Réquiem para dois amigos do Brasil.
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Bruno Pereira e Dom Phillips morreram por ter a coragem de acreditar no valor de seu trabalho para a construção de um mundo melhor, a despeito das ameaças
A Polícia Federal (PF) e a Polícia Civil do Estado do Amazonas investigam as circunstâncias em que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram brutalmente assassinados no Vale do Javari. Conhecer a dinâmica desse crime que entristeceu o mundo é fundamental, mas a verdade é que Bruno e Dom morreram porque ousaram prosseguir com o trabalho que realizavam na região, a despeito das ameaças que recebiam e do absoluto abandono pelo Estado. Malgrado todas as adversidades, ambos seguiram adiante porque acreditavam na relevância do que faziam para a construção de um futuro melhor, para o País e para o mundo. São raros os que têm a coragem que tiveram esses dois amigos do Brasil e das boas causas.
Por ora, tem-se a confissão de Amarildo Oliveira, conhecido como “Pelado”, um pescador envolvido com diversas atividades ilegais no Vale do Javari. Contudo, não se sabe exatamente a motivação para o crime; se “Pelado” agiu por conta própria ou a mando de alguém; se matou e ocultou os corpos sozinho ou se teve a ajuda de comparsas. A Justiça, por sua vez, ainda terá de analisar todas as provas colhidas pelas autoridades policiais e trazidas a julgamento pelo Ministério Público. Ou seja, ainda há um caminho pela frente até que o duplo homicídio seja esclarecido, provado e punido. Mas é certo que Bruno e Dom foram assassinados por lançar luz sobre um Brasil e sobre brasileiros abandonados pelas autoridades. Com destemor e determinação, os dois tentaram mostrar, cada um à sua maneira, que em pleno território nacional há uma espécie de enclave sob o jugo do crime organizado, e não das leis e da Constituição.
Poucas manifestações desse absoluto abandono e descaso com os povos daquela região e com os que se põem a defendê-los foram tão eloquentes quanto as declarações desumanas do presidente Jair Bolsonaro. Fiel à sua natureza, desde a primeira informação sobre o desaparecimento de Bruno e Dom na Amazônia, Bolsonaro atribuiu algum grau de culpa às próprias vítimas por seu infortúnio. Depois, prestou solidariedade às famílias das vítimas, possivelmente orientado por algum assessor preocupado com o desdobramento eleitoral do caso.
Bruno Pereira era um servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai), considerado um dos maiores especialistas do Brasil em indígenas isolados e de recente contato. Seu genuíno interesse pelo bem-estar dos povos nativos o fez ser profundamente respeitado pelos indígenas. Seus restos mortais, junto com os de Dom Phillips, dificilmente teriam sido encontrados sem a participação de seus “irmãos de mata” nas buscas.
Como agente do Estado, Bruno coordenou as maiores operações de destruição de dragas de garimpo ilegal no Vale do Javari nos últimos anos. Também realizou operações que implicaram enormes prejuízos aos pescadores ilegais da região. Um servidor público com esse grau de comprometimento deveria ser exaltado, mas Bruno foi punido. Após sofrer retaliações como servidor da Funai, licenciou-se do órgão e, em vez de voltar para o conforto de casa e da família, passou a trabalhar diretamente com os indígenas por meio da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Isso dá a dimensão da entrega à causa que se pôs a defender. Na Univaja, Bruno ensinou aqueles que não sabiam se defender a protegerem suas vidas e suas terras. Pagou com a própria vida por sua abnegação e altruísmo.
Dom Phillips vivia no Brasil havia 15 anos. Aqui fez amigos e construiu uma família. O jornalista também poderia estar na segurança e no conforto de sua terra de origem, em Londres ou nos arredores de Liverpool, onde foi criado. Mas decidiu vir para o País a fim de explicar a Amazônia e seus conflitos para o mundo. Dom estava na floresta em pesquisa para um livro que pretendia escrever sobre a importância da preservação do bioma. Bruno o auxiliava no contato com as fontes.
Em vida, Bruno e Dom foram exemplos de fidelidade à função social do trabalho que realizavam, a despeito dos riscos. Na morte, lembram-nos do valor da coragem de defender o que é certo quando a covardia parece prevalecer. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
Perdido
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O sumir é a matéria prima dos milagres e lendas. Do navio fantasma, do Robinson Crusoe...
Roberto DaMatta, O Estado de S.Paulo
Como seres da modernidade, temos dificuldade em aceitar a perda. Como alguém pode sumir com tantos mapas, satélites, aviões, drones, rádios e telefones portáteis?
Com tantos mecanismos de comunicação e meios que permitem achar o que se procura?
Ou será que o “perder” nos traz à consciência o lado mais profundo de nossa existência: a maldade em lugares perigosos como a Amazônia? Muitos grupos tribais foram massacrados e eu mesmo fui admoestado quando um pistoleiro goiano ameaçou o funcionário da Funai que me acompanhava a ir à aldeia para dar uns tiros nos “cabocos” que, para ele, atrapalhavam a criação de gado. Assustei-me, pois lá estava com minha mulher e filhinhos.
Imagine agora quando o que está em jogo é ouro, como parece ser o caso do jornalista inglês Dom Philips e do indigenista Bruno Araújo Pereira?
Mas mesmo sendo um sumiço programado por bandidos, o “perder-se” acentua o perigo e o simbolismo da floresta. O sumir avisa que não nascemos para a solidão...
O sumir é a matéria-prima dos milagres e lendas. Do navio fantasma, do Robinson Crusoe, do Tintin. E nos faz recordar o caso do coronel inglês Percy Harrison Fawcett que, em 1925, teria saído em busca de uma cidade perdida na selva.
Quem jamais entrou na mata, que até faz parte do meu nome, jamais sentiu o poder de se desnortear e não sabe o que é ser engolido pela floresta que esconde o céu. Fica-se à mercê de um guia. Mas lembre-se que o próprio guia, como o rei, também pode se perder.
Há momentos em que ficamos perdidos e sem rumo, sem planos e sem energia para continuar na senda da perdição final, felizmente desconhecida mas, em muitos casos, anunciada.
Vivi essa experiência de modo pleno duas vezes. Na primeira, aos 9 anos, quando me perdi num parque de diversões; e, na segunda, quando fui caçar com um nativo Gavião e esperei angustiado pelo sinal do guia já que não sabia voltar para a aldeia.
O que senti seria maior do que meu espaço, como posso esquecer de mim mesmo, com uma espingarda em punho, cercado por todos os lados por uma desconhecida floresta que não fazia o menor sentido para mim, exceto sinalizar que, sozinho, eu jamais seria capaz de voltar à aldeia. Parado e perdido, falava apenas com o meu relógio que assinalava e garantia a minha solidão naquela angústia de ver minutos virarem horas. Perder-se é como encontrar uma palavra sem tradução.
PS: Minha total solidariedade aos familiares e amigos de todos os que ainda estão perdidos e aos que estão na busca. Fonte: https://cultura.estadao.com.br
Varíola dos macacos: Minas Gerais investiga suspeita de primeira morte do país
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Seria o primeiro caso do estado e a primeira morte associada à varíola dos macacos no Brasil
Por Evelin Azevedo
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) investiga uma suspeita de morte por varíola dos macacos no estado. Trata-se de uma pessoa residente em Uberlândia e que trabalha em Araguari, no Triângulo Mineiro. A morte suspeita de monkeypox foi notificada no último sábado, informou a SES-MG em nota.
Até o momento, Minas Gerais ainda não tinha registrado nenhum caso de varíola dos macacos. Os três casos confirmados no Brasil foram registrados em São Paulo (2) e no Rio Grande do Sul.
Uma amostra coletada no paciente que morreu foi enviada para análise laboratorial da Fundação Ezequiel Dias, em Belo Horizonte. Segundo a SES-MG, todos os dados clínicos do paciente serão avaliados pela equipe técnica da Secretaria Estadual e do Ministério da Saúde para classificação e encerramento do caso.
A SES-MG, a Secretaria Regional de Saúde (SRS) de Uberlândia e as secretarias municipais de Saúde de Araguari e Uberlândia estão investigando o caso e monitorando os contatos próximos. A secretaria não divulgou mais informações sobre o paciente, a fim de proteger sua identificação.
Casos de varíola dos macacos no Brasil
Até o momento, o Brasil confirmou três casos de varíola dos macacos. Dois em São Paulo — um na capital paulista e outro em Vinhedo, no interior do estado — e o terceiro caso foi detectado no Rio Grande do Sul.
O primeiro caso de varíola dos macacos no Brasil, identificado em São Paulo (capital) na última quinta-feira, foi de um homem de 41 anos com histórico de viagem à Portugal e Espanha. O paciente está internado em isolamento no Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
O segundo caso, identificado em Vinhedo, interior de São Paulo, no último sábado, trata-se de um homem de 29 anos com histórico de viagem à Espanha. O caso foi avaliado por um laboratório espanhol, após o desembarque do homem no Brasil, ocorrido em 8 de junho. Ele está em isolamento domiciliar.
O terceiro caso, confirmado nesta segunda-feira, é de um homem de 51 anos que chegou em Porto Alegre (RS) no dia 10 de junho. A confirmação, feita após exames de laboratório processados em São Paulo, ocorreu após os 21 dias do ciclo da doença. O paciente, portanto, não apresenta mais risco de transmitir o vírus para outras pessoas. O paciente estava em isolamento domiciliar desde que chegou ao Brasil.
O Ministério da Saúde investiga outros seis casos suspeitos de varíola dos macacos no Brasil. Todos seguem em isolados e em monitoramento.
Leia a nota da SES-MG na íntegra
"A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informa que, no sábado (11/6), foi notificado um óbito suspeito de monkeypox (varíola do macaco) em Uberlândia. É o primeiro caso em investigação pela doença em Minas Gerais. Trata-se de uma pessoa residente em Uberlândia e que trabalha em Araguari, no Triângulo Mineiro. Dentre os contatos próximos, ainda não há nenhum outro caso sintomático.
Para o diagnóstico laboratorial, a SES-MG orientou que fosse coletada a amostra para a análise pela Fundação Ezequiel Dias (Funed). Todos os dados clínicos também serão avaliados pela equipe técnica da Secretaria Estadual e do Ministério da Saúde para classificação e encerramento do caso. A SES-MG, a SRS Uberlândia e as secretarias municipais de Saúde de Araguari e Uberlândia estão investigando o caso e monitorando os contatos próximos. Fonte: https://oglobo.globo.com
Intensa massa de ar frio mantém temperaturas baixas nesta semana; veja as previsões
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Por O Globo — Rio de Janeiro
A semana que começa deverá ser de frio, conforme a massa de ar polar que chegou ao país continua a exercer efeito sobre o tempo da região Sul e Sudeste, segundo dados do Instituto Nacional de Meterologia
No estado do Rio de Janeiro, ao longo da semana, a temperatura pode chegar até 13 graus. Em São Paulo, a mínima pode ser de 9 graus.
No Sul, o frio também persiste. No Rio Grande do Sul, os termômetros podem registrar uma mínima de 7 graus, na capital Porto Alegre, ainda nessa segunda-feira. Em Curitiba, no Paraná, a mínima prevista é de 3 graus. Em Florianópolis, as temperaturas devem ficar entre 20 e 10 graus no início da semana.
A tendência é que as temperaturas subam com o avançar dos dias.
O domingo amanheceu com frio intenso e geadas nos três estados da Região Sul do país e no sul de Mato Grosso do Sul. Houve até temperaturas negativas em diversas cidades, como -3,9 graus em General Carneiro (PR); -3,9 graus em São Joaquim (SC) e -2,6 graus em São José dos Ausentes (RS).
O frio é consequência de uma massa de ar polar que continua avançando sobre o centro-sul do país, e há previsão de novos recordes de frio na região Sul. No Sudeste e no Centro-Oeste, apesar da queda de temperatura, o frio mais intenso é previsto para o período da noite.
No entanto, segundo o meteorologista Marcio Cataldi, da Universidade Federal Fluminense (UFF), o mês como um todo deve ser menos frio que maio.
— Teremos uma queda bem acentuada na temperatura, tanto na mínima quanto na máxima. O restante do mês não deve ser tão frio — disse Cataldi.
Além da massa de ar polar, outro fenômeno que intervém no clima neste período do ano é o La Niña. Trata-se do resfriamento das águas do oceano pacífico tropical, influenciando na incidência de chuvas em diversas regiões do Brasil e potencializando a incidência de chuvas nas regiões Norte e Nordeste, mas aumentando o risco de seca ou de chuvas irregulares na Região Sul. Fonte: https://oglobo.globo.com
Farmácias expandem 4ª dose de vacina privada contra Covid para maiores de 18
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Drogarias Pacheco e São Paulo expandem público-alvo e número de unidades com o serviço
A farmacêutica Daiana Zorzo prepara o imunizante na Drogaria Sao Paulo, na avenida Paulista - Rivaldo Gomes - 9.jun.22/Folhapress
As Drogarias Pacheco e São Paulo, do grupo DPSP, começam a oferecer, neste sábado (11), a quarta dose da vacina contra a Covid para clientes maiores de 18 anos com prescrição médica.
As redes já haviam começado, há alguns dias, a aplicar os imunizantes privados da Astrazeneca, porém, para tomar a quarta dose, era preciso ter mais de 50 anos.
Além das unidades em Moema e Paulista em São Paulo, as redes começam a vacinar na capital paulista em regiões como Parque da Mooca, Indianópolis, Bela Vista, Perdizes e Casa Verde e uma em São Caetano do Sul.
Fora do estado, a distribuição fica restrita a três lojas no Rio de Janeiro, uma em Minas Gerais, uma no Espírito Santo e uma em Pernambuco.
Para tomar a quarta dose, será necessário apresentar RG, comprovante de vacinação das doses anteriores, respeitando um intervalo mínimo de quatro meses, além de prescrição médica, para aqueles com menos de 50 anos. O paciente precisará assinar um termo de consentimento.
O agendamento poderá ser feito por Whatsapp, e o valor será de R$ 229,90. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Casa de criança trans é apedrejada na Bahia, após pastor evangélico fundamentalista insuflar a população
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Por @EquipeGN
Um caso envolvendo homofobia uma criança transgênera na pequena cidade de Poções (cerca de 150 quilômetros à esquerda de Porto Seguro, no Sudoeste da Bahia, e que foi liderado por um pastor evangélico homofóbico fundamentalista, teve repercussão nacional neste último final de semana. O caso ganhou repercussão nacional, após o líder evangélico ter insuflado a população, na tentativa de a Câmara de Vereadores não dar prosseguimento em um projeto de lei para garantir que a criança de 12 anos tivesse o seu nome social reconhecido pela escola pública municipal. Insuflada pelo pastor, a população promoveu apedrejamento na casa da criança por três dias consecutivos. Os nomes da mãe e da criança foram omitidos, para evitar a identificação do menor de idade.
A mãe fez várias tentativas nesse sentido, mas a direção da escola se recusa a cumprir uma lei federal que dá essa garantia. Curiosamente, a cidade onde a escola municipal se recusa a cumprir a lei federal é governada pela prefeita Irenilda Cunha de Magalhaes, a dona Nilda do PCdoB, um partido que, nacionalmente, é contrário à homofobia preconizada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). O uso de nome social para menores de 18 anos nas escolas é um direito reconhecido por lei desde 2016, mas que na cidade administrada pelo PCdoB não é respeitada.
Autora da lei que dá permissão e a prefeita que proíbe são do PCdoB
No entanto, para fazer a lei nacional em Poções a vereadora Larissa Laranjeiras, do PCdoB, o mesmo partido da prefeita dona Nilda, apresentou um Projeto de Lei (PL), há um mês, onde propõe que as pessoas transgênero sejam chamadas pelos nomes sociais nas escolas. O projeto nem chegou a ser colocado em votação. Já na noite de 23 de maio, um pastor evangélico iniciou os seus ataques homofóbicos conclamando os moradores de Poções a comparecer na Câmara de Vereadores, para forçar os vereadores a não votar o PL.
“Caso você não tenha o compromisso, traremos um monte de evangélicos na Câmara, para que os vereadores se sintam inibidos a não votar nessa aberração”, disse o evangélico. O convite aos seguidores de sua agremiação “religiosa” surtiu efeito e vários evangélicos foram à Câmara. O homofóbico ficou em um lado do local destinado à presença do público e a criança transgênera, acompanhada de sua mãe, ficou no outro canto da galeria da Câmara Municipal. Diante da forte presença do público “convidado” pelo pastor, alguns vereadores lançaram mão da Bíblia e disseram que são contrários ao projeto de lei municipal.
Aliança Nacional LGBTI+ tem acompanhado o caso
A partir daí foi iniciada a sessão de apedrejamento na casa da mãe da criança, onde as últimas pedradas ocorreram neste sábado (4). Juntamente com a mãe da criança, o presidente nacional da Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis, emitiu uma nota, narrando o apedrejamento na casa da criança trans na Bahia e que foi distribuída à imprensa nacional: “A Aliança Nacional LGBTI+ tem acompanhado um caso de transfobia envolvendo um jovem adolescente trans de 12 anos em Poções, Bahia.
“A Secretaria Municipal de Educação tem se recusado a instituir o nome social do garoto contrariando o disposto na Resolução 1 de 19 de janeiro de 2018 do MEC. Os gestores foram notificados extrajudicialmente e, caso não adequem os registros até segunda-feira, medidas judiciais serão tomadas. Além disso a família tem sido perseguida por grupos fundamentalistas da cidade, a incitação ao ódio fez inclusive com que a casa fosse apedrejada. A Aliança Nacional LGBTI+ enviou uma notícia crime ao Ministério Público do município para que medidas sejam tomadas, mas, até o momento a promotoria não nos respondeu em relação ao pedido de reunião”, prossegue a nota.
“O uso do nome social é direito de todas as pessoas trans e deve ser respeitado, buscaremos a responsabilização daqueles que praticam a discriminação de forma expressa com ameaças e instigação à discriminação, mas também daqueles que não cumprem os atos normativos que buscam o combate à discriminação, completa a nota enviada por Toni Reis.
Ódio disseminado pelo pastor evangélico
Em entrevista à imprensa local, a mãe da criança de 12 anos disse que não acha que sejam só os evangélicos que agridem a ela e ao seu filho. O ódio plantado pelo pastor contaminou gente já disposta a odiar. E foi a força desse sentimento que quebrou uma das janelas da casa dela, na madrugada da última quarta-feira (2), e aprisionou a ela e ao filho. Antes, os ataques tinham assustado, mas não deixaram provas físicas. A Polícia foi chamada, mas somente chegou na manhã do dia seguinte, depois que os fundamentalistas homofóbicos já tinham ido embora.
Na tarde desse mesmo tinha sido agendada uma reunião na escola onde a criança estuda e, mesmo assustada com a violência, a mãe foi ao encontro. “E foi muito estranho. Foi ali que consegui entender meu filho. Quando a professora dele perguntou: A mãe de A. (nome de batismo de R. ou ‘nome morto’, como pessoas trans chamam o nome ao qual abdicam por não representar suas identidades de gênero) está aí? Pensa numa dor que me deu”, declarou ela à imprensa.
Criança comunicou identidade de gênero há três meses
Ela disse que o seu filho comunicou a sua identidade de gênero há cerca de três meses e ela afirmou que pressentiu que a violência estaria por vir. Falou que não tem parentes em Poções e que buscou grupos de mães de transgêneros que tem atuação na área LGBTQIA+. Ao obter esclarecimentos contou aos jornalistas que recolheu a documentação do filho, seguindo uma orientação do Ministério da Educação (MEC), que autoriza a adoção do nome social de transgêneros e travestis nas escolas, para minimizar uma das faces da violência contra essas pessoas.
De acordo com as orientações do MEC o uso de nome social para menores de 18 anos é simples. Basta os representantes legais de estudantes fazer a solicitação na escola e pedir a alteração do nome. Toni Reis, pós-doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná, participou da formulação do parecer do órgão e disse para a imprensa baiana que a identidade de gênero do filho dessa mãe deve ser respeitada – não só por humanidade, mas porque a lei obriga. Fonte: https://grafittinews.com.br
Missão evangélica
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A conta bancária, por vezes, fala mais alto que as mensagens do Evangelho
Paus. Pedras. Perseguição.
Aconteceu na Bahia.
Casa de menino trans é apedrejada pela população.
Momentos de horror, diz a mãe.
Gritos. Ameaças. Pedras na vidraça.
Avarildo era pastor evangélico.
–Não tive nada a ver com isso.
Ele suspirou.
–Mas, num ato de boa vontade, faço questão de ir até o local.
A noite avançava em silêncio pelas ruas da cidadezinha.
Um grupo de ativistas religiosos já estava na frente da casa do menino.
Avarildo se apresentou.
–O que vocês estão fazendo aqui, meus irmãos?
–Acabar com essa aberração, pastor.
–Não tem polícia aqui?
O cabo da PM Erdoíldo mostrou o distintivo.
–Tem sim. E estamos aqui para arrebentar tudo.
Avarildo fez cara séria.
–Vamos seguir o que disse Jesus.
–O que é que ele disse, exatamente?
–Atira a primeira pedra, pô.
Não foi preciso dar segunda ordem.
A fachada da casa foi atingida por diversos projéteis.
De dentro, uma voz feminina pedia socorro.
Avarildo fez um gesto imperativo.
–Vamos parar um pouco, pessoal. Que eu vou falar com ela.
O pastor entrou na casa de forma respeitosa.
–A senhora… com esse seu filho… bom, eu não vou dizer nada…
–Hã.
–Mas eu tenho uma proposta.
A ideia era simples.
–A senhora me paga o dízimo. E aí tudo bem.
Ele olhou para as modestas dependências da casa ameaçada.
–Vai ver que é pouco…
Avarildo consultou o celular.
–Vamos fazer o seguinte. A senhora arrecada dinheiro para o movimento trans.
Ele ajeitou o nó da gravata.
–E metade fica para a minha igreja.
Avarildo já deu entrada num Audi do ano.
–Blindado, claro. Porque se tem coisa que eu detesto é levar pedrada.
A Bíblia permite muitas interpretações.
Mas com a conta bancária dá para lidar com mais clareza. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
No Dia Mundial dos Oceanos, ONU faz alerta sobre preservação: 'poluição plástica atingiu as ilhas mais remotas'
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Órgão internacional realiza neste mês conferência sobre o tema em Lisboa, Portugal
Por O Globo; Agências Internacionais — Rio de Janeiro
A ONU divulgou nesta quarta-feira uma mensagem por ocasião do Dia Mundial dos Oceanos, data estabelecida para lembrar da importância sobre a preservação desse meio, que produz mais de 50% do oxigênio do planeta. Em comunicado, o secretário-geral Antônio Guterres criticou os níveis insustentáveis da pesca, a destruição dos recifes de corais e o aumento da poluição causada por plástico.
"No mês passado, a Organização Meteorológica Mundial revelou que quatro indicadores climáticos essenciais bateram novos recordes em 2021: subida do nível do mar; temperatura dos oceanos; acidificação e concentrações de gases com efeito de estufa. Torna-se evidente que a tripla crise de alterações climáticas, perda de biodiversidade e poluição ameaçam a saúde dos nossos oceanos, da qual todos nós dependemos", ressaltou.
Guterres destacou ainda que as indústrias que tem suas atividades baseadas nos oceanos empregam cerca de 40 milhões de pessoas, e , ainda assim, os recursos e a biodiversidade estão cada vez mais comprometidos por causa das atividades humanas.
"Mais de um terço dos estoques mundiais de peixes são colhidos a níveis biologicamente insustentáveis. Uma proporção significativa dos recifes de coral foi destruída. A poluição plástica atingiu as ilhas mais remotas e as trincheiras mais profundas nos oceanos. (...) Precisamos urgentemente de uma ação coletiva para revitalizar os oceanos. Trabalhar em conjunto com a natureza, e não contra ela, e construir parcerias inclusivas e diversificadas entre regiões, setores e comunidades para colaborar de forma criativa em soluções para os oceanos".
A ONU vai realizar ainda neste mês a Conferência dos Oceanos, em Lisboa, Portugal. Há expectativa para que o evento que ocorre entre os dias 27 de junho e 1 de julho estabeleça diretrizes do que precisa ser feito para reverter o declínio na saúde dos oceanos. Fonte: https://oglobo.globo.com
33 milhões de pessoas passam fome no Brasil, mais que há 30 anos, aponta pesquisa
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Situação no país retrocedeu ao patamar dos anos 90, e 6 em cada 10 convivem com insegurança alimentar hoje.
Tiago Bastos de Santana, 24 , pede ajuda em cruzamento no bairro da Mooca -
O ano de 2022 marca o retrocesso da segurança alimentar no Brasil a um patamar de fome ainda pior do que o registrado 30 anos atrás.
Atualmente, 33 milhões de pessoas passam fome no país, segundo resultado de uma nova pesquisa sobre o tema divulgada nesta quarta (8). Em 1993, eram 32 milhões de pessoas nessa situação, segundo dados semelhantes do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) —a população brasileira então era 35% menor que a de hoje.
Naquele ano, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, lançou a Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e pela Vida, a primeira grande campanha nacional da sociedade civil sobre o assunto.
"A gente regrediu literalmente 30 anos na luta contra a fome, o que nos assusta muito", diz o atual diretor-executivo da Ação da Cidadania, Kiko Afonso. "Mas o sentimento de indignação da sociedade brasileira hoje diante da fome de 33 milhões de brasileiros está muito aquém da indignação de 1993, diante da fome de 32 milhões. Estamos inertes como sociedade."
O levantamento divulgado nesta quarta, chamado 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, foi feito pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) e executado pelo Instituto Vox Populi. A margem de erro é de 0,9 pontos percentuais, para mais ou para menos.
A pesquisa mostrou que 6 a cada 10 brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar. São 125,2 milhões de pessoas nesta situação, o que representa um aumento de 7,2% desde 2020 e de 60% na comparação com 2018.
O sentimento de indignação da sociedade brasileira hoje diante da fome de 33 milhões de brasileiros está muito aquém da indignação de 1993, diante da fome de 32 milhões. Estamos inertes como sociedade. Kiko Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania
"Não tem nada mais prioritário no Brasil do que combate à fome, independente de ideologia", avalia Afonso. "Sem alimento a pessoa não consegue procurar emprego, estudar ou sair de casa. E tem de se humilhar para sobreviver."
De acordo com a pesquisa, em 2022, 1 de cada 3 brasileiros já fez alguma coisa que lhe causou vergonha, tristeza ou constrangimento para conseguir alimento.
Esses novos indicadores da segurança alimentar apontam que 41% da população tem acesso estável a alimento em quantidade e qualidade adequados, índice que é superior entre brancos (53,2%) e inferior entre pretos e pardos (35%).
No outro extremo, a média dos brasileiros com fome é de 15%. Superam essa marca aquelas pessoas que residem nas regiões Norte (25,7%) e Nordeste (21%), na zona rural (18,6%), e em domicílios chefiados por mulheres (19,3%) ou por pessoas pretas e pardas (18,1%).
"Temos desigualdades históricas do país que nunca foram resolvidas: rural e urbana, homem e mulher, brancos e negros. E essas desigualdades se reproduzem na questão da fome", explica a médica sanitarista Ana Maria Segall, professora aposentada da Unicamp e pesquisadora da Rede Penssan.
"É como se 41% da população estivesse protegida das crises econômica e política que já vinham se arrastando nos últimos ano e também do impacto da pandemia da Covid a partir de 2020", analisa Segall.
"Por outro lado, quase 60% dos brasileiros vive numa situação de instabilidade que é muito afetada tanto pela crise quanto pela pandemia, que pegou essa população já numa condição desfavorável."
Segurança alimentar é a situação em que há acesso pleno e estável a alimentos em qualidade e quantidade adequados.
Já a insegurança é dividida em três categorias: leve (quando o temor de faltar comida leva a família a restringir a qualidade dos alimentos), moderada (sem qualidade, há alimentos em quantidade insuficiente para todos) e grave (quando ninguém acessa alimentos em quantidade suficiente e se passa fome).
A médica destaca que entre 2004 e 2013 houve um incremento "muito significativo" no acesso das famílias a alimentos.
"Depois de 2013, você tem um precipício, e derrocada da segurança alimentar ocorre de maneira muito rápida. Houve uma piora rápida e muito expressiva do acesso a alimentos que continua até hoje e é pior dentro dos grupos que já viviam em algum nível de insegurança alimentar", afirma ela, que fez parte do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), extinto pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).
Em 2018, 5,8% dos brasileiros passavam fome. Em 2020, essa parcela subiu para 9% e, em 2022, chegou a 15,5%.
Isso quer dizer que, no intervalo de um ano, 14 milhões de brasileiros passaram a conviver com a fome em suas casas.
Para Francisco Menezes, consultor da ONG internacional ActionAid e ex-presidente do Consea (2004-2007), três das principais causas do aumento da fome no país são o empobrecimento da população, o desmonte de políticas sociais e de abastecimento, e a crise climática.
"Tivemos uma elevação muito forte do desemprego e um processo de precarização do trabalho com o crescimento da informalidade. Soma-se à perda de renda a inflação dos alimentos, que desde 2020 não arrefece, e atinge itens básicos como arroz, feijão e óleo de soja, além do gás e dos combustíveis", aponta ele, para quem uma política de estoques de alimentos, abandonada pelo governo, é crucial num momento desfavorável.
Ele critica o modelo de acesso a benefícios de transferência de renda, que requer acesso a internet e a um computador ou celular. "Extrema pobreza e aplicativo não são coisas que combinem."
O 2º Inquérito Nacional sobre Segurança Alimentar aponta que o maior percentual de pessoas em insegurança grave ou fome era entre quem solicitou mas não recebeu o auxílio emergencial aprovado pelo Congresso para o primeiro ano da pandemia (63%), seguido pelo grupo de quem sequer conseguiu solicitar o benefício (48,5%).
O levantamento mostra que há fome em 13,5% dos domicílios em que residem apenas adultos, enquanto entre as casas com três ou mais crianças ou jovens de até 18 anos o percentual sobe para 25,7%.
O dado é especialmente preocupante porque aponta para danos futuros. Estudos sugerem que o impacto da fome entre crianças e adolescentes tem efeitos deletérios imediatos na saúde e no bem-estar, com potencial comprometimento das potencialidades desses indivíduos.
Isso é o que mais mexe com Suelen Medeiros, 29, que mora com os quatro filhos na periferia sul da cidade de São Paulo. Desempregada e sem receber pensão do pai de seus filhos, ela conta que chega a ficar dias sem comer para privilegiar as refeições das crianças, que têm entre 2 e 12 anos.
"Eu aguento sentir fome, eles, não", lamenta. "Mas fico tão ansiosa por causa das crianças que até perco a fome", diz ela, que recebe uma cesta básica de doação mensalmente, mas que nem sempre é suficiente. "É muito difícil. Toda vez que meus filhos não têm o que comer, meu mundo desaba. Não ter condições de dar nem um pão de manhã a eles acaba comigo", afirma ela. "Não vejo a hora de arranjar um trabalho."
A pesquisa da Rede Penssan foi baseada em entrevistas realizadas em 12.745 domicílios de áreas urbanas e rurais de 577 municípios dos 26 estados e do Distrito Federal. Trata-se de uma parceria das organizações Ação da Cidadania, ActionAid Brasil, Fundação Friedrich Ebert Brasil, Ibirapitanga, Oxfam Brasil e Sesc. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
A morte
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A morte
O Brasil vive um período delicado. Um jogo político com a morte. A sociedade não pode pactuar com tal tipo de ‘brincadeira macabra’.
Denis Lerrer Rosenfield, O Estado de S.Paulo
A morte é o destino dos seres humanos, ao fim de um ciclo natural de vida, que se apresenta como uma espécie de enigma da condição humana. De toda maneira, as pessoas se acostumam gradativamente com essa ideia através da idade e de doenças sucessivas. Logo, passa a ser tida por normal, embora essa normalidade seja a do corpo inerte tomado por bactérias e vermes. A religião veio a ser uma forma de conforto, graças a ideias como a de “salvação”, “outro mundo” e “vida eterna”, entre outras acepções. Pascal, célebre filósofo católico, dizia que a vida era uma forma de “distração”, de “divertimento”, usufruída pelas pessoas procurando esquecer a morte inexorável.
Estados totalitários, aqui, inovaram. Tiraram a morte do seu ciclo natural e conferiram-lhe uma significação propriamente política, de poder, submetendo agrupamentos humanos por raça, religião ou mera diversidade à violência extrema. No nazismo, seres humanos, como judeus, homossexuais, ciganos e testemunhas de Jeová, considerados como “subumanos”, terminaram, por via de consequência, seus dias em câmaras de gás e nos crematórios. Extirpados da categoria dos humanos, a morte violenta lhes foi imposta.
Os comunistas não ficaram atrás, decretando a morte violenta pela fome orquestrada, imposta pela violência política a aproximadamente 3,2 milhões de ucranianos num evento que passou a ser denominado de Holodomor, morte por inação, num episódio da fome planejada pela polícia política stalinista nos anos 30 do século passado, com homens e mulheres esquálidos, cadáveres ambulantes, tendo o canibalismo como um de seus efeitos.
O processo civilizatório tem se caracterizado por prolongar a vida, por evitar a morte violenta, em sociedades que se organizam pela segurança pública, por sistemas de saúde públicos e privados, pelo avanço científico e tecnológico. As pessoas se sentem assim seguras, reconfortadas e evitam a morte, tida por uma forma arbitrária e injustificada de violência. Coisas tão simples como remédios e vacinas, além da integridade física que estaria ao abrigo do arbítrio, são manifestações deste progresso, considerado, então, como algo normal. O que ocorre, porém, se cenas de violência, patrocinadas inclusive por forças policiais, põem em xeque tal concepção?
Um cidadão normal, chamado Genivaldo, foi gasificado num porta-malas de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal no Estado de Sergipe. O espetáculo do horror introduz a morte violenta patrocinada pelo Estado, cuja função – convém sempre lembrar – consiste em proteger a vida e o patrimônio dos cidadãos. Hobbes já dizia que essa é sua função essencial, sem a qual a sociedade recairia num estado de selvageria, denominado por ele de guerra de todos contra todos. A justificativa inicial utilizada pelo arbítrio foi a de um “mal súbito” sofrido pela vítima, expressão que só pode ser considerada como uma piada macabra. Mal, sim, existe, mas o de uma sociedade que começa a se acostumar com tal tipo de arbitrariedade. Súbito, sim, o descaramento e a ausência de compaixão.
A chacina no Rio de Janeiro, com forças policiais agindo impunemente, matando inocentes no máximo arbítrio, expõe essa faceta de uma sociedade que perde controle de si. A polícia, pilar da organização estatal, abandona sua função, fazendo com que pessoas pereçam pela morte violenta. A segurança dos cidadãos não é mais assegurada de uma forma aberta. Nem o disfarce é utilizado. Se o Estado não cumpre mais sua missão, o que podemos esperar, senão a irrupção da crueldade, da selvageria? Há justificativa para isso?
Em Pernambuco, mais de uma centena de pessoas foi vítima de inundações e desabamentos, em outro teatro do horror que apenas escancara o que já vem acontecendo em outras cidades. Nada disso é normal, na acepção de que seria inevitável. Calamidades naturais fazem parte do mundo, mas o que diferencia um Estado de outro são a prevenção e a forma de enfrentamento desse tipo de fenômeno. Sismógrafos foram inventados para prevenir as consequências desastrosas de terremotos, com operações de defesa civil e afastamento da população atingida para outras regiões. Habitações em zonas de risco podem ser solucionadas por políticas habitacionais e outras ações estatais. Foi mais uma vez desastroso o discurso presidencial, ao considerar as catástrofes como “naturais”. Seus efeitos não o são, se houver políticas sociais ancoradas na ciência e na tecnologia.
O Brasil vive um período particularmente delicado, pois estas formas de “morte social” passam a ser tidas por normais. Nem a compaixão se faz mais presente nas ações governamentais. Se o Estado não se impõe, protegendo os malfeitores e relegando os policiais honestos e conscientes, é porque se encaminha para formas autoritárias. Trata-se, na verdade, de um jogo político com a morte. A sociedade não pode pactuar com tal tipo de “brincadeira macabra”.
* PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFRGS. E-MAIL: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
As mudanças climáticas, o joio e o trigo
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A evocação bíblica do livro de ‘Mateus’ serve de chamamento ao diálogo que deve ser estabelecido entre o conhecimento científico e as vontades políticas.
Diego Pereira, O Estado de S.Paulo
“Dormindo os homens, veio o seu inimigo e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se. E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio.” A parábola inscrita no livro de Mateus 13:24-30 serve de metáfora para a ação humana no impacto sobre o clima, intensificada a partir da Revolução Industrial, num período em que a atmosfera se transforma intensamente e que passa a se denominar Era do Antropoceno.
O inimigo do reino do céu assume, aqui, a feição humana que se mostra causadora do dano à natureza e tem sido a principal responsável pela mudança climática que culmina com o atual aquecimento global e suas consequências mais desastrosas, que recebem a alcunha de desastres ambientais.
Justamente a plantação de trigo, sensível às alterações climáticas, pegou o mundo de surpresa estes dias quando a Índia, segundo maior produtor da espécie, impôs restrições à exportação, já que nas últimas semanas o país tem registrado temperaturas que ultrapassam os 50ºC.
A atual onda de calor em regiões da Índia e do Paquistão tem sido objeto de diversos estudos que confirmam uma conexão direta do evento com o aquecimento global, a exemplo das pesquisas lideradas pelo Imperial College London.
O que tem acontecido na Índia, cuja população ultrapassa 1 bilhão de habitantes, serve de exemplo para o alerta contido no 6.º Relatório Climático do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (ligado à ONU), que deflagra uma preocupação urgente com a questão climática e a produção de alimentos no planeta, o que tende a agravar a situação da fome mundial, por conseguinte. Essa tem sido, também, uma preocupação do Banco Mundial e da ONU, constatada no recente Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
Para além do aumento do número de mortes originadas desse desequilíbrio na temperatura e do clima da Terra, outros danos já estão sendo sentidos de forma mais urgente pela população em geral: inundações, enchentes, deslizamentos, ondas de calor, comprometimento no fornecimento de água e luz, perda de postos de trabalho, diminuição drástica na produção de alimentos e aumento significativo da fome.
Com a guerra na Ucrânia e a intensificação da escassez de alimentos no mundo, um ciclo desastroso parece a gênese de dias sombrios: aumento da fome no sul global e comprometimento de energia ao norte do planeta, que se vê prestes a abandonar todo um legado de política energética limpa.
Se em 2022 a Índia experimenta apagões de energia de mais de 15 horas, ausência de serviços médicos e de fornecimento de água, além da perda de cerca de 20% na produção de trigo; o Brasil do futuro, segundo dados do referido relatório do IPCC, pode contar com a perda na produção de trigo, arroz, soja, milho e carnes no geral. Até 2100 a produção de milho pode ser reduzida em mais de 70%, a pesca sofrerá perdas em torno de 30% até 2050 e moluscos e crustáceos podem ser totalmente extintos.
Nunca é demasiado lembrar a lógica que confirma que os mais impactados pela ação do clima são os que menos contribuem para as alterações ambientais. Num Estado comprometido com reduzir vulnerabilidades, isso se torna também aspecto central de políticas públicas que objetivam a diminuição da desigualdade e a construção de uma sociedade justa e solidária.
Na semana em que a Índia apontou ondas extremas de calor e o Brasil registrou temperaturas baixíssimas para o mês de maio, a reflexão que fica é no sentido de que a ciência tem feito sua parte, muito mais do que divulgando relatórios. Ela tem ofertado medidas propositivas à diminuição dos impactos do clima, seja por meio da mitigação ou adaptação climáticas.
O país que tem sua economia baseada na produção de alimento se vê atado a dilemas complexos como o aumento da fome e da insegurança alimentar em solo nacional e no mundo, e, ao mesmo tempo, temeroso das ações do clima que comprometem essa mesma produção alimentícia.
Em que pese os trabalhos desenvolvidos pela ciência serem orientações para a formulação de políticas públicas pelos tomadores de decisão, eles não assumem caráter de obrigatoriedade para a formulação de agendas políticas.
A evocação bíblica referida no início deste artigo serve de chamamento ao diálogo que deve ser estabelecido entre o conhecimento científico e as vontades políticas (extensível ao campo privado, obviamente), sob pena de a erva daninha do desenvolvimentismo comprometer, inclusive, a ideia de progresso que alavancou as economias baseadas nas grandes exportações de alimentos, como é o caso do Brasil.
Nesta semana do meio ambiente, fica a reflexão como um desafio de governos, de grandes produtores e da sociedade. Acima e antes de tudo, é necessário reconhecer e dar protagonismo ao conhecimento científico como mola propulsora de uma transformação que é emergente e necessária ao projeto de uma nação do futuro, comprometida com o desenvolvimento humano, includente e, sobretudo, menos desigual.
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DOUTORANDO E MESTRE EM DIREITO (UNB), PROCURADOR FEDERAL (AGU), PROFESSOR, AUTOR DE ‘VIDAS INTERROMPIDAS PELO MAR DE LAMA’ (LUMEN JURIS), PESQUISA CLIMA, DESASTRES, MUDANÇA E JUSTIÇA CLIMÁTICAS Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
Quarta dose da vacina contra Covid será autorizada para pessoas a partir dos 50 anos, anuncia Ministério da Saúde
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Algumas cidades já contemplam a faixa etária com a segunda dose de reforço.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou nesta quinta-feira (2) que a pasta vai autorizar a oferta da 4ª dose de vacina contra a Covid-19 para pessoas com 50 anos ou mais.
Até agora, a pasta só havia dado autorização para que a quarta dose fosse aplicada em pessoas com 60 anos ou mais, além de imunossuprimidos.
Mesmo antes do anúncio do ministro, algumas cidades e estados já vinham anunciando que começariam a vacinar pessoas a partir dos 50 anos com a quarta dose: Macapá e Maceió, por exemplo, começaram na quarta-feira (1º).
No Distrito Federal, a previsão é de que a imunização desse público com a segunda dose de reforço comece na sexta-feira (3).
Em Manaus, a quarta dose para quem tem 50 anos ou mais está liberada desde o início de maio, e, no Piauí, foi liberada na mesma data para toda a população a partir dos 18 anos.
O Paraná também havia pedido autorização na semana passada para aplicar a 4ª dose em pessoas com menos de 60 anos. Fonte: https://g1.globo.com
Cidade que contratou show de Gusttavo Lima por verba milionária tem 38% da população em situação de pobreza
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Cidade que contratou show de Gusttavo Lima por verba milionária tem 38% da população em situação de pobreza
A cidade de Conceição do Mato Dentro (MG) tem mais de 6 mil pessoas em extrema pobreza (renda de até R$ 100 por mês) e teve um show de Gusttavo Lima marcado por R$ 1 milhão
A cidade de Conceição do Mato Dentro, região central de Minas Gerais, tem 6.868 (38%) dos 17.908 habitantes em situação de extrema pobreza, segundo número do CadÚnico, fornecidos pelo Ministério da Cidadania. O município havia contratado um show do cantor Gustavvo Lima por R$ 1,2 milhão, mas cancelou o evento após denúncias de irregularidades. O Executivo municipal desviou dinheiro para o gasto com a apresentação do artista. Os valores chamam atenção porque o teto da Lei Rouanet para cachês de artistas individuais é de R$ 3 mil, conforme publicação do governo federal no Diario Oficial de fevereiro. Antes, o limite era de R$ 45 mil (diminuição de 93%).
Localizada a 160 quilômetros da capital Belo Horizonte, Conceição do Mato Dentro tem 12.373 pessoas inscritas no CadÚnico, que reúne dados sobre famílias brasileiras de baixa renda. Ao todo, 6.868 são pessoas em situação de extrema pobreza, com renda até R$ 100 por mês, e 10% em situação de pobreza, com renda mensal de R$ 200.
De acordo com reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, publicada nesta quarta-feira (1), foi por meio da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) que a prefeitura conseguiu uma parte do dinheiro para o evento. O município brasileiro de maior arrecadação da CFEM é Parauapebas (PA) - recebeu R$ 1,48 bilhão em 2021. Conceição do Mato Dentro ocupa o terceiro lugar do ranking (R$ 387 milhões no ano passado).
O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) passou a investigar o contrato para o show de Gusttavo Lima em Conceição do Mato Dentro.
Prefeitura se pronuncia
O prefeito José Fernando Aparecido de Oliveira (MDB) afirmou ter recebido “com perplexidade" a notícia de que o evento estaria sendo pago com verba da saúde e da educação.
"Referidas assertivas levianas e tendenciosas, demonstram absoluto desconhecimento sobre as formas de utilização dos recursos advindos da mineração, reguladas pela Lei Federal nº 13.540, que autoriza gastos com fomento econômico, bem-estar social, turismo, diversificação econômica, saúde, educação e outros", disse.
Sobre o motivo do cancelamento do show, a prefeitura respondeu que a razão foi a "conveniência da administração pública, súmula 473 STF”. Em relação ao pagamento da primeira parcela, estabelecido pelo contrato, a informação é de que ela não foi paga pois “procedimentos prévios ao pagamento" não foram supridos.
Mais contratos investigados
O Judiciário investiga contratos para shows de Gusttavo Lima em outros dois estados. Na cidade de São Luiz, Sul de Roraima, o artista teve um show marcado para dezembro, no valor de R$ 800 mil. Com apenas dois hotéis, o município tem um PIB de R$ 147,6 milhões, o segundo mais baixo do estado.
No estado do Rio de Janeiro, o Ministério Público investiga a contratação do cantor para um show em Magé, a 100 quilômetros da capital fluminense, por R$ 1 milhão. Fonte: https://www.brasil247.com
Fome à brasileira
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Insegurança alimentar no Brasil cresce mais que no resto do mundo, como mostra a FGV; pandemia e guerra só aceleraram um problema que já vinha se agravando
Com a pandemia, a desigualdade, a pobreza e a fome aumentaram no Brasil. Também aumentaram no mundo, e foram agravadas pela guerra de Vladimir Putin e ainda mais por suas ações criminosas, como o bloqueio naval do Mar Negro, o confisco de grãos e maquinários ucranianos e a retenção de estoques na Rússia. O secretário-geral da ONU alerta para um “furacão da fome”.
O paralelo pode servir de desculpa para a resignação e, pior, de pretexto para a inação do poder público brasileiro. Afinal, o Brasil não existe no vácuo e é impotente para alterar o curso das grandes engrenagens planetárias.
Mas dados cotejados do Gallup World Poll pelo pesquisador Marcelo Neri, da FGV Social, comprovam que o problema é bem maior no Brasil. Ele antecede a pandemia, e os efeitos dela no País foram mais profundos.
Entre 2019 e 2021, a parcela de brasileiros a quem, no curso de 12 meses, faltou dinheiro para alimentar a si ou a família subiu de 30% para 36%. Durante a pandemia, a insegurança alimentar no Brasil subiu 4,48 pontos porcentuais a mais do que no resto do mundo.
Mas a pandemia só acentuou um mal que se alastrava. Entre 2004 e 2013, a proporção de famílias em insegurança alimentar caiu 35,2%. Em 2014 o Brasil saiu oficialmente do Mapa da Fome. Mas no mesmo ano, com o fim do superciclo das commodities e, sobretudo, com os desmandos da gestão Dilma Rousseff, a economia embicou para a pior recessão da história recente. Entre 2013 e 2018, as famílias em insegurança aumentaram 62,3%.
Assim, se em 2014 o Brasil estava com níveis de insegurança inferiores a 75% dos 141 países pesquisados pelo Gallup, em 2021 atingiu um nível menor que 52% deles e passou, pela primeira vez na série histórica iniciada em 2006, a ter níveis piores que a média global. Tudo somado, em 7 anos a fome no Brasil dobrou.
Mas além das medianas, o choque foi brutalmente desproporcional entre ricos e pobres. Entre 2014 e 2021, a insegurança alimentar entre os 20% mais pobres cresceu quase 40 pontos porcentuais (de 36% para 75%), ultrapassando a média global (48%) e chegando a um nível próximo a países com maior insegurança, como o Zimbábue (80%). Enquanto isso, entre os 20% mais ricos a insegurança caiu três pontos (de 10% para 7%), ficando um pouco abaixo do país com menos insegurança alimentar, a Suécia (5%).
Os dados revelam ainda uma “feminização da fome” na pandemia. Entre 2019 e 2021, enquanto a insegurança alimentar caía 1 ponto porcentual entre os homens (de 27% para 26%), ela aumentava 14 pontos entre as mulheres (de 33% para 47%), possivelmente porque as mulheres foram mais afetadas no mercado de trabalho, sendo mais demandadas em casa durante o isolamento social e o fechamento das escolas. A diferença entre gêneros no Brasil é hoje 6 vezes maior do que a média global.
A combinação dessas mazelas é catastrófica. A insegurança alimentar está mais concentrada em indivíduos de meia-idade, mulheres e pobres, que moram em domicílios com maior número de crianças. A fome é um sofrimento infernal para adultos e crianças. Mas a subnutrição infantil deixa sequelas físicas e mentais por toda a vida.
A desgraça é, antes de tudo, humanitária, mas também socioeconômica. Entre outros efeitos, os problemas de alimentação brasileiros estão associados à prevalência de doenças crônicas, baixo desempenho escolar e baixa produtividade no trabalho. A fome no presente depaupera o futuro.
A guerra deve agravar a inflação e a escassez de alimentos no mundo nos próximos meses. Mais uma vez, o problema tende a ser magnificado pelas precariedades econômicas peculiares do Brasil. A inflação de 12 meses chega a 12%, e para a classe mais baixa está 1,9% acima da mais alta. Os juros sobem e o desemprego persiste nos dois dígitos. A estagflação foi pior para os mais pobres e tende a piorar.
A tragédia é ainda mais chocante quando se considera que se passa no “Celeiro do Mundo”. Ou seja: não falta comida no Brasil. Faltam renda, emprego, programas emergenciais e solidariedade. Se há uma pauta primordial para as eleições, é a fome. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
Jornalista francês de 32 anos morre durante retirada em Severodonetsk
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O jornalista francês Frederic Leclerc-Imhoff, de 32 anos, morreu durante um bombardeio russo nos arredores da cidade ucraniana de Severodonetsk, na região de Luhansk, nesta segunda-feira, 30, confirmaram fontes do governo e da emissora francesa BFM TV.
De acordo com a emissora de notícias francesa, Leclerc-Imhoff foi morto enquanto cobria “uma operação humanitária em um veículo blindado” perto de Severodonetsk. O jornalista trabalhou por seis anos para o canal de televisão francês.
A primeira informação sobre a morte do jornalista veio de autoridades ucranianas. Segundo o governador de Luhansk, Serhi Gaidai, o transporte blindado em que Imhoff estava foi atingido por estilhaços de um projétil russo, que teriam perfurado a blindagem do veículo.
O conselheiro do Ministério do Interior ucraniano, Anton Gerashchenko, disse que outro jornalista francês ficou ferido, assim como uma mulher ucraniana que os acompanhava.
Gaidai confirmou a versão francesa de que o jornalista acompanhava uma operação de retirada de civis do novo front da guerra na Ucrânia, no leste do país. As operações de retiradas foram suspensas em razão dos confrontos.
O presidente Emmanuel Macron prestou homenagem a Leclerc-Imhoff no Twitter. Ele “estava na Ucrânia para mostrar a realidade da guerra. A bordo de um ônibus humanitário, ao lado de civis forçados a fugir para escapar das bombas russas, ele foi morto a tiros’', tuitou Macron.
Macron expressou condolências à sua família, parentes e colegas e falou do “apoio incondicional da França” aos “que cumprem a difícil missão de informar nos palcos de operações”.
Antes da confirmação do nome do jornalista à imprensa, a ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, já havia se manifestado e cobrado uma investigação sobre o caso. “A França exige que uma investigação seja realizada o mais rápido possível e com transparência sobre as circunstâncias desse drama”, disse Colonna em comunicado.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, classificou o caso como mais um “crime de guerra” russo contra profissionais da imprensa que trabalham na cobertura do conflito no país.
“As Forças Armadas da Rússia bombardearam um veículo que deveria participar da retirada de civis da zona de guerra perto de Severodonetsk. Um jornalista francês que cobria a missão foi morto. Nós condenamos enfaticamente essa morte. A lista dos crimes de guerra da Rússia contra trabalhadores da imprensa na ucrânia continua crescendo”, escreveu Nikolenko em uma publicação no Twitter repostada pelo perfil do ministério. Fonte: https://www.estadao.com.br
CHUVAS EM RECIFE: Sobe para 56 número de mortos na RMR após fortes chuvas; outros 56 seguem desaparecidos
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O governo de Pernambuco atualizou no início da tarde deste domingo (29) o número de vítimas fatais após as fortes chuvas que castigaram o estado neste final de semana. Agora, de acordo com os registros da Central de Operações e do Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR), da última quarta-feira (25), até este domingo, 56 pessoas perderam a vida.
Além disso, o balanço também contabilizou o desaparecimento de outras 56 pessoas nos municípios de Recife e Olinda. Em todo o estado, 3.957 estão desabrigadas, a maior parte delas nos municípios da Região Metropolitana e na Mata Norte. Apenas no Recife, 2.045 pessoas estão abrigadas em 35 equipamentos públicos espalhados em 22 bairros da capital pernambucana.
Neste domingo (29), equipes formadas pelas forças de segurança estaduais, Exército e a Marinha estão atuando em 12 pontos de deslizamento, com o auxílio de cães farejadores e equipamentos. Até a madrugada deste domingo, o Grupamento de Bombeiros Marítimos (GBMAR) havia realizado o resgate de 593 vítimas ilhadas em várias localidades da RMR. Desde a sexta-feira (27), foram registrados mais de 46 mil chamados ao 193. Fonte: https://www.diariodepernambuco.com.br
'Tivemos muitos momentos divertidos'; relembre Jesse e Shurastey, que morreram nos EUA
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Dupla que viajava as Américas de carro sofreu acidente nos EUA
Jesse e Shurastey nos Estados Unidos - @shurastey_ no Instagram
SÃO PAULO
O influencer brasileiro Jesse Koz, 29, e o golden retriever Shurastey, 6, que morreram nesta segunda-feira (23) em consequência de um acidente de trânsito nos Estados Unidos, viajavam pelas Américas de carro desde 2017.
A meta era chegar em setembro ao Alasca. Jesse e Shurastey saíram de Balneário Camboriú e faziam o trajeto a bordo de um Fusca. Durante o percurso, dormiam em camping ou conseguiram abrigo até de pessoas desconhecidas.
Em conversas com a reportagem meses após pegar a estrada, Jesse ressaltava os amigos que faziam pelo caminho e a parceria com o cachorro. "O Shurastey me proporcionou momentos muito engraçados na viagem."
O primeiro desses momentos foi ainda em 2017, quando Shurastey foi perseguido por cavalos. "Estávamos acampando perto de Gramado, em uma fazenda, e ele foi perto de uns cavalos enquanto eu montava a barraca. Os cavalos não gostaram muito e saíram correndo atrás dele. Ele sumiu, e eu não conseguia parar de rir; e ele ia sumindo no horizonte... Desde então, quando eu falo 'ó o cavalo' ele se levanta dentro do Fusca", contou na ocasião.
Ainda nessa primeira etapa da jornada, outro momento foi marcante para o influencer: quando a dupla caminhava sobre um rio congelado em El Calafate (extremo sul da Argentina),mas Shurastey se afastou, o gelo quebrou e ele caiu na água gelada.
Isso, no entanto, não afetou a saúde do pet, que seguia a viagem "com muita saúde e disposição" e sempre tranquilo.
Jesse, na ocasião, disse que a receptividade era boa por onde passavam. "Uruguaios, argentinos, chilenos, paraguaios. Sempre nos receberam muito bem, e tivemos muitos momentos bacanas e divertidos."
O rapaz trabalhava como vendedor antes de decidir entrar no Fusca com o amigo peludo. O nome do golden foi inspirado na música "Should I Stay or Should I Go", da banda The Clash.
"Esse sempre foi o nome dele. Esse nome surgiu de uma brincadeira com alguns amigos, quando apareceu um cachorro de rua e ficamos discutindo qual seria o nome do cachorro e eu disse: Shurastey ou Shuraigow? A galera riu, e eu falei que quando tivesse um cachorro ele se chamaria Shurastey. Assim foi", contou Jesse à reportagem meses após o percurso.
No ano seguinte, quando a dupla cruzava o Brasil, o influencer disse que estava em busca de apoio para uma jornada despreocupada. Questionado se estava tudo bem com o Fusca 1978, chamado Dodongo, o rapaz reagiu: "Não, nunca está tudo bem com ele kkkkkkkk Sempre tem coisas pra fazer".
Pelas redes, Jesse compartilhava a rotina com Shurastey e fotos de paisagens e dos perrengues. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Brasileiro e cão que viajavam em fusca para o Alasca morrem em acidente nos EUA
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MARCOS LEANDRO - ESPECIAL PARA O ESTADÃO
Jesse Koz e seu companheiro estavam a dois dias do destino
Conhecidos por viajar o mundo dentro de um fusca, Jesse Koz, de 29 anos, e o cachorro Shurastey estavam a caminho do Alasca quando sofreram um acidente em Oregon, nos Estados Unidos, e morreram nesta segunda-feira, 23.
De acordo com a imprensa local, Jesse tentou fugir de um engarrafamento, mas acabou perdendo o controle do veículo e batendo de frente com o carro de Eileen Huss, de 62 anos, na pista contrária. A mulher precisou ser levada ao hospital e a criança que estava com ela não sofreu ferimentos.
Faltavam dois dias para a dupla chegar ao destino. Em seu Instagram, o influenciador compartilhava registros da viagem ao lado do seu parceiro. Na última foto do perfil, publicada há seis dias, eles estavam na ponte Golden Gate, em São Francisco, na Califórnia.
A viagem fazia parte de um projeto chamado "Shurastey or Shuraigow?", que era uma brincadeira com a música Should I Stay or Should I Go, da banda The Clash, que em tradução significa "Devo Ficar ou Devo Ir".
Os dois viajavam desde 2017 com o carro com placa de Balneário Camboriú que ganhou o apelido de Dodongo. Ao longo desse tempo, eles conheceram 16 países. Fonte: https://emais.estadao.com.br
Varíola dos macacos: sete mistérios que a ciência ainda tem que desvendar sobre o surto
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Com número crescente de casos em países de diferentes continentes, autoridades de saúde direcionam esforços para entender por que o vírus passou a apresentar um comportamento inesperado
Por Bernardo Yoneshigue — Rio de Janeiro
Desde o início de maio, a varíola dos macacos, causada pelo vírus monkeypox, tem se tornado uma preocupação mundial enquanto ao menos 16 países fora das regiões da África Central e Ocidental – onde o vírus é endêmico – registraram casos da doença. O patógeno, semelhante à varíola que foi erradicada em 1980, embora mais raro e com quadros mais leves, costumava ser identificado nesses locais apenas em diagnósticos pontuais de pessoas que haviam viajado para o continente africano. Porém, pela primeira vez, uma série de nações relatam casos decorrentes de transmissão local, em um surto inesperado que não foi totalmente compreendido pela ciência ainda.
Os principais pontos que intrigam os especialistas são em relação à transmissão da doença, que até então era considerada limitada entre pessoas, e à identificação repentina de casos em todo o mundo, ao mesmo tempo. O cenário acende o alerta de autoridades de saúde, que monitoram de perto os casos que se multiplicam dia a dia. Ainda assim, especialistas ressaltam que a vacina para a varíola tradicional é até 85% eficaz para prevenir os casos da nova versão e que a doença não deve provocar uma situação como a da Covid-19.
Entenda em sete pontos os mistérios que envolvem o surto da doença:
1 – Mutação do vírus
A principal pergunta que intriga os especialistas é por que o vírus está se comportando de maneira diferente daquela esperada. Isso porque, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a transmissão acontecia de forma esporádica em regiões específicas da África, e de animais para pessoas. A contaminação entre seres humanos, embora possível, era considerada “limitada” pela instituição.
— Só que agora, nestes países, está havendo a confirmação de casos secundários, ou seja, em pessoas que não viajaram a áreas endêmicas se contaminando por outras pessoas. O que é um comportamento altamente inusitado para esse vírus, é a primeira vez que isso é relatado nesses lugares — explica o doutor em doenças infecciosas e parasitárias Marcelo Burattini, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Alguns especialistas sugerem que pode ter ocorrido uma mutação no vírus que teria afetado o seu comportamento. Pesquisadores de Portugal, onde já são mais de 30 casos detectados da varíola dos macacos, sequenciaram genomas de nove casos da doença. Os resultados, divulgados ontem, indicaram trocas de 50 bases nitrogenadas no código genético dos vírus, em comparação a amostras de 2018 e 2019. Embora seja pouca diferença em termos de genética, é “muito mais do que se esperaria considerando a taxa de substituição estimada para Orthopoxviruses”, dizem os cientistas.
— Talvez não tenham sido sequenciadas amostras suficientes em 2018 e essa variabilidade só não tinha sido detectada. Ou foram de fato mudanças e que aconteceram de forma rápida, em apenas quatro anos. Nesse caso seria muito surpreendente porque esse vírus tem DNA como material genético e, por isso, uma baixa taxa de mutação. A questão é entender se isso trouxe alguma consequência para o comportamento do vírus, o que não sabemos — explica o médico geneticista Salmo Raskin, diretor do laboratório Genetika, em Curitiba.
Ainda assim, ontem, um executivo sênior da OMS afirmou que a organização não tem evidências de que o vírus da varíola de macacos tenha sofrido mutação e que são necessários mais sequenciamentos genômicos para compreender a doença.
2 – Velocidade na disseminação
Um índice utilizado para medir a velocidade de transmissão de determinado vírus é o R0. Ele indica quantas pessoas devem ser infectadas por cada paciente contaminado. Se está acima de 1, portanto, mostra que a doença está em crescimento naquela população. Porém, ainda não se sabe qual é R0 durante o surto que está sendo registrado em diversos países do mundo, uma vez que os casos ainda são muito recentes.
— Esse é um dos maiores mistérios, o número inesperado de casos e a dispersão rápida por diferentes países e continentes. Essa é uma doença que não deveria ter esse comportamento — explica Burattini.
3 – Tempo de contaminação
As informações sobre o tempo em que uma pessoa permanece infectada e contaminando outras pessoas também não são definitivas. Embora estimativas sugerem que a infecção pode durar de 2 até 6 semanas, contando com o tempo de incubação do vírus, não se sabe exatamente em que momentos desse período a pessoa pode infectar outras.
— O problema é que o tempo de incubação (período entre infecção e surgimento de sintomas) pode durar até três semanas. Nesse tempo, a pessoa estaria transmitindo? É o caso também de pessoas infectadas que têm quadros clínicos muito leves ou até mesmo assintomáticos, não sabemos se elas poderiam transmitir — pontua Raskin.
Ainda assim, a Bélgica estipulou uma quarentena obrigatória de 21 dias para os contaminados, tempo também considerado pelo Reino Unido em sua recomendação de isolamento para infectados.
4 –Transmissão pelo ar
Até então, se sabia que o vírus poderia ser transmitido por gotículas, mas era necessário um contato muito próximo, cara a cara, com uma carga viral muito alta e por bastante tempo, o que torna esse meio de contaminação ainda mais raro.
Porém, o aumento repentino no número de casos entre pessoas que não se conheciam pode estar ligado a uma maior facilidade nas formas de infecção. Não se sabe ainda se é o caso de uma transmissão por vias respiratórias como acontece com a Covid-19, mas autoridades de saúde pelo mundo investigam a possibilidade.
— Em tese, isso seria possível no caso de uma mutação, mas o que estamos observando são casos que pessoas que contraíram pelo contato físico muito próximo. Não há relatos, por exemplo, de pessoas que se infectaram por estarem num mesmo avião, que teria a circulação pelo ar — diz Raskin.
5 – Transmissão sexual
Na Espanha, a maioria dos casos foram ligados a um estabelecimento destinado a relações sexuais. Em outros países, relatos também indicam que a grande maioria dos diagnósticos está ocorrendo em homens gays, bissexuais e homens que fazem sexo com outros homens (HSH).
Apesar de as informações indicarem uma transmissão via sexo, não se sabe ainda se o vírus está presente em locais do corpo como fluidos genitais e no sêmen. Apenas nesse caso ele seria caracterizado como uma infecção sexualmente transmissível, explica Burattini. No entanto, o perfil de contaminação intriga cientistas.
— As investigações estão em andamento. Isso é compatível com uma doença que é transmissível por secreção corporal, mas nunca foi relatado esse tipo de comportamento, então ainda tem muitas interrogações a respeito — diz o infectologista.
6 – Quem é o caso zero
Embora o primeiro caso registrado pelo Reino Unido, no início do mês, tenha sido em um homem que viajou à Nigéria, os demais diagnósticos, todos por transmissão local, não apresentaram relação com o paciente. Além disso, um dos casos identificados em Portugal foi em uma amostra coletada anteriormente ao relato britânico. Por isso, apesar de os países terem começado a anunciar registros da doença no mesmo período, não se sabe ainda se há de fato relação entre eles e qual é a origem exata do surto.
Raskin explica que a expectativa é de que a infecção nos diferentes países sejam sim relacionadas, devido à extrema coincidência, mas que isso só vai ser confirmado com o sequenciamento genômico dos diagnósticos.
— Eventualmente é possível mapear esse ponto de origem por meio da genética. Com uma comparação desses sequenciamentos dos genomas de todos os casos, em breve vamos conseguir descobrir a relação entre eles, se de fato vieram todos do mesmo lugar — explica o geneticista.
7 – Quem se infecta
O perfil dos infectados nos países tem sido majoritariamente de homens jovens que fazem sexo com outros homens. Porém, não se sabe ainda se há algum fator atípico influenciando esse comportamento, uma vez que o contato íntimo é uma via de transmissão conhecida que pode afetar a todos.
— A transmissão é fundamentalmente por contato direto, por meio da secreção das vesículas, que são essas espécies de bolhas que surgem na pele, ou por contato muito próximo — explica Burattini.
Ainda assim, o perfil dos infectados levou o diretor-geral adjunto da OMS para intervenções de emergência, Ibrahima Socé Fall, a afirmar que se trata de “uma nova informação que devemos estudar adequadamente para compreender melhor a dinâmica (do contágio)”. Isso porque, embora reconhecida, a transmissão entre pessoas não era comum, especialmente ligada ao ato sexual.
Outro ponto relacionado à população que passa por investigação é saber se quem recebeu a vacina da varíola tradicional há mais de 40 anos, que é eficaz para essa versão, estaria protegido. Isso porque a ciência não sabe por quanto tempo essa imunidade dura, e ela deixou de ser aplicada após a erradicação em 1980.
— Existem estudos que indicam pelo menos 20 anos de proteção, outros menos. Como a varíola foi extinta, deixou-se de investir nesse tipo de estudo. Até porque sem a doença, não tem como averiguar a eficácia na prática. É uma das perguntas que precisa ser respondida — afirma Raskin. Fonte: https://oglobo.globo.com
Anvisa sugere máscara e isolamento para adiar chegada de varíola
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Argentina registrou os primeiros casos suspeitos neste domingo
Roberta Jansen, O Estado de S.Paulo
RIO - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está pedindo reforço de medidas não farmacológicas, como distanciamento, uso de máscara e higienização frequente de mãos, em aeroportos e aeronaves, para retardar a entrada do vírus da varíola dos macacos no Brasil. Desde o início do mês, ao menos 120 ocorrências da doença foram confirmadas em 15 países. O Ministério da Saúde instituiu ontem uma sala de situação para monitorar o cenário da monkeypox no Brasil.
A rara doença pode chegar nos próximos dias, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão. No domingo foram registrados casos suspeitos na vizinha Argentina. A varíola dos macacos é, na verdade, doença original de roedores silvestres, mas isolada inicialmente em macacos. É frequente na África, mas de ocorrência muito rara em outros continentes.
Cientistas acreditam que o desequilíbrio ambiental esteja por trás do atual surto, mas não veem razão para pânico. “Acho muito difícil que (a doença) não chegue aqui”, afirmou o presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, José David Urbaez. “Mas se trata de uma doença considerada benigna.” Além disso, existem tratamento e vacinas. Fonte: https://saude.estadao.com.br
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