Segundo a prefeitura, um deles é o vice-cacique Aldo Fernandes. Essa semana, 30 membros da aldeia, a maior do estado do Rio, já haviam sido diagnosticados com a doença.

 

Por G1 Sul do Rio e Costa Verde

Mais dois indígenas são internados com suspeita de coronavírus em Angra dos Reis

Mais dois indígenas da aldeia Sapukai, em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro, foram internados com suspeita de coronavírus. Eles deram entrada na Santa Casa, Centro de Referência da Covid-19 na cidade, na quinta (25) e sexta-feira (26).

Segundo a prefeitura, um deles é o vice-cacique Aldo Fernandes. Ele já estava sendo monitorado por equipes da Secretaria Municipal de Saúde por ter doença pré-existente e por ter tido contato com outras pessoas da aldeia que testaram positivo para o coronavírus. Ao apresentar os sintomas, foi levado para o Centro de Referência.

Essa semana, 30 membros da aldeia Sapukai, a maior do estado do Rio, já haviam sido diagnosticados com a doença. Dentre eles, o caso mais grave era o do cacique Domingos Venite, de 69 anos. Ele também está internado no Centro de Referência e continua em estado grave, respirando com a ajuda de aparelhos.

“A Prefeitura de Angra, por meio da Secretaria de Saúde, informa que todas as ações em saúde necessárias são realizadas de forma responsável e incansável na Aldeia Sapukai, com estratégias específicas respeitando a realidade cultural local”, diz a nota do governo municipal.

Atualmente, cerca de 500 índios da tribo guarani vivem na aldeia Sapukai, que fica localizada a cerca de 6 km da BR-101 (Rodovia Rio-Santos), na região de Bracuí. A comunidade vive em uma área montanhosa cercada por Mata Atlântica.

Em abril, o G1 mostrou como as aldeias da Costa Verde do Rio, dentre elas a Sapukai, estavam fazendo para respeitar as restrições de isolamento e tentar evitar o contágio do coronavírus. Fonte: https://g1.globo.com

No vídeo, Maycon e Cristiane, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, de Angra dos Reis/RJ- Diocese de Itaguaí.  

NOTA: DIA INTERNACIONAL DE COMBATE AS DROGAS (ou Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas ), é celebrado mundialmente no dia 26.06. Anualmente a ONU, através do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC) dá ênfase à Campanha Internacional de Prevenção às Drogas. 

A data foi definida pela Assembléia Geral da ONU através da Resolução 42/112 de 7 de Dezembro de 1987, implementando recomendação da Conferência Internacional sobre o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, realizada em 26 de Junho do mesmo ano, ocasião em que se aprovou o Plano Multidisciplinar Geral sobre Atividades Futuras de Luta contra o Abuso de Drogas.

A Coordenadoria de Politica de Drogas – Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania – PMSP, com apoio do Vereador Aurelio Nomura, promove a celebração desse evento mundial, com palestrantes internacionais inclusive, objetivando esclarecer e atualizar a comunidade nacional no assunto DEPENDÊNCIA QUIMICA. Fonte: https://www.uniad.org.br

Caso alerta para contaminação nas aldeias do sul do estado; entidades indígenas apontam falhas nos dados oficiais

 

Eduardo Miranda e Mariana Pitasse

Há mais de 10 dias apresentando sintomas da covid-19, o cacique de uma aldeia indígena de Angra dos Reis, na região sul fluminense, e que prefere não ter o nome divulgado, foi internado em estado grave na última terça-feira (23). Ele está entubado e permanece no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Centro de Referência Covid-19 montado na cidade. A aldeia, com aproximadamente 500 habitantes, já tem 30 casos confirmados da doença, segundo dados da Prefeitura de Angra. 

Apesar de estar fora da região metropolitana, que é a mais atingida pelo novo coronavírus, Angra dos Reis é uma das cidades que reúne mais casos de covid-19 em todo o estado do Rio de Janeiro, somando 2.239 casos confirmados e 78 óbitos, até esta quinta-feira (26). O município está atrás apenas da capital fluminense, de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Duque de Caxias. Além disso, a região da Baía da Ilha Grande, que engloba os municípios de Angra, Mangaratiba e Paraty, apresenta a maior carência de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), equipamentos e profissionais, proporcionalmente ao tamanho da população local no estado. 

Nas redes sociais, Arundo Terceiro, que é técnico de saúde mental do município e membro da ONG Centro de Integração Valorização e Ajuda (Iva), denunciou a prefeitura por não ter realizado o teste da covid-19 quando o cacique procurou uma unidade de saúde pública há 10 dias já com sintomas da doença.

“Ele me disse por telefone, três dias atrás, que esteve na tenda com os sintomas e não foi feito o exame nele. Agora, ele está entubado. Isso é negligência, é crime! Estamos à beira de uma tragédia em Angra e a Prefeitura tem a obrigação de levar um contingente para fazer exames em todos da aldeia”, afirmou Arundo.

Em nota, a Prefeitura de Angra dos Reis disse que os casos na aldeia estão sendo acompanhados e monitorados pelo Departamento de Saúde Coletiva e confirmou a informação de Arundo, de que o cacique procurou atendimento no último dia 14, mas “inicialmente resistiu às orientações dos profissionais, pois estava aguardando o término do ritual de pajelança”. 

“Os pacientes com síndrome gripal são tratados profilaticamente, com os testes para covid agendados para o 10º dia, e os doentes crônicos recebem atenção especial. As equipes de saúde visitam as famílias constantemente, dando todo o suporte para a população indígena”, diz trecho da nota.

 

Covid em territórios indígenas

Em todo o Brasil, estima-se que 365 indígenas tenham morrido em decorrência do novo coronavírus e haja 8.428 casos confirmados da doença. Mas de acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), as informações que vêm sendo divulgadas pelas secretarias estaduais de Saúde não correspondem a essa realidade.

Segundo a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ligada ao Ministério da Saúde, até a última segunda-feira (22), o número de óbitos era de 128. Mas o Comitê Nacional de Vida e Memória Indígena, que compila os dados da Apib, informa que até o dia 22, somavam 250 mortes se forem levadas em conta as subnotificações.

Segundo Aline Rochedo Pachamama, do Povo Puri da Mantiqueira, originário da região sudeste do país, os meios de proteção e isolamento não chegaram às comunidades indígenas, muitas localizadas próximas aos centros urbanos. 

“A covid avança para todos, mas de forma mais intensificada nas aldeias. Muitas dessas pessoas nunca tomaram outras vacinas e agora estão tendo que lidar com um vírus que vai muito além de outros que já tivemos contato. Então, a gente está no luto constante e luta constante contra esse genocídio. Desde janeiro, estamos fazendo denúncias sobre as invasões, as presenças de garimpeiros, grileiros. Não precisamos de tutela, mas que nossos direitos sejam garantidos. Está na constituição, salvaguardar os povos e os territórios indígenas. Isso não é um pedido, é uma exigência e deve ser cumprida”, afirma.

De acordo com Aline, os apelos feitos pelas comunidades antes que a pandemia chegasse ao país não foram levados em consideração pelos governos.  “A gente fala com muita emoção. Temos recebido todos os dias notícias de mortes dos nossos parentes, da região sudeste, norte, nordeste, do sul, as pessoas estão morrendo, sem atenção. Não tem patrimônio mais importante nesse país do que a vida dos povos originários. Essa pandemia veio para trazer um alerta e as pessoas ainda não entenderam esse grito da terra, da mãe, natureza, da floresta”, conclui. Fonte: https://www.brasildefatorj.com.br

Com a pandemia, comunidade depende de doações para se alimentar

 

Felipe Grinberg

RIO — Líder indígena Guarani Myba em Angra dos Reis, o cacique Domingos foi internado nesta terça-feira com coronavírus. Ele foi internado no CTI, onde recebe suporte de oxigênio, segundo a prefeitura. Em toda a cidade já foram confirmados 76 mortes e 1.395 casos de Covid-19.

Domingos foi diagnosticado com o vírus há cerca de duas semanas, mas sua situação clínica piorou na segunda-feira, quando começou a sentir falta de ar. Ele é um dos 30 casos de Covid-19 na aldeia que já foram confirmados pelo município. São cerca de 500 pessoas morando na região, sendo dividia em cinco grandes famílias.

O cacique e os outros diagnosticados estavam sendo acompanhados por uma equipe de saúde que atua diariamente na comunidade. A orientação, segundo os indígenas, foi que eles permanecessem isolados em casa. Apenas Domingos evoluiu para um caso mais grave, sendo preciso o atendimento em um hospital. Quando começou a sentir falta de ar, o líder chegou a pensar em realizar uma "pajelança" — ritual em busca de cura, mas foi convencido a procurar ajuda antes disso.

O técnico de saúde mental Arundo Terceiro publicou um vídeo em suas redes sociais nesta terça-feira afirmando que cacique contou a ele ter procurado ajuda no domingo já com os sintomas, mas havia sido orientado em continuar em casa. Ao GLOBO, Terceiro, que é voluntário de uma ONG que atua na aldeia, contou que o líder indígena estava aborrecido com a situação: — Ele me ligou e contou ter procurado a tenda mas tinham dito apenas para ele ficar em observação. Estava aborrecido com a situação — diz.

O cacique Domingos foi o primeiro agente de saúde na aldeia Sapukai, ainda na década de 1990. Depois também trabalhou como motorista e se aposentou há pouco tempo. Com mais de 60 anos, Domingos é o dono de um dos três carros da aldeia, e por isso vai frequentemente ao centro de Angra, para fazer compras e levar outros índios até o banco para receber os benefícios governamentais que têm direito.

Em uma rede social, a prefeitura de Angra dos Reis publicou uma nota afirmando que o cacique "resistiu ao tratamento indicado pela Secretaria de Saúde, pois estava aguardando o término do ritual de pajelança". O município também afirmou que tem acompanhado toda a população da aldeia.

 

'Sem doações, não teríamos comida', conta liderança

O indígena e mestre em Linguística Algemiro da Silva contou ao GLOBO que no começo da pandemia muitos tiveram dificuldade de entender ou de acreditar que a doença chegaria na aldeia. Mas aos poucos a comunidade foi aceitando melhor e atualmente o dia-dia da aldeia está bastante afetado. A internação do cacique, segundo ele, assustou ainda mais os indígenas.

— Demos a orientação para evitar alguns rituais e outras atividades que poderiam aumentar o contágio. Sabíamos que alguns precisam ir na cidade e poderiam levar o vírus para a aldeia. Mas a internação do cacique assustou a todos — conta.

Ele ainda explica a importância dos rituais para a cultura:

—  Temos a pajelança na aldeia, tem danças, cantos, faz parte da cultura. Temos também o hábito de estarmos sempre juntos. Mas orientei a não fazerem mais e muitos seguiram. A maioria que pegou a Covid está se recuperando bem.

Algemiro ainda explica que a aldeia sobreviva muito da venda de artesanato voltada ao turismo. Com as medidas de isolamento social, os indígenas ficaram seu um dos maiores pilares de rendimento. Ele ainda critica a falta de apoio da Funai, que, desde março, enviou apenas 55 cestas básicas para as 100 famílias.

Foi montada então uma rede online para arrecadar doações para a compra de cestas básicas. Um grupo de WhatsApp foi criado para receber todos os comprovantes de doação, afim de dar mais transparência. Já são mais de 200 participantes. Nesta quinta-feira deve ser entregue a quarta leva comprada com o dinheiro arrecadado:

— Esta iniciativa foi muito bacana porque sem essa rede, não teríamos nenhuma comida na aldeia. Com o arrecadado conseguimos comprar o básico para sobreviver— conta.

Procurada na madrugada desta quinta-feira, a Funai ainda não se pronunciou. Fonte: https://oglobo.globo.com

Atualmente, cerca de 500 índios da tribo guarani vivem na aldeia Sapukai. Cacique Domingos Venite, de 69 anos, respira com ajuda de aparelhos.

 

Por G1 Sul do Rio e Costa Verde

Uma aldeia indígena localizada em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro, tem 30 casos confirmados do novo coronavírus. A informação foi divulgada pela prefeitura na noite desta quarta-feira (24).

O caso mais grave é o do cacique Domingos Venite, de 69 anos, que está respirando com ajuda de aparelhos no CTI do centro de referência para tratamento de pacientes com Covid-19, montado dentro da Santa Casa.

Segundo a prefeitura, ele apresentou os primeiros sintomas no dia 14 de junho. Na terça-feira (23), Domingos começou a apresentar falta de ar e foi internado imediatamente.

Atualmente, cerca de 500 índios da tribo guarani vivem na aldeia Sapukai, que fica localizada a cerca de 6 km da BR-101 (Rodovia Rio-Santos), na região de Bracuí. A comunidade vive em uma área montanhosa cercada por Mata Atlântica. Fonte: https://g1.globo.com

No vídeo, o Frei Petrônio de Miranda, O. Carm- Direto da cidade de Angras dos Reis/RJ- fala sobre a Semana Nacional de combate as Drogas. Nota:  Com a temática “Sobriedade, compromisso de amor” e o lema: “Amai-vos, também uns aos outros” (João, 13,34), a Pastoral da Sobriedade, organismo vinculado a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

 

Bate Papo com Maycon e Cristiane, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, de Angra dos Reis/RJ- Diocese de Itaguaí.

 

PASTORAL DA SOBRIEDADE EMITE NOTA POR OCASIÃO DA SEMANA NACIONAL SOBRE DROGAS

 

Com a temática “Sobriedade, compromisso de amor” e o lema: “Amai-vos, também uns aos outros” (João, 13,34), a Pastoral da Sobriedade, organismo vinculado a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), celebra de 19 a 26 de junho a Semana Nacional Sobre Drogas.

Neste período, instituições que trabalham com a prevenção ao uso do álcool e outras drogas realizam diversas atividades e campanhas com o intuito de diminuir os riscos e prejuízos que o uso abusivo dessas substâncias possa oferecer ao indivíduo e à sociedade.

Por causa da realidade do isolamento social, a Pastoral da Sobriedade tem feito encontros virtuais para continuar dando apoio aos que enfrentam esse desafio do vício, além de emitir uma nota que traz reflexões sobre a prevenção e os males que a dependência química pode causar.

No texto, a pastoral faz alguns questionamentos como: Qual seria o papel da nossa Igreja diante desse cenário, no qual o Brasil faz parte? O que de fato estamos contribuindo para chegar antes da dependência ser instalada em nossas famílias? Como diminuir o quadro de vulnerabilidade presente na nossa Comunidade, Cidade, Diocese?

A nota chama a atenção ainda para a urgência da atuação no trabalho de prevenção ao uso abusivo de álcool e outras drogas nas comunidades, fortalecendo os fatores de proteção para assim diminuir os fatores de risco do consumo.

“A Pastoral da Sobriedade, Organismo da CNBB, com mais de 1.400 grupos de autoajuda no Brasil tem sido uma das respostas concretas na Prevenção e Recuperação, com uma ação missionária junto às famílias que sofrem decorrente do uso de álcool e outras drogas”, destaca o documento.

Dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), mostram que, globalmente, em torno de 35 milhões de pessoas sofrem de transtornos ocasionados pelo uso de drogas e necessitam de tratamento.

“A pesquisa realizada com dados novos e mais precisos revelaram que as consequências adversas para a saúde, decorrentes do uso de drogas, são mais severas e generalizadas do que se pensava anteriormente”, diz o a nota

Assinada pela Coordenadora Nacional da Pastoral da Sobriedade, Denise Ferreira de Souza Ribeiro, a nota ressalta a importância da campanha e pede que seja realizada campanha de reforço de vínculos familiares e afetivos. “Resgatem a JUVENTUDE que sempre foi estabelecida como prioridade na maioria de nossas dioceses. Cativem as crianças, conheçam seu universo, reforcem sua autonomia, estabeleçam papeis paternos claros com limites e valores éticos. Divulguem informações que promovam conhecimentos e não mitos. Somos o maior canal de PREVENÇÃO; façamos a nossa parte”, reforça a o texto. Fonte: http://cnbbne2.org.br

Câmera e reportagem: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Convento do Carmo. 20 de junho-2020. Divulgação: www.instagram.com/freipetronio

Pra onde você vai seu corona?

 

Letra e música, Frei Petrônio de Miranda, O. Carm

Convento do Carmo, Angra dos Reis/RJ.

Violão e voz: Edson, Basílica do Carmo, São Paulo

(Se alguém desejar gravar vídeos, áudios, fazer animação, fiquem a vontade! Vamos juntos combater o “seu corona” e lutar pela vida)

 

1-Seu corona, seu corona, pra onde você vai. Seu corona, seu corona, nesta casa você não cai. Não cai!

 

Xô seu corona, xô seu corona, nesta casa você não cai. Não cai!

 

2-Seu corona saiu da China, e começou a viajar, com água e sabão, nas minhas mãos ele não vai ficar.

 

3-Os políticos do Brasil, do seu corona começaram a gostar, desviaram o dinheiro da saúde, e os doentes começaram a gritar.

Ministério Público do Trabalho reúne relatos de motoboys na pandemia

Ideia é reativar debate sobre a sustentabilidade da profissão e o vínculo de trabalho com os aplicativos

 

Capacete O Ministério Público do Trabalho finalizou nesta quinta-feira (18) os detalhes de uma campanha sobre o impacto do coronavírus na vida dos entregadores de aplicativos de delivery. A ideia, segundo a expectativa do órgão, é fomentar o debate sobre a sustentabilidade da profissão, que ganhou luz na quarentena. O projeto, que tem cinco filmes e fala do risco de contaminação dos motoboys, chega na esteira do movimento de boicote aos apps organizado pelos entregadores.

Contágio Os vídeos reúnem relatos de ciclistas e motoboys que passaram a trabalhar com os aplicativos depois de perderem o emprego com carteira assinada. Eles falam do medo de contrair a doença e contam a história de familiares com quem dividem moradia e que pertencem aos grupos de risco do coronavírus.

Garupa Também se queixam da remuneração oferecida pelas donas dos apps e dizem que o excesso de oferta de mão de obra no ramo aumentou a concorrência e escasseou as corridas.

Pista Os vídeos foram filmados em parceria com a Unicamp e o UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas)​ e começam a circular nesta sexta (19), no mesmo dia em que o MPT terá audiências de tentativas de conciliação com algumas das maiores empresas de delivery sobre as medidas de proteção dos entregadores contra a Covid-19.

Engarrafamento Quem atua no projeto diz acreditar que o novo debate sobre a categoria pode resgatar a questão do vínculo de emprego tratada em ações ajuizadas ao longo dos últimos dois anos.

 

com Mariana Grazini

Jornalista, Joana Cunha é formada em administração de empresas pela FGV-SP. Foi repórter de Mercado e correspondente da Folha em Nova York.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Teresa Cristina é a melhor companhia para as noites de tédio da quarentena

 

ARTUR XEXÉO

O isolamento mexeu com a linguagem do audiovisual. A sofisticação e o requinte técnico não combinam com o distanciamento social. A precariedade de recursos e a simplicidade são o novo normal. A nova estética fica evidente ao se comparar qualquer clipe que Anitta tenha produzido no ano passado e as laives que ela protagonizou nos últimos meses. Alguns sertanejos até têm procurado aparentar uma riqueza que, no ar, fica constrangedora. Bom mesmo é ver Ivete Sangalo de pijama brincando na cozinha com o filho e o marido e Roberto Carlos não pedindo para repetir quando erra a letra (ou o tom) de alguma canção. A criatividade está em alta, e a pandemia já criou suas primeiras estrelas.

Algumas dessas estrelas parecem se inspirar no passado, no tempo da televisão ao vivo e em preto e branco. Quando Paula Lavigne libera em seu perfil no Instagram os vídeos que faz em casa com Caetano Veloso, é impossível não se lembrar de “Alô, doçura!”, um dos maiores sucessos do primeiro decênio da TV brasileira. Estrelado por Eva Wilma e John Herbert, que eram casados como Paula e Caetano, “Alô, doçura!” mostrava, uma vez por semana, a intimidade de um par romântico. Eles interpretavam personagens diferentes em cada episódio. Esta é uma das diferenças para o Instagram de Lavigne. Agora, ela é sempre Paula, ele é sempre Caetano. Mas talvez sejam personagens. Ela nunca aparece, a voz surge em off, faz perguntas sem parar. Caetano, muitas vezes de pijama, come paçoca e defende a revalorização da princesa Isabel. Paula insiste para ele fazer uma laive. Às vezes, fica a impressão de que ela é insistente demais, ele parece não fazer questão de esconder a impaciência. Mas ela o chama de “papito” e está sempre reiterando o amor entre os dois. Ele desconversa. É o “Alô, doçura!” da pandemia.

Outra estrela destes tempos é Marcelo Adnet. O comediante chegou na Globo coberto de expectativas devido ao sucesso que fazia na MTV. Mas só agora conseguiu a carência de recursos que faz com que seu brilho seja ampliado. “Sinta-se em casa!”, o programete diário que comanda no GloboPlay, é a melhor crônica desses dias de pandemia. Adnet explica a política de hoje com tanta sabedoria quanto um comentarista da GloboNews, mas com mais humor. As imitações de Adnet ajudam a gente a enfrentar a difícil tarefa de entender o país.

Mas o maior sucesso de todas as laives é a de Teresa Cristina. A cantora apresenta um programa temático diário no qual canta a capela e recebe convidados. Carismática e divertida, ela usa o Instagram para inserir seu nome na lista de divas da MPB que faziam o mesmo na televisão, como Elis Regina e Elizeth Cardoso. Ela aperta os olhos e entrega a miopia ao tentar ler os nomes dos seguidores que estão chegando, aproxima-se demais da câmera, perdendo o ângulo certo, mas isso faz parte da graça. Teresa Cristina é a melhor companhia para as noites de tédio da quarentena.

Numa época da qual a gente vai levar tantas más recordações, é bom saber que tem gente produzindo boas lembranças pra gente ter no futuro. Fonte: https://oglobo.globo.com

Mais de 900 toneladas de alimentos e, ao todo, 260 mil pessoas beneficiadas no Brasil.

 

Esses são os resultados da Ação Solidária Emergencial da Igreja no Brasil “É Tempo de Cuidar”, uma iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Cáritas Brasileira, que está prestes a completar dois meses de atuação.

Os itens arrecadados visam atender demandas de primeira necessidade das pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade social, afetadas pelo contexto de pandemia do coronavírus. Segundo o balanço realizado na última segunda-feira, 08 de junho, pelo Comitê Gestor da Ação Solidária Emergencial, entre as doações estão 979.437 quilos de itens alimentícios e 119.819 unidades de kits de higiene e limpeza.

As arrecadações são distribuídas às comunidades mais vulneráveis que tiveram sua renda extremamente afetada. São beneficiados desempregados, migrantes e refugiados, população em situação de rua e comunidades carentes. Para distribuição, cada diocese mapeia os beneficiários a partir das realidades mais críticas e que precisam de atenção maior de cada comunidade.

Até o momento, segundo o balanço, foram também arrecadados mais de 50 mil unidades de roupas e calçados e mais de 145 mil unidades de alimentos prontos para consumo. A arrecadação de equipamentos de proteção individual já ultrapassa a marca de mais de 55 mil unidades.

 

Some-se à essa mobilização

Apesar dos números positivos e do engajamento de várias comunidades em torno da Ação, muitas famílias ainda continuam desassistidas. Por isso, a CNBB e a Cáritas Brasileira mantêm a mobilização solidária enquanto durar os impactos sociais gerados pela pandemia. A Igreja Católica no Brasil, seguindo seu histórico de presença solidária na vida das pessoas empobrecidas, quer assim minimizar os impactos da crise e fortalecer as muitas famílias afetadas pela pandemia.

Para conhecer mais a Ação Solidária Emergencial e fazer parte desse movimento de solidariedade, acesse o passo-a-passo no hotsite “É Tempo de Cuidar”. Outras informações sobre a Ação Solidária estão sendo veiculadas no Facebook e Instagram da CNBB (@CNBBnacional) e da Cáritas Brasileira (@CaritasBrasileira). Fonte: https://www.cnbb.org.br

Diz o provérbio popular, "Quem fica parado é poste"! Se esta é de fato uma grande verdade, vamos então nos movimentar. Ah! Aqui deixo a minha solidariedade aos profissionais de educação física que até agora não foram contemplados pelos nossos administradores e infelizmente continuam sem exercer a profissão como consequência do coronavírus. Esperamos que esta situação se resolva o mais rápido possível. Estamos juntos nesta luta! Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 9 de junho-2020. www.instagram.com/freipetronio

Covid-19 fecha bordel em Caicó (RN); transmissão ao vivo mobiliza diferentes partes do Nordeste

 

Roberto de Oliveira

SÃO PAULO

 

As meninas do Cabaré Sol e Lua, na pequena Caicó, sertão potiguar, despiram-se dos trajes sensuais e deram um até logo à pista de striptease e aos quartinhos de sexo. Desempregadas por causa da pandemia, abandonaram a cidade. A dona do bordel, responsável pelo empreendimento, percebeu que tinha de fazer alguma coisa para salvar o negócio e as meninas. Ela apostou na solidariedade e pôs no ar uma live que, direcionada aos frequentadores da casa, evocava a memória de momentos mais felizes.

No vídeo, Ariana Maia Saldanha, 46, conhecida desde garotinha como Lilia Saldanha, vai direto ao ponto: é hora de ajudar as meninas que o novo coronavírus tirou da cena.

Enquanto fala sem rodeios das dificuldades, uma morena voluptuosa, de trejeitos sensuais, faz poses, caras e bocas. É a Michelle (nome artístico) que se enrosca no poste num momento pole dance ao som do hit “Amor de rapariga”: “Amor de rapariga não vinga, não/ não tem sentimento/ não tem coração”.

A repercussão do vídeo, de uma hora 34 minutos de duração, transmitido na noite de 3 de maio no canal da empresária no YouTube, com mais de 164 mil visualizações, surpreendeu Lilia Saldanha.

A produção foi além do Nordeste e conquistou a simpatia até mesmo de um juiz de Brasília, provando que amor de rapariga pode, sim, tocar o coração. Popularidade e solidariedade, de braços dados, amealharam doações suficientes para amparar as profissionais e também um lar de idosos e uma das igrejas locais, aos quais Lilia destinou uma parte dos recursos.

A transmissão ao vivo do Cabaré Sol e Lua arrecadou R$ 12 mil, meia tonelada de alimentos e produtos de higiene e 108 cestas básicas, mostrando que, no anonimato, também pode existir muita solidariedade. Lilia percebeu que estava no caminho certo e decidiu usar seu talento para criar uma segunda live – agora, com clima de festa junina e acessível em Libras –, prometida para ir ao ar neste domingo (7).

A empresária Ana Claudia Vale, 30, com quem Lilia é casada há seis anos, ajudou a viabilizar o projeto. "Em tempos tão difíceis, a live serviu para mostrar solidariedade e compaixão."

Pela primeira vez em 16 anos, o Cabaré Sol e Lua interrompeu suas atividades. Ali chegaram a trabalhar simultaneamente 25 garotas, que cobravam de R$ 150 (para fazer um strip) a R$ 300 (para ir às vias de fato).

"Cabaré que eu não mando, eu fecho", avisa Lilia. "As meninas tiveram que voltar para suas cidades no começo de abril", lembra. "Muitas não tinham o que comer, me ligavam pedindo ajuda."

Dona do prostíbulo, Lilia também é vereadora pelo PP, que faz parte do centrão, bloco de partidos que apoia o governo em troca de cargos e verbas do Executivo. Ela ainda preside a Câmara de São José do Brejo do Cruz, cidade paraibana a cerca de 70 km de Caicó.

Na transmissão ao vivo, Lilia aparece sentada, anunciando marcas de “patrocinadores”, como a Granja Caicó, o Bar do Macaco e o Armazém Paulino, que doaram cachaça, álcool em gel, ovos, pizza, pastel, tábua de frios, entre vários outros itens.

Casada, mãe de três filhos, a empresária Gislana Maia, 41, dona de 14 óticas em Natal (RN) e Fortaleza (CE), destacou-se entre os doadores, ao fazer chegar à casa do prazer meia tonelada de alimentos e produtos de higiene. Gislana faz questão de declarar a origem das doações: "Foram mães de família e pais empresários bem casados os que mais doaram". Reconhece que "as pessoas têm um certo preconceito, mas agora é hora de ajudar". Queixa-se, porém, de que a live foi tirada do ar bem na hora em que, nas palavras dela, “estava mobilizando multidões”.

Nas redes sociais, houve quem tenha classificado o YouTube de "cabarefóbico".

Neste momento, em que equipes foram reduzidas devido à pandemia, informa o canal de vídeos, o serviço conta mais com a tecnologia para ajudar na revisão de conteúdo, o que pode resultar tanto em remoções acidentais, que não violam suas políticas, quanto em maior demora para retirar vídeos que as infrinjam.

"Não infringimos norma alguma", responde Ana Claudia. Segundo ela, o canal do cabaré saiu do ar por volta das 20h45 e só retornou depois das 2h do dia seguinte. "Chegou a ter 7.000 visualizações simultâneas antes de cair."

Prova de que o vídeo não ofendeu a moral e os bons costumes é o que diz o advogado Lucas Santos de Medeiros, 24, católico fervoroso: "Vi com bons olhos a live. É um ato de generosidade", lembrando que a dona do cabaré repassou muitas doações às irmãs clarissas do mosteiro, que vivem na clausura.

Medeiros, que nunca faltava à missa das 7h, no Mosteiro Nossa Senhora de Guadalupe, foi obrigado a abster-se da prática religiosa e agora anda preocupado com a sobrevivência das freiras, pois elas dependem de donativos.

Procuradas, as irmãs não quiseram comentar, por telefone, as doações vindas da live do cabaré.

A rede de solidariedade na pequena Caicó, de 68 mil habitantes, também não deixou de fora os animais sem dono. O agrônomo e veterinário Júlio César Fernandes de Azevedo, 37, conta que, antes de a live entrar no ar –diga-se, totalmente improvisada–, havia muita descrença nos resultados, mas, no fim, veio a surpresa positiva: "Os animais de rua ganharam 800 kg de ração".

Na avaliação do representante comercial Hudson Santos, 36, nascido ali, mas morador da capital, Natal, os bons frutos eram esperados, pois, segundo ele, o caicoense é um povo bastante solidário. “Mobilizou famílias, religiosos. Não teve preconceito. A gente abraçou a causa", diz.

Quem assistiu à transmissão até os instantes finais pôde ouvir fortes batidas nas portas do bordel. Era uma prostituta que, de passagem pela rodovia RN-288, escutou, abafada pelas paredes do lupanar, a inconfundível voz de Reginaldo Rossi, que entoava o clássico “Garçom”, hino dos cabarés Brasil adentro. Imaginou que o Sol e Lua estivesse a todo o vapor, funcionando às escondidas, em plena quarentena e se apresentou ao trabalho.

Para evitar bafafá, o ambiente da transmissão deste domingo pode até lembrar o de uma boate, mas vai ser cenário, montado longe do cabaré, em um endereço guardado a setes chaves. Fonte: https://www.folha.uol.com.br

 

Sônia Andrade, criadora do projeto A Casa é Nossa

Zô Guimarães/UOL

 

LOLA FERREIRACOLABORAÇÃO PARA O UOL, DO RIO

O novo coronavírus chegou ao Brasil e escancarou algumas questões já conhecidas. Com a necessidade de isolamento social e o fechamento da maioria do comércio, milhões de trabalhadores se viram com as geladeiras vazias.

A principal medida de apoio a esses cidadãos é o auxílio emergencial, aprovado pelo governo federal e disponibilizado por meio da Caixa Econômica. No valor de R$ 600 cada parcela, o acesso ao benefício depende de uma série de fatores, entre eles os documentos civis básicos regularizados. Segundo o governo, houve 19 milhões de pedidos de regularização de CPF desde 17 de março. Mas alguns brasileiros já tinham descoberto a necessidade de regularização bem antes: aqueles que foram atendidos há alguns anos pelo projeto A Casa é Nossa, de Sônia Andrade.

Criado há 14 anos, o projeto é um sonho realizado de Sônia, registradora pública do Cartório do 6º Ofício de Registro de Títulos e Documentos do Rio de Janeiro. A ideia inicial era simples e fundamental: entregar aos moradores de favelas do Rio de Janeiro o título de posse de suas casas. Em áreas onde a regularização fundiária é uma exceção, e não regra, o projeto já auxiliou cerca de 10 mil famílias cariocas.

O impacto direto é o título de posse, o primeiro passo para que famílias consigam regularizar o imóvel em que residem. Com ele em mãos, o dono da casa já garante uma herança aos seus filhos e pode receber indenização caso haja desapropriação para obras públicas. O impacto indireto é a regularização dos documentos pessoais, como RG e CPF, necessários para a obtenção do documento emitido pelo projeto.

Ao longo de todo o mês de maio, Sônia recebeu alguns vídeos de agradecimento: "Conseguimos o auxílio emergencial sem maiores problemas", disse uma moradora da Vila Kennedy, zona oeste do Rio.

 

Pelos becos e vielas

A primeira vez que Sônia pisou em uma favela para levar o "A Casa é Nossa", encontrou resistência.

Na favela do Cantagalo, no Rio, que tem cerca de 20 mil moradores, somente cinco famílias foram à tenda que ela montou para apresentar o projeto. Sem entender a resistência em terem um documento que só poderia ser positivo, ela questionou um morador, que explicou: antes, grupos políticos estiveram na comunidade, levaram os documentos dos moradores e nunca mais voltaram.

"Somente quando eu entreguei o documento, em 24 horas, eles acreditaram no trabalho", relembra Sônia. De lá para cá, já foram 14 anos. E logo as cinco famílias tornaram-se 300, 900 e hoje, mais de 9 mil. Além do Cantagalo, foram também o Complexo do Alemão, de Manguinhos e a Ladeira dos Tabajaras, entre outras comunidades.

Mas Sônia não nasceu em uma favela, e talvez por isso a sua inserção não tenha sido automática. Só que o desejo antigo de um exercício responsável da profissão em que se formou, o Direito, a impulsionou a não desistir no primeiro dia.

A ideia do projeto surgiu logo quando assumiu o cartório do 6º ofício. Na época, pensou que era a hora de colocar em prática esse lado mais humano, em uma escala maior. Ela sabia que seria difícil, porque a instituição "cartório" não figura entre as preferidas da sociedade em geral. Há um estereótipo negativo, ela acredita.

O grande desejo de alcançar muitas pessoas não acompanhou as poucas limitações técnicas do início. Antes, cada morador fazia a medição de sua própria casa, o que gerava um trabalho duplo de Sônia. Com o passar do tempo, uma equipe técnica foi criada e a retificação das plantas das casas virou história para contar.

Eu tinha que fazer com que as pessoas olhassem o cartório como um grande instrumento de defesa da sociedade. Conversei com a defensora pública e apresentei essa vontade de fazer um projeto em que eu pudesse beneficiar muitas pessoas. E a minha ideia era esta: garantir a moradia das pessoas através da segurança jurídica

Para aperfeiçoar o projeto, foram e são necessárias muitas visitas às favelas e muito contato direto com as associações de moradores. Nos últimos 14 anos, teve de explicar inúmeras vezes a importância de um documento que comprove a posse do imóvel. E se a regularização dos documentos impactou a saúde em meio a uma pandemia, ela também já tinha feito algo similar já naquela época.

"Contei qual era a importância daquele documento para que eles pudessem ter uma regularização fundiária, com uma prova justa, inequívoca e com validade contra terceiros. Ao entregar o documento, eu pensava estar entregando um simples papel. Mas depois desse papel vieram os parcelamentos em lojas de móveis e material de construção, por exemplo. Antes, eles não tinham provas concretas de moradia."

Com a possibilidade de melhoria estrutural das casas, ela ouviu dezenas de histórias de imóveis que não tinham janelas, porque não tinham como arcar com a obra, e depois da organização dos documentos, a obra ficou mais fácil. "Isso também é melhorar a qualidade da moradia", diz. Casas com boa ventilação protegem mais os moradores de doenças respiratórias, como tuberculose. E, atualmente, a recomendação é a mesma para a covid-19.

 

Na pandemia, quem não via, teve de abrir os olhos

Essa proximidade com as comunidades têm sido ainda mais importante durante a pandemia. Além da ajuda para que as famílias tenham acesso ao auxílio, Sônia também arrecadou valores para distribuir alimentos para algumas das comunidades que atendeu. Agora, ela espera que essa mobilização em prol das favelas se mantenha ao fim da crise.

"Quem não enxergava essas pessoas, teve que enxergar. Eu espero que os governos comecem a ter mais ações de forma preventiva. Vamos fazer ações de forma que a gente possa resgatar a dignidade dessas pessoas", diz.

Nilton do Carmo Bernardino, de 62 anos, é um dos moradores da comunidade Mata Machado que conseguiu o título. Atualmente de licença médica, ele conta que o processo foi bem rápido e que o documento está bem guardado. Orgulhoso, exibe as chaves da casa que, agora sim, é efetivamente sua. Em posse do documento há pouco mais de seis meses, ele conta que tem planos futuros e que pretende usufruir da segurança que, agora, ele tem.

Para Sônia, histórias como a de Nilton justifica os anos dedicados ao projeto. "Vale a pena trabalhar se colocando no lugar do outro. Eu consigo visualizar a angústia das pessoas em não terem acesso a determinados documentos. Eu queria desmistificar a questão do cartório, e hoje as comunidades veem no cartório um grande aliado, mas vejo que o resultado foi bem maior", afirma.

Atualmente, A Casa é Nossa está em todas as regiões do Rio de Janeiro, com objetivo de expansão para outros estados. Quando recebeu a reportagem, em 12 de março, Sônia havia voltado de uma rápida viagem a São Paulo: era o início de uma parceria com a prefeitura da capital paulista. A construção do seu legado, ela analisa, passa pelo bem-estar de quem é atendido pelo projeto.

"Eu não quero ser política, ser artista, eu quero ser uma pessoa que trabalha pela questão humanitária do país. Só através da questão humanitária vamos mudar a realidade desse país. Se as pessoas não olharem para o lado humanitário, a realidade não muda. As pessoas têm que ter acesso a pequenas coisas que mudem de verdade a vida delas."

 

Importância da moradia

Quando decidiu criar o projeto e o Instituto Novo Brasil pelo Brasil Solidário, Sônia enfrentou algumas críticas duras de pessoas próximas. Formada pela Universidade Gama Filho e concursada, ouvia que não precisava "se embrenhar em favelas".

Nunca deu ouvidos. "Diziam que eu não precisava de mais nada, depois do concurso. Mas eu gosto da área humanitária. E quando o trabalho é entrar na casa da pessoa, quando alguém abre sua casa, vemos que há outras possibilidades", afirma.

E relembra que nesses anos todos, já ensinou moradores a denunciar violência sexual contra crianças e detectar abusos. O mesmo para mulheres vítimas de violência doméstica. Citando o economista peruano Hernando de Soto, ela diz: "a vida da pessoa começa a partir da moradia". Fonte: https://www.uol.com.br

NOTA DE FALECIMENTO. As nossas orações pela alma da Dona Marta (Foto), mãe do Frei Tiago Oliveira da Cruz, Carmelita, de Salvador-BA. Ela faleceu hoje vítima do covid-19. Que Deus conforte os seus familiares e amigos. 

Nesta sexta-feira, 29 de maio-2020- Direto do Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ- apresentamos o trabalho de ação social a favor dos pobres da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, Diocese de Itaguaí/RJ. Sexta-feira, 29 de maio-2020. www.instagram.com/freipetronio

Uma senhora de 64 anos, desempregada, achou uma carteira com R$ 1.140 e foi ao banco devolver o dinheiro a quem pertencia. Ao perceber que junto ao valor havia um cartão da Caixa Econômica, Helena Maria do Nascimento, de 64 anos, não pensou duas vezes sobre o que deveria fazer. Sem dinheiro para pagar uma passagem de ônibus, a moradora de Barros Filho, na Zona Norte do Rio, caminhou a pé por cerca de 20 minutos para chegar até a agência, em Deodoro, e fazer o depósito para a titular da conta.

Uma senhora de 64 anos, desempregada, achou uma carteira com R$ 1.140 e foi ao banco devolver o dinheiro a quem pertencia. Ao perceber que junto ao valor havia um cartão da Caixa Econômica, Helena Maria do Nascimento, de 64 anos, não pensou duas vezes sobre o que deveria fazer. Sem dinheiro para pagar uma passagem de ônibus, a moradora de Barros Filho, na Zona Norte do Rio, caminhou a pé por cerca de 20 minutos para chegar até a agência, em Deodoro, e fazer o depósito para a titular da conta.

O caso aconteceu na última sexta-feira e a gerente do banco, sensibilizada, pediu para gravar o depoimento dela sobre a atitude e pagou um Uber para que voltasse com mais conforto para casa. Helena Maria contou ao EXTRA que fez "o que era justo" e que ficou "com o coração aliviado" após devolver o dinheiro.

- Estou desempregada, mas aquele dinheiro não era meu. Além disso, ela (a correntista) pode estar precisando mais do que eu. Fiquei feliz por achar a carteira com o cartão junto, identificando a pessoa, porque só assim eu poderia devolver para a verdadeira dona - afirmou ela.

Helena contou que estava saindo de casa para ir ao banco, a pedido de uma amiga, com o objetivo de obter informações sobre o benefício social de R$ 600, pago pelo Governo Federal por conta da pandemia. Ao longo do caminho, no entanto, encontrou a carteira no chão e decidiu voltar para casa.

- Eu tinha acabado de sair, então voltei para casa para pensar como poderia devolver aquele dinheiro. Como eu só tinha o suficiente para pagar uma passagem de ônibus, tive que escolher entre usar na ida ou na volta. Preferi ir a pé e voltar de ônibus. Acabou que nem foi preciso - disse ela.

Nascida em Pernambuco, Helena chegou ao Rio com os irmãos aos 5 anos, trazida pelos pais, um ferroviário e uma dona de casa. Hoje, ela mora com uma das suas irmãs em uma pequena casa, à beira da Avenida Brasil, que sofre ameaça de despejo por conta de um trecho da obra do BRT Transbrasil.

Ela ficou desempregada há cerca de um ano, quando pediu demissão do emprego de operadora de caixa em um supermercado para cuidar da mãe, que sofria de Alzheimer e faleceu no dia 29 de fevereiro, aos 95 anos. Para ajudar a pagar as contas, ela passou a fazer faxinas e outros bicos. Apesar de viver no aperto em relação às obrigações financeiras, Helena ficou satisfeita de poder dar o exemplo para a família.

- Tenho dois filhos e uma netinha de 17 anos. Ela chorou ao ver o vídeo com o depoimento que eu gravei - contou.

 

Correntista aliviada

O valor perdido pertencia a Daniele dos Santos Rosa da Silva, de 32 anos, que também mora em Barros Filho. Naquele dia, ela sacou o bolsa-família, no valor de R$ 1.200, e passou no mercado para fazer compras. Ao voltar para casa, percebeu que havia perdido a carteira.

- Quando saí do mercado, botei tudo dentro da bolsa. No meio do caminha a bolsa rasgou, acho que por causa de um pote de manteiga, e quando cheguei em casa vi que estava sem a carteira. Refiz o trajeto para ver se conseguia achar pelo menos o cartão. Não achei e voltei para casa muito nervosa e passando mal - contou ela.

Após se acalmar, Daniele decidiu ir até a agência da Caixa para cancelar o cartão. Porém, ao consultar o saldo da conta no aplicativo do banco, percebeu que o valor havia sido depositado na conta dela.

- Eu já tinha dado o dinheiro como perdido. Quando verifiquei meu saldo, ele estava todo lá. Senti meu coração aliviado e rezei bastante para agradecer à pessoa que fez isso por mim. Se um dia eu encontrar a dona Helena Maria, vou agradecer demais, porque ela foi uma boa alma - afirmou. Fonte: https://extra.globo.com

Jornalista recebeu mensagem de telefone de Brasília com dados fiscais sigilosos dele e da família.

 

Por G1

A Globo divulgou nesta terça-feira (26) uma nota de repúdio a uma campanha de intimidação ao jornalista William Bonner, registrada nos últimos dias.

A nota cita o uso indevido do CPF do filho do jornalista por um fraudador que inscreveu o jovem no programa de auxílio emergencial do governo a pessoas vulneráveis que perderam renda na pandemia. O próprio Bonner denunciou o fato publicamente na semana passada, em sua conta no Twitter, e seus advogados alertaram a Caixa para a fraude e apresentaram notícia crime ao Ministério Público Federal.

Falhas no sistema de checagem do benefício tornam possível a ação de estelionatários. No caso do filho de Bonner, sua renda familiar nem permitiria a concessão do benefício. Mas o site da Dataprev informava que o pedido fraudulento havia sido aprovado. Alertada pelos advogados de Bonner, a Caixa suspendeu o processo de pagamento, que se daria numa conta virtual criada para o estelionatário.

A nota divulgada hoje pela Globo informa que o jornalista e uma de suas filhas também receberam mensagens de WhatsApp, originadas de número telefônico com o prefixo 61, de Brasília, com dados fiscais sigilosos dele e da família. E declara apoio da empresa ao jornalista na busca e na punição dos responsáveis pelo desrespeito ao sigilo previsto na Constituição.

 

Leia a íntegra da nota da Globo:

A Globo repudia a campanha de intimidação que vem sofrendo o jornalista William Bonner e se solidariza com ele de forma irrestrita. Há dias, um fraudador usou de forma indevida o CPF do filho do jornalista para inscrever o jovem no programa de ajuda emergencial do governo para os mais vulneráveis da pandemia, para isso se aproveitando de falhas no sistema, que não checa na Receita Federal se pessoas sem renda são dependentes de alguém com renda, fato denunciado publicamente pelo próprio jornalista que apresentou notícia crime junto ao Ministério Público Federal no Rio de Janeiro.

Agora, tanto o jornalista quando a sua filha receberam por WhatsApp em seus telefones pessoais mensagem vinda de um número de Brasília com uma lista de endereços relacionados a ele e os números de CPFs dele, de sua mulher, seus filhos, pai, mãe e irmãos, o que abre a porta para toda sorte de fraudes.

A Globo o apoiará para que os autores dessa divulgação de seus dados fiscais, protegidos pela Constituição, sejam encontrados e punidos. William Bonner é um dos mais respeitados jornalistas brasileiros e nenhuma campanha de intimidação o impedirá de continuar a fazer o seu trabalho correto e isento. Ele conta com o apoio integral da Globo e de seus colegas e está amparado pela Constituição e leis desse país. Fonte: https://g1.globo.com

Quando estufam o peito 'em defesa da família', de que família estão falando? Ou melhor: Uma morte horrorosa, como tantas que acontecem sob omissão. Um assassinato brutal que devasta uma família e segue à risca a lógica genocida desse país com a população negra.

Uma mãe não deveria enterrar seu filho dessa maneira. Mas como não fazer isso, João Pedro? Como não fazer quando o vivemos sob o sistema racista?

É preciso falar do adoecimento psíquico causado por essas mortes. É preciso ampliar o espectro do que entendemos ser violência contra a mulher, pois mães que perdem seus filhos assassinados também estão sendo violentadas.

Famílias são destruídas e depois as pessoas usam termos como “famílias desestruturadas”, não responsabilizando o Estado. Quando estufam o peito “em defesa da família”, de que família estão falando? Ou melhor: de que família não estão falando?

Vi seu pai dizer que seu sonho era ser advogado. Sustentar no tribunal do júri, absolver um réu acusado injustamente, como existem tantos por aí. Defender direitos. Sabe, João Pedro, sua morte deu início a uma série de reportagens na mídia, algumas delas enfatizavam que você era “inocente”. Veja, tenho certeza que era, mas qual o sentido de enfatizar isso? Então, se não fosse, era aceitável metralhar a esmo a residência?

Quando assim dizem de um jovem cujo sonho era ser um advogado, penso no defensor classificando essas reportagens de “enojantes”, pois é o que elas são nas sutilezas das linguagens, no que visam

endossar.

É triste ver uma família ter de justificar quem o filho era, como se para poupá-lo de uma segunda morte —de sua dignidade.

É revoltante a linguagem empregada para falar da população negra. Aliás, o que é ser “inocente”? A branquitude colonial no Brasil pode se dizer inocente? Após saquear, açoitar, viver sob uma desigualdade escabrosa, apoiando retrocesso após retrocesso, pactuando entre si para sufocar o acesso a todas as oportunidades possíveis?

Quem dorme em berço esplêndido no país das capitanias hereditárias, onde a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado, quem fecha os olhos às marchas reacionárias postas nessa nação sobre o cemitério indígena e negro a céu aberto que é esse país, que se cale.

Que nenhuma mãe tenha de chorar a morte assassinada, fora de época, fora de propósito, chancelada por uma política genocida e justificada pelos jornalistas no afã da naturalização do grotesco, do

morticínio neste país.

Lembro-me de Marielle Franco, quem você encontra no plano ancestral. Após uma vida dedicada à população oprimida nas comunidades da capital fluminense, a reportagem de jornal que supostamente engrandecia sua trajetória terminava com o anúncio de que, em razão de sua morte, haveria mais intervenção militar, algo contra o qual ela lutou bravamente.

No seu caso, as reportagens se encerram com uma fixação patológica na afirmação de que o erro na operação decorre da morte de um inocente, uma criança em sua casa brincando, quando a palavra inocência, na boca de um apresentador branco de uma emissora do monopólio soa cínica demais em momentos trágicos como esse. Não cansam de debochar e reafirmar a supremacia branca neste país.

Em algumas reportagens, li que você era um garoto alegre, vi fotos suas “tirando onda” nas redes sociais. Você poderia ser meu filho. Minha filha, que tem 15 anos, me escreveu indignada sobre o seu assassinato. Ela disse: “Mãe, não temos um minuto de paz neste país”. E choramos.

É difícil, muito difícil viver sob condições tão aviltantes, mas cabe a nós continuar a caminhada por você, por Ágatha, por Amarildo, por Cláudia, por tantas pessoas nas periferias do país que têm suas vidas ceifadas como se descartáveis fossem e que somente não são por inspirarem o andar daqueles e daquelas que se propõem a continuar a luta necessária pelo povo castigado no país, rumo ao horizonte onde possamos existir com dignidade. Sabemos o quanto isso está longe de ser realidade e o quanto as barreiras do sistema colonial se erguem para obstar nosso avanço, mas somos muitos.

Como afirma Denisa Ferreira da Silva, o assassinato de jovens negros deveria criar uma crise ética na nossa sociedade. Pois já que eles não têm consciência e humanidade, que a crise seja posta na mesa por aqueles e aquelas que choram sua morte. Na tradição que sigo, enquanto a pessoa for lembrada e honrada, ela está presente, torna-se uma ancestral imortalizada. E assim será.

Não conheço sua família para além do que vi nos jornais e dedico a ela meus sentimentos mais profundos. Não será em vão.

 

Djamila Ribeiro

Mestre em filosofia política pela Unifesp e coordenadora da coleção de livros Feminismos Plurais.

Fonte: www1.folha.uol.com.br

 

Em tempos de sacrifícios, planos de saúde deveriam demonstrar solidariedade

Marilena Lazzarini

Teresa Liporace

pandemia de Covid-19 alterou drasticamente nossas rotinas e multiplicou os exemplos de solidariedade. O que falar da dedicação dos profissionais de saúde e de serviços essenciais, que arriscam suas vidas pelo bem de todos? Igualmente exemplar é a atitude daqueles que permanecem em casa e colaboram com o próximo. O mesmo se aplica a tantas empresas que fazem doações ou adaptam-se para suprir seus consumidores e a sociedade.

Mas, infelizmente, há exemplos negativos. O setor de planos de saúde, atividade essencialmente ligada ao enfrentamento da pandemia, é um deles. Poderoso, responde por mais da metade dos gastos em saúde no país para atender a um quarto da população, sem fornecer tratamentos que apenas o SUS oferece, como transplantes, e a maior parte dos medicamentos de uso não hospitalar.

Dados recentes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram estabilidade financeira das operadoras e faturamentos crescentes, destacando-as como um dos poucos setores que aumentaram o faturamento durante a crise financeira de 2015. Em 2016, o lucro desse setor aumentou 70,6%, mesmo com a diminuição de usuários.

Essa situação permanece. No meio da pandemia, uma das maiores operadoras anunciou R$ 12 milhões em dividendos a seus acionistas. Dados recentes da ANS revelam tendência de aumento do retorno sobre o patrimônio líquido das operadoras de planos médico-hospitalares, com alta de 16,4%.

Em março, o Ministério da Saúde anunciou a liberação de R$ 15 bilhões ao setor, provenientes de um fundo formado por recursos das mensalidades dos consumidores para garantir a solvência das operadoras em momentos de crise. Um mês depois, a ANS definiu os termos para acesso a tais recursos, exigindo duas contrapartidas durante a pandemia: a manutenção do atendimento, mesmo em casos de inadimplência, e a manutenção do pagamento a prestadores de serviços de saúde.

Apesar de exigências bastante razoáveis, e sem incluir outras necessidades dos consumidores no acordo, houve grande contrariedade entre as operadoras, que queriam os recursos sem oferecer nada em troca.

Fena Saúde, representante das grandes operadoras, rechaçou a proposta ao alegar sobrecarga do setor e estímulo à inadimplência. No final de abril, a ANS confirmou a pífia relação de nove operadoras que aderiram ao acordo, em um universo de mais de 700, nenhuma de grande porte.

Quanto aos custos que essas empresas enfrentam com a pandemia, nada se pode garantir até o momento, pois não há transparência. Se, por um lado, a Covid-19 produz um aumento inesperado da demanda, por outro a situação levou ao adiamento ou à suspensão de diversos procedimentos não urgentes.

Em relação à inadimplência, além de não ser razoável a presunção de má-fé da maioria dos usuários, voltamos ao exercício da solidariedade, ponto fundamental da discussão. Este é o melhor momento de praticar essa virtude, quando todos fazem sacrifícios mesmo vendo sua renda ser corroída.

Tal postura, de colocar a maximização do lucro a frente da vida das pessoas, é lamentável.

 

Marilena Lazzarini

Presidente do Conselho Diretor do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor)

 

Teresa Liporace

Diretora-executiva do Idec

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br