Todo texto, retirado do seu contexto, torna-se pretexto para se dizer o que quiser.

 

Todo discurso que promove a violência não é ancorado nos ensinamentos de Jesus.

*Por Fabrício Veliq

Em tempos tão polarizados quanto este em que vivemos no nosso país, aliando-se à grande hegemonia cristã predominante em nosso contexto, é sempre possível que surjam discursos que não se coadunam com o Evangelho e, curiosamente, são suportados por bases bíblicas aleatórias. Contudo, algo que é sempre importante de se lembrar é de que todo texto, retirado do seu contexto, torna-se pretexto para se dizer o que quiser. Essa máxima, embora muito apreciada por todos que a ouvem, constantemente é negligenciada e usada para fazer diversos tipos de afirmativas de cunho cristão.

Dentre os diversos temas em voga em nosso país, recentemente o tema da violência surge com força, principalmente, em época eleitoral. Diante desse cenário, não é difícil encontrar os discursos que pregam a violência como solução para as questões da sociedade e da criminalidade. Frases como “tem que matar mesmo”; “bandido bom é bandido morto” etc são usadas por diversas pessoas que se dizem cristãs e, para justificar tais posições, tomam alguns versículos bíblicos aleatórios e fora de contextos. Os mais cotados são os textos do Pentateuco, em que está em voga a famosa lei de talião, do olho por olho e dente por dente e, nesse sentido, se alguém mata, tem que morrer e se alguém fere alguém deve ser ferido, bem como o texto do Novo Testamento, em que Jesus diz para Pedro para pegar em espadas no evento narrado em Lucas 22.

Que os textos do Antigo Testamento e a lei de talião não deveriam nem ser considerados para esse problema pelo viés cristão parece muito claro. Afinal, o ensinamento de Jesus segue justamente na contramão disso. “Eu, porém, vos digo” lido constantemente no sermão do monte, mostra o caráter de desvinculação proposto por Jesus das antigas ordenanças do Antigo Testamento. No lugar da lei de talião, deve-se reinar, a partir de agora, a lei do amor, “para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos” (Mt 5,45). Nessa nova proposta, a lei da vingança não faz mais sentido e, consequentemente, não deveria fazer parte do discurso cristão que, obviamente, deve seguir os ensinamentos de Jesus.

O texto de Lucas 22, por sua vez, é usado como tentativa para justificar a violência nos ensinamentos de Jesus. Seria como se dissesse: “tá vendo, Jesus mandou os discípulos se armarem e, por este motivo, nós também, cristãos, devemos ser a favor do porte de armas etc”. Fazer isso, todavia, é tirar o texto do seu contexto sem atentar que, se Jesus realmente tivesse dito isso no sentido literal estaria indo contra todo seu ensinamento para com seus discípulos ao longo dos 3 anos de convivência, o que tornaria o próprio Jesus um hipócrita, por estar fazendo algo que ele mesmo condenou anteriormente. Assim, pela própria coerência da pregação de Jesus, o texto deve ser lido em sua forma de parábola, significando que um novo tempo está por vir sobre os discípulos, um tempo de violência e perseguição contra eles, sendo necessário que estivessem preparados para resistir a isso, não com armas (afinal, 2 espadas para 11 homens mostraria Jesus como péssimo estrategista de guerra), mas com o próprio Evangelho.

Dessa forma, o texto de Lucas também não se sustenta quando usado para justificar o uso da violência, ou o porte de armas. Deve-se sempre lembrar que a palavra de Jesus e sua pregação sempre foram voltadas para o amor, sendo este, conforme nos diz a primeira carta de João, aquilo que o próprio Deus é.

Pelo exemplo de Jesus e pela narrativa evangélica, bem como tendo como base todo o Novo Testamento, a violência não se mostra como aquilo desejado por Deus para a conduta na sociedade. Seguir o exemplo de Cristo, assim, se mostra dirigir-se na contramão de qualquer discurso que a incita, sendo isto também parâmetro para dizer se algum discurso é ou não cristão.

Todo discurso que promove a violência não é ancorado nos ensinamentos de Jesus e todo aquele que o prega não compreendeu ainda a mensagem do Evangelho que liberta e vence, não pela força da violência, mas pela fraqueza do amor.

 Em tempos de violência constante em nosso país, os/as cristãos/ãs não devem ser os que a propagam, antes aqueles/as que mostram que há outro caminho possível, em que a luta se dá de maneira diferente, não pelo uso das armas, mas pelos atos de amor consciente e engajado, denunciando as injustiças e as misérias, propondo um caminho que preze pela equidade de dignidade e condições para todos, de maneira que os vislumbres do Reino de Deus se faça presente na sociedade.

*Fabrício Veliq é teólogo. Doutor em teologia pela Faculdade Jesuíta de Belo Horizonte (FAJE) e Doctor in Theology pela Katholieke Universiteit Leuven (KU Leuven) - Bélgica, formado em matemática e graduando em filosofia pela UFMG. Membro do grupo de pesquisa Fundamental and Political Theology em KU Leuven e dos Grupos de Pesquisa “Estudos de Cristologia” e “Diversidade afetivo-sexual e Teologia” da FAJE. Ministra cursos de teologia nos cursos de Teologia para Leigos do Colégio Santo Antônio, ligado à ordem Franciscana, no Centro de Formação e Cultura em Divinópolis, no Centro Loyola, em Belo Horizonte e é também professor voluntário no CITEP na Faculdade Jesuíta de Belo Horizonte (FAJE). É protestante e ama falar sobre teologia em suas diversas conversas por aí, tanto presenciais, como online. Seu blog, caso queiram conhecer mais de seus textos, é www.fveliq.blogspot.com. Seu e-mail, caso queiram entrar em contato, é Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

Fonte: http://domtotal.com

 

Retomar, nessas eleições, a defesa da cidadania e dos direitos humanos é uma escolha histórica na direção da civilização e não do retorno à barbárie da ditadura

Há trinta anos que pesquisamos e analisamos no Núcleo de Estudos da Violência, NEV/ USP, os processos na sociedade brasileira que geram a violência nos seus mais diversos aspectos. Na década de 1980, quando esse Núcleo surgiu, havia um forte entusiasmo e otimismo diante da transição democrática, após 20 anos de ditadura militar. A retomada do governo civil trouxe a esperança de que os graves problemas que afetavam a população —autoritarismo, desigualdade, discriminação, racismo— seriam superados. A Constituição de 1988, sem dúvida, condensou as expectativas de construção de uma sociedade menos violenta, mais justa, democrática, graças também à renovação das instituições do Estado.

Muitas das pesquisas que desenvolvemos visaram as violações de direitos dos cidadãos, especialmente os negros, os jovens, as mulheres, os mais pobres, praticadas pelo próprio Estado — como as execuções sumárias, a tortura, os maus tratos nas prisões, as políticas públicas precárias para a imensa maioria constituída pelas brasileiras e brasileiros, sobretudo negros e pobres. Sempre defendemos que o aperfeiçoamento da democracia seria incontornável para conter a violência presente na sociedade e sobretudo a perpetrada pelo Estado. No entanto, durante décadas o aperfeiçoamento da democracia pareceu se limitar ao processo eleitoral, não incorporando na cidadania plena os negros e os pobres. Somente a partir dos anos 2000, vinte milhões de brasileiros foram finalmente retirados da pobreza extrema.

Tem sido flagrante a resistência à assimilação de práticas e rotinas democráticas pelas instituições, essenciais para o funcionamento da democracia (especialmente o poder judiciário, o ministério público, a polícia), decisivas para garantir o tratamento justo e igualitário dos cidadãos perante a lei, bem como a não discriminação dos negros, dos indígenas e de gênero.

No interior daquelas instituições, infelizmente ainda grassam o elitismo, o nepotismo, os cambalachos políticos, a seletividade nos procedimentos, a aversão às auditorias externas e a falta de transparência. Esses são alguns traços evidentes do ralo compromisso que essas instituições públicas tiveram e têm com o sistema democrático.

Como aprofundado em diversas pesquisas no Núcleo, aqui predomina um autoritarismo socialmente implantado —com raízes mais profundas do que as práticas determinadas pelas ditaduras de 1937 e de 1964— inscrito numa grande continuidade que marca a sociedade brasileira diretamente dependente dos sistemas de hierarquia implantados pelas classes dominantes brancas e reproduzido regulamente pela violência ilegal do Estado. Se desde a transição democrática a representação das classes populares através de eleições se ampliou, as relações de poder entre as classes sociais, fundadas no racismo estrutural, na desigualdade e na violência ilegal do Estado, não se alteraram.

Não surpreende, portanto, vermos surgir na atual campanha eleitoral concepções autoritárias e extremistas que oferecem soluções simplistas para nossos graves e complexos problemas sociais, sobretudo aqueles relacionados à violência. É extremamente preocupante para a nossa democracia que tais ideias, envoltas na apologia da violência, elogio da tortura e de torturadores, na incitação ao fuzilamento de opositores, com aquiescência por vezes das autoridades judiciais, encontrem ressonância entre muitos eleitores. Retomar, nesse pleito presidencial, a defesa da cidadania e dos direitos humanos é não só a única opção democrática possível como uma escolha histórica na direção da civilização e não do retorno à barbárie da ditadura de 1964.

Paulo Sérgio Pinheiro é pesquisador associado do Núcleo de Estudos da Violência NEV/USP e ex-ministro da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, 2002-2003, no governo FHC.

Marcos César Alvarez é vice-coordenador do Núcleo de Estudos da Violência NEV/USP e professor Livre-docente do Departamento de Sociologia da USP.

Fonte: https://brasil.elpais.com

Guilherme Boulos (PSOL), Fernando Haddad (PT), Álvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Henrique Meirelles (MDB), Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmim (PSDB), ao final do debate realizado nesta quinta-feira, 20 de setembro, em Aparecida (SP), foram cumprimentados pelo cardeal Sergio da Rocha, presidente da CNBB, por dom Leonardo Steiner, secretário-geral e por todos os outros bispos que participaram do evento. Os presidenciáveis elogiaram a iniciativa da Conferência e responderam a todas questões colocadas. O debate foi realizado na forma de um programa de TV e no último bloco, sete bispos tiveram a ocasião de apresentar grandes questões da vida do brasileiro: superação da violência, gastos públicos com educação e saúde, desigualdade social, defesa da vida, diálogo e polarização política, defesa dos indígenas e povos tradicionais, agricultura familiar e agronegócio.

Candidato x candidato

Os dois blocos dos programa dedicados a perguntas feitas de um candidato para o outro foram marcados por algumas acusações e sinais de convergência de propostas. Ciro Gomes demonstrou ter proximidade com o quase todos os outros candidatos. Fernando Haddad lembrou os feitos dos governos Lula, enquanto Álvaro Dias o acusou de ter um discurso de ficção, sem realidade. Henrique Meirelles insistiu em sua competência para lidar com crises econômicas e Marina apresentou várias alternativas para que o País saia da esteira de governos do PT, do PSDB e do MDB para experimentar algo novo na política.

Guilherme Boulos falou de sua experiência em movimentos sociais pela moradia e propôs um Brasil que faça revisão sobre qual é a verdadeira polarização que existe, a quela provocada pela injustiça social simbolizada pela existência de meia dúzia de bilionários e milhões de pobres. O candidato Geral Alckmin acusou o PT de colocar o Brasil na situação atual e prometeu corrigir várias situações para que o País volte a crescer. Todos, exceto o candidato Meirelles, fizeram críticas ao governo atual.

Jornalistas católicos

Um dos blocos foi ocupado por um time de jornalistas que trabalha nas emissoras que participaram da produção e transmissão do debate: Rede Aparecida, Rede Vida, Rede Século 21, TV Evangelizar, TV Nazaré, TV Horizonte e TV Imaculada. Eles fizeram perguntas aos candidatos com temas variados: refugiados e migrantes, desemprego, urbanização, feminicídio, segurança pública, reforma política e trabalho infantil.

Os candidatos responderam de forma geral. Haddad disse que é preciso combater a intolerância e que é filho de migrantes; o candidato do MDB prometeu criar 10 milhões de emprego; Álvaro Dias falou de defesa das fronteiras; Ciro concordou com Boulos e disse que os grandes centros das cidades devem ser ocupados; Marina promete creches; Alckmin criticou excesso de partidos e Boulos disse que vai criar lista suja de empresas que exploram trabalho infantil.

Local e cobertura

O debate foi realizado na área principal do Centro de Eventos P. Vítor Coelho de Almeida, situado no pátio do Santuário Nacional de Aparecida. Comandados pelo P. Evaldo César, durante mais de seis meses de muita preparação, foram mobilizados mais de 150 profissionais realizar o evento.

Jornalistas dos principais veículos do País estiveram em Aparecida escaladas pelos seus veículos para acompanharem os sete principais candidatos à presidência da República. Eles foram atendidos antes do início do debate na área externa do centro de eventos.

Outros bispos

O cardeal Odilo Scherer, fez a primeira pergunta geral para todos os candidatos sobre democracia e corrupção, e além dele, também estava em Aparecida dom João Inácio Muller, bispo de Lorena.

Avaliação

Cardeal Sergio da Rocha, que fez a abertura do debate, considerou: “penso que podemos ressaltar que foi atingido, muito bem, o objetivo que foi proposto: conhecer melhor os candidatos, mas a partir de questões que o povo brasileiro sente e que a própria CNBB está expressando“. Ele ainda ressaltou a simbologia do lugar. Aparecida é um centro de peregrinação católica que atrai milhões de pessoas, durante todo o ano. E ainda que não seja uma cidade de fácil acesso com transporte aéreo, os candidatos fizeram questão de estarem presentes.

Os bispos, atentos à realidade brasileira, trouxeram questões que não são somente de interesse estritamente da Igreja, mas de toda a população“, disse. O presidente da CNBB também lembrou que a participação dos jornalistas católicos ajudou a apresentar aos candidatos várias realidades importantes que merecem uma palavra de cada um deles e que “expressa o diálogo dos candidatos com a própria Igreja. Claro que é um diálogo aberto, como se queria, um diálogo com o conjunto da população brasileira, mas particularmente voltado para os cristãos católicos, aqueles que participam da vida da nossa Igreja, e que têm suas preocupações, suas questões“.

Dom Sergio conclui: “Eu creio que os bispos conseguiram interpretar muito bem os grandes anseios, as grandes preocupações do povo brasileiro e que precisam estar no programa de governo de quem vai ser eleito“. Fonte: http://www.cnbb.org.br

A pesquisa IBOPE divulgada na quarta-feira, 19, apontou Eduardo Suplicy, do PT, como um dos favoritos ao senado paulista, o candidato aparece com 29%; seguido por Mário Covas do Podemos, 14%; Major Olimpio, do PSL, 12% e Mara Gabrilli, do PSDB, 10%.

Tripoli, do PSDB, aparece com 7%; Maurren Maggi, do PSB, tem 9%, enquanto Cidinha, do MDB, tem 6%. Jilmar Tato, do PT; Silvia Ferraro, do PSOL e Antonio Neto, do PDT, têm 3% cada.

Dra. Eliana Ferreira, do PSTU; Educador Daniel Cara, do PSOL e Kaled, do Democrata Cristão, aparecem com 2%. Mancha, do PSTU; Marcelo Barbieri, do MDB; Diogo da Luz, do Novo; Nivaldo Orlandi, do PCO; Pedro Henrique de Cristo da Rede e Jair Andreoni, do PRTB; têm 1%. Moira Lázaro Mandato Coletivo da Rede não pontuou.

Branco/Nulo para a primeira vaga reapresentam 21%, para a segunda vaga 28%. Não sabem ou Não responderam representam 43%.

A pesquisa ouviu 1.512 eleitores de todas as regiões do estado, com 16 anos ou mais, entre os dias 16 a 18 de setembro. A margem de erro foi de  3 pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento foi registrado  no TRE: SP-01925/2018; no TSE: BR-01526/2018. O nível de confiança utilizado é de 95%. Fonte: http://www.bandnewsfm.com.br

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove, nesta quinta-feira, 20 de setembro, um debate entre os principais candidatos à presidência da República nas eleições de 2018. A participação segue a Lei Eleitoral que estabelece as regras da campanha e que determina que as emissoras de rádio e TV são obrigadas a convidar para os debates os candidatos dos partidos que tiverem no mínimo 5 parlamentares no Congresso Nacional, entre deputados e senadores. Quanto aos demais candidatos, as emissoras têm autonomia para convidar ou não (Artigo 46 da Lei 13.488/2017).

Estão confirmados no debate, sete candidatos: Álvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meireles (MDB) e Marina Silva (Rede). Participam como entrevistadores: jornalistas das emissoras católicas e bispos. A condução do debate é de responsabilidade da jornalista Joyce Ribeiro.

Formato

O debate  terá cinco blocos.

PRIMEIRO BLOCO 

A mediadora fará a abertura, discorrendo sobre as emissoras que estão transmitindo. Em seguida, vai citar os nomes dos candidatos que estão presentes e os que não compareceram ao encontro. Na sequência, o GC (Gerador de Caracteres) cita os nomes dos outros candidatos sem representação na Câmara dos Deputados e que não participarão do debate.

Palavra do presidente da CNBB, cardeal Sergio da Rocha.

A primeira pergunta – destinada a todos os candidatos, que terão 2 minutos – será feita por cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo.

SEGUNDO BLOCO

Possibilidade de confronto direto entre os candidatos, com tema livre. O mediador vai sortear o candidato que irá perguntar e o outro que responderá. A pergunta deverá ser feita em até 30 segundos, com resposta em 2 minutos, réplica em 1 minuto e meio e tréplica em 1 minuto.

TERCEIRO BLOCO

As perguntas serão feitas por jornalistas das emissoras de inspiração católica, parceiras no debate. Os temas serão definidos previamente e as perguntas pré-definidas pela organização do debate. Será feito um sorteio na hora para definir qual candidato irá responder, no tempo máximo de dois minutos.

QUARTO BLOCO

Será aberta nova possibilidade de confronto direto entre os candidatos, com tema livre. O mediador fará o sorteio do candidato que irá perguntar e de outro para responder. A pergunta deverá ser feita em até 30 segundos, com resposta em dois minutos, réplica em 1 minuto 30 segundos e tréplica em 1 minuto.

QUINTO BLOCO

As perguntas, com temas referentes as grandes linhas de trabalho da Igreja, na linha social, serão feitas por bispos membros do Conselho Pastoral e indicados pela CNBB, sendo um bispo para cada candidato. O mediador vai sortear na hora o candidato que irá responder. A pergunta será feita em até 30 segundos e as respostas em 2 minutos. Neste bloco também serão feitas as considerações finais de cada candidato, sendo que cada um terá 1 minuto. Fonte: http://www.cnbb.org.br

Neste ano de eleições, os bispos do Brasil vêm oferecendo vários subsídios e indicações que podem contribuir para os fiéis brasileiros tomarem consciência e escolherem bem aqueles que estarão à serviço do povo nos próximos quatro anos. O bispo coadjutor de Nova Iguaçu (RJ), dom Gilson Andrade da Silva, é um dos que pretende ajudar no discernimento do voto. Ele oferece sete critérios, em formas de perguntas para “questionar-nos pessoalmente sobre o exercício desse ato de cidadania”.

Seus apontamentos chamam atenção para propostas, vida pregressa, valores, cargo pleiteado e competência dos candidatos. Também questiona se cada uma acompanhou o pronunciamento dos bispos acerca das eleições.

“Diante do atual contexto da vida pública do país, alguns podem se deixar levar por um certo desalento ou desconfiança diante do valor do seu voto. Como cidadãos interessados pelo bem de todas as pessoas queremos valorizar ainda mais esse direito que nos é assegurado”, sugere dom Gilson.

Recordando a exortação apostólica do papa Francisco Evangelii Gaudium, dom Gilson ensina que “vota bem quem vota com critérios inspirados no bem comum e nos valores do Evangelho, afinal ‘uma fé autêntica comporta sempre um desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela’”.

Dom Gilson chama atenção ainda que, depois de rezar e refletir sobre a atuação nas próximas eleições, é preciso ajudar também “amigos e amigas, pessoas de nossas famílias e de nossas comunidades a fazerem o mesmo, assumindo cada um, à luz da fé, a sua responsabilidade pelo futuro da nossa amada nação”.

Eis os critérios sugeridos por dom Gilson Andrade:

1) sei dizer se as propostas do partido do meu suposto candidato correspondem à visão de bem comum coerente com os valores evangélicos?

2) Procurei saber sobre a vida pregressa do meu candidato para verificar se realmente merece a confiança do meu voto, afinal lutamos tanto para a aprovação da chamada Lei da Ficha Limpa?

3) Ele defende os valores da vida desde a fecundação até a morte natural, da família conforme o projeto de Deus, da liberdade religiosa, do respeito aos direitos humanos, da saúde, da educação, da moradia e da preservação do meio ambiente?

4) Ele tem clareza acerca do cargo que ocupará e de suas funções?

5) O meu candidato está mais preocupado com um bom marketing de sua imagem na campanha ou em apresentar propostas realistas para os grandes problemas sociais do país?

6) Se ele está há muito tempo na política, demonstrou-se competente no exercício dos seus mandatos ou simplesmente fez da política uma profissão?

7) Procurei acompanhar os pronunciamentos dos bispos acerca das eleições 2018, a fim de esclarecer-me melhor sobre o processo eleitoral?

Debate de Aparecida

O Debate de Aparecida, promovido pela CNBB, terá uma ferramenta de interatividade por meio das redes sociais. Na próxima quinta-feira, 20 de setembro, às 21h30, além da transmissão por emissoras católicas de TV, Rádio e Internet, haverá monitoramento em tempo real da hashtag oficial do debate: #DebateAparecida.

Por meio de parceria entre a TV Aparecida e o Twitter, haverá um contador do número de menções à hashtag. O público ainda poderá interagir durante a transmissão, via Periscope, com o perfil @tvaparecida.

O debate com presidenciáveis acontece na arena do Centro de Eventos Padre Vítor Coelho de Almeida, no Santuário Nacional em Aparecida (SP), será transmitido pelas emissoras católicas de TV e Rádio, além de portais de internet.

O critério de escolha dos candidatos que vão participar do Debate de Aparecida seguiu o que prevê a Lei eleitoral. De acordo com a legislação, é obrigatório o convite aos candidatos dos partidos que tiverem representação no Congresso Nacional, no mínimo cinco parlamentares.

Representantes de oito partidos políticos confirmaram a presença de seus candidatos no Debate de Aparecida no dia 20 de setembro no Santuário Nacional. Alkimin e Marina ainda não confirmaram presença. O prazo termina hoje. Os candidatos confirmados são Guilherme Boulos (PSOL), Fernando Haddad (PT), Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT) e Henrique Meirelles (MDB). Cabo Daciolo (Patriota) não confirmou presença alegando outros compromissos. Jair Bolsonaro (PSL) que já havia confirmado presença, devido ao atentado que sofreu, em função de recomendação médica, não deve comparecer.

Fonte: http://www.cnbb.org.br

 

"Qual a coerência ética e moral de justificar o voto em Jair Bolsonaro, em razão de sua suposta defesa de valores evangélicos como 'a vida', se tal defesa restringe-se apenas a defesa da vida do nascituro ante a questão da descriminalização do aborto, mas desconsidera uma gama de outras formas de atentado à vida, como as inúmeras apresentadas neste texto? A defesa da vida é uma postura integral. Ou defendemos todas as vidas de todas as pessoas, em todos os seus estágios e independentemente de suas condições socioeconômicas, ou não defendemos a vida, mas barganhamos seu direito, o direito de viver e viver com abundância". 

O comentário é de Danillo Silva, mestre e doutorando em Letras/Linguística Aplicada pela Universidade Federal de Sergipe,  professor de Língua Portuguesa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (IFAL) e de Linguística e Linguística Aplicada do Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Católico leigo, tem se dedicado ao serviço pastoral de formação e ensino na Arquidiocese de Aracaju, Sergipe, desde 2007, atuando sobretudo em temas relacionados à doutrina e à espiritualidade católicas em diálogo com os desafios sociais e políticos do tempo presente.

Eis o artigo. 

A ninguém é permitido invocar exclusivamente em favor da própria opinião a autoridade da Igreja. Mas proporem sempre esclarecer-se mutuamente, num diálogo sincero, salvaguardando a caridade recíproca e atentos, antes de tudo, ao bem comum (GS 43).

Com a proximidade do pleito eleitoral de 2018 e, com ele, o início da corrida presidencial, os católicos do Brasil se veem às voltas na hora de escolherem seus representantes. Velhos modelos elitistas, corrupção legitimada, apatia e nanismo político, propostas utópicas, protofascismo. Enfim, o cenário é desolador e, longe de encher os olhos, traz ainda outros desafios cruciais relativos ao complexo discernimento de candidatos ou candidatas que estejam afinados com as premissas da fé católica, especialmente naqueles pontos mais delicados, para a opinião pública, acerca de sua doutrina moral, a exemplo da despenalização do aborto e do avanço de direitos sociais de minorias sexuais e de gênero.

Embora tenha começado por aí, não trago nenhuma fórmula pronta ou cartilha de como fazer um “voto católico”, uma vez que quando adentramos o terreno da consciência e suas escolhas éticas e morais estamos sempre diante de um chamado particular à liberdade e à responsabilidade. Em quem votar? Qual candidato tem propostas mais alinhadas à fé católica e suas premissas? O que me choca, como pessoa humana, como católico e educador implicado na defesa de direitos humanos, é que para muitos dos meus irmãos e irmãs na fé, a resposta a essas perguntas tem o nome de Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL). Vejam que me detenho não na escolha de seu nome para a presidência simplesmente, o que já seria naturalmente contraditório, mas que isto seja feito sob argumentos religiosos.

Afora toda a sua fracassada trajetória parlamentar, marcada pela ausência de projetos para a população que tenham nascido da escuta do povo e de suas demandas, o que era de se esperar de alguém que há 27 anos recebe dinheiro público para isso; e sem falar na ausência de um projeto de governo concreto e detalhado para o Brasil, enquanto candidato, o que fica claro pelo amontoado de frases feitas e expressões vagas que compõem seu projeto de governo1, chamam a atenção do mundo inteiro uma carreira política e trajetória de campanha calcadas no discurso de ódio, na fala vexatória, nas piadas criminosas, nos inúmeros gestos de apologia à violência e na insolente esquizofrenia em relação a páginas hediondas e nefastas da história do Brasil, as quais ainda nem bem superamos, a exemplo da ditadura militar.

Em cada nova declaração, entrevista, debate, ainda quando não fala – a exemplo da cena viral em que ensina uma criança a fazer menção a uma arma com as mãos – sua bestialidade choca e aterroriza os pensamentos dos que vislumbram o que, infelizmente, pode nos atingir no dia da apuração. E sim, tanta violência encontra eco e voto numa parcela considerável de eleitores brasileiros, fenômeno complexo e multifatorial que basicamente se alimenta das insatisfações econômicas de determinados grupos sociais histórica e injustamente privilegiadas, da sensação generalizada de insegurança e impunidade, da decepção com a cena política tradicional, dentre tantos outros.

Que haja quem vote em Bolsonaro me parece tristemente compreensível, afinal, estamos no Brasil, país massiva e estruturalmente racista, machista e elitista. Seus apoiadores encontraram, enfim, quem “tenha coragem de dizer a verdade” na qual eles creem e, por isso, por essa “sinceridade” torna o candidato do PSL “o mito” de seus eleitores, em geral, adultos jovens e bem escolarizados. Agora, que haja cristãos católicos fazendo sua escolha pelo referido presidenciável e, pior, supostamente baseando-se em imperativos categóricos de consciência apoiados na fé católica ou no dorso de sua doutrina para justificar sua decisão é, sem sombra de dúvidas, uma desonestidade intelectual sintomática. Tal fato aponta para onde têm rumado as perspectivas de muitos católicos cujas consciências, enamoradas de certo farisaísmo rigorista e sectário, deixam-se contaminar com filosofias ultrarradicais que beiram o fascismo. Não é de se espantar que sejam esses mesmos grupos, em alguns casos, a rejeitar as transformações eclesiais instauradas pelo Concílio Vaticano II, a criticar a cruzada de Francisco contra o clericalismo e outras formas de conservadorismo estéril, a pôr em dúvida as posições e a autoridade pastoral e magisterial das comissões episcopais das igrejas particulares, a exemplo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB.

É intensa a pressão que tais grupos exercem no meio religioso a fim de coagirem as consciência de seus pares, esquecendo-se porém que a Igreja reconhece que, diante de suas escolhas, inclusive políticas “(...) todos os homens devem estar livres de coação, quer por parte dos indivíduos, quer dos grupos sociais ou qualquer autoridade humana; e de tal modo que, em matéria religiosa, ninguém seja obrigado a agir contra a própria consciência, nem impedido, dentro dos devidos limites, de proceder segundo a mesma, em particular e em público, só ou associado com outros” (DH 2).

Enquanto tal pressão, muitas vezes dotada de tom apocalíptico e condenatório, busca na autoridade da Igreja, ou de alguns de seus setores, justificação ante ao acovardamento que lhes impõe não assumirem, sem subterfúgios, os valores que lhes movem a consciência e o voto, acabam por instrumentalizar a Igreja, a qual “não quer, de maneira nenhuma, imiscuir-se no governo da cidade terrena. E não reclama para si nenhuma outra autoridade se não a de, com a ajuda de Deus, estar a serviço dos homens pela caridade e pelo serviço fiel” (DH 12). Embora isso não lhe tire o múnus de oferecer luz sobre fatos de quaisquer ordens, o que, de certo, é coisa muito diversa.

Escolher um candidato que recentemente defendeu, em rede nacional, a omissão do Poder Executivo ante a exploração gerada pela disparidade de salários entre homense mulheres nas mesmas funções no mercado de trabalho2 e se dizer em fidelidade ao Magistério da Igreja, é ignorar que esta está sensível e solidária aos excluídos nas dinâmicas sociais onde “os povos oprimidos pela fome interpelam os povos mais ricos. As mulheres, onde ainda não a alcançaram, a paridade de direito e de fato com os homens. Os operários e os camponeses querem não apenas ganhar o necessário para viver, mas desenvolver, graças ao trabalho, as próprias qualidades; mais ainda, querem participar na organização da vida social e política” (GS 9).

Ainda nessa direção, o apoio irrestrito à reforma trabalhista recentemente aprovada pelo Legislativo brasileiro3, a qual trouxe grandes prejuízos e retrocessos para os trabalhadores e trabalhadoras de todo país, bem como suas colocações sobre o tema apontam a identificação de Bolsonaro com os detentores do poder nas relações de trabalho, sua indiferença ante a precarização das condições de vida dessas pessoas “criadas a imagem e semelhança de Deus” (Gn 1: 4) Tal postura anti-evangélica e nem de longe católica, é um exemplo cabal do que constata o Papa Emérito Bento XVI, na sua Carta Encíclica Caritas in Veritate: “infelizmente a corrupção e a ilegalidadeestão presentes no comportamento dos sujeitos sociais e políticos dos países ricos, antigos e novos, como nos próprios países pobres. No número de quantos não respeitem os direitos humanos dos trabalhadores, contam-se, às vezes, grandes empresas transnacionais e também grupos de produção local” (CV 22).

Nessa mesma prática de instrumentalização dos ensinamentos da Igreja em favor de suas convicções pessoais, os católicos que apoiam tal candidatura em nome de sua fé, ignoram de forma irresponsável que um governo de inspiração teocrática, como proposto pelo candidato social liberal e inscrito no slogan de sua coalisão “Brasil acima de tudo! Deus acima de todos!”, traz consequências perversas próprias do atrelamento entre o poder temporal e o poder religioso, como testemunha a história do mundo. Além disso, tal pressuposto rompe com a longa trajetória da doutrina católica pela defesa de um estado laico, da liberdade religiosa, do diálogo inter-religioso e da cooperação solidária e caritativa entre os que creem e os que não creem. Assim, solapam o ensinamento de que “a Igreja proclama sinceramente que todos os homens, crentes e não-crentes, devem contribuir para a reta construção do mundo em que vivem em comum (...), deplora, por isso, a discriminação que certos governantes introduzem entre crentes e não-crentes, com o desconhecimento dos direitos fundamentais da pessoa” (GS 21).

Como se não bastassem as distorções até aqui apresentadas, incorrem em erro grave ao indicarem como opção mais adequada de voto, em suposta exigência de valores cristãos, um candidato que não apenas declara-se publicamente favorável à liberação do porte de arma por civis e à revogação do Estatuto do Desarmamento4 aprovado em 2015, assunto vencido no país em referendo realizado em 2005, o qual aprovou com 63% o desarmamento, amplamente apoiado pela Igreja Católica, como também faz apologia ao uso da truculência e da violência por parte da força policial do Estado como forma de combate aos índices de criminalidade. Tais posições divergem frontalmente do ensinamento da Igreja ao sustentar que “a produção e o comércio de armas afetam o bem comum das nações e da comunidade internacional. Por isso, as autoridades públicas têm o direito e o dever de regulamentá-los. A busca de interesses privados ou coletivos a curto prazo não pode legitimar empreendimentos que fomentem a violência e os conflitos entre as nações e que comprometam a ordem jurídica internacional.” (CIC 2316).

Como afirma o Catecismo da Igreja Católica, “as injustiças, as desigualdades excessivas e ordem econômica ou social, a inveja, a desconfiança e o orgulho que grassam entre os homens e as nações ameaçam sem cessar a paz e causam as guerras. Tudo o que for feito para vencer essas desordens contribui para edificar a paz e evitar a guerra” (CIC 2317). Certamente, a conduta, os discursos e o modo de encarar a violência urbanaexpressa abertamente pelo candidato do PSL à presidência5, num sem-número de ocasiões e declarações, distam léguas da perspectiva complexa e sociologicamente abalizada que subsidia a visão da Igreja sobre tais realidades.

Infelizmente, ao encobrirem suas convicções políticas nefastas de suposta religiosidade e respeito à sã doutrina, esses irmãos esquecem-se de que “a atuação cristã dos leigos no social e no político não deve ser considerada ministério, mas serviço cristão ao mundo na perspectiva do Reino” (Doc. n° 105 CNBB) que é sempre um lugar de justiça, caridade e amor. Desse modo, ignoram que “a participação consciente e decisiva dos cristãos em movimentos sociais, entidades de classe (sindicatos), partidos políticos, conselhos de políticas públicas e outros, sempre à luz da Doutrina Social da Igreja, constitui-se num inestimável serviço à humanidade e é parte integrante da missão de todo o povo de Deus” (Doc. n° 105 CNBB).

No bojo dos discursos proto-facistas de Bolsonaro está também a ridicularização das prerrogativas éticas e legais dos direitos humanos6, desprezando a trajetória de luta popular para sua efetivação, especialmente em países tão marcados por desigualdades sociais e fragilidade democrática como o Brasil, bem como a identificação equivocada e fraudulenta dessa conquista social com o que expressam jargões populares como “direitos de bandido” ou o trocadilho “direitos humanos para humanos direitos”. Exemplo disso são, além da minimização criminosa das inúmeras violações de direitos humanos das quais o Estado Brasileiro foi algoz ou cúmplice, depois do Golpe de 647, a apologia à tortura8, ao estupro9, a defesa da pena de morte10 e da prisão perpétua11, da castração química12, de políticas de exclusão para refugiados13 e a consideração do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)14, ganho imensurável para a democracia brasileira, um entrave ao cumprimento da lei e da ordem.

A revelia dessas reflexões, eleitores de Bolsonaro que supostamente se fiam em sua fé católica, estrategicamente, ou por ignorância doutrinária, preferem considerar nulas constatações magisteriais como as do texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, as quais refletem que “em algumas assembleias ou assembleias legislativas aprovam leis injustas contra os direitos humanos e a vontade popular, precisamente por não estarem perto de seus representados, nem saberem dialogar e escutar seus cidadãos. Em alguns países tem aumentado a repressão, a violação a direitos humanos, inclusive o direito à liberdade religiosa, à liberdade de expressão e à liberdade de ensino, assim como o desprezo à objeção de consciência” (DA 79 e 80).

Nesse mesmo documento, a Igreja, ao analisar o contexto social e eclesial dos países da América Latina e do Caribe, dados seus controversos processos de formação histórica afirma: “como discípulos e missionários a serviço da vida, acompanhamos os povos indígenas e originários no fortalecimento de suas identidades e organizações próprias, na defesa do território, na educação bilíngue e na defesa de seus direitos” (DA 531). Tal empenho missionário da Igreja certamente encontraria como entrave a ignorância e a crueldade das posições políticas de um possível governo de Jair Bolsonaro, para quem as questões de demarcação de terras de povos originários, dentre outras demandas, não passa de uma besteira inventada e utilizada como massa de manobra pela “esquerda” para desperdiçar dinheiro com a Fundação Nacional do Índio, a Funai15.

Movido por um ímpeto missionário pleno de compromisso social e respeito à dignidade da pessoa, o ensinamento Magistério afirma que “a Igreja denuncia a prática da discriminação e do racismo em suas diferentes expressões, pois ofende no mais profundo a dignidade das pessoas humanas ‘criada a imagem e semelhança de Deus’” (DA 533). Indo além, sustenta que se vê preocupada com o fato de que “poucos afro-americanos cheguem à educação superior, sem a qual se torna mais difícil seu acesso as esferas de decisão na sociedade. (...) a Igreja se faz solidária aos afro-americanos nas reivindicações pelas defesas de seus territórios, na afirmação de seus direitos, de sua cidadania, nos projetos próprios de desenvolvimento e consciência de negritude” (DA 533). Diante dessas asserções, parece ridículo que alguém, em nome da doutrina católica, apoie um candidato que em suas declarações minimiza a presença estrutural do racismo no Brasil e de suas consequências e que ainda seja capaz de, em tom jocoso, ridicularizar pessoas quilombolas durante eventos públicos16.

Diante de tais fatos, não fica complicado entender que, como parte de seu múnus na terra, a “Igreja defende os autênticos valores culturais de todos os povos, especialmente os oprimidos, indefesos e marginalizados, diante da força avassaladora das estruturas de pecado na sociedade moderna (SD 243)”, estruturas essas facilmente nomeadas como racismosexismo, misoginia, homofobiatransfobia, intolerância religiosa, trabalho escravo contemporâneo, corrupção, dentre tantos outros.

A essa altura de nossas reflexões, pergunto-lhes: qual a coerência ética e moral de justificar o voto em Jair Bolsonaro, em razão de sua suposta defesa de valores evangélicos como “a vida”, se tal defesa restringe-se apenas a defesa da vida do nascituro ante a questão da descriminalização do aborto (para a qual não há nenhuma menção ou posicionamento em seu projeto de governo), mas desconsidera uma gama de outras formas de atentado à vida, como as inúmeras apresentadas neste texto? A defesa da vida é uma postura integral. Ou defendemos todas as vidas de todas as pessoas, em todos os seus estágios e independentemente de suas condições socioeconômicas, ou não defendemos a vida, mas barganhamos seu direito, o direito de viver e viver com abundância, como nos prometeu Jesus (Cf. Jo 10: 10), outorgando-lhe apenas aos que passam no crivo de nossa moral, por tantas vezes corporativista e farisaica, sobretudo em relação a alguns temas, em especial os da moral sexual, como fazem alguns sites que se arvoram subsídio para o tal “voto católico”, ao estabelecerem critérios unilaterais e fechados para essa complexa escolha pessoal que carece de iluminação e não de dogmatismo obscurantista.

Há ainda os que recorrem às polarizações políticas há muito questionáveis, a exemplo dos binômios “esquerda” x “direita”, “progressistas” x “conservadores” para, num gesto maniqueísta, identificarem de um lado toda a fonte do mal terreno, ou uma estrutura propriamente satânica; e do outro, valores de inspiração cristã, moralmente aceitáveis em cujo o ideário estaria a presença da verdade do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, respectivamente. Ledo engano! Não é de hoje que o Magistério, em especial a Doutrina Social, que não é um pacote ideológico fechado, afasta tentativas de partidarização da Igreja ou de eleição de uma orientação política específica e exclusiva que seja representante de seu pensamento. O que a Igreja espera de nós, cristãos leigos e leigas, em especial, é o acurado discernimento dos sinais dos tempos para nossas escolhas pessoais na vida política, assumindo a globalidade e a integridade da mensagem salvífica, sem exclusivismos que escondem, na verdade, nossas identificações pessoais e ideológicas, sob véu de uma fidelidade de conveniência.

Mas, em quem votar? É a pergunta que dispara a angústia de tantos católicos e católicas que, infelizmente, não aprenderam o caminho da reflexão madura, o exame de consciência e a capacidade de discernimento em suas comunidades pastorais, mas esperam uma indicação, um “cabresto santo” que as guie para a “escolha certa”. Independentemente de qual rosto apareça na urna quando o botão verde for pressionado pelos católicos de todo Brasil, estou convicto de que é falaciosa e fraudulenta uma escolha por Jair Bolsonaro que se queira justificada pela fé ou doutrina católicas.

Para muitos, é no princípio da teologia moral do “mal menor”, transposto para a esfera política, o qual posicionaria um mal menor na categoria do bem ante a escolha obrigatória entre males diferentes, que esses irmãos e irmãs católicos vão buscar descanso para suas consciências ante esta contraditória escolha política. Ora, nessas circunstâncias não há como se esquecer das palavras da filósofa judia Hannah Arendtacerca do julgamento do oficial nazista Adolf Eichmann: “sua consciência ficou efetivamente tranquila quanto ele viu o zelo e o empenho com que a ‘boa sociedade’ de todas as partes reagia ao que ele fazia. Ele não precisava ‘cerrar os ouvidos para a voz da consciência’, como diz o preceito, não porque ele não tivesse nenhuma consciência, mas porque sua consciência falava com a ‘voz respeitável’, com a voz da sociedade respeitável à sua volta (Arendt, 1999, p. 143)”.

Assim, considerar a escolha do candidato do PSL como válida sob esse princípio, em obediência à fé católica, ou seja, considerar essa escolha um “mal menor” é atestar a nossa incapacidade, como povo católico, de discernimento e indignação, sensibilidades profundamente cristãs, ante a banalidade do mal, da qual nos alertou Hannah Aredent, que hoje se nos apresenta “repleta de sentenças prontas, baseadas em uma lógica autoexplicativa, desencadeada em raciocínios dedutivos, mas que, todavia, andavam [andam] em descompasso com o percurso da própria realidade” (Assy, 2001, p. 139, alteração minha).

Apesar de todo esse contexto, faço aqui minha profissão de fé na Divina Providênciaque guia misteriosamente os passos do Povo de Deus através da História, na qual já testemunhamos tantos desertos, covas de leões, gólgotas, mas em todas essas situações venceu o Senhor da Vida e da Igreja. Crendo nele, rezo e creio com Hannah Arendt: “(...) mesmo no tempo mais sombrio temos o direito de esperar alguma iluminação, e que tal iluminação pode bem provir, menos das teorias e conceitos, e mais da luz incerta, bruxuleante e frequentemente fraca que alguns homens e mulheres, nas suas vidas e obras, farão brilhar em quase todas as circunstâncias e irradiarão pelo tempo que lhes foi dado na terra” (Arendt, 1987, p. 7).

Abreviaturas

DH Dignitatis humanae. Declaração sobre liberdade religiosa. Documentos do Concílio Vaticano II.

GS Gaudium et spes. Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje. Documentos do Concílio Vaticano II.

CV Caritas in veritate. Carta Encíclica do Sumo Pontífice Bento XVI sobre o desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade.

CIC Catcismo da Igreja Católica.

Documento nº 105 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil sobre Cristãos Leigas e Leigos na Igreja e na Sociedade.

DA Documento de Aparecida. Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe.

SD Documento de Santo Domingo. Texto conclusivo da IV Conferência do Episcopado Latino-Americano.

Notas

[1] Plano de governo do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL). Acesso em: 10 set. 2018.

[2] Entrevista concedida por Jair Bolsonaro ao Jornal Nacional na Rede Globo. Acessado em: 10 de set. 2018.

[3] Disponível em: Saiba como votou cada deputado no texto-base da reforma trabalhista. Acesso em: 10 de set. 2018.

[4] Disponível em: <http://www.camara.gov.br/sileg/integras/1326319.pdf>. Acesso em: 10 de set. 2018.

[5] Disponível em: A estratégia de Bolsonaro para diminuir a violência é dobrar o número de mortes por policiais. Acesso em: 10 set. 2018.

[6] Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=1TkZPqHJhlE>. Acesso em: 10 set. 2018.

[7] Exemplo do reconhecimento das atrocidades e crimes cometidos durante a ditadura militar no Brasil é a condenação do Estado Brasileiro na Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), em sentença proferida em 15 de março de 2018. Acesso em: 10 set. 2018.

[8] Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=G5TiUmiF6ls>. Acesso em: 10 set. 2018. 

[9] Disponível em: "Não estupro porque você não merece", diz Bolsonaro a Maria do Rosário. Acesso em: 10 set. 2018.

[10] Posição em rota de colisão com a recente alteração aprovada pelo Papa Francisco no Catecismo da Igreja Católica que passa a considerar a pena de morte inadmissível em quaisquer casos. Acesso em: 11 set. 2018.

[11] Disponível em: Bolsonaro fala sobre pena de Morte e prisão perpétua. Acesso em: 10 set. 2018.

[12] Disponível em: Bolsonaro fala sobre castração química. Acesso em: 10 set. 2018.

[13] Enquanto o candidato tem a pecha de considerar tais pessoas em situação extrema de vulnerabilidade emocional, social e política como “escória do mundo”. Acesso em 10 de set. 2018. A Igreja Católica, no pleno exercício do mandato missionário de Jesus e em fidelidade a sua Doutrina Social propõe e confirma inciativas como a Pastoral dos Refugiados, além de promover subsídios de formação pastoral para a acolhida desses irmãos. Acesso em 10 set. 2018.

[14] Disponível em <Jair Bolsonaro fala sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente> Acesso em: 10 set. 2018.

[15] Disponível em: <Políticas Indígenas - Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Deputado Jair Bolsonaro (PP - RJ)>. Acesso em 10 set. 2018.

[16] Disponível em: <Afrodescendentes de quilombos 'não servem nem para procriar', diz Bolsonaro no clube Hebraica do Rio>. Acesso em: 10 set. 2018.

Referências

Arendt, Hannah. Homens em tempos sombrios. Trad. Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

ASSY, bethânia. Eichmann, banalidade do mal e pensamento em Hannah Arendt. In: MORAES, Eduardo J.; BIGNOTTO, Newton (Orgs.). Hannah Arendt: diálogos, reflexões, memórias. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001a. p. 136-165

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Por Carol Scorce

Para especialistas, o ódio disseminado nas redes tem como pano de fundo o uso político de um afeto comum a todos: o medo

Um discurso não é apenas a fala de uma pessoa, mas o que essa fala cria em um contexto. É comum, em especial na discussão feita dentro das redes sociais, encontrar comentários que dizem respeito ao contexto político carregados de ofensas, palavrões e intimidações. É o discurso de ódio emergindo na crista de uma onda conservadora que avança em todo o mundo.

Em tempos de eleições, é oportuno falar, como pondera o professor da USP e psicanalista Cristhian Dunker, sobre a função política dos afetos. É verdade que a agressividade e o conservadorismo não são prerrogativas de apenas um ou outro político, ou do seu respectivo discurso político. Este ano, no entanto, o candidato à presidência pelo Partido Social Liberal, Jair Bolsonaro, possui a maior fatia do sermão reacionário.

A cientista política e professora da PUC-SP Rose Segurado, acredita que assim como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Bolsonaro responde ao fenômeno do homem comum que se viu contemplado nos espaços das novas mídias, em especial nas redes sociais, por questões que de modo geral o “politicamente correto” não permite.

É verdade que eleição após eleição cresce o debate político feito dentro das mídias digitais. Na mesma medida o candidato e seu respectivo discurso têm força nas redes sociais. Segundo o DataFolha, entre os eleitores do deputado federal com acesso à internet, 87% têm conta no Facebook, e 40% deles dizem compartilhar noticiário político-eleitoral na plataforma; 93% têm conta no WhatsApp, e 43% declaram disseminar o conteúdo.

Também segundo o DataFolha, 60% dos eleitores de Bolsonaro têm entre 16 e 34 anos. Desses, 30% têm menos de 24 anos. Justamente os mais novos são o que estão entrando pela primeira vez no debate sobre política. 

“No final, é uma fala cheia de desinformação e preconceito, e extremamente perigosa para uma democracia. Não se fala hoje que o Holocausto foi uma coisa boa, mas nas redes tem gente propagando isso. Isso é feito para ancorar o ódio e a dominação contra determinados sujeitos da sociedade.” Fonte: www.cartacapital.com.br

O grupo de Facebook “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”, que alcançou um milhão de integrantes em menos de uma semana, publicou e enviou para a imprensa uma carta atacando a campanha de ódio do ex-capitão.

Eis a carta.

O Brasil vive um momento especialmente dramático de sua história. Nas eleições mais conturbadas após o fim da Ditadura civil militar, assistimos à perigosa afirmação, por um dos candidatos à Presidência, de princípios antidemocráticos, expressos num discurso fundado no ódio, na intolerância e na violência.

Se a posição deste candidato era pública, tendo sido reiteradamente manifesta ao longo dos 27 anos em que vem atuando na Câmara Federal, causa perplexidade a adesão a tais princípios por parte significativa da sociedade brasileira.

O tratamento desrespeitoso dirigido às mulheres, aos negros, indígenas, homossexuais, o culto à violência, a agressão contra adversários, a defesa da tortura e de torturadores, constituem manifestações que devem ser combatidas por aqueles que acreditam nos princípios civilizatórios que possibilitam a existência de uma sociedade democrática e plural.

Neste contexto, nós, mulheres, vítimas de agressões e desqualificações por parte deste candidato, viemos à público expressar nosso mais veemente repúdio aos princípios por ele defendidos, conclamando a população brasileira a se unir na defesa da democracia, contra o fascismo e a barbárie.

Somos muitas, para além de UM MILHÃO que integra este grupo. Defendemos candidatos e candidatas distintas, dos mais diferentes matizes político- ideológicos. Temos experiências e visões de mundo diversas, assim como são distintas nossas idades, orientação sexual, identidades étnico-raciais e de gênero, classe social, regiões do país em que vivemos, posições religiosas, escolaridade e atividade profissional.

Na verdade, nos constituímos como coletivo a partir de uma causa comum, expressa nesta carta: a rejeição à prática política do candidato e aos princípios que a regem. Nos constituímos nas redes sociais, unidas numa corrente crescente e ativa, pela necessidade de tornar pública nossa posição no exercício da cidadania e participação, a partir da identidade feminina que nos congrega.

Nós, mulheres, historicamente inferiorizadas e marginalizadas, sujeitas a toda sorte de violência e desrespeito, recusamos hoje o silêncio e a submissão, herdeiras de uma luta há muito travada por mulheres que nos antecederam.

Somos aquelas que constituem a maioria do eleitorado brasileiro, ainda que sub-representadas na política partidária. Somos aquelas que, gestando e alimentado novas vidas, defendemos o direito de todos e todas a uma vida digna.

Somos aquelas que, temendo pelas nossas vidas, pelas vidas de nossos filhos, filhas, companheiros e companheiras, diante da violência que assola e corrói a sociedade brasileira, somos contra a liberação do porte de armas, que só irá piorar o já dramático quadro atual.

Somos aquelas que, recebendo salários inferiores, com menor chance de contratação e progressão nos espaços de trabalho, entendemos que cabe aos governantes, à semelhança do que já ocorre em muitos países, construir políticas de igualdade salarial entre homens e mulheres.

Somos aquelas que, vítimas de assédioestuproagressão e feminicídio, defendemos o direito à liberdade no exercício da vida afetiva e sexual, demandando do Estado proteção e punição aos crimes contra nós cometidos.

Somos aquelas que protestam contra a perseguição e violência contra a população LGBTQ, porque entendemos que cada ser humano tem direito a viver sua identidade de gênero e orientação sexual.

Somos aquelas que se insurgem contra todas as formas de racismo e xenofobia, que defendem um país social e racialmente mais justo e igualitário, que respeite as diferenças e valorize as ancestralidades.

Somos aquelas que combatem o falso moralismo e a censura às expressões artísticas, que defendem a livre manifestação estética, o acesso à cultura em suas múltiplas manifestações.

Somos aquelas que defendem o acesso à informação e a uma educação sexual responsável, através de livros, filmes e materiais que eduquem as crianças e jovens para o mundo contemporâneo.

Somos aquelas que defendem o diálogo e parceria com escolas, professores e professoras na educação de nossos filhos e filhas, sustentados na laicidade, no aprendizado da ética, da cidadania e dos direitos humanos.

Somos aquelas que querem um país com políticas sustentáveis, que respeitem e protejam o meio ambiente e os animais, que garanta o direito à terra pelas populações tradicionais que nela vivem e trabalham.

Somos muitas, somos milhões, somos: 

#MULHERES UNIDAS CONTRA BOLSONARO 

CONTRA O ÓDIO, A VIOLÊNCIA E A INTOLERÂNCIA

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Por Carol Castro 

Pela família, pelos valores cristãos, pelos cidadãos de bem: o discurso simples e conservador do candidato convence até quem sofre com o machismo

Empoderamento feminino se dá com arma na mão de cidadão de bem”. “Só um candidato preocupado de verdade com a violência contra a mulher propõe castração química para estupradores”. “Sou contra a ideologia de gênero – vai ensinar filho meu a ser gay na escola?”.

Essas frases todas foram retiradas de vídeos gravados e publicados por mulheres em apoio ao candidato Jair Bolsonaro, do PSL. Elas fazem parte de uma fatia pequena do eleitorado feminino: só 17% declaram voto a ele.

E deixam estarrecidas outras 49% que não votariam de jeito nenhum no candidato, de acordo com os números apurados nas últimas pesquisas. O histórico de falas agressivas às mulheres corrobora a rejeição. As mais famosas: “não te estupraria porque você não merece”, para a deputada Maria do Rosário, e "tenho cinco filhos. Quatro foram homens e na quinta dei uma fraquejada".

Nenhum desses exemplos faz as eleitoras do candidato mudarem de ideia – veem como brincadeira ou culpam Maria do Rosário por ter iniciado o bate-boca. “Elas acham que às vezes ele não usa filtro por ser muito sincero. Então isso é até positivo, como se fosse um candidato honesto, por não se deixar levar pelo marketing eleitoral”, explica Esther Solano, cientista política e professora da Unifesp, que realizou pesquisa com eleitores de Bolsonaro. “Em casos polêmicos, veem como manipulação da imprensa. Como se as notícias fossem distorcidas, descontextualizadas”, conta.

São, em geral, mulheres conservadoras, apegadas aos valores cristãos. Não à toa a expressão “cidadão de bem” quase sempre aparece em algum momento do discurso delas. “Não é incoerente uma mulher ser machista. Porque não é só questão de gênero - é sobre estrutura de poder. Mas nem todas as pessoas têm essa consciência, esse despertar de como o machismo molda a sociedade”, afirma a cientista política Thatiana Chicarino, professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

Não que neguem o machismo. Segundo Solano, entre as entrevistadas, todas elas concordaram: o Brasil é um país machista. Ainda assim, diziam-se antifeministas. “Elas acham que as feministas são muito exageradas, querem ter privilégios quando falam em direitos e causam muitos problemas. A ideia é que, sem elas, seria mais fácil lutar com calma e tranquilidade. É uma contra narrativa, que culpa o feminismo”, explica Solano. Fonte: www.cartacapital.com.br

Grupo no Facebook consegue 10.000 novos pedidos de participação por minuto de eleitoras indignadas. Elas querem, agora, levar a insatisfação para as ruas

A rejeição do eleitorado feminino ao candidato Jair Bolsonaro (PSL), refletida em todas as pesquisas e que no último Datafolha, do dia 10 de setembro, chegou a 49%, se materializou nas últimas duas semanas como um grupo massivo de debate político no Facebook. O "Mulheres unidas contra Bolsonaro" já conta mobilizou mais de um milhão e meio de usuárias da rede social e, a cada minuto, recebe 10.000 novos pedidos de participação. Para os usuários que não são membros do grupo, o número visível de participantes é menor —860 mil na última atualização desta reportagem—, porque reflete apenas o número de perfis que realmente estão ativos nos debates do mesmo (os demais estão esperando autorização para participar ou ainda não responderam o convite feito pelas demais), conforme explicou a EL PAÍS um porta-voz do Facebook.

"Destinado à união das mulheres de todo o Brasil contra o avanço e fortalecimento do machismo, misoginia e outros tipos de preconceitos representados pelo candidato Jair Bolsonaro e seus eleitores", de acordo com a descrição do Facebook, o grupo nasceu com a intenção de agregar os discursos de eleitoras indignadas com os posicionamentos do presidenciável em relação aos direitos das mulheres, explica Ludimilla Teixeira, publicitária baiana de 36 anos, uma das criadoras. "Percebia nas minhas próprias redes muitas amigas comentando e criticando essas posturas, então decidimos unir todas essas mulheres e criar um fato político para mostrar que grande parte da população não é favorável a essa candidatura", conta.

Isso aconteceu na quinta-feira, 30 de agosto. 24 horas depois, o grupo, exclusivamente feminino, já chegava a 600.000 participantes. O rápido crescimento já se desdobrou na convocatória de uma manifestação contra o candidato, em 29 de setembro, em São Paulo, que já conta com 40.000 confirmações de assistência. O objetivo, asseguram as administradoras do grupo, é realizar atos similares em outras cidades do país. Como reação, nesta quarta-feira, um outro grupo chamou a atenção no Facebook: "Mulheres unidas a Favor de Bolsonaro", com cerca de 38.000 participantes, mas que, curiosamente, foi criado e é administrado por um grupo de homens.

Na plataforma da rede social, as postagens do grupo contra Bolsonaro criticam não apenas as propostas do candidato, como a flexibilização do acesso a armas, mas principalmente suas declarações em relação à brecha salarial de gênero —o candidato acredita que a equiparação no sistema privado não é competência política do Estado e seu gabinete, conforme adiantou o Valor Econômico, paga menos às mulheres— e seus comentários violentos contra repórteres e colegas políticas. "Um país sério de verdade jamais permitiria que esse cidadão falasse as barbaridades que falou. Cadê o Ministério Público? Cadê os órgãos de defesa das mulheres?", questiona Teixeira em relação à frase "não te estupraria porque você não merece", dita à deputada Maria do Rosário.

O grupo se define como apartidário ("A única bandeira é ser anti-Bolsonaro", diz Teixeira), mas existem postagens fixas sobre os demais candidatos à presidência, nos quais as simpatizantes de cada um podem publicar informações sobre eles e suas propostas. "Acredito que muitas indecisas decidiram em quem votar com base nessas discussões online", comenta a publicitária.

Com um perfil de participantes que vai desde adolescentes até senhoras que, por lei, já não precisariam mais votar, o grupo é espaço de discussão de mulheres que enfrentam familiares e amigos na tentativa de combater o voto ao que consideram "um candidato nefasto". "Meu marido é um coronel militar que vai votar nele. Já não sei mais o que fazer, só penso em rasgar o título de eleitor dele ou esconder seus documentos para que ele não possa votar", conta uma professora de 62 anos, que prefere não se identificar.

As participantes definem o grupo como um "elo de ligação", um espaço de reunião onde elas pudessem debater política livremente, sem ser silenciadas. "Porque quando fazíamos postagens individuais, sempre havia mansplaining (explicação masculina), homens nos atacando com termos chulos, assédio. Há casos até de usuários que tiraram print de fotos das meninas e espalharam por aí, éramos atacadas pelos seguidores de Bolsonaro, que são bastante agressivos. Faltava esse espaço para debate", conta Teixeira.

Também são muitas as postagens de usuárias que desabafam sobre violência doméstica e relações abusivas e de mulheres trans que agradecem por terem encontrado um “espaço solidário”. "Sinto que o Brasil todo está lá. É muito maior do que só um grupo contra Bolsonaro", afirma a publicitária, que destaca que as participantes "não são contra a pessoa" do presidenciável. "Ele é um ser humano que merece respeito. Inclusive, lamentamos muito o ocorrido [referindo-se ao ataque à faca sofrido por Bolsonaro no dia 6 de setembro]. Não somos favoráveis a nenhum tipo de violência ou discurso de ódio, queremos vencê-lo nas urnas".

Foi justamente depois desse atentado que o candidato registrou um crescimento entre três e dois pontos percentuais na intenção de voto feminino, de acordo com as últimas pesquisas Datafolha e Ibope, respectivamente. "O esfaqueamento mobilizou parte dos eleitores indecisos, principalmente as mulheres, que se solidarizaram com o candidato", avalia a antropóloga e cientista social Rosana Pinheiro-Machado.

Por outro lado, a cientista política acredita que o ataque foi também a "faísca" para que mais mulheres se mobilizassem contra Bolsonaro. "A mensagem sobre o voto feminino como faixa de contenção contra ele já vinha circulando e esse atentado disparou o medo de que se gerasse mais simpatia pelo candidato e que levasse a uma vitória sua no primeiro turno".

Para além das eleições

Pinheiro-Machado considera que o movimento de "mulheres unidas contra Bolsonaro" pode ter o mesmo impacto no Brasil que a marcha das mulheres contra Trump nos Estados Unidos, mas matiza que, para isso, o milhão de participantes do grupo virtual tem que se traduzir nas ruas para que se possa gerar um fato político relevante. "Desde a primavera feminista, quem consegue se organizar hoje no Brasil são basicamente as mulheres", diz.

E as organizadoras e participantes da plataforma na rede social não pretendem parar. Elas contam que já consideram mudar o nome do grupo depois das eleições para se tornar, de fato, um movimento que promova rodas de conversa, debates e outras ações em prol dos direitos das mulheres. "Não são só as eleições, temos uma série de pautas pelas quais lutar, como contra o Estatuto do Nascituro [PL 5069/13, que dificultará o acesso ao aborto em casos de estupro], ou a favor da criação de uma lei para criminalizar o assédio", afirma Teixeira. Fonte: https://brasil.elpais.com

Novo Datafolha: Bolsonaro vai a 26%; Haddad e Ciro têm 13%; Alckmin, 9%. Fonte: www1.folha.uol.com.br

A corrida eleitoral segue a todo vapor e os candidatos a deputados estaduais, federais, governadores e a presidência estão se esforçando para mostrar aos eleitores suas propostas. No próximo dia 20 de setembro, a partir das 21h30, será a vez dos candidatos à Presidência da República apresentarem suas propostas para o país no Debate de Aparecida, promovido pela CNBB em parceria com o Santuário Nacional de Aparecida.

Promovido pela CNBB e com mediação da jornalista Joyce Ribeiro, o evento contará com a transmissão em rede das emissoras de TV e rádio de inspiração católica, além de portais na internet, ressalta o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner.

“Nós teremos a oportunidade de ouvir de nossos candidatos as suas propostas e projetos. É uma oportunidade de a Igreja mostrar seu interesse pela política. E, nós como Igreja, dizermos que temos necessidade de termos bons políticos, bons candidatos e candidatas”.

O secretário-geral lamenta não haver a oportunidade de debater com os candidatos ao Senado, a Câmara Federal, as estaduais e os governadores. Mas, acredita que já é um grande passo a realização deste debate que é uma chance de os candidatos poderem expor aos brasileiros e brasileiras os seus projetos e ideias.

“Vivemos um momento muito difícil. O país atravessa quase na beira do abismo no sentido ético e econômico e, por isto, queremos dar esta contribuição. E será uma boa contribuição com a ajuda das TVs e rádios católicas”, diz dom Leonardo.

Quanto ao formato, o Debate tem a previsão de duas horas de duração, divididas em cinco blocos. Algumas perguntas apresentadas aos políticos serão feitas por sorteio, outras feitas por bispos da CNBB e jornalistas previamente inscritos. Também estão previstas perguntas entre os próprios candidatos. Réplicas e tréplicas serão permitidas em alguns momentos.

Segundo dom Leonardo, foi debatido no Conselho Episcopal de Pastoral as realidades que poderiam ser abordadas com os candidatos e estas realidades foram transformadas em perguntas que serão levadas por bispos aos candidatos.

“Queremos dar esta contribuição como bispos para que a sociedade se sinta representada. Não abordaremos apenas temas ou realidades que dizem respeito à Igreja. Dizem respeito a ela porque ela tenta anunciar o Reino de Deus, isto é a transformação da sociedade numa sociedade justa, fraterna, equânime, solidária. Portanto, uma sociedade onde todos tenham a chance e onde todos sejam integrados”, finaliza.

O Debate de Aparecida

A previsão de duração é de duas horas, divididas em cinco blocos.  No primeiro, a mediadora fará a abertura, discorrendo sobre as emissoras que estão transmitindo. Em seguida, vai citar os nomes dos candidatos que estão presentes e os que não compareceram ao encontro. Na sequência, o GC (Gerador de Caracteres) cita os nomes dos outros candidatos sem representação na Câmara dos Deputados e que não participarão do debate. A primeira pergunta – destinada a todos os candidatos, que terão 2 minutos – será feita por um (arce)bispo designado pela presidência da CNBB.

No segundo bloco, será aberta a possibilidade de confronto direto entre os candidatos, com tema livre. O mediador vai sortear o candidato que irá perguntar e o outro que responderá. A pergunta deverá ser feita em até 30 segundos, com resposta em 2 minutos, réplica em 1 minuto e meio e tréplica em 1 minuto.

No terceiro bloco, as perguntas serão feitas por jornalistas das emissoras filiadas à Signis Brasil. Os temas serão definidos previamente e as perguntas pré-definidas pela organização do debate. Será feito um sorteio na hora para definir qual candidato irá responder, no tempo máximo de dois minutos.

No quarto bloco, será aberta a possibilidade de confronto direto entre os candidatos, com tema livre. O mediador fará o sorteio do candidato que irá perguntar e de outro para responder. A pergunta deverá ser feita em até 30 segundos, com resposta em dois minutos, réplica em 1 minuto 30 segundos e tréplica em 1 minuto.

No quinto e último bloco as perguntas, com tema livre, serão feitas por bispos indicados pela CNBB, sendo um bispo para cada candidato. O mediador vai sortear na hora o candidato que irá responder. A pergunta será feita em até 30 segundos e as respostas em 2 minutos. Neste bloco também serão feitas as considerações finais de cada candidato, sendo que cada um terá 1 minuto. Fonte: http://www.cnbb.org.br

A reação de Mourão, o vice “faca na caveira” de Bolsonaro, aponta como o Brasil será governado em caso de vitória da chapa de extrema direita, escreve Eliane Brum, escritora, repórter e documentarista, em artigo publicado por El País, 10-09-2018.

Eis o artigo.

“Se querem usar a violência, os profissionais da violência somos nós”. A frase é do general Hamilton Mourão, candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL). Foi dita à revista Crusoé, após o ataque à faca contra o candidato na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais, em 6 de setembro. É uma frase para se prestar toda atenção.

Os vices com frequência têm chegado à presidência no Brasil. Mas o mais importante é o que a declaração nos conta sobre a chapa que, sem Lula, está em primeiro lugar nas intenções de voto para a disputa presidencial das eleições de outubro. O que significa um candidato a vice-presidente se anunciar como “nós” e como “profissional da violência” num momento de tanta gravidade para o Brasil?

Abalado pela brutalidade do episódio, Mourão poderia ter escolhido pelo menos duas variações que mudariam a intenção: “os profissionais da segurança” ou “os profissionais da proteção”. Palavras como segurança e proteção levariam à ideia de amparo e de defesa — e não à ideia de ataque, de retaliação e de confronto. Mas não. Mourão usou um “nós”— e usou “profissionais da violência”. Ao ser perguntado quem era o “nós”, o general disse que se referia “aos militares e ao uso da força pelo Estado”.

Mourão declarou ainda: “Eu não acho, eu tenho certeza: o autor do atentado é do PT”. No mesmo dia, o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, afirmou ao jornal Folha de S. Paulo: “A guerra está declarada”.

É bastante revelador que um general da reserva, hoje político e candidato, se considere no direito de falar em nome do Estado, em plena campanha eleitoral para se tornar governo. A declaração de Mourão mostra que ele acredita falar pelos militares, como se os representasse e os comandasse. E como se os militares fossem uma força autônoma, uma espécie de milícia de Bolsonaro e de Mourão. E não o que a Constituição determina: uma instituição do Estado, paga com recursos públicos, subordinada ao presidente da República.

Ao fazer essa declaração, Mourão trata as Forças Armadas como se fossem a sua gangue e o país como se fosse a sua caserna. Alguém machucou o meu amigo? Vou ali chamar a minha turma para descer o cacete. E faz isso na condição de político e de candidato, como se o processo democrático fosse apenas uma burocracia pela qual é preciso passar, mas que pode ser atropelada caso se torne inconveniente demais.

Mais tarde, Mourão baixaria o tom, segundo ele a pedido do próprio Jair Bolsonaro. Uma orientação curiosa para um candidato que divulgou uma foto sua na cama do hospital fazendo com as mãos o sinal de atirar. No dia seguinte à agressão, durante entrevista à Globo News, o vice de Bolsonaro afirmou que, em caso hipotético de “anarquia”, pode haver um “autogolpe” do presidente, com o apoio das Forças Armadas.

Ao comentar a convocação à violência por ele e outras pessoas da campanha, Mourãoafirmou: “Realmente subiu um pouco o tom (no início), mas temos que baixar, porque não é caso de guerra”. Disse ainda que, se forem eleitos, vão “governar para todos, e não apenas para pequenos grupos”.

As declarações do vice de Bolsonaro no primeiro momento dão pelo menos duas informações sobre ele que vale a pena registrar. Mourão decide baixar o tom depois de elevar (muito) o tom. Poderia se pensar se é esse tipo de reação passional que se espera de um general, uma pessoa numa posição de comando ocupando o posto máximo da hierarquia do Exército, cujas ordens podem afetar milhares de vidas humanas. Pela trajetória de Mourão, a dificuldade de agir com racionalidade em momentos de tensão não parece ter afetado a sua carreira.

Neste momento, porém, Mourão é um político e candidato a vice-presidente. Diante da crise, representada pela agressão a Bolsonaro, aquele que quer ser vice-presidente do Brasil explode, confunde o seu lugar e o lugar das Forças Armadas, e bota gasolina na fogueira que deveria conter. E deveria conter não apenas por ser candidato, mas por responsabilidade de cidadão.

É importante que Mourão tenha finalmente entendido que não se trata de uma guerra e tenha parado de encontrar inimigos entre as faces da população. Mas as declarações irresponsáveis já produziram um efeito cujas consequências são difíceis de prever. Como ele mesmo lembrou, “há um velho ditado que diz: as palavras, quando saem da boca, não voltam mais”.

O que Mourão faria com poder real diante das tantas crises que esperam um governante? Como governará essa dupla, caso eleita, um que invoca mais violência em palavras e outro que, recém operado após sofrer uma agressão, faz sinal de atirar? Como governarão, com sua lógica de guerra, na qual o inimigo não é outro exército, mas a parte da população que discorda deles?

A segunda informação que emerge das declarações é a rapidez e a leviandade com que Mourão julga e condena. De imediato ele responsabilizou o PT pela agressão à faca. Não havia — e não há — um único indício de que o autor da facada tenha qualquer ligação com o PT ou faça parte de um plano do partido. Adelio Bispo de Oliveira afirma ter agido sozinho e “a mando de Deus”. Declarar publicamente uma “fake news” ou mentira, num momento de tanta gravidade para o país, também pode ter consequências imprevisíveis. Não adianta voltar atrás depois de ter afirmado uma mentira como “certeza” justamente na hora em que os ânimos estavam mais acirrados.

É importante observar como esse protagonista se comporta diante da crise, já que governar um país é lidar com várias crises todos os dias. Se sem poder de governo ele encontra culpados, para além do culpado que já está preso, e invoca publicamente a violência como reação imediata, o que fará caso tenha poder de governo e a possibilidade de convocar o que Mourão chama de “profissionais da violência” e a Constituição chama de “Forças Armadas”? Se, quando precisam convencer eleitores de que são a melhor escolha, os homens de Bolsonaro invocam a guerra dentro do próprio país, o que farão quando já não precisarem convencer ninguém?

É importante observar que não conseguem refrear seus instintos nas horas mais duras, mas também é importante acreditar no que dizem quando não são capazes de se conter. Tanto Bolsonaro quanto Mourão têm se esforçado para mostrar que são “profissionais da violência”. Ao pregarem que a população deve se armar, como se esta fosse a melhor estratégia para enfrentar a questão da segurança, é assim que se apresentam.

As declarações contra as mulherescontra os negros, contra os indígenas e contra os LGBTs também são um exercício da violência que revela uma visão de mundo e a fortalece entre aqueles que dela comungam. Semanas atrás, Mourão chamou os negrosde malandros e os indígenas de indolentes. Desta afirmação que saiu da sua boca ele não se arrepende. Como disse Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do candidato: “Tem que botar um cara faca na caveira para ser vice”. Botaram.

No dia seguinte ao atentado, quando segundo ele mesmo o tom deveria baixar, o vice de Bolsonaro enalteceu o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos mais notórios torturadores e assassinos da ditadura civil-militar (1964-85). “Os heróis matam”, justificou ele na TV.

Sempre vale lembrar ao menos um episódio entre as tantas mortes e torturas ordenadas ou executadas pelo “herói” de Bolsonaro e de Mourão. O torturador Ustra levou os filhos de Amélia Teles, presa nos porões do regime, para que vissem a mãe torturada. Amelinha, como é mais conhecida, estava nua, vomitada e urinada. Seus filhos tinham quatro e cinco anos. A menina perguntou: “Mãe, por que você está azul?”. A mãe estava azul por causa dos choques elétricos infligidos em várias partes do seu corpo e também nos seios e na vagina. Este é o farol de Bolsonaro e Mourão, em primeiro lugar nas pesquisas para a presidência do Brasil, o que diz bastante também sobre os eleitores.

Armar-se é uma das principais plataformas da campanha de Bolsonaro-Mourão, o capitão da reserva e o general da reserva. E é preciso levá-los a sério. Não só porque Bolsonaro e Mourão lideram as intenções de voto, mas porque é legítimo que os eleitores queiram votar em “profissionais da violência” para governar o Brasil. É possível discordar de quem aposta em “profissionais da violência”, mas o direito de escolher uma pessoa que invoca a violência é legítimo numa democracia.

Há muita gente clamando por “civilização” contra o que nomeiam de “barbárie” que atravessa o Brasil, às vésperas de uma eleição em que o candidato em primeiro lugarnas pesquisas está na prisão e é proibido pelo judiciário de se candidatar e o candidato em segundo lugar leva um facada durante um evento de campanha e precisa passar por uma cirurgia.

Mas o que chamamos de civilização tem sido sustentado pela barbárie cotidiana contra os negros e os indígenas. A civilização sempre foi para poucos. A novidade que uma chapa Bolsonaro-Mourão apresenta é a suspensão de qualquer ilusão. Não é por acaso que alicerçam sua prática antiga, tão velha quanto o Brasil, nas redes sociais, o espaço onde toda a possibilidade de mediação foi rompida e os bandos se fecham em si mesmos, rosnando para todos os outros.

A barbárie dos “profissionais da violência” sempre sustentou a civilização de uns poucos. O que Bolsonaro e Mourão dizem, como “profissionais da violência” que são, é que já não é preciso fazer de conta. Neste sentido, rompem o mesmo limite que a internet rompeu, ao tornar possível que tudo fosse dito. E também ao dar um valor ao dizer tudo, mesmo que este tudo seja o que nunca deveria poder ser dito, já que é necessário um pacto mínimo para a convivência coletiva e o compartilhamento do espaço público.

Ao representar a velha boçalidade do mal expressada na novidade das redes, Bolsonaro-Mourão são os representantes mais atuais deste momento. Eles sabem que a guerra não existe no Brasil. O que sempre existiu foi o massacre. São os mesmos de sempre que continuam morrendo, como os camponeses de Anapu nas mãos dos pistoleiros da grilagem e as crianças das comunidades do Rio em cujas cabeças as balas explodem.

Ao inventarem uma guerra para encobrir o massacre, Bolsonaro e Mourão inventam também a ideia de que as armas serão iguais e acessíveis para todos, bastando para isso o “mérito” de passar em eventuais testes e o “mérito” de ser capaz de pagar pelas melhores. Conheceremos então o discurso da meritocracia aplicado às armas.

Bolsonaro e Mourão sabem muito bem que não haverá igualdade ao armar a população. Se Bolsonaro, o “profissional da violência”, teve alguma sorte na tragédia, é a de que Adélio Bispo de Oliveira era um amador e era pobre. Ele tinha apenas uma faca e nenhum plano para depois. Se ele fosse um “profissional da violência” como Mourão, Bolsonaro não teria tido a chance de fazer o gesto de atirar na cama do hospital, depois de ser salvo pelo SUS, sistema público de saúde que ele não se esforça para defender.

Marielle Franco, a vereadora do Rio pelo PSOL, não teve esta sorte. Seus assassinosarrebentaram sua cabeça com arma de alto calibre e uso restrito e até hoje, seis meses depois, não se conhece nem a identidade do executor nem a do mandante. Negra, lésbica e favelada, Marielle está no lado dos que morrem e cujas mortes permanecem impunes. Marielle está no lado dos massacrados, não dos que massacram.

Mas não é sorte o que Bolsonaro teve ao ser atacado por um amador. Tanto ele quanto Mourão sabem o que dizem quando reivindicam serem “os profissionais da violência”. Eles são. Resta saber se a verdade da maioria dos brasileiros é também esta: a de desejar profissionais da violência comandando o país onde vivem.

Se a maioria dos brasileiros mostrar nas urnas que quer esse tipo de político no poder, então é isso que escolheram. Faz parte do processo democrático que as pessoas se responsabilizem por suas escolhas e as consequências que delas resultam. Se você chama “profissionais da violência” para comandar o país onde você e sua família vivem, você deve saber o que terá. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

 

Arquidiocese de Belo Horizonte reafirmou o compromisso de não apoiar, nas eleições de 2018, campanhas de candidatos que não se comprometem ou se não comprometeram com o interesse popular durante os seus mandatos, contrariando as orientações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A reportagem é publicada por Brasil de Fato, 11-09-2018.

A declaração é uma das que a entidade divulgou, em nota, a respeito do pleito deste ano, que irá definir quais serão os próximos deputados estaduais, senadores, governadores e presidente da República.

No documento, a organização também se posicionou sobre a crise que o Brasil enfrenta e afirmou que a atual situação do país resulta em medidas que cortam as conquistas dos trabalhadores e são eficientes na "manutenção de privilégios".

"A Igreja Católica vem acompanhando os acontecimentos recentes da política e da sociedade brasileira, por meio de importantes manifestações e mensagens nas quais a CNBB, a Província Eclesiástica e a Arquidiocese de Belo Horizonte se manifestam prontamente contrárias à retirada de direitos", ressaltou a Arquidiocese.

A nota também é assinada pelo Núcleo de Estudos Sociopolíticos (Nesp) da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, Conselho Pastoral Arquidiocesano, Vicariato Episcopal para a Ação Social e Política, Vicariato Episcopal para a Ação Pastoral e Coletivo Arquidiocesano de Fé e Política. A nota é publicada pelo Observatório de Evangelização.

Posicionamentos

Esta não é a primeira vez que a igreja se manifesta sobre o assunto. A CNBB chegou a lançar notas contra o desmonte do Estatuto do Desarmamentocongelamento dos investimentos sociais por 20 anos e reformas da Previdência e trabalhista.

Eis a nota.

Resolução do Conselho de Pastoral da Arquidiocese de Belo Horizonte sobre as eleições de 2018

"Ai dos que fazem do direito uma amargura e a justiça jogam no chão"

(Amós 5,7)

Considerando:

˗  que vivemos uma crise política, econômica e social, que resulta da e na aplicação de medidas que retiram direitos e preservam privilégios;

˗  que as eleições de 2018 prometem assumir o caráter de uma intensa luta política.

˗  que a Igreja Católica vem acompanhando os acontecimentos recentes da política e da sociedade brasileira, por meio de importantes manifestações em notas e mensagens nas quais a CNBB, a Província Eclesiástica e a Arquidiocese de Belo Horizontese manifestam prontamente contrárias à retirada de direitos.

˗  que a Arquidiocese de Belo Horizonte já produziu um documento específico para as eleições de 2016, no qual convidou e orientou a comunidade católica a participar ativamente e com consciência crítica naquelas eleições municipais.

˗  os seguintes excertos de notas publicadas pela CNBB:

Contra a retirada de direitos

"Lamentamos que no Congresso se formem bancadas que reforcem o corporativismo para defender interesses de segmentos que se opõem aos direitos e conquistas sociais já adquiridos pelos mais pobres."

CNBB. Nota sobre o momento nacional. 21 abr. 2015.

Contra o desmonte do Estatuto do Desarmamento

O Projeto de Lei 3722/2012, que altera o Estatuto do Desarmamento, é outra matéria que vai na contramão da segurança e do combate à violência."

CNBB. Nota sobre o momento nacional. 21 abr. 2015.

Contra o Congelamento dos Investimentos Sociais por 20 anos

"A PEC 241 é injusta e seletiva. Ela elege, para pagar a conta do descontrole dos gastos, os trabalhadores e os pobres, ou seja, aqueles que mais precisam do Estado para que seus direitos constitucionais sejam garantidos. Além disso, beneficia os detentores do capital financeiro, quando não coloca teto para o pagamento de juros, não taxa grandes fortunas e não propõe auditar a dívida pública".

CNBB. Nota sobre a PEC 241. 27 out. 2016

Contra a Reforma da Previdência

"Buscando diminuir gastos previdenciários, a PEC 287/2016 "soluciona o problema", excluindo da proteção social os que têm direito a benefícios". (…) A opção inclusiva que preserva direitos não é considerada na PEC. Faz-se necessário auditar a dívida pública, taxar rendimentos das instituições financeiras, rever a desoneração de exportação de commodities, identificar e cobrar os devedores da Previdência.

CNBB. Nota sobre a PEC 287/2016 (Reforma da Previdência). 23 mar. 2017.

Contra a Reforma Trabalhista

"Açodada, carente da participação adequada de todos os segmentos sociais envolvidos, demonstraram categoricamente que o texto a votar está contaminado por inúmeras, evidentes e irreparáveis inconstitucionalidades e retrocessos de toda espécie, formais e materiais. […] Conclamamos a impedir a aprovação açodada de projeto (reforma trabalhista) crivado de inconstitucionalidade e deflagrador de grave retrocesso social, a consequente ruptura com o compromisso internacional assumido pelo País ao ensejo do art. 26 do Pacto de San Jose da Costa Rica e, por tudo, o rebaixamento histórico do patamar civilizatório mínimo de cidadania social que se construiu ao longo de quase dois séculos e meio".

CNBB e outras entidades. Nota pública contrária ao projeto de reforma trabalhista. 10 jul. 2017.

Conclamação à Participação Popular

"só uma reação do povo, consciente e organizado, no exercício de sua cidadania, é capaz de purificar a política, banindo de seu meio aqueles que seguem o caminho da corrupção e do desprezo pelo bem comum. Incentivamos a população a ser protagonista das mudanças de que o Brasil precisa".

CNBB. Nota sobre o atual momento político. 26 out. 2017.

A Arquidiocese de Belo Horizonte produzirá orientações específicas para o processo eleitoral de 2018, nas quais ressaltará o compromisso da comunidade católica a não votar em parlamentares que pretendem se reeleger, mas que, no exercício de seu mandato, contrariaram as orientações produzidas pela CNBB, pela Província e pela Arquidiocese.

Assim, os eleitores católicos seriam convidados a considerar o modo como tais políticos votaram nas importantes decisões que foram tomadas pelo Congresso Nacional nos últimos anos. Estariam excluídos da lista de potenciais candidatos aqueles políticos e os partidos que, com o sua atuação parlamentar, não mostraram possuir "compromisso mais efetivos com a cidadania", conforme "convocação do Evangelho de Jesus Cristo", tal como se expressa naquelas orientações de 2016.

O Coletivo Arquidiocesano de Fé e Política, em parceria com o NESP e com o Vicariato Episcopal para Ação Social e Política, cuidará de dar concretude a essa orientação por meio da produção de campanha que publicize o nome dos que votaram contrários às orientações da Igreja.

Serão elencados também os partidos que determinaram a suas bancadas que votassem contra o interesse popular, tal como preconizado nas notas públicas dos bispos brasileiros. Ao fazê-lo, os referidos partidos não se comprometeram a fazer a defesa dos valores defendidos pela Igreja Católica.

Conselho Pastoral Arquidiocesano

Vicariato Episcopal para Ação Social e Política

Vicariato Episcopal para a Ação Pastoral

Núcleo de Estudos Sociopolíticos NESP / PUC Minas

Coletivo Arquidiocesano de Fé e Política

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Dom Fernando Arêas Rifan*

Estamos na Semana da Pátria, porque no dia 7 comemoraremos a Independência do Brasil, data especial para cultivarmos a virtude do patriotismo, dever e amor para com o nosso país, incluído no quarto Mandamento da Lei de Deus. Jesus, nosso divino modelo, amava tanto sua pátria, que chorou sobre sua capital, Jerusalém, ao prever os castigos que sobre ela viriam, consequência da sua infidelidade aos dons de Deus. É tempo oportuno, pois, para refletirmos sobre a nação, na qual vivemos e da qual esperamos o nosso bem comum. Será que também não devemos chorar sobre nossa pátria amada, ao vermos, na política, tanta corrupção, falta de honestidade, ética, honradez, com total desprezo das virtudes humanas e cristãs? E, como se diz, o povo tem o governo que merece, não será sobre o povo brasileiro que devemos chorar? 

“Estamos perdidos há muito tempo... O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada. Os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita... Ninguém crê na honestidade dos homens públicos... A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte, o país está perdido! Algum opositor do atual governo? Não!” (Eça de Queirós, ano 1871). 

Segundo Aristóteles, “o homem é por natureza um animal político, destinado a viver em sociedade” (Política, I, 1,9). Política vem do grego pólis, que significa cidade. E, continua Aristóteles, “toda a cidade é evidentemente uma associação, e toda a associação só se forma para algum bem, dado que os homens, sejam eles quais forem, tudo fazem para o fim do que lhes parece ser bom”. E Santo Tomás de Aquino cunhou o termo bem comum, ou bem público, que é o bem de toda a sociedade, dando-o como finalidade do Estado. “A comunidade política existe... em vista do bem comum; nele encontra a sua completa justificação e significado e dele deriva o seu direito natural e próprio. O bem comum compreende o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição” (Gaudium et Spes, 74). Daí se conclui que a cidade – o Estado - exige um governo que a dirija para o bem comum. Não se pode separar a política da direção para o bem comum. Procurar o bem próprio na política é um contrassenso. 

Como cristãos, nós sabemos que a base da moral e da ética é a lei de Deus, natural e positiva, traduzida na conduta pelo que se chama o santo temor de Deus ou a consciência reta e timorata. Uma vez perdido o santo temor de Deus, perde-se a retidão da consciência, que passa a ser regida pelas paixões. Uma vez abandonados os valores morais e os limites éticos, a sociedade fica ao sabor das paixões desordenadas do egoísmo, da ambição e da cobiça.

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

Fonte: http://domfernandorifan.blogspot.com.br

Cerca 30 policiais federais acompanham Jair Bolsonaro divididos em até três turnos. Ele é o único presidenciável que recebe segurança da PF

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) é o único presidenciável com escolta da Polícia Federal. Desde o início da campanha, ele é acompanhado por até 30 agentes que se dividem em dois ou três turnos, conforme o EL PAÍS apurou. Por razões de segurança, a PF não costuma divulgar quantos policiais estão à disposição em cada ato político do candidato. Além desses PFs, há ainda policiais militares da reserva (vários deles militantes do PSL) que ajudam na segurança de Bolsonaro.

Foi o próprio candidato que solicitou essa escolta policial. E, como concorrente à presidência, ele tem direito a receber esse acompanhamento. Em outras ocasiões, Bolsonaro já afirmou estar sob o “máximo risco de morte”. Em todas as cidades pelas quais passa, costuma fazer os deslocamentos por terra em viaturas da PF.

Na carreata realizada na quarta-feira em cidades satélites do Distrito Federal, o EL PAÍS identificou ao menos dez policiais em sua escolta. No ato, enquanto ele estava em um dos trios elétricos que atravessaram as cidades de Taguatinga e Ceilândia uma policial feminina ficava o tempo inteiro atrás do candidato. Outros quatro cuidavam para que galhos de árvores não tocassem em sua cabeça e miravam as pessoas que estavam ao redor dele para tentar identificar qualquer ameaça. Havia ainda ao menos mais dois que se alternavam correndo a pé atrás do veículo no qual Bolsonaro estava. E outros três dirigiam veículos nos quais o candidato e sua equipe se deslocavam.

Apesar de estar sempre monitorado, o candidato vive em constante desconfiança. Nessa carreata de quarta-feira, um de seus filhos, o também deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), estendeu a mão pelas costas de Jair e lhe deu uma garrafa de água mineral aberta para que ele se hidratasse. Antes de beber, o presidenciável olhou novamente de onde tinha vindo a garrafa e só a levou à boca depois que Eduardo lhe disse: "Pode beber, não está batizada, não".

Em Juiz de Fora, quando foi esfaqueado, boa parte de seus seguranças fazia a sua proteção, segundo aliados dele. Mas como esse era um ato no meio de uma multidão, o controle sobre quem se aproximava do candidato é mais difícil. “Quando você está entre 5.000 ou 10.000 pessoas, como estava em Juiz de Fora, é difícil controlar”, alertou o deputado Fernando Francischini (PSL-PR), que é delegado da Polícia Federal.

Bolsonaro levou uma facada no abdômen na tarde desta quinta-feira enquanto participava de uma passeata no centro da cidade mineira. Seu agressor foi identificado como Adelio Bispo de Oliveira, de 40 anos. Ele foi preso em flagrante pela Polícia Federal. Fonte: https://brasil.elpais.com

O Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ, comenta o atentado contra o candidato Jair Bolsonaro em Juiz de Fora- MG nesta quinta, 6. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 6 de setembro-2018.

Candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, foi retirado às pressas por seguranças enquanto fazia uma caminhada em Juiz de Fora-MG, após fazer uma expressão de dor. Ele foi atingido na barriga e o suspeito foi detido.

Ele foi colocado num carro da Polícia Federal e encaminhado para um hospital e não corre perigo. Fonte: http://www.jb.com.br

Repercussão (Via twitter)

Ciro Gomes‏

Acabo de ser informado em Caruaru, Pernambuco, onde estou, que o Deputado Jair Bolsonaro sofreu um ferimento a faca. Repudio a violência como linguagem politica, solidarizo-me com meu opositor e exijo que as autoridades identifiquem e punam o ou os responsáveis por esta barbárie.

Guilherme Boulos

Soube agora do que ocorreu com Bolsonaro em Minas. A violência não se justifica, não pode tomar o lugar do debate político. Repudiamos toda e qualquer ação de ódio e cobramos investigação sobre o fato.

Mídia NINJA‏

Nada justifica a violência política! Condenamos todo tipo de violência e ataques a qualquer pessoa ou candidatos envolvidos no processo eleitoral. O ódio e a violência não nos levará a lugar nenhum. A única saída para o Brasil é a democracia e a reconciliação com o diálogo.