Santa Teresa de Jesus.

“Habituar-se à solidão é grande coisa para a oração e, sendo esta o fundamento desta casa, é necessário por todos os meios afeiçoarmo-nos ao que mais a favorece” (C. 4,9) ... “Todos sabem que sois religiosas e que tendes vida de oração. Grande mal é que pessoas tão obrigadas a. não falar senão de Deus, tenham por licito usar de dissimulação em tais circunstâncias, a não ser alguma vez para conseguir maior bem. Este é o vosso trato e o vosso modo de falar. Quem quiser ter relação convosco, aprenda-o, se não, guardai-vos de aprender vós o seu.

Se vos julgarem grosseiras, pouco perdereis. Se hipócritas, ainda menos. Saireis ganhando, porque não virá procurar-vos senão quem souber a vossa língua. É impossível uma pessoa que não sabe o árabe gostar de entreter-se longamente com quem só fala árabe. Nem vos cansarão, nem vos farão dano. Do contrário, ficaríeis muito prejudicadas tendo de aprender nova língua. Nisto iria todo o vosso tempo. Não podeis calcular como eu. que o sei, por experiência, quanto prejudica a alma. Para se aprender uma língua, esquece-se n outra e vive-se num perpetuo desassossego. O que muito convém para este caminho é paz e tranqüilidade na alma. Se os que falarem convosco quiserem aprender vossa linguagem, contai-lhes as riquezas que se ganham em aprendê-las. Disto não vos canseis. Insisti com piedade e amor, fazendo também oração para que lhes seja proveitoso” (C. 20, 4-6)...

“Quando chegardes a ele, refleti e procurai compreender com quem ides falar, ou com quem estais falando. Mil vidas das nossas não bastariam para acabarmos de entender como merece ser tratado este Senhor. Em sua presença tremem os anjos. Ele tudo governa, tudo pode. Seu querer é realizar. Não faleis com Deus pensando em outras coisas. Isto vem de não compreender o que é oração mental. Penso que o deixo assaz explicado: praza ao Senhor que o saibamos pôr em prática. Amém.” (C. 22, 7.8)... “A primeira coisa que nos ensina Sua Majestade é que a alma se recolha a sós, na solidão. Assim fazia ele sempre que orava, não por necessidade, mas para nosso ensinamento. Já se disse: é intolerável falar ao mesmo tempo a Deus e ao mundo.

É o que fazemos quando estamos a rezar e a escutar, por outro lado, o que se fala em torno de nós, ou a pensar no que nos vem à cabeça, sem domínio de nós mesmos. Excetuo certos tempos em que, por indisposições naturais estados em tensão ou dores de cabeça, nada se consegue, por mais que se faça.

Há também dias em que Deus permite desabarem grandes tempestades sobre seus servos para maior bem de suas almas. Embora se aflijam e procurem aquietar-se, não o conseguem. Por mais que se estorcem, não prestam atenção ao que dizem, não fixam o intelecto. Este parece vítima de uma grande agitação, de tal modo anda desbaratado. Pela aflição que da, quem se acha neste estado, verá que não é culpa sua. Não se aflija, porque é pior. Nem se canse em querer dar juízo a quem por então não o tem, isto é, o seu próprio entendimento. Reze como puder, e até nem reze. Como enferma procure dar alívio a sua alma. Ocupe-se em outras obras virtuosas. Este aviso é para pessoas que cuidam da própria santificação.

Já se convenceram de que não devem, a um tempo, falar com Deus e com o mundo. Em tal caso, o que podemos fazer de nossa parte é buscar solidão. E praza a Deus que isto baste, para entendermos que estamos na presença do Senhor e que ele responde aos nossos pedidos. Pensais que está calado, porque não o ouvimos? Bem que ele fala ao coração, quando de oração lhe rezamos. Nunca o Mestre fica tão longe do discípulo que seja necessário gritar. Fica pertinho” (C. 24,4)... “A oração é entender o que falamos, e com quem falamos, e quem somos nós que ousamos falar a tão grande Senhor. Oração mental é pensar nisto e em outros assuntos semelhantes, como por exemplo, no pouco que fizemos no serviço de Deus e no muito que somos obrigados a fazer. Não vos espanteis com o nome, nem imagineis que seja algo complicado.

Oração vocal é rezar o Pai-nosso e a Ave-maria ou qualquer outra oração que quiserdes. Mas, se não for acompanhada da oração mental, que música desafinada vai produzir? Até as palavras nem sempre sairão certas. Nestes dois modos de orar, com o favor de Deus podemos também fazer alguma coisa. Na contemplação, de que falei acima, nada absolutamente está em nossas mãos. Sua Majestade é quem tudo faz, é obra sua, transcende nossa natureza.” (C. 25,3)

... “Há certas pessoas que vejo muito curiosas por saber qual o grau de sua oração, tão encapotadas, ao rezar, que parece não ousam mexer-se. nem agir com o pensamento, pelo receio de perder um pouquinho do gosto e da devoção. Vejo que pouco entendem do caminho por onde se alcança a união. Pensam que o essencial está nessas exterioridades. Não irmãs, não é assim.

O Senhor quer obras. Se vês uma enferma a quem podes dar algum alivio, não tenhas receio de perder a tua devoção e compadecer-te dela. E se lhe sobrevêm alguma dor, doa-te como se a sentisses em ti. Se for preciso, faze jejum para lhe dar de comer. Não tanto com os olhos nela, quanto porque sabes que teu Senhor o quer assim: Esta é a verdadeira união com a vontade de Deus. Se vires louvar muito a uma pessoa, alegra-te mais do que se te louvassem a ti. Verdadeiramente, é fácil para quem é humilde, pois até sente confusão quando é louvado. Esta alegria de que se entendam as virtudes das irmãs é muito meritória, e ainda sentir, como se fora nossa, alguma falta sua, procurando encobri-la”. (5 M. 3,11)

*A ORAÇÃO NA VIDA CARMELITANA: Reflexões e textos de autores carmelitanos sobre a Comunhão com Deus e a Oração no Carmelo. Textos preparados por Frei Emanuele Boaga, O.Carm.

*CARMELITAS: CONDUZI-LA-EI À SOLIDÃO E FALAR-LHE-EI AO CORAÇÃO

de: “A flecha de fogo”, de Nicolau “Gallus” (ano 1270)

Porventura o Senhor e Salvador nosso não nos conduziu benevolamente à solidão, onde, com uma especial familiaridade, falou ao nosso coração? Aquele que para nossa consolação se mostra aos seus amigos e revela os seus mistérios, não em público, não nas praças, não no meio do ruído, mas no segredo.

A solidão do monte, por mandato do Senhor, subiu Abraão, que, por obediência, não hesitando na fé, mas pela sua esperança antevendo o fruto, quis sacrificar o seu filho Isaac, pelo que foi significada a paixão de Cristo, o verdadeiro Isaac. Foi dito também a Lot, sobrinho de Abraão, que saindo de Sodoma salvaria a sua vida na solidão do monte.

Ainda na solidão do Monte Sinai a Lei foi dada a Moisés, que aí foi revestido de tal fulgor que, quando desceu do monte, não puderam contemplar a sua face resplendente.

Eis que na solidão de uma cela, dialogando Maria e Gabriel, verdadeiramente incarna o Verbo do Pai Altíssimo. Eis que Deus feito homem, querendo transfigurar-se, mostrava a sua glória na solidão do Monte Tabor. Eis que o nosso Salvador subiu sozinho à solidão do monte para orar. Na solidão do deserto jejuou continuamente quarenta dias e quarenta noites. Aí quis ser tentado pelo demônio, para assim nos mostrar um lugar mais apto para orar, fazer penitência e vencer as tentações. A solidão do monte ou do deserto subiu o Salvador para orar; mas quando quis pregar ao povo ou manifestar os suas obras desceu do monte.

Eis que Aquele que plantou os nossos pais na solidão do monte, a Si mesmo se lhes deu como exemplo e aos seus sucessores, querendo que os suas obras, que nunca estão isentas de mistério, fossem transcritas para exemplo.

Outrora, diversos dos nossos antecessores seguiram esta regra verdadeiramente santíssima do nosso Salvador: conhecendo a própria imperfeição moravam longo tempo na solidão do ermo, mas querendo ajudar o seu próximo, embora sem com isso sofrerem dano, desciam algumas vezes do ermo, se bem que raramente, para semearem prodigamente o grão que na solidão colheram com a fouce da contemplação.

*A ORAÇÃO NA VIDA CARMELITANA: Reflexões e textos de autores carmelitanos sobre a Comunhão com Deus e a Oração no Carmelo. Textos preparados por Frei Emanuele Boaga, O.Carm.

Frei Carlos Mesters, O. Carm.

Elias parecia forte e invencível no confronto com os profetas de Baal (1Rs 18,20-40). Mas diante da ameaça de morte da parte de Jezabel, ele aparece como era na realidade: fraco e vulnerável, "igual a nós" (Tg 5,17). Com medo de ser morto, foge do país, vai para o deserto (1Rs 19,1-3). Cego, sem enxergar, não percebe o anjo de Deus que lhe traz comida. Ele só quer comer, beber, dormir e ficar longe de tudo (1Rs 19,5). Está desanimado. Quer morrer: Não sou melhor que meus pais! Mas Deus não desiste. O anjo volta uma segunda vez (1Rs 19,7). Finalmente, Elias desperta e, alimentado por Deus, recupera sua força. No silêncio do deserto, ele caminha quarenta dias e quarenta noites até o Horeb (Sinai), a Montanha de Deus (1Rs 19,8). Elias busca reencontrar Deus no mesmo deserto onde, séculos antes, na época do êxodo, havia nascido o povo.

Mas a busca parece não estar bem orientada. Alguma coisa não está dando certo. Elias diz ter muito zelo, mas, na realidade, está fugindo com medo de morrer (1Rs 19,10.14). Ele diz que ficou sozinho, mas havia sete mil que não tinham dobrado o joelho diante de Baal (1Rs 19,18). Elias tem a visão limitada. Ele pensa que é o único a defender a causa de Deus! (1Rs 19,14) Deus o manda sair da gruta e ficar na entrada, pois "Deus vai passar" (1Rs 19,11). Elias sai da gruta, mas a gruta não sai de Elias. Ele continua com a mesma visão limitada, achando ser ele o único que defende a Deus! (1Rs 19,14) Enquanto não mudar esta sua maneira limitada de perceber a presença de Deus, não poderá percebê-la na vida e nos fatos.

Deus vai passar! Primeiro, um furacão! Depois, um terremoto! Depois, um fogo! No passado, ao concluir a Aliança com o povo naquela mesma Montanha Horeb ou Sinai, na época do êxodo, Deus tinha se manifestado no furacão, no tremor da montanha e nos raios de fogo (Ex 19,16). Eram os sinais tradicionais da presença atuante de Deus no meio do povo. Eram estes os critérios que orientavam Elias na busca de Deus. Ele mesmo tinha experimen­tado a presença de Deus no fogo quando, no Monte Carmelo, enfrentou os profetas de Baal (1Rs 18,36-38).

Elias estava fazendo uma coisa certa. Ele buscava Deus voltando às origens do povo, à experiência de Deus no êxodo. Mas os critérios da sua busca estavam desatualizados. Ele vivia no passado. Encerrou Deus dentro dos critérios! Queria obrigar Deus a ser como ele, Elias, o imaginava e desejava. Por isso aconteceu o inesperado, a surpresa total: Deus não estava mais no furacão, nem no terremoto, nem mesmo no fogo que tinha sido sinal da presença de Deus, pouco antes, no Monte Carmelo! Parece até um refrão que volta três vezes: Javé não estava no furacão! Javé não estava no terremoto! Javé não estava no fogo! Se Ele não está nestes sinais, então onde está Deus? Onde encontrá-lo?

É a desintegração do mundo de Elias. A crise mais violenta e mais dolorosa que se possa imaginar! Cai tudo! Pois se Deus não está mais nestes sinais familiares e tradicionais de sempre, então Ele não está em canto nenhum! É o silêncio de todas as vozes! É a escuridão da noite! Ora, é neste momento, que se abre para Elias um novo horizonte. É no silêncio de todas as vozes que a voz de Deus se manifesta.

Este silêncio total. A brisa suave indica algo, uma experiência, que, de repente, faz emudecer, faz a pessoa ficar calada, cria nela um vazio e, assim, a dispõe para escutar. Esvazia a pessoa, para que Deus possa entrar e ocupar o lugar. Ou melhor, Deus entrando provoca o vazio e o silêncio. Silêncio sonoro, solidão povoada! Vacare Deo dizem até hoje os carmelitas, isto é, esvaziar-se para Deus!

Elias cobriu o rosto com o manto (1Rs 19,13). Sinal de que tinha experimentado a presença de Deus exatamente naquilo que parecia ser a ausência total de Deus! A escuridão se iluminou por dentro e a noite ficou mais clara que o dia. É a libertação de Elias. Reencon­trando-se com Deus, ele se reencontra consigo mesmo e descobre que não é ele, Elias, que defende a Deus, mas sim que é Deus quem defende a Elias. Libertado por Deus, ele é livre para libertar os outros! 

Na missão de Delegado Provincial para Ordem Terceira do Carmo, Carmelitas. Tive a alegria de acolher três Padres e um noviço na noite de ontem, sábado, 27, na Diocese de Campo Limpo, grande São Paulo. Os Padres; Gian e Luciano, professaram os votos perpétuos. Já o Padre Beto e o jovem Silvano, entraram para o Noviciado. Todos da Ordem Terceira do Carmo de Osasco. Parabéns ao Sodalício na pessoa do seu Prior, o irmão Valcir. Nas próximas horas, veja vídeos e fotos.

“Nicolau, Bispo, Servo de Deus, em perpétua memória.

Visto que nenhum grupo de fiéis, sob qualquer forma de religião, pode organizar-se, sem autorização do Sumo Pontífice, e para que os grupos de religiosas, virgens, viúvas, beguinas, manteladas ou outras formas particulares que vivem sob o título e proteção da Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, ou que no futuro assim queiram viver, não pareçam bem sem a aprovação da autoridade apostólica. 

Nós, pelas presentes letras, decretamos que para a recepção, modo de viver, admissão e proteção das supracitadas, a Ordem, o Mestre Geral da mesma e os Priores Provinciais gozem e usem dos mesmos e idênticos privilégios concedidos à Ordem dos Pregadores e à Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, de modo que as sobreditas virgens, viúvas, beatas e manteladas, vivam em continência e honestamente, guardem o jejum e façam todas as demais coisas, como soem fazer, de acordo com seu regulamento e estatutos. 

Que ninguém, por isto, ouse infringir ou contradizer esta nossa constituição. Se, contudo, alguém cogitasse contrariá-la, saiba que incorreria na ira de Deus onipotente e de seus santos apóstolos Pedro e Paulo.

Dado em Roma, em São Pedro no ano de 1452 da Encarnação de Nosso Senhor, no dia 07 de outubro, sexto ano de nosso Pontificado”.

*Da Regra da Venerárvel Ordem Terceira do Carmo.

Frei Carlos Mesters, O. Carm.

A expressão é da carta de Tiago; “Elias era um homem fraco como nós” (Tg 5,17). De fato, os seis capítulos com as histórias de Elias não escondem os defeitos e as limitações de Elias. Ele teve momentos de medo e de fuga. Sentiu vontade de largar tudo e de morrer. Desanimado só queria comer, beber e dormir.

Chegando na montanha de Deus, o Horeb, Elias entrou na gruta e ouviu a pergunta: "Elias, que fazes aqui?" (1R 19,8) E ele respondeu, por duas vezes: "O zelo por Javé dos exércitos me consome, porque os israelitas abandonaram tua aliança, derrubaram teus altares, mataram teus profetas. Sobrei somente eu, e eles querem me matar também" (1Rs 19,10.14).

Existe uma contradição entre o discurso e a prática de Elias. Conforme o discurso ele é o único que sobrou; mas na prática havia sete mil que não tinham dobrado o joelho diante de Baal (1Rs 19,18). Conforme o discurso ele está cheio de zelo; mas a prática mostra um homem medroso que foge (1Rs 19,3). Conforme o discurso ele sabe analisar o fracasso da nação; mas na prática não sabe analisar o seu próprio fracasso. Elias não se dá conta de que a situação de derrota e de morte em que se encontra é o lugar onde Deus o atinge, pois não percebe a presença do anjo que o orienta. Ele só pensa em comer, beber e dormir (1Rs 19,6).

O olhar de Elias está perturbado por algum defeito que o impede de perceber a realidade tal como ela é. Ele não é capaz de avaliar a situação com objetividade. Ele se considera dono da luta contra Baal (e não é); acha que sem ele tudo estará perdido (e não estará); pensa que Deus sai perdendo caso ele, Elias, for derrotado (e Deus não sai perdendo). Qual o defeito nos olhos de Elias? Qual o defeito em nossos olhos hoje? A resposta está na história da Brisa Leve.

Anders Arborelius, OCD – Ordem dos Carmelitas Descalços, 24/09/1949, 67, anos, bispo de Estocolmo (Suécia). Sagrado bispo em 29/12/1998 por nomeação do santo Papa João Paulo II. É o primeiro cardeal da Suécia. Superfície da Suécia – 441.369 quilômetros quadrados. Língua: sueco, finlandês, noruego, inglês. Capital: Estocolmo, com 864.324 habitantes. População: europeus e lapões. Fronteiras com Finlandia e Noruega. É membro da Comunidade Europeia. Indice de fecundidade é de apenas 1,42 filhos por mulher. Expectativa de vida de 80,5 anos. A população urbana soma 83,41%. É o maior produtor de ferro de toda Europa. Há minas de prata, chumbo, zinco e cobre. Atualmente são 9.651.531 habitantes, dos quais 106.873 católicos, ou seja, 1,1% da população, segundo as estatísticas publicadas pela Santa Sé. Há uma única circunscrição eclesiástica. O episcopado conta com dois bispos.

O bispo de Estocolmo e o núncio apostólico dos países nórdicos que vive na Suécia. A organização pastoral se faz por meio de 44 paróquias, 60 centros de atendimento pastoral. Ministros do povo de Deus: 159 sacerdotes (78 padres do clero secular e 81 membros do clero religioso ou regular), 31 diáconos permanentes, 96 irmãos, dois missionários leigos, 173 religiosas consagradas e 347 catequistas.

Os irmãos luteranos são 87%, ateus ou sem filiação religiosa compõe imenso número de suecos. A evangelização inicia-se no século nove pela pregação do monge Santo Oscar em 830. Há igrejas construídas em pedra desde o ano 1100. A reforma protestante é instituída por decreto pelo Rei Gustave Vasa e se torna religião oficial de Estado em 1560. O primeiro vicariato apostólico da Suécia remonta a 23/09/1783. A diocese de Estocolmo foi erigida em 29/06/1953 pelo papa Pio XII. Durante séculos o luteranismo foi religião oficial do Estado até o ano 2000. A Igreja da Suécia, de origem luterana reúne 7.200.000 membros e tem 3426 pastores e pastoras. A United Church, de matriz batista, metodista e da Missão tem 63 mil membros. O primeiro bispo sueco foi nomeado em 1998 depois de mais de 400 anos. Padroeiros: Santa Brigida, São Eric, Santo Oscar, Santo Gaal, São Sigfrid de Wexlow. Nenhum bispo presente da Suécia durante o Concílio Vaticano I de 08/12/1869 a 20/10/1870. Houve um participante da Suécia ao Concílio Vaticano II de 1962 a 1965. Falecido. Mons. John Edward Taylor, O.M.I. †, Bispo de Stockholm, Suécia; Idade: 50.8 anos. Território da diocese que é o tamanho de todo o país: 450.000 quilômetros quadrados. Fonte: cnbb.net.br

Frei Carlos Mesters, O. Carm.

O que mais marca a Tradição Eliana no Carmelo é este caminhar constante do profeta em obediência à Palavra que o chama a cada momento. A Tradição Eliana da Família Carmelitana retomou esta imagem do caminho e começou a insistir no itinerário místico ou espiritual, realizado pelo profeta. Ela apresenta Elias como modelo do caminho que o carmelita ou a carmelita deve percorrer para realizar o ideal do Evangelho tal como este está expresso na Regra de Santo Alberto.

A Subida do Monte Carmelo começa com o convite: "Saia daqui, dirija-se para o oriente e esconda-se junto ao córrego Carit,  que fica a leste do Jordão"  (1 R 17,3).  Os primeiros Carmelitas comentavam dizendo que Carit significa Caridade: “Saia daqui e esconda-se na caridade!”

Frei Carlos Mesters, O. Carm.

(Texto para reflexão do Programa, A Palavra do Frei Petrônio, neste sábado, dia 20. Para interagir ao vivo no Facebook Live- adicione a página: www.facebook.com/frepetros)

Os textos da Bíblia sobre o profeta Eliseu são pouco lembrados entre nós. Até nas Constituições da Ordem do Carmo o nome do profeta Eliseu aparece apenas uma única vez quando elas falam da devoção aos nossos Santos e Santas: "O Carmelo celebra, com especial devoção, os seus Santos, colhendo neles a expressão mais viva e genuína do carisma e da espiritualidade da Ordem ao longo dos séculos. Com particular solenidade, sejam celebradas a festividade de Santo Elias Profeta, a memória de S. Eliseu Profeta e as festas dos protetores da Ordem, a saber, S. José, S. Joaquim e Santa Ana" (Constituições Nº 88). No entanto, no livro "Instituição dos Primeiros Monges", uma das primeiras sínteses da espiritualidade carmelitana do século XIV, são constantes as referências ao profeta Eliseu como sendo aquele discípulo que deu continuidade à missão de Elias.

Na Bíblia os textos sobre Eliseu apresentam muita semelhança com os textos sobre Elias. Eliseu repete a mesma frase de Elias: "Vivo é o Senhor em cuja presença estou" (1Rs 17,1 e 2Rs 5,16). Como Elias, Eliseu insiste na partilha e na ajuda mútua (1Rs 17,7-16 e 2Rs 4,17). Como Elias, ele consegue devolver a vida ao menino falecido (1Rs 17,17-24 e 2Rs 4,32-37). Como Elias, ele enfrenta sem medo os reis e os poderosos (1Rs 18,20-40 e 2Rs 6,14-23). Deste modo, a Bíblia sugere que Eliseu é o verdadeiro sucessor de Elias: "O espírito de Elias repousa sobre Eliseu!" (2Rs 2,15).

Em Eliseu aparecem também características novas. Ele se preocupa com a saúde do povo: purifica a água contaminada de Jericó (2Rs 2,19-22), ajuda a vencer a fome (2Rs 4,42-44; 7,1-16), cura a lepra de Naamã o sírio (2Rs 5,1-17), encontra remédio caseiro para purificar a sopa envenenada (2Rs 4,38-41) e contribui para a organização e o crescimento do grupo dos irmãos profetas (2Rs 6,1-7). Deste modo, Eliseu, o sucessor, alargou e aprofundou o carisma de Elias.

Os textos da Bíblia sobre Eliseu, são textos dos quais hoje dizemos: "Quem conta um conto, aumenta um ponto, e quem canta um canto, aumenta outro tanto". Porém, eles aumentam, não para falsificar os fatos, mas sim para deixar mais clara a mensagem. Era a maneira popular de contar uma história. Por isso, nem sempre é possível saber exatamente o que aconteceu de fato. Clara, porém, é a mensagem que se quer comunicar.

Vamos percorrer, um por um, os textos da Bíblia sobre o profeta Eliseu para saber como ele viveu e praticou a oração, a fraternidade e a missão profética. A primeira parte destes textos coincide com a parte final dos textos sobre Elias (1Rs 19,15 a 2Rs 2,18). Isto traz consigo alguma repetição, mas o destaque desta vez não será Elias, mas sim Eliseu. Encontramos nestes textos os seguintes itens que vamos destacar e analisar mais de perto e que podem servir como critério para avaliar nossa vida hoje.

1-Elias deve ungir Eliseu como profeta. (1 Reis 19,15-16)

            A total gratuidade do chamado de Deus

2-Quem escapar da espada de Jeú, Eliseu o matará. (1 Reis 19,17-18)

            Como entender tanta violência na missão do profeta Eliseu?

3-Elias chama Eliseu colocando nele o seu manto. (            1 Reis 19,19-20)

            O gesto do manto: chamado, missão, compromisso

4-Eliseu responde ao chamado e segue Elias. (1 Reis 19,21)

            Aceitar o chamado com coerência, humildade e gratidão

5-Eliseu acompanha Elias, desde Guilgal até o rio Jordão. (2 Reis 2,1-6)

            Caminhar juntos para aprofundar e confirmar o chamado

6-Cinquenta irmãos profetas olham para Elias e Eliseu. (2 Reis 2,7)

            Crescer em fraternidade, consciência e doação

7-Eliseu pede a dupla porção do espírito de Elias. (2 Reis 2,8-10)

            Preservar e irradiar a herança do Pai Elias

8-Elias é arrebatado ao céu num carro de fogo. (2 Reis 2,11-12)

            Disponível para Deus a todo momento

9-Eliseu apanha o manto de Elias e se torna o herdeiro. (2 Reis 2,13-15)

            O espírito de Elias repousa sobre Eliseu

10-O corpo de Elias não foi encontrado. (2 Reis 2,16-18)

            Respeitar o mistério de Deus nas pessoas

11-Eliseu purifica a água contaminada de Jericó. (2 Reis 2,19-22)

            Ampliar a ação profética junto ao povo

12-Eliseu amaldiçoa os rapazes que o xingam de careca. (2 Reis 2,23-25)

            Com Deus não se brinca!

13-Eliseu se envolve com a política dos reis. (2 Reis 3,4-14)

            Preservar a liberdade diante dos poderosos

14-Eliseu entra em transe através da música . (2 Reis 3,15)

            Entrar em contato com Deus através dos sinais da natureza

15-Eliseu manda usar violência contra Moab. (2 Reis 3,16-27)

            A pedagogia divina conduz o povo da violência para o amor.

16-Eliseu ensina a viúva como pagar suas dívidas. (2 Reis 4,1-7)

            Provocar a ajuda mútua entre os vizinhos

17-Eliseu devolve a vida ao filho falecido da Sunamita. (2 Reis 4,8-37)

            Fazer a vida renascer e florescer

18-Eliseu purifica a panela envenenada. (2 Reis 4,38-41)

            Transformar veneno em saúde

19-Eliseu provoca a multiplicação dos pães. (2 Reis 4,42-44)

            Partilhar com os outros o pão que se recebe

20-Eliseu cura a lepra de Naamã da Síria. (2 Reis 5,1-17)

            Curar as pessoas com fé e remédios caseiros

21-Eliseu permite Naamã ajudar na adoração de outro deus. (2 Reis 5,18-19)

            Ecumenismo: saber respeitar a religião dos outros

22-Eliseu castiga a mentira e o roubo de Giezi. (2 Reis 5,20-27)

            Não compactuar nunca com a mentira e o roubo

23-Eliseu e o machado que caiu no rio Jordão. (2 Reis 6,1-7)

            Descobrir e agradecer os milagres de Deus na vida

24-Eliseu, o conselheiro do rei. (2 Reis 6,8-13)

            Um bom conselho abre a porta da liberdade

25-Eliseu e a captura do batalhão de soldados arameus. (2 Reis 6,14-23)

            Evitar a vingança e provocar a confraternização

26-A desumanização causada pela guerra. (2 Reis 6,24-31)

            O rei diz que o culpado é Javé, o Deus de Eliseu

27-Eliseu anuncia o fim do cerco da cidade. (2 Reis 6,32-7,20)

            As surpresas de Deus ultrapassam a previsão humana

28-Eliseu e o resto da história da Sunamita. (2 Reis 8,1-6)

            Conservar a memória do passado rende para o presente

29-Eliseu e Hazael de Damasco. (2 Reis 8,7-15)

            Nem sempre se consegue evitar o mal

 30-Um discípulo de Eliseu unge Jeú como rei. (2 Reis 9,1-13)

            Atos por Deus aprovados podem causar desgraças depois

31- A doença e a morte do profeta Eliseu. (2 Reis 13,14-21)

            Vida bem vivida gera vida até depois da sua morte

32-Um breve resumo da vida do profeta Eliseu. (Eclo 48,11-12)

            A lembrança do profeta na memória do povo

33-Na sinagoga de Nazaré Jesus se refere ao profeta Eliseu. (Lucas 4,24-30)

            A lembrança viva do profeta continuava incomodando

(Continua no próximo artigo a reflexão sobre o Profeta Eliseu. Aguarde)

Frei Edimar Fernando Moreira, O. Carm.

         

              O escapulário de Nossa Senhora do Carmo é uma das principais formas de devoção mariana da Igreja Católica. Essa devoção está diretamente ligada à Ordem Carmelitana. Tal família religiosa surgiu no final do século XII, durante o tempo das cruzadas. Eremitas, vindos principalmente da Europa, se reuniram no Monte Carmelo, na Palestina, junto à fonte do profeta Elias, e, lá estabeleceram morada. Depois de alguns anos, pediram ao patriarca de Jerusalém que lhes dessem uma regra de vida sob a qual todos deveriam continuar vivendo. Lá, construíram estabeleceram uma capela dedicada à Nossa Senhora, no centro de onde ficavam as celas, onde morava cada eremita. Principalmente por conta das invasões bárbaras à Terra Santa, eles retornaram, por volta 1238, à Europa.

            Quando os carmelitas chegaram à Europa, tiveram muitas dificuldades para serem reconhecidos como uma Ordem religiosa. Corriam o risco de se extinguirem. Segundo alguns relatos, surgidos principalmente a partir do século XV, São Simão Stock, que seria o geral da Ordem, no ano de 1251 teria feito uma oração a Nossa Senhora pedindo sua proteção sobre os Carmelitas. Ele, segundo essas tradições, teve uma visão dela lhe entregando o escapulário e prometendo sua proteção à todos que estivessem usando o escapulário. Historicamente, a figura de São Simão Stock, bem como o relato de sua visão e sobre o conteúdo da promessa são questões bastante imprecisas e controversas. É um relato sobre o qual pouco se sabe, mas muito se falou e escreveu. Mas, o que vem a ser o escapulário? Por que as os Carmelitas o usavam?

            O escapulário é uma um longo pedaço de tecido marrom, com um buraco no qual passa a cabeça, da largura dos ombros, que cobre a parte da frente e das costas da pessoa, até os pés. Os religiosos o colocam sobre a túnica. Antigamente, ele era utilizado como um avental. Por questões de praticidade, difundiu-se entre os leigos, devotos de Nossa Senhora do Carmo, a prática de usar uma versão menor do escapulário, na qual geralmente carrega, além de um pedaço de tecido, as estampas de Nossa Senhora do Carmo, de um lado, e do Sagrado Coração de Jesus do outro. Essa devoção, mesmo que tenha  uma origem questionável, ainda pode, a partir de reflexões mais condizentes com nosso tempo, estar em íntima relação com o espirito cristão. Buscaremos, agora, uma proposta para uma reflexão contemporânea para o uso do escapulário a partir de três dimensões.

            O escapulário, entendido como hábito, é sinal de consagração por meio da agregação à Família Carmelitana. Naquele tempo, no século XII, esse símbolo, mostrava tanto a pertença quanto a proteção por parte do dono daquele feudo ou fazenda. Assim, quem usava o escapulário de Nossa Senhora do Carmo pertencia ao grupo dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, como é o nosso nome “completo”. Hoje, a Ordem reconhece que todos os que usam o escapulário são carmelitas. Por isso, há uma tradição que geralmente quem faz a imposição do escapulário é um ou uma carmelita ou alguém devidamente autorizado. A pessoa é acolhida nesta família, e dela deve participar de acordo com seu carisma próprio. Somos chamados a ser uma presença orante, fraterna e profética no meio do povo. Desse modo, como cristãos que vivem um carisma específico, devemos viver como Maria, toda para Deus.

            O escapulário é sinal de entrega total a Deus. A espiritualidade carmelitana chama isso de “viver em obséquio de Jesus Cristo” (Regra do Carmo, n. 2). Para isso, nós devemos “estar dia e noite meditando na Lei do Senhor” (Regra do Carmo, n. 10). O escapulário toma nossa frente e nossas costas. Isso significa que cada um que usa o escapulário deve também, como Maria, estar todo para Deus. Maria foi obediente e se ofereceu “todinha” a Deus (cf. Lc 1, 26). Nós também, como carmelitas, devemos fazer o mesmo. Essa entrega ao Pai, por sua vez, nos leva ao próximo.

            Como já vimos, o escapulário é, antes de qualquer coisa, um avental. Usamos avental para o trabalho! Antigamente, o usavam aqueles que estavam a serviço no campo, na horta, nos afazeres da casa. Nossa Senhora nos ensina que devemos estar sempre a serviço. Nas bodas de Canã, ela, mesmo sendo apenas convidada para a festa, estava na cozinha, atenta às realidades das pessoas que podem levá-las a ter sua dignidade humana violada. O carmelita é convidado a estar na cozinha do mundo! Sabemos que o melhor caminho é estar atentos a fazer o que “Ele” nos disser, servindo ao Senhor, principalmente nos mais necessitados (cf. Jo 2, 1-12). Por isso, quem veste esse avental deve estar sempre em atitude de serviço (cf. Jo 13, 1-20).

            Por isso, vemos que o escapulário de Nossa Senhora do Carmo nos compromete a seguir os passos de Maria de Nazaré em atitude de obediência a Deus e no serviço a Cristo na busca de uma vivência fraterna entre os irmãos. Vestir o escapulário, portanto, não é um privilégio, mas um convite a missão. Vivendo em obséquio de Jesus Cristo e meditando dia e noite na Lei do Senhor, o carmelita segue, junto com Maria, os passos de Jesus de Nazaré. Ele nos convida a trabalhar, guiados pelo Espírito Santo, na construção do Reino de Deus. Confiantes na proteção de Nossa Senhora e com o coração todo voltado para Deus, nos colocamos com nossa irmã como discípulos-missionários na construção de um reino de Amor e Justiça. Esse caminho não é fácil! É por ele, porém, que nosso bentinho se aproxima da nossa missão assumida no Batismo e torna um sinal visível de uma devoção verdadeira e profética.

Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ.

Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 16 de maio-2017.

No Evangelho dessa terça-feira, 16, Jesus diz: “Deixo-vos a paz, a minha vou dou”... (JO 14, 27-31a). Mas afinal, qual a paz de Jesus? Na Missa nos saudamos uns aos outros com a paz do Cristo. Nós rezamos pela paz, nós somos contra a guerra e torcemos pala paz. Queremos a paz para os nossos amigos e amigas. Torcemos para que a nossa família, trabalho, casa, rua, cidade, país e mundo vivam em paz. Quando vamos na igreja ficamos em paz, seja diante de Jesus na Eucaristia ou nos momentos de orações, retiros... Enfim, quando entramos no cemitério sentimos uma paz, mesmo que seja a paz angustiante ao pensarmos na realidade da morte. Mas de fato, esta é paz que Jesus nos deixou?

No Antigo Testamento nos deparamos com o Profeta Elias-Pai e guia dos Carmelitas- envolto no silêncio angustiante e na paz provocadora que o fez perceber a presença amorosa de Deus transformando a sua vida e o jogando de volta na caminha missionária. (1º Reis 19, 9-15)

Na primeira leitura da Missa dessa terça-feira, nos deparamos com o apedrejamento de Paulo Apóstolo e a sua fuga para continuar na Missão de paz e conforto espiritual para a primeira comunidade cristã. (At 14, 19-28). A exemplo do Profeta Elias que, no silêncio da brisa suave encontrou o Deus da paz provocadora, também o apóstolo Paulo estava cheio de paz a ponte de, mesmo passando pelo apedrejamento, continuar anunciando o Cristo vivo e Ressuscitado.

Portanto, meu caro seguidor das redes sociais e do Olhar Jornalístico, se engana quem pensa que a paz de Cristo é aquela que fica estática e fecha os olhos para as mazelas da sociedade; corrupção, fome, guerra, injustiça social. Não, não!!! A Paz de Cristo é inovadora, transformadora e criativa. Quem tem a verdadeira paz de Cristo abre os olhos e, a exemplo do Profeta Elias, de Paulo e dos diversos homens e mulheres seguidores e seguidoras de Jesus, são capazes de se jogar no mundo e na luta- cheios de paz- na defesa da vida e no anuncio da Boa nova.

Enfim, quando você vê um homem ou uma mulher envolto em uma paz que apenas silencia e não grita contra a presença da morte dos inocentes vítimas de um sistema consumista, egoísta e desumano, essa pessoa pode ter tudo, menos a paz de Cristo!. E tenho dito!  

Frei Carlos Mesters, O. Carm.

Um chamado ou uma vocação pode vir de dentro da gente: “Eu me sinto chamado para isto ou para aquilo”. Também pode vir de fora. Alguém bate na porta e diz: “Maria, será que você pode vir ajudar a gente?” Geralmente, a vocação é algo que vem, ao mesmo tempo, de dentro e de fora da gente. É como uma semente que está dentro da terra. Mas se não houver chuva e sol que vem de fora, a semente que está dentro da gente não cresce e não se desenvolve.

Tem semente de alface e semente de jacarandá. Semente de alface, tendo sol e chuva, cresce rápida. Semente de jacarandá cresce bem mais devagar. A semente da vocação dentro da gente é de jacarandá: cresce devagar, durante tantos anos quantos anos dura nossa vida.

Vocação é como gente. Ninguém nasce sozinho, mas nasce de pai e mãe, no meio de uma família. Não cresce sozinho, mas com a ajuda de outras pessoas. Dizia o cearense filósofo lá do sertão que nunca estudou: “Eu não sou pessoa não. Sou pedaço de pessoa. Pessoa é a comunidade, e quanto mais eu participo na comunidade, mais pessoa eu fico”. É assim que cresce a vocação dentro da gente: convivendo.

Vocação pode nascer de muitas maneiras. Por exemplo, quando, diante de uma injustiça, você percebe que tem a possibilidade de fazer algo para mudar a situação, então, dentro de você, nasce um sentimento de responsabilidade que a faz dizer: “Não posso ficar parada! Devo fazer alguma coisa!” Pois bem, esta consciência forte que você, eu ou a comunidade às vezes sentimos de que podemos e devemos fazer algo para mudar o rumo dos acontecimentos ao nosso redor, é uma vocação. Vem de Deus através da consciência. Assim existem muitas vocações, muitos chamados.

Tem gente que vive procurando durante anos para saber “O que será que Deus quer de mim”. Quando depois de muitos anos de busca e de reza, finalmente, encontra a resposta que procurava, a pessoa diz: “Até que enfim encontrei o que eu queria. Acho que nasci para isso!” Naquele momento, tudo se encaixa e a pessoa se sente no lugar onde Deus a queria desde o momento em que nasceu.

No tempo do profeta Jeremias, as pessoas diziam a mesma coisa, mas com outras palavras. Jeremias sentia Deus dizendo a ele assim: “Jeremias, antes de formar você no ventre de sua mãe, eu o conheci; antes que fosse dado á luz, eu o consagrei, para fazer de você o profeta das nações” (Jr 1,5). Hoje dizemos: “Acho que estou no lugar onde Deus me quer. Nasci para isto!”.

Frei Carlos Mesters, Carmelita.

Adaptação: Frei Petrônio de Miranda, Carmelita.

ABERTURA

1- Um canto para começar

(Sugestão: Levanta Elias, do CD- Levanta Elias).

2- O animador acolhe o pessoal

3- Invocar a luz e a força do Espírito Santo

(Pode-se cantar um canto ou uma oração ao Espírito Santo).

PARTIR DE UM FATO DA VIDA

Hoje vamos refletir sobre o Profeta Elias. No título está escrito: "O profeta Elias: onde encontrar os sinais de Deus na vida?" Às vezes imaginamos os Santos e os Profetas como pessoas que nunca tiveram momentos de fraqueza e de escuridão. Foi exatamente o contrário! Como todos nós, eles passaram por momentos difíceis e de grande desânimo, em que Deus parecia estar ausente. É sobre isto que vamos refletir e rezar hoje.

A pergunta é esta: "Onde encontrar os sinais de Deus na vida?" Há muitas respostas. Nem todas iguais. Antes de darmos a nossa resposta, vamos ouvir algumas das respostas dos outros:

"Deus fala pela Bíblia, pela Igreja, pelas pessoas santas!”

- "Fecho os olhos, faço silêncio e o escuto dentro de mim!"

- "Quando um pobre bate na porta, eu digo: É Deus que chama!"

- "Sinto Deus nas festas bonitas, nas procissões e romarias"

- "Para mim, Deus está em todo canto, sempre, em tudo e todos!"

- "Praia, mar, montanha, pôr do sol: tudo me fala de Deus!"          

Vamos conversar sobre este assunto e aprender uns dos outros:

  1. O que pensar de cada uma destas respostas?
  2. Qual a resposta que nós damos a esta pergunta?

MEDITAR A PALAVRA DE DEUS.

Vamos agora ouvir a Palavra de Deus. A leitura do Texto da Bíblia é um momento solene. É Deus quem nos dirige a Palavra. Por isso, vamos abrir o coração para Ele, cantando um canto de aclamação.

Para introduzir a leitura. O texto que vamos ouvir descreve como Elias ficou com medo e fugiu. Procurou Deus no terremoto, no fogo e na tempestade, e não o encontrou. Deus se fez presente de maneira bem diferente do que Elias imaginava. Enquanto formos ouvindo a leitura, fiquemos com esta pergunta na cabeça: "Como se deu o encontro entre Deus e Elias?"

LEITURA DO TEXTO DA BÍBLIA: 1 REIS 19,1-14

Momento de silêncio para a Palavra de Deus poder calar em nós.

Vamos descobrir o que Deus nos tem a dizer por meio deste texto:

1- O que você sentiu dentro de você ao ouvir esta história?

2- Como se deu o encontro entre Deus e Elias?

  1. Conte como se deu o encontro entre Deus e você
  2. Como este texto ilumina o problema que discutimos no início?

CELEBRAR A PALAVRA DE DEUS

Jesus também teve momentos muito difíceis. Foi no Horto das Oliveiras e na Cruz. Vamos unir-nos a Ele e expressar em forma de prece as intenções e sentimentos que neste momento estão no nosso coração.

Aqui, na presença de Deus, vamos formular e assumir juntos um compromisso de praticar a Palavra que ouvimos e meditamos. Vamos rezar o Salmo 22 que Jesus rezou quando estava na Cruz. Ele nos revela os sentimentos de Jesus na hora de morrer.

FINAL

Podemos concluir com canto, VAI ELIAS, do CD- Levanta Elias.

A CAMINHO DE ROMA: Frei Donizetti Barbosa e Frei Petrônio de Miranda... Quer dizer, a Rua Roma, aqui no Rio de Janeiro. 

OLHAR DO DIA: Frei Carlos Mesters- Em recuperação - aqui no Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro, recebe visitas da cidade de Angra dos Reis. www.olharjornalistico.com.br

Dia 10 de maio de 2017, dia que o ex-presidente Lula está depondo diante do juiz Moro, em Curitiba, PR, celebramos 31 anos do martírio do padre Josimo Tavares. Por isso o recordamos. Após tentativa de assassinato contra padre Josimo Moraes Tavares, no dia 15 de abril de 1986, quando cinco tiros foram disparados contra a Toyota em que ele viajava na defesa dos camponeses, profundamente ameaçado de morte - e de ressurreição! -, incompreendido por colegas padres e agentes de pastoral, inclusive, padre Josimo foi convocado a elaborar um relatório de suas atividades e a esclarecer as circunstâncias que levaram a tantas ameaças de morte contra ele.

*Leia na íntegra. Clique aqui:

http://mensagensdofreipetroniodemiranda.blogspot.com.br/2017/05/padre-josimo-tavares-outro-cristo-no.html

Frei Christopher O’Donnell, O. Carm.

             A mais antiga devoção mariana entre os carmelitas é, provavelmente, a invocação da Padroeira. Não significa que a ideia de Mãe, parte da herança cristã comum à toda Igreja, foi ignorada. Mas numa era feudal, a reflexão carmelitana sobre o oratório consagrado à Maria influenciou rapidamente a devoção de Maria como Padroeira do Carmelo como, por exemplo, em Baconthorpe (+ cerca de 1348).  O domínio sobre o lugar é dado a ela.  Os próprios eremitas escolheram este título. A afirmação de Baconthorpe é mais explícita em seu Laus religionis carmelitanae:

            Assim como os profetas no Carmelo ofereceram um serviço místico à Virgem, os irmãos mais tarde, não esqueceram a resposta mística de seus predecessores, mas realizaram-na, pois, no mesmo Carmelo, eles ofereceram seus pescoços em escravidão à Virgem. Por isso, são verdadeiramente chamados “Irmãos de Maria do Monte Carmelo”.

            Como observa Baconthorpe neste mesmo trabalho, existem elos recíprocos:

       Portanto, é mais oportuno aos carmelitas que invoquem Maria, sua especial advogada, após cada uma das horas canônicas, ajoelhados e recitando a antífona “Salve Regina”. Corretamente, esta Ordem é fortemente venerada por tal grande advogada, de forma que cada um possa dizer: “terás o mesmo louvor”.

            Assim, na cultura medieval feudal, Maria é vista como a Suserana do lugar, a sua Padroeira, pois tudo está sob seu domínio. O carmelita é, portanto, um vassalo num incondicional serviço.

  1. Bostius afirmou que tudo que diz respeito ao Carmelo, tanto geográfica como juridicamente, pertence à Maria: as casas, as igrejas dedicadas a ela, os hábitos. A tese principal de seu trabalho é que nada ou ninguém no Carmelo escapa ao domínio de Maria. Tudo pertence a ela como feudo, como heranças, como propriedade dela.

            Talvez seja válido observar que, apesar de parecer próximo a essas ideias feudais, a tradição carmelitana nunca abraçou a devoção de “escravidão à Maria”. Na forma proposta pelo cardeal de Bérulle, isso foi sugerido às freiras descalças francesas, mas foi considerado estranho na época.  Sem dúvida, apesar de alguns carmelitas sentirem-se atraídos pela escravidão mariana de São Grignon de Montfort, tal devoção nunca foi uma corrente forte ou defendida na Ordem. Como podemos ver adiante, existem alguns paralelos no misticismo mariano de Mary Petyt e Miguel de Santo Agostinho.

         A noção de padroeira é tão tradicional e profunda que poderia parecer que pertence à essência do carisma mariano da Ordem. Uma chave para sua compreensão é que, diferente de alguns outros modos de se considerar Maria, o patronato implica num relacionamento de duas vias: Maria protege os Irmãos; os Irmãos servem a Maria. A dimensão deste duplo relacionamento para com Maria é característico do modo de vida carmelitano. No próximo capítulo examinaremos suas implicações mais de perto. A mentalidade feudal do relacionamento do padroado na Idade Média não é mais apropriada hoje em dia. Ele talvez seja melhor considerado hoje na forma de consagração, tema que consideraremos mais adiante.

*UMA PRESENÇA AMOROSA: MARIA E O CARMELO: Um Estudo da Herança Mariana na Ordem do Carmo.