Mansão de Eike Batista em Angra vai a leilão. Saiba por quanto
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A mansão de Eike Batista que vai à leilão: heliponto, cais e hangar para embarcações | Zanone Fraissat / Folhapress
Por Malu Gaspar
Vai a leilão no próximo dia 05 de maio uma das últimas jóias da coroa de Eike Batista: a mansão de 16 500 metros quadrados do ex-bilionário em Angra dos Reis.
O imóvel, que já recebeu de Madonna a Sérgio Cabral, faz parte dos bens arrecadados pela Justiça de Minas Gerais no processo de falência da MMX Sudeste Mineração, decretado em maio de 2021.
Com cozinha industrial, heliponto, um cais privado para atracamento de iates, sauna e piscina, a propriedade fica na praia de Vila Velha. Foi avaliada em R$ 10 milhões e tem um valor simbólico para o ex-bilionário.
Foi lá que Eike convenceu a presidente mundial da Anglo American, Cynthia Carrol, a comprar seus ativos de mineração por US$ 5,5 bilhões.
Em 2013, quando as empresas X foram à bancarrota, Eike chegou a doar a mansão aos filhos, entre outros bens, mas os credores da s empresas X conseguiram incluí-los na lista de bens que serão vendidos para pagar as dívidas.
Esse leilão não tem relação com a dívida que Eike tem com a Procuradoria-Geral da República em razão da multa a ser paga pelo acordo de delação premiada.
Mas embora seja a atração mais glamurosa do leilão, a mansão de Angra não é a mais cara. Na lista de bens a serem liquidados está um edifício de cinco andares na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde Eike já teve um centro médico, o MDX. O valor atribuído ao prédio pelo leiloeiro Alexandre Pedrosa é de R$ 81 milhões.
A intenção da massa falida é arrecadar ao todo R$ 100 milhões, mas há um risco de o valor acabar sendo bem menor.
Isso porque, pelas novas regras para leilões em processos de falência, bens que não forem vendidos na primeira rodada de ofertas podem ser arrematados por metade do preço na segunda, ou por qualquer valor na terceira.
No caso da mansão de Angra, por exemplo, se ninguém fizer lances até o dia 11 de maio, a casa pode ser vendida por R$ 5 milhões. E se mesmo assim não for vendida, na terceira etapa do leilão, marcada para 18 de maio, a maior oferta leva, mesmo que seja menos de R$ 5 milhões. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
Como argumentar com as pessoas que depressão não é ‘frescura’?
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Apesar de ainda carregar estigma social, quadro clínico tem alterações específicas no cérebro
CAMILA TUCHLINSKI - O ESTADO DE S. PAULO
Você tem uma sensação de 'vazio', uma tristeza sem motivo, não tem vontade de fazer as atividades que antes eram divertidas. Se sente cansado, sem energia. Fica sem dormir por dias, não consegue tomar banho ou adotar as mais básicas práticas de higiene, como tomar banho, escovar os dentes ou pentear o cabelo.
É muito difícil para quem tem depressão explicar para os outros esses sintomas que não são aparentes. Essa é uma das situações que levam grande parte da população ainda a imaginar que o estado de humor é 'frescura'.
Mas o estigma é algo que tem raízes mais profundas, como explica a neuropsicóloga Gisele Calia: "Na nossa cultura pela busca da felicidade, como será que são vistas as pessoas que não conseguem encontrá-la? Que não conseguem sozinhas, pela sua doença, encontrar o prazer de viver? Elas são vistas estigmatizadas, não são valorizadas. A cultura da busca pela felicidade faz com que essas pessoas sejam mal vistas”.
Para o médico neurocirurgião do Hospital das Clínicas Fernando Gomes, dois termos ainda se misturam em saúde mental: tristeza é confundida com depressão e expectativa com ansiedade.
“A depressão nem sempre se manifesta em tristeza, pode aparecer em alteração na motivação, apetite alimentar, no sono, entre outros. A sociedade ainda vê uma pessoa que teoricamente ‘tem tudo’ e não entende o por quê de ficar triste ou com depressão. Depressão não é tristeza, é muito mais do que isso. Depressão não é ‘psicológica’, existem alterações fisiopatológicas que ocorrem na intimidade microscópica do órgão que são impossíveis de serem vistas em exames de neuroimagem, por exemplo. Mas de fato acontece. Prova disso é que quando entramos com medicação tudo melhora”, explica Gomes.
Existe uma questão química por trás da depressão
A depressão é uma doença que interfere no funcionamento neuroquímico adequado do cérebro de modo que alguns circuitos funcionem de forma alterada.
Há uma correlação com neurotransmissores como, por exemplo, a serotonina, a dopamina e a noradrenalina que repercute no equilíbrio do sistema límbico, onde fica a parte emocional do cérebro, e no córtex frontal, onde está a parte racional e crítica da consciência.
“Não existe ‘auto diagnóstico’. Quem vai dizer é o médico, que vai utilizar os critérios para então chegar a tal resultado. O diagnóstico prova que há um funcionamento inadequado da parte neuroquímica do cérebro e o tratamento envolve remédio e terapia atrelada à mudança no estilo de vida”, ressalta o neurocirurgião Fernando Gomes.
A neuropsicóloga Gisele Calia acrescenta que a depressão é uma doença psiquiátrica crônica. “Envolve a mente e o corpo. Não são só problemas mentais e ponto. São problemas mentais que trazem bastante prejuízos para o organismo, desde problemas de estômago, coração, etc. A doença é crônica porque, diferente de um resfriado que pode passar e não ter mais, ela permanece. E, quando se manifesta, não é só ‘vou tomar um antidepressivo e acabou’. Não passa como um resfriado, ela fica sob controle”, diz.
Como argumentar com as pessoas que depressão não é ‘frescura’?
Muitas pessoas têm dificuldade em entender o que está acontecendo com alguém que tem sintomas chamados ‘não aparentes’, ou seja, que não estão tão evidentes.
O que é intrigante, pois doenças como diabete e pressão alta também não são visíveis mas, em tese, são mais consideradas socialmente.
Para ajudar pacientes, amigos e familiares, preparamos algumas argumentações para provar que depressão ‘não é frescura':
- A depressão é um desequilíbrio químico no cérebro, em que neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina não estão em pleno funcionamento;
- É uma doença que está associada a questões biológicas e ambienais;
- O tratamento medicamentoso na depressão pretende regular o nível dos neurotransmissores para tornar efetiva a comunicação entre eles e o nosso corpo;
- Sintomas como oscilação do sono, apetite, irritabilidade, estresse, desânimo e falta de esperança causam prejuízos no cotidiano do paciente;
- Casos graves, em que a pessoa com depressão não é devidamente assistida, podem levar ao suicídio.
Lembrando que, além do tratamento medicamentoso, o paciente deve passar em psicoterapia para entender como lidar com a doença crônica ao longo da vida, saber se relacionar melhor consigo e com os outros. Fonte: https://emais.estadao.com.br
Grupo de refugiados da Ucrânia resgatados por rede de igrejas chega ao Brasil
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Doze adultos e 17 crianças serão acolhidos no Paraná; pastor diz que trará 300 no total
Grupo de 29 ucranianos refugiados da guerra contra a Rússia chega ao aeroporto de Guarulhos - Bruno Santos/Folhapress
Um grupo de 29 refugiados ucranianos chegou ao Brasil nesta sexta-feira (18), em busca de um recomeço forçado pela guerra iniciada pela Rússia. Eles foram resgatados por uma rede internacional de missionários cristãos, e igrejas brasileiras se dispuseram a mantê-los por ao menos um ano.
Ao todo, dez mulheres, dois homens e 17 crianças desembarcaram por volta das 6h30 no aeroporto de Guarulhos. Apesar de homens com idades entre 18 e 60 anos estarem proibidos de deixar a Ucrânia, aqueles que têm três filhos ou mais são autorizados a sair —caso dos dois que integram o grupo.
Eles vieram de várias cidades da Ucrânia, inclusive Mariupol e Kharkiv, duas das mais atingidas pela Rússia. "São pessoas com uma história de muita dor. A gente tem que ajudar", disse o pastor presbiteriano brasileiro Elias Dantas, fundador da GKPN (Global Kingdom Partnership Network), que lidera a ação.
Dantas, que mora nos EUA, esteve na Ucrânia e nos países fronteiriços na última semana, organizando a operação. A embaixada brasileira, que atualmente funciona na cidade de Lviv, no oeste ucraniano, emitiu vistos humanitários para o grupo. Fiéis de igrejas evangélicas de Guarulhos e de São José dos Campos os esperavam com uma bandeira ucraniana e um cartaz de boas-vindas em inglês.
De São Paulo, os refugiados serão levados em um ônibus para Curitiba, onde passarão alguns dias e, depois, vão para Prudentópolis e Guarapuava, cidades paranaenses que concentram uma grande comunidade de imigrantes ucranianos e que se dispuseram a acolher quem escapou desta guerra.
Eles receberão aulas de português e terão moradia e outros gastos bancados pelas igrejas. Dantas afirma que trará, no total, ao menos 300 refugiados da Ucrânia para o Brasil, 50 dos quais no próximo dia 26.
No dia 3 de março, o governo brasileiro publicou uma portaria interministerial que concede o visto de acolhida humanitária aos ucranianos e apátridas (pessoas sem nacionalidade reconhecida) afetados ou deslocados pela situação de conflito armado.
O Brasil possui essa modalidade de visto para sírios, haitianos e, mais recentemente, concedeu-o também aos afegãos que fogem do Talibã. Mais de 3 milhões de ucranianos deixaram o país desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, no êxodo mais veloz vivido pela Europa desde a Segunda Guerra.
A maioria está ficando nos países vizinhos do Leste Europeu, como Polônia, Hungria e Romênia. Segundo o pastor Dantas, 10 mil refugiados serão acolhidos nos próximos 15 dias por 2.000 igrejas ligadas à GKPN, 90% deles em países próximos à Ucrânia. "A gente sempre se pergunta o que Jesus faria em nosso lugar. Certamente estaria abrindo os braços e recebendo-os", afirmou.
O projeto prevê a reunião familiar dos refugiados após o fim da guerra, com a repatriação daqueles que quiserem voltar ou a viagem dos familiares para o país de acolhimento, no caso dos que decidirem ficar. Fonte: www1.folha.uol.com.br
Como seria nossa vida sem as redes sociais.
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Paulo Silvestre
Não é exagero afirmar que as redes sociais estão entre os produtos de maior sucesso da história. Poucas criações foram usadas por tanta gente, ocupando um espaço tão relevante em suas vidas. O que aconteceria então se, de repente, essas plataformas digitais fossem sumariamente tiradas de nós?
De certa forma, é o que os russos estão descobrindo agora. A combinação da censura imposta por Vladimir Putin com o posicionamento das próprias empresas contra a guerra na Ucrânia está bloqueando parcial ou completamente o acesso a redes no país. Por exemplo, desde esta segunda, a Rússia restringe o acesso ao Instagram, como já vem fazendo com o Facebook e com o Twitter há dez dias.
A guerra não acontece apenas no campo de batalha. Mas agora, os mecanismos para o domínio da narrativa, que sempre foram importantes em qualquer conflito, afetam diretamente o cotidiano digital de pessoas e empresas.
Uma polêmica decisão da Meta, empresa dona do Facebook, jogou lenha nessa fogueira: e-mails internos vazados na semana passada indicavam que a companhia decidiu permitir que usuários em alguns países, incluindo Ucrânia e a própria Rússia, defendam atos de violência contra russos no contexto da guerra. Contrariando suas próprias políticas também aceitará temporariamente publicações que defendam a morte do presidente da Rússia, Vladimir Putin, ou de Belarus, Alexander Lukashenko.
A Meta não comentou o assunto até o momento.
Isso fez o Kremlin classificar a empresa como uma “organização extremista”, bloqueando o Instagram. Facebook e Twitter já vinham sendo restritos desde o dia 4, por estarem limitando o acesso a veículos de comunicação governamentais russos, além de marcar alguns de seus conteúdos como “fake news”.
Outras redes digitais, como o YouTube, estão impedindo que canais que apoiem Putin possam ganhar dinheiro com suas publicações nessas plataformas. O TikTok, por sua vez, está proibindo que usuários na Rússia façam publicações, pois o governo ameaça com prisões de até 15 anos a quem publicar conteúdo que o Kremlin considere como falsas. Ainda assim, YouTube e TikTok continuam acessíveis na Rússia até agora.
É incrível ver como o poder dessas empresas chega a rivalizar com o de governos, inclusive o da maior nação do mundo, dono do principal arsenal nuclear do planeta. E quem lhes garante isso somos nós mesmos, com nosso uso incessante de seus produtos, que supostamente deixam nossas vidas mais divertidas e mais fáceis. De fato, muitos profissionais e empresas dependem hoje umbilicalmente desses recursos para a manutenção de seus negócios.
Não é pouca coisa: segundo o relatório Digital 2022 Global Overview, publicada pelas consultorias Hootsuite e We Are Social, o mundo terminou 2021 com 4,62 bilhões de usuários de redes sociais, que ficam, em média, 2 horas e 27 minutos nessas plataformas todos os dias. No Brasil, usamos ainda mais: 3 horas e 41 minutos em média!
Vale notar que a Internet russa sempre foi bastante livre, apesar do caráter autoritário de Putin. Isso é muito diferente do que se vê em uma de suas principais aliadas: a China. Lá o governo sempre controlou a rede com mão de ferro. Tanto que as grandes plataformas digitais sempre foram restritas no país. Os chineses têm que se contentar com produtos locais, que são censurados e adaptados à sua cultura.
Portanto, cabe uma pergunta: e se o Brasil, de repente, banisse o Facebook, o Instagram, o WhatsApp, o Twitter, o YouTube e o Google, como ficaria sua vida?
Censura ou proteção?
O WhatsApp já foi bloqueado quatro vezes no Brasil, por determinação da Justiça: duas em 2015 e duas em 2016. De lá para cá, o relacionamento da Meta com a Justiça brasileira melhorou. Hoje ela faz parte de um acordo contra a desinformação, especialmente em um cenário eleitoral, uma iniciativa que também conta com outras empresas, como Google, Twitter e TikTok.
Desde o ano passado, o Telegram está sob os holofotes por se recusar a colaborar nesse sentido, o que o deixa em risco de ser bloqueado no Brasil. Com sua política de não interferir nas publicações de seus usuários, tornou-se a principal ferramenta de desinformação no mundo. Assim muita gente ficou surpresa quando a plataforma suspendeu a conta do blogueiro Allan dos Santos no último dia 26, atendendo a pedido do STF (Supremo Tribunal Federal) no seu combate às fake news.
Muitos questionam qual a diferença de um eventual bloqueio do Telegram no Brasil do que se pratica agora na Rússia. Afinal, os mecanismos pareceriam os mesmos, executados pelos poderes centrais de cada país. Mas existe uma diferença essencial: na Rússia, o bloqueio está sendo feito para permitir que o governo continue disseminando sua desinformação; aqui, o bloqueio aconteceria para justamente evitar a desinformação.
A legislação brasileira oferece bons recursos para esse combate: precisam apenas ser aplicados. O Marco Civil da Internet é um ótimo exemplo: equilibrado e construído a partir de um debate amplo com a sociedade. Por outro lado, vemos iniciativas para novas leis, que, apesar de bem intencionadas, estão sendo feitas sem o devido debate, deixando brechas que podem levar a censura de conteúdos legítimos que desagradem o governo e à liberação do que lhe interesse, mesmo que ruim. É o caso do Projeto de Lei 2630/2020, conhecido como o “Projeto de Lei das Fake News”.
A “virtualização” de nossas vidas acontece com força desde que a Internet comercial foi lançada, em 1994. A popularização dos smartphones, há uma década, acelerou muito esse processo e a pandemia reforçou isso ainda mais.
No momento de distanciamento social mais severo, no primeiro semestre de 2020, muitas pessoas e muitas empresas só conseguiram continuar operando graças às redes sociais. Apesar da grande dor que isso causou inicialmente, muitas desenvolveram novos e poderosos recursos de relacionamento com seu público. Tanto que hoje, com tudo já reaberto, continuam com essas boas práticas.
Fica difícil imaginar alguém completamente fora do mundo digital hoje. É possível não se gostar de uma ou outra plataforma, mas sempre existe aquela que combina mais com cada um de nós, trazendo benefícios reais a nossas vidas. Por isso, estar completamente off line, faz de alguém quase um “cidadão de segunda categoria”, pelos recursos que deixa de usufruir.
Temos que usar o que essas plataformas nos oferecem, e ficar atentos aos riscos associados a elas. Da mesma forma, temos que cuidar para não abusar dos poderes que elas nos dão, que poderia causar restrições evitáveis por serem transformadas em armas para se atacar os direitos alheios.
As redes sociais são um caminho sem volta! Usemos, então, seus recursos com inteligência. Fonte: https://brasil.estadao.com.br
Convivendo com o vírus
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A pandemia está desaparecendo, mas o vírus não desaparecerá. É preciso criar estratégias para conviver com ele
No auge da pandemia de covid-19, quando a luz no fim do túnel era um ponto fugaz, a consciência pública parecia convencida de que o mundo nunca mais seria o mesmo. Especulações extravagantes sobre o “novo normal” viralizavam. Agora que estamos saindo do túnel, há o risco inverso: que o mundo volte a ser exatamente como era. Mas, se a pandemia está desaparecendo, o vírus não desaparecerá – e sua ameaça é e será real para as pessoas dos grupos de risco.
Pandemias não morrem – se dissipam. Mais cedo ou mais tarde, um número suficiente de pessoas desenvolve a imunidade e os vírus não encontram hospedeiros na velocidade que precisam para sua expansão. A espetacular rapidez com que a comunidade científica desenvolveu as vacinas contra a covid fez com que esse momento chegasse mais cedo. Ainda assim, até hoje só uma doença foi erradicada, a varíola. Outras, como influenza, sarampo ou cólera, tornaram-se lentamente endêmicas.
A transição para a endemia e a sua intensidade dependerá de três fatores: a proporção de imunizados e a qualidade e durabilidade da imunização, os tratamentos e a evolução do vírus.
Na hora mais escura, quando a sociedade, a comunidade científica e o poder público operavam sobre extraordinária pressão, o risco era que a racionalidade dos comportamentos fosse prejudicada pelo excesso e o alarmismo. Agora, o risco é que o seja pela negligência e a omissão.
Segundo o Ministério da Saúde, mais de 54 milhões de brasileiros entre 18 e 59 anos estão com a dose de reforço atrasada. Mais grave são os 10 milhões de idosos. Os números podem ser menores, devido a atrasos nos registros. Ainda assim, sugerem uma desaceleração. O relaxamento da população, se não é justificável, é compreensível. Mas, por isso mesmo, o poder público precisa desenvolver estratégias de mobilização.
O mesmo risco existe em relação a testes e tratamentos. Para controlar surtos anômalos e proteger os grupos de risco, testes rápidos e acessíveis serão essenciais. Ainda mais importantes serão os investimentos em medicamentos mais eficazes e baratos.
Tão logo as vacinas foram integradas no sistema de imunização, a adesão – em que pese o relaxamento recente – foi massiva. Rapidamente o País alcançou e até superou as taxas de países desenvolvidos. Mas, em relação a testes e medicamentos, o Brasil ainda está defasado.
No auge do pesadelo, cerca de 3,6 bilhões de pessoas no mundo viviam sob a obrigatoriedade de alguma forma de distanciamento. À medida que essas restrições e seu maior símbolo, as máscaras, caem por terra, o ano de 2022 oferece uma oportunidade única de celebrar a confraternização. Mais do que retomar mecanicamente o velho normal, todos deveriam reservar espaço em suas rotinas para redescobrir o valor de gestos prosaicos, mas profundamente humanos, como a conversa face a face ou um simples abraço. Mas para que essa convivência seja sadia e racional, é preciso aprender a conviver com o vírus e criar estratégias para proteger as pessoas vulneráveis, para as quais ele ainda será uma ameaça mortal. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
Brownie: conheça o 'primeiro-cão' do Chile, sucesso nas redes sociais.
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Brownie: conheça o 'primeiro-cão' do Chile, sucesso nas redes sociais
Com mais de 406 mil seguidores no Instagram, o vira-lata 'faz comentários' sobre os eventos e bastidores com tutor.
Por g1
"Estou aqui na frente dos senhores, naquela que é uma das grandes surpresas do destino, eu, um cachorrinho vira-lata, me tornei, por eleição popular, o Primeiro-Cão da República do Chile", diz o início o texto nas redes sociais de Brownie, o cachorro Gabriel Boric, presidente do Chile, empossado nesta sexta-feira (11).
Brownie tem chamado atenção nas redes sociais: são mais de 406 mil seguidores no Instagram e 89 mil no Twitter.
Mas seu destaque vai além da fofura. O cãozinho "costuma postar" em seu feed bastidores da vida com Boric e suas percepções caninas dos acontecimentos pelo país e eventos que participa, com muito bom humor.
O cãozinho chegou à família de Boric há seis anos quando o irmão do presidente, Tomás, procurava um cachorro para adotar com a namorada. Brownie era rejeitado no abrigo onde estava porque apresentava um problema em uma das patas traseiras e, por isso, acabou sendo adotado pela família.
Ainda no discurso da posse, Brownie completa: "Prometo dar voz às demandas que me forem enviadas e abanar o rabo para lutar por ideias. Com cérebro de espantalho, coração do homem de lata e coragem do leão, enfrentarei as adversidades, e mesmo que os tempos sejam difíceis, eu prometo aos senhores que não vou desistir, nunca. Eu não vou desistir, não!"
Em publicação recente, ele conta que Boric deve agora assumir a segunda missão mais importante da sua vida (a primeira foi ensiná-lo a fazer xixi) e estará por perto quando precisar. No entanto, não seguiria com o presidente na viagem porque "disseram que a capital não é o lugar ideal para mim, e chegar lá seria uma missão muito difícil para um filhote como eu."
Além do diário, o pet tem a sua própria agenda, com campanhas de adoção de animais e a luta contra os maus tratos. Em um dos posts, ele ensina como denunciar. Brownie até tem um apelido carinhoso para seus seguidores, os Brows.
O cachorro também é presença nas redes sociais de Boric, por onde este costuma se comunicar com o público. Entre fotos de eventos, reuniões e de anúncios de ministérios e integrantes do seu novo governo, Brownie aparece como fiel escudeiro do presidente, seja posando, seja recebendo-o no aeroporto.
"O surgimento de Brownie é muito relevante porque coloca em pauta um assunto que até agora era pouco discutido: os direitos dos animais. O eleitorado de Boric, principalmente os jovens, é muito sensível a isso", explicou Claudia Heiss, de a Universidade do Chile, em entrevista a agência de notícias EFE.
Ainda para a agência , Jaime Abedrapo, da Universidade San Sebastián, Boric procura "ser um presidente que aponta para as emoções" e "mostrar uma nova proximidade com as pessoas." Fonte: https://g1.globo.com
BBB 22: Saiba em quantos posts no Instagram Jade Picon fatura R$ 1,5 milhão
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Influencer enfrentou Arthur Aguiar e Jessi no paredão desta terça-feira (8)
Jade Picon é destaque no BBB 22 Foto: Reprodução
Mari Teixeira
Jade Picon foi eliminada do "BBB 22" nesta terça-feira, mas o prêmio em dinheiro do programa não deve ser uma de suas maiores preocupações. Um mês e meio de parceria paga no Instagram é quanto demora, em média, para ela arrecadar R$ 1,5 milhão, segundo cálculo feito pela agência Brunch, publicado no site "Elas que lucrem".
De acordo com o Editor-chefe internacional da Rock Content e consultor de marketing digital Ivan de Souza, normalmente, os influenciadores se baseiam em dois cálculos para chegar a um valor de post no feed: custo por mil (CPM), valor fixo em cima de cada mil contas alcançadas, ou o valor de 1% por número de seguidores. Nesse último caso, Jade cobraria, atualmente, R$180 mil por publicação — antes do BBB, estaria na faixa dos R$150 mil. Ainda segundo Ivan, no caso de stories é comum que haja um desconto de 10% do valor do feed, logo, Jade cobraria R$162 mil.
Considerando esses valores, a influencer precisaria de dez stories ou de nove publicações na página principal do perfil para atingir o valor disputado no programa.
No entanto, os números especulados na internet são ainda maiores. Logo que foi anunciada como participante do BBB 22, um vídeo em que o irmão de Jade, Leo Picon, filma a influencer trabalhando viralizou. No registro, ela aparece deitada na cama com um produto de cabelo nas mãos fazendo um vídeo, aparentemente no estilo TikTok ou Reels — curto e com corte para transição — e Leo diz em seguida: "E assim Jade Picon fez R$ 250 mil antes de dormir".
A influenciadora digital que acumula 18 milhões de seguidores afirmou na noite da última segunda-feira (7), durante o jogo da discórdia, que adquiriu independência financeira aos 13 anos de idade. Na época, a então adolescente já postava "publis" nas redes, gerando milhares de comentários e curtidas. Aos 14, ela desenvolveu uma collab com a joalheria Ag Guerreiro. Sete anos depois, Jade já foi garota propaganda de marcas como Nina Ricci, Baw Clothing, L'Oreal, MAC, fez collabs com Adidas, além de montar sua própria marca, a JadeJade.
Porém, não é apenas o número de seguidores que influencia na escolha das marcas. Ivan de Souza explica que o engajamento do perfil, a reputação da personalidade e qualidade do conteúdo produzido também são fatores importantes. De nada adianta pagar por uma publicidade em um perfil que não gere comentários, curtidas ou compartilhamentos. No caso de Jade, está valendo a pena pagar caro. De acordo com a plataforma de análise de dados Socialblade, o perfil de Jade é classificado com nota A, e gera, em média, 250 mil curtidas e seis mil comentários por post.
Outro fator que fortalece o perfil é o tipo de conteúdo compartilhado. Um estudo da plataforma Influence mostrou que páginas pessoais focadas em moda e lifestyle, normalmente, por serem mais populares em números de seguidores, acabam cobrando mais caro por post. Fonte: https://oglobo.globo.com
O que acontece com os pets durante a guerra na Ucrânia?
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Refugiado ucraniano leva cachorro em trem na Hungria - Bernadett Szabo-3.mar.22/Reuters
Tutores carregam animais em busca de proteção, mas outros continuam em meio ao conflito
Famílias inteiras, incluindo pets, se refugiam em subsolos contra bombardeios. Em fuga, mulheres levam no colo cães, gatos e até aves enquanto deixam para trás maridos e filhos, impedidos de sair do país. Cenas como essas são parte da guerra na Ucrânia.
Desde a invasão pela Rússia, moradores são obrigados a se abrigar em bunkers ou se separar de familiares. Mas muitos não desistiram de seus animais de estimação, que são carregados para qualquer lado em busca de alguma segurança.
Países vizinhos que recebem refugiados flexibilizaram regras para aceitar também seus pets, como Polônia, Hungria e Eslováquia, segundo a organização Peta.
Na Romênia, a ONG Sava's Safe Haven se mobilizou para oferecer também coleiras, gaiolas e atendimento médico aos que chegam com os refugiados.
No entanto, a luta por sobrevivência também leva muitos tutores a abandonarem seus animais.
Alguns dos que ficaram conseguiram ser resgatados por grupos de defesa animal que atuam no país, apesar do conflito.
A Peta mesmo, por exemplo, informou ter arrecadado ração para levar a abrigos ucranianos. Por outro lado, ajudou a retirar animais do país —alguns com tutores, outros encontrados acorrentados e abandonados.
Protetores se arriscam para retirar animais do país ou se recusam a deixar a área de conflito para não abandonar os animais.
O italiano Andrea Cisternino, que vive em Kiev, publicou no fim de fevereiro vídeo que mostrava helicópteros militares russos sobrevoando a área de seu abrigo, onde estão animais de diversas espécies. Disse que ficaria ali por eles.
Há dias Cisternino não publica nas redes. Uma pessoa que se identifica como sua amiga escreveu que a comunicação é precária, mas que ele está bem.
Já a ativista Anastasiia Yalanskaya, 26, que havia levado suprimentos a um abrigo de cães em Bucha, foi morta a tiros no dia 3.
Segundo reportagem da CBS, os animais estavam sem comida havia três dias devido aos bombardeios. Outros dois voluntários que estavam com a jovem no carro também foram baleados por militares russos.
BRASIL
A situação dos pets também mobilizou a diplomacia brasileira. Isso porque brasileiros interessados em deixar a Ucrânia reivindicaram a companhia dos animais.
Tutora de um buldogue francês, Vanessa Rodrigues precisou fazer um apelo nas redes para conseguir trazer seu cachorro em voo da FAB.
Defensores da causa animal pressionaram, e o Itamaraty anunciou a retirada também dos pets dos brasileiros que estão na área de conflito. A ativista Luisa Mell e o deputado Fred Costa (Patriota-MG), envolvidos nas conversas com Vanessa, comemoraram.
"Thor, o cão refugiado. Com toda a ajuda de vocês ele está aqui comigo e vai comigo até o fim", escreveu a tutora ao agradecer o resgate. Com apoio da Embaixada, um grupo de brasileiros deixou Lviv, na Ucrânia, rumo à Polônia, onde chegou em segurança, no fim de semana.
Agora, a aeronave da FAB transportará seis pets.
"Após contato com os Ministros das Relações Exteriores e da Defesa, dei sinal verde à FAB para o embarque dos cães que acompanham aqueles brasileiros no retorno à Pátria", postou o presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 4. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Mais de 1,5 milhão de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa, há 11 dias, afirma ONU.
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Quase 60% dos refugiados foi para a Polônia, segundo dados atualizados do Acnur; número pode chegar a 4 milhões
Refugiados ucranianos cruzam a fronteira para a Polônia, em Korczowa Foto: OLIVIER DOULIERY / AFP/05-03-2022
Da AFP
GENEBRA — Mais de 1,5 milhão de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, de acordo com dados atualizados do Alto Comissariado das Nações Unidos para os Refugiados (Acnur) publicados neste domingo. O fluxo deve aumentar ainda mais nos próximos dias, disseram.
"Mais de 1,5 milhão de refugiados da Ucrânia entraram nos países vizinhos em 10 dias. Esta é a crise de refugiados de crescimento mais rápido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial", tuitou o alto comissário da ONU para os refugiados, Filippo Grandi.
De acordo com o Acnur, já são, ao todo, 1.534.792 refugiados que fugiram da guerra da Ucrânia. Os números incluem o território controlado por Kiev, com mais de 37 milhões de habitantes, mas não a península da Crimeia — anexada pela Rússia em 2014 — nem as duas áreas controladas pelos separatistas pró-russos no Leste do país.
Ainda segundo a ONU, é esperado que até quatro milhões de pessoas possam abandonar o país devido ao conflito nas próximas semanas.
A Polônia é o país que recebeu o maior número de refugiados até o momento, a maioria mulheres e crianças, pois os homens em idade de combater não podem abandonar o país. Segundo guardas fronteiriços poloneses, o número de refugiados que entrou no país desde 24 de fevereiro é de 885.303.
No sábado, a Polônia registrou o recorde de entradas, com 129 mil refugiados em apenas um dia. A maioria deles tem nacionalidade ucraniana, mas também há poloneses, uzbeques, bielorrussos, indianos, nigerianos, marroquinos, afegãos, paquistaneses, americanos e russos.
Na Polônia, onde já viviam 1,5 milhão de ucranianos antes da ofensiva russa, as pessoas se organizam nas redes sociais para arrecadar dinheiro e medicamentos e também oferecem moradia, comida, trabalho e transportes gratuitos aos refugiados.
A Hungria, por sua vez, recebeu 169.053 refugiados, segundo o Acnur, 11% do total. O país possui cinco postos fronteiriços com a Ucrânia e várias cidades limítrofes, como Zahony, disponibilizaram edifícios públicos para alojar ucranianos
Um total de 113.967 moradores da Ucrânia fugiram para a Eslováquia, 84.067 para a Moldávia , 71.640 para a Romênia e 53.300 para a Rússia. Ainda segundo o Acnur, 157.056 pessoas (10% do total) se refugiaram em outros países europeus mais distantes das fronteiras da Ucrânia. Fonte: https://oglobo.globo.com
A inacreditável agressão russa
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A inacreditável agressão russa
Se o mundo não deixar claro que tal comportamento é inaceitável, a soberania das nações deixará de ser um dos pilares da ordem internacional
Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
O inacreditável aconteceu. A invasão da Ucrânia pela Rússia, em escandalosa afronta ao direito internacional, abalou a ordem europeia pós-2.ª Guerra, está estremecendo a economia global, que mal se recuperou da pandemia de covid-19, e pôs a Europa à beira de uma conflagração de dimensões e consequências imprevisíveis. Se o mundo não deixar claro que tal comportamento é inaceitável, a soberania das nações deixará de ser um dos pilares da ordem internacional.
Vladimir Putin, o autocrata russo, alega legítima defesa ante a expansão da Otan e as hostilidades às comunidades russas na Ucrânia. Pode-se até debater a legitimidade dessas preocupações. Mas a desproporcionalidade do remédio é indisputável. O ataque em massa não foi provocado e viola qualquer padrão do direito internacional.
A desproporcionalidade escorre das próprias palavras de Putin. Em sua declaração de guerra, ele comparou a Otan à Alemanha nazista e disse que queria “desnazificar” a Ucrânia e impedir o “genocídio” dos russos. Um de seus generais disse que a fronteira com a Ucrânia é uma fronteira “americana”, e que o Ocidente estava “bombeando” a Ucrânia com armas e “arsenais nucleares”.
Mas não havia perspectiva de integração da Ucrânia na Otan – França e Alemanha, por exemplo, já haviam se posicionado abertamente contra –, muito menos de arsenais nucleares. Os direitos dos povos russos na Ucrânia poderiam ser protegidos com um retorno aos acordos de Minsk, de 2015, e a suposta ameaça à sua existência poderia ser neutralizada com forças de paz internacionais. Se os acordos de fato fossem implementados, as comunidades russas teriam inclusive condições para manter a neutralidade da Ucrânia, vetando alianças com a Otan ou a União Europeia.
Em resumo, havia um arsenal diplomático a ser esgotado antes que se justificasse um só batalhão russo na fronteira com a Ucrânia. Mas Putin mandou esse arsenal pelos ares, rasgou os acordos e do dia para a noite sua “força pacificadora” se transformou em um assalto massivo ao território ucraniano. Já não há como disfarçar as ambições de um ditador possuído pelo delírio de que foi escolhido pelo destino para restaurar as glórias do império soviético.
A prioridade é evitar que esse delírio transforme um conflito local em regional e mesmo mundial. A Otan, com razão, descartou um envolvimento direto, que poderia desencadear a guerra entre potências nucleares. Mas já destacou tropas para países fronteiriços. Um grande risco são os ataques cibernéticos. O art. 5.º da Aliança, que prevê que um ataque a um membro é um ataque a todos, foi elaborado com vistas a uma agressão territorial. Mas como compreendê-lo à luz de ataques cibernéticos? Os aliados precisam se preparar para essa hipótese. Com Putin, nada está fora da mesa.
Quando a ordem global é ameaçada, o impacto sobre a economia global é inevitável. Todos estão pagando o preço, mas a comunidade internacional precisará de um concerto capaz de lançar o máximo peso desses custos sobre Putin – que, aparentemente, se fia em sua aliança com a China para sobreviver à esperada reação ocidental.
Nesse contexto, o Brasil não pode se omitir. O Itamaraty soltou uma nota equilibrada, manifestando “grave preocupação”, mas não condenou explicitamente a invasão russa – afinal, há alguns dias, Jair Bolsonaro, que como presidente da República é quem determina a direção da política externa, irresponsavelmente manifestou “solidariedade” à Rússia, e ontem parecia ter optado por um inacreditável silêncio, enquanto grande parte dos líderes mundiais corria a declarar sua repulsa à agressão russa.
O drama das últimas três décadas que conjurou nos horizontes do mundo pós-guerra fria a sombra de uma 3.ª guerra mundial tem muitos protagonistas, muitas cenas, muitos equívocos de parte a parte. Mas, no palco ucraniano de hoje, o sangue russo e ucraniano derramado está nas mãos de Putin. Como sentenciou o embaixador ucraniano no Conselho de Segurança da ONU: “Não há purgatório para criminosos de guerra. Eles vão direto para o inferno”. Enquanto Putin não acerta suas contas com Deus, o mundo deve se unir para que ele e seus próceres sofram as consequências de sua delinquência. O seu isolamento é o melhor caminho para a paz. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
Veja o que se sabe sobre a quarta dose de vacina contra Covid.
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Reforço com terceira injeção mantém alta proteção contra a variante, mas grupos vulneráveis podem precisar de mais uma aplicação, dizem especialistas
SÃO PAULO
O vírus Sars-CoV-2 mudou com a variante ômicron, mais transmissível e capaz de escapar parcialmente dos anticorpos produzidos pela vacinação.
Com isso, muitas pessoas passaram a se infectar mesmo vacinadas. Os chamados escapes vacinais já eram conhecidos para outras cepas do vírus de maneira menos frequente, mas agora aparecem em maior número com a nova onda da Covid em todo o mundo.
Felizmente, as vacinas mantêm sua proteção contra casos graves, internações e mortes, e a maioria dos sintomas em pessoas já vacinadas com reforço é leve, sem necessidade de internação.
Porém, em alguns casos, mesmo indivíduos que receberam as três doses se hospitalizam, e por isso as autoridades de saúde e governos avaliam a aplicação de uma quarta dose dos imunizantes.
O primeiro país a adotar uma quarta dose foi Israel, no dia 3 de janeiro. Nos Estados Unidos, ela já é recomendada para pessoas imunossuprimidas acima de 5 anos de idade.
O Ministério da Saúde brasileiro também aprovou a quarta aplicação para pessoas imunossuprimidas acima de 12 anos, como as transplantadas, vivendo com HIV, em tratamento para câncer, que fazem hemodiálise ou que usam medicamentos imunossupressores.
Em 9 de fevereiro, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez um anúncio dizendo que toda a população iria receber uma quarta dose no estado, mas voltou atrás e disse que o estado estava, na realidade, avaliando a possibilidade. No mesmo dia, o ministro da Saúde Marcelo Queiroga disse que ainda não há previsão de quarta dose e que a prioridade é o reforço na população.
O que dizem os estudos sobre a necessidade e eficácia de uma quarta dose?
Até agora, não há evidências suficientes que comprovem a necessidade de uma quarta dose das vacinas de maneira irrestrita.
Em Israel, um estudo com reforço da Pfizer mostrou que há um aumento da quantidade de anticorpos no sangue após a quarta dose semelhante ao observado no pico com a terceira dose, mas o mesmo não preveniu infecções. A pesquisa avaliou 274 profissionais da saúde que receberam três doses de imunizantes de mRNA (Pfizer ou Moderna) mais uma dose de Pfizer.
De acordo com um outro estudo de Israel, a quarta dose da Covid não impediu a infecção por ômicron, mas o período curto de reforço (apenas um mês) pode não ter sido o suficiente para impedir a entrada do vírus.
Por outro lado, a ciência já demonstrou que as vacinas induzem um tipo de resposta protetora celular, que é de memória, respondendo rapidamente quando há contato com o vírus verdadeiro.
"Essa proteção celular, embora não seja medida, ela está lá, então mesmo quando há o decaimento de anticorpos neutralizantes, sabemos que o indivíduo vacinado com três doses está protegido", afirma a imunologista e professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Cristina Bonorino. Para ela, a terceira dose é necessária, mas falar sobre uma quarta injeção ainda é muito cedo.
Quais países já adotaram uma quarta dose e para quais pessoas ela é indicada?
Até o momento, poucos países incluíram a quarta dose para a sua população. São eles: Israel, para todos os profissionais de saúde e pessoas acima de 60 anos; Canadá, para a população acima de 18 anos três meses após tomar a última injeção; Dinamarca, para os indivíduos com maior risco e acima de 60 anos; o Chile, que começou a vacinar sua população com 55 anos ou mais em fevereiro; e, mais recentemente, a Suécia, para idosos acima de 80 anos, e a Coreia do Sul, para trabalhadores de saúde e pessoas vulneráveis.
Outros países, como Reino Unido, Estados Unidos e o próprio Brasil recomendam a quarta dose apenas para imunossuprimidos: com mais de 18 anos, no Reino Unido, acima de 5 anos, nos Estados Unidos, e com 12 anos ou mais, no Brasil.
O que sabemos em relação ao perfil de segurança da quarta dose?
De maneira geral, os efeitos adversos que ocorrem com as doses de reforço da vacina são leves, e espera-se que o mesmo seja observado com a aplicação da quarta dose. No estudo de Israel com 274 voluntários, os principais eventos adversos foram locais (80%), desaparecendo em até dois dias.
Estudos mostram também que a frequência de eventos adversos pós-vacinação diminui com os reforços. Isto não significa que eles devam ser negligenciados, avalia o pediatra e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri.
"É importante destacar que com mais de 11 bilhões de doses das vacinas contra Covid aplicadas em todo o mundo, os efeitos colaterais graves são raríssimos. Mas nem por isso devemos deixar de pensar que uma quarta dose deve ser aplicada sem os dados [de segurança], que ainda não conhecemos. Por isso é preciso investigar", afirma.
A eficácia das vacinas diminui com o passar do tempo? O que muda com a variante ômicron?
Os estudos feitos até agora mostram que duas doses das vacinas ou a dose única da Janssen, frente à ômicron, têm eficácia reduzida.
Segundo um levantamento do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, a eficácia da dose de reforço cai após quatro meses. Mesmo com a queda, a proteção continua alta, em torno de 78%, diz o órgão.
Já uma pesquisa nacional feita no Reino Unido apontou que, no contexto da ômicron, a dose de reforço proporciona uma proteção 20 vezes maior para hospitalização e óbito comparado a indivíduos com apenas duas doses. O recorte etário foi acima de 50 anos.
"Isso é um dado que mostra que para as pessoas com mais de 50 anos, imediatamente após um reforço, a proteção das vacinas é recuperada de 59% para 95%, ou seja, é fundamental a terceira dose", explica Julio Croda, pesquisador da Fiocruz.
Porém, Croda avalia que os idosos no Brasil, que receberam o reforço em sua maioria em setembro ou outubro de 2021, precisam de uma quarta dose justamente por essa diminuição da proteção.
Recentemente, uma pesquisa indicou que um reforço da Pfizer seis meses depois em pessoas com duas doses de Coronavac recupera a eficácia de 72,5% para 97,3% contra casos graves. A pesquisa não incluiu o período de circulação da ômicron.
Ainda há idosos, principalmente no estado de SP, que foram vacinados com duas doses de Coronavac e um reforço também de Coronavac, para os quais não há dados de proteção após quatro meses.
"Para esse grupo é urgente uma quarta dose, porque eles já têm maior risco e não receberam a proteção de reforço com a Pfizer", afirma a infectologista Rosana Richtmann, que integra o comitê de assessoramento do governo federal para vacinas. Para ela, a prioridade no momento atual é resgatar as pessoas que já estão aptas para um reforço e não o fizeram.
Croda concorda com a recomendação, mas diz que as campanhas não devem ser excludentes. "Não devemos cair no mesmo erro do passado de achar que é preciso primeiro completar a terceira dose antes de iniciar a quarta, porque os idosos com mais de 80 anos estão em muito alto risco para hospitalizações e óbitos", avalia.
Teremos uma vacinação anual da Covid como é com a gripe ou iremos receber reforços a cada quatro meses?
Ainda não sabemos por quanto tempo a pandemia da Covid irá durar, mas especialistas acreditam que o coronavírus Sars-CoV-2 vai se tornar um vírus endêmico, como o vírus influenza. Cientistas já trabalham, no entanto, para uma vacina combinada da gripe com o coronavírus.
"Precisamos de vacinas melhores e este ano devemos ter novidades, inclusive vacinas que possuem um tempo de duração maior da proteção ou com maior eficácia para neutralização do vírus no nariz, como as vacinas de spray nasal", diz a infectologista e professora da Unicamp Raquel Stucchi.
Até lá, porém, é preciso acelerar a vacinação das pessoas com esquema incompleto, diz Stucchi. "O discurso de muitas pessoas hoje é que não vão tomar o reforço porque a ideia de dar reforços sucessivos causa desconfiança, e precisamos melhorar a comunicação reafirmando a importância das vacinas e, principalmente, da dose de reforço." Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Pais que ficam online demais criam filhos com o mesmo problema.
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Paulo Silvestre
Em nosso mundo hiperconectado, uma queixa comum de muitos pais é que seus filhos ficam tempo demais nos seus celulares e videogames, que estariam “viciados” no digital. Mas pelo menos parte desse problema se deve ao fato de que esses mesmos pais usam a tecnologia de maneira excessiva.
Pesquisa recente da empresa de cibersegurança Kaspersky deixa clara a relação direta entre o tempo de uso de aparelhos digitais pelos pais e por seus filhos. O levantamento ainda aponta que os primeiros têm dificuldade de seguir os limites que eles mesmos determinam aos pequenos.
Mas atire a primeira pedra quem nunca ficou nas redes sociais mais tempo que deveria! O que deve ser entendido é que isso pode causar prejuízos a adultos e crianças, mas que é possível usar o mundo digital sem extrapolar os limites.
A pesquisa foi realizada no segundo semestre do ano passado, com mais de 11 mil adultos que moram com crianças de 7 a 12 anos. Foram entrevistadas pessoas de 19 países, inclusive do Brasil. O objetivo foi verificar como hábitos digitais dos adultos podem influenciar as crianças e vice-versa.
Dos entrevistados, 60% temem que seus filhos fiquem viciados em jogos, mesma porcentagem dos que se preocupam com privacidade e segurança e como esses equipamentos afetarão mental, física e socialmente os pequenos. Mas contraditoriamente 61% das crianças ganham seus primeiros dispositivos digitais entre 8 e 12 anos, sendo que 11% têm acesso antes de completar 5 anos.
“Muitos pais dão esses aparelhos a seus filhos, mesmo em tenra idade, para que eles ‘fiquem quietos’”, explica Katty Zúñiga, psicóloga integrante do Janus, o Laboratório de Estudos de Psicologia e Tecnologias da Informação e Comunicação da PUC-SP, que explica que, mais importante que palavras, são os comportamentos dos próprios pais. “Não adianta os pais reclamarem que as crianças usam aparelhos eletrônicos durante as refeições, se eles mesmos fazem isso.”
De fato, a pesquisa mostra que, nas famílias cujos pais usam seus celulares enquanto estão à mesa, os filhos ficam 39 minutos online a mais que a média. Em nota, Fabiano Tricarico, diretor de consumo da Kaspersky na América Latina, explica que “a educação infantil deve começar com uma autoavaliação e uma reflexão sobre que tipo de ser humano nós, como pais, queremos formar e o que nós mesmos fazemos para sermos desta forma”. Segundo o executivo, os adultos precisam ver o ambiente digital como uma extensão de nossas vidas, e não como um espaço à parte.
Pelo levantamento global, 61% dos pais acham que nem sempre são um bom modelo em hábitos digitais. Entre os brasileiros, 58% acham difícil serem a inspiração para as crianças. Por exemplo, 72% dos pais de todo mundo relatam que enviam mensagens de texto durante as conversas, mas só 10% aceitam isso em seus filhos. Ainda assim, 95% dos pais dizem pelo menos incentivar comportamentos positivos em sua casa, como não permitir que equipamentos digitais sejam levados para a cama, adotado por 55%. Além disso, 54% dizem estabelecer regras que se aplicam não apenas às crianças, mas a toda a família (47% no Brasil).
Uma de suas conclusões mais importantes é a correlação entre o tempo de uso de dispositivos digitais entre pais e filhos. Os 18% dos pais que usam os aparelhos menos de duas horas por dia inspiram 29% dos filhos a fazer o mesmo. O grupo mais numeroso é o das pessoas que os usam de três a cinco horas por dia, respondendo por 48% dos pais e também dos filhos. Entre os que usam entre seis e oito horas diárias, estão 23% dos pais e 17% dos filhos.
Nada disso chega a ser uma surpresa. Crianças aprendem por imitação e os pais são seus principais modelos. Logo, o comportamento online das crianças deriva do dos adultos.
A sedução das redes sociais
Um ponto crucial é, portanto, entender por que os adultos estão ficando tanto online. Mesmo quem trabalha com o meio digital e entende os mecanismos dos algoritmos acaba às vezes “passando do ponto”.
“Quando não controlo racionalmente o que estou fazendo, no impulso eu vou para a rede, e isso me assusta um pouco”, explica Fernanda Nascimento, diretora da agência Stratlab Inteligência Digital. Ela sente que as redes estão ocupando seu tempo livre mais do que gostaria. “Quanto mais a gente consome, mais a gente quer consumir.”
Segundo a edição 2022 da pesquisa Global Digital Report, organizada pelas consultorias Hootsuite e We Are Social, o brasileiro é um dos povos que fica mais tempo em redes sociais no mundo. São 3 horas e 41 minutos todos os dias, contra uma média global de 2 horas e 27 minutos.
Zúñiga explica que a medida do “excesso” se dá quando estar nas redes sociais começa a atrapalhar outras atividades do cotidiano. Segundo ela, a Internet é sedutora. “As redes sociais foram feitas para estimular a produção de dopamina pelas pessoas, para nos dar prazer”, explica. “É por isso que a gente usa cada vez mais, e pode causar uma dependência se a pessoa não se policiar.”
Nascimento concorda: “Ali eu estou dentro de um espaço que eu conheço. Talvez ele faça sentir algum tipo de segurança que eu não reconheça racionalmente, mas que emocionalmente está instalado.”
Se esse uso excessivo pode ser angustiante para um adulto, nas crianças pode até impactar o seu rendimento escolar. Zúñiga diz que elas podem ainda se tornar irritadas, impacientes e até querer sair menos de casa e interagir com outras crianças de maneira presencial, preferindo fazer isso online.
Ela explica que não adianta simplesmente proibir o uso de recursos digitais pelas crianças, pois elas encontrarão uma maneira de burlar restrições muito estritas. Ao invés disso, os pais devem passar mais tempo com os pequenos, também acompanhando o que eles fazem no mundo digital e mostrando que há opções interessantes fora dele. “Eles devem convidar seus filhos a fazer atividades ao ar livre, ler um livro juntos, coisas que os estimulem a perceber que isso também dá prazer”, explica.
Os próprios adultos devem fazer mais atividades concretas para não perder o controle diante das redes digitais. Zúñiga diz que não adianta simplesmente desligar os aparelhos, pois isso pode resultar em uma sensação de se estar deixando de saber “algo importante”, uma síndrome conhecida pela sigla em inglês FOMO (em português, o “medo de estar perdendo algo”).
Contra isso, a pessoa deve resgatar aquilo que gosta, como trabalhos manuais, caminhar, cozinhar ou praticar esportes, “algo que ela goste de fazer e se sinta imersa naquilo”, explica a psicóloga. “Quando a gente está focado no que gosta, deixa de lado outras coisas, até mesmo a necessidade premente de estar nas redes sociais.”
Nessa semana, Nascimento prestou mais atenção para ficar menos nas redes sociais e conseguiu. “E eu fiquei bem melhor, menos estressada, menos nervosa, menos cansada”, conclui. Fonte: https://brasil.estadao.com.br
Mortes em Petrópolis chegam a 176, e catástrofe é a maior da história da cidade
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117 pessoas ainda estão desaparecidas. Buscas entram no 7º dia nesta segunda-feira. Trabalhos chegaram a ser interrompidas no fim da madrugada por causa de ventania, mas foram retomadas por volta das 7h. Há previsão de chuva ao longo do dia.
Por Erick Rianelli, g1 Rio e Bom Dia Rio — Petrópolis
As mortes em decorrência das chuvas que atingiram Petrópolis na semana passada chegaram a 176, informou o Corpo de Bombeiros nesta segunda-feira (21). O número é o maior já registrado na história da cidade – a maior catástrofe até aqui era a de 1988, quando 171 morreram.
Ainda há 117 desparecidos e, nesta segunda-feira (21), as buscas entraram no 7º dia. No fim da madrugada, começou a ventar bastante no Morro da Oficina, obrigando os socorristas a interromper os trabalhos, retomados por volta das 7h. Há previsão de chuva ao longo do dia.
As equipes de busca se dividem em três áreas principais: os setores Alfa, Bravo e Charlie, que abrangem regiões como o Morro da Oficina, a Rua Teresa, o Alto da Serra, a Chácara Flora, a Vila Felipe, Caxambu e localidades vizinhas.
A Polícia Civil, por sua vez, iniciou nesta segunda um mutirão de coleta de DNA para acelerar o trabalho de identificação de vítimas. Até o início da manhã, 143 corpos haviam sido identificados.
Desaparecidos
O cadastro de pessoas desaparecidas está sendo feito pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio. Veja aqui a lista mais atualizada divulgada pelas autoridades.
Pela Polícia Civil, o cadastro é feito pela Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), que faz contato e atendimento especializado aos que buscam informações de desaparecidos e boletins de ocorrência.
O Ministério Público do Rio também tem um cadastro de desaparecidos. No MP, as informações sobre desaparecidos são recebidas pelos canais de comunicação do PLID:
Telefone: (21) 2262-1049
E-mail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Site: www.mprj.mp.br/todos-projetos/plid
"Você vê fragmentos da vida das pessoas"; repórteres do g1 contam a história por trás de imagens da tragédia
Pontos de apoio e acolhimento
A Prefeitura abriu todos os pontos de apoio para o acolhimento da população de área de risco.
Esses locais recebem doações e abrigam desalojados:
Em geral, essas estruturas funcionam em escolas e neste momento, há atendimentos nas localidades do Centro, São Sebastião, Vila Felipe, Alto Independência, Bingen, Dr. Thouzete e Chácara Flora.
Centro de Educação Infantil Chiquinha Rolla
Escola Estadual Augusto Meschick
Escola Municipal Alto Independência
Escola Municipal Ana Mohammad
Escola Municipal Doutor Paula Buarque
Escola Municipal Doutor Rubens de Castro Bomtempo
Escola Municipal Duque de Caxias
Escola Municipal Governador Marcello Alencar
Escola Municipal Odette Fonseca
Escola Municipal Papa João Paulo II
Escola Municipal Rosalina Nicolay
Escola Municipal Stefan Zweig
Escola Paroquial da Igreja Bom Jesus
Quadra do Boa Esperança Futebol Clube
Paróquia São Paulo Apóstolo no bairro de Copacabana
Fonte: https://g1.globo.com/rj
Sócrates deixou a própria morte como seu maior exemplo
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Ao aceitar seu veredicto, o pensador quis dar um exemplo de desprendimento aos viventes
Mario Vargas Llosa*, O Estado de S.Paulo
20 de fevereiro de 2022 | 05h00
Um dos problemas da nossa época é que há muitos livros para ler e pouco tempo para fazê-lo. Arrasto desde os anos 80 do século passado a Vida de Sócrates, de Antônio Tovar, da Alianza Editorial, que comprei porque me disseram que era um magnífico livro. Logo me advertiram que seu autor era “um franquista” e, até esta semana, não o li.
É uma obra-prima, certamente, e, ainda que o que conta ocorreu 25 séculos atrás, contém muitos ensinamentos para este mundo que poderia despedaçar-se se a Rússia, como parece, invadir a Ucrânia e armar subitamente e sem querer a 3ª Guerra. Assim nasceram a segunda e a primeira, sem que ninguém as planejasse, e sobretudo sem que suas consequências – as milhões de mortes – fossem previstas.
Ninguém sabe exatamente o que aconteceu e por que Atenas, que desde os tempos de Sólon era uma democracia, levou Sócrates a esse julgamento. Foi acusado de perverter a juventude e de ofender os deuses, acusações que não se mantinham de pé porque esse filósofo ou homem santo, que andava pelas ruas descalço provocando discussões por todo lado, não prejudicava ninguém, salvo os invejosos e os ressentidos, roxos de animosidade sobre sua popularidade e que queriam acabar com ela.
Tovar diz que Sócrates se defendeu muito mal no julgamento, com um discurso desconexo, e a muitos juízes que o julgaram não lhes restou mais remédio que condená-lo. Passou a impressão que não lhe importava morrer e, até mesmo, buscava ser culpado dessa feroz e absurda acusação. Platão, o responsável por sua glória póstuma, não compareceu no dia de sua defesa, pois estava enfermo, e os discípulos presentes sentiram-se confusos e decepcionados pelas coisas que Sócrates disse diante do numeroso tribunal que o julgou.
Fugir era muito fácil e custava pouco dinheiro, assim que seu discípulo Críton, que era rico, lhe fez a proposta, mas Sócrates se negou. Amava demais Atenas, havia combatido nas guerras do Peloponeso contra os jônios, defendendo-a, e logo ensinado, em suas palestras na rua, que as leis da cidade são sagradas e deveriam ser respeitadas. Por outra parte, estava convencido de que as sentenças, ainda que absurdas, deveriam ser cumpridas, pois essa era a vontade dos deuses. Bebeu a cicuta com serenidade e se submeteu às orientações do verdugo – deveria, depois de banhar-se, deitar-se e distender o estômago para que o veneno agisse mais rápido – até que a morte lhe chegou.
O que se sabe dele, depois daquela morte, é vago, especulativo e, na verdade, não se conhece exatamente o que ocorreu nessa cidade onde ele nasceu e morreu, e que, quase de imediato após a sua morte, entrou em decadência sem remédio. Tanto que seus adversários naturais, os espartanos, conseguiram invadi-la.
Se não fosse por um filósofo, Platão, e um historiador, Xenofonte, e seus fiéis discípulos que guardaram e difundiram seus ensinamentos, as ideias de Sócrates teriam desaparecido. Ele não tinha apreço pelos livros – na verdade, os detestava, porque isolavam o indivíduo e faziam desaparecer o auditório. Por isso, preferia a palavra falada à escrita. A isso se deve, ainda que não esteja em debate que era um grande e respeitado pensador, não distinguirmos exatamente o que defendia ou atacava, e que reine sobre sua filosofia muita confusão, pois Platão, que recolheu com cuidado seus ensinamentos, não estava de acordo com ele em muitas coisas e é possível que, inconscientemente, tenha atenuado e até mesmo adulterado sua mensagem.
Exemplo
Mas isso não importa muita coisa, pois de Sócrates o que fica é um exemplo. Sua morte é muito mais importante que sua vida como a conhecemos. Ao que parece, sua mulher, Xântipe, era para ele mais um estorvo que uma companheira; os testemunhos de seus discípulos nos dizem que ele mal falava com ela e agia da mesma maneira com os filhos, de modo que, à companhia de sua família, preferia a de seus seguidores, que eram todos homens.
O pouco que sabemos dele é que era um grande questionador, até mesmo um provocador, que desafiava seus adversários para conseguir dirimir com eles suas diferenças, e transmitia seus ensinamentos a pequenos círculos de adeptos, evitando grandes aglomerações, pelas quais tinha desapreço.
Predicava o respeito e a adoração aos deuses e tratava a todo custo de conhecer a si mesmo, de maneira exaustiva e sem ocultar de ninguém seus defeitos; pelo contrário, exibindo-os. Graças a estas discussões públicas, fez-se popular, ainda que alguns atenienses o tomassem por doido. Ao mesmo tempo, tinha muitas dúvidas sobre si mesmo, uma grande desconfiança sobre o próprio talento, de modo que seus ensinamentos as renovavam e desmentiam de tempo em tempo. O fator realmente exemplar nele teve a ver mais com sua morte do que com sua vida. Esse é o maior exemplo que nos deixou.
Quantos contemporâneos foram capazes de imitá-lo? Muito poucos. Ou tratou-se de pobres diabos, como Hitler, que se matou quando todas as portas se fecharam para ele e se apresentou um final mais grave e delongado que o suicídio. Nem sequer Stalin e outros bandidos seguiram seu exemplo. Na longa história dos militares golpistas que arruinaram o Peru e o saquearam, quase não há suicidas, e creio que se pode dizer o mesmo do restante da América Latina. Como Batista, Somoza, Perón e o restante dos tiranetes se forraram bem de dólares que os estavam esperando na porta da cadeia, para assegurar-lhes uma velhice tranquila.
Não se pode dizer que o destino da Europa Ocidental tenha sido muito diferente. Os desastres de sua história são abundantes e quase não há suicidas entre seus dirigentes. Os que tiram a própria vida costumam ser bandidos, empresários em bancarrota, pessoas desesperadas que fogem da miséria e da fome.
Sócrates não tinha problemas econômicos; pelo contrário, seus discípulos arcavam com seus gastos e de sua família, ainda que ele comesse muito pouco e não bebesse quase nada. Tinha um amor desmedido por Atenas, sua cidade natal, e acreditava que ela e todas as cidades mais importantes do mundo desenvolviam paralelamente sua existência real, como um duplo ou fantasma, ainda mais importantes que elas mesmas, e a quem os cidadãos deviam lealdade.
Obediência
Provavelmente o grosso de suas ideias não convenceria nossos contemporâneos, mesmo que apenas porque ele acreditava nos deuses e no além, mas todo o mundo reverencia a maneira que ele morreu, resignadamente, submetendo-se a um poder que talvez desprezasse, a fim de dar um exemplo de obediência à legalidade a esses jovens que haviam abandonado tudo para segui-lo.
Que exemplo lhes deu? De que, em certos casos, a morte vale mais que a vida, sobretudo quando se trata de servir a esses deuses ocultos que dirigem a vida humana, ou de dar um exemplo de desprendimento aos viventes. E, principalmente, o da dignidade com que se conformou em respeitar leis que certamente não acreditava porque o mundo, ou, pelo menos, a cidade, deveria ter uma ordem que a fizesse funcionar, uma estrutura à que os mortais deveriam obedecer, ainda que fosse contra seus interesses pessoais, pois era a única maneira para a civilização substituir a barbárie e a humanidade ir aprendendo e superando-se a si mesma, até alcançar aquela dignidade moral que nos faria superiores.
Isso certamente não á válido hoje, pois graças às suas bombas atômicas, um punhadinho de países poderia fazer desaparecer todos os mortais e acabar com o planeta que habitamos. Sócrates, quando bebeu a cicuta, não conseguiu imaginar que, um dia, o mundo seria mais frágil e vulnerável do que aquele que, 25 séculos atrás, chamavam de civilização./TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO
*É PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA
© DIREITOS DE PUBLICAÇÃO EM TODAS AS LÍNGUAS RESERVADAS PARA EDICIONES EL PAÍS S.L. 2021
Fonte: https://internacional.estadao.com.br
Petrópolis- 110 mortos até o momento: 116 desaparecidos
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Total de mortos em Petrópolis chega a 110, e desaparecidos somam 116, de acordo com a Polícia Civil
Também numa força-tarefa, MP do Rio mobiliza central de atendimento do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos para atender parentes e amigos de vítimas. Nas redes sociais, voluntários tentam ajudar
O Globo
RIO — As buscas pelas vítimas da tragédia das chuvas em Petrópolis continuam e o total de mortos já chega a 110 na tarde desta quinta-feira. Já o número de desaparecidos é ainda maior e soma, até o momento, 116 registros na Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA). A Polícia Civil montou uma força-tarefa com cerca de 200 agentes para coletar informações e percorrer pontos de apoio e abrigos na cidade para cadastro e cruzamento de dados.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) está com uma central de atendimento para cadastrar pessoas desaparecidas durante o temporal que devastou parte do município da Região Serrana do Rio, na terça-feira. Informações devem ser enviadas pelo Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (PLID/MPRJ). Veja abaixo como fazer. O órgão ainda disponibiliza a lista com o nome e foto dos desaparecidos. Até as 17h desta quinta-feira, constavam 46 nomes de desaparecidos cadastrados. Segundo o MP, a lista chegou a ter 59 cadastros, voltando a diminuir após 13 pessoas serem encontradas, todas com vida.
Segundo a Polícia Civil, durante o trabalho da DDPA, os agentes localizaram no Colégio Estadual Rui Barbosa três pessoas que constavam como desaparecidas. Foi confirmado o óbito de 15 pessoas que inicialmente estavam com os nomes na lista.
Ate as 10h40, dos 101 corpos que estavam no Instituto Médico Legal (IML), 65 são de mulheres e 36 de homens. Desses, 13 são menores.
Em nota, a Prefeitura de Petrópolis confirma que, até o momento, 705 pessoas precisaram ser encaminhadas para os 33 pontos de apoio montados em escolas da rede pública. Nestes locais as famílias recebem atendimentos de profissionais de Assistência Social, Saúde, Educação e Agentes Comunitários. Fonte: https://oglobo.globo.com
Polícia do Rio prende, em ilha de Angra dos Reis, investidor de criptomoeda de SP por morte de traficante internacional.
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Pablo Henrique Borges estava em casa de luxo com diária de R$ 15 mil e já foi acusado, em 2018, de fazer parte de organização criminosa que aplicou golpes financeiros de cerca de R$ 400 milhões
Paolla Serra
RIO — Policiais da 38ª DP (Brás de Pina) prenderam, na manhã desta quarta-feira, dia 16, um homem acusado de ser um dos mandantes da morte do traficante internacional Anselmo Becheli Fausta, o Magrelo, em 27 de dezembro do ano passado, em São Paulo. Pablo Henrique Borges, de 28 anos, estava hospedado em uma casa de luxo em uma ilha de Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense, e já havia sido preso, em 2018, por fazer parte de uma organização criminosa que aplicou golpes financeiros de cerca de R$ 400 milhões.
De acordo com o delegado Maurício Mendonça, da 38ª DP, o criminoso vinha sendo monitorado pelo setor de inteligência da distrital. Ele estava em um imóvel com piscina, à beira mar, com diárias de R$ 15 mil. Ontem, a casa em que morava, no Morumbi, na capital paulista, já havia sido alvo de uma busca e apreensão. Lá, foram apreendidos um Porsche Taycan, além de documentos, como passaportes, dele e sua esposa, a influenciadora Marcella Portugal Borges.
— Coletamos informações no sentido de localizar e prender o Pablo. A mensagem que fica é que o Rio de Janeiro definitivamente não será um local para esconderijo de criminosos — afirmou Maurício Mendonça.
De acordo com investigação do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil de São Paulo, Pablo e um amigo, o corretor de imóveis Vinícius Lopes Gritzbach, de 36 anos, seriam os mandantes do homicídio de Anselmo, que tinha um patrimônio avaliado em cerca de R$ 500 milhões. Ele o teria ajudado a investir U$ 100 milhões do traficante, que seria membro da maior facção criminosa do estado, mas o dinheiro sumiu, o que teria motivado o crime. O agente penitenciário David Moreira da Silva teria contratado Noé Alves Shaun para executar o bandido. Segundo o inquérito, ele foi morto 20 dias depois.
Ainda estão foragidos: Danilo Lima de Oliveira, o Danilinho ou Tripa, empresário do ramo do futebol e sócio de uma agência de atletas de renome, que seria um dos responsáveis pelo sequestro de Vinícius; Robinson Granger de Moura, o Molly, dono de uma hamburgueria e investigado por ajudar a lavar o dinheiro de Anselmo; e Rafael Maeda Pires, o Japa, que realizaria serviços financeiros para o traficante.
Em 2017, Pablo e Marcella tiveram uma pré-festa e casamento no civil em que usaram coroas de diamantes e pedras preciosas e ela chegou de carruagem ao Hotel Fasano. No local, estavam 800 convidadas e foram contratadas duas duplas sertanejas, entre elas Maiara & Maraisa, donas de hits do momento. Mas o rapaz acabou sendo preso na véspera sob a acusação de ser um braço de uma organização criminosa que oferecia via WhatsApp e Facebook pagamento de qualquer tipo de boleto com “50% de desconto”.
Naquela ocasião, as investigações apontavam que as pessoas davam metade do valor da dívida para a quadrilha, e o boleto era quitado pelos bandidos a partir da invasão de contas de clientes de bancos. Na lista dos beneficiários, havia centenas de empresas e pessoas físicas interessadas em pagar menos do que deviam, fossem contas de ISS, IPVA, celular ou de TV a cabo. O rombo causado chegou a R$ 400 milhões.
O casal morava em uma mansão em um condomínio de luxo nos arredores de São Paulo, mas reformavam uma segunda moradia luxuosa no Morumbi, bairro nobre da capital. Pablo usava helicópteros para se locomover e ainda tinha na garagem duas Ferraris, um Maserati e um Lamborghini. Em 2017, alugou um iate por € 42 mil a diária para assistir ao Grande Prêmio de Fórmula 1 em Mônaco. Quando o evento acabou, seguiu até Barcelona e, de lá, a Palma de Maiorca. Em vídeos postados nas redes sociais, Marcella contou que o sacolejar do barco a fez enjoar, mas nada que não compensasse os jantares regados a vinhos de até € 18 mil (cerca de R$ 106 mil) garrafa. Fonte: https://oglobo.globo.com
Fotos de menino da Cidade de Deus lembram garota afegã da 'National Geographic' e fazem sucesso nas redes sociais
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Descoberto por acaso e revelado em um ensaio de fotos que estourou nas redes sociais, o menino Davi ganhou a chance de mudar sua trajetória tão dura
Davi, 11 anos: o garoto de família humilde está perto de fechar contrato com uma conhecida agência de modelos Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
‘A menina afegã’. Capa da National Geographic, de 1985, fez fama mundial Foto: Reprodução
Flávio Trindade
RIO — Em 1985, quando foi retratada pelo fotógrafo americano Steve McCurry, a afegã Sharbat Gula tinha 12 anos e era órfã desde os 6. Refugiada no Paquistão, escapou da guerra em sua terra natal. Na imagem que correu o mundo, estampada na capa da revista National Geographic, a “Menina afegã” parecia exprimir, através de belos olhos verdes, toda a dureza de uma rotina vivida ainda na infância. O carioquinha Davi tem 11 anos, perdeu o pai, assassinado, aos 3, e, com a família, fugiu da brutalidade de um território dominado pela milícia, deixando para trás um apartamento do programa Minha Casa Minha Vida.
Além da infância tão acidentada, Davi Gonçalves da Rocha Brito tem, como Sharbat, olhos esverdeados que parecem dizer algo mais: meio por acaso, o menino, que é morador da Cidade de Deus, na Zona Oeste, cativou as redes sociais mirando as lentes do fotógrafo Wallace Lima. Seus retratos abriram um horizonte inimaginável e o garoto foi convidado para ser modelo de uma conhecida grife de roupas infantis. Deve concretizar esta semana seu primeiro contrato profissional com uma agência de modelos.
Modelo por acaso
Essa fábula urbana começou no último dia 15 de janeiro. Brincando pelas vielas da Cidade de Deus, Davi e os irmão passaram pela porta da ONG Nóiz, que realiza trabalhos sociais na comunidade. Ele ouviu a música que vinha lá de dentro e, curioso, esticou os olhos pela fresta do portão, chamando a atenção de André Melo, presidente da instituição.
— Vi aqueles olhinhos pelo buraco e corri para abrir a porta. Estávamos fazendo uma confraternização e convidei os três para entrar. De imediato, saquei o celular e pedi a ele para tirar uma foto — conta André.
Na conversa com o menino, o dirigente da ONG admirou-se com a expressão de encanto da criança, diante da festa e das atividades que estavam acontecendo. Por um instante, no entanto, ele se distraiu e David foi embora, com os irmãos, sem deixar nenhum contato:
— Eu peguei a foto dele e saí pela comunidade perguntando se alguém conhecia. Andei para lá e para cá, até que me disseram onde ele morava no Outeiro, e achei o Davi de novo.
Após o reencontro, entra em cena o fotógrafo Wallace Lima, que, com seu olhar treinado, propôs fazer um ensaio com o garoto. A produção, garantida pelo empréstimo de roupas em um brechó, resultou nas fotos que Lima publicou no Instagram. Enfeitadas por aquele olhar que, através de uma fresta, havia chamado a atenção de André Melo, as imagens viralizaram.
— Eu pensei: que beleza exótica, que olhar triste, mas lindo. No estúdio, improvisei um cenário. Sabia que teria visibilidade, mas não imaginei repercussão como esta. Acho que ninguém esperava — afirmou o fotógrafo.
Muito menos Davi. Como outros de sua geração, o filho do meio de Taiane Gonçalves, 27 anos (mãe ainda de Monique, 13, e Wallace, 10), gosta mesmo é de jogos de celular, mas também se entretém com livros, embora nas páginas de papel só reconheça as figuras. Apesar de ser aluno do terceiro ano do ensino fundamental da rede municipal de ensino, ele ainda não sabe ler.
De acordo com a família, opinião reforçada por André Melo, da ONG Nóiz, o regime de aprovação automática fez com que o menino fosse passando de ano sem o devido aprendizado.
O cenário piorou ao longo da pandemia de Covid-19. Matriculado na Escola Municipal Augusto Magne, na Cidade de Deus, David afastou-se das aulas presenciais a partir do início de 2020, mas não teve como aderir ao ensino remoto. A família, sem posses, não tem computador nem como repor com frequência os créditos no celular.
— Infelizmente, todo dinheiro que a gente consegue é para comida. Alimentação é a prioridade de quem mora na favela. Eu sei que isso afetou muito o aprendizado dele. Por ser novinho, ele não entende, mas espero que, quando cresça, entenda e me perdoe por não ter podido fazer mais — disse Taiane, a mãe de Davi.
Pai assassinado
André Melo afirma que a situação de Davi é a de muitos outros meninos e meninas na Cidade de Deus:
— Ele foi sendo aprovado sem critério de avaliação e chegou a esse estágio. Agora, pretendemos dar aulas de acompanhamento aqui para que ele possa ler. É algo que o deixa triste, porque temos livros e revistas à disposição.
O olhar melancólico, que, além do tom esverdeado, levou-o a ser comparado com a “Menina afegã”, é atribuído pela mãe ao muito por que o menino já passou. Davi nasceu na Cidade de Deus. Em 2012, no entanto, a família foi beneficiada pelo programa Minha Casa, Minha Vida, e ganhou um apartamento no condomínio Almada, no sub-bairro de Jesuítas, em Santa Cruz, também na Zona Oeste.
Após a mudança, o pai de Davi, viciado em drogas, frequentador da comunidade do Rola, também em Santa Cruz, desentendeu-se com milicianos, que haviam assumido o controle do condomínio. Suspeito de passar informações para traficantes, acabou assassinado pelo poder paralelo que comandava o lugar onde morava.Com medo, a mãe de David pegou as crianças, abandonou o imóvel com tudo dentro e voltou para a Cidade de Deus.
— Fiquei desesperada, senti um pressentimento de que fariam algo com meu marido, depois que ele não voltou mais eu vim para cá, onde minha mãe morava. Deixei a casa com tudo e soube que os milicianos tomaram para eles. Sei que o imóvel me pertence, mas não vou arriscar ir lá e ser morta também.
De volta, Taiane contou com a ajuda de vizinhos para construir um barraco de madeira na região conhecida como Outeiro, a mais pobre dentro da comunidade, e conseguir roupas para os filhos. A oportunidade que o filho tem agora é a segunda alegria recente para a jovem, que passou a receber o benefício do aluguel social, conseguiu deixar o barraco de madeira e alugou uma quitinete na comunidade. Fonte: https://oglobo.globo.com
Amor vira-lata.
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Os vira-latas são os que fazem sucesso e quanto mais esquisitos – pelos desordenados, cor de olhos indefinida, o sorriso de alívio por terem sido adotados – mais chamam a atenção.
Cachorro abandonado próximo à Rodovia Raposo Tavares, em 1999. Foto: KATHIA
TAMANAHA/AE
Marcelo Rubens Paiva, O Estado de S.Paulo
Por alguns meses, virei tutor de um vira-lata, Nestor. É o cachorro mais simpático e maluco que conheci. Passei a andar com ele pelo bairro e conhecer o universo tão particular, o de pessoas passeando com seus cachorros. Informações são trocadas, enquanto os cães se cumprimentam.
Esqueça o belo e altivo golden, que não sai de moda, ou o brincalhão labrador. Esqueça a raça do Tintin, Máscara, Asterix, Artista, Man in Black, porque é assim que algumas pessoas se referem a seus cães, aquele da raça da personagem tal. Que entram e saem de moda de acordo com Hollywood; foi assim com pastor alemão, dálmatas.
Os vira-latas são os que fazem sucesso e quanto mais esquisitos – pelos desordenados, cor de olhos indefinida, o sorriso de alívio por terem sido adotados, depois de uma infância que, com certeza, foi repleta de dificuldades, fome e perseguições – mais chamam a atenção.
O vira-lata ou híbrido é desengonçado, desproporcional, engraçado, parece mais alegre que cães normais, mais dócil e sociável. Nestor tinha mullets, olhos esbugalhados, um sorriso estampado, orelhas tortas (nunca levantava as duas) e nunca atendia pelo nome. O quadril e as pernas traseiras eram arqueados, de vaqueiro.
Nos primeiros dias, não fazia suas necessidades nas calçadas, só em casa, num tapete próprio. Tímido. Dormia enrolado no mesmo cobertor, no mesmo canto. Não latia e, incrivelmente, ficava sempre do meu lado direito no passeio, não ameaçava outros cachorros, atravessava na faixa, no mesmo ritmo que eu.
Me alertaram que sua infância num abrigo foi terrível. Como terá sido? Aos poucos, ele foi se soltando. Como tem cachorros latindo em varandas de prédios vizinhos, ele passou a latir junto, num longo papo.
Um dia, sem cerimônia, deu uma mijada de litros, só que no meio da calçada movimentada, não num poste, árvore ou matinho. Não levantou a patinha. Parou, entortou o quadril e mirou o jato para o lado. Não consegui impedir. Ele, enfim, voltou para a dona. Mas foi feliz conosco.
Vira-latas são mais saudáveis pelas necessidades da infância. Os SRD (Sem Raça Definida), ou Crand (Cachorro de Raça Não Definida), quando jovens e adultos, ficam mais resistentes. Em vários estudos, como o de G.J. Patronek e D.J. Waters (Comparative Longevity of Pet Dogs and Humans), ficou provada maior longevidade do que cães de raças definidas.
O vira-lata (ou rafeiro, rapé, ralé, cusco, pé-duro) é, antes de tudo, um forte e vive em média 1,8 ano a mais do que os de raça. No mais, nenhum vira-lata é na aparência igual ao outro. O seu será sempre único. Fonte: https://cultura.estadao.com.br
Morador do Jacarezinho é preso enquanto comprava pão; polícia formaliza pedido de soltura após apelo de familiares
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Yago Corrêa, de 21 anos, foi preso quando saiu para comprar pão Foto: Redes sociais
Yago Corrêa, de 21 anos, teria corrido ao avistar policiais, segundo a PM. Um adolescente que estava no mesmo local carregava uma bolsa com drogas e militares deduziram que eles estivessem juntos
Barbara Souza
RIO — Um jovem de 21 anos foi preso no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, depois de ter ido comprar pão na comunidade, ocupada pelo programa Cidade Integrada, conforme alega. Yago Corrêa de Souza foi abordado por policiais militares na noite do último domingo, após ter saído caminhando da padaria de volta para um churrasco. Um adolescente foi detido na mesma ação. Os dois foram levados para a 25ª DP (Engenho Novo).
A Polícia Militar informou que, no momento, uma equipe do Batalhão de Polícia de Choque que patrulhava as imediações da Travessa Amaro Rangel e vielas da comunidade do Jacarezinho se deparou com dois indivíduos que correram ao avistarem os policiais. Ainda segundo a corporação, eles foram encontrados com drogas. Mas, de acordo com os agentes da delegacia para onde Yago e o menor de idade foram levados, a bolsa com 32 pinos de cocaína, 32 papelotes de skunk e 58 papelotes de maconha estava com o adolescente. Os PMs que fizeram a abordagem deduziram que os dois estavam juntos.
Ao saber da prisão do jovem, familiares foram até a delegacia. Poucas horas depois de ouvir os pedidos e relatos dos parentes, ainda durante a madrugada, o delegado responsável pelo caso formalizou o pedido de soltura de Yago. No documento, ele afirma que “logo após o término do procedimento surgiram fatos novos relevantes que geraram uma dúvida razoável em favor da não imputação pela prática de tráfico de drogas e associação ao tráfico”.
Ainda de acordo com policiais civis da 25ª DP, depois que o adolescente que estava com as drogas foi levado para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, eles notaram que Yago ficou mais calmo e conseguiu se expressar melhor.
Yago está preso em Benfica, deve passar por audiência de custódia no início da tarde desta terça-feira e ser solto em seguida. A expectativa é de que ele responda ao processo em liberdade.
Nas redes sociais, o irmão mais velho de Yago, Vinícius Corrêa, fez um apelo pela soltura do caçula:
"Ontem ele saiu para comprar pão de alho para um churrasco de amigos que ele estava na rua Amaro Rangel, ao chegar no local teve uma correria e ele foi preso injustamente pelos policiais que estão atuando na nossa comunidade, ele está sendo acusando de associação ao tráfico de drogas e quem o conhece sabe que o Yago não é disso".
O caso vai ser um dos temas de uma reunião entre o deputado federal David Miranda (PDT) e o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, marcada para o próximo dia 15. O deputado disse que também vai levar ao encontro denúncias de abusos e tortura que, segundo relatos que ele recebeu de lideranças e moradores do Jacarezinho, estão sendo praticados com frequência na comunidade.
— É importante o papel do Estado no combate ao tráfico, mas não é assim que se faz. A grande maioria das 40 mil pessoas que moram ali não faz parte do tráfico. É preciso usar muito mais a inteligência. Mas o que está sendo usado é a truculência. Não há nenhum benefício a não ser o terrorismo do Estado — afirmou o deputado em referência às ações do programa Cidade Integrada, iniciada pelo governo fluminense no Jacarezinho. Fonte: https://oglobo.globo.com
Viralizou: Homem que não queria se vacinar é levado amarrado pela esposa a posto de saúde em Alagoas
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O Globo
RIO — Uma cena curiosa foi registrada por um espectador e viralizou nas redes sociais: em um posto de saúde em Alagoas, uma mulher levou o esposo amarrado para tomar a vacina da Covid-19, contra a própria vontade.
No vídeo que correu a internet, duas mulheres comentam a cena. "O homem veio amarrado, minha gente, para tomar a vacina, pelo amor de Deus", diz uma delas. As imagens mostram o homem sentado em uma cadeira, com os braços e tronco presos a uma corda longa, segurada pela mulher que está em pé, na frente dele. Internautas identificaram que o posto de saúde onde o fato ocorreu fica em Rio Largo, na região Metropolitana de Maceió.
A publicação feita no Tik Tok teve mais de 174 mil curtidas e 2,6 milhões de visualizações. Na legenda, há a informação de que ele se recusou a tomar o imunizante. Nos comentários, as pessoas brincam com a cômica situação. "Ele: 'não vou nem amarrado'. Ela: 'vamos ver'", diz um perfil. "Ela está apenas garantinfo o direito dela de não pegar covid e já ouviram que quem ama protege", comenta outro. "Essa mulher para presidente", pede outra internauta. Fonte: https://oglobo.globo.com
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