O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que o Facebook e o YouTube deverão retirar do ar seis vídeos em que se afirma que o livro “Aparelho Sexual e Cia”, da escritora francesa Hélène Bruller, foi adotado pelo Governo Federal enquanto o candidato Fernando Haddad (PT) ocupou o cargo de ministro da Educação.

O livro nunca foi indicado nas listas oficiais de material didático do Governo Federal, no entanto, partidários do candidato Jair Bolsonaro acusam Haddad nas redes sociais de ser o 'pai do kit gay'.

"A notícia é sabidamente inverídica, uma vez que o livro jamais chegou a ser adotado pelo Ministério da Educação (MEC)", afirmou o ministro do TSE, Carlos Horbach, na decisão. O ministro destacou que é fato notório que o projeto Escola sem Homofobia não foi colocado em prática pelo MEC, do que se conclui que não houve a distribuição do material didático a ele relacionado.

A representação foi feita pela Coligação O Povo Feliz de Novo, de Fernando Haddad, contra a Coligação Brasil Acima de Tudo, Deus Acima de Todos, de Jair Messias Bolsonaro. Fonte: https://brasil.elpais.com

É enganoso um vídeo que circula na internet como se fosse um vazamento de áudio em que o candidato à presidência Fernando Haddad (PT) e sua vice Manuela D’Ávila (PCdoB) apareceriam armando contra o Exército. Na verdade, o trecho presente na gravação é da sabatina UOL, Folha e SBT com o candidato, realizada no dia 17 de setembro de 2018. Manuela não estava presente durante a gravação. A voz feminina que se ouve é da repórter Débora Bargamasco, do SBT. 

O trecho divulgado no Youtube sob o título de “Vaza áudio: Haddad e Manuela tramando contra Exército e Bolsonaro” começa com uma fala de Haddad em resposta a uma pergunta da repórter sobre um conteúdo presente no plano de governo do candidato. “Ainda sobre forças armadas, no seu programa de governo diz assim: a constituição será aplicada de maneira imediata e firme contra quem ameaça a democracia com atos e/ou declarações. O que significa isso? Por exemplo, o sujeito que for lá se manifestar e levantar uma bandeira escrito ‘intervenção militar já’, ‘volta da ditadura’, ele vai ser punido? Qual que é a ideia?”, perguntou a repórter. 

Em seguida, Haddad questionou: “o cidadão?” Depois da afirmativa da jornalista, ele respondeu que não. Logo, ela completou a pergunta: “Então o que é que vocês estão dizendo aqui contra quem ameaça a democracia com atos ou declarações? O que é uma declaração? É falar? É fazer uma declaração (por escrito)?”. A partir de então, aos 49:24 do vídeo da sabatina, Haddad começa a resposta que viria a ser reproduzida no vídeo enganoso. “Quem tá debaixo de uma hierarquia. Tô falando dessas pessoas. Debaixo de uma hierarquia, vai ter que defender a democracia [...]”.

A discussão segue até os 50:48 do vídeo, quando o repórter Fernando Canzian, da Folha de S. Paulo muda de assunto. O vídeo divulgado como “vazamento” também termina neste instante. 

Bergamasco fez as perguntas depois que o repórter Diogo Pinheiro, do UOL, levantou o assunto sobre militares durante três perguntas. Aos 46:58 do vídeo, ele questionou qual o papel teria o Exército no combate a violência no possível governo do candidato. Haddad respondeu que gostaria de “um braço da polícia civil para atuar em relação a organizações criminosas”. Para ele, a formação do Exército tem outra finalidade, que seria “entrar numa guerra e proteger o território nacional”. 

Em seguida, o repórter perguntou se o presidenciável pretende ter militares no ministério, que respondeu “não necessariamente”, mas que também não tem “tabu contra a presença”. A última pergunta do repórter foi “qual a sua opinião sobre comentários como os do comandante do exército de que o próximo presidente pode ter sua legitimidade questionada?”. Haddad respondeu que ele entende que “o comandante em chefe das Forças Armadas é o presidente da República” e que declarações como essas acontecem porque, de acordo com a sua visão, hoje não há uma “autoridade constituída, legitimada pelo voto”. 

No Youtube, o conteúdo enganoso já foi visualizado mais de 1 milhão de vezes e tem 35 mil votos positivos, contra 10 mil negativos. O Comprova recebeu o vídeo também por WhatsApp. No Facebook, o vídeo foi visualizado mais de 800 mil vezes e teve 33 mil shares. Fonte: https://projetocomprova.com.br

É falsa a publicação compartilhada no Whatsapp e no Facebook afirmando que o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) vai mudar a imagem de Nossa Senhora Aparecida e tirar a santa do posto de padroeira do Brasil em troca do apoio do pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, bispo Edir Macedo, no segundo turno da eleição ao Palácio do Planalto. 

Bolsonaro não apoiou projeto de lei que propunha a alteração do termo “padroeira do Brasil” atribuído a Nossa Senhora Aparecida. Além disso, a assessoria de imprensa da igreja e o filho do candidato, Eduardo Bolsonaro, desmentiram a informação. Também não existem elementos que confirmem suposto acordo entre o presidenciável e o pastor evangélico.

Para fazer a verificação, o Comprova pesquisou informações no site da Câmara dos Deputados e entrou em contato com as assessorias de imprensa de Jair Bolsonaro e Edir Macedo. 

Há duas versões do boato sendo compartilhadas no Facebook e WhatsApp nos últimos dias. Uma delas usa uma montagem da página da Folha de S. Paulo. A falsa notícia, que teria sido publicada no dia 11 de outubro, afirma que “encontro de Bolsonaro com bispo Edir Macedo gera polêmica, ao sugerir a troca da imagem da padroeira do Brasil” e sugere que a alteração seria motivada pelo “tom de pele” escuro da santa. A Folha negou que a matéria tenha sido publicada no site e confirmou que era uma montagem.

A segunda versão diz que Bolsonaro e seu filho, o também deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), assinaram o projeto de lei 2623, de 2007, que sugeria a alteração do termo “padroeira do Brasil” para “padroeira dos brasileiros católicos apostólicos romanos”. O PL, de autoria do deputado Victorio Galli, que à época era do MDB e hoje é do PSL, foi arquivado em 2008 na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. A matéria não poderá ser desarquivada no próximo ano porque o seu autor não foi reeleito. O Comprova não encontrou assinatura do Bolsonaro no projeto.

Ao Comprova, a assessoria do Bolsonaro afirmou que “não responde fake (news)”. Eduardo Bolsonaro, no entanto, publicou um vídeo no seu Facebook, que foi compartilhado na página do presidenciável, desmentindo a informação. “O projeto é de 2007 e foi apreciado em 2008, nessa época eu sequer era deputado, a minha eleição foi em 2014. Além disso, não existe assinatura do Jair Bolsonaro apoiando esse projeto em lugar nenhum. Esse projeto foi sepultado na comissão da educação por unanimidade. Não há o que falar, é uma invenção”, diz. 

O texto do boato também afirma que o suposto apoio de Bolsonaro ao projeto foi uma “moeda de troca” para ele conseguir apoio de Edir Macedo, que também teria pedido a implantação do “ensino evangélico a todas as crianças, a partir da creche, em janeiro de 2020”. A informação não tem nenhuma fonte que a confirme, e o bispo a negou, através de nota divulgada no site da Igreja Universal. “Nem o bispo Edir Macedo, nem a Igreja Universal do Reino de Deus tem qualquer relação com esse projeto de lei”, diz o texto.

“Já sobre a fake news do ensino religioso nas escolas públicas, a Universal defendeu exatamente o contrário em audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF): a Igreja apoia o ensino religioso não confessional, que deve ser facultativo, com professores qualificados para tal. ‘O ensino deve ser sobre religião, e não da religião’, afirmou o representante da Universal durante a audiência”, conclui a nota.

A montagem do site da Folha chegou ao WhatsApp do Comprova. Já o segundo boato foi compartilhado no Facebook do empresário e escritor Alberto Carlos Almeida e teve 515 compartilhamentos. Fonte: https://noticias.bol.uol.com.br

Bolsonaro e Haddad dão declarações de apaziguamento, mas precisam continuar atentos

A campanha eleitoral já produziu uma sucessão de episódios violentos como o atentado a candidato presidencial, assassinato, agressões, ameaças e tentativas de intimidação à imprensa em geral, e a jornalistas em particular.

Em todas as regiões são listados, diariamente, casos de violência de gênero, ideológica, racial e religiosa com raízes no ambiente de polarização político-eleitoral.

O fenômeno não é inédito, apenas possui maior visibilidade devido a um ativismo extremado que se reflete nas redes sociais.

O núcleo de estudos FGV-DAPP mapeou mais de seis milhões de postagens durante a campanha eleitoral e contabilizou, entre outras, 1,8 milhão de manifestações de discriminação aos nordestinos; 1,4 milhão de apoio ao nazifascismo; 1 milhão contra mulheres; 1 milhão contra minorias LGBT e outro milhão contra evangélicos, comunistas e negros.

Nesse ambiente de polarização, têm-se tragédias como a facada em Bolsonaro, candidato do PSL, em Minas Gerais, e o assassinato de um mestre de capoeira, na Bahia

Casos de agressões a profissionais da comunicação, segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), já somam 137 na temporada eleitoral. Foram 75 ataques por meios digitais, tendo como alvo 64 profissionais, e outros 62 casos físicos, com 60 vítimas.

São fatos sintomáticos de algo muito grave — o embrião de um processo de radicalização social. E isso não é bom para nenhum dos competidores políticos, muito menos para o ambiente que se pretende democrático numa eleição.

Os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), igualmente, têm o dever de repudiar atos dessa natureza e, principalmente, de demonstrar firmeza, de forma absolutamente inequívoca, para conter os seus radicais partidários nas ruas, nas redes, nos palanques, onde for.

Diante do assassinato do mestre de capoeira Moa do Katendê, petista, esfaqueado na madrugada de segunda-feira, em Salvador, numa discussão política com o bolsonarista Paulo Sérgio Ferreira de Santana, Bolsonaro primeiro titubeou, mas terminou repudiando o assassinato. Haddad já fez declarações também contra a violência.

Agem de forma correta, porque a omissão equivale a dar um sinal verde a quem será governado de que essas manifestações são legítimas. Nunca são.

É preciso ter consciência de que o preço a pagar será muito alto: o descontrole social decorrente da violência disseminada é extremamente arriscado, corrosivo, para qualquer governo. Eleição não é unção. A legitimidade do poder político só acontece quando o eleito consegue se impor como líder em um ambiente pacificado e democrático. Não deve interessar a ninguém seguir um caminho diferente. Fonte: https://oglobo.globo.com

A Igreja Universal divulgou na noite desta sexta-feira (12) uma nota de repúdio contra o que chamou de declarações "caluniosas" e "preconceituosas" do candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) contra o bispo Edir Macedo.

Na manhã desta sexta, ao criticar o candidato Jair Bolsonaro (PSL), Haddad afirmou que o deputado federal é resultado do "fundamentalismo charlatão" de Edir Macedo, líder da Igreja Universal.

"Ele é o casamento do neoliberalismo desalmado, representado pelo Paulo Guedes, que corta direitos trabalhistas e sociais, com o fundamentalismo charlatão do Edir Macedo", disse Haddad, que indicou ainda que Guedes e Macedo, dois dos principais apoiadores de seu adversário, têm "fome de dinheiro".

"Quando o Bispo Edir Macedo apoiou o Partido dos Trabalhadores (PT) e o ex-presidente Lula, o apoio era muito bem-vindo. Agora, quando o líder espiritual da Universal declara que seu candidato é Jair Bolsonaro, o Bispo Macedo deve ser ofendido de forma leviana?", diz a nota da Universal.

No documento, a Igreja ainda afirma que, atacando uma das maiores lideranças evangélicas do país, Haddad tenta "incitar uma guerra religiosa".

"Charlatão é o candidato que mente para o povo para ser eleito. Fome de dinheiro tem o partido político que assalta estatais e os cofres públicos para sustentar uma estrutura que a Justiça definiu como 'organização criminosa'", continua o texto.

Ainda por meio da nota, a Universal promete levar as declarações de Haddad à Justiça. "O candidato responderá na Justiça pelo ódio religioso que tenta espalhar e por suas calúnias. De resto, o povo saberá dar resposta a ele".

Fonte: http://www.jornalfloripa.com.br

Na manhã desta quinta-feira, 11 de outubro, o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner, recebeu, na sede da entidade, em Brasília (DF), o candidato à presidência da República, Fernando Haddad. Em Nota Pública, emitida após a reunião, o secretário-geral explicita os temas e assuntos abordados com o candidato. No documento, dom Leonardo reafirma que a CNBB é uma instituição aberta ao diálogo com pessoas e grupos da sociedade brasileira e que é comum, em período eleitoral, que candidatos de diversos partidos e grupos políticos solicitem agenda e sejam recebidos pela entidade.

Na reunião, o candidato expôs suas propostas de governo e sua preocupação com o Brasil. O secretário-geral, por sua parte, abordou com o candidato assuntos que preocupam os bispos do Brasil, como por exemplo, a não legalização do aborto, a defesa da democracia e o combate rigoroso à corrupção, entre outros. Dom Leonardo também apresentou ao candidato o trabalho realizado pela CNBB durante a Campanha da Fraternidade deste ano que tratou, de forma profunda, a mobilização pela superação da violência.

NOTA PÚBLICA

Sobre a visita do candidato Fernando Haddad

Recebi, na manhã desta quinta-feira, 11 de outubro, o candidato à presidência da República, Fernando Haddad. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é uma instituição aberta ao diálogo com pessoas e grupos da sociedade brasileira. É comum, em período eleitoral, que candidatos de diversos partidos e grupos políticos solicitem agenda e sejam recebidos, sem a presença da imprensa.

O candidato não veio pedir apoio e a CNBB não tem partido e nem candidato.  O candidato expôs suas propostas de governo e sua preocupação com o Brasil. Da minha parte, abordei com o candidato assuntos que preocupam os bispos do Brasil: a não legalização do aborto, a proteção do meio ambiente, atenção especial à questão indígena e quilombola, a defesa da democracia e o combate rigoroso à corrupção. Também lembrei ao candidato o trabalho realizado pela CNBB durante a Campanha da Fraternidade deste ano que tratou, de forma profunda, da mobilização pela superação da violência.

Brasília-DF, 11 de outubro de 2018

 

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB

Fonte: http://www.cnbb.org.br

Por que a Alemanha, o país com um dos melhores sistemas de educação pública e a maior concentração de doutores do mundo na época, sucumbiu a um charlatão fascista?

Ao longo da década de 1920, Adolf Hitler era pouco mais do que um ex-militar bizarro de baixo escalão, que poucas pessoas levavam a sério. Ele era conhecido principalmente por seus discursos contra minorias, políticos de esquerda, pacifistas, feministas, gays, elites progressistas, imigrantes, a mídia e a Liga das Nações, precursora das Nações Unidas. Em 1932, porém, 37% dos eleitores alemães votaram no partido de Hitler, a nova força política dominante no país. Em janeiro de 1933, ele tornou-se chefe de governo. Por que tantos alemães instruídos votaram em um patético bufão que levou o país ao abismo?

Em primeiro lugar, os alemães tinham perdido a fé no sistema político da época. A jovem democracia não trouxera os benefícios que muitos esperavam. Muitos sentiam raiva das elites tradicionais, cujas políticas tinham causado a pior crise econômica na história do país. Buscava-se um novo rosto. Um anti-político promoveria mudanças de verdade. Muitos dos eleitores de Hitler ficaram incomodados com seu radicalismo, mas os partidos estabelecidos não pareciam oferecer boas alternativas.

Em segundo lugar, Hitler sabia como usar a mídia para seus propósitos. Contrastando o discurso burocrático da maioria dos outros políticos, Hitler usava um linguajar simples, espalhava fake news, e os jornais adoravam sugerir que muito do que ele dizia era absurdo. Hitler era politicamente incorreto de propósito, o que o tornava mais autêntico aos olhos dos eleitores. Cada discurso era um espetáculo. Diferentemente dos outros políticos, ele foi recebido com aplausos de pé onde quer que fosse, empolgando as multidões. Como escreveu em seu livro "Minha Luta":

Toda propaganda deve ser apresentada em uma forma popular (...), não estar acima das cabeças dos menos intelectuais daqueles a quem é dirigida. (...) A arte da propaganda consiste precisamente em poder despertar a imaginação do público através de um apelo aos seus sentimentos.

Em terceiro lugar, muitos alemães sentiram que seu país sofria com uma crise moral, e Hitler prometeu uma restauração. Pessoas religiosas, sobretudo, ficaram horrorizadas com a arte moderna e os costumes culturais progressistas que surgiram por volta de 1920, época em que as mulheres se tornavam cada vez mais independentes, e a comunidade LGBT em Berlim começava a ganhar visibilidade. Os conservadores sonhavam com restabelecer a antiga ordem. Os conselheiros de Hitler eram todos homens heterossexuais brancos. As mulheres, ele argumentou, deveriam se limitar a administrar a casa e ter filhos. Homens inseguros podiam, de vez em quando, quebrar vitrines de lojas, cujos donos eram judeus, para reafirmarem sua masculinidade.

Em quarto lugar, apesar de Hitler fazer declarações ultrajantes – como a de que judeus e gays deveriam ser mortos -, muitos pensavam que ele só queria chocar as pessoas. Muitos alemães que tinham amigos gays ou judeus votaram em Hitler, confiantes de que ele nunca implementaria suas promessas. Simplista, inexperiente e muitas vezes tão esdrúxulo, que até mesmo seus concorrentes riam dele, Hitler poderia ser controlado por conselheiros mais experientes, ou ele logo deixaria a política. Afinal, ele precisava de partidos tradicionais para governar.

Em quinto, Hitler ofereceu soluções simplistas que, à primeira vista, faziam sentido para todos. O problema do crime, argumentava, poderia ser resolvido aplicando a pena de morte com mais frequência e aumentando as sentenças de prisão. Problemas econômicos, segundo ele, eram causados por atores externos e conspiradores comunistas. Os judeus - que representavam menos de 1% da população total - eram o bode expiatório favorito. Os alemães "verdadeiros" não deviam se culpar por nada. Tudo foi embalado em slogans fáceis de lembrar: "Alemanha acima de tudo", "Renascimento da Alemanha", "Um povo, uma nação, um líder."

Em sexto lugar, as elites logo aderiram a Hitler porque ele prometeu -- e implementou -- um atraente regime clientelista, cleptocrata, que beneficiava grupos de interesses especiais. Os industriais ganharam contratos suculentos, que os fizeram ignorar as tendências fascistas de Hitler.

Em sétimo, mesmo antes da eleição de 1932, falar contra Hitler tornou-se cada vez mais perigoso. Jovens agressivos, que apoiavam Hitler, ameaçavam os oponentes, limitando-se inicialmente ao abuso verbal, mas logo passando para a violência física. Muitos alemães que não apoiavam o regime preferiam ficar calados para evitar problemas com os nazistas.

Doze anos depois, com seis milhões de judeus exterminados e mais de 50 milhões de pessoas mortas na Segunda Guerra Mundial, muitos alemães que votaram em Hitler disseram a si mesmos que não tinham ideia de que ele traria tanta miséria ao mundo. “Se soubesse que ele mataria pessoas ou invadiria outros países, eu nunca teria votado nele ”, contou-me um amigo da minha família. “Mas como você pode dizer isso, considerando que Hitler falou publicamente de enforcar criminosos judeus durante a campanha?”, perguntei. “Eu achava que ele era pouco mais que um palhaço, um trapaceiro”, minha avó, cujo irmão morreu na guerra, responderia.

De fato, uma análise mais objetiva mostra que, justamente quando era mais necessário defender a democracia, os alemães caíram na tentação fácil de um demagogo patético que fornecia uma falsa sensação de segurança e muito poucas propostas concretas de como lidar com os problemas da Alemanha em 1932. Diferentemente do que se ouve hoje em dia, Hitler não era um gênio. Não passava de um charlatão oportunista que identificou e explorou uma profunda insegurança na sociedade alemã.

Hitler não chegou ao poder porque todos os alemães eram nazistas ou anti-semitas, mas porque muitas pessoas razoáveis fizeram vista grossa. O mal se estabeleceu na vida cotidiana porque as pessoas eram incapazes ou sem vontade de reconhecê-lo ou denunciá-lo, disseminando-se entre os alemães porque o povo estava disposto a minimizá-lo. Antes de muitos perceberem o que a maquinaria fascista do partido governista estava fazendo, ele já não podia mais ser contido. Era tarde demais. Fonte: https://brasil.elpais.com

A Fundação Nacional do Índio (Funai) precisou ser acionada para que os homens do Exército conseguissem entrar na aldeia.

Em Mato Grosso, índios de uma aldeia localizada em Brasnorte, a 580 km de Cuiabá, receberam homens do Exército com flechadas neste domingo (7). Eles levavam as urnas eletrônicas para o local, que possui 70 eleitores.

Conforme o juiz auxiliar do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Lídio Modesto da Silva, a Fundação Nacional do Índio (Funai) precisou ser acionada para que os homens do Exército conseguissem entrar na aldeia.

“Registramos uma situação um pouco mais grave na região de Brasnorte, a 580 km de Cuiabá, em uma comunidade indígena, em que os homens da força de segurança do Exército foram recebidos com flechas. Tivemos que acionar a Funai, para que intercedesse e em 30 minutos nós conseguimos. Lá são apenas 70 eleitores, acredito que rapidamente vamos terminar o trabalho”, disse o magistrado.

Outro caso foi registrado em Guarantã do Norte, a 721 km de Cuiabá, onde um índio da etnia Caiapó, foi preso por estar com 70 títulos de eleitor, de todos os membros da aldeia dele. Ele alegou à polícia que votaria em nome de todos.

As informações foram repassadas pelo juiz do TRE no primeiro boletim da Justiça Eleitoral emitido neste domingo (7).

Fonte: https://g1.globo.com

O Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ- Direto de Lagoa da Canoa/AL, sua terra natal- fala sobre a importância da inclusão social da juventude e a força do voto. Comunidade Capim, Lagoa da Canoa-AL.

Assim como em eleições anteriores, partidos inscrevem mulheres apenas para alcançar a meta de 30%

Uma cidadã não viu problema em se candidatar por um partido qualquer. Talvez tenha recebido um convite aleatório, sem nem saber bem o motivo ou suas chances reais de ser eleita. Não fez grandes campanhas por falta de verba. A única ajuda partidária foi um uns santinhos com seu rosto, cargo e número, ao lado da propaganda de um candidato a senador. 

Nas últimas eleições, não faltam histórias de candidatas-laranja como essa, narrada pela promotora de Justiça Vera Lúcia Taberti. Existem vários outros tipos de casos, como a de uma postulante que nem tinha conhecimento de disputar um cargo, ou que não recebeu um centavo do partido – e nem sabia possuir esse direito. 

Ou seja, concorrentes que aparecem apenas para fechar a cota. Desde 2009, quando o Tribunal Superior Eleitoral exigiu 30% de diversidade de gêneros nas candidaturas, os partidos correm atrás da meta. E a busca sempre é para cumprir o mínimo exigido de mulheres nas campanhas. Neste ano, as candidaturas femininas ficaram no limite, com 30,7%.

E dessa vez a cobrança é ainda maior: não basta inscrever mulheres, as regras exigem também que 30% do Fundo Especial de Financiamento de Campanha sejam destinadas às candidaturas femininas. As duas tentativas visam aumentar a participação das mulheres na política, que ocupam só 10% dos cargos políticos no Brasil. Só que os partidos criam artimanhas para burlar as regras. Uma das formas é registrar qualquer candidata - saiba ela ou não. Outro jeitinho é invisibilizar as candidaturas, dando pouco ou quase nenhum dinheiro a elas. 

Afinal, nem todas recebem parte da fatia do fundo de financiamento – e seguem apenas como um número para cumprir a meta. E sobra ainda a pergunta: quem garante que uma candidata-laranja não receba essa verba e apenas repasse para outro candidato?

As Procuradorias Regionais Eleitorais correm atrás de casos como esses. De acordo com elas, um dos primeiros indícios é o gasto zero de verba na campanha. Não há como ganhar eleitores sem um mínimo de investimento. De duas a uma: ou faltou apoio do partido ou a candidata só existia no papel.

Uma candidata a deputada estadual pelo Espírito Santo pelo PRB, por exemplo, passou a reclamar da falta de apoio do partido em sua página pessoal – alegando que a verba nunca havia chegado a sua conta, como o partido declarara no TSE.

Criou página oficial de sua candidatura na metade de setembro e, depois da bronca virtual, conseguiu espaço no horário eleitoral do partido. Em 2014, a tal candidata também concorreu às eleições. E não teve nenhum voto – nem mesmo o dela. Segundo publicação em seu Facebook, ela desistiu naquele ano por não ter apoio do partido. E prometeu que dessa vez seguiria adiante.

Ela entra em dois critérios que apontam uma candidatura "laranja": não ter recebido nenhum voto e ter um valor irrisório investido na campanha. Mas não parece ser o caso – um exemplo caso para ilustrar a dificuldade em desmascarar essas fraudes. “Essa é a questão. Há indícios de candidatas laranjas, mas nem sempre se confirmam. Algumas não têm nenhum voto simplesmente porque não receberam dinheiro para investir na campanha”, explica o pesquisador Henrique Xavier, da USP, que fez um levantamento das possíveis candidatas-laranja, em parceria com as revistas AzMina e a rede #MeRepresenta.

Ele cruzou os dados do TSE desde as eleições de 2010, quando a regra de cotas passou a entrar em vigor. Avaliou candidatas e candidatos que não receberam nenhum voto nos pleitos anteriores, ou tiveram de um a cinco votos, ou pouco acima desse valor. Como era esperado, as candidaturas femininas cresceram nesse tempo.

Só que, junto com elas, também cresceu o número de candidatas mulheres com pouquíssimos votos. Enquanto o número de voto zero em homens seguiu o mesmo, numa média de 1% dos candidatos, o delas aumentou: passou de 3% em 2008 para 16% em 2012 – e 10% em 2016. Segundo dados do TSE, neste último ano, de cada 10 candidatos que não receberam votos, nove eram mulheres.

Em 2018, Xavier encontrou 36 possíveis candidatas laranjas que "disputaram" eleições anteriores. Nenhuma delas recebeu votos em suas candidaturas anteriores (entre 2010 e 2016) – só uma é exceção, teve apenas um eleitor. O estado com maior representantes é São Paulo.

Outro indício que pode ajudar a revelar a veracidade ou não dessas candidaturas é a presença nas redes sociais. Uma das candidatas listadas por Xavier tenta o cargo de deputada estadual pelo Mato Grosso. E até recebeu uma bolada do partido: mais de 60 mil reais. Não há, no entanto, qualquer sinal da candidata no mundo virtual – seja nas redes sociais ou em sites de busca. E que tipo de candidata (ou candidato), com intenções reais de ser eleito, se esconderia das redes sociais em época de eleição?

Fonte: www.cartacapital.com.br

Em Brasília, carreata reuniu cerca de 25.000 veículos, segundo a Polícia Militar. Em São Paulo, ato se espalhou por quatro quarteirões e foi desmobilizado por forte

"Vamos ganhar essas eleições no primeiro turno. A diferença será tão grande que será impossível qualquer possibilidade de fraude", disse o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) em vídeo exibido durante as manifestações em seu apoio que povoaram a avenida Paulista ao longo de quatro quarteirões, entre a Alameda Peixoto Gomide e a Alameda Joaquim Eugênio de Lima, em São Paulo, o maior das dezenas de atos favoráveis ao candidato a presidente neste domingo. A mensagem de Bolsonaro, exibida em um telão posicionado ao lado de um dos quatro caminhões de som, modula um pouco o discurso do capitão reformado do Exército. Bolsonaro vinha dizendo em entrevistas que não aceita outro resultado que não sua eleição. Mais tarde, apareceria uma declaração ainda mais explícita de que estava recuando em sua ameaça, que foi feita em dois canais da TV aberta, Band e TV Globo. "Sei que não tenho nada para fazer (em caso de derrota). O que quis dizer é que não iria, por exemplo, ligar para o Fernando Haddad depois e cumprimentá-lo por uma vitória", disse agora Bolsonaro ao jornal O Globo.

A entrevista de Bolsonaro –com avanços e desmentidos à maneira que Donald Trump costuma fazer para atrair holofotes– e a sinalização de que ele está de novo à frente da campanha, após a temporada hospitalar se recuperando de um atentado a faca, acontecem um dia depois do protesto #EleNão. Promovida por mulheres, a mobilização reuniu centenas de milhares de pessoas em cidades espalhadas por todos os Estados brasileiros no sábado. Na mesma gravação exibida na Paulista, o candidato à Presidência menciona as expressões "PT não, PT nunca mais", numa referência aos motes "ele não, ele nunca" dos opositores.

Os atos a favor de Bolsonaro organizados em diversas cidades no sábado em no domingo serviram para responder aos protestos convocados contra sua candidatura e apoiados por alguns de seus adversários, como Marina Silva (Rede), o tucano Geraldo Alckmin (que usou a hashtag da campanha na TV),  Guilherme Boulos (PSOL), Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) — a representante de Ciro no ato organizado no Largo da Batata, em São Paulo, foi sua vice, a senador Kátia Abreu (PDT) enquanto a vice na chapa petista, Manuela D'Ávila, foi à marcha em Porto Alegre. Enquanto os críticos de Bolsonaro usavam preto, roxo (também a cor do movimento feminista) e vermelho, seus apoiadores voltaram a colorir a avenida Paulista de amarelo anos depois das manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff. Em 2016, o capitão reformado do Exército ainda parecia longe de se transformar em um candidato viável à Presidência da República. Neste domingo, os organizadores do evento chegaram a calcular em 1,8 milhão a quantidade de manifestantes. A julgar pelas maiores manifestações pelo impeachment de Dilma, que reuniram na avenida 500.000 pessoas segundo o Datafolha, ocupando a av. Paulista completa, o número não parece realista. Para efeito de comparação, o tramo final da manifestação #Elenão, no sábado, na av. Paulista, foi maior, se espalhando do Masp à av. da Consolação.

Mas isso não quer dizer que a mobilização não tenha sido significativa. Os quatro quarteirões ocupados pela manifestação não estavam completamente preenchidos, mas a concentração em torno dos quatro carros de som era grande, a ponto de dificultar a locomoção. Da mesma forma, em Brasília, os apoiadores do deputado do PSL fizeram sentir sua presença nas ruas. De acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal, 25.000 veículos passaram pela Esplanada dos Ministérios entre 8h40 da manhã e 13h45, período em que ocorreram as carreatas a favor de sua candidatura. De dentro dos seus veículos ou a pé, os apoiadores de Bolsonaro gritavam palavras de ordem como “eu vim de graça”, “fora PT” e “mito”. Muitos simulavam armas com as mãos, um dos gestos mais característicos do militar reformado do Exército. De acordo com o último Ibope, Bolsonaro tem 41% das intenções de voto no Distrito Federal, bem à frente do segundo colocado, o petista Fernando Haddad (14%).

Os atos a favor de Bolsonaro também foram significativos no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, este último ontem, mas, para além das capitais, se espalharam por várias cidades de médio porte como atestam vários vídeos distribuídos por meio das redes sociais. O mais expressivo, como de costume, foi o organizado em São Paulo, mas a mobilização, convocada para as 15h, acabou antes do que se esperava, por conta de uma forte chuva — por volta das 17h, alguns deputados ainda discursavam, mas para um público reduzido.

Os manifestantes se reuniram desde cedo na região, já que a avenida Paulista fecha aos domingos para os carros. Muitos dos apoiadores usavam camisas da seleção brasileira ou com a frase "Meu partido é o Brasil", com a qual Bolsonaro estava quando levou uma facada no dia 6 de setembro, em Juiz de Fora (MG). De cima dos carros de som, candidatos a deputado federal criticavam não apenas o PT, mas partidos como MDB e PSDB. Outros pediam votos aos eleitores de João Amoêdo (Novo), Álvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB) e Geraldo Alckmin (PSDB), para que a eleição se encerre no primeiro turno.

"Já tomamos purpurinada, ovada, cusparada e até facada. Quem são os intolerantes? Por que, quando artista fala que vai votar em outro candidato, é democracia, e quando a gente fala que vai votar em Jair Boolsonaro, a gente quer ditadura?", questionou o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) do alto de um dos carros de som. Em outro momento, o deputado que concorre à reeleição disse que “as mulheres de direita são mais bonitas que as da esquerda". "Elas não mostram os peitos nas ruas e nem defecam nas ruas. As mulheres de direita têm mais higiene”, completou. Só foram registrados alguns momentos de tensão depois que a forte chuva que caiu na Paulista concentrou os manifestantes no vão livre do MASP. A rápida intervenção da Polícia evitou que os desentendimentos entre apoiadores e opositores de Bolsonaro tivesse consequências de relevo. Fonte: https://brasil.elpais.com

A vida política está entre as preocupações da Igreja reforçadas após o Concílio Vaticano II. A Constituição Pastoral Gaudium et Spes ensina que, sobre estas realidades, “devem resplandecer os princípios e as luzes que provêm de Cristo e que dirigirão os cristãos e iluminarão todos os homens na busca da solução para tantos e tão complexos problemas”. Mas neste período eleitoral, pode aparecer o questionamento de até onde a Igreja deve ir.

“Resplandecer os princípios e as luzes que provêm de Cristo”, talvez seja um indicativo para este questionamento. Para as eleições gerais no Brasil, várias são as iniciativas que visam contribuir para a formação de consciência cidadã, dando luzes e princípios para bem escolher em quem votar.

O bispo de Santa Cruz do Sul (RS), Aloísio Alberto Dilli, destaca a política como exercício do bem comum, recordando a fala do papa Francisco de que a política é uma das formas por excelência da caridade, sendo esta uma orientação geral e o sentido de como a Igreja deve entrar na política.

“Nós, evidentemente, não nos manifestamos em público em termos partidários, porque essa questão precisa sim acontecer no momento concreto do voto, mas é a pessoa, na sua liberdade, que, orientada por princípios gerais de política, se expressa concretamente dentro da eleição, dentro de um partido”, explica.  

O bispo também ressalta: “nesse sentido, é claro que nós não devemos também assumir candidaturas. A Igreja orienta que o clero não tome uma candidatura porque ele vai possivelmente dividir sua comunidade. E nós temos que ser pessoas de unidade, de paz, de conciliação”, afirma. Ele pondera ainda que, “dentro da realidade nós também vamos ter que nos definir por um candidato que pertencerá a um determinado partido”, considerando a hora do voto.

Dom Aloísio Dilli ainda explica que a Igreja ensina a olhar toda a realidade humana, também na política, a partir do Evangelho. “E dentro do Evangelho nós temos como centro o mandamento do amor e em decorrência a defesa da vida, a dignidade da pessoa humana, a solidariedade, o direito de todas as pessoas a uma vida digna, as injustiças temos que condenar, a corrupção que temos que condenar”, enumera.

Entre as várias iniciativas eclesiais voltadas para as eleições, destaca-se a cartilha de orientação política preparada pelo regional Sul 2 da CNBB (baixe aqui). No material, retoma-se que a Igreja é chamada a ser “advogada da justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas, que clamam ao céu”, como ensina o Documento de Aparecida.

Em artigo publicado no portal da CNBB, dom Vital Corbellini recorda as indicações contidas no material e ressalta o papel da Igreja no processo político. Em cinco pontos, a Igreja:

Incentiva os fiéis para que interajam em relação às eleições e que participem da política como algo essencial para a transformação da sociedade

Aprecia as pessoas que se dedicam ao bem da nação, ao serviço das pessoas

Elabora textos para conscientizar eleitores sobre a responsabilidade do voto

Promove iniciativas em paróquias e dioceses a respeito de debates sobre os candidatos e programas, além da formação de consciência política dos leigos e leigas

Colaborou no empenho em moralizar as campanhas políticas com elaboração da lei contra a corrupção eleitoral e da Lei da Ficha Limpa

Outra iniciativa de repercussão nacional é a Campanha da arquidiocese de Aparecida (SP) e do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida “Eu sou o Brasil Ético”.

“Este projeto direciona nosso olhar para a vida do povo. Queremos mais respeito pelo povo, mais vida, mais dignidade, mais emprego, mais pão na mesa e também mais participação de todos na vida social. Este ano eleitoral não é e não será igual aos outros. Diante de toda esta manifestação sobre corrupção que vimos entrar em evidência, está comprovado que a nossa política deve e pode melhorar. Quero convidar todo o povo brasileiro a acreditar no voto!”, escreveu o arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes na apresentação da campanha.

Entre as várias indicações e reflexões contidas no material, há um capítulo dedicado às orientações normativas sobre condutas e posturas assumidas pela instituição e seus meios de comunicação. O objetivo é evitar confusão de conceitos e entendimento em relação à presença de candidatos, por exemplo, no Santuário.

Os meios de comunicação do Santuário (TV e rádio Aparecida e portal A12.com) são impedidos de mostrar rostos políticos eleitos ou em disputa eleitoral nas missas e eventos, exceto em necessidade de cobertura jornalística, além convite para participação especial em programas de TV. Atenção também é dada para discursos e falas, tanto em celebrações, quanto em redes sociais e entrevistas à imprensa.

Sobre as redes sociais, a orientação é que os Missionários Redentoristas não declarem em suas redes sociais pessoais o apoio a determinado partido ou político. “Orienta-se ainda o cuidado com os discursos nas mídias digitais, bem como com o compartilhamento de informações e marcações em fotos e eventos”, encontra-se no texto. Fonte: http://www.cnbb.org.br

Dom Antônio Emídio Vilar, Bispo de São João da Boa Vista (SP)

“Política é a forma mais perfeita da caridade!”

A POLÍTICA BRASILEIRA: – Embora sejam poucos os bons exemplos de quem a exerce, não há dúvida de que, na essência, ela é UM BEM PARA TODOS. Sim, porque política é, originalmente, um modo de pensar e conviver em sociedade, com um objetivo saudável e comunitário, isto é, o BEM DA PESSOA HUMANA EM SOCIEDADE, o BEM COMUM (João XXIII, Pacem in terris, 54; Gaudium et Spes, 26). Daí que, na política, não importa a diversidade de pensamentos ou posição, o que importa é o objetivo para o bem comum. Por isso já se disse que política é a convivência sadia dos pensamentos/manifestações contrários. O importante é que sempre brote em nós o desejo de um bem, UMA EXIGÊNCIA DE VALORIZAÇÃO DO OUTRO, como pessoa humana, IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS (Catecismo da Igreja Católica, 1700).

Quando pensamos no nosso Brasil, nosso desejo não pode ser outro, a não ser de manter RELAÇÕES JUSTAS E FRATERNAS entre pessoas e grupos, de redescobrirem, de conversarem e de se indignarem com os desvios de conduta que, tristemente, terminam em corrupção, com a certeza da impunidade. Contudo, NÃO DEVEMOS DESANIMAR, MAS REANIMAR, fazer reflorescer o desejo de boas condutas pessoais e sociais que nos sustentam como bandeira da esperança e da liberdade humanas/ cristã, que fundamentam o espírito de uma verdadeira democracia.

POLÍTICA NÃO É UMA PROFISSÃO E NEM UMA HERANÇA FAMILIAR. Lamentavelmente, são muitos os profissionais políticos, mas carregamos um certo grau de culpa, pois somos nós que os elegemos. Precisamos considerar que, se reelegermos um candidato que se tornou profissional da política, estaremos afastando-nos do exercício do bem comum. Nenhum político servirá ao bem comum ou retomará o bom propósito, se continuarmos neste provinciano, colonial, falido e corrupto sistema político de eleger “salvadores da pátria”, “coronéis modernos”, pessoas mal-intencionadas, que discursam apenas para a ocasião e prometem o que não podem cumprir.

A MUDANÇA NO SISTEMA POLÍTICO, TRIBUTÁRIO, JURÍDICO, temas tão delicados e complexos, não passa apenas pelos que são eleitos, mas está inserida NA ATITUDE CIDADÃ de cada um de nós, que precisa educar-se para fazer da vida um serviço ao outro, na participação em trabalhos sociais e comunitários, que nos tornam verdadeiros agentes de transformação. É preciso, ainda, abrirmos espaços e descobrirmos momentos reais para atuarmos na vida pública de nossa Cidade, Estado e País. Faz-se necessária a participação nos Conselhos municipais, nas reuniões da Câmara Municipal, acompanhando discussões e votações no Senado, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa, bem como fiscalizando os governos estadual e federal.

Nós, bispos, iniciamos a nossa mensagem da 56ª Assembleia geral da CNBB ao povo brasileiro, com a citação aos Hebreus (10, 23): “Continuemos a afirmar a nossa esperança, sem esmorecer”, por acreditarmos que as PRÓXIMAS ELEIÇÕES NOS PROVOCAM E DESAFIAM a termos esperança e a darmos razão de nossa fé como discípulos missionários. É o momento propício para que firmemos nossa posição e expressemos nosso “BASTA” àqueles que se servem da vida pública, através da política. Cristo Jesus nos chama a vivermos a vida pública à luz do Evangelho. Esse deve ser o nosso lema.

NÃO PODEMOS CAIR NO ENGANO DE ACREDITAR QUE VOTAR É APENAS MAIS UMA OBRIGAÇÃO E QUE NOSSO VOTO POUCO OU NADA ADIANTA.

É GRAVE OMISSÃO dizermos ou pensarmos: estou tão desacreditado que vou votar nulo ou em branco. Uma conduta enganosa assim só contribui para os mal-intencionados (João Paulo II, Christifideles laici, 42). Estejamos atentos para não corrermos o risco de apenas ficar reclamando depois, pois, se não nos interessarmos por participar da política agora, ela acabará sendo usada por pessoas que não se preocuparão com o bem comum, mas com seus interesses particulares, o que, inevitavelmente, gerará mais CORRUPÇÃO E IMPUNIDADE.

A escolha daqueles que dirigem os nossos destinos na vida pública, tem que ser baseada em princípios cristãos. Precisamos de pessoas que incentivem o bem comum, promovam a vida desde o seu início até seu término natural e fortaleçam as organizações sociais, principalmente as que são modelo de serviço ao outro, de construção de comunidades verdadeiramente solidárias, de EXEMPLO DE VIDA CRISTÃ.

Por isso, com a consciência alicerçada nos princípios cristãos, VAMOS ELEGER PESSOAS QUE:

1 – Reconheçam e promovam O VALOR DA PESSOA HUMANA. Se possível, políticos que pertençam à nossa região, cuja família e trajetória de vida conhecemos. Esse pertencimento é fundamental para manter a retidão na vida pública e sabermos quem é de fato este candidato. Nesse sentido, as redes sociais e canais de consulta da internet podem ser aliados valiosos para nossa decisão.

2 – Saibam educar-se PARA TRABALHAR EM CONJUNTO. Queremos governos que respeitem a liberdade e a criatividade das pessoas, que valorizem as iniciativas sociais e que respondam às necessidades cotidianas. Não queremos governantes que acreditam que cabe somente a eles decidir o que é bom para todos.

3 – Candidatam-se porque possuem UMA TRAJETÓRIA DE VIDA PESSOAL comprometida com a superação da pobreza, com a educação, a saúde, a moradia, o saneamento básico, a promoção da vida e ao meio-ambiente. Não compram votos e nem barganham votos e licitações públicas, para depois recuperarem o que gastaram ou simplesmente enriquecerem-se ilegalmente.

Para eleger esse tipo de pessoa vamos:

1 – Observar se o candidato representa e apresenta apenas o interesse de um grupo ou partido ou se pretende, com projetos, promover políticas que beneficiam a todos. O bom governante governa para todos e não faz campanha com dinheiro de empresas na TROCA DE FAVORES, nem se propõe a comprar seu voto.

2 – Se os candidatos têm “ficha limpa”, sem processo judicial, e que não estejam na lista da “Lava-Jato” ou de alguma outra operação policial, especialmente de ofensa à “coisa” pública. O HOMEM PÚBLICO DEVE TER HONESTIDADE (idoneidade moral), ser coerente em sua postura e não mudar frequentemente de partido.

3 – VOTAR NÃO PARA AGRADAR ALGUÉM, mas em pessoas que possam representar você na utilização do seu dinheiro na educação, saúde, criação de empregos, promoção humana e social. Devemos tomar muito cuidado com os arrogantes, populistas, demagogos e bajuladores, os quais não inspiram confiança.

(cf. CNBB, Sul 2. (2018). Cartilha de Orientação Política. Os cristãos e as eleições, 2018. e CNBB – Doc. 91, 2010)

Por isso, queiramos ou não, precisamos da política. Ela faz parte da nossa vida. É irracional pensarmos que, para derrotar a crise política, basta estarmos contra alguém, ou à espera de um “salvador da pátria”, ou ainda negar a sua existência, que é pior ainda. Afinal, o que teríamos em comum para modificar?  Não estaremos agindo contra um inimigo, mas por um bem comum maior, desejado e perseguido.

Sabemos que poucos candidatos terão os atributos anteriormente elencados, mas busquemos votar naqueles que mais se aproximarem do ideal cristão e que estimulem, durante o mandato, suas qualidades para diminuir suas limitações.

Cada um de nós é corresponsável pelos destinos de nossa cidade, de nosso Estado, de nosso País.

Concluo essa minha pequena reflexão com as tão eloquentes palavras do Papa Francisco: “Há necessidade de dirigentes políticos que vivam com paixão o seu serviço aos povos, solidários com os seus sofrimentos e esperanças; políticos que anteponham o bem comum aos seus interesses privados, que sejam abertos a ouvir e a aprender no diálogo democrático, que conjuguem a busca da justiça com a misericórdia e reconciliação.”

(Mensagem vídeo do papa Francisco aos participantes no encontro de políticos católicos organizado pelo Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) e pela Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL), 03/12/2017). Fonte: http://www.cnbb.org.br

O movimento começou com a cantora Daniela Mercury desafiando a colega Anitta a se manifestar a respeito da candidatura de Bolsonaro

Após a cantora Daniela Mercury dar início a um novo movimento contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República, desafiando a colega Anitta a se manifestar a favor da hashtag #EleNão, o movimento ganhou força entre as artistas , inclusive entre as globais. 

Nathália Dill, Sophie Charlotte, Leticia Sabatella e Letícia Colin foram algumas da primeiras atrizes da Rede Globo que aderiram ao movimento. Elas postaram vídeos nesta segunda-feira 24 em suas redes sociais do Instagram, justificando o porquê de não votarem no ex-militar, convidando a todos a participarem dos atos contra Bolsonaro, marcados para o próximo sábado, 29, em várias cidades do País, e desafiando outras colegas do mundo artístico a gravarem um vídeo em apoio a hashtag #EleNão.

No domingo, 23, Anita gravou um vídeo em sua rede social do Instagram em resposta ao desafio de Mercury. Ela esclareceu que nunca foi apoiadora da candidatura de Bolsonaro e manifestou seu apoio a hashtag. Além disso, passou o desafio adiante, para as colegas da música a Ivete Sangalo, Claudia Leitte e Preta Gil.

"Quero aproveitar essa oportunidade para deixar claro  de uma vez por todas a vocês, se ainda não ficou, que eu não apoio o candidato Bolsonaro. Eu também quero deixar claro que em momento nenhum eu desmereci a hashtag."

Segundo a cantora, ela quis mostrar que para além da hashtag há outras formas de se manifestar, no dia-a-dia, contra preconceito, racismo, machismo, homofobia e em favor das minorias.

Até o final da tarde desta segunda 24, nenhuma das três cantoras desafiadas por Anitta havia postado vídeo em suas redes sociais levando o movimento adiante.

Mesmo assim, o movimento vem tomando corpo com outras mulheres como a produtora cultural Paula Lavigne, e as cantoras Céu, Maria Gadú, Marília Mendonça, Teresa Cristina, entre outras. Fonte: www.cartacapital.com.br

Um grupo que inclui artistas, advogados, ativistas e empresários articula um manifesto contra a candidatura de Jair Bolsonaro. O documento intitulado “Pela democracia, pelo Brasil” não indica apoio à candidatura do PT nem de qualquer um dos adversários do deputado, mas afirma ser necessário um movimento contra o projeto antidemocrático do candidato do PSL.

“É preciso dizer, mais que uma escolha política, a candidatura de Jair Bolsonaro representa uma ameaça franca ao nosso patrimônio civilizatório primordial. É preciso recusar sua normalização, e somar forças na defesa da liberdade, da tolerância e do destino coletivo entre nós”, diz o texto.

O documento diz que o País já teve em Jânio Quadros e Fernando Collor de Mello“outros pretensos heróis da pátria, aventureiros eleitos como supostos redentores da ética e da limpeza política”, mas que acabaram levando o Brasil ao “desastre”. 
“Nunca é demais lembrar, líderes fascistas, nazistas e diversos outros regimes autocráticos na história e no presente foram originalmente eleitos, com a promessa de resgatar a autoestima e a credibilidade de suas nações, antes de subordiná-las aos mais variados desmandos autoritários”, diz outro trecho do manifesto. A informação é de Renata Agostini, publicada por O Estado de S. Paulo, 23-09-2018.
 
Versão preliminar do manifesto, obtido pelo Estado, conta com cerca de 150 nomes, entre eles os de Maria Alice Setúbal, educadora e acionista do Itaú Unibanco; do economista Bernard Appy; do empresário Guilherme Leal, sócio da Natura; de Caetano Veloso e Paula Lavigne; do advogado e professor da FGV Oscar Vilhena; e do médico Drauzio Varella.

Caetano e Paula Lavigne declararam apoio a Ciro Gomes (PDT) nesta eleição. Maria Alice Setúbal e Guilherme Leal já atuaram ao lado de Marina Silva (Rede) em pleitos passados, mas não tê m papel na campanha atual da ex-senadora.  

O manifesto ficará hospedado num site próprio do movimento. A lista ficará aberta para quem quiser incluir a assinatura.

O documento foi fechado na quinta-feira pelas mãos de um grupo de amigos, entre eles o advogado José Marcelo Zacchi. O texto foi sendo circulado em grupos de Whatsapp a partir de sexta e ganhando adesões ao longo do fim de semana.

Segundo Zacchi, o objetivo é reunir vozes que representem diversos segmentos da sociedade e possam mobilizar esses setores. “É sobre repudiar  um projeto que nos parece contrário aos princípios democráticos”, diz. “É um chamado para quem vota em quem quer que seja, mas está dentro do campo democrático”.

 

Eis a íntegra do manifesto.

Pela Democracia, pelo Brasil

Somos diferentes. Temos trajetórias pessoais e públicas variadas. Votamos em pessoas e partidos diversos. Defendemos causas, ideias e projetos distintos para nosso país, muitas vezes antagônicos.

Mas temos em comum o compromisso com a democracia. Com a liberdade, a convivência plural e o respeito mútuo. E acreditamos no Brasil. Um Brasil formado por todos os seus cidadãos, ético, pacífico, dinâmico, livre de intolerância, preconceito e discriminação.

Como todos os brasileiros e brasileiras sabemos da profundidade dos desafios que nos convocam nesse momento. Mais além deles, do imperativo de superar o colapso do nosso sistema político, que está na raiz das crises múltiplas que vivemos nos últimos anos e que nos trazem ao presente de frustração e descrença.

Mas sabemos também dos perigos de pretender responder a isso com concessões ao autoritarismo, à erosão das instituições democráticas ou à desconstrução da nossa herança humanista primordial.

Podemos divergir intensamente sobre os rumos das políticas econômicas, sociais ou ambientais, a qualidade deste ou daquele ator político, o acerto do nosso sistema legal nos mais variados temas e dos processos e decisões judiciais para sua aplicação. Nisso, estamos no terreno da democracia, da disputa legítima de ideias e projetos no debate público.

Quando, no entanto, nos deparamos com projetos que negam a existência de um passado autoritário no Brasil, flertam explicitamente com conceitos como a produção de nova Constituição sem delegação popular, a manipulação do número de juízes nas côrtes superiores ou recurso a autogolpes presidenciais, acumulam declarações francamente xenofóbicas e discriminatórias contra setores diversos da sociedade, refutam textualmente o princípio da proteção de minorias contra o arbítrio e lamentam o fato das forças do Estado terem historicamente matado menos dissidentes do que deveriam, temos a consciência inequívoca de estarmos lidando com algo maior, e anterior a todo dissenso democrático.

Conhecemos amplamente os resultados de processos históricos assim. Tivemos em Jânio e Collor outros pretensos heróis da pátria, aventureiros eleitos como supostos redentores da ética e da limpeza política, para nos levar ao desastre. Conhecemos 20 anos de sombras sob a ditadura, iniciados com o respaldo de não poucos atores na sociedade. Testemunhamos os ecos de experiências autoritárias pelo mundo, deflagradas pela expectativa de responder a crises ou superar impasses políticos, afundando seus países no isolamento, na violência e na ruína econômica. Nunca é demais lembrar, líderes fascistas, nazistas e diversos outros regimes autocráticos na história e no presente foram originalmente eleitos, com a promessa de resgatar a autoestima e a credibilidade de suas nações, antes de subordiná-las aos mais variados desmandos autoritários.

Em momento de crise, é preciso ter a clareza máxima da responsabilidade histórica das escolhas que fazemos.

Esta clareza nos move a esta manifestação conjunta, nesse momento do país. Para além de todas as diferenças, estivemos juntos na construção democrática no Brasil. E é preciso saber defendê-la assim agora.

É preciso dizer, mais que uma escolha política, a candidatura de Jair Bolsonaro representa uma ameaça franca ao nosso patrimônio civilizatório primordial. É preciso recusar sua normalização, e somar forças na defesa da liberdade, da tolerância e do destino coletivo entre nós.

Prezamos a democracia. A democracia que provê abertura, inclusão e prosperidade aos povos que a cultivam com solidez no mundo. Que nos trouxe nos últimos 30 anos a estabilidade econômica, o início da superação de desigualdades históricas e a expansão sem precedentes da cidadania entre nós. Não são, certamente, poucos os desafios para avançar por dentro dela, mas sabemos ser sempre o único e mais promissor caminho, sem ovos de serpente ou ilusões armadas.

Por isso, estamos preparados para estar juntos na sua defesa em qualquer situação, e nos reunimos aqui no chamado para que novas vozes possam convergir nisso. E para que possamos, na soma da nossa pluralidade e diversidade, refazer as bases da política e cidadania compartilhadas e retomar o curso da sociedade vibrante, plena e exitosa que precisamos e podemos ser.

Assinam este manifesto

Adriana Lisboa
Alê Youssef
Alessandra Negrini
Alessandra Orofino
Alexandre Brasil Fonseca
Alexandre Nero
Alexandre Schneider
Alice Braga
Amon Barros
Ana Carolina Evangelista
Ana Helena Altenfelder
Ana Moser
Ana Toni
André Corradi Moreira Luthier
Andre Degenszajn
André Fischer
André Pereira de Carvalho
Andre Perosa
André Vallias
Andrea Alvarez
Andrea Barata Ribeiro
Andrea Calabi
Andrea Magri
Andreia Horta
Anete Abramowicz
Anna Penido
Antonia Pelegrino
Antonio Grassi
Antônio Nóbrega
Antônio Prata
Ariovaldo Ramos
Arnaldo Antunes
Aron Zylberman
Ary Oswaldo Mattos Filho
Astrid Fontenelle de Brito
Aurea Vieira
Bárbara Musumeci Mourão
Beatriz Bracher
Bel Coelho
Bel Melo
Bela Gil
Belisario dos Santos Junior
Bernard Appy
Beto Vasconcelos
Beto Verissimo
Bia Barbosa
Binho Marques
Braulio Mantovani
Bruno Carazza dos Santos
Bruno Torturra
Cadão Volpato
Caetano Veloso
Caio Magri
Camila Pitanga
Carlos Mello
Carlos Nobre
Carlos Pitchu
Carolina Bueno
Carolina Kotscho
Cazé Pecini
Celia Cruz
Celso Athayde
Celso Lafer
Cesar Callegari
Chico Buarque
Cicero Araujo
Ciro Biderman
Claudia Abreu
Claudia Costin
Cláudio Couto
Clemente Ganz Lucio
Clemir Fernandes
Cléo Regina Todaro Santos de Miranda
Daniel Augusto
Daniel Cerqueira
Daniel De Bonis
Daniel Ganjaman
Daniela Bianchi
Daniela Di Bonito Mônaco de Moraes
Daniela Frozi
Daniela Gleiser
Danilo Miranda
Danilo Santos de Miranda
Dario Guarita Neto
Dario Menezes
Débora Lamm
Denis Mizne
Dira Paes
Doriam Borges
Drauzio Varella
Edson Fernando de Almeida
Eduardo Calil Ohana
Eduardo Marques
Eliane Dias
Eliane Giardini
Elisandro Lotin de Souza
Enrique Diaz
Estevão Ciavatta
Esther Solano
Eugenia Moreyra
Eugenio Bucci
Fabiana Luci de Oliveira
Fabiana Pereira
Fabio Feldman
Felipe Roseno
Fernand Alphen
Fernanda Abreu
Fernanda Thompson
Fernanda Torres
Fernando Abrucio
Fernando Burgos
Fernando Grostein Andrade
Fernando Meirelles
Fernando Morais
Flávia Gusmão Eid
Flávia Lacerda
Flávio Conrado
Flavio Tavares de Lyra
Floriano de Azevedo Marques Neto
Francisco Sandro Rodrigues Holanda
Franklin Feder
Gabriel Feltran
Galeno Amorim
George Avelino Filho
Gerorgiana Goes
Gilberto Dimenstein
Gisele Froes
Glória Kalil
Gregorio Duvivier
Gui Amabis
Guilherme Casarões
Guilherme Leal
Guilherme Werneck
Haroldo Torres
Heitor Dhalia
Helder Vasconcelos
Helio Santos
Helivete Ribeiro
Heloisa Buarque de Holanda
Heloísa Perisse
Henri Philippe Reichstul
Henrique Silveira
Hugo Possolo
Humberto Dantas
Ilona Szábo
Ilza Jorge
Inês Lafer
Ivam Cabral
Ivanir dos Santos
Jailson Silva
Joana Jabace
João Biehl
Joaquim Falcao
Joel Zeferino
Jorge Abrahao
Jorge Hage
Jorge Romano
Jorge Schwartz
José Marcelo Zacchi
Juana Kweitel
Juca Kfouri
Julia Michaels
Juliana Braga de Mattos
Juliana Sakai
Jurandir Freire Costa
Jussara Silveira
Jussara Silveira
Karina Buhr
Karine Carvalho
Katia Maia
Laerte
Lauro Gonzales
Leandra Leal
Leonardo Letelier
Leticia Colin
Lilia Schwarcz
Luana Lobo
Luciana Guimarães
Lucio Maia
Luedji Luna
Luis Bolognesi
Luiz Armando Badin
Luiz Camillo Osorio
Luiz Eduardo Soares
Luiz Felipe de Alencastro
Luiz Nascimento
Luiz Ruffato
Luiza Lima
Lusmarina Campos Garcia
Malak Poppovic
Mano Brown
Manoela Miklos
Marcelo Behar
Marcelo Burgos Santos
Marcelo Furtado
Marcelo Issa
Marcelo Masagão
Marcelo Rubens Paiva
Marcia Pereira das Neves
Márcio Tavares Amaral
Marco Antônio Carvalho Teixeira
Marcos Cavalcanti
Marcos Fernandes
Marcos Flaksman
Marcos Fuchs

Marcos Joaquim Alves
Marcos Rolin
Marcus Vinícius Faustini
Maria Alice Setubal
Maria Arminda do Nascimento Arruda
Maria da Glória Bonelli
Maria de Medicis
Maria Filomena Gregori
Maria Gadu
Maria Ignez Barbosa
Maria Martha Cassiolato
Maria Stella Gregori
Maria Victoria Benevides
Mariana Lacorte Camponez do Brasil
Mariana Pamplona
Marília Librandi
Marina Dias Werneck
Marina Person
Mário Aquino Alves
Mário Monzoni
Marisa Moreira Salles
Mariza Abreu
Marta de Senna
Mary Camargo Neves Lafer
Mel Lisboa
Melina Risso
Michael Haradon
Miguel Lago

Miguel Reale Jr.
Milton Hatoum
Miriam Krenzinger
Monica Almeida
Monica Franco
Monique evelle
Myrian Porto
Naercio Menezes Filho
Natacha Costa
Numa Ciro
Oded Grajew
Oscar Vilhena
Otávio Dias
Pablo Nunes
Pally Siqueira
Paloma Duarte
Patrícia Pilar
Paula Lavigne
Paulinho Moska
Paulo André
Paulo Barreto
Paulo Borges
Paulo Furquim
Paulo Miklos
Pedro Abramovay
Pedro Meira Monteiro
Pedro Mendes da Rocha
Pedro Paulo Poppovic
Pedro Strozenberg
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva
Philip Yang
Pierpaolo Bottini
Pilar Lacerda
Priscila Cruz
Rafael Alcadipani
Rafael Parente
Raul Santiago
Regina Braga

Renata Motta
Renato Janine Ribeiro
Renato Sergio de Lima
Rica Amabis
Ricardo Abramovay
Ricardo Borges Martins
Ricardo Chaves
Ricardo Henriques
Ricardo Lisias
Ricardo Sennes
Ricardo Teperman
Ricardo Young
Roberta Maiorana
Roberta Martinelli
Roberto Andres
Roberto Amorim
Roberto Waack
Rodrigo Martins Constante
Ronaldo Lemos
Rubens Barbosa
Rubens Naves
Rudi Rocha
Ruth Goldberg
Samira Bueno
Sarah Oliveira
Sergio Abranches
Sergio Leitão
Sergio Miletto
Silvia Noronha dos Santos
Silvia Ramos
Silvia Taques Bittencourt
Silvio Eid
Sueli Carneiro
Tadeu Jungle
Tadeu Valadares
Tainá Müller
Talita Todaro Santos de Miranda
Tasso Azevedo
Tati Bernardi
Theo Dias
Thiago Amparo
Thiago Lacerda
To Brandileone
Tulipa Ruiz
Valeria Macedo
Valerie Tomsic
Valmir Ortega
Valter Roberto Silverio
Valter Silvério
Vanessa Elias de Oliveira
Vera Iaconelli
Vítor Marchetti
Vítor Oliveira
Wagner Moura
Walter Casagrande Jr
Walter Salles
Washington Olivetto
Wilson Simoninha
Xis
Xixo Mauricio Piragino
Zeca Camargo
Zuza Homem de Mello

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Enganoso

O texto ficou detido no projeto e omite que ele não avançou na Câmara dos Deputados e acabou sendo arquivado em 2007.

São falsas as mensagens que circulam no WhatsApp dizendo ao PT o projeto de confisco da poupança e que é automaticamente o caso do candidato ao partido, Fernando Haddad, ou mesmo Ciro Gomes (PDT). 

A mensagem que faz circular o boato o Projeto de Lei n ° 137, de 2004, procedeu com o deputado federal Nazareno Fonteles (PT-PI), comparando ao confisco da poupança idealizado pela ministra Zélia Cardoso de Melo sem governo Fernando Collor, em 1990. 

O texto saiu detido de projeto e omite informações - principalmente, o fato de que ele não avançou na Câmara dos Deputados e acabou arquivado em 2007. A mensagem também deixa de informar que os planos de governo de Haddad e de Ciro não incluem O presente projeto anual de 2004. 

O projeto de Fonts propunha o estabelecimento, por um período de sete anos, de um valor máximo de consumo por pessoa e da “Poupança Fraterna”. O limite de gastos reais é o mesmo que o valor per capita do ano anterior. Para uma ideia, levando-se o resultado do ano passado , o valor seria de R $ 12.680 mensais em 2018.

Todo o rendimento que ultrapasse os limites de um depósito de uma conta especial de poupança, uma “Poupança Fraterna”. Os valores foram devolvidos, com juros e em parcelas, nos últimos 14 anos após o período de sete anos. Até a data, os recursos foram investidos em programas de incentivo a cooperativas, micro e pequenas empresas, programas de trabalho especiais nas áreas de saúde, nutrição e educação e programas de desenvolvimento tecnológico. 

O projeto parou logo na primeira comissão em tramitação na Câmara, uma Comissão de Finanças e Tributação. O então deputado Max Rosenmann (PMDB-PR), que morreu em 2008, foi relator do projeto na comissão. Em 2005, ele elaborou um projeto ao invés do projeto , pedindo o seu arquivamento, o queem oficialidade em 2007 . Fonteles foi deputado federal até 2014 e não voltou a apresentar projetos com este teor.

Na campanha eleitoral deste ano, o plano de governo de Haddad não tem nada que se assemelhe ao projeto apresentado há 14 anos por Fonteles. Uma palavra “consumo”, por exemplo, aparece 20 vezes no plano do petista. Os últimos resultados foram apresentados em 2004. Bem ao contrário, a ativação do consumo foi apresentada como um pilar do plano de desenvolvimento. “A estruturação do novo projeto de desenvolvimento da nova e da capacidade de produção e consumo”, diz o plano do PT. 

O plano de Ciro Gomestambém não tem nenhuma proposta que é pareça com o projeto de Fonteles. O candidato do PDT propõe algo diferente, que é uma redução de impostos sobre o consumo (PIS / COFINS e ICMS). 

Quando tramite na Câmara, o projeto também foi objeto de boatos, como no portal G1 . Em 2014, voltou a circular um confisco de futuro com o projeto como base. Nesta ocasião, o “ Boatos.org ” desmentiu uma peça de desinformação. Fonte: https://projetocomprova.com.br

Paulo Guimarães, que atua em 13 Estados nesta eleição, ainda enxerga Alckmin ou Ciro contra o PT: "O voto branco e nulo diminuiu e foi maciçamente para Bolsonaro. Historicamente esse voto não é dele"

 

O deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) não para de subir nas pesquisas de intenção de voto desde que foi vítima de um atentado no início de setembro, mas seu lugar no segundo turno ainda não está garantido, diz o estatístico Paulo Guimarães. Conhecido como "guru" de campanhas por ajudar a eleger, entre outros casos considerados impossíveis, o hoje candidato ao Senado César Maia (DEM) à prefeitura do Rio de Janeiro em 1992, Guimarães acompanha a eleição por meio de grupos controle de eleitores, atuando em 13 Estados nesta eleição. Presta consultoria, entre outras, à campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), que ele põe ao lado de Ciro Gomes (PDT) no páreo pela vaga que muitos já dão como garantida para Bolsonaro no segundo turno.

O desafio de adversários mais ao centro, segundo ele, é se provar melhores adversários contra o PT de Fernando Haddad e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O voto que veio [para Bolsonaro] após a facada é de um contingente puto contra o sistema. O voto branco e nulo diminuiu drasticamente e foi exclusiva e maciçamente para o Bolsonaro. Historicamente esse voto não é dele", diz o estatístico na entrevista que segue abaixo. 

 

Pergunta. O que é possível dizer neste momento sobre o desfecho do primeiro turno?

Resposta. O Haddad vai para o segundo turno. Era muito difícil o candidato do Lula não estar no segundo turno, e isso tem se confirmado pelas tendências. O Lula é um apoiador muito forte. Muita gente confundiu o apoio dele ao Haddad presidente com o apoio ao Haddad prefeito de São Paulo. Quem sabe do buraco da minha rua é o prefeito, o ex-prefeito, o candidato a prefeito. O presidente fica longe, distante. O governador está um pouco mais próximo, mas quem está muito próximo é um ex-prefeito, um prefeito atual.

 

  1. Bolsonaro lidera as pesquisas desde o início da campanha e não para de crescer. Por que não está garantido?
  2. O voto dele não é de competência, é de protesto, de ódio ao outro lado. A maior fidelização entre os candidatos é a do Bolsonaro, mas tem uma parte muito flutuante ali ainda, que está lá pelo ódio. Se o eleitor perceber que pode ganhar do PT sem o ódio, ele pode mudar. Mas, para isso, tem de aparecer um desses outros candidatos de centro com uma votação que dê esperança ao eleitor. E isso vai ser decidido nos últimos três dias. Se um desses de centro chegar [ao final da corrida eleitoral] com 15% e o Bolsonaro com 25%, é possível.

 

  1. É possível prever um cenário assim mesmo diante do crescimento de Bolsonaro nas pesquisas?
  2. As chances deles aumentam com o crescimento nas pesquisas, mas pode mudar muita coisa se o Bolsonaro não se mostrar competitivo contra o PT no segundo turno. Eu já vi [Celso] Russomanno a três dias da eleição com 11 pontos na frente de [José] Serra e Haddad [na eleição pela Prefeitura de São Paulo em 2012], e os dois passaram à frente. Se ninguém aglutinar, os votos vão para o Bolsonaro por conta do ódio ao PT. Se alguém do centro aparecer bem posicionado, vai atrair os votos úteis. Ainda é um pouco cedo para se pensar num quadro definitivo. Mas eu apostaria que o Haddad está no segundo turno, e a outra vaga tem de ser disputada por Ciro, Geraldo e Bolsonaro.
  3. Alckmin consegue tirar voto de Bolsonaro?
  4. Qualquer um consegue. Dezesseis por cento dos votos do Bolsonaro são do PT. Haddad vai tirar votos de Bolsonaro, do eleitor pobre do Nordeste. Da mesma maneira que, se Bolsonaro se consolidar como a única força contra o PT, ele vai tirar votos de Geraldo, do centro. Se o Geraldo se mantém solto [do grupo de candidatos empatados nas pesquisas], é uma briga entre eles dois para ver quem vai enfrentar o PT no segundo turno. A simulação de segundo turno com Haddad crescendo... Tem uma linha toda de centro que pode explorar isso, mas as campanhas de uma maneira geral foram muito ruins. Com exceção à do [Henrique] Meirelles.

 

  1. Por que a campanha do Meirelles (MDB) não emplaca?
  2. Por causa do [presidente Michel] Temer. As pesquisas mostram que, se Meirelles não estivesse com Temer, teria mais votos. Falei isso desde o princípio. O Alckmin atingiu seu auge de 10% quando bateu no Temer e o Temer retrucou. O campo vencedor da eleição é o de oposição ao Temer. E ninguém explorou isso, só a Marina [Silva, Rede] no lançamento da candidatura dela. Por isso ela saiu à frente daquele bloco. Agora é um campo político: PT e anti-PT. 

 

  1. P.argumento dos tucanos pelo voto útil tem poder de atrair eleitores?
  2. O voto útil tem uma hora certa de acontecer, para quem quer que seja. Um candidato não precisa passar o outro para ter voto útil, mas apenas mostrar uma recuperação. Pelo tempo de tevê e por aglutinar uma parte do centro, que é maior do que o ódio da direita e o ódio da esquerda, Alckmin teria mais chance de voto útil no final —votos inicialmente do [João] Amoêdo, do Meirelles. Isso é histórico. Na eleição que o Geraldo perdeu [para Lula, em 2006], ele teve nove ou dez pontos a mais do que as últimas pesquisas indicavam. Foi uma surpresa muito grande ele passar da casa dos 40%. Nas últimas pesquisas oficiais, o Aécio [Neves, em 2014] cresceu muito nos últimos dois dias, contra a Marina. Esse voto conservador sempre esteve do lado não do PSDB, mas desse centro de conciliação.

 

  1. atentado contra Bolsonaroforçou a campanha de Alckmin a interromper as críticas que fazia para desconstruir o adversário. Já dá para dizer que foi um evento crucial na corrida presidencial?
  2. É preciso aguardar o fim da eleição para dizer isso. Nós fazemos um trabalho de grupo controle. No dia da facada, o único que perdia votos era o Bolsonaro. Aí veio a facada, nós paramos o campo, e ele foi para 22% [no Ibope]. Ele não recebeu esses votos do eleitor do Alckmin ou da Marina, foi basicamente dos brancos e nulos e dos indecisos, pela comoção, como a Marina teve aquela enxurrada de votos [em 2014], que também não eram dela, porque o avião [que levava o então cabeça de chapa do PSB, Eduardo Campos] caiu. O povo do Brasil é assim, é coração. “Se deram uma facada nele, ele deve ser bom”. Nas pesquisas oficiais, ele cresceu 2%. Mas se o Alvaro Dias (Podemos), que tem menor rejeição, tivesse levado uma facada, ele teria crescido muito mais.

 

  1. Você diz que esses votos não são de Bolsonaro. São de quem?
  2. O voto que veio após a facada é de um contingente putocontra o sistema. O voto branco e nulo diminuiu drasticamente e foi exclusiva e maciçamente para o Bolsonaro. Historicamente esse voto não é dele, e tenderia a voltar para o estágio inicial conforme o efeito fosse diminuindo, mas ele ainda está no hospital. A facada não deu a esse candidato nenhum atributo de voto, mas a comoção pode ir até o fim da eleição ou não. A Marina desmorona toda eleição porque ela não tem atributos de voto: firmeza, experiência, competência, autoridade, coragem. São 36 atributos de votos que compõem um candidato a presidente da República. Não sou eu que estou julgando a Marina, é isso que o eleitor fala. Ela tem imagem de guerreira, uma mulher de origem muito pobre, batalhadora, mas isso não é atributo de voto. Ela também ficou marcada por ficar quatro anos sem marcar um atributo.

 

  1. É de se esperar, então, que Bolsonaro perca algum do espaço ganhado nos últimos dias? 
  2. A Marina teve muito mais [intenção de voto] do que ele tem hoje, subiu 31 pontos e chegou a 37% [em 2014]. A esse ponto, o Aécio não estava sequer no debate. A comoção se dissipou e ela ficou com 21%, ele [o senador tucano] foi para o segundo turno. Ainda é cedo. Hoje se aposta muito mais no Bolsonaro porque ele está à frente. Mas nas últimas eleições das capitais, apenas três candidatos que saíram na frente ganharam, entre eles o ACM Neto (DEM) e o Marcelo Crivella (PRB). Todos os outros saíram muito de trás. O [prefeito de Porto Alegre, Nelson] Marquezan (PSDB) largou com 3,6%. Quem sai à frente tem o ônus de ser a maior mira de todo mundo, e também carrega os votos do eleitor desatento, que indica o voto nele porque é o candidato mais comentado. Quando ele começa a prestar atenção, percebe que não é isso que ele queria.

 

  1. E Bolsonaro, não tem mais para onde crescer?
  2. Tem, mas em função do ódio, não dele. A rejeição dele é muito alta há algum tempo. À medida que o Lula fica mais odiado, que outros candidatos dizem que vão dar indulto para ele, o eleitor decide votar no Bolsonaro. O jogo hoje é muito mais político do que temático —de melhorar saúde, educação, segurança. As mulheres não votam no Bolsonaro, mas as mulheres pobres tendem a decidir o voto mais tarde. O país é absurdamente machista. O marido vai dizer em quem elas devem votar, principalmente nas classes mais baixas, das mulheres mais agredidas. O voto da mulher tem convergido para o voto do homem historicamente. Fonte: https://brasil.elpais.com