Vereadora de Juazeiro do Norte (CE) e namorado morreram por asfixia, aponta laudo
- Detalhes
Casal foi encontrado morto na sexta-feira (3); principal linha de investigação é de feminicídio seguido de suicídio
A vereadora de Juazeiro do Norte (a 492 km de Fortaleza) Yanny Brena, 26, e seu namorado, Rickson Pinto, 27, morreram por asfixia, de acordo com laudo da Pefoce (Perícia Forense do Estado do Ceará). Eles foram encontrados mortos na última sexta-feira (3) em um imóvel onde moravam no bairro Lagoa Seca, em Juazeiro do Norte.
A causa das mortes foi divulgada nesta terça-feira (7) pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará.
O caso está a cargo da Delegacia de Defesa da Mulher de Juazeiro do Norte e a principal linha de investigação é de feminicídio seguido de suicídio.
A delegacia já ouviu 20 pessoas até o momento e segue realizando diligências e oitivas.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social afirma que outros laudos ainda são aguardados pela delegacia. "São laudos solicitados à Pefoce sobre o local de crime e de imagens de câmeras de segurança, além do laudo de pesquisa de substâncias em amostras de sangue e urina."
Yanny é irmã do deputado federal Yury Bruno, conhecido como Yury do Paredão (PL-CE). Ela estava filiada ao PL e exercia seu primeiro mandato na Câmara de Juazeiro do Norte.
Foi eleita no pleito de 2020 com 3.956 votos, a segunda maior votação da Casa naquela disputa. No início deste ano, assumiu a cadeira de presidente da Câmara de Vereadores.
"Fico muito grata e honrada em ser a segunda mulher a presidir a Câmara Municipal de Juazeiro do Norte. Quero fazer um mandato de muita transparência, aproximando o Legislativo do povo, do Executivo e, acima de tudo, um mandato em prol da população de Juazeiro do Norte", escreveu ela, em seu perfil no Twitter, onde publicava com frequência.
O corpo da vereadora foi enterrado no sábado (4), em Juazeiro do Norte. Já o enterro de Rickson Pinto foi realizado em uma cidade próxima, Aurora. Ele tinha uma filha e, em rede social, se apresentava como atleta de vaquejada. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Brutalidade na terra do vinho
- Detalhes
A escravização de trabalhadores no RS já é repugnante em si, mas conseguiram adicionar insulto à injúria
A notícia de que mais de 200 trabalhadores estavam sendo mantidos em condições análogas à escravidão no serviço terceirizado de colheita para vinícolas de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, já é repugnante em si mesma. Mas houve quem conseguisse adicionar insulto à injúria.
Um obscuro vereador de Caxias do Sul, por exemplo, saltou do merecido anonimato para a ribalta nacional ao discursar, na Câmara local, aconselhando os empresários da região a não mais contratar ninguém da Bahia, Estado de origem dos trabalhadores escravizados, porque os baianos são um povo que “vive na praia tocando tambor” e está “acostumado com festa e carnaval”. Defendeu que os agricultores passassem a contratar argentinos, que são “limpos, trabalhadores e corretos”. Nem é preciso dizer que o verboso parlamentar é orgulhoso seguidor do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Mas não é só a ralé bolsonarista que torna o caso ainda mais revoltante. O episódio também serviu para que o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), malgrado ter inequivocamente condenado as “práticas inaceitáveis” verificadas em Bento Gonçalves, encontrasse ocasião para atacar as políticas assistenciais do País, responsabilizando-as pela falta de mão de obra na cidade.
“Há uma larga parcela da população com plenas condições produtivas e que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade”, diz uma “nota de posicionamento” divulgada pela associação empresarial. Depreende-se que o recurso ao trabalho terceirizado, sem controle, seria consequência da falta de pessoas da região dispostas a trabalhar, pois quem tem “plenas condições produtivas” prefere o ócio dependente de auxílio do Estado.
Ou seja, para uns, os trabalhadores brasileiros são indolentes que preferem viver de esmolas estatais a pegar no batente; para outros, os trabalhadores brasileiros são culturalmente mais afeitos à vagabundagem. Entre uns e outros, estão duas centenas de brasileiros submetidos a uma rotina de trabalho que, segundo denúncias, incluía jornadas exaustivas, confinamento, comida estragada, assédio moral e atrasos nos pagamentos, entre outras violações. E não é um caso isolado.
Se a escravidão, em si mesma, já deveria causar horror, mais repulsiva ainda é a tentativa de justificá-la. Nenhuma sociedade que se pretende saudável pode ficar indiferente à escravidão ou, pior, encontrar argumentos para considerá-la como consequência quase natural de um desequilíbrio na oferta de mão de obra.
Ora, nem os trabalhadores brasileiros são sujos e malandros nem os programas de transferência de renda são financiadores de vadiagem. O Brasil é um país de profundas desigualdades, que empurram milhões de cidadãos para um mercado de trabalho desumano, quando não frontalmente criminoso, e os tornam totalmente dependentes de caraminguás oficiais. Quando há quem seja incapaz de compreender essa realidade, embora esteja brutalmente à vista de todos, percebe-se o tamanho do fosso moral em que o Brasil caiu. Fonte: https://www.estadao.com.br
Ódio à razão
- Detalhes
Ódio à razão
Depois da tragédia do antagonismo que vivemos com a divisão nas famílias, nos colegas, sinto que estamos voltando ao modo educação, civilidade, respeito
Por Nelson Motta — Rio de Janeiro
Depois da tragédia do antagonismo que vivemos com a divisão, e separação, nas famílias, nos amigos, nos colegas de trabalho, sinto que a Terra voltou a ser redonda e que estamos voltando, lentamente, ao modo back to basics: educação, civilidade, respeito — não só às instituições democráticas, à Constituição e às leis, mas principalmente ao outro, seja quem for o outro.
Amar o próximo como a si mesmo é um exagero cristão psicanaliticamente inalcançável, mas respeitá-lo como a si próprio não é tão difícil assim (chama-se civilização), embora muita gente não se respeite, esculhambando seu corpo, suas ideias, sua vida e tentando esculhambar a dos outros. Qual a graça de criticar e reprimir comportamentos e atitudes que em nada afetam a sua vida, ou da comunidade? Então qual é o problema de duas mulheres se beijando no bar, de homens de mãos dadas, de um grupo de jovens fumando um baseado ? Como eles interferem na sua felicidade? Me sinto um idiota escrevendo coisas tão óbvias há tanto tempo, e só um período de regressão como o que vivemos explica tanta resistência, e ódio, ao império da razão.
Agora vejo que passamos por um processo de destruição da razão, como método, para tornar um boçal um mito e estabelecer uma linguagem tosca e grosseira em que verdade e mentira se confundem, em nome do slogan salazarista Deus, Pátria e Família. Só que a família é assunto privado, Deus, cada um tem o seu, e alguns, nenhum, e Pátria não é o Estado oprimindo, controlando e explorando o cidadão que paga impostos para sustentá-lo.
Quanto a Bolsonaro, entendo que o reverso do amor não é o ódio e o rancor — mas o desprezo e o esquecimento.
Busões negreiros
Que estupidez, ou forças satânicas, levam uma vinícola rica e poderosa do Rio Grande do Sul a importar mão de obra barata, e preta certamente, da Bahia, para trabalhar no frio, em uma cultura que não conhecem? Os gaúchos já não querem trabalhar por salários tão baixos em condições tão duras, os uruguaios, nem pensar, mas só um racismo estrutural e perverso explica os busões-negreiros Salvador-Bento Gonçalves. Os catarinas e os paranaenses lourinhos estão mais próximos e também precisam trabalhar... Economizariam no transporte da carga, (mal) paga, mas sempre escrava. Fonte: https://oglobo.globo.com
Em Bento Gonçalves, o trabalho não liberta
- Detalhes
Seja em Auschwitz ou em vinícolas do Sul, fomos feitos para obediência e chicote
Jairo Malta
Designer, fotógrafo e jornalista. É autor do blog Sons da Perifa.
No portão de entrada de Auschwitz, a frase "o trabalho liberta" dava a ilusão de que, para homossexuais, testemunhas de Jeová, ciganos e a grande massa judaica que era levada até lá, bastava trabalhar para serem libertados. O fim dessa história sabemos muito bem. Um dos vários argumentos dos nazistas era o de que as vítimas deportadas para o campo de concentração polonês eram preguiçosas e antissociais.
Esse discurso e essas ideias não morreram em 1945. Na terça-feira (28), o vereador Sandro Fantinel (Patriota), de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, pediu em seu discurso na Câmara Municipal para que "não contratem mais aquela gente lá de cima", referindo-se aos trabalhadores baianos. Fantinel disse ainda que empregados vindos da Argentina são melhores porque seriam "limpos, trabalhadores, corretos".
As falas de ódio se devem aos 207 funcionários nordestinos libertados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de vinícolas de Bento Gonçalves (RS), que trabalhavam em regime análogo à escravidão e, segundo seus relatos, foram extorquidos, ameaçados, agredidos e torturados com choques elétricos e jatos de spray de pimenta.
O parlamentar afirma ainda que a "única cultura que os ‘baianos’ tem é viver na praia tocando tambor" —frase racista. Finaliza mencionando que eram bêbados e debocha do termo "análogo à escravidão". Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
O trabalho escravo permanece nas entranhas brasileiras. Chamar o baiano de festeiro e o argentino de limpinho é deixar nas entrelinhas que o branco é superior ao preto. E, como diria o influencer Negão da BL, "não adianta mentir, o racismo não vai acabar nunca".
Seja em Auschwitz ou nas vinícolas de Bento Gonçalves, para eles nós —negros, nordestinos, nortistas, indígenas e qualquer outra classe de povos originários— fomos feitos para o trabalho, para a obediência e para o chicote. E sem Carnaval, tambor ou amparo. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
‘Fui espancado com cabo de vassoura. Mandaram matar os baianos’, diz resgatado no RS sobre trabalho escravo
- Detalhes
‘Fui espancado com cabo de vassoura. Mandaram matar os baianos’, diz resgatado no RS sobre trabalho escravo
Depoimentos à PRF mostram ainda que nos alojamentos havia apenas quatro banheiros para mais de 200 pessoas
Por Ana Flávia Pilar — Rio
No dia 21 de fevereiro, três trabalhadores da Fênix Prestação de Serviços decidiram encaminhar um vídeo de denúncia no grupo da empresa. Nas imagens, eles apareciam encharcados e mostravam o que haviam recebido para o almoço. O menu era sempre o mesmo: arroz, feijão e frango com cheiro azedo.
Quando voltaram da colheita, cinco “capangas” do administrador da empresa já os aguardavam na porta do alojamento. Os funcionários foram agredidos com mordidas, choques, socos, cadeiradas nas costas e “gravatas”.
Em depoimentos ao Ministério do Trabalho, aos quais O GLOBO teve acesso, trabalhadores resgatados na semana passada no Rio Grande do Sul contam mais detalhes sobre o cotidiano nas dependências da Fênix. A empresa fornecia mão de obra terceirizada para vinícolas da região, como Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi.
Os seis relatos confirmam que os funcionários chegaram em Bento Gonçalves, vindos da Bahia, e assinaram um contrato de prestação de serviços no valor de R$ 3 mil por 45 dias de trabalho, o período da safra de uvas. Estava acordado que a jornada diária seria de 15 horas. Nenhum deles foi pago.
Falta de equipamentos
Eles receberam apenas R$ 400 para gastar em um mercadinho que pertencia ao dono da empresa, onde eram vendidos itens básicos a preços muito mais acima do normal. Um pacote de biscoito água e sal, por exemplo, custava R$ 15.
Além disso, havia apenas quatro privadas para mais de 200 trabalhadores, que viviam amontados em beliches, separados em quartos pequenos sem manutenção ou limpeza.
Em depoimento à PRF, X., de 36 anos, conta que os trabalhadores tinham de usar sua própria roupa de cama e travesseiro. “Um deles não tinha travesseiro e improvisava com a mochila para dormir.” Os itens de higiene tinham de ser comprados no mercadinho do administrador da Fênix.
relata ainda que, na véspera de fugir, foi trancado no quarto por quatro capangas. “Fui espancado com spray de pimenta, gravata no pescoço, pancadas com cabo de vassoura e mordida no ombro esquerdo. Depois, dois colegas chegaram e também foram espancados.” Ele diz ainda que houve uma “ordem de matar os trabalhadores baianos.”
Y., de 23 anos, diz que a marmita — “arroz, feijão e um pedaço de frango, geralmente com cheiro desagradável e azedo” — não vinha com talheres. Quem não tivesse tinha de usar a tampa da marmita. A água também era por conta dos trabalhadores.
W., de 20 anos, diz que os capangas “davam choque com laser para acordar” alguns trabalhadores. Quanto aos equipamentos de proteção, ele recebeu apenas um par de luvas e um par de botas. “As luvas eram de pano. Rasgaram em dois dias e não foram trocadas. As botas rasgaram em uma semana e não foram trocadas. No contrato dizia que receberíamos óculos de sol e protetor solar, o que não aconteceu.”
Um deles relata ter desmaiado durante a colheita. Foi levado de carro a um hospital por um funcionário da empresa, mas na volta teve de caminhar quatro quilômetros. Outro trabalhador viu dois colegas se esfaquearem. No dia seguinte, ambos foram trabalhar normalmente.
“Presenciei também o espancamento de um colega pelos motoristas e por mais um segurança. Todos andavam armados o tempo todo”, conta Z., de 22 anos. Pouco depois, ele e um colega foram levados a uma sala e “agredidos com uma cadeira de ferro na cabeça e socos na cabeça e nos braços. Durante as agressões, fomos ameaçados de morte.”
Veio então a decisão de fugir. No dia 22 de fevereiro, eles pularam a janela do alojamento, a uma distância de dois metros até uma laje. Depois, se jogaram diante de outros cinco metros de altura até o chão. Como caíram em um jardim, não se machucaram.
Um dos homens no grupo tinha um celular escondido, que foi usado para pedir dinheiro às famílias e chamar um carro de aplicativo. Os trabalhadores foram de carro até um posto de gasolina em Garibaldi e se esconderam no banheiro.
Pouco depois, pegaram outro carro de aplicativo até a rodoviária, onde compraram passagens para Caxias do Sul. No caminho, eles contataram agentes em um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Vinícolas repudiam
Procuradas, as vinícolas foram unânimes em repudiar os fatos relatados. A Cooperativa Garibaldi e a Salton ressaltaram ter encerrado imediatamente seus contratos com a Fênix após a revelação de que esta mantinha trabalhadores em condições análogas à escravidão.
A Salton informou ainda que “está adotando medidas austeras para que os fatos sejam devidamente esclarecidos e que não se repitam” e que “intensificou a fiscalização de fornecedores e prestadores de serviço”.
A Aurora afirmou que se solidariza com as vítimas e ressaltou que nenhum dos fatos relatados aconteceu dentro de suas instalações. A empresa disse ainda que “se colocou à disposição das autoridades competentes e vem atuando em conjunto com o Ministério Público do Trabalho.”
A Garibaldi informou que está prestando solidariedade aos trabalhadores e seus familiares, e reiterou que “jamais aceitará tais conduções em suas relações de trabalho.”
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi procurada para saber se compra vinho canônico de alguma dessas vinícolas. A entidade afirmou em nota que, para a celebração da missa, devem ser buscados “vinhos de proveniência sobre a qual não existam dúvidas a respeito dos critérios éticos na sua produção.”. Fonte: https://oglobo.globo.com
Cem anos da morte de Ruy Barbosa
- Detalhes
O jurista tinha pautas que transcenderam o seu tempo e estão presentes no debate hodierno, o que comprova a genialidade do patrono do Senado da República
Ruy Barbosa é, até os dias de hoje, o político jurista mais notável da história nacional. Nascido na Bahia, em 1849, faleceu há exatos cem anos, em 1.º de março de 1923, no exercício de seu quinto mandato como senador da República. O baiano foi recordista de mandatos legislativos: passou 45 anos de sua vida no exercício de cargos eletivos, sendo 32 deles no Senado Federal. Dizia que “o senador é a personificação eletiva de um Estado”, ao ponderar que a Câmara Alta era composta de representantes da Federação.
Barbosa foi tanto para o desenvolvimento da República brasileira que é difícil de elencar tudo o que realizou sem cometer a injustiça de deixar algum feito no esquecimento. Ruy viveu muitas vidas em uma, além de colecionar postos públicos de grande relevância e de deixar como legado muitas reflexões que até hoje se fazem oportunas. Foi advogado, jornalista, diplomata, orador, ministro da Fazenda e da Justiça, deputado, senador na primeira legislatura da República, candidato à Presidência do Brasil, coautor da primeira Constituição republicana, membro fundador da Academia Brasileira de Letras e representante do Brasil na Conferência de Haia, o que lhe rendeu o apelido de “Águia de Haia”.
Patrono do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União e da advocacia brasileira, é lembrado em tribunais, em discursos políticos e em faculdades de Direito no Brasil inteiro. Reconhecimento merecido e justo. Afinal, foi Barbosa quem estabeleceu os pilares da República Democrática de Direito do nosso país, dedicou-se a criar uma consciência política na população brasileira e atuou fortemente em projetos que visavam à melhoria da qualidade do ensino no Brasil.
No Senado Federal, o baiano só deixou a Casa quando veio a falecer, aos 73 anos de idade. É uma figura tão distinta para o Poder Legislativo brasileiro que seu busto reside solitário no plenário da Câmara Alta brasileira, acima da Mesa. É uma espécie de guardião das leis da nossa República, exercendo até hoje o papel que se dispôs a realizar em vida. Estava lá, inclusive, quando as sedes dos Poderes da República foram invadidas em 8 de janeiro de 2023, dia triste e marcante para a nossa República, mas se manteve firme, assim como nossa democracia.
Aliás, sobre o regime democrático, Barbosa foi seu defensor, por considerar que a democracia representa poder do povo, igualdade e progresso. De fato, é dele a brilhante frase “o princípio do futuro é a democracia”. Hoje, quando olhamos para o nosso passado, podemos ver claramente que governos autoritários representaram retrocessos e que a democracia simboliza avanço civilizatório, de modo que, sim, podemos dizer que o começo do progresso é o estabelecimento de um governo democrático, e que Barbosa estava certo.
Além de defender a democracia, a “Águia de Haia” alertou para a necessidade de respeitar a legislação. O patrono do Senado é autor de uma célebre frase que resume a necessidade de submissão ao Estado de Direito, ao defender que é necessário agir “com a lei, pela lei e dentro da lei; porque fora da lei não há salvação”. Barbosa concluiu que esta lição, relativa ao respeito às leis, era “o programa da República”.
Grande orador, era conhecido por proferir discursos inflamados, e usou a tribuna do Senado diversas vezes para pronunciar verdadeiras aulas de política. O conteúdo de sua oratória era tão rico que, até hoje, sua vida e obra são objeto de pesquisa do Setor Ruiano. No plenário do Senado Federal, em 1911, mostrou que usava a palavra e o direito como armas de sua luta por um país justo e igualitário. Disse: “Não podia trazer a esta tribuna nem uma carabina nem uma espada. Trago ao recinto dos legisladores apenas um volume das nossas leis. Infelizmente bem fracas nestes tempos, têm sido sempre a minha única arma”.
Em Oração aos moços, seu discurso mais famoso, que escreveu como paraninfo de formatura da turma de 1920 da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, Barbosa confidenciou: “Tudo envidei por inculcar ao povo os costumes da liberdade e à República as leis do bom governo, que prosperam os Estados, moralizam as sociedades e honram as nações. Preguei, demonstrei, honrei a verdade eleitoral, a verdade constitucional, a verdade republicana”.
Barbosa foi um divisor de águas na política brasileira, trabalhando arduamente para plantar uma semente de consciência político-eleitoral na população brasileira. Para tanto, defendia a necessidade de que a população tivesse acesso à educação e à imprensa. Dizia que “os meios de educar a opinião não são outros senão a escola e a imprensa, dois sacerdócios sublimes”. É notório que o jurista tinha pautas que transcenderam o seu tempo e estão presentes no debate hodierno, o que comprova a genialidade do patrono do Senado da República.
Por tudo o que representou para o Parlamento brasileiro e para o Brasil, o Senado Federal realizará, às 10 horas deste 1.º de março, sessão solene em homenagem aos cem anos da morte desta personalidade que viveu à frente de seu tempo e cujos ensinamentos ecoam nos ambientes jurídico e político até a atualidade.
* PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL.Fonte: https://www.estadao.com.br
China diz que EUA abusam de poder ao proibirem TikTok em dispositivos do governo
- Detalhes
Declaração é resposta a ultimato da Casa Branca para agências federais desinstalarem aplicativo
Ilustração de logomarca do TikTok vista através de vidro quebrado - Dado Ruvic - 25.jan.23/Reuters
PEQUIM | REUTERS
A China criticou nesta terça-feira (28) a decisão dos Estados Unidos de proibir suas agências governamentais de usarem o TikTok. Em um encontro regular com a imprensa, Mao Ning, uma das porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores chinês, afirmou que a ação excede os limites do conceito de segurança nacional e representa um abuso de poder do Estado para reprimir empresas estrangeiras.
A fala de Ning se dá um dia após a Casa Branca estabelecer ultimato de 30 dias para a exclusão do app de dispositivos e sistemas federais. Segundo o governo americano, a medida foi tomada para preservar informações sigilosas —os EUA suspeitam que a plataforma seja usada para espionagem, embora a ByteDance, empresa que a desenvolveu, afirme não coletar mais dados do que outros programas do tipo.
A decisão impulsiona o cerceamento ao aplicativo nos últimos meses, em meio ao acirramento das tensões sino-americanas. Cerca de 19 dos 50 estados americanos já bloquearam ao menos parcialmente o acesso ao serviço em computadores governamentais. Diversas agências federais dos EUA, incluindo a Casa Branca e os departamentos de Defesa, Segurança Interna e de Estado, também baniram o app.
Essas medidas não impactam, porém, os mais de 100 milhões de americanos que usam a plataforma em dispositivos pessoais —ao menos até agora. Em dezembro, o Congresso apresentou projeto para proibir o TikTok nos EUA, em um texto que prevê o bloqueio de empresas de mídia sob influência de China e Rússia.
Na ocasião, a ByteDance, firma que controla o aplicativo de vídeos curtos, divulgou um comunicado repudiando o projeto. Segundo a companhia, as preocupações dos congressistas são alimentadas por desinformação. A ByteDance não se manifestou sobre o memorando da Casa Branca da segunda.
A American Civil Liberties Union, organização que luta pelos direitos e liberdades individuais dos americanos, criticou as tentativas de proibição do aplicativo no país. Em 2020, o então presidente Donald Trump tentou impor medidas para bloquear o uso do TikTok, mas perdeu uma série de batalhas judiciais.
Ainda na terça, o Comitê de Relações Exteriores da Câmara deve votar um projeto de lei que pode dar ao atual presidente americano, Joe Biden, autoridade para banir o TikTok de todos os dispositivos dos EUA. "Qualquer pessoa com o TikTok instalado deu ao Partido Comunista Chinês informações pessoais. É um balão espião no telefone", disse o deputado republicano Mike McCaul, autor da proposta.
Ele fazia referência à crise mais recente entre os países, ocasionada pela descoberta de um balão chinês sobrevoando o território americano no início do mês. Washington afirma que o balão era um instrumento de espionagem, enquanto Pequim diz que é um item de pesquisas, sobretudo meteorológicas.
A disputa agravou as diferenças entre as duas maiores potências mundiais nos últimos anos, motivadas por fatores que vão do apoio dos EUA à Taiwan, ilha considerada uma província rebelde pela China, à expansão militar americana no Sudeste Asiático em geral. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Tragédia anunciada das chuvas
- Detalhes
Já vimos esse filme antes e, mesmo soterrados e asfixiados, ele segue em cartaz. Perguntamos até quando se repetirá
Desde o dia 18 de fevereiro, o Brasil vem acompanhando o desastre que ocorreu no Litoral Norte de São Paulo. Segundo especialistas, isso aconteceu por uma combinação muito particular de fatores relacionados à chuva, ao vento e ao mar, gerando “um evento absolutamente extremo e histórico”. O número de mortos chegou a 65. Também há 2.251 vítimas desalojadas (deixaram suas casas, mas não necessitam de abrigo) e 1.815 desabrigados (em abrigos públicos ou privados).
Não sei se você que lê este texto agora compartilha o mesmo sentimento que tomou conta de mim, mas já reparou que todo ano sofremos com um desastre natural cuja causa foi a maior chuva de todos os tempos? Todo ano tem isso. Nunca estamos preparados. E sempre são as mesmas consequências: muitos mortos, autoridades indo ao local com discurso de que está sendo feito o máximo possível para ajudar.
Mas não está.
Em fevereiro do ano passado, Petrópolis registrou um recorde de chuva, causando a morte de 241 pessoas e deixando mais de 8.100 famílias dependentes do aluguel social.
Saindo das cidades mais afastadas e chegando às metrópoles, que sentimento surge em quem sai do trabalho para casa quando chove por apenas 15 minutos? Quem não se lembra do vídeo do carioca revoltado com os efeitos de mais um temporal na cidade? Isso foi em 2010. O que mudou de lá para cá?
O último fato da série retrô aqui: dias 11 e 12 de janeiro de 2011, o Estado do Rio de Janeiro viveu o que muitos consideram a maior tragédia climática da História do Brasil. Segundo registros de órgãos públicos, foram 918 mortos e 34.600 desalojados.
— Não é possível que todo verão a gente seja surpreendido. Existe tecnologia para evitar grandes estragos. Há pouco tempo foram instaladas sirenes, sistema de alarme, em áreas de risco em épocas de fortes chuvas. Precisamos estar muito atentos, e o poder público sabe disso. Existem instituições que fazem um ótimo trabalho para ajudar na identificação e na prevenção de desastres — diz Christovam Barcellos, coordenador do Observatório de Clima e Saúde e vice-diretor de Pesquisa, Ensino e Desenvolvimento Tecnológico do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz.
Voltando a 2023, o g1 revelou que o governo de São Paulo tinha plena ciência com dois dias de antecedência do risco de tragédia no Litoral Norte, inclusive na área mais afetada, a Vila Sahy, mas os avisos foram feitos apenas on-line.
O governador Tarcísio de Freitas declarou:
— Então, foram disparados 2,6 milhões de alertas antes das chuvas que nós tivemos agora via SMS. E a gente viu que isso, eventualmente, não tem a maior efetividade. Aqui para o litoral, mais de 30 mil pessoas receberam o SMS de alerta. Então a gente precisa ter uma maneira mais efetiva.
Esse tipo de postura demonstra o menosprezo pelas pessoas em situação de vulnerabilidade. Todos os fatos escancaram que não é uma chuva que mata, mas sim o poder público. Não, não fomos surpreendidos. Já vimos esse filme antes e, mesmo soterrados e asfixiados, ele segue em cartaz. Perguntamos até quando ele se repetirá. Fonte: https://oglobo.globo.com
Aparelho que detecta sinal de celular ajuda a encontrar corpo em São Sebastião e número de mortos sobe para 58
- Detalhes
Corpo de Bombeiros localizou corpo com após escavação de quatro metros de profundidade na Vila Sahy.
Por g1 Vale do Paraíba e região
O corpo de uma mulher foi encontrado na tarde deste sábado (25) na Vila Sahy, em São Sebastião (SP), com a ajuda do aparelho que rastreia sinal de celular. Com isso, o número de mortes no Litoral Norte sobe para 58, sendo 57 em São Sebastião e uma em Ubatuba. A vítima ainda não foi identificada e as buscas seguem para encontrar mais sete desaparecidos.
O Corpo de Bombeiros localizou o corpo em meio aos escombros após uma escavação de quatro metros de profundidade, por volta das 14h40. A localização só foi possível após um rastreador móvel da Anatel emitir a presença de um aparelho de telefone celular. Desde a tragédia, ocorrida no último domingo (19), este é o terceiro corpo encontrado com o uso do equipamento.
As buscas por sobreviventes entraram no sétimo dia neste sábado (25). A maior parte das vítimas foi localizada no bairro da Vila Sahy, em São Sebastião, e é nessa região onde se concentram as buscas.
Durante as primeiras horas do dia, o tempo era firme na cidade, o que facilita o trabalho do Corpo de Bombeiros. No entanto, a prefeitura de São Sebastião emitiu um alerta em suas redes sociais para o risco de fortes chuvas entre este sábado e a próxima segunda-feira (27). Há previsão de que chova cerca de 85 milímetros no período, com chances de desabamentos, deslizamentos e enchentes.
Na tarde desta sexta-feira (24), as buscas chegaram a ser paralisadas também por conta das chuvas, mas foram retomadas por volta das 21h e seguiam durante a manhã, sem intercorrências. Na madrugada, porém, nenhum corpo foi encontrado.
Além do trabalho de buscas, os Bombeiros também agem para tentar convencer os moradores de áreas de risco a deixarem suas casas enquanto a situação não for normalizada, a fim de evitar novas tragédias.
Roberto Farina, tenente do Corpo de Bombeiros, afirma, em entrevista ao GloboNews, que a entidade está fazendo um "trabalho de conscientização" com esses moradores e que o número de desalojados e desabrigados vem crescendo dia após dia.
De acordo com o último boletim do estado, são 2.251 desalojados e 1.815 desabrigados. Desalojados são aqueles que deixam a residência e vão para casa de parentes ou amigos. Já os desabrigados são aqueles que saem de casa e não têm para onde ir. Para essas pessoas, a cidade já montou 19 abrigos.
A prefeitura de São Sebastião, o governo estadual e os Bombeiros pedem, ainda, que turistas não viagem para a cidade neste fim de semana. Além dos riscos de novos deslizamentos e enchentes, o turismo pode sobrecarregar os hotéis e hospitais da cidade, que atualmente estão focados em atender os moradores e pessoas que trabalham nas buscas. Fonte: https://g1.globo.com
438 crianças mortas na Ucrânia em um ano de guerra
- Detalhes
Um ano de guerra, 7,8 milhões de crianças do país foram privadas de 365 dias de jogos, memórias, educação e tempo com amigos e familiares.
Um ano após o início da guerra na Ucrânia, 438 crianças foram mortas e 854 feridas. Cerca de 3,4 milhões de crianças necessitam de assistência humanitária no país. 1,5 milhões de crianças correm o risco de depressão, ansiedade, TEPT e outras doenças mentais, mais de 5 milhões de crianças sofreram interrupções em sua educação, 2 em cada 3 crianças refugiadas ucranianas não estão matriculadas no sistema escolar do país anfitrião, mais de 1.000 instalações de saúde foram danificadas ou destruídas, assim como mais de 2.300 escolas primárias e secundárias.
Estes não são apenas números, diz um comunicado do UNICEF/Italia: as crianças ucranianas sofreram 365 dias de violência, trauma, perda, destruição e deslocamento desde o início da guerra em fevereiro de 2022. As 7,8 milhões de crianças do país foram privadas de 365 dias de jogos, memórias, educação e tempo com amigos e familiares.
Isso significa 365 dias em que as crianças passaram seus aniversários amontoadas em abrigos, em vez de em casa com seus entes queridos. 365 dias em que as crianças tiveram que se adaptar a uma vida em outros países, em vez de brincar com seus amigos no parque perto de suas casas. 365 dias em que as crianças conheceram seus colegas e professores através de uma tela, em vez de em uma sala de aula segura e aquecida. 365 dias em que as crianças esperavam que a vida logo 'voltasse ao normal'.
À medida que se aproxima da marca de um ano, as crianças ucranianas começaram a perceber que o mundo é instável, imprevisível e pode ser um lugar terrível. A perda de um senso básico de segurança tem um efeito catastrófico em seu aprendizado, desenvolvimento emocional e social.
Embora as crianças e famílias ucranianas tenham mostrado uma tremenda resiliência, as feridas psicológicas desta guerra podem, de fato, deixá-las marcadas para o resto de suas vidas. Um ano após o início da guerra, as crianças continuam a enfrentar o medo, a ansiedade e a dor associadas à perda de entes queridos, separação da família, deslocamento forçado de suas casas, isolamento e a completa reviravolta em suas vidas. As feridas mentais da guerra podem reverberar nas crianças até a idade adulta. Para evitar uma geração de crianças marcadas pela guerra, sua saúde mental e necessidades psicossociais devem ser priorizadas.
Situação que angustia também o Papa Francisco, que na entrevista ao Canal 5 da tevê italiana recorda que elas "esqueceram-se de rir... Muitas crianças vieram aqui, muitas da Ucrânia, não riem... São amáveis, sim, mas não não riem, elas perderam isso. Fui encontrar as crianças que estavam no Bambino Gesù ucranianas, feridas, ninguém (tinha) um sorriso”. Para o Santo Padre, “tirar o sorriso de uma criança significa... uma tragédia!”. E esta tragédia está marcando o nosso tempo.
Esta guerra também já privou os bebês ucranianos de um ano de suas vidas. Não podemos permitir que isso os prive de seu futuro também. As crianças ucranianas precisam de paz e devemos ajudá-las a se recuperar e reconstruir suas vidas”. Fonte: https://www.vaticannews.va
A lei vale para plataformas digitais
- Detalhes
STF decide que provedores estrangeiros devem entregar dados requisitados pela Justiça, como qualquer empresa local
No dia 23 de fevereiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que as autoridades nacionais podem solicitar dados diretamente a provedores de internet estrangeiros que prestam serviços no Brasil. Ao ratificar a constitucionalidade do art. 11 do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014), a decisão do Supremo assegura um ponto fundamental do Estado Democrático de Direito. Todas as plataformas digitais e empresas de tecnologia que atuam no País, mesmo que suas sedes ou seus provedores estejam situados no exterior, se sujeitam à lei brasileira.
A autora da ação, uma federação de empresas de tecnologia, defendia que o acesso judicial a dados de usuários da internet por provedores sediados no exterior deveria, necessariamente, seguir os trâmites previstos no Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal (MLAT, em inglês), assinado entre o Brasil e os Estados Unidos. O argumento da ação era um tanto absurdo. Tentava-se usar um acordo de cooperação entre dois países, firmado precisamente para facilitar investigações criminais, como uma forma de dificultar o acesso da Justiça brasileira a dados relacionados a serviços prestados no País.
Corretamente, o MLAT prevê que as solicitações relativas a questões penais devem passar por uma autoridade central designada por cada país; no caso do Brasil, o Ministério da Justiça. Essa sistemática, que se aplica a informações e eventos ocorridos no exterior, é o reconhecimento da soberania de cada país sobre seu respectivo território.
No entanto, a hipótese de solicitação de dados analisada pelo STF era diferente, referindo-se a fatos ocorridos no Brasil. E aqui está a importância do Marco Civil da Internet, que define quando atos praticados no mundo digital estão sujeitos à jurisdição brasileira. Segundo o art. 11 da Lei 12.965/2014, toda operação de coleta, armazenamento, guarda e tratamento de registros e dados feita por provedores de conexão ou de aplicações de internet, “em que pelo menos um desses atos ocorra em território nacional”, deverá respeitar “a legislação brasileira e os direitos à privacidade, à proteção dos dados pessoais e ao sigilo das comunicações privadas e dos registros”.
Atuando como terceiro interessado na ação, a empresa Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, defendeu no STF que o MLAT seria o “procedimento correto” para obtenção de dados controlados por empresas norte-americanas. É realmente peculiar que uma empresa que atua tão intensamente no País (são cerca de 116 milhões de contas no Facebook, 99 milhões de perfis no Instagram e 147 milhões de usuários de WhatsApp no Brasil) pretenda que a Justiça brasileira, ao precisar de algum dado relativo a essas contas, tenha de recorrer a um acordo de cooperação internacional.
Seja qual for o setor de atuação, toda empresa que opera no Brasil está sujeita à lei e à jurisdição brasileiras. Tentar escapar dessa realidade (ou limitar sua incidência) não é apenas uma manobra judicial pouco honrosa. Representa um desrespeito ao País. Fonte: https://www.estadao.com.br
Suprema Corte dos EUA pode mudar a internet para sempre; entenda
- Detalhes
Juízes americanos podem responsabilizar Big Techs pelo conteúdo impulsionado pelos algoritmos de suas plataformas
A Suprema Corte americana começou a analisar um caso que pode mudar a cara da internet. Os pais de Nohemi Gonzalez, uma universitária de 23 anos que morreu num ataque terrorista em Paris, estão processando o YouTube. Seus advogados alegam que os três responsáveis pelo ataque no Teatro Bataclan, em 2015, foram radicalizados após assistirem a uma série de vídeos recomendados pelo site e produzidos pelo Estado Islâmico.
A praxe da Corte americana é de escolher os casos que julgará. Ela não é obrigada a aceitar nenhum, mas, sempre que considera haver uma questão constitucional importante, entra no debate. Os advogados submetem aos nove juízes seus argumentos por escrito e, depois, são convidados a sessões de sustentação oral. É quando os ministros têm a oportunidade de compreender melhor como cada lado vê o tema em debate. A primeira sessão foi na última terça-feira, 21.
O que está sendo testado é a seção 230 do Ato das Telecomunicações, aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente Bill Clinton, em 1996. Em essência, a lei definiu que uma empresa com presença na web não poderia ser responsabilizada pelo que dizem usuários que publicam em seus sites. Em 1996, poucos sites ofereciam espaços para comentários. Havia também espaços de discussão, fóruns, começando a se popularizar. Não existiam ainda blogs, muito menos redes e algoritmos.
Ao falar de algoritmos, a partir de que momento as gigantes da tecnologia passam a ser responsáveis pelo que recomendam?
E esse é o argumento da família Gonzalez. A lei pode proteger o YouTube de coisas que o EI tenha publicado. A partir do momento em que o YouTube pinça um vídeo para sugerir a quem assiste, aí o exercício de expressão não é mais dos terroristas. O YouTube, como qualquer outro serviço baseado em algoritmos, se exprime através das escolhas de conteúdo que faz. O responsável pela seleção não é quem produziu o conteúdo. É o YouTube. Ou o Twitter. Ou o Facebook.
Mas alguns dos ministros exprimiram dúvidas. Afinal, mecanismos de seleção de conteúdo baseados em algoritmos tornaram a internet viável. Tornar as empresas responsáveis pelo que seus algoritmos recomendam não poderia abrir uma imensa onda de processos que trariam impactos econômicos inimagináveis?
A pergunta, que os juízes parecem estar fazendo, é onde está a linha divisória. Por óbvio, outras indústrias são responsáveis pelos danos que suas decisões internas causam. Ao falar de algoritmos, a partir de que momento as gigantes da tecnologia passam a ser responsáveis? A Suprema Corte tomará uma decisão este ano – e a decisão pode, inclusive, ser não decidir nada. Por enquanto. Fonte: https://www.estadao.com.br
As culpas pela tragédia
- Detalhes
Saída é valorizar dimensão ambiental do planejamento urbano e territorial
Nadia Somekh
Presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR), é professora emérita da Universidade Mackenzie
Barra do Sahy soterrada, ao menos 48 mortos (47 em São Sebastião e 1 em Ubatuba), 36 desaparecidos, cerca de 2.500 pessoas desalojadas ou desabrigadas, veranistas ilhados na praia da Baleia e o âncora da TV criticando o prefeito por não ter avisado a população dos morros.
O que poderia ter sido feito? O problema não é acionar sirenes em momentos da emergência, como o que ocorre agora no litoral norte paulista. O problema é o histórico processo de urbanização de nosso país que não dá lugar na regulação urbanística para os mais pobres e vulneráveis, agravado agora pela escalada das mudanças climáticas.
De acordo com o IBGE, o Brasil tinha em 2010 (dado mais recente), em 872 municípios mapeados, uma população aproximada de 8,2 milhões de pessoas vivendo em áreas de risco, abrigadas em cerca de 1,5 milhão de moradias permanentes.
A maior parte das áreas de risco está localizada na costa leste do país justamente pelo fato de a ocupação do território ter se concentrado no litoral, mais suscetível à ocorrência de desastres naturais, associados à ocupação de encostas íngremes, topos de morros e cursos de água, conforme ressaltado por pesquisadores do Instituto Geológico.
Por sua vez, o 5º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) já alertava que, sem mitigação do aumento da temperatura global, os maiores castigados pelas mudanças climáticas serão provavelmente os países tropicais, como o Brasil.
Sirenes serão insuficientes se dependermos apenas delas para que catástrofes como esta não se repitam nos próximos verões, com inundações, deslizamentos, colapso de serviços públicos em cidades e quedas de barreiras e isolamentos em estradas. E sobretudo gente morta.
Se houvesse uma política habitacional para a população mais carente, tal tragédia não teria acontecido. Sem essa política, onde a população vai morar? Onde é irregular, onde é ilegal; enfim, para onde foi empurrada pela especulação imobiliária em razão do preço da terra. Essas pessoas só conseguem algum tipo de abrigo, nada digno, em locais de risco.
É preciso ainda valorizar a dimensão ambiental do planejamento urbano e territorial em consequência das mudanças climáticas, como ressaltado em manifesto aos candidatos nas eleições de 2022 lançado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil e mais seis entidades representativas dos arquitetos e urbanistas brasileiros. A Carta aos Candidatos propôs uma agenda que priorize a qualidade e o cuidado com a vida da população brasileira.
O momento é propício para colocar essa agenda em prática. Todos os municípios com mais de 20 mil habitantes estão, por dever legal, revendo seus planos diretores, considerando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a Nova Agenda Urbana e o pacto climático do Acordo de Paris.
A arquitetura e o urbanismo têm muito a contribuir com as revisões dos planos diretores, ajudando prefeitos, vereadores e comunidades na definição dos territórios seguros para as habitações dos mais pobres, reconhecendo a intensidade das alterações climáticas, em busca de maior justiça e resiliência para as cidades brasileiras. Nessa perspectiva, a continuidade da integração das autoridades públicas vista nos últimos dias será essencial. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Tragédia no litoral de SP: sobe para 48 o número de mortos; mais de 40 estão desaparecidos
- Detalhes
Tragédia no litoral de SP: sobe para 48 o número de mortos; mais de 40 estão desaparecidos
Buscas se concentram na costa sul de São Sebastião, cidade mais afetada pelo temporal que devastou a região. Bombeiros registraram novo deslizamento de terra em Juquehy, sem vítimas.
Por Leo Nicolini, André Catto, Fábio Titto, Thaís Matos e Mônica Mariotti, g1 Vale do Paraíba e região
Equipes de resgate retomaram nesta terça-feira (21) a busca por vítimas após o temporal que devastou o Litoral Norte de São Paulo no fim de semana. O balanço das prefeituras aponta 48 mortes (47 em São Sebastião e uma em Ubatuba). O último balanço do governo estadual confirma 44 mortes em todo o litoral.
O número de desaparecidos não foi atualizado ainda, mas, mais cedo, estava em 49. Os trabalhos acontecem especialmente em bairros da costa sul da cidade de São Sebastião, como a Vila do Sahy, área que concentra a maioria das vítimas da tragédia.
Resgate
As buscas são feitas por bombeiros, agentes da Defesa Civil e os próprios moradores. No domingo, helicópteros da PM tiveram dificuldade para chegar nos pontos mais críticos devido ao mau tempo. O Exército enviou aeronaves para ajudar nos trabalhos. A operação envolve mais de 600 pessoas.
TEMPORAL EM SP: Saiba quem são os mortos
Uma das vítimas é uma menina de 7 anos que morreu soterrada após a sua casa ser destruída por uma pedra de duas toneladas durante o temporal em Ubatuba. Em São Sebastião, uma mulher de 35 anos morreu depois que a casa dela foi atingida por uma árvore.
Em São Sebastião, uma criança de 2 anos foi salva após ter ficado horas sob os escombros. Equipes também resgataram uma mulher em trabalho de parto que estava isolada — mãe e bebê passam bem.
Em Juquehy, outro bairro bastante afetado pelas chuvas, o Corpo de Bombeiros registrou um novo deslizamento de terra de segunda para terça, mas sem registro de vítimas.
Veja a situação das estradas na região:
Com a liberação da Rio-Santos até a Barra do Sahy e para aproveitar que a chuva parou momentaneamente, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, pediu que os turistas que desceram ao litoral para o carnaval deixem a região para aliviar a pressão nas áreas mais afetadas. Já voltou a chover na região e a previsão é de mais chuva nos próximos dias. (Veja detalhes sobre a previsão do tempo mais abaixo.)
Os mercados chegaram a ter filas de clientes preocupados em estocar mantimentos. Enfrentando falta de água potável, limitação na venda de combustíveis e escassez de alimentos, moradores relatam que encontraram um litro de água sendo vendido por R$ 40: "Um absurdo".
Saída do litoral
Por conta da situação das estradas e do fluxo intenso de veículos tentando deixar o litoral, os turistas têm enfrentado trânsito intenso.
Trecho da Rio-Santos é liberado e turistas começam a deixar o Litoral Norte
Entre as praias de Maresias e Toque Toque, em São Sebastião, o cenário na estrada é similar ao de uma operação de guerra, segundo relatos das repórteres Mônica Mariotti e Thais Matos, do g1.
De um lado da estrada, carros de passeio com famílias encaravam uma jornada sem previsão de término pelas estradas do litoral, totalmente congestionadas. As ruas ainda seguiam alagadas e cobertas de lama, tornando o trânsito escorregadio e perigoso.
Do outro lado da estrada, na descida para o litoral, a via era ocupada por caminhões do Exército, retroescavadeiras, caçambas de terra e entulho, além de veículos de operadoras de telefonia.
Na saída de Caraguatatuba, outra cidade litorânea, para a Rodovia dos Tamoios, o anda e para dos veículos era constante. A via era a única acessível para quem tentava deixar o Litoral Norte.
Isolados, turistas chegaram a gastar até R$ 30 mil por voo para deixar o local de helicóptero. Enviados ao local, os repórteres André Catto e Fábio Tito, do g1 registraram um desses resgates no heliponto próximo à Vila do Sahy, uma das mais atingidas.
eproduzir vídeo
Turistas pagam até R$ 30 mil para deixar litoral norte de helicóptero
Caos
Na costa sul de São Sebastião, moradores ficaram ilhados e aguardam a chegada de doações e atendimento médico. Com os deslizamentos, diversas casas foram arrastadas e levadas pela terra. Muitos locais tiveram o abastecimento de água, luz e internet prejudicado.
Chuvas causam estragos no Litoral Norte de São Paulo
O número de desalojados e desabrigados no litoral paulista não foi divulgado, mas, em todo o estado de São Paulo, o governo informou que há 1.730 desalojados (que precisaram deixar suas casas e foram para a residência de amigos ou parentes) e 766 desabrigados (que perderam as suas casas e não têm para onde ir) em decorrência das chuvas.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, decretou estado de calamidade em Guarujá, Bertioga, São Sebastião, Caraguatatuba, Ilhabela e Ubatuba.
Previsão de mais chuva
Nesta terça-feira, deve chover novamente em São Sebastião. Ao g1, o meteorologista Diego Souza, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), informou que está mantida a condição de pancadas de chuvas no litoral, mas com menos intensidade para os próximos dois dias.
“Volumes iguais ao que observamos possivelmente não ocorrerão nos próximos dois dias, mas não podemos dar certeza ainda, porque continua a previsão de chuva local com volumes significativos.
Chuva anormal
De acordo com o meteorologista, nesta época do ano, chove mais mesmo, mas o volume foi anormal. “O sistema de baixa pressão gera ventos intensos que ajudam a acumular água do oceano e dificultar escoamento dos rios. Tivemos também maior volume de maré, o que tornou mais difícil que a água escoasse de forma mais rápida para o oceano, contribuindo com os processos de inundação no litoral”, explicou Diego Souza.
Atuação do governo
Desde domingo (19), o governador Tarcísio de Freitas está em São Sebastião. Ele mudou temporariamente o gabinete dele para a cidade, enquanto a situação crítica persistir. Um comitê de gerenciamento de ações foi montado para atender aos desabrigados.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também esteve em São Sebastião. Ele se comprometeu a implementar um programa habitacional para as vítimas da chuva e disse que o governo federal está à disposição para atuar nas áreas atingidas. Fonte: https://g1.globo.com
Jornalismo – o resgate do conteúdo.
- Detalhes
Jornalismo – o resgate do conteúdo
O papel da informação no conturbado momento nacional mostra uma coisa: o jornalismo está mais vivo do que nunca. Exatamente por isso é que mudar é preciso
Por Carlos Alberto Di Franco
O jornalismo está fustigado não apenas por uma crise grave. Vive uma mudança cultural vertiginosa. A revolução digital é um processo disruptivo. Quebra todos os moldes e exige uma forte reinvenção pessoal e corporativa.
O jornalismo vai morrer? Não. Nunca se consumiu tanta informação como na atualidade. O modelo de negócios está na UTI. A publicidade tradicional evaporou. E não voltará. Além disso, perdemos o domínio da narrativa. A pressão pela conquista da atenção dos consumidores, o frenesi da audiência, a necessidade inescapável de aumentar a carteira de assinaturas e o esforço de fidelização tiram, e muito, o sono e, frequentemente, o foco: o conteúdo de qualidade.
O cenário do consumo de informação preocupa. Exige reflexão, autocrítica e coragem. Vamos aos fatos: 54% das pessoas evitam ativamente o noticiário no Brasil. Quase metade daqueles que diziam fugir das notícias, no mundo e também entre nós, alegava que estava esgotada do noticiário de política e sobre covid-19. Excessivo baixo-astral.
Os dados estão no artigo da professora Ana Brambilla no Orbis Media Review, que dissecou o último relatório global sobre jornalismo digital do Reuters Institute divulgado em junho do ano passado. De lá para cá, nada mudou. Suscita preocupação. Mas também pode abrir uma avenida de iniciativas transformadoras.
Além disso, o modo de produzir informação e o diálogo com o consumidor romperam o modelo tradicional. As pessoas rejeitam intermediações – dos partidos, das igrejas, das corporações, dos veículos de comunicação.
O que fazer? Olhar para trás? Tentar fazer mudanças cosméticas? Não. Precisamos olhar para a frente, mudar de verdade e descobrir incríveis oportunidades.
Mas é preciso, previamente, fazer uma autocrítica corajosa a respeito do modo como vemos o mundo e dialogamos com ele.
Qual é o nosso mundo? Antes da era digital, em quase todas as famílias existia um álbum de fotos. Lembra-se disso, amigo leitor? Lá estavam nossas lembranças, nossos registros afetivos, nossa saudade. Muitas vezes abríamos o álbum e a imaginação voava. Era bem legal.
Agora fotografamos tudo e arquivamos compulsivamente. Nosso antigo álbum foi substituído pelas galerias de fotos de nossos dispositivos móveis. Temos overdose de fotos, mas falta o mais importante: a memória afetiva, a curtição daqueles momentos. Fica para depois. E continuamos fotografando e arquivando. Pensamos, equivocadamente, que o registro do momento reforça sua lembrança, mas não é assim. Milhares de fotos são incapazes de superar a vivência de um instante. As relações afetivas estão sucumbindo à coletiva solidão digital.
Algo análogo, muito parecido mesmo, ocorre com o consumo da informação. Navegamos freneticamente no espaço virtual. Uma enxurrada de estímulos dispersa a inteligência. Ficamos reféns da superficialidade. Perdemos contexto e sensibilidade crítica. A fragmentação dos conteúdos pode transmitir certa sensação de liberdade. Não dependemos, aparentemente, de ninguém. Somos os editores do nosso diário personalizado. Será?
Não creio, sinceramente. Penso haver uma crescente nostalgia de conteúdos editados com rigor, critério e qualidade técnica e ética. Há uma demanda reprimida de reportagem. É preciso reinventar o jornalismo e recuperar, num contexto muito mais transparente e interativo, as competências e a magia do jornalismo de sempre.
Jornalismo sem alma e sem rigor. É o diagnóstico de uma perigosa doença que contamina redações. O leitor não sente o pulsar da vida. As reportagens não têm cheiro do asfalto. É preciso dar novo brilho à reportagem e ao conteúdo bem editado, sério, preciso, isento.
É preciso contar boas histórias. Com transparência e sem filtros ideológicos. O bom jornalista ilumina a cena, o repórter manipulador constrói a história.
Sucumbe-se, frequentemente, ao politicamente correto. Certas matérias, algemadas por chavões inconsistentes que há muito deveriam ter sido banidos das redações, mostram o flagrante descompasso entre essas interpretações e a força eloquente dos números e dos fatos. Resultado: a credibilidade, verdadeiro capital de um veículo, se esvai pelo ralo dos preconceitos.
A revalorização da reportagem e o revigoramento do jornalismo analítico devem estar entre as prioridades estratégicas. É preciso encantar o leitor com matérias que rompam com a monotonia do jornalismo declaratório. Menos Brasil oficial e mais vida. Menos aspas e mais apuração. Menos frivolidade e mais consistência. Além disso, os consumidores estão cansados do baixo-astral da imprensa. O cidadão que aplaude a denúncia verdadeira é o mesmo que se irrita com o catastrofismo que domina muitas de nossas pautas.
Perdemos a capacidade de sonhar e a coragem de investir em pautas criativas. Há espaço, e muito, para o jornalismo de qualidade. Basta cuidar do conteúdo. E redescobrir uma verdade constantemente negligenciada: o bom jornalismo é sempre um trabalho de garimpagem.
O papel da informação no conturbado momento nacional mostra uma coisa: o jornalismo está mais vivo do que nunca. Exatamente por isso é que mudar é preciso.
*JORNALISTA/ E-MAIL: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.. Fonte: https://www.estadao.com.br
Litoral de SP conta 40 mortos nas chuvas históricas.
- Detalhes
Equipes formadas por uma força-tarefa continuam buscas nos locais afetados
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chega a São Sebastião nesta segunda (20) - Bruno Santos/Folhapress
Francisco Lima Neto Paulo Eduardo Dias
SÃO PAULO
As chuvas históricas que atingem cidades do litoral de São Paulo desde sábado (18) já deixaram 40 mortos, sendo 39 em São Sebastião e um Ubatuba. Sete corpos (dois homens adultos, duas mulheres adultas e três crianças) já foram identificados e liberados para sepultamento.
O total de pessoas fora de casa, desabrigadas ou desalojadas, chega a 2.496. Os desaparecidos somam 40, mas os números ainda devem aumentar, já que há relatos de que pessoas estariam sob os escombros de estruturas que cederam.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) estão em São Sebastião nesta segunda, acompanhados do prefeito Felipe Augusto (PSDB).
Lula pediu que não sejam mais construídas casas em encostas de morros, a fim de evitar novas tragédias, e ressaltou a importância da parceria entre os governos —federal, estadual e municipal—, independentemente de questões partidárias.
"Nós estamos juntos. Ele [Tarcísio] tem obrigação de governar o estado de São Paulo, este aqui [prefeito de São Sebastião] tem obrigação de governar a cidade, e eu tenho obrigação de governar o país. Se cada um ficar trabalhando sozinho, nossa capacidade de rendimento é muito menor. E é por isso que precisamos estar juntos, compartilhar as coisas boas e as coisas ruins. Juntos seremos muito mais fortes", disse o presidente.
O governador mais uma vez pediu que os turistas que estejam seguros não tentem voltar retornar para a cidade de São Paulo, já que há riscos e uma série de bloqueios em estradas. Ele afirmou, ainda, que a reconstrução das rodovias, afetadas por quedas de barreiras em diversos trechos, vai levar tempo.
"A grande via de deslocamento será a Rio-Santos e a Tamoios. A recuperação da Mogi-Bertioga vai levar um tempo maior, porque temos um trecho bastante erodido. A recuperação da Rio-Santos, de Boiçucanga em direção ao sul pode levar um tempo enorme, a gente não sabe nem dizer", disse Tarcísio.
"A gente contabilizou mais de dez pontos de bloqueio. Em alguns pontos a gente não sabe exatamente o que sobrou da rodovia. É um volume de terra tão grande que se deslocou que a gente até levanta a hipótese de a rodovia ter sido arrastada junto, de não existir mais", acrescentou. O gabinete do governador foi transferido temporariamente para São Sebastião.
Lula afirmou que uma das prioridades do governo é recuperar a Rio-Santos. O presidente também pediu que a Prefeitura de São Sebastião indique um terreno seguro para construir moradias e transferir os moradores que têm casas em área de risco.
As equipes de socorro, compostas por diversos órgãos, estão no segundo dia de buscas por sobreviventes e desaparecidos. No domingo, uma das resgatadas em São Sebastião foi uma mulher em trabalho de parto —ela e o bebê passam bem.
O trabalho de resgate é feito por uma força-tarefa com mais de 500 agentes, entre servidores das forças de segurança e equipes do governo estadual, das Forças Armadas, da Polícia Federal e da Prefeitura de São Sebastião, além de voluntários. Todos seguem empenhados para localização, resgate, salvamento e identificação das vítimas.
Os esforços no atendimento às vítimas começaram no domingo e seguem de forma ininterrupta, com o apoio de 53 viaturas do Corpo de Bombeiros, dois cães especializados na busca de pessoas, 31 maquinários, sete helicópteros Águia do Comando de Aviação da Polícia Militar e outras duas aeronaves do Exército. Mais três helicópteros Águia deverão chegar ainda nesta segunda para auxiliar nos trabalhos.
As operadoras de celular confirmaram no domingo, no final do dia, que os sistemas de telefonia e internet nas cidades do litoral norte sofrem com instabilidade porque as redes foram danificadas pelas chuvas, quedas de árvores e deslizamentos, o que prejudica o contato e dificulta ainda mais a situação.
Além da dificuldade de comunicação, a população enfrenta desabastecimento de água.
Segundo o governo do estado, as concessionárias trabalham para restabelecer os serviços essenciais o mais rápido possível.
Diversas rodovias tiveram sérios problemas estruturais causados por erosões, quedas de barreiras e de árvores e deslizamentos. A Defesa Civil estadual orientou a população a não se deslocar para o litoral norte até que a situação esteja controlada.
O recorde de chuva que atingiu o litoral norte de São Paulo desde sábado deixou também um rastro de destruição, com dezenas de casas que solaparam, muita lama e vias intransitáveis, o que atrapalha as ações de resgate. De acordo com a Defesa Civil do estado, além das mortes já confirmadas, o número de desalojados subiu para 1.730, e o de desabrigados, para 766.
Entre os mortos há uma criança de 7 anos, vítima de um deslizamento de terra em Ubatuba. Os outros mortos são de São Sebastião, a cidade mais afetada pelo temporal —a maioria na Barra do Sahy, além de Juquehy, Camburi, e Boiçucanga.
De acordo com o governo do estado, em menos de 24 horas o acumulado de chuva ultrapassou os 600 mm em alguns pontos do litoral. As áreas mais atingidas estão entre Bertioga (683 mm) e São Sebastião (627 mm). Tais índices pluviométricos são dos maiores já registrados no país em curto período e em situação não decorrente de ciclone tropical.
O Corpo de Bombeiros informou que recebeu, até a tarde de domingo, um número recorde de chamadas para socorro —apenas para São Sebastião foram 481 solicitações.
No início da noite deste domingo, o governador Tarcísio decretou estado de calamidade pública para as cidades de Ubatuba, São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba, todas no litoral norte de São Paulo, além de Bertioga.
A cidade de São Sebastião foi a mais afetada pelos temporais. Os bairros de Barra do Sahy e Juquehy estão isolados em razão das quedas de barreiras ao longo da rodovia.
A Polícia Civil e a Superintendência da Polícia Técnico Científica reforçaram os efetivos na região para dar mais celeridade aos trabalhos de polícia Judiciária e de identificação das vítimas.
Uma equipe com 40 servidores entre peritos e auxiliares atuará no IML (Instituto Médico Legal) de Caraguatatuba. Outros 12 papiloscopistas do Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt trabalharão em apoio aos profissionais no IML de Caraguatatuba e no Serviço de Verificação de Óbitos de Ubatuba.
CONFIRA A SITUAÇÃO EM CADA CIDADE
SÃO SEBASTIÃO
A Prefeitura de São Sebastião (197 km de SP) decretou estado de calamidade pública. A programação do Carnaval foi cancelada no município.
Uma das vítimas é Fabiana de Freitas Sá, 40, coordenadora do Programa Criança Feliz. Ela morreu após a casa em que morava, na estrada da Maquinha, em Boiçucanga, desabar.
À Folha, o prefeito de São Sebastião disse que, após as chuvas, a cidade ficou totalmente ilhada, sendo impossível chegar por estrada, pois todas estavam interditadas.
"Diversas casas desmoronaram, muitas pessoas ainda estão debaixo dos escombros. As equipes de busca e salvamento não estão conseguindo acessar diversos locais. A situação é muito caótica."
Segundo o prefeito, a região mais afetada é a Barra do Sahy. Disse, ainda, que, 80% do bairro Toque Toque foi destruído.
UBATUBA
Durante a madrugada de domingo, um deslizamento de terra fez com que uma pedra atingisse uma casa na rua Benedito Alves da Silva, no bairro Estufa, em Ubatuba (220 km de SP). Uma criança de sete anos que estava no imóvel morreu na hora, de acordo com o Corpo de Bombeiros.
A cidade registrou 335 mm de chuva, segundo a Defesa Civil.
BERTIOGA
Bertioga foi a cidade que registrou o maior volume de chuvas. Segundo a Defesa Civil, foram 687 mm em 24 horas. Diversos pontos de alagamentos se formaram, inclusive na Riviera de São Lourenço, bairro de alto padrão.
Em comunicado nas redes sociais, a Prefeitura de Bertioga afirmou que as atrações de Carnaval foram adiadas.
CARAGUATATUBA
Em Caraguatatuba também houve alagamentos. A cidade registrou acumulado de 395 mm. Diversas famílias desalojadas foram abrigadas em espaços públicos ou casas de parentes.
Equipes da prefeitura trabalharam ao longo do domingo em ações de limpeza das ruas, retirada de árvores caídas e desobstrução de valas, além de limpeza de rios, como Guaxinduba e Itororó, para melhorar o escoamento da água e reduzir os alagamentos.
ILHABELA
O Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) colocou a região sul do arquipélago em estado de atenção devido às fortes chuvas que atingiram a cidade. Em 18 horas, choveu 337 mm no local, segundo o governo do estado.
A Defesa Civil registrou deslizamentos de terra, alagamentos e quedas de galhos e postes da rede elétrica. Há monitoramento nas áreas de risco.
O abastecimento de água na cidade foi interrompido. A prefeitura pede para que a população evite desperdiçar água até a normalização do sistema.
GUARUJÁ
A chuva também causou estragos no Guarujá, na Baixada Santista. Na região do Jardim Acapulco —um condomínio de alto padrão—, ruas e casas ficaram alagadas.
Segundo a prefeitura, foram registrados quase 400 mm de chuva na cidade, ultrapassando a previsão de 234 mm para todo o mês de fevereiro e alcançando o maior índice da série histórica nos últimos 70 anos.
MOGI-BERTIOGA INTERDITADA
A rodovia Mogi-Bertioga (SP-98) está interditada desde a 0h30 de domingo, na altura do km 82, em Biritiba Mirim, devido ao rompimento de uma tubulação e consequente erosão causados pelas fortes chuvas que atingiram a região. Fonte: www1.folha.uol.com.br
Bandido influenciador? Homem armado rouba carro e faz live para mostrar crime
- Detalhes
SÃO PAULO
Imagina se a moda pega? Um homem armado resolveu abrir uma live no momento em que roubava carros e aterrorizava motoristas no Rio de Janeiro. O vídeo tem repercutido nas redes sociais.
No começo das imagens, ele aparece já ao vivo ordenando que um motorista saísse de um carro branco. O assaltante também pega um cordão do homem antes de entrar no carro e sair em velocidade.
Na sequência, continua em live e dando 'salves' para quem o assistia. "Vou pegar outro agora", avisou antes de fazer um novo assalto. Dessa outra pessoa, ele pega o carro e o telefone.
Procurada, a Polícia Civil afirmou que o homem já foi identificado e que ele já teria quatro passagens criminais em sua ficha.
"A 35ª DP (Campo Grande) instaurou um inquérito para investigar o caso. O homem foi identificado e, a partir de representação da autoridade policial, foi expedido mandado de prisão temporária contra ele. Diligências estão sendo feitas para localizá-lo", diz a nota.
Enquanto isso, setores de inteligência da unidade, da 34ª DP (Bangu) e da 36ª DP (Santa Cruz) realizam pesquisas para localizar as possíveis vítimas para que elas sejam ouvidas. Fonte: https://f5.folha.uol.com.br
Rio tem homicídios e roubos de veículo em queda, mas aumento nas mortes em confronto e nos golpes
- Detalhes
Segundo dados do ISP, foram 252 pessoas mortas, menor número para janeiro desde o início da série histórica, em 1991. Já os estelionatos tiveram média de 351 registros por dia no primeiro mês do ano
Por Giampaolo Morgado Braga — Rio de Janeiro
O primeiro mês de 2023 registrou no Estado do Rio o menor número de homicídios dolosos para janeiro desde o início da série histórica, em 1991. Foram 252 vítimas, redução de 0,8% em relação a janeiro do ano passado. Na contramão do índice, as mortes em confronto com a polícia subiram 2% no mês passado, na comparação com o mesmo mês de 2022. Os dados foram divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) nesta quinta-feira.
Outro índice que apresentou queda em janeiro deste ano foi o roubo de veículo. Em janeiro, houve 1.816 registros, queda de 2,6% quando comparado ao mesmo mês de 2022. No último dia 13, O GLOBO mostrou que o crime teve uma explosão no último trimestre do ano passado, crescendo 39% em relação ao mesmo período de 2021. Os criminosos passaram a pedir até via Pix o pagamento do resgate por carros roubados.
O total de roubos também teve redução em janeiro deste ano: foram 8.055 ocorrências, uma queda de 7% em relação ao mesmo mês do ano passado. Já os crimes menos violentos, como furtos e estelionatos, apresentaram no primeiro mês de 2023 uma tendência de alta.
Os furtos subiram 19% no mês passado, na comparação com 2022. Já os golpes cresceram 6% no estado, chegando a 10.876 registros nos primeiros 31 dias deste ano, média de 351 casos por dia. Fonte: https://oglobo.globo.com
Mais de 41,2 mil pessoas já foram confirmadas mortas na Turquia e na Síria
- Detalhes
Equipes de resgate da Turquia dizem que vozes ainda são ouvidas sob os escombros
Dez dias após devastador tremor de terra, ainda há esperança de encontrar mais sobreviventes
Por O Globo e agências internacionais — Ancara
Passados dez dias do terremoto devastador que atingiu a Turquia e a Síria, as equipes de resgate ainda mantêm esperanças de encontrar sobreviventes. Na noite desta terça-feira, vozes ainda eram ouvidas sob os escombros de prédios que desabaram após o tremor de terra de magnitude 7.8. Mais de 41,2 mil pessoas já foram confirmadas mortas na Turquia e na Síria e as histórias de resiliência têm ficado mais raras.
Em Kahramanmaraş, na última noite, uma equipe de resgate encontrou um novo sinal de vida sob os destroços. A ajuda humanitária começou a trabalhar imediatamente para tentar salvar mais um sobrevivente.
Um vídeo compartilhado pelo jornal Sabah mostra um grupo que usava capacetes com lanternas e equipamentos para cortar o concreto tentando chegar até a vítima.
O Ministério da Defesa Nacional da Turquia também compartilhou um resgate feito durante a última noite. As imagens mostram Fatma Güngör, de 77 anos, sendo retirada com vida dos escombros em Adıyaman.
"Nosso pessoal do Comando do Estaleiro Gölcük, que tem apoiado os esforços de busca e resgate em Adıyaman, resgatou uma cidadã de 77 anos chamada Fatma Güngör dos destroços 212 horas após o terremoto. Todos somos um", disse o ministério.
Essas cenas, no entanto, devem se tornar mais raras de agora em diante. Nesta terça, a UNICEF disse que o número de crianças mortas após o terremoto "continuará a crescer".
De acordo com a rede de televisão CNN, os esforços devem passar por uma mudança nos próximos dias. As operações de resgate vão dar lugar às ações de recuperação das áreas degradadas.
Pior desastre natural em 100 anos
Os devastadores terremotos que atingiram a Turquia e a Síria foram o "pior desastre natural na região europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS) em um século", disse Hans Kluge, diretor regional da entidade para a Europa.
— Ainda estamos aprendendo sobre sua magnitude. Seu verdadeiro custo ainda não é conhecido — disse Kluge durante uma entrevista coletiva.
A Região Europeia da OMS inclui 53 países europeus e da Ásia Central, incluindo a Turquia. Fonte: https://oglobo.globo.com
Número de armas para uso pessoal no país dispara e chega a quase 3 milhões
- Detalhes
Parcela nas mãos de CACs também aumentou, passando de 27% para 42,5%
SÃO PAULO
Levantamento publicado nesta segunda-feira (13) pelo Instituto Sou da Paz aponta que o número de armas nas mãos dos civis disparou durante o governo de Jair Bolsonaro e chegou a 2.965.439 ao fim de 2022.
Esse número é mais que o dobro do dado de 2018, quando havia 1.320.582 armas de fogo nas mãos de civis.
Os dados foram colhidos por meio da Lei de Acesso à Informação e analisados pelos institutos Sou da Paz e Igarapé.
Foram consideradas as armas pessoais ou particulares pertencentes a CACs (caçadores, atiradores desportivos e colecionadores), cidadãos comuns com registro para defesa pessoal, caçadores de subsistência, servidores civis (como policiais e guardas civis) com prerrogativa de porte e que compraram armas para uso pessoal e membros de instituições militares (policiais militares, bombeiros militares etc.) que compraram armas para uso pessoal.
"A gente vive o resultado de uma política de quatro anos de facilitação de acesso às armas. É um conjunto de normas, decretos e portarias desses anos que aumentaram a quantidade de armas para os cidadãos e CACs, e também a potência dessas armas", diz Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz. "O presidente Bolsonaro mais de uma vez se posicionou para as pessoas comprarem fuzil e não feijão. Por isso, o resultado só corrobora o que se viu acontecer nesses anos."
Logo depois de assumir a Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou que todas as armas no país sejam registradas no sistema da PF, conhecido como Sinarm (Sistema Nacional de Armas). O texto deu 60 dias para o cadastro, contados a partir do dia 1° de fevereiro.
O cadastramento atinge grupos que possuem armas cadastradas no Sigma (Sistema de Gerenciamento Militar de Armas), do Exército, como os CACs. A medida vale para quem obteve arma a partir de maio de 2019, já no governo de Bolsonaro.
Além do aumento na quantidade, o Instituto Sou da Paz chama a atenção para a mudança de perfil desses registros.
Em 2018, quase metade do acervo de armas pessoais então existente pertencia a membros de instituições militares (47%). O restante do acervo particular era praticamente dividido entre os registros na PF (de armas pertencentes a civis, com 26%) e registros pertencentes a CACs (27%).
No fim de 2022, essa proporção se inverteu com o crescimento da categoria de CACs, que passou a ter 42,5% do total de armas particulares no país.
Em números absolutos, as armas de CACs registradas em 2018 eram 59.417, passando para 78.048 em 2019, 125.306 em 2020, 223.894 em 2021 e 431.137 em 2022.
O porte de trânsito garante ao CAC o direito de andar com a arma do local de guarda até o clube de tiro ou de caça. Entretanto, houve uma mudança com o decreto publicado no governo Lula, e a arma terá que ser transportada desmuniciada (sem munição).
Antes, a arma poderia estar municiada, o que, segundo especialistas, virou um porte de armas camuflado. Como a Folha mostrou, os caçadores, atiradores e colecionadores aproveitavam os decretos armamentistas publicados por Bolsonaro para andarem armados mesmo quando não estavam a caminho dos locais de prática de tiro ou caça.
Uma série de mudanças na política armamentista ocorreu com a publicação do decreto no primeiro dia do governo Lula. O texto suspendeu, por exemplo, em um primeiro momento, a aquisição de arma de fogo de uso restrito para CACs e estabeleceu um quantitativo menor de armas de uso permitido que podem ser adquiridas.
A suspensão irá ocorrer até a entrada em vigor de uma nova regulamentação do Estatuto do Desarmamento. O decreto institui um grupo que fará esse trabalho em até 60 dias. Há uma sugestão do grupo de transição da Justiça e Segurança Pública de dar mais poder à PF e esvaziar o poder do Exército.
A equipe do presidente sugeriu que a PF passe a ser responsável pela concessão de registro e pela autorização para aquisição de armas para CACs. Atualmente, esse papel é do Exército. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Pág. 21 de 663