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O achado não significa que o Coronavírus possa ser transmitido pelo esgoto, mas 'a presença do vírus ali é um indicador do elevado espalhamento do causador da Covid-19 na população'
Ana Lucia Azevedo
RIO - Cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) acabam de anunciar que encontram o coronavírus no esgoto do estado do Rio de Janeiro. O vírus Sars-CoV-2 foi detectado em esgoto de Niterói, cuja prefeitura colaborou com o estudo. A descoberta é importante porque a presença do vírus no esgoto é um indicador do elevado espalhamento do causador da Covid-19 na população.
A análise do esgoto pode ser usada como instrumento para monitorar o nível de contaminação da população. Só foi possível fazer a análise em Niterói porque a cidade é uma das raras do Brasil que conta com saneamento básico adequado e trata mais de 90% de seus efluentes. Nas demais cidades, como o município do Rio de Janeiro, o excesso de contaminantes inviabiliza a precisão dos testes.
O achado não significa que o causador da Covid 19 possa ser transmitido pelo esgoto. Isso não foi ainda investigado e é considerado pouco provável porque o coronavírus é um vírus respiratório sensível a certas condições ambientais presentes no esgoto. Provavelmente, não seria viável para se replicar ao ponto de causar infecção.
Já se sabia que o coronavírus pode estar presente nas fezes de alguns pacientes com Covid 19, mas não se sabe o potencial infeccioso desses vírus nos excrementos. Estudos de pesquisadores chineses e alemães já haviam detectado o vírus nas fezes. E em março cientistas holandeses alertaram na revista Lancet sobre o risco de contaminação e o uso do monitoramento do esgoto para o controle da pandemia. Fonte: https://oglobo.globo.com
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Todos os povos ritualizam a despedida de seus mortos; agora, o coronavírus nos rouba tudo
*Frei Betto
Todo dia vemos no noticiário o solo esburacado de cemitérios, as covas em série qual macabra dentadura de Tânatos à espera de devorar os mortos. A pandemia cria situações inusitadas, entre elas a de mortes sem funerais. Como é possível ficarmos alheios a um rito de passagem tão ancestral, exclusivamente humano? Na natureza, nenhum outro ser chora os seus mortos e os reverencia no sepultamento.
Todos os povos ritualizam a despedida de seus mortos. Os rituais têm valor simbólico, expressam em liturgias o que não conseguimos dizer em palavras.
Agora, o vírus nos rouba tudo isso que traduz nossos laços de parentesco e amizade: visitar o enfermo, consolá-lo e animá-lo, preparar o corpo para o funeral, promover o velório, cumprir os rituais de enterro ou cremação, ver o caixão descer ao túmulo, orar em conjunto pelo falecido, e manifestar condolências e abraçar os mais afetados pela perda.
Banalizada por força da pandemia, a morte descartável agride a nossa dignidade humana. São tétricas as cenas de corpos coletados por caminhões frigoríficos e coveiros vestidos como astronautas. Nem cães e gatos domésticos merecem igual tratamento.
Cinco séculos antes de Cristo, Sófocles tratou do tema em sua célebre peça de teatro, Antígona. Creonte, rei de Tebas, proibiu que Antígona sepultasse seu irmão Polinices. O governante queria que o corpo permanecesse exposto à voracidade de aves e cães. O horror visava a inibir os pretendentes ao trono, como mais tarde fariam os romanos com suas vítimas crucificadas no tempo de Jesus.
Antígona, levada à prisão, pôs fim à vida antes de saber que o sábio Tirésias convencera Creonte a libertá-la e permitir o sepultamento do corpo de Polinices. Tal como, cinco séculos depois, José de Arimateia convenceria Pilatos a consentir que ele desse túmulo ao corpo de Jesus descido da cruz.
Ao escárnio de ver seu irmão insepulto, Antígona preferiu morrer. Agora, ao nos obrigar a tratar os mortos como mero refugo, a pandemia mata em nós um dos mais fortes atributos da condição humana. A ponto de os povos indígenas insistirem em jamais abandonar a terra na qual sepultaram seus antepassados.
As imagens são lúgubres: corpos previamente encaixotados atirados em covas sem identificação, enquanto os entes queridos do falecido miram à distância, impedidos de se aproximar para o adeus definitivo, imobilizados pela força necrófila de Hades, o deus do reino dos mortos.
Na guerra, morre-se distante da família e muitos corpos são enterrados em locais ignorados. Porém, ao menos, em tempos de paz, as vítimas merecem um mausoléu do soldado desconhecido. Haverá um monumento em memória das vítimas da Covid-19? Ou serão relegadas ao esquecimento, transformadas em frios números nas estatísticas oficiais, como mortos desaparecidos? No Dia de Finados, onde depositar as flores em memória do ente querido falecido?
Sabemos que o nosso recuo diante das vítimas da pandemia não é por menosprezá-los, e sim para salvar vidas, a nossa e as dos demais. Preservamos um princípio ético maior. Deixamos de fazer um bem, o ritual fúnebre, para preservar um bem maior, a vida.
Em seu admirável romance, Incidente em Antares, Érico Veríssimo relata a greve dos coveiros que induziu os mortos, cujos corpos foram abandonados em frente ao cemitério, a saírem de seus caixões. Do coreto da praça principal, com a população em volta, eles desnudam os moradores ao denunciar corrupções, abusos e crimes.
Tomara que as vítimas da COVID-19 abram os nossos olhos diante de falácias como privatização dos serviços de saúde, trabalho escravo de médicos cubanos, planos privados de saúde que, na propaganda, oferecem atendimento exemplar. Insepulta é também a atual política de saúde do Brasil. Até quando suportaremos um governo indiferente ao risco de genocídio causado pela pandemia?
*Frei Betto é escritor, autor de “O diabo na corte – leitura crítica do Brasil atual” (Cortez), entre outros livros. Fonte: https://oglobo.globo.com
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De acordo com o levantamento, 30 pessoas morreram por Covid-19 nas últimas 24 horas
Por Ryan Lobo
Número de casos confirmados de coronavírus no Rio chega a 7.111.
O número de casos confirmados de coronavírus no Rio chega a 7.111. Os dados foram divulgados neste domingo (26) pela Secretaria de Estado de Saúde. Em comparação ao balanço do dia anterior, houve a confirmação de mais 283 contaminados.
De acordo com o levantamento, 30 pessoas morreram por covid-19 nas últimas 24 horas. O número de mortos no estado chega a 645.
Por conta do alto número de óbitos registrados no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, na Zona Norte do Rio, considerado referência no tratamento da covid-19, a unidade recebeu conteiners frigoríficos para aumentar a capacidade do necrotério.
Os espaços vão ser utilizados também para manter os corpos dos pacientes mortos com suspeita da doença em Unidades de Pronto Atendimento da região.
Na última sexta-feira (24), mais um paciente em estado grave deixou a Unidade de Terapia Intensiva no hospital. Dimas Francisco, de 59 anos, deu entrada na unidade no ultimo dia 8 e passou 12 dias entubado, respirando com ajuda de aparelhos. Na saída da UTI, o paciente foi aplaudido pelos profissionais de saúde.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, dos 609 pacientes que estavam internados no Hospital Ronaldo Gazolla, desde o início da pandemia, 185 já receberam alta. Fonte: http://www.bandnewsfmrio.com.br
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Live intimista da cantora ganhou elogios de internautas neste sábado
SÃO PAULO
Esquece as superproduções que as lives têm ganhado nessa quarentena provocada pelo novo coronavírus. Ivete Sangalo, 47, se apresentou direto de sua casa, na noite deste sábado (25), apenas de pijama, o que foi motivo para muitos elogios de internautas nas redes sociais.
Durante duas horas e meia, Ivete foi a rainha da naturalidade. Descalça e com rabo de cavalo, não se acanhou nem na hora de dar uma ajeitada na calcinha. O marido, Daniel Cady, e o filho mais velho do casal, Marcelo, 10, acompanharam tudo, com direito a danças e até uma bronca para não varrerem o chão.
A apresentação foi a primeira do projeto Em Casa, da Globo, com transmissão simultânea pela TV, no Globoplay, Multishow e nas redes sociais. Na página da cantora no YouTube, porém, a transmissão acabou sendo interrompida por um momento, por questões de direitos autorais.
O bloqueio, que foi logo corrigido, aconteceu por violação dos direitos do Grupo Globo, apesar de a página da cantora ter autorização para veiculação, afirmou o colunista Léo Dias, do UOL.
Segundo o YouTube, essa interrupção não é feita pela plataforma, já que o gerenciamento e reivindicações de direitos autorais cabem aos proprietários do material e o YouTube oferece ferramentas para que os canais possam proteger conteúdo dentro da plataforma.
Apesar desse pequeno imprevisto, não faltaram elogios à live de Ivete: “Se essa não foi a melhor live de todas eu não sei qual foi”, “os cantores brigando pra ver quem faz a live mais produzida, aí chega a Ivete de pijama e descalça, dona da porra toda”, foram alguns comentários no Twitter.
Além de elogios, a apresentação também arrecadou pouco mais de R$ 400 mil, segundo o aplicativo PicPay. As doações serão repassadas a instituições como Ação da Cidadania, Amigos do Bem, Baobá, Cufa, Fundo Emergencial para a Saúde, Gastromotiva, Pracatum, Redes da Maré, União Rio e Unicef. Fonte: https://f5.folha.uol.com.br
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Compare os recursos do ICQ, famoso mensageiro dos anos 2000, e do WhatsApp, aplicativo de mensagens mais baixado do mundo
Por Clara Fabro, para o TechTudo
O ICQ, software pioneiro na comunicação instantânea e famoso mensageiro dos anos 2000, ganhou um novo visual neste mês de abril. Precursor de serviços como o WhatsApp, o serviço reformado está disponível de graça em diversas plataformas digitais, como Windows, Linux, macOS, Android e iPhone (iOS), além da versão web. Com a reformulação do app, o ICQ possui agora uma nova interface e identidade visual, além da promessa de continuar funcionando mesmo em conexões de Internet ruins.
LEIA: WhatsApp tem jogos grátis entre amigos no isolamento
O chamado "ICQ New" ainda conta com sincronização entre os aplicativos de diferentes plataformas, permitindo que o histórico de mensagens seja acessado igualmente em um iPhone e um PC com Linux, por exemplo. Confira a seguir um comparativo entre o ICQ New e o WhatsApp, mensageiro mais utilizado no mundo, e veja as principais diferenças e semelhanças entre os serviços.
O chamado "ICQ New" ainda conta com sincronização entre os aplicativos de diferentes plataformas, permitindo que o histórico de mensagens seja acessado igualmente em um iPhone e um PC com Linux, por exemplo. Confira a seguir um comparativo entre o ICQ New e o WhatsApp, mensageiro mais utilizado no mundo, e veja as principais diferenças e semelhanças entre os serviços.
1-Serviços disponíveis
Tanto o WhatsApp quanto o ICQ New são aplicativos de mensagens instantâneas que incluem as tradicionais conversas por mensagens de texto, além dos clipes de voz, videochamadas, ligações via Wi-Fi ou rede móvel e a criação de grupos.
Por mais que as funções sejam as mesmas, o ICQ New traz algumas ações diferenciadas, como a transcrição automática de áudios enviados em clipes de voz. Nas chamadas de vídeo, o app ainda permite a utilização de filtros, e as ligações de vídeo em grupo podem ser acessadas por 30 pessoas, diferentemente do WhatsApp, que aceita apenas quatro pessoas.
Outra diferença é o número máximo de contatos que podem ser adicionados a grupos. O WhatsApp permite grupos de no máximo 256 participantes, enquanto o ICQ New permite a criação de grupos com mais de 25 mil pessoas. Outro destaque do ICQ New é que ele não exibe números de telefone dos participantes de grupos, ao contrário do WhatsApp.
2-Disponibilidade em plataformas
O ICQ já apresentava, antes da reformulação do app, disponibilidade em diferentes plataformas em versões anteriores, além do acesso pela web. O ICQ New mantém a compatibilidade com sistemas Windows, Linux e macOS para desktops, e pode ser encontrado nas lojas virtuais Google Play Store e App Store.
Já o WhatsApp conta com a versão para web em PCs, além dos aplicativos para desktops Windows e macOS. O aplicativo também está disponível para celulares Android e iPhone (iOS).
3-Recursos de conversas por texto
Os recursos dos dois apps são bem parecidos quando o assunto é a modalidade de conversa por texto. Ambos possuem emojis cadastrados, além de permitirem o envio de figurinhas nos chats. No ICQ New ainda é possível criar enquetes, tanto em conversas privadas quanto em grupos de muitas pessoas, recurso relevante principalmente para fazer votações.
O WhatsApp restringe o envio simultâneo de mídia para 30 arquivos, que podem variar entre fotos e vídeos. No ICQ New, não há limite no número de arquivos que podem ser enviados, além de o app disponibilizar a opção de envio de imagem "sem compressão", que mantém a qualidade original da foto ou do vídeo.
4-Chamadas de vídeo e áudio
O WhatsApp permite chamadas de vídeo em grupo, mas limita o número para até quatro participantes. Já no ICQ New, esse número sobe para até 30 participantes. Além disso, as chamadas de vídeo no ICQ New parecem ser mais leves, e o app ainda permite adicionar filtros às videochamadas, que podem ser escolhidos e selecionados de maneira bem similar a função Stories do Instagram.
O app também promete ligações de rápida conexão, que não ficam "discando" e que parecem mais estáveis. Além disso, nas chamadas de vídeo realizadas pelo ICQ New, a tela do celular fica repartida ao meio, facilitando a visualização, diferentemente das videochamadas realizadas pelo WhatsApp.
5-Funções diferenciadas
O ICQ New possui uma aba chamada "Interessante", que permite encontrar canais para se "Subscrever" e grupos diversos para "Aderir". A principal função desta aba é conectar pessoas com interesses comuns: os canais e grupos podem ter uma temática específica, como estilos musicais ou de arte, por exemplo.
O ICQ New também utiliza de sistemas de bots, que buscam facilitar a vida do usuário — recurso disponível no também rival Telegram. Um deles permite criar figurinhas na própria plataforma por meio de fotos enviadas ao bot em um chat privado. Outra função interessante é a transcrição automática de áudios, o que facilita a comunicação nos momentos em que não é possível ouvir mensagens de voz.
O WhatsApp não apresenta recursos similares em sua plataforma, mas conta com a função de publicações efêmeras do WhatsApp Status, em que usuários podem publicar imagens e vídeos que ficam no ar por apenas 24 horas.
6-Conclusão
O WhatsApp é o aplicativo mais popular do mundo, o que implica em ser bem aceito por seus usuários. O ICQ New foi muito popular no início dos anos 2000 e, agora, tenta resgatar os antigos tempos se adequando as expectativas dos usuários de hoje. Os mensageiros possuem os mesmos serviços básicos, que são as mensagens enviadas em formato de texto, voz e as ligações de áudio e vídeo.
Porém, o ICQ New adiciona funções extras a estes serviços, aumentando o número limite de participantes em grupos e em videochamadas e acrescentando os efeitos de filtros, por exemplo. Ademais, o ICQ New se mostra promissor para aqueles que desejam conhecer pessoas novas por aplicativos de mensagens, já que é capaz de conectar pessoas por meio de grupos e canais. Fonte: https://www.techtudo.com.br
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Segundo a PM, o jovem estava em uma motocicleta quando colidiu com um animal. Em seguida, ele foi atropelado por um caminhão que transportava gás.
Por Laura Moura, G1 PI
Um jovem de 24 anos morreu após sofrer dois acidentes seguidos na PI-320, na localidade Lagoinha em Jatobá do Piauí, na noite desta sexta-feira (24). Fabiano Andrade trabalhava como vigia em uma escola do município e faleceu no dia do seu aniversário.
O comandante do 15° Batalhão da Polícia Militar, major Etevaldo Alves, informou que o jovem estava em uma motocicleta quando colidiu com um animal. As pessoas que presenciaram o acidente tentaram isolar o local, até a chegada das autoridades policiais. Entretanto, Fabiano Andrade foi atropelado por um caminhão que transportava gás.
“O jovem andava de moto e, na hora, houve uma colisão com um animal na estrada. Quando as pessoas estavam tentando isolar o espaço na PI-320, um caminhão que transporta gás acabou provocando outro acidente. Então, a pessoa que já havia se acidentado e estava no chão, foi atropelada pelo caminhão e faleceu”, comentou.
Após a chegada da PM, o caminhão foi apreendido e o condutor, que permaneceu no local, foi levado para a delegacia. A Escola Municipal João Félix de Andrade, onde Fabiano trabalhava, emitiu uma nota de pesar em suas redes sociais. Confira:
É com muita tristeza que a Esc. Mun. João Félix De Andrade vem por meio desta nota, comunicar o falecimento do nosso Vigia Fabiano Andrade, ocorrido na noite desta sexta-feira (24/04), vitima de acidente na altura da localidade Lagoinha, na PI-320 que liga Jatobá do Piauí a Campo Maior. Pela manhã publicamos aqui nessa página do facebook, lhe desejando parabéns, pois hoje era o seu aniversário. E agora, temos que publicar esta triste notícia Pedimos que Deus lhe conceda a paz e o descanso eterno, e conforte a dor que sua família está passando. Nosso muito obrigado, pelo serviço prestado em nossa Escola. Fonte: https://g1.globo.com
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#Tempodecuidar... Carmo de Angra dos Reis/RJ- Frades Carmelitas da Ordem do Carmo- juntos com a Campanha da Cáritas Brasileira e CNBB. Esperamos a sua ajuda. Sexta-feira, 24 de abril-2020. www.instagram.com/freipetronio
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Cerca de 44 mil pessoas vivem em espaço construído para abrigar 10 mil
RIO DE JANEIRO
Há seis anos o congolês Frank Donald, 29, encontrou abrigo num campo de refugiados no Maláui, na África oriental. Sobrevivente dos conflitos étnicos, da instabilidade política e da violência de grupos armados no seu país, ele agora luta contra a pandemia no novo coronavírus num lugar superlotado.
Frank é um dos 44 mil habitantes de Dzaleka, campo criado em 1994 para abrigar 10 mil pessoas. A maioria vem da República Democrática do Congo, mas também há refugiados de Burundi, Ruanda, Somália e Etiópia.
Construídas com pouco distanciamento, as casas têm muitas vezes um único cômodo, onde moram numerosas famílias. As condições sanitárias são precárias, e um único banheiro é dividido por até mil pessoas.
A busca por água e alimentos é diária e longas filas se formam na única agência bancária do campo, onde os refugiados coletam os três dólares (R$ 16,60) que recebem da ONU todo mês.
"A gente reza a Deus para que ele nos isente do vírus, porque caso contrário não vamos sobreviver", diz Frank à Folha por telefone.
Ele afirma que os refugiados têm seguido algumas instruções, como evitar apertos de mão e reforçar a higiene. Ainda assim, o isolamento social não é uma realidade para pessoas que têm a fome como maior urgência.
"Não tem como dizer para as pessoas ficarem em casa. Como receber comida, pegar água? Elas estão muito perdidas, não sabem o que fazer." Com 23 casos confirmados da doença e três mortes, o governo do Maláui anunciou um lockdown que terá início no sábado (25).
"Pense nessa nação, onde a maioria das pessoas depende da busca de comida todos os dias. Você pode ficar seis meses em casa, mas e as pessoas pobres?", diz Frank.
Além dos três dólares mensais, os refugiados recebem da ONU um pouco de óleo e feijão. Em maio do ano passado, a organização teve que cortar pela metade a alimentação, porque o financiamento foi insuficiente.
Na ocasião, o Programa Mundial Alimentar da ONU alertou que precisaria de quase US$ 2 milhões (R$ 11 mi) para restabelecer integralmente a comida no campo. Assolados pela fome e pelas incertezas relativas à pandemia do novo coronavírus, os refugiados se voltam para Deus em busca de esperança. O campo conta com mais de 812 igrejas, a maioria evangélicas. Os pastores têm um importante papel de liderança na comunidade e vêm ajudando na conscientização contra o coronavírus.
"Acredito em Deus e sei que tudo acontece por um motivo. Não posso julgá-lo pelo que está acontecendo, sei que ele está no controle", afirma o congolês Maick Mutej, 28.
Maick e Frank, que dividem uma casa, atuam como voluntários para uma ONG brasileira em Dzaleka. "Trabalhar como voluntário é um sonho que se tornou realidade. Entendi a importância de ajudar outras pessoas, é tudo o que eu preciso", diz Maick.
O congolês se diz preocupado com a possibilidade de disseminação do vírus no campo. "Se o vírus chegar será um desastre. As pessoas sabem que não tem como prevenir com sucesso, por causa das condições."
Por enquanto, ainda não há casos confirmados no local. Há cerca de três semanas, quando o governo anunciava os primeiros registros da doença, a ONU começou a construir 41 tendas para isolar novos refugiados.
Cada uma abrigará cinco pessoas, que passarão por uma quarentena de 14 dias. O espaço ainda não foi inaugurado porque os banheiros não estão prontos e fornos precisam ser instalados para que os refugiados possam cozinhar.
Quando o isolamento começar, as pessoas que apresentarem sintomas serão transferidas das tendas para dois barracões com cerca de 30 leitos cada um. O hospital improvisado, no entanto, não conta com equipamentos como respiradores ou desfibriladores. Assim, casos graves da doença serão encaminhados para uma unidade de saúde na capital, Lilongwe, a cerca de 40 km.
O professor brasileiro Evaldo Palatinsky, 50, acredita ser o último voluntário que ainda está no campo. Ele trabalha na mesma ONG que Maick e Frank, que também são seus colegas de casa. "Existe uma sombra aqui... Será que o vírus já está no campo? Os refugiados continuam entrando, a gente não sabe se tem alguém contaminado. Como não tem hospital, não tem teste, talvez as pessoas estejam morrendo e a gente não saiba que foi de corona", diz.
No campo desde o final de janeiro, Evaldo chegou a abrir uma escola para crianças refugiadas, que oferecia uma alimentação reforçada aos alunos, com itens como salada, ovo e carne.
A escola recebeu milhares de pedidos de matrícula, mas só tinha vaga para 185 crianças. As mais vulneráveis foram escolhidas. Depois de 40 dias, no entanto, o espaço precisou ser fechado, diante do avanço da pandemia.
Uma das mães reclamou com Evaldo sobre a suspensão das atividades. "Ela disse: 'Estão fechando a escola que dá comida para nossas crianças por causa de uma ameaça? E a fome, que a gente tem certeza que existe? Não vai fazer nada?'"
Cabe aos voluntários das ONGs e à equipe da ONU conscientizar a população sobre a necessidade de prevenir, na medida do possível, a disseminação do vírus. "A mensagem vai chegar, mas vai levar mais tempo do que o normal. A gente repassa o que a imprensa tem publicado, a ONU também fez um material didático, em várias línguas. É de casa em casa entregando", diz o professor.
Com o fechamento do espaço aéreo e das fronteiras, Evaldo foi obrigado a permanecer no campo. Com Maick e Frank, tem fabricado sabão e máscaras para distribuir aos refugiados e montado os fornos que irão equipar as tendas construídas pela ONU.
"Estou muito envolvido em muitos projetos, queria terminá-los. Deus tem seu plano, por alguma razão acabei ficando aqui, eu também não sei. Mas estou em paz, ajudando as pessoas", afirma.
Em seu site, o Acnur informa que formulou planos de contingência e mecanismos de colaboração com governos e parceiros para proteger os refugiados diante da pandemia. O órgão diz que tenta angariar US$ 33 milhões (R$ 183 mi) para combater a disseminação do vírus. A ONU afirma que reuniu insumos, como equipamentos de proteção e equipamentos médicos, preparou locais de isolamento nos campos e incentivou melhoras na higiene.
Segundo o Acnur, o maior desafio agora é garantir que não haverá barreiras para que os refugiados sejam atendidos pelos sistemas de saúde dos países onde estão vivendo. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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Por Ancelmo Gois
O Viva Rio começou campanha para ajudar as profissionais do sexo da Vila Mimosa e a comunidade LGBTI+ durante a pandemia. Serão distribuídas 600 cestas básicas, com itens de higiene e alimentos, por quatro meses. As profissionais estão sem renda porque os clientes sumiram. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
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Nesta segunda-feira 20, hora de darmos continuidade a campanha da CNBB e Cáritas #Tempodecuidar. Segunda-feira, 20 de abril-2020. www.instagram.com/freipetronio
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Conversamos com uma das funerárias que oferecem o serviço, que custa cerca de 800 reais
JOSÉ IGNACIO MARTÍNEZ RODRÍGUEZ
Acra (Gana)
Emmanuel Agyeman trabalha em uma funerária de Acra, a capital de Gana, e também recebeu em seu celular algumas versões de um dos vídeos do momento. Eles existem às centenas, sempre seguindo um mesmo esquema. Primeiro, aparecem imagens de alguém a ponto de se meter em problemas ― pode ser uma queda estrondosa, um susto, uma situação que certamente vai acabar mal… Mas, antes da desgraça acontecer, a sequência é interrompida e surgem homens de terno preto, dançando de maneira animada enquanto balançam um caixão que carregam sobre os ombros, ao som de música eletrônica.
A imagem final, em que vários homens dançam enquanto carregam um defunto, virou um meme internacional que serve para antecipar um erro ou descuido que não chega a ser visto: em seu lugar, aparece a dança do caixão. A cena foi gravada em Gana, no oeste da África, onde as funerárias como a de Agyeman organizam enterros desse tipo. "Estas festas são montadas quando a pessoa que morre teve uma vida longa, quando morre com 60 anos ou mais [a expectativa de vida em Gana é ligeiramente inferior a 63 anos]”, conta o agente funerário por telefone.
Os homens que aparecem no vídeo são pallbearers, expressão que poderia ser traduzida em português como “carregadores funerários”, que se dedicam a transportar caixões enquanto dançam. “Quando morre uma pessoa jovem é algo doloroso, mas se é alguém mais velho, prepara-se tudo isto para celebrar a vida”, conta Agyeman, da funerária EA Hearse Services & Funeral Agreement, que presta o serviço em todo o país. As imagens dos pallbearers ― que começaram a se popularizar no resto do mundo no final de março e deram origem a centenas de versões ― foram tiradas de duas reportagens jornalísticas. Uma foi gravada pela agência de notícias Associated Press, e a outra pela BBC, ambas em 2017.
Segundo o site Know Your Meme, especializado em rastrear a origem e evolução dos memes, as primeiras brincadeiras com o vídeo dos carregadores de caixão apareceram na rede social TikTok no final de fevereiro. A primeira de que se tem notícia foi publicada no dia 24 daquele mês pelo usuário @lawyer_ggmu. Este vídeo já utiliza como canção de fundo Astronomia, do artista de música eletrônica Tony Igy, que virou a trilha sonora oficial do meme, embora tenha pouco a ver com a música que toca de verdade nos funerais ganenses (a qual pode ser ouvida no link para a reportagem da BBC, acima). Durante as semanas seguintes à sua publicação, muitos tiktokers o imitaram e a brincadeira passou para o Twitter e grupos de WhatsApp.
A origem dos carregadores
Tanto na reportagem da BBC como na da Associated Press aparece um dos precursores desse ritual: Benjamin Aidoo, um ganense que entrou para a profissão em 2007 e introduziu uma espécie de versão 2.0 dos pallbearers. Antes, eles só carregavam o caixão nos ombros, como se faz em muitos países ocidentais. A nova versão consiste não só em transportar o ataúde, mas também em acompanhá-lo com músicas mais alegres e de enfeitar os profissionais funerários com uma indumentária mais vistosa do que o habitual.
“No começo, os carregadores se vestiam de preto nos enterros. Eu, quando comecei, decidi acrescentar algumas variáveis, comprar ternos próprios, sapatos próprios… Além disso, tentamos sempre melhorar as coreografias e ensaiar novas maneiras de dançar”, conta Aidoo na reportagem da Associated Press.
Embora Aidoo reivindique para si algumas das novidades nesse ofício, é complicado estabelecer desde quando o serviço é oferecido. Uma reportagem de 1997 do jornal norte-americano The Washington Post já falava em “carregadores que cambaleavam debaixo de um ataúde feito sob medida” e que “sustentavam o caixão para alívio do mar de enfermos que se amontoam atrás deles". Entretanto, o fato é que aquele texto não menciona que a música ou a dança estivessem presentes no enterro descrito.
Um serviço com diferentes trajes e tarifas
Um serviço básico de carregadores como o que aparece nos vídeos virais pode rondar os 900 cedis (800 reais), informa Agyeman por telefone ao EL PAÍS. Entretanto, há diferentes fatores que podem fazer o preço variar. “Esse dinheiro, ao que é preciso somar outros gastos do funeral, inclui a contratação de umas oito pessoas: seis encarregados para transportar o caixão nos ombros, outro para liderá-los e um flautista. Se você quiser mais músicos, ou que façam um percurso mais longo com o caixão, de até duas horas, precisa pagar mais”, explica o homem.
“No primeiro dia depois da morte, costuma-se organizar um velório na casa da família. Tudo isto [o cortejo fúnebre] ocorre depois”, diz Agyeman. Neste país africano, onde um quarto da população vive na pobreza, há ganenses que gastam até 85.000 reais na realização de seus funerais.
Os tons que os carregadores ostentarão em suas roupas e a quantidade de gente convidada a presenciar o espetáculo durante o enterro também são fatores a levar em conta. Diz Agyeman que, na sua funerária, os pallbearers se vestem da mesma cor que a família escolher para o traje do falecido. Em geral é o preto para cerimônias mais solenes, ou branco ou vermelho quando se quer fazer uma grande festa. Também conta que, quando os parentes do morto consideram que não haverá gente suficiente no funeral, opta-se por contratar os serviços de figurantes, que são os que mais dançam, mais choram e mais pulam, segundo o momento da celebração e o desejo do cliente. Tudo vai acompanhado, além disso, de grandes banquetes.
O meme chegou a Gana
Durante a última semana, os memes com o vídeo dos carregadores também chegaram ao celular de Emmanuel Agyeman, e várias vezes. “É normal que as pessoas gostem, o que não entendo muito bem é como pode ter ficado tão famoso na Europa e quem editou isso para que pareça que é algo ruim. Aqui se celebra a morte.” Finaliza dizendo que em outros países da região, como Togo e Nigéria, também há rituais funerários com dança, música e muita diversão, que são capazes de se tornar um fenômeno e hipnotizar muita gente mundo afora.
Nem todo mundo entendeu a brincadeira
No momento em que o surto do coronavírus ganha fôlego no Brasil, Gilson Machado Neto, presidente da Embratur, publicou um vídeo no stories de sua conta no Instagram, que mostra uma montagem do meme do caixão com o rosto do presidente Jair Bolsonaro como um dos carregadores. O presidente vem sendo criticado por minimizar a pandemia e desqualificar Estados que adotaram medidas mais rígidas de isolamento social. A montagem foi criticada pela deputada Sâmia Bomfim. "É uma admissão de culpa pelo desprezo do Governo às orientação sanitárias, afirmou em sua conta do Twitter. Machado Neto não comentou sobre a publicação.
Esse vídeo foi publicado no Instagram do presidente da Embratur, Gilson Machado Neto. É uma montagem de Jair Bolsonaro rindo enquanto carrega um caixão. É uma piada com os mortos por covid-19? É uma admissão de culpa pelo desprezo do governo às orientação sanitárias? pic.twitter.com/wprYUh66lF
Além do presidente da Embratur, outro apoiador de Bolsonaro, o empresário Paulo Kogos, também parece não ter entendido o meme. Ele simulou a brincadeira, com a música e um caixão de papelão, em um protesto contra a quarentena decretada pelo Governo de João Doria, em São Paulo. Alvo de muitas críticas, afirmou para a revista Veja que o "caixão simboliza o enterro político do João Doria, do nazismo, do comunismo e do psdbismo”. Acabou banido do Twitter por violar as normas de publicação. “Basta que a pessoa seja de direita, conservadora, cristã ou simplesmente defenda o livre mercado, a pessoa se torna vítima de um massacre de reputação”, disse à revista. Fonte: https://brasil.elpais.com
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A exemplo do Rio, municípios do estado têm sido consultados por oficiais sobre espaço disponível para sepultamentos
SÃO PAULO
Oficiais do Exército têm telefonado para prefeituras do estado de São Paulo desde o início da semana para coletar informações sobre os cemitérios e a capacidade de sepultamentos diante da pandemia do novo coronavírus.
A ação é conduzida pelo Comando Conjunto Sudeste. Indagado sobre o serviço, o Comando enviou nota afirmando que planeja sua atuação com base no levantamento de cenários hipotéticos e visa mitigar os efeitos nocivos da pandemia.
A Folha havia revelado, na quinta-feira, que essa ação já é realizada no Rio de Janeiro pelo Comando Conjunto Leste. Relatórios com a capacidade de cada cidade serão entregues ao Departamento-Geral Pessoal do Exército, que fica em Brasília.
Em São Paulo, parte dos municípios recebeu o questionamento por escrito, parte por telefone. Entre os dados pedidos pelo Exército estão a quantidade de cemitérios e o número de sepulturas à disposição.
“O Comando Conjunto do Sudeste, ativado pelo Ministério da Defesa no contexto do emprego das Forças Armadas contra a Covid-19, planeja sua atuação com base no levantamento de cenários hipotéticos, visando mitigar os efeitos nocivos da pandemia junto à sociedade”, diz nota enviada à Folha nesta sexta-feira (17).
A medida surge diante do risco de o país enfrentar um colapso funerário, como tem ocorrido em alguns países. No Equador, atualmente, os corpos são levados para parques ou outras áreas públicas. Espanha e Itália tiveram que contar com ajuda do Exército para transportar seus mortos e sepultá-los.
O Brasil registra 2.141 óbitos pela Covid-19, segundo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde nesta sexta-feira (17). Em um mês, São Palo passou de uma morte pela doença para 928.
Nos 22 cemitérios da capital paulista, as mortes com suspeitas de coronavírus são até metade do enterros, segundo levantamento feito pela Folha ao longo desta semana.
A reportagem obteve dados de 19 dos 22 cemitérios municipais, de dias diferentes desta semana. Nestes locais, havia desde unidades sem casos suspeitos nem enterros até outras onde eles já são maioria —em nove cemitérios onde houve enterros na tarde de quarta (15), um a cada quatro sepultamentos eram de casos de suspeita da doença.
Questionada sobre os números gerais, a gestão Bruno Covas (PSDB) se recusou a informar enterros relativos a mortes suspeitas, afirmando que são dados internos. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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Cidades limitam ou proíbem velórios; especialistas recomendam celebração simbólica ou virtual
Camila Appel
O escritor e compositor José Miguel Wisnik já definiu o luto como a “internalização da pessoa que morre”. O processo do luto seria ocupar um mundo desertificado por essa ausência. Aos poucos, vamos recompondo esse espaço, nos transformando naquilo que se perdeu, que passa a viver em nós.
As teorias desenvolvidas sobre esse processo o enxergam em fases, como negação, isolamento, raiva, barganha depressão, e por fim, aceitação (Elizabeth Kubler-Ross, 1926 - 2014), ou o processo de rompimento de um vínculo e sua reorganização, e não aceitação, (Colin Murray Parkes, 1928 - e John Bowlby, 1907 - 1920).
A psicóloga pioneira do tema no Brasil Maria Helena Franco entende as fases como algo ultrapassado e prefere usar a teoria do processo dual do luto. A dualidade está em você oscilar entre uma vivência de perda e uma de restauração. “Como oscilação tem conotação negativa no Brasil, costumo dizer que são ondas”, diz Franco.
O avanço do novo coronavírus no Brasil tem impactado a forma como lidamos com a morte e, principalmente, com o luto. Rituais fúnebres como velórios e enterros passaram a ser evitados, mas não estão proibidos.
Segundo o documento oficial do Ministério da Saúde, publicado em 25 de março, sobre o manejo dos corpos, os velórios e funerais de pacientes com confirmação ou suspeita de Covid-19 não são recomendados.
Se ocorrerem, há uma orientação para que tenham no máximo dez pessoas, respeitando a distância mínima de dois metros entre elas, “bem como outras medidas de isolamento social e de etiqueta respiratória”.
Gisela Adissi, presidente do Sindicato e Associação dos Cemitérios do Brasil, diz ter visto uma diminuição na ocorrência desses rituais desde o início da pandemia, independente da causa da morte. “Muitas vezes, a própria família prefere não fazer, ou combinam de adiar o evento até que a pandemia termine.”
Adissi organizou um documento que traz orientações para esse momento. “O perigo de contaminação surge do encontro de muitas pessoas. Então, a orientação é que os velórios não tomem mais do que duas horas e tenham no máximo dez pessoas no total, e não em sistema de rodízio. E os profissionais do setor devem usar todos os equipamentos de proteção adequados”, comenta.
Em algumas cidades, como Curitiba e São Paulo, o rito fúnebre para casos suspeitos e confirmados de Covid-19 está proibido.
A psicóloga e doutora em psicologia clínica Gabriela Casellato, sócia-fundadora do 4 Estações Instituto de Psicologia, especializado em luto, vê com preocupação as consequências da privação desses momentos.
“O primeiro impacto é viver o luto abafadamente, isoladamente. Isso tende a impactar a duração do luto e sua intensidade. Outra questão é a falta da concretude, do corpo presente, podendo criar um aspecto ambíguo no enfrentamento da perda. A pessoa tende a ter mais dificuldades em seguir a vida”, diz.
O luto de quem perdeu um ente querido para o vírus é ainda mais difícil. Casellato teme o estigma da morte pelo vírus. “A pessoa que está em luto por alguém que morreu em decorrência da contaminação representa o que mais tememos neste contexto da pandemia. É alguém que está vivendo algo que eu não quero viver. A minha tendência instintiva é me defender dessa dor, porque eu não quero me ver na posição dessa pessoa. E tem o risco do contágio real, não posso conviver com essa pessoa porque ela conviveu com alguém que se contaminou.”
Ela diz que costumamos criar uma narrativa para a morte, baseada em como a pessoa ficou doente, quando foi internada, o que aconteceu durante essa internação, a fase da complicação, e como ocorreu a morte em si. Os pacientes contaminados são isolados, não permitindo aos familiares desenvolver essa narrativa. “Deixar a pessoa no hospital, nunca mais vê-la e não saber o que se passou é muito perturbador. Será que ela sofreu muito, será que ela agonizou? Fantasias como essas fazem as pessoas ficarem presas nesse pensamento.”
Ela sugere, sempre que possível, valorizar o ritual simbólico, para não deixar de ter esse momento de processamento da perda. “Uma sala de bate papo com fotos da pessoa morta pode parecer mórbido, mas exerce a mesma função do funeral, a de poder compartilhar e concretizar. De não estar sozinho na dor”, comenta.
Gisela Adissi vê essas novas opções como um possível ensinamento da pandemia no que se refere ao luto. “Estamos ganhando a oportunidade de reescrever os rituais fúnebres”, diz. A pesquisa que realizou em 2018, "A Cartografia da Morte", concluiu que a maioria dos entrevistados não entendia o significado dos rituais. Esse seria, então, um momento para repensarmos a forma como são feitos, para ganharem mais sentido e, assim, contribuir ainda mais para o processo do luto.
Pensando nisso, Tom Almeida, fundador do movimento infinito. etc, está trabalhando em uma plataforma, que será lançada dia 20 de abril, para ajudar as pessoas a realizar seus rituais virtuais. Contará com dicas de planejamento do ritual online, como a escolha da plataforma, a criação do convite, com orientação para deixar claro a data, horário, tempo de duração e o motivo do encontro.
Também há indicações para a elaboração do roteiro do encontro. Boas-vindas iniciais, talvez um poema, fazer uma oração de acordo com a religião, dependendo do dogma da família e do falecido, abrir espaço para compartilhar histórias e depoimentos, e encerrar com uma música ou com um brinde à vida.
Maurício (nome fictício) perdeu a mãe para a Covid-19 no final de março. Ela teve acesso ao tratamento com cloroquina e respirador, mas não melhorou. Tinha 56 anos e nenhum doença prévia. “Meu pai foi sozinho reconhecer o corpo no hospital, sozinho até o cemitério e sozinho acompanhá-lo ao crematório. É tudo muito sozinho”, comenta.
Não tiveram velório ou qualquer ritual fúnebre, mas Mauricio espera poder realizar algo quando a pandemia passar, como “uma missa de celebração da vida dela”.
Receber ligações e mensagem de apoio, ver como sua mãe era querida, trouxe conforto. “Minha mãe era uma pessoa muito querida por muita gente. Fico emocionado na hora, mas eu me sinto bem. Vejo gente sofrendo por não ter tido o ritual. Faz muita falta sim. A sociedade está passando por uma coisa que vai nos marcar para sempre.” Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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Conforme assessoria do artista, ele morreu nesta segunda-feira (13), por volta das 6h, após sofrer um infarto agudo do miocárdio. Informações sobre velório não serão divulgadas.
Por Danutta Rodrigues, Gabriel Gonçalves e Phael Fernandes, G1 BA
O cantor e compositor Moraes Moreira morreu na madrugada desta segunda-feira (13) aos 72 anos, em casa, no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro. Conforme a assessoria do artista, ele morreu por volta das 6h depois de sofrer um infarto agudo do miocárdio.
Segundo Eduardo Moraes, irmão do cantor, o corpo de Moraes Moreira foi encontrado após a chegada da empregada doméstica no apartamento em que ele morava. O artista vivia sozinho, segundo o irmão.
Ainda de acordo com a assessoria, as informações sobre o enterro não serão divulgadas para evitar aglomerações, recomendação de vários órgãos de saúde como prevenção à Covid-19.
Antonio Carlos Moreira Pires nasceu em Ituaçu, no interior da Bahia, em 8 de julho de 1947. Moraes Moreira começou tocando sanfona de doze baixos em festas de São João e outros eventos na cidade. Na adolescência aprendeu a tocar violão, enquanto fazia curso de ciências em Caculé, na região sudoeste da Bahia, em 1967.
Aos 19, ele foi para Salvador, onde começou a estudar no Seminário de Música da Universidade Federal da Bahia. Lá, ele conheceu seus futuros companheiros dos Novos Baianos, Luiz Galvão e Paulinho Boca de Cantor, além de Tom Zé.
Em 1968, eles criaram o espetáculo que deu origem aos Novos Baianos, Desembarque dos Bichos depois do Dilúvio Universal.
O grupo já tinha também a participação de Baby do Brasil (Baby Consuelo, na época) na voz e o guitarrista Pepeu Gomes quando foi participar do popular Festival da Música Popular Brasileira na TV em 1969, com a música “De Vera”, de Moreira e Galvão.
No ano seguinte, o grupo lançou seu disco de estreia, “Ferro na boneca”. Mas a grande obra deles viria após uma visita de João Gilberto à casa em que eles moravam juntos, já no Rio de Janeiro. Em 1972, eles lançaram o álbum “Acabou chorare”, que consagrou os Novos Baianos. O trabalho juntava samba, rock, bossa nova, frevo, choro e baião.
Com a regravação de “Brasil pandeiro”, de Assis Valente, além de “Preta pretinha”, “Mistério do planeta”, “A menina dança”, “Besta é tu” e a faixa título, todas de coautoria de Moraes Moreira, o álbum de 1972 é reconhecido como um dos melhores - senão o melhor - trabalho do pop brasileiro.
Foi um passo adiante do tropicalismo de Caetano, Gil e Tom Zé - no abraço ao rock e à psicodelia hippie, na fusão de ritmos brasileiros, na recusa a seguir padrões no período mais duro da ditadura militar.
O grupo foi morar em um sítio em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, onde seguiam a cultura hippie dos EUA e da Europa em plena ditadura militar brasileira. Lançaram ainda três discos, cujo sucesso não tão grande começou a gerar desentendimentos. Ele ficou no grupo de 1969 até 1975, quando saiu em carreira solo.
Em 1976, já em carreira solo, ele se tornou o primeiro cantor de trio elétrico, ao subir no trio de Dodô e Osmar, e cantou a música “Pombo correio”, sucesso na época.
Já em 1997, ele reuniu o grupo Novos Baianos para lançar o disco ao vivo Infinito Circular, com canções dos discos anteriores e algumas inéditas. Em 2007, Moraes Moreira publicou o livro A História dos Novos Baianos e Outros Versos, escrito em linguagem de cordel, que conta a história dos Novos Baianos.
Em 2017, ele lançou outro livro, o "Poeta Não Tem Idade", com cerca de 60 textos sobre homenagens a Luiz Gonzaga, Machado de Assis, Gilberto Gil e muitos outros.
Nos últimos anos, Moraes Moreira se envolveu em shows de reunião dos Novos Baianos e também de trabalhos solo. O artista também se dedicou a trabalhos com o filho. No total, ele lançou mais de 60 discos entre a carreira solo, Novos Baianos, Trio Elétrico Dodô e Osmar, além da parceria com o guitarrista Pepeu Gomes.
Em março deste ano ele fez a última postagem no Instagram falando sobre a quarentena que o mundo vive por causa da Covid-19. Fonte: https://g1.globo.com
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País tem 17.857 casos confirmados; número real tende a ser maior, já que só pessoas em quadros graves fazem testes
BRASÍLIA
Ao menos 941 pessoas morreram pelo novo coronavírus no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados nesta quinta (9). Foram registradas 141 novas mortes nas últimas 24 horas, um novo recorde diário.
O país soma 17.857 casos confirmados da doença. No dia anterior, eram 15.927. O ministério, porém, tem informado que o número real de casos tende a ser maior, já que só pacientes internados em hospitais fazem testes e há casos represados à espera de confirmação.
Reportagem da Folha mostrou que equipes de atenção básica em várias cidades e estados afirmam que a subnotificação ao Ministério da Saúde de casos suspeitos tem sido gigantesca. Dizem ainda que, sem uma portaria específica do ministério, médicos têm se guiado por notas técnicas locais com orientações distintas.
Até a quarta (8), o país registrou 34.905 hospitalizações por síndrome respiratória aguda, o que representa alta de 277% em relação ao mesmo período de 2019.
São Paulo, o estado mais populoso, continua sendo o mais atingido pelo novo coronavírus.
Na quarta (8), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse estar preocupado com possíveis afrouxamento das restrições nas grandes cidades. Com relação às mortes, ele ressaltou que, apesar do avanço no número das vítimas, cerca de 85% dos infectados consegue se curar.
HISTÓRICO
O Brasil confirmou o primeiro caso de Covid-19 em 26 de fevereiro. Um homem de 61 anos de São Paulo contraiu o coronavírus em viagem à Itália, que tem alta taxa de casos da doença.
A primeira morte foi confirmada 20 dias depois, em 17 de março. O paciente era um homem de 62 anos que tinha diabetes e hipertensão. Ele estava internado na UTI do Hospital Sancta Maggiore Paraíso desde o dia 14 e morreu no dia 16. Ele não tinha histórico de viagem para o exterior. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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Avalanche de mentiras é tão grande que elas acabaram desmoralizadas
Além de facilitar de maneira extraordinária as comunicações planetárias, as redes sociais deram voz a quem não as tinha, ou que não conseguiam expandi-la de maneira a alcançar mais do que seu círculo íntimo. Foi uma extraordinária revolução que mudou a forma das pessoas pensarem e agirem e transformou a indústria. Mais diretamente as indústrias das comunicações e das telecomunicações, mas todas as outras sofreram consequências, muitas de maneira positiva. No Brasil, apesar de reveses por abusos contra a livre concorrência e pela disseminação de mentiras, tudo ia relativamente bem, até chegarem Jair Bolsonaro, seus filhos e o gabinete do ódio.
A onda global de fake news que causa forte impacto sobre as redes, sobretudo na Europa, produzindo um enorme dano às suas imagens, não pode ser comparada ao que se viu no Brasil destes últimos dias. Em todo o mundo as pessoas passaram a buscar informações sobre o coronavírus em fontes confiáveis, nos veículos profissionais de notícia, com medo de se contaminarem pelas fakes disseminadas. Aqui, a avalanche de mentiras é tão grande e contínua que as redes acabaram sendo desmoralizadas. O efeito dessa onda é de tal maneira devastador que até mesmo um post do presidente da República foi retirado do ar pelo Facebook por ser mentiroso, mas apenas depois de causar enorme estrago.
Membros de grupos de WhatsApp raramente recebem alguma coisa de primeira mão. Quando não é uma mensagem pessoal, quase tudo chega por redirecionamento. Fora as piadas, as orações e as sacanagens, o que mais se vê hoje em dia são campanhas contra o confinamento. Mesmo não se conseguindo identificar o autor material da obra, sabe-se perfeitamente quem teve a ideia e a quem ela serve. Os objetos da sua ira são quase sempre os mesmos, com destaque para a mídia. Geralmente são ataques rasos e burros, mas ainda assim há militantes cegos que os distribuem.
Além da imprensa e de partidos de oposição a Bolsonaro, esse ódio alcança também os poderes Legislativo e Judiciário. A mais nova peça distribuída é a que indaga por que deputados e senadores não abrem mão de seus salários e suas vantagens por exercício de função e redirecionam esse dinheiro para o combate ao vírus. É ridículo, mas tem gente que acredita, sem fazer os devidos cálculos, que o volume de recursos (de alguns milhões de reais) que seria alcançado com a medida exótica poderia resolver a guerra (de muitos bilhões de reais) contra o flagelo.
Mais uma vez, não precisa ser gênio para saber quem produziu essa pérola e quais os instrumentos usados para a sua distribuição. São os de sempre, os que culpam Congresso, Supremo e imprensa pelo fracasso extraordinário de um dos piores e mais absurdos presidentes da História do Brasil. Como todo o material é distribuído por uma rede eficientíssima de robôs, mais cedo ou mais tarde essas barbaridades vão acabar em seu celular, encaminhados por membro desatento de um de seus grupos.
É verdade que de um lado as redes têm altíssimo valor nessa pandemia, sendo usadas pelos entes oficiais da saúde para se comunicar e por empresas para se conectar e atender aos seus clientes. Por outro lado, elas têm sido instrumento para difundir contrainformações que podem resultar até em mortes. O fato é que por isso as pessoas começam a se desligar. Pode ser difícil, para alguns será como mergulhar no mar numa noite escura. Mas um pouco mais de cuidado com o que se lê e com o que se compartilha não fará mal a ninguém. Em alguns casos, é melhor cair fora mesmo. Fonte: https://oglobo.globo.com
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Em Córdoba, moradores que infringem regras obrigatórias de isolamento recebem o castigo por pelo menos meia hora em praça pública
Paolla Serra
Na última semana, a prefeitura municipal de Tuchín, em Córdoba, na Colômbia, aumentou a punição aos moradores que desrepeitam as regras de isolamento social decretadas para evitar o avanço do novo coronavírus na região. Agora, aqueles que são flagrados vagando pelas ruas sem motivo, infringindo a quarentena obrigatória, podem receber o castigo de serem presos pelos pés em uma estrutura de madeira conhecida como cepo em uma das praças públicas da cidade.
"Aumentamos a base de força no município, juntamente com a Guarda Indígena, o Exército e a Polícia. Pessoas que não estão cumprindo as medidas obrigatórias de isolamento estão sendo punidas", explicou, em seu Facebook, o prefeito Alexis Salgado.
Na última semana, a prefeitura municipal de Tuchín, em Córdoba, na Colômbia, aumentou a punição aos moradores que desrepeitam as regras de isolamento social decretadas para evitar o avanço do novo coronavírus na região. Agora, aqueles que são flagrados vagando pelas ruas sem motivo, infringindo a quarentena obrigatória, podem receber o castigo de serem presos pelos pés em uma estrutura de madeira conhecida como cepo em uma das praças públicas da cidade.
"Aumentamos a base de força no município, juntamente com a Guarda Indígena, o Exército e a Polícia. Pessoas que não estão cumprindo as medidas obrigatórias de isolamento estão sendo punidas", explicou, em seu Facebook, o prefeito Alexis Salgado.
De acordo com Salgado, apesar de não utilizada há alguns anos, a medida é prevista em lei e já fazia parte da tradição do povo indígena Zenú, da qual a população de Tuchín é descendente. Ele explica que a aplicação desse tipo de sanção permite que os moradores mantenham sua identidade.
"Para preservar a estrutura institucional e respeitar os usos e costumes do povo Zenú, essa articulação está sendo realizada. Queremos ser um exemplo de respeito e demonstrar que, apesar da diversidade existente em nosso território, as instituições estão se unindo para proteger a saúde de todos", disse ao jornal local "El Tiempo".
O prefeito afirmou que, em poucas horas da aplicação do castigo, os resultados foram favoráveis e o tráfego de pessoas nas ruas diminuiu. "Se impusermos uma sanção econômica, a grande maioria não terá como pagá-la, mas se recorrermos a essas práticas típicas de sua cultura, as estamos fazendo com que cumpram as leis e mantenham vivas suas tradições.
Segundo o site oficial da Prefeitura, Tuchín tem cerca de 35 mil habitantes. Em uma entrevista a rádio local "Blue", o coordenador da Guarda Indígena Zenú, Misael Suárez, disse que no primeiro dia que o cepo foi usado para punir os que não estavam cumprindo a quarentena, pelo menos uma dúzia de pessoas tiveram os pés presos por meia hora numa espécie de "socialização". A intenção é aumentar o tempo desse castigo. Fonte: https://epoca.globo.com
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Jack Dorsey anunciou criação de fundo especial em seu perfil na plataforma
Jack Dorsey, um dos fundadores da rede social Twitter e da plataforma de pagamentos Square, anunciou nesta terça-feira (7) estar doando 1 bilhão de dólares (cerca de R$ 5,2 bilhões) para a luta contra o novo coronavírus.
Em seu perfil na plataforma, ele contou ter colocado o valor - que representa cerca de 28% de sua fortuna - em um novo fundo chamado Start Small ('Começar Pequeno', em inglês), que será usado inicialmente para fundar pesquisas sobre o Covid-19.
Depois do final da pandemia, caso sobre algum valor, Jack afirmou que redirecionará o investimento para a educação e saúde de jovens meninas ao redor do mundo.
Junto com o anúncio, ele compartilhou um arquivo onde é possível acompanhar como o dinheiro está sendo usado e o quanto ainda está disponível.
jack ainda explicou que resolveu tirar o valor de seus lucros com o Square e não o Twitter por ser dono de uma maior parte da empresa de pagamentos.
De acordo com o site TMZ, essa é a maior doação relacionada ao novo coronavírus feita até agora. Fonte: https://revistaquem.globo.com
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