Nova lei exige que bares e restaurantes usem os de material biodegradável

RIO - Os canudinhos de plástico vão ser banidos de bares, restaurantes e quiosques do Rio. A Câmara Municipal aprovou nesta quinta-feira, em segunda discussão, o projeto de lei, de autoria do vereador Jairinho (MDB), que obriga estabelecimentos comerciais a usar canudos de papel biodegradável. Os que forem recicláveis, de forma individual, também serão permitidos. A medida agora seguirá para sanção ou veto do prefeito Marcelo Crivella.

Quem descumprir a nova lei será multado em R$ 3 mil, valor que será dobrado em caso de reincidência. Uma petição virtual, criada pela ONG Meu Rio para pressionar os vereadores a votar a favor do projeto, recebeu mais de 4.500 assinaturas. O texto já havia sido aprovado na quarta-feira, em primeira discussão. O único vereador a votar contra foi Leandro Lyra, do Partido NOVO. Fonte: https://oglobo.globo.com

Em um comunicado enviado a imprensa, Erin Egan, diretora de privacidade do Facebook, assumiu a falha. As postagens foram divulgadas publicamente sem nenhum tipo de alerta aos usuário

Um erro na rede social Facebook fez com que 14 milhões de usuários que publicaram textos, fotos e vídeos de modo privado ou apenas para amigos compartilhassem as informações publicamente na rede social. A falha aconteceu durante cinco dias em maio. A empresa disse, por meio de nota, que irá notificar imediatamente as pessoas afetadas.

As postagens foram divulgadas publicamente sem nenhum tipo de alerta aos usuários. A empresa disse que não sabe quantos desses 14 milhões de usuários expuseram dados que não queriam que fossem públicos ou quantos perceberam o erro antes de publicar algo no Facebook. Em 27 de maio, a empresa mudou as configurações das postagens afetadas para privadas -- mas não avisou os usuários do ocorrido.

Em um comunicado enviado a imprensa, Erin Egan, diretora de privacidade do Facebook, assumiu a falha. "Gostaríamos de nos desculpar por esse erro", disse. Após a divulgação da falha, as ações do Facebook fecharam o mercado em baixa de 1,65%, negociadas em US$ 188 -- após o fechamento do mercado, as ações da rede social seguiram apresentando baixa de 0,18%, negociadas em US$ 187.

Pesadelo
A revelação da falha de privacidade torna ainda mais dramática a situação do Facebook, que vem sendo cada vez mais criticado nos últimos meses por seu papel em fenômenos como a disseminação de notícias falsas e tentativas de interferência em eleições. O auge da polêmica aconteceu em março, quando os jornais The New York Times e The Observer, de Londres, revelaram que a consultoria britânica Cambridge Analytica e o pesquisador da Universidade de Cambridge, Aleksandr Kogan, usaram de forma ilícita dados pessoais de mais de 87 milhões de usuários do Facebook.

Desde então, o Facebook tem sofrido forte pressão da mídia, de órgãos reguladores e governos em todo o mundo. O próprio presidente executivo da rede social, Mark Zuckerberg, teve de comparecer ao Congresso Americano e ao Parlamento Europeu para dar explicações sobre como a rede social trata os dados pessoais dos usuários. Na mais recente aparição, no Parlamento Europeu, o executivo foi fortemente criticado por responder de forma genérica a poucas perguntas feitas durante a audiência.

Ainda não está claro se a rede social poderá ser punida por só revelar a falha de segurança agora, uma vez que a nova legislação de proteção de dados pessoais da União Europeia (GDPR, na sigla em inglês) obriga as empresas a comunicar os consumidores imediatamente. Pela lei europeia, a empresa pode estar sujeita a sanções que podem chegar a 4% da receita anual global da companhia, em caso de descumprimento das novas regras, que entraram em vigor em 25 de maio. O Facebook ainda não detalhou a localização dos usuários afetados pela brecha de segurança. Fonte: www.em.com.br

Lei foi sancionada pelo prefeito Bruno Covas. Quem tiver ninho de pombos em casa deve providenciar redes e outros obstáculos contra as aves.

Uma lei publicada nesta quinta-feira (7) no Diário Oficial de São Paulo proíbe que as pessoas deem comida a pombos na cidade. Quem for flagrado dando comida a pombos poderá ser multado em R$ 200. A lei foi aprovada pela Câmara Municipal no dia 3 de maio e sancionada pelo prefeito Bruno Covas (PSDB).

A lei proíbe ainda a comercialização de ração para pombos nas vias e logradouros públicos. Também fica proibido abrigar as aves. Os proprietários de imóveis com infestação de pombos deverão providenciar redes e outros obstáculos para dificultar o seu pouso e a formação de ninhos. Fonte: https://g1.globo.com

Identidade, gênero e luta de classes no protesto que parou o país e pode apontar para uma versão brasileira do eleitor de Donald Trump nas eleições. A reportagem é de Eliane Brum, escritora, repórter e documentarista, publicada por El País, 04-06-2018.
O Brasil que parou o Brasil por 11 dias reivindica um lugar que perdeu e um tempo que já não existe. Neste sentido, não poderia estar mais distante dos protagonistas dos protestos de 2013. Se uma parcela significativa estava ali como autônomos, avulsos, os caminhoneiros são unidos por uma identidade muito particular, cujo papel não deve ser reduzido. As rodas dos caminhões já giram em falso há muito. Aqueles que interromperam o abastecimento do país são também homens encurralados num mundo que já não compreendem. As máquinas estacionadas nas rodovias são a potência que restou, mas essa potência já não pertence a esse século.

O homem que trancou as rodovias tem idade média de 44 anos, está acima do peso, é sedentário, tem baixa escolaridade, trabalha mais de 11 horas por dia, tem remuneração mensal média de menos de quatro mil reais e acredita que sua renda está em queda. Quase metade dos caminhoneiros estava endividada. A maioria acreditava que a diminuição da demanda era causada pela crise econômica e, mesmo antes da mudança da política de preços da Petrobras, 46% já apontava o preço do combustível como um dos grandes problemas. Este é o perfil revelado por uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) em 2016. É improvável que algo substantivo tenha mudado em dois anos. É provável, porém, que a queda do número de fretes e da renda, assim como as dificuldades, tenham se ampliado com a instabilidade do país. E certamente o aumento do diesel pesou.

A relação entre a paralisação dos caminhoneiros e o apelo por intervenção militar revela conexões simbólicas profundas

É importante compreender quem é esse novo velho protagonista que parou o país em maio de 2018, assim como perceber o quanto há de protagonismo real nesse personagem. Durante boa parte da segunda metade do século 20, com mais ênfase na ditadura civil-militar (1964-1985), o caminhoneirotornou-se um personagem importante da propaganda nacionalista de um Brasil em busca do progresso e do futuro. Ao longo das últimas décadas, esse mesmo personagem testemunhou essa imagem se dissolver e, junto com ela, perdeu não só renda, mas também espaço simbólico.

A propaganda da ditadura era marcada por grandes caminhões desbravando as novas estradas abertas no país, algumas delas míticas como a Transamazônica. Basta folhear as revistas da época para alcançar o que era ser um caminhoneiro no imaginário do país dos anos setenta, a serviço de um governo opressor que manipulava tanto nacionalismo como ufanismo. A relação entre a paralisação pela redução do valor do diesel e o apelo por intervenção militar, a qual uma parte dos caminhoneiros aderiu, revela conexões simbólicas mais profundas, fundamentais para compreender o que foi esse momento.

A questão de gênero marca o movimento que reivindica também a potência perdida

A imagem que se consolidou também como autoimagem era a do caminhoneiro como um desbravador do Brasil. Afinal, era preciso atribuir valor de heroísmo à profissão, para convencer pais de família a enfrentar por semanas estradas terríveis e cheias de perigos na boleia de um caminhão. Não um desbravador qualquer, mas um que avançava conduzindo grandes máquinas e empurrava o país sobre rodas enormes. Ser caminhoneiro era também ser potente. Potente no sentido masculino e arcaico do termo. Essa marca de testosterona, essa marca de gênero do movimento precisa ser levada em conta nas análises. O caminhoneiro esteve, e ainda está, ligado a três valores: ao transporte da riqueza do país, ao espírito de aventura e ao empreendedorismo, representado pela meta de comprar seu próprio caminhão. Cada família de classe média baixa tinha pelo menos um parente caminhoneiro, especialmente nas cidades do interior e nos subúrbios das grandes cidades. Apenas como exemplo: Maria, a irmã mais querida de Luiz Inácio Lula da Silva, era esposa e mãe de caminhoneiros bastante orgulhosos da profissão, moradores dos bairros menos nobres de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.

No Rio Grande do Sul, um dos polos de caminhoneiros do Brasil, parte deles é descendente de imigrantes europeus. Se transportar as mercadorias da terra não era tão valorizado quanto possuir a terra, o bem mais cobiçado que seus antepassados vieram buscar no Novo Mundo, ser caminhoneiro era, e ainda é, considerado uma profissão digna, “de homem”, e muitas vezes passava de pai para filho, com clãs de caminhoneiros preparando o churrasco de domingo enquanto as mulheres se dividiam entre a maionese de batata e o pudim de leite da sobremesa.

Num estado que mitificou a figura do gaúcho como o errante dos caminhos, de coração valente e alma livre, o caminhoneiro era o mais próximo de um cavaleiro moderno das estradas. Muitos deles eram filhos de pequenos agricultores que perderam a terra durante o processo de mecanização da agricultura ou que não tinham terra suficiente quando os filhos cresciam e constituíam sua própria família. Em vez das raízes plantadas no chão, esses herdeiros da vontade de vencer na vida e de ter um lugar no país carregavam o produto da terra para outros cantos do mundo. Como os antigos tropeiros que os caminhões foram tornando mais e mais obsoletos.

São muitas as místicas criadas em torno do caminhoneiro para, o mais rapidamente possível, atribuir tradição à profissão num país que escolheu a estrada como principal meio de transporte de bens e de pessoas. Pelo Brasil afora há canções e histórias de caminhoneiros. E muitos devem lembrar da série Carga Pesada, da TV Globo. Ao contar as aventuras de uma dupla de caminhoneiros pelo país, Pedro e Bino, interpretados por Antônio Fagundes e Stênio Garcia, a série fez muito sucesso entre 1979 e 1981. Depois, entre 2003 e 2007, foi reeditada. Era a realização na dramaturgia do brasileiro pobre, mas trabalhador, empreendedor e sonhador, lutando contra um Brasilmuitas vezes corrompido e corruptor.

Entre o autônomo e o autômato, a luta de classes é espertamente borrada

O caminhoneiro como “guerreiro das estradas” é um personagem do Brasil. Mas de um Brasil que já não é. E este é o ponto. Nos últimos vários anos, tornou-se cada vez mais difícil manter essa autoimagem. A força dessa simbologia, cevada por tantas décadas, já não era capaz de dar sentido a uma vida que se precarizava de forma acelerada. De empreendedor do asfalto o caminhoneiro passou a ser o trabalhador autônomo, que pouco ou nada tem de “autônomo”, como bem demonstrado em artigo de Vitor Araújo Filgueiras e José Dari Krein.

A palavra, convertida em mais um termo falsificador no Brasil, ganhou um sentido ainda mais perverso após a reforma trabalhista de 2017, que tornou a carne dos trabalhadores mais barata e liberou os desmandos sobre seu corpo. De autônomo a autômato, a luta de classes vai sendo encoberta, tendo como ápice essa paralisação apoiada – ou em parte articulada – por patrões.

Como os trabalhadores de muitas categorias profissionais, o caminhoneiro também foi se descobrindo sem direitos, explorado por uma jornada exaustiva, pressionado a entregar mercadorias em tempo curto demais, estressado pelo tráfego intenso e pelas estradas péssimas, ameaçado por assaltos cada vez mais violentos, com cada vez menos poder para negociar o valor dos fretes, muitas vezes trabalhando para um só transportador, mas sem direitos de empregado porque “autônomo”.

E, para completar, testemunhando a crescente ruína do seu corpo pelo excesso de horas sentado na boleia do caminhão e pela comida gordurosa da beira da estrada. Muito trabalho, pouco dinheiro, nenhum glamour. Também não é um dado qualquer que uma das principais queixas dos caminhoneiros, no campo da saúde, é a espinha que se “quebra” ou é “quebrada”, expressada pelas dores e problemas na coluna vertebral.

Também no lado de fora a propaganda ruía. O caminhoneiro é cada vez mais visto como um irresponsável que provoca acidentes, tanto quanto como um drogado que toma rebites para poder dirigir um número maior de horas e cumprir o horário dos fretes. O combate à prostituição juvenil nas estradas o generalizou também como um explorador sexual que usa as viagens para fazer sexo com meninas. Ao chegar ao fim de uma jornada extenuante, muitas vezes ainda é tratado com preconceito e descaso e recebe menos do que o prometido, sem nenhum poder de barganha em tempos de crise, porque há um outro que aceitará as piores condições para poder garantir algum sustento para a família. Longe de casa por semanas, esse mesmo caminhoneiro nem sempre consegue manter o lugar de chefe de família ao voltar, no contexto de crescente protagonismo das mulheres, hoje mais escolarizadas que os homens.

Em busca da potência perdida, o caminhoneiro confrontou um governo sem potência alguma

É também este o homem que se insurgiu parando o país. E encontrou sua potência perdida ao se confrontar com um governo sem potência alguma, dedicado a gastar suas escassas energias para manter-se no Planalto enquanto concede o que tem e o que não tem a todos que o chantageiam. Michel Temer(MDB) e seu ministério, parte dele suspeita ou já denunciada por corrupção, entregaram tudo e também a cabeça do presidente da Petrobras, que se não renunciasse cairia de qualquer modo. Para piorar, Temer chamou de novo as Forças Armadas para botar ordem na casa que sabe governar sem legitimidade. Não apenas uma parcela da população se infantiliza, como também o presidente.

Parte dos caminhoneiros sequer percebeu que fazia o jogo dos patrões que apoiaram a paralisação. Parte deles mostrou-se incapaz de enxergar que mais uma vez os donos das transportadoras botaram o corpo dos mais frágeis na linha de frente. Enquanto eram estimulados a pintar o corpo para a guerra, os caminhoneiros mais uma vez lutaram pelos interesses de seus opressores, os mesmos que deixaram para os trabalhadores precarizados a conta para pagar também dos dias sem trabalho em nome do protesto. Essa nuance do movimento não é tudo, mas parte importante da complexidade do quadro.

Quem perdeu, mais uma vez, de todos os lados, foi a maioria da população. Mas, mesmo assim, a maioria da população, como a pesquisa do Datafolha mostrou, apoiou a paralisação dos caminhoneiros. Mesmo sendo afetada pelo desabastecimento nos supermercados, nos hospitais, nos postos de gasolina, mesmo sem ônibus para chegar ao trabalho ou às escolas, a maioria dos brasileiros apoiou a paralisação dos caminhoneiros.

Em parte, é possível que a maioria da população acredite que já paga a conta, todas as contas, de qualquer modo. Em parte, é catártico diante da contenção cotidiana numa vida ruim e numa vida que não para de piorar. A vontade reprimida e tão humana de romper com todas as amarras e ter seu dia de foda-se. Ou apoiar o dia de foda-se do outro com quem se sente identificado. Não há nada mais perigoso do que aquele que não tem nada a perder. O Brasil está vivendo um momento em que cada vez mais gente tem cada vez menos a perder. E cada vez menos motivos para conter seu ódio e sua fúria.

Que Brasil os caminhoneiros mobilizaram? Me parece haver vários, incluindo uma parte da esquerda que acreditou ser possível embarcar no movimento, adicionando a ele sentidos que não tinha, como a categoria sindicalizada dos petroleiros. Ou a esquerda que acreditava ser uma traição não apoiar qualquer paralisação. E também uma parte da extrema-direita, esta mais bem sucedida, que buscou instrumentalizar a raiva dos caminhoneiros. Depois recuou, mas certamente foi beneficiada. As forças que agiram nessa paralisação ainda precisam ser expostas com mais clareza.

Me interessa particularmente esse Brasil espontâneo, sem sindicato nem clube, identificado com os caminhoneiros porque também se sente ferrado de todas as maneiras. Esse Brasil que se descobre sem perspectiva de melhorar a renda. Ou, um sentimento mais desestabilizador, sem perspectiva de deter a sua queda. Um Brasil que se sente sem lugar. E que compartilha da enorme nostalgia do que não foi, mas acreditava que pudesse ter sido. Ou que merecia ter sido. Uma nostalgia do passado que nunca houve, este que existiu apenas como possibilidade não realizada. Mas que chegou mais perto de se realizar na primeira década deste século, nos anos de Lula, hoje na cadeia e possivelmente impedido de disputar a próxima eleição.

Pelo conteúdo das manifestações, Lula não é um “herói injustiçado” para a maioria dos caminhoneiros, mas mais um “político corrupto”, o substantivo e o adjetivo hoje quase um sinônimo para uma parcela dos brasileiros. A paralisação dos caminhoneiros prova, de forma contundente, que a democracia já não responde aos anseios de melhora de vida. Mais do que um clamor por intervenção militar, o movimento revelou a profundidade da crise da democracia que se alarga no mundo, mas ganha tons singulares no Brasil.

Não tenho pesquisa para apoiar minha hipótese. Espero que alguém a esteja fazendo. Mas minha percepção através de conversas é de que os caminhoneiros mobilizaram uma grande parcela de brasileiros que se sente impotente – e se sente impotente em mais de um sentido. Como os caminhoneiros, são trabalhadores de corpos precarizados e arruinados, pessoas exauridas, exaustas e com medo.

“Pai, faça alguma coisa antes que eu tenha que mijar sentado”

Chamo atenção, mais uma vez, para as questões de sexo e de gênero. Os caminhoneiros são 99,8% homens, e as imagens dessa paralisação exacerbam testosterona. São raras as referências a homossexuais, transexuais e transgêneros nessa categoria de trabalhadores. As redes sociais e os grupos de WhatsApp mostraram que a maior parte dos protagonistas ativos eram homens supostamente ansiosos para voltar para suas famílias de modelo tradicional, das quais estariam separados pela paralisação. “Sentiram saudades de casa e da família, que rezava e pedia para que voltassem logo e bem”, escreveu em 3 de junho o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, em artigo publicado na Folha de S.Paulo.

Acredito existir algo para se compreender nessa masculinidade ameaçada pelo crescimento do protagonismo das mulheres e das pessoas LGBTs. Ameaçado, por um lado, pela perda da renda e pela precarização do trabalho, e, por outro, pela mudança dos costumes, esse homem “comum” sente-se encurralado num país que piora a cada dia. É quase previsível que uma parte desse sentimento seja canalizada para um pedido de ordem ao Exército, a instituição que representa a testosterona em estado bruto. Tipo: “Pai, faça alguma coisa antes que eu tenha que mijar sentado”.

É menos um anseio pela volta da ditadura – e mais um desejo de viver num mundo cujos códigos possa reconhecer, num momento em que se sente empobrecido, desprestigiado, sem lugar e sem perspectivas, e com as rodas atoladas em areia movediça. Essa parcela de brasileiros, que vai muito além dos caminhoneiros, mas que se sentiu representada por eles, pode criar uma versão brasileira, e por isso particular, do eleitor de Donald Trump nas eleições de 2018. Uma parcela de brasileiros que secretamente se sente impotente, de várias maneiras.

A corrupção é o guarda-chuva que permite a quem o ostenta nem precisar explicar, muito menos precisar entender o que o move de fato

A corrupção, a bandeira mais uma vez desfraldada por apoiadores da paralisação e por parte dos caminhoneiros ao longo dos dias, é um guarda-chuva que protege aquele que gosta de se apresentar como “cidadão de bem” de seus objetivos mais mesquinhos e egoístas. É fácil ser contra a corrupção. Nunca se ouviu alguém dizer que é a favor da corrupção. A corrupção é o guarda-chuva que permite a quem o ostenta não precisar explicar, muito menos precisar entender o que o move de fato, o que sempre é muito confortável.

Ao constatarmos que a maioria dos brasileiros se corrompe um pouco por dia, no que se refere às pequenas infrações, como tirar vantagem de alguma coisa, roubar no peso ou no troco, é possível desconfiar que não é a corrupção que move tanto ódio, mas um profundo descontentamento com a corrosão do cotidiano e o sentimento de impotência. Quando alguém diz que é contra a corrupção, talvez esteja gritando contra o fato de sua vida ser tão difícil e tão aquém de seus melhores esforços, no caso dos mais pobres. Ou, no caso de quem lamenta os privilégios perdidos, contra a crença de que sua vida não está à altura do que considera merecer por posição de classe.

A corrupção, no caso dessa paralisação, foi definitiva apenas no fato de o governo Temer comprometer ainda mais o investimento em saúde e educação, decisão que atinge os mais pobres de forma explícita. E fez isso justamente por temer perder o governo e ser despachado para a cadeia por... corrupção. Não é um dado lógico, uma escolha inescapável, a de cortar justamente em áreas como saúde e educação, ciência e tecnologia; cortar recursos no campo do saneamento básico, da reforma agrária e da regularização fundiária na Amazônia; na esfera do incentivo à agricultura familiar e do desenvolvimento da agricultura orgânica e de baixo carbono; no âmbito da demarcação de terras indígenas, do desenvolvimento sustentável, da oferta de água, da fiscalização ambiental e da prevenção de desastres; nas áreas das políticas públicas sobre drogas e do combate à violência contra a mulher; no setor do trabalho, do emprego e da saúde do trabalhador. Entre outros.

A escolha do que cortar e de como manejar o preço do diesel não é lógica, mas ideológica

A escolha do que cortar e de como manejar o preço do diesel não é lógica, mas ideológica, e está a serviço de um projeto de ocupação e perpetuação de poder. Os caminhoneiros são acusados de terem chantageado o governo, em especial pela parte que toca aos donos de transportadoras, suspeitos de terem promovido um locaute – greve de patrões, portanto ilegal. Mas o governo Temer, cada vez mais fraco e desmoralizado é, ao mesmo tempo, alinhado e chantageado de forma permanente por grupos com maior poder de pressão, como os ruralistas e os donos de planos de saúde.

Em 2013, Lula, Dilma Rousseff e o PT descobriram que perderam as ruas. Em 2018, as direitas que articularam o impeachment de Dilma Rousseff descobriram o que foi dito ao PT anos antes: quem acredita que controla as ruas é um idiota. Suspeito que muita gente que apoiou o impeachment em 2016, incluindo parte da imprensa, hoje esteja bastante arrependida com os rumos que o país tomou. Mas ainda sem grandeza ética para assumir seus erros publicamente. Não é só o PT que precisa fazer autocrítica, obviamente.

A irresponsabilidade de tirar do poder uma presidente ruim, mas eleita, sem base legal para isso, alargou a convicção de que o voto vale pouco no Brasil e que os resultados das eleições, caso sejam insatisfatórios para grupos de poder, podem ser alterados. Os ecos dessa violência contra a democracia se farão sentir por décadas e foram determinantes para essa paralisação que, à certa altura, acreditou poder derrubar o governo.

Se o sentimento de revolta contra a corrosão da vida moveu 2013 e move 2018, talvez seja só isso o que existe em comum. A luta original do Movimento Passe Livre (MPL), detonador das manifestações de junho de 2013, era pela ocupação do espaço público pelas pessoas. O desejo era de retomar a cidade para quem nela vive. Em 2013, caminhando sobre as próprias pernas, uma multidão descobriu uma cidade impossível de alcançar pela janela dos carros e ônibus.

A luta dos caminhoneiros de maio de 2018 é por um Brasil que já não pode ser, embora ainda será por muito tempo. O transporte ferroviário e fluvial é pífio, apesar das dimensões continentais do país e do fato de o Brasil ter o privilégio de alguns dos maiores rios do mundo correrem no seu território. As rodas dos caminhões que hoje giram em falso dizem muito sobre as escolhas do passado e do presente.

A poluição de São Paulo foi reduzida à metade durante a paralisação

A luta de 2013 era para liberar o fluxo, a de 2018 para interromper o fluxo. Não há maior símbolo dessa diferença do que a imagem agressiva dos caminhões num planeta em que é preciso reduzir as emissões de CO2. Isso se nossa espécie quiser continuar vivendo num mundo ruim, mas ainda possível. Uma das constatações mais importantes na paralisação dos caminhoneiros, ainda que pouco mencionada, foi a redução da contaminação de São Paulo: no sétimo dia do movimento, a poluição foi reduzida pela metade. Segundo matéria da Agência Fapesp, a qualidade do ar na capital paulista tornou-se “boa” em todas as estações de medição e para todos os poluentes analisados, algo muito difícil de ser registrado.

A luta de 2013 era a das capitais, a de 2018 é a dos Brasis do interior e dos subúrbios das grandes cidades. A luta de 2013 era pelo futuro, a de 2018 é pelo futuro do passado. Escutar a todos é obrigatório. E votar em outubro se torna cada dia mais importante para a defesa da democracia num país em que ela foi corrompida. Sem a democracia, nem as ruas teriam falado em 2013, nem apoiadores – ou manipuladores – da paralisação dos caminhoneiros poderiam gritar para que o tio da farda bote ordem na casa. Essa democracia imperfeita, falha e seguidamente injusta ainda é o melhor que temos. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

José Ernesto Ferreira da Silva chegou a passar por cirurgia, amputou a perna esquerda e parte de sua genitália, mas não resistiu aos ferimentos.

Pernambuco - O jovem que foi atacado por um tubarão morreu na madrugada desta segunda-feira no Hospital da Restauração (HR), no Derby, na área da capital pernambucana. José Ernesto Ferreira da Silva, de 18 anos, chegou a passar por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos.

Com esse caso, deve subir para 65 o número oficial de ataques e para 25 a quantidade de mortes que integram a lista do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), que registra os casos desde 1992, em Pernambuco. Para o registro, o órgão depende do laudo da morte, que ainda não foi divulgado.

José Ernesto foi atacado no domingo, na Praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, na frente da Igrejinha de Piedade, uma das áreas mais perigosas na orla de acordo com os bombeiros.

Segundo a corporação, o jovem foi orientado pelos guarda-vidas a se aproximar da faixa de areia devido ao risco de ataque. Já foram 12 registros de incidente de tubarão na região. Além disso, há placas com informações de risco na região. Ele foi atacado no momento do alerta.

José Ernesto precisou amputar parte da perna esquerda e da genitália para conter o sangramento. O jovem ainda sofreu duas paradas cardíacas antes de ser submetido à cirurgia, que durou cerca de três horas. Ele seguiu para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu. Fonte: https://odia.ig.com.br

BERLIM — Um policial alemão atirou em um homem na Catedral de Berlim no domingo, informou a mídia alemã, acrescentando que as circunstâncias do incidente ainda não estão claras. Imagens postadas nas redes sociais mostram policiais armados cercando a área ao redor da catedral e duas ambulâncias estacionadas em sua entrada, uma atração turística na capital alemã.

"Por volta das 16h (local), a polícia interveio em função de uma pessoa que causava problemas, em seguida um policial fez uso de sua arma de serviço", indicou uma porta-voz da polícia à AFP, sem dar maiores detalhes.

A mídia alemã disse que a polícia foi chamada ao Berliner Dom após uma disputa entre duas pessoas no local. Pelo Twitter, a polícia alemã informou que policiais atiraram contra um homem violento, que foi ferido nas pernas. A polícia pediu ainda que as pessoas não espalhem rumores sobre o incidente. Fonte: https://oglobo.globo.com

Um grupo de turistas que viajavam entre os Países Baixos e Grã Canária, na Europa, experimentaram uma experiência incomum depois de embarcar num voo da empresa Transavia. Antes de decolar, alguns passageiros começaram a reclamar do odor dentro da aeronave. O "problema" se intensificou e o mau cheiro se tornou insuportável em pleno voo.

Foi constatado que a situação peculiar foi gerada por um dos passageiros. Para solucionar a questão, os comissários de bordo removeram o responsável pelo odor de seu assento e tentaram isolá-lo dentro de um dos banheiros, afirmou o Daily Mail.

Infelizmente nada funcionou, o cheiro parecia estar impregnado no avião. "Era como se ele não tivesse tomado banho por várias semanas. Vários passageiros ficaram ruins e tiveram que vomitar ", disse um dos turistas ao jornal.

A situação foi tão grave, que o piloto decidiu desviar o avião e fazer um pouso de "emergência". A companhia aérea disse que o aeronave havia sido desviado devido aos problemas médicos de um dos passageiros, no entanto, o porta-voz da reconheceu que o homem "cheirava mal". Fonte: www.metrojornal.com.br

Políticas públicas para mulheres, juventude e reforma agrária também serão afetados

Para bancar a política de subsídio ao preço do óleo diesel, cujo valor para os cofres públicos será de cerca de R$ 10 bilhões, o governo Michel Temer (PMDB) anunciou uma série de cortes no orçamento de áreas básicas como saúde e educação. 

Políticas públicas voltadas ao enfrentamento à violência contra a mulher, à juventude e à reforma agrária também estão na lista dos cortes, publicados nesta quinta-feira (31) no Diário Oficial da União. Em paralelo, além da reoneração da folha de pagamento para alguns setores, o Planalto também aumentará a arrecadação de impostos para exportadores, indústria de refrigerantes e indústria química.

Antes mesmo do anúncio de quais áreas seriam afetadas, a oposição criticou a proposta do governo. A senadora e presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffman (PR), destacou os impactos que o subsídio representaria.

“O governo, ao propor subsídio e desoneração não enfrenta o problema principal: a política de preços da Petrobras. Ou seja, vai tirar dinheiro de quem precisa, de políticas públicas e programas dos mais pobres para subsidiar o diesel. Na negociação que o governo fez, o foco foram as grandes empresas de transporte”, diz.

A mudança na política de preços mencionada por Hoffman, bem como o emprego da capacidade máxima das refinarias da Petrobras, era um dos pontos de reivindicações da recente greve dos petroleiros, impedida judicialmente por meio de uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Alexandre Castilho, diretor do Sindicato dos Petroleiros Unificado de São Paulo, explica que as medidas permitiriam abaixar o preço dos derivados, já que a produção nacional é mais barata. 

“Qual o caminho? Voltar a uma política de preços internos baixos, inviabilizando as importações, porque nosso preço é mais competitivo, aumentando a produção das refinarias. Nós podemos trabalhar com 95% da nossa carga e atender o mercado”, defende. 

Quem perde

Com os cortes no orçamento, o governo planeja economizar R$ 3,4 bilhões. R$ 135 milhões previstos para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) não serão executados. Em termos comparativos, o Planalto destinou quase 60% deste montante – R$ 80 milhões – para garantir a execução de operações de Garantia da Lei e da Ordem para desbloquear estradas. Um programa de incentivo a instituições de Ensino Superior, por sua vez, deve perder R$ 55 milhões. 

A gestão de políticas públicas de juventude a nível federal também será afetada. Na reforma agrária, a assistência técnica para a agricultura familiar, o desenvolvimento de assentamentos e a promoção da educação no campo também sofrerão cortes. 

O governo afirma também que utilizará uma reserva de pouco mais de R$ 2 bilhões, que estavam destinados à capitalização de empresas públicas.

Com os cortes, o limite para modificar despesas manejáveis será ainda menor do que em 2017, ano em que serviços como a emissão de passaportes e políticas como o combate ao trabalho escravo foram prejudicados e até mesmo interrompidos. Fonte: www.brasildefato.com.br

 Missa de Corpus Christi no Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 

Há suspeitas de envolvimento de servidores públicos, lobistas, advogados, dirigentes de centrais sindicais e parlamentares. PF faz buscas em gabinetes de três deputados na Câmara dos Deputados, em Brasília

Uma operação da Polícia Federal (PF) cumpre, na manhã desta quarta-feira (30/5), ordens judiciais em uma investigação que busca suspeitos de integrarem uma organização criminosa dentro da Secretaria de Relações de Trabalho do Ministério do Trabalho, especializada na concessão fraudulenta de registros sindicais. Há suspeitas de envolvimento de servidores públicos, lobistas, advogados, dirigentes de centrais sindicais e parlamentares.

Em Brasília, segundo o jornal Folha de S. Paulo, as buscas foram concentradas nos gabinetes dos deputados Paulinho da Força (Solidariedade-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Wilson Filho (PTB-PB).

A ação, intitulada Registro Espúrio, faz buscas em São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e no Distrito Federal. No total, o Supremo Tribunal Federal (STF) expediu 64 mandados de busca e apreensão, 8 mandados de prisão preventiva e 15 mandados de prisão temporária, além de outras medidas cautelares.

Em nota, a Polícia Federal explica que não dará coletiva à imprensa. Relatou apenas que, após cerca de um ano, as investigações revelaram um amplo esquema de corrupção dentro da Secretaria de Relações de Trabalho do Ministério do Trabalho. "Os investigados responderão pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro", afirmou a nota da PF.

O Ministério dos Trabalho ainda não se posicionou sobre o assunto. O espaço está aberto para as manifestações da pasta e dos deputados alvos da investigação. A reportagem também aguarda resposta da Câmara dos Deputados. Fonte: www.correiobraziliense.com.br

Petroleiros decidiram cruzar os braços. A Federação Única dos Petroleiros (FUP), que reúne 14 sindicatos, anunciou que a greve deve durar três dias. Já a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que agrega cinco sindicatos, disse que a paralisação não tem previsão para acabar.

Os petroleiros pedem que a Petrobras volte a produzir 100% da capacidade das refinarias. Atualmente, a estatal opera em 60%.

Os grevistas também pedem o fim da política de preços da Petrobras. Hoje, baseada no preço do barril do Petróleo e na cotação do dólar (esses são os critérios que a Petrobras usa para reajustar o combustível brasileiro).  A estatal foi comunicada da greve pelas federações. Fonte: www.noticiasbrasilonline.com.br

Instituição tem policiais de inteligência infiltrados entre os caminhoneiros para descobrir "falsos líderes" que tentam manter a paralisação

Em um novo balanço sobre a greve dos caminhoneiros, o Ministério da Defesa e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) anunciaram no fim da tarde desta segunda-feira, 28, que não existem mais bloqueios totais ou parciais nas rodovias do país. De acordo com o levantamento da PRF, ainda há 494 pontos de aglomeração de motoristas, mas todos estão parados nos acostamentos ou nos pátios de postos de gasolina.

Policiais da inteligência da PRF estão infiltrados no movimento para tentar identificar e prender líderes que insistem para que os caminhoneiros permaneçam parados, afirmou o diretor-geral da instituição, Renato Antonio Borges. Fonte: https://veja.abril.com.br

A polícia federal dos Estados Unidos, o FBI, emitiu nesta semana um alerta global para que todos reiniciem seus roteadores, domésticos ou empresariais, de modo a impedir a atuação de um malware supostamente ligado à Rússia, informou o jornal norte-americano The New York Times.

A recomendação vale para todas as pessoas e empresas em qualquer lugar do mundo que usem um dispositivo de distribuição de sinal Wi-Fi de internet. Segundo o FBI, basta desligar e ligar de novo o roteador para impedir a ação do suposto vírus.

O malware em questão se chama VPNFilter e seria capaz de bloquear o tráfego por alguns sites, coletar informações de usuários e até desativar os roteadores remotamente por completo. O FBI não sabe dizer exatamente quantos aparelhos estão infectados.

De acordo com uma análise recente da empresa Cisco, ao menos 500 mil roteadores em 54 países possuem o VPNFilter instalado. Marcas como Linksys, MikroTik, Netgear e TP-Link estão entre as afetadas pelo vírus, que teria sido feito por hackers russos.

No entanto, segundo o FBI, o número de roteadores infectados pode ser bem maior do que o estimado pela Cisco. Além de reiniciar os aparelhos, a polícia federal dos EUA também recomenda que usuários troquem suas senhas de acesso ao roteador e atualizem o firmware do dispositivo. Fonte: https://olhardigital.com.br

A categoria conseguiu ser atendida em diversas reivindicações, dentre delas o subsídio, pelo Governo Federal, do valor referente ao que seria a retirada do PIS, Cofins e Cide sobre o óleo diesel. A medida permitirá a redução de R$0,46 no preço do diesel até o final do ano.

Nota Oficial: Abcam assina acordo com Governo para pôr fim às manifestações

Brasília, 27 de maio de 2018

Após a reunião realizada hoje (27), na Casa Civil, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros decidiu assinar um acordo com o Governo para pôr fim às paralisações dos caminhoneiros autônomos.

A categoria conseguiu ser atendida em diversas reivindicações, dentre delas o subsídio, pelo Governo Federal, do valor referente ao que seria a retirada do PIS, Cofins e Cide sobre o óleo diesel. A medida permitirá a redução de R$0,46 no preço do diesel até o final do ano.

A Abcam considera o acordo assinado como uma vitória, já que o acordo anterior previa uma redução de apenas 10% por apenas 30 dias. Entretanto, a Associação acredita que até dezembro deste ano o Governo encontre soluções para que essa redução seja permanente.

Reivindicações atendidas

-Redução até 31/12/18 de R$0,46 no preço diesel,

-Congelamento dos preços do diesel por 60 dias,

- Após os 60 dias, os reajustes no valor aconteceram a cada 30 dias, o que permitirá certa previsibilidade do transportador para cobrança do valor do frete
- Extinção da cobrança de pedágio por eixo suspenso em rodovias federais, estaduais e municipais;
-Tabela mínima de frete

-Determinação para que 30% dos fretes da Conab sejam feitos por caminhoneiros autônomos

As Medidas Provisórias têm força de lei. Portanto, as três medidas começam a valer assim que o texto for publicado no "Diário Oficial da União".

Importante ressaltar que as multas aplicadas durante as manifestações também foram canceladas tanto para os caminhoneiros como para às entidades

Fim das manifestações

Sendo assim, já que o objetivo foi alcançado, a Abcam pede a todos os caminhoneiros que voltem ao trabalho.

O presidente da Abcam, José da Fonseca Lopes, também deixa a seguinte mensagem: “Amigos caminhoneiros, voltem satisfeitos e orgulhosos para o trabalho. Conseguimos parar este país e sermos reconhecidos pela sociedade brasileira e pelo Governo deste país. Nossa manifestação foi única, como nunca ocorreu na história. Seremos lembrados como aqueles que não cederam diante das negativas do Governo e da pressão dos empresários do setor. Teremos o reconhecimento da nossa profissão, de que nosso trabalho é primordial para o desenvolvimento deste país. Voltem com a sensação de missão cumprida, mas lembrando que a luta não termina aqui.” Fonte: http://www.abcam.org.br

Cantor afirmou que 'às vezes os fins justificam os meios' em apresentação em São José do Rio Preto

RIO — Roberto Carlos demonstrou apoio à greve dos caminhoneiros durante show realizado no último sábado, em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Durante a apresentação, o cantor afirmou que "às vezes os fins justificam os meios" e manifestou solidariedade aos grevistas, antes de iniciar a canção "Caminhoneiro".
"As causas que eles estão reivindicando são nossas causas”. Meu abraço e meu carinho para esses nossos heróis caminhoneiros de todas as estradas", disse Roberto Carlos, em momento que foi compartilhado no Instagram oficial do cantor.

Gravada em 1984 por Roberto, "Caminhoneiro" foi composta pelo rei com Erasmo Carlos e John Hartford, e fala sobre a saudade de um caminhoneiro por sua amada. A música foi regravada por Adriana Calcanhoto em 1990.

Procurado pela reportagem de O GLOBO, Roberto Carlos respondeu por meio de sua assessoria de imprensa que não irá se manifestar sobre as declarações feitas no show de sábado. Fonte: https://oglobo.globo.com

Com o caminhão estacionado na Praça da Liberdade, um motorista autônomo conta como eles utilizam o WhatsApp para combinar ações, desmentir ministros e afastar interesses políticos

Sentado nos degraus da entrada do Memorial Minas Gerais Vale, na Praça da Liberdade, diante de seu caminhão, um transportador autônomo mostra o celular e comenta: “É por aqui que a gente se organiza e fica sabendo da verdade, não é pelo que eles dizem na televisão depois das reuniões em Brasília. Aquilo é tudo fake news.” No final da manhã de ontem, o motorista, de 47 anos e morador da zona leste de BH, aceitou conversar com o Estado de Minas, sob a condição de anonimato, para explicar o que o fez parar de trabalhar até conseguir o que quer. É uma agenda pragmática, que começa pela redução e estabilidade do preço do diesel. E não pretende, segundo ele, se misturar com os interesses de outros grupos. “Irmão, a gente não vai lá, não. Nosso protesto não tem nada a ver com Pimentel”, disse o autônomo para um dos organizadores de manifestação de apoio aos caminhoneiros e de protestos contra todos os políticos, que havia pedido para o motorista estacionar seu caminhão em frente ao Palácio da Liberdade. “Eu só vim aqui porque vocês disseram que ia ter povo. Não tô vendo povo nenhum. Cadê o gigante que ia acordar?”Carretas não podem circular no perímetro da Avenida do Contorno sem correr o risco de multas. Mas ontem foi diferente: os dois veículos de carga chegaram buzinando à Praça da Liberdade. Foram recebidos, sob aplausos e gritos de “Somos caminhoneiros”, por um grupo de manifestantes, boa parte deles com bandeiras e camisas da seleção brasileira, alguns com cartazes pedindo intervenção militar. Ao chegar, os veículos causaram frenesi e logo se tornaram cenário para selfies e gravações de vídeos dos que se vestiam de verde e amarelo, entre brados de “Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”, “Fora Temer”, “Fora Pimentel” e “A nossa bandeira nunca será vermelha”.

Ao lado de outro motorista, 10 anos mais jovem e também morador da zona leste, o caminhoneiro corrige ao ser perguntado sobre a origem da greve. “Não é greve. Não tem sindicato. Eu não pago sindicato, eu pago é diesel caro. E não dá mais pra continuar assim”, diz. A reunião realizada em Brasília na quinta-feira, que terminou com representantes do Planalto e de caminhoneiros sorridentes a celebrar um acordo, foi inócua, disse o autônomo. “Não tinha ninguém nosso, eles não deixaram entrar o Chorão (o goiano Wallace Landim), o único que podia falar e trazer as propostas deles pra gente. Desde às quatro da tarde a gente já sabia que não ia dar em nada, só ia aumentar o movimento. Governador de São Paulo tá fazendo a mesma coisa, se reunindo com gente que não nos representa e indo pra televisão anunciar acordo.”

O uso do WhatsApp é intenso e tornou-se a principal ferramenta de comunicação entre os autônomos. É pela rede que eles planejam ações, acompanham a movimentação das Forças Armadas e desmentem ministros: “Vê se a gente pode confiar num sujeito como aquele Marun? Só com o papel assinado”. Há uma restrição, segundo o motorista, no grupo de WhatsApp: político não entra. “Hoje mesmo apareceu um no grupo se dizendo do PT, queria negociar de o partido entrar com força para nos apoiar em troca dos caminhoneiros reconhecerem que foi golpe na Dilma, fazer um mea culpa. Tem base? Tiramos a figura na hora”.

Quanto tempo vai durar a paralisação?

“Depende deles aceitarem o que a gente quer. Mas é bom o pessoal saber: depois que acabar, vai demorar muito pra voltar ao normal. Cada dia parado, pode botar três, quatro dias para recuperar.” No fim da conversa, o mais velho comenta com o autônomo mais novo: “Você viu como o pessoal ficou quando eu toquei a buzina? Buzina forte, parece buzina de trem, moço! Faz um barulho...” E é provável que haja mais barulho. Abaixo, trechos da conversa com o motorista autônomo mineiro.

O movimento surgiu de alguma liderança política ou sindical?

Não tem nada disso. A gente não fez uma assembleia e resolveu parar. Foi pela indignação. Foi trocando ideias pelas redes sociais que fomos ficando indignados com mais de 11 aumentos de combustíveis seguidos. Não temos nenhuma relação com sindicatos, partidos ou movimentos. A coisa foi espontânea e a população enxergou isso e comprou a briga. No whatsapp a gente fechou com gente de Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas. Foi de todo o Brasil. Uma rede enorme e que todo mundo conversa e decide.

E quanto à negociação conduzida pelo governo federal?

Reconhecemos apenas a Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), que foi uma espécie de porta-voz. Levaram nossas demandas, mas não nos organizaram. Se fizerem algo que não nos deixe satisfeitos, a gente cruza os braços do mesmo jeito. A gente é autônomo, em maioria. Não pago sindicato. Mas era preciso ter alguém para encaminhar as nossas demandas. Mas se não fizerem isso como queremos, a gente simplesmente não aceita.

Vocês tiveram medo de a população não concordar com a sua paralisação?

Combustível é o que encarece tudo no Brasil. Porque nós, caminhoneiros, trazemos tudo que as pessoas consomem. Então, não tem como as pessoas não estarem a favor dessa luta. Até porque eles compram combustível para trabalhar, para estudar, para viver. E tudo aquilo que consomem já chega encarecido pelo preço exorbitante dos combustíveis. Não duvidamos em nenhum momento que os brasileiros iriam nos apoiar.

Outros manifestantes tentaram vincular o movimento de vocês às causas deles?
Demais. Aqui na praça (da Liberdade) queriam que a gente estacionasse os caminhões na frente do Palácio (da Liberdade) para pedir o impeachment do (governador Fernando) Pimentel. Sai fora. Não tem nada a ver com o que estamos precisando. Houve, também, petistas que quiseram se infiltrar e conduzir do jeito deles o movimento trazendo outras questões e pedidos. Condenar o impeachment da (ex-presidente) Dilma (Rousseff) ou a prisão do (ex-presidente Luiz Inácio) Lula. Não tem nada, absolutamente nada a ver com isso. A gente identificou essas pessoas e simplesmente tiramos das nossas redes sociais.


Como vocês descrevem a situação dos caminhoneiros brasileiros?

A gente estava quase pagando para trabalhar. Se um pneu estourasse, se tivesse de trocar óleo para conseguir que os freios e mecânica do caminhão funcionasse, a gente quase não tirava dinheiro do frete. Era uma situação sem sustentação. Uma hora ia estourar e a gente não aguentou e estourou. Agora, só com uma garantia de que podemos trabalhar com justiça. Só queremos trabalhar e ganhar nosso sustento.

Quando a paralisação vai acabar?

Quando o preço do óleo diesel baixar e se garantir que não será aumentado de novo. Quando nos possibilitarem passar pelas balanças com os eixos levantados e pagar um preço justo. Tem que retirar a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), o PIS (Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público) e o COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social) do diesel. Só assim a gente vai ter um impacto positivo para todos, não apenas para os caminhoneiros. E toda a sociedade vai sentir isso.

Fonte: /www.em.com.br