) Reflexão - Jo 17,11b-19
Estamos na novena de Pentecostes, aguardando a vinda do Espírito Santo. Jesus diz que o dom do Espírito Santo só é dado a quem o pede na oração (Lc 11,13). No cenáculo, durante nove dias, desde a ascensão até pentecostes, os apóstolos perseveraram na oração junto com Maria a mãe de Jesus (At 1,14). Por isso conseguiram em abundância o dom do Espírito Santo (At 2,4). O evangelho de hoje continua colocando diante de nós a Oração Sacerdotal de Jesus. É um texto bem bem apropriado para nos preparar nestes dias para a vinda do Espírito Santo em nossas vidas.
João 17, 11b-12: Guarda-os em teu nome!
Jesus transforma a sua preocupação em prece: "Guarda-os em teu nome, o nome que tu me deste, para que sejam um como nós!" Tudo que Jesus fez em toda a sua vida, ele o fez em Nome de Deus. Jesus é a manifestação do Nome de Deus. O Nome de Deus é Javé, JHWH. No tempo de Jesus, este Nome era pronunciado como Adonai, Kyrios, Senhor. No sermão de Pentecostes, Pedro disse que Jesus, pela sua ressurreição, foi constituído Senhor : “Portanto, que todo o povo de Israel fique bem ciente que a esse mesmo Jesus, que vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Messias”.(At 2,36). E Paulo diz que isto foi feito “para que todos proclamem, para glória de Deus Pai: Jesus Cristo é o Senhor!” (Fl 2,11). É o “Nome que está acima de todo nome” (Fl 2,9), JHWH ou Javé, o Nome de Deus, recebeu um rosto concreto em Jesus de Nazaré! É em torno a este Nome que deve ser construída a unidade: Guarda-os em teu nome, o nome que tu me deste, para que sejam um como nós. Jesus quer a unidade das comunidades, para que possam resistir frente ao mundo que as odeia e persegue. Povo unido ao redor do Nome de Jesus jamais será vencido!
João 17,13-16: Que tenham a plenitude da minha alegria
Jesus está se despedindo. Vai partir em breve. Os discípulos e as discípulas continuam no mundo, vão ser perseguidos, terão aflições. Por isso estão tristes. Jesus quer que tenham alegria plena. Eles vão ter que continuar no mundo sem fazer parte do mundo. Isto significa, bem concretamente, viver no sistema do império, seja ele romano ou neo-liberal, sem se deixar contaminar por ele. Como Jesus e com Jesus devem viver na contra-mão do mundo.
João 17,17-19: Como tu me enviaste, eu os envio ao mundo
Jesus pede que sejam consagrados na verdade. Isto é, que sejam capazes de dedicar toda a sua vida para testemunhar suas convicções a respeito de Jesus e de Deus como Pai. Jesus se santificou na medida em que, durante a sua vida, revelava o Pai. Ele pede que os discípulos e as discípulas entrem no mesmo processo de santificação. A missão deles é a mesma de Jesus. Eles se santificam na mesma medida em que, vivendo o amor, revelam Jesus e o Pai. Santificar-se significa tornar-se humano como Jesus foi humano. Dizia o Papa Leão Magno: “Jesus foi tão humano, mas tão humano, como só Deus pode ser humano”. Por isso devem viver na contra-mão do mundo, pois o sistema do mundo desumaniza a vida humana e a torna contrária às intenções do Criador.
4) Para confronto pessoal
1) Jesus viveu no mundo, mas não era do mundo. Viveu na contra-mão do sistema e, por isso, foi perseguido e morto. E eu? Será que vivo na contra-mão do sistema de hoje, ou adapto minha fé ao sistema?
2) Preparação para Pentecostes. Invocar o dom do Espírito Santo, o Espírito que animou a Jesus. Nesta novena de preparação a Pentecostes convém tirar um tempo para pedir o dom do Espírito de Jesus.
5) Oração final
Bendigo o Senhor porque me deu conselho, porque mesmo de noite o coração me exorta. Ponho sempre o Senhor diante dos olhos, pois ele está à minha direita; não vacilarei (Sl 15,7-8).
Festa da Visitação de Nossa Senhora - 31 de maio: Evangelho do dia, com Frei Carlos Mesters, O. Carm
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1) Oração
Ó Deus todo-poderoso, que inspirastes à Virgem maria sua visita a Isabel, levando no seio o vosso Filho, fazei-nos dóceis ao Espírito Santo, para cantar com ela o vosso louvor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho: (Lucas 1, 39-56)
39Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. 40Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. 41Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. 43Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? 44Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio.45Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas! 46E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor,47meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, 48porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, 49porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. 50Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. 51Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. 52Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. 53Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. 54Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, 55conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre. 56Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa.
3) Reflexão: Luca 1,39-56
Hoje, festa da visitação de Nossa Senhora, o evangelho fala da visita de Maria à sua prima Isabel. Quando Lucas fala de Maria, ele pensa nas comunidades do seu tempo que viviam espalhadas pelas cidades do império romano e lhes oferece em Maria o modelo de como devem relacionar-se com a Palavra de Deus. Certa vez, ao ouvir Jesus falar de Deus, uma mulher do povo exclamou: "Feliz o seio que te carregou, e os seios que te amamentaram". Elogiou a mãe de Jesus. Imediatamente, Jesus respondeu: "Mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática" (Lc 11,27-28). Maria é o modelo da comunidade fiel que sabe ouvir e praticar a Palavra de Deus. Descrevendo a visita de Maria a Isabel, ele ensina como as comunidades devem fazer para transformar a visita de Deus em serviço aos irmãos e às irmãs.
O episódio da visita de Maria a Isabel mostra ainda um outro aspecto bem próprio de Lucas. Todas as palavras e atitudes, sobretudo o cântico de Maria, formam uma grande celebração de louvor. Parece a descrição de uma solene liturgia. Assim, Lucas evoca o ambiente litúrgico e celebrativo, em que Jesus foi formado e em que as comunidades devem viver a sua fé.
Lucas 1,39-40: Maria sai para visitar Isabel
Lucas acentua a prontidão de Maria em atender às exigências da Palavra de Deus. O anjo lhe falou da gravidez de Isabel e, imediatamente, Maria se levanta para verificar o que o anjo lhe tinha anunciado, e sai de casa para ir ajudar a uma pessoa necessitada. De Nazaré até as montanhas de Judá são mais de 100 quilômetros! Não havia ônibus nem trem.
Lucas 1,41-44: Saudação de Isabel
Isabel representa o Antigo Testamento que termina. Maria, o Novo que começa. O Antigo Testamento acolhe o Novo com gratidão e confiança, reconhecendo nele o dom gratuito de Deus que vem realizar e completar toda a expectativa do povo. No encontro das duas mulheres manifesta-se o dom do Espírito que faz a criança estremecer de alegria no seio de Isabel. A Boa Nova de Deus revela a sua presença numa das coisas mais comuns da vida humana: duas donas de casa se visitando para se ajudar. Visita, alegria, gravidez, criança, ajuda mútua, casa, família: é nisto que Lucas quer que as comunidades (e nós todos) percebamos e descubramos a presença do Reino. As palavras de Isabel, até hoje, fazem parte do salmo mais conhecido e mais rezado da América Latina, que é a Ave Maria.
Lucas 1,45: O elogio que Isabel fez a Maria
"Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor vai acontecer". É o recado de Lucas às Comunidades: crer na Palavra de Deus, pois ela tem força para realizar aquilo que ela nos diz. É Palavra criadora. Gera vida nova no seio de uma virgem, no seio do povo pobre e abandonado que a acolhe com fé.
Lucas 1,46-56: O cântico de Maria
Muito provavelmente, este cântico já era conhecido e cantado nas Comunidades. Ele ensina como se deve rezar e cantar. Lucas 1,46-50: Maria começa proclamando a mudança que aconteceu na sua própria vida sob o olhar amoroso de Deus, cheio de misericórdia. Por isso, ela canta feliz: "Exulto de alegria em Deus, meu Salvador". Lucas 1,51-53: Em seguida, canta a fidelidade de Deus para com seu povo e proclama a mudança que o braço de Javé estava realizando a favor dos pobres e famintos. A expressão "braço de Deus" lembra a libertação do Êxodo. É esta força salvadora de Deus que faz acontecer a mudança: dispersa os orgulhosos (1,51), destrona os poderosos e eleva os humildes (1,52), manda os ricos embora sem nada e aos famintos enche de bens (1,53). Lucas 1,54-55: No fim, ela lembra que tudo isto é expressão da misericórdia de Deus para com o seu povo e expressão da sua fidelidade às promessas feitas à Abraão. A Boa Nova veio não como recompensa pela observância da Lei, mas como expressão da bondade e da fidelidade de Deus às promessas. É o que Paulo ensinava nas cartas aos Gálatas e aos Romanos.
O segundo livro de Samuel conta a história da Arca da Aliança. Davi quis colocá-la em sua casa, mas ficou com medo e disse. "Como virá a Arca de Javé para ficar na minha casa?" (2 Sam 6,9) Davi mandou que a Arca fosse para a casa de Obed-Edom. "E a Arca de Javé ficou três meses na casa de Obed-Edom, e Javé abençoou a Obed-Edom e a toda a sua família" (2 Sam 6,11). Maria, grávida de Jesus, é como a Arca da Aliança que, no Antigo Testamento, visitava as casas das pessoas trazendo benefícios. Ela vai para a casa de Isabel e fica lá três meses. E enquanto está na casa de Isabel, ela e toda a sua família é abençoada por Deus. A comunidade deve ser como a Nova Arca da Aliança. Visitando a casa das pessoas, deve trazer benefícios e graça de Deus para o povo.
4) Para um confronto pessoal
1) O que nos impede de descobrir e de viver a alegria da presença de Deus em nossa vida?
2) Onde e como a alegria da presença de Deus está acontecendo hoje na minha vida e na vida da comunidade?
5) Oração final
Minha alma, bendize o Senhor e tudo o que há em mim, o seu santo nome! Minha alma, bendize o Senhor, e não esqueças nenhum de seus benefícios. (Sl 102, 1-2)
Papa recebe pandeiro como símbolo da alegria da Bahia e do Evangelho
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Os Bispos brasileiros em visita ad limina do Regional Nordeste 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil foram recebidos pelo Papa Francisco na manhã desta sexta-feira (27/05)
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Um pandeiro como símbolo da alegria da Bahia e do Evangelho! Este foi o presente “original” que os bispos do Regional Nordeste 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ofereceram ao Papa Francisco ao final de sua visita ad Limina. O Pontífice não só sorriu ao receber o instrumento, como arriscou alguns movimentos. O Regional Nordeste 3 é composto pelos Estados de Bahia e Sergipe, somando 17 milhões de habitantes. Cerca de 65% dos baianos se declaram católicos, enquanto os católicos sergipanos são 77%.
Para o presidente do Regional, Dom João Cardoso, bispo da Diocese de Bom Jesus da Lapa, a audiência com o Papa foi “o ponto mais alto da visita”, que teve início na última segunda-feira, 23 de maio. “Nós nos sentimos confirmados na fé e na nossa missão apostólica com o magistério do Santo Padre. E expressamos isso para ele”, afirmou Dom João.
E os motivos de gratidão são inúmeros: a Exortação Apostólica Evangelii gaudium, as encíclicas Laudato si e Fratelli tutti, o Sínodo sobre a Amazônia.
“Ressaltamos ao Papa como é importante o seu profetismo e, sobretudo, o seu protagonismo em favor da paz no mundo. Repercutiu tão positivamente em nossas igrejas o ato solene de consagração da humanidade, particularmente da Rússia e da Ucrânia, ao Imaculado Coração de Maria.”
A Francisco, os bispos partilharam também os desafios que a região enfrenta, acentuados pela crise econômica em decorrência da pandemia, como o avanço das seitas pentecostais. Falou-se ainda do meio ambiente e das enchentes que atingiram a Bahia e a solidariedade manifestada inclusive internacionalmente.
Fenômenos pós-modernos que afetam a Igreja, como secularismo, fundamentalismo, extremismos, relativismos, também foram mencionados, assim como o desafio do anúncio do Evangelho na cultura digital. Para Dom João, as redes sociais deram voz à “idiocia”, ao “pregador de internet”. A crise antropológica, o desprezo pela vida humana, corrupção, e a permanente instabilidade política também foram tratados.
“O Papa nos acolheu com muita fraternidade, com muita alegria, mostrando grande simpatia pela caminhada da Igreja no Brasil e de forma especial no Regional Nordeste 3. Que esta visita ad Limina nos ajude a crescer na comunhão e na unidade, no espírito de sinodalidade, querido pelo Papa e já preconizado pelo Concílio Vaticano II e pelo Papa Paulo VI.”
No final da visita, o bispo de Juazeiro, Dom Carlos Alberto Breis Pereira (Dom Beto), e o bispo de Feira de Santana, Dom Zanoni Demettino, ofereceram um pandeiro como “sinal da alegria da Bahia, sinal da alegria do Evangelho” e ainda uma imagem de são Francisco dormindo, “representando assim os sonhos da Igreja de Francisco”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Santa Rita de Cássia: a vítima de violência doméstica que se tornou a santa das 'causas impossíveis'
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Em 22 de maio, é celebrado o dia desta santa italiana que viveu entre 1381 e 1457
Em 22 de maio, é celebrado o dia de Santa Rita de Cássia, uma italiana que viveu entre 1381 e 1457 - Domínio Público
Edison Veiga
BLED (ESLOVÊNIA) | BBC NEWS BRASIL
Para muitos hagiógrafos, quando um santo tem uma vida próxima da normalidade de uma pessoa comum, embora nos trilhos das tais virtudes inabaláveis, isso ajuda a criar uma empatia com os fiéis.
É o que explica a popularidade de Santa Rita de Cássia, italiana que viveu entre 1381 e 1457, entre devotos brasileiros.
"Ela viveu em seu tempo o que vivemos hoje: violências dentro e fora da família, escalada de ódio, pobreza e miséria. [Não à toa, é] largamente difundida no Brasil", comenta o escritor J. Alves, graduado em teologia, titular da Academia Brasileira de Hagiologia e autor de, entre outros livros, "Santa Rita de Cássia - Novena e Biografia".
"A fama dos inúmeros milagres foi se divulgando e, certamente, chegou ao Brasil com os colonizadores que trouxeram para a nova terra o catolicismo", acrescenta o hagiólogo José Luís Lira, fundador da Academia Brasileira de Hagiologia e professor da Universidade Estadual Vale do Aracaú, do Ceará.
Para o estudioso de hagiografias Thiago Maerki, pesquisador da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e associado da Hagiography Society, dos Estados Unidos, a fama de Rita como santa "das causas impossíveis" contribuiu para "criar uma tradição" em torno dela.
"Essa ideia certamente fez muito sucesso entre a população mais carente no Brasil, por juntar o elemento da vida sofrida e difícil e apresentá-la como solução para conseguir um milagre impossível. Logo, tornou-se comum pedir ajuda à Santa Rita", explica.
A devoção à santa acabou se materializando também em obras vultuosas. Em 2010, o município de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, ganhou a maior estátua em honra à religiosa em todo o mundo, uma imagem de 42 metros de altura sobre um pedestal de 6 metros —maior que o Cristo Redentor, do Rio, que mede 38 metros incluindo o pedestal.
Santa Rita já era padroeira do município. E o monumento, administrado pela paróquia local, tem servido como atração para o turismo religioso: todos os anos, em 22 de maio, a cidade atrai cerca de 60 mil peregrinos, conforme estimativas da Arquidiocese de Natal.
Já o pequeno município de Cássia, com 18 mil habitantes, em Minas Gerais, quer se converter em um polo de atração de romeiros de todo o país. Neste domingo, será inaugurado ali um santuário dedicado à Santa Rita, que deve ser o maior em honra a ela em todo o mundo.
Em uma área de 180 mil metros quadrados foi construído um complexo turístico-religioso, com estacionamento para ônibus, centro comercial, réplica da casa original onde vivia a santa e, claro, uma imensa igreja com 70 metros de largura e 100 de comprimento, com capacidade para 7.000 pessoas —5.000 sentadas.
O santuário, gerido e administrado pela diocese de Guaxupé, na região, foi viabilizado graças à doação de um empresário nascido em Cássia e devoto da santa —foram R$ 25 milhões para a construção.
O MARIDO VIOLENTO ASSASSINADO E A MORTE DOS FILHOS
Santa Rita nasceu em 22 de maio de 1381 no povoado de Roccaporena, região de Cássia, na Itália.
De acordo com o livro "Santa Rita de Cássia", escrito por Luís de Marchi, a "antiga tradição" enfatiza que ela foi batizada em Cássia "porque a povoaçãozinha de Roccaporena só em 1720 possuiu fontes batismais". Seu nome original era Margherita Lotti.
Seus detalhes biográficos são poucos e inconsistentes, variando de fonte a fonte. Muitos dizem que ela era filha de juiz de paz, mas que sua família era bastante simples e que ela precisava ajudar os pais na lida diária, principalmente cultivando alimentos para subsistência.
Também há registros de que os pais já tinham idade avançada quando ela nasceu, e que ela teria sido filha única.
Contra a sua vontade, seu pai a arranjou um casamento. Marchi aponta que isso pode ter ocorrido quando ela tinha apenas 12 anos, embora alguns "biógrafos antigos" também falem em 18 anos.
Do casamento, nasceram dois filhos gêmeos. Mas a maior dificuldade da jovem moça não era cuidar das crianças, mas sim aturar a constante ira do marido.
"Rita, ao que consta, não queria casar, mas, seguir a vida religiosa. Por atender à vontade de seu pai, casou. E casou com um homem violento", pontua Lira.
"O marido de Rita tinha inimigos por causa de seu caráter violento; era ofendido e procurava vingar-se. Quando não podia alcançar seu objetivo, desabava em casa a tempestade, e sua pobre esposa, tímida e inocente, devia suportar as consequências", diz o livro de Marchi.
"Havia então cenas violentas e brutais. Excitado pelo vinho e pela cólera, Paulo se deixava levar por raivas loucas, quebrando tudo o que lhe caía nas mãos ou lhe oferecia resistência, apostrofando ou blasfemando ignominiosamente, fazendo assim estremecer de horror e desespero a pobre Rita."
Em meio a essas desavenças com outras pessoas do povoado, o marido de Rita acabou assassinado.
"Seus filhos queriam vingar a morte do pai", conta Maerki.
"Mas ela sempre foi uma mulher de muita oração e rezava a Deus para que isso não ocorresse, para que os filhos não cometessem aquele pecado. Ela dizia preferir que os filhos morressem a matar alguém."
O pesquisador ressalta que é importante situar a santa como "uma mulher casada", pois isso faz dela alguém diferente em um contexto em que geralmente as religiosas celibatárias acabam sendo, com mais frequência, canonizadas.
Os filhos de Rita acabaram morrendo ainda jovens. Algumas fontes dizem que tiveram hanseníase. Outros registros apontam para peste bubônica.
O FIM DA VIDA EM UM CONVENTO
Viúva e sozinha, ela se viu empenhada em realizar o sonho da infância e, finalmente, abraçara a vida religiosa.
Depois de muito custo e algumas histórias consideradas milagrosas, finalmente conseguiu ser aceita por um convento agostiniano. Ali assumiria o nome de Rita e passaria o resto de seus dias.
O hagiólogo Lira conta que, pela tradição e pelos relatos antigos, ela teria sonhado com o convento fechado. Então, apareciam a ela Santo Agostinho, São Nicolau e São João Batista - e estes a fizeram entrar na casa religiosa.
Os três santos teriam pedido que ela os seguisse pelas ruas. Depois de andanças, eles desapareceram e ela sentiu um empurrão. Quando despertou, estava dentro do mosteiro, mesmo que ele estivesse com os portões cerrados. Teria sido desta forma que acabou aceita pelas outras religiosas agostinianas.
"[Foi] uma mulher cativante e de uma fé inabalável", ressalta J. Alves. "Além de seu tempo. Embora tenha vivido e morrido antes da descoberta do Brasil, ela se tornou uma das mais populares santas veneradas por aqui."
"Após a morte de Rita, 43 anos antes da descoberta do Brasil, houve grande popularização de sua devoção na região onde ela viveu. Embora sua beatificação tenha ocorrido 180 anos depois, sua santidade já era notada e percebida", afirma Lira.
"Os santos possuem uma característica que se aproximam de cada um de nós, nas necessidades que viveram quando estavam na Terra. Não se pode negar que Santa Rita teve uma vida difícil e que sua fé a tudo superou."
Para o hagiólogo, isto fez dela "um modelo" e a transformou em "uma intercessora para todos nós, em nossas dificuldades".
"Assim ela foi se tornando popular, devocionada e amada em todo o Brasil, a ponto de que haja no Rio Grande do Norte a maior estátua a ela dedicada no mundo", enfatiza.
"Ela sofreu, mas não desistiu de seu amor a Deus", comenta Lira.
MENSAGEM DE SANTIDADE
Para Alves, o extraordinário é o fato de Santa Rita "ter se tornado uma figura icônica de mulher forte, que não se deixa abater pelas adversidades da vida".
"Sua vida foi uma sucessão de sofrimentos, desde a violência doméstica sofrida do marido antes de sua conversão, até o assassinato dele, o desejo de vingança dos filhos, a morte destes pela peste", analisa.
"Situações essas muito semelhantes às que muitas famílias brasileiras vivem hoje, o que a torna tão próxima e familiar à nossa gente."
O escritor acredita ainda que o "legado de santidade" de Rita tenha superado "o tempo, as fronteiras, os modelos e as classes sociais, bem como os paradigmas socioculturais".
"Fica difícil explicar racionalmente, a não ser pela fé. Como explicar que em um momento da história humana marcada pelo protagonismo masculino, aquela mulher se tornaria Santa Rita das causas impossíveis?", reflete ele.
"Como explicar que uma simples mulher do povo, pobre, filha de camponeses, mãe de família, sem instrução, exposta a toda sorte de violência, se tornaria amada e venerada para além do seu tempo, pelos católicos do mundo todo?"
"Desde o início, sua mensagem é entendida por nossa gente. Mesmo antes de ser canonizada, Santa Rita já era reconhecida como santa e venerada. Em 1727, no Rio de Janeiro, já existia uma igreja a ela dedicada", enumera Alves.
"E logo sua devoção se espalhou por toda a parte, sendo hoje inumeráveis as igrejas e capelas a ela dedicadas em terras brasileiras." Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Reginaldo Veloso, ex-pároco do Morro da Conceição, morre aos 84 anos
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Por: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
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O padre Reginaldo Veloso, que conduziu por 12 anos a paróquia de Nossa Senhora da Conceição, que fica no Morro da Conceição, faleceu aos 84 anos, na noite da quinta-feira (19), por volta das 23h. Segundo familiares, no final de 2020 ele fez quatro cirurgias para o câncer na bexiga. Passou um mês e dois dias internado na UTI de um hospital particular do Recife. Ele teve melhora, mas contraiu uma infecção e não resistiu. Veloso teve uma longa trajetória na Igreja Católica, iniciada por volta dos 13 anos, quando começou a se preparar para o Seminário. Teve importante atuação na luta para que a então capela no Morro da Conceição se tornasse paróquia e ajudou a comunidade na busca por melhorias sociais. Ele foi ordenado presbítero em dezembro de 1961 e teve diversas titularidades. No ano de 1989, foi destituído da paróquia e suspenso das funções sacerdotais (celebrar missa, realizar matrimônios, fazer batizados) pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso, da ala conservadora da Igreja. Para aplicar a punição, dom José alegou que o padre incitava nos fiéis aversão ao arcebispo. Padre Reginaldo não quis entregar a paróquia. A polícia foi chamada para arrombar as portas da Igreja. Reginaldo trabalhava com as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que faziam parte do modelo de Igreja de Dom Helder Câmara. Afastado, somente em abril de 1994, optou pelo matrimônio e se casou. Veloso continuou sendo uma voz ativa na comunidade. O velório está previsto para ocorrer nesta sexta-feira (20), na escola estadual Padre João Barbosa, localizada próxima a Igreja Nossa Senhora da Conceição, no Morro da Conceição. O horário ainda não foi divulgado.
“Falar sobre Reginaldo Veloso... Não é fácil, mas ao mesmo tempo é”, disse emocionada Edileuza Veloso, de 54 anos, esposa de Reginaldo. “É a pessoa mais evangélica que eu conheci. Tinha um compromisso muito grande com os empobrecidos e marginalizados. Era uma pessoa que estava preocupada sempre com bem-estar dos outros. Preocupado com a situação do país o tempo todo. Era uma pessoa muito boa e muito humana. Era uma pessoa que lutava pelos direitos humanos e dos mais fracos. Passou sua vida toda com esse compromisso. Vivia a música litúrgica da Igreja Católica, tinha compromisso com a juventude. Desenvolvida trabalhos culturais nas cidades do Recife, em Jaboatão dos Guararapes e no Cabo de Santo Agostinho”. Edileuza e Reginaldo completaram 28 anos de casados no último dia 23 de abril. Eles têm um filho João José Veloso, que tem 27 anos.
Segundo Edileuza, Reginaldo estava fazendo um tratamento de câncer na bexiga. Ele fez quatro cirurgias desde 2020. Três cirurgias no intestino, devido a uma hernie. “Então, ele foi ficando mais fraco. E além disso, foi passar por um tratamento de quimioterapia por conta do câncer na bexiga. E com esse tratamento, ele não aguentou. Ele foi internado. Passou um mês e dois dias na UTI da Unimed III. Houve melhora depois de 15 dias, mas depois começou um processo de infecção”, conta. Reginaldo faleceu ontem, por volta das 23h. Ele estava internado desde o dia 17 de abril, a Sexta-feira Santa.
Edileuza conta como o seu esposo era dentro de casa. “Era um homem maravilhoso. Era só cuidado e só amor o tempo todo, comigo e com todos aqui em casa. Ele estava o tempo todo preocupado com a gente e queria sempre o nosso melhor. O que eu o quisesse e pensasse queria realizar e fazer”.
HOMENAGENS
Sua trajetória dedicada às causas sociais e ao trabalho pelos mais necessitados é celebrada em mensagens de despedidas por autoridades pernambucanas. Confira:
A Arquidiocese de Olinda e Recife, por meio do Vigário Geral, Monsenhor Luciano José Rodrigues Brito, expressou condolências:
"Reginaldo Veloso foi presbítero na Arquidiocese de Olinda e Recife, onde exerceu seu ministério sacerdotal na Paróquia Santa Maria Mãe de Deus, no bairro da Macaxeira, e na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, no Morro da Conceição. Muito contribuiu para o Setor de Música Litúrgica da CNBB com suas composições, muitas das quais cantadas nas celebrações litúrgicas em todo o Brasil. Que seja concedido a Reginaldo Veloso cantar diante do Senhor Ressuscitado: Senhor, piedade, vem me socorrer! Minha dor e meu pranto mudaste em prazer; teu nome para sempre eu irei bendizer!"
O governador Paulo Câmara escreveu:
"Nos despedimos hoje do padre Reginaldo Veloso, um humanista que dedicou sua vida às causas sociais e ao trabalho pelos mais necessitados. Nas décadas de 70 e 80, à frente da emblemática paróquia de Nossa Senhora da Conceição, no Recife, este alagoano de alma e cidadania pernambucana, adepto da Teologia da Libertação, deixou uma marca na luta contra a repressão e em favor de uma igreja democrática e do empoderamento popular, construindo uma bonita trajetória, recentemente retratada nas telas. Quero externar meu profundo pesar por sua partida e me solidarizar com seus familiares, amigos e seguidores neste momento de dor e tristeza. Que ele esteja em paz".
A deputada Teresa Leitão escreveu:
"Que notícia triste! Padre Reginaldo é daquelas pessoas que não 'passam' pelo mundo, e sim transformam o mundo. Pessoas que fazem muita falta, e ao mesmo tempo a gente sabe que estão sempre presentes. Vá em paz, padre Reginaldo Veloso. O seu legado permanece".
Em entrevista, em 2021, à jornalista Tainá Milena, deste caderno, Reginaldo Veloso, conhecido por ser incentivador de grupos de reflexões sobre o evangelho e suas aplicações na vida cotidiana, contou um pouco da sua trajetória de inspiração e luta contra as injustiças políticas, sociais e econômicas.
Confira a entrevista:
TAINÁ MILENA - O senhor foi uma figura importante no Morro da Conceição como pessoa e como padre. Como o senhor descobriu sua vocação?
REGINALDO VELOSO - Eu tinha apenas 13 anos e estudava no Ginásio Pio XII, dirigido pelos Padres do Sagrado Coração de Jesus, em Palmeira dos Índios, AL. Sempre fui bastante religioso e ajudava na missa do Colégio. Um padre me perguntou se eu queria ir para o Seminário, preparar-me para ser padre. No dia seguinte, respondi que sim.
TAINÁ MILENA- O senhor é devoto de Nossa Senhora da Conceição ou possui alguma história de devoção à Mãe de Jesus?
REGINALDO VELOSO - Aprendi de minha família a querer bem a mãe de Jesus desde criança. minha avó paterna, Maria Veloso de Melo, foi morar com minha família assim que mamãe faleceu, em 1946. Minha avó, ao ver chegar o mês de maio, não se conteve: o que fazia, todos os anos, na sua cidade em Lajedo, tinha que fazer lá em casa. Conversou com a vizinhança, aprontou tudo e eu, como sabia ler, fui escolhido para “tirar as rezas” e, assim, começou minha devoção à Mãe de Jesus.
TAINÁ MILENA - O senhor já tinha tido a experiência de servir em um Santuário antes de chegar ao Morro?
REGINALDO VELOSO - Estudei Teologia em Roma, e especializei-me em História da Igreja. Fui ordenado presbítero, em dezembro de 1961. Voltei ao Brasil em fevereiro de 1966. Fui como professor/formador de seminaristas, durante dois anos e meio, no então Seminário Cristo Rei, em Camaragibe.
Em 1968, juntamente com um amigo holandês, assumi a Pastoral da Paróquia de Santa Maria, na Macaxeira, Casa Amarela, no Recife. Passei 10 anos tendo contato com as demais igrejas do Setor Pastoral dos Altos e Córregos de Casa Amarela, inclusive, como coordenador do Conselho Pastoral deste setor, trabalhei pela criação da nova paróquia do Morro. Em maio de 1978, eu cheguei como novo pároco.
TAINÁ MILENA - Como era a comunidade ao redor, quando o senhor chegou ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição?
REGINALDO VELOSO - Os meus dois desafios maiores eram acompanhar o processo de desenvolvimento das quatro comunidades e atender da melhor maneira, essencialmente com a preocupação da evangelização, os devotos de Nossa Senhora da Conceição, que chegavam no santuário de todas as partes, especialmente na época da festa.
TAINÁ MILENA - Durante esse período em que o senhor estava no Santuário, quais mudanças aconteceram?
REGINALDO VELOSO - Fruto do trabalho de evangelização nas quatro comunidades, surgiram grupos de evangelização e coordenação nas igrejas que cuidavam de catequese e liturgia, por exemplo. Mas também surgiram grupos comunitários para lutar em busca de melhorias para as classes jovens, adultos da terceira idade e com um destaque especial para o surgimento do Centro de Atendimento à Criança com Deficiência, o CERVAC. A necessidade de uma igreja-matriz mais ampla levou à construção de uma nova igreja, um projeto idealizado por três arquitetas chamadas Marias, sob orientação do Administrador Arquidiocesano Bosco Gomes e do Administrador Paroquial. A construção chegou ao ponto de acabamento, mas não foi adiante, porque o Administrador Paroquial foi destituído pelo, então, sucessor de Dom Helder, e quem o substituiu não levou adiante.
TAINÁ MILENA - Quando o senhor foi destituído da função de Administrador Paroquial foi necessário deixar de ser padre?
REGINALDO VELOSO - Eu nunca precisei deixar de “ser padre”, melhor dizendo, nunca deixei de exercer o ministério presbiteral, para o qual fui ordenado em dezembro de 1961, há 60 anos. Por ter optado pela vida matrimonial, a instituição me impede de exercê-lo oficialmente. Respeitando as limitações que me são impostas, venho exercendo sem quebra de continuidade o ministério presbiteral, de muitas maneiras, e prestando vários serviços, como no acompanhamento de Comunidades Eclesiais de Base.
TAINÁ MILENA - Como o senhor percebeu sua vocação para o matrimônio?
REGINALDO VELOSO - Tudo aconteceu naturalmente, na convivência comunitária, no acompanhamento das CEBs. Tudo foi conversado e amadurecido entre nós, eu minha esposa, nossas famílias e comunidades. Solicitei a permissão para casar às autoridades eclesiásticas, externando minha vontade de continuar exercendo o ministério Me responderam que de acordo com a legislação vigente, não seria possível. Celebramos com as comunidades nosso casamento, na manhã de 23 de abril de 1994, na capela da Comunidade de São José Operário, no Alto José Bonifácio, comunidade à qual pertencia Edileuza. Em maio de 95, nasceu nosso filho, que recebeu o de meu pai e o do pai de Edileuza, João José. Fonte: https://www.diariodepernambuco.com.br
Morre, aos 84 anos, o padre Reginaldo Veloso, ex-pároco do Morro da Conceição
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Religioso desenvolveu trabalho voltado para construção de uma Igreja democrática, participativa e de empoderamento do povo em busca dos seus direitos
O padre Reginaldo Veloso, que conduziu a paróquia de Nossa Senhora da Conceição por 12 anos, faleceu, aos 84 anos, na noite dessa quinta-feira (19), por volta das 23h. A informação foi confirmada pelos familiares do religioso.
Reginaldo Veloso estava internado em um hospital particular na área central do Recife para tratar de um câncer na bexiga.
De acordo com a esposa, o religioso não resistiu ao tratamento e chegou a falecer. Ainda não há informações sobre o velório e o sepultamento do padre Reginaldo Veloso.
RELEMBRE TRAJETÓRIA DO PADRE REGINALDO VELOSO
Entre 1978 e 1989, o padre Reginaldo Veloso desenvolveu na paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Morro um trabalho comunitário, voltado para construção de uma Igreja democrática, participativa e de empoderamento do povo em busca dos seus direitos.
Recentemente, o padre Reginaldo Veloso recebeu o título de cidadão de Pernambuco, estado onde viveu a maior parte dos seus 84 anos.
Em entrevista recente ao JC, o padre Reginaldo Veloso falou sobre o seu ministério na Igreja Católica.
"Graças a Deus eu continuo exercendo o ministério que há 60 anos me foi confiado pela Igreja quando me ordenou presbítero. Continuo exercendo, acompanhando pequenas comunidades, prestando assessoria a movimentos, a dioceses, a congregações religiosas", disse ele.
O religioso também contou sobre sua devoção à Nossa Senhora. "A minha devoção é para a mãe de Jesus, tenha ela o título que for. É uma dimensão importante da minha fé cristã. Porque Maria, sobretudo na teologia do terceiro evangelista, São Lucas, ela é um ícone para Igreja", afirmou.
Em dezembro do ano passado, Geraldo Freire e a bancada do programa Passando a Limpo conversaram com o Padre Reginaldo Veloso. O ex-pároco no Morro da Conceição entre as décadas de 1970 e 1980, o religioso resgatou alguns momentos históricos da vida dele.
ORIGEM DO PADRE REGINALDO VELOSO
Reginaldo Veloso nasceu em Alagoas, veio ao Recife para estudar Teologia aos 13 e só saiu daqui para morar em Roma, onde foi ordenado padre.
Adepto da Teologia da Libertação, defende uma igreja nas mãos do povo, em luta contra a opressão e a fome.
Veloso também foi um dos divulgadores do documento 'Eu Ouvi os Clamores do Meu Povo', de 1973, durante a Ditadura Militar. Fonte: https://tvjornal.ne10.uol.com.br
Padre abandona casamento após noivos levarem cães como pajens
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O casal Antônio Eliwelton Rodrigues da Silva e Brenda Jamille planejaram o casamento com pajens especiais: os vira-latas Scooby e Pipoca. Para surpresa dos noivos e para os convidados, o padre se negou a dar a bênção final por não concordar na entrada dos cachorros na igreja. O caso aconteceu no sábado (14) na Paróquia São Sebastião, em Nova Olinda, 560 km de Fortaleza.
Vídeos da cerimônia mostram os noivos no altar e o padre César Retrão responsável pelo casamento criticar: “Isso é o cúmulo”.
De acordo com Antônio Eliwelton, a atitude do padre César Retrão deixou noivos e todos os presentes perplexos. Segundo o noivo, a entrada dos cães havia sido combinada no dia anterior ao da cerimônia. Eles pagaram R$ 310 como taxa de matrimônio.
A diocese do Crato afirmou que o caso será analisado em uma reunião com o Colégio dos Consultores junto do bispo diocesano. A data ainda não foi marcada, segundo a diocese. Somente após a reunião, a diocese poderá tratar do assunto.
“Para evitar qualquer imprevisto perguntamos para o secretário paroquial se tinha algum problema. Ele afirmou que não tinha nenhum problema, pois o padre não iria achar inconveniente. Ficou um clima ruim demais. Na hora que os cães entraram, ele disse que era inaceitável, um cúmulo dois cachorros entrarem com alianças e estarem ali naquele ambiente”, afirmou Antônio.
Antônio Eliwelton, que trabalha como balconista, diz que após pegarem as alianças, o pároco mudou de humor e pediu para os noivos e padrinhos assinarem os papéis e deixou o local rapidamente. Antônio Elivelto disse que a bênção final, o ritual que o padre diz “declaro vocês marido e mulher” e o tradicional beijo não foi realizado.
“A bênção final, a parte mais esperada do casamento não aconteceu, pois ele saiu do local logo depois da gente assinar os papéis. Aí ficamos lá constrangidos”, disse.
Cuidado com cães e gatos
Além de serem balconistas, o casal mantém há quase quatro anos o Instituto Lilica, uma instituição que cuida de 130 cachorros e 40 gatos. Scooby e Pipoca ,que entraram com as alianças, receberam cuidados da instituição. Antônio Eliwelton contou que Scooby foi atropelado perto da casa dos seus pais e ficou com ferimento grave em uma das patinhas. O cão foi para a instituição e o tratamento durou cerca de três meses.
Pipoca foi abandonada pelos seus antigos tutores em um terreno baldio por apresentar uma doença grave que a deixou cega. O casal resgatou a cadela e deu cuidados. No caso dela, segundo Antônio Eliwelton, foi mais delicado e o tratamento demorou, mas ela está bem.
“Ela foi abandonada e estava cega. Demos para ela todo um tratamento especial e medicação. Por isso, todo esse cuidado todo, ela é mais carinhosa. Quando escuta a voz da gente já corre e pula em cima da gente. São animais e têm sentimentos. Acho que merecem respeito”, afirmou. Fonte: https://terrabrasilnoticias.com
A Arquidiocese de Santa Fé pagará US$ 121 milhões em indenização às vítimas de abuso sexual
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O arcebispo de Santa Fé John Wester no anúncio de falência em novembro de 2018. SUSAN MONTOYA BRYAN (AP)
Igreja Católica chega a acordo para evitar falência pela acusação de 375 pessoas em um dos maiores acordos judiciais dos Estados Unidos
A Arquidiocese de Santa Fé, uma das mais antigas dos Estados Unidos, chegou a um acordo com centenas de vítimas de abuso sexual . A Igreja Católica do Novo México enfrenta há anos centenas de acusações “credíveis” de que 74 de seus padres cometeram crimes de pederastia em paróquias ou escolas administradas pela diocese. O acúmulo de reclamações levou a organização católica à falência. Para evitar isso, os religiosos prometeram o pagamento de 121,5 milhões de dólares para indenizar 375 denunciantes de crimes ocorridos há mais de 25 anos. Este é um dos maiores acordos judiciais alcançados no país recentemente.
“Nenhuma quantia pode desfazer a dor e o trauma de nossos clientes e famílias. Esperamos que este acordo possa fechar as feridas de alguns dos sobreviventes de abuso”, disse Dan Fasey, o advogado que representa desde 2018 algumas das famílias que foram ao tribunal para desvendar o escândalo. Desde então, a diocese gastou US$ 52 milhões em acordos com as vítimas para evitar que os casos fossem a julgamento.
A diocese descreveu o acordo como “notícia muito positiva”, o que permite evitar o Capítulo 11 , o procedimento de reestruturação financeira. “A Igreja assume sua responsabilidade de garantir que as vítimas de abuso sexual sejam compensadas de maneira justa e muito séria”, disse John Wester, arcebispo de Santa Fé, na terça-feira, dia da inauguração do acordo. Este ainda não recebeu o sim das vítimas.
A indenização aos afetados virá do dinheiro da arquidiocese, dos orçamentos paroquiais, de outras entidades católicas e das seguradoras da Igreja. Embora o pagamento represente um sacrifício financeiro para algumas das freguesias, a contribuição é um sacrifício que as protege de futuros processos judiciais, assegurou a organização. O arcebispo explicou que o dinheiro chegará integralmente às vítimas de abuso e que nenhum dólar será usado para pagar advogados ou para o processo de falência. Estes serão abordados de outra forma.
A negociação entre as partes foi coordenada por um comitê de credores formado em 2018, quando a arquidiocese iniciou o processo de reestruturação financeira. Charles Paez, presidente da comissão, informou que o acordo contempla também uma parte não monetária. Isso obriga a Igreja Católica a criar um arquivo público com documentos que contam a história de abuso dos mais de 70 religiosos envolvidos no escândalo. Haverá também serviços religiosos e reuniões com sobreviventes. “A arquidiocese espera que esses passos positivos possam ajudar a curar as vítimas de abuso e a comunidade”, diz o comunicado assinado em Albuquerque.
A arquidiocese tem suas origens em 1850, quando o Papa Pio IX criou um vicariato na região. 25 anos depois foi elevada a arquidiocese. É um dos maiores do oeste americano, cobrindo 158.000 quilômetros quadrados em 19 condados do Novo México. Durante várias décadas, os responsáveis encobriram centenas de abusos cometidos pelos padres responsáveis pelas paróquias e igrejas. Em junho de 2019, quando fechou a janela para processar a igreja por casos de pederastia, os tribunais foram inundados com quase 400 reclamações em uma entidade com apenas dois milhões de habitantes.
"O número de queixas recebidas mostra a intensidade da crise que o Novo México experimentou", disse Levi Monagle, um dos advogados das vítimas, na época. "Esta diocese ficou saturada de padres abusivos nas últimas quatro ou cinco décadas", disse ele. A organização publicou há alguns anos uma lista com os nomes dos padres identificados , vários deles mortos, e os locais onde oficiaram.
A arquidiocese diz que tem uma política de tolerância zero para abusos há 25 anos. Este protocolo de proteção de crianças e jovens exige uma verificação de antecedentes de todos os funcionários da organização católica e a obrigação de fazer cursos sobre ambientes seguros para os jovens católicos. As igrejas de Portland (Oregon), San Diego (Califórnia) ou Milwaukee (Wisconsin) também sofreram ações coletivas como a de Santa Fé. Em 2007, os católicos de Los Angeles assinaram um acordo para pagar quase 500 milhões de dólares aos compensar meio milhar de vítimas de abuso. Fonte: https://elpais.com
Quinta-feira, 19 de maio-2022. 5ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, vossa graça nos santificou quando éramos pecadores e nos deu a felicidade, quando infelizes. Vinde em socorro das vossas criaturas e sustentai-nos com vossos dons, para que não falte a força da perseverança àqueles a quem destes a graça da fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho segundo João (Jo 15,9-11)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 9“Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. 11Eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena”.
3) Reflexão - Jo 15,9-11
A reflexão em torno da parábola da videira compreende os versículos 1 a 17. Ontem meditamos os versículos 1 a 8. Hoje meditamos os versículos 9 a 11. Depois de amanhã, o evangelho do dia salta os versículos 12 a 17 e retoma no versículo 18, que já traz outro assunto. Por isso, incluímos hoje um breve comentário dos versículos 12 a 17, pois é nestes versículos que desabrocha a flor e que a parábola da videira mostra toda a sua beleza.,
O evangelho de hoje é de apenas três versículos, que dão continuidade ao evangelho de ontem e trazendo mais luz para aplicar a comparação da videira à vida das comunidades. A comunidade é como uma videira. Ela passa por momentos difíceis. É o momento da poda, momento necessário para que produza mais frutos.
João 15,9-11: Permanecer no amor, fonte da perfeita alegria.
Jesus permanece no amor do Pai observando os mandamentos que dele recebeu. Nós permanecemos no amor de Jesus observando os mandamentos que ele nos deixou. E devemos observá-los com a mesma medida com que ele observou os mandamentos do Pai: “Se vocês obedecem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como eu obedeci aos mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor”. É nesta união de amor do Pai e de Jesus que está a fonte da verdadeira alegria: “Eu disse isso a vocês para que minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa”.
João 15,12-13: Amar os irmãos como ele nos amou.
O mandamento de Jesus é um só: "amar-nos uns aos outros como ele nos amou!" (Jo 15,12). Jesus ultrapassa o Antigo Testamento. O critério antigo era: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Lv 18,19). O novo critério é: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei". Aqui ele disse aquela frase que cantamos até hoje: "Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão!"
João 15,14-15 Amigos e não empregados
"Vocês serão meus amigos se praticarem o que eu mando", a saber, a prática do amor até a doação total de si! Em seguida, Jesus coloca um ideal altíssimo para a vida dos discípulos e das discípulas. Eles diz: "Não chamo vocês de empregados mas de amigos. Pois o empregado não sabe o que faz o seu patrão. Chamo vocês de amigos, porque tudo que ouvi do meu Pai contei para vocês!" Jesus não tinha mais segredos para os seus discípulos e suas discípulas. Tudo que ouviu do Pai contou para nós! Este é o ideal bonito da vida em comunidade: chegarmos à total transparência, ao ponto de não haver mais segredos entre nós e de podermos confiar totalmente um no outro, de podermos partilhar a experiência que temos de Deus e da vida e, assim, enriquecer-nos mutuamente. Os primeiros cristãos conseguiram realizar este ideal durante alguns anos. Eles "eram um só coração e uma só alma" (At 4,32; 1,14; 2,42.46).
João 15,16-17: Foi Jesus que nos escolheu
Não fomos nós que escolhemos Jesus. Foi ele que nos encontrou, nos chamou e nos deu a missão de ir e dar fruto, fruto que permaneça. Nós precisamos dele, mas ele também quer precisar de nós e do nosso trabalho para poder continuar fazendo hoje o que fez para o povo na Galileia. A última recomendação: "Isto vos mando: amai-vos uns aos outros!"
O Símbolo da Videira na Bíblia.
O povo da Bíblia cultivava videiras e produzia bom vinho. A colheita da uva era uma festa, com cantos e danças. Foi daí que se originou o cântico da vinha, usado pelo profeta Isaías. Ele compara o povo de Israel com uma videira (Is 5,1-7; 27,2-5; Sl 80,9-19). Antes dele, o profeta Oséias já tinha comparado Israel a uma vinha exuberante que quanto mais produzia frutos, mais multiplicava suas idolatrias (Os 10,1). Este tema foi também utilizado por Jeremias, que comparou Israel a uma vinha bastarda (Jr 2,21), da qual seriam arrancados os ramos (Jr 5,10; 6,9). Jeremias usa estes símbolos porque ele mesmo teve uma vinha que foi pisada e devastada pelos invasores (Jr 12,10). Durante o cativeiro da Babilônia, Ezequiel usou o símbolo da videira para denunciar a infidelidade do povo de Israel. Ele contou três parábolas sobre a videira: 1) A videira queimada que já não serve mais para coisa alguma (Ez 15,1-8); 2) A videira falsa plantada e protegida por duas águias, símbolos dos reis da Babilônia e do Egito, inimigos de Israel (Ez 17,1-10). 3) A videira destruída pelo vento oriental, imagem do cativeiro da Babilônia (Ez 19,10-14). A comparação da videira foi usada por Jesus em várias parábolas: os trabalhadores da vinha (Mt 21,1-16); os dois filhos que devem trabalhar na vinha (Mt 21,33-32); os que arrendaram uma vinha, não pagaram ao dono, espancaram seus servos e mataram seu filho (Mt 21,33-45); a figueira estéril plantada na vinha (Lc 13,6-9); a videira e os ramos (Jo 15,1-17).
4) Para confronto pessoal
- Somos amigos e não empregados. Como vivo isto no meu relacionamento com as pessoas?
- Amar como Jesus nos amou. Como cresce em mim este ideal do amor?
5) Oração final
Dia após dia anunciai sua salvação, manifestai a sua glória entre as nações, e entre os povos do universo seus prodígios! (Sl 95, 3)
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