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Equipe teve câmeras e material gravado confiscado após Maduro se irritar ao ser questionado sobre a falta de democracia na Venezuela e ver vídeo de homens comendo lixo em Caracas. Ao registrar movimentação no hotel, outro jornalista foi levado por homens armados e passou sete horas incomunicável.
Os seis jornalistas da emissora Univision Noticias que ficaram detidos no Palácio Miraflores, sede do governo venezuelano, foram deportados para os Estados Unidos nesta terça-feira (26). Outro jornalista, desta vez da Telemundo Noticias, que registrava a movimentação no hotel onde os colegas estavam, também foi detido e passou sete horas incomunicável.
O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP) da Venezuela informou que a equipe de TV foi escoltada até o aeroporto pelo Serviço de Inteligência venezuelano, que os vigiou durante toda a noite no hotel em que estavam hospedados, depois de saírem do palácio presidencial de Miraflores.
Um integrante da equipe publicou vídeo do momento em que iam para o avião.
No vídeo, o jornalista Jorge Ramos denuncia que tiveram suas câmeras e o material que tinham gravado "roubado" pelas autoridades chavistas.
A ordem para que eles ficassem retidos no Palácio Miraflores e o material da equipe fosse apreendido partiu do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de acordo com a emissora, a maior rede de televisão hispânica dos Estados Unidos. O chefe de Estado se irritou com as perguntas e um vídeo mostrado pela equipe.
Ramos, um âncora veterano nascido no México, disse em entrevista à emissora que perguntou a Maduro sobre a falta de democracia na Venezuela, a tortura de presos políticos e a crise humanitária do país.
Depois de ver um vídeo de jovens venezuelanos comendo restos de alimentos retirados de um caminhão de lixo, Maduro interrompeu a gravação, mandou confiscar o equipamento e deter os profissionais.
Detenções curtas e deportações se tornaram comuns na Venezuela, especialmente quando repórteres que enfrentam atrasos para conseguir permissões oficiais para trabalhar no país buscam atalhos para exercer a atividade jornalística.
Ao menos sete jornalistas estrangeiros foram presos no país em janeiro depois que o líder da oposição Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino, impondo a Maduro o seu maior desafio político desde que sucedeu a Hugo Chávez no poder.
Em 2015, Ramos foi expulso durante uma entrevista coletiva com Donald Trump, então pré-candidato à presidência dos EUA.
Ramos, que já tinha entrado em choque com Trump sobre temas como imigração e deportação, se levantou para fazer uma pergunta e foi ignorado pelo magnata, que cedeu a palavra a outro jornalista. Ele insistiu e Trump se irritou: "desculpe-me, mas o senhor não foi chamado, sente-se".
"Tenho o direito de fazer uma pergunta", retrucou Ramos, ao que Trump respondeu: "volte para a Univisión". Ramos foi então retirado da sala pelos seguranças.
Outro jornalista
Na manhã desta terça-feira, o jornalista Daniel Garrido, da Telemundo Noticias, foi capturado ao fotografar viaturas do Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência da Venezuela) na porta do hotel onde estavam hospedados os jornalistas da Univision, deportados para os EUA.
Segundo um comunicado da Telemundo, o caso está sendo tratado como sequestro, porque o jornalista foi levado por um grupo de homens armados que não se identificaram, o forçaram a entrar em um veículo, colocaram um capuz em sua cabeça e o retiraram do local. Ele então foi interrogado durante seis horas e liberado sem qualquer explicação, e sem ter seu equipamento devolvido.
Garrido chegou a ser dado como desaparecido depois de ficar sete horas sem dar notícias, e o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa divulgou um pedido de notícias de seu paradeiro no Twitter.
O jornalista Luis Fernandez, também da Telemundo, informou depois que Garrido havia entrado em contato por email, avisando que foi liberado, mas que seu material tinha sido confiscado, incluindo seus telefones. Fonte: https://g1.globo.com
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Homens tentam atacar ovos em Jean Wyllys durante palestra em Portugal: "Nunca tive medo dos covardes”
Dupla foi retirada por seguranças imediatamente após o ataque
Seguranças da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) retiraram dois homens que tentaram atacar Jean Wyllys com ovos na tarde desta terça-feira (26) em Portugal, onde o ex-deputado estava para uma palestra.
De acordo com a revista portuguesa “Sábado”, um dos homens que estava no auditório da instituição saiu de seu assento, desceu alguns degraus e atirou um ovo em direção ao ex-deputado, mas não o atingiu. Ele foi retirado por seguranças do local assim como outro que tentou fazer a mesma coisa na sequência.
Convidados que assistiam à palestra passaram a gritar “tira, tira” para que os seguranças retirassem os homens. Segundo o jornal "Correio da Manhã", ambos os manifestantes pertenciam ao partido de extrema-direita PNR.
"Não peçam para tirar. Nunca tive medo dos covardes", afirmou Jean Wyllys após o ataque. "Qualquer fascista covarde, que se queira manifestar, em vez de atirar ovos ou tiros, por favor, vamos aos argumentos. Levantem-se, manifestem-se, falemos”. Segundo ele, as pessoas que tentaram atirar ovos "são compostas por esse ódio que não permite a diversidade".
A conferência em Coimbra na qual aconteceu o ataque tem como tema "Discursos de ódio e fake news da extrema direita e seus impactos nos modos de vida de minorias sexuais, étnicas e religiosas - o caso do Brasil".
Jean Wyllys anunciou no início do ano que havia deixado o Brasil e desistido de seu mandato como deputado federal após Brasil após receber ameaças de morte. "Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores. Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que o façamos por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de todo coração", escreveu ele no Twitter. Fonte: https://revistamarieclaire.globo.com
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“Governo sem crise é governo sem ação”; “Tem que ser mais árbitro do que torcedor”; “Amigos e família são problemas para quem está no governo”. As palavras são dos ex-presidentes da República Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer, entrevistados ontem (18) na estreia de Eduardo Oinegue ao lado de Carla Bigatto e Felipe Bueno no BandNews no Meio do Dia.
Questionado sobre o mal-estar envolvendo um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, e o ministro Gustavo Bebianno, FHC disse que o importante é não deixar a onda te levar. Segundo ele, qualquer crise vai direto para a mesa do presidente e não se pode escolher um dos lados; é preciso se conter, apesar do que sente o coração. Michel Temer alegou que crises são naturais e, mesmo grandes, precisam sair pequenas do gabinete presidencial.
O político do MDB justificou que o diálogo é o melhor caminho. Michel Temer argumentou que Jair Bolsonaro tem pouco tempo de governo, uma vez que ficou 18 dias internado e cinco dias em Davos. Para ele, é necessário passar uma mensagem de otimismo ao Brasil e acreditar não só em bajuladores, mas também em pessoas que enxergam o governo com distância.
Fernando Henrique Cardoso disse que, no exercício da presidência, conversava muito com os funcionários do Palácio da Alvorada e sempre havia um choque de informações. FHC descreveu as dificuldades para aprovar o fator previdenciário e Michel Temer admitiu a decepção por não ter aprovado a reforma da Previdência.
Ambos também falaram sobre recuos durante o período no Palácio do Planalto.
Segundo Michel Temer, retroceder é um fenômeno democrático; o contrário é autoritarismo. Fernando Henrique Cardoso afirmou que “só gente segura volta atrás”. FHC disse ainda que ministros do Supremo Tribunal Federal não têm que ser populares e que é preciso evitar a politização da Justiça.
Michel Temer, ao falar sobre a prisão em segunda instância, defendeu a mudança na Constituição.Já o tucano voltou a criticar a atual política sobre drogas e reconheceu que quem manda nas favelas do Rio de Janeiro é o tráfico de drogas. O emedebista lembrou que a questão da violência é política de Estado, mas ressaltou que criou o Ministério da Segurança Pública para tentar amenizar a questão. Fonte: http://www.bandnewsfm.com.br
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Não precisa espionar o papa, presidente; basta impor um pouquinho de lei e ordem na Amazônia
“Agora nós falamos em Deus”, escreveu o chanceler brasileiro Ernesto Araújo, num famoso artigo em que atribui a crise brasileira ao fato de as pessoas não conversarem sobre o Altíssimo em público. A julgar pelo noticiário recente, o próximo édito do nosso ministro terá como título: “Agora nós espionamos Deus”. Ou pelo menos um de seus representantes na Terra, o papa Francisco.
Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo no último dia 10 mostrou como o general Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, iniciou uma cruzada para “neutralizar” o Sínodo da Amazônia, um encontro de bispos católicos convocado pelo papa para discutir a situação da floresta e de seus povos, em outubro.
Segundo o jornal, arapongas da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) estão sendo mobilizados para monitorar reuniões de paróquias em preparação para o Sínodo. A tese dos militares é que a Igreja Católica é um refúgio da “esquerda” e uma espécie de braço celestial do PT, pronta para usar o palco internacional para criticar a política de Jair Bolsonaro para a Amazônia. Diante da repercussão do caso, o GSI soltou uma nota tranquilizadora, só que não: “não estamos espionando a Igreja Católica”. Dá quase para ver a piscadinha marota do Didi Mocó lendo o comunicado.
Se fossem um pouquinho menos ideológicos e um pouquinho menos obcecados em encontrar perigosos comunas armando uma revolução atrás de cada moita, os militares entenderiam que ninguém precisa espionar os padres. Afinal, o que a Igreja e o papa querem para a Amazônia é basicamente a mesma coisa que Bolsonaro prometeu instituir no país: lei e ordem. As agendas do quartel e da Santa Sé são bastante convergentes.
A pergunta que ronda os solidéus dos bispos, e que deveria igualmente tirar o sono dos militares, é por que a Amazônia vive à margem da lei. A região Norte foi a que teve o maior crescimento no número de homicídios na última década, segundo o Atlas da Violência do IBGE.
A violência no campo, em decorrência de conflitos por terra, retornou a patamares da década de 1980; em 2017, segundo a Comissão Pastoral da Terra, Rondônia e Pará concentraram 54% dos 70 assassinatos no campo no Brasil. A Abin empregaria melhor seus agentes no mapeamento desses conflitos e na prevenção dessas mortes.
O crime organizado está por trás de uma fatia significativa do desmatamento na floresta. Em 2018, 59% do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou em áreas públicas griladas. Há quadrilhas especializadas em roubo de madeira e quadrilhas especializadas em invadir terra pública, com ajuda da melhor tecnologia de sensoriamento remoto, pôr a floresta abaixo —usando trabalho escravo—, forjar títulos e vender a área para pecuaristas e agricultores que sempre poderão alegar que não sabiam de nada.
O desmatamento gera emissões de carbono —46% das emissões do Brasil em 2017 vieram da destruição das florestas—, que por sua vez agravam o aquecimento do planeta, pondo em risco o que o papa chamou de “casa comum”. Como já disse o ecólogo Tom Lovejoy, esta é verdadeira internacionalização da Amazônia: transformar a floresta em fumaça, que polui o mundo todo.
E, o que é pior, sem gerar riqueza. O PIB do agronegócio brasileiro subiu 75% e a produção de carne e soja na Amazônia cresceram no período em que o desmatamento na floresta caiu 80%, entre 2004 e 2012. O presidente Bolsonaro, em sua investida míope e mal assessorada contra terras indígenas e proteção ambiental, não está ajudando o agronegócio; está criando-lhe um problema sério de imagem. Os generais, que tiveram mais estudo sobre estratégia que o capitão, deveriam aconselhá-lo melhor.
A Igreja tem justa preocupação com o desmatamento, que é uma agenda para além de inclinações ideológicas. O carbono, afinal, não é de esquerda, nem de direita. Como o aquecimento da Terra acarreta problemas sérios de segurança nacional e internacional —cada um dos generais que está no Governo lê atentamente estudos sobre o tema produzidos pelo Pentágono—, o desmatamento deveria estar também no alto da lista das preocupações dos militares. Aliás, como o general Heleno vai também lembrar, o desmatamento na Amazônia começou a cair em 2005, quando o Exército ocupou o sul do Pará após o assassinato da irmã Dorothy Stang.
As organizações criminosas que promovem a devastação da Amazônia são um desafio permanente à soberania do Brasil sobre vastas porções da floresta e ameaçam cerca de 70 milhões de hectares de terras pertencentes ao Estado brasileiro e ainda não destinadas. O Ibama e a PF certamente adorariam ter a ajuda da Abin para desbaratar essas quadrilhas.
Por fim, grande parte das mazelas da Amazônia tem a mesma origem que as chagas do resto do Brasil e também preocupa a Santa Madre: a corrupção. Além de ser o lubrificante da atividade criminosa do roubo de terras e de madeira, a corrupção tem-se revelado peça central do planejamento de infraestrutura esdrúxula na Amazônia, como as usinas do Madeira e de Belo Monte.
Jair Bolsonaro foi eleito por um contingente significativo de brasileiros que queriam dar um basta à corrupção e ao crime. Combater esses males no restante do país e deixar a Amazônia entregue a eles não faz nenhum sentido. As Forças Armadas conhecem o valor estratégico da Amazônia. Deveriam unir-se ao papa e a toda a sociedade na busca de soluções para seu desenvolvimento sustentável em vez de ressuscitar antigas paranoias.
*Carlos Rittl Atua há 20 anos na área ambiental e, nos últimos 10 anos, dedica-se ao tema de mudanças climáticas. Faz parte do comitê de coordenação do Observatório do Clima.
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Deputados querem que o ministro Augusto Heleno preste explicações das atividades de inteligência e espionagem sobre o "clero progressista" brasileiro
O deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA) protocolou na manhã desta terça-feira (12) requerimento para convocar o ministro Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), para que ele preste explicações das atividades de inteligência e espionagem sobre o “clero progressista”, reveladas pelo Estadão no último domingo.
O vice-líder do PT, Paulo Teixeira, confirmou ao blog que também pretende protocolar esta semana pedido de explicações ao general. Segundo a matéria do jornal, o Palácio do Planalto recebeu relatórios de inteligência com detalhes das reuniões de preparação do Sínodo da Amazônia, encontro religioso convocado pelo papa Francisco para outubro, em Roma, e tenta neutralizar o que considera uma brecha para críticas internacionais ao governo por parte de bispos brasileiros da Igreja Católica.
Ao blog Jerry destacou sobre a gravidade da situação envolvendo a suspeita de espionagem por parte de um órgão do Estado brasileiro. “É uma atividade aparentemente ilegal. Esta não é a finalidade da Abin, não é admissível que haja a transformação da Abin em polícia política”, ressaltou o congressista.
Em caso de aprovação do requerimento, o ministro é obrigado a aparecer à Câmara dos Deputados, podendo a sua ausência acarretar em crime de responsabilidade. Fonte: www.revistaforum.com.br
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Abin e comandos militares relataram articulação de cardeais para o Sínodo sobre Amazônia, reunião no Vaticano que governo trata como parte da ‘agenda da esquerda’
Tânia Monteiro, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O Palácio do Planalto quer conter o que considera um avanço da Igreja Católica na liderança da oposição ao governo Jair Bolsonaro, no vácuo da derrota e perda de protagonismo dos partidos de esquerda. Na avaliação da equipe do presidente, a Igreja é uma tradicional aliada do PT e está se articulando para influenciar debates antes protagonizados pelo partido no interior do País e nas periferias.
O alerta ao governo veio de informes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e dos comandos militares. Os informes relatam recentes encontros de cardeais brasileiros com o papa Francisco, no Vaticano, para discutir a realização do Sínodo sobre Amazônia, que reunirá em Roma, em outubro, bispos de todos os continentes.
Durante 23 dias, o Vaticano vai discutir a situação da Amazônia e tratar de temas considerados pelo governo brasileiro como uma “agenda da esquerda”.
O debate irá abordar a situação de povos indígenas, mudanças climáticas provocadas por desmatamento e quilombolas. “Estamos preocupados e queremos neutralizar isso aí”, disse o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, que comanda a contraofensiva.
Com base em documentos que circularam no Planalto, militares do GSI avaliaram que os setores da Igreja aliados a movimentos sociais e partidos de esquerda, integrantes do chamado “clero progressista”, pretenderiam aproveitar o Sínodo para criticar o governo Bolsonaro e obter impacto internacional. “Achamos que isso é interferência em assunto interno do Brasil”, disse Heleno.
Escritórios da Abin em Manaus, Belém, Marabá, no sudoeste paraense (epicentro de conflitos agrários), e Boa Vista (que monitoram a presença de estrangeiros nas terras indígenas ianomâmi e Raposa Serra do Sol) estão sendo mobilizados para acompanhar reuniões preparatórias para o Sínodo em paróquias e dioceses.
O GSI também obteve informações do Comando Militar da Amazônia, com sede em Manaus, e do Comando Militar do Norte, em Belém. Com base nos relatórios de inteligência, o governo federal vai procurar governadores, prefeitos e até autoridades eclesiásticas que mantêm boas relações com os quartéis, especialmente nas regiões de fronteira, para reforçar sua tentativa de neutralizar o Sínodo.
O Estado apurou que o GSI planeja envolver ainda o Itamaraty, para monitorar discussões no exterior, e o Ministério do Meio Ambiente, para detectar a eventual participação de ONGs e ambientalistas. Com pedido de reserva, outro militar da equipe de Bolsonaro afirmou que o Sínodo é contra “toda” a política do governo para a Amazônia – que prega a defesa da “soberania” da região. “O encontro vai servir para recrudescer o discurso ideológico da esquerda”, avaliou ele.
Conexão. Assim que os primeiros comunicados da Abin chegaram ao Planalto, os generais logo fizeram uma conexão com as críticas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) a Bolsonaro durante a campanha eleitoral. Órgãos ligados à CNBB, como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), não economizaram ataques, que continuaram após a eleição e a posse de Bolsonaro na Presidência. Todos eles são aliados históricos do PT. A Pastoral Carcerária, por exemplo, distribuiu nota na semana passada em que critica o pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, que, como juiz, condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato.
Na campanha, a Pastoral da Terra divulgou relato do bispo André de Witte, da Bahia, que apontou Bolsonaro como um “perigo real”. As redes de apoio a Bolsonaro contra-atacaram espalhando na internet que o papa Francisco era “comunista”. Como resultado, Bolsonaro desistiu de vez da CNBB e investiu incessantemente no apoio dos evangélicos. A princípio, ele queria que o ex-senador e cantor gospel Magno Malta (PR-ES) fosse seu candidato a vice. Eleito, nomeou a pastora Damares Alves, assessora de Malta, para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Histórico. A relação tensa entre militares e Igreja Católica começou ainda em 1964 e se manteve mesmo nos governos de “distensão” dos generais Ernesto Geisel e João Figueiredo, último presidente do ciclo da ditadura. A CNBB manteve relações amistosas com governos democráticos, mas foi classificada pela gestão Fernando Henrique Cardoso como um braço do PT. A entidade criticou a política agrária do governo FHC e a decisão dos tucanos de acabar com o ensino religioso nas escolas públicas.
O governo do ex-presidente Lula, que era próximo de d. Cláudio Hummes, ex-cardeal de São Paulo, foi surpreendido, em 2005, pela greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio. O religioso se opôs à transposição do Rio São Francisco.
Com a chegada de Dilma Rousseff, a relação entre a CNBB e o PT sofreu abalos. A entidade fez uma série de eventos para criticar a presidente, especialmente por questões como aborto e reforma agrária. A CNBB, porém, se opôs ao processo de impeachment, alegando que “enfraqueceria” as instituições.
'Vamos entrar a fundo nisso', afirma Heleno
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno Ribeiro, afirmou que há uma “preocupação” do Planalto com as reuniões e os encontros preparatórios do Sínodo sobre a Amazônia, que ocorrem nos Estados. “Há muito tempo existe influência da Igreja e ONGs na floresta”, disse.
Mais próximo conselheiro do presidente Jair Bolsonaro, Heleno criticou a atuação da Igreja, mas relativizou sua capacidade de causar problemas para o governo. “Não vai trazer problema. O trabalho do governo de neutralizar impactos do encontro vai apenas fortalecer a soberania brasileira e impedir que interesses estranhos acabem prevalecendo na Amazônia”, afirmou. “A questão vai ser objeto de estudo cuidadoso pelo GSI. Vamos entrar a fundo nisso.”
Tanto o ministro Augusto Heleno quanto o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, hoje na assessoria do GSI e no comando do monitoramento do Sínodo, foram comandantes militares em Manaus. O vice-presidente Hamilton Mourão também atuou na região, à frente da 2.ª Brigada de Infantaria de Selva, em São Gabriel da Cachoeira.
SÍNODO
O que é?
É o encontro global de bispos no Vaticano para discutir a realidade de índios, ribeirinhos e demais povos da Amazônia, políticas de desenvolvimento dos governos da região, mudanças climáticas e conflitos de terra.
Participantes
Participam 250 bispos.
Cronograma do Sínodo
19 de janeiro de 2019: início simbólico com a visita do papa Francisco a Puerto Maldonado, na selva peruana;
7 a 9 de março: seminário preparatório na Arquidiocese de Manaus;
6 a 29 de outubro: fase final no Vaticano, com missas na Basílica de São Pedro celebradas por Francisco.
Tema do encontro
Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral.
As três diretrizes do evento
“Ver” o clamor dos povos amazônicos;
“Discernir” o Evangelho na floresta. O grito dos índios é semelhante ao grito do povo de Deus no Egito;
“Agir” para a defesa de uma Igreja com “rosto amazônico”.
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Jair Bolsonaro elegeu-se abraçando o atraso, o desastre de Brumadinho indicou-lhe o caminho da verdade
Fernando Henrique Cardoso gosta de relembrar uma cena na qual o historiador Sérgio Buarque de Holanda discutia o tamanho de algumas figuras do Império e ensinou: “Doutora, eles eram atrasados. Nós não temos conservadores no Brasil. Nós temos gente atrasada.”
Foi a gente atrasada que levou o Brasil a ser um dos últimos países a abolir a escravidão e a adotar o sistema de milhagem para os passageiros de aviões, deixando a rota Rio-São Paulo de fora. É a gente atrasada quem trava os projetos de segurança das barragens que tramitam no Senado, na Câmara e na Assembleia de Minas Gerais. Essa gente atrasada estagnou a economia durante o século XIX e no XX faliu as grandes companhias de aviação brasileiras. No XXI, produziu os desastres de Mariana e Brumadinho.
Jair Bolsonaro elegeu-se presidente da República com uma plataforma conservadora, amparado pelo atraso. Sua campanha contra os organismos defensores do meio ambiente foi a prova disso. Não falava em nome do empresariado moderno do agronegócio, mas da banda troglodita que se confunde com ele. Felizmente, preservou o Ministério do Meio Ambiente. Outra bandeira de sua ascensão foi a defesa da lei e da ordem. A conexão dos “rolos” de Fabrício Queiroz com as milícias do Rio de Janeiro ilustrou quanto havia de atraso na sua retórica. O Esquadrão da Morte do Rio surgiu em 1958 e anos depois alguns de seus “homens de ouro” tinham um pé no crime. Nos anos 70, o presidente da Scuderie Le Cocq era contrabandista, e o delegado Sérgio Fleury, grão-mestre do esquadrão paulista, ilustre janízaro da repressão política, protegia traficantes de drogas. Ronald Reagan e Margaret Thatcher foram conservadores, já os patronos do esquadrões foram e são simplesmente atrasados. Por isso, Nova York e Londres são cidades seguras, enquanto o Rio é o que é. O detento Sérgio Cabral dizia que favelas eram fábricas de
As mineradoras nacionais moveram-se nos escurinhos do poder e, mesmo depois do desastre de Mariana, bloquearam as iniciativas que aumentariam a segurança das barragens. Deu Brumadinho. As perdas da Vale nas Bolsas e com as faturas dos advogados superarão de muito o que custaria a proteção de Brumadinho. Será a conta do atraso.
Com menos de um mês de governo, Jair Bolsonaro foi confrontado pela diferença entre conservadorismo e atraso. Seu mandato popular ampara-se numa plataforma conservadora com propostas atrasadas. Muita gente que votou nele pode detestar o Ibama e as ONGs do meio ambiente. Também pode achar que bandido bom é bandido morto. Quando acontecem desgraças como Brumadinho ou quando são expostas as vísceras das milícias e seus mensalinhos, essas mesmas pessoas mudam de assunto, e o presidente fica só, como ficou o general João Figueiredo depois do atentado do Riocentro.
O atraso é camaleônico. Escravocratas do Império tornaram-se presidentes na República Velha. A Federação das Indústrias de São Paulo financiou o DOI, aderiu à Nova República e varreu os crimes da ditadura para a porta dos quartéis. Trogloditas do agronegócio e espertalhões das mineradoras sabem o que querem. Conviveram com o comissariado petista esperando por um Messias. Tiveram-no. Quando a Vale caiu na frigideira, fizeram o que deviam e, num só dia, venderam suas ações derrubando em R$ 71 bilhões o seu valor de mercado.
Durante a campanha eleitoral, quando confrontado com os problemas que encontraria na Presidência, Bolsonaro repetia um versículo do Evangelho de João: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Brumadinho e suas relações com Fabrício Queiroz mostraram a Jair Bolsonaro o verdadeiro rosto do atraso. Fonte: https://oglobo.globo.com
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“Somos o país que mais preserva o meio ambiente”, diz Bolsonaro em Davos.
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Ricardo Senra da BBC Brasil em Washington
Para a advogada chilena Antonia Urrejola Noguera, relatora especial do Brasil na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, o país não foi capaz de garantir segurança e condições básicas para que o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) pudesse exercer suas funções.
Em entrevista à BBC News Brasil, Urrejola afirma que a Comissão havia cobrado, por meio de medida cautelar, que o governo brasileiro oferecesse proteção ao parlamentar. O texto, que narra uma série de ameaças ao congressista, foi enviado ao Brasil em 20 de novembro do ano passado.
"A Comissão Interamericana decretou uma medida cautelar para que o Estado tomasse medidas de proteção a favor de Jean e a resposta foi que ele já tinha medidas de proteção. Mas, eram exatamente essas medidas que o deputado indicava que eram insuficientes. Ele seguia recebendo ameaças", diz.
"Efetivamente, (Jean Wyllys) não se sentia em condições de ficar no Brasil. É lamentável. Além disso, é lamentável pelo que ele representa. É um deputado LGBTI, em um contexto em que ouvimos recentemente sobre pelo menos quatro assassinatos contra pessoas deste grupo".
Nesta quinta-feira, Jean Wyllys afirmou por meio de redes sociais e em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que abriu mão de seu terceiro mandato consecutivo de deputado federal, para o qual foi eleito com 24.295 votos. "Quero cuidar de mim e me manter vivo", disse o deputado ao jornal, citando o assassinato de Marielle Franco e um aumento nas ameaças de morte que recebe. Fonte: /www.bbc.com
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Jean Wyllys foi reeleito para terceiro mandato e cerimônia de posse dos deputados está marcada para 1º de fevereiro. Secretaria da Câmara informou que suplente é David Miranda (PSOL-RJ).
A assessoria do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) informou nesta quinta-feira (24) que o parlamentar não tomará posse para o novo mandato.
Ao G1, a assessoria de Jean Wyllys informou que ele tem recebido ameaças e, por isso, decidiu não assumir o terceiro mandato parlamentar. A posse dos deputados federais eleitos está marcada para 1º de fevereiro. Jean Wyllys recebeu 24.295 votos na eleição de outubro
Carta de de Jean Wyllys ao PSOL.
À Executiva do Partido Socialismo e Liberdade - PSol
Queridas companheiras e queridos companheiros,
Dirijo-me hoje a vocês, com dor e profundo pesar no coração, para comunicar-lhes que não tomarei posse no cargo de deputado federal para o qual fui eleito no ano passado.
Comuniquei o fato, no início desta semana, ao presidente do nosso partido, Juliano Medeiros, e também ao líder de nossa bancada, deputado Ivan Valente.
Tenho orgulho de compor as fileiras do PSol, ao lado de todas e todos vocês, na luta incansável por um mundo mais justo, igualitário e livre de preconceitos.
Tenho consciência do legado que estou deixando ao partido e ao Brasil, especialmente no que diz respeito às chamadas “pautas identitárias” (na verdade, as reivindicações de minorias sociais, sexuais e étnicas por cidadania plena e estima social) e de vanguarda, que estão contidas nos projetos que apresentei e nas bandeiras que defendo; conto com vocês para darem continuidade a essa luta no Parlamento.
Não deixo o cargo de maneira irrefletida. Foi decisão pensada, ponderada, porém sofrida, difícil. Mas o fato é que eu cheguei ao meu limite. Minha vida está, há muito tempo, pela metade; quebrada, por conta das ameaças de morte e da pesada difamação que sofro desde o primeiro mandato e que se intensificaram nos últimos três anos, notadamente no ano passado. Por conta delas, deixei de fazer as coisas simples e comuns que qualquer um de vocês pode fazer com tranquilidade. Vivo sob escolta há quase um ano. Praticamente só saía de casa para ir a agendas de trabalho e aeroportos. Afinal, como não se sentir constrangido de ir escoltado à praia ou a uma festa? Preferia não ir, me resignando à solidão doméstica. Aos amigos, costumava dizer que estava em cárcere privado ou prisão domiciliar sem ter cometido nenhum crime.
Todo esse horror também afetou muito a minha família, de quem sou arrimo. As ameaças se estenderam também a meus irmãos, irmãs e à minha mãe. E não posso nem devo mantê-los em situação de risco; da mesma forma, tenho obrigação de preservar minha vida.
Ressalto que até a imprensa mais reacionária reconheceu, no ano passado, que sou a personalidade pública mais vítima de fake news no país. São mentiras e calúnias frequentes e abundantes que objetivam me destruir como homem público e também como ser humano. Mais: mesmo diante da Medida Cautelar que me foi concedida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da OEA, reconhecendo que estou sob risco iminente de morte, o Estado brasileiro se calou; no recurso, não chegou a dizer sequer que sofro preconceito, e colocaram a palavra homofobia entre aspas, como se a homofobia que mata centenas de LGBTs no Brasil por ano fosse uma invenção minha. Da polícia federal brasileira, para os inúmeros protocolos de denúncias que fiz, recebi o silêncio.
Esta semana, em que tive convicção de que não poderia - para minha saúde física e emocional e de minha família - continuar a viver de maneira precária e pela metade, foi a semana em que notícias começaram a desnudar o planejamento cruel e inaceitável da brutal execução de nossa companheira e minha amiga Marielle Franco. Vejam, companheiras e companheiros, estamos falando de sicários que vivem no Rio de Janeiro, estado onde moro, que assassinaram uma companheira de lutas, e que mantém ligações estreitas com pessoas que se opõem publicamente às minhas bandeiras e até mesmo à própria existência de pessoas LGBT. Exemplo disso foi o aumento, nos últimos meses, do índice de assassinatos de pessoas LGBTs no Brasil.
Portanto, volto a dizer, essa decisão dolorosa e dificílima visa à preservação de minha vida. O Brasil nunca foi terra segura para LGBTs nem para os defensores de direitos humanos, e agora o cenário piorou muito. Quero reencontrar a tranquilidade que está numa vida sem as palavras medo, risco, ameaça, calúnias, insultos, insegurança. Redescobri essa vida no recesso parlamentar, fora do país. E estou certo de preciso disso por mais tempo, para continuar vivo e me fortalecer. Deixar de tomar posse; deixar o Parlamento para não ter que estar sob ameaças de morte e difamação não significa abandonar as minhas convicções nem deixar o lado certo da história. Significa apenas a opção por viver por inteiro para me entregar as essas convicções por inteiro em outro momento e de outra forma.
Diz a canção que cada ser, em si, carrega o dom de ser capaz e ser feliz. Estou indo em busca de um lugar para exercitar esse dom novamente, pois aí, sob esse clima, já não era mais possível.
Agradeço ao Juliano e ao Ivan pelas palavras de apoio e outorgo ao nosso presidente a tarefa de tratar de toda a tramitação burocrática que se fará necessária.
Despeço-me de vocês com meu abraço forte, um salve aos que estão chegando no Legislativo agora e à militância do partido, um beijo nos que conviveram comigo na Câmara, mais um abraço fortíssimo nos meus assessores e assessoras queridas, sem os quais não haveria mandato, esperando que a vida nos coloque juntos novamente um dia. Até um dia!
Jean Wyllys
23 de janeiro de 2019
*Matéria completa no https://g1.globo.com
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A apresentadora Ana Paula Araújo observou que o programa concorrente deixou de fazer duas perguntas vitais ao senador eleito
O programa “Fantástico”, da Rede Globo, deste domingo (20), quebrou o protocolo e fez crítica pública à entrevista concedida pelo senador Flávio Bolsonaro minutos antes no “Domingo Espetacular”, da Rede Record.
O filho do presidente Jair Bolsonaro respondeu no programa às duas denúncias divulgadas pelo “Jornal Nacional” nas edições de sexta (18) e sábado (20) relativas ao caso do ex-motorista Fabrício Queiroz, que trabalhou até o ano passado para o gabinete do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio.
A apresentadora do “Fantástico”, Ana Paula Araújo observou que o programa concorrente deixou de fazer duas perguntas ao senador eleito que poderiam ter esclarecido melhor o que foi dito.
“Ao senador, não foi perguntado, e por isso ele não respondeu, por que optou por 48 depósitos de R$ 2 mil com diferença de minutos em cada operação em vez de depositar o total que recebeu em espécie de uma só vez na agência bancária onde tem conta. Também não foi questionado por que preferiu receber parte do pagamento da venda em dinheiro e não em cheque administrativo ou transferência bancária.”
O Jornal Nacional revelou, primeiro, que entre junho e julho de 2017, Bolsonaro recebeu 48 depósitos no valor de R$ 2 mil cada, em espécie, feitos no caixa eletrônico da Assembleia Legislativa do Rio. Um dia depois, relatou que o senador eleito pagou um título bancário de R$ 1.016.839, emitido pela Caixa Econômica Federal, sem indicar o favorecido.
Bolsonaro disse ao repórter Lúcio Sturm que os depósitos de R$ 2 mil feitos em sua conta se referem a dinheiro dele mesmo, fruto da venda de um apartamento que foi feita, parcialmente, em espécie. Este mesmo apartamento também foi citado como explicação do pagamento de R$ 1.016.839 de um título bancário da Caixa. O valor, disse, refere-se à quitação da compra deste imóvel em um momento anterior. Fonte: www.revistaforum.com.br
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Ex-prefeito de São Paulo descarta rótulo de líder da oposição e mostra mágoa com Ciro Gomes
Indagado se está de férias "desde o fim das eleições", Fernando Haddad, candidato derrotado por Jair Bolsonaro na disputa pelo Planalto em 2018, se surpreende. "Férias? Você acha que professor tem férias desse jeito? Estou preparando curso", afirma o petista em entrevista ao EL PAÍS. O ex-prefeito paulistano, professor de administração e gestão pública no Insper, volta ao trabalho em 11 de fevereiro. Com relação à política, seu papel ainda é incerto. Sem mandato e com seu maior padrinho eleitoral —Lula— atrás das grades, Haddad tem pela frente o desafio de se manter relevante para não sofrer o mesmo destino de Marina Silva, de ver se esvair o capital político dos 47 milhões de votos que obteve nas urnas. O professor rejeita o papel de "líder" da oposição ao Governo de Bolsonaro e diz que vai atuar sem almejar qualquer posto no PT. Em conversa de pouco mais de uma hora em sua casa em São Paulo, em 14 de janeiro, o ex-prefeito falou sobre a Venezuela ("o ambiente lá não é democrático") e deixou sugerida uma crítica a ida de Gleisi Hoffmann a Caracas para a posse de Nicolás Maduro. “Não sei o que levou Gleisi a Caracas. É preciso cuidar não só do gesto, mas da comunicação.”
Pergunta. O PT enviou sua presidenta para a cerimônia de posse de Nicolás Maduro, isolado por quase todos os países da região. Por que o PT apoia Maduro?
Resposta. Eu gostaria de situar essa discussão em um plano um pouco diferente. Se não fosse a mediação pessoal do Lula durante seu Governo, já teria ocorrido uma intervenção dos Estados Unidos na Venezuela.
- Mas passaram-se anos, muitas coisas aconteceram depois disso...
- A obsessão da esquerda brasileira tem que ser com a paz, com a não ingerência. Evidentemente a situação na Venezuelase deteriorou. E o ambiente na Venezuela hoje não é democrático. Porque as partes não reconhecem os processos.
- Mas essa degradação do ambiente democrático, você credita isso só à oposição?
- Acredito que o Governo Maduro tem uma parte de responsabilidade. É evidente que não há por parte da oposição um enorme compromisso. Seria ingenuidade imaginar que a oposição não tem seus interesses, inclusive de buscar um status quo anterior, que era o da Venezuela como um quintal cheio de petróleo para os americanos. A obsessão do PT é buscar um caminho no qual possamos restabelecer o ambiente democrático na Venezuela. Que está difícil. Não é uma tarefa fácil. Mas pode se tornar mais difícil ainda se houver uma intervenção militar.
- Você teria ido à posse do Maduro?
- Não participei da discussão, não sei os argumentos e o que levou a GleisiHoffmann a ir para Caracas. Existe uma questão que considero importante, que é da mensagem que você passa ao tomar qualquer decisão. É preciso cuidar não só do gesto que você considera mais adequado, mas da comunicação desse gesto para a opinião pública mundial.
- A justificativa do PT para não comparecer à cerimônia de posse do Bolsonaro é que o processo democrático foi inadequado devido à prisão de Lula. Você acha que a Venezuela tem um processo democrático mais transparente que o Brasil?
"A obsessão do PT é buscar um caminho no qual possamos restabelecer o ambiente democrático na Venezuela"
- São situações diferentes.
- Por quê?
- A questão do Brasil é que o líder das pesquisas foi impedido de participar da eleição.
- Na Venezuela também. O opositor Leopoldo Lópezestá em prisão domiciliar.
- O que eu digo e repito: a obsessão do PTcom a qual eu compartilho é evitar um conflito militar na região. Brasil está há mais de 140 anos sem conflito militar com seus vizinhos. A obsessão da centro-esquerda pacifista é buscar uma solução negociada. Outra questão é comunicar adequadamente o que você quer comunicar com seu gesto [a ida de Gleisi à posse de Maduro].
- A ida dela não pode ser entendida como uma chancela do PT ao Governo Maduro?
- O PT nasceu do questionamento de ditaduras de esquerda.
- Considera o Governo de Maduro uma ditadura?
- O que eu disse na campanha e eu repeti é que o ambiente na Venezuela não é democrático. As forças políticas venezuelanas hoje não respeitam o resultado de qualquer consulta que você faça. Veja quantas consultas foram feitas nos últimos três anos ao povo venezuelano, nenhum resultado foi considerado legítimo.
- Em que medida o PT tenta se aproximar da oposição venezuelana?
- Aí você está perguntado para mim, o que eu penso não é necessário o que o PT pensa. Para saber o que o PT pensa você tem que fazer uma entrevista com a Gleisi. O que eu penso e defendi na campanha foi isso, não mudei de ideia. Considero a situação da Venezuela grave do ponto de vista democrático, porque as partes não se reconhecem.
"O PT nasceu do questionamento de ditaduras de esquerda"
- Você já disse que Bolsonaro era uma ameaça à democracia. Ainda enxerga assim?
- Se você tem um conceito estrito, tanques de guerra na rua, alguém está armado te ameaçando... Nesse conceito de democracia a ameaça pode estar mais distante. Mas se você entende democracia enquanto ambiente onde são cultivados certos valores, inclusive de proteção às minorias, sem dúvida, neste conceito, a democracia está ameaçada. Os indígenas estão se sentindo ameaçados, a comunidade LGBTQ, os professores e líderes de movimentos sociais também, porque podem ser considerados terroristas a qualquer momento pelo presidente. A oposição está se sentindo ameaçada, porque ele anunciou que ela terá dois caminhos, a cadeia ou o exílio. Este conceito que eu acredito de democracia, sim, está ameaçado. As instituições tem que funcionar com um propósito, de fazer as pessoas se sentirem seguras independente do que pensam, de sua orientação sexual.
- O Congresso e o Supremo Tribunal Federalnão estão preparados para exercer um contrapeso a estas medidas?
- Veremos. Os sinais do Executivo são os piores possíveis, então temos que ver se os contrapesos funcionarão. Veremos como reagem a imprensa, o Judiciário e o Congressoa estas ameaças, que são reais.
- Qual o papel do PT na oposição?
- O PT já foi oposição no Brasil. Até 2002 nós éramos um partido de oposição. E o PT fez uma oposição bastante qualificada à época. Tanto é que logrou resultados na campanha de 2002 [quando Lula foi eleito pela primeira vez], e a transição do Fernando Henriquepara o Lula foi uma transição muito tranquila e civilizada, o que demonstra de certa forma que as relações entre oposição e situação no Brasil mantinham um padrão adequado. Estamos voltando à oposição desde o impeachment da Dilma, mas tendo a experiência de 13 anos de Governo, o que significa que vamos poder fazer uma oposição muito mais qualificada do que fizemos antes.
- Qual seria seu papel no PT nos próximos anos?
- Meu papel é o que exercia antes e passo a exercer agora: não tenho cargo, mas nunca tive antes de o PT chegar ao poder, e nem por isso deixava de exercer na plenitude minha cidadania como professor e articulista. Lembrando que o próprio Lula nunca precisou de cargos para exercer cidadania, para conversar com o país, conversar com outras forças democráticas do continente e da Europa.
- Você gostaria de assumir a presidência do PT?
- Não está nos meus planos. Eu nunca fiz parte da burocracia partidária, nunca participei da vida interna do partido a não ser quando convidado, na condição de professor universitário.
- Você pretende liderar a oposição no Brasil?
- Eu não acredito que alguém possa ter essa pretensão. Estamos em um sistema multipartidário, nós ainda temos 30 partidos. Acredito que ninguém possa se arvorar a ser o chefe da oposição.
- Durante a campanha o rapper Mano Brown fez um discurso forte com relação ao PT, dizendo que o partido tinha perdido contato com suas bases. O que vocês têm feito de diferente para reverter isso?
- Em primeiro lugar, o PT foi para o segundo turno com 30% dos votos, e chegou ao final da eleição com 45% dos votos. Contra 51% de 2014. Então nós não perdemos [as bases]...
- Tem uma base ampla, mas não o suficiente para ganhar...
- Estamos falando de um partido que ganhou quatro eleições consecutivas. E perdeu a quinta tendo disputado em condições competitivas. Eu acredito que, se não fosse a ação das fake newse o dinheiro de empresários para disseminá-las, nós iríamos dar muito mais trabalho.
- Mas na época da campanha você deu razão ao Brown...
- Dei.
- E agora está falando que houve desgaste no Governo, fake news... "Quando você é Governo durante quatro mandatos existe um processo de distanciamento das bases"
- Uma coisa não tem a ver com a outra. As duas são verdadeiras. Quando você é Governo durante quatro mandatos existe um processo de distanciamento das bases em função do fato de que a maioria dos quadros são assimilados pela máquina estatal. Isso é um processo muito desagradável, infeliz, mas acontece. O sucesso eleitoral do PT enfraqueceu o próprio partido em sua conexão com as bases. O outro fenômeno é a crise política, ética, e econômica que aconteceu.
E a outra questão é que há novos atores no Brasil. Por exemplo, as igrejas evangélicas tinham um tamanho quando ganhamos em 2002, e têm outro tamanho agora. E nós não aprendemos a dialogar com a base dessa igreja, muito menos com os líderes, que são em geral bastante conservadores.
- Como recompor o cinturão vermelho, tradicional reduto petista em São Paulo e onde desde as eleições municipais de 2016 vocês perdem terreno?
- Acho que vai haver um processo natural de migração do partido da máquina do Estado para a base. E nessa reconexão vai haver um aprendizado. Vamos nos deparar com outro país. Muito fruto inclusive do sucesso dos nossos Governos, mas que não necessariamente se identificam com nossos valores. Não está dado que um pobre que deixa a pobreza mantenha seus valores igualitários, por exemplo.
- Alguns analistas dizem que o PT foi vítima do seu próprio erro, ao tirar pessoas da pobreza, mas não formar cidadãos. Como analisa essa crítica?
- Eu acho que deveríamos ter trabalhado mais a questão da consciência política. O avanço objetivo tinha que ter sido acompanhado de um avanço subjetivo. O avanço material tem quer vir acompanhado de um avanço espiritual. Essas coisas tem que vir juntas para que o processo se consolide. Espiritual não no sentido religioso, mas no sentido ético, de valores. A ética tem que ser uma obsessão de um partido que transforma a vida material das pessoas. Se você dissocia isso as pessoas atribuem o próprio êxito a questões que... Claro que tudo depende do esforço individual também, mas isso tem que vir acompanhado de um processo de formação política.
- O pilar da crítica feita ao PT é a corrupção. Como enfrentar isso? "Cabe a um Governo progressista fortalecer todos os mecanismos estatais de combate à corrupção. E ninguém fez isso melhor do que o PT"
- O que cabia ao Governo fazer? Fortalecer os mecanismos de combate à corrupção. Cabe a um governo progressista fortalecer todos os mecanismos estatais de combate à corrupção. E ninguém fez isso melhor do que o PT. A Polícia Federalnunca esteve tão bem quanto no Governo do PT. O ministério Público Federal idem. O Tribunal de Contas, o Judiciário, a Controladoria Geral da União...Nunca atuaram tanto. Jamais haveria combate à corrupção sem essas medidas. E nunca houve orientação do Governo para parar investigação. Toda a legislação usada na Lava Jato foi aprovada durante os Governos do PT.
Isso é um ponto. Outro ponto: além de fortalecer os mecanismo de combate, você tem que fortalecer as instituições de maneira a que se evite a corrupção. Nesse ponto acho que nós falhamos em não aprovar a reforma política. Porque nós sabíamos, está no nosso plano de Governo, a defesa do financiamento público de campanha. O PT sabe desde sempre que havia uma vulnerabilidade muito grande no sistema ao permitir, e não fomos nós que inventamos a regra, o financiamento privado, mais do que privado, empresarial, das campanhas eleitorais. E isso afetou todo o sistema político, sem exceção.
Quando você permite o financiamento empresarial você cria um ambiente em que as decisões individuais importam. E quando o comportamento individual fala mais que o institucional, você está com um risco elevadíssimo de alguém estar cometendo um erro em seu nome e te tornando vulnerável. A verdade é que se pedia dinheiro no sistema político sem nenhum protocolo. E isso foi se tornando a regra em todos os partidos. E abriu espaço para crimes pequenos e para crimes enormes.
- Que peso o Lula terá na coordenação do PT enquanto oposição?
- O Lula vai ser sempre ouvido.
- Você considera que o Lula ainda é mais um ativo do que um fardo para o partido?
- Vamos supor que tivesse acontecido o seguinte cenário: acharam uma conta em dólares do Lula e da Marisa num paraíso fiscal. Se fosse algo assim, "tá aqui". Se tivessem apresentado uma prova que tivesse convencido o partido de que realmente houve uma falha, um crime, e que sendo ele cidadão brasileiro teria que responder por aquilo, acho que nós teríamos lamentado, mas teríamos seguido adiante. Mas não foi o que aconteceu. Eu me envolvi pessoalmente com o processo do tríplexe lhe asseguro: ele não se sustenta. Não há prova cabal, como aconteceu com os outros que estão presos. Com eles está lá: conta no exterior, dinheiro na mala, diálogo gravado... Então, sim, ele é um ativo.
- Qual o campo onde a oposição deve agir?
- Há dois componentes importantes. Um que é mais amplo, que é o campo da defesa dos direitos civis, que no meu juízo estão ameaçados no Brasil. Estamos vendo aí os direitos indígenas sendo atacados, na contramão do que reza a Constituição Federal. Temos visto questões ambientais muito delicadas sendo questionadas pelo Governo, tratados internacionais assinados pelo Brasil [ameaçados]... As Nações Unidassendo questionadas em todas suas decisões e orientações, acabamos de sair do pacto de imigração, sendo que somos um país que foi feito por imigrantes. Nós estamos vendo a comunidade LGBTQ sendo ameaçada nas ruas sem que as autoridades emitam nenhum juízo a este respeito. Estamos vendo professores sendo ameaçados de monitoramento. Então são sintomas muito preocupantes.
Há um outro plano de direitos sociais e econômicos. Aí inclui política de valorização do salário mínimo, o destino do nosso patrimônio público, nossas reservas de petróleo, cambiais, nossas estatais, o destino das políticas de promoção da igualdade de renda em um dos países mais desiguais do mundo, direitos trabalhistas, que já passaram por uma primeira onda de reformas liberalizantes e desprotetoras do trabalhador, e se anuncia uma segunda rodada de reformas que colocariam, se aprovadas, o trabalhador em uma situação de maior vulnerabilidade perante o capital. Direitos sociais ligados a serviços públicos, sobretudo saúde e educação, que estão na mira do Governo...
- O PT é muito cobrado a fazer uma autocrítica com relação aos erros. Você falou da reforma política, há algo mais?
- Eu faço sempre a mesma consideração. Erramos muito ao não fazer a reforma política, tínhamos que ter tentado fazer, e acho que a condução da política econômica depois de 2012 teve problemas. E a maneira como se pretendeu resolver esses problemas depois da reeleição também foi um equívoco.
"Erramos muito ao não fazer a reforma política, tínhamos que ter tentado fazer, e acho que a condução da política econômica depois de 2012 teve problemas"
- O PT aparentemente foi surpreendido por uma rede bem estruturada de WhatsApppor parte da campanha de Bolsonaro. Vocês pretendem investir nessa ferramenta de olho em 2022?
- Fala-se do WhatsApp, mas na verdade essa ferramenta foi acompanhada de três expedientes ilegais [por parte da campanha de Bolsonaro]: o primeiro foi turbinar o aplicativo com caixa 2. O segundo foi usar cadastro de terceiros. E o último foi caluniar os opositores com mentiras. De que eu era dono de Ferrari, tinha relógio de 500.000 reais, que eu era a favor do incesto... Então foram três ilegalidades cometidas.
- Mas aparentemente a campanha dele tinha uma rede estruturada há mais tempo, e mais experiência no seu uso.
- Isso sim. Nós poderíamos ter feito. Mas o que de fato alavancou a candidatura dele no final do segundo turno não foi isso. Porque se fosse isso ele já teria avançado previamente. Ele batia sempre no patamar de 18% das intenções de voto. Não passava de 20%. O que fez ele passar este patamar foi, em primeiro lugar, a facada, que levou ele para 26%. E depois disso ele só cresceu com o uso ilegal do WhatsApp.
- O Ciro Gomes, a quem você chamava de amigo, bateu muito no PT durante a campanha. Retomaram o diálogo?
- Olha, você retoma o diálogo com quem quer dialogar. As declarações do Ciro têm sido muito duras. Acho que existem episódios que ele descreve que não são dessa maneira. O episódio do PSB, por exemplo. O PSB fez um acordo com o PT, divulgado com transparência: nós apoiávamos o Paulo Câmara em Pernambuco em troca do apoio deles ao Fernando Pimentelem Minas, e da neutralidade no plano nacional. Foi uma construção do PSB. Isso é do jogo democrático. Fonte: https://brasil.elpais.com
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Tereza Cristina ironizou a modelo, dizendo que ela deveria ser embaixadora da pasta em vez de 'meter o pau' no país
RIO — A modelo gaúcha Gisele Bündchen se disse "surpresa" com as críticas feitas na última segunda-feira pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina. A ministra ironizou a modelo, dizendo que em vez de "meter o pau no Brasil", ela deveria ser embaixadora da pasta para promover as ações de preservação ambiental do país.
"Causou-me surpresa ver meu nome mencionado de forma negativa por defender e me manifestar em favor do meio ambiente" escreveu a modelo em uma rede social.
Gisele comentou o ocorrido em um pequeno texto, ressaltando sua atuação em projetos voltados para o meio ambiente e as causas ecológicas desde 2006 .
"Acredito que a produção agropecuária e conservação ambiental precisam andar juntas, lado a lado. Nosso desenvolvimento, prosperidade e bem-estar dependem desse equilíbrio e a agricultura, tão importante para o nosso país, também depende das condições climáticas adequadas para o seu crescimento. O Brasil tem tudo para liderar o movimento em prol de um desenvolvimento mais sustentável, capaz de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer as futuras gerações. Torço para poder divulgar ações positivas neste sentido", acrescentou a modelo.
Em entrevista para o "Jornal Da Manhã" , na rádio Jovem Pan, em São Paulo, a ministra comentou sobre os objetivos do ministério e fez o convite após criticar declarações anteriores da modelo no exterior.
— Não existe país nenhum do mundo que tenha uma lei como a nossa, nenhum, o Código Florestal. Então, é um absurdo irem lá fora dizer, né? Inclusive, desculpe, Gisele Bündchen, você deveria ser a nossa embaixadora, dizer que o seu país preserva, que o seu país está na vanguarda do mundo para a preservação e não vir aqui meter o pau no Brasil sem conhecimento de causa — comentou a ministra, durante entrevista com o apresentador Thiago Uberreich e José Luiz Tejon.
A modelo gaúcha é internacionalmente conhecida por sua atuação na causa ambiental, em especial na preservação da Floresta Amazônica. Em 2017, recebeu prêmio pela defesa da causa ecológica, o Eco Laureate, durante o Green Carpet Fashion Awards, em Milão. Fonte: https://oglobo.globo.com
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A popularidade em alta do presidente é uma dos principais trunfos do governo para garantir a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) já no primeiro semestre do ano
O presidente Jair Bolsonaro deve ser o garoto-propaganda para explicar à população os principais pontos da reforma da reforma da Previdência. A popularidade em alta do presidente é uma dos principais trunfos do governo para garantir a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) já no primeiro semestre do ano.
Para a equipe, o apoio de mais de 57 milhões de votos e a penetração que o presidente tem nos canais digitais (Twitter, Facebook, Instagram e Youtube) garante respaldo ao presidente para assumir a defesa da reforma e evitar os erros de comunicação assumidos pelo governo anterior.
O presidente não deve entrar em detalhes técnicos da proposta, mas vai reforçar a defesa dos pontos principais, segundo apurou o Estadão/Broadcast. Nos últimos dias, ele, inclusive, tem utilizado textos mais longos nas redes sociais para apresentar posicionamentos do governo e até mesmo nota oficiais.
Dilema presidencial
Com papel central na comunicação da reforma, Bolsonaro vive o dilema de poder se beneficiar do mais vantajoso regime de aposentadoria concedido a parlamentares.
Deputado federal por quase 28 anos, ele já está apto a solicitar benefício do Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC), que é concedido a partir de 50 anos de idade e oito anos de mandato.
O salário integral de parlamentar é dado a quem completa 30 anos de contribuição para o sistema. O valor da pensão fica fora do teto do funcionalismo - ou seja, Bolsonaro pode acumular esse vencimento com o salário de presidente da República. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Fonte: www.correiobraziliense.com.br
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A imprensa era livre para concordar, e as minorias tinham direito a se retirar
Tive um sonho estranho, extremamente realista.
Estava num lugar onde todos os homens se vestiam de azul, e todas as mulheres se vestiam de rosa. Fora os que se vestiam de verde, encarregados de manter a ordem.
Não havia ideologia de gênero, mas todas as pessoas vestidas de rosa deveriam ganhar um salário menor.
Parte superior do formulário
Parte inferior do formulário
Não havia gays, neste lugar, pois, se alguma criança manifestasse tendências a ser diferente, levava logo uma coça, e o problema estava resolvido.
Não existia arte nem cultura, pois os artistas foram perseguidos pela população, até que acabou a mamata. Nos teatros, cinemas e televisões, pastores liam a Bíblia.
Ah, havia um super-herói, chamado Capitão Mito, que tinha o poder de engolir as palavras e ser perfurado sem sangrar, capaz de escapar de todos os debates em velocidade supersônica.
Mas todas as pessoas andavam armadas, para garantir a paz e a tranquilidade. Suspeitos eram fuzilados sumariamente — menos aqueles que apenas faziam uns rolos, tipo serem laranjas ou usarem notas frias.
A imprensa era livre para concordar, e as minorias tinham direito a se retirar.
As florestas haviam sido derrubadas para o bem da agricultura, mas quem quisesse plantar a terra tinha antes que se transformar em grande latifundiário.
A emissão de gases era liberada, porque o aquecimento global não conseguiu comprovação científica, especialmente depois que cortaram as verbas dos cientistas.
Os eventuais rebeldes, que resistiam pela internet, eram massacrados por ferozes trolladores, fãs do Capitão Mito.
E os livros escolares tinham sido reescritos para corrigir as inverdades da realidade, como a teoria da evolução.
A família era prioridade, principalmente os filhos do presidente e do vice.
A defesa da cidadania não existia, pois o governo descobriu uma coisa muito grave sobre as ONGs: elas são organizações não governamentais.
Migrações externas eram totalmente proibidas, pois qualquer pessoa que quisesse ir morar nesse lugar só podia mesmo estar maluca.
Nossa, que sonho horrível. Ainda bem que eu acordei.
Fonte: https://oglobo.globo.com
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O DEUS DE BOLSONARO É O MESMO DE JESUS CRISTO E DOS POBRES? Pensar não ofende... Leia um artigo sobre o tema no olhar. Clique aqui: http://www.olharjornalistico.com.br/index.php/video-cast/12274-o-deus-obsessivo-e-politicamente-incorreto-de-bolsonaro Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 10 de janeiro-2019.
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Projeto prevê fim de mecanismo que faz agências publicitárias preferirem investir verba milionária na emissora
Jeff Benício
A imprensa repercute um projeto do deputado federal eleito Alexandre Frota (PSL-SP), aliado do presidente e ex-ator de novelas da emissora, para proibir a prática do BV (Bonificação por Volume), mecanismo que beneficiaria o canal carioca.
Trata-se de uma comissão que as empresas de TV pagam às agências publicitárias para que sejam privilegiadas com as verbas dos maiores anunciantes do País.
Frota afirma ter o apoio das principais concorrentes da Globo: RecordTV, SBT, RedeTV! e Band. Apesar de bombástica, eventual proibição do BV não fará os publicitários deixarem de privilegiar a Globo.
Mesmo sem ganhar os 10% ou 20% de praxe, eles continuarão a preferir a emissora com mais audiência para garantir a repercussão dos produtos anunciados e o retorno esperado por seus clientes.
Na média diária, das 7h à meia-noite, a Globo frequentemente registra mais pontos no Ibope do que a soma dos índices de RecordTV e SBT. Esse incontestável poder de influência atrai o grosso da verba milionária da publicidade brasileira. Como dizem no meio, ‘anunciar na Globo é certeza de resultado’.
Outra frente de Bolsonaro contra a maior empresa do Grupo Globo é reduzir a verba oficial do governo federal.
De acordo com a Folha de S. Paulo, em 2017 e 2018 a Globo recebeu 50% do total de investimentos da publicidade estatal. Em agosto do ano passado, durante entrevista ao vivo na bancada do Jornal Nacional, o então candidato Bolsonaro acusou o canal da família Marinho de viver do dinheiro público.
“São bilhões que o Sistema Globo recebe de recursos da propaganda oficial do governo”, disse, convicto. No dia seguinte, o âncora e editor-chefe do JN, William Bonner, leu uma nota de esclarecimento para rebater o presidenciável e inimigo declarado da Globo.
Um trecho: “A propaganda oficial do governo federal e de suas empresas estatais corresponde a menos de 4% das receitas publicitárias e nem remotamente chega à casa do bilhão. Os anunciantes privados ou públicos reconhecem na TV Globo uma programação de qualidade, prestigiada por enorme audiência e, por isso, se valem dela para levar ao público mensagens sobre seus produtos e serviços”.
Com base nos dados oficiais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, estima-se que a Globo receba entre 400 milhões e 500 milhões de reais por ano de publicidade do governo. O faturamento anual da emissora gira em torno de 10 bilhões. Em um momento deliciado da economia brasileira, qualquer perda de receita provoca impacto, porém, mesmo se a Globo for atingida por cortes ordenados por Bolsonaro, não terá seu lucro real tão afetado.
Essa guerra entre o presidente e a principal emissora da televisão brasileira tem tudo para virar uma longa novela – sem garantia de final feliz. Fonte: www.terra.com.br
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A ideia de Deus começa a se tornar, como nas piores teocracias, um curinga para encobrir políticas de obscurantismo
No discurso de posse do novo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, a palavra mais usada foi Deus, fazendo honra ao seu lema de campanha, “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Dá a impressão de que o Brasil deseja ser governado sob o amparo divino, mais do que sob as leis e a Constituição.
E não só o presidente, mas também seu recém-estreado ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que Deus estará “na diplomacia, na política, em todas as partes”. E chegou a individualizar essa presença forte de Deus em dois personagens emblemáticos do mundo atual: os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Bolsonaro. São eles dois que, segundo o diplomata, devolverão a Deus a uma civilização que o tinha perdido.
Trata-se, entretanto, de um Deus ambíguo e politicamente incorreto, já que apresentado como representante da civilização cristão-judaica. Não é o Deus que deve libertar os escravos da pobreza e da injustiça, o Deus dos que sofrem por serem diferentes, o dos excluídos dos privilégios, e sim o que adoram os satisfeitos, o vingador mais que o pacificador. O Deus da violência mais que o desarmado das bem-aventuranças.
Um Deus que infunde medo nos que deveria acolher sob sua proteção. É um Deus que se faz ouvir só através das ordens, gritos e armas do poder, não o que fala no silêncio dos corações em busca de paz e de diálogo.
Basta, entretanto, observarmos os países que colocaram Deus “acima de tudo e de todos”, e seus resultados. Costumam ser não só os mais autoritários e atrasados, mas também aqueles onde os pobres e as minorias sofrem com mais força a injustiça e a violência. O Brasil, é verdade, sempre foi um país, como quase toda a América Latina, com uma forte presença religiosa nas massas populares. Tratava-se, entretanto, mais de uma postura pessoal, como refúgio contra a dor e as dificuldades da vida. Agora, no Brasil, estamos numa fase nova e mais perigosa. A bandeira de Deus é hasteada por um presidente que parece querer governar em seu nome.
A ideia de Deus – que deveria ser conjugada, no máximo, com os movimentos de liberação dos oprimidos e marginalizados – começa a se tornar, como nas piores teocracias, um curinga para encobrir políticas de obscurantismo. O Brasil passou da teologia da libertação de raiz católica, baseada na mensagem marxista da luta contra a injustiça, à conservadora “teologia da prosperidade” dos evangélicos, que promete novas utopias que adormecem as injustiças.
O novo Governo de Jair Bolsonaro, o presidente apaixonado em igual medida por Deus e pelas armas, vai necessitar de uma oposição para que a obsessão do “Deus acima de todos” não se transforme numa perigosa idolatria. Nada mais explosivo para a democracia que uma presença obsessiva da sombra de Deus por parte dos que governam um país laico por constituição.
Alguém terá de explicar aos evangélicos de boa fé, que são a grande maioria, e também os mais castigados pelas injustiças sociais, que Deus, mais que uma bandeira nas mãos de conservadores e políticos que o anulam como propriedade, deveria ser uma força de resistência contra as desigualdades sociais e as intolerâncias. A excessiva presença de Deus na política acaba sempre se tornando um oculto e cruel inimigo dos que sempre pagam o preço da opressão. Os piores ditadores, de qualquer cor política, acabaram convertidos em grandes apaixonados por Deus.
Nada pior para as massas mais desamparadas, sobre as quais recai sempre o peso da violência econômica e social, que um Deus ambíguo, transformado em arma para castigar, mais que na alvorada de uma ressurreição de seus sonhos. Nada menos cristão que frustrar, em nome de Deus, os sonhos dos que mais sofrem. Nada pior que tentar governar pelas mãos de Deus. Nada mais perigoso que o Deus que teme a discussão das ideias e a pluralidade dos desejos.
Não acredito que o sonho dos brasileiros, até dos mais pobres, seja o Deus militarizado que impõe uma obediência cega. Eu os vejo mais como seguidores do Deus dos limpos de coração, como aqueles que, mais que a justiça divina, temeram sempre a violência arbitrária dos que os escravizam. Sempre em nome desse Deus, curinga para justificar todas as opressões. O Deus dos escravos nunca será o Deus com o qual o poder mercadeja. Fonte: https://brasil.elpais.com
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Tercio Tomaz estava desde 2017 no gabinete de Carlos Bolsonaro no Rio, mas nas eleições era responsável pelo perfil ‘Bolsonaro Opressor 2.0’
RIO — O presidente Jair Bolsonaro nomeou nesta sexta-feira para o gabinete pessoal da Presidência o ex-assessor de seu filho, Carlos Bolsonaro (PSL), na Câmara de Vereadores do Rio, Tercio Arnaud Tomaz, conhecido por comandar a página “Bolsonaro Opressor 2.0”. A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União e informa que o assessor ocupará um cargo comissionado DAS 102.5, que tem remuneração de R$ 13,03 mil.
Tercio ocupava até esta sexta-feira um cargo comissionado no gabinete de Carlos Bolsonaro, onde estava lotado desde dezembro de 2017. Em agosto, O GLOBO revelou que Tercio recebia salário da Câmara sem trabalhar de fato no legislativo da cidade. Na época da pré-campanha de Bolsonaro à Presidência, sua verdadeira ocupação era a produção de conteúdo digital, filmando e fotografando Bolsonaro em momentos de descontração e em intervalos de sua agenda como pré-candidato. Na ocasião, o chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro, Jorge Luiz Fernandes, negou ao GLOBO que Tercio trabalhava na campanha.
Logo após a vitória de Bolsonaro, porém, Tercio passou a se apresentar como assessor de comunicação do presidente eleito. Recebia demandas da imprensa, divulgava agenda e compartilhava áudios e imagens oficiais, mesmo enquanto estava no gabinete de Carlos Bolsonaro.
Bolsonaro nomeou nesta sexta-feira outro ex-assessor do filho, no Rio. José Matheus Sales Gomes vai ocupar o mesmo cargo comissionado que Tercio, mas na assessoria especial do presidente. Os dois foram exonerados da Câmara de Vereadores do Rio nesta sexta-feira.
Opressor 2.0
Criada em junho de 2015, a página “Bolsonaro Opressor 2.0” tem mais de um milhão de seguidores no Facebook e, durante as eleições presidenciais, promovia Bolsonaro por meio de memes agressivos contra adversários do político . Recentemente, a página tem compartilhado entrevistas e bastidores da rotina do presidente e de seus familiares.
Em março do ano passado, o perfil promoveu críticas pesadas à vereadora Marielle Franco (PSOL) um dia depois do seu assassinato, no Rio. Em um post em que publicou uma matéria que anunciava a intenção da irmã de Marielle de se lançar na política, a legenda dizia: “Do jeito que tá indo, vão empalhar o cadáver e levar em comício”.
Formado em biomedicina em uma faculdade de Campina Grande, Tercio trabalhava como recepcionista em um hotel antes de atuar nos gabinetes de Bolsonaro, em Brasília, e de Carlos, no Rio.
* Colaborou Gisele Barros e Igor Mello
Fonte: https://oglobo.globo.com
- Detalhes
Primeiras horas da nova gestão têm MP que muda estrutura do Governo e cumpre promessas de campanha contra políticas públicas para grupos vulneráveis. Novo decreto aprofunda esvaziamento da Funai
O Governo Bolsonaro implementa em suas primeiras horas uma ofensiva legal para reduzir e redistribuir funções nas pastas na Esplanada dos Ministérios que põe em alerta minorias sociais, em especial os indígenas, e também os ambientalistas. Nada incluído na ampla primeira Medida Provisória da nova gestão é uma surpresa, já que o presidente ultradireitista fez sua campanha prometendo não conceder "nem um centímetro a mais" de terras para indígenas e criticando duramente políticas públicas para grupos vulneráveis, que ele definiu como "coitadismo".
No primeiro dia completo de Governo, Bolsonaro foi à posse de alguns dos seus 22 ministros. Em alguns casos, o tom foi como o do próprio presidente, de grande peso na pauta ideológica de direita e fustigação dos adversários "socialistas". O Governo estreante pôde comemorar a recepção positiva do mercado financeiro, com alta recorde da Bolsa de São Paulo e queda do dólar, e ainda um acordo importante para a sustentabilidade de sua gestão: o apoio dos bolsonaristas à reeleição de Rodrigo Maia (DEM) na presidência da Câmara. Se efetivo, o pacto deve assegurar um aliado em um cargo que comanda a agenda do que vai a votação no Legislativo - falta ainda uma acerto para o Senado.
Enquanto isso, grupos de interesse ligados a minorias sociais analisavam as mudanças na estrutura de governo que os afetam. Em menos de dois dias, a gestão agiu para esvaziar de vez a Funai (Fundação Nacional do Índio). Responsável há décadas pela demarcação das terras indígenas no país, o órgão perdeu a prerrogativa, que foi para o Ministério da Agricultura, dominado pelo lobby do agronegócio crítico das reservas. Depois, um decreto nesta quarta também transferiu, segundo a Folha de S. Paulo, da Funai para a Agricultura a tarefa de licenciamento ambiental para grandes empreendimentos que possam ter impacto nos povos indígenas.
Em outra frente, o novo ministro da Educação, área considerada a primeira trincheira da guerra cultural do Governo Bolsonaro, confirmou a extinção da Secretaria da Diversidade, destinada a pensar políticas para a inclusão educacional de grupos vulneráveis. Num sinal da importância estratégica para o novo presidente deste tipo de medida, Bolsonaro fez questão de tuitar sobre o tema. "ministro da Educação desmonta secretaria de diversidade e cria pasta de alfabetização. Formar cidadãos preparados para o mercado de trabalho. O foco oposto de governos anteriores, que propositalmente investiam na formação de mentes escravas das ideias de dominação socialista", publicou. Fonte: https://brasil.elpais.com
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