Enquanto capitais aplicam dose de reforço, há municípios onde cobertura estacionou nos 20%

 

Ribeirinho às margens do rio Solimões, no Amazonas. Localidades de difícil acesso ainda têm cobertura vacinal reduzida Foto: BRUNO KELLY / Reuters

 

Bianca Gomes

SÃO PAULO — Enquanto o Brasil avança para a vacinação de crianças e dá doses de reforço aos adultos, ainda há cidades que só conseguiram completar o esquema vacinal de cerca de 20% de sua população. Entre os motivos apontados por especialistas e secretários de saúde estão a desinformação, o difícil acesso a regiões isoladas e a influência de líderes religiosos que fazem campanha contra a vacinação.

Segundo levantamento do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fiocruz (Icict/Fiocruz) com os últimos dados disponíveis, de 8 de dezembro, os bolsões de não vacinados se concentram nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e no norte de Minas Gerais e sul da Bahia.

No município de São Félix do Xingu (PA), o secretário de Saúde Raphael Antônio Souza ampliou o horário de funcionamento dos postos, levou o carro da vacina aos bairros da cidade, que tem cerca de 91 mil habitantes, sorteou celulares para os jovens se vacinarem e até ofereceu prêmio para as equipes de saúde que conseguiram imunizar mais pessoas. Mas nada disso funcionou.

— A população não acredita na imunidade da vacinação. Há muita fake news sobre os efeitos colaterais. Todas as ações foram tomadas, não tem o que fazer — disse Souza, cuja região tem cerca de 20% de vacinados.

O mesmo ocorre a quase 500 quilômetros dali, em Santa Maria das Barreiras (PA), onde o secretário de Saúde Vanderley Oliveira diz que 3 mil pessoas, de uma população de 23 mil, se recusam a tomar a vacina.

— Ouvimos da população que ainda é um experimento, que pessoas estão morrendo. E até que quem toma vacina vai para o inferno — conta ele, acrescentando que o passaporte da vacina foi a única ação exitosa.

O estudo da Icict/Fiocruz mostra que as microrregiões com vacinação mais baixa são também as com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH):

— O Brasil que está falhando na imunização é o Brasil esquecido, o das fronteiras, dos pequenos municípios — diz Christovam Barcellos, sanitarista e um dos pesquisadores do instituto. — São locais com pouca infraestrutura, sem estradas, recursos humanos escassos e orçamento pequeno. Além disso, há influência ideológica e de (líderes de) religiões (antivacina).

É o que se vê em Oiapoque (AP), município de 27 mil habitantes que faz fronteira com a Guiana Francesa. Lá, o prefeito, Bruno Almeira (PRTB), foi flagrado descumprindo medidas sanitárias em bares e baladas.

Além do mau exemplo do prefeito, que contribui para 23% de vacinados, a cidade brasileira é influenciada pelo movimento antivacina do país vizinho. Especialistas ouvidos pelo GLOBO dizem que muitos políticos da Guiana Francesa se elegeram com a pauta antivacina, o que acirrou as tensões internas no território. Profissionais da saúde foram impedidos de trabalhar e a agência regional de saúde teve sua energia cortada. Em dezembro, o país tinha 38% da população vacinada. Procurada, a prefeitura de Oiapoque disse que toda a cidade está imunizada. O levantamento da Fiocruz leva em conta outras cidades da microrregião.

Em Borba (AM), município de 35 mil habitantes da microrregião de Madeira, funcionários da prefeitura dizem que parte dos moradores que não quer se vacinar é influenciada por líderes religiosos antivacina.

— (Líderes) dizem que a vacina não é de Deus, foi uma invenção de laboratório e que já estão sob a proteção divina — diz a secretária de Saúde Ângela Barba.

O município precisa lidar ainda com os 44 mil km² de extensão. A visita a uma das comunidades leva seis dias de viagem e custa quase R$ 30 mil. Destinos onde moram comunidades ribeirinhas e indígenas só têm acesso de barco, diz Ângela:

— É pouco recurso para chegar nesses locais.

Cidades com baixa cobertura vacinal dizem que os números cresceram e que estão atrasados principalmente em função dos problemas de conectividade. Fonte: https://oglobo.globo.com

Em entrevista à CNN, epidemiologista Ethel Maciel destaca dificuldade de se fazer previsões da pandemia por causa do apagão de dados da Saúde e a falta de testes de Covid-

Elis FrancoLeonardo Lopesda CNN

Na semana em que o Brasil completa um ano do início da vacinação contra a Covid-19, especialistas ouvidos pela CNN alertam que o país deve enfrentar, nos próximos dias, o pico da onda provocada pela variante Ômicron, enquanto “corremos contra o tempo para evitar novo colapso de saúde”.

De acordo com dados divulgados pelo Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) na noite de segunda (17), o Brasil atingiu a maior média móvel de casos de Covid-19 desde junho do ano passado. Foram mais de 74 mil casos registrados e 121 mortes provocadas pelas doenças nas últimas 24 horas.

Em entrevista à CNN nesta terça-feira (18), a epidemiologista e professora Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Ethel Maciel, explicou que a piora da pandemia vista neste momento é resultado das aglomerações feitas durante as festas de fim de ano.

“Natal, Ano Novo, as festas de fim de ano no geral demoram duas semanas para que tenhamos o pico de contaminação. E a gente ainda está em um período de férias, onde muitas pessoas tendem a aglomerar”, pontuou.

A professora destaca que muito provavelmente o pico da nova variante do coronavírus ainda não foi atingido. Ela comenta que há uma dificuldade de se obter informações concretas que deem o panorama da pandemia no país por causa do apagão de dados que o Ministério da Saúde teve após um ataque cibernético em dezembro, e pela falta de testes para diagnóstico de Covid-19.

“Não sabemos exatamente os números. Muito provavelmente tem uma subnotificação grande”, disse Ethel.

A epidemiologista comenta que os dados dos efeitos da Ômicron no Reino Unido indicam que ela é cerca de duas vezes mais transmissível do que a Delta.

“Estamos seguindo os dados de outros países que fazem muitos testes, mas acredito que ainda não chegamos no nosso pico. Vamos ter duas semanas ainda difíceis aqui no Brasil”, afirmou. Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br

Discutir com idiotas

A característica básica da falta de inteligência é ser cego sobre suas próprias capacidades

Leandro Karnal, Especial para o Estado

O advogado Tiago Pavinatto lançou, pela Edições 70, o livro Estética da Estupidez: A Arte da Guerra Contra o Senso Comum. O livro é muito interessante e serve para refletir o momento curioso em que nos encontramos. O autor mistura bom humor, ironia ácida, referências eruditas e lança catapultas sobre a Jerusalém de Brasília e seus Messias. 

Comecei refletindo na epígrafe do livro: “Debater com um idiota é perder de maneiras distintas e combinadas. Perde-se tempo. Perde-se a paciência. E se perde o debate propriamente, porque ele só entenderá argumentos idiotas – e, nesse quesito, o imbatível é ele, não você”. (Reinaldo Azevedo). 

A primeira reação ao ler o pensamento é sorrir. Ela já contém uma vaidade: se você gostou, há uma chance de não se considerar um idiota. Quem achou bom, naturalmente, imagina-se portador de cidadania plena na ilha da sabedoria e da razão e olha para os limitados com certa xenofobia. O pensamento de Azevedo termina com frase que, diria meu pai, usa de “contundência”. O termo comum para a conclusão, hoje, é “lacradora”. Sim, o adversário é imbatível porque é... idiota. Há certo consolo retórico e psicológico na conclusão. 

Despontam questionamentos válidos: a) como saberei, de fato, que não sou um imbecil? A característica básica da falta de inteligência é ser cego sobre suas próprias capacidades; b) se não posso debater com idiotas e não tenho certeza sobre minha pontuação no campo da genialidade, com mais certeza terei dúvidas sobre quem é sábio ao meu redor e, por consequência, digno de debate; c) se eu perco o debate com idiota porque ele é melhor no manejo do argumento ilógico, com um sábio eu perderei porque ele é hábil no uso da razão; logo, perderei sempre?

Eu já dei este conselho em palestra, citando minha avó: “Não toque tambor para maluco dançar”. Li O Alienista de Machado algumas vezes e me dou o direito ao relativismo no campo da sanidade mental. Analisando algumas passagens da minha vida pretérita, eu teria bons motivos para ocupar ampla suíte na Casa Verde do dr. Bacamarte. Itaguaí poderia conter o universo todo. 

Sim, fui louco eventual. Continuarei sendo um idiota? Claro, querida leitora e estimado leitor, já ficou claro aqui que temos idiotas insanos e idiotas perfeitamente equilibrados daquele tipo que, em época menos cuidadosa com palavras, chamaríamos de “pessoa normal”. Como é patológico nos dias atuais identificar alguém como normal, digamos que a maioria das ações e pensamentos de alguns idiotas caracteriza um comportamento médio tido por aceitável pela sociedade. 

Duas questões afloram: sou um idiota? Devo discutir com idiotas? Sendo a democracia inconciliável com a censura, estaríamos condenados (como pensou Umberto Eco) à fala onipresente do “idiota da aldeia”? A figura descrita por Eco tem base literária: anda, maltrapilho, incomodando pessoas com frases e gestos, todavia todos o tomam por inofensivo. Aliás, o “idiota da aldeia” tem profunda função social: serve para classificar todo o resto da comunidade como inteligente. É fundamental existir, no grupo, o tipo limitado: a sombra da escassez cerebral dele ilumina a inteligência dos outros. 

Nos tempos que despertam desejo daquele meteoro devastador como redenção possível, existe a categoria que Pierre Bourdieu chamou de “meio-cientistas”, chave conceitual analisada por Pavinatto na página 175. Fazem eco a algum tema tratado por pesquisadores, misturam a outros, somam certo senso comum com linguagem elaborada e, le voilà, surge um post devastador contra vacinas... O meio-cientista reúne o pior de dois mundos e causa danos aos idiotas da aldeia e aos sábios. 

Que futuro terá nossa sociedade se conseguirmos classificar com quem se pode e com quem não se pode debater? Teremos uma Berlim reconstruída com um muro ao meio? Uma nova Guerra Fria?

Eu tenho alguns princípios para tentar conversa séria. O primeiro é concordância sobre ética e lei. Não discuto com racistas ou defensores da violência contra a mulher, por exemplo. É uma derivação do paradoxo de Karl Popper: não tolerar intolerantes: “A tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância”, segundo o austro-britânico. 

Há mais condições propícias: a pessoa ouve e fala. A condição de um diálogo é a alternância entre ouvir e falar. Mais uma: existe uma vontade de análise sem fígado, adjetivos, fulanização ou violência verbal. Por fim, os dois lados reconhecem que não são donos absolutos da verdade e o outro tem direito à existência, mesmo que com argumentos contrários. 

Na minha concepção, nunca saberemos se somos idiotas ou inteligentes. Porém, o debate com alguns princípios prévios aperfeiçoa meu raciocínio oferecendo o contraditório. Também aumenta minha visão e, eventualmente, muda minha ideia ou a do meu debatedor. Não existem as condições dadas? Melhor ficar de um lado de Berlim que lhe agrade lamentando o limite das pessoas do outro lado do muro. Enquanto isso, leia o livro de Pavinatto e seja feliz. No ano de 2022, os muros serão erguidos a alturas inimagináveis. Esperança média de bons debates... Fonte: https://cultura.estadao.com.br

Magistrado da Comarca de Adamantina, a mais de 500 quilômetros da capital paulista, atribui ao réu 'grave ataque à saúde coletiva', mesmo tendo sido orientado a permanecer em isolamento entre os dias 5 e 17 de março de 2021

 

Pepita Ortega

O juiz Carlos Gustavo Urquiza Scarazzato, da 2ª Vara de Adamantina – cidade localizada a mais de 500 quilômetros da capital paulista -, condenou um homem a pagar indenização por danos morais de R$ 3 mil por não cumprir isolamento social após ser diagnosticado com covid-19, sendo flagrado em locais públicos sem máscara de proteção. O magistrado destacou que houve ‘concreta exposição de pessoas a risco ilícito’ e atribui ao homem ‘grave ataque à saúde coletiva da população’. Cabe recurso da sentença.

O despacho foi assinado na última sexta-feira, 14, a pedido do Ministério Público do Estado. A Promotoria relatou que o homem foi orientado a permanecer em isolamento entre 5 e 17 de março de 2021, sendo que, após ele ser flagrado descumprindo a quarentena, foi lavrado auto de infração e registrado de boletim de ocorrência.

Em sua defesa, o homem reconheceu ter sido diagnosticado com covid-19 e orientado a ficar isolado entre as datas mencionadas pela Promotoria, mas, no dia 13, “não percebendo quaisquer sintomas, decidiu sair de sua residência por estar sentindo-se sufocado e ansioso”.

O réu alegou que, naquele dia, se deslocou até um local, para prática esportiva, onde parou para assistir a uma partida de futebol. Já no dia 14 de março de 2021, relatou que “estava em um corredor de passagem para outros locais, pelo que havia mais pessoas no mesmo espaço”.

O homem se disse arrependido, argumentando que já foi penalizado administrativamente, e classificando a multa solicitada pelo MP, no valor de R$ 15 mil, como ‘excessiva’, com punição ‘demasiada’.

Ao analisar o caso, o juiz Carlos Gustavo Urquiza Scarazzato apontou que a conduta do réu se enquadra na lei que trata das medidas de enfrentamento da pandemia – dentre elas a quarentena e o isolamento social, e a responsabilização em caso de não cumprimento das medidas impostas, com atitudes que aumentem o risco de contágio para a população.

“O incremento deste risco configura lesão jurídica indenizável ao direito difuso ao ambiente com padrões sanitários que decorrem da opção normativa de nossa sociedade”, frisou o magistrado.
Segundo o juiz, no caso há ‘inegável dano social’, justificando o pagamento de indenização. O magistrado destacou que a conduta do réu agravou ‘os nada insignificantes’ riscos de disseminação do Sars-Cov-2, eis que flagrado na via pública sem o uso de mascara facial, mesmo tendo total conhecimento de que estava infectado pelo vírus.

“Esta conduta tem aptidão concreta para expor a coletividade a riscos decorrentes do comportamento individual irresponsável. Efetivamente, o contexto pandêmico evidência a relevância de direitos difusos, cujos titulares são indefinidos, mas que nem por isso são menos relevantes e podem sofrer menoscabo em razão da conduta irresponsável”, escreveu.

Para o juiz, a conduta ‘repercutiu de forma grave sobre o direito difuso à preservação de ambiente minimamente saudável e que atenda a parâmetros socialmente toleráveis de risco’. “Portanto, o incremento deste risco configura lesão jurídica indenizável ao direito difuso ao ambiente com padrões sanitários que decorrem da opção normativa de nossa sociedade”. Fonte: https://politica.estadao.com.br

 

Vinícius nasceu em Juazeiro do Norte, mas morava no Crato antes de entrar no reality show

 

Por Redação

Mesmo antes de sua estreia do BBB 22, o cearense que integra o elenco deste ano, Vinícius, já contava com mais de 2,7 milhões de seguidores somente no Instagram. Agora, após os primeiros dias que o programa começou a ser transmitido, Vyni, como o participante é conhecido na rede social, já conta com uma marca superior a 3 milhões. O cearense, nasceu em Juazeiro do Norte, mas foi criado na cidade do Crato. Na internet, ficou conhecido como “Influencer baixa renda”.

Vinícius é o integrante do grupo Pipoca com mais seguidores no Instagram. Logo atrás dele está Eslovênia, também nordestina, com mais de 900 mil seguidores. Até o apresentador Marcos Mion comentou sobre o grande número de seguidores de Vyni.

“Vyni já ter mais de 2M de seguidores sem nem as pessoas conhecerem ele de fato é resultado do efeito fenômeno Gil do Vigor + Juliette! A expectativa já tá alta em cima dele e ainda nem começou! Isso pode ser bom ou ruim…o que vc acha?”

No domingo (16), a equipe que está administrado as redes sociais de Vinícius comemorou o feito. 

“Não, minha gente, pelo amoooor de Deus! Como lidar com isso? Como?? Lampiões são os melhores e tá aí a prova pra quem quiser ver! 2M no Instagram em tempo recorde! Não estamos sabendo lidar, socooooooorro”. Fonte: https://marciatravessoni.com.br

Tentativa de destruição das religiões de matriz africana é mais uma face do racismo

 

Pessoas participam da 12º Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro. - Ricardo Borges/Folhapress

  

Lucas Obalera

Homem negro de Candomblé. Cientista social pela PUC-Rio e mestrando de filosofia na UFRRJ. Pesquisador-ativista na área de relações raciais. Como escritor e poeta, desenvolve trabalhos autorais sobre racismo religioso e também que buscam afirmar e difundir a beleza e os valores político filosóficos das religiões de matriz africana. Em 2019, publicou o ebook “Por uma perspectiva afro religiosa: estratégias de enfrentamento ao racismo religioso”

Iniciamos esse texto fazendo um convite a você leitor (a): consegue imaginar igrejas cristãs indo ao STF (Supremo Tribunal Federal) defender a constitucionalidade de seus rituais? Ou o Conselho Tutelar, junto à polícia, retirando da mãe a guarda de uma criança por ela fazer catequese? Ou mesmo igrejas sendo invadidas, apedrejadas e incendiadas?

Se os valores, práticas culturais e religiosas dos europeus fossem criminalizados, demonizados, perseguidos e destruídos na história do Brasil, a resposta seria sim. Mas o fato é que essas indagações baseiam-se em casos reais que aconteceram recentemente com afrorreligiosos e terreiros.

Estamos falando de agressões verbais, simbólicas, físicas, psicológicas e patrimoniais que encontram no racismo e no aprimoramento da lógica colonial-moderna brasileira uma terra fértil para sua legitimação e perpetuação.

Essas provocações buscam chamar a atenção para as dinâmicas raciais implícitas ao processo de perseguição e tentativa de destruição das religiões de matriz africana e, portanto, tratar desse cenário de violência como mais uma face do racismo.

Apresentar o debate nesses termos, isto é, assumir racismo religioso como uma categoria, nesta presente reflexão, tem o intuito de visibilizar o quanto do processo dessa violência está relacionado com um projeto de poder branco-cristão ocidental. Projeto que tem na demonização aos terreiros uma ferramenta de ruptura entre pessoas negras de diversas denominações religiosas e que também afasta-nos de nossa ancestralidade, história, memória e das nossas potencialidades culturais oriundas de nosso paradigma cultural negroafricano.

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Esse entendimento dialoga com as reflexões de Frantz Fanon sobre o sistema colonial. Para ele, o "opressor devido à sua autoridade impõe ao sujeito colonizado novas maneiras de ver e, de uma forma singular, um juízo pejorativo acerca das suas formas originais de existir".

Percebem como há uma espécie de continuidade, um processo sistemático de destruição de um modo de vida negroafricano?

Uns ainda podem estar se perguntando o que isso tem a ver com os terreiros? Tudo! Diante de toda tentativa de esfacelamento cultural, espiritual, psicológico, territorial, social, familiar e político provocado pelo Estado e igrejas cristãs no Brasil, foram os terreiros um dos espaços de subversão aos efeitos perversos impostos aos africanos e seus descendentes.

Foi a reorganização negra nos terreiros um dos acontecimentos fundamentais à preservação e continuidade de nossos modos de vida, pensamento e de percepção sobre o mundo negroafricano e, consequentemente, de nossas vidas.

Os valores civilizatórios do povo negro que foram preservados dentro dos terreiros expressam a pluralidade da nossa existência, a diversidade religiosa na nossa história e o nosso encontro com uma forma negra de pensar o sagrado, que sempre significou um perigo para uma lógica de domínio que tenta se colocar como universal e que se encarna em uma produção religiosa que gera morte, não somente física, mas também social.

Estamos falando de um contexto religioso que opera no limite da existência humana, no qual nossa humanidade é violentada e armas são apontadas em direção aos nossos corpos.

É nessa conjuntura de uma teologia necrosada que banaliza a vida e tenta paralisar o povo negro e sua afro-religiosidade, que uma necroteologia se move através das estruturas de morte construídas contra as comunidades de terreiro no país. Essa lógica de morte que está presente no racismo religioso tem servido de ferramenta de inimizade e separação do povo negro com a sua identidade.

O racismo religioso não somente usa do instrumento da religião e da construção teológica para demonizar todo um povo, ele também organiza as diversas violências contra as comunidades de terreiro dentro do pensamento religioso.

Vivemos um momento único na história brasileira, nunca tivemos tantas pessoas evangélicas e isso nos aponta uma transição religiosa que vem se organizando politicamente.

Junto com isso também estamos presenciando o aumento da violência contra os terreiros. Mas é importante pontuar que 59% dos evangélicos brasileiros são negros, portanto o nosso desafio enquanto comunidade negra é urgente.

O racismo continua usando nossos corpos para operar violências e a sua face religiosa contribui intencionalmente para uma fragilização da comunidade negra em torno de um projeto político de enfrentamento a essa realidade de morte que tenta apagar nossa história, religiosidade e ancestralidade.

A comunidade negra cristã para dar conta das causas e consequências do racismo religioso, precisa enfrentar as teologias de morte que se levantam contra os povos de terreiro, pois são essas teologias de herança colonial que constroem a ideia de um deus branco-ocidental que autoriza a nossa escravização, demoniza as religiões tradicionais de matriz africana e transforma as nossas vidas em propriedades do Estado, que pode nos prender, nos fuzilar e relativizar as violências que as religiões de matriz africana sofrem.

É preciso aprender, dialogar e construir com o povo de terreiro alternativas revolucionárias à realidade de morte produzida por essa religiosidade de morte. Afinal, quando enfrentamos o racismo religioso fortalecemos um projeto político e civilizatório de todo o povo negro.

Sonhar, planejar, projetar, articular e atuar na direção de realização de outros mundos possíveis a partir de nossos referenciais culturais negroafricanos, é preciso! Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

O novo boletim Infogripe, da Fiocruz, mostra que houve um aumento de 135% casos de síndrome respiratória aguda grave entre novembro e as três últimas semanas. O número passou de 5,6 mil casos para 13 mil. Os dados, divulgados neste sábado, apontam que esse aumento foi consequência tanto da epidemia de gripe quanto da retomada do crescimento de casos de Covid-19. O estudo indica, ainda, que apenas o Rio e Roraima não apresentam tendência de alta no longo prazo. Fonte: https://cbn.globoradio.globo.com

 

Ricardo Sanches

Segundo os bombeiros, todos os mortos na tragédia eram passageiros da embarcação. Como a sabedoria cristã explica tragédias como esta?

Alancha “Jesus” foi a mais atingida pelo paredão de rocha que desabou no Lago de Furnas, em Capitólio, MG.

De acordo com o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Pedro Aihara, a lancha “Jesus” levava dez turistas. Todos morreram no impacto do paredão.

Ainda de acordo com os bombeiros, pelo menos outras outras três pequenas embarcações estavam próximas ao paredão no momento em que a rocha desabou. Alguns turistas tiveram ferimentos leves e ao menos dois foram hospitalizados.

Segundo a imprensa local, os dez mortos que estavam na lancha “Jesus” são da mesma família. Entre eles, uma criança.

 

A tragédia com a lancha “Jesus”

Depois que o nome da embarcação mais impactada foi divulgado, muita gente começou a questionar o “paradoxo” de uma lancha com o nome de Jesus ter sido duramente atingida nesta tragédia. “Onde estava Jesus naquela hora?”, perguntam.

Alguns até se lembraram da parte do Evangelho de Marcos, que narra o episódio em que Jesus estava na barca com os discípulos quando um forte vendaval enche a embarcação de água, mas Ele acalma a tempestade e todos sobrevivem.

É claro que este trecho da Bíblia – assim como muitos outros – não pode ser interpretado de forma literal. Não se pode, tampouco, tentar usá-lo para questionar o motivo pelo qual Jesus não teria salvado da morte os passageiros de uma lancha com seu nome. O trecho, na verdade, é mais um ensinamento sobre a fé.

 

Mas por que Deus permite tragédias naturais?

Há muito dos desígnios de Deus que a nossa condição humana não permite compreender. Porque ele permitiria que o um cânion caísse sobre uma lancha com o nome de Seu filho e matasse outros dez filhos seus?

A resposta pode ser difícil, mas a certeza é que Deus não é indiferente ao nosso sofrimento.

Não podemos dizer que as tragédias sejam “obras de Deus”. Pelo menos não no sentido de serem desejadas por Ele como tais. Inclusive nestas situações de desastre, o sofrimento de Cristo está unido ao das pessoas envolvidas, porque Jesus tenta levar todos até Ele.

 

Deus castiga?

João Paulo II recorre ao exemplo de Jó para ilustrar que as catástrofes não podem ser consideradas castigos de Deus. A vida de Jó, de fato, foi repleta de sofrimentos. Seus amigos até diziam que ele teria feito algo ruim para merecer tanta dor. Mas João Paulo II adverte:

“Se é verdade que o sofrimento tem um sentido como castigo, quando ligado à culpa, já não é verdade que todo o sofrimento seja consequência da culpa e tenha caráter de castigo. A figura do justo Jó é disso prova convincente no Antigo Testamento. A revelação, palavra do próprio Deus, põe o problema do sofrimento do homem inocente com toda a clareza: o sofrimento sem culpa. Jó não foi castigado; não havia razão para lhe ser infligida uma pena, não obstante ter sido submetido a uma duríssima prova.”

Enfim, não podemos dizer que Deus castiga, que nos envia tragédias naturais e a morte para nos provar. Mas podemos afirmar que, através da nossa dor, nos convida a nos aproximar Dele, nos aproximar de um Deus que não poupou nem seu Filho do sofrimento. Fonte: https://pt.aleteia.org

O caso, que ocorreu em Guarulhos, entra para a série de polêmicas envolvendo viagens de avião com animais

 

O garçom Reinaldo Junior e a cadela Pandora (Foto: @reinaldojuniorpandora/ Instagram/ Reprodução)

 

POR YARA GUERRA

No dia 15 de dezembro de 2021, o garçom Reinaldo Junior, de 39 anos, viajava com a sua cadela Pandora à cidade de Navegantes (SC), quando um pesadelo se iniciou. Durante uma conexão do voo da Gol no aeroporto de Guarulhos (SP), o animal fugiu da caixa de transporte e desapareceu.

Desde então, o tutor – que havia embarcado em Recife (PE) – distribui panfletos pelos bairros da cidade e pede ajuda através das redes sociais em busca de sua “filha”, como a chama.

Para embarcar Pandora, Reinaldo pagou uma passagem de R$ 850, além dos R$ 650 obrigatórios pela caixa de transporte. Apesar de afirmar que este não era o perfil de sua cadela, Reinaldo foi informado que ela corroeu a caixa e, em seguida, fugiu.

Em nota, a Gol anunciou: "Na manhã da quarta-feira (15/12), a cadela Pandora, animal de estimação de Cliente proveniente de Recife (REC), que faria conexão em Guarulhos (GRU) com destino a Navegantes (NVT) escapou da caixa de transporte durante processo de conexão em GRU. Pelas câmeras de segurança, foi possível apurar que ela fugiu pelo pátio, invadiu o Terminal de Cargas do aeroporto, seguiu sentido a rodovia Hélio Smidt, mas depois não foi mais vista.

A Companhia lamenta muito o incidente e está agindo de todas as formas para encontrar Pandora e devolvê-la ao dono. Para isso, contratou a “Busca Pet”, empresa especializada que conta com cães farejadores. Os trabalhos foram feitos ao longo da quarta, quinta e sexta-feira, mas devido às chuvas, as pistas sensoriais que poderiam ser usadas pelos cães da empresa foram perdidas. A empresa segue apoiando nas buscas neste final de semana.

No entanto, a companhia aérea encerrou o pagamento do hotel onde Reinaldo estava hospedado nesta segunda-feira, dia 3 de janeiro.

Desde o início das buscas, o garçom solicitou à Gol e ao GRU Airport as imagens das câmeras de segurança para conferir se encontrava o animal. No dia 3, o tutor obteve as filmagens através da polícia, que mostram Pandora perdida no aeroporto de Guarulhos.

São as mesmas imagens às quais a Gol se refere na nota publicada. Nelas, funcionários do aeroporto percebem a presença da cadela correndo pelo terminal de cargas, mas nada fazem para resgatá-la. Às 9h59, a câmera registra Pandora passando pelo gramado perto de uma das guaritas. É o último registro que se tem do animal.

Reinaldo continua panfletando em busca de Pandora e diz descartar a apresentação no trabalho em um restaurante na Suíça, com salário de quase R$ 5 mil, no próximo dia 25, se ela não for encontrada até a data.

Desde o dia 4 de janeiro de 2022, o garçom conta com o auxílio da advogada Antilia Reis para a defesa do caso. Em publicação no Instagram, Reinaldo escreveu:

"A advogada ativista Antilia Reis está defendendo Pandora e minha família desde ontem e está tomando todas as medidas cabíveis judiciais, cíveis e criminal contra a Gol e os responsáveis pelo desaparecimento da Pandora".

No vídeo, Reinaldo diz que, devido à cessão do pagamento do hotel pela Gol, está indo dormir no guichê da companhia aérea, no aeroporto de Guarulhos, junto à sua mãe. Ele também mostra a suposta caixa de transporte utilizada por Pandora durante o voo, intacta.

Hoje, dia 6 de janeiro de 2022, Reinaldo compartilhou em suas redes que os advogados de sua defesa conseguiram uma liminar que obriga a Gol a não apenas custear a sua hospedagem e alimentação, como também empreender esforços para procurar a cadela. 

 

Abaixo assinado e outros casos

Reinaldo também organizou um abaixo-assinado para pedir condições mais dignas de transporte para os animais. Afinal, não é a primeira vez que polêmicas sobre o tema surgem.

Em setembro de 2021, um filhote da raça Golden Retriever chamado Zion morreu após um voo da Latam entre São Paulo e Rio de Janeiro.

De acordo com a sua tutora, o voo em que o cachorro foi transportado chegou no Aeroporto do Galeão, no Rio, às 13h50. Mas o cão só foi lhe entregue às 15h30 e estava quase morto. Ela diz que o Zion ficou muito tempo no calor e, poucas horas depois, morreu.
Na ocasião, a Latam informou que seguiu todos os procedimentos de aceitação e transporte, e que atende rigorosamente aos regulamentos das autoridades nacionais e internacionais.
Já em outubro, o cachorro Weiser, da raça American Bully, embarcou em Guarulhos, também num voo da Latam, com destino a Aracajú (SE). Ao chegar à capital sergipana, o animal, com pouco mais de quatro anos, estava morto.

Segundo a Latam, o laudo veterinário apontou que cachorro morreu por asfixia depois de roer parte da caixa de madeira em que era transportado. A companhia reforçou que seguiu todos os procedimentos requeridos no transporte de animais. Fonte: https://oglobo.globo.com

 

Aeroporto de Amritsar teve fila de ambulâncias para levar os infectados ao local onde farão quarentena; autoridades locais temem avanço da variante Ômicron no país

 

AMRITSAR, ÍNDIA — Um voo fretado que partiu da Itália com destino à Índia teve, na quarta-feira, 125 passageiros com teste positivo para Covid-19 assim que desembarcaram na cidade de Amritsar. Os diagnosticados com a doença foram colocados em isolamento, segundo as autoridades locais.

Ao todo, a aeronave que decolou em Milão tinha 179 passageiros. Destes, 19 ficaram isentos da testagem por serem crianças ou bebês. As informações são da BBC.

Redes de televisão indianas registraram ambulâncias enfileiradas do lado de fora do Aeroporto Internacional Sri Guru Ram Dass Jee, em Amritsar, para levar os infectados. As imagens também mostram centenas de pessoas do lado de fora dos portões de entrada.

A Índia registrou até agora mais de 35 milhões de casos de Covid e cerca de 482.000 mortes pelo vírus. Nas últimas 24 horas, o país teve 325 mortes confirmadas, mas apenas uma ligada à Ômicron.

Autoridades de saúde indianas afirmam que a variante Ômicron está predominante no país e recomenda que aglomerações sejam evitadas. Fonte: https://oglobo.globo.com

NOTA: (Hoje não tirei a famosa foto pendurado a beira do penhasco. Da próxima vez vou sair de casa às 7h da manhã. Hoje tinha mais de 100 pessoas na fila. Rss. Frei Petrônio). www.instagram.com/freipetronio

 

Pedra do Telégrafo, no Rio

O que mais chama atenção ao pesquisar sobre a Pedra do Telégrafo são os sorrisos estampados na cara das pessoas que posam para fotos aparentemente penduradas à beira de um penhasco. Aquela expressão de alegria contrastava com o semblante sério que eu recebia quando perguntava como era a trilha até lá. A resposta era sempre a mesma: “quanto mais cedo, melhor”.

Outra curiosidade é que o bairro já serviu como refúgio de Roberto Burle Marx, que era avesso à badalação da Zona Sul. A sua antiga residência, o Sítio Burle Marx, foi recentemente adicionado à lista de visitas.

A Pedra do Telégrafo é o ponto mais alto do Morro de Guaratiba, local que foi usado pelos militares para observar a aproximação de navios alemães durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, a rocha onde todos querem tirar foto é na verdade a Pedra do Cavalo, conhecida também como Pedra da Bigorna. A 354 metros de altura, ela começou a ganhar popularidade em 1990, quando o geólogo Victor Klein fotografou uma égua branca em cima dela.

“Já vi mais de mil pessoas lá em cima. A fila começava um pouco antes de chegar ao topo e o tempo de espera era de quatro a cinco horas”, relatou. “Por isso, recomendo sempre levar água e um lanche – além de ter bastante paciência, porque hoje ela é um ponto turístico comparável ao Pão de Açúcar e ao Cristo Redentor“...

Leia mais em: https://viagemeturismo.abril.com.br/brasil/rio-o-perrengue-por-tras-da-foto-na-trilha-da-pedra-do-telegrafo

 

Segundo gerente de incidentes, até agora a cepa ainda não representou uma grande ameaça

 

O gerente de Incidentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), Abdi Mahamud, afirmou que a nova variante do coronavírus encontrada na França está sendo monitorada "de perto" pela entidade.

"Esse vírus teve altas chances de infectar desde novembro, quando foi identificado", disse o gerente em uma coletiva de imprensa em Genebra (Suíça). Dessa forma, segundo Mahamud, até agora, a cepa ainda não representou uma grande ameaça.

Quanto à Ômicron, Mahamud destacou que a variante continua se espalhando rapidamente, sendo que a maioria dos países está vendo um alto número de casos e poucas mortes. De acordo com ele, a vacinação continua sendo essencial principalmente para as populações vulneráveis. Fonte: https://epocanegocios.globo.com

Uma foto mostra um incêndio em uma rua de Haia durante uma manifestação contra as medidas do governo holandês contra o coronavírus, em 20 de novembro de 2021. Novos tumultos estouraram no final de 20 de novembro por causa das medidas do governo holandês contra o coronavírus, com manifestantes atirando pedras e fogos de artifício na polícia. os protestos se tornaram violentos pela segunda noite na Holanda. 

Milhares de manifestantes desafiaram as autoridades e se reuniram na capital holandesa, Amsterdã, no domingo para se opor às restrições do COVID-19, levando a confrontos e 30 prisões.

"Esta é a Holanda! Poder para o povo!" cantou um manifestante.
Os manifestantes se reuniram em uma das principais praças da cidade, apesar das autoridades holandesas proibirem o protesto de antemão.

Os manifestantes, que em sua maioria não usavam máscaras ou obedeciam a regras de distanciamento social, ignoraram a ordem de não marchar e caminharam por uma via principal, tocando música e segurando guarda-chuvas amarelos em sinal de oposição às medidas governamentais. 

A polícia disse que os policiais antimotim tiveram que usar a força depois que os manifestantes se recusaram a deixar a praça, apesar de um aviso.

Quatro policiais ficaram feridos nos confrontos com os manifestantes e 30 prisões foram feitas por crimes, incluindo agressão, desordem pública, posse de uma arma proibida e desrespeito às forças de segurança, acrescentaram.

A mídia local informou que pelo menos dois manifestantes sofreram ferimentos.
O primeiro-ministro Mark Rutte anunciou um bloqueio em 18 de dezembro de 2021, uma semana antes do Natal, em resposta a uma nova onda de infecções por COVID-19 alimentadas pela variante Omicron.

O governo ordenou o fechamento de todas as lojas, exceto as essenciais, bem como restaurantes, cabeleireiros, academias, museus e outros locais públicos, incluindo lojas não essenciais, restaurantes, bares, cinemas, teatros e museus permanecerão fechados até 14 de janeiro e as escolas até 9 de janeiro.

De acordo com as novas regras, apenas duas pessoas podem se reunir ao ar livre, com exceção para enterros, mas nenhuma restrição de viagem foi imposta. Fonte: https://www.globaltimes.cn/

Anvisa monitora dois navios de cruzeiro que registraram dezenas de casos de Covid a bordo

 

Dois navios de cruzeiro estão parados nos portos de Santos (SP) e Salvador (BA) por causa de surtos de Covid a bordo. Dos 4 mil que estavam no navio MSC Splendida, 51 tripulantes e 27 passageiros foram diagnosticados com Covid. Muitos deixaram a embarcação nesta quinta-feira (30) e foram levados para um hotel na cidade.

O navio partiu de Santos no último domingo (26) para uma viagem de sete dias. Depois de passar pelo litoral de Santa Catarina, ele seguiria nesta quinta-feira para o Rio de Janeiro, mas precisou retornar ao porto da cidade paulista por causa dos casos de Covid.

A Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, informou que o navio só deve deixar o porto de Santos após a finalização da análise dos dados epidemiológicos pelas autoridades de saúde. Enquanto isso, ninguém está autorizado a embarcar ou sair da embarcação.

Não é a primeira vez que passageiros são diagnosticados com Covid durante a temporada de cruzeiros, que começou no mês passado. Na viagem anterior do MSC Esplendida, a Anvisa confirmou outros 19 casos. E em Salvador, passageiros estão impedidos de desembarcar do navio Costa Diadema. Segundo a Anvisa, 68 casos foram confirmados, entre passageiros e tripulantes. Fonte: https://terrabrasilnoticias.com

 

Marisa Fotieo sentiu um incômodo na garganta no meio de um voo dos Estados Unidos à Islândia e fez um dos testes rápidos que tinha levado consigo. Com o diagnóstico, e preocupada com a saúde dos outros passageiros, a professora resolveu ficar no banheiro da aeronave.

 

A professora Marisa Fotieo estava em um voo dos Estados Unidos à Islândia na última semana quando descobriu que havia contraído a covid-19, reporta a estação de notícias 13 On Your Side. A professora explica que percebeu que tinha um incômodo na garganta ao sobrevoar o oceano.

Marisa, que havia levado consigo alguns testes rápidos, foi para o banheiro da aeronave fazer um. Ela descobriu que estava contaminada em alguns segundos. Na sequência, a professora informou seu diagnóstico à comissária de bordo, que lhe disse que o avião não tinha assentos suficientes para que ela ficasse isolada

Marisa, preocupada com a saúde dos outros passageiros, se ofereceu a ficar no banheiro pelo resto do voo. "Eu não acredito que passei quatro horas naquele banheiro", conta ela. "Mas você tem que fazer o que você precisa fazer", complementa.

A NBC News reporta que o pai e irmão de Marisa, que também estavam no avião, testaram negativo após o pouso. A professora ficou em Reyjavik, capital da Islândia, de quarentena por 10 dias enquanto sua família foi para a Suíça. Fonte: https://revistamarieclaire.globo.com

Por conta das altas temperaturas, o celular pegou fogo na tarde deste domingo (26). Luiz Arzani, de 59 anos, contou que se assustou ao perceber a fumaça que vinha debaixo de um edredom que estava por cima do banco do carro.

 

Celular de empresário de Lins pega fogo e danifica aparelho, carro e notebook — Foto: Luiz Arzani /Arquivo Pessoal

 

Por Desirèe Assis*, g1 Bauru e Marília

Um celular pegou fogo dentro de um carro por conta das altas temperaturas e o incêndio danificou o veículo, além de notas de dinheiro e um notebook de um empresário de Lins (SP).

Ao g1, Luiz Arzani, de 59 anos, contou que se assustou ao perceber a fumaça que vinha debaixo de um edredom que estava por cima do banco do carro. Na tentativa de apagar o fogo, solicitou ao genro que pegasse o extintor da sorveteria que é proprietário.

“Eu vi que debaixo do edredom estava saindo muita fumaça quando abri a porta do carro. Nisso, chamei meu genro e gritei para ele correr para pegar um extintor de incêndio. Foi muito rápido, tinha fumaça por todo lado”, diz.

Depois de apagar o incêndio com ajuda da filha e do genro, Luiz diz que viu que era o celular que estava pegando fogo uma vez que o carro estava estacionado no sol. Junto ao aparelho, um computador, R$ 300 e o carro foram danificados.

“Se passa um minuto a mais, tinha queimado o carro inteiro”, salienta. Fonte: https://g1.globo.com

 

Segundo o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), ato também acontece em outras cidades do país.

 

Por Carolina Caetano, g1 Minas — Belo Horizonte

Hipermercado de Belo Horizonte é ocupado por famílias que pedem cestas básicas

Cerca de 500 famílias de Belo Horizonte e da Grande BH ocuparam, nesta quinta-feira (16), um hipermercado no bairro Santa Efigênia, na Região Leste de Belo Horizonte. O grupo reivindica cestas básicas.

Segundo o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que organiza a ação, o protesto denuncia a fome. Os manifestantes pedem por comida no Natal.

 

A Polícia Militar acompanha o protesto.

"Não estamos impedindo a passagem de ninguém. Fome não é caso de policia, tem que ser tratada como precisa", disse Indira.

As famílias fazem parte de ocupações em Belo Horizonte e na região metropolitana.

O hipermercado foi procurado pelo g1, mas ainda não houve retorno.

O MLB disse no fim da tarde que uma reunião com o estabelecimento sobre doações de cestas básicas será realizada nesta sexta-feira (16). A ação terminou por volta das 18h. Fonte: https://g1.globo.com

Erick Rianelli e Pedro Figueiredo são casados (foto: Erick Rianelli/Instagram/Reprodução)

Paulo Antônio Müller foi acusado de homofobia, mas juiz considerou as falas liberdade de expressão

 

Aline Brito - Correio Braziliense

O juiz Bruno César Singulani França rejeitou, nesta segunda-feira (6/12), a acusação do Ministério Público do Estado (MPE) contra o padre Paulo Antônio Müller por homofobia. O caso foi julgado na Vara Única de Tapurah, a 414 km de Cuiabá, e o magistrado considerou que as falas do padre eram liberdade de expressão e comportamentos de toda religião que "busca o aperfeiçoamento da conduta humana".

Nos autos do processo, o magistrado alegou que tudo não passou de algo normal em qualquer religião que tem como missão a elevação do espírito e "a reprovação de atos e práticas consideradas não saudáveis espiritualmente para aquele determinado credo". O juiz afirmou ainda que é "natural em qualquer grupo religioso que se recrimine condutas e o cristianismo está permeado de exemplos em que se desestimula a conduta humana desagradável a Deus, o que se denominou de pecado"

Para França, o direito não deve considerar algo como discurso de ódio somente porque incomoda algumas pessoas. "A democracia é baseada na pluralidade de ideias, muitas delas díspares e repelentes umas das outras. Calar um dos argumentos contrários às próprias convicções é conduta que não se coaduna com o atual estágio civilizatório e do avanço do direito", completou.

O MPMT, recorreu da decisão que rejeitou a denúncia. Ao contrário do entendimento do magistrado, que não viu a utilização de discurso de ódio por parte do padre, a promotora de Justiça que atua no caso afirmou que o líder religioso "ultrapassou os limites da livre manifestação acerca de suas crenças religiosas, uma vez que no dia dos fatos, durante a celebração religiosa de domingo da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, proferiu ofensas e manifestações discriminatórias contra os jornalistas Erick Rianelli e Pedro Figueiredo, bem como contra a população LGBTQIA+".

 

Relembre o caso

Em 13 de junho deste ano, em uma missa transmitida ao vivo pelo Facebook, o padre causou repercussão nacional ao xingar os jornalistas de "viadinho". O pároco levou o relacionamento dos repórteres ao sermão para repudiar uniões homoafetivas.

Durante a live, Paulo Antônia falou que essa não deve ser a conduta do homem. "Que essa não seja sua cabecinha, nem do seu filho, nem da sua filha. Pegue a Bíblia e olhe o livro de gênesis. Deus criou o homem e a mulher, concebeu família para os dois se unirem", aconselhou.

"Queremos orar por você que é casado na igreja, é noivo, namorado. Vamos pedir a Deus que possamos viver bem esse tempo. A gente faz o namoro, não como a Globo mostrou durante essa semana com dois viados. Um repórter com um viadinho chamado Pedrinho. Ridículo", opinou.

Consta nos autos do processo que, durante a celebração religiosa, o padre fez várias declarações ofensivas. Entre elas, disse "que chamem a união de dois viados e duas lésbicas como querem, mas não de casamento, por favor, isso é falta de respeito para com Deus, isso é sacrilégio, é blasfêmia. Casamento é uma coisa bonita e digna".

A polêmica surgiu após o repórter Erick Rianelli se declarar ao vivo no telejornal Bom Dia RJ, ao marido Pedro Figueiredo. Em um momento espontâneo e apaixonado o jovem disse "meu amor, meu marido: eu te amo! Feliz Dia dos Namorados para a gente, para todos os casais apaixonados que estão nos assistindo, que todo mundo tenha um Dia dos Namorados maravilhoso". A declaração foi feita em 2020, mas voltou a repercutir este ano e recebeu diversos ataques nas redes sociais. Além de Erick, os demais jornalistas do telejornal também enviaram recados para os companheiros. 

 

Outros ataques

Além das falas do padre, o casal também foi criticado por um empresário de uma rede de hamburguerias do Distrito Federal. O vídeo da declaração circulou em um grupo do WhatsApp e um dos participantes, Alexandre Geleia, dono do Geleia Burguer, se pronunciou incomodado.

"Falo o que penso e o que eu acho. Se ficou incomodado, me desculpe, garoto. Só acho que não precisa e não é necessário passar em TV aberta, em jornal esse tipo de coisa. É a minha opinião e não vou mudar por ser uma figura pública", afirmou Alexandre por meio de áudios. As mensagens chegaram até Erick e Pedro, que pediram boicote a rede de lanchonetes.

"Recebi alguns relatos sobre um empresário de Brasília que reagiu com homofobia a um vídeo em que eu declarei amor ao meu marido. Agradeço por todas as mensagens de apoio! Sobre o empresário... acho que nenhum LGBT do DF vai comer mais nas lojas dele", disse Erick no Twitter.

 

Decisão do STF

Em 2019 o Supremo Tribunal Federal (STF) criminalizou a homofobia, enquadrando como uma forma de racismo. Além disso, a Suprema Corte também determinou que religiosos e fiéis não poderão ser punidos por racismo ao externarem suas convicções doutrinárias sobre orientação sexual desde que suas manifestações não configurem discurso discriminatório.

Na época, os ministros entenderam que Congresso não pode deixar de tomar as medidas legislativas que foram determinadas pela Constituição para combater atos de discriminação.

O MPMT, com base nessas decisões do STF, argumentou, no caso do padre, que é dever do Estado criminalizar as condutas atentatórias dos direitos fundamentais, inclusive a que se fundamenta na orientação sexual das pessoas ou em sua identidade de gênero. "O direito à igualdade sem discriminações abrange a identidade ou expressão de gênero e a orientação sexual", enfatizou. Fonte: https://www.em.com.br

Da espiral da dependência de conteúdos pornográficos brotam terríveis patologias sociais: violência, abuso sexual, pedofilia

 

Carlos Alberto Di Franco, O Estado de S.Paulo

A pornografia é um negócio poderoso e devastador. Causa dependência, desestrutura a afetividade, desestabiliza a família e passa uma pesada conta no campo da saúde mental. Mas o mais grave, de longe, é a estratégia de “mesmitificação” do material pornográfico. Eliminou-se o carimbo de proibido. Deu-se ao conteúdo pornográfico um toque de leveza, de algo sexy e divertido. Na prática, no entanto, a pornografia tem a garra da adicção e as consequências psicológicas, afetivas e sociais da dependência mais cruel. Joga o usuário num labirinto sombrio. Na era da internet, a pornografia invadiu computadores, implodiu relacionamentos e algemou muita gente. A pornografia produz uma imagem cínica do amor e transmite uma visão da sexualidade como puro domínio do outro.

Norman Doidge, importante psiquiatra canadense, tem tratado do tema com clareza e realismo. Mostrou, por exemplo, o que acontece no cérebro do consumidor assíduo de pornografia. A repugnância inicial aos conteúdos pornográficos, fruto dos naturais filtros morais, vai cedendo espaço ao acostumamento. O usuário demanda uma dose cada vez maior e mais “sofisticada” para obter os mesmos resultados. É a espiral da dependência. E dela brotam terríveis patologias sociais: violência, abuso sexual, pedofilia.

Frequentes denúncias de pedofilia na internet demonstram que a rede está se transformando no principal meio de aliciamento e exploração sexual de crianças. Apesar de proibidas pelas legislações, imagens de crianças em cenas de sexo pipocam constantemente na internet.

Abusadores criminosos põem à disposição do público arquivos com fotos pornográficas. Depois de localizadas, elas passam a circular entre usuários da rede e até em locais que poderiam ser considerados públicos. A crescente presença da pornografia infantil tem chocado a sociedade.

O problema, independentemente da justa indignação da opinião pública, não é de fácil solução. Envolve, de fato, inúmeras dificuldades de caráter político e operacional. Um mundo que não é capaz de estabelecer uma política unitária no combate às drogas dificilmente conseguirá desenhar uma plataforma comum na guerra à pornografia.

Na verdade, medidas preventivas são bastante limitadas. Policiar um sistema tão vasto e com tantos recursos técnicos seria uma tarefa extremamente cara e de resultados incertos. Embora seja possível bloquear o acesso aos sites publicamente conhecidos como pornográficos, os programas de filtros, apresentados como uma alternativa para impedir o acesso às páginas inconvenientes, diminuem o problema, mas não bloqueiam a perversa criatividade dos delinquentes do ciberespaço.

Algumas medidas, no entanto, podem e devem ser adotadas. A Polícia Federal tem feito um trabalho excelente, responsável e competente. A frequente identificação e prisão de predadores da internet é alentadora. Os responsáveis pela divulgação de pornografia infantil, racismo, publicidade de drogas ou outros crimes devem ser rigorosamente punidos. Denunciar é um dever.

Afinal, a rede mundial não pode ser transformada num instrumento da patologia e do crime.

Mas a raiz do problema, independentemente da irritação que eu possa despertar em certas falanges politicamente corretas, está na onda de baixaria e vulgaridade que tomou conta do ambiente nacional. Hoje, diariamente, na televisão, nos outdoors, nas mensagens publicitárias, o sexo foi guindado à condição de produto de primeira necessidade.

Atualmente, graças ao impacto da TV e da internet, qualquer criança sabe mais sobre sexo, violência e aberrações do que qualquer adulto de um passado não tão remoto. Não é preciso ser psicólogo para que se possam prever as distorções afetivas, psíquicas e emocionais dessa perversa iniciação precoce. Com o apoio das próprias mães, fascinadas com a perspectiva de um bom cachê, inúmeras crianças estão sendo prematuramente condenadas a uma vida “adulta” e sórdida. Promovidas a modelos e privadas da infância, elas estão se comportando, vestindo, consumindo e falando como adultos. A inocência infantil está sendo impiedosamente banida. Por isso, a multiplicação de descobertas de redes de pedofilia não deve surpreender ninguém. Trata-se, na verdade, das consequências criminosas da escalada de erotização infantil promovida por alguns setores do negócio do entretenimento.

Os problemas levantados pelo mau uso da internet, embora gravíssimos, são infinitamente menores que os benefícios trazidos por este notável canal de aproximação dos povos, de democratização dos conhecimentos e de globalização da solidariedade. Seus desvios não serão resolvidos por meio de ineficazes tutelas governamentais. Você, e só você, pode defender sua família.

Chegou para a família a hora do diálogo, da formação e do protagonismo responsável. A educação para o exercício da liberdade é o grande desafio dos nossos dias. A aventura da liberdade responsável, desguarnecida de ilusórias intervenções do Estado, acabará gerando uma sociedade mais consciente e amadurecida. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br

 

Achar-se superior aos outros é atitude que agitava o mundo e o Olimpo ainda antes da internet

 

Páris escolhe a deus mais bela, em tela do alemão Lucas Cranach: conflito criado por Éris, a discórdia Foto: Reprodução/Meropolitan Museum

 

 

Leandro Karnal, O Estado de S.Paulo

28 de novembro de 2021 | 03h00

Ela era rancorosa. Adorava semear intrigas. Amarga ao extremo, fazia detrações contínuas. Todas passaram a evitar Éris, a encarnação da discórdia. Deixou de ser convidada e ficou ainda mais amarga. Pior, houve uma disputada festa de casamento e ela desejava muito ter recebido a cartinha com seu nome. O envelope nunca chegou. Vingou-se com um plano maligno que provocaria uma guerra longa e mudaria toda a literatura ocidental. 

“Não me queriam com os noivos? Sem problema. Vou estragar o banquete deles!” Éris mandou forjar uma belíssima fruta de ouro. Era uma obra de arte, um troféu. A deusa das dissensões sabia muito sobre a natureza de todos e apostou na vaidade como mecanismo de desforra da sua dor social. Para aumentar, ela cunhou sobre a peça: “Para a mais bela”. Viraria um prêmio disputado pela soberba das deusas. Daria confusão saber quem obteria a peça e era, exatamente, o que Éris desejava. 

O plano foi executado com perfeição. Ao perceberem a fruta dourada sobre a mesa, instalou-se ruidosa discussão. Afrodite/Vênus (registro os nomes grego e romano) pegou-a com natural homenagem: ela era a deusa do amor e da beleza. Palas Atena/Minerva era igualmente cheia de ideias elevadas sobre si. A esposa do chefe, Hera/Juno, achou que o posto lhe dava a vitória no certame indireto que o plano malévolo de Éris engendrava. Zeus/Júpiter tinha um grave problema pela frente: indispor-se com qual das três mulheres? Tema delicado. 

O caminho é conhecido por quem lê mitologia. O poder olímpico mais alto encarregou um pastor-príncipe, Páris, de escolher o destino do fruto da discórdia. O juiz escolheu Vênus como a vencedora, por ela ter lhe oferecido o amor de Helena, a mais bela das mortais. As outras deusas ficaram muito irritadas e todo o conflito está na origem da Guerra de Troia. Achar-se superior aos outros e querer o reconhecimento de tal desnível agitava o mundo ainda antes da internet. 

Meu objetivo não é o choque registrado na Ilíada de Homero. Quero falar de Éris. Ela era filha da rainha do Olimpo. Sua mãe a rejeitara. Motivo? Não era muito bonita. Os romanos a batizaram, mais latinamente, de Discórdia. Rejeição da mãe, falta de beleza? Fica compreensível que ela tivesse o gênio difícil. Em outra fonte, Hesíodo, o escritor associa a deusa à noite (Nix) e a torna mãe de entidades tristes como Hisminas (deusa das discussões), Disnomia (deusa do desrespeito) e o triste Ponos, entidade do desânimo e da fadiga. 

Deusa amarga, rejeitada e geradora de sérios atritos entre homens e deuses. Sempre admirei quem atribuísse seus maus bofes, seu azedume a uma entidade externa. Você tende a brigar muito? Não, responderia um grego piedoso, foi a deusa Éris que falou por mim. Bebe demais? Não. São espíritos alcoólicos que me induzem para que eu me encharque no vício. Deusas, deuses, espíritos, almas perdidas, demônios, entidades malévolas seriam os verdadeiros causadores do mal. As vozes me ordenaram que atacasse você. Obsessores fizeram com que eu postasse este ataque. 

A questão central é óbvia: a omissão do sujeito e o ato de delegar suas escolhas a terceiros, visíveis ou invisíveis. Não compartilho dessa crença consoladora. Meus ressentimentos brotam de mim. Sou minha Éris quando, por falta de autoconhecimento, sou controlado pela dor ou pelo veneno da inveja. Eu crio o veneno, elaboro e destilo o fel, bebo, cuspo e vomito sobre o mundo. O ódio é meu. O desânimo me pertence. Provocar discórdia pode ser um prazer Karnal. Meus defeitos possuem meu nome e sobrenome. Creio que alguma virtude que eu possa ter, igualmente, apresente minha rubrica autoral. Mesmo que houvesse espíritos malignos ou benignos, entidades inspiradoras ou destruidoras da paz, eu teria de dar ouvido a elas. Assim como a lei brasileira não vai me livrar da cadeia se eu ceder à “lábia” de um criminoso e participar de um ato vil, ouvindo santos ou bandidos eu serei Leandro sempre. Sempre acreditei nisto: a absoluta responsabilidade dos meus atos. 

Não interpreto essa ideia (em parte elaborada com a leitura de Sartre) como vaidade de me achar importante. Não! Considero uma espécie de prisão que encerra minha consciência e que me leva a aceitar ou rejeitar influências. 

Como Hamlet, posso dizer a algum Laertes ofendido que, se a loucura do príncipe o ofendeu, eu também sou inimigo dela. É um excelente álibi. Pelo menos posso invocar a multiplicidade de ações que eu posso engendrar. Sou multifacetado e vivo no tempo soberano, logo, o Leandro de ontem agrediu? Lamento, era eu mesmo, integralmente, mas hoje eu percebo que fui idiota. Não foi Éris, não foi o Hamlet-louco, porém, Leandro. O Leandro mais calmo, hoje, insiste no pedido de perdão. Um dia, os deuses, contemplando as chamas de Troia e as muitas tragédias provocadas pela fruta dourada, teriam pensado: tudo isso foi culpa da deusa terrível. Os deuses poderiam fazer psicanálise? Tenho esperança. 

* Leandro Karnal é historiador, escritor, membro da Academia Paulista de Letras e autor de A Coragem da Esperança, entre outros

Fonte: https://cultura.estadao.com.br