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Lobo-Guará no Parque Nacional de Ibitipoca | Fernando Quevedo/4-8-2004
Por Bernardo Mello Franco
O governo anunciou mais uma medida inadiável. Vai lançar uma nota de R$ 200 em plena pandemia do coronavírus. Até o fim de agosto, a nova cédula deve começar a chegar às mãos dos brasileiros. Ou de alguns deles, é claro.
A diretora de administração do Banco Central, Carolina de Assis Barros, atribuiu a novidade ao entesouramento. O fenômeno ocorre quando a população passa a guardar mais dinheiro em casa.
Com a quebradeira e a redução de salários, milhões de famílias limitaram o consumo a itens essenciais. Quem não perdeu o emprego tenta cortar despesas e seguir adiante. Ainda que a luz no fim do túnel pareça vir de um trem na contramão.
O auxílio emergencial também aumentou a demanda por papel moeda. Isso elevou o gasto federal com impressão e transporte de valores. Até aqui, o governo precisava de ao menos seis notas para pagar os R$ 600. Agora só precisará de três — e os beneficiários que se virem para arrumar troco na quitanda.
Os economistas explicaram que o lançamento da cédula de R$ 200 não significa a volta da inflação. Mesmo assim, quem viveu no Brasil antes do Plano Real pode ter sentido um frio na espinha. Em 1993, o país chegou a rodar uma nota de meio milhão de cruzeiros. Ela estampava o rosto do poeta Mário de Andrade, que nada tinha a ver com aquela desordem monetária.
Ontem o BC anunciou que a nova cédula vai trazer a imagem do lobo-guará. A escolha decepcionou quem preferia homenagear o vira-lata caramelo ou a ema que bicou o presidente Jair Bolsonaro.
Para alguns setores da classe política, a novidade chega com atraso. Se a nota de R$ 200 já existisse em 2017, o ex-deputado Rocha Loures não precisaria ter corrido com uma ostensiva mala de rodinhas. Bastaria uma discreta mochila para transportar a propina até o táxi.
O assessor que abastecia a conta do senador Flávio Bolsonaro também teria poupado tempo diante do caixa eletrônico. A cada depósito de R$ 2.000 em espécie, ele era obrigado a contar e separar 20 cédulas. Agora só precisaria de dez. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
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Foram 1.595 mortes e mais de 69 mil casos foram registrados em 24 horas com a inclusão dos dados atrasados de São Paulo; o total de óbitos provocados pelo novo coronavírus está em 90.134
Por Jovem Pan
O Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira (29) que o Brasil ultrapassou a marca de 90 mil mortes por Covid-19. Com 1.595 mortos nas últimas 24 horas, o número também inclui o acumulado do estado de São Paulo, o Brasil atinge 90.134 mortes em decorrência da doença provocada pelo novo coronavírus. A soma das pessoas infectadas desde o início da contagem atingiu 2.552.265. Nas últimas 24 horas, foram 69.074 novas notificações incorporadas no sistema do Ministério da Saúde. Nesta terça, o total era de 2.483.191.
Há 675.712 pacientes em acompanhamento e 1.787.419 pessoas já se recuperaram da Covid-19. O alto número de mortes nas últimas 24 horas se deu devido à inclusão dos dados de São Paulo desta terça. No balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta terça, o painel marcava 88.539 falecimentos.
Coronavírus nos estados
Os estados com mais mortes são São Paulo (22.389), Rio de Janeiro (13.198), Ceará (7.643), Pernambuco (6.484) e Pará (5.694). Fonte: https://jovempan.com.br
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David T. Hines, de 29 anos, obteve empréstimos fraudulentos de US$ 3,9 milhões, segundo as autoridades. US$ 318 mil foram utilizados na compra de esportivo de luxo.
Um homem usou fundos destinados a ajudar empresas durante a crise de coronavírus para comprar uma Lamborghini Huracán de US$ 318 mil, afirmou o Departamento de Justiça dos Estados Unidos nesta segunda-feira (27). O valor do modelo é equivalente a R$ 1,6 milhão na conversão atual.
David T. Hines, de 29 anos, foi preso na Flórida e enfrentará processo por ter recebido US$ 3,9 milhões em empréstimos de forma fraudulenta; a quantia, em conversão para a moeda brasileira, é de mais de R$ 20 milhões.
Inicialmente, Hines teria pedido US$ 13,5 milhões para que seus negócios pudessem continuar durante a pandemia, utilizando comprovantes falsos sobre pagamentos de funcionários e despesas de empresas.
Ele acabou conseguindo o financiamento de US$ 3,9 milhões e utilizou parte do montante para comprar um Lamborghini Huracán ano 2020, que ele registrou em seu nome e no nome das empresas.
A denúncia também alega que Hines não pagou os salários de seus funcionários, mas fez compras em resorts e lojas de luxo em Miami, disseram as autoridades. Fonte: https://g1.globo.com
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Era líder da maior tribo indígena do estado do Rio
O cacique Domingos Venite, 68, líder da tribo guarani Sapukai, em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro, morreu com coronavírus na madrugada desta terça-feira (21). Ele estava internado no Centro de Referência para Tratamento da Covid-19, na Santa Casa, desde o dia 23 de junho. Domingos era líder da maior tribo indígena do estado do Rio. É a primeira morte de um indígena no estado do Rio pela doença, segundo o governo estadual.
A Prefeitura de Angra dos Reis decretou luto oficial de três dias pela morte do cacique. O governo municipal informou que o indígena "recebeu todos os cuidados necessários". De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do município, desde o início da pandemia, a aldeia foi isolada e tomadas medidas de prevenção e orientação aos indígenas. Conforme a prefeitura, há 340 indígenas da tribo guarani na Aldeia Sapukai. A tribo teve 85 casos de coronavírus, sendo 84 recuperados. Há no momento, 15 casos suspeitos sendo acompanhados. "O cacique Domingos era um homem muito gentil. Quero dizer às aldeias, às famílias dos indígenas, à família dele que nosso coração está muito consternado com essa grande perda sofrida por vocês", lamentou Célia Jordão, secretária de Desenvolvido Social e Promoção da Cidadania. O prefeito de Angra, Fernando Jordão, disse que o município perdeu uma referência no trabalho com os indígenas: "A cidade está de luto e nós estamos tristes pela morte do cacique Domingos". O ecologista Sérgio Ricardo Verde Potiguara, membro do Conselho Estadual dos Direitos Indígenas (CEDIND-RJ), lamentou a morte do cacique. Segundo ele, o estado do Rio tem oito aldeias em três municípios (Maricá, Angra e Paraty). Censo do IBGE de 2010 apontou que existem 15.865 indígenas no estado.
Ainda de acordo com Sérgio Ricardo, as aldeias do Rio sofrem com a ausência de saneamento básico e acesso à água potável: "Algumas aldeias sequer têm banheiros. Há muitos casos de doenças de veiculação hídrica, como diarreias. Isso já antes da pandemia. A Covid-19 só ampliou a grave crise ambiental e sanitária nas aldeias indígenas fluminenses", avaliou o ecologista. A Secretaria de Estado de Saúde informa que, desde o início da pandemia, foram notificados 147 casos de Covid em índios aldeados no estado do Rio de Janeiro, sendo 88 em Angra dos Reis e 59 em Paraty. Foi registrado um óbito, em Angra dos Reis.
Em maio, a pasta divulgou guia digital com orientações específicas sobre o coronavírus para quilombolas, indígenas, pescadores, ribeirinhos e demais povos e comunidades tradicionais do estado. O informativo reforça que o atendimento é gratuito e universal no Brasil, independente da condição de permanência no país ou da falta de documento de identificação.
O material ainda traz informações sobre os sintomas da doença, como sinais de agravamento e quando é necessário buscar atendimento.
A Secretaria de Estado de Saúde informa que, desde o início da pandemia, foram notificados 147 casos de Covid em índios aldeados no estado do Rio de Janeiro, sendo 88 em Angra dos Reis e 59 em Paraty. Foi registrado um óbito, em Angra dos Reis.
Em maio, a pasta divulgou guia digital com orientações específicas sobre o coronavírus para quilombolas, indígenas, pescadores, ribeirinhos e demais povos e comunidades tradicionais do estado. O informativo reforça que o atendimento é gratuito e universal no Brasil, independente da condição de permanência no país ou da falta de documento de identificação.
O material ainda traz informações sobre os sintomas da doença, como sinais de agravamento e quando é necessário buscar atendimento. Fonte: https://arte.folha.uol.com.br
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Um show transmitido ao vivo por redes sociais do grupo de pagode "Aglomerou" foi interrompido por uma operação da Polícia Civil em Angra dos Reis neste domingo. Enquanto a banda tocava "Compasso do Amor", do grupo "Revelação", os agentes entraram no local acreditando que ocorria uma festa clandestina.
Pelas imagens é possível ver que antes da música ser interrompida algumas pessoas da produção foram abordadas pelos policiais e levantaram as camisas para mostrar que não estavam armados. Quando a banda percebeu a presença dos agentes, o show foi interrompido e os músicos saíram agachados pela frente das câmeras a banda parou e os integrantes saíram agachados para atrás das câmeras.
Um agente correndo com um fuzil empunhado chegou a passar em meio aos integrantes. Ao fundo também é possível ver a presença de um helicóptero da corporação que dava apoio aos policiais.
Em um outro vídeo gravado dentro da casa durante a operação, além de som de tiros, algumas pessoas diziam que os policiais erraram a casa. Ao EXTRA João Victor Costa, vocalista da banda, relatou os momentos de tensão durante a abordagem. Ele acredita que o som da música ao vivo atrapalhou os policiais:
— Tudo ocorreu em menos de um minuto. Eles ouviram a música ao vivo, viram a porta aberta e acharam que estavam na casa certa porque estavam procurando um local com uma festa. Durou tudo menos de um minuto e assim que eles perceberam o erro foram pela orla em direção a casa certa — narra.
O local em que a apresentação era uma casa de festas da cidade a beira-mar no bairro Ribeira:
— Não entendemos nada na hora. Percebi o helicóptero voando baixo, e logo depois apareceram os policiais. Depois, quando eles já estavam dentro da casa ouvimos alguns tiros, mas eram um pouco longe. No sábado quando vimos montar o equipamento a gente percebeu que estava rolando uma festa aqui perto que continuou até hoje — completa o vocalista. Fonte: https://extra.globo.com
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Construção imagética da violência produz narrativas que podem reduzir povo preto às violências sofridas
Por Marcelo Rocha e Matheus Alves
Por que os corpos negros só se tornam relevantes quando alguma tragédia acontece?
A imagem consegue por si só contar inúmeras histórias, que nos ensinam e nos forjam dentro de uma estrutura social. Pensar o modo que temos vivido se dá em uma busca constante por conteúdos visuais, somados a uma defasagem educacional gigante e proposital em nosso país. Desde o fim de maio, circulam por todo o mundo imagens do assassinato de George Floyd, causando uma grande onda de denúncias de violência policial e ações de promoção de causas ligadas ao assunto. A questão que se levanta com tal movimento é o que de fato importa: as vidas ou as mortes negras?
Durante os meses de junho e julho, vários veículos de mídia expandiram os debates sobre as questões raciais em seus editoriais, capas e artigos, na busca de suprir violências de mais de 400 anos de extermínio. Fato que tem sua importância no contexto histórico, porém se dá mais uma vez após momentos de violência, repetindo uma estrutura de banalização do mal, pois os casos seguintes se tornaram apenas virais na internet —como, na cidade de São Paulo, a comerciante de 51 anos que teve seu pescoço pisoteado pelo soldado da Polícia Militar João Paulo Servato durante uma abordagem.
Sabemos que a base da nossa educação é a imagem. Partindo disso, essa construção imagética da violência produz narrativas que por muitas vezes reduz as ações do povo preto às violências sofridas, enquanto processo de documentação. A pesquisadora norte-americana bell hooks, em seu livro “Olhares Negros, Raça e Representação”, faz uma síntese de como essas imagens reforçam a violência, pois não criam outras possibilidades concretas para esse povo e o condiciona a violência, fato que a repercussão da imagem no Brasil, causa um efeito reverso, reproduzindo as ações praticadas. Pensar que a imagem de um policial sufocando um homem negro nos EUA fora reproduzida quase que integralmente por um outro policial no Brasil nos deixa com a reflexão de que isso pode ser uma demonstração de identidade com a violência praticada contra corpos negros.
Compreender a importância da valorização das vidas negras se faz necessário não apenas quando uma delas é perdida ou colocada em situação de vulnerabilidade. É algo que precisa ser construído cotidianamente através da promoção da cultura e da diversidade do povo, da inserção destes em espaços de criação de narrativas e decisão política e editorial. A construção da documentação do povo preto precisa considerar os mais diversos pontos de vista, inclusive sua própria história, como nos provoca a filósofa Sueli Carneiro sobre essa urgente tarefa de manter o pensamento negro vivo.
Há de lembrar que as imagens desde o período colonial têm um papel de manutenção da supremacia branca no Brasil, que, apesar de sempre ter existido, agora demonstra sua faceta de forma mais explícita através de ações de extermínio. Ao olharmos toda a história brasileira nos museus e galerias, as únicas formas de representação negra ainda reproduzem essas violências estruturais. Se fazem necessárias alternativas que ultrapassem este lugar de denúncia, mas que construa também narrativas de futuro para as pessoas pretas —vide o trabalho e esforço que tem sido levantado pelos movimentos negros, como o MNU e o Ilê Aiyê, nos anos 70, com a apropriação e ressignificação de termos e figuras para a promoção da autoestima negra nos mais diversos segmentos da sociedade, como na arte e na política.
Façamos memória das potências negras que já nos deixaram, e que seguem construindo narrativas de transformação, como a própria vereadora Marielle Franco nos alertou pouco antes de ser assassinada: “Quantos mais têm que morrer pra essa guerra acabar?”. Esta frase não fala apenas sobre contar corpos, mas sobre a construção de um projeto de manutenção das vidas negras, em que a necropolítica que a supremacia branca nos determina não seja condicionante da forma que vivemos.
É necessário um processo de ruptura com a normalização dessas mortes que não parta apenas do lugar momentâneo, mas da construção efetiva de processos de reestruturação social, que sejam interseccionais, como tem sido a lei federal de nº 10.639/2003 para a educação brasileira, em todos os outros espaços de poder, uma derrubada das estruturas coloniais que ainda se mantém de pé.
A falácia da democracia racial é grande responsável por promover este sentimento de cooperação e exclui a necessidade de entender a importância de os olhares pretos estamparem de forma positiva os espaços de mídia e os imaginários da sociedade. Por isso, é essencial que haja investimento e reconhecimento, para que seja efetivado os esforços promovidos por artistas, ativistas e tantas outras figuras negras. Onde possam ocupar espaços na sociedade durante suas vidas. Aqui podemos citar trabalhos como do jovem fotógrafo alagoano Marcelino Melo “Nenê”, 25, que tem documentado de outra forma territórios marcados pela violência na região do Campo Limpo, ou mesmo o do antropólogo Hélio Menezes, 34, através de suas curadorias em espaços das artes, buscando ressignificar as identidades negras em exposições de obras produzidas por artistas negros. Ou, como os dois jovens negros que assinam este artigo —que facilmente poderiam ser manchetes sobre mais um extermínio do estado.
Marcelo Rocha, 22, é fotógrafo, ativista em educação, negritude e mudanças climáticas, graduando em Ciências Sociais, foi curador das mostras “Humano Cidade: Olhares além da medida” e “QUEBRADA: São Paulo, na visão dos cria”. Cria da cidade de Mauá, São Paulo.
Matheus Alves, 22, é fotojornalista freelance baseado em Brasília (DF). Tem seu trabalho dedicado a documentar Movimentos Populares de luta pela terra e direito à cidade. Premiado pelo concurso fotográfico “Combater os Retrocessos: Existir e Resistir à Retirada de Direitos”, promovido pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos em 2019.
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Imagens – AO VIVO- da cidade de Angra dos Reis/RJ, a partir do Convento do Carmo. Reportagem e Câmera: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Padre Carmelita e Jornalista. Angra, 21 de julho-2020. www.olharjornalistico.com.br
NOTA: No mês de Nossa Senhora do Carmo- 16 de julho- e do Profeta Elias, - 20 de julho-continuamos com a nossa campanha #tempodecuidar. Todos os dias, entre 20 e 30 famílias batem à porta do Convento do Carmo com a esperança de ganhar um pouco de alimento, infelizmente nem sempre podemos ajudar diante da grande demanda neste tempo de pandemia.
Até o momento já doamos mais de 1000 cestas básicas graças ao apoio da comunidade paroquial e amigos e amigas até mesmo de outros estados.
Nós Frades Carmelitas; Petrônio e Marcelo, agradecemos a caridade de todos e todas. (Contatos para doação: Convento do Carmo; 3367-3412 (Frei Petrônio). Meu Whatsapp- (21) 982917139. Whatsapp da Conceição Fonseca: 97404-1826)
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Domingos Venite, de 68 anos, estava internado no Centro de Referência para tratamento de Covid-19.
Por G1 Sul do Rio e Costa Verde
O cacique de uma aldeia indígena de Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro, morreu com coronavírus na madrugada desta terça-feira (21). Ele era líder da tribo guarani Sapukai, a maior tribo indígena do estado do Rio.
Domingos Venite, de 68 anos, estava internado no Centro de Referência para Tratamento de Covid-19 desde o dia 26 de junho.
A Secretaria Municipal de Saúde orientou a tribo a não realizar o ritual de falecimento, seguindo as normas da Anvisa para a pandemia. O corpo será sepultado no cemitério da aldeia, respeitando as normas estabelecidas.
Segundo o governo municipal, 88 indígenas estão infectados pelo coronavírus. Eles estão sendo acompanhados por uma equipe médica que atua em na Unidade de Saúde da Família da aldeia.
Atualmente, cerca de 350 indígenas da tribo guarani vivem na aldeia Sapukai, que fica localizada a cerca de 6 km da BR-101 (Rodovia Rio-Santos), na região de Bracuí. A comunidade vive em uma área montanhosa cercada por Mata Atlântica.
Em nota, a prefeitura de Angra dos Reis lamentou a morte do cacique e disse que ele recebeu todos os cuidados necessários para o tratamento da doença. Fonte: https://g1.globo.com
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Nesta segunda, dia 20, veja imagens da cidade de Angra dos Reis, Rio de Janeiro.
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Adolescente que confessou o crime diz que foi assediado e não gosta de homossexuais
SALVADOR
Um jovem de 21 anos foi morto a pauladas e teve o seu corpo queimado por motivo de homofobia na madrugada do último domingo (12) no município de Luís Eduardo Magalhães, oeste da Bahia.
Guilherme de Souza estava voltando para casa no bairro Conquista, periferia da cidade, quando foi abordado por dois adolescentes, de 14 e 16 anos. Ele foi apedrejado pelos jovens e ficou inconsciente. Na sequência, foi arrastado até uma casa abandonada, onde foi queimado.
A polícia apreendeu um dos adolescentes horas depois do crime. Em depoimento, o jovem de 14 anos confessou que premeditou a morte de Guilherme, o agrediu junto com outro amigo e ateou fogo na vítima.
Em uma primeira versão, ele afirmou em depoimento que matou Guilherme após uma discussão entre ambos. Em um segundo depoimento à polícia, contudo, ele afirmou que se sentia incomodado com a forma com que Guilherme, que era homossexual, olhava para ele e o paquerava.
“Ele disse que vítima o tinha assediado e que ficou envergonhado. Afirmou que não gostava de homossexual e que o mataria na primeira oportunidade”, afirma o delegado Rivaldo Luz, coordenador regional de Polícia Civil da região.
Em entrevista à TV Bahia, Franciane de Souza, mãe de Guilherme, lamentou a morte do filho e, sobretudo, a sua motivação.
“Qualquer mãe pensa que um dia o filho vai chegar em casa porque alguém bateu, fez alguma coisa pelo fato dele ser homossexual. A gente sempre se preocupa, a mãe sempre se preocupa com isso. Mas jamais na minha vida eu ia pensar que iam matar meu filho daquela forma, daquele jeito, por ele ser homossexual”, disse, em tom emocionado.
O adolescente de 14 anos foi apreendido provisoriamente e aguarda decisão judicial. Ele devem ser encaminhado para Salvador para o cumprimento de medida socioeducativa. O jovem de 16 anos está foragido. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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É evidente que o dinheiro do auxílio emergencial não cobre todas as despesas de uma casa
FLÁVIA OLIVEIRA
Na esteira da pane no mercado de trabalho, da queda de renda das famílias, das dificuldades financeiras das empresas e da precipitada flexibilização do isolamento social nas principais metrópoles brasileiras, diminuiu o volume de doações que viabilizam ações humanitárias em favelas e periferias. Projetos de entrega de cestas básicas, kits de higiene, água potável e até de produção de máscaras de proteção individual (agora de uso obrigatório nas cidades) perceberam o freio na solidariedade, a partir do terceiro mês da crise decorrente da pandemia da Covid-19. É sinal preocupante, porque a vulnerabilidade das famílias que perderam trabalho, renda ou provedores segue imensa. E ainda não tem prazo para terminar.
Os principais coletivos de favelas do Rio de Janeiro que, na primeira hora da crise sanitária, se organizaram para socorrer os lares lançados subitamente à extrema pobreza notaram a partir de junho o encolhimento das doações. Aconteceu no Gabinete de Crise do Alemão, no Movimenta Caxias, no Fala Akari, na Frente CDD, no projeto Cidades Contra o Corona, na Redes da Maré. Não é incomum que campanhas de arrecadação percam fôlego à medida que o tempo passa. Eliana Sousa Silva, diretora da Redes da Maré, já viu acontecer em outras ocasiões: “O país não tem tradição de doações permanentes. Por isso, sempre soubemos que o fluxo iria diminuir e nos preparamos. O problema é que a vulnerabilidade explodiu e vai demorar a passar. A flexibilização agrava a situação, porque dá a falsa ideia de normalidade. Mas isso não é verdade. Há mais gente precisando de ajuda que no começo”.
A crise da Covid-19 se mostra diferente pela intensidade, pela quantidade de famílias necessitadas e, agora se sabe, pela duração. Ela vai exceder os três meses inicialmente previstos até mesmo pelo governo federal. Sob pressão da sociedade civil e do Congresso Nacional, o presidente Jair Bolsonaro já anunciou mais duas parcelas de R$ 600 de auxílio emergencial e estenderá por decreto o prazo dos acordos de suspensão de contrato de trabalho e redução de jornada e salário. As duas medidas, segundo o Ministério da Economia, preservaram mais de 12 milhões de vagas com carteira assinada, ainda que impondo queda nos rendimentos. Cerca de 65 milhões de brasileiros, incluindo os beneficiários do Bolsa Família, já receberam as primeiras parcelas do auxílio.
Muitas empresas e fundações privadas se planejaram para financiar ou doar alimentos, água e produtos de higiene e limpeza por dois ou três meses, a partir do início da crise. As organizações sociais estão agora num esforço para convencê-las a esticar a ajuda. Da mesma forma, famílias de classe média que repassaram recursos para ações humanitárias viram a renda encolher com a tragédia no mercado de trabalho e também interromperam ou reduziram os repasses. “Estamos com o mesmo fluxo de distribuição com as arrecadações que temos, mas o apoio não é o de antes. A tendência é que a gente diminua consideravelmente a atuação. A sensação é que a pandemia acabou”, desabafa Jota Marques, integrante da Frente CDD, da Cidade de Deus.
Na edição mais recente da Pnad Covid-19, referente à segunda semana de junho, o IBGE contabilizou 10,1 milhões de desempregados, 9,7 milhões de pessoas afastadas do trabalho sem remuneração, 30,2 milhões de ocupados que receberam menos que o normal. O rendimento médio caiu 18%. São informações que explicam, ao mesmo tempo, o arrefecimento das doações e o aumento da vulnerabilidade. Famílias que nunca precisaram de cestas básicas tiveram de recorrer a ONGs. Foi gente que perdeu o emprego ou viu a renda desabar e, sem reservas financeiras, ficou sem ter o que comer. Eliana se lembra de um casal da Maré, ele funcionário no Aeroporto do Galeão, ela manicure, com duas filhas, uma no ensino médio, outra universitária: “Estamos atendendo a pessoas que nunca necessitaram de ajuda. E os que já eram vulneráveis estão em situação pior, porque as crianças perderam até a refeição servida nas escolas”.
Mais espantosa é a ausência do poder público. É evidente que o dinheiro do auxílio emergencial não cobre todas as despesas de uma casa, daí a necessidade de complementação com outros itens. Quanto menor o projeto social, maior a dificuldade. Na Redes da Maré, o primeiro mês da campanha de arrecadação rendeu 7.272 cestas de alimentos e 8.400 pratos de comida para moradores em situação de rua; o segundo, 15 mil e 10.500, respectivamente. Prevendo a queda, a ONG se preparou para garantir três meses de doações às famílias cadastradas. Agora, busca estender parcerias para prolongar a ajuda. O Cidade Contra o Corona arrecadou na primeira rodada R$ 65 mil; na segunda, R$ 24 mil. Por isso, a terceira fase da campanha foi cancelada. “Organizações financiadoras e doadores potenciais viram o auxílio emergencial como solução para os mais pobres. A retomada econômica sinaliza normalidade. A classe média empobreceu. E a ausência do Estado é a coisa mais trágica”, enumera a arquiteta e urbanista Tainá de Paula, responsável pela iniciativa.
A Central Única de Favelas (Cufa), articuladora de uma campanha nacional que já distribuiu R$ 113 milhões em cestas básicas e vales de R$ 120 a mães chefes de família, tem transferido donativos a outras instituições. A Ação da Cidadania começou a receber doações em março, beneficiada pelo redirecionamento de recursos de empresas para combate à fome. Durante a crise da Covid-19, já arrecadou mais de cinco mil toneladas e atendeu a quase dois milhões de pessoas nos 26 estados e no Distrito Federal. É cinco vezes mais que no último Natal Sem Fome, a campanha lançada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza e reativada em 2017 após uma década suspensa, informa Daniel Souza, filho de Betinho, à frente da ONG. “Sabemos que tanto a pandemia quanto a fome vão piorar no segundo semestre e que 2021 será, em miséria e insegurança alimentar, muito mais grave que 2020. Enquanto estivermos recebendo doações, estaremos distribuindo. O medo é que a fome se naturalize, da mesma forma que as mortes pela Covid-19 estão se banalizando”. O risco é imenso. Fonte: https://oglobo.globo.com
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"Talvez a ideia de bom uso político e público da morte, hipótese assumida neste texto, possa ser resumida em uma palavra. Memória. Reparar o reparável, lembrar o irreparável, uma velha fórmula que depende invariavelmente da recordação. A memória não é tudo, mas sem ela não somos nada", escreve Diogo Justino, Mestre e Doutor em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Coordenador do GT Direitos, memória e Justiça de Transição do Instituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais (IPDMS).
Eis o artigo.
Em março de 1968 a Ditadura Militar assassinou o jovem estudante paraense Edson Luís, no momento em que os secundaristas organizavam uma manifestação. Seu corpo foi levado até a ALERJ em um cortejo-passeata. Ali o expuseram e velaram, ato que foi registrado em uma foto desconcertante, onde se vê um amontoado de estudantes ao redor do corpo sobre uma mesa. A exposição pública de Edson Luís foi proposital, os estudantes receavam que se permitissem que fosse levado ao IML, logo desapareceria, assim como muitos outros. Naquele ato dava-se rosto aos sem-rosto e afirmava-se uma verdade inquestionável. Ninguém poderá dizer que não aconteceu.
Sua missa de sétimo dia se converteu em uma grande manifestação no centro do Rio de Janeiro. A repressão veio através da cavalaria da Polícia Militar às portas da Igreja da Candelária, também registrada por outra célebre foto, de Evandro Teixeira. Os assassinatos de Edson Luís e Benedito Frazão (que chegou a ser socorrido mas faleceu no hospital) comoveram o país e desencadearam uma série de protestos em 1968. No final do ano o regime se endureceu com o AI-5.
A questão sobre os usos públicos e políticos da morte não é recente, apesar de ter sido ressaltada pelo debate ao redor dos números da Covid-19. George Woodcock na História das ideias anarquistas[1], descreveu o enterro de Kropotkin como “a última grande manifestação dos amantes da liberdade contra os bolcheviques”. Uma procissão de cinco quilômetros tomou as ruas de Moscou. Há dois anos uma multidão se concentrou na Praça Cinelândia, onde velava-se Marielle Franco, caminhando depois em um ato político que terminou na ALERJ e nos dias de hoje as ruas do mundo se enchem após o assassinato de George Floyd.
Sandra Gayol e Gabriel Kessler em La muerte como problema público[2] colocam esse problema em discussão, refletindo sobre o assassinato político na Ditadura argentina e mortes recentes famosas. Eles perguntam como a morte de um indivíduo pode tornar-se relevante politicamente, sendo capaz de interpelar os poderes públicos e propiciar mudanças – a morte é um fim, mas não absoluto, porque pode criar um movimento. A articulação com a política não esquece que a morte é um recurso, um instrumento do qual o Estado pode se valer para alcançar um objetivo.
Os atuais debates em torno dos termos biopolítica, tanatopolítica e necropolítica nos mostram a centralidade da gestão da vida e da morte no âmbito público. Assim, o uso político da morte não aparece apenas em manifestações contra políticas que provocam o extermínio, como as que foram mencionadas anteriormente, mas nas práticas históricas (e ainda cotidianas) de exercício de poder, sobretudo de poder punitivo. É uma política-de-morte que se utiliza politicamente da morte, o que difere do uso político de uma morte provocada por violência estatal. Ou seja, mata-se primeiro, para depois colher benefícios políticos.
Usa-se politicamente da morte quando se expõe publicamente as cabeças dos cangaceiros do grupo de Lampião assassinados em 1938 nas Alagoas, quando se enforca publicamente Tiradentes no Rio de Janeiro de 1792 com sua cabeça sendo exposta em praça pública na cidade que hoje se chama Ouro Preto, ou quando se expõe a cabeça de Zumbi dos Palmares na Recife de 1695. São encenações difamantes com objetivos de demonstração de poder e dissuasão dos movimentos contra o regime. Assassinato e uso político conformam um mesmo esquema.
Como o exercício de poder não é linear, em outros momentos a morte é escamoteada ou minimizada. Esse apagamento não deixa de ser um uso político, neste caso, com um combo morte-esquecimento. A Ditadura tentava esconder do público, mas os movimentos de oposição jamais deixavam de saber que um companheiro havia desaparecido, causando ainda assim alguns efeitos dissuasórios.
Hoje vivemos intensamente neste debate. Boletins diários de números de óbitos, desconfiança nas informações, subnotificações e a apreensão sobre qual será o uso político. Com relação ao Governo Federal parece claro: minimização, apagamento, esquecimento e revisionismo, com as novas formas de contagem e divulgação dos dados e uma espécie de “auditoria” para supostamente corrigir fraudes dos governos estaduais.
Para Jair Bolsonaro pouco importa a dor e o sofrimento dos atingidos pela Pandemia, o importante é o uso político. Isso foi evidenciado no famoso vídeo da reunião ministerial divulgado após decisão do Supremo Tribunal Federal. Entre tantos momentos de incredulidade que algumas cenas provocaram, outras passaram quase despercebidas. Numa dessas cenas Bolsonaro afirma que ligou para o Diretor da Polícia Rodoviária Federal para reclamar de uma nota de falecimento.[3]
O policial Marcos Tokumori havia falecido em decorrência da Covid-19 e o Diretor da PRF emitiu nota de pesar. Com um texto bonito e cuidadoso, informou o ocorrido e desejou conforto à família e amigos. No entanto, o Presidente não se conformou porque na nota constava somente Covid-19 e não outras comorbidades, demonstrando muito mais uma preocupação com sua narrativa de que a Covid-19 não é tão grave. Afinal, se morreu, certamente tinha outras doenças.
Ao contrário, segundo a esposa de Tokumori, ele não tinha nenhuma comorbidade e não era da população de risco. Dessa forma, além da minimização da morte, o Presidente ainda difamou o morto e prejudicou o luto. Se irritar com uma nota de pesar pelo simples fato dela informar a causa mortis, tal é o nível de banalização da morte que vivenciamos. Todavia, a gestão do Governo Federal na crise do Covid-19 vai muito além da banalização e da minimização – é mesmo uma política-de-morte, e esquecimento.
A estratégia de ocultamento não é nova. Em Os afogados e os sobreviventes[4] Primo Levi conta que os SS de Auschwitz se divertiam avisando cinicamente que não importava o desfecho daquela guerra, pois a guerra contra os detentos já estava ganha: ninguém sobraria para dar testemunho, as provas seriam destruídas e, ainda que alguma coisa restasse, as pessoas não dariam crédito. O nazismo foi também um projeto de esquecimento, de destruição de informações e invisibilidade das vítimas. Um assassino que tentava produzir a morte física e hermenêutica.
Não surpreende a fala de Carlos Wizard, formado em estatística e convidado para ser secretário do Ministério da Saúde, quando diz que fará uma recontagem dos mortos, um expediente comum das ditaduras. Os números são importantes, fundamentais para que saibamos de toda a verdade, mas não falam sozinhos – caso falhem, precisaremos recorrer ao testemunho. Quando vemos o trabalho dos profissionais de saúde, os cemitérios cheios e as famílias desoladas, podemos entender que estamos diante de uma experiência que vai extrapolar os números. Max Horkheimer e Paul Tillitch trocavam cartas sobre a experiência do nazismo, em uma delas, Tillitch sugeriu que escrevessem um texto com o maior número de dados possível. Horkheimer respondeu dizendo que a ciência recorre à estatística, mas ao conhecimento basta um campo de concentração.[5]
O que seria então um bom uso político e público da morte? Algo que honre a memória das vítimas e nos forneça chaves para lutar por um mundo onde essas mortes não ocorreriam. Se a morte poderia ser evitada por políticas públicas as quais os políticos tinham conhecimento, ou se é provocada por motivações políticas, não há alternativa senão “politizar a morte” - colocar em questão a política que a permite ou a produz para fazer justiça às vítimas e evitar repetições. Contrariamente a isso, as minimizações, apagamentos e manipulações dos números são práticas políticas que ofendem às vítimas e não contribuem para uma compreensão do fenômeno. É um uso politiqueiro que pensa em ganhos eleitorais e pessoais, um abuso e desrespeito para com os que se foram.
Todos somos dotados de uma frágil vacina chamada Memória, ela nos avisa que o passado poderia ser diferente, que muitas mortes poderiam ser evitadas por decisões políticas – não foram fatalidades. As vítimas se fazem presentes pela sua ausência[6]. Hoje são quase 40 mil ausências no Brasil. A presença-da-ausência nos dirige um apelo que transforma luto em luta. O policial militar José Thadeu Gomes era contra o isolamento social e infelizmente faleceu em virtude da Covid-19, sua esposa hoje luta para conscientizar as pessoas da gravidade da pandemia.[7] Não se trata de uma “instrumentalização política” com fins eleitorais; senão uma luta que mantem viva a memória de seu marido e procura evitar outras vítimas. A memória serve a isso – nos ajuda a interromper a lógica histórica que continua produzindo vítimas destinadas a cair no esquecimento. Uma lógica que nos faz esquecer de Cláudia Silva Ferreira, dos 111 tiros em Costa Barros e do menino Miguel.
Para fazer justiça às vítimas será necessário colocar em debate público a politização da morte, seus usos e abusos, suas formas de honrar ou desonrar a memória. Não apenas a memória das vítimas, também dos seus familiares cujo sofrimento é uma categoria política, e a memória dos enfermeiros, médicos e profissionais essenciais, heróis sem rosto que não podem entrar para a história tal qual os operários das Tebas de sete portas da poesia de Bertolt Brecht.
Talvez a ideia de bom uso político e público da morte, hipótese assumida neste texto, possa ser resumida em uma palavra. Memória. Reparar o reparável, lembrar o irreparável, uma velha fórmula que depende invariavelmente da recordação. A memória não é tudo, mas sem ela não somos nada. É a partir dela que podemos pôr em marcha as estratégias de contenção, superação e não-repetição da barbárie. Senão, como disse Walter Benjamin, nem os mortos estarão a salvo.
Notas
[1] WOODCOCK, George. Anarchism : A History Of Libertarian Ideas And Movements. Meridian Books. The World Publishing Company. Cleveland and New York
[2] La muerte como problema público
[3] Em reunião, Bolsonaro reclamou de nota que lamentava morte de policial rodoviário por coronavírus
[4] LEVI, Primo. Os afogados e os sobreviventes: os delitos, os castigos, as penas, as impunidades. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
[5] Carta de Horkheimer a Tillich de 12 de agosto de 1942. Citada por WIGGERSHAUS, Rolf. A Escola de Frankfurt: história, desenvolvimento teórico, significação política. Rio de Janeiro: DIFEL, 2002. p. 347.
[6] Expressão de Reyes Mate. Ver: MATE, Reyes. Meia-noite na história: Comentários às teses de Walter Benjamin sobre o conceito de história. Editora Unisinos. 2011.
[7] Viúva de PM que era contra isolamento quer alertar sobre gravidade da Covid
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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Renato Sérgio de Lima
Em 1997, caso da Favela Naval serviu como catalisador de mudanças na PM paulista. Há hoje espaço para mudança de atitude da corporação?
Por Samira Bueno*, publicado originalmente no Boletim Semanal de Análises Fonte Segura, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (fontesegura.org.br)
Casos recentes de imagens de abordagens policiais reacenderam o debate sobre violência policial e uso desproporcional da força por agentes do Estado. Em Barueri, um cidadão sentado na calçada foi violentamente abordado por quatro policiais, mesmo sem demonstrar nenhum tipo de resistência. Na zona norte de São Paulo, policiais foram flagrados espancando um jovem, que seria ainda arrastado por uma escadaria e levaria socos na cara de um dos agentes. As ocorrências, amplamente noticiadas pela imprensa e compartilhadas nas redes sociais, geraram uma série de comparações entre esses episódios e o caso conhecido como Favela Naval, responsável por reformas na Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Era março de 1997 quando o Jornal Nacional exibiu as imagens de policiais torturando e extorquindo nove moradores da região da Favela Naval, em Diadema, que terminou com a execução a tiros do mecânico Mário José Josino pelo policial militar conhecido como Rambo. As cenas foram recebidas com grande consternação pela sociedade, causando comoção muito maior do que os 111 mortos do Carandiru, cinco anos antes. Após a exibição das imagens, que ficaram conhecidas mundialmente, o governador Mário Covas fez um pedido de desculpas à sociedade e solicitou ao então secretário da Segurança José Afonso da Silva, reconhecido jurista, uma proposta de Emenda Constitucional que transferia para a polícia civil a tarefa de policiamento ostensivo.
O episódio em Diadema promoveu uma série de mudanças internas na corporação, sob pena de ainda maior enfraquecimento político. O governador Mario Covas substituiu à época o comandante geral, e o que se seguiu foram profundas transformações nos currículos de formação da tropa, que inauguraram o tripé que incluía a gestão pela qualidade, direitos humanos e policiamento comunitário como bases de sustentação da organização.
Ainda que incrementais, estas mudanças foram responsáveis por uma série de inovações e avanços nas políticas de segurança pública do Estado de São Paulo, que coincidem em sua maioria com a atuação de Mário Covas como governador. Este ponto é importante de ser destacado, pois reside aí um elemento central para compreensão do que ocorreu em 1997, e do porquê o mesmo não deverá acontecer agora em 2020.
O primeiro ponto a ser destacado diz respeito ao empenho e liderança pessoal de Mário Covas na agenda de controle da atividade policial. Covas foi eleito com uma plataforma que prometia reduzir os níveis de letalidade policial, criou a Ouvidoria de Polícia em seu primeiro dia de mandato, determinou a publicação de estatísticas periodicamente e concebeu um programa de afastamento de policiais envolvidos em ocorrências de alto risco. O tema do controle do uso da força policial não era contingente e tampouco decorria de oportunismo político, mas era estrutural de seu plano de governo. Bem diferente da postura do atual governador João Doria, que foi eleito na esteira dos ideais bolsonaristas, e em abril do ano passado parabenizava policiais envolvidos em uma ocorrência com resultado morte por “colocarem no cemitério mais dez bandidos”.
O segundo ponto a ser destacado diz respeito à percepção da população em relação à violência policial. Se em 1997 boa parte da classe média não tinha ideia de como a Polícia Militar podia ser truculenta na periferia, em 2020 essa desigualdade no padrão de policiamento da organização está naturalizada, tendo sido reconhecida pelo ex-comandante da Rota em entrevista ao portal de notícias UOL, quando apontou que a abordagem realizada nos Jardins tem que ser diferente da abordagem na periferia. Em uma sociedade assentada na desigualdade, a afirmação não causa espanto ou indignação e passou a ser naturalizada.
Por fim, o terceiro ponto a ser levantado e que ajuda a compreender por que nenhuma mudança significativa deve ocorrer no curto prazo com a PMESP diz respeito ao reconhecimento por parte da própria corporação da necessidade de promover mudanças. Seja pela pressão da opinião pública ou do governador, o fato é que em 1997 a Polícia Militar do Estado de São Paulo entendeu que precisava mudar, reconheceu que os casos de violência policial não eram episódios isolados e se dedicou a expurgar os que defendiam o confronto como política de Estado.
Instituições autônomas e militarizadas como as Polícias Militares são muito refratárias ao controle externo e só mudam efetivamente quando o controle interno atua. Por mais pressões externas que existam, é necessário o reconhecimento da necessidade de mudança para que estes processos sejam desencadeados. A declaração recente do governador João Doria de que implementará um amplo programa de “retreinamento” da corporação e o anúncio de instalação de 200 câmeras corporais efetivam a mudança de discurso do político. E ainda que propostas do gênero sejam louváveis, parecem ignorar que estamos diante de um padrão de uso da força que tem relação com uma cultura organizacional que entende a força letal como um desfecho provável do policiamento, e não um resultado a ser evitado ao máximo.
A corporação, por sua vez, continua a insistir no discurso das “maçãs podres” para justificar as muitas cenas de violência policial recentemente divulgadas, ainda que os “desvios individuais de conduta” ocorram em diferentes regiões, sob diferentes comandos, em diferentes circunstâncias e em meio a uma pandemia que fez despencar os crimes patrimoniais e recolheu mais da metade da população às próprias casas. A história demonstra que, enquanto a negação seguir como bússola da corporação, os episódios de truculência e brutalidade seguirão recorrentes.
Samira Bueno
Diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
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Diretor da organização diz que contexto mundial de desunião piora ainda mais a pandemia de coronavírus: 'Lamento dizer, mas com esse ambiente e com essas condições, nós tememos pelo pior'.
Por BBC
O pior da pandemia do Covid-19 ainda pode estar por vir, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS), seis meses depois do começo da pandemia.
O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que o vírus infectaria mais pessoas se os governos não implementassem as políticas certas.
Sua mensagem segue sendo: "teste, rastreie, isole e faça quarentena".
Mais de 10 milhões de casos foram registrados no mundo todo desde o surgimento da doença na China no final do ano passado.
O número de infectados que morreram está agora acima de 500 mil. Metade dos casos no mundo ocorreram nos Estados Unidos e na Europa, mas a Covid-19 está crescendo rapidamente nas Américas, sobretudo nos Estados Unidos e Brasil.
O vírus também está afetando o sul da Ásia e a África, com o pico da pandemia previsto para chegar no final de julho.
"Todos queremos que isso acabe. Todos queremos dar sequência às nossas vidas. Mas a realidade dura é que não estamos nem perto disso", disse Tedros.
"Apesar de muitos países já terem feito progresso, globalmente a pandemia está na verdade acelerando."
"Com 10 milhões de casos agora e meio milhão de mortes, a não ser que nós enfrentemos o problema que já identificamos na OMS, a falta de união nacional e a falta de solidariedade global e o mundo dividido que estão ajudando o vírus a se espalhar... o pior ainda está por vir."
"Lamento dizer, mas com esse ambiente e com essas condições, nós tememos pelo pior."
"Nós também fazemos um apelo para que os governos sigam os exemplos de Alemanha, Coreia do Sul e Japão, que mantiveram seus surtos sob controle através de políticas que incluíram testes e rastreios rigorosos", disse ele.
Tedros não citou exemplos de países que considera problemáticos no combate ao coronavírus.
Quais são os países mais afetados?
Estados Unidos e Brasil estão entre os países com o maior número de casos e de mortes. Em ambos, autoridades locais estão tomando decisões sobre reabrir ou não a economia.
O Estados Unidos registraram mais de 2,5 milhões de casos e cerca de 126 mil mortes com o Covid-19 até agora — mais do que qualquer outro país.
Os Estados americanos que abandonaram a quarentena nas últimas semanas — sobretudo no sul — têm registrado aumentos fortes no número de casos.
Os novos surtos fizeram com que Texas, Flórida e outros Estados restringissem as medidas de reabertura novamente.
O país com o segundo maior número de casos é o Brasil — são 1,3 milhão e mais de 58 mil mortes.
Na segunda-feira (29), o Distrito Federal decretou estado de emergência. Grande parte dos estados e prefeituras do Brasil tem adotado medidas de reabertura da economia.
No Reino Unido, país da Europa Ocidental com o maior número de mortes, o país se prepara para a reabertura da economia, mas uma cidade, Leicester, terá de permanecer com parte de seu comércio fechado devido ao aumento de casos. Fonte: https://g1.globo.com
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Por Joaquim Ferreira dos Santos
Eu sei, São Pedro, que você não tem nada a ver com isso, dono apenas das sete chaves do que vai acima das nuvens, mas hoje é o dia a ti consagrado e - como todos os outros santos estão em quarentena, guardando distanciamento celestial dos fiéis - eis que a teus pés me posto e ponho fé. O descalabro é geral. Os gafanhotos avançam.
Na falta de a quem mais clamar misericórdia, os homens de bem fazendo tiro ao alvo nas minhas aflições, a ti eu invoco e peço que instale na pauta do plenário a urgência de um impeachment sanitário, me conceda aos pulmões a graça clínica de um anticorpo e, urgente, na conta bancária de cada dia, deposite os peixes do auxílio emergencial programado para abril e até hoje sem.
Eu sei que o teu aplicativo mais baixado é o de andar sobre as águas e manter cheia a rede dos pescadores. Leva a mal não, meu santo, mas hoje é tudo contigo. Primeiro cancelaram Santo Antônio, depois bloquearam São João. Quando eu já ia desistindo, ouvi os artistas cantando o “andar com fé/que a fé não costuma faiá” no aniversário do Gilberto Gil. Resolvi fazer o mesmo que eles, mas ao meu jeito, sem melodia, e aqui vai esta oração de palavras simples para que a civilidade prevaleça, a cultura nos engrandeça e a ignorância não vingue.
Vai que é tua, meu santo das chuvas e dos trovões, porque todos os altares da burocracia humana foram percorridos e, tão Brasil, os pedidos de milagre por mim implorados em manifestos, em notas de repúdio, depois de terem a firma autenticada em duas vias, caíram em exigência. Ninguém se ama, ninguém se quererá no palanque do futuro. Falta união, sobra um medo geral de dar as mãos e se contaminar.
A quem se recorre, Pedro, quando no planeta das ideias planas os responsáveis pelo devido processo legal estão neste momento metidos em alguma aglomeração, a máscara com a bandeira do Brasil ancorada entre o queixo caído e o nó na garganta?
É por tudo isso, o temor de agregar meu número à estatística do consórcio dos órgãos de imprensa, que a ti recorro em primeira instância, a justiça divina sem foro especial para os desesperados do horror com a cloroquina ao redor. Não para, Pedro.
Cruzes e ataúdes são o novo skyline, os urubus passeiam entre os girassóis e, diz fonte segura, o próximo “Walking dead” tem tudo para ser aqui. Não obstante – ouvi ontem na missa virtual do Padre Jorjão - és a pedra sobre a qual foi construída a esperança. As portas do inferno não prevalecerão contra tamanho poder.
É uma pena que neste dia a ti consagrado não esteja armada a festa de sempre, nem o milho de costume posto a assar entre as brasas da fogueira. Chegou o tempo em que só se é aflição e súplica. Esparrama sobre nós a vacina dos teus cuidados, aplica a força do teu stop divino contra a maldade que se esconde nos corações humanos. E no próximo ano, tenho certeza, no alto-falante do arraial vai estar tocando de novo aquela outra música do Gil: “Eu agora não tô mais com medo/Estou com Pedro”. Amém. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
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