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Desde maio, a política do presidente Donald Trump, de tolerância zero com a imigração ilegal, levou à separação de mais de 2 mil crianças de suas famílias
Pelo menos 51 crianças brasileiras ainda estão separada dos pais, depois de terem cruzado a fronteira entre o México e os Estados Unidos, conforme informou o cônsul-geral adjunto do Brasil em Houston, Felipe Santarosa, nesta segunda-feira (25). Até a última sexta (22), o número que o governo brasileiro tinha confirmado era de 49 crianças.
Segundo Santarosa, uma das crianças deve se encontrar com a mãe em breve. “Eu espero que o menino consiga sair esta semana já”, disse o cônsul-geral adjunto à Agência Brasil. Ele informou que o menino, de 9 anos, está em um abrigo perto de Houston, e sua mãe, no estado de Massachusetts, depois de ter tido liberdade condicional concedida na quarta-feira (20) pela Justiça norte-americana.
Por enquanto, a assistente social do abrigo está providenciando os papéis para promover o reencontro da família. O menino já conversou com a mãe por telefone, e a família deve ficar nos Estados Unidos até que o processo seja finalizado, e a Justiça decida se ela pode ficar no país ou deve ser deportada.
Segundo o cônsul-geral adjunto, que conversou com a criança na sexta, o menino está sendo bem tratado. “É claro que ele está em um abrigo, está há 20 dias dentro de um abrigo. Mas o abrigo tem uma escola, ele tem frequentando aulas nessa escola, me pareceram condições geralmente boas. Ele está sendo bem alimentado, é claro que psicologicamente é uma situação um pouco mais difícil”. Apesar disso, Santarosa afirmou que, durante a entrevista dele com o menino, a criança não chorou.
De acordo com Santarosa, o menino está em um abrigo pequeno, para apenas 170 crianças. Como é o único que fala português, acaba se comunicando em espanhol na maior parte do tempo, embora tenha direito a solicitar um intérprete do idioma materno quando houver dificuldades de comunicação.
Santarosa disse que, a partir de agora, cada consulado é responsável pelas informações sobre as crianças de sua jurisdição. Por isso, não tem informações sobre outras crianças que poderiam se unir aos pais em breve, acrescentou. Na jurisdição de Houston, há oito no total. O cônsul-geral adjunto afirmou que “o interesse dos abrigos é reunir [as crianças] com os pais, eles não querem manter as crianças separadas. Agora, a dificuldade é que os pais estavam em prisões, eles não podem mandar as crianças para prisões”.
Desde maio, a política do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tolerância zero com a imigração ilegal, levou à separação de mais de 2 mil crianças de suas famílias ao passar pela fronteira entre México e Estados Unidos. Na quarta-feira (20), depois de muita pressão doméstica e internacional, Trump assinou um decreto executivo que poria fim à separação das famílias. A solução deve ser manter as crianças presas ao lado dos pais. Fonte: http://bahia.ba/mundo
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Vítimas do desastre sofre
Por Ana Lucia Azevedo
Dois anos e sete meses depois, vítimas do desastre sofrem de distúrbio psicológico de origem social
MARIANA (MG) — A cada amanhecer em Mariana, Minas Gerais, Eliana da Silva se pergunta a mesma coisa. Vê o sol raiar e, como nos últimos dois anos e sete meses após o desastre que devastou sua vida, não enxerga uma luz para os filhos. Lorraine, de 17 anos, “perdeu a alegria de viver”. João, de 9 anos, passou a não dormir e a chorar, “com medo de morrer”. Eliana os acompanha as noites adentro, quase nunca dorme. “Será que alguma mãe sabe acabar com essa dor?”.
A única certeza de Eliana, de 41 anos, é que será mais um dia de agonia. Sem data para terminar, sem prazos garantidos. Assim como o reassentamento e o pagamento das indenizações a Eliane, sua família e as demais vítimas do rompimento da barragem de rejeito de mineração da Samarco, em Mariana. Ocorrido em 5 de novembro de 2015, o maior desastre ambiental da história do Brasil permanece impune. E ela e os filhos estão entre os muitos casos de depressão entre as vítimas do desastre.
Um estudo da UFMG revelou este ano que 28,9% dos atingidos pela tragédia da Samarco sofrem de depressão, um percentual cerca de cinco vezes maior do que o da população brasileira, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Entre as crianças e jovens, o percentual sobe para 39%. “Um quadro pior do que o encontrado em Fukushima (a cidade do Japão, cujas vítimas foram atingidas por um terremoto seguido de tsunami e um vazamento nuclear). Isso aconteceu porque o desastre de Mariana não acabou. O fator agressor está em curso”, afirma o psiquiatra Frederico Garcia, do Departamento de Saúde Mental da UFMG e um dos coordenadores do estudo.
Após o terror de fugirem da onda de lama e perderem tudo, os filhos de Eliana conheceram a solidão e o preconceito em Mariana. Na cidade, foram chamados de “pés de lama”, forma como parte dos moradores da cidade passou a se referir aos atingidos, depois que a Samarco foi obrigada a paralisar suas atividades devido ao desastre causado por sua barragem de rejeito de minério de ferro. “Houve caso de abaixo-assinado para que os filhos dos atingidos fossem tirados de escolas de Mariana para onde foram transferidos após o desastre. Tudo isso prolonga o dano emocional e à saúde”, observa Garcia.
— Lorraine perdeu o contato com todos os amigos. Foi xingada de pé de lama, não tinha como se defender. Com o João, foi ainda pior. Crianças disseram que iam jogar pedras nele. E jogaram. Jogaram pedra nele. Em Mariana, algumas pessoas colocam a culpa do desastre nos atingidos. Lorraine e eu já fomos discriminadas até no ponto do ônibus. Sofro, mas sou adulta. Meus filhos sofrem muito mais. Ainda vivemos sem justiça. Que mãe aguenta isso? — pergunta.
Eliana morava com os cinco filhos em Paracatu de Baixo, vilarejo rural de Mariana conhecido pelas festas, como a Folia de Reis. Hoje, como Bento Rodrigues, Paracatu está sob o literal mar de lama. Em Paracatu, “todo mundo se conhecia. De sangue ou de coração, todos eram uma família”, lembra ela.
Em Mariana, na casa alugada pela Fundação Renova (criada para gerir o desastre), se viu sozinha com os filhos. Além de Lorraine e João Vitor, ela é mãe de Joyce, 21 anos; Hugo, de 14, e Marcela, de 11. Ajuda Joyce e o marido dela a cuidarem da neta Valentina, de 1 ano. As famílias atingidas foram dispersadas pela cidade, em casas alugadas, enquanto esperam por um reassentamento prometido para 2019 e agora sem prazo garantido para acontecer.
— Tem uma hora que basta. A gente fica doente de tanta injustiça. Não adianta só tomar remédio. Nos tiraram tudo, deixaram meus filhos doentes. Fazem reuniões, reuniões, reuniões. E não resolvem nada. Só enrolam. A justiça não anda. Mas o desespero, isso é todo dia. Conto o que estamos passando porque preciso desabafar, queria ter esperança que as coisas pudessem melhorar — diz Eliana.
Lorraine foi a primeira a adoecer. Ao ser separada da comunidade de Paracatu de Baixo, se viu sem laços de família e amizades. Os amigos que cresceram juntos não estavam mais “logo ali ao lado”. Na rua, passou a encontrar gente que a olha de soslaio e a chama de “pé de lama”. O carinho da família não está mais na vizinhança. Só por telefone. Ou indo de ônibus, e nem sempre havia dinheiro para a passagem.
O lugar para as conversas dos jovens deixou de ser a quadra da escola. Se reduziu a grupos de WhatsApp — corriqueiros no mundo digital urbano e o mesmo que nada para pessoas acostumadas ao convívio com gente de carne e osso. À medida que os meses em Mariana se passavam, Eliana conta que Lorraine passou a se isolar e a chorar pelos cantos. Desde pequena elogiada pela beleza, a menina emagreceu a ponto de assustar a mãe, ficou “com menos de 30 quilos”. Os longos cabelos negros caíram em chumaços.
— Parei de dormir porque ela passava as noites em claro. Virei zumbi. Lorraine perdeu a vontade de viver, nunca mais foi a mesma. Ela era tão animada. Levei aos médicos, não melhorou quase nada. Já procurei um psicólogo particular, mas tive que desistir porque não posso pagar, fica caro — diz a mãe, que também passou a sofrer com sintomas de depressão, como pesadelos recorrentes e apatia.
Lorraine amava o cotidiano cercada por parentes e amigos de infância, das frutas colhidas no pé no quintal de casa. Preferiu ir cursar o Ensino Médio na cidade vizinha de Águas Claras, mesmo mais longe, para se sentir “um pouco mais em casa, na roça” e se livrar do preconceito.
A mãe se recorda que João Vítor não dormia nos meses seguintes ao desastre. Chorava e dizia que ia morrer. Mandaram-no para o psicólogo e deram-lhe remédios. “Mas os psicólogos fizeram uma coisa que não gostei. Ele perdeu a bicicleta na lama e os psicólogos, para que ele voltasse às consultas, disseram que ele ia ganhar uma bicicleta nova. Claro, não ganhou nada. Não precisavam tê-lo enganado”, reclama.
Para os autores do estudo, uma das piores consequências do rompimento da Barragem de Fundão foi pulverizar as comunidades.
— A dispersão dos atingidos foi o segundo desastre para as vítimas da tragédia. A capacidade de resolver problemas tem um forte componente coletivo em comunidades rurais unidas, que são como família estendidas, como as de Paracatu e Bento Rodrigues. A resiliência é do grupo. Sozinhas, as pessoas se tornam vulneráveis. O meio urbano é individualista. O rural, coletivo — afirma Garcia.
Eliana se ressente da falta da rede comunitária. Na roça, sempre havia quem tomasse conta dos filhos menores enquanto ela trabalhava. Na cidade, ainda precisa gastar o dinheiro curto no supermercado. Em Paracatu, Eliana e os filhos iam à horta do quintal de casa. O que não tinham, os parentes e vizinhos davam. Agora, não sabe quando voltarão a morar na roça, num prometido reassentamento. Tampouco imagina quando os filhos voltarão a ter paz.
— Desde aquela noite do desastre, em que busquei, um a um, os meus filhos espalhados no mato escuro pela lama, não sei de mais nada. A partir daquele dia, foi só confusão, decepção, depressão, tudo junto. Me tiraram o controle da minha vida. Como vou saber lidar com isso?
Como na canção de Cartola, Marta se queixou às rosas. Ela as plantou num vaso, para “dar um pouco de alegria” a seu mundo literalmente coberto de lama. Acalentava a esperança de logo levá-las para casa. Mas já terminaram três verões, a roseira cresceu, quebrou o vaso e plantou raízes no chão. As rosas não falam. Mas lembram a Marta que muito se tempo passou, desde que elas as plantou em fins de 2015. A esperança virou tristeza e esta, depressão. Como outros atingidos pelo rompimento da barragem de mineração da Samarco, Marta de Jesus Arcanjo Peixoto, de 46 anos, adoeceu.
E Marta, que evita falar de esperança, vive a esperar. Espera que os pesadelos cessem à noite e que, ao acordar, não mergulhe em outro, na casa pequena, sem forro, chão de terra batida, paredes mal acabadas em que passou a morar desde que a lama destruiu seu sítio então recém-reformado, em Paracatu de Baixo. Tinha a entrada coberta por orquídeas e rosas, como as que agora arrebentam o vaso.
Ela espera se livrar da depressão. Esta começou seis meses depois da destruição de seu sítio e sua comunidade. Agora, consome sua energia, coisa que nunca havia lhe faltado e permitiu, que junto com o marido John, trabalhasse na roça e juntasse dinheiro para que os filhos chegassem à universidade. Hoje, o mais velho, Johne, de 27 anos, cursa doutorado em Engenharia. O mais novo, Darlei, ingressou na faculdade de Matemática. A filha Tatiane, de 24 anos, se mudou para Mariana e raramente pode visitar os pais porque a casa deles não é segura para seu filho de 3 anos. Falar do neto é uma das poucas coisas que ainda fazem sua mãe sorrir, diz Johne, que luta pelos direitos da família e passa os fins de semana ajudando os pais no trabalho pesado da roça.
Marta, que vive o desespero dos que têm a vida transformada numa espera sem fim, precisa aguardar até mesmo por tratamento. Há três meses está sem atendimento, por uma combinação de falta de transporte a médicos licenciados.
Principalmente, Marta espera a reconstrução de seu sítio em outro lugar que não seja em cima da própria lama — esta foi a única oferta feita pela Fundação Renova e que a família recusou. Esperam que a Renova reconstrua sua propriedade num terreno vizinho, mais elevado e a salvo da lama.
— Queriam que a gente morasse sobre rejeito, lama e a própria desgraça. Isso é falta de respeito — diz.
O sítio concretizava o sonho da vida de Marta, uma mulher nascida e criada na roça de Paracatu de Baixo, que se sentia mal só de pisar em cidade. “Desde que me casei, aos 18 anos, sonhava com um piso de cerâmica por toda casa e banheiro azulejado até o teto. Uns meses antes da lama, com os meninos criados, tínhamos terminado a reforma. A vida tinha ficado confortável. Não durou nada”. O sítio virou um cemitério de rejeitos, escombros, animais e lembranças.
As seis lagoas onde a família nadava e criava peixes se tornaram poços de areia movediça, armadilhas em que animais ainda atolam. Fazem parte das dezenas espalhadas pelas margens do Rio Gualaxo do Norte citadas por relatórios do Ibama, que consideram imprescindível remover a lama delas por oferecerem risco de morte a pessoas e animais.
— A gente ficava a uma pinguela de distância de Paracatu de Baixo e ia para lá aos domingos. Era só atravessar o rio. Assistia à missa, encontrava com os amigos para um churrasco. Era bom demais, muita alegria. Os meninos faziam festa com o John, o chamavam de João Raio porque era forte na lida com o gado. Agora, estamos sós. Só nós e a lama. A solidão adoece a gente. A solidão, a injustiça, tudo isso dói de um jeito que não passa. A gente nem lembrava dessa barragem e ela acabou com a nossa vida numa noite. Quem causou isso não está nem aí para a gente. Eu não sei o que passa pela cabeça dessas pessoas — afirma Marta.
A gerente de reassentamento da Renova, Patrícia Lois, afirma que até fevereiro deste ano reconstrução no mesmo lugar — isto é, sobre a lama — era de fato a única oferta para alguns sitiantes, mas que agora a fundação oferecerá opções em outros locais.
Marta espera retomar o controle da própria vida e, então, voltar a sonhar. Só não pode, dia algum, se dar ao luxo de esperar o sol raiar. Seu trabalho e o do marido John Jesus Mol Peixoto, de 53 anos, começa às 4h, quando percorrem a pé os dois quilômetros da casa alugada até o curral do antigo sítio para ordenhar suas 30 vacas. Folgas nos domingos e feriados ficaram no passado, enterrados na lama junto com o sítio que construíram.
— Chegaram a nos oferecer morar numa casa alugada na cidade. Para nós, isso é impossível porque vivemos das nossas criações, são tudo o que nos restou. Nossas vacas que escaparam da onda de lama ficaram junto das ruínas do sítio e seriam levadas para o depósito da Renova. Também íamos entregar nossos animais para a Renova e viver na dependência de um cartão, um pagamento miserável? — revolta-se John, também acometido por depressão e cada vez mais calado e recluso em casa.
John passa o dia todo no campo. Precisa evitar que as vacas entrem na lama e atolem, como muitas vezes já aconteceu. Vez por outra, uma entra nas ruínas, pula restos de sofás ou o casaco enlameado do filho mais velho onde ainda se vê o emblema bordado da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Na parede que restou da sala, ficou grudado pela lama um relógio quebrado.
— Nosso tempo está parado como o dele, no dia em que nosso mundo acabou. Vem a barragem dos outros e destrói tudo. E ninguém paga. Não acontece nada — diz ele.
Nas poucas vezes em que vai a Mariana, Marta busca quem restaure seu retrato de casamento, que conseguiu encontrar nos destroços da casa. Ninguém lhe dá muita esperança. Ela então se volta às suas rosas, “a única coisa bonita que restou por aqui”.
As rosas de Marta e as frutas no pé de Lorraine e Eliana representam mais do que plantas. São o que restou de uma forma de pertencimento destruída pelo desastre da barragem da Samarco. O psicólogo Sérgio Rossi, que coordenou a rede de assistência psicossocial aos atingidos até o ano passado, lembra que a depressão é resultado da combinação de uma perda enorme com a incerteza sobre o futuro.
— Essas pessoas foram arrancadas de seu território. Perderam seu modo de vida e vivem na incerteza, sem referências. Quando serão reassentadas? Haverá justiça? Elas não têm qualquer perspectiva. A impunidade e a morosidade da justiça também causam adoecimento — frisa.
Ser transferido da roça para a cidade pode alegrar a muita gente, inclusive vários dos atingidos, diz. Mas não a quem se sentia integrado à vida no campo. Para saber o que isso significa, basta imaginar uma pessoa completamente urbana, acostumada a comprar a comida pronta, depender de tecnologia e frequentar shoppings e cinemas, ser obrigada a revolver a terra, plantar e colher sua comida, ordenhar vacas, andar em estradas de terra desertas e quase nunca ter sinal de telefonia, quanto mais de internet. Paraíso e inferno podem ser relativos.
— Você dá remédios para um sitiante, o coloca numa terapia. E todos os dias ele volta para um mundo que não é o dele e que o hostiliza. Ele vive sob permanente sensação de estranheza e injustiça — observa Rossi.
O psiquiatra Frederico Garcia, da UFMG, destaca que a sociedade urbana é individualista, mas no campo as coisas são diferentes:
— Em Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e nos demais povoados existia o modo de vida tradicional, coletivista, em que a comunidade é parte da família. A relação com a terra é muito forte.
A psicóloga Maíra Almeida Carvalho, do grupo de apoio Conviver, que atende aos atingidos desde janeiro de 2016, diz que a depressão está ligada a “perder o pertencer e o direito de governar a própria vida”.
— A terra é parte da família. Não se trata apenas de um espaço geográfico, mas afetivo.
Ela teme que a exposição da gravidade dos danos psicológicos acarrete ainda mais preconceito contra os atingidos.
— A depressão dos atingidos é como uma tristeza muito profunda, um sofrimento imenso, com causa social. É um cotidiano de desastre em curso e sem domínio sobre o próprio destino.
Para Garcia, são necessárias três coisas fundamentais. A primeira e mais urgente é a assistência, que “não pode ficar só a cargo do Estado.” A segunda é o Brasil ter uma estratégia de saúde mental para as vítimas de desastres, pois “os dias seguintes podem ser tão devastadores quanto o da tragédia”. A terceira é uma política de compensação de longo prazo para as crianças e jovens.
— Vítimas de estresse pós-traumático correm maior risco de complicações ao longo da vida. Eles não podem ser abandonados. Algo precisa ser feito por eles.
Dois anos e sete meses após a barragem de rejeito de minério de ferro de Fundão, da Samarco, romper e causar o maior desastre ambiental do Brasil, tudo o que as pessoas atingidas podem fazer é esperar. Sem prazo definido. O andamento da ação civil, adiado por quatro vezes, deveria ser retomado no próximo dia 25. Já para a construção dos reassentamentos de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira, não há mais sequer prazo.
Em 5 de novembro de 2015, a onda de lama levou menos de meia hora para destruir Bento Rodrigues e no início da noite já engolia Paracatu de Baixo. Chegou para devastar Gesteira, em Barra Longa, de madrugada. Existia por parte da Fundação Renova um cronograma de que o novo Bento Rodrigues estivesse construído em março de 2019. Os outros reassentamentos, depois. Não mais.
— Não se pode falar de prazo agora — diz Patrícia Lois, gerente de reassentamento da Renova, a fundação criada a partir de acordo entre a Samarco, suas controladoras Vale e BHP Billinton, governos federal e estaduais de Minas Gerais e Espírito Santo para arcar com a reparação, a indenização e a compensação dos danos.
O pedido de licença ambiental para a propriedade de Lavoura, onde será construído o reassentamento de Bento Rodrigues, foi protocolado apenas no último dia 23 de maio. Sem licença, sem obras. Ainda assim, foi aberto um canteiro de obras. Mas lá só está em construção a infraestrutura _ banheiros, dormitórios etc. _ que os funcionários precisarão para fazer a obra, quando esta um dia começar.
— O atraso é relativo. O que está trazendo é o conhecimento do processo — diz a gerente.
Conhecimento do processo se traduz como novas reuniões com os atingidos para que eles digam mais uma vez o que querem. Aí, serão feitos projetos, segundo Lois, individualizados. “Cada um vai poder dizer como quer morar”, afirma. Só não informa quando existirá o lugar para morarem. A Renova contratou 17 arquitetos e “os capacitou” com oficinas ministradas por antropólogos para que, de acordo com ela, entendam o que realmente desejam os moradores, de 225 famílias.
Enquanto isso, se espera o licenciamento. Para este também não existe prazo, reconhece a gerente. “Mas a previsão é que os órgãos vão ser céleres”. Mas, diz ela, “as dificuldades trouxeram maturidade para todos”.
A Renova também não sabe quantas casas vai construir porque isso depende do cadastro dos moradores, que também “não foi consolidado”. Isto é, continua inacabado. E depois que terminar ainda será preciso fazer uma segunda fase, com levantamento de campo do que restou das propriedades. Das propriedades das quais nada restou ou foram submersas pelo dique que a Samarco construiu para conter a lama nos destroços de Bento Rodrigues, Lois explica que serão obtidas informações “por meio de entrevistas e autodeclaração”.
Só depois de concluídas essas fases, sem garantias de prazos, é que as pessoas atingidas poderão dizer se preferem ir mesmo para o reassentamento ou se querem uma opção individual, em outro lugar. “As pessoas têm que ter conhecimento e maturidade para escolher”, afirma a gerente da Renova.
Quem morava em Paracatu de Baixo terá que esperar ainda mais. Primeiro, a Renova precisa terminar de comprar as propriedades que comporão o reassentamento, uma área chamada de Lucila. Lois informa que 85% da área já foi comprada. Mas Paracatu precisa aguardar ainda a elaboração de uma legislação específica, pois, segundo a gerente, “não é rural nem urbano”.
Por enquanto, a Renova faz mais oficinas. Desta vez para que as 140 famílias de Paracatu de Baixo “definam o conceito do projeto”.
O reassentamento de Gesteira, bem menor, seria mais rápido. Já não é mais. A princípio, eram apenas 17 famílias. Agora, acrescenta Lois, com o reconhecimento e a inclusão de posseiros estabelecidos no distrito e afetados pelo desastre, o número de famílias poderá chegar a 37. “Com isso, o local de reassentamento passará de 6 para 39 hectares”, explica.
— A gente reconhece que é difícil para quem está fora de casa. Mas é preciso construir todo esse processo — observa. Prazo, não há. Fonte: https://oglobo.globo.com
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O Arcebispo metropolitano de Aracaju completa hoje, 24, mais um ano de vida. Ele tem se doado na missão de Jesus Cristo a frente de nossa Arquidiocese, cuidando do nosso Seminário, bem como exercendo cargos de serviço na Cáritas e no Setor NE 3 com zelo e cuidados de pastor. Por tudo isso nós somos gratos e rezamos a Deus por sua vida, para que seja longa, saudável, e, sobretudo, fecunda. Felicidades, Dom João! Parabéns! Fonte: www.facebook.com/seminario.dearacaju
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Principal nome da Seleção Brasileira e autor do segundo gol da vitória sobre a Costa Rica nesta sexta-feira (22), o atacante Neymar caiu em prantos ao fim da partida, válida pela segunda rodada do grupo E da Copa do Mundo e disputada em São Petersburgo. E logo após o choro no gramado, o camisa 10, que foi bastante criticado, desabafou nas redes sociais.
“Nem todos sabem o que passei para chegar até aqui. Falar, até papagaio fala, agora fazer…”. Disse que chorou de alegria, de superação e de garra. “Na minha vida as coisas nunca foram fáceis, não seria agora, né! O sonho continua, sonho não, objetivo”, afirmou Neymar no perfil oficial no Twitter.
O craque brasileiro foi alvo de críticas após a estreia na Copa do Mundo, no empate com a Suíça, especialmente por não ter rendido o esperado pela torcida e também pelos analistas.
Com o gol marcado contra os costa-riquenhos, Neymar ultrapassa Romário e se torna o quarto maior artilheiro com a camisa da seleção brasileira, agora com 56 gols em 87 jogos, ficando atrás apenas de Zico, Ronaldo e Pelé, que lidera o grupo com 95. Fonte: http://www.bandnewsfm.com.br
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Frei Betto
Nossas famílias e escolas tratam o tema como tabu. Calam-se sobre o que precisa ser debatido
Os recentes suicídios da estilista Kate Spade e do chef Anthony Bourdain, somados aos de alunos de colégios de classe alta em São Paulo, exigem reflexão.
Segundo dados de 2015 da Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio mata mais jovens entre 15 e 29 anos que o HIV. Fica atrás apenas dos acidentes de trânsito.
Nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão do governo, admite aumento de 30% nos suicídios desde 1999, a maioria por armas de fogo. No Brasil, o índice é de 6,9 casos por cada 100 mil habitantes.
São muitas as causas: perda de entes queridos (por morte ou separação), problemas financeiros ou legais, abuso de substâncias químicas (drogas, bebidas, medicamentos), declínio da saúde física ou mental etc. Entre os jovens, perda da autoestima.
Nossas famílias e escolas tratam o tema como tabu. Calam-se sobre o que precisa ser debatido: sexo, falta de afeto, dor, separação, fracasso e morte.
Nessa sociedade neoliberal que enfatiza como valores supremos riqueza, poder, fama e beleza, é indispensável a educação fomentar a consciência crítica perante tal proposta consumista/hedonista e instruir os jovens a lidar com perdas e conflitos emocionais. E se as coisas derem errado em suas vidas, o que fazer?
O suicida é um ator que entra em cena quando cai a cortina do palco. Ele nos interpela. Joga sobre nós o peso da culpa. Por que não fomos capazes de salvá-lo? Deixamos de amá-lo o suficiente? Há várias formas de suicídio e a pior nem sempre é a que faz cessar a vida como fenômeno biológico.
A Bíblia menciona raros casos de suicídio, como Abimelec (Juízes9,54), Saul (1 Samuel 31, 4), Zimri (1 Reis 16,18) e Judas (Mateus 27,5). A Igreja primitiva silenciou diante do fato, embora eminentes teólogos, como Eusébio de Cesareia, João Crisóstomo, Ambrósio e Agostinho, tenham aconselhado encará-lo com misericórdia.
No século VI, a Igreja passou a negar funerais religiosos aos suicidas. Pouco mais de um século depois, eles foram excomungados. Isso mudou com o novo Catecismo, aprovado pelo papa João Paulo II, em 1983.
Embora cometam um atentado ao maior dom de Deus, a vida, deve-se acolher com misericórdia os suicidas induzidos por “distúrbios psíquicos graves, angústia ou o medo grave da provação, do sofrimento ou da tortura”, fatores que lhes diminuem a responsabilidade.
E acrescenta: “Não se deve desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por muitos caminhos que só Ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida” (2283).
Meu confrade frei Tito de Alencar Lima foi levado ao suicídio, aos 28 anos, devido às torturas sofridas sob a ditadura militar, conforme retrato em Batismo de sangue (Rocco), obra levada ao cinema por Helvécio Ratton.
Por ocasião do retorno de suas cinzas ao Brasil, em solene celebração na catedral da Sé, em São Paulo, o cardeal Paulo Evaristo Arns afirmou na homilia: “Frei Tito não se matou. Buscou do outro lado da vida a unidade perdida deste lado.” Fonte: https://oglobo.globo.com
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Quinta-feira, 21 de junho. Arthur, de Belo Horizonte e Bruno, de Unaí-MG
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Nova Classificação Internacional de Doenças descreve o vício em videogames como um distúrbio de comportamento
A Organização Mundial da Saúde (OMS) deixou de considerar a transexualidade como um transtorno mental e reconheceu o vício em videogames como um distúrbio de comportamento, segundo a nova edição da Classificação Internacional de Doenças (CID), publicada nesta segunda-feira. A última revisão desta norma havia sido feita 28 anos atrás. Durante a última década, especialistas analisaram as informações científicas mais recentes para criar um novo padrão que pudesse ser usado por profissionais da saúde do mundo inteiro. Cada país, no entanto, precisa se adaptar à nova CID, com prazo até 1º. de janeiro de 2022.
A CID é uma codificação padronizada de todas as doenças, distúrbios, condições e causas de morte. Essa norma serve para que os países obtenham dados estatísticos e epidemiológicos sobre sua situação sanitária e possam planejar programas de acordo com isso.
Até agora, as pessoas que não se identificavam com o sexo que lhes foi atribuído ao nascer eram consideradas doentes mentais pelos principais manuais de diagnóstico, devido à classificação da OMS. As entidades LGTBI passaram anos reivindicando que a transexualidade, que é um transtorno de identidade de gênero, saísse do compartimento das doenças mentais e entrasse no de comportamentos sexuais. Com esta mudança, a OMS mantém a transexualidade dentro da classificação para que uma pessoa possa obter ajuda médica se assim desejar, já que em muitos países o sistema sanitário público ou privado não reembolsa o tratamento se o diagnóstico não estiver na lista.
“Queremos que as pessoas que sofrem dessas condições possam obter assistência médica quando a necessitarem”, explicou o diretor do departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da OMS, Shekhar Saxena. Mas a transexualidade deixou de ser considerada uma doença mental “porque não há evidências de que uma pessoa com um transtorno de identidade de gênero deva ter automaticamente um transtorno mental, embora aconteça muito frequentemente seja acompanhado de ansiedade ou depressão”.
Saxena observou que se uma pessoa transexual é identificada automaticamente como vítima de um transtorno mental, “em muitos países ela é estigmatizada e pode ter reduzidas as chances de procurar ajuda”.
Outra das modificações mais chamativas da nova CID é a inclusão do vício em videogames como doença mental. Este transtorno se caracteriza por um padrão de comportamento de jogo “contínuo ou recorrente”. A OMS estima que entre 2% e 3% dos jogadores de videogames têm um comportamento abusivo, mas salienta que por enquanto faltam dados empíricos.
Saxena esclareceu que o fato de jogar a um game não é nocivo por si só, assim como ingerir álcool também não é, por exemplo. O problema, diz, ocorre quando o consumo é abusivo e altera o comportamento da pessoa. “Se a criança, adolescente ou adulto que joga faz isso sem parar e deixa de sair com seus amigos, deixa de fazer atividades com seus pais, se isola, não estuda, não dorme e só quer jogar, esses são sinais de alerta de que poderia ter um comportamento aditivo e que precisa procurar ajuda”, afirmou Saxena. Fonte: https://brasil.elpais.com
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OLHAR DO DIA: Chegando em São Paulo nesta quarta, 20. (Reunião com a Ordem Terceira do Carmo da Basílica).
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Rumores que circularam pela imprensa e se intensificaram nas últimas horas foram confirmados na tarde desta quarta-feira, 20. O Instagram está ganhando uma nova plataforma dedicada a vídeos, numa tentativa de bater de frente com o YouTube.
Essa nova plataforma funciona não somente dentro do app do Instagram, mas também com um aplicativo separado chamado IGTV. O novo app, dedicado exclusivamente a vídeos, será lançado para Android e iOS a partir desta semana.
Agora, criadores de conteúdo e "influenciadores" podem postar vídeos de 15 segundos até 60 minutos, em resolução 4K, orientados na vertical e com um player dedicado capaz de exibir o conteúdo em tela cheia no celular. Usuários comuns podem subir vídeos de até 10 minutos. Fonte: https://olhardigital.com.br
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*Eliane Brum
Por que, neste século, mais adolescentes têm respondido ao desespero deletando a própria vida?
Desde que dois alunos do Colégio Bandeirantes, tradicional escola de elite de São Paulo, se mataram no espaço de 15 dias no mês de abril, o suicídio de adolescentes entrou no debate público no Brasil. Psicanalistas e profissionais de saúde mental têm sido chamados à rede privada de ensino para falar sobre o tema. Pais e professores estão em busca de pistas para compreender por que mais jovens tiram a própria vida e como é possível prevenir a tragédia. Casos de adolescentes que se matam já fazem parte da crônica das cidades de todos os tamanhos no país, do Rio Grande do Sul aos estados da Amazônia. No Brasil, entre 2000 a 2015, os suicídios aumentaram 65% dos 10 aos 14 anos e 45% dos 15 aos 19 anos, segundo levantamento do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador do Mapa da Violência no Brasil. Nos últimos dois anos, os números podem indicar uma pequena estabilização, mas só daqui mais um ano será possível afirmar se é uma tendência ou apenas uma oscilação. No mundo, o suicídio já é a segunda causa de morte entre adolescentes, segundo a Organização Mundial da Saúde. Por que mais jovens se suicidam hoje do que ontem?
Essa é a pergunta óbvia de onde costuma partir o debate. Mas a pergunta ainda mais óbvia talvez seja: por que não haveria mais adolescentes interrompendo a própria vida nos dias atuais do que no passado? Na leitura do momento, me parece que o espanto se justificaria se, num mundo distópico, houvesse menos jovens com dificuldade de encontrar sentidos diante do desespero.
A inversão da pergunta não é um jogo retórico. Ela é decisiva. É decisiva também porque devolve a política à pergunta, de onde ela nunca poderia ter saído. E a recoloca no campo do coletivo.
Essa dimensão não apaga a singularidade de cada caso, mas é necessário situar essa singularidade no contexto do seu tempo histórico. Quando adolescentes se matam, eles dizem algo sobre si mesmos, mas também dizem algo sobre a época em que não viverão. É esse o ângulo que me parece importante chamar a atenção, porque em geral ele é apagado. É nas particularidades de cada história que podemos encontrar caminhos para prevenir o ato de desespero, mas é também na conformação do mundo em que a violência autoinfligida ocorre que devemos buscar pistas para compreender o que o suicídio expressa sobre essa época.
Os adolescentes de hoje herdarão um mundo corroído pela mudança climática provocada pelas gerações anteriores, incluindo a de seus pais, onde a água vem se tornando o grande desafio e a paisagem já começa a ser desfigurada. As séries de TV, principal produto cultural e também de entretenimento, expressam o sentimento dessa época: um presente que já é uma distopia e a impossibilidade de imaginar um futuro que não seja apocalíptico. A internet, onde os adolescentes e a maioria dos adultos vive, arrancou a ilusão sobre o que chamamos de humanidade. Ao permitir que cada um se mostrasse sem máscaras, que cada um pudesse “dizer tudo”, abriu-se uma ferida narcísica cujos impactos levaremos muito tempo para dimensionar. Essa ilusão sobre o quê e quem somos nós cumpria um papel importante no pacto civilizatório. Sua perda é parte da explicação da dificuldade de compartilhar o espaço público, hoje interditado por ódios.
Por que, diante desse cenário, mais adolescentes não teriam dificuldade para encontrar saídas? Por que alguém que está vivendo uma fase da vida em que precisa dar conta de um corpo em transformação e assumir a responsabilidade de encontrar seu lugar não estaria desorientado diante do mundo que o espera – ou mesmo sem nenhuma confiança de que vale a pena ser adulto nesse planeta?
O desafio que o suicídio impõe à sociedade é conseguir construir uma resposta que não seja a brutalidade de tirar a própria vida
Se cada caso é um caso, o significado de ser adolescente nessa época determinada não pode ser deletado de qualquer resposta que pretenda ser uma resposta. Aberta, em constante construção, mas uma resposta.
Um adolescente que faz perguntas duras a si mesmo e aos adultos não está apresentando um comportamento desviante. São perguntas inteligentes, são perguntas de quem percebe o mundo que vive, são perguntas de quem se recusa a se alienar. O desafio que o suicídio nos apresenta, como sociedade, é conseguir construir junto com os jovens uma resposta que não seja a brutalidade de tirar a própria vida.
Essa tarefa não é individual, não é um problema apenas do adolescente que não consegue encontrar sentido ou de sua família. Mas uma construção coletiva. Inclui esse adolescente, mas não é só dele. Se há uma possibilidade nesse momento é a de que o desespero de ver adolescentes morrendo fez com que se rompesse o silêncio sobre o suicídio.
A crença de que falar sobre o suicídio aumenta o número de casos estabeleceu um silêncio em torno das mortes que colaborou para que se localizasse o problema e a suposta solução no indivíduo. Colaborou para a ideia sem substância do suicídio como covardia do adolescente e fracasso dos pais. O suicídio, convenientemente, deixou de ser uma questão da sociedade para ser um problema de uma pessoa ou família com um tipo de defeito. Ou foi colocado na conta de uma patologia mental, com vários nomes disponíveis no mercado. É um fato que há casos de suicídio relacionados a doenças mentais, mas não é possível desconectar qualquer doença da época em que ela é produzida.
A questão não é a doença mental, quando ela existe, ou a angústia e o desespero, mas por que o suicídio tem sido a resposta e não outra a acontecimentos como a doença mental, a angústia e o desespero. É no fato de que ao longo das diversas épocas já houve outras respostas possíveis, outras respostas compatíveis com seguir vivendo, que podemos construir reflexões que nos arranquem da repetição que acaba tratando como problema exclusivamente individual o que é também produção social.
Não dá para viver num mundo literalmente corroído e acreditar que o desvio é de quem sofre com ele
Voltar a falar de suicídio é importante, mas é igualmente importante “como” falar sobre suicídio. Se a questão for apenas estabelecer manuais, como se houvesse uma lista de alarmes para identificar aquele que se descola da manada, ou se a saída encontrada for reforçar a causa e a solução no indivíduo, é só mais um reforço para a tragédia da nossa crescente dificuldade de fazer comunidade. Em resumo: não dá para viver num mundo literalmente corroído e subjetivamente corroído e dizer que o desvio é de quem sofre com ele e não encontra outra saída que não seja o suicídio. Ou da família que não pôde ou não soube como impedir que o adolescente tirasse a própria vida.
Se podemos fazer algo com a tragédia que é termos criado um mundo onde um número maior de adolescentes não se tornará adulto, é reaprendermos a viver em comunidade, redescobrirmos como tecer redes de cuidado mútuo. Isso não tira a responsabilidade individual. Ao contrário, a aumenta. Mas coloca a responsabilidade individual onde ela deve estar: fazendo “laço” com os outros. Fazendo junto.
A primeira geração formada nas redes sociais a partir de “likes” and “blocks”
Não se pode esquecer ainda e principalmente que a marca de se tornar adolescente neste século é a marca de tecer sua experiência na internet. A geração atual é a primeira formada a partir de “likes” and “blocks”, carinhas sorridentes e carinhas furiosas. Ao mesmo tempo que experimenta a possibilidade de deletar o quê ou quem perturba, enfrenta a impossibilidade de deletar seus vestígios para sempre.
Estrear na vida e já ser condenado à memória eterna. Ser formado na impaciência dos segundos e na sobreposição dos tempos. Acreditar que um vídeo de mais de dois minutos ou um texto de mais de dois parágrafos são longos demais. Arriscar-se nas redes sem os limites do corpo, podendo ser algo num minuto e outra coisa inteiramente diferente no minuto seguinte. Mas, ao mesmo tempo, sentir os efeitos profundos dos estímulos digitais no corpo. Os dias acelerados que se emendam e a fábrica de ansiedade. A impossibilidade da desconexão. A vida editada e “feliz” de todos, enquanto dentro de você a tristeza é vivida como fracasso num mundo de tantos bem sucedidos de Facebook, sem saber quem ou o quê é real ou “fake”.
Num vídeo postado dias atrás pelo Channel 4 News, Jaron Lanier, filósofo da internet e criador da realidade virtual, sugere que os adolescentes deveriam abandonar as redes sociais por pelo menos algum tempo. “Somos fisgados por um esquema de recompensas e punições, em que as recompensas acontecem quando você é retuitado por outros e as punições quando você é maltratado por outros nas redes”, diz. Essa manipulação, segundo Lanier, não é tão dramática quanto o vício em heroína ou o vício em jogo, mas obedece ao mesmo princípio. “Deixa as pessoas ansiosas e irritadas, e torna especialmente os adolescentes depressivos, o que pode ser muito grave”, afirma. “Há uma grande quantidade de evidências e estudos científicos. O exemplo mais assustador é a correlação entre o aumento do suicídio entre adolescentes e o aumento do uso das redes sociais.”
“Dê a você mesmo seis meses sem redes sociais”
Jaron Lanier dá um conselho aos adolescentes: “Se você é uma pessoa jovem e você só vive nas redes sociais, o primeiro dever com você mesmo é conhecer você mesmo. Você deve experimentar viajar, você deve se desafiar. Você não vai se conhecer sem essa perspectiva. Então, dê a você mesmo pelo menos seis meses sem redes sociais. Eu não posso dizer a você o que é o certo. Você tem que decidir”.
Netflix, cinema e a vida depois da perda
No ano passado, o psicanalista Mário Corso foi convidado para dar uma palestra aos alunos de uma escola pública do interior do Rio Grande do Sul. A diferença é que ele não foi convidado pela direção da escola ou pelos professores ou mesmo pelos pais. A iniciativa foi dos alunos. Eles tinham identificado uma colega com ideias de suicídio e decidiram formar uma rede de cuidado. “Os colegas estão mais próximos e sabem melhor do que ninguém quando algo realmente sério está acontecendo”, diz Corso. “Essa experiência de ajudar a combater o mal-estar na escola, de entender as dificuldades da socialização, seria uma formação extra e muito proveitosa que a escola pode dar aos adolescentes. Existem muitos adolescentes cuidadores. É preciso fazer uma aliança com eles.”
Todo profissional que trabalha com saúde mental é marcado pela perda de pacientes. É algo que se carrega pela vida, mas que em geral é elaborado e vivido no espaço privado. A diferença é que Corso ficou assinalado também na esfera pública. Em 2006, um de seus pacientes, Vinicius Gageiro Marques, de 16 anos, transmitiu a própria morte pela internet e teve ajuda de pessoas de diferentes países para consumá-la. A incitação ao suicídio é um crime previsto no Código Penal do Brasil.
A morte de Yonlu marcou o momento em que as pessoas perceberam que, com a internet, os jovens frequentavam mundos que pais e professores não alcançavam
Mais de um ano depois do suicídio de seu jovem paciente, Corso me deu uma entrevista que se tornou uma referência, pela profundidade e honestidade com que falou do que viveu. A morte do adolescente teve repercussão internacional e marcou um momento em que as pessoas perceberam que, com a internet, os jovens frequentavam mundos que pais e professores não alcançavam. No segundo semestre, será lançado o filme Yonlu, nome com que Vinicius se apresentava nas redes e assinava a sua produção artística, dirigido por Hique Montanari.
Mário Corso é autor de vários livros, inclusive um infantil. Três deles, escritos junto com a também psicanalista Diana Corso, relacionam produção cultural e psicanálise, dos contos de fadas às atuais séries de TV. O mais recente é Adolescência em Cartaz – filmes e psicanálise para entendê-la (Artmed, 2017). Fiz cinco perguntas a ele:
P: Você acha que o sofrimento que provoca o suicídio hoje, na era da internet, é diferente do sofrimento que provocava o suicídio nos adolescentes de gerações anteriores?
R: Creio que o sofrimento dos adolescentes é o mesmo. Uma solidão imensa, uma sensação de inadequação, uma desesperança próxima ao desespero. A ideia que não há lugar no mundo para si, um mundo complexo demais para ser decodificado, aliado ao momento de fragilidade dos laços entre os pares, é um cruzamento perigoso e doloroso. O que mudou foram as possibilidades de comunicação. Para o bem e para o mal. Por exemplo, o bullying antes era restrito a um lugar, ficava na escola. Hoje ele não para, não dá trégua e não dá àquele que sofre o direito de recomeçar. A internet não esquece.
Estar marcado em um colégio, por uma experiência negativa, antes podia ser solucionado trocando de escola. Hoje, você leva contigo aquilo que gostaria de esquecer. Uma pesquisa rápida e tua ficha é entregue. Por um lado, a rede pode até ajudar os mais fóbicos, pois ela permite ensaiar-se em um ambiente onde o corpo não está em jogo, e propicia a pessoas de hábitos diferentes encontrarem sua praia. Por outro, ela também tem seu lado obscuro: permite que portadores de sofrimentos e patologias, que antes eram isoladas, como a anorexia, se apoiem em parceiros, igualmente tomados na loucura, que incentivam seguir dentro da doença e dão a ela um sentido de pertença, de identidade, muitas vezes letal. O mesmo com o suicídio. Antes isolado, o adolescente tinha menos recursos, até, digamos, técnicos, para saber como se matar. Raramente ele iria encontrar pessoas tão ou mais perturbadas para trocar ideias sobre as "vantagens" do suicídio. Na rede, seguem existindo fóruns de proselitismo do suicídio.
P: O que a morte de Yonlu mudou na sua clínica ou no seu modo de entender o suicídio?
R: Não houve mudanças significativas na clínica ou no entendimento das razões do suicídio. A principal mudança foi em mim. Desci mais um degrau da minha personalidade já melancólica. Já tinha perdido pacientes, mas casos graves, adultos vindos de anos de depressões crônicas, dos quais, entre idas e vindas, eu fui apenas mais uma tentativa fracassada. São perdas distintas. Sendo nesse caso alguém tão jovem, talentoso, inteligente, é difícil se apaziguar. Os psicoterapeutas elaboram pouco sobre os efeitos de serem depositários e testemunhas de tanto sofrimento. Mas são cicatrizes incuráveis. Talvez um dia eu consiga entender melhor tudo isso. Ainda lateja.
“Vivemos não por razões, mas por pertencer a uma rede afetiva, por ter uma sociedade que nos dá um lugar”
P: Desde aquela época, mais de uma década atrás, a sua postura era de que era necessário falar sobre o suicídio. Mas só agora, e em grande parte por conta de séries como 13 Reasons Why (“Os 13 porquês”,Netflix), o silenciamento sobre o suicídio entre adolescentes começa a ser rompido. Por que é importante falar e o que você gostaria de dizer?
R: Falar sobre o problema já é um começo. É um assunto tabu, ninguém se sente à vontade para dar a partida. Ninguém sabe bem o que dizer. O que está em jogo é o sentido da vida. E quem sabe dizer por que a vida vale a pena? Não sabemos dizer até porque é uma questão mal colocada. Não existe resposta racional. A resposta é emocional. Vivemos não por razões, mas por pertencer a uma rede afetiva, por ter uma sociedade que nos dá um lugar. Estamos aqui porque alguém um dia quis assim e ficou inscrito em nós essa marca. A vontade de viver é algo que os pais transmitem, ou não, sem dar-se conta. Mas é um território imponderável, nebuloso.
Acredito que estamos no momento de construir algo novo. Creio que a arte já começou. O seriado da Netflix foi um bom começo. Antes de ele ser feito, eu não acreditaria que daria certo. Tomado pelo paradigma de Werther, de que narrar o suicídio emularia outros, eu não faria. (No século 18, após a publicação do livro Os sofrimentos do Jovem Werther, do escritor alemão Goethe, teria havido uma onda de suicídios de jovens na Europa que foi considerada efeito do romance.) A Netflix fez, e a resposta foi oposta: mais gente falando no assunto e pedindo ajuda.
“Se um estúdio de TV inventou uma narrativa que faz falar sem estimular o ato, por que a comunidade de quem trabalha com saúde mental não conseguiria?”
P: O que você, que analisa a produção cultural pelo viés da psicanálise, acha da série?
R: Ela tem uma grande sacada: eles criaram um herói romântico aparentemente típico. Hannah, a personagem, é uma alma sofrida e sensível, que passou por traumas e é incompreendida. O mundo não seria bom o suficiente para ela. Mas, no decorrer da série, ela se comporta de forma tão pouco empática ao sofrimento dos outros, ela é tão autocentrada e egoísta, que ninguém quer ser como ela. Ela exige cuidado e uma delicadeza que ela mesmo não tem com ninguém. Ela é cega à dor alheia. Ou seja, eles viraram o fio. Ninguém vai querer ser a Hannah mesmo que admitamos que ela tem suas razões e seu sofrimento. Ela ajuda a narra a dor e a vontade de ir embora, mas não desperta identificações diretas. Se um estúdio de TV inventou uma narrativa que faz falar sem estimular o ato, por que a comunidade de quem trabalha com saúde mental não conseguiria? Nós temos é que nos botar a pensar. É um tempo de inventar. Creio que é um desafio que temos que nos colocar. É preciso dar uma visibilidade ao problema real que o suicídio é. Não noticiar os casos, mas encontrar uma nova via de ele estar sempre em pauta.
P: Existiria algo na educação dada atualmente às crianças e aos adolescentes que os deixariam mais vulneráveis?
Corso: É algo que se pensa pouco. Nós temos uma conquista civilizatória interessante, que é a infância protegida, reconhecida em suas particularidades. Não devemos mudar isso, mas talvez pensá-la melhor. Nossas crianças crescem numa bolha de proteção que rompe na adolescência. Abruptamente, descobrem a dureza do mundo, a violência, a exigência desmedida – nesse caso, às vezes dos pais. Sentem-se traídos pelo mundo de conto de fadas que receberam. Será que não exageramos, que não haveria um modo de desde mais cedo mostrar o mundo como o mundo realmente é? Existe uma depressão típica do começo da adolescência que diz respeito ao dar-se conta do peso do mal-estar da civilização. Utopias já não colam, vivemos na época das distopias, crenças religiosas tampouco, o jovem sente que está em um mundo absurdo. E precisamos pensar que ele não desenvolveu os anticorpos que nós já temos... Isso chega de modo à vista. Será não poderia ser em suaves prestações? Brinco, mas creio que exageramos na dose do mundo Disney. Em resumo: não os preparamos para o infortúnio, não discursamos sobre as derrotas, as perdas, e elas são a única certeza nessa vida. Ensinamos a ganhar, a dizer que serão vencedores. Ensinamos o fácil e esquecemos o essencial: saber suportar as rudezas de um momento civilizatório complicado.
O presente só é possível se o futuro for possível
No início dessa coluna, eu propus mudar a pergunta. Não “por que mais adolescentes estão se matando hoje” – e, sim, “por que não haveria ainda mais adolescentes morrendo hoje”. Minha interrogação parte da realidade de um planeta corroído e abandonado pelas utopias. A esse cenário se soma a profunda crise da democracia como sistema capaz de melhorar a vida das pessoas. “Terra arrasada” não é mais uma figura de linguagem, mas uma literalidade. Na dificuldade de enxergar um futuro próximo, quase nos assemelhamos aos marinheiros do passado, que acreditavam que o mundo acabava num barranco, de repente.
Sem perspectiva, sonho, imaginação, desejo, a percepção já é de vida interrompida. Tragado pelos dias de um presente acelerado, em que o corpo é atingido por estímulos 24 horas por 7 dias na semana, mas não tem nem espaço nem tempo para elaborar nenhuma experiência porque logo vem outra por cima, a sensação é de afogamento. Sem perspectiva de futuro, o presente é vórtex.
Como podemos construir junto com os adolescentes uma ideia de futuro que não seja uma distopia?
Sugiro então uma terceira interrogação para esse momento: o que podemos fazer junto com os adolescentes, porque não acredito em juventude sem responsabilização, para que volte a valer a pena viver nesse mundo? Ou como podemos construir juntos uma ideia de futuro que não seja uma distopia? A impossibilidade de imaginar um futuro possível tem impactos profundos sobre a vida de todos, muito mais do que a maioria consegue dimensionar no cotidiano. Recuperar a capacidade de imaginar um mundo onde se possa viver é o imperativo que atravessa essa época. Imaginar a partir da realidade brutal – e não negando-a, como a maioria tem feito.
Esse momento de rompimento do silêncio sobre o suicídio é rico de possibilidades. Mas apenas se formos capazes de recolocar a questão no campo da política. É nisso que as escolas deveriam apostar, assim como todos os espaços de compartilhamento. O desafio, tanto na rede pública quanto na privada, é o de fazer comunidade, inclusive e principalmente entre as redes. Não é porque se chama de “comunidade escolar” que é uma comunidade escolar. Comunidade é algo bem mais profundo e demanda esforço contínuo de fazer laços com o fora e com o dentro, reconhecendo as fronteiras para poder ultrapassá-las.
Será uma pena se esse despertar violento, despertar sobre corpos de alunos mortos, seja desperdiçado pela visão estreita de olhar para o acontecimento como se ele fosse desconectado de sua época, individualizado e isolado. Ou colocar questões de saúde mental como se elas pertencessem a um arquivo impermeável, que não se comunicasse com todos os outros. Os sintomas de nosso tempo expressam onde estão os nossos buracos. Os mais sensíveis sentem primeiro.
Criar uma resposta para o suicídio de adolescentes é também criar uma resposta para a nossa vida nesse planeta. É enfrentar o tema da mudança climática e de sua adaptação a ela, é enfrentar a responsabilidade da nossa espécie com todas as outras cuja casa destruímos, é enfrentar a crise da democracia e criar maneiras de fortalecê-la, para que ela volte a significar possibilidade de combater as desigualdades e fortalecer os direitos.
Ser parte da criação do futuro, mesmo na extrema desesperança do presente, é fazer laço com a vida ao fazer laço com os vivos
O mal-estar do nosso tempo, este que tanto afeta aqueles que estão estreando na vida, é alimentado pela nossa impossibilidade de enxergar uma vida possível logo ali na frente. Como os adultos também não enxergam, o desamparo é total. Se um colégio ou qualquer outra instituição quiser de fato enfrentar o suicídio entre adolescentes deve se dedicar também a construir com eles uma ideia de futuro que não seja o apocalipse climático – ou nuclear. Ser parte dessa criação de futuro, mesmo na extrema desesperança do presente, é fazer laço com a vida ao fazer laço com os vivos. O suicídio é também a impossibilidade de fazer parte.
Sem imaginar um futuro possível, não há presente possível. É isso que todos nós precisamos compreender. É isso que os jovens corpos tombados estão também dizendo em seu silenciamento violento. Só se combate a vontade de morrer criando um mundo em que vale a pena viver. Essa é a principal tarefa da escola e de todas as instituições.
Na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), de 2014, o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro disse uma frase provocadora, no melhor sentido: “Os índios entendem de fim de mundo porque já viveram o fim do mundo em 1500”. Retomo essa afirmação para lembrar que os jovens indígenas Guarani-Kaiowá, as novas gerações de um dos povos originários mais massacrados do planeta, se suicidam desde os anos 80. Seu suicídio invisível para os brancos, invisíveis como eles mesmos, tem contado uma narrativa do fim do mundo. É para eles, para esta dor, que deveríamos estar olhando, para este mundo que lá se corrompeu antes pela força do extermínio.
Para os Guarani-Kaiowá, palavra é “palavra que age”. Responder ao suicídio dos adolescentes com vida é romper as barreiras do isolamento e se tornar palavra que age para fazer futuro.
*Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes - o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos, e do romance Uma Duas. Site: desacontecimentos.com Email: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. Twitter: @brumelianebrum/ Facebook: @brumelianebrum. Fonte: https://brasil.elpais.com
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Estudos têm demonstrado que ter uma atitude de gratidão vem com uma miríade de benefícios, incluindo uma felicidade duradoura
A gratidão pode ser uma emoção indescritível. Nossa tendência é ir na direção oposta, sentir que as coisas nunca são tão boas quanto deveriam ser ou como queremos que elas sejam, remoer o passado, ter expectativas para as coisas que estão além de nosso alcance.
Quando um objetivo é atingido, não há sempre outro que precisa ser aproveitado? Stevenson escreveu que a bem-aventurança da condição humana era, precisamente, essa busca sem fim de objetivos. Sem um certo grau de gratidão, porém, raramente nos encontraremos em paz e raramente ficaremos em repouso.
Despojados de toda gratidão, as pessoas geralmente ficam de mau humor, frustradas, impacientes e temerosas, em um estado de descontentamento perpétuo. Sem gratidão também estamos cegos para as bênçãos da família, o dom da amizade, as maravilhas da natureza e as muitas coisas deliciosas e belas que nos rodeiam.
É por isso que não é de surpreender que muitos estudos tenham descoberto que a gratidão está entre as emoções mais saudáveis e que existem benefícios mentais e físicos de se ter uma atitude de gratidão na vida. Pesquisas da Northeastern University, por exemplo, descobriram que pessoas com uma maior gratidão diária eram mais pacientes e mais capazes de tomar decisões razoáveis.
Por outro lado, experimentos realizados na Universidade de Zurique mostraram que a gratidão também é um poderoso antídoto contra a depressão e que as pessoas que participam do exercício das “três coisas boas” – que, como o nome sugere, leva as pessoas a adquirirem o hábito diário de escrever três bons momentos ou coisas que aconteceram durante o dia – veem melhorias consideráveis em sua felicidade geral.
E não é apenas um estado passageiro de felicidade; outros estudos mostraram uma correlação entre gratidão e felicidade duradoura. De acordo com um estudo no Journal of Theoretical Social Psychology, a gratidão cotidiana melhora numerosos aspectos do relacionamento amoroso, incluindo sentimentos de conexão e satisfação geral como casal.
Um estudo publicado na revista Personality and Individual Differencesencontrou correlações positivas entre gratidão e autocuidado, entre os níveis de gratidão e a probabilidade de as pessoas praticarem comportamentos de bem-estar como exercícios, alimentação saudável e ir ao médico.
No entanto, esta não é a primeira vez que a humanidade descobriu a importância da gratidão. Em vez de ver esses estudos como avanços em territórios inexplorados, poderíamos entendê-los melhor como a corroboração de ideias que muitos pensadores ocidentais vêm desenvolvendo há séculos.
Inácio de Loyola, teólogo espanhol do século XVI e fundador da Companhia de Jesus, por exemplo, escreveu: “Ingratidão – ou o fracasso em reconhecer as coisas boas, as graças e os presentes recebidos – é uma das coisas mais dignas de repulsa diante do nosso Criador e Senhor”.
E no século passado, o filósofo espanhol José Ortega y Gasset disse: “A ingratidão é o maior defeito do homem. O ingrato esquece a maioria das coisas que tem e não o seu próprio trabalho… Ter consciência de ser um herdeiro é ter uma verdadeira consciência histórica”.
E muitos séculos antes deles, foi Cícero quem escreveu: “A gratidão não é apenas a maior de todas as virtudes, ela é a mãe de todas as outras”. Fonte: https://pt.aleteia.org
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'Pessoas de todos os países golpearam o motorista', diz testemunha após atropelamento
Acidente em Moscou, capital da Rússia, deixou algumas pessoas feridas perto da Casa Mexicana
Uma testemunha que estava no local do incidente neste sábado, em Moscou, contou ao Estado que pessoas de todos os países perseguiram a pé o taxista, depois de o motorista atropelar pessoas numa das ruas do centro da capital russa.
O incidente ocorreu no início da noite. Um vídeo mostra como o taxista, numa rua parada pelo trânsito, desviou de uma fila de carros, subiu numa calçada e atropelou pessoas que passavam por ali. O carro apenas parou ao se chocar contra um poste.
O incidente ocorreu nas proximidades da Casa Mexicana, uma espécie de centro cultural do país latino-americano. Raul, um mexicano que estava no local, relatou o que viu. “Estávamos na Casa Mexicana e, de repente, queríamos sair e nos disseram que não poderíamos por conta de um acidente”, disse. “Vimos pessoas jogadas no chão. Eram mexicanos, russos e de muitos países”, afirmou.
Segundo ele, a pessoa tentou escapar. “As pessoas foram as primeiras que começaram a golpear o rapaz. O tiraram do carro. Foram pessoas de todos os países, que viram o que ele fez”. Fonte: https://esportes.estadao.com.br
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Sequência baseada na série 'Jurassic Park' estreia no próximo dia 21
Os dinossauros estão soltos, mais uma vez. A estreia oficial é apenas na semana que vem, mas já há sessões de pré-estreia diárias em dezenas de cinemas de “Jurassic World: reino ameaçado”.
Dirigido por J.A. Bayona (“O impossível”), o novo capítulo da saga é mais uma vez estrelado por Chris Pratt e Bryce Dallas Howard, que voltam a interpretar Owen e Claire. A história se passa quatro anos depois de “Jurassic World: o mundo dos dinossauros” (2015), quando o parque foi fechado, e os animais vivem soltos na Ilha Nublar. Quando um vulcão adormecido ameaça entrar em erupção, os dois são convocados para ajudar no resgate de algumas espécies e evitar que os dinossauros sejam extintos novamente.
Mas nem tudo é o que parece: eles descobrem que empresas querem usar os animais para fins bélicos. Fonte: https://oglobo.globo.com
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Empresa de Mark Zuckerberg usa técnicas que permitem acompanhar os movimentos do cursor na tela do seu computador
Em um documento enviado ao Senado dos Estados Unidos, o Facebook responde ponto por ponto às perguntas feitas pelos parlamentares. São 228 páginas em que a empresa expõe a maneira como age em relação aos dados dos seus usuários. Um dos aspectos mais polêmicos é o da coleta de informações.
Aqui a empresa de Mark Zuckerberg lista em vários trechos do documento como reúne dados concretos sobre os dispositivos do usuário e que uso faz dessas informações. No computador, um dos parâmetros mais chamativos que o Facebook monitora são os movimentos do mouse. Tradicionalmente, esse tipo de rastreamento, conhecido como mouse tracking, serve para indicar como os usuários se comportam dentro de uma plataforma de software, reunindo dados que permitam melhorar a interface.
No computador, o Facebook controla os movimentos do cursor do mouse e também se uma janela está aberta em primeiro ou segundo plano. A companhia acrescenta entre parênteses que esse tipo de informação “pode ajudar a distinguir humanos de robôs”. Também observa que toda a informação colhida de um usuário através dos múltiplos dispositivos que ele usa, como computadores, smartphones e TVs conectadas, é cruzada para “ajudar a proporcionar a mesma experiência personalizada onde quer que as pessoas usem o Facebook”.
O documento não esclarece se a rede social se vale dos movimentos do mouse para algo além de distinguir entre humanos e robôs, embora tampouco afirme que o utilize exclusivamente para essa finalidade. No passado, o Facebook foi acusado de testar métodos que usavam o mouse tracking para determinar não só em quais anúncios o usuário clica como também em quais pontos da tela ele se detém, e durante quanto tempo.
A empresa acrescenta que esse tipo de informação “pode ajudar a distinguir os humanos dos robôs” Informações desse tipo são relevantes porque o lugar onde o cursor se detém muitas vezes coincide com o ponto no qual focamos nossa atenção, segundo os especialistas em mouse tracking.
Dados sobre bateria, armazenamento e operadora
No memorando enviado ao Senado dos EUA – e que a revista Business Insider foi o primeiro veículo de comunicação a examinar –, o Facebook também enumera a informação que reúne sobre os atributos do aparelho que usuário utiliza. Isso inclui o sistema operacional, as versões de hardware e software, o nível de bateria e a capacidade de armazenamento disponível. Do mesmo modo, sabe qual navegador e os tipos e nomes dos aplicativos instalados e de arquivos guardados.
A companhia também tem a capacidade de acessar o sinal Bluetooth e de rastrear informação sobre os pontos de acesso wi-fi próximos, as torres de telecomunicações ou outros dispositivos emissores de sinal, como os beacons.
O nome da operadora de telefonia celular de um usuário e o seu provedor de Internet são outros dados que a rede social conhece. Neste item relativo à conexão, o Facebook também detecta “o número de telefone, o endereço IP, a velocidade de conexão e, em alguns casos, informações a respeito dos dispositivos que estão próximos ou em sua mesma rede, com o que podemos fazer coisas como ajudar a enviar um vídeo do celular para a televisão”.
Informações sobre a localização por GPS, assim como acesso à câmera e à galeria de fotos, são outros dos aspectos, já amplamente conhecidos, que a companhia enumera no documento. Mas ela deixa claro, diante de várias perguntas ao longo do texto, que “não usa o microfone do celular dos usuários ou qualquer outro método para extrair áudio” a fim de influenciar os anúncios que são apresentados ou para determinar o que aparece no feed de notícias do usuário. Fonte: https://brasil.elpais.com
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POR MERVAL PEREIRA
Apropriando-se de uma máxima do idealizador do comunismo Karl Marx, que dizia que a religião é o ópio do povo, o genial Nelson Rodrigues acusava os esquerdistas modernos de acharem que o futebol, sim, é o ópio do do povo. Bem quisera Vladimir Putin que a frase de Nelson, não a de Marx, fosse verdadeira na Rússia de hoje, quando começa para valer a última etapa do seu projeto de “soft power” em relação à Copa do Mundo de futebol.
Sem grandes expectativas por parte da população, descrente da seleção depois de uma série de derrotas, Putin sabe que o objetivo não pode ser entregar a Taça ao capitão russo Akinfeev, já considerado o pior goleiro da Liga dos Campeões, mas sim entregar ao mundo uma Copa bem organizada e sem problemas de violência, comuns aos torcedores russos, e riscos para a segurança das delegações e de milhares de autoridades e turistas que vão chegando à Rússia.
O fracasso da seleção russa é tamanho que um famoso jornalista de televisão iniciou campanha de autoestima denominada “o bigode da esperança” com base no bigode do técnico Stanislav Cherchesov.
Atribui-se a Putin uma improvável manobra no sorteio das chaves da Copa para que o jogo inicial fosse contra um time inofensivo. Deu Rússia e Arábia Saudita, a única seleção que tem piores resultados que os dos anfitriões. Coincidência ou não, esta será apenas uma das três Copas em que o jogo de abertura não tem um país campeão em campo. Em se tratando de FIFA e de Putin, tudo é possível, no entanto.
Além da Arábia Saudita, a chave dos anfitriões tem ainda o Egito, dois países de maioria muçulmana que se encontram em posições distintas na guerra da Síria em relação à Rússia, que apóia a Bashar Al Assad: enquanto a Arábia Saudita opõe-se ao líder sírio, o Egito tem posição mais cautelosa.
O Egito, no entanto, pode causar danos irreversíveis a Putin na Copa do Mundo. Como uma das duas vagas do grupo deve ficar com o Uruguai, a disputa da segunda ficará provavelmente entre Rússia e Egito, que tem no jogador Salah um diferencial que pode eliminar a seleção anfitriã ainda nas oitavas.
Cercado de símbolos capitalistas, o passado comunista da União Soviética que Putin ajudou a enterrar cisma de estar presente, como em frente ao estádio de Lujiniki, onde uma estátua de Lenin tem que conviver com uma grande propaganda da Coca-Cola. Em tudo semelhante ao filme alemão “Adeus Lenin”, que conta as dificuldades de um filho que tenta mudar a realidade para proteger a mãe, uma comunista radical que sai do coma após um ano, e não suportaria visões chocantes para ela, como a queda do Muro de Berlim e um grande cartaz da Coca-Cola em frente a seu prédio.
Na Rússia de hoje, essa convivência não é evitada, ao contrário, tornou-se mais um atrativo turístico. Foi-se a época em que Yeltsin queria retirar da Praça Vermelha o mausoléu de Lenin, para enterrar literalmente esse passado. Putin, ao contrário, mandou restaurar a múmia e a recolocou novamente onde os turistas possam visitá-la.
A festa de abertura da Copa terá a presença de Ronaldo Fenômeno, na impossibilidade de Pelé comparecer devido a problemas no quadril. Putin, aliás, apostava muito na presença de Pelé, com quem se abraçou na cerimonia de sorteio das chaves da Copa do Mundo. A abertura será a cerimonia mais breve das últimas Copas no estádio de Lujiniki, reformado ao custo de R$ 1,4 bilhão, com acusações de superfaturamento. O mesmo que aconteceu com o nosso Maracanã. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
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OLHAR DO DIA: CMK ESTÚDIO/RJ. Carlos Maka. Gravação do CD- TEMPO DO CARMELO. Na foto, Thalita Sardinha. Ela interpreta a música- TEMPO DO CARMELO- em Inglês, Italiano e Espanhol. Em breve na sua casa. www.olharjornalistico.com.br
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Thaís Dantas
A vida de nossas crianças e adolescentes está em risco
O que você faria se soubesse que a mortalidade infantil aumentaria? Que mais famílias ficariam desamparadas? E que políticas públicas nas áreas de educação, saúde e proteção social seriam enfraquecidas, prejudicando especialmente crianças e adolescentes brasileiros?
Infelizmente, a projeção é que isso ocorrerá nos próximos anos. E já sabemos o motivo disso – ou ao menos os tomadores de decisão deveriam saber. A causa desses retrocessos acima anunciados, inclusive, foi publicada no Diário Oficial da União e, hoje, está em nossa Constituição. Trata-se da Emenda Constitucional 95 de 2016, que instituiu o Novo Regime Fiscal no âmbito dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União, o chamado teto de gastos públicos.
Embora de extrema relevância, o tema não tem sido tão pautado e ainda é encoberto por dúvidas, a despeito do esforço de diferentes pessoas e instituições em divulgar os prejuízos dessa emenda, muitas delas reunidas na Coalizão “Direitos valem mais, não aos cortes sociais".
A verdade é que precisamos falar sobre isso e ter consciência do quanto seremos afetados, em nosso cotidiano e em nossos direitos. É preciso ter em mente também que, em cenários de crise e escassez, crianças e adolescentes são os mais prejudicados.
Segundo estudo da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, publicado recentemente, a política de austeridade instituída pela Emenda 95 será responsável por um aumento de 8,6% na mortalidade infantil até 2030, pois deixarão de ser evitadas 124 mil internações e vinte mil mortes de crianças de até cinco anos.
Ainda, nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) de 2016 afirmou que, em vinte anos de aplicação da referida emenda na política de assistência social brasileira, haverá menos da metade dos recursos necessários para garantir a manutenção da cobertura nessa área nos padrões atuais, o que afetará diferentes programas estatais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada, por exemplo. Reduzir o acesso ao Bolsa Família, inclusive, vai na contramão do recomendado pelo Banco Mundial o qual defende a necessidade de ampliação dos recursos neste programa a fim de mitigar os impactos da crise econômica brasileira no agravamento da desigualdade social.
A experiência internacional, também, demonstra os prejuízos das políticas de austeridade, especialmente em crianças e adolescentes. Relatório do Unicefapontou que diminuição e corte nos serviços em saúde, educação e nutrição geram ainda maior pressão sobre as famílias vivenciando perda de renda e desemprego, o que aumenta índices de ansiedade e estresse nas crianças, especialmente nas mais pobres. Outra experiência revela-se, também, sintomática: na Grécia, em decorrência da política de austeridade, houve aumento no número de casos de malária, de AIDS e de tuberculose, além de crescimento de 43% na mortalidade infantil entre 2008 e 2010, que vinha sofrendo queda constante desde os anos 1950, bem como um aumento de 21% no número de natimortos entre 2008 e 2011.
É importante pontuar que a emenda 95 é fruto de uma escolha política, que optou por congelar despesas primárias, responsáveis pela oferta de bens e serviços à população, ou seja, pelo investimento social, e manter as despesas financeiras intactas. Se, antes da emenda 95, já tínhamos índices de investimento nas áreas de educação e saúde considerados baixos, a tendência após a medida é piorar. Nesse sentido, vale ressaltar que, embora não haja um corte, a fixação de um teto não permite o crescimento do investimento, que acaba por se desvalorizar, especialmente considerando a inflação e o crescimento populacional. Essa escolha política tem permeado recentemente a ação do poder público: a Medida Provisória 859 de 2018 abriu crédito extraordinário superior a nove bilhões em favor dos Ministérios de Minas e Energia e da Defesa, por meio de cancelamento de gastos em programas como Criança Feliz e Rede Cegonha, bem como cortes nas áreas de assistência social, saúde e saneamento básico - os quais, sabidamente, irão impactar de maneira grave crianças e adolescentes.
Estamos em ano eleitoral e é preciso cobrar de candidatas e candidatos o compromisso com a revogação da emenda 95 e a retomada do investimento social, o qual, em verdade, já está assegurado em nossa Constituição, que garante como direitos sociais a educação, a saúde, a assistência, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, bem como a proteção à maternidade e à infância. É também preciso lembrar: crianças e adolescentes – os mais gravemente afetados por medidas de austeridade – devem, por força do artigo 227 da Constituição, ter seus direitos assegurados com absoluta prioridade, o que significa primeiro lugar em orçamento, políticas e serviços públicos, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Ainda não alcançamos esse patamar de proteção social, especialmente no que diz respeito à infância e adolescência brasileiras. Mas, se queremos reverter esse cenário de violações e desigualdades, é preciso assegurar investimentos que cumpram a norma da prioridade absoluta, respeitando a força de uma Constituição vigente há quase trinta anos e não a relegando ao papel de uma carta vazia de princípios.
*Thaís Dantas é advogada do programa Prioridade Absoluta, do Instituto Alana, e Conselheira do Conselho Nacional de Direitos de Crianças e Adolescentes (Conanda). Fonte: https://brasil.elpais.com
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