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Todo o mundo morre, diz Bolsonaro, em desesperado combate contra a ética e a consciência individual
Romancista, autor de "Nove Noites" e "O Último Gozo do Mundo".
Jair Bolsonaro durante Marcha para Jesus em Brasília em 2019 - Adriano Machado - 10.ago.19/Reuters
O que faz alguém defender, em nome de Deus, um governo que apelidou de liberdade o crime, de ordem a incompetência, e de justiça o aviltamento da lei? O que leva alguém a apoiar, em nome de Deus, um governo que vê na mentira a salvação, no cinismo a dignidade, e na desonestidade a honra?
Essa é uma questão que diz respeito à ética e não à moral, que se adapta a todo tipo de contradição. É o que se conclui de um livro maravilhoso que acaba de sair em português pela editora Âyiné: "Da Ilíada", de Rachel Bespaloff, numa bela tradução de Giovani T. Kurz (uma edição anterior já havia sido publicada, em 2005, pela extinta e saudosa Cotovia, de Lisboa, também responsável pelo lançamento das traduções de referência que Frederico Lourenço fez da "Ilíada" e da "Odisseia").
Rachel Bespaloff (1895-1949) escreveu "Da Ilíada" entre 1939 e 1942, quando embarcou da França para os Estados Unidos, fugindo do nazismo. Começou a escrever esse pequeno ensaio durante um mau momento pessoal e da humanidade, procurando escapar às "ideias obsessivas", ao que parece enquanto a filha estudava a "Ilíada" na escola: "Agarrei-me a Homero. Era a coisa verdadeira, o tom, a própria ênfase da verdade".
O ensaio vai tratar precisamente da ética como "ciência dos momentos de completa angústia, em que a ausência de escolha dita a decisão". É quando parte da humanidade costuma atribuir aos deuses e ao destino o que é de sua responsabilidade.
Em Homero, deuses imperfeitos carregam a culpa da tragédia dos homens, mas a responsabilidade é sempre da humanidade. Os deuses "são causa de tudo e responsáveis por nada". A culpa deles é a irresponsabilidade. Zeus não está nem aí quando é xingado pelos homens, não vê sacrilégio na blasfêmia. Sua felicidade imprudente faz a responsabilidade recair sobre os ombros da humanidade. E é aí que incide a ética.
Os deuses gregos são "agentes provocadores" de um espetáculo no qual o homem tem a chance de mostrar sua grandeza e sua coragem. A epopeia é a superação da mesquinharia.
É diferente na relação com um Deus onipotente e inquestionável. A responsabilidade Dele tanto castiga como isenta os homens da culpa pelos arbítrios, atrocidades e pequenezas que cometem em Seu nome. "Onde a individualidade não se afirma sob aquilo que a esmaga, a responsabilidade não encontra esteio."
Bespaloff entretanto não opõe a "Ilíada" à Bíblia, mesmo se numa o homem é o único responsável pela justiça e na outra ele a espera de Deus. O que na verdade afasta uma da outra, segundo a autora, é a interpretação que, ignorando na Bíblia a "prodigiosa inspiração da poesia profética" (ou seja, sua responsabilidade humana), degenera a religião em "fervoroso messianismo místico".
Não há nada mágico ou místico nem na "Ilíada" nem na Bíblia. "Não há outro ascetismo, senão a retidão do espírito, para entrar em contato com o sobrenatural." O acontecimento no qual incide a ética é sempre incomparável. Não é possível domesticá-lo, convertê-lo em norma moral.
Ele é sempre uma provação para os homens. "A experiência ética se materializa apenas em atos que a transcendem. O que restaria dessa experiência se a poesia não testemunhasse sua realidade?"
Historicamente, tanto a "Ilíada" como a Bíblia encontram-se num lugar intermediário entre a magia dos mitos e a razão da filosofia. Nem uma coisa nem outra, é pela poesia que se realiza a "liberação da consciência individual". É a poesia que torna inteligível e representável a experiência ética.
Bespaloff também associa Homero e Tolstói, apesar das diferenças que os afastam. A guerra em um como em outro torna inestimáveis as vidas que ela consome. É o oposto do que vemos no Brasil, onde as vidas consumidas não têm valor algum. "Todo o mundo morre", pontifica o chefe da nação, em desesperado combate contra a ética e a consciência individual. A responsabilidade é de Deus.
A democracia é o regime da responsabilidade humana. Ela é resultado do debate de responsabilidades entre os homens, não da delegação da culpa para o Além, por interesses demasiado humanos.
A democracia é um ajuste de imperfeições, nunca a justificativa destas pela atribuição de perfeição a um deus inquestionável. Na democracia, a força divina está dividida na pluralidade antagônica dos homens. Não é o lugar da moral prescritiva e punitiva, mas da ética. Não é o lugar de um Deus acima de todos, mas da "humildade diante do real, diante da existência não domesticável". É aí que os homens têm afinal a chance de mostrar a que vieram e o que realmente valem. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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Matéria já aprovada na Câmara regulamenta limite de decibéis emitidos por templos de qualquer crença religiosa e define que punições só devem ocorrer em caso de reincidência; texto tramita no Senado desde 2019
Clarissa Pacheco
É falso um texto que circula em grupos de WhatsApp com o alerta de que o Senado Federal teria começado a debater um projeto de lei que prevê “prisão religiosa” para quem fizer pregações em horas impróprias. No texto compartilhado no aplicativo de troca de mensagens, um autor desconhecido afirma que o Senado está debatendo uma “lei de proteção doméstica” com o objetivo de punir congregações que têm “um grande volume no momento de celebrar sua adoração”. Mas não existe nenhum projeto de lei em tramitação com esse teor. O que existe é uma proposta para fixar um limite de decibéis emitidos em atividades religiosas — e a pena para descumprimento da regra é uma multa, não a prisão.
Leitores do Estadão Verifica solicitaram a checagem deste conteúdo através do WhatsApp, no número (11) 97683-7490.
A corrente afirma que os senadores estariam estudando punir religiosos que abordam pessoas nas ruas e visitam casas. Além disso, a imposição da leitura da Bíblia seria enquadrada como violação da liberdade de culto. O texto no WhatsApp não cita o número do projeto de lei que estaria sendo debatido, mas o Senado já havia identificado, em junho de 2020, que o PL 5.100/2019 estava sendo alvo de desinformação. Naquela época, o projeto era chamado em correntes de WhatsApp de “Lei da proteção doméstica”. Em março deste ano, o boato foi “reciclado” e voltou a circular com mais alegações falsas, como a de que o texto discutido previa prisão religiosa contra quem pregasse em horas impróprias.
A matéria trata, na verdade, de poluição sonora por templos de qualquer crença religiosa. Nenhuma das punições previstas no projeto, que já foi aprovado na Câmara dos Deputados e agora tramita no Senado, fala em prisão, tampouco religiosa.
O que diz o projeto de lei
O texto original é da autoria do deputado federal Carlos Gomes (Republicanos/RS) e foi enviado à Câmara em 2 de março de 2015, sob o número PL 524/2015. Depois de passar por todas as comissões da Câmara, o texto final foi aprovado em julho de 2019 e seguiu para tramitação no Senado com o número PL 5.100/2019. Ele ainda tramita na Comissão de Meio Ambiente (CMA) e a última atualização foi em 16 de fevereiro de 2022, quando chegou às mãos do relator, o senador Vanderlan Cardoso (PSD/GO),
O PL busca estabelecer um limite de decibéis emitidos a partir da atividade em templos religiosos em zonas industriais, comerciais e residenciais. Em área industrial, o projeto prevê um limite de 85 decibéis durante o dia e 75 à noite, entre 22h e 6h; em área comercial, o limite varia de 80 decibéis durante o dia e 70 à noite; já em áreas comerciais, o limite deve ser de 75 decibéis durante o dia e 65 à noite.
O deputado Carlos Gomes, que é pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, justificou o projeto de lei ao afirmar que não há uma norma sobre limites sonoros na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que contemple a atividade em templos religiosos. Segundo ele, a falta de uma norma efetiva para atividades religiosas comunitárias “tem levado a uma série de arbitrariedades na aplicação de multas que, por seus valores elevados, não raro tem ocasionado o fechamento de muitas igrejas no Brasil, cerceando o exercício da liberdade religiosa de milhares de pessoas”.
De acordo com o texto aprovado na Câmara, deverão ser feitas três aferições de emissão sonora com intervalo de 15 minutos entre elas antes de se constatar, de fato, que houve excesso, ao passo em que as punições só devem ser aplicadas se os templos religiosos não cumprirem as medidas definidas pelos órgãos de fiscalização. O prazo para adoção das providências é de 90 a 180 dias contados da data da autuação.
Punições
O artigo 4º do projeto de lei ainda define que as sanções previstas na lei nº 6.938/1981 (Política Nacional do Meio Ambiente) só devem ser aplicadas em caso de reincidência. Na prática, o projeto de lei que tramita no Senado desde 2019 mais dificulta do que facilita as punições, diferentemente do que insinua o texto viral que circula no WhatsApp. Além disso, nenhuma das sanções previstas no projeto de lei se aproxima do que diz o texto da corrente.
As sanções por descumprimento à Política Nacional do Meio Ambiente, no que diz respeito à aos “inconvenientes e danos causados ao meio ambiente e a terceiros”, estão previstas no artigo 14 da lei 6.938/1981. Eles vão de multas simples ou diária em caso de reincidência, perda ou restrição de incentivos ou benefícios fiscais, perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento de estabelecimentos oficiais e, em último caso, suspensão da atividade.
Não há nenhuma menção a prisão ou a qualquer medida que impeça pregações em horários específicos, nem que proíba que as pessoas sejam abordadas na rua ou em suas casas. Esse tipo de ação não é proibida, desde que não haja violação do domicílio, ou seja, que ninguém entre ou permaneça em casa alheia contra a vontade expressa de seu dono, como define o artigo 150 do Código Penal.
A imposição da leitura da Bíblia não é mencionada no texto do projeto de lei, mas o Brasil é um Estado laico e todas as religiões, segundo a Constituição Federal de 1988, contam com a proteção estatal. Não é permitido, portanto, que a leitura da Bíblia ou de qualquer outro livro religioso seja imposta aos cidadãos, que têm liberdade de culto. No ano passado, o Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucionais leis que obrigassem escolas a terem ao menos um exemplar da Bíblia. Fonte: https://politica.estadao.com.br
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Expoente de esquerda no segmento diz haver bolha de produção de mentira que está pegando líderes
SÃO PAULO
Não são só os "pastores falastrões", não. Tem muito líder evangélico sério cooptado pela rede de fake news que ajudou a emplacar Jair Bolsonaro (PL) em 2018 e que fará de tudo para reelegê-lo em 2022.
A avaliação, em tom de alerta, é de uma das maiores vozes à esquerda no segmento.
"Nós, pentecostais, diríamos de alma rasgada: é coisa do diabo, de espírito maligno, igual o nazismo foi na Alemanha. Uma possessão coletiva. Esse é o poder da fake news. Aí tem o cara que vai se levantar e ser ouvido por milhares, e ele tá preso dentro de uma bolha", disse o pastor Ariovaldo Ramos.
Ele participou de debate sobre o combate a notícias falsas no meio evangélico, realizado na noite de segunda-feira (30), no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, em parceria com o Instituto Lula.
A fala do bispo parte de uma experiência pessoal.
Ramos contou que participou de um programa de rádio sobre a possibilidade de um cristão ser de esquerda, hipótese negada por igrejas como a Universal (que já apoiou o PT no passado).
Depois de afirmar o "óbvio ululante", que claro que era possível, dado que ele é evangélico e progressista, foi almoçar com pastores que conhece há tempos. Lá estava o cabeça de uma ala importante da Assembleia de Deus, que lidera milhares de fiéis.
Sem revelar nomes, ele disse que o colega lhe garantiu que Bolsonaro ganharia de Lula (PT) no primeiro turno. Hoje, todas as pesquisas eleitorais relevantes apontam uma boa dianteira do petista sobre o presidente.
Uma coisa é "quando isso é dito por um falastrão que todo mundo conhece", afirmou Ramos, de novo sem nomear desafetos. "Mas quando você ouve de um cara que você pessoalmente conhece, conhece a força moral dele, aí você dá um passo pra trás e diz: ‘Jesus, essa briga é mais feia do que eu esperava’."
"O que nós estamos enfrentando é uma bolha de produção de mentira que está pegando grandes líderes", continuou o pastor da Comunidade Cristã Reformada, que coordena ainda a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.
Duas figuras da proa petista, Gilberto Carvalho (que comanda as agendas de Lula na campanha) e Paulo Okamotto (presidente do Instituto Lula), estavam na mesa quando Ramos disse que "nossos companheiros de esquerda" não são capazes de travar essa luta contra distorções e inverdades que levam muitos evangélicos a torcer o nariz para o pré-candidato do PT.
Para o pastor, o campo progressista teve pouquíssima disposição para entender o segmento no passado. Não entendeu nada quando Karl Marx disse que a religião é o ópio do povo, diz. "Não é religião por si, e sim o uso que se faz dela."
Agora, a esquerda tem que digerir a proporção que esse bloco cristão ganhou. Evangélicos, afinal, eram menos de 10% da população quando o Brasil voltou a votar para presidente, no pós-ditadura militar. Triplicaram de lá para cá.
"Nossos companheiros de esquerda não vão conseguir fazer, eles ainda estão assustados com o tamanho do negócio. Estão aprendendo agora, vai levar tempo. Nós que temos que fazer, irmãos."
Magali Cunha, a outra debatedora, começou sua participação explicando como funciona o Coletivo Bereia, que ajudou a fundar. Trata-se de uma agência de checagem de notícias, com um diferencial: só confere o noticiário religioso, que transita sobretudo por sites gospel e mídias digitais.
O Bereia, recentemente, classificou como enganoso um conteúdo viral que mostrava um suposto casal fazendo sexo numa igreja, para ser abençoado com a fertilidade (na verdade eram duas mulheres, e uma se deitou sobre a outra por acreditar que isso lhe transferiria saúde, já que a fiel se queixava de dores nas costas).
Em compensação, algumas notícias que de tão absurdas pareceriam falsas são enquadradas como verdadeiras, disse Cunha. Caso da igreja que anunciou uma rifa de espingarda para investir em um ministério infantil.
Bereia é o nome de uma cidade, que hoje ficaria na Grécia, por onde o apóstolo Paulo passou, conforme a Bíblia. Os bereianos tinham o costume de recorrer às escrituras antigas para conferir se as pregações do apóstolo eram verdadeiras.
Daí o nome do coletivo contemporâneo, fundado após uma pesquisa da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) revelar que a circulação de fake news no WhatsApp era particularmente alta entre grupos religiosos. Boa parte era de materiais falsos sobre saúde, como curas milagrosas.
O estudo, ela frisou, precede a pandemia da Covid-19 e a eleição de Bolsonaro. Ali já se detectava que evangélicos "eram não só alvo, mas veículo propagador" de inverdades.
Mentiras existem desde o livro um da Bíblia, Gênesis, mas "nos últimos tempos isso está mais evidente por causa deste aparelhinho que todo mundo tem na mão", afirmou Cunha, segurando um celular. "Vai como rastro de pólvora."
Fake news colam nas igrejas por mexerem com a emoção, o que faz com que o fiel pratique o que Wilson Gomes, professor da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e colunista da Folha, chama de tráfico de conteúdo falso.
Cunha contou que, certa vez, seu marido, um professor universitário, alertou uma aluna que ela tinha propagado uma lorota viral. "Ela respondeu: ‘Professor, sei que é mentira, mas as pessoas precisam saber disso’. Não dá pra dizer que quem passa inverdades é pobre, não estudou. Existe esse preconceito."
Simplesmente abrir o texto da postagem já ajuda. Assim, é possível conferir se o título tem relação com o texto e a data da publicação, já
Cunha também apontou o que vê como fake news estruturais sobre o segmento do qual faz parte. A ideia de que existe cristofobia no Brasil, onde há plena liberdade de culto para evangélicos e no máximo "casos pontuais de intolerância", é uma delas.
Outra: a de que existe porta-voz desse nicho religioso. "Pastor X, pastor Y, alguém que diga 'evangélicos falam assim'."
A Igreja Católica tem papa, no Brasil existe a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Não há nada parecido para evangélicos, então chega dessa história de líderes cravando que o crente de verdade é assim ou assado, afirmou Cunha. Ela lançou no evento o livro "Evangélicos na Política Brasileira".
Os representantes do PT na conversa mais ouviram do que falaram. Gilberto Carvalho disse que naquele dia mesmo havia conversado com Lula sobre a forma como ele vai se dirigir aos evangélicos na campanha, para quebrar "o muro que construíram falsamente entre nós".
O ex-presidente, afirmou seu assecla, "está totalmente convencido dessa importância". Na plateia estava Paulo Marcelo Schallenberger, pastor pentecostal encarregado de tentar derrubar a tal muralha entre PT e a parcela religiosa que mais cresce no país. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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Pró-Pinochet, Stroessner, Ustra e Daniel Silveira, contra Nise da Silveira e Paulo Freire
Eliane Cantanhêde
Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro enaltece sanguinários como Augusto Pinochet, Alfredo Stroessner e Carlos Brilhante Ustra e faz homenagem de duas horas no Planalto para um sujeito como Daniel Silveira, seu governo ataca a psiquiatra Nise da Silveira, o educador Paulo Freire, o cientista Ricardo Galvão, o compositor Chico Buarque e a nossa diva do teatro Fernanda Montenegro.
O Congresso aprovou a inclusão da Dra. Nise no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria, mas Bolsonaro vetou, alegando que não é possível avaliar “a envergadura” do trabalho dela, e bolsonaristas da Câmara já articulam trocar a Dra. Nise por Olavo de Carvalho, o canastrão rejeitado pela própria filha que xingava até nossos generais aos palavrões. Isso, sim, é uma loucura!
A Dra. Nise, um marco no tratamento psiquiátrico, substituiu crueldade por humanidade, eliminou eletrochoque, lobotomia e confinamento e, em troca, pôs pintura, música e convívio com animais. Reconhecida mundo afora, mereceu dois filmes, O Coração da Loucura, de Roberto Berliner, e Olhar de Nise, de Jorge Oliveira, que comentou o veto: “É lamentável o Brasil conviver com tal ignorância”.
E o governo que põe no Ministério da Educação Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub, Milton Ribeiro e um que fraudava currículo ataca Paulo Freire, autor de Pedagogia do Oprimido, defensor de justiça, inclusão e generosidade pela educação, ensinando os cidadãos a pensar; a aprender a aprender.
Enquanto no Brasil bolsonaristas ameaçam destruir o monumento de Paulo Freire no MEC, o maior educador brasileiro merece estátuas numa praça em Estocolmo, na Suécia, e na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, por sua “tolerância e diálogo”. Como é o mundo...
Já o físico Ricardo Galvão foi demitido do Inpe por dados sobre o desmatamento da Amazônia depois sobejamente comprovados. Membro da Academia Brasileira de Ciências, o primeiro dos dez cientistas mais importantes da revista Nature em 2019 e premiado pela Associação Americana para o Avanço da Ciência, ele não serve para Bolsonaro.
Na música, Bolsonaro se recusou a assinar o Prêmio Camões (Brasil-Portugal) que Chico Buarque ganhou. No teatro, Roberto Alvim, que veio a ser secretário de Cultura, chamou a nossa Fernanda Montenegro de “sórdida” e “mentirosa”, anunciando “profundo desprezo” pela classe artística.
É nesse ambiente, com ódio, civis armados e policiais fora de controle, que geramos o George Floyd brasileiro: um homem com distúrbios mentais trancado no porta-malas de um camburão e assassinado com gás pela polícia. O que diria a Dra. Nise da Silveira? Fonte: https://www.estadao.com.br
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É estarrecedor que membros de MDB e PSDB, partidos ligados às lutas democráticas, sejam coniventes com Bolsonaro. Por benefícios de curto prazo, transigem com princípios inegociáveis
É triste constatar que a maioria do MDB, partido cuja história está diretamente vinculada à restauração da democracia no País e à Constituição de 1988, não veja problemas em aderir ao bolsonarismo. Segundo revelou o Estadão, se o MDB declinar da decisão de ter candidatura própria ao Palácio do Planalto, a maioria do partido inclina-se por apoiar a reeleição de Jair Bolsonaro. Os dados são de uma sondagem feita pelo MDB entre seus prefeitos, bancadas e delegados eleitos pelos diretórios estaduais.
Ainda que não diminua sua responsabilidade, é preciso reconhecer que o MDB não está sozinho nessa proximidade com o presidente da República que afronta as instituições, põe em dúvida o processo eleitoral e tenta envolver as Forças Armadas em devaneios golpistas. Também parte significativa do PSDB, especialmente na Câmara dos Deputados, não vê empecilhos em alinhar-se ao bolsonarismo. Citam-se os dois partidos por seu histórico de defesa do regime democrático, mas há também outras legendas que tratam Jair Bolsonaro como um útil parceiro.
Observa-se, assim, um nítido decaimento da consciência cívica não apenas em parte da população – há, por exemplo, quem saia à rua para pedir o fechamento da Corte constitucional –, mas da própria classe política. É um nível de retrocesso ainda mais preocupante, pois se dá em pessoas que, pela própria trajetória profissional, deveriam ser especialmente cuidadosas com o regime democrático e as suas instituições. Como um deputado, por exemplo, pode apoiar um presidente da República que questiona, sem nenhuma prova, a lisura das eleições? Como um parlamentar pode apoiar um movimento político que, entre suas causas, defende o AI-5, pede o fechamento do Congresso e postula o retorno da ditadura militar?
É constrangedor, deve-se admitir, que parte da população defenda essas barbaridades, numa imitação irrefletida do que Jair Bolsonaro defendeu ao longo de sua carreira política. Nenhuma das bandeiras antidemocráticas do bolsonarismo ajuda a resolver, por mínimo que seja, algum dos problemas e desafios nacionais. Além disso, não faz sentido que alguém que se considere defensor das liberdades de expressão e de opinião manifeste apoio à reedição do AI-5. Agir assim expressa profunda ignorância histórica, constitui evidente manipulação política.
Mas ainda mais chocante e constrangedor é constatar que partidos políticos que, de uma forma ou de outra, participaram da luta pela redemocratização – o PSDB, por exemplo, nasceu do MDB, que era oposição ao governo militar – sejam coniventes com a agenda bolsonarista. Nessa indignação aqui não há nenhuma ingenuidade. É notório que esses partidos, especialmente os seus grupos mais próximos ao bolsonarismo, estão sendo fartamente alimentados pelo governo federal por meio das mais variadas emendas e de outras verbas públicas. Ninguém esconde isso, nem mesmo Jair Bolsonaro. Com sua falta de modos, o bolsonarismo instaurou em Brasília um ambiente de escárnio em relação à compra de apoio político. Tudo é respondido com um “e daí?”.
O grande problema, para o qual os partidos perigosamente fazem vista grossa, é que o bolsonarismo não é apenas um governo fraco e omisso, com o qual políticos hábeis podem lucrar muito no curto prazo. Jair Bolsonaro ameaça o livre funcionamento das instituições, a começar pela Justiça Eleitoral. Ou seja, ele coloca em risco a própria continuidade dos partidos. Na contagem paralela de votos do bolsonarismo, quem garante que os votos dados para o MDB e o PSDB irão mesmo para os dois partidos? No sonho bolsonarista de ter um Judiciário refém do Executivo, não há espaço para demandas contrárias aos interesses de Jair Bolsonaro.
A conivência dos partidos, especialmente MDB e PSDB, com o golpismo de Jair Bolsonaro é muito perigosa. Tolera-se o intolerável. Normaliza-se um antirrepublicano e inconstitucional exercício do poder. E tudo isso vindo de legendas que, como se viu nas eleições de 2020, não precisam de Jair Bolsonaro para ser competitivas nas urnas. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
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Confusão em Governador Valadares começou quando bispo avisou ao padre que ele precisava procurar outro imóvel para morar
A Polícia Militar precisou intervir em uma briga entre um bispo e um padre na casa paroquial do bairro Vila dos Montes, em Governador Valadares, no leste do estado, nesse sábado (30/05). O bispo, de 64 anos, ficou ferido.
Segundo os militares, o padre, de 58 anos, informou que já teve outros problemas com o bispo e que é perseguido por ele.
A briga começou quando o bispo informou ao padre que deveria procurar outro imóvel para morar, pois não poderia mais residir na casa paroquial. A justificativa é que ela não comporta dois padres.
Segundo o padre, ele se sentiu desrespeitado durante a conversa, tendo sido agredido verbalmente, e que apenas se defendeu ao agredir o bispo.
O bispo informou à PM que apenas conversava com o padre para resolver questões de rotina quando o pároco pegou uma cadeira para agredi-lo. Os dois caíram no chão onde continuaram a luta corporal. O bispo ficou com lesões no pescoço e em um dos braços.
No Boletim de Ocorrência, os militares apontaram que o padre aparentava estar sob efeito de remédios. Testemunhas afirmaram que o padre usa medicamento para depressão.
O Samu foi acionado e o bispo foi encaminhado ao hospital. Fonte: https://www.em.com.br
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Junior Garimpeiro, de Centro Novo do Maranhão, foi convidado a falar na Comissão de Educação da Casa
Julia Affonso e André Shalders, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA — O prefeito de Centro Novo do Maranhão, Júnior Garimpeiro (PP), convidado a falar nesta quarta-feira, 27, na Comissão de Educação do Senado, patrocinou bíblias com foto do pastor Milton Ribeiro quando ele era ministro da Educação do governo Jair Bolsonaro. Como revelou o Estadão, os exemplares eram parte de pagamento de propina cobrada por dois pastores para liberar acesso ao então ministro.
No fim de março, Ribeiro foi obrigado a deixar o cargo após o Estadão noticiar um esquema de cobrança de propina na pasta em troca de liberação de recursos públicos para creches e escolas. A contrapartida em dinheiro, compra de bíblias e até barras de ouro era solicitada pelos religiosos Gilmar Santos e Arilton Moura – ambos ligados a Ribeiro –, segundo relatos de prefeitos. Os três estão sob investigação.
Uma versão da Bíblia editada por Gilmar Santos que circula na cidade maranhense cita a ajuda do prefeito na confecção do material. “Nossos agradecimentos ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, ao pastor Arilton Moura e ao prefeito Junior Garimpeiro, da cidade de Centro Novo do Maranhão-MA, pelo patrocínio na confecção dessas bíblias.”
As bíblias de Centro Novo estampam em suas primeiras páginas as imagens de Milton Ribeiro, de Gilmar Santos, de seu genro, o pastor Wesley Costa, e do prefeito com sua família. O exemplar é semelhante ao distribuído em um evento do MEC, em julho do ano passado, na cidade de Salinópolis, no Pará, como noticiou o Estadão.
Na cidade paraense, a 220 quilômetros de Belém, edições do livro com imagens do então ministro e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura foram entregues durante um encontro de prefeitos. A impressão destacou o “patrocínio” do prefeito de Salinópolis, Carlos Alberto de Sena Filho, o Kaká Sena, do PL, que também teve a imagem estampada entre a contracapa e a folha de rosto da publicação.
A Procuradoria da República no Pará abriu um inquérito preliminar na divisão de combate à corrupção para apurar a distribuição das bíblias.
A relação entre Milton Ribeiro e Junior Garimpeiro se estreitou no ano passado por intermédio dos dois pastores. A proximidade levou para Centro Novo do Maranhão – cidade a 260 km de São Luís – um evento do ministério com prefeitos maranhenses, em maio de 2021. “O Junior Garimpeiro é uma pessoa especial, é alguém que eu acredito que tenha até um futuro aí na política”, disse Ribeiro na ocasião.
O advogado Reginaldo Silva, que representa o pastor Gilmar Santos, afirmou que não vai se manifestar. O prefeito Junior Garimpeiro não respondeu às tentativas de contato. Milton Ribeiro e Arilton Moura não foram localizados na terça-feira. No fim de março, Ribeiro disse que sabia de foto sua em bíblias e afirmou ter desautorizado as impressões. Fonte: https://politica.estadao.com.br
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Funcionária da GOL foi atingida por estilhaços e atendida no local; segundo companhia aérea, ela passa bem
O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro Foto: Antonio Molina / Agência O Globo
RIO - Um disparo acidental feito pelo ex-ministro da Educação Milton Ribeiro nesta segunda-feira deixou uma pessoa ferida no aeroporto de Brasília. Uma funcionária da companhia aérea Gol, que não teve a identidade revelada, foi atingida por estilhaços e atendida no local.
Segundo a Gol, a funcionária passa bem e não teve ferimentos graves. A empresa disse à TV Globo que ela "não precisou ir ao hospital ou levar pontos" e que "foi mais o susto do caso mesmo".
"A funcionária foi atingida por estilhaços, mas sem nenhum ferimento grave. Ela está bem e recebendo suporte da GOL", disse em nota enviada ao GLOBO.
Ribeiro foi levado para a Superintendência da Polícia Federal do Distrito Federal, onde prestou esclarecimentos sobre o episódio. Ele afirmou que perguntou se alguém havia sido atingido por estilhaços, mas ninguém se manifestou.
'Irreparável perda':Equipe do Exército lamenta morte de paraquedista após salto em SP
No depoimento obtido pela colunista Bela Megale, do GLOBO, o ex-ministro relata que o disparo acidental ocorreu no momento em que estava no balcão da companhia aérea Latam, por volta das 17h. Ele embarcaria em um voo com partida às 19h50 para São Paulo.
Ribeiro declarou que, "como já havia feito o ‘despacho de arma de fogo’ pela internet se dirigiu diretamente ao balcão da companhia aérea Latam; que ao abrir sua pasta de documentos pegou a sua arma para separá-la do carregador, dentro da própria pasta, momento em que ocorreu o disparo acidental".
Alegou ainda que, como havia outros objetos dentro da pasta, o local ficou pequeno para manusear sua arma. "O declarante, com medo de expor sua arma de fogo publicamente no balcão, tentou desmuniciá-la dentro da pasta, ocasião em que ocorreu o disparo acidental".
Em seu depoimento à PF, o ex-ministro afirmou que a bala atravessou o coldre e sua pasta, se espalhando pelo chão. Não há descrição sobre o modelo da arma. Ribeiro disse que a única pessoa que estava por perto no momento era a atendente da Latam. Fonte: https://oglobo.globo.com
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Imunidade parlamentar não inclui agredir a democracia e o livre funcionamento das instituições republicanas, reafirmam PGR e STF. A condenação do bolsonarista é pedagógica
Ao condenar o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) a oito anos e nove meses de reclusão, pelos crimes de ameaça ao Estado Democrático de Direito e coação no curso do processo, o Supremo Tribunal Federal (STF) foi pedagógico. Não existe liberdade de expressão para atacar a democracia. Não existe imunidade parlamentar para impedir o livre funcionamento das instituições republicanas.
Por 10 votos contra 1, o plenário do STF entendeu que a conduta de Daniel Silveira foi criminosa, isto é, que se enquadra naquelas hipóteses em que, ao atingir bens essenciais de uma sociedade, a lei prevê a imposição de uma pena. Os oito anos e nove meses de prisão não são desproporcionais, mas estrita aplicação da legislação a que todos os cidadãos estão sujeitos.
No processo, nada houve de perseguição política. Foi apenas o Estado, por meio de suas instituições, cumprindo seu papel de impedir que condutas consideradas criminosas pela lei fiquem impunes. Ao contrário do que os bolsonaristas dizem, não foi o Supremo que, num rompante autoritário, investigou, denunciou e puniu Daniel Silveira. A acusação contra o deputado bolsonarista não foi apresentada pelo ministro Alexandre de Moraes, e sim pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Foi ela quem primeiro entendeu que a atuação de Daniel Silveira havia sido criminosa.
É sintomático que o bolsonarismo, tão afeito ao punitivismo – sua retórica é sempre de aumento da pena –, tenha se mobilizado, de forma tão intensa, pela impunidade de Daniel Silveira. Não era apenas que “um dos nossos” estava sendo julgado por sua conduta tresloucada. Foi a própria tática política do bolsonarismo, de agressão contra as instituições, que estava no banco dos réus. Daí a importância do julgamento de quarta-feira passada: o Estado Democrático de Direito, por meio de suas instituições, reconheceu que a política também está sujeita a regras e a limites. Não é um vale-tudo, não é um mundo sem lei.
A atividade parlamentar dispõe de prerrogativas constitucionais. Como é próprio de um regime democrático, “os deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos” (art. 53 da Constituição). No entanto, ameaçar e agredir não é uma opinião: é crime. E não cabe usar a imunidade parlamentar como “escudo protetivo para a prática de atividades ilícitas”, lembrou Alexandre de Moraes.
Eis a confusão que o bolsonarismo deseja instaurar. Para seus atos, almeja irrestrita impunidade. Tudo estaria dentro de um amplíssimo conceito de liberdade, para fazer e dizer o que bem entender, num cenário de completa irresponsabilidade. Para os outros, a liberdade seria inteiramente diferente, muito mais limitada. A mera crítica ao presidente da República já foi motivo para que o governo Bolsonaro solicitasse a instauração de inquérito policial contra opositores. É tudo uma grande incoerência. O mesmo deputado bolsonarista que gostaria que seus crimes estivessem protegidos pela imunidade parlamentar defende a edição de um novo AI-5, justamente o ato da ditadura que suspendeu importantes garantias constitucionais.
Há liberdade no País e, precisamente para que possa continuar havendo liberdade, é preciso ter lei. “A liberdade de expressão existe para a manifestação de opiniões contrárias, para opiniões jocosas, para sátiras, para opiniões inclusive errôneas, mas não para imputações criminosas, para discurso de ódio, para atentados contra o Estado de Direito e a democracia”, afirmou Moraes.
Além de pedagógico sobre os limites da liberdade, esse processo judicial põe por terra uma falácia bastante difundida entre bolsonaristas. O que se tem no País hoje não é uma disputa entre STF e Jair Bolsonaro, como se o Supremo perseguisse politicamente o bolsonarismo. O Congresso autorizou a prisão preventiva de Daniel Silveira. A PGR denunciou o deputado. Até o ministro André Mendonça votou por sua condenação. Não é perseguição política, é aplicação da lei. E quem está isolado é o bolsonarismo, não o STF.
- da R. – Com este texto já na página, Bolsonaro anunciou o indulto do deputado, mostrando uma vez mais a falta de pudor do bolsonarismo em usar o poder para acobertar os crimes dos amigos. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
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O ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, terceirizou o acesso a recursos de sua pasta, transformando os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura em corretores junto a prefeitos
Desgaste. Um dos únicos respaldos recebidos pelo ministro Milton Ribeiro foi do presidente Jair Bolsonaro, que declarou colocar a "cara no fogo" por ele Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo / 24/11/21
O último escândalo é sempre o mais popular. O ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, terceirizou o acesso a recursos de sua pasta, transformando os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura em corretores junto a prefeitos de pelo menos 15 cidades de oito estados.
Gilmar é presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil e dirige o Instituto Teológico Cristo para Todos. Arilton é assessor de Assuntos Políticos da Convenção Nacional e preside o seu conselho político. A dupla teria chegado ao ministério depois de um pedido do presidente Jair Bolsonaro. Nos últimos meses, reuniram-se 19 vezes com Ribeiro e, em alguns casos, a agenda do ministro registrava o assunto: “alinhamento político”.
Ribeiro, como seus três antecessores no ministério de Bolsonaro, é uma usina de incontinências verbais, mas nenhum deles foi apanhado criando a figura de corretores de verbas para construir ou reformar creches e escolas, bem como para conseguir equipamentos eletrônicos. Repetindo: equipamentos eletrônicos.
Os prefeitos de dois municípios revelaram que a dupla cobrava um capilé que ia de R$ 15 mil a R$ 40 mil para abrir os processos, bem como taxas de sucesso quando a verba fosse liberada. Pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento e Educação, o FNDE. Repetindo: FNDE. Num caso, Arildo pedia um quilo de ouro (cerca de R$ 300 mil). Noutro pediu que lhe comprasse mil bíblias, a R$ 50 cada uma.
(Tramita na Câmara dos Deputados um projeto que prevê pena de até cinco anos de cadeia para quem usar indevidamente a palavra Bíblia.)
O ministro se explicou revelando que pode ter sido enganado e que em agosto passado pediu à Controladoria-Geral da União que investigasse denúncias. Contudo, em novembro Ribeiro recebeu Arildo acompanhado de um prefeito e 16 dias depois o FNDE liberou R$ 200 mil para sua cidade.
Uma semana depois da primeira notícia dessa bizarria, o presidente Jair Bolsonaro proclamou:
“Estamos há três anos e três meses sem corrupção no governo federal.”
Não é bem assim. Fonte: https://oglobo.globo.com
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Símbolos e fatos eleitorais
Para ganhar eleição, é preciso que o discurso aponte para a mesma direção que o símbolo adotado
Geraldo Alckmin pode não agregar muitos votos, mas certamente transfere confiança a uma chapa liderada por Lula. Seu papel significa muito mais uma direção, uma declaração de princípios do PT e de seu candidato a presidente. Serve como símbolo em favor da estabilidade, do entendimento e, sobretudo, da democracia. Do outro lado, a presença do general Braga Netto na parceria com o presidente Jair Bolsonaro também é um símbolo, mas de sinal trocado. Sua presença na cédula eleitoral é a garantia de recrudescimento no caso da renovação do mandato de um governo já truculento.
Claro que símbolos apenas não ganham eleição. Alckmin pode virar apenas um vice decorativo, como Hamilton Mourão, sob Bolsonaro, ou Michel Temer, com Dilma Rousseff. Pode também ser um novo José Alencar, o vice de Lula que tinha voz e cargo no governo, sendo ministro da Defesa por quase dois anos. Mas, para ganhar eleição, é preciso também que o discurso aponte para a mesma direção que o símbolo adotado. No caso de Lula, que certamente já tem e não perderá os votos do eleitorado de esquerda, é preciso falar também a linguagem de Alckmin, que não é de direita, mas de centro. Tarefa que tem sido difícil para o candidato do PT, que enfrenta resistências dentro do seu partido.
Bolsonaro também não tem conseguido mexer no seu perfil autocrático, embora não faltem recomendações neste sentido. Fora a questão das vacinas contra a Covid, sobre as quais se calou, todas as suas declarações, gestos e ações mostram o mesmo capitão que falhou na sua primeira tentativa de dar um golpe nas instituições, mas que segue torpedeando-as praticamente todos os dias. Ele claramente não trai o símbolo que Braga Netto representaria na sua candidatura.
O eleitor, por sua vez, não pode ignorar esses sinais, que são claros e, em alguns casos, explícitos. Mas, a julgar pela última pesquisa Datafolha, vem crescendo a parcela dos brasileiros que não apenas aceita um governo autoritário como quer sua permanência por mais quatro anos. Ou isso, ou a ignorância e a alienação. Claro que há um contingente importante de eleitores declaradamente de extrema direita, que prega mesmo a intervenção militar e o fechamento do Supremo e do Congresso. Para estes, em última análise, Bolsonaro é apenas um instrumento. O que eles querem é a ditadura. Por quê? Não sei.
Mas há também entre os 26% de eleitores que apoiam o presidente um número relevante de pessoas desinformadas ou simplesmente desligadas. Entre estes, há os que não têm tempo e dinheiro para comprar crédito suficiente para usar seu celular como instrumento de informação. Apenas engolem o que chega nas suas timelines e se convencem com pacotes de bondades. Há os alienados de sempre, aquela turma do andar de cima (desculpe, Elio) que tem esta doença quase juvenil que prolifera há décadas no Brasil. Para estes, a coisa não lhes diz respeito. E há os conservadores que têm medo de mudança e de tudo que lhes pareça vanguardismo (que não é o caso de Lula e do PT) e sempre se aglomeram à direita.
A eleição, que neste momento indica a vitória de Lula no segundo turno, ainda vai sofrer diversos solavancos nos sete meses que nos separam da abertura das urnas. O crescimento de Bolsonaro evidenciado pelo Datafolha não chega a ser uma novidade e haverá outros muitos movimentos até outubro. Ontem, outra pesquisa, do Ipespe para a XP, mostrou queda de dois pontos de Bolsonaro em relação à enquete anterior do mesmo instituto. São assim as pesquisas, elas refletem fatos. O Datafolha identificou sua subida, em razão das “bondades”, e o Ipespe seu recuo, por causa da inflação.
Obviamente, além dos símbolos, as eleições dependem também dos fatos. Vejam o exemplo de 2018. Embora preso em Curitiba e com direitos políticos cassados, Lula ficou na sondagem do Datafolha até agosto, quando seu nome foi substituído pelo de Fernando Haddad. Em abril daquele ano, Lula tinha 31 pontos, contra 15 de Bolsonaro. No início de agosto, a diferença era de 39 contra 19. Na primeira medição com Haddad, no dia 21 de agosto, Bolsonaro apareceu na frente, com 24, contra 9 pontos do petista. Depois da facada, em setembro, ele disparou e fechou o primeiro turno com 46% dos votos contra 29% de Haddad. Fonte: https://oglobo.globo.com
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Evento com a presença do ministro da Educação, Milton Ribeiro, em Nova Odessa, em São Paulo; segundo um prefeito do interior paulista, aquisição de Bíblias era uma condição prévia para que Ribeiro fosse até a cidade Foto: Catarina Chaves/MEC
Relatos apontam para Arilton Moura como autor de pedido de dinheiro e aquisição dos livros em troca de verbas da educação
Renata Cafardo e Julia Affonso, O Estado de S.Paulo
A atuação do gabinete paralelo no Ministério da Educação (MEC) envolvia compra de Bíblias para serem distribuídas nas cidades que recebiam a visita do ministro Milton Ribeiro, e dinheiro para a igreja evangélica. Prefeitos de dois municípios afirmaram ao Estadão que o pastor Arilton Moura era quem fazia a negociação em troca de verbas da educação. Os relatos de cobrança de propinas para compra de Bíblias foram revelados pelo jornal O Globo e confirmados pelo Estadão.
Versões da Bíblia comentada por Gilmar Santos, outro pastor próximo de Ribeiro, foram distribuídas em um evento com o ministro na cidade de Nova Odessa, no interior de São Paulo. Santos é também o dono da editora Cristo para Todos, que produz os livros.
O prefeito de Bonfinópolis (GO), Professor Kelton (Cidadania), relatou ao Estadão que foi convidado para almoçar após uma reunião no MEC, no começo de 2021. No restaurante, Arilton disse que se o prefeito tivesse “interesse” em recurso para escola no município, ele poderia “organizar”. Segundo o prefeito, o pastor pediu R$ 15 mil para custear despesas em Brasília e sugeriu que ele comprasse mil Bíblias, no valor de R$ 50 cada, para distribuir no município.
O prefeito de Boa Esperança do Sul (SP), José Manoel de Souza, afirmou também que foi levado a um restaurante de um hotel em Brasília depois de um evento no MEC. Lá, segundo o prefeito, Arilton perguntou se ele teria interesse em ter uma escola profissionalizante na cidade. “Eu disse que tinha outras demandas, como creche, terceirização de ônibus”, disse. Souza conta que o pastor então complementou dizendo que se ele quisesse poderia ter a escola na hora.
“Ele disse: Eu falo lá, já faz um ofício, mas você tem que fazer um depósito de R$ 40 mil para ajudar a igreja”, afirmou. Souza disse que respondeu que não faria esse tipo de negócio. A cidade de Boa Esperança, segundo ele, não teve qualquer ajuda do MEC em projetos.
Em um evento em Nova Odessa com a participação do ministro, houve pregação dos dois pastores além da distribuição de Bíblias. Uma secretária que esteve no evento e pediu para seu nome não ser publicado descreveu o cenário como “desconfortável, escandaloso para quem é da educação”.
Ela disse que as Bíblias estavam em mesas junto a profissionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do MEC, que resolviam eventuais dificuldades das Prefeituras com merenda, transporte e materiais didáticos. Durante o atendimento a prefeituras em Nova Odessa, em cima do palco, o pastor Moura perguntou se a plateia sabia o motivo de eles estarem ali. “Porque vimos a necessidade do evangelismo em cada município desses”, afirmou. Ao discursar, o ministro agradeceu o pastor Gilmar e o chamou de “meu amigo, meu irmão”. Procurado, o prefeito de Nova Odessa, Claudio José Schooder (PSD), conhecido como Leitinho, não respondeu até a conclusão desta edição.
Segundo um prefeito do interior paulista, que pediu para não ser identificado, a aquisição de Bíblias era uma condição prévia para que o ministro fosse até a cidade. O mesmo teria ocorrido em São João da Boa Vista, a 200 quilômetros da capital.
Procurada pela reportagem, a prefeita Maria Teresinha de Jesus Pedroza (DEM) negou que tenha comprado Bíblias para distribuição durante o evento. “O ministro foi convidado para vir a São João através de contatos que temos na política”, disse.
A Constituição determina que o Brasil é um Estado laico, ou seja, que não incentiva ou tem relações econômicas com nenhuma religião específica. E a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) veda qualquer forma de proselitismo. Fonte: https://www.estadao.com.br
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Por Nelson Lima Neto
O padre Edison Geraldo Bovo
O ex-presidente Lula recorreu à Justiça de SP ao apresentar ação com pedido de explicações contra o padre Edison Geraldo Bovo, que fez acusações contra o líder petista em missa no último dia 10 de março.
A defesa de Lula quer saber se o padre tem provas das acusações que fez, entre elas a de que o ex-presidente "comprou o STF". Bovo também definiu Lula como o "maior ladrão que o mundo já viu".
Os advogados de Lula aguardam as respostas para o possível ingresso de uma ação de danos morais por difamação, injúria e calúnia em função das falas do padre da paróquia de Laranjal Paulista, no interior de São Paulo.
Dois trechos da fala do padre durante sermão no último final de semana:
"O mais estúpido é o ladrão. O maior ladrão que o mundo já viu, o senhor Luiz Inácio Lula da Silva, né. Coitada da família dele, dos pais, da mãe que tem vergonha disso. Onde você pesquisar no mundo, é o pior"
"Esse dinheirinho é usado para pagar Supremo Tribunal, os advogados, para dizer 'ele é inocente', 'ele não fez nada', 'ele é bonzinho'. [Lula] vai se candidatar e muita gente vai votar nele. Para com isso, gente. Se vocês não querem viver, se vocês estão cansados da vida, não judiem dos seus filhos, não judiem da geração que vai chegar". Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
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Com apoio do Brasil, a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou na tarde desta quarta-feira (2) uma resolução contra a invasão russa à Ucrânia. No sétimo dia da guerra, os russos prosseguem com os ataques em diversas cidades ucranianas.
A reunião foi convocada pelo Conselho de Segurança e feita de forma emergencial para discutir a situação no Leste Europeu. Para a aprovação, foi necessário maioria de 2/3 dos votantes. Foram 141 votos a favor, cinco contrários e 35 abstenções.
Além da votação na ONU, uma nova rodada de negociações entre os dois países foi confirmada para hoje, segundo um assessor do governo ucraniano. No começo da tarde (horário de Brasília), a delegação russa já havia chegado no ponto de encontro em Belarus, onde aguardaria os negociadores ucranianos.
A primeira conversa entre as delegações após o início dos ataques ocorreu na segunda-feira (28) e teve duração de cinco horas, mas terminou sem um avanço. Na terça-feira (1º), o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que a Rússia deve parar o bombardeio de cidades ucranianas antes que as negociações possam ocorrer.
Ainda nesta quarta, porém, o departamento de polícia regional de Kharkiv e a Universidade Nacional de Kharkiv foram alvo de um ataque militar, de acordo com o Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia e imagens geolocalizadas pela CNN. O conselho da cidade de Mariupol também disse que a cidade ao sul estava sob controle ucraniano, mas travada em batalhas com tropas russas.
O Ministério da Defesa russo também anunciou nesta quarta que as forças armadas tomaram a cidade de Kherson. Autoridades ucranianas rebateram e afirmaram que ainda estão no controle da região, que fica ao sul.
Na terça-feira (1º), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou o fechamento do espaço aéreo americano para a Rússia – isolando ainda mais o país de Vladimir Putin. Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br
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No último domingo (27), presidente russo deu ordem para colocar armas nucleares de represália em posição de alerta grave. Movimentação ocorre longe do campo de batalha na Ucrânia.
O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, disse nesta quarta-feira (2) que, se uma Terceira Guerra Mundial ocorresse, envolveria armas nucleares e seria destrutiva, informou a agência de notícias RIA.
Também nesta quarta-feira, as Forças Armadas do Kremlin iniciaram exercícios com submarinos nucleares e lança-mísseis terrestres em regiões na Rússia — mas longe do campo de batalha na Ucrânia.
No último domingo (27), o presidente Vladimir Putin deu ordem para colocar armas nucleares de represália em posição de alerta grave. Fonte: https://g1.globo.com
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Centros de comando militares da Ucrânia na capital, Kiev, e em Kharkiv são alvo de ataque de mísseis; tropas russas chegam a Mariupol e Odessa
O Globo e agências internacionais
Putin no pronunciamento em que anunciou a invasão da Ucrânia, na manhã desta quinta em Moscou Foto: RUSSIAN POOL / via REUTERS Newsletters
MOSCOU — O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou na manhã desta quinta-feira em Moscou uma operação militar contra o Ucrânia, afirmando que não quer a "ocupação" do país, mas sua "desmilitarização". Segundo o chanceler ucraniano, Putin iniciou uma "invasão em grande escala" contra o país.
— Tomei a decisão por uma operação miitar — anunciou Putin em uma inesperada mensagem pela TV, denunciando um suposto genocício orquestrado pela Ucrânia contra a população de origem russa no Leste do país.
Pouco depois do anúncio, surgiram relatos de ataques a várias cidades ucranianas, incluindo a capital, Kiev, que amanheceram ao som de sirenes de alerta. Informações não oficiais, que teriam partido do governo da Ucrânia, dão conta de que já haveria 7 pessoas mortas pelos ataques russos. Militares ucranianos também divulgaram terem abatido cinco aviões e um helicóptero russos na região de Luhansk, o que não foi confirmado pela Rússia.
Os centros de comando militares da Ucrânia na capital e em Kharkiv foram alvo de ataque de mísseis, informou o site de notícias Ukrainska Pravda, citando uma fonte do Ministério do Interior ucraniano. Segundo a Interfax, tropas russas entraram nas cidades portuárias de Odessa e Mariupol, o principal município sob controle de Kiev na linha de frente com os separatistas pró-Moscou no Leste do país.
O ataque começou enquanto o Conselho de Segurança da ONU se reunia pela segunda vez nesta semana, com apelos dos países-membros para que Moscou não lançasse a ação. Vários países se apressaram em condenar a ação militar russa na Ucrânia, entre eles França, Portugal, Japão, Itália e Suécia. A China afirmou que está acompanhando de perto a crise e aconselhou seus cidadãos na Ucrânia a permanecerem em casa.
Na Casa Branca, o presidente dos EUA, Joe Biden, classificou o ataque russo de "injustificado".
"O presidente (Vladimir) escolheu uma guerra premeditada que vai causar uma catastrófica perda de vida e sofrimento humano", disse Biden em uma declaração. "A Rússia sozinha é responsável pela morte e a destruição que esse ataque vai causar. O mundo cobrará contas da Rússia", acrescentou Biden, afirmando que anunciará ainda nesta quinta, junto com os aliados americanos, mais punições à Rússia.
A União Europeia também considerou o ataque "injustificado", afirmando que responsabilizará Moscou pela invasão, segundo anunciou a chefe da Comissão Executiva do bloco, Ursula von der Leyen.
"Nestas horas sombrias, nossos pensamentos estão com a Ucrânia e as mulheres, homens e crianças inocentes que enfrentam esse ataque não provocado e temem por suas vidas", disse ela no Twitter. "Vamos responsabilizar o Kremlin", acrescentou von der Leyen.
Os líderes da UE devem realizar uma cúpula de emergência em Bruxelas, ainda nesta quinta-feira, depois que uma primeira rodada de sanções da UE à Rússia entrou em vigor no dia anterior.
O ataque foi iniciado um dia após Moscou declarar que as autoproclamadas repúblicas separatistas de Donetsk e Luhansk haviam pedido ajuda para repelir "agressões" de Kiev, em meio a crescentes alertas dos EUA de que um grande ataque era iminente.
O presidente russo, que justificou a ação citando o pedido de ajuda dos separatistas e o que chamou de política agressiva da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contra Moscou, pediu aos militares ucranianos que "deponham as armas".
Puin ainda advertiu que aqueles que "tentarem interfir conosco (...) devem saber que a resposta da Rússia será imediata e conduzirá a consequências que jamais conheceram".
— Estou seguro de que os soldados e oficiais russos cumpriram seu dever com coragem. A segurança do país está garantida — afirmou.
A operação foi lançada depois de Moscou vetar voos sobre parte da região de Rostov, a Leste de sua fronteira com a Ucrânia, que, por sua vez, anunciou o "perigo potencial" para a aviação civil ao restringir o tráfego em seu espaço aéreo. Posteriormente, todos os voos foram cancelados em Rostov.
Na noite de quarta-feira, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, havia feito um pronunciamento dramático de nove minutos na TV. Falando a maior parte do tempo em russo — e se dirigindo à população russa —, pediu que a Rússia não invadisse o país.
— O povo ucraniano quer a paz — disse, citando a história comum das duas nações. — O governo ucraniano quer a paz e está fazendo tudo para construí-la.
Horas antes, o Parlamento ucraniano havia aprovado um estado de emergência após o governo adotar uma série de medidas de preparação para uma guerra, desde convocar reservistas a pedir para seus cidadãos deixarem a Rússia imediatamente.
A Rússia também havia esvaziado sua embaixada em Kiev, e muitos países, incluindo o Brasil, pediram para seus cidadãos deixarem o país. Fonte: https://oglobo.globo.com
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O que têm em comum um extremista de esquerda e um extremista de direita é a antidemocracia.
Ruy Altenfelder, O Estado de S.Paulo
Num sistema democrático, a alternância entre governos de direita e de esquerda é legítima.
Isaiah Berlin, um clássico do liberalismo, considera de esquerda o liberalismo que se opõe ao excessivo poder da autoridade baseada na força da tradição na qual identifica a principal característica da direita.
Berlin sustenta que o regime autoritário da União Soviética desqualificou e tornou imprestável a distinção entre direita e esquerda, ao usurpar a palavra esquerda. Semelhante afirmação mostra que “esquerda” tem, para quem a enuncia, um significado positivo, embora possa ter, como todas as palavras da linguagem política, que não é uma linguagem rigorosa, ambos os significados, positivo e negativo, conforme quem delas se apropria e o contexto em que tal apropriação ocorre.
Isso explica, também, por que o próprio Berlin chama de esquerda a doutrina liberal que mais lhe agrada, e para cuja reformulação dedicou suas obras mais conhecidas e justamente mais celebradas. O liberalismo de que fala é o social, que se diferencia do clássico próprio dos partidos liberal-liberistas por uma componente igualitária, suficiente, por si só, para incluí-lo sem contradições entre as doutrinas de esquerda.
Norberto Bobbio, um dos mais respeitados pensadores políticos contemporâneos, distingue o significado descritivo e o significado emotivo das palavras. Trata-se de uma distinção fundamental, sobre a qual nenhum crítico depositou a devida atenção. Quem se considera de esquerda, do mesmo modo que quem se considera de direita, admite que as respectivas expressões estão referidas a valores positivos. Essa é a razão pela qual um e outro não deixam de incluir a liberdade entre estes valores. O contraste entre liberatórios e autoritários corresponde a uma outra distinção que não se superpõe à distinção entre direita e esquerda, mas com ela se cruza. Do ponto de vista analítico, o objetivo foi o de fazer emergir da prática política habitualmente seguida e das opiniões correntes, tanto as doutas quanto as populares, o significado descritivo dos termos, independentemente do seu significado emotivo.
Nenhuma pessoa de esquerda pode deixar de admitir que a esquerda de hoje não é mais a esquerda de ontem. Enquanto existirem homens movidos por um profundo sentimento de insatisfação e de sofrimento perante as iniquidades das sociedades contemporâneas – hoje talvez menos ofensivas do que em épocas passadas, mas bem mais visíveis –, eles carregarão consigo os ideais que há mais de um século têm distinguido todas as esquerdas da História.
Talvez, ensina Bobbio, seja a esquerda democrática que possa e deva escutar as vozes que ensinam que o homem é malvado, mas precisa ser, ao mesmo tempo, auxiliado de todos os modos, incluindo os mais prosaicos, como a assistência à saúde e a aposentadoria.
A distinção entre direita e esquerda – que por cerca de dois séculos, a partir da Revolução Francesa, serviu para dividir o universo político entre duas partes opostas – não tem mais nenhuma razão para ser utilizada. É usual a referência a Sartre, que parece ter sido um dos primeiros a dizer que direita e esquerda são duas caixas vazias. E que, por isso, não teriam mais nenhum valor heurístico ou classificatório, e menos ainda avaliativo.
A árvore das ideologias está sempre verde. “Esquerda” e “direita” indicam programas contrapostos com relação a diversos problemas cuja solução pertence habitualmente à ação política, contrastes não só de ideias, mas de interesses e de valorações a respeito da direção a ser seguida pela sociedade, contrastes que existem em todas as sociedades e que não vejo como possam simplesmente desaparecer. Pode-se, naturalmente, replicar que os contrastes existem, mas não são mais os do tempo em que nasceu a distinção: modificaram-se tanto que tornaram anacrônicos e inadequados os velhos nomes.
Sociedades democráticas são sociedades que toleram, que pressupõem a existência de diversos grupos de opinião e de interesse em concorrência entre si; tais grupos, às vezes, se contrapõem, às vezes se superpõem, em certos casos se integram para, depois, se separarem.
Outro exemplo histórico de síntese dos opostos, derivado desta vez das fileiras da direita, foi a ideologia da revolução conservadora, nascida após a Primeira Guerra Mundial como resposta da direita à revolução subversiva que havia levado a esquerda ao poder num grande país e parecia destinada a se difundir em outras regiões.
Um extremista de esquerda e um de direita têm em comum a antidemocracia, que se aproxima não pela parte que representam no alinhamento político, mas apenas na medida em que representam as alas extremas naquele alinhamento, pois os extremos se tocam.
No momento em que no Brasil e no mundo graves crises se prolongam à luz do dia, potencializando a reprodução de imensas zonas de miséria e injustiça, os questionamentos de Bobbio nos estimulam para que se afiem os instrumentos de análise e não se perca de vista o valor das diferenciações.
*ADVOGADO, É PRESIDENTE DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS JURÍDICAS (APLJ)
Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
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Por Lauro Jardim
Um enigmático Jair Bolsonaro falou hoje aos seus seguidores no cercadinho do Palácio da Alvorada.
Fez uma crítica velada ao STF ("ditadura que vem pelas canetas") e previu para breve um acontecimento que "vai salvar o Brasil", mas sem dizer o que é. E nem foi perguntado por seus fieis, que apenas gritaram "glória a Deus" depois de sua fala.
Eis o que disse Bolsonaro:
— Pessoal, qual é a diferença de uma ditadura feita pelas armas, como a gente vê em Cuba e Venezuela (esqueceu de citar a ditadura militar de 1964) e uma ditadura que vem pelas canetas? Qual é a diferença? Nenhuma. Vocês sabem o que está acontecendo no Brasil. Eu acredito em Deus e nos próximos dias vai acontecer algo que vai salvar o Brasil, tenho certeza. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
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Líder da Assembleia de Deus no Brasil, José Wellington Bezerra da Costa afirma que recurso só chega ao prefeito com aval da igreja
Daniel Weterman, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O pastor José Wellington Bezerra da Costa, um dos líderes mais influentes da Assembleia de Deus no Brasil, admitiu que a igreja tem feito a intermediação do pagamento de emendas parlamentares para eleger três de seus filhos em São Paulo, maior colégio eleitoral do País. José Wellington também proibiu o apoio de pastores a candidatos que não sejam “ungidos” pela denominação evangélica.
Os filhos do pastor – o deputado federal Paulo Freire Costa (PL-SP), a deputada estadual Marta Costa (PSD-SP) e a vereadora Rute Costa (PSDB-SP) – tiveram acesso a R$ 25 milhões em recursos públicos, no ano passado. Nas eleições que disputaram, os três foram abertamente apoiados pela igreja durante as campanhas.
“A emenda só vai para o prefeito por intermédio do pedido do pastor da Assembleia de Deus”, disse José Wellington durante reunião de obreiros, realizada na última segunda-feira, em São Paulo. “O eleitorado que ali está, irmãos, não é do prefeito, mas são irmãos em Cristo que estão nos apoiando para que os nossos candidatos continuem trabalhando.”
José Wellington controla a Convenção-Geral das Assembleias de Deus no Brasil, a mais antiga do segmento, há três décadas. Em São Paulo, é líder do Ministério do Belém, vertente mais tradicional da denominação no Sudeste, e apoiou a campanha de Jair Bolsonaro em 2018. No culto, ele afirmou que os filhos são livres para escolher os beneficiados, mas revelou como abordam os prefeitos: “Você quer dinheiro? Quer, mas chame então o pastor da Assembleia de Deus”.
No ano passado, o deputado Paulo Freire Costa teve acesso a R$ 16 milhões em emendas, valor destinado a cada um dos congressistas. Ele indicou verbas para 26 beneficiários, incluindo R$ 395 mil para Campinas, onde é pastor, e R$ 600 mil para dois municípios (Bilac e Santópolis do Aguapeí) na modalidade transferência especial, apelidada de “pix orçamentário” por repassar um “cheque em branco” para prefeituras sem fiscalização federal.
Templo
Apesar do apoio a Bolsonaro, José Wellington já foi próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje favorito nas pesquisas de intenção de voto para a disputa ao Planalto. Na reunião em que discorreu sobre as emendas estavam presentes pré-candidatos em outubro, incluindo o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), aliado de Bolsonaro. Aos subordinados, José Wellington costuma dizer que ora por todos e dá espaço a concorrentes de diferentes partidos no púlpito do templo.
Nos últimos anos, a Assembleia de Deus do Belém, uma das vertentes da denominação no Brasil, viu outras alas ocuparem espaços políticos no Congresso. A presidência da bancada evangélica na Câmara passou ontem das mãos do deputado Cezinha de Madureira para as de Sóstenes Cavalcante, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (mais informações nesta página). As duas igrejas são consideradas “irmãs” do Belém, mas disputam poder onde estão instaladas.
Aos líderes, José Wellington expôs a preocupação com o apoio de pastores a candidatos que não são da Assembleia de Deus e apontou o pagamento de emendas como forma de dar força aos nomes escolhidos para representar os fiéis no Legislativo. “Meus irmãos, trabalhem para eleger os nossos irmãos na fé, procurem eleger os nossos irmãos na fé. Glória! Seja fiel a este nome: Assembleia de Deus no Brasil.”
A chancela dos recursos pelos pastores serve, nas palavras do patriarca assembleiano, “para evitar qualquer nuvem negra sobre o comportamento dos nossos companheiros”. José Wellington fez um alerta para que os pastores não aceitem emendas diretamente para as igrejas, ou seja, a intermediação tem de ser feita para destinar recursos às prefeituras ou a outras instituições. “A igreja não precisa de dinheiro do Estado”, insistiu.
Procurado pela reportagem, o pastor confirmou que põe líderes da igreja em contato com prefeitos beneficiados por emendas de seus filhos parlamentares, mas negou troca de favores. “Quando o prefeito de uma cidade precisa de uma verba, é evidente que nós mandamos o pastor da nossa igreja para que ele tenha conhecimento com o prefeito. O nosso deputado vai entender, naturalmente, se a verba for coisa lícita, for necessária, mas pelos canais oficiais”, disse ele. “A igreja não tem qualquer compromisso político.”
Ao admitir que a igreja lança candidatos e pede voto para os fiéis, José Wellington disse ser preciso manter a doutrina. “O candidato da minha igreja, eu ponho ele no púlpito, eu ponho ele na minha casa, eu ponho ele no meu carro, eu ponho ele onde eu quiser. Outros candidatos de fora, não”, afirmou. “Quem trouxe a política para o ministério da Assembleia de Deus fui eu porque entendi que existem interesses da igreja, especialmente legais. Alguns deputados estão fazendo coisas meio marotas contra nossa doutrina pública, que precisamos manter.” Fonte: https://politica.estadao.com.br
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A defasagem da imunização infantil em um país mundialmente reputado por sua cobertura vacinal é uma anomalia que tem nome e sobrenome
Conforme apurou o Estadão, com 15 dias de campanha de imunização infantil, o Brasil poderia ter vacinado 75% das crianças, mas vacinou apenas 10%. O SUS teria capacidade de aplicar 1 milhão de doses por dia, mas a média está em 130 mil. Neste ritmo, a campanha levará seis meses. As causas são múltiplas – escassez de imunizantes, falhas de planejamento, desinformação –, mas apontam para um mesmo epicentro: o Palácio do Planalto.
A defasagem, que coincide com o retorno às aulas e o aumento das mortes e da pressão hospitalar pela variante Ômicron, é tanto mais chocante quando se considera que o Brasil tem uma infraestrutura e uma cultura vacinal, sobretudo infantil, mundialmente reputadas. Esse sistema prevaleceu na imunização dos adultos, que aderiram massivamente à vacinação, mas, justamente na hora de vacinar as crianças, sua resistência imunológica começa a dar mostras de comprometimento ante a virulência do presidente e suas hostes negacionistas.
Há meses a imunização infantil está em curso nos países desenvolvidos. Entre os vizinhos, o Chile já vacinou 77% de suas crianças e a Argentina, 72%. Não fosse o descaso do governo, boa parte das crianças teria começado o ano letivo já imunizada com duas doses. Mas as primeiras doses só chegaram à maioria das cidades no dia 17, um mês após a aprovação da Anvisa. Somadas as vacinas em estoque e contratadas, 5,5 milhões de crianças ainda não têm vacina garantida. O Instituto Butantan afirma ter 10 milhões de doses para pronta entrega. Mas, no caso da Coronavac, a desídia de Jair Bolsonaro pela vacinação se soma ao seu temor de associá-la ao governador de São Paulo, João Doria, seu concorrente na eleição.
Em ano eleitoral, a politicagem combinada à incompetência cria uma tempestade perfeita que ameaça as crianças e dá sobrevida ao vírus. A sabotagem bolsonarista à vacinação adulta está se repetindo na infantil, mas, qual uma nova variante, com mais eficiência e virulência.
A quantidade e a sofisticação das informações falsas estão muito maiores do que no ano passado. As investidas contra a imunização infantil são tanto mais graves na medida em que hoje se tem mais informação sobre a segurança e eficácia das vacinas, e são especialmente cruéis, por manipularem os instintos de proteção dos pais, produzindo o efeito inverso de expor seus filhos a riscos evitáveis.
Jair Bolsonaro e seu sabujo no Ministério da Saúde têm feito – quase que literalmente – o diabo para incentivar a hesitação vacinal. Bolsonaro já disse que nenhuma criança brasileira morreu de covid, mas, após os acidentes de trânsito, a doença foi a principal causa de morte de crianças, cerca de 600, e as taxas de mortalidade são de 5 a 10 vezes maiores do que na Europa ou EUA. Além disso, o presidente questionou a honestidade dos técnicos da Anvisa e faz terrorismo sobre os efeitos adversos da vacina em aberrante contraposição aos consensos pediátricos sobre riscos e benefícios. Ainda hoje o Ministério da Saúde dá sinais trocados sobre a eficácia e a segurança das vacinas e faz campanha para condicionar a vacinação infantil a um atestado médico inédito na cobertura vacinal brasileira.
Bolsonaro – que, em vez de esboçar um gesto de compaixão aos aflitos pelo vírus, lhes reservou apenas escárnio – foi às redes sociais se solidarizar com um podcaster americano notório por disseminar teses negacionistas e que hoje é pivô de um debate sobre responsabilidade editorial e liberdade de expressão. Tivesse o presidente um currículo liberal, vá lá, mas quando esse “paladino da liberdade” é o mesmo que prestigia torturadores e instrumentaliza o Ministério da Justiça para perseguir críticos, a manobra para excitar suas bases eleitorais se mostra indisfarçável. “Prefiro morrer a perder minha liberdade”, bravateou recentemente. Esse risco inexiste. Mas a sua defesa insana de uma suposta “liberdade individual” de se infectar e infectar os outros, que já condenou inúmeros brasileiros à morte, agora está ameaçando aqueles que nem sequer têm a liberdade de escolher entre se imunizar ou se expor ao vírus mortal: as crianças. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
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