Sábado, 9 de julho. 14º Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que pela humilhação do vosso Filho reerguestes o mundo decaído, enchei os vossos filhos e filhas de santa alegria, e dai aos que libertastes da escravidão do pecado o gozo das alegrias eternas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 10, 24-33)
24O discípulo não é mais que o mestre, o servidor não é mais que o patrão.25Basta ao discípulo ser tratado como seu mestre, e ao servidor como seu patrão. Se chamaram de Beelzebul ao pai de família, quanto mais o farão às pessoas de sua casa!26Não os temais, pois; porque nada há de escondido que não venha à luz, nada de secreto que não se venha a saber.27O que vos digo na escuridão, dizei-o às claras. O que vos é dito ao ouvido, publicai-o de cima dos telhados.28Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temei antes aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena.29Não se vendem dois passarinhos por um asse? No entanto, nenhum cai por terra sem a vontade de vosso Pai.30Até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados.31Não temais, pois! Bem mais que os pássaros valeis vós.32Portanto, quem der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante de meu Pai que está nos céus.33Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz várias instruções de Jesus a respeito do comportamento que os discípulos devem adotar durante o exercício da sua missão. O que mais chama a atenção nestas instruções são duas advertências: (1) a frequência com que Jesus alude às perseguições e aos sofrimentos que eles vão ter; (2) a insistência três vezes repetida para o discípulo não ter medo.
Mateus 10,24-25: Perseguições e sofrimentos marcam a vida dos discípulos
Estes dois versículos são a parte final de uma advertência de Jesus aos discípulos a respeito das perseguições. Os discípulos devem saber que, pelo fato de serem discípulos de Jesus, vão ser perseguidos (Mt 10,17-23). Eles não poderão reclamar nem ficar preocupados com isso, pois um discípulo deve imitar a vida do mestre e participar com ele nas provações. Isto faz parte do discipulado. “O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. Para o discípulo basta ser como o seu mestre, e para o servo ser como o seu senhor”. Se chamaram a Jesus de Belzebu, quanto mais vão insultar os discípulos dele. Com outras palavras, o discípulo de Jesus só deverá ficar preocupado seriamente no caso em que não aparecer nenhuma perseguição em sua vida.
Mateus 10,26-27: Não ter medo de dizer a verdade
Os discípulos não devem ter medo dos perseguidores. Estes conseguem perverter o sentido dos fatos e espalham calúnias a ponto de a verdade aparecer como mentira, e a mentira como a verdade. Mas por maior que seja a mentira, a verdade acabará vencendo e derrubará a mentira. Por isso, não devem ter medo de proclamar a verdade, as coisas que Jesus ensinou. Hoje em dia, os meios de comunicação conseguem perverter o sentido dos fatos e fazem aparecer como criminosos as pessoas que proclamam a verdade; fazem aparecer como justo o sistema neo-liberal que perverte o sentido da vida humana.
Mateus 10,28: Não ter medo dos que podem matar o corpo
Os discípulos não devem ter medo daqueles que matam o corpo, que torturam, machucam e fazem sofrer. Os torturadores podem até matar o corpo, mas não conseguem matar neles a liberdade e o espírito. Devem ter medo, isto sim, de que o medo do sofrimento os leve a esconder ou a negar a verdade e, assim, os faça ofender a Deus. Pois quem se afasta de Deus se perde para sempre.
Mateus 10,29-31: Não ter medo, mas ter confiança na Providência Divina
Os discípulos não devem ter medo de nada, pois eles estão na mão de Deus. Jesus manda olhar os passarinhos. Dois pardais se vendem por poucos centavos e no entanto nenhum pardal cai no chão sem o consentimento do Pai. Até os cabelos na cabeça estão contados. Lucas diz que nenhum cabelo cai sem a licença do Pai (Lc 21,18). E caem tantos cabelos! Por isso, “não tenham medo. Você valem muito mais que muitos pardais”. É a lição que Jesus tirou da contemplação da natureza.
Mateus 10,32-33: Não ter vergonha de dar testemunho de Jesus
No fim, Jesus resume tudo nesta frase: “Portanto, todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante do meu Pai que está no céu. Aquele, porém, que me renegar diante dos homens, eu também o renegarei diante do meu Pai que está no céu”. Sabendo que estamos na mão de Deus e que Deus está conosco a cada momento, teremos a coragem e a paz necessárias para dar testemunho de sermos discípulos e discípulas de Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1) Você tem medo? Medo de que? Por que?
2) Você já sofreu ou já foi perseguido ou perseguida por causa do seu compromisso com o anúncio da Boa Nova de Deus que Jesus nos trouxe?
5) Oração final
Vossas promessas são sempre dignas de fé, e a vossa casa, Senhor, é santa na duração dos séculos. (Sl 92, 5)
15º Domingo do Tempo Comum: Um Olhar.
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VAI E FAZE A MESMA COISA
Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Celebramos, neste domingo, o 15º desse Tempo Comum, um tempo propício de escuta da Palavra de Deus e para colocarmos o Reino de Deus em prática. Que as nossas atitudes cotidianas sejam de acordo com aquilo que condiz ao reino de Deus. Uma das coisas que o Reino de Deus nos pede é servir e cuidar dos necessitados. Sejamos bons samaritanos com o nosso próximo e tenhamos pelo próximo a mesma compaixão que Jesus tinha.
Que esta missa de hoje nos ajude a nutrir em nós o compromisso de sermos bons samaritanos com o nosso próximo, sobretudo, com aqueles que mais sofrem. Em tempos de pandemia da covid-19 que ainda vivemos, muitas famílias perderam seus entes queridos, ou têm alguém doente, desempregado ou ainda que, infelizmente, sofre com falta de alimento. Muitas são as pessoas que estão tendo dificuldades para a aquisição do básico para a alimentação e enfrentam, também, o altos preços que prejudica os mais humildades e os mais pobres. Nesse momento, podemos ser solidários e bons samaritanos com o próximo, ajudando naquilo que precisam.
Ao participarmos da Missa todos os domingos, a Palavra de Deus nos ensina partilhar o pão com aqueles que mais sofrem e sermos solidários com o próximo. Da mesma forma, se partilhamos o pão espiritual na Igreja, temos que partilhar o pão material com aqueles que mais precisam. Como família cristã de batizados que somos, e pertencentes a Jesus, sejamos abertos a dor do próximo. O Espírito Santo sempre faz novas todas as coisas, por meio desse espírito recebido no batismo, sejamos sacerdotes profetas e reis.
A primeira leitura deste domingo é do livro do Deuteronômio (Dt 30, 10-14). O livro do Deuteronômio é o livro da lei. Moisés incita ao povo a seguir aos mandamentos e preceitos de Deus. O povo de Israel é conhecido por ser um povo de “cabeça dura”, ou seja, por vezes seguiam os seus próprios caminhos e não aquilo que Deus lhes prescrevia. Esse povo, algumas vezes, se revoltava contra Deus, mesmo Ele tendo o libertado da escravidão que sofria no Egito. Moisés pede ao povo que se converta a Deus de todo o coração e com toda a alma. Esse mandamento está próximo e claro para ser cumprido, basta que ele entre e penetre o coração. Cumprindo esse mandamento, não será difícil cumprir os demais, sobretudo, o mandamento que advém desse, que é amar e servir o próximo.
O salmo responsorial é o 68 (69). O salmista nos convida a ver as maravilhas realizadas por Deus. Se somos salvos dos perigos é por graça de Deus, se somos perdoados dos pecados, é por graça de Deus e se estamos vivos, é também por graça divina. Aquele que vive na humildade e que ama e serve ao próximo consegue ver as maravilhas de Deus.
A segunda leitura é da carta de São Paulo aos Colossenses (Cl 1, 15-20). Paulo diz à comunidade que Cristo é a imagem do Deus invisível, por causa dele é que tudo foi criado. Como está descrito no prólogo de São João: “O verbo se fez carne e habitou entre nós”. Ele existe antes do tempo, é a cabeça do corpo, isto é, da igreja. Nós somos os membros que fazemos dessa igreja que tem Cristo como cabeça. Por meio D’Ele, os nossos pecados são perdoados e abre-se para nós as portas da eternidade.
O Evangelho desse domingo é de Lucas (Lc 10, 25 -37). Um mestre da Lei se aproxima de Jesus e querendo pô-lo em dificuldade pergunta: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” (Lc 10,25). Jesus pergunta a ele o que está escrito na Lei e como ele a lê. Ele responde corretamente, dizendo o que está escrito no livro da lei, amar a Deus de todo o coração e com todo o entendimento e o próximo como a si mesmo. Jesus lhe diz que ele respondeu corretamente, mas querendo justificar-se questiona: “E quem é meu próximo?” (Lc 10,29).
Após essa indagação, Jesus conta a parábola do bom samaritano. Os samaritanos eram um povo malvisto pelos judeus, eles diziam que eles eram uma raça impura e que a salvação divina só viria ao povo judeu. Na parábola do bom samaritano, Jesus conta que um homem havia caído de seu cavalo após ser assaltado, e estava caído ferido, quase morto, a beira do caminho. Um sacerdote e um levita que passavam pelo caminho viram o homem no chão e seguiram adiante. Um samaritano que estava viajando e passou por ali, acudiu o homem e sentiu compaixão. Cuidou de suas feriadas, fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois, colocou o homem em seu próprio animal e levou-o a uma pensão, onde cuidou dele.
No dia seguinte, pegou duas moedas de prata, entregou ao dono da pensão, recomendando: “Toma conta dele! Quando eu voltar, vou pagar o que tiveres gasto a mais!” (Lc 10,35). Jesus pergunta ao mestre da Lei: “Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com Ele.” E Jesus disse: “Vai e faze a mesma coisa”.
Essa frase que Jesus disse ao mestre da lei, ao final do Evangelho, Ele diz a cada um de nós, hoje. Sejamos misericordiosos com o nosso próximo e tenhamos compaixão. Não fechemos os olhos aos que mais precisam e partilhemos o que temos com quem mais necessita. Visitemos, também, os doentes e as famílias enlutadas, sendo a presença samaritana de Jesus para essas pessoas. Lembremos, sempre, somos todos irmãos por meio do batismo, e pertencemos à família de Deus. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Fazer as pazes com Lula 'é impossível', diz idealizador da Marcha para Jesus
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Estevam Hernandes afirma, contudo, que vai orar pela autoridade constituída por Deus, seja ela qual for
Estevam Hernandes, idealizador da Marcha para Jesus e líder da Renascer em Cristo - Divulgação
SÃO PAULO
Os principais pastores do Brasil escolheram seu caminho: podem até ter apoiado Lula no passado, mas esse erro não se repetirá, diz o apóstolo Estevam Hernandes. "Acho impossível", diz sobre uma reconciliação com o petista que, hoje, está na cabeceira das intenções de voto para presidente.
Evangélicos, contudo, vão orar pela "autoridade constituída por Deus", seja ela qual for, e não vão compactuar com um repeteco do Capitólio —quando extremistas tentaram invadir a sede do Legislativo americano após ver seu candidato predileto, Donald Trump, perder a eleição de 2020.
Hernandes lidera neste sábado (9) a Marcha para Jesus, por ele idealizada 30 anos atrás, após ter um sonho que envolveu "tipo uma procissão". Hoje ela arrasta centenas de milhares de pessoas por ruas de São Paulo. Maior evento evangélico do continente, volta após duas edições suspensas —2020 e 2021—, culpa da pandemia.
Em entrevista à Folha, o apóstolo diverge ainda de alguns líderes que condenaram o aborto legal de uma menina de 11 anos. "Ela é uma criança carregando outra criança", diz. "Não podemos impor a uma pessoa que sofreu um estupro que ela dê continuidade à gravidez."
Foram três anos sem Marcha. Havia no coração do povo essa expectativa de um dia poder vencer a pandemia. Será uma marcha bem solidária, bem de amor ao próximo.
Pesquisa Datafolha mostra queda na frequência de cultos. Em 2016, 65% dos evangélicos iam em mais de um por semana. Agora, 53%. Eles têm dado menos ofertas também. Por quê?
Temos vários fatores aí. Por exemplo, o advento da internet. A própria pandemia deu a possibilidade de você assistir ao culto de dentro da sua casa. Agora, em termos gerais, a gente não tem esse número tão significativo como a pesquisa aponta.
Temos visto igrejas aderindo ao metaverso e conduzido até conversão em avatar, o que cria polêmica no meio. A Renascer aderiu?
Nós fizemos uma balada [gospel] metaverso completinha: tinha o som, o palco, reproduzimos aquilo que era a balada mesmo. Cada um criou seu avatar. A pessoa entrava, participava, assistia, dançava. Foi uma experiência muito legal, veio para ficar. Acho muito importante que a tecnologia possa ser um instrumento de aproximação das pessoas com Deus.
Pastores criticaram o aborto legal feito em uma menina de 11 anos. O sr. concorda que ela deveria ter abortado?
Olha, acho assim: a gente deve recorrer ao aborto em última instância. Mas isso também é muito de foro íntimo. Não podemos julgar a menina. Ela é uma criança carregando outra criança. Claro que, espiritualmente, ela não deveria fazer o aborto. Só que temos que preservar sempre a individualidade da pessoa, aquilo que ela enfrentaria diante dessas circunstâncias. No caso específico, a legislação prevê o aborto. Então estamos amparados no aspecto espiritual, porque a gente tem que cumprir aquilo que está determinado na lei.
O Datafolha aponta que a maioria dos evangélicos quer manter as previsões legais do aborto ou restringi-las ainda mais. E o sr.?
O Código Penal é perfeito nesse aspecto, porque, claro, não podemos impor a uma mulher que sofreu um estupro que dê continuidade à gravidez. A legislação contempla exatamente aquilo que é nossa expectativa em termos espirituais e bíblicos. Mas deixa só completar uma coisa. É o caso daquela menina, que entregou o bebê à adoção.
A atriz Klara Castanho. Acho isso realmente fantástico. Sempre foi uma opção muito humana. Uma saída muito abençoadora tanto para a mãe quanto para a criança. Você não é obrigado a manter uma criança que traga a recordação do estupro, mas pode fazer com que ela tenha a oportunidade de vida.
A família Bolsonaro defende a ampliação do acesso às armas pela população, inclusive em eventos cristãos. Evangélicos apoiam essa pauta?
Não existe uma unanimidade em relação a isso. Não diria que essa é uma pauta que os evangélicos apoiam. Mas também é aquilo da liberdade individual. Acredito que a liberação de armas inconsequente é um perigo para a sociedade. A gente vê o que acontece nos EUA. De repente um cara louco lá, um psicopata, ele vai, compra uma arma e sai matando todo mundo. Por outro lado, a pessoa não pode ser tolhida de ter a defesa pessoal. Como quem mora em zonas rurais, remotas.
Como o sr. vê a dianteira de Lula nas pesquisas?
Confesso que pra mim é surpreendente, porque o que a gente vê nas ruas nos dá um outro indicativo. Agora, obviamente, se você tem uma pesquisa, e ela é séria e honesta... Acredito que é um cenário, assim, bem prematuro. Vamos iniciar toda essa jornada de campanha eleitoral, de horário político, ele deve mudar bastante.
O sr. já votou no Lula e hoje diz que isso está descartado. Vou repetir a pergunta que lhe fiz um ano atrás. Vê alguma reconciliação possível entre Lula e os grandes pastores?
No sentido de que agora os grandes líderes pudessem vir a apoiá-lo, na minha concepção acho impossível. Creio que [as predileções eleitorais] são caminhos bem definidos, e que obviamente se vai até o final por esse caminho. Agora, claro, a gente tem que aguardar o resultado das urnas para saber aquilo que vai acontecer do governo que virá.
Se Lula ganhar, pode haver uma ponte de diálogo de novo?
Creio que isso é praticamente obrigatório, porque se você realmente tem resultado nas urnas, e tem um processo democrático, então nós vamos ser presididos por A ou B, não tem como se insurgir, um "não aceito A ou B". Aquele que for eleito é o presidente dos brasileiros
O sr. vai votar em quem?
No Bolsonaro.
O presidente tem questionado a lisura das urnas eletrônicas, um sinal de que poderá questionar o resultado da eleição. Caso o faça, terá respaldo dos líderes evangélicos?
Acho uma coisa, assim, tão remota. Acredito que não haverá esse tipo de ruptura, de não aceitar um resultado. Na minha cabeça é improvável isso. Se [o pleito] corre um risco de fraude, tem que provar essa fraude, a Justiça teria que levantar [essas fraudes]. Contrariamente a isso, aquilo que as pessoas falam, de que pode haver golpe, que Bolsonaro não passaria a faixa, nós já superamos isso como nação há muito tempo.
Bolsonaro dá a entender que o Brasil pode ter algo parecido com o Capitólio americano. Pastores não estariam apoiando isso. Se acontecer, pode partir de alguns grupos, mas não seria absolutamente algo incentivado pela igreja.
O envolvimento de dois pastores no escândalo do MEC pode respingar na imagem do segmento?
Se fizéssemos qualquer tipo de movimento de "vamos acobertar, omitir fatos", aí realmente poderia trazer um prejuízo. Mas a partir do momento em que nós mesmos exigimos que se fizesse uma investigação, fica bem claro para a sociedade que é um movimento isolado de duas pessoas.
Existe uma tendência de generalizar evangélicos?
Se você, por exemplo, pega o jogador de futebol, e ele dá uma canelada em outro, aí diz que o jogador fez tal coisa. Se ele é evangélico, a primeira coisa que se escreve é: o jogador evangélico deu uma botinada no outro. Existe uma cobrança que leva a uma generalização, infelizmente.
O sr. fala que a Marcha é sobre a alegria de servir a Deus.
Em 2021, me disse que vivíamos na república do ódio. Olha, o ser humano está meio estranho, né? Sempre tive expectativas de que a pandemia trouxesse algum tipo de conscientização, que a gente pudesse ter essa convivência muito mais saudável e amigável. O que a gente percebe é que muitas pessoas passaram pela pandemia, mas não houve absolutamente alteração em nada no comportamento. Pelo contrário.
O sr. afirmou que esse ódio se voltava contra Bolsonaro. Já em 2018, antes da eleição dele, chegou a sugerir que ele pregasse mais amor. Ele é o presidente do amor ou do ódio?
O homem que foi esfaqueado daquele jeito, que enfrentou um governo de oposição ferrenha, de policiamento absurdo, é um homem muito mais, eu diria, sensível. Até com respeito à diferença. Sei que ele não é exatamente aquilo que muitas vezes as pessoas traduzem. Ele é um pai de família, preocupado com o próximo. Claro que tem a forma dele.
Bolsonaro se refere à sua Presidência como um projeto de Deus. É um discurso adequado?
Oramos por um presidente que pudesse ter realmente Deus acima de tudo, e Bolsonaro é esse homem, que tem os valores que sempre preconizamos: pátria, Deus, família. A Bíblia fala que as autoridades são constituídas por Deus. Uma pessoa que não tinha horário de TV, projeção nacional, ele realmente andava na contramão de tudo.
Evangélicos vão orar por qualquer autoridade constituída, seja Lula ou Bolsonaro?
Com certeza absoluta. Isso é não só uma obrigação, mas uma determinação bíblica. Jesus nos deixou ensinamentos muito profundos. Se você amar só quem te ama, não tem muito valor. O verdadeiro cristianismo é conseguir amar seus inimigos.
RAIO-X
Estevam Hernandes, 68
Nascido em São Paulo, fundou a Igreja Apostólica Renascer em Cristo em 1986, com a esposa, a bispa Sonia Hernandes. No braço de mídia, o casal é dono da Rede Gospel e da Gospel FM. Em 1993, o apóstolo lançou a primeira Marcha para Jesus, que se tornou o maior evento do calendário evangélico da América Latina. Em 2009, o então presidente Lula (PT) sancionou a lei que criou o Dia Nacional da Marcha para Jesus. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Morre o Eminentíssimo Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo emérito de São Paulo e Prefeito emérito da Congregação para o Clero
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"Comunico, com grande pesar, o falecimento do Eminentíssimo Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo emérito de São Paulo e Prefeito emérito da Congregação para o Clero, no dia de hoje, com a idade de 88 anos incompletos, após prolongada enfermidade, que suportou com paciência e fé em Deus. O médico Dr. Rodrigo Paulino constatou a morte do Cardeal, ocorrida um pouco após às 9h da manhã de 4/07/2022.
Nascido em Salvador do Sul (RS), em 08.08.1934, entrou na vida religiosa da Ordem Franciscana dos Frades Menores; recebeu a ordenação sacerdotal em 3 de agosto de 1958 e a ordenação episcopal em 25 de maio de 1975. Foi bispo diocesano de Santo André (SP), Arcebispo de Fortaleza e Arcebispo de São Paulo.
Foi feito membro do Colégio Cardinalício pelo Papa São João Paulo II no Consistório de 21 de fevereiro de 2001. De 2006 a 2011 trabalhou ao lado do Papa Bento XVI em Roma, como Prefeito da Congregação para o Clero. De volta ao Brasil, ocupou a função de Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, da CNBB, e da recém criada Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA)."
@DomOdiloScherer
O Papa desmente rumores de renúncia e diz querer viajar a Moscou e Kiev.
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Entrevista da agência Reuters com Francisco, que disse "respeitar" a decisão da Suprema Corte dos EUA sobre o aborto e reiterou sua condenação à interrupção da gravidez
Vatican News
O Papa Francisco nega ter qualquer intenção de renunciar ("Nunca me passou pela cabeça. Não por enquanto"), nega os rumores de que ele estaria doente de câncer. E reitera, ao invés, seu desejo de ir à Rússia e Ucrânia assim que for possível, talvez em setembro. Também diz respeitar a decisão da Suprema Corte dos EUA sobre a interrupção da gravidez e reitera sua forte condenação ao aborto. O Bispo de Roma concedeu uma longa entrevista ao correspondente da Reuters, Phil Pullella, no sábado. O encontro durou cerca de 90 minutos e este é um relato inicial com alguns dos conteúdos publicados pela agência.
Como é sabido, de acordo com vários artigos e comentários na mídia, alguns eventos recentes ou programados (desde o consistório no final de agosto até a visita a L'Aquila onde Celestino V, que renunciou em 1294, está enterrado) sugeririam a intenção do Papa de renunciar ao pontificado. Mas Francisco desmentiu esta interpretação: "Todas estas coincidências fizeram alguns pensarem que a mesma 'liturgia' ocorreria. Mas isso nunca me passou pela cabeça. Não por enquanto, não por enquanto. Realmente!" Ao mesmo tempo, o Papa, como havia feito várias vezes no passado, explicou que a possibilidade de renunciar é levada em consideração, sobretudo após a escolha feita por Bento XVI em 2013, caso a saúde o impossibilite de continuar em seu ministério. Mas quando perguntado quando isso poderia acontecer, respondeu: "Não sabemos. Deus dirá", com palavras semelhantes às usadas na sexta-feira 1º de julho em uma entrevista com a agência de notícias Télam.
Sobre a questão dos problemas no joelho, Francisco falou sobre o adiamento da viagem à África e da necessidade de terapia e descanso. Ele disse que a decisão de adiar lhe causou "muito sofrimento", sobretudo porque ele queria promover a paz tanto na República Democrática do Congo quanto no Sudão do Sul. O Papa, observa o entrevistador, usou uma bengala para entrar na sala de recepção no andar térreo da Casa Santa Marta, no Vaticano. E em seguida deu detalhes sobre o estado de seu joelho, dizendo que sofreu "uma pequena fratura" quando deu um passo falso enquanto um ligamento estava inflamado. "Estou bem, estou melhorando lentamente", acrescentou, explicando que a fratura está curando, auxiliada pela terapia com laser e magnetes.
Em seguida, Francisco desmentiu os rumores de que havia sido diagnosticado com câncer há um ano, quando foi submetido a uma operação de seis horas para remover uma parte de seu cólon devido a diverticulite, uma condição comum em idosos. "A operação foi um grande sucesso", disse o Papa, acrescentando com um sorriso em seu rosto que "eles não me disseram nada" sobre o suposto câncer, o que descartou como "fofocas de corte". Sucessivamente, declarou à Reuters que não queria uma operação no joelho porque a anestesia geral da cirurgia do ano passado tinha tido efeitos colaterais negativos.
A entrevista abordou em seguida questões internacionais. Falando da situação na Ucrânia, Francisco observou que houve contatos entre o Secretário de Estado Pietro Parolin e o Ministro das Relações Exteriores russo Sergei Lavrov, sobre uma possível viagem a Moscou. Os sinais iniciais não eram bons. Falou-se desta possível viagem pela primeira vez há vários meses, disse o Papa, explicando que Moscou respondeu que este não era o momento certo. Deixou entender, no entanto, que algo poderia ter mudado agora. "Eu gostaria de ir à Ucrânia e queria ir primeiro a Moscou. Trocamos mensagens sobre isso, porque pensei que se o presidente russo me concedesse uma pequena janela para servir a causa da paz.... E agora é possível, depois que eu voltar do Canadá, que eu consiga ir à Ucrânia. A primeira coisa a fazer é ir à Rússia para tentar ajudar de alguma forma, mas eu gostaria de ir às duas capitais."
Por fim, o Papa na entrevista com Phil Pullella tocou no assunto da decisão da Suprema Corte dos EUA que derrubou a histórica decisão Roe contra Wade que estabelecia o direito de uma mulher a abortar, Francisco disse que respeitava a decisão, mas não tinha informações suficientes para falar sobre ela de um ponto de vista jurídico. Mas também condenou fortemente o aborto, comparando-o - como havia feito muitas vezes antes - à "contratação de um sicário". "Eu pergunto: é legítimo, é justo, eliminar uma vida humana para resolver um problema?"
O Papa também foi solicitado a comentar sobre o debate em curso nos Estados Unidos sobre se um político católico, que se opõe pessoalmente ao aborto, mas apoia o direito de outros de escolher, pode receber a comunhão. A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, por exemplo, foi proibida de receber a Eucaristia pelo arcebispo de sua arquidiocese, São Francisco, mas recebe regularmente a comunhão em uma paróquia em Washington, e na semana passada recebeu a comunhão de um padre durante a Missa em São Pedro presidida pelo Pontífice.
"Quando a Igreja perde sua natureza pastoral, quando um bispo perde sua natureza pastoral, isto causa um problema político", comentou o Papa. "Isto é tudo o que posso dizer." Fonte: https://www.vaticannews.va
Segunda-feira, 4 de julho. 14º Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que pela humilhação do vosso Filho reerguestes o mundo decaído, enchei os vossos filhos e filhas de santa alegria, e dai aos que libertastes da escravidão do pecado o gozo das alegrias eternas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 9, 18-26)
18Falava ele ainda, quando se apresentou um chefe da sinagoga. Prostrou-se diante dele e lhe disse: Senhor, minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe-lhe as mãos e ela viverá.19Jesus levantou-se e o foi seguindo com seus discípulos.20Ora, uma mulher atormentada por um fluxo de sangue, havia doze anos, aproximou-se dele por trás e tocou-lhe a orla do manto.21Dizia consigo: Se eu somente tocar na sua vestimenta, serei curada.22Jesus virou-se, viu-a e disse-lhe: Tem confiança, minha filha, tua fé te salvou. E a mulher ficou curada instantaneamente.23Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus os tocadores de flauta e uma multidão alvoroçada. Disse-lhes:24Retirai-vos, porque a menina não está morta; ela dorme. Eles, porém, zombavam dele.25Tendo saído a multidão, ele entrou, tomou a menina pela mão e ela levantou-se.26Esta notícia espalhou-se por toda a região.
3) Reflexão - Mateus 9,18-26
O evangelho de hoje nos leva a meditar dois milagres de Jesus em favor de duas mulheres. O primeiro foi em favor de uma senhora, considerada impura por causa de uma hemorragia irregular que já durava doze anos. O outro, em favor de uma menina que acabava de falecer. Conforme a mentalidade daquela época, qualquer pessoa que tocasse em sangue ou em cadáver era considerada impura e quem tocasse nela também ficava impura. Sangue e morte eram fatores de exclusão! Por isso, aquelas duas mulheres eram pessoas marginalizadas, excluídas da participação na comunidade. Quem nelas tocasse também estaria impura, impedida de participar na comunidade, e já não poderia relacionar-se com Deus. Para poder ser readmitida na plena participação comunitária teria de fazer o rito de purificação, prescrito pelas normas da lei. Ora, curando através da fé a impureza daquela senhora, Jesus abriu um novo caminho para Deus que já não dependia dos ritos de purificação, controlados pelos sacerdotes. Ressuscitando a menina, venceu o poder da morte e abriu um novo horizonte para a vida.
Mateus 9,18-19: A morte da menina.
Enquanto Jesus ainda estava falando, um chefe do lugar vem interceder pela filha que acabava de morrer. Ele pede que Jesus venha e imponha a mão na menina, “e ela viverá”. O chefe crê que Jesus tem o poder de devolver a vida à filha. Sinal de muita fé em Jesus da parte do pai da menina. Jesus se levanta e vai com ele levando consigo os discípulos. Este é o ponto de partida para os dois episódios que seguem: a cura da mulher com doze anos de hemorragia e a ressurreição da menina. O evangelho de Marcos traz os mesmos dois episódios, mas com muitos detalhes: o chefe se chamava Jairo e era um dos chefes da sinagoga. A menina ainda não estava morta, e tinha doze anos, etc (Mc 5,21-43). Mateus abreviou a narração tão viva de Marcos.
Mateus 9,20-21: A situação da mulher.
Durante a caminhada para a casa do chefe, uma mulher que sofria doze anos de hemorragia irregular aproxima-se de Jesus em busca de cura. Doze anos de hemorragia! Por isso, ela vivia excluída, pois, como dissemos, naquele tempo o sangue tornava a pessoa impura. Marcos informa que a mulher tinha gastado toda a sua economia com os médicos e, em vez de ficar melhor, ficou pior (Mc 5,25-26). Ela tinha ouvido falar de Jesus (Mc 5,27). Por isso, nasceu nela uma nova esperança. Dizia consigo: “Se ao menos tocar na roupa dele, eu ficarei curada”. O catecismo da época mandava dizer: “Se eu tocar na roupa dele, ele ficará impuro”. A mulher pensava exatamente o contrário! Sinal de muita coragem. Sinal de que as mulheres não concordavam com tudo o que as autoridades religiosas ensinavam. O ensinamento dos fariseus e dos escribas não conseguia controlar o pensamento do povo! Graças a Deus! A mulher aproximou-se por de trás de Jesus, tocou na roupa dele, e ficou curada.
Mateus 9,22. A palavra iluminadora de Jesus
Jesus voltando-se e vendo a mulher declara: “Coragem, minha filha, sua fé curou você!” Frase curta, mas que deixa transparecer três pontos muito importantes: (1) Dizendo “Minha filha”, Jesus acolhe a mulher na nova comunidade, que se formava ao seu redor. Ela já não é uma excluída. (2) Aquilo que ela esperava e acreditava aconteceu de fato. Ela ficou curada. Prova de que o catecismo das autoridades religiosas não estava correta e que em Jesus se abriu um novo caminho para as pessoas poderem obter a pureza exigida pela lei e entrar em contato com Deus. (3) Jesus reconhece que, sem a fé daquela senhora, ele não poderia ter feito o milagre. A cura não foi um rito mágico, mas um ato de fé.
Mateus 9,23-24: Na casa de chefe.
Em seguida, Jesus vai para a casa do chefe. Ao ver o alvoroço dos que faziam luto pela morte da menina, mandou que todo mundo saísse. Dizia: “A criança não morreu. Está dormindo!”. O pessoal deu risada. O povo sabe distinguir quando uma pessoa está dormindo ou quando está morta. Para eles, a morte era uma barreira que ninguém poderia ultrapassar! É a risada de Abraão e de Sara, isto é, dos que não conseguem crer que para Deus nada é impossível (Gn 17,17; 18,12-14; Lc 1,37). As palavras de Jesus têm ainda um significado mais profundo. A situação das comunidades do tempo de Mateus parecia uma situação de morte. Elas também tinham que ouvir: “Não é morte! Vocês é que estão dormindo! Acordem!”
Mateus 9,25-26: A ressurreição da menina.
Jesus não deu importância à risada do povo. Ele esperou até que todos saíssem da casa. Aí ele entrou, tomou a criança pela mão e ela se levantou. Marcos conservou as palavras de Jesus: “Talita kúmi!”, o que quer dizer: Menina, levanta-te (Mc 5,41). A notícia espalhou-se por toda aquela região. Fez o povo acreditar que Jesus é o Senhor da vida que vence a morte.
4) Para um confronto pessoal
- Hoje, quais as categorias de pessoas que se sentem excluídas da participação na comunidade cristã? Quais os fatores que hoje causam a exclusão de tantas pessoas e lhes dificultam a vida tanto na família como na sociedade?
- “A criança não morreu. Está dormindo!” “Não é morte! Vocês é que estão dormindo! Acordem!” Esta é a mensagem do evangelho de hoje. O que ela diz para mim? Sou daqueles que dão risada?
5) Oração final
Dia a dia vos bendirei, e louvarei o vosso nome eternamente. Grande é o Senhor e sumamente louvável, insondável é a sua grandeza. (Sl 144, 2-3)
Sexta-feira, 1º de julho-2022. Evangelho do Dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus, pela vossa graça, nos fizestes filhos da luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da vossa verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 9, 9-13)
9Saindo daí, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e lhe disse: "Siga-me!" Ele se levantou, e seguiu a Jesus. 10Estando Jesus à mesa em casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e pecadores foram e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. 11Alguns fariseus viram isso, e perguntaram aos discípulos: "Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os pecadores?" 12Jesus ouviu a pergunta e respondeu: "As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes. 13Aprendam, pois, o que significa: 'Eu quero a misericórdia e não o sacrifício'. Porque eu não vim para chamar justos, e sim pecadores."
3) Reflexão
O Sermão da Montanha ocupou os capítulos 5 a 7 do evangelho de Mateus. A parte narrativa dos capítulos 8 e 9, tem como finalidade mostrar como Jesus praticava o que acabava de ensinar. No Sermão da Montanha, ele ensinou o acolhimento (Mt 5,23-25.38-42.43). Agora, ele mesmo o pratica acolhendo leprosos (Mt 8,1-4), estrangeiros (Mt 8,5-13), mulheres (Mt 8,14-15), doentes (Mt 8,16-17), endemoninhados (Mt 8,28-34), paralíticos (Mt 9,1-8), publicanos (Mt 9,9-13), pessoas impuras (Mt 9,20-22), etc. Jesus rompe com as normas e costumes que excluíam e dividiam as pessoas, isto é, o medo e a falta de fé (Mt 8,23-27) e as leis da pureza (9,14-17), e não faz segredo das exigências para os que querem segui-lo. Eles terão que ter a coragem de largar muita coisa (Mt 8,18-22). Assim, nas atitudes e na prática de Jesus, aparece em que consistem o Reino e a observância perfeita da Lei de Deus.
Mateus 9,9: O chamado para seguir Jesus.
As primeiras pessoas chamadas para seguir Jesus eram quatro pescadores, todos judeus (Mt 4,18-22). Agora, Jesus chama um publicano, considerado pecador e tratado como impuro pelas comunidades mais observantes dos fariseus. Nos outros evangelhos, este publicano se chama Levi. Aqui, o nome dele é Mateus que significa dom de Deus ou dado por Deus. As comunidades, em vez de excluir o publicano como impuro, devem considerá-lo como um Dom de Deus para a comunidade, pois a presença dele faz com que a comunidade se torne sinal de salvação para todos! Como os primeiros quatro chamados, assim o publicano Mateus larga tudo que tem e segue Jesus. O seguimento de Jesus exige ruptura. Mateus largou a coletoria, sua fonte de renda, e foi atrás de Jesus!
Mateus 9,10: Jesus senta à mesa junto com pecadores e publicanos
Naquele tempo, os judeus viviam separados dos pagãos e dos pecadores e não comiam com eles na mesma mesa. Os judeus cristãos deviam romper este isolamento e criar comunhão de mesa com os pagãos e os impuros. Foi isto que Jesus ensinou no Sermão da Montanha como sendo uma expressão do amor universal de Deus Pai. (Mt 5,44-48). A missão das comunidades era oferecer um lugar aos que não tinham lugar. Mas esta nova lei não era aceita por todos. Em algumas comunidades, as pessoas vindas do paganismo, mesmo sendo cristãs, não eram aceitas na mesma mesa (cf. At 10,28; 11,3; Gal 2,12). O texto do evangelho de hoje mostra como Jesus comia com publicanos e pecadores na mesma casa e na mesma mesa.
Mateus 9,11: A pergunta dos fariseus
Para os judeus era proibida a comunhão de mesa com publicanos e pagãos, mas Jesus nem liga. Ele até faz uma confraternização com eles. Os fariseus, vendo a atitude de Jesus, perguntam aos discípulos: "Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os pecadores?" Esta pergunta pode ser interpretada como expressão do desejo deles de quererem saber por que Jesus agia assim. Outros interpretam a pergunta como crítica deles ao comportamento de Jesus, pois durante mais de quinhentos anos, desde os tempos do cativeiro na Babilônia até à época de Jesus, os judeus tinham observado as leis da pureza. Esta observância secular tornou-se para eles um forte sinal identidade. Ao mesmo tempo, era fator de sua separação no meio dos outros povos. Assim, por causa das leis da pureza, não podiam nem conseguiam sentar na mesma mesa para comer com pagãos. Comer com pagãos significava contaminar-se, tornar-se impuro. Os preceitos da pureza legal eram rigorosamente observados, tanto na Palestina como nas comunidades judaicas da Diáspora. Na época de Jesus, havia mais de quinhentos preceitos para preservar a pureza. Nos anos setenta, época em que Mateus escreve, este conflito era muito atual.
Mateus 9,12-13: Eu quero misericórdia e não sacrifício
Jesus ouviu a pergunta dos fariseus aos discípulos e responde com dois esclarecimentos. O primeiro é tirado do bom senso: "As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes”. O outro é tirado da Bíblia: “Aprendam, pois, o que significa: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício”. Por meio destes dois esclarecimentos Jesus explicita e esclarece a sua missão junto ao povo: “Eu não vim para chamar os justos, e sim os pecadores". Jesus nega a crítica dos fariseus, nem aceita os argumentos deles, pois nasciam de uma ideia falsa da Lei de Deus. Ele mesmo invoca a Bíblia: "Eu quero misericórdia e não sacrifício!" Para Jesus a misericórdia é mais importante que a pureza legal. Ele apela para a tradição profética para dizer que a misericórdia vale mais para Deus do que os todos sacrifícios (Os 6,6; Is 1,10-17). Deus tem entranhas de misericórdia, que se comovem diante das faltas do seu povo (Os 11,8-9).
4) Para um confronto pessoal
- Hoje, na nossa sociedade, quem é o marginalizado e o excluído? Por que? Na nossa comunidade temos preconceitos? Quais? Qual o desafio que as palavras de Jesus colocam para a nossa comunidade hoje?
- Jesus manda o povo ler e entender o Antigo Testamento que diz: "Quero misericórdia e não sacrifício". O que Jesus quer com isto para nós hoje?
5) Oração final
Feliz o homem que observa os seus preceitos, e de todo o coração procura a Deus! De todo o coração eu vos procuro, não deixeis que eu abandone a vossa lei! (Sl 118, 2.10)
Quarta-feira 29 de junho-2022. Evangelho do Dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus, pela vossa graça, nos fizestes filhos da luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da vossa verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 8, 28-34)
28Quando Jesus chegou à outra margem, à terra dos gadarenos, foram ao encontro dele dois homens possuídos pelo demônio. Saíam do meio dos túmulos e eram muito selvagens, de modo que ninguém podia passar por esse caminho. 29Então eles gritaram: "Que é que há entre nós, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?" 30Havia, ao longe, uma grande manada de porcos que estavam pastando. 31Os demônios suplicavam: "Se nos expulsas, manda-nos para a manada de porcos." 32Jesus disse: "Podem ir." Os demônios saíram, e foram para os porcos; e eis que toda a manada se atirou monte abaixo para dentro do mar e morreu afogada. 33Os homens que guardavam os porcos saíram correndo, foram à cidade e contaram tudo, inclusive o caso dos possuídos pelo demônio. 34Então toda a cidade saiu ao encontro de Jesus. Vendo-o, começaram a suplicar que Jesus se retirasse da região deles.
3) Reflexão
O evangelho de hoje acentua o poder de Jesus sobre o demônio. No nosso texto, o demônio ou o poder do mal é associado com três coisas: 1) Com o cemitério, o lugar dos mortos. A morte que mata a vida! 2) Com o porco, que era considerado um animal impuro. A impureza que separa de Deus! 3) Com o mar, que era visto como símbolo do caos de antes da criação. O caos que destrói a natureza. O evangelho de Marcos, de onde Mateus tirou a sua informação, ainda associa o poder do mal a um quarto elemento que é a palavra Legião, (Mc 5,9), nome dos exércitos do império romano. O império que oprimia e explorava os povos. Assim se compreende como a vitória de Jesus sobre o demônio tinha um alcance enorme para a vida das comunidades dos anos setenta, época em que Mateus escreve o seu evangelho. Elas viviam oprimidas e marginalizadas, pela ideologia oficial tanto do império romano como do farisaísmo que se renovava. O mesmo significado e alcance continua válido para nós hoje.
Mateus 8,28: O poder do mal oprime, maltrata e aliena as pessoas
Este versículo inicial descreve a situação do povo antes da chegada de Jesus. Na maneira de descrever o comportamento dos dois endemoninhados, o evangelista associa o poder do mal com cemitério e morte. É um poder mortal sem rumo, ameaçador, descontrolado e destruidor, que mete medo em todos. Priva a pessoa da consciência, do autocontrole e da autonomia.
Mateus 8,29: Diante da simples presença de Jesus o poder do mal se desmorona e se desintegra
Aqui se descreve o primeiro contato entre Jesus e os dois possessos. É a desproporção total. O poder, que antes parecia tão forte, se derrete e se desmancha diante de Jesus. Eles gritam: "Que é que há entre nós, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?" Sentem que perderam o poder.
Mateus 8,30-32: O poder do mal é impuro e não tem autonomia nem consistência
O demônio não tem poder sobre os seus próprios movimentos. Só consegue ir para dentro dos porcos com a permissão de Jesus! Uma vez dentro dos porcos, estes se precipitam no mar. Na opinião do povo, o porco era símbolo da impureza que impedia o ser humano de relacionar-se com Deus e sentir-se acolhido por Ele. O mar era símbolo do caos que existia antes da criação e que, conforme a crença da época, continuava ameaçando a vida. Este episódio dos porcos que se precipitam no mar é estranho e difícil de ser entendido. Mas a mensagem é muito clara: diante de Jesus, o poder do mal não tem autonomia nem consistência. Quem crê em Jesus já venceu o poder do mal e já não precisa ter medo!
- Mateus 8,33-34: A reação do povo do lugar
Alertado pelos empregados que tomavam conta dos porcos, o povo do lugar veio ao encontro de Jesus. Marcos informa que eles viram “o endemoninhado sentado, vestido e em perfeito juízo” (Mc 5,15). Mas eles ficaram sem os porcos! Por isso, pedem a Jesus para ir embora. Para eles, os porcos eram mais importantes que o ser humano que acabava de ser devolvido a si mesmo.
A expulsão dos demônios. No tempo de Jesus, as palavras demônio ou satanás, eram usadas para indicar o poder do mal que desviava as pessoas do bom caminho. Por exemplo, quando Pedro tentou desviar Jesus, ele foi Satanás para Jesus (Mc 8,33). Outras vezes, aquelas mesmas palavras eram usadas para indicar o poder político do império romano que oprimia e explorava o povo. Por exemplo, no Apocalipse, o império romano é identificado com “Diabo ou Satanás” (Ap 12,9). Outras vezes ainda, o povo usava as mesmas palavras para indicar os males e as doenças. Assim se falava em demônio ou espírito mudo, espírito surdo, espírito impuro, etc. Havia muito medo! No tempo de Mateus, segunda metade do primeiro século, o medo dos demônios estava aumentando. Algumas religiões, vindas do Oriente, divulgavam um culto aos espíritos. Elas ensinavam que gestos errados nossos podiam irritar os espíritos, e estes, para se vingar de nós, podiam impedir nosso acesso a Deus e privar-nos dos benefícios divinos. Por isso, através de ritos e despachos, rezas fortes e cerimônias complicadas, o povo procurava acalmar esses espíritos ou demônios, a fim de que não prejudicassem a vida humana. Estas religiões, em vez de libertar o povo, alimentavam nele o medo e a angústia. Ora, um dos objetivos da Boa Nova de Jesus era ajudar o povo a se libertar deste medo. A chegada do Reino de Deus significou a chegada de um poder mais forte. Jesus é “o homem mais forte” que chegou para amarrar o Satanás, o poder do mal, e roubar dele a humanidade prisioneira do medo (cf. Mc 3,27). Por isso, os evangelhos insistem tanto na vitória de Jesus sobre o poder do mal, sobre o demônio, sobre o Satanás, sobre o pecado e sobre a morte. Era para animar as comunidades a vencer este medo do demônio! E hoje, quem de nós pode dizer: “Eu sou totalmente livre”? Ninguém! Então, se não sou totalmente livre, alguma parte em mim é possuída por outros poderes. Como expulsar estes poderes? A mensagem do evangelho de hoje continua válido para nós.
4) Para um confronto pessoal
- O que está oprimindo e maltratando o povo, hoje? Por que, hoje, em certos lugares, se fala tanto em expulsão de demônio? Será que é bom insistir tanto no demônio? O que você acha?
- Quem de nós pode dizer que é totalmente livre ou liberto? Ninguém! Então, somos todos um pouco possessos, possuídos por outros poderes que ocupam algum espaço dentro de nós. Como fazer para expulsar este poder de dentro nós e de dentro da sociedade?
5) Oração final
O Senhor é clemente e misericordioso, lento para a ira e rico de graça. O Senhor é bom para com todos, compassivo com todas as suas criaturas. (Sl 144, 8-9)
Terça-feira 28 de junho-2022. Evangelho do Dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, pela vossa graça, nos fizestes filhos da luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da vossa verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 8, 23-27)
23Então Jesus entrou na barca, e seus discípulos o acompanharam. 24E eis que houve grande agitação no mar, de modo que a barca estava sendo coberta pelas ondas. Jesus, porém, estava dormindo. 25Os discípulos se aproximaram e o acordaram, dizendo: "Senhor, salva-nos, porque estamos afundando!" 26Jesus respondeu: "Por que vocês têm medo, homens de pouca fé?" E, levantando-se, ameaçou os ventos e o mar, e tudo ficou calmo. 27Os homens ficaram admirados e disseram: "Quem é esse homem, a quem até o vento e o mar obedecem?"
3) Reflexão
Mateus escreve para as comunidades de judeus convertidos dos anos setenta que se sentiam como um barquinho perdido no mar revolto da vida, sem muita esperança de poder alcançar o porto desejado. Jesus parecia estar dormindo no barco, pois não aparecia para elas nenhum poder divino para salvá-las da perseguição. Em vista desta situação de angústia e desespero, Mateus recolheu vários episódios da vida de Jesus para ajudar as comunidades a descobrir, no meio da aparente ausência, a acolhedora e poderoso presença de Jesus vencedor que domina o mar (Mt 8,23-27), que vence e expulsa o poder do mal (Mt 9,28-34) e que tem poder de perdoar os pecados (Mt 9,1-8). Com outras palavras, Mateus quer comunicar esperança e sugerir que não há motivo para as comunidades terem medo. Este é o motivo do relato da tempestade acalmada do evangelho de hoje.
Mateus 8,23: O ponto de partida: entrar no barco.
Mateus segue o evangelho de Marcos, mas o abrevia e o ajeita dentro do novo esquema que ele adotou. Em Marcos, o dia foi pesado de muito trabalho. Terminado o discurso das parábolas (Mc 4,3-34), os discípulos levaram Jesus no barco e, de tão cansado que estava, Jesus dormiu em cima de um travesseiro (Mc 4,38). O texto de Mateus é bem mais breve. Ele apenas diz que Jesus entrou no barco e os discípulos o acompanhavam. Jesus é o Mestre, os discípulos seguem o mestre.
Mateus 8,24-25: A situação desesperadora: “Estamos afundando!”
O lago da Galileia é cercado de altas montanhas. Às vezes, por entre as fendas das rochas, o vento cai em cima do lago e provoca tempestades repentinas. Vento forte, mar agitado, barco cheio de água! Os discípulos eram pescadores experimentados. Se eles achavam que iam afundar, então a situação era perigosa mesmo! Mas Jesus nem sequer acorda, e continua dormindo. Eles gritam: "Senhor, salva-nos, porque estamos afundando!" Em Mateus, o sono profundo de Jesus não é só sinal de cansaço. É também expressão da confiança tranqüila de Jesus em Deus. O contraste entre a atitude de Jesus e dos discípulos é grande!
Mateus 8,26: A reação de Jesus: “Por que vocês têm medo?”
Jesus acorda, não por causa das ondas, mas por causa do grito desesperado dos discípulos. Ele se dirige a eles e diz: “Por que vocês têm medo? Homens de pouca fé!” Em seguida, ele se levanta, ameaça os ventos e o mar, e tudo fica calmo. A impressão que se tem é que não era preciso acalmar o mar, pois não havia nenhum perigo. É como quando você chega na casa de um amigo e o cachorro, preso na corrente, ao lado do dono, late muito contra você. Mas você não precisa ter medo, pois o dono está aí e controla a situação. O episódio da tempestade acalmada evoca o êxodo, quando o povo, sem medo, passava pelo meio das águas do mar (Ex 14,22). Jesus refaz o êxodo. Evoca ainda o profeta Isaías que dizia ao povo: “Quando passares pelas águas eu estarei contigo!” (Is 43,2). Por fim, o episódio da tempestade acalmada evoca e realiza a profecia anunciada no Salmo 107:
23 Desciam de navio pelo mar, comerciando na imensidão das águas.
24 Eles viram as obras de Javé, suas maravilhas em alto-mar.
25 Ele falou, levantando um vento impetuoso, que elevou as ondas do mar.
26 Eles subiam até o céu e baixavam até o abismo, a vida deles se agitava na desgraça.
27 Rodavam, balançando como bêbados, e de nada adiantou a perícia deles.
28 Na sua aflição, clamaram para Javé, e ele os libertou de suas angústias.
29 Ele transformou a tempestade em leve brisa e as ondas emudeceram.
30 Ficaram alegres com a bonança, e ele os guiou ao porto desejado. (Sl 107,23-30)
Mateus 8,27: O espanto dos discípulos: “Quem é este homem?”
Jesus perguntou: “Por que vocês têm medo?” Os discípulos não sabem o que responder. Admirados, se perguntam: “Quem é este homem a quem até o mar e o vento obedecem?” Apesar da longa convivência com Jesus, ainda não sabem direito quem ele é. Jesus parece um estranho para eles! Quem é este homem?
Quem é este homem? Quem é Jesus para nós, para mim? Esta deve ser a pergunta que nos leva a continuar a leitura do Evangelho, todos os dias, com o desejo de conhecer sempre melhor o significado e o alcance da pessoa de Jesus para a nossa vida. É desta pergunta que nasceu a cristologia. Ela nasceu, não de altas considerações teológicas, mas sim do desejo dos primeiros cristãos de encontrar sempre novos nomes e títulos para expressar o que Jesus significava para eles. São dezenas os nomes, títulos e atributos, desde carpinteiro até filho de Deus, que Jesus recebe: Messias, Cristo, Senhor, Filho amado, Santo de Deus, Nazareno, Filho do Homem, Noivo, Filho de Deus, Filho do Deus altíssimo, Carpinteiro, Filho de Maria, Profeta, Mestre, Filho de Davi, Rabboni, Bendito o que vem em nome do Senhor, Filho, Pastor, Pão da vida, Ressurreição, Luz do mundo, Caminho, Verdade, Vida, Videira, Rei dos judeus, Rei de Israel, etc., etc. Cada nome, cada imagem, é uma tentativa para expressar o que Jesus significava para eles. Mas um nome, por mais bonito que seja, nunca chega a revelar o mistério de uma pessoa, muito menos da pessoa de Jesus. Jesus não cabe em nenhum destes nomes, em nenhum esquema, em nenhum título. Ele é maior, ultrapassa tudo! Ele não pode ser enquadrado. O amor capta, a cabeça, não! É a partir da experiência viva do amor que os nomes, os títulos e as imagens recebem o seu pleno sentido. Afinal, quem é Jesus para mim, para nós?
4) Para um confronto pessoal
- Qual era o mar agitado no tempo de Jesus? Qual era o mar agitado na época em que Mateus escreveu o seu evangelho? Qual é hoje o mar agitado para nós? Alguma vez, as águas agitadas do mar da vida já ameaçaram afogar você? O que te salvou?
- Quem é Jesus para mim? Qual o nome de Jesus que melhor expressa minha fé e meu amor?
5) Oração final
Uma geração conta à outra as tuas obras, anuncia tuas maravilhas. Proclama o esplendor glorioso da tua majestade e narram teus prodígios. (Sl 144, 4-5)
No mundo há muitos sacerdotes que são heróis, diz prefeito do Dicastério para o Clero
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No mundo há muitos sacerdotes que são heróis, diz prefeito do Dicastério para o Clero
Dom Lazarus You Heung-Sik fala ao Vatican News sobre os vários aspectos da Igreja na Ásia: o clericalismo é derrotado quando um sacerdote sente que não é apenas pai, mas também filho e irmão da comunidade que serve.
Deborah Castellano Lubov - Cidade do Vaticano
Há muitos sacerdotes heroicos em todo o mundo, "há tantas belas histórias sacerdotais para contar, não somente aquelas feias e desagradáveis, que infelizmente não faltam", afirma Dom Lazarus You Heung-Sik, prefeito do Dicastério para o Clero.
Na extensa entrevista concedida ao Vatican News, o futuro cardeal fala sobre o sacerdócio, vocações, formação nos seminários e da Igreja na Ásia. Para ele, o clericalismo na Igreja é combatido com sacerdotes “pais” e também “filhos e irmãos” de suas comunidades. Se a Igreja formar sacerdotes maduros humana, espiritual e intelectualmente, "então se ouvirá falar menos de abusos e de outros males bem conhecidos".
Dom Lázaro, o que o senhor fazia exatamente quando soube que o Papa disse no Regina Coeli que o criaria cardeal? Qual foi sua reação?
Eu estava em Zagreb para um compromisso pastoral e naquele domingo estava na companhia de um amigo, visitando um santuário mariano, quando a certa altura o celular tocou. Como esse santuário está localizado em um local muito alto, o sinal não era dos melhores. Ao telefone foi um amigo que me disse: "O Papa nomeou-te...". "Quem ele nomeou?", perguntei. Em suma, foi ele quem me comunicou que meu nome estava na lista dos novos cardeais. Lembro-me que cerca de 20 minutos se passaram desde que o Regina Coeli havia sido recitado na Praça São Pedro. Assim, desliguei o celular, rezamos diante do Santíssimo Sacramento, rezamos o Santo Rosário e pedi a ajuda de Nossa Senhora para responder bem a este novo chamado a serviço da Igreja, do Papa e dos sacerdotes. Então liguei novamente o telefone e fui bombardeado com telefonemas e mensagens e disse a mim mesmo: "Não sou digno, mas se o Santo Padre me nomeou então cardeal significará para mim amar ainda mais a Igreja, para servir melhor ao Papa, para ser instrumento da graça de Deus para todos os sacerdotes, diáconos e seminaristas do mundo”.
Os cardeais são os conselheiros mais próximos do Papa. Como o senhor exercerá esse papel?
Nunca pensei em aconselhar o Santo Padre. Por outro lado, sempre achei muito bonita a comunhão com o Papa. De minha parte, antes que aconselhar, procuro ouvir o Santo Padre para entender bem o que ele espera do meu serviço, a partir de algumas questões fundamentais: de quais sacerdotes a Igreja precisa hoje? Como escolhê-los? Como formá-los? Vejo em relação a isto uma resposta muito clara, desde que, no início do Pontificado, o Papa nos deu a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. O importante é viver a Palavra de Deus. Nós, no geral, dizemos que quem vive a Palavra é cristão e quem não a vive não pode ser chamado assim. Viver juntos a Palavra como o Santo Padre deseja na Encíclica Fratelli tutti, ou seja, ser irmãos e irmãs em um clima evangélico de amor recíproco. Hoje lemos na Constituição Apostólica Praedicate Evangelium que a evangelização se faz sobretudo com o testemunho: o testemunho da caridade, do amor fraterno. Os sacerdotes deveriam, portanto, ser os primeiros a pôr em prática o espírito da Praedicate Evangelium, vivendo, com as comunidades que lhes são confiadas, a realidade de uma Igreja sinodal.
A reforma da Cúria descrita na Praedicate Evangelium está em vigor desde domingo, 5 de junho, Solenidade de Pentecostes. Que efeito tem na sua realidade cotidiana?
O Papa Francisco, logo que foi eleito, instituiu o "Conselho dos Cardeais", convocando-os periodicamente. A última reunião, creio, foi a quadragésima primeira. Mas o trabalho desse Conselho de certa forma diz respeito a toda a Igreja, precisamente em vista da nova Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, que não é precisamente obra somente de alguém. De fato, muitos estudaram, rezaram, conversaram, buscando encontrar o “caminho” para a Igreja em nosso tempo. Pessoalmente sinto que minha tarefa é viver bem o espírito da Praedicate Evangelium, para que a Igreja se torne, graças ao empenho de cada um, cada vez mais aquela que Deus quer e também apareça cada vez mais credível aos olhos do mundo. E uma Igreja sinodal é o testemunho do seu rosto mais belo.
O senhor é prefeito do Dicastério para o Clero, que trata dos sacerdotes e diáconos. O Papa Francisco frequentemente condena o clericalismo. Na sua opinião, quais são concretamente os comportamentos e hábitos que o Papa quer combater? E como devem ser combatidos?
O sacerdote preside a comunidade, celebra para ela e com ela a Santíssima Eucaristia; ele é o pai e orientador da comunidade. Jesus instituiu o sacerdócio também para o serviço da comunidade; portanto, sem comunidade, o sacerdócio ministerial não pode existir. Mas o sacerdote é também filho da comunidade, companheiro da comunidade, no sentido de que caminha junto com ela, comendo o mesmo Pão. Portanto, quando o papel do sacerdote-pai é absolutizado, disto porde resultar o clericalismo. Por outro lado, quando um bom sacerdote é, sim, pai, mas no coração também se sente filho e irmão, então amará a comunidade com tudo de si, dedicar-se-á a ela em tempo integral e não perderá tempo em perseguir aspirações e ambições pessoais. O importante é viver esta vida trinitária junto com a comunidade.
Preocupa a queda no número das vocações ao sacerdócio em muitas partes do mundo?
Sim, estou muito preocupado com isso. Em quase todos os países, as vocações estão diminuindo. No entanto, muitos jovens querem imitar bons exemplos, que não faltam. Trata-se, portanto, de oferecer-lhes bons exemplos, isto é, testemunhos credíveis, de quem vive o Evangelho integralmente e assim sabe mostrar que Deus é amor e que estar com Ele representa o nosso único bem, a única verdadeira felicidade do coração humano.
Deste ponto de vista, como pode ajudar a experiência formativa do seminário?
O Seminário não é uma fábrica onde são produzidos sacerdotes, mas um lugar onde vivem os discípulos de Jesus e ali se tornam pouco a pouco seus apóstolos. Por isso, no seminário é necessário antes de tudo viver a Palavra, tanto a nível pessoal como na vida comunitária. De fato, é importante que a vida comunitária seja bem vivida, mesmo em seminários com pequeno número. Se o celibato também significa renunciar a uma família humana para formar uma família maior, esta consciência deve nascer e desenvolver-se no coração dos candidatos ao sacerdócio já nos primeiros anos de formação.
O senhor vem da Coreia do Sul. Em seu continente, a Ásia, muitas Igrejas estão testemunhando um florescimento de vocações para o sacerdócio. Na sua opinião, o que poderiam ensinar àquelas em que a crise vocacional mais se faz sentir?
A história cristã da Coreia é uma história de mártires e muitos deles receberam o dom da fé através do testemunho de fiéis leigos. Depois, em tempos mais recentes, é verdade que as vocações ao sacerdócio aumentaram, mas atualmente também lá estão diminuindo, embora a Igreja continue muito empenhada na promoção e acompanhamento das vocações ao sacerdócio e à vida consagrada, quer masculina como feminina. Pessoalmente, vejo as vocações na Coreia como um dom que Deus nos deu e continua a nos dar por meio de nossos mártires. Devemos, portanto, voltar ao exemplo dos mártires e acho que isso também pode se aplicar a outros países.
Na qualidade de prefeito do Dicastério para o Clero, quais são os desafios que o senhor vê como mais urgentes hoje para os sacerdotes e seu ministério? E como enfrentá-los?
O sacerdócio é um grande dom de Deus. Muitas vezes os meios de comunicação bombardeiam o ouvinte com notícias nem sempre belas sobre os sacerdotes... Mas vejo que há muitos heróis, bons sacerdotes: párocos, missionários ao serviço do povo de Deus, sobretudo dos marginalizados da sociedade. Então é importante e necessário encorajar os sacerdotes, para que sejam alegres: nunca com o nariz empinado, mas com um sorriso nos lábios, capazes de expressar a beleza do dom recebido também em seus rostos. Há muitas histórias sacerdotais bonitas para contar, não apenas as feias e desagradáveis, que infelizmente não faltam.
O Papa Francisco fez muitos esforços para restaurar a reputação da Igreja como uma instituição credível e confiável, fazendo tudo para salvaguardar e proteger os menores de abusos. Qual é o papel do seu Dicastério nestes esforços?
Sinto uma dor enorme ao saber de atos praticados por sacerdotes em detrimento de menores, como pedofilia e abusos em geral. Acredito que se conseguirmos formar sacerdotes maduros humana, espiritual e intelectualmente, eles não usarão a sexualidade por puro prazer, não abusarão dos menores, mas, pelo contrário, os respeitarão e os ajudarão, como de fato a esmagadora maioria deles o fez e faz. A questão é, portanto, formar sacerdotes sólidos e maduros, e então - tenho certeza - finalmente ouviremos menos sobre abusos e outros males conhecidos.
Voltemos ao boom de vocações ao sacerdócio que as Igrejas da Ásia e da África estão testemunhando...
Cada continente vive sua própria situação, mas é impossível pensar em uma Igreja sem sacerdotes. Por isso, todo o Povo de Deus deve invocar com a oração o dom de novos sacerdotes. Esta é a minha esperança. E tenho certeza que o Senhor logo nos dará essa graça e nos mostrará o caminho. Fonte: https://www.vaticannews.va
Reflexão para o XIII Domingo do Tempo Comum
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Enterrar os mortos, despedir-se da família, são as desculpas que damos para não nos comprometermos, para adiarmos a resposta ao chamado amoroso de Jesus, que nos chama a segui-lo para caminhar junto com Ele nos caminhos que levam ao Pai.
Padre Pedro André, SDB - Vatican News
A missão de Jesus foi a de revelar a face amorosa de Deus Pai para a humanidade e para isso Ele foi até as últimas consequências. Neste domingo vemos como Jesus, consciente da decisão que amadureceu em seu coração, de partir para Jerusalém, nos ensina que a maturidade, ou seja, a capacidade de discernir e fazer escolhas, mesmo sabendo das consequências, permite que possamos oferecer nossas vidas como oferta generosa para Deus e para os irmãos e irmãs.
No caminho rumo à Jerusalém vemos alguns diálogos muito significativos em que Jesus convida ou recebe propostas de novos seguidores. No primeiro alguém disse: “Eu te seguirei para onde quer que fores”, e em seguida Jesus esclarece que nem mesmo Ele tem onde repousar a cabeça. No segundo Jesus convida outro, dizendo: “segue-me” e o convidado diz sobre a necessidade de enterrar o próprio pai, ou seja, estava ligado aos compromissos deste mundo. O terceiro também faz uma promessa de seguimento, mas primeiro teria que ir se despedir de seus familiares, e Jesus o interpela dizendo: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”.
Enterrar os mortos, despedir-se da família, são as desculpas que damos para não nos comprometermos, para adiarmos a resposta ao chamado amoroso de Jesus, que nos chama a segui-lo para caminhar junto com Ele nos caminhos que levam ao Pai.
Jesus deixa bem claro que segui-lo não é fácil, pois nem mesmo Ele tinha onde repousar a cabeça, ou seja, é um caminho de desapego. Também nos ensina que as prioridades do Reino de Deus estão em dissonância com as prioridades deste mundo e, que quando alguém se coloca no caminho do Reino, não deve olhar para trás, o que quer dizer, viver se lamentando pelas coisas pelas quais abriu mão para poder estar com Ele.
O Reino de Deus deve ser o objetivo de nossas vidas. Todas as nossas urgências devem ser trocadas pela verdadeira prioridade. Todos nós temos traumas da nossa infância, coisas não resolvidas, que nos impedem de dar passos, de assumir compromissos definitivos. Todos somos convidados por Jesus a viver um processo de amadurecimento permanente, que nos permitirá, assim como ele que caminhou rumo a Jerusalém, mesmo sabendo das consequências que isso traria.
Peçamos a intercessão da Virgem Maria, modelo de seguidora de Jesus, que nos ajude neste processo de amadurecimento, para que o nosso sim, seja sempre renovado todos os dias, para que o nosso desejo de seguir Jesus, num caminho de conversão permanente, possa ir além das nossas fraquezas, medos e traumas, para que as prioridades do Reino de Deus sejam também as nossas. Fonte: https://www.vaticannews.va
Quarta-feira, 22 de junho-Evangelho do Dia, 12ª Semana do Tempo Comum. 2022. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que formais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 7, 15-20)
15Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores. 16Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos? 17Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos. 18Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos. 19Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. 20Pelos seus frutos os conhecereis.
3) Reflexão - Mt 7,15-20
Estamos chegando às recomendações finais do Sermão da Montanha. Comparando o evangelho de Mateus com o de Marcos percebe-se uma grande diferença na maneira de os dois apresentarem o ensinamento de Jesus. Mateus insiste mais no conteúdo do ensinamento e o organizou em cinco grande discursos, dos quais o Sermão da Montanha é o primeiro (Mt 5 a 7). Marcos, por mais de quinze vezes, diz que Jesus ensinava, mas raramente diz o que ele ensinava. Apesar destas diferenças, os dois concordam num ponto: Jesus ensinava muito. Ensinar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc 10,1). Mateus se interessava pelo conteúdo. Será que Marcos não se interessava pelo conteúdo? Depende do que entendemos por conteúdo! Ensinar não é só uma questão de comunicar verdades para o povo aprender de memória. O conteúdo não está só nas palavras, mas também nos gestos e no próprio jeito de Jesus se relacionar com as pessoas. O conteúdo nunca está desligado da pessoa que o comunica. Ela, a pessoa, é a raiz do conteúdo. A bondade e o amor que transparecem nas palavras e gestos de Jesus fazem parte do conteúdo. São o seu tempero. Conteúdo bom sem bondade é como leite derramado. Não convence e não à conversão.
As recomendações finais e o resultado do Sermão da Montanha na consciência do povo ocupam o evangelho de hoje (Mt 7,15-20) e o de amanhã (Mt 7,21-29). (A seqüência dos evangelhos diários da semana nem sempre é a mesma dos próprios evangelhos.)
Mateus 7,13-14: Escolher o caminho certo
Mateus 7,15-20: O profeta se conhece pelos frutos
Mateus 7,21-23: Não só falar, também praticar
Mateus 7,24-27: Construir a casa na rocha
Mateus 7,28-29: A nova consciência do povo
Mateus 7,15-16ª : Cuidado com os falsos profetas
No tempo de Jesus, havia profetas de todo tipo, pessoas que anunciavam mensagens apocalípticas para envolver o povo nos vários movimentos daquela época: essênios, fariseus, zelotes e outros (cf. At 5,36-37). No tempo em que Mateus escreve também havia profetas que anunciavam mensagens diferentes da mensagem proclamada pelas comunidades. As cartas de Paulo mencionam estes movimentos e tendências (cf 1Cor 12,3; Gal 1,7-9; 2,11-14;6,12). Não deve ter sido fácil para as comunidades fazer o discernimento dos espíritos. Daí a importância das palavras de Jesus sobre os falsos profetas. A advertência de Jesus é muito forte: "Cuidado com os falsos profetas: eles vêm a vocês vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes”. A mesma imagem é usada quando Jesus envia os discípulos e as discípulas para a missão: “Mando vocês como cordeiros no meio de lobos” (Mt 10,16 e Lc 10,3). A oposição entre lobo voraz e manso cordeiro é irreconciliável, a não ser que o lobo se converta e perca a sua agressividade como sugere o profeta Isaías (Is 11,6; 65,25). O que importa aqui no nossos texto é o dom do discernimento. Não é fácil discernir os espíritos. Às vezes, acontece que interesses pessoais ou grupais levam as pessoas a proclamar como falsos aqueles profetas que anunciam a verdade que incomoda. Isto aconteceu com o próprio Jesus. Ele foi eliminado e morto como falso profeta pelas autoridades religiosas da época. De vez em quando, o mesmo aconteceu e continua acontecendo na nossa igreja.
Mateus 7,16b-20 : A comparação da árvore e seus frutos
Para ajudar no discernimento dos espíritos, Jesus usa a comparação do fruto: “Vocês os conhecerão pelos frutos”. Um critério semelhante já tinha sido sugerido pelo livro do Deuteronômio (Dt 18,21-22). E Jesus acrescenta: “Uma árvore boa não pode dar frutos maus, e uma árvore má não pode dar bons frutos. 19 Toda árvore que não der bons frutos, será cortada e jogada no fogo”. No evangelho de João, Jesus completa a comparação: “Todo ramo que não dá fruto em mim, o Pai o corta. Os ramos que dão fruto, ele os poda para que dêem mais fruto ainda. O ramo que não fica unido à videira não pode dar fruto. Esses ramos são ajuntados, jogados no fogo e queimados." (Jo 15,2.4.6)
4) Para um confronto pessoal
1) Falsos profetas! Conhece algum caso em que uma pessoa boa e honesta que proclamava uma verdade incômoda foi condenada como falso profeta?
2) A julgar pelos frutos da árvore da sua vida pessoal, como você se define: falso ou verdadeiro?
5) Oração final
Desvia meu olhar para eu não ver as vaidades, faze-me viver no teu caminho. Eis que desejo teus preceitos; pela tua justiça conserva-me a vida. (Sl 118, 37.40)
EVANGELHO DO DIA-12ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Segunda-feira, 20 de junho-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que formais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 7,1-5)
1Não julgueis, e não sereis julgados. 2Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos. 3Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? 4Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? 5Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão.
3) Reflexão - Mt 7,1-5
No evangelho de hoje, 23 de junho, continuamos a meditação sobre o Sermão da Montanha que se encontra nos capítulos 5 a 7 do evangelho de Mateus. Nos dias 9 a 21 de junho, vimos os capítulos 5 e 6. De hoje até 26 de junho, veremos o capítulo 7. Estes três capítulos 5, 6 e 7 oferecem uma idéia de como era a catequese nas comunidades dos judeus convertidos na segunda metade do primeiro século lá na Galiléia e Síria. Mateus juntou e organizou as palavras de Jesus para ensinar como devia ser a nova maneira de viver a Lei de Deus.
* Depois de ter explicado como restabelecer a justiça (Mt 5,17 a 6,18) e como restaurar a ordem da criação (Mt 6,19-34), Jesus ensina como deve ser a vida em comunidade (Mt 7,1-12). No fim, ele traz algumas recomendações e conselhos finais (Mt 7,13-27). Aqui segue um esquema de todo o sermão da Montanha:
Mateus 5,1-12: As Bem-aventuranças: solene abertura da nova Lei
Mateus 5,13-16: A nova presença no mundo: Sal da terra e Luz do mundo
Mateus 5,17-19: A nova prática da justiça: relacionamento com a antiga lei
Mateus 5,20-48: A nova prática da justiça: observando a nova Lei.
Mateus 6,1-4: A nova prática das obras de piedade: a esmola
Mateus 6,5-15: A nova prática das obras de piedade: a oração
Mateus 6,16-18: A nova prática das obras de piedade: o jejum
Mateus 6,19-21: Novo relacionamento com os bens materiais: não acumular
Mateus 6,22-23: Novo relacionamento com os bens materiais: visão correta
Mateus 6,24: Novo relacionamento com os bens materiais: Deus ou dinheiro
Mateus 6,25-34: Novo relacionamento com os bens materiais: confiar na providência
Mateus 7,1-5: Nova convivência comunitária: não julgar
Mateus 7,6: Nova convivência comunitária: não desprezar a comunidade
Mateus 7,7-11: Nova convivência comunitária: confiança em Deus gera partilha
Mateus 7,12: Nova convivência comunitária: a Regra de Ouro
Mateus 7,13-14: Recomendações finais: escolher o caminho certo
Mateus 7,15-20: Recomendações finais: o profeta se conhece pelos frutos
Mateus 7,21-23: Recomendações finais: não só falar, também praticar
Mateus 7,24-27: Recomendações finais: construir a casa na rocha
A vivência comunitária do evangelho (Mt 7,1-12) é a pedra de toque. É onde se define a seriedade do compromisso. A nova proposta da vida em comunidade aborda vários aspectos: não reparar no cisco que está no olho do irmão (Mt 7,1-5), não jogar as pérolas aos porcos (Mt 7,6), não ter medo de pedir as coisas a Deus (Mt 7,7-11). Estes conselhos vão culminar na Regra de Ouro: fazer ao outro aquilo que você gostaria que o outro fizesse a você (Mt 7,12). O evangelho de hoje traz a primeira parte: Mateus 7,1-5.
Mateus 7,1-2: Não julguem, e vocês não serão julgados
A primeira condição para uma boa convivência comunitária é não julgar o irmão ou a irmã, ou seja, eliminar os preconceitos que impedem a convivência transparente. O que significa isto no concreto? O evangelho de João dá um exemplo de como Jesus vivia em comunidade com os discípulos. Jesus diz: “Eu não chamo vocês de empregados, pois o empregado não sabe o que seu patrão faz; eu chamo vocês de amigos, porque comuniquei a vocês tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15,15). Jesus é um livro aberto os para os seus companheiros. Esta transparência nasce da sua total confiança nos irmãos e irmãs e tem a raiz na sua intimidade com o Pai que lhe dá a força para abrir-se totalmente aos outros. Quem assim convive com os irmãos e as irmãs, aceita o outro do jeito que o outro é, sem preconceitos, sem impor-lhe condições prévias, sem julga-lo. Aceitação mútua sem fingimento e total transparência! Este é o ideal da nova vida comunitária, nascida da Boa Nova que Jesus nos trouxe de que Deus é Pai/Mãe e que, portanto, todos somos irmãos e irmãs uns dos outros. É um ideal tão difícil e tão bonito e atraente como aquele outro: ”Ser perfeito como o Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48).
Mateus 7.3-5: Vê o cisco e não percebe a trave
Em seguida, Jesus dá um exemplo: “Por que você fica olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção à trave que está no seu próprio olho? Ou, como você se atreve a dizer ao irmão: 'deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando você mesmo tem uma trave no seu? Hipócrita, tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem para tirar o cisco do olho do seu irmão". Ao ouvir esta frase, costumamos pensar logo nos fariseus que desprezavam o povo como ignorante e se consideravam a si mesmos melhores que os outros (cf. Jo 7,49; 9,34). Na realidade, a frase de Jesus serve para todos nós. Por exemplo, hoje, muitos de nós católicos pensamos que somos melhores que os outros cristãos. Achamos até que os outros são menos fiéis ao evangelho do que nós católicos. Olhamos o cisco no olho dos nossos irmãos e não enxergamos a enorme trave de orgulho prepotente coletivo nos nossos olhos. Esta trave é a causa por que, hoje, muita gente tem dificuldade de crer na Boa Nova de Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1) Não julgar o outro e eliminar os preconceitos: qual a experiência pessoal que eu tenho neste ponto?
2) Cisco e trave: qual a trave em mim que dificulta minha participação na vida em família e em comunidade?
5) Oração final
Dirige-me na senda dos teus mandamentos, porque nela está minha alegria. Inclina meu coração para teus testemunhos e não para a avareza. (Sl 118, 35-36)
*12º Domingo do Tempo Comum – Ano C
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A liturgia deste domingo coloca no centro da nossa reflexão a figura de Jesus: quem é Ele e qual o impacto que a sua proposta de vida tem em nós? A Palavra de Deus que nos é proposta impele-nos a descobrir em Jesus o “messias” de Deus, que realiza a libertação dos homens através do amor e do dom da vida; e convida cada “cristão” à identificação com Cristo – isto é, a “tomar a cruz”, a fazer da própria vida um dom generoso aos outros.
O Evangelho confronta-nos com a pergunta de Jesus: “e vós, quem dizeis que Eu sou?” Paralelamente, apresenta o caminho messiânico de Jesus, não como um caminho de glória e de triunfos humanos, mas como um caminho de amor e de cruz. “Conhecer Jesus” é aderir a Ele e segui-l’O nesse caminho de entrega, de doação, de amor total.
A primeira leitura apresenta-nos um misterioso profeta “trespassado”, cuja entrega trouxe conversão e purificação para os seus concidadãos. Revela, pois, que o caminho da entrega não é um caminho de fracasso, mas um caminho que gera vida nova para nós e para os outros. João, o autor do Quarto Evangelho, identificará essa misteriosa figura profética com o próprio Cristo.
EVANGELHO (Lc 9,18-24): Atualização
O Evangelho de hoje define a existência cristã como um “tomar a cruz” do amor, da doação, da entrega aos irmãos. Supõe uma existência vivida na simplicidade, no serviço humilde, na generosidade, no esquecimento de si para se fazer dom aos outros. É esse o “caminho” que eu procuro percorrer?
Na sociedade em geral e na Igreja em particular, encontramos muitos cristãos para quem o prestígio, as honras, os postos elevados, os tronos, os títulos são uma espécie de droga de que não prescindem e a que não podem fugir. Frequentemente, servem-se dos carismas e usam as tarefas que lhe são confiadas para se auto-promover, gerando conflitos, rivalidades, ciúmes e mal-estar. À luz do “tomar a cruz e seguir Jesus”, que sentido é que isto fará? Como podemos, pessoal e comunitariamente, lidar com estas situações? Podemos tolerá-las – em nós ou nos outros? Como é possível usar bem os talentos que nos são confiados, sem nos deixarmos tentar pelo prestígio, pelo poder, pelas honras? Tem alguma importância, à luz do que Jesus aqui ensina, que a Igreja apareça em lugar proeminente nos acontecimentos sociais e mundanos e que exija tratamentos de privilégio?
Quem é Jesus, para nós? É alguém que conhecemos das fórmulas do catecismo ou dos livros de teologia, sobre quem sabemos dizer coisas que aprendemos nos livros? Ou é alguém que está no centro da nossa existência, cujo “caminho” tem um real impacto no nosso dia a dia, cuja vida circula em nós e nos transforma, com quem dialogamos, com quem nos identificamos e a quem amamos?
É na oração que eu procuro perceber a vontade de Deus e encontrar o caminho do amor e do dom da vida? Nos momentos das decisões importantes da minha vida, sinto a necessidade de dialogar com Deus e de escutar o que Ele tem para me dizer?
*Leia na íntegra a reflexão. Clique ao lado no link- EVANGELHO DO DIA.
EVANGELHO DO DIA-11ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Sexta-feira, 17 de junho-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 6, 19-23)
19Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. 20Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. 21Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração. 22O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado. 23Se teu olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará nas trevas. Se a luz que está em ti são trevas, quão espessas deverão ser as trevas!
3) Reflexão - Mt 6, 19-23
No evangelho de hoje continuamos nossa reflexão sobre o Sermão da Montanha. Anteontem e ontem refletimos sobre a prática das três obras de piedade: esmola (Mt 6,1-4), oração (Mt 6,5-15) e jejum (Mt 6,16-18). O evangelho de hoje e de amanhã trazem quatro recomendações sobre o relacionamento com os bens materiais, explicitando assim como viver a pobreza da primeira bem-aventurança: (1) não acumular (Mt 6,19-21); (2) ter a visão correta dos bens materiais (Mt 6,22-23); (3) não servir a dois senhores (Mt 6,24); (4) abandonar-se à providência divina (Mt 6,25-34). O evangelho de hoje trata das duas primeiras recomendações: não acumular bens (6,19-21) e não olhar o mundo com olhos doentes (6,22-23).
Mateus 6,19-21: Não acumular tesouros na terra
Se, por exemplo, hoje na TV é dado o aviso de que vai faltar açúcar e café no próximo mês, todos vamos comprar o máximo possível de café e de açúcar. Acumulamos, porque não confiamos. Nos quarenta anos de deserto, o povo foi provado para ver se era capaz de observar a lei de Deus (Ex 16,4). A prova consistia nisto: ver se eles eram capazes de recolher só o necessário de maná para um único dia e de não acumular para o dia seguinte. Jesus diz: "Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde a traça e a ferrugem corroem, e onde os ladrões assaltam e roubam. Ajuntem riquezas no céu, onde nem a traça nem a ferrugem corroem, e onde os ladrões não assaltam nem roubam”. O que significa ajuntar tesouros no céu? Trata-se de saber onde coloco o fundamento da minha existência. Se o coloco nos bens materiais desta terra, sempre corro o perigo de perder o que acumulei. Se coloco o fundamento em Deus, ninguém vai poder destruí-lo e terei a liberdade interior de partilhar com os outros os bens que possuo. Para que isto seja possível e viável, é importante que se crie uma convivência comunitária que favoreça a partilha e a ajuda mútua, e na qual a maior riqueza ou tesouro não é a riqueza material, mas sim a riqueza ou o tesouro da convivência fraterna nascida a partir da certeza trazida por Jesus de que Deus é Pai/Mãe de todos. Onde está o teu tesouro (riqueza), aí está o teu coração.
Mateus 6,22-23: A lâmpada do corpo é o olho
Para entender o que Jesus pede é necessário ter olhos novos. Jesus é exigente e pede muita coisa: não acumular (6,19-21), não servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo (6,24), não se preocupar com comida e bebida (6,25-34). Estas recomendações exigentes tratam daquela parte da vida humana, onde as pessoas tem mais angústias e preocupações. É também a parte do Sermão da Montanha, que é a mais difícil de se entender e de praticar. Por isso Jesus diz: "Se teu olho estiver doente, ....". Alguns traduzem olho doente e olho são. Outros traduzem olho mesquinho e olho generoso. Tanto faz. Na realidade, a pior doença que se possa imaginar é uma pessoa se fechar sobre si mesma e sobre seus bens e confiar só neles. É a doença da mesquinhez! Quem olha a vida com este olhar viverá na tristeza e na escuridão. O remédio para curar esta doença é a conversão, a mudança de mentalidade e de ideologia. Colocando o fundamento da vida em Deus, o olhar se torna generoso e a vida toda se torna luminosa, pois faz nascer a partilha e a fraternidade.
Jesus quer uma mudança radical. Quer a observância da lei do ano sabático, onde se diz que, na comunidade dos que creem, não pode haver pobres (Dt 15,4). A convivência humana deve ser organizada de tal maneira que já não seja necessário uma pessoa se preocupar com comida e bebida, roupa e moradia, saúde e educação (Mt 6,25-34). Mas isto só é possível se todos buscarem primeiro o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6,33). O Reino de Deus é permitir que Deus reine e tome conta: é imitar Deus (Mt 5,48). A imitação de Deus leva à partilha justa dos bens e ao amor criativo, que gera fraternidade verdadeira. A Providência Divina deve ser mediada pela organização fraterna, Só assim é possível jogar fora toda a preocupação pelo dia de amanhã (Mt 6,34).
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus disse: “Onde está tua riqueza, aí estará o teu coração”. Onde está minha riqueza: no dinheiro ou na fraternidade?
2) Qual a luz que está nos meus olhos para olhar a vida, os acontecimentos?
5) Oração final
Porque o Senhor escolheu Sião, ele a preferiu para sua morada. É aqui para sempre o lugar de meu repouso, é aqui que habitarei porque o escolhi. (Sl 131, 13-14)
CORPUS CHRISTI
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Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
Caros diocesanos. A Igreja celebra Corpus Christi – Corpo de Cristo, solenidade que tem estreita ligação com a Quinta-feira santa, dia em que Jesus instituiu a eucaristia, o sacerdócio e ensinou o mandamento do amor, junto ao rito do lava-pés. No contexto das muitas e ricas celebrações da semana santa fica difícil valorizar toda riqueza que o mistério da eucaristia merece. Dentro deste contexto, a história da liturgia, a partir do séc. XIII, fez surgir o que nós celebramos em Corpus Christi, tendo como objetivo litúrgico agradecer pela eucaristia e realizar uma manifestação pública de fé na presença real e permanente de Jesus Cristo no Pão vivo descido do céu. Em Corpus Christi, esta atitude de gratidão se expressa, sobretudo, pela celebração da própria missa e, em seguida, pela procissão solene nas ruas com a Hóstia consagrada. Os enfeites nos caminhos públicos e corredores das igrejas, fazem parte desta gratidão e deste louvor.
Mesmo com toda riqueza celebrativa e do significado da própria palavra Eucaristia, como ação de graças, devemos abordar outras dimensões que ela contém, sobretudo como ceia de comunhão, sacrifício pascal e missão, pois a espiritualidade eucarística revela diversos aspectos em sua unidade indivisível: ela nasce numa Ceia que torna presente (memória) o Sacrifício da Cruz e a Ressurreição de Cristo (Páscoa), realizando a maior Ação de Graças possível para a salvação da humanidade, em todos os tempos, tornando-se fonte e ponto alto de toda evangelização. Portanto, viver uma espiritualidade de Jesus eucarístico, longe de qualquer devocionismo ou intimismo, significa comungar sua vida, entregue em sacrifício de amor, tornando-nos, com Ele e os irmãos, oblação e ação de graças ao Pai em nossa missão evangelizadora. Eucaristia e caridade (serviço), portanto, andam de braços dados e esta relação nos faz entender porque o evangelista João inclui o lava-pés (Jo 13) onde os demais evangelistas narram a instituição da Eucaristia. São Paulo não pensa diferente (1Cor 11, 17-22.27-34). A autenticidade de nossas celebrações eucarísticas será avaliada com este critério, afirma João Paulo II (MND 28). Por isso, faz-se coleta de caridade para os necessitados, nesse dia, pois comungar Jesus Cristo é também entrar em comunhão com os irmãos/ãs.
Na solenidade de Corpus Christi desejamos louvar e agradecer a Jesus eucarístico pela sua presença entre nós neste sacramento e lhe oferecemos o que de melhor possuímos, através de precioso ostensório, dignos sacrários em nossos templos e ruas enfeitadas com belos símbolos religiosos. Contudo, não podemos esquecer o mais importante: acolhê-lo como divino hóspede em nossos corações, em nossa vida, e sermos sacrários vivos, portadores do Senhor na vida pessoal e familiar, em nossos ambientes de trabalho e de convivência na sociedade. Não basta viver o cristianismo apenas em nossos templos.
Como então celebrar Corpus Christi no contexto de tantos irmãos/ãs que passam por necessidades, inclusive com fome? Vamos participar das celebrações, honrando o Senhor presente na eucaristia e, sobretudo, recebendo-o na comunhão e, após a missa em nossos templos, manifestemos publicamente nossa gratidão a Jesus Cristo por esta presença no Santíssimo Sacramento através da procissão em ruas de nossa cidade ou interior, recebendo sua bênção. Sugerimos também a colocação de sinais eucarísticos nesse dia, em nossas casas. Mas não deixemos de acolher o mesmo Senhor da eucaristia que se apresenta em nosso irmão/ã em necessidade (cf. Mt 25, 34ss). Participar da coleta de alimentos já é uma forma de ajuda: os tapetes da caridade são os mais lindos! Em nossa diocese faz-se neste evento também o lançamento da Romaria da Santa Cruz que, em 2022, será muito especial: vamos inaugurar o novo Altar-Monumento! Fonte: https://www.cnbb.org.br
CORPUS CHRISTI: SACRAMENTO DA MISSÃO
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Dom Luiz Antonio Cipolini
Bispo de Marília (SP)
A Solenidade de Corpus Christi nos convida a renovar nossa fé na presença real de Jesus na Eucaristia, mas também nosso compromisso com a unidade e nossa missão de ser presença de Cristo, como discípulos missionários na Igreja e na sociedade.
Fazer a experiência do encontro com Cristo na Eucaristia é essencial, como afirma o Papa Francisco: “a Eucaristia é o coração palpitante da Igreja, é a única matéria nesta terra que tem verdadeiramente sabor de eternidade”. A Eucaristia é o memorial perene da Paixão de Cristo, o cumprimento perfeito das figuras da Antiga Aliança e o maior de todos os sinais que Cristo realizou. É ainda singular conforto que Cristo deixou para os que se entristecem com sua ausência. Nossa união com Cristo e entre nós acontece através da Eucaristia.
Vale a pena recordar o Documento de Aparecida (2007), quando os bispos afirmam: “A Eucaristia, participação de todos no mesmo Pão de Vida e no mesmo Cálice de salvação, nos faz membros do mesmo corpo (1Cor 10,17). Ela é a fonte e o ponto mais alto da vida cristã, sua expressão mais perfeita e o alimento da vida em comunhão” (DAp 158). No entanto, A Eucaristia não se esgota com a participação no Corpo e Sangue do Senhor. Ela impele-nos à solidariedade para com o próximo.
Portanto, a Eucaristia também é Sacramento da missão, pois o próprio Jesus, diante de uma multidão de famintos, pede a seus discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Lc 9,13). A situação do mundo inteiro, agravada pela pandemia do Coronavírus, é de carência de alimentação. E essa alimentação não é útil unicamente para satisfazer a fome física. Existem outros tipos de fome: de amor, de imortalidade, de vida, de carinho, de cuidados, de perdão e de misericórdia.
Os discípulos missionários, fiéis a Cristo, precisam levar em conta aquelas pessoas e aqueles grupos que vivem às margens da sociedade, a fim de que sejam também colaboradores de Deus, sujeitos da evangelização.
Na Ceia Eucarística, apesar de vivermos em meio a sofrimentos e cruzes, antecipamos a festa que no céu nunca se acaba. Dom Hélder Câmara expressou bem essa realidade quando afirmou: “Quanto mais sombria é a noite, mais bela é a Aurora que ela carrega no seio”. A vida eucarística dos discípulos missionários só é plena com a saída de si, com pão em todas as mesas, com a missão.
Feliz e abençoado dia de Corpus Christi, na unidade e na missão! Fonte: https://www.cnbb.org.br
EVANGELHO DO DIA-11ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Quarta-feira, 15 de junho-2022. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 6, 1-6.16-18)
1Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu. 2Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. 3Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita. 4Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á. 5Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. 6Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á. 16Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. 17Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto. 18Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que está presente ao oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.
3) Reflexão - Mt 6,1-6.16-18
O evangelho de hoje dá continuidade à meditação sobre o Sermão da Montanha. Nos dias anteriores, de 9 até 17 de junho, refletimos longamente sobre a mensagem do capítulo 5 do evangelho de Mateus. No evangelho de hoje e dos dias seguintes, de 18 a 21 de junho, vamos meditar a mensagem do capítulo 6 do mesmo evangelho. A seqüência dos capítulos 5 e 6 pode ajudar na sua compreensão. Os trechos em itálico indicam o texto do evangelho de hoje. Eis o esquema:
Mateus 5,1-12: As Bem-aventuranças: solene abertura da nova Lei
Mateus 5,13-16: A nova presença no mundo: Sal da terra e Luz do mundo
Mateus 5,17-19: A nova prática da justiça: relacionamento com a antiga lei
Mateus 5, 20-48; A nova prática da justiça: observando a nova Lei.
Mateus 6,1-4: A nova prática das obras de piedade: a esmola
Mateus 6,5-15: A nova prática das obras de piedade: a oração
Mateus 6,16-18: A nova prática das obras de piedade: o jejum
Mateus 6,19-21: Novo relacionamento com os bens materiais: não acumular
Mateus 6,22-23: Novo relacionamento com os bens materiais: visão correta
Mateus 6,24: Novo relacionamento com os bens materiais: Deus ou dinheiro
Mateus 6,25-34: Novo relacionamento com os bens materiais: abandono à Providência
O evangelho de hoje trata de três assuntos: da esmola (6,1-4), da oração (6,5-6) e do jejum (6,16-18). São as três obras de piedade dos judeus.
Mateus 6,1: Não praticar o bem para ser visto pelos outros
Jesus critica os que praticam as boas obras só para serem vistos pelos homens (Mt 6,1). Jesus pede para construir a segurança interior não naquilo que nós fazemos por Deus, mas sim naquilo que Deus faz por nós. Nos conselhos que ele dá transparece um novo tipo de relacionamento com Deus: “O teu Pai que vê no segredo te recompensará" (Mt 6,4). "Vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes de o pedirdes a Ele” (Mt 6,8). "Se Perdoardes aos homens seus delitos, também vosso Pai celeste vos perdoará" (Mt 6,14). É um novo caminho que aqui se abre de acesso ao coração de Deus Pai. Jesus não permite que a prática da justiça e da piedade seja usada como meio de auto-promoção diante de Deus e diante da comunidade (Mt 6,2.5.16).
Mateus 6,,2-4: Como praticar a esmola
Dar esmola é uma maneira de realizar a partilha tão recomendada pelos primeiros cristãos (At 2,44-45; 4,32-35). A pessoa que pratica a esmola e a partilha para se promover a si mesmo diante dos outros merece a exclusão da comunidade, como foi o caso de Ananias e Safira (At 5,1-11). Hoje, tanto na sociedade como na igreja, há pessoas que fazem grande publicidade do bem que fazem aos outros. Jesus pede o contrário: fazer o bem de tal maneira que a mão esquerda não fique sabendo o que a mão direita está fazendo. É o total desapego e a total entrega na gratuidade do amor que crê em Deus Pai e o imita em tudo que faz.
Mateus 6,5-6: Como praticar a oração
A oração coloca a pessoa em relação direta com Deus. Alguns fariseus transformavam a oração numa ocasião para aparecer e se exibir diante dos outros. Naquele tempo, quando tocava a trombeta nos três momentos de oração, manhã, meio dia e entardecer, eles deviam parar no lugar onde estavam para fazer as suas orações. Havia gente que procurava estar nas esquinas em lugares públicos, para que todos pudessem ver como rezavam. Ora, uma atitude assim perverte nossa relação com Deus. É falsa e sem sentido. Por isso, Jesus diz que é melhor fechar-se no quarto e rezar em segredo, preservando a autenticidade da relação. Deus te vê mesmo no segredo e ele sempre te escuta.Trata-se da oração pessoal, não da oração comunitária.
Mateus 6,16-18: Como praticar o jejum
Naquele tempo a prática do jejum era acompanhada de alguns gestos exteriores bem visíveis: não lavar o rosto nem alinhar os cabelos, usar roupa sombria. Era o sinal visível de jejum. Jesus critica este jeito de jejuar e manda fazer o contrário, para que ninguém consiga perceber que você está jejuando: tome banho, use perfume, arrume bem o cabelo. Aí, só o Pai que vê no segredo sabe que você está jejuando e ele saberá recompensa-lo.
4) Para um confronto pessoal
1) Quando você reza, como você vive a sua relação com Deus?
2) Como vive o seu relacionamento com os outros em família e na comunidade?
5) Oração final
Quão grande é, Senhor, vossa bondade, que reservastes para os que vos temem e com que tratais aos que se refugiam em vós, aos olhos de todos. (Sl 30, 20)
Arcebispo francês proíbe seminaristas e diáconos de usar batina
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O arcebispo de Toulouse, França, dom Guy de Kerimel, mandou que os seminaristas e diáconos de sua jurisdição deixem de usar batina. Quem se prepara para o sacerdócio "deve deixar crescer em si a caridade pastoral e tornar-se acessível a todos antes de se preocupar em mostrar uma identidade muito marcada”, alegou o arcebispo.
A ordem foi dada por meio de uma carta assinada em 2 de junho, que deveria permanecer privada, mas foi obtida por meios de comunicação da França.
Na carta, dom Kerimel reafirmou as opiniões expressas no dia anterior em um jantar com seminaristas da arquidiocese, em particular sua oposição ao uso da batina antes da ordenação.
Kerimel disse que "não queria que os seminaristas se mostrassem de uma forma muito clerical", pois, em sua opinião, a imagem que projetam desta maneira não "se ajusta" à sua condição de fiéis leigos não ordenados. Portanto, o arcebispo não autoriza mais o uso da batina no seminário ou na rua porque “é a lei vigente”.
"Por isso, peço que esta lei seja aplicada fora do seminário na diocese de Toulouse, mesmo para os diáconos", disse, acrescentando que a partir do momento da admissão no seminário, só é possível usar um "sinal distintivo" como “um colar romano ou uma simples cruz”.
Dom Kerimel justificou sua posição afirmando que "a prioridade de um jovem em formação para o sacerdócio ministerial é crescer e fortalecer sua relação com Cristo na humildade e na verdade, sem pretender entrar em um personagem".
A decisão gerou polêmica. Citado pela revista Valeurs Actuelles, um padre da diocese disse que os argumentos de Kerimel são "falsos", reafirmando a importância fundamental da batina na vida do sacerdote, mesmo para os seminaristas quando "aspiram ao sacerdócio", pois "a batina ajuda entrar na pele do sacerdote”.
A batina, disse ele, “é uma lembrança do sacerdócio, nos lembra que em tudo que se faz, um sacerdote é um sacerdote, ajuda e empurra a viver como padre e ajuda as pessoas a se voltarem para ele sem vergonha ou medo".
Não é a primeira decisão controversa de dom Kerimel. Em 2021, depois da publicação do motu proprio Traditionis custodes, com o qual o papa Francisco restringiu a celebração da liturgia anterior á reforma do Vaticano II, kerimel, então bispo de Grenoble-Vienne, encerrou a missão da Fraternidade Sacerdotal de São Pedro (FSSP) em sua diocese. O bispo substituiu os padres da FSSP por um único padre diocesano de meio período.
O grupo de fiéis respondeu à decisão do bispo organizando um boicote a uma arrecadação, que supostamente teria causado uma perda significativa nas receitas diocesanas para 2021. Em abril de 2022, o mesmo grupo voltou a protestar e por 40 horas ocupou o campanário da Igreja de Santo André em Grenoble. Fonte: https://www.acidigital.com
O mistério da Santíssima Trindade revelado a Santo Agostinho por um menino
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Andando pela areia da praia, Santo Agostinho mergulhava certa vez em pensamentos profundos e altíssimos que se elevavam ao céu. Entre seus raciocínios, pensava ele no mistério da Santíssima Trindade.
“Como é que pode haver três pessoas distintas – Pai, Filho e Espírito Santo – em um mesmo e único Deus?”
Ele avistou, de repente, um menino com um baldinho, que ia até a água do mar, enchia o seu pequeno balde e voltava, despejando a água em um buraco na areia.
Santo Agostinho, observando atentamente o menino, lhe perguntou:
– O que estás fazendo?
O menino, com grande simplicidade, olhou para Santo Agostinho e respondeu:
– Coloco neste buraco toda a água do mar!
Diante da inocência do menino, o santo lhe sorriu e disse:
– Isto é impossível, menino. Como podes querer colocar toda essa imensidão de água do mar neste pequeno buraco?
O menino, o olhou então profundamente e lhe disse com voz forte:
– Em verdade, te digo: é mais fácil colocar toda a água do oceano neste pequeno buraco na areia do que a inteligência humana compreender os mistérios de Deus!
Em seguida, a criança desapareceu, pois na verdade era um anjo.
Santo Agostinho refletiu sobre a lição que o anjo havia lhe ensinado. O santo entendeu que a mente do ser humano é muito limitada para conseguir compreender toda a dimensão de Deus.
Ainda que se dedique, o homem não compreenderá esta grandeza por si mesmo. Só entenderemos totalmente a Deus na vida eterna, ao seu lado no céu com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Fonte: https://portalcatolico.es
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