- Detalhes
Morreu na noite desta segunda-feira, a moradora do Complexo do Alemão baleada na cabeça durante confronto entre PMs e criminosos na região. Marinete Menezes, de 55 anos, chegava do trabalho, quando foi atingida por uma bala perdida. A auxiliar de serviços gerais chegou a ser socorrida por vizinhos e levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Alemão. Depois, foi transferida para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, na Zona Norte da cidade, mas não resistiu ao ferimento.
Segundo o comando da UPP Fazendinha, criminosos armados atacaram a base avançada da unidade, por volta das 17h, na localidade conhecida como “Zona do Medo". Houve confronto e os marginais fugiram. Durante a ação, Marinete foi atingida
Ao saber da morte da mãe, a filha de Marinete precisou ser amparada por amigos e parentes que a acompanham no hospital. "Eu quero a minha mãe de volta!", gritava a filha mais velha, de 31 anos, aos prantos. Marinete morava no Alemão com o marido e a filha mais nova, de 22 anos.
A UPP informou ainda que o policiamento foi reforçado na região e que ações de varredura estão sendo realizadas em busca dos envolvidos no incidente.
Veja abaixo a íntegra da nota enviada pela assessoria de imprensa das UPPs:
Segundo o Comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Fazendinha, criminosos armados atacaram a base avançada da unidade na localidade conhecida como “Zona do Medo”, no Complexo do Alemão, por volta das 17h desta segunda-feira (29/5). Houve confronto e os marginais fugiram. Durante a ação, uma moradora foi atingida e socorrida por vizinhos para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Alemão. O policiamento foi reforçado na região e ações de varredura estão sendo realizadas em busca dos envolvidos no incidente. Fonte: https://extra.globo.com
- Detalhes
Dois sobreviventes de crime em Pau D’Arco relataram ao MPF como foi a abordagem durante cumprimento de mandado de prisão na fazenda Santa Lúcia; 10 pessoas foram mortas.
Dois sobreviventes da chacina no município de Pau D’Arco, sudeste do Pará, relataram ao Ministério Público Federal (MPF) como foi a abordagem da ação policial que resultou na morte de 10 pessoas. O caso aconteceu durante cumprimento de mandado de prisão na fazenda Santa Lúcia, na última quarta-feira (24). Segundo um dos sobreviventes, a polícia apareceu repentinamente, gritando ''não corre senão morre''.
Nove homens e uma mulher morreram na ação. A Secretaria de Segurança Pública (Segup) disse que os policiais foram recebidos à bala quando tentavam cumprir 16 mandados de prisão contra suspeitos do assassinato de um vigilante da fazenda, no fim de abril.
Parentes de vítimas da chacina contestam a versão dos órgãos de segurança do Estado de que os policiais reagiram a um ataque dos colonos: segundo os trabalhadores rurais, a polícia chegou na cena do crime atirando. De acordo com peritos do Instituto Médico Legal, em três corpos havia perfurações à bala na cabeça e nas costas.
Em depoimento prestado na última sexta-feira (26), a primeira testemunha contou que estava acampada com outras pessoas perto da sede da fazenda quando ouviram barulho de carros. Dois colegas foram ver o que era e voltaram dizendo que a polícia havia chegado. Todos saíram correndo mata adentro.
O sobrevivente disse ainda que depois de andarem por cerca de 500 metros, montaram um abrigo onde estavam mais ou menos 25 pessoas. Ele conta que repentinamente a polícia apareceu gritando ''não corre senão morre''.
'Olha o que a gente faz com bandido'
Em seguida, as pessoas começaram a correr e a polícia começou a atirar, segundo o depoimento da testemunha. Ela relata que, enquanto rastejava, escutou os policiais dizendo a uma das vítimas, antes de atirar novamente: ''olha o que a gente faz com bandido'' .
O sobrevivente também afirmou ter ouvido colegas chorando e dizendo ''tá, tá, não vamos correr''. E os policiais perguntavam, antes de atirar novamente, ''porque vocês não correram também?”.
A vítima conseguiu fugir pela mata até chegar a um assentamento. A segunda testemunha contou uma versão muito parecida e acrescentou que a polícia, ao chegar, não explicou a situação.
O sobrevivente disse também que os agricultores não reagiram e que as armas que estavam no acampamento não foram usadas. Ele afirmou ainda que antes de fugir, ouviu os policiais batendo nas vítimas e rindo bastante após atirar nelas.
Investigações
Representantes da Associação dos Delegados Polícia do Pará (Adepol) vão acompanhar as investigações e defender os policiais que participaram da ação. "Estão invertendo as coisas. Os policiais foram recebidos à bala, atiraram em legítima defesa, apenas reagiram contra a ação do grupo. Eles estavam lá para dar cumprimento à reintegração de posse", afirmou João Moraes.
O Ministério da Justiça determinou que uma equipe da Polícia Federal acompanhe as investigações das mortes. De acordo com a Segup, 29 policiais, sendo 21 militares e oito civis, já estão sendo afastados das atividades rotineiras. Os agentes de segurança devem colaborar com as investigações. Ainda segundo a Segup, as equipes que participaram da operação vão responder a inquéritos policiais militares.
A fazenda Santa Lúcia é alvo de disputa de terras. O local foi invadido três vezes desde 2015. Em abril, o proprietário conseguiu a reintegração de posse, e contratou seguranças para vigiar o local. Segundo o advogado das vítimas, os trabalhadores rurais já haviam informado ao Incra, à Ouvidoria Agrária e ao Tribunal de Justiça do Pará sobre as tensões na região.
"Eram 200 famílias que ocupavam a área, e a gente vinha alertando as autoridades que estava na iminência de acontecer um novo massacre de Eldorado de Carajás", disse o advogado José Vargas Júnior.
O Incra informou que não houve acordo financeiro com o dono da fazenda para desapropriar a área para reforma agrária, e que tomou todas as medidas possíveis para regularizar as famílias e evitar conflitos na região.
De acordo com a Comissão da Pastoral da Terra (CPT), só neste ano ocorreram 18 mortes relacionadas ao conflito agrário no Pará. Já em todo o ano de 2016, foram 6. O Ministério Público também abriu um inquérito para apurar a causa das mortes.
Segundo o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, as vítimas são:
- Antônio Pereira Milhomem
- Bruno Henrique Pereira Gomes
- Hércules Santos de Oliveira
- Jane Júlia de Oliveira
- Nelson Souza Milhomem
- Ozeir Rodrigues da Silva
- Regivaldo Pereira da Silva
- Ronaldo Pereira de Souza
- Weldson Pereira da Silva
- Weclebson Pereira Milhomem
De acordo com a polícia, pelo menos 4 dos 10 mortos no episódio estavam com pedidos de prisão decretados. Os nomes dos mortos que teriam pedido de prisão decretados não foram discriminados. Fonte: http://g1.globo.com
- Detalhes
Segundo informações preliminares, na manhã desta quarta-feira, 24, pelo menos 9 posseiros homens e uma mulher foram mortos durante ação de despejo realizada por policiais do estado do Pará.
A chacina ocorreu no interior da fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D’Arco, na região de Redenção, Sudeste do Pará, a 860 quilômetros da capital Belém.
Os corpos, conforme apurações iniciais, foram levados para o necrotério do Hospital Municipal de Redenção.
De acordo com veículos de comunicação da região, a operação policial foi liderada pela Delegacia de Conflitos Agrários em Redenção (DECA), com apoio de policiais de Redenção, Conceição do Araguaia e Xinguara. Fonte: www.conversaafiada.com.br
- Detalhes
Reunião com a Ordem Terceira do Carmo de São José dos Campos/SP, no Convento do Carmo da Bela Vista.
- Detalhes
É hora de proclamar: a internet deixou de ser divertida. Como todos os bons casos de amor, começou emocionante. Costumávamos ficar acordados até tarde e rir juntos. Agora, porém, apenas nos ajuda a discutir/brigar por mais tempo. Os longos verões ociosos de Albino Black Sheep [um site de animação interativo, famoso nos anos 2000] e Chris Crocker [um ator-celebridade na internet, nos EUA, a partir de 2007] transformaram-se num inverno sempre cinza de big data bilionários e torturas ao vivo.
Vivemos sob espionagem, incapazes de concentração, não estamos presentes, não conseguimos dormir – não podemos sequer atravessar mais a rua. É a razão pela qual você não consegue terminar um livro e as lojas de departamento já sabem que está pensando em comprar um processador de alimentos. Muito embora – assim como em tantos relacionamentos abusivos –, ele suga nossa energia e nos exaure, mas não conseguimos largá-lo...
*Leia na íntegra. Clique aqui:
- Detalhes
Frei Carlos Mesters- Em recuperação aqui no Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro- recebe visitas dos Paroquianos de Angra dos Reis.
- Detalhes
- Detalhes
Centrais citam Papa Francisco e afirmam que se levantam contra "sanha exploradora".
As centrais sindicais aprovaram documento endereçado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em que expressam "nosso reconhecimento e nossa gratidão ao apoio claro e explícito que a Igreja Católica no Brasil manifestou à luta pela justiça dos trabalhadores e do povo brasileiro no período recente", com referência à greve geral realizada na última sexta-feira (28). A reportagem é de Vitor Nuzzi e publicada por Rede Brasil Atual - RBA, 04-05-2017.
Segundo a carta, dirigida ao presidente da Conferência, o cardeal Sergio da Rocha, e lida durante reunião das entidades nesta quinta (4), "a coragem e a generosidade" de muitos bispos e as declarações "enérgicas" da própria assembleia geral da CNBB "provocaram um ânimo muito grande em nossa gente".
Os sindicalistas resolveram aprovar um documento por avaliar que a entidade passou a sofrer pressões do governo para mudar seu posicionamento crítico a respeito das reformas. "Queremos que o senhor saiba deste nosso reconhecimento porque sabemos também o quanto lhes custa tomar estas posições, e as pressões que os poderosos exercem em defesa de seus privilégios e de seus projetos que legalizam a exploração e a exclusão."
Fazem também citação ao papa. "Nós que já nos entusiasmávamos com as posições proféticas do Papa Francisco, constatamos agora, com muita alegria, que a Igreja no Brasil está seguindo seu Pastor e pondo em prática uma atuação que honra o Evangelho e a prática de Jesus Cristo", afirmam as centrais.
Os dirigentes dizem ainda não estar defendendo privilégios de grupos ou corporações. "Estamos lutando para que os mais pobres e excluídos deste Brasil não sejam ainda mais massacrados por reformas legais que falam em modernização mas que se constituem na prática formas cruéis de aumentar a exploração; lutamos para que nosso País não tenha alienados seus bens mais estratégicos, para que o sistema financeiro e o mercado não sejam a única orientação política deste País."
Eis a nota.
Para S. Eminência Reverendíssima
Dom Sérgio, Cardeal Rocha
- Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Prezado Dom Sérgio,
Reunidos em São Paulo nesta data, dirigentes sindicais das Centrais Sindicais – CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros ; CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras no Brasil ; CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil ; CUT - Central Única dos Trabalhadores ; CSP – Conlutas – Coordenação Nacional de Lutas; Força Sindical; Intersindical Central da Classe Trabalhadora; NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores; UGT – União Geral dos Trabalhadores, decidimos manifestar de forma oficial nosso reconhecimento e nossa gratidão ao apoio claro e explícito que a CNBB no Brasil manifestou à luta pela justiça dos trabalhadores e do povo brasileiro no período recente, e particularmente por ocasião da Greve Geral realizada no último dia 28 de abril.
A coragem e a generosidade reconhecidas de muitos Bispos ao publicarem explicitamente seu apoio ao Movimento, e sobretudo as declarações claras e enérgicas por parte da própria Assembleia, provocaram, dom Sérgio, um encorajamento, um ânimo muito grande em nossa gente.
Queremos que o Senhor saiba deste nosso reconhecimento porque sabemos também o quanto lhes custa tomar estas posições, e as pressões que os poderosos exercem em defesa de seus privilégios e de seus projetos que legalizam a exploração e a exclusão.
Dom Sérgio, esteja certo: não estamos lutando por privilégios de grupos ou corporações. Estamos lutando para que os mais pobres e excluídos deste Brasil não sejam ainda mais massacrados por reformas legais que falam em modernização mas que se constituem na prática formas cruéis de aumentar a exploração; lutamos para que nosso País não tenha alienados seus bens mais estratégicos, para que o sistema financeiro e o mercado não sejam a única orientação política deste País.
Confessamos ao Senhor e aos membros desta Assembleia que nem nós imaginávamos que este Governo fosse chegar tão longe em suas ações de retirada de direitos daqueles que historicamente já foram vítimas da exclusão. E a cada dia uma nova surpresa: veja, dom Sérgio o escândalo desta nova proposta de legislação trabalhista para o campo, que quer impor ao trabalhador condições análogas à escravidão: 18 dias de trabalho seguidos, jornada de 12 horas, pagamento em casa ou alimentação, venda total das férias... Veja o relatório da CPI da Funai e do Incra, criminalizando aqueles que ousam defender a população indígena, vítima extrema da espoliação.
Dom Sérgio, o combate que eles fazem ao financiamento sindical é outra tentativa de fragilizar a resistência a seus projetos; enquanto isso, as entidades Patronais auferem, através do sistema S, recursos infinitamente maiores.
É contra esta sanha exploradora que nos levantamos e vemos com satisfação que nosso grito se faz ouvir cada dia mais pela população e por entidades da importância da CNBB.
Muito obrigado, dom Sérgio, por podermos compartilhar esta luta pela justiça. Transmita, por favor a Dom Leonardo e a todos os Bispos, este nosso reconhecimento. Ao mesmo tempo, devemos lhe dizer que nossa luta deverá ser dura e muito longa. Continuamos, por isso, contando, com sua generosidade, sua coragem profética e seu apoio de Pastores.
São Paulo, 4 de maio de 2017. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
- Detalhes
São Paulo é o estado brasileiro que mais mata pessoas LGBT por motivações homofóbicas
BRASIL - A cada 25 horas, uma lésbica, gay, bissexual ou transexual (LGBT) é assassinado no Brasil por causa de sua orientação sexual. Só nos primeiros quatro meses deste ano, foram registradas 117 mortes. Os dados são do Grupo Gay da Bahia (GGB), divulgados na data em que é celebrada o Dia Internacional Contra a Homofobia, nesta quarta-feira (17).
FALTA LEI QUE CRIMINALIZE HOMOFOBIA
Segundo o relatório do GGB, com dados de 2016, São Paulo é o estado do país que mais mata pessoas LGBT por motivações homofóbicas. A Bahia vem em segundo. Membro honorário do GGB e militante LGBT, Genilson Coutinho lamenta a crescente violência contra pessoas LGBT e atribui a diversos fatores, principalmente à impunidade:
“Não há uma lei que criminalize a homofobia no país, que faça com que as pessoas abram os olhos e desaprovem isso. A impunidade fortalece a violência diária. O criminoso mata hoje e com um habeas corpus é liberado. Isso institui a banalização, porque a cada 25 horas um homossexual é assassinado no Brasil, a cada dia uma família é dilacerada pela morte de filhos LGBT".
Ele ainda cita, como forma de sustentar a homofobia, a ausência de políticas públicas e a falta de atendimento apropriado a essas pessoas, em locais de denúncias e apoio, o que institucionaliza esse tipo de violência. Coutinho lembra que muitos casos deixam de ser registrados em delegacias, pois as vítimas passam por constrangimentos, o que acaba sendo uma segunda violência.
Fonte: https://oglobo.globo.com
- Detalhes
Em homenagem ao Dia do Gari, comemorado nesta terça-feira (16), o G1 acompanhou algumas horas da rotina desses profissionais.
Manter limpa uma cidade como o Rio de Janeiro requer uma operação quase de guerra. É preciso preparo físico, um batalhão de profissionais e "armas" contra o preconceito. Em homenagem ao Dia do Gari, comemorado nesta terça-feira (16), o G1 acompanhou algumas horas da rotina desses profissionais e pôde comprovar o trabalho árduo e de extrema importância para a sociedade.
Durante 2h20, a repórter recolheu lixo público das ruas da Lapa e do Centro, entre entulhos e até comida estragada. Entre os pontos positivos, avaliou o carisma dos garis, o material de segurança usado pelos profissionais e agilidade do serviço. Já entre os negativos destacou as fezes dos moradores de rua misturadas ao lixo público e as dores no corpo pelo esforço físico.
"O trabalho é intenso, tem muita responsabilidade, mas é divertido também, a gente se vê todo dia e acaba criando uma amizade", conta Israel Moraes, de 39 anos, que trabalha há 13 como gari. Ele divide o espaço do caminhão de coleta de lixo com os amigos Alexandre Dias, de 42 anos, e William Robson, de 33.
"Não tenho vergonha nenhuma de falar que sou gari. Tenho o maior orgulho", declara Israel.
Atualmente, cerca de 15 mil garis trabalham na cidade. Na Gerência de Limpeza do Centro, uma das mais importantes, os profissionais de diferentes tipos de coletas são divididos em três turnos . De acordo com a Comlurb, os garis da varrição de logradouros recolhem, em média, 50 quilos por dia. Já os caminhões carregam cerca de 270 toneladas por turno.
A Avenida Rio Branco, no Centro, é uma das vias que exigem maior atenção da limpeza urbana porque a locomoção de pessoas é bem intensa. Ela é varrida quatro vezes ao dia. Além da Rio Branco, as ruas com maior quantidade de lixo público são a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, em Copacabana; Rua Coronel Agostinho, em Campo Grande; Avenida Presidente Vargas, no Centro; e Estrada do Portela, em Madureira.
Sobre o preconceito em relação a profissão, os garis afirmam que, apesar de o cenário ter mudado bastante nos últimos anos, a discriminação ainda existe. É aí que entra o bom humor dos profissionais para virar o jogo."A gente trabalha com lixo, mas anda cheirosinho", diverte-se Israel.
"Essa roupa de gari, na Baixada Fluminense, é muito valorizada. As pessoas veem a gente com admiração, perguntam quando vai abrir novo concurso (o último concurso aconteceu em 2015 e 80 mil pessoas se inscreveram)", acrescenta Alexandre, que mora em Queimados e sai às 3h40 de casa para começar o expediente às 7h, no Centro.
Atualmente, o piso salarial do gari é de R$ 1.382,88. "Não tenho do que reclamar. Aqui é minha segunda casa, minha mulher nem fica com ciúmes, até porque tudo que temos, todo meu sustento vem da Comlurb", conta Ernani Teixeira, de 67 anos, e há 35 na companhia de limpeza urbana.
Carinho da população
William Robson acha graça quando o assunto é paquera e assédio. "É difícil uma paquera, mas, quando rola, a gente agradece e segue o serviço", diz, aos risos. Um outro gari diz que já ganhou um apertão no bumbum de uma mulher quando estava no caminhão. "Ela estava de carona na garupa de uma moto e apertou meu bumbum, não entendi nada."
O carinho da população, segundo os garis, supera os poucos "olhares tortos" que recebem. "O pessoal dá bom dia pra gente, oferece água, comida. As pessoas ajudam a jogar o lixo no caminhão. O bom é que a população é simpática, vê a gente com bons olhos", afirma Willam. Até os turistas entram na dança e abusam das selfies com os profissionais, por conta do uniforme chamativo de cor laranja.
"Mesmo na correria, damos atenção para eles, tiramos fotos. Porque eles gostam, né?", justifica Alexandre, que, por conta da sua simpatia, recebeu como presente óculos de sol de um turista estrangeiro.
O lema é rir muito e reclamar pouco. Pra tirar a alegria deles só mesmo lixo mal embalado e entulhos proibidos. Além dos donos de animais que deixam os bichos urinarem nas sacolas de lixo.
"Muitos dos acidentes de trabalho acontecem porque as pessoas colocam vidros nos sacos plásticos e acabam cortando a gente. Fica o nosso apelo para que as pessoas embalem seus lixos pensando nos profissionais que vão manusear", pede William. Segundo a Gerência do Centro, a equipe de lá está há 85 dias sem acidentes. O recorde foi de 234 dias, no ano passado.
"O assunto está sempre em pauta. Todos os dias, antes deles saírem, promovemos o Minuto de Segurança, com uma palestra que fala sobre proteção pessoal e coletiva", explica o gerente Luiz Carlos de Souza.
Histórias para contar
Solange Arruda, gari de varrição, abre um sorrisão ao lembrar que já achou R$ 15 no lixo: "Uma vez, eu varrendo as folhas lá no Bairro de Fátima, vi um papelzinho enrolado e quando abri tinha R$ 15. Fiquei toda feliz. Depois, nunca mais achei."
Há 26 anos como gari, Sérgio Moraes, de 52 anos, tem muitas histórias pra contar. Ele conta que Já achou carteira cheia de documentos de uma médica no lixo, já carregou colega de trabalho bêbado dentro da caçamba para os chefes não verem, e também achou uma corrente de outro, que disse ser avaliada em R$ 3 mil. "Dei pra minha mulher e até hoje não sei onde ela enfiou", diverte-se.
Para Sérgio, não existe emprego melhor do que o dele. "Já tive oportunidade de estar em outros lugares, mas eu sempre digo e repito: Lugar de gari é na rua."
Programação para o Dia do Gari
Os garis serão homenageados em grande estilo pela Comlurb e pelos cariocas que passarem pela Praça Mauá, na Zona Portuária, que será palco de festividades na data comemorativa, a partir das 10 horas.
Como parte da ação, durante a operação de limpeza na cidade do Rio de Janeiro, serão mostradas por meio de simulação de situações do dia a dia as atividades dos garis. O grupo Chegando de Surpresa e o gari passista Renato Sorriso estarão presentes para alegrar a festa. Populares poderão posar para fotos com as vestes e equipamentos de trabalho dos trabalhadores.
Também em comemoração ao Dia do Gari, o Zoológico do Rio dará gratuidade no ingresso para todos os profissionais de limpeza urbana responsáveis pela conservação de ruas, praças e praias do Rio de Janeiro.
A ação é feita em parceria com o Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação - RJ (SIEMACO-RJ) e para ter acesso basta apresentar o crachá funcional ou contracheque na bilheteria do RioZoo e retirar a cortesia, válida apenas para o dia. Fonte: http://g1.globo.com
- Detalhes
OLHAR DO DIA: Frei Eduardo, Conselheiro da Província Carmelitana de santo Elias, de Brasília, em visita ao confrade Frei Carlos Mesters- Em recuperação aqui no Convento do Carmo da Lapa/RJ- nesta terça-feira, 16.
- Detalhes
MÃE SÓ TEM UMA? NEM SEMPRE. CADA VEZ MAIS, CASAIS DE MULHERES DECIDEM TER FILHOS, SEJA POR MEIO DE ADOÇÃO OU INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
As crianças estão bem. Essa é a tradução literal do título do filme “The kids are all right” ou “Minhas mães e meu pai”, como foi chamado por aqui. A história da família formada por duas mães e seus filhos Joni e Laser, concebidos por inseminação artificial, mostra isso: que fica tudo bem – mesmo sem um pai por perto. Entre 8 milhões e 10 milhões de crianças crescem em famílias homoafetivas nos EUA, com dois pais ou duas mães, segundo o Child Welfare Information Gateway. Essas crianças podem ter sido geradas por um casal heterossexual que se separou e depois foram criadas pela mãe e sua namorada (ou pai e namorado) ou ter sido fruto de uma inseminação ou adoção planejadas pelo casal homossexual.
Uma pesquisa do Datafolha feita em 2010 mostrou que 39% das pessoas já são favoráveis à adoção por homossexuais, enquanto 51% são contra. A tendência é que o grau de aprovação aumente com o tempo, já que entre os mais jovens, entre 16 e 24 anos, a prática é apoiada por 58%, enquanto que entre os que têm 60 anos ou mais, por apenas 19%. Quanto maior a escolaridade, menor o preconceito também. Assim como, logo que o divórcio foi aprovado, em 1977, a preocupação com o futuro das crianças de pais separados era grande, o mesmo acontece com os filhos de duas mães ou dois pais. Mas, assim como é melhor ter pais separados do que viver numa casa em que o conflito e as agressões entre os pais são constantes, pode ser bom ter duas mães.
Um estudo publicado em julho de 2010 no periódico médico Pediatrics mostrou que filhos de mães lésbicas têm mais autoestima e confiança, além de terem melhor desempenho na escola e menos probabilidade de ter problemas comportamentais, como agressividade. Não está muito claro o motivo dessas diferenças, mas a pesquisadora Gartrell tem uma teoria: as mães homossexuais são muito envolvidas na vida dos filhos. Ser presente, ter uma boa comunicação e estar informada sobre os eventos escolares são alguns dos ingredientes para formar uma criança saudável, lembra a pesquisadora. Apesar desse envolvimento não ser exclusividade das mães lésbicas, Gartrell mostra que, para elas, isso é uma prioridade. Como seus filhos estão mais vulneráveis ao preconceito, essas mães têm mais facilidade em abordar tópicos complicados, como sexualidade, diversidade e tolerância. Essa base pode dar às crianças mais confiança e maturidade para lidar com diferenças sociais e preconceitos conforme ficam mais velhas.
Em janeiro de 2011, duas mulheres conseguiram na Justiça brasileira o direito de aparecer como mães na certidão de nascimento de seus filhos gêmeos, Ana Luiza e Eduardo, que já tinham 1 ano e 8 meses na época. Os gêmeos são filhos de Munira e Adriana e foram gerados por inseminação artificial no útero da Adriana com os óvulos de Munira. Alguns casais já conseguiram certidões como duas mães ou dois pais ao adotar uma criança. Em relação à inseminação artificial, o Conselho Federal de Medicina divulgou novas regras explicitando o direito dos casais homoafetivos que recorrem ao tratamento.
Nos EUA, alguns grupos se referem a essas famílias como “intencionais” ou planejadas, em oposição a famílias cujos filhos nasceram de uniões heterossexuais e agora são criados por dois pais ou duas mães, mas nem todo mundo gosta desse termo. “Se eles são intencionais, eu sou o quê?”, disse uma menina de 13 anos para a escritora Abigail Garner, autora do livro (e agora site) Families Like Mine: Children of Gay Parents Tell It Like It Is” (Famílias como a Minha: filhos de Pais Gays Contam Como é). O pai de Abigail contou para ela que era gay quando ela tinha 5 anos. Em seu site, Abigail conta que sofreu durante a adolescência principalmente por causa do preconceito da sociedade. “Não é fácil crescer ouvindo todo dia dos meios de comunicação, líderes políticos, professores e vizinhos que pessoas gays são más, pecadoras ou erradas. Quando falam dos gays assim, eles ofendem a mim e a meu pai e seu parceiro, dois homens que eu amo e respeito.”Em alguns países, estimular a convivência com as diferenças, incluindo famílias homoafetivas, é política pública. A antropóloga Érica Renata de Souza apontou, em sua tese de doutorado intitulada “Necessidade de filhos: maternidade, família e (homo)sexualidade”, feita em 2002, que as escolas públicas de Toronto, no Canadá, têm programas contra a homofobia desde a primeira série do ensino fundamental. Isso já acontecia no Canadá há quase uma década. Por aqui, as escolas pouco ou nada falam sobre o assunto. Os livros infantis traduzidos para o português ou escritos por autores brasileiros também são escassos. Há algumas publicações sobre crianças com dois pais, mas praticamente nada a respeito de duas mães.
Mas aos poucos, vamos caminhando. O filme “Minhas mães e meu pai” foi recebido numa boa, ajudando a dar mais visibilidade ao tema. “Tem mais visibilidade, mas isso não significa mais aceitação”, afirma a antropóloga Érica de Souza. É verdade. Foram poucas as mulheres que quiseram revelar seus nomes e rostos à Pais & Filhos. A maioria delas preferiu não se expor. Talvez por causa de seu instinto materno (em dobro) de querer proteger os filhos.
Duas mães, nenhum pai
Tem de haver uma mãe e um pai, mesmo num casal homossexual? Não necessariamente. “Não tem pai. É mãe e mãe. As duas desempenham o papel de mãe”, afirma Munira. “Acho demagogia falar que uma família é composta por pai, mãe e filho”, acredita. Na casa de Vanessa e Patrícia, mães de Davi, de 2 anos, também há duas mães – e ambas tiveram licença-maternidade na época da adoção. Uma é a “mamãe” e a outra é a “mama”.Mesmo sendo mães, elas cumprem funções diferentes. “Eu cuido quando ele fica doente, e a Patrícia fica mais com a parte da diversão”, conta Vanessa. “Sou contra chamar uma das mães de pai. A gente luta muito pelos direitos da mulher. Fazer isso é machismo”, garante Yone Lindgren, vice-presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), mãe de Janaína, Rafaela e Wagner, que foi assassinado há três anos (suspeita-se de um crime de homofobia).E o tal do exemplo masculino? “Freud descrevia que é necessário que toda criança tenha convivência com o pai e com a mãe. Aí os anos foram passando e a gente passou a ter mães solteiras, casais divorciados, e os filhos eram maravilhosos. Desenvolviam-se bem”, diz a psicopedagoga Claudia, que é homossexual e mãe de Vitor, mas não quis revelar seu nome verdadeiro. “O pai representava o que trabalhava fora, dava a regra, o limite. A mãe ficava em casa. A mãe era a emoção, e o pai, a regra”, completa. Na opinião dela, não precisa de duas pessoas para cumprir esse papel. Uma mulher sozinha pode dar limites, regras e ser afetuosa. Um homem também. E um casal homossexual também.Referenciais masculinos não faltam no mundo. Tem os tios, primos, amigos, professores… “A gente não vive num universo só de mulheres, as crianças lidam com ‘n’ homens na vida”, diz Yone. Além disso, o pai presente é uma conquista recente. Até alguns anos atrás, quase não havia a presença masculina em casa, porque eles saíam cedo e voltavam tarde do trabalho. E não é pela falta de um homem em casa que o filho vai se tornar gay. “O menino, se não tiver uma tendência para a homossexualidade, vai encontrar modelos para se identificar e para formar a sua identidade”, explica a psicoterapeuta Alina Purvinis, mãe de Larissa, Letícia e Liana. Filhos de mães lésbicas têm a mesma probabilidade de se tornarem gays que qualquer outra criança.
Crianças felizes
“Os filhos de casais homossexuais são crianças que respeitam mais aquilo que é diferente. Não vão olhar torto para um cadeirante na rua, não vão desrespeitar uma criança com necessidades especiais. Não colocam rótulos”, acredita a psicopedagoga Claudia.A psicóloga Lídia Aratangy, mãe de Claudia, Silvia, Ucha e Sergio, brinca: “Já pensou duas mães em cima delas?”, mas complementa, falando sério: “Duas mães é melhor que uma mãe sozinha sem pai”, acredita.Numa cena do seriado Friends, em que Carol, namorada de Susan, vai ter um filho de Ross, o ex-marido de quem engravidou e de quem se separou ao se descobrir lésbica, surgem várias brigas entre o pai e a namorada da mãe. Susan reclama: “Você é o pai da criança! Quem sou eu? Tem dia das mães, dia dos pais… Não tem Dia da Amante Lésbica”. E Phoebe entra na conversa: “Quando eu era criança, meu pai saiu de casa, minha mãe morreu, meu padrasto foi preso. Nunca pude juntar os pedaços para ter um pai por inteiro. E essa criança tem três pais que ligam tanto para ela que estão brigando para ver quem pode amá-la mais. E ela nem nasceu. É a criança mais sortuda do mundo”.
*Cresce o número de casais de Lésbicas que querem ser mães e “nova família” já é realidade no Brasil
- Detalhes
Um novo tipo de família está se formando no Brasil, onde crianças têm dois pais ou duas mães. Fechar os olhos a esta realidade é, além de retrogrado, tentar encobrir o que está acontecendo claramente na sociedade, seja dentro das escolas, nas creches, nos shoppings, parquinhos e na TV: gays e lésbicas lutaram e conseguiram na justiça, o direito a maternidade/paternidade.
No Centro de Medicina Reprodutiva Pró-Fértil, um programa especial de atendimento foi desenvolvido para casais homoafetivos. Segundo Marco Antônio Lourenço, Médico Especialista em Reprodução Assistida, com Especializações na Universidade de Valencia (Espanha) a dificuldade destes casais de engravidar passa por muitas etapas a vencer, principalmente pelo preconceito.
“Casais de mulheres, tem sido atendidas na Pró-Fértil de forma normal como qualquer casal heterossexual. A clínica disponibiliza psicólogo quando necessário, e só realiza atendimento em horário diferenciado se solicitado pelo casal homoafetivo” explica Marco Antonio Lourenço, acrescentando que a Pró-Fértil visa não diferenciar nenhum casal, e sim personalizar todos os atendimentos. Segundo Lourenço, o lema da clínica é não admitir nenhuma forma de preconceito durante os atendimentos a casais homoafetivos femininos ou masculinos. “É provável que alguns desses casais queiram falar desta questão, mas certamente a maioria tem tratado o assunto como uma situação normal”, diz o especialista.
As informações prévias ao tratamento para este tipo de pacientes na Pró-Fértil são técnicas, e discorrem sobre como se dá o tratamento. “A diferença é que o semen deve ser adquirido em um Banco de Semen que usamos chamado PRO SEED de São Paulo, que fornece os dados do doador, como por exemplo, raça, altura, religião, tipo sanguíneo, cor de olhos, cabelos, profissão e Hobby” explica o médico.
Marco Antonio Lourenço ressalta que a nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre a reprodução assistida estabelece uma série de normas para regulamentar a fertilização in vitro e a inseminação artificial, inclusive para casais homoafetivos: “Agora, fica expressamente permitido o uso da reprodução assistida por casais homoafetivos. Antes, o texto dizia que "qualquer pessoa" poderia usar a técnica "nos limites da resolução", mas o CFM considerou que estas palavras permitiam diferentes interpretações. A partir de agora, homossexuais são citados na resolução como elegíveis para a inseminação, o que mostra que os princípios éticos do passado se modernizaram e agora é um direito conquistado”.
Segundo ele, para os casais homoafetivos masculinos, a clínica ainda não realizou nenhum tratamento. “Eles vêm e consultam sobre o assunto e decidem pensar mais, porém, o desejo das mulheres em serem mães é muito maior e já realizamos diversos procedimentos com sucesso ”, finaliza Marco Antônio Lourenço. Fonte: http://www.jornalcariocas.com.br
*Leia na íntegra. Clique aqui:
- Detalhes
Jacques Távora Alfonsin
Queridas mães sem-terra e queridas mães sem-teto. Com licença. Permitam, por favor, que neste segundo domingo de maio de 2015, dia consagrado a reverenciar vocês, a gente entre nesse barraco improvisado onde vocês estão, para fazer uma visita, dar a vocês um abraço e um beijo com muito amor, carinho e emoção.
Mesmo envergonhados, pois viemos lá do centro da cidade, onde tudo é tão diferente daqui, com nossas casas bem abrigadas, servidas de luz, água, saneamento, próximas de escolas, creches, hospitais, bombeiros, tudo à nossa disposição e encontramos vocês nesse lugar desprovido de tudo isso, incômodo, desconfortável, aberto a intempéries e doenças, por tanto tempo esperando…
Por isso, perguntar a vocês como vão, parece-nos sem nenhum sentido, tanto atraso e demora o reconhecimento do direito de vocês de acesso à terra é responsável pela pobreza, pela miséria e pelo aperto que vocês sofrem em tantas regiões de um país, onde o que não falta é espaço.
Por isso, a nossa primeira palavra para vocês nessa visita, não pode ser outra do que a de uma saudação muito amorosa e fraterna, mas também cheia de esperança. Como aconteceu no passado, com outras duas mulheres, essa esperança não é vã.
Maria, uma senhora grávida muito pobre como vocês, foi visitar sua prima Isabel, também grávida de um menino, a quem depois foi dado o nome de João Baptista. O nascituro vibrou de alegria no seio de Isabel com aquele encontro e Maria entoou um canto cujo eco ainda hoje se faz ouvir, tão atual se mostram letra e harmonia, no dia das mães:
“De agora em diante, todos vão me chamar de mulher abençoada, porque Deus Poderoso fez grandes coisas em mim. O Seu Nome é Santo e Ele mostra Sua Bondade a todos”…
Vejam queridas mães. Independentemente da fé presente ou não em cada pessoa, se um Deus quer nascer de mulher, como qualquer filha ou filha de uma sem-terra ou de uma sem-teto, não há saudação mais apropriada para o dia das mães do que essa. Existe sim Uma Bondade que não discrimina ninguém, como a das mães, que não custa dinheiro, como a das mães, que não desanima, como a das mães, que não se deixa vencer por problemas, dificuldades e carências, aparentemente insuperáveis, como a das mães.
Nossa segunda palavra, então, é de um agradecimento muito grande a vocês. Porque o parto posterior dessa Maria se deu nas mesmas condições em que vocês vivem agora e, ainda assim, pode-se dizer que mudou todo o curso da nossa história. Ela também estava acampada, os motivos para todo esse desconforto e incômodo, em tudo semelhantes aos de hoje sobre vocês, já tinham sido por ela previstos quando continuou cantando na visita feita à sua prima:
“Deus levanta a sua Mão Poderosa e derrota os orgulhosos com todos os planos deles; derruba dos seus tronos reis poderosos e põe os humildes em altas posições; dá fartura aos que têm fome e manda os ricos embora com as mãos vazias.”
Como pode ser isso? Vocês ainda acreditam em tal vitória? Que poder tão forte é esse? Pois é. Essa é a principal razão do nosso agradecimento, queridas mães. Todo o sofrimento, toda a dor, toda a penúria revelada pela presença de vocês aqui, é um exemplo de fé e de vida para outro tipo de fé e outro tipo de vida. Até para outro modelo de mãe que nós queremos e precisamos aprender.
Se quem espera sempre alcança, como se ouve frequentemente, a esperança de vocês, como a de Maria, não é passiva à maneira de quem conta com a chegada de uma esmola; não é individual como quem espera só para si e não para todas/os; não é paga em dinheiro, como quem não tem outra preocupação na vida que não a de trocá-la por lucro, juro e pagamento do psiquiatra para suportar todo esse peso malsão, que acaba por deixar suas vítimas “despedidas de mãos vazias”.
Bem ao contrário, essa esperança é sustentada por coragem, brio, moral, dignidade, cidadania e muita alegria. Até a morte de vocês, como aconteceu com Rose e Margarida Alves, não afeta essa esperança. Nem a morte das/os filhas/os de vocês, como aconteceu com a do Filho de Maria, e vem se repetindo em despejos massivos, do tipo Corumbiara, Eldorado dos Carajás e São Gabriel, alguns garantidos por sentença e força pública, como também aconteceu com Ele.
Nada disso é capaz de fazer vocês desistirem. Muito obrigado, portanto, amadas mães pobres, sem-terra e sem-teto.
Nossa terceira palavra é um convite. Vamos olhar juntas/os para o chão. Aí está a nossa outra mãe, mãe de vocês também. A nossa mãe terra, tão sofrida, humilhada e explorada como vocês. Do seu ventre fecundo, como o de Maria e o de vocês, nascem filhas e filhos-sementes, árvores, frutos, o muito mais do que suficiente para alimentar e abrigar a humanidade inteira. No entanto, tem sido reduzida a uma mercadoria muito cobiçada pelo extremo valor por ela alcançado como escrava de compra e de venda.
Medida, ferida, patenteada, registrada, estuprada por todo o tipo de interesse, egoísmo, depredação e veneno, seu sangue, em rios e águas interiores, está muito sujo, de uma sujeira imune a qualquer diálise. Daqui a pouco vai estar morto como mortos estão os peixes, as aves e qualquer animal que ele dessedentava. Uma natureza toda voltada para a vida, queridas mães, está sendo vencida por uma outra que pretende substituí-la, a do dinheiro e do mercado. Isso tem um efeito irreversível no útero da nossa mãe. Ele corre o risco de abortar todo o seu potencial de geração da vida.
Isso é coisa para estar se dizendo num dia que deveria ser só de festa e boas lembranças? A nossa homenagem se explica e justifica justamente por isso, queridas mães. Vocês dão uma resposta real e concreta a toda a injustiça causadora desses males, sem se deixar abater. Vocês acreditam, apesar de tudo; têm fé na organização que as reuniu aqui, em perseverar resistindo a todos os lobos vestidos de cordeiro que nos rondam, ameaçam, roubam e matam.
A esperança de vocês é alegre, mesmo em meio a dor e ao sofrimento, como alegre foi o canto de Maria. O amor de vocês nos é oferecido como um presente tão generoso e gratuito, também como o dela, que nós nem temos como retribuir. Nenhum arsenal de guerra e ódio, nenhum acúmulo financeiro avaro a ponto de negar satisfação das necessidades mais elementares das/os pobres de todo o mundo, nenhuma força militar e política de absoluta autoridade e arbítrio, tem poder superior à bondade, ao amore à essa generosidade de vocês.
Deem-nos a honra, queridas mães, deem-nos a oportunidade de ficar aqui mais um pouco. Aceitem nosso propósito confiante de não abandonar nem de deixar vocês sozinhas, como Maria não deixou Isabel nem Seu Filho, mesmo quando Ele morria na cruz, assassinado como muitas/os das/os filhas/os de vocês morrem hoje e pelas mesmas razões.
A mãe terra prometida está longe mas já se avista e, por maior que seja nossa fraqueza, isso também ela não repara, como toda a mãe faz. Ela quer nos acolher em seu seio, abraçar-nos sem reservas, pronta a nos sustentar, alimentar e abrigar. Por contar conosco para isso, no dia das mães, nos dias da mãe terra, abraçadas/os a todas as mães sem-terra e as sem-teto, homenageamos todas elas, assumindo o compromisso de, a seu exemplo, enfrentarmos todo o mal e toda a injustiça que nos separa, divide, fere, exclui e mata. No festivo parto de um novo tempo, celebraremos o dia das mães preservando e defendendo tudo o que nos une, soma, cura e inclui, assim garantindo a todas/os uma nova vida, vida em abundância. Fonte: https://rsurgente.wordpress.com
- Detalhes
"Todas temos origem humilde. Muitas de nós gostaríamos de ter podido sentar nos bancos de escola e assim entender melhor o mundo em que vivemos. Não nos foi dado esse direito.
Em nosso país leis são justiça para os ricos e punição para os pobres. Parecem não ter alma. Parecem não ter carne. Preocupação social. Sabem os senhores, quantas crianças estão em nosso meio?
Sabem o que fazíamos antes de conseguirmos abrigo e sonhos aqui embaixo de lonas pretas? Sabem da fome? Sabem do choro de nossas crianças, frente às ameaças de violência? Sabem da dor de ver os nossos filhos pisoteados, feridos à bala, mortos, como as mães de nossos companheiros de Eldorado de Carajás? Sabem os senhores o que é dor?
Devem saber. Devem saber do riso e da fartura. Devem saber do dormir sem choro de criança com fome. Com a humildade que temos, mas com a coragem que aprendemos, nós lhe dizemos: não recuaremos um passo da decisão de lutar pela terra. A justiça pra nós é aquela que reparte o pão, que reparte a riqueza, que só pode ser reconhecida como o fruto do trabalho, da vida.
Após 500 anos de escravidão e opressão de exclusão e ignorância, de pobreza e miséria, chegou o tempo de repartir, chegou o tempo da nossa justiça, que pra muitos pode não ser legal, mas que não há um jurista no mundo que nos diga que não seja legítima. Não queremos enfrentar armas, animais e homens. Nem homens, animais e armas. Mas nós os enfrentaremos. E voltaremos de novo. E cem vezes. E duzentas vezes. Porque os corpos podem ser destruídos pela violência da polícia. Mas os sonhos nem a mais potente arma poderá destruir.
Nós somos aquelas que parimos mais que filhos. Parimos os homens do futuro. Nossos filhos serão educados sobre nossas terras libertas ou aqui, debaixo de nossas lonas pretas. Aprenderão a ler, a escrever, coisa que muitos dos nossos não podem fazer.
Viverão para entender das leis. Para mudá-las. Para fazê-las de novo, a partir das necessidades do nosso povo."
Fonte: http://www.gamalivre.com.br
- Detalhes
Se a casa é o símbolo máximo da proteção e da propriedade, a rua é uma perigosa terra de ninguém. Quase sempre esses dois ambientes são definidos pelas relações de contraposição. Quase sempre. Porque para um número indefinido de pessoas no Brasil, rua e casa são apenas sinônimos. De acordo com o último censo realizado em 2013 pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), os moradores de rua da capital mineira estão em torno de 1,83 mil indivíduos. O número é variável e nunca exato devido às dificuldades de quantificar uma população que migra constantemente.
Basta um pouco de sensibilidade para perceber, embora de forma imprecisa, as dificuldades dessas pessoas. Driblar necessidades básicas, como comer e se proteger do frio, são desafios para quem tem o céu como teto. Muitas vezes, as drogas são fatores de limitação. Nesse universo, comovem ainda mais os casos de mulheres grávidas que exibem suas barrigas ao vento das ruas como se respondessem apenas por si.
Elizabeth Caetano é assistente social no Hospital Sofia Feldman. Nos oito anos em que ela presta serviços para a instituição surgiram casos marcantes de grávidas moradoras de rua e viciadas em entorpecentes no hospital. Algumas histórias a impactaram de forma definitiva. "Ela tem cerca de 35 anos e foi mãe 11 vezes. Dessas 11 crianças, quatro nasceram no hospital. As duas primeiras foram encaminhadas para acolhimento institucional, e as outras duas saíram com ela. Essas histórias sempre mexem com a gente porque vemos o sofrimento dessas mulheres", revela.
De igual forma, para os profissionais de saúde que frequentemente lidam com casos similares, é praticamente impossível manter-se distante emocionalmente. "É difícil não sentir algo. No Hospital Risoleta Neves, por exemplo, há uma mulher conhecida de todos. Ela é moradora de rua, usuária de drogas e já teve quatro filhos. Alguém da família se dispôs a ficar com um dos filhos. Os outros foram para abrigos", conta a médica obstetra e referência técnica do Comitê de Prevenção de Óbito Materno da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), Patrícia Magalhães.
Outro que coleciona dramas de roteiros tristes e, às vezes, previsíveis é o policial aposentado Robert William. Ele é diretor da Organização Não Governamental Defesa Social, instituição que trabalha com a abordagem, o acompanhamento e o encaminhamento de usuários de drogas para comunidades terapêuticas e o serviço público de saúde. "Grande parte dessas crianças é composta por ‘filhos do crack' e da droga. Não são frutos de relacionamentos regulares, amorosos. Algumas mulheres se prostituem por uma ‘pedra'", explica. Segundo Robert, cerca de 50 mulheres moradoras de rua que declararam estar grávidas foram abordadas pela equipe multidisciplinar da ONG, que atua na capital mineira e na Grande BH há 11 anos.
Robert William pondera que o fato de essas mulheres morarem nas ruas não as destitui de sentimentos inerentes à maternidade. "Elas querem sempre o melhor para os filhos, inclusive que eles não se envolvam com drogas. Quando conversamos com essas mulheres, percebemos que elas gostariam de ter uma família, uma casa, um marido,... É um sofrimento muito grande", conta.
A saúde dos bebês filhos de mulheres em situação de rua e envolvidas com o vício em drogas é uma preocupação real. Mas esse não é o único problema. Cerca de 90% dos bebês acolhidos nas 15 unidades da PBH que abrigam crianças de zero a 6 anos são filhos de mães dependentes químicas. Muitas delas moram nas ruas. A informação é da secretária Municipal Adjunta de Assistência Social - Gerência de Abrigamento da PBH, Helizabeth Itaborahy Ferenzini.
Desde quando essas mulheres começaram a ser identificadas pelas equipes dos consultórios de rua da prefeitura ou dão entrada nos hospitais para o início do pré-natal ou do parto, uma movimentação intensa acontece nas maternidades, no setor de Assistência Social da prefeitura e no Poder Judiciário.
Para evitar que os bebês cresçam em abrigos, as assistentes sociais da PBH trabalham para levantar o histórico dessas mulheres e chegar até as famílias delas. Se não for possível para a mulher poder assumir seus compromissos como mãe, o objetivo é promover a adoção dessas crianças por pessoas próximas.
Muitas vezes, o processo de identificação da família começa nas próprias instituições de saúde. "Nós procuramos a família. Se ela alega que vai ajudar a cuidar, a gente faz os encaminhamentos adequados", revela Elizabeth Caetano. A mãe também é orientada a entender que acompanhar o crescimento do filho passa pela necessidade de abandonar o vício.
Mas, em alguns casos, a identificação dos familiares é uma tarefa difícil. O destino mais certo para essas crianças são os centros de acolhimento. "Quando essas famílias não são identificadas, a mulher vive em situação de rua e com histórico de uso de drogas, a gente não pode ser irresponsável e entregar esse bebê para a mãe. Aí a gente faz o encaminhamento para a Vara da Infância", arremata Elizabeth.
Direito de quem?
Desde o ano passado, a Promotoria da Infância e da Juventude de Belo Horizonte vem sendo alvo de críticas por parte da prefeitura, de legisladores e de organizações sociais. O órgão exige das maternidades e dos profissionais de saúde a comunicação sobre os nascimentos de bebês filhos de mulheres viciadas em drogas. Para os promotores, a medida é necessária por causa da falta de políticas públicas voltadas para essas mulheres e seus filhos.
Em maio, deputados da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais se reuniram com o Procurador-Geral de Justiça Carlos André Mariani Bittencourt para debater as recomendações da Promotoria. "A recomendação do Ministério Público determina que a mãe que usou drogas perca imediatamente a guarda do bebê. Só que foram relatados vários casos de abuso na retirada de crianças das mães", aponta o deputado João Leite (PSDB/MG). Para o parlamentar, o método adotado pela SMSA, de acompanhamento da mãe e do bebê para que o direito do contato seja preservado, é o mais adequado. Na opinião do deputado, o direito que a criança tem de permanecer com a família extensa deve ser priorizado.
E as recomendações do MP se refletiram nas ruas. É o que revela Arnor Trindade, crítico da decisão do MP e referência da Coordenação de Saúde Mental da SMSA. Para o especialista, a possibilidade da retirada das crianças das mães tem coagido muitas a revelarem que estão grávidas. Trindade entende que apartar os bebês de suas mães é uma prática que deve ser revista. "O Estatuto da Criança e do Adolescente diz, em seu primeiro item, que a criança tem o direito de permanecer com a família. Mas o Ministério Público dá primazia ao trecho que diz que a criança deve crescer em ambiente longe de usuários de entorpecentes. Às vezes, é possível que a mãe se recupere e que a criança fique sob guarda da família extensa", entende. Ainda segundo Trindade, a aplicabilidade da medida, que vale para todas as mães usuárias de droga e não apenas para as moradoras de rua, tem se dado de maneira seletiva. "Usuárias de droga que têm seus filhos no (Hospital) Mater Dei estão permanecendo com as crianças normalmente. Então é algo que deve ser avaliado", alerta.
O Ministério Público prioriza a proteção e o bem-estar das crianças, como explica o promotor de Justiça da Infância e da Adolescência, Celso Penna Fernandes Júnior. Para ele, a Promotoria é obrigada a preservar a integridade dos bebês em abrigos de acolhimento até que a prefeitura possa desenvolver o trabalho investigativo e determinar judicialmente o destino da criança. Na visão do promotor, o encaminhamento para a família substituta só deve ser feito quando todas as possibilidades de inserção da criança na família extensa sejam esgotadas.
Além de determinar a comunicação sobre os casos desse tipo de nascimento, a Promotoria exigiu que o município crie abrigos para o acolhimento de mães e de bebês. Para Celso, é fundamental que haja uma política pública efetiva de acompanhamento e um trabalho prévio para que a mãe possa, em perfeitas condições, receber a criança. "Não adianta criar um programa que atenda por um mês e achar que isso vai resolver o problema", adverte. "É uma irresponsabilidade deixar que essa criança seja usada visando a recuperação da mãe".
Celso sai em defesa da Promotoria, acusada de perseguição a pobres e à comunidade negra. Ele critica também o andamento das reuniões para o debate do assunto na esfera pública. "Fiquei sabendo que levaram mulheres que tiveram seus filhos retirados delas em reuniões na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa. Acho que essas pessoas não sabem e não querem saber concretamente o que aconteceu ao longo do processo que envolveu essas mães. Elas tiveram direito à defesa, o direito de recorrer, foram para o Tribunal e ficou decidido que elas não deveriam ficar com as crianças. O trabalho é todo documentado; tudo está no papel; tudo foi investigado. É muito fácil falar genericamente de perseguição sem ter o conhecimento do processo", aponta.
De acordo com Helizabeth, a maioria dos bebês filhos de mães dependentes químicas de Belo Horizonte tem apresentado parecer conclusivo para a colocação em famílias substitutas. O acompanhamento pós-acolhimento é feito pelo Sistema Único de Assistência Social do município. Fonte: http://www.voxobjetiva.com.br
- Detalhes
VERÔNICA GOMES DOS SANTOS
SOBRE INFÂNCIA, EDUCAÇÃO E FAMÍLIA
Em 1998, na cidade de Jundiaí – SP foi aberta a Escola Maria de Magdala, com o apoio da Pastoral da Mulher, da Prefeitura e da iniciativa privada, destinada a filhos de prostitutas e ex-prostitutas. Segundo a coordenadoria da escola cerca de 40% das crianças não são alfabetizadas.
A cada ano, o número de prostitutas tem aumentado significativamente estando a cidade de Fortaleza entre os quatro centros de tráfico de mulheres no Brasil, perdendo apenas para São Paulo, Rio de Janeiro e Goiânia.
Nas grandes cidades o meretrício cada dia mais cresce e se agiganta, porque a miséria rural alimenta e engrossa a miséria urbana, devido ao êxodo dos campos empobrecidos e o urbanismo insaciável, por sua vez, atua como corruptor por excelência da juventude desprotegida. (TIRADENTES, p.33)
Todavia, em Fortaleza é desconhecida iniciativa semelhante a de Jundiaí. No Art. 2º da LDB encontra-se:
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Os filhos das meretrizes têm direito à educação. E é um dever dessas mulheres educá-los, juntamente com o Estado.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) assegura:
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
As primeiras ações educativas exercidas sobre os seres humanos são praticadas pela família, no local de moradia, especialmente pela genitora. Para Simon (1999),
O contexto familiar compreenderia relações intrafamiliares conflituosas em função da educação autoritária dos pais, ou ainda a total alienação e ausência dos pais frente aos filhos.
Dessa forma, Silveira (2000) acrescenta:
O espaço escolar representa oportunidade de resgate e superação das inúmeras carências presentes nesse contexto.
A importância da escola como meio de superação de carências merece destaque. Nesse espaço as crianças podem ser discriminadas, e cabe a instituição rever suas práticas. Se o indivíduo não encontra subsídios para seu crescimento pessoal em casa, e ao chegar à escola se depara com situações não favoráveis para esse crescimento esta não está realizando sua função.
As práticas pedagógicas dessa população em relação aos seus filhos incitam bastante curiosidade e questionamentos. Acredita-se nos pais como os primeiros grandes preparadores emocionais dos filhos, influenciando no desenvolvimento dos mesmos não só através do trabalho educativo que desempenham, mas também como modelos de identificação, principalmente nos primeiros anos de vida deles.
Alguns pesquisadores percebem um esforço das prostitutas em separar o aspecto familiar do profissional, como mostra Moraes (Apud MELO, 2001):
(...) havia a tentativa explícita de delimitar uma fronteira entre a mulher-mãe e a mulher-prostituta. Muitas prostitutas acabam por querer justificar sua estada na profissão com o argumento de que lá fora são outra pessoa. Não foram poucos os relatos em que afirmam que na Vila [Mimosa] são como as atrizes que desenvolvem uma personagem, não sendo nada parecidas com aquela que estamos entrevistando.
É como se uma atividade fosse separada da outra, como se fossem dissociáveis: a mãe e a prostituta. Pode-se interpretar como o exercício do meretrício negasse o exercício da maternidade. Preconceitos advindos da elite dominante da sociedade na qual vivemos, ditadoras dos bons modos e costumes, também participam da forma de pensar das prostitutas. Os relatos mostram as dificuldades dessas profissionais em administrar as duas coisas, maternidade e prostituição.
O fato de muitas delas passarem muito tempo longe de seus filhos, para trabalhar mesmo que justifiquem a profissão como artifício de melhor querer e atender as necessidades dos filhos (idem).
Não são raros os casos em que os filhos não têm conhecimento da profissão da mãe. Elas omitem como forma de protegê-los de estigmas,
Isso realmente foi constatado:
No local onde moro não me apresento como garota de programa. Sou dançarina. Minhas filhas sabem que sou dançarina. È claro que faço programa também. Sabe como é. Nem sempre a dança é suficiente para pagar as minhas contas. (Gabriela).
Eu digo que lá em casa que cuido de idosos. Mas se sabem, fingem que não sabem. E eu também não devo nada a ninguém. Uma parte da minha família tá no interior, e minha mãe tá no Rio. (Laura).
Meu filho não sabe que faço programa. Não conto pra ninguém. Falo que sou vendedora ambulante. Assim me livro dos comentários. (Amanda).
Elas tentam preservar ao máximo a ocupação,
Certamente, o papel da mulher historicamente idealizado pela sociedade e, sobretudo da mãe exerce forte influência sobre o exercício da profissão e consequentemente na postura diante dos filhos (idem).
Segundo Moraes (Apud MELO, 2001):
(...) assim como acontece em outras situações, este aparato influenciou as vivências maternas e familiares destas mulheres e também produziu ambigüidades na assunção da identidade, fazendo com que elas assumissem diversamente discursos de resistência e defesas diante das concepções que negam às prostitutas o desempenho do papel materno (p.68).
A autora apresenta mais algumas interessantes considerações:
outras elaborações interpretativas também são acionadas por elas para reduzir a oposição entre o papel de mãe e de prostituta. É uma forma de buscarem atitudes compensadoras frente à negação da sua maternidade. Defendem-se deste mecanismo acusatório através de comportamentos que revelam excessivos cuidados e zelos para com seus filhos (...) (idem, p. 68).
Em grande parte de entrevistas feitas com prostitutas mães, detecta-se que a justificativa mais presente é o sustento dos filhos, como dizia Juliana (SOUSA, 1995),
“No meu caso, o que me levou a me prostituir foi porque eu tinha um filho pequeno e não tinha emprego no momento, e pensei em dar um tempo até arranjar um trabalho. No entanto, passei mais de dez anos lá dentro, ainda estou, porque aqui e acolá eu vou, não deixei totalmente. E eu só fui enquanto arranjava outro emprego; arranjei e continuo na batalha.” (p.156)
Entretanto não é o único. “As motivações para as mulheres ingressarem na indústria do sexo são as mesmas de sempre, as principais considerações sendo o dinheiro as condições de trabalho (ADLER, p.382)”.
Um dos motivos que me levaram a entrar nessa vida de profissional do sexo, foi porque eu era muito compulsiva, comprava tudo que vinha na minha frente, fiz várias dívidas, fiz tratamento hoje não sou mais tão consumista, mas sair da vida de garota de programa é difícil. (Aline)
Em uma das vezes que conversei com Amanda, ela me disse: Eu faço outras coisas, vendo perfume, vendo roupa, eu me viro de todo jeito. Eu gosto de vender porque tem dia que eu saio daqui sem nada. Ela ainda revelou que já fez muita coisa na vida, mas o que ela pensa sobre outro emprego:
Outro emprego só é bom porque tem carteira assinada. Tem direito a férias e tudo mais. A gente que tá nessa se ficar doente tem que ter dinheiro guardado, mas é difícil porque tudo que a gente pega quer logo gastar. Já tentei sair dessa vida mas a gente que tem filho pra sustentar não dá. Precisamos de dinheiro todo dia. Mas se a gente ficar doente tem que ter um dinheiro guardado, porque se não tiver... mas é difícil guardar dinheiro.
Gabriela dá aulas de pole dance para mulheres, em geral, que queiram aprender a dança, gerando assim uma renda extra. Laura iniciou um trabalho numa pousada, mas achava que o trabalho era muito pesado e salário muito baixo.
Outros estudos confirmam isso: o fato é que, para a grande maioria das mulheres, seja qual for a sua classe, educação e perspectivas de carreira, a prostituição ainda representa a opção mais lucrativa. Nem toda mulher pode se tornar uma primeira-ministra.”(ROBERTS, 1998, p.383).
Em MELO (2001) observa-se que
(...) colaboradoras iniciavam seus discursos apresentando dificuldades, problemas financeiros e necessidades. Porém, no decorrer das entrevistas, deixavam escapar alguns pontos que demonstravam a existência de outros fatores envolvidos, tais como prazer, outras oportunidades, etc.
É a necessidade que arrasta essa grande quantidade de mulheres ao universo da prostituição. Necessidade de dinheiro, de prazer, por sexo ou drogas.
Martin (Apud MELO, 2001) refere-se a essa questão apresentando o termo estereótipo da necessidade, que diz respeito à postura dessa profissional. Postura que tem como base um discurso simplista, utilizado como uma forma de comover os interlocutores e a coloca como vítima do destino e da sociedade, não restando outra opção que não a prostituição.
Diante das inúmeras vezes que se escutou tal explicação, surgiu a curiosidade e o interesse em compreender como é, então, que as crianças são instruídas. Se há realmente um investimento no sustento e educação dos filhos, e se as mães estão satisfeitas com o retorno. Se, ir a batalha é suficiente e efetivamente decisivo para uma vida melhor, tão sonhada pelas mães para seus descendentes.
*PROSTITUTAS MÃES E A EDUCAÇÃO DE SEUS FILHOS: CORPO, CENA E DISCURSO NO CENTRO DE FORTALEZA - CE
(DISSERTAÇÃO DE MESTRADO)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE EDUCAÇÃO- PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO BRASILEIRA LINHA DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO.
FORTALEZA – CEARÁ 2011
Fonte: http://www.repositorio.ufc.br
(Leia na íntegra em nosso Blog. Clique aqui:
- Detalhes
“O terrível fato de que aproximadamente uma a cada cinco crianças sul-sudanesas tenha sido forçada a deixar seu lar ilustra como o conflito tem sido devastador para os habitantes mais vulneráveis do país”, afirmou Leila Pakkala, Diretora Regional do UNICEF para o sul e leste da África. “Além disso, mais de um milhão de crianças estão deslocadas dentro do Sudão do Sul, e o futuro de uma geração inteira sofre graves ameaças”.
As crianças representam 62% dos mais de 1,8 milhão de refugiados sul-sudaneses, de acordo com os dados mais recentes da ONU. A maior parte deles tem chegado a Uganda, Quênia, Etiópia e Sudão.
“Atualmente, nenhuma outra crise de refugiados me preocupa tanto quanto a da Sudão do Sul”, disse Velentin Tapsoba, Diretor do Escritório do ACNUR na África. “O fato das crianças refugiadas estarem se tornando o retrato desta emergência é muito preocupante. Nós, toda a comunidade humanitária, precisamos de comprometimento, apoio urgente e sustentável para que possamos ser capazes de salvar essas vidas”.
Dentro do Sudão do Sul, mais de mil crianças foram mortas ou feridas desde que o conflito eclodiu em 2013, e estima-se que 1,14 milhão de crianças estejam deslocadas dentro do país.
Cerca de três quartos das crianças sul-sudanesas estão fora da escola – a maior parcela de crianças sem acesso à educação em todo o mundo.
Os traumas, transtornos físicos, medo e estresses vivenciados por tantas crianças refletem apenas uma parte do que a crise representa exatamente. As crianças continuam correndo riscos de recrutamento forçado por grupos armados e, com as estruturas sociais tradicionais prejudicadas, elas se tornam altamente vulneráveis à violência, abusos sexuais e explorações.
Mais de 75 mil crianças refugiadas em Uganda, Quênia, Etiópia, Sudão e República Democrática do Congo cruzaram as fronteiras do Sudão do Sul desacompanhadas ou separadas de suas famílias.
Famílias refugiadas que estão fugindo para países vizinhos em busca de abrigo e segurança estão enfrentando ainda mais dificuldades devido à estação chuvosa, que expõe as crianças a riscos adicionais de saúde e proteção devido aos abrigos inadequados em que vivem. É necessário um apoio muito maior para garantir que toda família refugiada tenha algum lugar para viver em segurança, assim como ajuda humanitária urgente incluindo comida, água, proteção, educação e cuidados médicos.
O apelo do UNICEF para refugiados sul-sudaneses na região – de 181 milhões de dólares a serem destinados as urgentes necessidades das pessoas refugiadas até o final do ano – conseguiu arrecadar apenas 52% do valor total.
A equipe do ACNUR está na linha de frente da crise, recepcionando refugiados sul-sudaneses conforme eles cruzam as fronteiras e oferecendo assistência emergencial. Porém, o crônico subfinanciamento em 2017 está colocando serviços essenciais em risco. O apelo do ACNUR para a situação no Sudão do Sul é de 781,8 milhões de dólares, mas até o momento apenas 11% desse valor foi arrecadado. Fonte: http://www.acnur.org
Pág. 85 de 121