O episódio ocorreu em uma escola pública de Santa Maria-DF

Um estudante de 16 anos foi conduzido à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), na manhã desta segunda-feira (23/4), depois de chamar um colega de “macaco”. A Polícia Militar foi acionada após os dois entrarem em luta corporal.

O desentendimento ocorreu por volta das 9h, no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 213 de Santa Maria. A vítima, também de 16 anos, foi levada, juntamente com o acusado, para a DCA. Na unidade policial, o adolescente infrator ficou detido por injúria racial.

Em nota, a Secretaria de Educação confirmou que, assim que os dois alunos se desentenderam, o Batalhão Escolar foi acionado e encaminhou os envolvidos para a DCA. A pasta informou ainda que investiga o caso.

O que diz a lei

O Código Penal, em seu artigo 140, descreve o delito de injúria, o qual consiste na conduta de ofender a dignidade de alguém, e prevê como pena a reclusão de 1 a 6 meses ou multa.

O crime de injúria racial está previsto no parágrafo 3º do mesmo artigo. Trata-se de uma forma de injúria qualificada, na qual a pena é maior, e não se confunde com o crime de racismo, previsto na Lei nº 7716/2012.

Para sua caracterização, é necessário que haja ofensa à dignidade de alguém, com base em elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência. Neste último caso, a pena aumenta para 1 a 3 anos de reclusão. Fonte: www.metropoles.com

Em 2017 foram registrados 70 homicídios em conflitos territoriais segundo a Comissão Pastoral da Terra: nove a mais que em 2016 e mais que o dobro do registrado em 2013. Mais pobres e minorias étnicas são as principais vítimas

Fátima Barros, de 42 anos, é antes de tudo quilombola. É a primeira coisa que diz, com uma voz que normalmente é aguda, mas que hoje, depois de horas expondo injustiças em uma reunião de comunidades tradicionais do Cerrado, em Balsas (Maranhão), está rouca: “Eu construí minha identidade em torno da causa quilombola”. Essa mulher negra, de feições arredondadas e olhar duro, poderia ter construído sua identidade em torno de, por exemplo, o fato de ser a primeira mulher de sua família, descendente de escravos do Tocantins, a ir à universidade. Mas, em 2010, um fazendeiro queimou o quilombo de São Vicente, que tinha sido o lar de sua família desde que seu tataravô foi libertado da escravidão em 1888, e depois entendeu que sua vida seria uma luta onde quer que estivesse. “Eu não podia escolher não lutar porque sou mulher, negra e quilombola: sou o que o Brasil não quer ver”, disse.

Assim, Fátima Barros é uma líder quilombola. Assim como também era seu companheiro Gabriel Pacifico dos Santos, de um quilombo da Bahia. Até que, no dia 19 de setembro, alguns homens desceram de um carro branco e lhe deram 10 tiros enquanto ia a um enterro. Assim como também eram os outros 12 líderes assassinados no Brasil em 2017, um número até agora inédito, mas que sugere ser a nova norma no campo brasileiro. “No Congresso, as bancadas mais fortes são as ligadas ao agronegócio e aos latifundiários. Esse fato favorece a criação de projetos de leis que fortalecem os que têm interesse em explorar as nossas terras”, explica Fátima. “O uso da força outrora executado pelos pistoleiros agora também está sendo reforçado pelas milícias do campo que, em algumas regiões, servem como seguranças armadas particulares para os fazendeiros e empreendedores.” No dia 15 de abril, Nazildo dos Santos Brito, líder dos quilombos do Alto Acará, foi encontrado com três tiros na cabeça.

As zonas rurais brasileiras sempre foram lugares violentos, onde os problemas, sobretudo territoriais, são resolvidos com pistolas, incêndios e sangue, e não com uma sentença judicial. Mas fazia tempo que não corria tanto sangue quanto agora. De acordo com o relatório recém-publicado pelo observatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 2017 foram registrados 70 homicídios em conflitos territoriais: nove a mais que em 2016 e mais que o dobro do registrado em 2013. Embora os números gerais de violência tenham aumentado no maior país da América Latina, em poucos lugares ela cresceu como no campo. Devemos recuar a 2003 para encontrar um número tão alto. As piores matanças aconteceram nos estados do Pará, Rondônia e Bahia.

As vítimas são geralmente pobres e de alguma minoria étnica. A CPT calcula que os mortos que inflam os números são, ao menos desde 2015, pessoas sem terra que trabalhavam para outros temporariamente, indígenas, quilombolas, ocupantes de terras abandonadas e pescadores. Alguns enfrentamentos são autênticas batalhas, como a chacina contra os índios Gamela que aconteceu em Viana (Maranhão) em abril do ano passado: 13 índios ficaram feridos – cinco por balas – e dois tiveram a mão decepada. Mas a maioria das vítimas se deve a enfrentamentos menos dramáticos e que, portanto, têm menos repercussão. Como o que teve a comunidade de Aliene Barbosa, uma jovem das margens do rio Arrojado (Bahia). Um dia, em 2015, descobriram que sua terra havia sido ocupada por pistoleiros, que tinham até montado barracas durante a noite para ficar de guarda.

“Éramos 80 pessoas para enfrentá-los”, lembra Aliene agora. “Eles ameaçaram atirar e quebraram o braço de um companheiro, mas não fomos embora. Ficamos e batemos neles”, diz, encolhendo os ombros na lógica cristalina entre uma ação e outra. “Quase todos fugiram, menos um. Nós o capturamos e o amarramos em um poste. Cortamos as cercas que tinham colocado, queimamos seus carros e derrubamos as casas. E então, com tudo em ordem, já respondemos à justiça”.

Muitos dos entrevistados concordam que a violência é consequência do apoio do Governo de Michel Temer à bancada do agronegócio. E a verdade é que há vítimas em ambos os lados. Mas é também verdade que, quanto mais branco alguém for e quanto mais dinheiro tiver, menos possibilidades tem de ser uma vítima. “Gente como eu não é bem atendida em hospitais, também não ensinam para nós nas escolas”, explica Cristina, uma das poucas indígenas que restam da tribo Itay, a etnia Guarani-Kaiowá de Douradina (Mato Grosso do Sul).

Eles retomaram suas terras quatro vezes desde 2011 e ainda têm que lidar com os pistoleiros de vez em quando. Vivem em um ciclo de violência e ameaças do qual suspeitam que não sairão. Mas pior seria não lutar. Fátima Barros tem isso bem claro. Ela foi ameaçada de morte, como todos de sua família. Mas, sentada em sua mesa de pedra, com a voz rouca depois de ter falado a 700 pessoas de comunidades tradicionais do Cerrado em Balsas, ela sabe por que está ali: “Essa luta não é tanto pela terra, mas pelo respeito pelo passado. A vida que meus ancestrais levaram. O quilombo de São Vicente foi dado ao meu tataravô por seu dono, Vicente Bernardinho, por ser seu escravo preferido. Eles o tiraram de nós sem razão alguma. Em 2010, provamos diante dos tribunais que era nosso legalmente, mas se não tivéssemos conseguido teríamos perdido tudo. Isso está errado. Nossa história é importante. O povo negro é bom contando histórias, as mulheres as contam enquanto quebram babaçu. Temos que conseguir que as escutem”. Fonte: https://brasil.elpais.com

Na data em que se lembra a morte de Tiradentes, professor fala sobre mitos e ensinamentos da Inconfidência Mineira, que há 230 anos agitava a mais rica das possessões portuguesas no mundo

Conspiração, reuniões na calada da noite e encontros secretos em fazendas e casarões das vilas coloniais. Há 230 anos, na Capitania de Minas – a mais rica entre todas as possessões portuguesas na Ásia, América e África –, atingia o auge o movimento que entrou para a história como Inconfidência Mineira e teve ramificações em São Paulo e Rio de Janeiro. Certo de que há muito para ser estudado, e comparado com o Brasil atual, o professor de história Luiz Carlos Villalta, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),  desfaz alguns equívocos sobre o levante, que teve como figura mais representativa o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1792). No dia em que ocorre, em Ouro Preto, a tradicional cerimônia cívica para reverenciar a memória dos inconfidentes, o especialista fala das lições que nos chegam daquela época.

 “Se 1789 ficou como marco, é bom saber que a grande agitação ocorreu no ano anterior. Em abril de 1789, o movimento já estava morto”, conta o autor dos livros História de Minas Gerais – A Província de Minas e Minas Setecentista, em parceria com a professora Maria Efigênia Lage de Resende. Diante do monumento a Tiradentes, na esquina das avenidas Afonso Pena e Brasil, em Belo Horizonte, Villalta diz que o “21 de abril” é outro ponto fundamental na história, pois confunde a cabeça de muita gente. A data se refere à morte por enforcamento de Tiradentes, em 1792, no Rio. Portanto, nada a ver com fim do levante ou a decretação da derrama, uma das palavras-chave no episódio. “Na época, Portugal tinha o direito de cobrar o ‘quinto do ouro’, taxa de até 20% sobre a produção do metal. Mas, se os mineradores não pagassem ao governo 100 arrobas de ouro anuais, a Coroa portuguesa poderia decretar a derrama, obrigando as câmaras municipais a fazer o povo pagar o valor necessário para chegar àquele total”, explica Villalta.

Passados dois séculos e três décadas do ponto alto do movimento, a lição está bem atual, “pois ficaram de herança a corrupção desenfreada e o funcionamento da Justiça”. Na avaliação de Villalta, paulista de Taubaté e estudioso da Inconfidência Mineira, “a Justiça no Brasil não é, nem nunca foi para todos”. “Um exemplo foi Tiradentes, o único dos inconfidentes punido com mais severidade pela Coroa. O funcionamento da Justiça era tratar desigualmente os desiguais, não havendo igualdade jurídica. Hoje a lei é igual, mas a Justiça praticamente não é igual para todos.”

LIDERANÇA

Outro erro que se comete, alerta o professor, é nomear Tiradentes como líder do movimento. “Na verdade, ele foi o homem a levar as ideias para o espaço público”, esclarece. E, destaca, quem se horroriza com a corrupção nos dias de hoje é porque desconhece as falcatruas do período colonial, em todas as esferas. “A corrupção sempre existiu naqueles tempos e os inconfidentes nunca foram santos. Muitos eram ricos, recebiam vantagens da Coroa, tinham poder e estavam envolvidos em negócios ilícitos, entre eles o contrabando de ouro. Para resumir, eram pessoas de carne e osso.”

Mas Villalta faz questão de enaltecer a imagem de Tiradentes. “Um grande herói nacional, personagem consagrado na memória popular como mártir e defensor da pátria. Um homem que tinha noção crítica do momento pelo qual a colônia passava e queria que a riqueza de sua ‘pátria’ (seu lugar de nascimento, Minas) não fosse drenada para fora por meio de impostos excessivos e do monopólio comercial. Falava em liberdade e denunciava que altos tributos e monopólio comercial transformaram Minas, uma capitania rica, em lugar de pobreza”, afirma o professor.

Fazendo jus à trajetória, os restos mortais dos inconfidentes repousam no Panteão dos Inconfidentes, no Museu da Inconfidência, na Praça Tiradentes, no Centro de Ouro Preto. A exceção é exatamente Tiradentes, que foi esquartejado, teve partes do corpo espalhadas pela Estrada Real e a cabeça pendurada em praça pública em Vila Rica. O crânio depois desapareceu do lugar de “exibição” e nunca mais foi encontrado.

CARTAS CHILENAS

A mobilização que resultaria na chamada Inconfidência começou em 1785, com a circulação, em Vila Rica, atual Ouro Preto, das Cartas Chilenas, poemas satíricos criticando Luís da Cunha Menezes, governador da Capitania de Minas de 1783 a 1788. Nesse último ano, assinala Villalta, chegava ao Rio, vindo da Europa, o mineiro José Álvares Maciel (filho), cunhado do tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, segunda autoridade militar da Capitania de Minas e um dos inconfidentes. “Sabe quem o esperava no porto, no Rio? Tiradentes, que logo propôs a rebelião contra Portugal, embora o recém-chegado não tenha dado muito crédito”, narra Villalta. Mesmo assim, o movimento vai crescendo e se espalha pela região de São João del-Rei e outras localidades do Campo das Vertentes.

Em 8 de outubro de 1788, já não havia mais como parar. E pairava sobre as Gerais o fantasma da derrama, pois, naquele ano, Luís Antônio Furtado de Castro do Rio Mendonça, visconde de Barbacena, chegara a Minas com ordem de decretá-la. A situação gerou descontentamento, em especial nas pessoas ligadas a grupos privilegiados – contratadores, clérigos, militares, contrabandistas etc..

Na casa do pároco Carlos Correia de Toledo, em São José del-Rei (atual Tiradentes), alguns dos futuros inconfidentes começam a arquitetar a conspiração. Há sucessivos encontros em Vila Rica: no fim de dezembro, na casa do tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrada, com a presença de Alvarenga Peixoto, Álvares Maciel e os padres Toledo e Rolim; e na casa do contratador de impostos João Rodrigues de Macedo, proprietário da Casa dos Contos.

DELAÇÃO PREMIADA

Para ajudar a entender o que estava ocorrendo é imprescindível conhecer o cenário no século 18: novos ventos sopravam sobre o Ocidente, trazendo a filosofia de pensadores franceses que criticavam o poder absoluto dos reis, a administração colonial, o monopólio comercial, a intolerância religiosa e o sistema de trabalho. “A Inconfidência floresceu no ambiente de efervescência intelectual e política, como ocorria na Europa e Américas, nesse caso em especial com a independência das 13 colônias que deram origem aos Estados Unidos (1776)”, observa o professor.

No fim de 1789, a derrama foi suspensa e comunicada em 14 de março do ano seguinte. Com a delação “premiada” feita por Joaquim Silvério dos Reis, o movimento dos inconfidentes é abortado e as prisões ocorrem a partir de 2 de maio. Ao entregar os inconfidentes à Coroa portuguesa, com a qual estava em débito, Silvério dos Reis teve sua dívida perdoada. “Fez uma denúncia por escrito e uma delação premiada, porque teve benefícios e não pagou suas dívidas à Fazenda Real”, observa o professor. Preso durante três anos, no Rio, Tiradentes foi enforcado em 21 de abril de 1792.

EDUCAÇÃO

As homenagens aos 230 anos da Inconfidência fortalecerão os programas de educação patrimonial nas escolas de Ouro Preto, diz o secretário municipal de Cultura e Patrimônio de Ouro Preto, Zaqueu Astoni Moreira. Este ano, a cidade já celebra, com ações e eventos, os 280 anos do nascimento de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, filho ilustre da terra; os 320 anos da chegada do bandeirante paulista Antonio Dias, fundador do primitivo arraial; e os 80 anos de tombamento do conjunto barroco pelo governo federal, quando Getúlio Vargas (1882-1954) era presidente.

A face da conjuração

Ao longo dos seus 90 anos, que se completaram em março deste ano, o EM vem reservando espaço constante à memória dos inconfidentes. Em abril de 2011, foi publicada reportagem sobre o inconfidente José Resende Costa, que viveu na Região do Campo das Vertentes e morreu, aos 70 anos, em 1798, no degredo na Guiné-Bissau, África. Envolvida com pesquisas e minucioso trabalho sobre os restos mortais desde 1993, na Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a equipe do professor Eduardo Daruge (foto) fez a reconstituição facial do herói. Assim, o levante ganhava finalmente um rosto – na verdade, o único conhecido, até hoje, de um integrante do movimento pela liberdade, reprimido em 1789 por ordem da rainha de Portugal, dona Maria I, a Louca. Em Minas, a primeira ação pedindo a transferência das ossadas dos conjurados mineiros partiu do poeta e autor da obra História da Inconfidência de Minas Gerais, Augusto de Lima Júnior (1889-1970).

REFRESCO PARA A MEMÓRIA

» O dia 21 de abril é marco que se refere à morte de Tiradentes, enforcado no Rio de Janeiro nessa data, em 1792. A Inconfidência ou Conjuração Mineira se deu entre aproximadamente 1788 e 1789

» A palavra inconfidente tinha um sentido pejorativo e, aos olhos e ouvidos da Coroa portuguesa, significava traidor. Conjuração quer dizer conspiração e é mais apropriada aos ideais dos mineiros do século 18

» A bandeira da república dos inconfidentes tinha no centro do pano branco um triângulo vermelho simbolizando a Santíssima Trindade e a inscrição retirada do poeta Virgílio: Libertas quae sera tamem – Liberdade ainda que tardia. O formato foi adotado como bandeira de Minas Gerais

» A senha dos conspiradores era: “hoje é o dia do batizado”, uma referência à data da derrama. Isso foi combinado durante o batizado da filha de Alvarenga Peixoto
» Em Minas, na segunda metade do século 18, houve outros movimentos que receberam o nome de inconfidência: em Curvelo, Sabará e Mariana. Mas nesses casos não houve a mesma repercussão da de 1789

» Em Minas, outra revolta memorável contra a cobrança exorbitante de impostos foi a Sedição de Vila Rica, em 1720, que teve à frente Felipe dos Santos

enquanto isso...

EXPOSIÇÃO DE DOCUMENTOS

Até sexta-feira poderão ser vistos no Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG), em Belo Horizonte, documentos inéditos sobre a Inconfidência Mineira (1788-1789). O destaque vai para as “Cartas de encaminhamento”, enviadas em 1936, pela então colônia portuguesa de Moçambique, sobre o processo investigativo da exumação dos restos mortais dos inconfidentes Tomás Antônio Gonzaga, João da Costa Rodrigues e Vitoriano Gonçalves Veloso, que cumpriram o degredo na África ordenado pela Coroa portuguesa. A mostra é coordenada pela Comissão Cultural Permanente de Geografia e Ciências Afins do instituto, formada pelos especialistas Márcia Maria Duarte dos Santos, Marcos Paulo de Souza Miranda, Maria Cândida Trindade Costa Seabra e Adalberto Mateus. O IHGMG fica na Rua dos Guajajaras, 1.268, no Bairro Barro Preto, Região Centro-Sul de BH, e está aberto para visitação de segunda a sexta-feira, das 13h30 às 17h30. Entrada franca. Mais informações: www.ihgmg.org.br. Fonte: www.em.com.br

Ato também protesta contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o governo Temer na manhã desta terça-feira (17)

Em protesto em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram, na manhã desta terça-feira (17), a sede da TV Bahia, afiliada da Rede Globo e emissora de propriedade do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM).

Segundo os organizadores, o ato também protesta contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o governo Temer. Foi organizado pela Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo.

“A Rede Globo teve papel importante na articulação desse golpe, na manipulação da informação, e estamos nas ruas para denunciar que a Globo é golpista e não representa o povo brasileiro”, diz texto divulgado pelo movimento Frente Brasil Popular, em sua conta no Facebook.

O ex-presidente Lula está preso na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, após ser condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro. Fonte: http://bahia.ba

‘Se é do Lula, o tríplex é nosso’, diz MTST

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocupa desde a manhã desta segunda (16) o tríplex do Guarujá (SP) atribuído, sem provas, ao ex-presidente Lula. Os integrantes da Frente Povo Sem Medo deixam claro que ‘Se [o imóvel] é do Lula, [o tríplex] é nosso’.

O juiz Sérgio Moro condenou o petista a 9 anos e meio de reclusão e o TRF4 elevou a pena para 12 anos um mês pela propriedade do apartamento. Por causa disso, Lula cumpre antecipadamente em Curitiba a prisão.

Embora Moro tenha atribuído a Lula o tríplex, o magistrado da lava jato marcou para 15 de maio o leilão do imóvel do Guarujá. O preço estimado no edital é de R$ 2,2 milhões.

“MTST e a Povo Sem Medo acabam de ocupar o tríplex do Guarujá, atribuído a Lula por Moro. Se é do Lula, o povo poderá ficar. Se não é, por que então ele está preso?”, informou via Twitter Guilherme Boulos, presidenciável do PSOL e líder do MTST.

Integrantes do MTST também sinalizam que podem ocupar o apartamento do juiz Sérgio Moro em Curitiba, segundo as palavras de ordem: “Ô, Sergio Moro, preste atenção: a sua casa vai virar ocupação.”. Fonte: www.esmaelmorais.com.br

Expulsão foi publicada no Diário Oficial do Estado. Ele atuava no 39° Batalhão da Polícia Militar em São Vicente, no litoral paulista.

Polícia Militar do Estado de São Paulo decidiu expulsar o soldado Adriell Rodrigues Alves da Costa, de 35 anos, da corporação. A decisão, publicada no Diário Oficial, acontece pouco mais de seis meses após o soldado acusar os oficiais do 39° Batalhão da Polícia Militar de 'perseguição, tortura e homofobia'. Ao G1, Costa disse, na manhã deste domingo (15), que está com medo de ser morto.

O agora ex-militar tornou-se conhecido a partir de um vídeo gravado por ele e compartilhado em uma rede social. "Se algo acontecer com a minha vida, com a minha integridade física, a responsabilidade é do comandante do batalhão, da Polícia Militar e do Estado, que nada fizeram para apurar as minhas denúncias", dizia.

Seis meses depois da publicação do vídeo, o comando da PM decidiu expulsá-lo por ter cometido "transgressão disciplinar de natureza grave". Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), Costa agrediu uma equipe de saúde e outros policiais durante uma avaliação clínica marcada a ele pela corporação durante apuração dos fatos.

O ex-militar, que é formado em odontologia, ficou indignado com a decisão. "Fiquei dentro da minha casa esperando atendimento médico durante oito dias. Eu ia entrar em deserção. Me convenceram a ir dizendo que eu ia para São Paulo. Era mentira". Ele, que acabou preso por 34 dias, diz ser vítima de um crime "forjado" pelo comando.

Adriell também alega que a corporação nunca aceitou os atestados que apresentava. "Eles me faziam trabalhar engessado e medicado, pois meus laudos não valiam". O salário dele foi suspenso em novembro de 2017. "A cúpula da instituição nomeou um sargento [para defendê-lo] que é subordinado aos tiranos que me perseguiram e torturaram".

"A PM destruiu a minha vida. Temo pela minha integridade física. Temo que me matem para calar todo o mal que me fizeram. Eles provaram que não têm escrúpulos algum. Se alguma coisa acontecer comigo, foi o Estado de São Paulo e a Polícia Militar que fizeram mal", fala, ao complementar que está com medo.

O caso

Soldado há 9 anos, Costa iniciou a carreira na polícia lotado no 24º Batalhão, em Diadema, sendo transferido depois para Mauá, cidades da Região Metropolitana de São Paulo. Em 2011, teve as mãos lesionadas após um atropelamento durante o trabalho, e desde então, passou a atuar em funções administrativas na corporação.

Em 2016, após decidir morar no litoral paulista, Costa passou a atuar no 39º Batalhão, em São Vicente. Segundo ele, desde o início, havia sido considerado “peso morto” por ter ido para a unidade com restrições médicas, retiradas posteriormente pelo médico do 6º Comando do Policiamento do Interior, responsável por todo litoral.

A situação física se agravou ao lado da psicológica, já que ele acusava o batalhão de persegui-lo em razão da orientação sexual. "Eu escutei de um cabo que eu tinha que 'virar homem'. Ele me disse: 'Você não é homem. Você não está agindo como um homem'. Decididamente, um inferno começou na minha vida quando vim para a Baixada [Santista]", relatou, na época.

Ainda na ocasião da divulgação do vídeo, a Secretaria de Segurança afirmou que estava prestando todo o apoio necessário ao policial. O comunicado enviado ao G1 afirmava que as medidas para solucionar o caso 'estavam sendo tomadas' e que a Corregedoria da Polícia Militar estava acompanhando o caso. Fonte: https://g1.globo.com

Com um girassol na mão, o deputado estadual Marcelo Freixo foi um dos primeiros a chegar a missa em homenagem a Marielle Franco, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, no Centro do Rio. A cerimônia marca um mês da morte da vereadora e do motorista Anderson Gomes.

- Esse é um momento de dor e de saudade, mas temos o compromisso de todo dia mantê-la viva, nas ruas, na luta e na memória - disse Freixo.

Muito emocionada, a mãe de Marielle, a advogada Marinete Franco, contou que se comove com todas as manifestações de carinho pela filha:

- Sinto muito orgulho dela. Minha filha foi uma guerreira e vai continuar sendo - afirmou Marinete, que diz estar sobrevivendo pela fe em Deus e o apoio da população: - O que aconteceu com minha filha foi cruel. Em época nenhuma uma mãe pode enterrar um filho. E eu enterrei a minha de forma precoce, trágica e dolorosa. Mas a nossa família, a sociedade e o mundo esperam uma resposta. Tem muita gente caminhando conosco e isso nos conforta.

Pai de Marielle, Antônio Francisco da Silva, diz que tenta transformar a dor em atitudes que honrem o legado deixado pela filha:

- Vamos dar continuidade a luta dela, que sempre foi a favor do diálogo aberto, construtivo e no sentido de promover a paz - lembrou Antônio, que continua aguardando a definição sobre o assassinato de Marielle: - Calaram covardemente minha filha. Nunca vou cansar de dizer isso. E a única arma que ela possuía era a voz, que foi calada. Não deram a ela nenhuma chance de se defender. Vamos continuar acompanhando de perto as investigações para descobrir quem matou e por que matou.

Ao chegar para a missa, a irmã de Marielle, Anielle Silva, falou sobre as demonstrações de carinho e afeto:

- Eu acho que acalenta um pouco a gente. E ao mesmo tempo deixa a gente orgulhoso do que ela. Óbvio que não está sendo fácil. São 30 dias de um vazio muito grande. Minha mãe ainda está muito abalada. São sentimentos difíceis. Não só pela morte mas pelo que veio depois. São 30 dias de uma luta que a gente sabe que está apenas começando.

Na frente do altar, foi colocado um quadro pintado por Marcones Rocco e que foi dado de presente para o Museu da Maré. Segundo um dos diretores do museu, Lourenço Cezar da Silva, amigo de Marielle há mais de 20 anos, a intenção é criar no local, até junho, um memorial em homenagem a vereadora.

Ao fim da missa, por volta das 12h30, foram distribuídas flores vermelhas e brancas para o público. E o padre Silmar convidou os presentes a permanecerem na igreja para um tributo em forma de música a Marielle e Anderson. No repertório, canções como"Medalha de São Jorge", "Juízo final", "Sal da terra", entre outras.

Desde cedo, família e amigos participaram dos atos “Amanhecer por Marielle e Anderson”, espalhados por diversas praças da cidade e do mundo. As ações coloriram espaços públicos e preencheram os locais com mensagens - como "Lute como uma Marielle" e "Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?"

A manifestação "Marcha e Tambores por Marielle e Anderson" está marcada para as 17h deste sábado. A concentração será nos Arcos da Lapa, e a intenção é seguir em caminhada, ao som de tambores e outros instrumentos, até o Estácio, onde Marielle e Anderson foram mortos a tiros no dia 14 de março. Fonte: https://extra.globo.com

Um mês após a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes, vários pontos do Rio de Janeiro amanheceram com homenagens para os dois. Intituladas “Amanhecer por Marielle e Anderson”, as ações essão organizadas pelo PSOL, partido da vereadora, e por movimentos sociais, e começaram ainda na madrugada. Além do município, grupos vão se reunir em Buenos Aires, na Argentina; e Budapeste, na Hungria; em Lisboa, em Portugal; e Gotemburgo, na Suécia.

Pouco antes das 6h, os primeiros participantes do ato em homenagem à parlamentar e seu motorista chegaram ao Largo do Machado, na Zona Sul. Eles colaram cartazes coloridos com frases de protesto - como "Lute como uma Marielle" e "Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?" - e encheram os balões, antes de pendurá-los em diversos pontos. A praça foi uma das ocupadas pela família, amigos e outras pessoas que quiseram homenagear a parlamentar e o motorista.

Por volta das 7h30, o grupo reunido cantava: "Marielle perguntou, eu também vou perguntar: quantos mais vão morrer, para essa guerra acabar?", além das frases "Marielle, presente" e "Anderson, presente".

Durante o ato no Largo do Machado, o deputado Marcelo Freixo disse que os crimes foram uma tentativa de calar a democracia:

— A ideia de pulverizar o ato em diversas praças é para que o maior número de pessoas possa participar e levar suas famílias. É uma resposta de afeto. Queremos justiça, não vingança. Esse foi um dos crimes mais complexos da política carioca, e queremos saber quem matou e quem mandou matar Marielle — afirmou Freixe, que informou que a viúva de Anderson, Mônica Benício, não participará dos atos deste sábado, porque não está com condições emocionais.

Vestida com uma blusa com a mensagem "Lute como Marielle", Anielle Silva, irmã da vereadora assassinada, contou que a mãe está devastada com a morte.

— Nenhuma mãe espera enterrar o filho. As demonstrações de carinho acalentam o coração dela, mas não trazem de volta — constatou.

Mais uma vez, Anielle disse que quer honrar o legado da irmã, porém, não pensa em começar na vida política.

— Eles erraram muito com esses tiros. Mexeram com um formigueiro. Eu sou da área da educação, não tenho intenção de vir como candidata, mas de criar uma fundação ou ONG.

Anielle e Freixo demonstraram confiança nas investigações realizadas pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil:

— Muito mais de quem fez, queremos saber quem mandou fazer — disse Anielle.

Pré-candidato à presidência, Guilherme Boulos também lamentou a barbaridade dos assassinatos.

— Quem teve essa atitude bárbara não conseguiu matar tudo que era Marielle. As ideias permanecem, e a homenagem que temos que prestar é seguir com as ideias. Quem diria que a gente seguiria tendo crimes políticos. Defender sua memória significa defender a democracia. Marielle vai estar sempre presente — decretou.

Moradora de Quintino, na Zona Norte, a personal organizer Deborah Nascimento, de 33 anos, fez questão de homenagear a memória de Marielle:

- Ela foi meu primeiro voto consciente e era incrível. Ela me representava, como mulher e negra. Não sou homossexual ou moradora de favela, mas são pautas importantíssimas para a nossa cidade e causas que eu também apóio. É muito revoltante saber que o assassinato não foi solucionado. Agora, mais importante de saber quem atirou é saber quem planejou um crime assim.

Já na Tijuca, o ato foi realizado na praça Seans Pena. Fitas em tom vermelho foram colados nas árvores e outras de diversas cores decoravam cordas, onde estavam pendurados cartazes com fotos de Marielle e Anderson, além de mensagens como "Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?", "Não calarão a nossa voz" e "favela é cidade". O deputado federal Chico Alencar (Psol) é um dos que estavam na manifestação. Para ele, o amanhecer em homenagem a Marielle e Anderson é uma forma de cobrar uma solução para o crime e também não deixar que ele caia no esquecimento.

— A péssima tradição da violência política no Brasil é a não apuração dos casos, homicídios, atrocidades, das chacinas. É recorrente ao longo da vida brasileira. Então, nesse primeiro mês desse profundo vazio e dor, estamos amanhecendo em diversas praças do Rio, do Brasil e em alguns lugares do mundo, para gritar que não aceitamos que o caso caia no esquecimento. Mas a gente quer apuração, queremos saber quem matou, quem mandou matar, que elos têm com aparatos de estado. Não vamos aceitar que esse crime fique impune. Porque quando uma polícia séria e investigava quer, ela descobre — disse ele.

Chico elogiou o fato de tantas pessoas diferentes, sobretudo jovens, estarem no ato na Seans Pena. Além de colocarem os adereços no local, também bradaram "Marielle, Presente" e "Anderson, Presente".

— Dialética da vida. A morte não é ter a última palavra. Você vê que a maioria aqui são de jovens, têm crianças e tem essa beleza toda que dá esperança na gente. Pessoal acordou bem cedinho para fazer valer a vida. É uma bela homenagem. Agora, a melhor maneira de homenagear os nossos queridos que se foram é continuar as lutas da Marielle. Isso aqui é maravilhoso — completou Alencar.

O vereador João Batista Oliveira de Araújo, o Babá, suplente que assumiu a cadeira de Marielle na Câmara, também esteve na manifestação, e afirmou que dará continuidade às pautas da colega.

— Não tem outra forma melhor de acompanhar esse processo do que também, junto com a bancada, dar continuidade às lutas que Marielle vinha implementando, com relação a mulher negra, os LGBTs, os jovens, uma grande preocupação dela é de todos. Para que o jovem negro não continue sendo morto em favelas. É uma batalha que temos que travar — disse ele, que acrescentou estar assumindo o posto com calma e que fará seu primeiro pronunciamento na próxima terça- feira. Fonte: https://extra.globo.com

OLHAR HOMENAGEM: Faleceu esta semana em Lagarto-SE, o Sr. Gileno. Por mais de 30 anos foi colaborador do Carmo de Salvador-BA. As nossas orações.