Explosões reivindicadas pelo Estado Islâmico ocorreram em um intervalo de 30 minutos e tinham como objetivo atingir a sede dos serviços de inteligência do país e os profissionais da imprensa que se dirigiram ao local; ao menos 49 pessoas ficaram feridas

CABUL - Ao menos 25 pessoas, incluindo 9 jornalistas, morreram e outras 49 ficaram feridas em dois atentados suicidas nesta segunda-feira, 30, na capital do Afeganistão, Cabul. O segundo ataque foi dirigido especificamente contra a imprensa.

Em outro ataque suicida no sul do país,  na província de Kandahar, um carro-bomba explodiu contra um comboio de militares romenos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e matou 11 crianças.

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou os ataques em Cabul. Em um comunicado divulgado em um site de propaganda, o grupo afirma que o primeiro atentado atingiu a sede em Cabul do serviço de inteligência (NDS) e das forças de segurança afegãs e o segundo os jornalistas que seguiram para o local. Os ataques foram conduzidos na zona de Shash Darak, conhecida por sediar o Centro dos Serviços de Inteligência do Afeganistão, a Organização do Tratado do Atlântico Norte

"(Os alvos foram) os apóstatas das forças de segurança, dos meios de comunicação e outras pessoas compareceram ao local da operação, onde um irmão os surpreendeu com seu colete de explosivos", completou o braço do EI no Afeganistão.

Os atentados foram conduzidos na zona de Shashdarak, onde também estão a sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e várias embaixadas estrangeiras. "Seis jornalistas e quatro policiais estão entre os mortos nas duas explosões", afirmou o porta-voz do ministério do Interior, Najib Danish.

A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e o Centro de Jornalistas do Afeganistão anunciaram que nove profissionais da imprensa morreram no atentado - o maior número de vítimas entre trabalhadores da mídia em um único ataque no país -, entre eles Shah Marai, diretor de fotografia da France-Presse em Cabul.

De acordo com uma fonte das forças de segurança, o homem-bomba que atacou a imprensa estava disfarçado como um fotógrafo, carregando uma câmera.

Cabul se tornou, de acordo com a ONU, o local mais perigoso do Afeganistão para os civis com um aumento dos atentados, geralmente cometidos por homens-bomba e reivindicados pelo Taleban ou pelo EI.

Os atentados contra civis provocaram o dobro de vítimas nos primeiros três meses de 2018 - 763 civis mortos, 1.495 feridos - em comparação com o mesmo período de 2017.

Um ataque no dia 22 de abril na capital afegã deixou quase 60 mortos e 20 feridos em um bairro de maioria xiita. No dia 27 de janeiro, um atentado na cidade provocou 103 mortes e deixou mais de 150 feridos. Fonte: http://internacional.estadao.com.br

JULLIANA DE MELO

Foram 45 facadas. Lentamente, a cada golpe desferido, um ano de vida era retirado da agricultora Ivonete Maria dos Santos. Morreu aos 45 anos, brutalmente assassinada pelo companheiro, Severino Antônio Vieira, 54, na calçada de casa, em São Joaquim do Monte, Agreste de Pernambuco, no dia 18 de março de 2018. As imagens da sua morte, vista em plena luz do dia pelos vizinhos, foram gravadas em vídeo, fotografadas, e compartilhadas nas redes sociais e grupos de WhatsApp. Assim como o linchamento do agressor, que aconteceu logo após o assassinato da esposa. Uma violência sem tamanho, que gerou views e revolta. E mais violência.

O que logo chama a atenção na morte de Ivonete, ocorrida em um domingo à tarde após discussão banal regada a álcool, é que a população viu o crime acontecer e não se mobilizou para impedir o trágico desfecho. “As pessoas não fizeram nada por medo. Depois se juntaram e foram atrás dele, por revolta”, contou a delegada Gabrielle Nashida, que tinha assumido o posto na delegacia da cidade há menos de dois meses. Foi o primeiro caso de feminicídio do ano no município, marcado pelos altos índices de criminalidade.

A distância, impressionados com a cena dantesca das víceras de Ivonete expostas na rua, alguns vizinhos chegaram a gravar o crime. Entre a banalização do corpo daquela mulher e a espetacularização do assassinato, compartilharam tudo nas redes sociais. Rapidamente e sem cortes, os últimos minutos de vida de Ivonete já estavam sendo exibidos nos blogs do interior do Estado e programas policiais de TV. “Este é um fenômeno novo, que chega com a grande exposição nas redes sociais. Postar a foto da vítima, para ter audiência (likes e curtidas), tornou-se mais importante do que prestar socorro. A pessoa está mais preocupada em informar pelas redes que estava presente naquele momento, mesmo que seja uma calamidade”, destacou a coordenadora de projetos do Instituto Maria da Penha, Conceição de Maria.

Um dia antes do assassinato de Ivonete, a dona de casa Tatiana Apolônia da Silva, 34, gritava por socorro. Era sábado, e ela tinha acabado de chegar de moto com o companheiro, o marchante Cassiano Gonçalves do Vale, 39, ao apartamento no Condomínio Luís Cecchin, no bairro Lagoa Azul, zona urbana de Limoeiro, também no Agreste. O imóvel da família estava desocupado e naquele dia virou o endereço da sua morte. Apesar de ter pedido ajuda, ninguém fez nada.

Em depoimento na delegacia municipal, testemunhas disseram que as brigas entre o casal se intensificaram após um boato de traição. Contaram que Cassiano já tinha falado publicamente que um dia iria matá-la e depois se matar. Mas ninguém deu ouvidos. Já de noite, um vizinho chamou por ele, pedindo para que guardasse a moto porque a área era perigosa. Foi quando se deparou com os corpos do casal no corredor, entre a sala e os quartos. Antes da polícia chegar, curiosos já tinham entrado no apartamento e fotos da cena do crime também circularam pela cidade.

Após atingir a companheira com duas facadas nas costas e no rosto, Cassiano Gonçalves cortou a própria garganta, morrendo ao lado da mulher com quem teve quatro filhos e conviveu por quase 20 anos. “Ele era marchante e sabia o que estava fazendo, onde atingir o corpo de forma fatal”, disse a delegada Maria Betânia de Freitas Tavares, que investigou o crime, com fortes indícios de ter sido premeditado. Além da faca suja de sangue, na mesa da sala do apartamento, foram encontradas uma pedra e uma lima de amolar facas, aparentando terem sido usadas há pouco tempo. O inquérito foi concluído nove dias após o assassinato, também como feminicídio.

“A cultura machista ainda é muito forte, principalmente no interior, onde parte da população ainda julga a vítima, dizendo que ela mereceu, que procurou aquele fim trágico. É o que tentamos desconstruir nas novas gerações em atividades na escola”, ressaltou a secretária de Desenvolvimento Social e Cidadania de Limoeiro, Cristiane Barbosa. “A morte de Tatiana não foi provocada porque ela estaria traindo, mas porque Cassiano tinha ciúmes e sentimento de posse sobre a vida dela”, reforçou a delegada Maria Betânia.

DENÚNCIAS

Segundo Conceição de Maria, o componente cultural também pesa na decisão de denunciar uma agressão contra a mulher, uma vez que a violência doméstica ainda é vista como briga de casal. “O sentimento de que em briga de marido e mulher ninguém mete a colher é muito forte, mas a sociedade precisa saber que existe a denúncia anônima e que pode ser feita por terceiros. Se tiver acontecendo uma agressão, principalmente com risco iminente de morte, é importante ligar imediatamente para a polícia no 190”, reforçou. E ensina que, em vez de sensacionalizar o crime, a denúncia é sempre mais efetiva do que qualquer filmagem ou registro em foto. “Quando você liga para a polícia você dá conhecimento ao Estado sobre o que está acontecendo. E se a vítima, depois da denúncia, voltar pra casa e for assassinada pelo companheiro, essa morte é de responsabilidade do Estado.”

Para a jornalista e cofundadora da rede Mete a Colher Renata Albertim, o silêncio é uma forma de negar a defesa à mulher. “A sociedade não vê que, quando fica calada, ela escolhe o lado do agressor. É preciso acolher esta mulher, mas respeitando a decisão dela de denunciar, porque dependendo da forma como esta denúncia acontece, e se a vítima permanece na relação, o homem pode se tornar ainda mais agressivo”, alerta. No aplicativo da rede no Facebook, que existe há dois anos, as mulheres são estimuladas a se ajudarem, dando e recebendo apoio emocional, orientação jurídica, e suporte para se inserir no mercado de trabalho. Uma espécie de corrente para ajudar a vítima a sair da relação e quebrar o ciclo da violência. É exclusivo para mulheres, gratuito e pode salvar vidas.

Existe também o serviço Disque 180, do governo federal, um disque-denúncia que encaminha os casos aos órgãos competentes de cada Estado.

LEGISLAÇÃO

O crime por compartilhamento das imagens de cadáveres ainda não está na legislação. Mas, tudo indica, por pouco tempo. A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou no dia 17 de abril a proposta que pune, com prisão, quem reproduz imagens aviltantes de cadáver nos meios de comunicação, na internet e em outras mídias - o que inclui as redes sociais e aplicativos como o WhatsApp.

O projeto, que aumenta em um terço a pena se o responsável pela divulgação tiver acesso às imagens por meio de sua profissão, agora segue para votação em plenário. O advogado Marco Eugle, do escritório Opice Blum, especializado em direito digital, alerta: “Se uma pessoa, por impulso, pega o celular para filmar um assassinato e, por isso, não auxilia a vítima, pode ser enquadrada no crime de omissão de socorro, previsto no Artigo 135 do Código Penal Brasileiro".

Em tempo: as imagens dos assassinatos de Ivonete e de Severino em São Joaquim do Monte serviram de prova e estão nos autos dos inquéritos. Três homens foram indiciados pelo linchamento de Severino. “Eram pessoas conhecidas dele, que se revoltaram com a violência. Todas se apresentaram na delegacia e, por isso, vão responder em liberdade”, explicou a delegada Gabrielle Nishida.

Um minuto e dezessete segundos: neste tempo ele chega, discute, puxa-a pelos cabelos, derruba-a da moto e arrasta-a para o chão. Com uma pedra nas mãos, que parece ser um paralelepípedo, escolhe o detalhe de seu alvo: a cabeça de Jéssica. Uma, duas, três, quatro, cinco pedradas. Sai, desiste, volta. E dá outra pedrada - de novo, na cabeça. Não há mais movimento no corpo de Jéssica, estirado no chão, na rua, na frente da casa onde mora. Robson Gleibson da Silva, ex-marido, deixa o local caminhando, leva a moto dela. Ninguém faz nada: nem o rapaz de chapéu que está sem camisa e assistiu a tudo, nem a moça que passa na rua com uma sacola na mão, nem as duas vizinhas que testemunham o crime da frente de suas casas. Tudo registrado. A dor, a humilhação e a violência estão perpetuadas na gravação da câmera de segurança instalada em uma das casas do bairro Boa Vista, em Bonito, Agreste de Pernambuco.

Jéssica, cujo sobrenome iremos omitir, tem 26 anos.Sobreviveu. Por isso, nem deveria estar nesta série de reportagens que conta, uma por uma, quantas são e como morreram as mulheres em Pernambuco, neste 2018. Mas ouvir Jéssica é escutar o que tem a nos dizer uma sobrevivente. É saber - mesmo que jamais se entenda - o que houve até aquele instante em que um homem, alguém com quem ela manteve uma relação de amor, tentou matá-la com pedradas na cabeça.

“Era carinhoso, pra todo canto que saia era comigo. Eu não tinha nada do que reclamar dele”, conta Jéssica sobre os primeiros tempos do relacionamento com o caminhoneiro, que chegou a ajudá-la a encerrar um casamento anterior. Ela foi casada e tem dois filhos do primeiro marido; ele foi casado e tem três filhos com outra mulher. Os dois viveram juntos durante três anos.

O início do fim do relacionamento aconteceu uma ano depois de terem virado um casal: muitas discussões, as primeiras agressões - verbais, físicas. “Uma amiga veio me contar que ele tinha tentado matar a mãe dos filhos dele. Quebrou o braço dela, que ficou com a cabeça rachada. Pensei: meu Deus, e agora? Como é que eu vou me sair de um homem desse?” A expressão “me sair dele” seria usada por Jéssica muitas outras vezes durante a nossa conversa, que ocorreu em Bonito, poucos dias após ela ter deixado o hospital.

Ele agride, ele pede perdão; ela perdoa, eles voltam - o roteiro já conhecido em outros casos cujo fim é o feminicídio também foi parte da história de Jéssica e Robson. “Ele me pediu perdão por tudo, fez juras que nunca mais ia me tocar. E cai, perdoei”, admite. “Foi meu erro. Era a chance de ‘eu ter me saído’ dele.”

Tempos depois, ela conta, descobriu uma traição. Era, garante, o ponto final. “Eu fui cansando. Chega uma hora que a gente cansa.” Começaram as perseguições: na academia, numa festa, no seu salão onde era cabeleireira - assustando as clientes. “Ele começou botar na mente que eu tinha outro. E me perseguia em tudo quanto era canto. Tinha ciúme das clientes que vinham no salão. Em vez de me aproximar, foi me sufocando mais.”

Domingo de Carnaval. Já separados, Jéssica estava num bar com amigas. Ele chegou, afirmando que ela estaria bêbada. “Disse pra me deixar em paz. Virei as costas e me sentei. Cinco minutos depois, sem esperar, recebi a primeira capacetada. E foram várias.” Ela procurou o Batalhão da Polícia Militar - conta que a delegacia fecha aos finais de semana (o que não é confirmado pelo delegado). Mas o PM que a atendeu teria dito que ela precisaria de testemunhas. “Mas quem era que ia ser testemunha? Ninguém queria”, assegura.

A VÉSPERA

No dia 18 de março, Robson esperou Jéssica sair de uma lanchonete onde estava ajudando o dono, seu amigo. Escondido, tentou atacá-la com uma faca, mas ela conseguiu subir na moto e fugiu. “Já tinham me avisado que ele disse que iria me matar de facada.” Novamente com a delegacia fechada, diz ela, voltou ao Batalhão da PM. “Mas me disseram que todos tinham ido para São Joaquim do Monte. Ninguém poderia me atender.” Na cidade ali perto, também no Agreste pernambucano, naquele dia, o marido havia matado a esposa - a facadas. Depois, foi linchado e morto pelos moradores da cidade.

A narrativa de Jéssica permanece atestando a disposição de Robson de matá-la: “Ele disse que nem Jesus Cristo empatava ele de me matar”. Por isso, ela passou a noite escondida, na casa de conhecidos, num local onde ele nem desconfiasse que ela poderia estar. Na manhã seguinte, dia 19 de março, decidiu ir até a sua casa.

O que se segue é o que registram as imagens, já espalhadas pelo mundo sem porteira das redes sociais: arrastada pelos cabelos, atingida por seis pedradas, abandonada, sangrando, no chão. A câmera havia sido instalada por um policial militar, na frente de sua casa, na mesma rua em que Jéssica morava. Ele não quis dar entrevistas, mas nos disse que havia colocado a câmera ali para tentar proteger a esposa e o filho pequeno quando estivessem só os dois na casa.

Jéssica ainda revela que os moradores tentaram linchar Robson. Com medo, ele teria procurado a polícia. Entregou-se. Foi preso em flagrante, no mesmo dia do crime. “Quando eu vi que fiz uma coisa que não era pra ter feito, que eu vi que eu estava errado, aí eu parei. Se hoje eu pudesse voltar atrás, não fazia isso mais não”, disse, em entrevista para a TV Jornal Interior.

No depoimento à polícia, revelou que queria mesmo matá-la. E que já tinha se envolvido em outros casos de agressão a mulheres. No inquérito, comandado pela delegada Juliana Garcia Melo, foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado - aquele que é praticado, entre outras coisas, por motivo fútil, com crueldade e sem chance de defesa para vítima. Está no Presídio Juiz Plácido de Souza, em Caruaru.

CULPA

A violência presente em Jéssica se enxerga: ela tem uma cicatriz perto da boca e muitas outras no couro cabeludo, suturadas no Hospital da Restauração, no Recife, onde ficou internada por seis dias. Não lembrava das pedradas, da agressão, de nada. “Minha família me disse que tinha sido um acidente de moto. Só fui saber da verdade em casa, vendo o vídeo que muita gente mandou pra mim”, revela. “Foi a mão de Deus na minha vida. Porque hoje não era pra eu estar viva.” Conta ainda que tem muitas dores de cabeça e que é muito difícil olhar-se no espelho.

A violência presente em Jéssica também se sente: nos gestos, na mágoa, no desafio de entender a sua própria história. Durante quase duas horas de conversa, apesar de muito doída, ela quase não chorou. A emoção veio em dois momentos. Quando se tenta descobrir por que, mesmo sendo vítima, há tanta culpa em sua fala. Jéssica chora diz: “Eu me sinto culpada de ter acreditado nele. Não aceito isso. Não aceito. Não confio mais em homem nenhum. Ele acabou com a minha vida”.

Chora ainda mais quando precisamos falar de seu futuro. “Estava com um plano, voltei a estudar - que eu tinha parado a minha vida. Ia fazer um concurso pra ser polícia. E ele matou tudo. Não sei se eu vou conseguir. Seja o que Deus quiser. Se for da vontade de Deus… Se não for isso vai ser outra coisa. Porque eu estou viva. E vou lutar na minha vida até o fim.”

Às mulheres que compartilham, hoje, o que Jéssica já viveu, ela aconselha: “Não confie. Procure seus direitos. Se tiver chance de correr, vá pra outro canto. E corra. Porque a vida é única. A gente tem que se amar primeiro. Isso não é amor.”

ESTUPRADA POR QUEM DEVERIA PROTEGÊ-LA

Nas mãos, a mochila e o caderno em branco. No rosto, a dor de uma mãe que não verá a filha crescer e realizar o sonho de ser professora. Mas a angústia maior da dona de casa Mileide Maria de Lima é descobrir que o perigo estava dentro de casa o tempo inteiro. Maína Maria Marcolino de Lima, 13 anos, foi morta no dia 12 de fevereiro, em Igarassu, no Grande Recife. Encontrado dois dias depois, o corpo nu, estuprado e amarrado estava no fundo de uma cacimba. O único suspeito é Izaías Bezerra dos Santos, 37, padrasto da menina. Para a polícia, o crime teve motivação sexual. Como milhares de crianças e adolescentes, Maína acabou sendo abusada e assassinada pela pessoa que deveria protegê-la.

Naquela segunda-feira, a adolescente, que morava com o pai, passou a tarde com a mãe e dois irmãos na propriedade onde a dona de casa vivia com Izaías, na zona rural do município. Por volta das 17h30, Mileide, que desconhece a própria idade, mandou o companheiro deixar em casa as crianças, que estavam com o pai. Izaías levou os dois menores primeiro e Maína, sozinha, por último. Mas a menina nunca chegou ao destino. No celular de Izaías, a polícia encontrou fotos da garota nua e desacordada, possivelmente morta. O padrasto foi localizado por populares e espancado até a morte no dia 16 daquele mês.

Izaías era o primeiro marido de Mileide, pai da filha mais velha da dona de casa, de 18 anos. O relacionamento acabou ainda durante a gravidez. Mileide, então, casou-se novamente e teve outros cinco filhos. Há menos de um ano, no entanto, havia reatado com o ex. “Depois que aconteceu, teve gente que me criticou por ter voltado para ele. Era uma pessoa boa para mim e para meus filhos, ninguém imaginava que uma coisa dessas aconteceria”.

As investigações, conduzidas pelo delegado David Medeiros, foram concluídas no dia 23 de março. O inquérito indiciou o padrasto por homicídio, com as qualificadoras de feminicídio, estupro, morte por asfixia e ocultação de cadáver. Agora, o caso está em análise no Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que deverá arquivá-lo, já que o suspeito foi linchado.

Um levantamento realizado em 2014 (o mais recente) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra o submundo dos abusos sexuais contra crianças e adolescentes no País, com base em dados do Ministério da Saúde. Entre as vítimas de estupro, mais de 70% têm até 17 anos. O maior índice (50,7%) é registrado entre os menores de 13 anos, como Maína. As vítimas são do sexo feminino em 81,2% dos casos dessa faixa etária.

Ainda de acordo com o estudo, a maioria dos agressores é do sexo masculino – 92,55% em casos que envolvem crianças e 96,69% nos registros de violência contra adolescentes. 24,1% dos abusadores de crianças são os próprios pais ou padrastos e 32,2% são amigos ou conhecidos da vítima. “Por isso, a dificuldade de denunciar acaba sendo maior. Apesar dos números mostrarem que 50 casos acontecem diariamente no País, acreditamos que exista subnotificação”, argumenta Victor Graça, gerente-executivo da Fundação Abrinq, que atua com crianças e adolescentes no País. Fonte: http://produtos.ne10.uol.com.br

O flagrante foi registrado na Avenida Vereador Fernandes, no Bairro Maria Eugênia, no fim da tarde desse sábado, 29. A vítima é Guilherme Santos de Assis, de 25 anos, não seria o alvo dos criminosos

Um vídeo gravado por um morador de um prédio em Governador Valadares, no Leste de Minas, mostra o momento que um jovem é morto a tiros. Na gravação, é possível ouvir o barulho de quatro disparos. Em seguida, a vítima fica caída ao chão, o autor atravessa uma avenida correndo e foge. 

O flagrante foi registrado na Avenida Vereador Fernandes, no Bairro Maria Eugênia, no fim da tarde desse sábado, 29. De acordo com a Polícia Militar, a vítima é Guilherme Santos de Assis, de 25 anos, e foi atingido por seis tiros. Ele não seria o alvo dos criminosos.
Quem estava na mira do atirador seria o primo dele, Gleidson Barbosa de Assis, morador do prédio e apontado como integrante de uma gangue. Aos policiais, Gleidson contou que Guilherme  foi ao local entregar alguns salgados para ele. Após entregar a encomenda, ele pediu uma água e permaneceu do lado de fora da portaria do residencial. No retorno com água, a Gleidson viu um rapaz atravessar a rua, sacar a arma e já começar a atirar na direção deles. Nesse momento, ele correu e não viu mais nada. 

Outros moradores que também viram o assassinato, contaram aos militares, que depois que Guilherme caiu ao chão, o suspeito ainda tentou alcançar o primo dele, mas desistiu. Voltou e efetuou mais alguns disparos na vítima caída. Disseram ainda que havia um carro prata, onde mais três comparsas davam cobertura ao atirador. Logo após o crime, eles fugiram em alta velocidade. Segundo os policiais, dois homens envolvidos no crime foram presos. Eles disseram que foram até o local para matar Gleidson, que integraria uma gangue rival.

Comoção nas redes sociais

Na página de Guilherme no Facebook, ele se apresenta como catequista. Várias pessoas deixaram mensagens de sentimento e revolta com o crime na página dele.

 "Até quando vamos aceitar o crime impor sentenças de morte a pessoas inocente?", questionava um.  "Meu Deus como está difícil esse mundo, estamos vendo as pessoas de bem indo embora de uma forma tão brutal, muito triste.", lamentava outra. Fonte: www.em.com.br

Entre os mortos em Cabul, capital afegã, estão jornalistas que cobriam a explosão de uma primeira bomba quando foram surpreendidos por outra explosão. Fonte: http://cbn.globoradio.globo.com

Maioria das 134 mortes de policiais militares em 2017 está sem solução. Núcleo que investiga está sem comando

Bianca Marins, 40 anos, não superou a morte do marido, o sargento da Polícia Militar Márcio Leandro do Nascimento Marins, de 46 (mais da metade deles dedicado à corporação). Ele foi encontrado morto, com o corpo carbonizado, dentro do porta-malas do carro que dirigia. O crime ocorreu próximo a uma favela em Guadalupe, na Zona Oeste, dia 14 de fevereiro de 2017.

Passado um ano, dois meses e 15 dias, a viúva não sabe quem matou o pai de suas duas filhas. E a luta por Justiça se transformou em peregrinação. Pelo menos duas vezes por mês, ela busca respostas na Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca. A última visita foi na sexta-feira, dia 20. Em vão.

"A sala onde fica a equipe de investigação estava trancada. Dei com a cara na porta. Só eu sei o quanto é difícil superar a tragédia. As meninas eram muito apegadas a ele. Até hoje eu preciso de psicólogo", desabafa Bianca, entre lágrimas.

O drama da viúva do sargento Marins é o mesmo das famílias de outros policiais militares. Só em 2017 foram 134 assassinatos, a maioria ainda sem solução. Destes, 81 estavam de folga, 29 em serviço e outros 24 eram reformados. Neste ano, 38 PMs já morreram.

Para piorar a situação, há mais de um mês houve mudanças na cúpula da Segurança Pública do Rio, sob intervenção federal. Os comandos das delegacias foram trocados, mas, desde então, o núcleo criado para apurar crimes contra policiais está sem chefia e os trabalhos praticamente parados.

Policiais ouvidos por O DIA confirmaram que, por causa da repercussão do caso da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, mortos no dia 14 de março, a prioridade da Polícia Civil do Rio é desvendar o caso.

Rigor nas investigações

O bombeiro reformado Ricardo Ramos de Oliveira também pede mais rigor nas investigações. Ele é primo do sargento Adilson Ferreira Riça, de 40 anos, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), encontrado morto com quatro tiros de pistola em um condomínio na Taquara, na Zona Oeste. Ricardo liderou manifestação em frente à Delegacia de Homicídios, reunindo parentes e amigos da vítima.

"Meu primo concluiu o curso de Direito e sonhava em ser delegado. Ele trabalhou na escolta do ex-secretário de Segurança José Mariano Beltrame. A polícia, por enquanto, não deu satisfação sobre o crime, que aconteceu em 29 de setembro de 2017. Esperamos que os assassinos sejam presos", pede o bombeiro.

Procurado pelo DIA, o diretor da Divisão de Homicídios do Estado do Rio, Fábio Cardoso, não retornou as ligações. Já o titular da Delegacia de Homicídios da Capital, Giniton Lages, não quis atender a reportagem. A assessoria de imprensa da Polícia Civil não se pronunciou sobre os 134 inquéritos em andamento. O comandante-geral da PM, coronel Luís Cláudio Laviano, também não quis falar.

Especialistas criticam impunidade

Professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Rafael Alcadipani afirma que a polícia investigativa no Brasil está sucateada. De acordo com ele, a falta de dinheiro é uma das causas. No entanto, alerta para outro fator que contribui para a impunidade. "A morte de policiais parece chocar pouco a sociedade. Não há comoção social como em outros países do mundo", avalia.

Para Rafael Alcadipani, a situação do Rio é grave devido aos problemas de gestão. Na última semana, o Gabinete de Intervenção Federal decidiu acabar com 19 das 38 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). "Não devemos comparar os assassinatos dos PMs do Rio com a morte da vereadora Marielle Franco. Mas a cobrança por uma solução precisa ser igual", ressalta o professor da FGV.

No Estado do Rio, a taxa de homicídios dolosos (com intenção de matar) cresce desde 2012, segundo dados oficiais do Instituto de Segurança Pública (ISP). Há seis anos, houve 25,1 crimes deste tipo para cada 100 mil habitantes. Em 2017, o índice chegou a 31,6 assassinatos para cada 100 mil habitantes. No entanto, a média de elucidação foi de 17,9% no primeiro semestre de 2016 último dado disponibilizado pelo ISP.

"As famílias dos PMs ligam reclamando da impunidade. Enquanto a sociedade não for às ruas para pedir mudanças profundas, os crimes contra policiais serão esquecidos. O sistema faliu", sintetiza Vanderlei Ribeiro, presidente da Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio. Fonte: https://odia.ig.com.br

O marido da vítima, José Sampaio Barbosa, foi o responsável pelo crime e chegou a ferir o filho, que tentou defender a mãe

Uma idosa de 63 anos foi assassinadas a golpes de machado enquanto estava na casa em que reside, no bairro Caminho das Árvores. Vítima de feminicídio, Carmelita Rosa Topázio Barbosa foi morta pelo marido.

Os militares foram acionados pelo Centro Integrado de Comunicações (Cicom), após ligação via 190 denunciando o caso. Uma equipe da 35ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) foi até a Rua Beijoin, no edifício Itaigara Sul, e no apartamento prendeu flagrante José Sampaio Barbosa, 63. Com ele foi apreendida a arma do crime.

Um filho do casal, de 30 anos, também ficou ferido. José Sampaio foi levado para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga o caso.

“O nosso sistema de comunicação permitiu que evitássemos uma tragédia ainda maior, pois o filho foi agredido e também poderia revidar contra o pai”, declarou o comandante do Policiamento na Região Integrada de Segurança Pública (Risp) Atlântico, coronel Francisco Kerjean.

 José foi apresentado no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Pituba. Fonte: http://bahia.ba

George Curtis, de 68 anos, não era visto por familiares há meses. Caso foi registrado em Detroit, nos Estados Unidos

Uma mulher foi encontrada com o corpo em composição do namorado em Detroit, no estado norte-americano de Michigan. De acordo com a Fox News, assistentes sociais em visita de rotina presenciaram a estranha cena. George Curtis, de 68 anos, estava deitado sem vida em sua própria cama.

A checagem dos assistentes sociais foi motivada por relatos de familiares que não viam o parente há meses. Após a abordagem das autoridades, a mulher que vivia com Curtis passou por avaliação mental em um hospital da cidade.

As investigações ainda não concluíram quando Curtis morreu. Como o corpo estava em severo estágio de decomposição, ele podia estar morto há vários meses, possivelmente um ano. “Minha mulher me disse que estava cheirando muito mal lá dentro. Não sei se é possível respirar lá”, disse Jacob Caza, vizinho de Curtis. Fonte: www.metropoles.com

O veículo seguia pela rodovia quando saiu da pista e tombou próximo a Uberaba, na Região do Triângulo Mineiro. As causas do acidente ainda estão sendo apuradas

Passageiros de um ônibus levaram um susto na manhã deste sábado em Uberaba, na Região do Triângulo Mineiro. O veículo seguia pela BR-050 quando tombou. Segundo o Corpo de Bombeiros, 32 pessoas seguiam viagem. Seis ficaram feridas e foram socorridas para hospitais da cidade. As causas do acidente ainda estão sendo investigadas.

Testemunhas contaram para os militares que o ônibus seguia pela rodovia quando o motorista perdeu o controle da direção. O veículo saiu da pista e em seguida tombou em uma plantação às margens da pista. 

Viaturas do Corpo de Bombeiros, da concessionária que administra a rodovia e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram ao local atende a ocorrência. No ônibus estavam 32 passageiros, mas seis tiveram que ficar sob os cuidados médicos. 
Duas pessoas, que não tiveram os nomes divulgados, foram encaminhadas para o Hospital Universitário pelo Corpo de Bombeiros. As outras vítimas foram levadas para outras unidades de saúde pelo Samu e a concessionária. 

Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) ainda apuram as causas do acidente. Ainda não há informações se o veículo e o motorista estavam com situação regular. 

Saída para o feriado

As principais rodovias que cortam Belo Horizonte têm trânsito tranquilo, segundo a PRF. No início da manhã, o grande número de veículos chegou a provocar lentidão na BR-381, entre a capital mineira e o Espírito Santo. Fonte: www.em.com.br

Petroleiros juntos com movimentos sociais, estudantes e a população carioca saem em marcha em direção ao prédio sede da Petrobrás em protesto contra a privatização da empresa.

Uma ideia é começar a fazer caminhadas entre 10 e 20 minutos, se esforçando para manter a prática durante cinco dias por semana. A partir do hábito, o aumento do tempo e da intensidade do exercício acontece com naturalidade.

Ouça o áudio. Clique aqui:

http://cbn.globoradio.globo.com/media/audio/178165/regularidade-e-mais-importante-que-intensidade-do-.htm

Mais de 40% dos brasileiros até 14 anos vivem em situação de pobreza

Número representa 17,3 milhões de jovens, aponta estudo da Fundação Abrin

Por Agência Brasil

São Paulo - Mais de 40% de crianças e adolescentes de até 14 anos vivem em situação domiciliar de pobreza no Brasil, o que representa 17,3 milhões de jovens. Em relação àqueles em extrema pobreza, o número chega a 5,8 milhões de jovens, ou seja, 13,5%. Os dados são da publicação "Cenário da Infância e da Adolescência no Brasil", que será divulgado nesta terça-feira, pela Fundação Abrin.

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O estudo relaciona indicadores sociais aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), compromisso global para a promoção de metas de desenvolvimento até 2030, do qual o Brasil é signatário junto a outros 192 países.

"Algumas metas (dos ODS) certamente o Brasil não vai conseguir cumprir, a menos que invista mais em políticas públicas voltadas para populações mais vulneráveis. Sem investimento, fica muito difícil cumprir esse acordo", avaliou Heloisa Oliveira, administradora executiva da Fundação Abrinq. "Se não houver um investimento maciço em políticas sociais básicas voltadas à infância, ficamos muito distantes de cumprir o acordo".

O que caracteriza a população como pobres e extremamente pobres é rendimento mensal domiciliar per capita de até meio e até um quarto de salário mínimo, respectivamente.

Metas

Um dos exemplos de metas difíceis de serem cumpridas está relacionada à educação, mais especificamente ao acesso à creche.

"Você tem uma meta, que entra no Plano Nacional de Educação, de oferecer vagas para 50% da população de 0 a 3 anos (até 2024). Se você não aumentar o investimento e a oferta de vagas em creches – hoje estamos com 27% de cobertura –, não chegaremos em 50% para atender o PNE. Essa é também uma meta dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (da ONU)”, explica Heloisa.

Outra meta distante do cumprimento é sobre a erradicação do trabalho infantil.

“O acordo (com a ONU) prevê que, até 2025, os países erradiquem todo tipo de trabalho escravo e trabalho infantil. Nós ainda temos 2,5 milhões crianças em situação de trabalho. Se não houver investimento na erradicação do trabalho infantil, essa meta certamente não vai ser alcançada", avaliou.

Jovens vulneráveis

Segundo Heloisa, o relatório ressalta o quanto os jovens são vulneráveis à pobreza. Ela compara que, enquanto as crianças e adolescentes representam cerca de 33% da população brasileira, entre os mais pobre esse patamar é maior.

"Se você fizer um recorte pela pobreza cruzado com a idade, você vai perceber que entre a população mais pobre tem um contingente ainda maior de crianças e adolescentes (40,2%). Esse é um ponto importante que ressalta o quanto as crianças são vulneráveis à pobreza", diz.

A representante destaca ainda a importância de analisar os indicadores do ponto de vista regional, uma vez que a média nacional não reflete o que se passa nas regiões mais pobres. Em relação à renda, o Nordeste e o Norte continuam apresentando os piores cenários, com 60% e 54% das crianças, respectivamente, vivendo na condição de pobreza, enquanto a média nacional é de 40,2%.

"Quando olhamos para uma média nacional, tendemos a achar que a realidade está um pouco melhor do que de fato ela está. O Brasil é um país muito grande, muito desigual, então, se você olhar os dados regionais, vai ver que as regiões mais pobres concentram os piores indicadores de educação, de acesso à água e saneamento, de acesso a creches, por exemplo".

Violência

O relatório mostra que 18,4% dos homicídios cometidos no Brasil em 2016 vitimaram menores de 19 anos de idade, um total de 10.676. A maioria desses jovens (80,7%) foi assassinada por armas de fogo. O Nordeste concentra a maior proporção de homicídios de crianças e jovens por armas de fogo (85%) e supera a proporção nacional, com 19,8% de jovens vítimas de homicídios sobre o total de ocorrências na região.

A violência é a consequência da falta do investimento nas outras políticas sociais básicas, segundo Heloisa.

"Os outros índices influenciam diretamente a estatística da violência. Se você investir na manutenção das crianças e adolescentes na escola até completar a educação básica – que está prevista na lei brasileira, que seria até 17 anos –, se investir na proteção das famílias, na disponibilização de atividades e espaços esportivos para crianças e adolescentes, você vai ter um número muito menor de jovens envolvidos com a violência", conclui

Heloisa destaca que há uma relação direta dos altos índices de violência com as estatísticas de pobreza.

“A prova de que isso é uma relação direta é que, entre esses 10,6 mil crianças e adolescentes assassinados (em 2016), a maioria deles, mais de 70%, são jovens negros, pobres e que vivem em periferia. Portanto, são adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade social, ou seja, poderia ser evitado com investimento em enfrentamento da pobreza, melhorando a qualidade de moradia, educação e saúde", acrescenta.

Evasão escolar

Para reduzir a violência e os homicídios nessa faixa etária, Heloisa alerta que não basta investir em segurança pública.

"O melhor indicador da segurança pública é a evasão escolar zero", diz.

Ela cita um estudo, realizado pelo sociólogo Marcos Rolim, do Rio Grande do Sul, com jovens que ficaram na escola e outros que saíram precocemente.

"O resultado que ele encontrou é que os jovens que permanecem na escola não se envolvem com violência. Portanto, há uma relação direta e o melhor investimento para segurança pública é a escolarização, é a manutenção dessas crianças na escola".

Os indicadores selecionados para o Cenário da Infância e da Adolescência podem ser encontrados no portal criado pela Fundação Abrinq Observatório da Criança e do Adolescente.

Fonte: https://odia.ig.com.br

A cada 40 segundos, uma pessoa se mata no mundo. Isso é mais do que guerra e homicídios juntos. No Brasil, a taxa de homicídios é maior, mas o número não deixa de ser assustador: são 32 casos por dia. Apesar de ser chamada de “epidemia silenciosa”, há informações disponíveis que são muito úteis para prevenção. Precisam ser divulgadas e colocadas em prática.

Listei algumas informações abaixo. Há informações novas e outras resgatadas de posts anteriores. São sinais de alertas, mitos, orientações para familiares, amigos e psiquiatras. Espero que sejam úteis. A reportagem é de Camila Appel, publicada por portal Uol, 24-04-2018.

Cartilha da OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem uma cartilha sobre o aconselhamento do suicídio com algumas recomendações. Ela pode ser acessada aqui. Há um capítulo muito importante sobre crianças e adolescentes. Destaco o parágrafo abaixo.

“O aconselhamento é apropriado para todas as crianças e adolescentes com comportamentos suicidas e deve focar-se no tratamento cognitivo comportamental, com ênfase na capacidade para enfrentar problemas. Os objetivos do aconselhamento eficaz podem incluir uma melhor compreensão de si mesmo, identificar sentimentos conflituosos, melhorar a auto-estima, mudar comportamentos desadaptativos, aprender a resolver conflitos, e a interagir mais eficazmente com os colegas. É provável que estudantes peçam ajuda a um amigo durante os estádios iniciais da ideação suicida. Treinar estudantes para que identifiquem colegas em risco de tal comportamento pode contribuir para que os estudantes recebam o auxílio de que necessitam. Os programas de aconselhamento por colegas têm-se revelado de grande ajuda para aumentar o conhecimento que os estudantes têm sobre fatores de risco do suicídio, e de como entrar em contato com uma linha telefônica de emergência ou centro de crise, e como encaminhar um amigo para um conselheiro. Os estudantes necessitam de um foro onde possam receber informação, fazer perguntas e aprender como ajudarem os seus amigos e a si mesmos com as suas preocupações suicidas. Infelizmente, apenas 25% dos estudantes contarão a um adulto se um amigo tiver ideações suicidas. No entanto, apresentações cuidadosamente preparadas para a sala de aula, feitas por conselheiros, podem ajudar a aumentar essa taxa”.

Mitos

Segundo a cartilha "Preventing Suicide: A Global Imperative" – também da OMS.

Mito: “Pessoas que falam sobre suicídio não estão falando sério”. Fato: pessoas que falam a respeito estão buscando ajuda e suporte. Um número significativo daqueles que contemplam o suicídio estão experienciando ansiedade, depressão e falta de esperança e podem sentir que não há outra alternativa.

Mito: “A maior parte dos suicídios acontece sem aviso prévio”. Fato: a maioria dos suicídios ocorre precedidos de sinais de alertas, sejam verbais ou comportamentais. Claro que alguns ocorrem sem avisos, mas é importante entender quais são os sinais e procurar por eles, como: ter tido uma tentativa prévia de suicídio, distúrbios mentais, perda financeira ou de emprego, dor crônica ou doença, falta de esperança (normalmente acompanhada de distúrbios mentais ou tentativas anteriores de suicídio), histórico familiar, abuso de álcool e outras substâncias, genética e fatores biológicos (como baixos níveis de serotonina, que são associados a pacientes com distúrbios de humor, esquizofrenia e distúrbios de personalidade).

Mito: “Alguém que é suicida está determinado a morrer”: Fato: pessoas com tendências suicidas são ambivalentes sobre viver ou morrer e o ato pode ocorrer por impulso. Acesso a apoio emocional na hora certa pode ser determinante para evitá-lo.

Mito: “Uma vez suicida, ele ou ela será para sempre um suicida em potencial”. Fato: muitas vezes a vontade de se matar é temporária e específica a uma situação. Pensamentos suicidas podem retornar, mas não são permanentes.

Mito: “Só pessoas com distúrbios mentais são suicidas”. Fato: o comportamento suicida indica uma profunda infelicidade, mas não é necessariamente fruto de um distúrbio mental. Muitas pessoas que vivem com doenças mentais não são afetadas por comportamentos suicidas e nem todos que tiram sua própria vida tinham esses tipos de distúrbios.

Mito: “Falar sobre suicídio é uma ideia ruim e pode ser interpretado como encorajamento”. Fato: devido ao tabu em torno do tema, muitas pessoas que estão contemplando o suicídio não sabem com quem falar a respeito. Ao invés de encorajar o comportamento, falar abertamente sobre isso pode dar outras opções ou um tempo para repensarem sua decisão, evitando o ato.

A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), junto ao Conselho Federal de Medicina, disponibilizam a cartilha “Suicídio: informando para prevenir”. Em seu site, mencionam que 17% da população brasileira já pensou, em algum momento, em cometer o suicídio. A cartilha fala sobre como “abordar um paciente, explica de que forma as doenças mentais podem estar relacionadas ao suicídio, os fatores psicossociais e dados atualizados sobre o tema”.

Acreditam que desmistificar o suicídio seja fundamental para quebrar o preconceito que cerca o tema e ajudar a preveni-lo. Como a OMS, também listam alguns mitos. Um mito não mencionado pela OMS é o de que:

Mito: “o suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito a exercitar o seu livre arbítrio”. Fato: “suicidas estão passando quase invariavelmente por uma doença mental que altera, de forma radical, a sua percepção de realidade e interfere em seu livre arbítrio. O tratamento eficaz da doença mental é o pilar mais importante de prevenção do suicídio. Após o tratamento da doença mental, o desejo de se matar desaparece”.

Alertas

A cartilha da ABP indica que para uma prevenção, é necessário procurar fatores de risco, como: eventos adversos na infância e na adolescência, como abuso físico e sexual, histórico familiar e genética. A cartilha diz que “estudos de genética epidemiológica mostram que há componentes genéticos, assim como ambientais envolvidos”. Por exemplo: “O risco de suicídio aumenta entre aqueles que foram casados com alguém que se suicidou”.

A cartilha sugere a psiquiatras como abordar o paciente com desejo suicida e como identificar doenças mentais, como depressão, transtorno bipolar, transtorno relacionado ao uso de álcool e outras substâncias, esquizofrenia e transtorno de personalidade. Também ajuda a avaliar o risco real da pessoa cometer o suicídio.

A publicação americana de neurociência, Nature, lançou o artigo “A base molecular do cérebro suicida” (em tradução livre) analisando que há mudanças no sistema de neurotransmissores, mudanças inflamatórias e disfunção das células de glia no cérebro de quem está prestes a se matar.

O artigo da Nature defende que alguns fatores, como predisposição familiar, assim como adversidades no início da vida, aumentam o risco de suicídio na medida em que alteram as respostas do cérebro ao stress e a outros processos através de mudanças epigenéticas nos genes e na regulação da emoção e do comportamento.

A “American Foundation for Suicide Prevention” (uma organização americana voltada a prevenção do suicídio) diz que 90% das pessoas que cometem suicídio tem algum distúrbio mental. O mais comum é a depressão grave e outros distúrbios de humor, que podem levar ao suicídio se não forem diagnosticados corretamente ou recebido tratamento adequado. A organização aponta certas condições que podem ser consideradas riscos em potencial e divulga estudos comprovando análises post-mortemindicando diferenças biológicas no cérebro de quem cometeu suicídio.

Segundo essa organização, os sinais de alerta são: A pessoa falar sobre se matar, dizer não ter mais razão para viver, ou achar que é um fardo para os outros e falar sobre uma sensação de se sentir preso e sentir uma dor insuportável. Deve-se prestar atenção em mudanças bruscas de comportamento, especialmente relacionado a algum evento dolorido como perdas, notar se a pessoa aumentou o uso de álcool e drogas e passou a agir imprudentemente. Um sinal de alerta importante é a pessoa se isolar de familiares e amigos.

Na seção das perguntas mais frequentes do site da instituição, indicam que a melhor forma de agir quando vemos alguém considerando o ato, não é tentar convencê-lo a sair da situação com frases como: “você tem tanto para viver” ou “pensa em como isso vai machucar sua família”, mas sim mostrar empatia: “imagino como deve ser difícil para você estar se sentindo assim” e se colocar a disposição para ouvir.

Grupos de apoio

Saiba dos próximos eventos do CVV na página do Facebook da instituição.

O Vita Alere promove encontros também. Entenda o que é a posvenção do suicídio saiba sobre os próximos encontros aqui.

Um depoimento

Eu já publiquei, aqui, a carta de Gabriel de Souza Cunha. Um estudante que sobreviveu a uma tentativa de suicídio. Achei importante retomar dois parágrafos dela. Parecem representar bem o que as cartilhas acima apontam. O depoimento foi escrito em terceira pessoa.

“A conclusão mais precisa e confiável que ele pode compartilhar após passar por tudo isso, aponta para a importância do diálogo e da compreensão. Como disse Goethe, “Falar é uma necessidade e ouvir é uma arte”. E muitas vezes não estamos preparados para dialogar e compreender o que se passa com o outro nem sequer para falar sobre aquilo que se passa com nós mesmos.

“Hoje ele pensa que não se pode crer que a depressão seja uma frescura, ou que a ansiedade seja falta do que fazer ou mesmo que o suicídio se dê por falta de religião. Também não acredita que há que se falar em drama ou tentativa de chamar atenção. Na realidade, o que ele entendeu é que esses estados tornam a pessoa desinteressada pela própria vida e a diminuição da autoestima pode levar a consequências devastadoras. Isso porque não apenas o indivíduo como também todos aqueles que convivem com ele são impactados pela dor e pelo sofrimento que esses distúrbios acarretam.

Por isso, é de extrema importância exercitar a nossa empatia e se abrir ao diálogo. Falar sobre a depressão, a ansiedade e tantos outros transtornos mentais é dar visibilidade para assuntos que são considerados um tabu. Ajudar a difundir essa discussão é essencial para diminuir o preconceito e encorajar a procura pelo tratamento. É essencial não se resignar diante de uma situação dessas. Mesmo que seja difícil, é preciso se abrir para alguém de confiança. É preciso compreender as nossas emoções. É fundamental contar com o apoio da ajuda médica especializada. Ele descobriu tudo isso com o tempo, fazendo daquele famigerado erro o seu maior acerto. Viu que não estava a sós nessa luta, e só a partir disso começou a entender a fluidez da vida e a descobrir a sua leveza. Tal como na simplicidade dos escritos de Tolstói, colocou em prática que “o segredo da felicidade não é fazer sempre o que se quer, mas querer sempre o que se faz”.

Facebook

A central de ajuda do Facebook tem um uma seção direcionada para “ajudar um amigo em necessidade”, estimulando usuários a relatarem ameaças de suicídios. Na “linha direta” ainda não há endereços ou telefones de ajuda no Brasil. Ao clicar em “tenho pensado em automutilação ou suicídio”, há recomendações como: fale com um amigo, procure uma linha de ajuda, saia, seja criativo, acalme seus sentidos, relaxe, mas ainda não há informações aplicadas à realidade brasileira – como uma lista de instituições nacionais que trabalham com prevenção e posvenção ao suicídio.

O Facebook, nos nos Estados Unidos, oferece uma ferramenta para que amigos de usuários reportem posts suspeitos – que indiquem uma tendência ao suicídio. Após analisar o pedido, uma equipe da empresa manda uma mensagem ao usuário em questão, contando que um amigo pensa que ele está passando por dificuldades e oferecendo canais de ajuda – ver uma seção de dicas e suporte ou falar com um amigo ou um profissional da área. Ainda não disponível em outros países.

A organização Samaritans chegou a lançar o aplicativo “Samaritans Radar” para alertar sobre usuários do Twitter com risco de se matar. O risco era medido por frases e palavras que indicassem a tendência, como “me odeio”, “cansado de estar sozinho”, “ajude-me” e “preciso falar com alguém”. O aplicativo foi cancelado nove dias após seu lançamento (novembro de 2014) devido a críticas sobre invasão de privacidade e facilitar que pessoas mal intencionadas tivessem acesso àqueles que estão em seu momento mais vulnerável.

Há diversos aplicativos internacionais gratuitos disponíveis para celular oferecendo informações – como mitos sobre o suicídio, sinais de alerta, como ajudar alguém em situação de risco, como ter uma conversa difícil, como ser um bom ouvinte… Mas eu não encontrei um aplicativo brasileiro nesse sentido.

Posvenção do Suicídio (Um luto diferente)

A psicóloga e psicoterapeuta Karen Scavacini é a primeira brasileira a levantar sua bandeira e se especializar nesse conceito, originalmente criado pelo psicólogo americano Edwin Shneidman (1918 – 2009).

Segundo ela, esse tipo de luto difere-se dos demais e deve ser tratado com a especificidade que merece. Ela diz que se o psicólogo não tiver treinamento sobre os componentes do luto por suicídio, poderá confundi-lo com depressão e não trabalhá-lo da forma mais correta. Ele seria diferente em sua intensidade, duração e no impacto que tem no sistema familiar. Há um sentimento de rejeição, de responsabilidade e de julgamento que não necessariamente ocorre nos outros lutos. A culpabilização da família e dos amigos, por não terem percebido sinais, por exemplo, é muito grande. E segundo Karen, nem sempre há sinais claros. É possível uma família ser pega completamente de surpresa. Muitos desses sinais só farão sentido depois da morte e podem ser indiretos, difíceis de codificar.

“A dor do luto não pode ser quantificada, mas o impacto da perda por suicídio é maior. É um tsunami devastador. A forma como a família vai lidar com esse luto será muito singular e vai depender de como ela se relaciona entre si e seu conceito sobre o suicídio”, afirma Karen. A proibição do tema, que acaba virando um segredo familiar, também prejudica sua compreensão. “Quanto mais proibido ele fica, mais difícil de as pessoas poderem dar um sentido, mesmo que próprio, para essa perda”.

O tratamento de posvenção também deve ser levado às escolas, para minimizar o trauma dos colegas daquele aluno que se matou e evitar o suicídio por imitação. Karen diz que é indicado falar a respeito com naturalidade, mas evitar romantizar o ocorrido ou dar detalhes desnecessários.

Ela diz acreditar que o suicídio tem aumentado em função da observação clínica que sua profissão lhe permite fazer. Além de receber mais pacientes com tendências suicidas em seu consultório, notou o aumento de mais enlutados em função dele também. Nos congressos, Karen pergunta a seus colegas se observam a mesma realidade e ela afirma que todos, inevitavelmente, confirmam que sim.

E por quê? Para ela, as pessoas não estão conseguindo lidar com suas frustrações e não veem esperança e saídas para os problemas que encontram. O aumento seria um reflexo da sociedade contemporânea – indivíduos mais solitários e com maior dificuldade de se relacionar, de ter uma rede de apoio real e física. “Os contatos estão mais superficiais e menos genuínos. As pessoas não se encontram mais pessoalmente. O encontro virtualmuitas vezes é ilusório”, afirma Karen.

Segundo a psicóloga, as redes sociais podem ter aspectos negativos, por naturalmente propiciarem uma comparação da sua vida com a do outro e daí concluir-se que sua vida não é tão legal assim, e como consequência, sentirem-se mais isoladas e menos felizes do que o outro. O bullying seria altamente prejudicial e um desafio a ser controlado, já que adolescentes têm menos consciência dos desdobramentos de seus atos e a velocidade da internet não permite “voltar atrás”.

Ao mesmo tempo, Karen afirma que é possível encontrar uma boa fonte de apoio no mundo virtual. “Ele prejudica e, ao mesmo tempo, ajuda. Vai depender da forma como o enlutado se relaciona”, ela afirma.

Ela indica dois mitos que contribuem para o aumento de sua ocorrência.

1) “Quem fala não faz” – essa desqualificação do pedido de socorro não ajuda em nada. E é comum o suicida avisar antes de cometer o ato.

2) “Não deve se perguntar sobre o pensamento suicida” – esse mito parte do pressuposto de que não se deve perguntar para uma pessoa cronicamente deprimida, por exemplo, se ela pensa em se matar. É um mito prejudicial porque, na maioria das vezes, o que ela mais quer é falar a respeito, o que segundo Karen, é o melhor remédio para a prevenção. “O interesse genuíno e a empatia têm um efeito curativo”, afirma.

Fundadora do Instituto Vita Alere, Karen faz a mediação de um grupo de enlutados por suicídio que se reúne a cada dois meses. “A ideia principal do grupo é ser um local de pertencimento, para que o outro sinta-se acolhido e possa dividir sua história”, afirma Karen. Contar sobre o ocorrido funcionaria como uma catarse – descrever como aconteceu, qual foi o último momento com aquela pessoa, se viu sinais ou não e tirar dúvidas.

“A dor é tão profunda que às vezes as pessoas acham que estão enlouquecendo de dor. É muito comum haver problemas de sono e crises de choro durante o dia e pensam no suicídio o tempo inteiro. Encontrar pessoas que passam por isso é muito benéfico, assim como ver como lidaram com datas difíceis, como o Natal, o aniversário de um ano da perda, etc”, diz Karen.

Karen quer abrir um grupo de discussão para terapeutas que muitas vezes precisam falar sobre como lidar com essa questão com seus pacientes. “Quanto mais você puder falar, mais você consegue elaborar”, ela afirma. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

 

Interessados em debater questões relacionadas à diversidade, e como este tema está, efetivamente, inserido dentro das empresas, tem até quinta-feira (26) para participar da 2ª Conferência Internacional da Diversidade e Turismo, evento promovido pela Câmara LGBT (Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil) com o objetivo de ser um grande encontro para troca de experiências, apresentação de cases de sucesso e de práticas implementadas por diferentes organizações que estimulam a dissolução da discriminação às pessoas LGBT. A reportagem é de Claudia Pereira, publicada por O Estado de S. Paulo, 25-04-2018.

Para quem acredita que esta é uma discussão sem fundamento, os números a respeito da violência contra essas pessoas não deixam dúvidas sobre a importância do debate. Segundo dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), associação que se dedica, entre outras coisas, a fazer um levantamento detalhado sobre a violência contra este público, registrou desde o começo deste ano até a segunda semana de abril um total de 126 crimes violentos (mortes) praticados contra LGBTs no Brasil. Isso significa que, a cada 19 horas, um LGBT é assassinado ou se suicida em nosso país. De acordo com a entidade, 52% dos homicídios contra LGBT no mundo ocorrem em terras brasileiras.

Em 2017, a organização registrou 445 mortes documentadas, um crescimento de 30% em relação ao ano anterior, com 343.

Em seu evento, a Câmara LGBT faz um recorte deste debate e convida empresas, entidades, poder público e pessoas em geral para essa discussão a fim de pensar novas práticas para que o respeito à diversidade seja uma constante.

Ricardo Gomes, presidente da Câmara LGBT, aponta que empresas nacionais ou estrangeiras com sede no Brasil e com políticas relacionadas à diversidade precisam começar a divulgar seu comprometimento com a causa para clientes e pretensos clientes, seja para negociações B2B ou B2C.

“Da mesma forma que LGBTs deixam de adquirir produtos e serviços de empresas que se posicionem a favor da LGBTfobia, é chegado o momento dos LGBT priorizarem empresas que se posicionem a favor da diversidade. Por isso se faz necessário que as empresas tornem públicos os seus compromissos. A Conferência, bem como a Câmara, são territórios férteis para este posicionamento”, comenta Gomes.

Dentre os temas debatidos, destaque para “Diversidade nos Espaços Corporativos: Uma Reivindicação de Direitos Humanos e da Legitimidade e Eficiência dos Resultados”, “Famílias Formadas por Pessoas LGBTI+: A Resistência pelo Afeto” e “Políticas Públicas LGBT e o Desafio da Interiorização”, todas nesta quarta (25). No último dia, 26, vale ficar de olho nos painéis “Executivos LGBT+ Os Principais Desafios em ser um Executivo LGBTI + Cases de Inclusão”, “Futuros Líderes LGBT+ Como Se Destacar Em Um Ambiente Inclusivo” e “Benchmark em Comunicação e Marketing”. Confira a programação completa aqui.

Dentre as empresas participantes em palestras, debates e painéis estão Avon, Monsanto, Ambev, SAP, Cargill, Braskem e KPMG. A 2ª Conferência Internacional da Diversidade e Turismo ocorre na Unibes Cultural (Rua Oscar Freire, 2.500, bairro Sumaré) e tem entrada gratuita. As inscrições podem ser feitas aqui. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) aceitou uma queixa-crime contra a desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). O motivo foi uma postagem  nas redes sociais pedindo o fuzilamento do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ). Marília foi a mesma juíza que caluniou a vereadora Marielle Franco após o seu assassinato.

A decisão atende a um pedido do PSOL e do próprio Jean Wyllys. A desembargadora usou as redes sociais para defender o fuzilamento do deputado. “Eu, particularmente, sou a favor de um paredão profilático para determinados entes… O Jean Willis (sic), por exemplo, embora não valha a bala que o mate e o pano que limpe a lambança, não escaparia do paredão…” afirmou.

Sobre Marielle, a juíza teria afirmado que ela era “envolvida com o Comando Vermelho” e que foi engajada com bandidos* de drogas, entre outras absurdas mentiras. Quando questionada, reconheceu que “não sabia” quem era Marielle Franco e que publicou essas mentiras porque viu “no Facebook de uma amiga”. Fonte: www.esmaelmorais.com.br

Dois alunos do ensino médio do Colégio Bandeirantes, um dos mais tradicionais e conceituados de São Paulo, suicidaram-se em casa em um intervalo de pouco mais dez dias. A notícia tomou as redes sociais e assustou pais e estudantes de escolas particulares. A reportagem é de Renata Cafardo, publicada por O Estado de S. Paulo, 24-04-2018.

Uma nota do Bandeirantes no domingo à noite, informando as famílias sobre a segunda morte, foi compartilhada publicamente e surgiram informações não confirmadas de outros casos em várias escolas da capital.

O Colégio Agostiniano São José, uma instituição católica na zona leste, informou ao Estado que houve um caso de suicídio na semana passada. Um aluno do Vértice, na zona sul, também se matou no ano passado.

A escola, assim como o Bandeirantes, aparece sempre no topo de rankings de notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e tem altos índices de aprovação nas melhores universidades do Brasil e do exterior.

O Bandeirantes estava em período de provas, quando não há aulas, apenas avaliações para todos os anos. Após o primeiro caso, no dia 10, o colégio procurou uma especialista e programou atividades para tratar do tema com alunos, o que começaria ontem, quando voltassem as aulas normais. Mas, anteontem, outro aluno se matou.

A escola está em luto. “Eram bons alunos com pais presentes”, diz o diretor, Mauro Aguiar. Coordenadores, professores e alunos de todos os anos choram ao falar do que aconteceu. Ontem, crianças de todas as idades se sentaram para rodas de conversa mediadas por professores. “Nós temos expectativas de alto desempenho dos nossos alunos, mas também desenvolvemos muito o lado humano”, completa a coordenadora Estela Zanini.

Turma após turma, as professoras perguntavam às crianças e adolescentes se sabiam o que tinha ocorrido, dando espaço para falarem do que sentiam. Muitas das crianças lembravam com indignação de comentários que surgiram nas redes sociais. “As pessoas falam que temos vida fácil financeiramente e parece que não temos permissão para sofrer”, disse o menino no fundo da sala. “Estão dizendo que eles são covardes, fico muito triste com isso”, completou a colega ao lado.

A professora Beatriz Kohlbach, de 35 anos, que mediou a conversa, diz que os alunos “precisam saber que são ouvidos”. No fim da atividade, adultos e crianças se abraçaram e choraram juntos. “Eu não me preparei para isso, nunca imaginei que passaria por uma situação assim”, afirmou a professora de Biologia Carolina Oreb, de 37 anos, que dava aulas para um dos alunos que se mataram.

Para a psicóloga Karina Okajima Fukumitsu, especialista em processo de luto por suicídio, as conversas são importantes, tanto para acolhimento quanto para identificar outros adolescentes vulneráveis. “O suicídio é um ato de comunicação. A pessoa comunica em morte o que ela não consegue comunicar em vida.”

Segundo ela, a adolescência é uma época complicada porque é quando o jovem “busca pertencimento a partir de padrões que ele estabelece e, muitas vezes, não aceita que não consegue.” Para a psicóloga, os pais precisam estar muito atentos a uma eventual dificuldade de crianças e adolescentes de lidar com as frustrações. Karina lembra que o suicídio é sempre multifatorial e envolve três características: ambivalência, impulsividade e rigidez de pensamento. “A pessoa que se mata não tem tolerância.”

Influência. Os casos de suicídios no Brasil têm crescido nos últimos anos, segundo o Ministério da Saúde. Os dados mais recentes mostram que, na faixa etária de 15 a 19 anos, foram 722 mortes em 2015, um recorde nos últimos dez anos. O suicídio é a segunda causa de morte de jovens no mundo.

Os dois casos do Bandeirantes tiveram perfis diferentes, um deles indica uma premeditação e o outro, um ato impulsivo. Os alunos eram de ano diferentes do ensino médio e não pertenciam ao mesmo grupo de amigos. A escola tem mais de 2 mil estudantes. Na história de 39 anos do Bandeirantes, houve um caso de suicídio há 15 anos e outro há cerca de 30. “O suicídio de uma pessoa pode influenciar a outra, mas não determinar”, diz Karina.

Na porta da escola, pais se diziam assustados e confusos com a notícia das mortes. “Quando soubemos do primeiro caso, conversamos muito, dissemos que ela pode pedir socorro para nós. Agora veio esse segundo e estou chocada”, disse a intérprete Sandra Tenório. A filha mudou este ano para o Bandeirantes e foi surpreendida com a notícia durante as primeiras provas. Nos grupos de WhatsApp, os pais começaram a discutir sobre como controlar a ida em festas, questionando se havia bebidas e drogas. “Está todo mundo desesperado”, diz.

O coaching George Alan fez questão de buscar a filha, que estuda no 2.º ano, ontem na escola. “Ela chorou muito, pediu para eu vir. Os pais precisam dialogar, eu tenho dito a ela que a gente precisa se adaptar e aceitar.”

A médica Alessandra Bedini, que tem dois filhos no Band, elogiou a atitude do colégio de discutir o assunto. “Tem de trabalhar o tema. Não pode virar uma comoção, senão pode ter mais um.”

O Colégio Vértice informou, por meio de nota, que “os desafios e outros temas que permeiam a vida dos alunos são constantemente abordados em projetos e ações, e trabalhados pela equipe de orientação educacional, que presta um suporte pedagógico e socioemocional individual para o aluno e a família.”

O Agostiniano São José, também por nota, afirmou que atende os alunos com orientação educacional e promove um retiro espiritual que trata de “assuntos relacionados ao interesse dos jovens: busca de si mesmo; o conhecimento de Deus e o relacionamento com Ele; família, namoro, drogas e a perseverança de sua caminhada com Cristo”.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

DIRETO DE MINAS GERALIS: Ladrão enfarta e morre durante tentativa de roubo a motorista de Uber em Venda Nova

O condutor do aplicativo de transportes também é agente penitenciário. Familiares do assaltante contaram que ele era usuário de drogas

A tentativa de roubo contra um motorista vinculado ao aplicativo Uber, que também é agente penitenciário, acabou tendo um fim nada positivo para um jovem, de 20 anos. O rapaz sofreu um infarto e morreu durante o assalto na madrugada desta terça-feira, no Bairro Minas Caixa, em Venda Nova.

De acordo com a Polícia Militar (PM), o agente do sistema prisional informou que trabalhava no aplicativo Uber e atendeu uma corrida para o Bairro Serra Verde, solicitada por Breno Silva Pedrosa. 

O passageiro entrou no carro e, nas imediações da Rua Walfrido Teixeira Simões anunciou o assalto, colocando uma faca no pescoço do motorista e pedindo que entregasse os pertences. Assustado, o agente prisional entregou as chaves do carro e desceu do veículo.

Porém, segundo a corporação, quando Breno se preparava para fugir com o carro, o motorista percebeu que o assaltante não estava com uma arma e, sim, com uma faca. Ele conseguiu entrar no carro, no banco de trás, puxou o freio de mão do veículo e entrou em luta corporal com o suspeito. 

Durante a confusão, o agente percebeu que o jovem estava tendo uma convulsão e acionou a PM. Uma ambulância do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) foi ao local e constatou o óbito de Breno. A suspeita é que ele tenha sofrido um infarto. 

A faca usada para anunciar o assalto, um canivete e uma bucha de maconha, que estavam com o jovem, foram apreendidos. Familiares acompanharam a ocorrência e informaram que Breno Pedrosa era usuário de drogas. 

O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) para apuração das causas da morte e a ocorrência foi encerrada na Central de Flagrantes (Ceflan) 4 da Polícia Civil. Fonte: www.em.com.br