Paulo Freire deu uma grande contribuição à educação para a justiça social e à concepção dialética da educação. (Arte: Instituto Paulo Freire)

 

As ideias de Paulo Freire continuam válidas não só porque precisamos ainda de mais democracia, mas porque os sistemas educacionais encontram-se frente a novos e grandes desafios

 

Moacir Gadotti*

Desde o ano passado, celebrações em torno dos cem anos de Paulo Freire estão sendo realizadas em diferentes partes do mundo. Alguns poderiam perguntar: por que celebrar o centenário de Paulo Freire? A pergunta procede, pois ele não gostava de homenagens. Costumava dizer, quando recebia homenagens, e foram muitas, que as recebia porque tinha certeza de que elas só aconteciam em função das causas que defendia.

Ele deixou marcas profundas em muitas pessoas e profissionais de diferentes áreas. Não apenas pelas suas ideias, mas, sobretudo, pelo seu compromisso ético-político. Entretanto, não deixou discípulos como seguidores de ideias. Deixou mais do que isso. Deixou um espírito. “Para me seguir não devem me seguir”, dizia ele. Pedagogia do Oprimido teve grande repercussão porque expressava o que muita gente já tinha em mente em seus sonhos e utopias, um mundo de iguais e diferentes, e ressoou nos mais diversos ambientes. Sua filosofia educacional cruzou as fronteiras das disciplinas, das ciências e das artes para além da América Latina, criando raízes nos mais variados solos.

Para nós, do Instituto Paulo Freire, ele continua sendo a grande referência de uma educação como prática da liberdade e de uma educação popular. Muitas das mensagens recebidas no Instituto Paulo Freire, em São Paulo, logo depois do dia 2 de maio de 1997, data de seu falecimento, dizem textualmente: “Minha vida não seria a mesma se eu não tivesse lido a obra de Paulo Freire”; “O que ele escreveu ficará no meu coração e na minha mente”. Essas mensagens revelaram o impacto na vida de tantas pessoas de muitas partes do mundo.

Não há dúvida de que Paulo Freire deu uma grande contribuição à educação para a justiça social e à concepção dialética da educação. A pedagogia autoritária e seus teóricos combatem suas ideias justamente pelo seu caráter emancipatório e dialético. Seja como for, aceitemos ou não as suas contribuições pedagógicas, ele constitui um marco decisivo na história do pensamento pedagógico mundial.

As ideias de Paulo Freire continuam válidas não só porque precisamos ainda de mais democracia, mais cidadania e de mais justiça social, mas porque a escola e os sistemas educacionais encontram-se, hoje, frente a novos e grandes desafios. E ele tem muito a contribuir para a reinvenção da educação atual. Essa reinvenção da educação passa pela recuperação dos educadores como agentes e sujeitos do processo de ensino-aprendizagem e da prática educativa. A reinvenção da educação só pode ser obra de um esforço coletivo, colaborativo, plural, não sectário, pensando numa transição gradual para outras formas de conceber os sistemas educacionais, seu planejamento, sua gestão e monitoramento, seus parâmetros curriculares, se quisermos dar uma contribuição significativa para a construção de novas políticas públicas de educação.

Paulo Freire defendia o saber científico sem desprezar a validade do saber popular, do saber primeiro. Dizia que não podemos mudar a história sem conhecimentos, mas que tínhamos que educar o conhecimento para colocá-lo a serviço da transformação social. Educar o conhecimento pelo entendimento da politicidade do conhecimento; entender o sentido histórico e político do conhecimento.

A utopia é uma categoria central do pensamento de Paulo Freire. Por isso, ele se opôs diametralmente à educação neoliberal, pois o neoliberalismo “recusa o sonho e a utopia”, como afirma na sua Pedagogia da Autonomia. O neoliberalismo não só recusa o sonho e a utopia. Ele também recusa o saber dos docentes, reduzindo-os a meros repassadores de informações como máquinas de reprodução social, excluindo-os de qualquer participação no debate sobre os fins da educação. A educação neoliberal não se pergunta sobre as finalidades da educação, investindo toda a energia nos meios e, particularmente, na eficácia e na rentabilidade, quantificadas milimetricamente por um certo tipo de avaliação. Sabemos avaliar com perfeição, sem nos perguntar sobre o que estamos avaliando.

Para essa concepção de educação, os docentes não têm conhecimento científico; seu saber é inútil. Por isso, não precisam ser consultados. Eles só precisam conhecer receitas sem se perguntar por que ensinam isto e não aquilo. Eles só servem para aplicar novas tecnologias: a sala de aula perde sua centralidade e a relação professor-aluno entra em declínio em favor da relação aluno-computador.

Portanto, há razões para celebrar o centenário de Paulo Freire.

E, como nossa celebração não é uma pura homenagem, nossa proposta de celebração do centenário de Paulo Freire é, também, um convite para um compromisso com uma causa. Nossas celebrações têm um sentido estruturante, um sentido propositivo e prospectivo. Para nós, celebrar não é esperar que o amanhã chegue a nós. É fazer, desde já, o amanhã que desejamos ver realizado. Não é pura espera. É esperançar. Entendemos o centenário de Paulo Freire como um espaço-tempo de articulações, como um processo formativo e de mobilização com vistas à transformação da realidade.

A práxis de Paulo Freire opôs-se ao neoliberalismo e hoje, ao celebrar o centenário, estamos também nos contrapondo à ofensiva ideológica neoconservadora e fortalecendo o pensamento crítico freireano, promovendo ações e projetos alternativos à mercantilização da educação.

Para nós, celebrar Paulo Freire é lutar para democratizar a escola e educar para e pela cidadania. Trata-se, portanto, de lutar por uma escola que forme o povo soberano, o povo que pode mudar o rumo da história, uma escola transformadora, uma escola que emancipa. Paulo Freire nos dizia que essa escola, a escola cidadã, era uma escola de companheiro, de comunidade, que vive a experiência tensa da democracia.

Por isso, saudamos com muito entusiasmo essas celebrações em torno do centenário de Freire. O que se destaca nelas é a defesa da educação pública e popular e a luta contra o neoliberalismo e a mercantilização da educação.

Em tempos como o que estamos vivendo hoje, de retrocessos sociais e políticos e de um neoconservadorismo crescente, precisamos de referenciais como os de Paulo Freire, para nos ajudar a encontrar o melhor caminho de resistência e luta nessa travessia.

Nossa resposta a esses tempos obscuros é celebrar Freire.

*Moacir Gadotti é professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e presidente de honra do Instituto Paulo Freire. Artigo publicado pelo Jornal da USP, 17-09-2021.

Fonte: https://domtotal.com

Valorizar a realidade do outro é o movimento mais revolucionário dos nossos tempos.

 

*Mário Antonio Sanches, O Estado de S.Paulo

A humanidade, como um todo, às vezes parece um ébrio que avança cambaleante, que titubeia à esquerda, deambula à direta, retrocede meio passo e, aos poucos, avança imprecisamente. Talvez se assemelhe melhor a um infante, quiçá a um bebê, que, inseguro, busca firmar seus passos e a quem a queda se apresenta não como mandatária, mas como experiência.

Todos nós, relutantes e amedrontados, transformamos a nossa realidade num lar, onde nos aconchegamos, repousamos e alardeamos ser este o nosso espaço possível, o único seguro. Fora deste “nosso lar” nada existe – e, se existir, é perigoso, é uma ameaça que precisa ser eliminada.

Mas será que para trombetear que nosso lar é acolhedor precisamos exorcizar os lares alheios? Quando guturalmente explicitamos que nosso espaço é possível, estamos negando que outros existam? Cada pessoa se depara com algo que gostaria de negar, precisa ver o que não gostaria de reconhecer e é colocada próxima daquilo de que gostaria de manter distância: o outro, a outra.

O “outro” impõe sua existência, está às vistas, circula na proximidade. Como vamos lidar com isso? Ou, ainda, como estamos percebendo este outro, esta outra? A realidade do outro e da outra não é mono, mas polissêmica; não é rotina, mas festejo; não é única, mas diversa. Assim, a diversidade se introduz como hóspede inoportuna, com galhardia imprópria. Desfila a si mesma, desarticulando nossa insegura e medrosa rotina.

O momento exige que o infante ébrio firme seus passos, encare o percurso, sorria desafiante e acalente um sonho. Deve-se festejar a diversidade, não apenas suportar sua presença; torná-la laudável, não um infortúnio imposto; anunciá-la abertamente, não a tratando como hóspede indesejada. Para isso, uma transformação se impõe e é preciso pôr em prática um vasto e generoso escambo, ir para a vida disposto a trocar o resultado pela paz interior, o falo pelo afeto, o linear pelo cíclico, a lógica pelo fenômeno, a colheita pelo plantio, a certeza pela dúvida, a razão pela vivência.

A diversidade elogiada se revela sorrateira e cativante nas suas múltiplas dobras, num convite claro para que a humanidade visualize a si mesma, encare-se como totalidade e não exclua de si a sua essência: o diverso. Negar a diversidade é impossível, por isso é que pessoas e povos com projetos de dominação forjam teorias – com alcunha de ciência ou nome de algum deus – que fazem classificações de “superiores” e “inferiores”. Desta forma, o modo de lidar com a diversidade se torna sutil e perverso. Seria, por acaso, tão difícil perceber que dizer que o “outro” é inferior carrega a lógica da dominação?

O relato sobre a diversidade laudável se torna extenso, mas também pode ser sucintamente apresentado, desde que sejam abandonados esquemas mentais de negação do(a) outro(a). Se esse passo for dado, a diversidade surge resplandecente, como joia desejada, que contabiliza para o tesouro da humanidade.

Invertendo esse sonho, a pobreza se torna nosso legado, pois, quando uma cultura desaparece, junto some uma maneira de interpretar a realidade; quando um idioma para de ser falado, cessa junto um jeito de expressar a palavra “mundo”; quando uma religião finda, empobrecem as sendas da humanidade na busca pelo sagrado; quando uma etnia é ocultada, é o olhar de todos que fica embaçado; quando uma expressão de gênero é perseguida, a humanidade revela sua própria infelicidade. Por fim, quando um humano é discriminado por aqueles que detêm o poder, todos correm riscos, pois o poder muda de mãos, mas a sua lógica, nunca.

Passamos de uma pauta pessoal para uma pauta política e coletiva, porque, quando se acalenta que um simples fragmento de diversidade possa ser excluído, dá-se a dica e a permissão para nossa própria exclusão. Sim, negar a diversidade é a mais sutil e astuta agenda dos ditadores de plantão. Os regimes autoritários não podem permitir que o diverso exista, já que cultuam a si mesmos. Eles precisam suplantar o outro, para fazer reluzir a própria egolatria. Preferem o espelho à janela e, mesmo com olhos abertos, só enxergam a própria face.

Valorizar a diversidade é o movimento mais revolucionário dos nossos tempos, o mais democrático dos impulsos, a empreitada mais transformadora. Valorizar a diversidade é raciocinar a partir da premissa de que todos contam. O pão acumulado em uma mesa e que falta na mesa do outro é injusto; o religioso que se apresenta como o único representante do sagrado é mentiroso; o modelo de família trazido como o único verdadeiro é falso; o líder que se apregoa como a única opção é um usurpador; a etnia que se infla de superior é insegura; o padrão de afeto que precisa se impor é decepcionante.

Que a diversidade ecoe em nossos ouvidos como a música predileta. Que ela ocupe nossos pensamentos como nossos melhores sonhos. E que, vigilantes, possamos escrutinar nosso cotidiano, para que nunca, nem no menor aceno, possamos afastá-la. Em última instância, a diversidade é o reflexo da vida, que misteriosamente desliza à nossa frente em muitas formas, desvelando seu mistério.

*PÓS-DOUTOR EM BIOÉTICA, DOUTOR EM TEOLOGIA, MESTRE EM ANTROPOLOGIA SOCIAL, PROFESSOR DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ (PUCPR) E COORDENADOR DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOÉTICA DA PUCPR. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br

 

 

A Rede Globo está entre a cruz e a caldeirinha

Grupo desmonta o elenco para tentar ficar no azul das contas

 

Talvez pior do que colunistas de política sejam os colunistas de mídia e TV. Estes escrevem qualquer coisa, citam fontes inexistentes e criam fábulas como se fossem enredos de novelas reais. Recusam-se a enxergar o que está a olhos vistos.

A última desta turma é sobre a saída de Tiago Leifert da Globo. Todos embarcaram na história em que ele decidiu procurar “novos caminhos” depois de 15 anos na emissora. Antes disso, venderam a balela de que Faustão pendurou as chuteiras porque queria novos desafios.

Tudo mentira. Faustão pediu o boné porque propuseram cortar seus ganhos num momento em que a Globo luta para sair do vermelho. Com o cofre cheio, Faustão foi cuidar da vida.

Com Leifert foi um pouco diferente. Uma das poucas novidades da emissora, sempre foi tratado como um stand by. Para quem é mais velho e conhece futebol, é como se fosse um Fedato do Palmeiras ou um Lima do velho Santos. Fica no banco de reservas para as eventualidades.

Mas se deu bem. Além das costas quentes, exibiu talento onde se meteu. É inegável que mostrou empatia, apareceu como um personagem simpático e conquistou admiradores. Inimigos então...

Leifert certamente sonhava em ser sucessor de Faustão, ou daquele Caldeirão insuportável, ou algum programa permanente como The Voice. Para isso, porém, teria que cortar salários seguindo as diretivas de Jorge Nóbrega, o novo manda-chuva da vênus platinada.

Uma criatura que conhece tanto de televisão e mídia como um jardineiro entende de eletrônica e stream.

A Rede Globo vive uma encruzilhada. Basta ver os intervalos comerciais. A maior parte é preenchida de calhaus da própria programação que explica a aparente “oposição” de sua grade jornalística.

Quem enxerga um pouco mais longe vai tratando de desembarcar de um barco indo a pique. Ou prestes a virar de lado como tem sido a história do grupo. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Por Pedro Doria

As redes sociais viverão seu primeiro teste pesado no próximo 7 de Setembro. Em 6 de janeiro, quando o Congresso americano estava reunido para homologar a eleição de Joe Biden, o então presidente Donald Trump incitou a invasão do Capitólio. Trump vinha mentindo descaradamente nas redes, acusando fraudes eleitorais onde não havia — e todo espaço lhe foi permitido para que atacasse a democracia como se não houvesse consequência. Quando o Vale do Silício descobriu que palavras têm consequências no mundo real, que palavras radicalizam pessoas e podem levar à implosão de democracias, Trump foi expurgado das principais redes. Pois agora será a vez de Jair Bolsonaro.

Bolsonaro tem tido espaço no Facebook, no Twitter e no YouTube para atacar sem qualquer traço de prova o processo eleitoral brasileiro. Mais recentemente, as redes que dão sustento ao presidente têm também incitado policiais militares à radicalização política. Um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que 27% dos PMs frequentam ambientes bolsonaristas radicais nas redes. Dentre os oficiais PMs, o que é mais preocupante, 23% estão nesses ambientes radicais. Um quarto. É muito. É inaceitável numa democracia.

São cidadãos armados, que, no exercício da função, não podem demonstrar preferência política, sendo incitados por um presidente da República que trata o atual ambiente político como uma guerra e prega o armamento da população.

É um erro, porém, nos limitarmos a Face, Twitter, YouTube ou mesmo ao WhatsApp. O ambiente não é o mesmo que era em 2018. A chinesa TikTok cresceu violentamente nos últimos meses e vem se tornando a principal rede social no Brasil. Não é, infelizmente, estudada ainda o suficiente na academia para termos uma noção de como anda seu pulso na radicalização.

Mas sabemos de outra rede que, para o bolsonarismo raiz, vem substituindo o WhatsApp. É o russo Telegram. Se já é difícil pressionar os americanos do Facebook, donos do zap, quanto mais esse app de mensagens cujo proprietário é russo e cujo centro de operações fica em Dubai. Segundo um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) divulgado em junho, 92,5% dos usuários preocupados com política no Telegram estão em canais bolsonaristas — dá aproximadamente 1,5 milhão de pessoas. De janeiro ao final do primeiro semestre, o volume de mensagens trocadas por ali foi catapultado em mais de 500%.

Nesses novos ambientes, estão protegidos até da tímida, porém existente, autorregulação das empresas americanas.

O presidente Jair Bolsonaro não está bem. Precisaria de Congresso e do Supremo para erguer um Orçamento capaz de lhe permitir aumentar o Bolsa Família e distribuir um Vale Gás. Sua relação com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, está cada vez pior. Com o Supremo, nem se fala. A perspectiva de apagões se aproxima. A inflação galopa. Enquanto o mundo vê crescimento econômico, o Brasil está em queda. Seguimos com mais de 14 milhões de desempregados pelos números do IBGE. Para não falar no mais de meio milhão de mortos pela Covid-19 e na campanha de vacinação precária pela falta de movimento do Planalto para comprar os imunizantes quando havia tempo de sobra.

Bolsonaro não radicaliza por ser forte. Ele radicaliza por estar fraco. Enquanto tiver livre espaço de ação nas redes sociais, haverá quem o ouça. Muitos dos que o ouvem são cidadãos armados — daqueles sem farda, também daqueles com farda. É um barril de pólvora. O presidente está tentando acender o pavio. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com

Bolsonarismo quer sequestrar festejos da Independência, como fez com a Bandeira

 

Flávio Tavares, O Estado de S.Paulo

03 de setembro de 2021 | 03h00

Vivemos hoje, no Brasil, momentos e situações tão terrivelmente insólitas que o bom senso e a razão jamais poderiam prever. De um lado, uma minoria enlouquecida prega a violência de forma aberta pelas chamadas redes sociais com a aprovação tácita do presidente da República. Munidos de invencionices e mentiras, buscam uma situação de “crise institucional” reivindicando até o “fechamento” do Supremo Tribunal Federal. Em verdade, pretendem dar “plenos poderes” ao atual presidente da República e torná-lo ditador constitucional.

De outra parte, essa pregação é a forma encoberta de obter milionários lucros financeiros, como demonstrou o corregedor do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Salomão, ao mandar congelar as receitas das chamadas redes sociais bolsonaristas.

No YouTube, os canais dedicados a ofender os críticos do presidente da República (e a santificar o que ele diz ou faz) tiveram receitas anuais de R$ 15 milhões a partir de 2019. A Procuradoria-Geral da República contabilizou ainda outros R$ 5,7 milhões obtidos a cada ano por canais menores, mas similares em conteúdo agressivo, de junho de 2018 a maio de 2020.

O cerne de tudo provém do “gabinete do ódio” instalado no Palácio do Planalto. Nada é mais convincente do que uma mentira elaborada com rigor, em que cada detalhe é pensado para atingir um fim maldoso e destrutivo. Em contraposição, a verdade é aquilo que é. Não há “botox” que retoque o rosto do dia a dia político.

As tais “redes sociais” deram status à mentira. Prometem revelações “secretas ou desconhecidas” e, assim, têm milhões de seguidores ávidos por saber o que se oculta. O canal oficial de Bolsonaro tem 3,5 milhões de inscritos. Os investigados agora pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), outros 10,1 milhões.

Essas centrais de invencionices são alimentadas com propaganda paga e doações dos fanatizados usuários, passando a ser rentáveis, mesmo que nada produzam. A não ser fantasiar ou mentir, como no caso das urnas eletrônicas. Ou chamar a covid-19 de “gripezinha”, desmobilizando a população dos cuidados com a pandemia.

Neste 7 de Setembro, o bolsonarismo quer sequestrar para si os festejos da Independência, tal qual fez com a Bandeira. Indago: não estarão, assim, impondo o pensamento único das ditaduras, em que o povo é mero papagaio repetidor do que diz o poderoso chefão?

O presidente da República ressuscitou a “guerra fria” e deu aparência de vida a um cadáver putrefato, revivendo a paranoia do anticomunismo. Com isso ressuscita (com outra roupagem) o episódio de 60 anos atrás, quando da renúncia do presidente Jânio Quadros, no final de agosto de 1961. Os três ministros militares anunciaram, então, que o vice-presidente João Goulart não podia assumir por se encontrar na China comunista e ter elogiado as “comunas populares”. Goulart fora à China em missão oficial, enviado por Jânio.

O golpe de Estado já se havia consumado ao longo do País, quando o então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, se rebelou em armas “em defesa da Constituição”. Parecerá estranho “rebelar-se” para defender a Constituição, mas assim ocorreu. O governador gaúcho formou uma cadeia de rádio que penetrou nos lares e nos quartéis e a mobilização popular derrotou o golpe de Estado. Por fim, Goulart assumiu a Presidência, em 7 de setembro de 1961.

Hoje, 60 anos depois, a ideia do golpe de Estado ressurge como fantasma, alimentado pelo próprio presidente da República. E o 7 da Setembro passa a ser a data escolhida para exibir a baderna.

É estranho, insólito e absurdo que o presidente da República oficialize a baderna e outorgue “status” aos baderneiros, incitando-os, mesmo indiretamente, a invadir os prédios do Supremo Tribunal e do Congresso. Não há lugar no mundo em que o governante sugira que os habitantes comprem fuzis, e não alimentos, como o fez Bolsonaro dias atrás, nas conversas no “cercadinho” do Palácio da Alvorada.

O apego de Bolsonaro às armas tem aparência de amor orgástico. Já em 2018 o então candidato presidencial, com a mão direita ou o braço, imitava um revólver ou um fuzil, mas não apresentava planos concretos de administração. Depois, na Presidência, isentou de taxas a importação de armas e munições. Jamais se preocupou, porém sem isentar também remédios e equipamentos hospitalares vindos do estrangeiro.

O insólito e absurdo se renova a cada dia, num chocante dilúvio de insensatez. Agora, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal anunciam que vão se retirar da Federação Brasileira de Bancos porque essa entidade sugeriu que a Fiesp coordenasse o manifesto pedindo a pacificação nacional e a harmonia entre os Poderes da República.

Pergunto: transformaram-se os dois bancos oficiais em tementes serviçais das aspirações de Bolsonaro em fomentar o caos político e, assim, criar um golpe branco? Será o velho 1961 com farda nova?

JORNALISTA E ESCRITOR, PRÊMIO JABUTI DE LITERATURA 2000 E 2005, PRÊMIO APCA 2004, É PROFESSOR APOSENTADO DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br

Em sua 27ª edição consecutiva, mobilização ocupa as ruas nacionalmente no próximo dia 7 de setembro para lutar saúde, comida, moradia, trabalho, renda, impeachment e “contra esse governo que não nos representa”

 

Por Clara Assunção | RBA

Lema da 27ª edição do Grito dos Excluídos, apresentado nesta quinta (26), será "vida em primeiro lugar" sob o tema "na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda já"

São Paulo – Diante das mais de 576 mil vítimas de covid-19 que tiveram o direito à vida negado e da devastação de conquistas sociais promovidas pelo governo Bolsonaro, a 27ª edição do Grito dos Excluídos ocupa as ruas no próximo de 7 de setembro, por todo o país, para lembrar que a “vida deve estar em primeiro lugar”. Esse é o lema deste ano da tradicional mobilização organizada no chamado Dia da Independência, que terá como tema “na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda já”. O mote foi escolhido pela Confederação Nacional dos Bispos no Brasil (CNBB) e apresentando à imprensa em coletiva nesta quinta-feira (26). 

Desde 1995 mobilizando cidadãos em todo o Brasil – em contraponto às manifestações “cívicas” que marcam a data –, o Grito dos Excluídos soma-se novamente à campanha nacional pelo “Fora Bolsonaro” em protesto às vozes de brasileiros que foram “abafadas” pela política negacionista do governo federal. “O grito é sempre atual no sentido de questionar todas as mazelas que estão aí na sociedade. Assim, dizemos que precisamos lutar pela vida e pela vida com dignidade”, destacou dom José Valdeci Santos Mende, bispo da diocese de Brejo, no Maranhão, e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Ação Sócio Transformadora da CNBB. 

“Por tudo que é negado, o direito à vida, essa derrubada dos direitos conquistados, a maneira como se encara a vacina – que na verdade deve ser para todos –, a negação da ciência (…), isso não é um governo que nos representa. Precisamos dizer ‘Fora Bolsonaro!’. Assumimos isso como um compromisso para uma sociedade mais justa e mais fraterna”, completou o religioso. 

 

Ato em São Paulo confirmado

Levando às ruas milhares de pessoas em diversas regiões do país, o Grito dos Excluídos completa 27 anos de edições ininterruptas. Mas, neste ano, a manifestação não ocorrerá na Avenida Paulista, em São Paulo. Em vez disso, foi transferida para o Vale do Anhangabaú, na região central. O governador João Doria (PSDB) tenta, no entanto, impedir a realização do protesto, que até o fechamento desta matéria estava confirmado pelos movimentos sociais, sindical e pela Campanha Nacional “Fora Bolsonaro” para a partir das 14h. A coordenação do evento aponta que Doria faz “jogo político” forma de se lançar como “terceira via” nas eleições presidenciais de 2022.

Em razão da pandemia, todos os atos que comporão o Grito dos Excluídos deste ano seguirão os protocolos sanitários de distanciamento, uso de máscaras, de preferência PFF2 e álcool em gel. 

 

As vozes dos excluídos

O coordenador nacional do Grito dos Excluídos e da Associação Rede Rua, Alderon Costa, conclamou a população a aderir concretamente aos protestos. “Neste momento difícil que o Brasil atravessa temos que ‘sair da arquibancada’ e, com todos os cuidados, irmos para as ruas nos juntarmos com as vozes dos indígenas, das periferias, da população em situação de rua, que já são mais de 200 mil em todo o país. Juntar-nos ao grito das mulheres, das pessoas transexuais e travestis, dos trabalhadores (…) que estão cada dia mais perdendo seus empregos, contra a carestia e a inflação.” 

Também na coletiva, a liderança do movimento Despejo Zero em Goiânia, Cinthia Nicássia, lembrou que, na pandemia, a desigualdade e o consequente aumento da população sem-teto foram aprofundados por conta das remoções de famílias e comunidades, aumentando também as fileiras da fome. “A pandemia atingiu muitas famílias não somente em saúde e perdas, mas na vida financeira. Muitas famílias foram despejadas por falta de serviço e ficaram em uma situação precária.”

 

Gritos pelo Brasil

Em Minas Gerais, até o momento, está confirmado o Grito dos Excluídos na Basílica do Senhor Bom Jesus em Congonhas, às 8h30. Em Manaus, a manifestação terá concentração no Largo Mestre Chico, na região central, às 17h. A manifestação na capital manauara será simbólica para o doutor em epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Jesem Orellana. Ele lembrou que a cidade “entrou negativamente para a história da saúde pública”. O Grito dos Excluídos será, por tudo isso, conforme descreve o pesquisador, fundamental para dar voz à dor de milhares que perderam seus entes asfixiados por falta de oxigênio. “Fruto de uma gestão inconsequente, irresponsável, tecnicamente reprovável tanto em âmbito federal, estadual e municipal”, criticou.

Em meio a tantas tragédias, o Grito dos Excluídos também lembra das vítimas da violência policial. Como as mães do Jacarezinho, comunidade da zona norte do Rio de Janeiro, onde uma operação da Polícia Civil deixou 28 mortos em 6 de maio deste ano. A maior letalidade oficialmente declarada em ações policiais. Entre eles, o filho de uma moradora que precisou deixar a comunidade e grita agora por justiça. “Jogaram ele fora, é assim que fazem com o povo da favela. São 28 corpos, fizeram 28 mães chorar. Esse Estado é genocida sim. E fora Bolsonaro sim”, protestou a mãe, que teve o nome protegido. 

 

Grito da democracia

Contra o racismo, a deputada federal Joenia Wapichana (Rede) também participou da apresentação da 27ª Edição do Grito dos Excluídos, destacando as vozes seculares de resistência dos povos indígenas. Na luta em defesa da Constituição, ao menos 173 povos estão hoje na linha de frente para derrubar a tese do “marco temporal”. Essa interpretação, defendida por ruralistas, pode alterar brutalmente as regras para a demarcação de terras indígenas e abrir os territórios para exploração mineral e agrícola, colocando ainda mais em risco a sobrevivência dos povos originários e com ainda mais desmatamento dos biomas nativos. 

Por conta de toda essa união de lutas, a deputada garante que o próximo 7 de Setembro será a grande oportunidade de se ouvir “as vozes que são invisibilizadas e clamam pela participação, inclusão e o exercício dos direitos sociais. Os povos indígenas não estão falando mais do que já está assegurado em nossa Constituição”, lembra Joenia Wapichana. Fonte: https://www.redebrasilatual.com.br

 

Quinto grande ato de rua pelo fim do governo Bolsonaro está confirmado para 7 de setembro e também defenderá os serviços públicos e a rejeição da 'reforma' Administrativa

 

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Está confirmada a realização do ato pelo fim do governo de Jair Bolsonaro no dia 7 de setembro no Centro do Rio de Janeiro. O tradicional Grito dos Excluídos e Excluídas levará às ruas da capital fluminense o grito "Fora Bolsonaro e Mourão". 

A concentração para a manifestação será na esquina da Rua Uruguaiana com a avenida Presidente Vargas, a partir das 9 horas. O uso de máscaras é obrigatório, de preferência as de melhor eficácia como a PFF2. Será o quinto grande protesto em pouco mais de três meses - o primeiro ocorreu em 29 de maio de 2021- que defenderá o fim do governo de extrema-direita e neoliberal.

A Associação dos Docentes da UFF (Aduff-SSind), Seção Sindical do Andes-SN, participará e convida a categoria e toda a comunidade da Universidade Federal Fluminense a ajudar na construção dos protestos - que também vão defender a educação pública e gratuita e as liberdades democráticas. Haverá manifestações em todas as regiões do país.

As campanhas contra a 'reforma' do governo para os serviços públicos vão levar aos atos a defesa do arquivamento ou rejeição da Proposta de Emenda Constitucional 32/2021, bandeira que foi incorporada à pauta dos protestos.

A mobilização ocorre num momento que pode ser decisivo para o desfecho da proposta do governo: o relator da PEC-32 na comissão especial da Câmara, Arthur Oliveira Maia (PP-BA), disse que entregará o seu parecer sobre a matéria na segunda-feira (30). A partir daí, o texto pode entrar na pauta de votação da comissão. Já o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que pretende levar a proposta para apreciação em Plenário na primeira quinzena de setembro. Os movimentos contrários à 'reforma' querem intensificar as mobilizações para impedir que isso ocorra.

 

Defesa da vida, da vacina e de direitos

Também integram as reivindicações das manifestações programadas para o dia 7 de setembro a defesa da vida, com a exigência da aceleração da vacinação e aplicação de medidas sanitárias como testagem e distanciamento, políticas de geração de emprego e auxílio emergencial digno para quem está em situação de vulnerabilidade na pandemia. 

Outra exigência que ganhará destaque é a defesa da rejeição da nova 'reforma' Trabalhista, que já passou pela Câmara e agora se encontra no Senado Federal. O projeto elimina direitos e permite a contratação de trabalhadores sem que o empregador tenha que pagar a Previdência Social, o FGTS, férias e as horas extras nas condições previstas nas leis trabalhistas (CLT).

 

O Grito

O Grito dos Excluídos é um ato tradicional que ocorrerá pela 27ª vez, sempre no dia em que se comemora a Independência do Brasil. Com forte participação dos movimentos sociais, é de certa forma um contraponto aos desfiles oficiais que costumam celebrar os feitos dos governos e autoridades. 

Neste ano, além de ganhar uma articulação mais ampla em torno da bandeira "Fora Bolsonaro", ocorrerá no mesmo dia em que bolsonaristas programaram atos em defesa do governo. Os atos da extrema-direita carregam ainda bandeiras como a defesa da intervenção militar e de um golpe de Estado. 

Em São Paulo, o governador João Dória (PSDB) tenta proibir a realização da tradicional manifestação do Grito dos Excluídos por ser um protesto contrário ao governo Bolsonaro. O empresário que ocupa o Palácio dos Bandeirantes diz que só permitirá a realização dos atos a favor do presidente, que também defendem o golpe e a ditadura militar. Alega preocupação com a segurança para isso - embora os dois atos estejam programados ara locais distintos. Os movimentos que organizam o Grito dos Excluídos afirmaram que não vão admitir censura e cerceamento da liberdade de expressão e manifestação e que seguirão construindo o ato.

 

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Por Hélcio Lourenço Filho

Fonte: aduff.org.br

 

Cristiane Nogueira da Silva, de 48 anos, e o ex-marido, Leonardo Machado de Andrade, de 50, saíram para passeio em 22 de agosto

 

Paolla Serra e Diego Amorim

RIO — A família reconheceu na manhã desta segunda-feira que o corpo achado na Marambaia, no domingo, é o de Cristiane Nogueira da Silva, de 48 anos. Ela e o ex-marido, Leonardo Machado de Andrade, de 50, destavam desaparecidos desde 22 de agosto após passeio de barco em Angra dos Reis. As tatuagens ajudaram familiares a reconhecer por fotos o corpo de Cristiane. O cadáver será levado para o Instituto Médico-Legal no Centro do Rio. Leonardo segue desaparecido.

Nesta segunda-feira, o Corpo de Bombeiros confirmou que um corpo do sexo feminino foi encontrado numa área pertencente ao Exército e levado para o quartel de Sepetiba, onde a família fez o reconhecimento pelas tatuagens de Cristiane. No domingo, o mar revolto e a intensa chuva que se estenderam ao longo da manhã e tarde na região impediram que os agentes chegassem até o local, acessível apenas por barco ou helicóptero. O professor titular de Medicina Legal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Nelson Massini, afirmou ao analisar as fotos do cadáver, que ele apresenta características de lesões provocadas pela fauna marinha.

— Animais como siri e caranguejo começam a atacar pelas partes mais moles do corpo, como lábios, pálpebras e mamilos e depois entrar nos orifícios que fazem. É preciso uma análise mais aprofundada para se chegar a causa da morte e o que motivou essas lesões, mas, à princípio, foram feitas dessa maneira — explicou o perito.

Desde o desaparecimento, o filho de Cristiane, Guilherme Brito, pede orações pela mãe e pelo ex-companheiro dela. Os dois estão desaparecidos desde que saíram em um barco para ver o pôr do sol. Num vídeo publicado nas redes sociais, Guilherme afirmou que tem recebido muitas mensagens de apoio. A viagem do casal, que estava separado, era uma tentativa de reconciliação.

— Peço que rezem para o Leonardo também, para ele estar bem, saudável, porque minha mãe, apesar de ser muito forte, não saberia sobreviver na mata, não saberia sobreviver no mar — disse.

O barco em que o casal estava era uma traineira que já havia pertecido a Leonardo. Ele pegou o barco emprestado para que ele e Cristiane fossem à Lagoa Verde assistir ao pôr do sol. Os dois saíram da Praia da Longa, em Ilha Grande. Fonte: https://oglobo.globo.com

 

Familiares estão sendo ouvidos para contribuir com elementos que possam ajudar a desvendar mistério

 

Geraldo Ribeiro

Leonardo e Cristiane estão desaparecidos desde domingo Foto: Reprodução

RIO — O delegado Vilson de Almeida Silva, da 166ª DP (Angra dos Reis), que está investigando o desaparecimento de Cristiane Nogueira da Silva, de 48 anos, e seu ex-companheiro Leonardo Machado de Andrade, de 50, disse que está analisando a vida dos dois para tentar entender o que aconteceu com eles. Para isso, está ouvindo familiares das duas partes,  para contribuir com elementos que possam ajudar a desvendar o caso. Uma das chaves do mistério, que nesta sexta-feira entra no seu quinto dia, é a embarcação em que estavam e não foi avistada durante as buscas feitas ao longo da semana. O casal está sumido desde a tarde de domingo, depois de ter saído em um passeio de barco na Ilha Grande, em Angra dos Reis.

— Estamos analisando a vida tanto dele (Leonardo) como dela (Cristiane) para tentar entender o que aconteceu. A linha de investigação é o desaparecimento. A gente quer encontrar o barco, mas eu não descarto nenhuma possibilidade. Estou ouvindo os familiares de um e de outro para ver se encontro algum elemento sobre o que aconteceu — disse o delegado, que já ouviu quatro pessoas dos dois lados.

O casal viveu junto por dois anos e estava separado por um período igual, mas ensaiava uma reconciliação. Na semana passada Cristiane aceitou o convite de Leonardo para passar o fim de semana na Ilha Grande, onde ele reside atualmente. O ex-companheiro pediu que um motorista viesse ao Rio buscá-la na sexta-feira e deveria trazê-la de volta na segunda-feira. Na tarde de domingo os dois saíram de barco para apreciar o pôr do sol de uma praia próxima, e desde então não deram mais notícias.

Segundo o filho, ela parecia feliz e comunicou que Leonardo havia comprado presentes para ela levar para os familiares e se despediu com um "até amanhã", dando a entender que retornaria ao Rio no dia seguinte

Segundo o delegado, o Corpo de Bombeiros e a Capitania dos Portos trabalharam nas buscas nesta quinta-feira, sem sucesso, mesmo feito uma varredura completa. As buscas devem continuar nesta sexta-feira.

Os filhos de Cristiane, Guilherme e Pamella Brito montaram um verdadeiro diário virtual, onde desde o começo da semana vão postando todo tipo de informação que possa ser útil na localização da mãe e de seu ex-companheiro. As postagens rarearam, mas a campanha ganhou um novo aliado. O Disque Denúncia divulgou e publicou nas suas redes sociais, um cartaz com fotos dos dois, dando início a uma campanha para ajudar na busca por pistas sobre o que aconteceu com o casal.

Numa das poucas postagens que fez, Guilherme lançou um apelo emocionado por informações que ajudem os bombeiros e a polícia a encontrar sua mãe e o ex-companheiro dela. Em uma rede social, o rapaz disse que recebeu mensagem falando sobre um pedido de ajuda que alguém teria feito no domingo, mas em horário diferente ao que o casal foi visto pela última vez.

— Recebi uma imagem de alguém em Mangaratiba que teria pedido ajuda, no domingo. A questão do horário não bater muito, mas é uma das opções. Não estamos descartando nada. Peço que ajudem da forma que puderem. Compartilhando a foto dela (da mãe e de Leonardo), a imagem dele, de perguntar se conhece alguém de Angra, de Paraty. Qualquer ajuda é muito bem-vinda. Qualquer notícia relevante pode mandar para mim. Estamos olhando tudo — disse Guilherme, visivelmente emocionado.

Nesta quinta-feira, bombeiros de Sepetiba, Paraty, Angra dos Reis, Sepetiba e Mambucaba fizeram buscas por ilhas da Baía de Angra dos Reis e pelo mar, para tentar localizar o casal desaparecido ou a embarcação que era usada por eles. A ação conta com o uso de motos aquáticas e barcos.

— Nossa prioridade é encontrar a embarcação para entender o que está acontecendo nesse desaparecimento — disse o delegado Vilson de Almeida Silva.

As buscas tiveram início ainda no domingo, quando um funcionário de Leonardo começou a perguntar a conhecidos se tinham alguma informação sobre o casal. O delegado disse que diferentes órgãos participam de uma varredura na região à procura da embarcação. Ele acredita que, ao conseguir localizar o barco, possivelmente encontrará o casal ou terá pistas sobre o paradeiro.

Campanha é nova aliada por buscas 

O Disque Denúncia pede para quem tiver alguma informação para entrar em contato pelos seus canais oficiais, que são os números 2253-1177 e (21) 98849-6254 (WhatsApp) ou pelo aplicativo Disque Denúncia RJ. Fonte: https://oglobo.globo.com

 

Embarcação em que os dois estavam ainda não foi encontrada

 

RIO - Guilherme Brito lançou nas redes sociais um apelo para ajudarem a localizar sua mãe, Cristiane Nogueira da Silva e o ex-padrato Leonardoi Machado de Andrade. Num vídeo postado numa rede social, o rapaz conta que o casal saiu na tarde de sábado para apreciar o pôr do sol de  uma das praias de Angra dos Reis e desde então então nao foi mais vistos.

O rapaz conta no vídeo que a mãe viajou para Ilha Grande, onde o ex-padrato está morando atualmente, na sexta-feira e deveria ter retornado na segunda-feira, ao meio dia. Mas, desde o domingo, por volta das 10h, que a família perdeu o contato com ela.

Inicialmente achavam que era por conta de problemas com sinal de telefonia celular, mas um motorista da família enviado ao local para levá-la de volta para o Rio  também não a encontrou. Por meio de pessoas que trabalham para Leonardo, descobriu que o casal estava desaparecido desde as 16h30 de domingo.

-Minha mãe não é de ficar sem contato com a gente - disse o rapaz que foi para Angra acelerar as buscas.

Ele contou que acionou as polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros e Capitania dos Portos, que ainda não conseguiram localizar o casal nem tiveram informações sobre a lancha. Fonte: https://oglobo.globo.com

 

O número de vítimas do terremoto que atingiu o país aumentou: 2.189 mortos e 12.000 feridos. O testemunho de dom Pierre André Dumas, bispo de Anse-à-Veau-Miragoâne: habitações, paróquias e casas canônicas foram destruídas. Religiosos e missionários prontos para ajudar: "Eles são o testemunho de que Deus nunca abandona ninguém". A Conferência Episcopal Italiana aloca um milhão de euros.

Federico Piana – Vatican News

Quanto mais o tempo passa, mais dramático se torna o balanço das vítimas do terremoto que devastou o Haiti em 14 de agosto. Os últimos dados divulgados pela Agência de Proteção Civil do país, colocam o número de mortos em cerca de 2.189, enquanto o número de feridos subiu para quase 12.000. As operações de resgate das últimas horas foram complicadas pela passagem da tempestade tropical Grace, mas apesar das dificuldades encontradas por voluntários e forças policiais, 16 pessoas foram encontradas vivas sob os escombros de um antigo prédio da ONU na aldeia de Brefet. E enquanto a Cáritas faz soar o alarme sobre a falta de alimentos e água, a Conferência Episcopal Italiana decidiu destinar um milhão de euros em ajuda, financiada através da taxa 8X1000, e convocou um dia de oração em todas as paróquias italianas para o próximo domingo.

 

Momento difícil para se viver com fé

"É um momento difícil, um momento de provação que temos que viver com muita fé", disse dom Pierre André Dumas, bispo de Anse-à-Veau-Miragoâne, uma das dioceses mais duramente atingidas no Haiti. "É também um momento", acrescentou o prelado, "em que temos que intervir, ficar perto e escutar as necessidades do povo".

 

Destruídas sete em cada dez casas

Toda a área da diocese de Anse-à-Veau-Miragoâne foi literalmente arrasada: sete em cada dez casas foram destruídas pelo forte terremoto de magnitude 7,2. "Ainda não temos contato com as pessoas que vivem nas montanhas e em áreas isoladas", disse o bispo. As pessoas agora precisam de tudo, até mesmo de água. É por isso que estamos pedindo a ajuda de outros países.

 

Igreja local em ajuda aos mais fracos

Dom Dumas disse que os padres de sua diocese, junto com as religiosas e missionários, estão fazendo o melhor possível para ajudar os sobreviventes: "O acompanhamento de meus padres, irmãs e irmãos religiosos é constante", afirmou. "Momentos de solidariedade se alternam com momentos de oração. Além disso, as poucas necessidades básicas que nossa Igreja local recebeu foram imediatamente compartilhadas".

 

Metade das igrejas arrasadas

A situação das estruturas diocesanas também é dramática: muitas casas canônicas e paróquias foram literalmente arrasadas. Fizemos algumas verificações", explicou dom Dumas, "e percebemos que mais da metade das igrejas não estão mais lá". Mas, apesar de tudo, os padres estão presentes: eles acompanham os fiéis e tentam atender às suas necessidades. Eles estão entre o povo para mostrar que Deus não abandonou seu povo". Fonte: https://www.vaticannews.va

Por: Fernando Moreira 

Duas pessoas caem após tentarem se agarrar a avião que decolara de Cabul Foto: Reprodução

Ao menos duas pessoas "caíram de um avião militar americano" que decolara nesta segunda-feira (16/8) do aeroporto de Cabul (Afeganistão) em tentativa desesperada de fugir do país após a chegada do Talibã à capital, de acordo com vídeos divulgados nas redes sociais. Não há confirmação oficial sobre o caso ou sobre a identidade dos envolvidos. Segundo o jornal britânico "Guardian", ao menos três pessoas teriam caído da aeronave dos EUA. Um vídeo mostra os corpos de três pessoas — dois homens e uma mulher — caídos no chão no complexo do aeroporto Hamid Karzai, acrescentou o diário.

Um tumulto no terminal superlotado de pessoas ávidas para fugir de Cabul causou a morte de ao menos cinco pessoas. Em cenas caóticas que ecoam a queda de Saigon no fim da guerra do Vietnã, homens, mulheres e crianças foram filmados tentando entrar em aviões depois que o Talibã invadiu a capital e tomou o palácio presidencial. Aeronaves dos EUA foram enviadas a Cabul para retirar americanos da cidade.

Segundo o "Sun", duas pessoas caíram de um avião de transporte C-17, da Força Aérea dos EUA, de uma altura de centenas de metros. Eles teriam se agarrado ao trem de pouso ou à fuselagem na lateral da aeronave, de acordo com imagens divulgadas amplamente nas redes sociais. Fonte: https://extra.globo.com

Adolescente, de 16 anos, tirou a própria vida depois de receber comentários homofóbicos por um vídeo que publicou no aplicativo de mídia TikTok

 

César Soanata lamenta perda do filho, Lucas Santos (Foto: Reprodução/Instagram)

O empresário e cantor César Soanata, pai de Lucas Santos, de 16 anos de idade - de sua relação com a ex, a cantora Walkyria Santos - desabafou sobre a perda do adolescente no Instagram nesta quarta-feira (4). O jovem, que foi encontrado morto em casa, em Natal (RN) nesta terça-feira (3), tirou a própria vida após receber comentários homofóbicos por um vídeo que publicou no TikTok. Walkyria ainda é mãe de Bruno, de 20 anos, também com César, e de Maria Flor, de 10, de outra relacionamento. Em um vídeo postado na rede social depois do sepultamento de Lucas, César agradeceu pelas milhares de mensagens que tem recebido desde a notícia da morte do filho.

"Agradeço pelas condolências e pêsames que venho recebendo desde ontem. Eu não tenho como falar, não tenho como expressar a minha gratidão a vocês porque, graças ao meu bom Deus, à minha família e aos amigos, estou aqui de pé. Eu já falei ontem no velório do meu filho, eu já falei hoje de novo e vou falar milhões de vezes se for necessário: 'a morte do meu filho não vai passar em branco. Eu tenho certeza que Deus me deu uma missão e que irei cumprir essa missão, que é tentar abrir os olhos dos pais e das mães que a vida é muito mais do que uma curtida na rede social, é muito mais do que uma postagem com visualizações'", disse.

César continuou seu desabafo criticando os haters, pessoas que postam comentários de ódio ou crítica na web sem nenhum critério. "A humanidade está doente, totalmente doente. A depressão, infelizmente... Agora estou sentindo na pele... Porque a gente acha que só acontece na casa do vizinho e, infelizmente, aconteceu na minha casa e, infelizmente, eu não estava perto para tentar fazer algo. Estou fazendo esse vídeo para você pai, para você mãe, para você jovem, para você adulto: 'nunca é tarde para procurar apoio, nunca é tarde para procurar ajuda'", encorajou.

O pai do adolescente direcionou seu discurso aos responsáveis. "Você pai, você mãe, faça questão de estar perto dos seus filhos o máximo que puder, faça questão de deixar claro para eles que vocês não são só pai e mãe e sim que vocês são os melhores amigos, o amigo que dá a vida por eles. Para que o jovem possa entender que conversar com o pai ou com a mãe não é ter a certeza de que será castigado ou punido e sim ouvido. A gente precisa cuidar da nossa juventude. As pessoas precisam de mais amor, mais empatia, mais respeito, amor ao próximo e, principalmente, Deus no coração", opinou. Fonte: https://revistaquem.globo.com

Por Pedro Doria

Ao longo de julho, YouTube, Instagram e a chinesa TikTok anunciaram mudanças grandes em suas plataformas. Num dos casos — o Instagram —, mudanças que incomodaram muito os usuários. Em todos, houve mostra de que um entrante com os bolsos recheados de dinheiro conseguiu abrir uma fissura em dois dos principais monopólios do Vale do Silício. Esta é uma história que ilumina a transformação por que o vídeo está passando no digital e, ao mesmo tempo, revela que a briga entre China e EUA na tecnologia está se acirrando para além dos aparelhos e algoritmos, chegando ao campo do conteúdo.

Alguns números revelam o cenário. Nesta quarta-feira, a holding do Google, Alphabet, anunciou que o YouTube faturou US$ 7 bilhões no segundo trimestre em publicidade, um crescimento de 83% em relação ao mesmo período no ano passado. Talvez não tenhamos o hábito de pensar no YouTube como uma empresa de streaming de vídeo — mas compare com a maior delas, a Netflix. Faturou ao todo US$ 7,34 bilhões no mesmo período. E cresceu menos de 20% em relação a 2020.

Ainda assim, a principal novidade do YouTube em julho foi o Shorts — vídeo vertical, com no máximo um minuto. A plataforma está incentivando ao máximo quem produz para ela a aproveitar esse formato. Afinal, é o formato-padrão de outra plataforma. O TikTok.

Outro número revelador: usuários de smartphones Android, nos EUA e no Reino Unido, passaram em média 24,5 horas de maio ligados no app chinês. Eles passaram 22 horas ligados no YouTube, segundo a App Annie, uma empresa que faz essas medições. Não é à toa que os californianos estão correndo atrás.

Pois a briga tem caminho de ida, mas também de volta. O YouTube lançou seu projeto de vídeos curtos, e o TikTok estendeu o limite de seus vídeos para três minutos. Não é difícil explicar — os vídeos de dancinhas e dublagens, das muitas moças de biquíni, até divertem, mas certos tipos de conteúdo exigem mais espaço. Para poder enfrentar o YouTube e atrair conteúdo mais profundo, o TikTok abriu o flanco da minutagem.

Quem ficou correndo atrás foi o Instagram, a rede social de fotografias do Facebook. Por um lado, já atingira um ponto de maturidade, com inúmeras celebridades próprias que criaram audiências para lá do milhão e fazem dinheiro na plataforma. Por outro, vinha perdendo espaço na briga do vídeo, crescendo em ritmo aquém dos concorrentes.

Neste mês, bateu o bumbo para novidades em dois momentos. No primeiro, falou de novas possibilidades para que os influenciadores façam mais dinheiro na plataforma. Tem de participação em publicidade a possibilidade de vender produtos. Umas semanas depois, anunciou que o Insta não é mais uma plataforma de fotos, puxou sua imitação de TikTok, o Reels, de 30 segundos para um minuto e revelou que o algoritmo apresentará cada vez mais vídeos e menos fotos. Além disso, muitos daqueles que criam no Insta perceberam que estão perdendo visibilidade de forma acelerada.

Ou seja: primeiro o Insta deu um prêmio — mais possibilidades de fazer dinheiro. Depois veio com o porrete, desestabilizou todo mundo.

O YouTube tomou o cuidado de não fazer isso. E não é à toa. Primeiro, está numa posição defensiva, mas tem gordura. Segundo e mais importante, este é um jogo em que, após anos sugando quem produz o que as pessoas veem, as plataformas começam a ter de disputar quem dominou a arte de produzir em sua linguagem. Quem de fato atrai o público. O Insta pode ter cometido um erro sério.

Por isso monopólios são ruins. Por isso concorrência funciona. E já está entrando com força outro chinês neste jogo. É a Kwai. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com

Popularidade em queda? Instagram remove ícone do IGTV do feed principal

 

Você costuma acessar o Instagram TV (IGTV), seção do da rede social dedicada somente aos streaming de lives e outros conteúdos em vídeo? Pois é, embora mais de 7 milhões dos mais de 1 bilhão de usuários mensais do Instagram já tenham baixado o app independente dessa plataforma, ao que parece, ninguém dá muita bola para seu botão dedicado na página inicial. E justamente por isso é que ele deve sumir

Lançado em junho de 2018, o IGTV veio para oferecer mais “tempo de tela” para os criadores e marcas. Mas, a surpreendente ascensão do TikTok ofuscou essa iniciativa. Só para ter uma ideia, o aplicativo chinês de vídeos musicais curtos foi baixado mais de 1,15 bilhão de vezes nesse mesmo período — somente nos Estados Unidos, o TikTok teve 80,5 milhões de downloads, em comparação com 1,1 milhão do IGTV, nos últimos 18 meses.

Tudo bem que o TikTok vem recebendo investimento massivo de marketing em todas as partes do mundo, mas esses números podem ser considerados um fracasso para o IGTV.

“Enquanto continuamos a trabalhar para facilitar a criação e descoberta de conteúdo IGTV, aprendemos que a maioria das pessoas encontra conteúdo IGTV por meio de visualizações no Feed, o canal IGTV no Explore, os perfis dos criadores e o aplicativo autônomo. Muito poucos estão clicando no ícone IGTV no canto superior direito da tela inicial no aplicativo Instagram”, disse um porta-voz da empresa do Facebook ao TechCrunch.

"Sempre pretendemos manter o Instagram o mais simples possível, removendo esse ícone com base nesses aprendizados e nos comentários de nossa comunidade", acrescentou.

 

Usuários continuarão vendo o IGTV no Instagram

O IGTV vai deixar de estar na página principal, mas continuará na rede social. Para acessar, você só precisa ira até a aba de Descobertas e entrar no botão, que fica na parte superior esquerda da página. Fora isso, nada muda.

E, talvez, aí esteja o erro do Facebook no momento. Segundo especialistas os principais fatores para a baixa do IGTV no momento são a falta de ferramentas e oportunidades de monetização, conteúdos exclusivos pouco atrativos e limitações. As celebridades contratadas, por exemplo, não podem fazer quaisquer menções políticas, sociais ou sobre eleições e somente têm reembolso de custos de produção, sem lucro algum.

Ainda não dá para saber ao certo qual será o futuro do IGTV, mas certo mesmo é que ele precisa de mais investimentos e nova regras de monetização, além, claro, de conteúdo — o próprio Instagram sabe disso e vem tentando solucionar essa última questão ao permitir que vídeos sejam postados a partir da interface principal. Se não mudar, o app corre o sério risco de ser ofuscado de vez por concorrente como o TikTok e o Quibi. Fonte: TechCrunch; https://canaltech.com.br

 

 

Foto: Reprodução/Istagram @guipagnoncelli_

 

O influencer Digital Gui Pagnoncelli, 30 anos, é alvo de um inquérito por crime de estelionato, movido pelo Ministério Publico de Alagoas e aceito pela Justiça Alagoana. O caso está sob a responsabilidade da 3º Vara Criminal da Capital, em Maceió, desde o mês passado.

Além do crime de estelionato, o influenciador digital está sendo investigado pelo crime de falsificação de laudos médicos.

Gui Pagnoncelli é o nome de Gilson Wagner da Silva natural de Diadema (SP) que atualmente mora em Maceió, capital de Alagoas. Gui foi diagnosticado, em 2012, com um tipo de câncer agressivo, conhecido como adenocarcinoma, período em que ele teria feito um procedimento cirúrgico de grande complexidade, para retirar seu estômago, duodeno e parte do intestino.

Na época diversas celebridades como Ivete Sangalo, Celso Portiolli, Pablo Vittar entre outros abraçaram a causa do Gui, o levando a se tornar destaque nacional, por sua luta contra o câncer. 

Porém a bonita história de Gui se tornou alvo de várias denúncias, de que ele já estaria curado e ganhando fama e dinheiro devido a doença. Nas redes sociais, Gui postava constantemente que estava em hospitais, fazendo tratamento contra o câncer. Uma de suas idas ao hospital, em 2020, se tornou alvo de investigação, por parte da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic) da Polícia Civil de Alagoas, após denúncia de fraude.

Gui ainda chegou a afirmar que estava sendo vítima de calúnia e difamação e apresentou documentos médicos para a DEIC e para a justiça. Porém há suspeita que os documentos sejam falsos.

O médico Glauco Moreira Leitão alegou em declaração “que não omitiu ou subscreveu relatório médico apresentado pelo agravado no processo de origem". Além dele, a médica Patrícia Cerqueira Wanderley também alegou que prescreveu a Gui uma “dieta aberta”, mas que foi surpreendida com um documento que ela não havia entregue ao paciente após questionamentos do plano de saúde do influenciador.

A investigação culminou no processo que está nas mãos do juiz Carlos Henrique Pita Duarte desde o dia 03 de maio. Esta semana, as redes sociais do influencer foram desativadas.

Em contato com o Tribunal de Justiça e com o Ministério Público de Alagoas, o Portal Já É Notícia foi informado que o processo contra o influencer corre em segredo de justiça.

 

A farsa para conseguir dinheiro

Em 2017, o influencer afirmou que teria no máximo 8 meses de vida. e que sua chance de viver seria através de um transplante a ser feito nos Estados Unidos. Ele inicialmente pediu doação de R$ 50 mil. O valor foi arrecadada em menos de 24h, através de uma vaquinha online criada por ele. Em seguida ele alterou o valor da meta para R$ 100 mil. Posteriormente, o valor subiu para R$ 350 mil e em uma quarta vez, o valor da meta subiu para R$ 3 milhões, que seria o valor do suposto transplante.

Em 2018, já após ter ultrapassado "seu tempo de vida", Gui arrecadou R$ 380 mil e informou que não havia viajado pois estava com a imunidade baixa. Apesar de não ter viajado, ele continuou pedindo dinheiro para fazer o suposto transplante.

No fim de 2018 ele postou uma nota fiscal de compra no valor de R$ 41 mil, para um tratamento de imunoterapia e que já teria gasto todo dinheiro arrecadado no tratamento. Segundo ele, ainda precisava de R$ 250 mil para continuar seu tratamento.

O caso começou a ser questionado em 2019, quando ele criou outra vaquinha online com meta de R$ 50 mil. Na época, ele disse estar perdendo a luta contra o câncer e chegou a reutilizar fotos antigas de procedimentos e internações.

Em julho de 2020 ele criou outra vaquinha online, mas foi fechada em seguida, sem conseguir doações. Na mesma época, ele fez postagens afirmando que estava entre a vida e a morte, e solicitando ajuda financeira. Fonte: https://www.jaenoticia.com.br

Isenção jornalística em tempos de autoritários digitais

Não há jornalismo real fora da democracia assim como não há democracia sem jornalismo

 

Por Pedro Doria - O Estado de S. Paulo

Uma das perguntas mais comuns que nós jornalistas recebemos é a respeito da isenção. Às vezes vêm em tom provocador, noutras como curiosidade — mas é uma pergunta perfeitamente natural. Uma pergunta que, feita hoje em dia, necessariamente toca em questões bastante profundas. Tanto a ascensão de movimentos populistas autoritários pelo mundo quanto mudanças de linguagem criadas pela comunicação digital nos forçam a voltarmos aos fundamentos essenciais do jornalismo.

O jornalismo existe para servir à democracia. Uma coisa está amarrada à outra. Não há jornalismo real fora da democracia assim como não há democracia sem jornalismo. Muito cedo se compreendeu que, para democracias funcionarem, era preciso uma estrutura de informação a respeito do que se passa nas estruturas de poder e na sociedade que não fizesse, porém, parte do Estado. Tinha necessariamente de ser independente. Não poderia estar veiculado a um grupo político.

O motivo, e já havia compreensão a este respeito no século 18, é que para votar precisamos todos estar informados. Democracias funcionam bem quando há informação de qualidade e em quantidade à disposição de todos os eleitores. Informação sobre os fatos, mas também informação sobre os argumentos em curso no debate público. Quem é contra, quem é a favor, defende como suas posições?

Por isso é sempre importante voltar aos fundamentos. O jornalismo é uma instituição essencial da democracia. No jogo político habitual, o dos partidos que disputam poder, ele deve sempre estar de fora como observador crítico. Não quer dizer sempre contra em suas análises, mas quer dizer sempre desconfiado.

Não há mistério por trás da ideia de isenção jornalística. Outras profissões também exigem que as pessoas exerçam desprendimento a respeito de suas convicções pessoais. O psicanalista precisa deixar seu ego de lado ao ouvir quem está no divã. O advogado precisa deixar seus sentimentos sobre um crime de lado ao defender seu cliente. O médico, o padre, tantos trabalham separando crenças pessoais da atuação profissional. Porque esta é a natureza da função.

A isenção, porém, vale para o jogo político habitual. Porque, um degrau acima, o jornalismo tem lado — é o lado da democracia. No momento que se implanta, um governo autoritário tentará controlar o que pode ser publicado. É por isso que autoritários prendem jornalistas, matam jornalistas ou tentam controlar o jornalismo por ameaças. Aliás, sintoma de autoritarismo é como o governante lida com a imprensa crítica.

Benjamin Netanyahu, em Israel, quase partiu as três principais redes de TV do país argumentando que representavam monopólios. Um grupo grande de jornais, lá, cedeu perante ampla verba de publicidade. Na Rússia, jornalistas independentes são assassinados, mesmo. A toda hora. No Brasil, Jair Bolsonaro atua na base da intimidação direta a repórteres que lhe fazem perguntas. É particularmente agressivo quando são mulheres a perguntar.

Não é tão simples censurar a imprensa no tempo da internet, mas a desinformação cumpre o mesmo objetivo. E o digital, principalmente após a entrada das redes sociais que selecionam o que vemos com base em algoritmos, é uma máquina que facilita à desinformação que se espalhe.

Então, se democracias dependem de uma população informada, quem atua para produzir e distribuir desinformação está conscientemente atentando contra o regime. Desafios trazidos pela tecnologia sempre fizeram parte da história do jornalismo. Para nossa geração, o desafio é um só. Restabelecer, na sociedade, o predomínio da informação sobre os falsários. Fonte: https://link.estadao.com.br

Câmera de segurança registrou vítima sendo baleada. Segundo testemunhas, atirador realizou os disparos logo após chamar a vítima, sem nenhuma conversa prévia. O suspeito fugiu do local do crime, foi localizado pela polícia e morreu após entrar em confronto com os militares.

 

Por G1 PR e RPC Londrina

Uma transexual de 26 anos foi morta a tiros em Londrina na noite de quarta-feira (30). O crime, que aconteceu na Rua Cabo Verde, esquina com a Avenida Leste Oeste, foi registrado por imagens de segurança em uma câmera. 

O suspeito fugiu do local, foi perseguido pela polícia e morreu após uma troca de disparos.

 

Imagens registraram crime

Conforme o registro divulgado pela Polícia Militar, uma caminhonete para na via e chama a vítima que está do outro lado da rua. Ela é atingida por disparos quando chega perto do veículo. Depois disso, o motorista foge.

Mesmo ferida, a transexual corre para pedir ajuda.

Segundo o relato de testemunhas a Polícia Militar, o atirador realizou os disparos logo após chamar a vítima, sem nenhuma conversa prévia.

Durante a fuga, a caminhonete foi localizada por uma equipe do Batalhão de Choque da PM. A polícia afirma que tentou parar o veículo, mas o motorista acelerou e seguiu sentido Ibiporã, na BR-369, e houve perseguição.

O condutor perdeu o controle da direção próximo ao Ceasa e bateu a caminhonete. A PM afirmou ainda que, depois disso, o motorista sacou a arma de fogo e começou a atirar contra os policiais, que revidaram. O suspeito foi atingido e morreu no local.

Os dois corpos foram levados ao Instituto Médico-Legal de Londrina. Fonte: https://g1.globo.com

 

 

Três meses se passaram desde o desaparecimento de Davi Lima Silva, de 11 anos, e a mãe do garoto, Lilia Lima, de 39 anos, continua sem respostas. Filho único, o menino desapareceu após ter saído da casa de uma tia em direção à residência da avó, no povoado de Varzinha, na zona rural de Itiúba, norte da Bahia.

Ao G1, Lilia Lima, que trabalha como fotógrafa, conta que mora em Salvador com o esposo e com o filho. Quando o menino desapareceu, ele estavam em Itiúba para visitar a família.

“A gente mora em Salvador, sempre morou em Salvador, e só ia para lá para passar Natal, Ano Novo, Páscoa... com a família”, contou Lilia Lima.

Desde que o filho sumiu, os olhos de Lilia não fecham durante a noite, e se alimentar se tornou cada vez mais difícil.

“Até agora eu me pergunto todos os dias, todas as noites... Eu nunca mais dormi, nunca mais me alimentei, meu filho dormia abraçado comigo. Ele só dormia comigo”, disse Lilia Lima.

“É tudo muito estranho, é tudo muito estranho... Até agora eu não consigo explicar. É muito triste."

 

Visitas à Secretaria de Segurança

Desde que Davi Lima Silva desapareceu, a mãe dele tem ido até a sede da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) uma vez por semana em busca de respostas. No entanto, ela sempre escuta que o caso está em sigilo, sendo investigado.

“Falam que é sigilo e não podem falar até o momento, porque pode atrapalhar o andamento da investigação", relatou a mãe do garoto.

"É só isso que eles passam para a gente. Toda semana eu vou na Secretaria Pública de Segurança, e a delegada passa essa informação para mim. A entidade daqui [Salvador] cobra a de lá [Itiúba], e eles falam a mesma coisa: que não pode falar, que estão trabalhando, buscando uma forma, e pediram mais um prazo de 30 dias para continuar as investigações."

De acordo com a fotógrafa, a falta de resposta faz com que a angústia aumente mais.

“Eu não consigo entender esse sigilo, esse prazo que eles vão dando, porque era 30, depois 60, já foi 90 e mês que vem completa 120 dias. É uma angústia que não termina, muito difícil”, desabafou.

 

'Eu nunca deixei meu filho'

"Eu nunca deixei meu filho nem no condomínio onde a gente mora. Meu filho não brincava, só porque eu não deixava. Nem eu, nem o pai. Nem com todas as câmeras do condomínio que a gente mora, o único lugar que eu deixava ele era com minha irmã e com minha mãe”, disse Lilia, explicando como era a rotina de Davi, sempre debaixo dos olhos dos pais.

No dia em que o garoto desapareceu, ele estava sob os cuidados da tia, pois Lilia fotografava uma gestante.

“Nunca deixei ele sozinho. No dia que ele desapareceu, ele estava com minha irmã. Eu deixei ele com ela, para fotografar, e em menos de duas horas ela simplesmente me disse que ele tinha desaparecido, que correu e desapareceu”, contou.

A mãe do garoto ressalta que, por não morar no povoado, Davi não conhecia muitas pessoas no local.

“Davi só brincava com um amiguinho e dois primos, porque a gente não morava no interior, a gente foi para lá para passear, então ele não tinha amizade lá”, afirmou.

“Ele não tinha amiguinhos, não tinha costume de ir para casa de ninguém, porque ele não tinha amizades em Itiúba."

 

Relembre o caso

Davi foi visto pela última vez no dia 28 de março, após sair da casa de uma tia, em direção à residência da avó. Os imóveis são próximos um do outro e, segundo os familiares, o menino fazia o percurso com frequência.

De acordo com a tia do garoto, no dia do desaparecimento ele estava muito agitado. Davi estava usando uma camisa de cor cinza e um short estampado no dia em que desapareceu.

“O trajeto da casa de minha irmã para a casa de minha mãe ele sabia. Tantas vezes eu já mandei ele ir, ficava olhando e via ele chegar. Ainda falava que Davi estava indo”, disse a mãe do menino.

Ainda segundo a família, um vizinho informou que ele seguiu em direção a uma serra próxima ao povoado, mas desde então não há informações sobre o garoto.

Familiares disseram que uma pessoa teria ouvido gritos de socorro em uma região de mata, na localidade de Laje da Cruz, também em Itiúba. Mas como essa pessoa não sabia que alguém na área estava desaparecido, não foi averiguar.

 

Mistério e investigações

A família do garoto recebeu um relatório da polícia, ao qual o G1 teve acesso, que relata que inicialmente foi realizada uma busca com apoio de drones, helicóptero do Graer e cães farejadores da PM, bombeiros, COE da Polícia Civil da Bahia, e que o resultado de todos os cães farejadores foram idênticos e apontaram que a criança foi levada por um automóvel.

De acordo com o relatório, também foi realizada uma busca com um cão farejador de cadáver dos bombeiros, e o resultado foi negativo para cadáver em toda a região onde possivelmente o menino poderia ser encontrado, inclusive no local onde sandálias do menino foram achadas.

Ainda segundo o documento, no inquérito policial já foram ouvidas todas as possíveis testemunhas e suspeitos, e diligências estão em andamento, em sigilo.

G1 entrou em contato com a Polícia Civil, para saber como estão os andamentos do caso e entender o motivo do sigilo, mas não recebeu respostas até a publicação desta reportagem. Fonte: https://g1.globo.com

A população brasileira é a mais preocupada com a desinformação e fake news sobre a covid-19

 

Quando um inimigo invisível invade os corpos de milhões de pessoas no mundo inteiro, a informação confiável se mostra literalmente uma questão de vida ou morte. Na década de 2010, a confiança na imprensa caiu consistentemente, mas no último ano essa tendência sofreu uma reversão brusca. O porcentual de pessoas que dizem acreditar na maioria das notícias na maior parte do tempo subiu de 38% para 44%. Esta é uma das constatações do Digital News Report anual do Instituto Reuters, ligado à Universidade de Oxford, que contempla 46 países responsáveis por metade da população mundial.

Com a “infodemia” de notícias falsas e teorias da conspiração sobre a covid em geral, e a invasão do Capitólio nos EUA em particular, o anseio por informações verdadeiras beneficiou marcas reputadas, tanto em termos de maior alcance e mais confiança como de assinaturas. “A distância entre ‘the best and the rest’ cresceu, assim como a distância entre as mídias de notícias e as mídias sociais.” Boa parte das assinaturas se concentrou em poucos grandes veículos, “reforçando a dinâmica ‘the winner takes most’”.

Mas, se a pandemia reverteu algumas tendências, ela acelerou outras, como a migração para um ambiente digital dominado pelas plataformas e acessado por dispositivos móveis. O desempenho do noticiário televisivo segue forte, mas a pressão sobre jornais e revistas, em plena e penosa metamorfose do papel para as telas, aumentou. Tanto mais que as novas assinaturas digitais não chegaram perto de compensar as perdas das assinaturas impressas. E, embora o modelo de assinaturas esteja se tornando sustentável para um número crescente de publicações de alta qualidade ou de nicho, a maior parte do público ainda não está disposta a pagar pelas notícias online.

É preocupante que, apesar do “surto” de confiança, o interesse pelas notícias em geral siga um declínio histórico. Especialmente desafiador para os veículos de imprensa é que tanto os partidários políticos como os jovens tendem a se sentir injustamente representados. Entre os jovens até 25 anos (a Geração Z) há uma diferença de percepção radical, mesmo em relação aos seus antecessores millennials. Esses “nativos digitais” têm muito mais propensão a utilizar as redes sociais (sempre mescladas pelo entretenimento e distração) para exprimir sua indignação política e colher informações, e menos propensão a visitar sites de notícias ou buscar notícias imparciais.

“Numa era em que o consumo de notícias se tornou mais abundante, fragmentário e turbulento, os veículos de imprensa enfrentam uma escolha.” Uma opção é aprofundar o relacionamento com um público específico, por meio de posicionamentos assertivos que representem e repercutam suas visões e aspirações. Por outro lado, os veículos podem tentar erguer pontes entre essas divisões para atingir o maior público possível – uma postura favorecida por 3 em 4 entrevistados. Neste caso, o desafio é abranger diferentes pontos de vista sem ser solapado pelas guerras partidárias e culturais.

A propósito, no Brasil a Federação Nacional dos Jornalistas registrou em 2020 428 ataques verbais e físicos a jornalistas, incluindo dois homicídios – o maior número desde o início dos anos 90. A entidade vê na retórica truculenta do presidente Jair Bolsonaro – só ele  autor de 175 agressões verbais – a maior responsável pelo aumento de ocorrências. Segundo o Repórteres sem Fronteiras, Bolsonaro e seus correligionários fomentaram uma atmosfera de “ódio e desconfiança contra o jornalismo no Brasil”.

Apesar disso – ou talvez por isso – o Brasil é um dos sete países que mais confiam na imprensa. A população brasileira também é a mais preocupada com a desinformação (82%) e com a disseminação de fake news sobre a covid via WhatsApp (35%), assim como a que mais associa os políticos à desinformação sobre a doença. É uma reação tão instintiva quanto racional: quando o vírus do autoritarismo invade o coração da República, a informação confiável se mostra uma questão de vida ou morte para a democracia. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br