*ELEIÇÃO NA ORDEM TERCEIRA DO CARMO: COMO APARECE O EXERCÍCIO DA AUTORIDADE NOS EVANGELHOS- 01
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
“O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate para muitos” (Marcos 10,45)
Uma história
Vou começar com uma história que aconteceu em Araxá, Minas Gerais, Brasil, nos anos setenta, logo depois do Concílio Vaticano II. Ideias novas começavam a circular. Surgiu uma certa polêmica na cidade que alcançou os ouvidos do bispo. Ele ficou preocupado e reclamou das palestras que frei Cláudio e eu dávamos para o povo que nos tinha convidado. Então, um grupo de leigos resolveu falar com ele. Depois de muita discussão, o bispo disse: “A disciplina é a viga mestra da minha diocese e disso não abro mão”. Um leigo perguntou: “E quando o senhor tiver a diocese bem disciplinada, o que vai fazer com ela?” O bispo não soube responder e repetiu: “A disciplina é a viga-mestra. Ela é muito importante”. A pergunta do leigo é muito atual. Ela forma o pano de fundo desta nossa reflexão. O exercício da autoridade e a obediência não podem ser reduzidas a uma finalidade disciplinar. Elas fazem parte de um conjunto mais amplo. É sobre este conjunto mais amplo que vou tentar refletir à luz do que os Evangelhos afirmam sobre Jesus: “Qual é, segundo os Evangelhos, o objetivo do exercício da autoridade e da obediência?”
O poder e a autoridade de todos nós
Para melhor entender o que a Bíblia diz sobre o exercício da autoridade, é preciso falar, primeiro, de algo que acontece na experiência diária de todos nós e que pode ser iluminado com a luz da
Palavra de Deus.
Cada pessoa, no momento de entrar em contato com outra pessoa, aciona algum poder, exerce alguma autoridade. Entre os dois surge uma influência mútua, proveniente de vários fatores: os dons que cada pessoa tem, suas qualidades, seu jeito de falar, sua atração, carisma, argumentações, capacidade de liderança, função, sexo, raça, cultura, etc. Cada um de nós, seja súdito, seja superior, com ou sem autoridade jurídica, pode usar este poder para fazer crescer o outro e, aí, ele exerce a sua autoridade como um serviço. Também pode usá-lo para fazer crescer o seu próprio “ego” e aí, em vez de servidora, a pessoa pode tornar-se egocêntrica e opressora. Com a “autoridade” que todos nós temos, tanto superiores como súditos, podemos favorecer ou matar a vida comunitária, revelar ou esconder o carisma.
Ao longo da história, em toda organização humana, seja família, clã, comunidade, clube ou Ordem, este poder natural das pessoas vai se estruturando em três direções diferentes, misturadas entre si.
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*Depois de quatro anos acompanhando os 37 Sodalícios da Ordem Terceira do Carmo da Província Carmelitana de Santo Elias, percebo que a questão da autoridade é sempre colocada em xeque quando se tem uma Eleição para prior ( a ). E mais! É triste quando encontro irmãos e irmãs que, após exercerem a missão de liderança no sodalício dizem; “Deus me livre voltar para a Ordem Terceira do Carmo”. O que está acontecendo? O nosso objetivo é seguir Jesus Cristo a partir da espiritualidade carmelitana ou é simplesmente exercer o poder? Já pensou se os nossos primeiros monges carmelitas tivessem desistidos quando foram criticados pelas ordens religiosas existentes na época? E se Teresa D`Ávila e João da Cruz tivessem caído fora quando foram incompreendidos durante a reforma teresiana?... Pesquisando os meus arquivos, deparei-me com esta bela reflexão do confrade, Frei Carlos Mesters. Acho que vai ajudar. Boa leitura. Ah! É um texto grande que iremos dividir em várias partes. Não deixe de ler. Frei Petrônio de Miranda, Delegado Provincial para Ordem Terceira da Província Carmelitana de Santo Elias.
*DOM WILMAR CELEBRA CRISMA COM INDÍGENAS
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O Bispo Prelado de Itaituba, Dom Wilmar Santin, passou a última semana (13 a 20 de novembro, respectivamente) em missão nas tribos indígenas de sua Prelazia.
As visitas são feitas anualmente e nelas são celebrados alguns Sacramentos como o Batismo, Eucaristia e Crisma. Nesta última visita mais de 100 índios Munduruku receberam a Confirmação. Seis aldeias foram visitadas: Santa Maria, a mais distante da foz do Rio Cururu, Bananal, Caroçal, Morro do Careca. Também foi visitado a Barra São Manoel, um distrito de Apuí (sul do Amazonas).
Participou da visita o Srº Klemens Paffhause, representante da Adveniat que vem ajudando no desenvolvimento de um projeto para formação de missionários e ministros Mundurukus.
“Este ano foi a quinta vez no Rio Cururu onde começaram as missões franciscanas e das Irmãs da Imaculada Conceição há mais de 100 anos atrás. Para mim é sempre uma alegria muito grande visitar aquele povo guerreiro e bastante acolhedor. Desta vez tinha também um motivo especial que era constituir os primeiros ministros da palavra entre os Mundurukus. Eles já celebram a Palavra aos domingos em uma boa parte das aldeias, mas não havia ainda ministros instituídos oficialmente e com mandato de dois anos. Depois de três anos de intensa formação que eles receberam, presidi a Celebração do Envio que aconteceu na terça-feira, dia 14. Foram 24 novos Ministros instituídos. Destes, só 4 eram mulheres. Isso também é interessante. Agora os Munduruku terão pregadores da Igreja na sua própria língua e isso me enche de esperança, tenho certeza que a evangelização naquelas terras será muito eficaz. Inclusive, em dezembro, Frei Messias levará quatro ministros deste na sua visita às aldeias de Teles Pires e dos Rios Tapajós e Cururu. A instituição destes Ministros da Palavra é o início de um projeto maior que é o de constituir Ministros da Eucaristia, do Batismo, do Matrimônio e depois, quem sabe, constituir diáconos permanentes. Agradecemos muito a Adveniat por essa ajuda na implementação deste projeto que é tão querido pelo Papa Francisco”. Fonte: http://cnbbn2.com.br
*NOTA DO OLHAR. Dom Frei Wilmar Santin, da Prelazia de Itaituba-PA é Bispo Carmelita da Ordem do Carmo.
OLHAR CARMELITANO: A COMPREENSÃO DA FRATERNIDADE NA CAMINHADA CARMELITANA ATRAVÉS DO TEMPO-02.
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Frei Emanuele Boaga, O. Carm. e Irmã Augusta de Castro Cotta, CDP
(Institutum Carmelitanum- Comissão Internacional Carisma e espiritualidade)
É lugar do amor fraternal, do encontro e do diálogo
A Igreja é sem “quadripórtico” (que era de uso geral, anteriormente) e a sua fachada dá diretamente para a rua ou praça. Esta escolha arquitetônica deseja exprimir a vontade de estar perto e no meio do povo. Internamente a Igreja apresenta-se com uma única nave, quase como se fosse uma “sala de acolhida”, surgindo nas paredes laterais os altares ou, nos edifícios maiores, as capelas laterais. No interior do convento os quartos (celas) sublinham a função de um lugar finalizado, não somente ao descanso, mas também à oração e reflexão individual. O encontro e a hospitalidade são caracterizados pelo refeitório e pela fornalha que esquenta a sala para os hóspedes.
É símbolo de fraternidade
O convento não constitui uma entidade autônoma econômica e religiosamente, e expressa não tanto a presença de pessoas que ali moram, porém a fraternidade que une estas pessoas entre si e com os outros membros da mesma Ordem e família religiosa. O claustro é o espaço para o encontro fraterno e força centrípeta da experiência espiritual (em relação a isto é importante destacar como em muitos conventos a porta da confraria laical se abria no claustro e como todas as portas dos quartos e das salas se abriam sempre no claustro, fosse a arquitetura em forma quadrada ou retangular). O dormitório (com as celas separadas por paredes de madeira e sem chaves, unidas pelo corredor) também induz à fraternidade. Disto temos numerosos exemplos nos conventos erigidos nos séculos XVI-XVII. A integração dos vários setores do convento (setor de oração, de comunidade, de trabalhos internos e de serviços externos, de acolhida, etc.) lembram também a responsabilidade, a reciprocidade e a condivisão.
É símbolo de pobreza
Em muitos conventos nossos, mas sobretudo nos mosteiros femininos, a nudez das paredes, o uso de materiais pobres, nas construções a abolição de espaços supérfluos, o predomínio da linha reta (que, porém, diminui no século XVIII), são formas que testemunham uma escolha de vida pobre e simples.
HINO DA ORDEM TERCEIRA. Cantando com Frei Petrônio
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HINO DA ORDEM TERCEIRA
1-Salve, ó belo pendão da vitória, da excelsa Rainha dos Céus. Que um dia, no reino da Glória, nós veremos ao lado de Deus!
Em torno da nossa bandeira, façamos, com fé, este apelo: /Protegei nossa Ordem Terceira, ó Senhora do Monte Carmelo! (bis)
2-Salve, ó belo e sublime estandarte, da certeza da graça, o penhor. Que Maria conosco reparte, da celeste mansão do Senhor!
3- Salve, ó grande pendão do Carmelo, onde Elias venceu a Baal. És de todos da terra o mais belo, tens o lema da fé divinal.
4-Salve, ó grande bandeira bendita da milícia fiel de Maria! Salve, ó pálio da grei Carmelita, nosso amor, nossa luz, nossa guia!
5-Não importa do mundo em que parte, nos vai vens imprevistos da sorte. Com os olhos em nosso estandarte, venceremos na vida e na morte!
OLHAR CARMELITANO: A COMPREENSÃO DA FRATERNIDADE NA CAMINHADA CARMELITANA ATRAVÉS DO TEMPO-01.
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Frei Emanuele Boaga, O. Carm. e Augusta de Castro Cotta, CDP
(Institutum Carmelitanum- Comissão Internacional Carisma e espiritualidade)
A presente reflexão gira em torno de dois centros de atenção: 1) o primeiro nos ajudará a ver como se formou e se desenvolveu a fraternidade no caminho histórico da Ordem, em suas linhas gerais e com particularidades próprias a cada situação. 2) O segundo ao contrário, conduzirá ao aprofundamento de algumas expressões particulares de sua prática, através do exame de alguns textos escolhidos em nossos escritores espirituais e nas Constituições da mesma Ordem, escritos que têm influenciado amplamente o modo de entender e de viver a fraternidade.
Linhas gerais
Falar da fraternidade, como foi compreendida e vivida nas primeiras gerações carmelitanas, é difícil, não apenas pela escassez de documentação, mas, sobretudo, porque, se de uma parte é muito forte a utopia proposta pela Regra, [utopia sem dúvida presente na formação dos candidatos e na vida dos religiosos], por outra parte, os textos constitucionais (desde os primeiros conhecidos, os de 1281 e 1294) desenvolvem um discurso finalizado mais a punir as faltas de fraternidade na vida da comunidade do que a estimulá-la. Entre estas culpas as mais graves são as referentes à discórdia, uma vez que conduziam à destruição da unidade. As normas consititucionais, na época medieval, mostram claramente que muito cedo, na vida da Ordem, o caminho para realizar a vida fraterna encontra limitações e ambiguidades, exigindo purificação para encarnar o ideal da fraternidade.
O fenômeno do conventualismo [que ao início era um estilo com interpretação realista da vida, realizado com equilíbrio e moderação], trouxe várias dificuldades que se difundiram e trouxeram grande degeneração da vida comum nos séculos XIV-XV minando a vivência comunitária. Para compreender o que ocorria, basta pensar nas consequências negativas provenientes dos desvios gerados pelos privilégios, isenções e similares, transformados em abusos. A fim de enfrentá-los no interior da Ordem,, são realizadas as Reformas. Estas enfrentam o tema da fraternidade, unindo-o àquele da austeridade, da pobreza (renúncia às diferenças entre os religiosos e aos títulos, etc). A mesma pobreza torna-se o “banco de prova” da sinceridade e da autenticidade da vida fraterna. Difunde-se também o uso de designar a vida fraterna com os termos de “vida comum”, à qual vem dada uma ênfase dentro do claustro com as consequências entre outras, de acentuar a separação da vida secular. Além disto, há também influência de outros fatores, entre os quais se destaca aquele que se torna sempre mais presente na espiritualidade cristã: a acentuação da separação entre a oração e o apostolado, trazendo como consequência o crescimento do dualismo contemplação-ação.
A seguir, como fruto e consequência desta última postura, passa a ser determinado para as antigas ordens (monásticas e mendicantes) uma identificação entre a vida religiosa e a vida regular e comum. O Concílio de Trento trabalha com esta visão, sendo também assim empreendidas as obras seguintes das reformas promovidas pelos Papas (Clemente VIII, Inocêncio X e Inocêncio XII). Certamente, nesta perspectiva estão presentes aspectos positivos, embora tenha emergido, no decorrer do tempo, o predomínio da observância organizada e da coletividade sobre o aspecto comunitário-fraterno. É muito interessante observar como S. Teresa de Jesus pretendia privilegiar as pequenas comunidades que permitem uma vida de comunhão, através de uma integração baseada na fé e na caridade. A Santa de fato, fala da sua comunidade como de um pequeno “colégio apostólico ou de Cristo”, no qual todas se amam e se ajudam reciprocamente.
Para completar este quadro, é necessário considerar também um outro aspecto da fraternidade: a relação com o mundo exterior e, particularmente com aqueles que fazem parte da Família da Ordem, ou seja, a “Fraternitas Ordinis”.
Sem descer em detalhes sobre a origem histórica e o desenvolvimento da “Fraterrnitas Ordinis”, nas suas várias formas de agregação-oblação das monjas e de outros membros (irmãos e terciários) da Família do Carmelo, é suficiente aqui lembrar os valores e os conceitos ligados à fraternidade e emergentes de toda esta realidade que gravita em torno aos frades , ou seja:
- A vocação, o chamado por Deus para pertencer à Família do Carmelo
- O estilo de vida simples e pobre
- A participação e a osmose carismática nos vários níveis.
A utopia da fraternidade, enfim, está também expressa na arquitetura do convento. O convento apresenta-se realmente como um modelo de vida fraterna, prefigurando a vida na Jerusalém celeste, através de uma comunhão, com estruturas e espaços arquitetônicos próprios e com inserção dialética na estrutura urbana. Pode-se mesmo falar da existência de uma arquitetura própria carmelitana, sobretudo nos séculos XVI-XVIII, ainda que os módulos ou as formas de construção pareçam semelhantes àquelas de outras Ordens. Analisando-se a configuração dos conventos desta época, mesmo dentro da diversidade que cada situação exigia, encontra-se presente uma concepção carmelitana da fraternidade. Isto é testemunhado não apenas pelas normas constituicionais ou estatutárias que oferecem sugestões para a construção dos edifícios conventuais, mas também pelo estudo das relações entre os frades, na mesma época e das quais hoje se tem conhecimento. Aqui apresentamos brevemente as perspectivas abertas por uma leitura em chave de fraternidade das estruturas arquitetônicas dos conventos no período indicado.
O convento é lugar da experiência do amor fraternal e ao mesmo tempo, é símbolo da fraternidade ligada à pobreza.
FREI CARLOS MESTERS: Ano do Laicato
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OLHAR CARMELITANO: As formas de oração
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*Frei Emanuele Boaga, O. Carm. e Augusta de Castro Cotta, CDP
(Institutum Carmelitanum- Comissão Internacional Carisma e espiritualidade)
A respeito da oração, com base no texto da Regra e dos acenos que se encontram em documentos dos séculos XII e XIV, podemos observar brevemente os seguintes aspectos:
A oração individual
Vem desenvolvida na linha monástica, com acento na “Lectio Divina”. Um exemplo típico de como os teólogos carmelitanos sabiam unir, na Idade Média, o estudo da Sagrada Escritura com a contemplação é oferecido pelo bolonhês Miguel Aiguani (†1400), nos seus comentários dos Salmos. A oração mental ou meditação, entrará na Ordem posteriormente: os primeiros testemunhos são do século XIV. Entretanto, o uso é mais difundido no século seguinte, sem dúvida, por influência da “devotio moderna”. Além do mais, já no séc. XIII, nos escritos de Henrique de Hanne e de Nicolau o Gálico, se encontram alguns acenos aos aspectos afetivos e aspirativos, que serão retomados e desenvolvidos frequentemente, a seguir, tornando se quase um “leit-motiv” da oração no Carmelo. A partir do século XIV encontra-se, em algumas partes da Ordem, uma acentuação da importância da oração individual (de cada ser) relativamente àquela comunitária (do ser comunitário).
A oração comunitária das horas canônicas
Parece ter tido no início (1247) um significado pastoral, logo abandonado. No período que abrange os séculos XIV-XV, a liturgia das horas continua a ser bem cuidada e celebrada “com humildade, devoção e uniformidade”. A participação nessa forma de oração desenvolve um papel fundamental e orientador da vida dos carmelitas na época medieval.
A celebração Eucarística
Desde o início, é fonte e centro da comunidade. È muito forte o sentido eucarístico da vida. Neste contexto situa-se a ação desenvolvida pelo Prior Geral João Soreth, no século XV, pela comunhão frequente, que torna-se prática característica no âmbito carmelitano. Somente depois do século XV, e mais ainda do século XVI em diante, desaparece a importância da missa conventual para todos os religiosos, e os religiosos sacerdotes podem celebrar a sós a própria missa (“missa privada”).
*Nas Sendas do Carmelo- Programas Formativos Nº. 6. Esquemas de atividades para a formação na identidade carmelitana.
*ORDEM TERCEIRA DO CARMO: A Regra
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A Ordem Terceira da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo é uma associação de leigos cristãos que, correspondendo a um chamado de Deus, prometem livre e deliberadamente viver a vida segundo o Evangelho, no espírito da Ordem do Carmo e debaixo da sua direção. É-lhes apresentada a seguinte norma de vida.
Podem ser também membros desta Ordem Terceira sacerdotes do clero diocesano. À espiritualidade deles não se aplica a característica de secularidade própria dos leigos, visto que, devido ao caráter sacerdotal e à sua missão totalmente distinta no seio da Igreja, foram chamados, ainda que sem dele se afastar, a manter com o mundo uma atitude de espiritual desprendimento[1].
Por isso mesmo encontrarão uma grande ajuda no carisma do Carmelo, como um meio, não somente, de fazerem crescer a própria vida espiritual, mas também de alcançarem com mais facilidade este desprendimento e cumprirem da maneira mais eficaz a própria missão no mundo e na Igreja.
*Da Regra da Venerável Ordem Terceira do Carmo.
[1]. PO 3
*ORDEM TERCEIRA DO CARMO: Animação cristã do mundo-02
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Nenhum carmelita pretende alcançar o cume do Monte, que é Cristo Senhor, sem a experiência do deserto, isto é, sem um processo de transformação, onde sempre deixa mais espaço para Deus na própria existência. O combate contra o mal dentro de si mesmo e em volta de si é um meio indispensável para também poder chegar - se Deus o quer - aos estágios mais elevados da contemplação, puro dom de Deus. Num mundo ávido de prazeres terrestres, o Carmelo afirma tudo o que é nobre e tudo o que é bom, mas ao mesmo tempo aponta para a relatividade de tudo o que não é Deus, praticando o desapego do coração das coisas terrenas, para poder em Deus, seu princípio e fim, reencontrá-las no seu verdadeiro valor.
Os leigos carmelitas percorrem também o insubstituível caminho do deserto da mortificação interior, a fim de penetrarem na escuta do Senhor, que lhes fala ao coração mesmo nas manifestações novas e convulsionantes da vida do mundo, e dali retornam como entusiasmados e incansáveis animadores do ambiente, onde são chamados a trabalhar e, como generosos colaboradores da hierarquia e das várias organizações, participar ativamente da vida da comunidade dos fiéis.
Os nossos Terceiros verão e saberão mostrar como as atividades temporais e o próprio trabalho material são uma participação na obra do Pai sempre criadora e transformadora[1], um verdadeiro serviço prestado aos irmãos e à promoção pessoal do homem[2].
Testemunhas num mundo, que na sua realidade quotidiana não percebe, de fato, ou rejeita totalmente a íntima e vital ligação com Deus[3], os leigos cristãos reconhecem e compartilham com simpatia as suas esperanças e profundas aspirações, porque foram chamados para serem sal da terra e luz do mundo[4] e comunicarem ao povo a boa nova da salvação[5].
*Da Regra da Venerável Ordem Terceira do Carmo.
*ORDEM TERCEIRA DO CARMO: Animação cristã do mundo-01
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A Igreja tem a missão de difundir sobre a terra o Reino de Cristo para tornar todos os homens participantes da salvação operada pela Redenção[1]. Assim como é próprio dos leigos viver no mundo e no meio dos afazeres seculares, igualmente são chamados por Deus a desenvolverem a missão da Igreja e a serem fermento cristão nas atividades temporais, nas quais estão profundamente empenhados[2] "Os fiéis leigos não podem, na verdade, abdicar da participação na «política», ou seja, nas múltiplas e variadas ações econômicas, sociais, legislativas, administrativas e culturais, destinadas a promover o bem comum orgânica e institucionalmente"[3].
O testemunho da vida cristã e as boas obras praticadas com espírito sobrenatural têm a força de atrair as pessoas para a fé em Deus, tornando-se assim "o louvor de glória" de Deus segundo o ensinamento da Beata Isabel da Trindade. Por isso o verdadeiro apóstolo busca e procura as ocasiões para anunciar Cristo, especialmente nestes tempos que apresentam cada vez novos problemas religiosos, morais e sociais[4].
Quanto a este objetivo os leigos encontram no Profeta Elias um valiosíssimo motivo de inspiração. Envolvido num mundo em transformação, que levava o povo à negação gradual de Deus pela persuasão da sua própria autossuficiência, o Profeta era sustentado pela certeza de que Deus é mais forte do que toda crise e todo perigo. Através da experiência do deserto, onde a sobrevivência só é assegurada pela intervenção divina, Elias tornou a encontrar Deus sobre a montanha, lugar primeiro da Aliança, e aceitou a irrupção divina na sua própria vida sob a manifestação nova e íntima da brisa leve[5]. Depois disto foi reenviado para a sua missão profética e comunitária na vida quotidiana, seguro de si, porque seguro de Deus.
*Da Regra da Venerável Ordem Terceira do Carmo.
*OLHAR CARMELITANO: Pequena biografia de Padre Lourenço, Carmelita-02
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"Salsichinha feia, com nome de cachorro"
Foi numa romana e primaveril manhã, 3 de maio de 1886, que nasceu o décimo primeiro filho (quinto dos sobreviventes) do casal Pedro Cristiano Van Eerenbeemt e Joana de Negri.
No dia 5 do mesmo mês foi levado à pia batismal, "primeiro encontro com a graça", na Igreja de S. João dos Fiorentíni, em Roma. O padrinho foi o conde Heitor Genuíni, de quem tomou o nome de Heitor, seguido de Pio, Mariano, Luís.
Pelo nome de Heitor ele próprio não tinha muita simpatia, pois, excetuada a glória troiana, fazia-lhe lembrar muito um nome de cachorros, muito comum na Holanda. Essa antipatia cresceu ainda mais durante sua estada em terras holandesas.
Ele gostava muito de relembrar os fatos de sua infância com uma disposição jovial e com aquele caráter bom, alegre e senhoril, que impressionava até o mais distraído observador.
Referindo-se àquele período, ele se autodefinia como "salsichinha feia, com nome de cachorro", uma "criança meio atrasada", embora isso não fosse verdade; uma criança tímida, isso sim, sem dúvida.
A mãe, não tendo leite suficiente para amamentar esse décimo primeiro filho, teve que contar com uma ama de leite, de Ceccano (Frosinone)* , para onde o pequeno Heitor foi enviado e permaneceu por um longo tempo, depois do período de amamentação. De fato, voltou à família já grandinho e até já sabia falar. Realmente, quando ele voltou para casa, exibiu logo sua linguagem dialetal, ao manifestar uma ligeira indisposição: “Me dói a pança!”. O que provocou grande admiração dos pais e dos irmãos maiores.
O pai, Pedro, de família católica tradicional, nasceu em Hertogembosch (Holanda), no dia 16 de maio de 1846. Importante banqueiro, transferiu-se para Roma em 1870, com uma legião estrangeira, em defesa do Papa. Em Roma, entre outras múltiplas atividades, montou uma loja de livros de música e conseguiu italianizar-se com o nome de Cristiano, em substituição ao seu áspero nome de origem.
A mãe, filha de abastada família romana, nasceu em Roma, no dia 1.º de julho de 1854, sendo oito anos mais jovem que o marido. Casaram-se a 7 de janeiro de 1874. A realização de seus sonhos de amor, abençoados por Deus, é coroada pelo nascimento de uma numerosa prole: são doze os flocos azuis e rosa que se alternaram em casa. Somente seis, porém, sobreviveram, pois os demais bem cedo voaram ao céu. Mas Deus segue com olhar paterno a querida família e, mais tarde, reservará para o seu serviço dois de seus filhos: Emílio e Heitor.
O pequeno Heitor permanece, como se diz, "o caçula da casa", pois os três irmãos: Emílio, Eurico, Ubaldo e a irmã Guilhermina são mais velhos do que ele. Depois dele nasce Ema, a irmãzinha que se tornará um pouco a companheira dos seus brinquedos e das suas recordações.
Depois que voltou da casa da ama, seu período campesino, começou a freqüentar uma espécie de pré-escola, dirigida por uma velha professora. Primeira recordação: um castigo! Uma folha de papel rabiscada dependurada nas costas. Essas atitudes pouco pedagógicas (ainda que em uso naquele tempo), influíam muito no seu caráter já muito tímido, sensível, choramingão, como ele mesmo no-lo apresenta: "... suscetível ao excesso, não suportava repreensões e muito menos castigos ou palmadas, nem da minha mãe; meu pranto e meu ressentimento duravam séculos" (Diário).
Deve ter sido mesmo a falta de tato de alguma primeira professora que influiu de modo tão incisivo sobre ele, também em nível inconsciente. Mas Deus permite o mal para daí fazer surgir o bem. Esses sentimentos, em si mesmos negativos, produzem frutos bons, pois, quando se tornou padre, sentiu sempre grande atração pela juventude, especialmente a mais necessitada, tendo para com ela sentimentos sublimes de respeito e de amor, ajudando-a no crescimento moral e intelectual.
Ajudou os jovens a se formarem de maneira harmônica, para o bem da Igreja e da sociedade, e tornou-se o apóstolo da juventude. "... Recordem-se da nossa santa missão nesta terra: a educação da juventude" (carta às Irmãs, Natal de 1960). Isso foi sempre seu ponto central, até os últimos anos de vida.
De fato, assim se expressava numa de suas últimas cartas às Irmãs: "Tenham grande amor pela juventude, salvem a juventude. Não sejamos indolentes em nada, tenham um coração grande, e, para isso, imitem Jesus” (Natal de 1968).
*Pequena biografia de Padre Lourenço van den Eerembeent, Cofundador da Congregação das Irmãs Carmelitas Missionárias de Santa Teresa do Menino Jesus. (Irmãs Carmelitas Missionárias- Província S. Teresa de Lisieux. Uberaba, 1999)
*OLHAR CARMELITANO: Pequena biografia de Padre Lourenço, Carmelita-01
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Fazer caminhada era seu esporte preferido. Um enamorado da natureza. Alguém que via longe, descortinava amplos horizontes.
Apaixonado pelo estudo, amante da liberdade, um sonhador. Bom coração, daquela bondade terna e exigente. Culto e simples, amigo da juventude, protetor dos pobres e indefesos: um “Homem de Deus”.
Este é Padre Lourenço van den Eerenbeemt, cofundador da Congregação das Irmãs Carmelitas Missionárias.
Estas páginas são apenas um esboço de biografia deste santo Homem. Inicialmente, baseando em suas anotações, encontramos uma breve narrativa de seus primeiros anos de vida. A partir do capitulo VIII, é ele mesmo que, com seu estilo simples e atraente nos confia, de modo sintético, algumas anotações de sua vida e seus sentimentos profundos.
Esta pequena biografia foi publicada no Noticiário da Congregação, In Cordata, nos anos 1992 e 1993. Traduzido em português em 1994, por Ir Josefina Baraldi, foi revisto e corrigido em 1999. O texto atual foi revisto pelo Irmão Salvador Durante, marista.
A finalidade deste pequeno opúsculo è tornar conhecida, ainda que de forma muito imperfeita, por ser muito sintético e incompleto, a figura extraordinária de Padre Lourenço.
A esperança è que, em breve, o possamos conhecer melhor através de seus escritos e de diversos testemunhos daqueles que ao conheceram e com ele convireram.
*Pequena biografia de Padre Lourenço van den Eerembeent, Cofundador da Congregação das Irmãs Carmelitas Missionárias de Santa Teresa do Menino Jesus. (Irmãs Carmelitas Missionárias- Província Santa Teresa de Lisieux. Uberaba, 1999)
*ORDEM TERCEIRA DO CARMO: Vida de oração-02
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Os Terceiros reservem cada dia um tempo conveniente para a oração individual (que é uma relação de íntima amizade, um constante entreter-se a sós com Aquele que sabemos nos amar[1]) e, segundo a tradição constante do Carmelo, cultivem no máximo grau a oração nas suas várias formas: a oração mental, a oração de aspiração, além das eventuais práticas tradicionais[2]. Recomenda-se, de modo particular, a "lectio divina". Mas, sobretudo, aprendam na sua vida ordinária, a engrandecer com a Virgem ao Senhor e a exultar em Deus, seu Salvador[3].
Na verdade, Maria, enquanto vivia na terra uma vida igual à de todos, cheia de solicitude pela família e dedicada ao trabalho, estava sempre unida ao seu Filho e de maneira especial cooperava com a obra do Salvador[4].
Os nossos Terceiros terão o Escapulário em grande estima, como símbolo do amor maternal de Maria, pelo qual, Ela, tomando a iniciativa, guarda dentro do seu coração os seus irmãos e irmãs carmelitas, e assim provoca neles a imitação das suas virtudes preclaras: uma caridade universal, o amor à oração, a humildade, a pureza, a modéstia[5]. A Ela eles se dirigirão também com um culto particular, praticando com amor os exercícios de piedade recomendados pela Igreja no decorrer dos séculos, especialmente a recitação do Rosário[6].
A cooperação de Maria continua de modo especial na celebração da liturgia, que pretende tornar atual para todas as gerações a obra salvífica de Jesus. Como a Virgem participou ativamente na obra da Redenção, unida a Cristo, seu Filho, assim Ela continua a mesma obra através da Liturgia, como nosso modelo, impelindo-nos a celebrar os mistérios de Jesus, imitando as suas disposições e atitudes; a pôr em prática a Palavra de Deus e meditá-la com amor; a louvar a Deus com exultação e agradecer-Lhe com alegria; a servir a Deus e aos próprios irmãos com generosidade, dando até a própria vida por eles; a rezar ao Senhor confiantemente e com perseverança; a vigiar, aguardando a Vinda do Senhor[7].
Na família, no ambiente de trabalho e de profissão, nas responsabilidades sociais, que desempenham, nas ações de cada dia, nos relacionamentos com os outros, os leigos (os terceiros) procurem os vestígios escondidos dos passos de Deus (nos caminhos da história), reconheçam-nos e façam germinar a semente da salvação segundo o espírito das Bem-Aventuranças por meio do humilde e constante exercício daquelas virtudes de probidade, espírito de justiça, sinceridade, cortesia, fortaleza de ânimo, sem as quais não pode haver verdadeira vida humana e cristã. "A sua comunhão com Deus e com os outros em fraternidade dá origem à missão, e a missão se cumpre na comunhão"[8].
*Da Regra da Venerável Ordem Terceira do Carmo.
[1]. Santa Teresa de Jesus Vida 8,5
[5]. Carta Apostólica de Pio XII "Neminem profecto"
*ORDEM TERCEIRA DO CARMO: Vida de oração-01
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Os leigos carmelitas, impregnados pelo espírito da Ordem, que é "vacare Deo" (ter tempo para Deus), pretendem viver o carisma na escuta silenciosa da Palavra, na oração constante na sua vida, deixando-se entusiasmar pelo Espírito Santo em favor das obras grandiosas, que Deus realiza e para as quais Deus pede o seu empenho e eficaz contribuição. Para o carmelita a oração, numa intensidade crescente, torna-se uma atitude mais do que um exercício; comporta um reconhecimento cada vez mais agudo da presença da mão de Deus [em toda a obra da criação e na sua própria criação; no seu modo contemplativo de agir, a oração é muitas vezes modelada pela prática da presença de Deus numa grande variedade de formas. No Carmelo a oração é sobretudo um deixar-se amar por Deus]; a procura (de torná-la) não somente habitual, mas atual, de acolher o [tão grande] amor gratuito de Deus; [um tomar] a consciência sempre mais profunda da ação de Deus, que pervade toda a existência pessoal, como Santa Teresa de Lisieux tão fortemente testemunhou.
- a) Os sacramentos, especialmente a Eucaristia, são a vida de Jesus a se difundir nos fiéis, que por meio deles podem unir-se a Ele[1]. A participação, possivelmente diária, no sacrifício do altar[2], será assim a sua seiva vital.
- b) A Liturgia das Horas[3], ao menos a das Laudes matutinas, Vésperas e Completas (Oração da Noite), seja a expressão eclesial do encontro do Terceiro com Deus. Os lugares e as di-versas circunstâncias poderão indicar outras formas eventuais de oração litúrgica.
A vida espiritual não se esgota só com a Liturgia. Mesmo que esteja convocado para a oração em comum, o cristão sempre é obrigado a entrar no seu quarto para orar ao Pai no segredo[4]. Mais, segundo o ensinamento de Jesus[5], reforçado também pelo Apóstolo[6], o cristão é obrigado a rezar sem cessar[7].
*Da Regra da Venerável Ordem Terceira do Carmo.
[1]. LG 7
OLHAR CARMELITANO: O desafio do Carmelo hoje
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*Frei Emanuele Boaga, O.Carm e irmã Augusta de Castro Cotta, Cdp
Ao Carmelita vocacionado por Deus para viver neste novo século é lançado um desafio: a atualização da verdadeira identidade do Carmelo, revitalizando o seu carisma e sua espiritualidade. É um desafio urgente. A incapacidade ou negligência no oferecimento de uma resposta adequada e autêntica traria consigo, inevitavelmente a perda do rico patrimônio espiritual do Carmelo, privando desta bela herança os irmãos, a Igreja e o mundo. Faz-se necessária a releitura do carisma com abertura ao futuro e na fidelidade dinâmica aos valores das origens que permitiram, ao longo de tantas gerações, criar sãs e frutuosas tradições.
A este desafio pode-se responder com atitudes composta pelos trinômios:
conhecer - conservar -transmitir ou conhecer - viver - desenvolver
Urna releitura vitalizadora e atualizada do carisma, obviamente exclui a primeira destas atitudes que é própria à conservação material de um acervo em arquivo morto. É na segunda postura, que se realiza na fidelidade dinâmica às origens e Patrimônio do Carmelo, que podemos encontrar resposta satisfatória.
Tal tipo de releitura efetua-se em três níveis profundamente permeados entre si:
Nível Cultural
- Identificação na experiência histórica passada da Ordem dos valores vivos, inspirativos e permanentes; purificando-os de pressupostos ou preconceitos teológicos, espirituais, psicológicos, condicionantes. Libertar os mesmos das superestruturas culturais nas quais se encarnaram e se expressaram, no decurso do tempo. Ao mesmo tempo, evitar nesta busca, a projeção da problemática atual, dos esquemas e exigências completamente desconhecidas pela mentalidade e época distintas da nossa.
- Confrontar tais valores com as categorias culturais de nossos tempos para descobrir como podem ser encarnados nelas a fim de se tornarem significativos e inspirantes.
-Tomar consciência das conquistas atuais que possam enriquecer e tornar viva a identidade do Carmelo, em seu carisma e espiritualidade.
Nível Experiencial
A teoria vale pouco, se não for traduzida concretamente na vida de cada um e nas comunidades. Na caminhada faz-se indispensável evitar a incoerência entre a palavra e a vida.
Nível Missionário
Ao qual o Carmelita é chamado na Igreja e deve responder com o serviço generoso do seu carisma, dom de Deus para a Igreja e para os Irmãos, a fim de criar a comunhão.
É possível desenvolver este tipo de releitura? Certamente, pois as tendências apontadas oferecem ampla possibilidade. Mas a resposta definitiva e positiva só se encontra na profundidade e sinceridade da conversão de cada vocacionado ao Carmelo, como indivíduo e como comunidade, deixando-se guiar pelo profeta Elias, dando a Deus todo os espaço que lhe compete na própria existência, e dizendo com Maria o humilde e generoso SIM para, sob seu doce e materno olhar, viver em obséquio de Jesus Cristo, como propõe a Regra Carmelitana e viveram tantos irmãos, purificando-se dos ídolos existentes na Igreja e no mundo.
*Do Livro; Como Pedras Vivas.
Carmelitas Descalços ou Teresianos
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*Frei Emanuele Boaga, O.Carm e irmã Augusta de Castro Cotta, Cdp
Como no antigo ramo da Ordem, também os Descalços ou Teresianos desenvolveram a sua própria volta ás fontes para a renovação pós-conciliar. A revisão dos seus textos constitucionais, iniciada no Capítulo Especial de 1967-68 e continuada, com diuturno estudo e diligente reflexão e colaboração de todos na Ordem, produziu dois códigos: Constituições e Normas relativas, adotadas ad experimentum em 1976 e, definitivamente aprovados no Capitulo Geral de 1979, e depois, por ordem do mesmo Capitulo pelo definitório extraordinário de 1980. A Congregação dos Religiosos indicou a necessidade de algumas modificações e, uma vez feitas, as aprovou e confirmou em 7 de Julho de 1981. Em 1985, o Capitulo Geral dos mesmos Descalços adequaram tais Constituições ao novo Código de Direito Canônico e a aprovação das modificações é dada pela Santa Sé, em 5 de março de 1986.
. Sobre a releitura do carisma carmelitano feito pelos Teresianos pode-se, brevemente, fazer es seguintes observações:
- Com o estimulo de alguns estudiosos difunde-se, especialmente após o Concilio Vaticano II, o uso de ver Santa Teresa de Jesus, não apenas corno mestra, madre e reformadora, mas também (e, em alguns casos, exclusivamente) como fundadora. Trata-se de uma questão de natureza teológica, intimamente unida ao reconhecimento do carisma teresiano, decorrente da atualização feita após o Vaticano II, oferecendo uma visão original do sentido fundacional dos Descalços: une realmente á inspiração carmelitana a vivência e a novidade teresiana. Em 1981, o Capitulo Geral dos Teresianos de 1980, não sem tensões, aprovou este título de fundadora; porém, além das elementares novidades introduzidas por S. Teresa, as raízes teresianas nascem no ramo antigo do Carmelo e são explicitamente afirmadas nas Constituições atuais dos Descalços (1983, n.9).
- Assim, no contexto da volta ás origens do pós-concilio, coloca-se forte acentuação na releitura para os dias atuais de Santa Teresa e de seu conceito sobre e vida religiosa, com ênfase na atualidade de seu ensino. Não parece que a reflexão sobre a Regra Carmelitana (texto albertino ou texto inocenciano) no inicio teve uma vasta repercussão, com exceção de alguns casos particulares. Depois, com o passar do tempo, vários setores de Teresianos vão colocando mais atenção e Regra e isto se reflete nas Constituições definitivas..
- Estas novas Constituições definitivas contemplam o carisma segundo o espirito teresiano, a Regra de S. Alberto e a primitiva tradição descalça, definindo assim claramente o caráter do Carmelo Teresiano, sua finalidade e seus meios com adaptações sugeridas pelas condições novas do tempo.
- Com referência, sobretudo ao ensino de Santa Teresa, desenvolveram-se as temáticas de dimensão contemplativa, da relação contemplação-ação, da espiritualidade teresiana para hoje, (com especial referência à oração teresiana). Não faltam porém propostas e instâncias comunitárias..
- A atenção á dimensão contemplativa leva e favorecer iniciativas para o estudo e difusão da espiritualidade, a promover centros espirituais de oração e de retiros como contribuição do Carmelo Teresiano á igreja.
- A consideração eliana, no inicio, centralize-se maiormente na inspiração contemplativa e não se apresenta tão vasta corno acontece no ramo antigo.
- A consideração do caráter mariano do carisma carmelitano parece desenvolver-se mais ou menos, segundo linhas semelhantes às desenvolvidas no ramo antigo. Para e devoção ao Escapulário tem-se uma retomada de interesse que vem desde anos atrás, e na maneira mais ampla que entre o ramo antigo
Relativamente às Monjas Descalces e à renovação dos textos legislativos, no período pós-conciliar, fez florescer um longo trabalho de aprofundamento do pensamento de S. Teresa sobre o ideal das Descalças, tal como se encontra, em seus escritos e na primeira tradição das Carmelitas Descalças. Assim se afirma que o carisma teresiano é a contemplação das realidades divinas, em comunidade fraterna, fundada sobre e solidão, a oração e a mais rigorosa pobreza, com finalidade eclesial-apostólica. No período de 1977 até 1991 esteve em tramitação a aprovação do corpo legislativo das Descalças, enfrentando o problema de renovação não sem dificuldades e tensões,. Devido à ressonância que a questão teve não somente nos jornais e em outros órgãos informativos, mas sobretudo para a mesma vida contemplativa e para as religiosas em geral, recordamos a seguir os detalhes as várias oscilações que tiveram de ser superadas até a aprovação definitiva pela Santa Sé, de dois textos legislativos para os dois grupos em que se dividiram as Monjas Descalças.
.A renovação após o Vaticano II foi realizada sobre a base de numerosas consultas aos mosteiros. Em 1971 foi oferecida uma Lei fundamental, ulteriormente examinada pelas Monjas. Empreende-se enfim, a elaboração de um corpo de texto legislativo, aprovado pela Santa Sé ad experimentum, em 12 de março de 1977. Tal corpo apresenta os seguintes textos:
- Regra do Carmo, como princípio inspirador da vida das Descalças:
- Constituições Primitivas de Santa Teresa que oferece as prescrições típicas do tempo, refletindo a graça do carisma das origens;- Declarações que iluminam e completam os textos precedentes: a norma do Vaticano II e os documentos pós-conciliares, oferecendo uma visão da vida religiosa na linha da vocação especificamente contemplativo-eclesial e uma série de prescrições e ordenamentos.
A escolha das Constituições de 1567, em lugar daquelas do Capítulo de Alcalá de 1581, e as Declarações foram contestadas por parte dos assim chamados de Carmelos reunidos, uma espécie de união de Mosteiros ligados por um vínculo moral e promovido pela Madre Maravilhas de Jesus (Carmelo de Aldabuela, Madrid). Nasce então o contrates entre os chamados Mosteiros dos Carmelos Unidos e os demais Mosteiros Descalços em todo o mundo. Em 15 de outubro de 1984 a Santa Sé avocava a si a questão. Tal medida gerou reações negativas em cada lugar e foi objeto de séria discussão também no âmbito interno da Família Teresiana. A partir de 1986 o trabalho da comissão encarregada de reformar o corpo legislativo segundo as indicações da Carta (de 15 de Outubro de 1984) do Cardeal Casaroli, Secretario de Estado, escrita em nome do Papa, e de haver descartado um primeiro projeto da competente Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, vem aprovado um novo projeto, apresentado ao Papa em final de Junho de 1990. Com surpresa geral a mesma Congregação não emanava a relativa aprovação do texto assim elaborado e revisto, mas ao invés, promulgava em 8 de Dezembro de 1990 um Decreto que tornava normativo para os Mosteiros que houvessem desejado as Constituições de 1581, porém conforme o
Direito Canônico vigente.
Este decreto incluiu ainda as particularidades destas questões relativas aos mosteiros diretamente sob a autoridade papal (e sob a dos Bispos Diocesanos as referentes à norma do Cân. 615). A situação criada colocou em dificuldade a unidade e a fidelidade das Monjas Descalças. Em 17 de Setembro de 1991 um outro decreto da referida Congregação aprova e promulga um outro Código Constitucional para as Descalças e convida aos mosteiros que em tempo conveniente declararem qual dos dois textos em vigor desejava seguir. Sobre a aprovação dos dois códigos fundamentais para as Descalças, João Paulo II enviou uma carta em 1 de Outubro do mesmo ano, afirmando fortemente a unidade da Ordem das Descalças e o serviço a elas feito pelo Prepósito Geral, e novamente estabelecendo a escolha de uma das duas formas de Constituição que deveria ser feita até 25 de dezembro de 1992.
Para a Ordem Terceira Secular Teresiana atualmente denominada de Ordem Carmelitana Secular, a atualização e renovação pós-conciliar da sua Regra foi conduzida mais ou menos com os mesmos critérios inspirados na teologia do laicato presente na obra de renovação e já recordadas para TOC no antigo ramo do Carmelo. Como metodologia, foram feitas sondagens entre os terceiros, em todo o mundo, realizados congressos e encontros de estudos. Embasados nesta documentação recolhida, foi feita uma primeira redação da Regra, sucessivamente revista por uma comissão de peritos (frades e leigos) e aprovada ad experimentum em 1970. A Santa Sé, em 10 de Maio de 1979 aprovou definitivamente o texto da Regra de Vida da Ordem Secular dos Descalços. Esta Regra de Vida propõe ajudar os terciários carmelitas a viverem conforme a própria índole secular, na família, na profissão, no empenho social, buscando o ideal de comunhão orante com Deus, que é o coração do carisma teresiano, a força, a luz e a graça necessárias para viver fielmente a consagração batismal
*Do Livro; Como Pedras Vivas.
AQUI NASCEU A ORDEM DO CARMO
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Fonte: Facebook (Frei Miguel Bacigalupo, O. Carm). Câmera: Frei Raul Maravi, O. Carm. Divulgação: www.olharjornalistico.com.br
(NOTA: A Ordem do Carmo (ou Ordem dos Carmelitas), originalmente chamada Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, é uma ordem religiosa católica que surgiu no final do século XI, na região do Monte Carmelo (uma cadeia de colinas, próxima à actual cidade de Haifa, antiga Porfíria, no atual Estado de Israel), onde está instalada no Mosteiro de Nossa Senhora do Monte Carmelo.
A palavra "carmelo" significa jardim. Conta a tradição que o profeta Elias se estabeleceu numa gruta, em pleno Monte Carmelo, seguindo uma vida eremítica de oração e silêncio. Nele, e no seu modo de vida, se inspiraram os primeiros religiosos da Ordem. Mais tarde, uma Regra para a Ordem do Carmo foi sistematizada e proposta por Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, e aprovada pelo papa Honório III em 1226. No século XIII os religiosos acabaram por migrar para os países do Ocidente, fugindo das invasões sarracenas. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_do_Carmo) Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 16 de novembro-2017.
Ordem Terceira do Carmo Secular
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*Frei Emanuele Boaga, O.Carm e irmã Augusta de Castro Cotta, Cdp
A atualização e renovação do Ordem Terceira Secular (TOC) tem inicio já no ano de 1957 quando se percebe a necessidade de renovar, em parte, a sua legislação a fim de que pudesse se desenvolver melhor corno movimento laical, inserido na perspectiva da teologia do laicato. Neste contexto assumem importância es diretivas da Congregação trienal da Ordem, celebrada em Fátima, no mesmo ano de 1957, e a criação do Centro internacional da OTC (= CITOC), com sede em Fátima e, posteriormente, no ano de 1967, em Roma. Em 1968 ocorre a extinção deste Centro que se transforma apenas em agência de comunicação de noticias da Ordem.
Em 1965, com a execução de um decreto do Capítulo Geral daquele ano, foi composta uma Fórmula de vida para os terciários. Nos anos seguintes esta Fórmula foi objeto de estudo e favoreceu experiências por parte dos mesmos terciários. Com o Capitulo Geral de 1968, em cada Província ou nação cuidou-se da tradução da mesma, fazendo-se adequação à própria realidade. Os leigos foram fortemente envolvidos neste trabalho.
Nos anos 1972-73 foram recolhidos os resultados das várias experiências e sugestões feitas em diversas partes do mundo. Com este material e com a contribuição de alguns peritos foi preparado um primeiro projeto para a nova Regra do TOC. Foi notório o envolvimento da parte dos grupos da língua inglesa e todos os sodalícios da TOC italiana, cujos dirigentes, para avaliação das experiências celebraram numerosos congressos em nível provincial e nacional. levando em conta este trabalho e com a colaboração de alguns leigos, um Padre dirigente dos problemas da TOC elabora um primeiro projeto em vista da esperada Regra. Entretanto, não foi julgado satisfatório este trabalho. Assim, nos anos 1974-76 o mesmo foi reelaborado por dois expertos, também com a colaboração dos leigos, até chegar ao texto definitivo, aprovado pela Santa Sé, em 1977.
A nova Regra do TOC consta de três partes: espiritualidade, formação e estrutura. Relativamente à natureza do leigo na Igreja, propõe aos terciários individualmente ou como grupo, um programa de vida que evita transformá-los em pessoas beatas ou em mini-frades ou mini-monjas. Tal programa, ao contrário, nutrido por uma forte teologia do laicato, sublinha e traduz os valores mais profundos do carisma carmelitano, em sua própria condição laical e secular. Sobre esta a Santa Sé, transmite o Cardeal Pironio e o Pontifício Conselho dos Leigos, expressa a própria satisfação, afirmando que a nova Regra da TOC está entre as melhores apresentadas pelas varias Ordens Terceiras seculares, como conclusão do processo de renovação legislativa pós-conciliar.
Em particular - sublinhando es atitudes profundes e básicas da vivência do carisma carmelitano (escuta da Palavra de Deus, vida em sua presença e oração na vida e da própria vida - esta Regra orienta ao terciário para a vivência de uma espiritualidade encarnada na sua própria realidade secular. A busca de intimidade com Deus leva o terciário a ser sempre mais fermento evangélico no mundo com a contribuição específica do carisma carmelitano; e tudo isto conduz à inserção na realidade das estruturas temporais. A Regre da TOC, apontando esta meta, exorta a olhar es figures inspirativas de Virgem Maria e de Elias profeta, a fim de que cada um á sua maneira viva profundamente animado pele fé da presença de Deus entre nós, testemunhando como uma pessoa se torna verdadeiramente humane quando mais espaço dá a Deus em sua vida.
A inspiração mariana conduz o terciário - segundo a Regra da TOC - a olhar a humildade e a pobreza de Maria como base para viver a própria situação de ser criado, em sua relação com Deus Criador e Salvador; e também a sue adesão à vontade divina traduzida em fidelidade e obras; a sinceridade e espirito de serviço para colaboração efetiva com a obra de salvação.
A inspiração eliana - sempre segundo a Regra da TOC - conduz o terciário a olhar em Elias o compromisso profético e comunitário para o testemunho da intima e vital ligação com Deus na vida quotidiana do povo, num mundo em transformação; a promoção da verdadeira religião para lutar contra os falsos ídolos, a conseqüente aceitação da sua vida sustentada pela fé nas duras e decisivas provas para abrir-se à Providência; e a experiência da intimidade divina no Horeb, para buscar em Deus a fonte de força e doçura.
Relativamente às Regras precedentes para a TOC, a atual oferece aos terciários um discurso muito novo e estimula fortemente o testemunho de maneira viva e autêntica do Absoluto de Deus no mundo de hoje, com rompimento de cada falsa religiosidade e com libertação de cada forma de escravidão ao dinheiro, ao poder e ao prazer, como de cada outra forma de opressão do homem.
Após a aprovação da nova Regra atividades significativas relativas à TOC ocorreram na Itália para os assistentes espirituais dos sodalícios e para seus membros com estudos e comentários sobre a Regra, sendo difundidos através de publicações proprias (1982). Um primeiro encontro internacional da Família Carmelitana foi realizado de 31 de março a 5 de abril de 1991, dedicado à TOC , aos leigos e movimentos que se inspiram no Carmelo. Entre as propostas feitas, encontra-se aquela que pede de ser adotado pela TOC a Regra de S. Alberto. Trata-se de uma proposta que, antes de ser concretizada, deveria ser oportunamente avaliada.
No contexto da renovação da TOC pode-se recordar que o Delegado Geral pro tempore nos anos 1974-83, participou ativamente da União das Ordens Terceiras Seculares e desenvolveu junto aos delegados gerais da Ordem Secular Franciscana - isto é da Ordem Terceira Secular dependentes dos Menores e dos Capuchinhos -, uma vasta ação com reflexos na renovação das Terceiras Ordens dos outros Mendicantes e o estudo que orientou a introdução do Cânon 303 do atual Código de Direito Canônico.
*Do Livro; Como Pedras Vivas.
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