Somos todos loucos brincando com fogo
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Culpa-se o El Niño pelo pandemônio de agora, como se o fenômeno fosse um fantasma sem explicações
Jornalista, escritor (Prêmio Jabuti 2000 e 2005; Prêmio APCA 2004) e professor aposentado da Universidade de Brasília, Flávio Tavares escreve mensalmente na seção Espaço Aberto
Os alertas deixam cicatrizes visíveis até à luz do dia, mas fazemos de conta que não vemos ou não sentimos as consequências e que, por isso, não existem. Tempos atrás, chuvas brutais despencaram sobre o litoral paulista, com inumeráveis perdas. Agora, no extremo sul do Brasil, as constantes chuvaradas destruíram lavouras e casas, deixando milhares de habitantes desabrigados e também matando. Na Amazônia, região de rios onde chovia quase todos os dias, a longa estiagem de agora chega a impedir até a navegação, que é a forma habitual de a população viajar de um lado a outro. Em plena primavera, na maioria das regiões do País, o calor faz pensar que o verão se antecipou. Ao mesmo tempo, no extremo sul do Brasil, o frio continua, como se o inverno não cedesse lugar a outra estação.
Se sairmos da realidade brasileira, tudo é ainda mais penoso, com o que me permito recordar duas situações. Na gélida Sibéria, houve longos dias de calor em pleno inverno do passado ano de 2022. Mais recentemente, coincidindo com as enchentes no sul de nosso País, na distante Líbia a chuva intensa destruiu cidades inteiras e matou milhares de habitantes.
Tudo isso nos faz exclamar: “O tempo está ficando louco”.
Em verdade, porém, os loucos somos todos nós, que nos negamos a aprender com a natureza, sem perceber o perigo das mudanças climáticas, causa profunda deste pandemônio de agora. Culpa-se o El Niño, como se o fenômeno (nas duas pontas) fosse um fantasma que surge sem explicações, aparecendo porque unicamente fantasma é. Em verdade, porém, tudo isso é culpa do nosso descuido ou, mais até, da nossa cegueira em torno da preservação do meio ambiente.
A causa dessa cegueira talvez tenha raízes na tardia incorporação ao cotidiano do conceito de meio ambiente e, por extensão, do próprio conceito (e percepção) das mudanças climáticas. Essas mudanças passaram a ser notadas com o surgimento da revolução industrial, que mudou o cotidiano da população em todo o mundo e tornou mais confortável o estilo de vida. Nos descuidamos, porém, quanto às consequências dessa revolução que nos propiciava conforto, sem tomar sequer alguma medida ou ação para mitigar ou abrandar seus efeitos negativos.
Assim, nas últimas décadas, as mudanças do clima cresceram de forma acelerada, transformando-se na crise climática atual, visível no dia a dia de quase tudo o que nos cerca. Ou até das atividades profissionais de cada um de nós.
Não faltaram advertências. A derrubada da Floresta Amazônica transformou-se no grande escândalo do século 21. A insensatez de destruir bosques a esmo vem de longe e começou na colonização do País pelos europeus, com o corte do pau-brasil, denominação da cor da brasa utilizada para tingir tecidos e que deu nome à Nação. Acentuou-se, entretanto, nas últimas décadas, com o corte acelerado dos bosques da Mata Atlântica, a imensa área verde que perpassa vários Estados de nosso país.
Na cidade de São Paulo, o bairro de Pinheiros tem este nome porque estava cheio de araucárias até, pelo menos, o início do século 20, quando a incessante derrubada serviu à construção de moradias, um dos pontos de partida para que a atual metrópole seja hoje a maior e mais habitada cidade da América do Sul.
Os bosques são um dos principais reguladores dos ciclos das chuvas. No entanto, nos casos de estiagens prolongadas ou intermitentes, as queimadas se alastram por dentro dos bosques aparentemente viçosos e, sem danificar as árvores adultas, o fogo destrói o solo e o desnuda, consumindo as folhas secas, como explica José Lutzemberger, um dos mais respeitados ambientalistas brasileiros, em seu livro Manual de Ecologia – do Jardim ao Poder. O solo se desestrutura e começa a erosão. As encostas levarão milhares de anos para se recuperar, completa ele.
E vai adiante, num relato que explica o horror das mudanças climáticas: “Desde a Revolução Industrial já aumentamos em quase 60% a concentração de gás carbônico na atmosfera pela ação dos combustíveis fósseis – petróleo, carvão, lignina e gás natural – e também pelos incêndios florestais”.
A advertência de Lutzemberger foi feita anos antes dos incêndios no Pantanal de Mato Grosso, acompanhada de outra tétrica previsão que se confirma pouco a pouco: as calotas polares perderão gelo cada vez mais, havendo o risco de cidades inteiras desaparecerem pelo aumento do nível dos oceanos. “A Holanda inteira poderá desaparecer” é a previsão.
Há, ainda, a contaminação da água consumida principalmente nas grandes cidades e que é uma das principais causas do atual surto de hepatite A em distintos pontos do País e do mundo. Na Amazônia, boa parte dos rios está contaminada com o mercúrio lá jogado para facilitar a garimpagem ilegal.
Tudo isso faz afirmar que nossa cegueira nos leva a brincar com fogo, num suicídio lento, mas evitável, se mudarmos o estilo de vida e nosso comportamento ante a natureza.
*JORNALISTA E ESCRITOR, PRÊMIO JABUTI DE LITERATURA 2000 E 2005, PRÊMIO APCA 2004, É PROFESSOR APOSENTADO DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. Fonte: https://www.estadao.com.br
Bahia tem mais de 70 mortes em ações policiais; Caetano Veloso pede socorro ao papa: ‘Assustado’
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Mais 4 homens foram baleados pela PM em Santo Amaro na sexta; governador tem defendido ação das tropas. Ministério da Justiça lança plano de combate a facções pressionado por crise na segurança
Operações letais têm pressionado governo da Bahia; PM é uma das que mais matam no País Foto: Alberto Maraux/SSP-BA
Por Fernanda Santana
Quatro homens morreram em operação policial em Santo Amaro da Purificação, a 94 quilômetros de Salvador, na noite de sexta-feira, 29. Segundo a Polícia Militar da Bahia, eles foram baleados após trocarem tiros com policiais, que revidaram. O Estado tem visto uma escalada de confrontos com facções criminosas e óbitos em ações das forças de segurança - a PM baiana mata mais do que a polícia do Rio, historicamente conhecida por sua alta letalidade.
Segundo balanço do Instituto Fogo Cruzado, até quinta-feira, 28, haviam sido 68 mortos em operações policiais em Salvador e na região metropolitana neste mês. Em agosto, haviam sido 61. Nesta semana, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) afirmou que o Estado tem sido firme na tentativa de “barrar o processo” de violência e disse que não determinou, em nenhum momento, que os PMs “trouxessem corpos”.
A crise de violência também acelerou o lançamento, pelo governo Lula (PT), de um plano de combate ao crime organizado, que prevê usar R$ 900 milhões para melhorar o combate às facções, como o Estadão revelou. O Ministério da Justiça e Segurança, de Flávio Dino (PSB), tem sido cobrado por ações efetivas no setor.
Na versão da PM, as mortes mais recentes, os policiais foram ao local após receberem denúncias de que homens armados vendiam drogas e ostentavam armas na região. Os suspeitos baleados tinham entre 23 e 28 anos, segundo a Polícia Civil, e foram identificados como Gabriel Sales de Barros, Anderson Júlio Magalhães Silva, Lucas Vieira dos Santos, e Alex Coelho dos Santos.
A PM afirma que foram apreendidos com eles uma espingarda calibre 12, três pistolas de calibres diversos, munições, 262 pinos de cocaína, 196 porções de maconha, 38 pedras de crack, sete celulares, duas máquinas de cartão bancário, um caderno, uma blusa camuflada, embalagens para drogas. O material foi levado à delegacia de Santo Amaro, onde a ocorrência foi registrada.
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Santo Amaro da Purificação, como o restante da Bahia, tem registrado acirramento de conflitos armados e alta da letalidade em ações policiais desde o início do ano. Há um mês, dois suspeitos de integrarem uma facção foram mortos em outra operação da PM em Santo Amaro. A PM da Bahia, à época, afirmou que os policiais foram recebidos a tiros por dez homens no bairro da Candolândia.
Caetano Veloso, músico nascido na cidade, entregou ao papa Francisco uma carta em que revela estar “assustado” com o aumento da insegurança na Bahia e também no Rio de Janeiro, onde mora. “Diante dessa situação de agravamento da violência peço que Vossa Santidade volte seu olhar e suas orações para o nosso país”, escreveu o cantor, que se encontrou com o pontífice no Vaticano nesta semana. Fonte: https://www.estadao.com.br
Ciclistas encontram, por acaso, rei Chales 3º em trilha no interior da Escócia.
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SÃO PAULO
Um grupo de ciclistas teve uma grande surpresa quando encontraram aleatoriamente o Rei Charles 3º, que estava fazendo uma caminhada pelo interior da Escócia, onde fica o Palácio de Balmoral, uma das residências oficiais da família real britânica.
Em um vídeo gravado pelos ciclistas antes de se depararem com o rei de 74 anos, eles brincavam sobre avistar um membro da realeza. "Não ligo para os reais, mas seria legal ver o Charlie", comentou um deles.
Então, um deles percebeu que era realmente o Rei Charles 3º que eles estavam avistando. "Acho que o Charlie está aqui porque há guardas lá embaixo com fuzis de assalto grandes e coisas assim. Parece bem legal", disse o ciclista.
-Nas cenas, o Rei usa uma boina e carrega uma bengala. Ele disse ao grupo que ainda estava em suas férias de verão e que "é maravilhoso aqui em cima". " "Eu gosto de caminhar", acrescentou.
O vídeo de quase 20 minutos foi postado no YouTube com o título "Encontramos o Rei Charles neste passeio de bicicleta!". Segundo relatos, ele foi filmado em 25 de agosto, enquanto o Rei e a Rainha Camilla ainda estavam em sua pausa em Balmoral. Fonte: https://f5.folha.uol.com.br
Sem atenuante para o racismo
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Sem atenuante para o racismo
Cassação de vereador em São Paulo por ter desrespeitado os negros é um avanço civilizatório
Numa sessão remota da Câmara Municipal de São Paulo, em maio do ano passado, o vereador Camilo Cristófaro (então do PSB, hoje no Avante) foi flagrado dizendo “é coisa de preto, né?”, ao se referir a um serviço mal feito. Anteontem, em razão dessa evidente quebra de decoro, o vereador foi cassado, tornando-se o primeiro parlamentar paulistano a perder o mandato por racismo, o que é evidentemente um avanço civilizatório. O placar de 47 votos a zero mostra que ninguém na Câmara teve coragem de defender o indigitado, prova inconteste de que o racismo se tornou intolerável para os eleitores.
Nada disso significa, é claro, que os vereadores paulistanos tenham se tornado subitamente cidadãos conscientes dos limites morais e éticos a que todos devemos nos submeter para suportar a vida em sociedade. O mais comum, infelizmente, é que o espírito de corpo prevaleça entre os parlamentares, que se defendem uns aos outros movidos por interesses paroquiais, frequentemente em detrimento do decoro e da decência. Diante do histórico de impunidade na Câmara, é lícito supor que, de alguma forma, o vereador ora cassado tenha em algum momento perdido apoio dos colegas, não exatamente por ter se comportado de maneira vil, mas apenas porque deixou de ter amigos na Casa. Talvez por essa razão seu caso tenha afinal ultrapassado todas as barreiras que usualmente servem para retardar ou inviabilizar processos de cassação e, assim, alcançado o plenário. Uma vez lá, a cassação era tida como líquida e certa, porque obviamente ninguém teria coragem de votar a favor de um político acusado de racismo.
E esse é o ponto a celebrar nesse caso. A sociedade brasileira deixa cada vez mais claro que atitudes como a desse vereador cassado não são aceitáveis nem como brincadeira ou ato falho. Ainda estamos longe do ideal, é claro. Recorde-se que o caso do sr. Cristófaro foi arquivado no Tribunal de Justiça de São Paulo porque o juiz Fábio Aguiar Munhoz Soares, malgrado tenha reconhecido o caráter discriminatório da declaração do político, considerou que ele não teve “a vontade de discriminar”. Uma decisão, sem dúvida, subjetiva.
Ainda assim, o desfecho do caso em seu aspecto político foi extremamente didático. Se todos os cidadãos têm a obrigação de evitar situações que possam configurar racismo, mais ainda a têm aqueles que ocupam funções públicas de grande visibilidade e que detêm mandato eletivo. Isso ganha especial importância no momento em que muitos políticos, pretendendo escorar-se na imunidade parlamentar, parecem entender que ser infame e atacar minorias de maneira desavergonhada dá votos.
Como já dissemos neste espaço, a medida extrema de cassação de mandato parlamentar serve em primeiro lugar para resguardar a integridade institucional do Legislativo. Punir a perniciosidade não significa apenas respeitar o eleitorado, mas também estimular o esforço coletivo para a construção de uma sociedade mais justa, empreendimento que só é possível quando fundado firmemente na dignidade humana. Fonte: https://www.estadao.com.br
Mais de 5 mil pessoas morrem, e 10 mil estão desaparecidos após passagem de tempestade na Líbia
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Ministro estima que a tempestade mediterrânea Daniel matou 5,3 mil pessoas além de deixar 25% da cidade de Derna debaixo d'água.
Por g1
Mais de 5,3 mil pessoas morreram na Líbia após uma tempestade atingir o país no domingo (10), informou a agência de notícias do país.
Um representante do Crescente Vermelho, equivalente à Cruz Vermelha nos países de maioria islâmica, afirmou que cerca de 10 mil pessoas estão desaparecidas.
“Os corpos estão por toda parte - na água, nos vales, sob os edifícios", disse Hichem Chkiouat, ministro da Aviação Civil e também integrante do Comitê de Emergência criado após as enchentes.
As informações divulgadas pelo governo e órgãos líbios podem não ser precisas porque, desde 2011, o país está politicamente dividido entre leste e oeste. Por conta disso, os serviços públicos entraram em colapso. O governo internacionalmente reconhecido em Trípoli não controla as áreas orientais, o que dificulta a obtenção de dados na região.
A cidade de Derna, de 125 mil habitantes, foi uma das mais atingidas. Derna fica na costa da Líbia e é cortada ao meio por um rio sazonal. Duas barragens nesse rio foram rompidas pela força da água.
Devido à tempestade, as ruas foram tomadas pela água, casas foram inundadas, edifícios foram destruídos, carros acabaram virados e moradores foram arrastados.
A tempestade mediterrânea Daniel que atingiu a Líbia no domingo (10) também afetou as cidades de Benghazi, Sousse, Al Bayda e Al-Marj.
Antes de chegar à Líbia, a tempestade Daniel levou estragos à Grécia, Turquia e Bulgária.
A tempestade agora está sobre o Egito. A intensidade das chuvas e do vento diminuiu, mas mesmo assim preocupa as autoridades, que colocaram o país em alerta.
A Líbia pediu ajuda internacional para se recuperar da tragédia. Países como os Estados Unidos e a Turquia enviaram aviões com suprimentos para o país africano.
Regime parlamentarista da Líbia
A Líbia vive um regime parlamentarista instituído na cidade de Tripoli, capital do país, sob a chancela de Abdulhamid al-Dbeibah. O governo é consequência de uma revolta popular mobilizada em 2011 com apoio da Otan contra o então líder Muammar Gaddafi.
Isso porque, em 2014, o país se dividiu em duas frentes: uma alinhada à Otan, que é reconhecida internacionalmente, e outra liderada por Osama Hamad, que controla o leste do país.
Em 2021, al-Dbeibah foi escolhido primeiro-ministro com a premissa de realizar novas eleições para todo o país. No entanto, a votação ainda não ocorreu por conta de desentendimentos entre os grupos acerca das regras do pleito. Fonte: https://g1.globo.com
Sobe para 47 o número de mortes pelas chuvas no RS; Porto Alegre tem voos cancelados
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Oito pessoas continuam desaparecidas; nova vítima foi confirmada no município de Colinas, banhada pelo rio Taquari
Imagens aéreas da enchente no Rio Taquari, em Lajeado - Divulgação - 05.ago.2023/Portal Agora no Vale
PORTO ALEGRE e SÃO PAULO
O número de pessoas mortas em decorrência das chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul na última semana subiu para 47, de acordo com atualização do boletim da Defesa Civil do estado.
A nova morte foi confirmada no município de Colinas, banhado pelo rio Taquari e que faz fronteira com a cidade de Roca Sales, devastada pelo temporal.
Já o número oficial de pessoas desaparecidas caiu substancialmente. Após investigação da Polícia Civil que partiu de uma lista de 83 nomes, a maior parte foi localizada e restam ainda oito pessoas desaparecidas. Até a noite de segunda (11), a Defesa Civil comunicava 46 desaparecidos.
Em entrevista coletiva realizada nesta terça (12) no Centro de Ações de Recuperação montado em Encantado (RS), o vice-governador Gabriel Souza declarou que a lista pode aumentar novamente conforme as famílias comunicarem as autoridades.
Conforme os novos dados da Defesa Civil, 4 dos desaparecidos são de Muçum, 2 de Lajeado, 1 de Roca Sales e 1 de Arroio do Meio.
O boletim atualizado na manhã aponta que o estado tem 925 pessoas feridas e 25.311 fora de casa em decorrência dos problemas causados pela chuva. O estado tem 97 cidades afetadas de alguma maneira.
O governo gaúcho estima em 340 mil o total de afetados pelos temporais. Uma força-tarefa com cerca de 900 servidores atua nas buscas, resgates, identificação de corpos e reparos na infraestrutura.
Os corpos das vítimas estão sendo reconhecidos pelo Instituto Geral de Perícias em Porto Alegre e em cidades do interior.
A liberação para os velórios depende de uma normalização mínima na rotina das cidades afetadas, que chegaram a ter mais de 80% de sua área urbana submersa.
De acordo com o Climatempo, a previsão para o Rio Grande do Sul é de dia nublado com chuva forte, que deve diminuir de intensidade durante a noite.
O RS enfrenta chuva forte nesta semana, mas mais concentrada na metade sul e fronteira oeste. Nessas regiões, o acúmulo de chuva deverá superar 200 milímetros até a sexta-feira. O Inmet aponta alerta laranja para as regiões. Em seis municípios da metade sul, houve suspensão das aulas: Jaguarão, Pedro Osório, Pelotas, Rio Grande, São José do Norte e São Lourenço do Sul.
VOOS SÃO CANCELADOS EM PORTO ALEGRE
Em outras regiões, houve vento forte e queda de luz. No aeroporto internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, dez voos não conseguiram aterrissar na noite de segunda em razão do vento. Cinco voos foram cancelados nesta terça.
Pela manhã, a concessionária CEEE Equatorial comunicou queda de energia em 65 mil pontos em diferentes municípios, 13 mil deles em Porto Alegre. Municípios do litoral norte, como Capão da Canoa e Arroio do Sal foram afetados, com 5.000 pontos de queda de energia cada.
DOAÇÕES E FINANCIAMENTOS
Na sexta (8), o governo federal anunciou o repasse, via prefeituras, de R$ 800 por cada desabrigado e o envio de 20 mil cestas básicas.
Na quinta (7), a gestão Lula já havia reconhecido o estado de calamidade pública, conforme solicitado pelos municípios atingidos pelos temporais para simplificar os processos de compras e contratações, e acelerar a resposta à destruição. Segundo a CNM (Confederação Nacional dos Municípios), os prejuízos chegam a R$ 1,3 bilhão.
Em reunião com prefeitos das cidades afetadas, o governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou a liberação de R$ 1 bilhão em financiamento por meio do banco estatal Banrisul. Desse total, cerca de R$ 300 milhões serão destinados ao setor agrícola, que segundo o governador foi um dos mais prejudicados pelas enchentes. Outros R$ 500 milhões serão destinados a empréstimos para prefeituras e R$ 100 milhões serão voltados para o financiamento imobiliário.
O plano de reconstrução do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, poderá mudar consideravelmente o mapa dos municípios afetados pela enxurrada da última semana.
A partir de um censo de residências destruídas, o governo gaúcho promete liberação de recursos para a reconstrução, mas não necessariamente na mesma localidade. Ao longo dos próximos meses, o Plano Diretor dessas cidades poderá ser modificado para prevenir novas tragédias.
Cidades que foram varridas pela enxurrada mesmo em suas áreas centrais como Roca Sales e Muçum, poderão ter uma geografia praticamente nova ao final da reconstrução. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Polícia Civil começa a identificar desaparecidos nas enchentes; RS tem 46 óbitos
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As enxurradas que atingiram o Rio Grande do Sul causaram 46 mortes, segundo boletim mais recente divulgado pela Defesa Civil na manhã desta segunda-feira (11). No sábado, a Polícia Civil começou os trabalhos para identificar o número exato de pessoas não localizadas e auxiliar na busca dos 46 desaparecidos.
Os policiais vão realizar diligências nos sete municípios do Vale do Taquari mais atingidos pelas enchentes - Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Encantado, Estrela, Lajeado, Muçum e Roca Sales. Dez equipes, em um total de 35 policiais civis que trabalham em Porto Alegre, deslocaram-se para as localidades atingidas, somados a mais 83 servidores policiais da região.
As equipes entrarão em contato com familiares de desaparecidos e realizarão investigações detalhadas para garantir que o número total seja o mais preciso possível.
Em parceria com o Instituto-Geral de Perícias (IGP), a polícia vai notificar as famílias afetadas, iniciando imediatamente o processo de coleta de DNA para identificar as vítimas.
Os dados serão disponibilizados de forma informatizada para que outros órgãos possam acessar e contribuir para a resolução da situação.
O chefe da Polícia Civil, Fernando Sodré, enfatizou a importância da colaboração e coordenação entre as várias instituições envolvidas nesse esforço conjunto. "Estamos à frente na busca pela precisão dos números de desaparecidos, mas também estamos trabalhando em estreita colaboração com outras instituições. Vamos compartilhar nossos números para que todos possam acessar as informações necessárias", afirmou.
RS tem mais de 4 mil desabrigados e 20 mil desalojados
As chuvas torrenciais que atingiram o Rio Grande do Sul entre os dias 1 e 4 de setembro provocaram destruição em 92 municípios, afetando 340.918 pessoas, com 924 feridos. Segundo a Defesa Civil, 4.794 pessoas estão desabrigadas, e 20.490 desalojados. As enchentes provocaram a morte de 46 pessoas e 46 desaparecidos.
Óbitos: 46
Cruzeiro do Sul: 5
Encantado: 1
Estrela: 2
Ibiraiaras: 2
Imigrante: 1
Lajeado: 3
Mato Castelhano: 1
Muçum: 16
Passo Fundo: 1
Roca Sales: 11
Santa Tereza: 1
Bom Retiro do Sul: 1
Colinas: 1
Desaparecidos: 46
Lajeado: 8
Arroio do Meio: 8
Muçum: 30
Fonte: https://www.jornaldocomercio.com
10 de setembro: Dia de prevenção mundial ao suicídio.
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“SE PRECISAR PEÇA AJUDA”
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
A frase que indica o título de nossa reflexão é o lema da campanha 2023, do dia de prevenção mundial ao suicídio, cuja data é o 10 de setembro. Esta campanha consegue ser o maior evento antiestigma que mobiliza a opinião pública buscando evitar esta conduta autodestrutiva que ceifa no Brasil especialmente os jovens.
São convocadas a unir-se a este momento de sensibilização e conscientização todas as entidades da saúde pública e particulares, e a sociedade civil como um todo, desde a academia, escolas, Igrejas, famílias e as diversas associações e grupos de serviço. É importante ajudar identificando os sinais que indicam possíveis desequilíbrios que levem a desistência da vida.
É crucial compreender que com a pandemia houve um crescimento de mais do 25% das doenças mentais e que os quadros de depressão, angústia e ansiedade tem atingido a muitas pessoas de diversas idades e situações. Além disso a dependência química em suas modalidades sociais e outras mais graves e transgressoras aumentam o risco da busca de por fim a vida.
A crise afetiva, de relacionamentos e a solidão urbana, o desemprego e as dívidas financeiras podem também contribuir a esta soma de fatores. A atitude diante deste fenômeno que nos desafia e interpela deve ser sempre uma maior compreensão, empatia e presença amiga e solidária, dando suporte as famílias que lidam com pessoas que apresentam sinais de alerta e sintomas de perda da vontade de viver.
Escutar narrativas, facilitar a ressignificação dos momentos de crise, apontando sempre saídas e o valor e beleza da vida, são procedimentos que abrem horizontes para aquelas situações sufocantes. Por isso as Igrejas e religiões podem em muito contribuir para a leitura de sinais ameaçadores de risco potencial e a sua transformação a partir da visão e experiência da bondade, misericórdia e ternura divinas e os meios de aceder a ela, vida comunitária, sacramental e espiritual, que nos comunicam a própria graça e vida sobrenaturais.
Não vamos esquecer estes irmãos e irmãs aflitos/as e sofredores, pois o amor de Cristo nos impele a dar-lhes nossa acolhida, amparo e socorro antes que seja tarde. Deus seja louvado! Fonte: https://www.cnbb.org.br
Terremoto no Marrocos deixa 2.012 mortos; tremor é o mais letal do país desde 1960
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Abalo ainda feriu pelo menos 2.059 pessoas e causou danos na cidade antiga de Marrakech, Patrimônio Mundial da Unesco
MARRAKECH (MARROCOS)
Vinte e quatro horas depois que o terremoto de magnitude destruiu parte do antigo kasbah de Marrakech, a cidade antiga que é Patrimômnio Mundial da Unesco, poucos dos 14 mil moradores já tinham conseguido dormir.
Os amigos Belameur Kamal, 23, e Amine el Mssiehe, 24, estavam falando de futebol na frente da enorme mesquita Moulay el Yazid, às 23h05 (7h05 no Brasil) de sexta-feira (8), quando a construção começou a rasgar a partir do alto. Pedaços da obra erquida entre 1185 e 1190 explodiam nas ruas e os muros se dividiam ao meio até a nova fenda encontrasse uma janela, cuspindo seu batente na rua.
"Foram 40 segundos tremendo tudo. A gente estava sentado em cima das motos e fomos jogados no chão", conta Kamal, que passou por um sismo em 2004 quando estava na escola. Na ocasião, porém, sua carteira e a de seus colegas apenas tremeu por cinco segundos.
Desta vez, há pelo menos 51 mortos na cidade. Contando as vilas adjacentes, os números são bem mais assustadores: 2.012 pessoas mortas e 2.059 feridos, segundo contagem mais atualizada do Ministério do Interior, fazendo deste o terremoto mais letal no país em 63 anos.
O terremoto ocorreu em Ighil, nas montanhas do Alto Atlas, cerca de 70 quilômetros a sudoeste de Marrakech, a uma profundidade de 18,5 quilômetros, às 23h11 no horário local (19h11 em Brasília). De acordo com as autoridades, as mortes se concentram nas províncias e municípios de Al Hauz, Marrakech, Uarzazat, Azilal, Chichaoua e Tarudant. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram cenários de devastação.
Neste sábado (9), o governo do Marrocos declarou luto oficial durante três dias. As Forças Armadas anunciaram que enviarão mantimentos, barracas e cobertores para as áreas afetadas.
"A terra tremeu por cerca de 20 segundos. As portas se abriram e fecharam sozinhas enquanto eu descia correndo do segundo andar", disse à agência de notícias Reuters Hamid Afkir, professor em uma área montanhosa a oeste do epicentro, perto da cidade de Taroudant.
A vice-governadora do Ceará, Jade Romero, e o vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, estavam em Marrakech com suas respectivas comitivas para o Encontro Mundial de Geoparques. "Toda nossa comitiva do Governo do Estado do Ceará está bem e em local seguro", afirmou Romero pelo X, antigo Twitter. A equipe de Souza também está protegida e deve retornar ao Brasil neste sábado (9), de acordo com a assessoria do político.
O Itamaraty informou que não há notícias de brasileiros mortos ou feridos até o momento.
"A população nessa região vive em estruturas altamente vulneráveis a abalos sísmicos", afirmou o Serviço Geológico dos Estados Unidos, que estimou a magnitude do terremoto em 6.8. O centro geofísico do Marrocos, por sua vez, disse que o terremoto teve magnitude de 7.2.
Segundo o instituto americano, o tremor já é o mais letal no país desde 1960, quando um sismo provocou a morte de 12 mil pessoas, e também o mais intenso em cem anos, dado que a magnitude 6.8 é rara de ser atingida no Marrocos.
Na cidade antiga de Marrakech, um Patrimônio Mundial da Unesco densamente povoado, casas desabaram e um muro apresentava rachaduras e trechos destruídos. Durante a noite, as pessoas estavam tentando remover manualmente os escombros enquanto aguardavam equipamentos adequados, disse à Reuters Id Waaziz Hassan, um morador.
"Via os edifícios se movendo", disse à AFP Abdelhak el Amrani, de Marrakech, que afirmou ter havido uma queda da eletricidade de dez minutos. "As pessoas estavam em pânico. As crianças choravam, os pais estavam desamparados."
Pessoas na capital, Rabat, e na cidade costeira de Imsouane, ambas perto do epicentro, também fugiram de suas casas com medo de um terremoto mais forte, segundo testemunhas da Reuters.
Montasir Itri, morador da vila de Asni, disse que a maioria das casas foi danificada. "Nossos vizinhos estão sob os escombros e as pessoas estão trabalhando duro para resgatá-los usando os meios disponíveis", disse ele.
Marrocos frequentemente experimenta terremotos em sua região norte devido à sua localização entre as placas africana e euroasiática. Em 2004, pelo menos 628 pessoas morreram e 926 ficaram feridas quando um terremoto atingiu Alhucemas, no nordeste do país.
Em 1980, o terremoto em El Asnam, na Argélia, com uma magnitude de 7.3, foi um dos terremotos mais destrutivos da história contemporânea. Resultou na morte de 2.500 pessoas e deixou pelo menos 300 mil pessoas desabrigadas. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Passa de 800 o número de mortos após terremoto no Marrocos
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De acordo com o Serviço Geológico dos EUA, tremor atingiu magnitude 6,8, e foi sentido em Portugal, Espanha e Argélia.
Por g1
O forte terremoto que atingiu o Marrocos na noite desta sexta-feira (8) - no horário do Brasil - já deixou 820 mortos e 672 feridos, de acordo com um balanço divulgado pelo Ministério do Interior para a TV estatal. O número de vítimas, porém, não é definitivo e pode aumentar, segundo as mesmas autoridades.
O tremor, de cerca de 15 segundos, danificou desde aldeias nas montanhas do Atlas até a cidade histórica de Marrakech.
O terremoto ocorreu por volta das 19h30 (de Brasília), atingiu magnitude 6,8 e aconteceu a uma profundidade de 18,5 km, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês).
O epicentro do sismo ocorreu no alto das montanhas do Atlas, 70 km ao sul de Marrakech, onde se concentra o maior número de mortos. A região também fica perto de Toubkal, o pico mais alto do Norte da África, e de Oukaimeden, uma popular estação de esqui marroquina.
As províncias mais atingidas foram Al Haouz, Ouarzazate, Marrakech, Azilal, Chichaoua e Taroudant.
Homens, mulheres e crianças permaneceram nas ruas em algumas cidades da região, temendo réplicas. Há também vídeos que mostram pessoas saindo de centros de compras, restaurantes e de edifícios residenciais.
Um segundo tremor, mais fraco, ocorreu 15 minutos depois, informaram as agências internacionais de notícias.
Segundo informações da agência de notícias Reuters, um oficial do país declarou que há dezenas de mortos em áreas de difícil acesso ao sul de Marrakech.
Na rede social X (o antigo Twitter), há relatos de pessoas que correram pelas ruas, enquanto prédios balançavam. De acordo com agências de notícias, vários prédios colapsaram.
O tremor foi sentido em outros países: há relatos em veículos de imprensa de Portugal, Espanha e Argélia.
O chefe da cidade de Talat N’Yaaqoub, Abderrahim Ait Daoud, disse ao site de notícias marroquino 2M que várias casas em cidades da região de Al Haouz desabaram parcial ou totalmente, que a eletricidade foi cortada e há estradas bloqueadas em alguns trechos.
Ait Daoud disse ainda que as autoridades estão limpando estradas na província para permitir a passagem de ambulâncias.
Imagens compartilhadas em redes sociais mostraram pessoas correndo e gritando perto da Mesquita Koutoubia, do século XII, em Marrakech, um dos marcos mais famosos da cidade. A mídia marroquina informou que a mesquita sofreu danos.
Tremores na região
Marrocos frequentemente experimenta terremotos em sua região norte devido à sua localização entre as placas africana e euroasiática. Em 2004, pelo menos 628 pessoas morreram e 926 ficaram feridas quando um terremoto sacudiu Alhucemas, no nordeste do país.
Em 1980, o terremoto em El Asnam, na Argélia, de magnitude de 7,3, foi um dos mais destrutivos na região: matou 2.500 pessoas e deixou 300.000 desabrigados.
O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, informou em comunicado que "as Nações Unidas estão prontas para ajudar o governo marroquino". Fonte: https://g1.globo.com
Número de desaparecidos após as enchentes no RS sobe para 46
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A Defesa Civil divulgou novo boletim no fim da tarde desta sexta-feira (8) sobre a situação no Rio Grande do Sul após as chuvas e enchentes. O número de mortes segue em 41 até o momento, assim como o de pessoas desaparecidas, em 46. As vítimas são sobretudo de cidades do Vale do Taquari, como Muçum, que teve 15 óbitos, e Roca Sales, com 10 mortes. As duas cidades foram praticamente destruídas pela força das águas que subiram do Rio Taquari.
O número atualizado de pessoas feridas subiu para 223, e causaram estragos em 85 cidades. Há também 3.193 desabrigados e 8.256 desalojados, um aumento em relação aos dados divulgados no começo da tarde.
Óbitos: 41
Cruzeiro do Sul: 4
Encantado: 1
Estrela: 2
Ibiraiaras: 2
Imigrante: 1
Lajeado: 3
Mato Castelhano: 1
Muçum: 15
Passo Fundo: 1
Roca Sales: 10
Santa Tereza: 1
Desaparecidos: 46
Lajeado: 8
Arroio do meio: 8
Muçum: 30
Pessoas resgatadas: 3.130
Fonte: https://www.jornaldocomercio.com
Inmet emite alerta para chuvas de até 50mm e granizo no Rio Grande do Sul
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O Instituto Nacional de Meteorologia emitiu novo alerta para o risco de temporais no Sul do Brasil entre esta sexta-feira (8) e o sábado (9). Segundo o Inmet as condições meteorológicas estarão favoráveis a ocorrência de tempestades com chuvas de até 50mm/dia, com trovoadas, possibilidade de queda de granizo, rajadas de vento entre (40km/h e 60km/h) e todas as áreas de Santa Catarina e Paraná, em áreas isoladas do Oeste, Noroeste e Norte do Rio Grande do Sul.
Nas demais áreas gaúchas, há perigo potencial para chuvas intensas de até 50mm/dia, mas sem
possibilidade de queda de granizo, no período das 12h de sexta-feira (08) até as 10h do sábado (09). Fonte: https://www.jornaldocomercio.com
RS tem 41 mortes após as chuvas; número de desalojados passa de 7 mil
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Muçum, um dos municípios mais atingidos, tem registro de 15 mortes e nove pessoas desaparecidas
LUCIANO NAGEL/DIVULGAÇÃO/JC
A Defesa Civil divulgou novo balanço no início da noite desta quinta-feira (7) sobre a situação no Rio Grande do Sul após as enchentes. O número de mortes registradas subiu para 41. Houve também aumento no número desabrigados e desalojados. São 2.944 desabrigados e 7.607 desalojados. Ainda, 25 pessoas estão desaparecidas, sendo oito em Arroio do Meio, oito em Lajeado e nove em Muçum.
O novo boletim atualiza para 83 o número de municípios afetados pelas chuvas e enchentes a partir do domingo (3). A situação é considerada a maior tragédia natural do Rio Grande do Sul nas últimas décadas. O forte volume de chuvas elevou o nível de rios, sobretudo no Vale do Taquari, deixando um rastro de destruição em cidades como Muçum e Roca Sales. Segundo a Defesa Civil, 122.992 pessoas foram afetadas e há 43 feridas.
Na tarde de quinta-feira (7), o governador Eduardo Leite visitou Muçum, um dos municípios mais atingidos, onde 15 mortes foram registradas. Leite falou em dar condições de sobrevivência à população e trabalhar para reconstrução das áreas atingidas.
Municípios que registraram mortes em decorrência das chuvas no RS:
Cruzeiro do Sul: 4
Encantado: 1
Estrela: 2
Ibiraiaras: 2
Imigrante: 1
Lajeado: 3
Mato Castelhano: 1
Muçum: 15
Passo Fundo: 1
Roca Sales: 10
Santa Tereza: 1
Fonte: https://www.jornaldocomercio.com
'Ser pobre também não é pecado', diz Gleisi, em crítica a artigo de empresário sobre super-ricos
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Em texto publicado na Folha, João Camargo argumenta que tributação de fortunas afasta investimentos do país
Retrato de João Camargo, presidente do Grupo Esfera Brasil e da CNN Brasil. - Bruno Santos/ Folhapress
SÃO PAULO
No último domingo (3) o empresário João Camargo, presidente da CNN Brasil e do Esfera —empresa que reúne e propõe debate entre empresários e políticos— publicou um artigo na Folha criticando a taxação de super-ricos. Intitulado "Ser rico não é pecado", o texto caiu mal na internet e foi criticado por políticos do PT, intelectuais e influenciadores nas redes sociais.
Segundo Camargo, além de causar evasão de fortunas e investimentos do país, os impostos sobre a riqueza líquida diminuem a arrecadação do governo. O empresário cita exemplos de países europeus e a vizinha Argentina.
Em reação ao artigo, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, diz que os super-ricos e "seus porta-vozes" são insensíveis ao debate sobre a desigualdade social e econômica no Brasil.
"Ser pobre também não é pecado nem tão pouco sinônimo de insucesso, mas sim resultado de diferenças econômicas abissais em nossa sociedade, da falta de oportunidades, decorrente de um modelo concentrador de renda e da insensibilidade da elite rica e ensimesmada", publicou Hoffmann em seu perfil de uma rede social.
O artigo de Camargo usou como gancho uma medida provisória assinada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na semana passada prevendo a tributação dos fundos exclusivos, conhecidos como fundos dos super-ricos, e também um projeto de lei sobre a taxação de fundos offshore (que estão fora do Brasil, mas são administrados do país).
"Qual é a contribuição para o Brasil dessa turma que tira dinheiro daqui para colocar em paraísos fiscais? Investem no quê? Já não estão com o dinheiro no Brasil", questiona Hoffmann.
"E esses fundos exclusivos, de um só dono, que têm de ter no mínimo R$ 10 milhões, contribuem no que para a riqueza do país, a não ser do seu próprio dono?", completa.
O deputado federal petista Lindbergh Farias também criticou o artigo nas redes sociais. "Todo mundo paga imposto, mas os super-ricos que têm empresas em paraíso fiscal e aplicações milionárias não querem pagar nada", publicou.
"Essa turma, além de não pagar impostos, também não gera empregos. É dinheiro que fica rendendo sem gerar nada para o país. É uma elite com cabeça escravocrata", continua.
O professor de economia na Unifesp e colunista da Folha André Roncaglia foi outro a questionar o conteúdo do texto. Segundo ele, a falta de tributação dos super-ricos eleva a carga tributária de toda a população para que a deles seja reduzida.
O colunista de economia do UOL, José Paulo Kupfer, por sua vez, argumentou que o artigo de Camargo faz confusão entre taxação de fortunas e o imposto sobre rendimentos de investimentos —que é o que está de fato em jogo na MP e no projeto de lei enviados na semana passada pelo governo federal ao Congresso.
Kupfer também diz que o texto faz ligação "propositada" entre empreendedores, que geram riquezas, e os herdeiros.
Já alguns nomes do mercado financeiro defenderam nas redes sociais o debate que o artigo propõe sobre a taxação de fortunas.
O analista financeiro Rafael Zattar, por exemplo, reproduziu o artigo com o comentário "Taxar os ricos gera queda de arrecadação? Como assim? Artigo que provoca uma boa reflexão".
Procurada, a assessoria de João Camargo disse que não se manifestaria sobre o artigo e que as opiniões do empresário já estão expressas no texto. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Jornalismo – reflexões
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Jornalismo – reflexões
O jornalismo é a busca da verdade possível. Não é a transcrição de versões. Ouvir o outro lado, prática essencial, não significa a renúncia em buscar a verdade
Por Carlos Alberto Di Franco
O jornalismo vive uma crise e uma oportunidade. Vivemos um momento de desintermediação. Dos políticos, dos partidos, das igrejas, da própria mídia. É necessário perceber, para o bem ou para o mal, que perdemos a hegemonia da informação e da narrativa. Precisamos olhar as nossas coberturas e nos questionarmos se há valor diferencial no que estamos entregando aos nossos consumidores. Precisamos desenvolver uma boa curadoria da informação.
O momento, creio, exige recuperar a capacidade de dar bem o factual. Há uma overdose de colunismo e de opinião. É preciso declarar guerra ao jornalismo declaratório e assumir, efetivamente, a agenda do cidadão.
É importante fixar a atenção da cobertura não mais nos políticos e em suas estratégias de imagem, mas nos problemas dos cidadãos. O papel da imprensa é ouvir as pessoas, conhecer suas queixas, identificar suas carências e cobrar soluções.
Precisamos ouvir. Sair das nossas bolhas. Jornalista conversa com jornalista. Pensa, age e produz informação com a cabeça de jornalista. Tem dificuldade para se colocar no lugar do consumidor, na posição do leitor. Logo, a cobertura caminha na contramão do consumidor. Frequentemente, o jornalista escreve para os colegas. Não escreve para o público.
Outro desvio: o protagonismo do jornalista. O bom repórter, diz Carl Bernstein, ícone do jornalismo investigativo, “ilumina a cena, o jornalista engajado constrói a história”. Daí a importância de recuperar a primazia do factual e da apuração cuidadosa. O importante é saber escutar. As respostas são sempre mais importantes que as perguntas que fazemos. A grande surpresa no jornalismo é descobrir que quase nunca uma história corresponde àquilo que imaginávamos. A reportagem não é o empenho de confirmação de uma hipótese. É a tentativa de descobrir a verdade dos fatos.
A overdose de pautas a cumprir, a redução das equipes, a falta de especialização e a má utilização dos bancos de dados podem transformar repórteres em coadjuvantes de um espetáculo conduzido pelos entrevistados. A cobertura de política está dominada pela síndrome declaratória. Sobra Brasília e falta País real. Há excesso de declarações e falta apuração. Que interesse tem o leitor pelo bate-boca no Congresso? É preciso avançar numa cobertura mais profunda e propositiva. Frequentemente, o jornalismo político não tem notícia. Tem fofoca. Show. Espuma. Precisamos dar uma guinada de 180 graus. A agenda pública não pode ser conduzida pelo político, mas pelo cidadão. Precisamos fugir do fascínio exercido pelo poder.
A imprensa é presa fácil dos políticos. Eles são mestres na produção de denúncias pouco fundamentadas. Dossiê não é matéria para publicação. É matéria para apuração. Não é ponto de chegada. É pauta, ponto de partida. A precipitação pode ser, no médio prazo, um tiro de morte na credibilidade.
O jornalismo investigativo, sério, responsável e necessário cedeu espaço para uma compulsiva e acrítica veiculação de declarações. A opinião pública começa a ficar cansada com o clima de espetáculo que tomou conta da cobertura. Quer menos estardalhaço e mais criminoso na cadeia.
É preciso revalorizar as clássicas perguntas que devem ser feitas a qualquer repórter que cumpre pauta investigativa: Checou? Tem provas? A quem interessa essa informação? O jornalismo, dizia Paul Johnson, pode ser uma arma carregada quando dirigido com intenção hostil contra alguém. Por isso é preciso pôr a mão na consciência antes de apertar o gatilho. Caso contrário, é assassinato moral.
O consumidor não quer pacote opinativo. Quer informação. A imparcialidade, que não é neutralidade, é uma meta a perseguir. O jornalismo é a busca da verdade possível. Não é a transcrição de versões. Ouvir o outro lado, prática essencial, não significa a renúncia em buscar a verdade. O bom repórter procura a verdade que está camuflada atrás da verdade aparente.
Tratar adequadamente a intimidade é outro grande desafio. A invasão da privacidade pode significar um roubo, mas também pode representar um dever ético. É preciso trabalhar corretamente o tema. Entender que existem matérias de interesse público e outras interessantes para o público. A fofoca não deve ter espaço. Mas a denúncia de desvios, sobretudo em figuras públicas, deve ser objeto de informação, mesmo com a justa invasão da privacidade. O interesse público se sobrepõe ao resguardo da intimidade. O direito à privacidade não pode ser um muro de arrimo, instrumento de ocultação.
São algumas reflexões, amigo leitor. O jornalismo vive uma crise? Sim. Mas também pode vislumbrar grandes oportunidades. Em vez de ficarmos reféns do diz-que-diz, do blá-blá-blá inconsistente, das intrigas e da espuma que brota nos corredores do poder, que não são rigorosamente notícia, mergulhemos de cabeça em pautas que, de fato, ajudem a construir um país que não pode continuar olhando pelo retrovisor.
Chegou a hora, não me canso de dizer, do jornalismo propositivo. Aquele que não se limita a mostrar os problemas, mas vai além: aponta alternativas e soluções. Esta quadra, sem dúvida difícil para o setor, também pode abrir uma avenida de oportunidades.
*JORNALISTA. E-MAIL: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.. Fonte: https://www.estadao.com.br
Sete dicas para tirar fotos melhores pela câmera do celular
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Escolher cenários com cuidado e acertar o enquadramento podem trazer bons resultados
No caso de retratos, o ideal é escolher fundos com formas ou cores sólidas - Dani Pendergast/NYT
James Hill
THE NEW YORK TIMES
Um telefone celular permite que os viajantes tenham sempre uma câmera à mão. Aqui estão algumas dicas sobre quando e o que fotografar, além de como enquadrar melhor o que está a sua frente.
IMAGINE SUAS FOTOS COMO UM ÁLBUM
Tente captar uma grande variedade de imagens. Embora seja importante focar em fotos clássicas de paisagens e retratos, procure também tirar fotografias com cores e formas atraentes.
ENCONTRE SEU HORIZONTE
Steven Spielberg encerrou seu filme autobiográfico, "Os Fabelmans", com um encontro com o lendário diretor John Ford. O principal conselho de Ford? Coloque o horizonte na parte superior ou inferior da imagem, porque o meio é "chato".
Essa ideia divide o quadro em terços, horizontal e verticalmente. Na maioria dos celulares, você pode configurar uma grade de 3x3 para a tela nas configurações da câmera.
MOSTRE AS CAMADAS DA IMAGEM
Boas fotos de paisagens atraem a atenção para todo o quadro, e para isso você precisa procurar pontos de interesse em primeiro plano, meio plano e à distância.
Encontre um ponto de vista que permita ver as diferentes camadas de uma cena.
PARA RETRATOS, ENCONTRE O CENÁRIO CERTO
Procure um fundo limpo –uma tela natural com cores ou formas relativamente sólidas, como uma parede, céu aberto ou folhagem.
TRABALHE O QUADRO
É bom ter uma variedade de retratos: fotos de rosto, meio corpo e corpo inteiro, bem como horizontais e verticais. Ter esses "quadros" em mente ajuda você a escolher o melhor clique.
EDITE SUAS FOTOS MAIS DE UMA VEZ
Não tenha pressa e reveja todas as fotografias que tirou, percorrendo as imagens pelo menos duas vezes.
VÁ COM CALMA NA PÓS-PRODUÇÃO
As câmeras dos celulares, assim como as câmeras comuns, nem sempre conseguem ler a luz corretamente. Muitas vezes é necessário ajustar a exposição, as sombras ou a temperatura da cor de uma fotografia.
Em geral, gaste o mínimo de tempo possível trabalhando em uma foto e concentre-se em equilibrar o tom e a iluminação das imagens para que pareçam coesas.
Tradução Luiz Roberto M. Gonçalves
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Nove pessoas, incluindo três crianças, são encontradas carbonizadas na Bahia
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Um menino de 12 anos sobreviveu e está em estado grave; polícia suspeita de chacina
Polícia Civil apura morte de nove pessoas em Mata de São João (BA) - Polícia Civil da Bahia / Divulgação
SALVADOR
Nove pessoas foram encontradas mortas e carbonizadas dentro de duas casas incendiadas em Mata de São João (62 km de Salvador). Dentre as vítimas, ao menos três eram crianças.
O crime aconteceu na madrugada desta segunda-feira (28) em uma localidade da zona rural do município conhecida como Portal do Lunda.
As duas casas incendiadas eram vizinhas. Sete corpos carbonizados estavam em uma delas e outros dois na outra. Um menino de 12 anos sobreviveu e foi encaminhada para o Hospital Geral do Estado, em Salvador, com queimaduras graves.
Em nota, a Polícia Militar da Bahia informou que ainda não há dados sobre as circunstâncias das mortes, que estão sendo investigadas pela Polícia Civil. A Folha apurou que as forças de segurança trabalham com a hipótese de uma possível chacina.
A localidade Portal do Lunda fica no Núcleo Colonial JK, colônia agrícola fundada em 1959 na Bahia para abrigar imigrantes japoneses que deixaram o país após um terremoto.
A Bahia enfrenta um de seus momentos mais graves na gestão da segurança, com o acirramento da guerra entre facções, chacinas e escalada da letalidade policial, com epicentro nas periferias das cidades, cujas famílias vivenciam a morte diária de uma legião de jovens negros e pobres.
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam a Bahia como o estado com maior número absoluto de mortes violentas do Brasil desde 2019. Em 2022, o estado conseguiu reduzir em 5,9% o número de ocorrências, fechando o ano com 6.659 assassinatos. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Dias de barbárie e ódio
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Nenhuma semana é particularmente violenta no Brasil. Em todas elas há manchetes aterrorizadoras
Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.
O assassinato da líder quilombola Mãe Bernadete Pacífico, na Bahia, no dia 17 último, chocou não só pela motivação —execução óbvia, ordenada provavelmente pelos madeireiros ilegais que ela denunciava—, mas pela violência. O que leva dois homens portando armas calibre 9 mm, de uso restrito das forças de segurança, a disparar 12 tiros contra uma senhora de 72 anos enquanto ela via TV com os netos em sua casa? Ódio e barbárie. Este é o Brasil.
Escrevi aqui outro dia (13/7) sobre o fato de que, por qualquer motivo, brasileiros trocam garrafadas, jogam seus carros ou sacam facas, pistolas e barras de ferro uns contra os outros. E transcrevi manchetes que recolhi por aqueles dias em jornais e sites. Não foram dias particularmente violentos. Veja, por exemplo, manchetes da última semana.
No Rio, mulher foge de blitz, sobe em canteiro, atropela moto e ainda xinga o motociclista. PMs socam e arrastam homem em situação de rua que se abrigava da chuva em supermercado no Paraná. Em Alagoas, mulher é suspeita de roubar cabelo de cadáver. Aumenta no Brasil registro de autoagressão e de tentativa de suicídio entre crianças e jovens.
Servidora de 68 anos é amarrada e espancada até desmaiar por homem armado em prédio da Secretaria Municipal de Saúde em São Paulo. Em Manaus, advogado é baleado por mulher de policial ao defender bebê. Médica foi morta com 30 facadas em seu apartamento em São Paulo e mala usada no crime para ocultar o cadáver rasgou. Em Senador Camará, no Rio, professora carbonizada foi enforcada com corda, teve álcool jogado nos olhos e gasolina no corpo enquanto ainda respirava.
Em compensação, em Bogotá, o colombiano Luis Garavito, conhecido como La Bestia, acusado da morte de 300 meninos nos anos 1990 e condenado a 1.853 anos, acaba de ganhar liberdade condicional.
Como diz meu amigo Ancelmo Gois, deve ser terrível viver num país assim. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
O choro do seu filho vale quantas curtidas?
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Trends que expõem crianças abrem debate sobre responsabilidade parental nas redes
Coordenadora de comunicação do Instituto Palavra Aberta
A cena começa com uma mulher e seu filho, de aproximadamente 4 anos, em uma cozinha, em frente a uma tigela de plástico, como se estivessem cozinhando juntos. De repente, ela pega um ovo e quebra na cabeça da criança, que se assusta e passa a mão no rosto, sem entender o que aconteceu. Em outro vídeo semelhante, uma garotinha, também pega desprevenida pela atitude da mãe, cai no choro enquanto a mulher ri para a câmera. Logo depois, para acalmá-la, ela permite que a filha faça o mesmo: parta um ovo em sua testa. Tudo filmado, postado e viralizado.
Esses são apenas dois exemplos entre centenas de uma trend no TikTok bastante popular nas últimas semanas. Trends são, em tradução livre, tendências das redes, que engajam milhares de usuários a reproduzirem uma determinada performance, que pode ser uma dança, um desafio, uma dublagem ou mesmo uma brincadeira —pelo menos a princípio. A ideia é participar do momento e, se possível, viralizar, ganhando visibilidade e, claro, seguidores.
Mas vídeos como os da trend do ovo não podem ser encarados apenas como potenciais memes —por mais que façam sucesso entre muita gente —por um motivo que deveria ser óbvio: eles expõem crianças a situações depreciativas. E os autores da humilhação são os próprios responsáveis por elas.
"É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor", diz o artigo 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O texto ainda completa que eles têm o direito de ser cuidados "sem o uso de tratamento cruel ou degradante".
Além de ferirem o ECA e afetarem o vínculo familiar, uma vez que psicólogos apontam que atitudes como as exibidas nos vídeos podem significar uma quebra de confiança entre mães/pais e filhos, conteúdos desse tipo elevam a prática do sharenting (termo usado para definir o compartilhamento de imagens dos filhos) a níveis ainda mais preocupantes.
É claro que, hoje, os registros da infância não se encontram mais aprisionados em álbuns de fotos impressas ou em gravações de VHS, como há algumas décadas. Antes mesmo de nascerem, os bebês já ganham perfis próprios em redes sociais —alguns com milhões de seguidores, como os filhos de celebridades. E também é preciso lembrar que essas plataformas têm sido importantes para mulheres compartilharem suas experiências com a maternidade, tratando abertamente de temas antes invisibilizados, como a exaustão e a sobrecarga a que mães são submetidas.
Contudo, ao contrário das fotografias e dos vídeos de festinhas de nascimento, batizado ou aniversário dos anos 80 e 90, as imagens postadas no TikTok e Instagram podem ser vistas e revistas por audiências inestimáveis. Podem ser curtidas, comentadas, compartilhadas e manipuladas incessantemente por conhecidos e estranhos. E não podem ser apagadas, o que nos leva à pergunta: que efeito toda essa exposição, muitas vezes constrangedora, terá na vida desses futuros adultos?
Mesmo em casos de vídeos de crianças chorando que se transformaram em correntes de afeto e apoio, como o garotinho australiano Quaden, filmado em 2020 pela mãe após ser vítima de bullying, é importante ressaltar que não há como prever se um conteúdo vai viralizar, muito menos como será a reação do número exponencial de pessoas que terão acesso a ele.
O ambiente digital já está repleto de riscos de diferentes escalas de gravidade para crianças e adolescentes. Os responsáveis por eles precisam focar em protegê-los, controlando e qualificando o uso que fazem de redes sociais, aplicativos e games, não em ridicularizá-los em troca de likes. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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