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São João da Cruz, Carmelita.
"Para vir a gostar de tudo,
você não quer gostar de nada.
Para vir a possuir tudo,
não quer possuir nada em nada.
Para vir a ser tudo,
não quer ser algo em nada.
Para conhecer tudo,
Não quer saber nada em nada.
Para chegar ao que você não gosta,
Você deve ir para onde não gosta.
Para chegar ao que você não conhece,
Você deve ir onde você não sabe.
Para chegar ao que você não tem,
Você tem que ir onde você não tem.
Para chegar ao que você não é,
Você deve ir para onde não está.
Quando você percebe algo,
Você deixa de se jogar no todo.
Por vir totalmente ao todo
Você deve negar-se completamente em tudo.
E quando você chegar,
Você deve tê-lo sem querer nada.
Porque, se você quiser ter algo em tudo,
você não tem seu tesouro puro em Deus ".
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*Dom Frei Francisco de Sales Alencar Batista, O. Carm. Bispo de Cajazeiras-PB.
Ant. Vinde, Subamos ao Monte do Senhor, ao Monte, que Deus escolheu para sua morada, e onde só habita a honra e a glória de Deus!
Cântico I Tb 13,8-11.13-14ab.15-16ab
Ação de Graças pela libertação do povo
Mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, a brilhar com a glória de Deus. (Ap 21,10-11)
_8 Dai graças ao senhor, vós todos, seus eleitos! *
Celebrai dias de festa e rendei-lhe homenagem!
_9 Jerusalém, Cidade Santa, o Senhor te castigou *
Por teu mau procedimento, pelo mal que praticaste.___
VIGÍLIAS
_10 Dá louvor ao teu Senhor com as tuas obras, *
para que ele novamente arme em ti a sua tenda,
_ Reúna em ti os deportados, alegrando-os sem fim! *
Ame em ti todo infeliz, pelos séculos sem fim!
=11 Resplenderás qual luz brilhante até os extremos desta
terra; † virão a ti nações de longe, dos lugares mais distantes,*
invocando o santo Nome, trazendo dons ao rei do Céu.
_ Em ti se alegrarão as gerações das gerações *
e o nome da Eleita durará por todo o sempre:
_13 Então te alegrarás pelos filhos dos teus justos, *
todos unidos, bendizendo ao Senhor, o Rei eterno.
_14 Haverão de ser ditosos todos quantos que te amam, *
encontrando em tua paz sua grande alegria.
=15 Ó minh’ alma, vem, bendize ao Senhor, o grande
Rei, † 16 pois será reconstruída sua casa em Sião, *
que para sempre há de ficar pelos séculos sem fim!
Cântico II Is 2,2-3
Todas as nações virão para a caso do Senhor
Os reis da terra levarão a sua glória e a honra à Cidade Santa de Jerusalém (Ap 21,24).
_2 Eis que vai acontecer no fim dos tempos, *
que o Monte, onde está a casa do Senhor,
_ será erguido muito acima dos outros montes *
e elevado bem mais alto que as colinas; ___
_ para ele acorrerão todas as gentes, *
3 muitos povos chegarão ai, dizendo:
- “Vinde, subamos à Montanha do Senhor, *
vamos à casa do senhor Deus de Israel, ___
_ para que ele nos ensine seus caminhos *
e trilhemos todos nós suas veredas,
_ pois de Sião a sua Lei há de sair: *
Jerusalém espalhará sua Palavra.
Cântico III Jr 7,2-7
Corrigi vossa conduta e vos farei habitar neste lugar
Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão. Só depois volta para apresentar a tua oferta. (Mt 5,24).
_2 Escutai a palavra do Senhor, *
todos vós de Judá, que aqui entrais
_ por estas portas, a fim de adorar *
ao senhor e prostrar-vos diante dele.
=3 Assim fala o Senhor, Deus do Universo: †
“Corrigi vossa vida e conduta, *
e aqui vos farei sempre morar!
=4 Não confieis em palavras mentirosas, †
repetindo: “É o Templo do senhor! *
É o Templo, é o Templo do Senhor!”
_5 Se, porém, corrigirdes vossa vida *
e emendardes o vosso proceder,
_ se entre vós praticardes a justiça, *
se o estrangeiro, igualmente, respeitardes,
_6 não oprimirdes o órfão e a viúva *
nem disserdes calúnia contra o próximo
= nem o sangue inocente derramardes †
nem correrdes atrás de falsos deuses, *
para vossa desgraça e perdição,
=7 neste lugar vos farei sempre morar, †
na terra, que dei a vossos pais *
desde sempre e por toda a eternidade!”
VIGÍLIAS
Ant. Vinde, Subamos ao Monte do Senhor, ao Monte, que Deus escolheu para sua morada, e onde só habita a honra e a glória de Deus!
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João ( Jo 12,35-36a.44b-50)
Eu, a Luz, vim ao mundo
Naquele tempo, 35Jesus respondeu: “Por pouco tempo a luz está no meio de vós. Caminhai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos envolvam. Quem caminha ns trevas não sabe para onde vai. 36Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz, para que vos torneis filhos da luz”. 44Então em alta voz disse Jesus: “Quem crê em mim, não é em mim que ele crê, mas naquele que me enviou. 45Quem me vê, vê aquele que me enviou. 46Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. 47Se alguém ouvir as minhas palavras e não as observar, eu não o julgo, porque eu não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo. 48Quem me rejeita e não aceita as minhas palavras já tem o seu juiz: a palavra que eu falei o julgará no último dia. 49Porque eu não falei por mim mesmo, mas o Pai que me enviou, ele é quem me ordenou o que eu devia dizer e falar. 50E eu sei que o seu mandamento é vida eterna. Portanto o que eu digo, eu o digo conforme o Pai me falou”. Palavra da Salvação!
Hino Te Deum
Oração
Senhor, Nosso Deus, que inspirastes a São João da Cruz extraordinário amor à Cruz e perfeita abnegação de si mesmo, concedei que, imitando o seu exemplo, cheguemos á contemplação eterna da vossa glória. Por N.S.J.C.
Bendigamos ao Senhor!
*LITURGIA DAS HORAS- DO PRÓPRIO DA ORDEM DOS IRMÃOS DA BEM-AVENTURADA E SEMPRE VIRGEM MARIA
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Frei Bruno Secondin, O. Carm.
Por muito tempo se considerou São João como um dos mestres no âmbito da Mística graças aos seus textos, às suas introspecções teológicas, à descrição que faz dos elementos distintivos da experiência do divino autêntica, imediata, sublime. E assim ele permanece até hoje, ao menos para aqueles que compreendem a mística como um tema, que se deve desenvolver com argumentação lógica e clareza de passagens e "conteúdos" experienciais. Com efeito, quando os "tratadistas" da espiritualidade entram no capítulo final da mística e dos seus fautores, São João está entre os autores fundamentais, que servem de sustento.
Podemos até dizer que alguns temas não podem ser explicados sem a direção plena de João da Cruz. Limito-me a dar um elenco daquilo que todos afirmam como importante. A sua linguagem sobre as purificações ativas e passivas dos sentidos e do espírito por meio das "noites", a sua ênfase sobre a função da afetividade no processo de transformação e união com Deus, o caminho da fé mais como experiência radical do que como adesão a idéias e dogmas, a riqueza do seu léxico simbólico e parabólico e a sua capacidade de criar uma "sugestão" inspiradora, a relativização e mesmo desconfiança diante da multiforme fenomenologia corpórea ou mental dos estados místicos, o sentido da transcendência e, portanto, da incapacidade de se exprimir nos confrontos do encontro com Deus.
Apresentemos agora alguns exemplos para demonstrar a sua possível atualidade no campo da mística e nos problemas que lhe dizem respeito.
Um exemplo: a imagem de um "Deus mudo", seja no sentido que a linguagem com que Deus se exprime é essencial e total ao mesmo tempo (cfr. a famosa expressão de 2S 22,7), seja no sentido da vida de fé, que deve passar pela prova do "silêncio de Deus", que chega até às fímbrias do ateísmo, da perda de sentido da vida, da tribulação interior sem luz nem esperança. Em um contexto de experiência religiosa contaminada por muitas "mensagens" e "visões", com propostas de experiências místicas, onde a "cruz" e o "vazio" são como que expulsos a priori, São João recorda que a autenticidade do encontro com Deus é comprovada pelo que é essencial no seu divino comunicar-se, pela ausência de palavras humanas adequadas para transmitir os conteúdos da experiência e pela presença da obscuridade dolorosa e da purificação profunda.
Exemplo, que ainda é inspirador para os dias de hoje, é o seu "procurar ajuda" nas Escrituras e na Igreja para poder "explicar-se" com palavras: refiro-me ao famoso prólogo da Subida (prólogo nº 2). Não é tanto o cuidado de ortodoxia ou de coerência com a fé católica que está em jogo, mas muito mais uma outra verdade, quer dizer: a palavra bíblica é o lugar de origem, decisivo, no qual o Absoluto se expressa, se fez "Palavra" no tempo. O místico, portanto, não pode estar senão em conformidade com esta linguagem originária, em profunda analogia com ela e por ela intimamente condicionado: e por este caminho será autêntico. E além disto deve estar em comunhão com a grande tradição viva da Palavra, que é a vida da Igreja: assim a sua singularidade se derrama na universalidade, enquanto assume os seus horizontes e oferece a própria contribuição como membro de um organismo vivo.
Um exemplo ainda: o seu escrever doxologicamente. Escreve não em função de alguma publicação ou para testemunhar as próprias convicções teóricas ou para expor à luz as experiências próprias. Antes escreve como complementar exercício de mistagogia e direção espiritual muito específica, pressionado por exigências de fazer entender melhor aquilo que a linguagem da poesia permite intuir, mas não é capaz de explicar. Temos de recuperar esta convicção, que nos parece às vezes não positiva: João da Cruz é parcial nos seus temas e nos seus tratados, é ocasional, é incompleto. Isto porque decidiu acompanhar de maneira eficaz o desenvolvimento de situações concretas, os estados particulares desta ou daquela alma. O seu escrever é confissão mais do que teoria abstrata e, por isso, a linguagem é muitas vezes entretecida de paradoxos, parábolas, interrupções, oximoros, suspensões.
A ligação entre poeta e escritor não é vista, antes de tudo, em termos de forma literária, mas de processos experienciais. A anchura y copia (amplitude e abundância) da experiência encontram forma principalmente numa expressão simbólica e poética, e depois, às vezes, numa explicação e numa linguagem discursivo-escolástica. Compreender de veras a São João, ou melhor, transformar-se de leitores em discípulos seus, significa repercorrer em marcha atrás o itinerário genético, isto é, da prosa para a poesia, até o momento da experiência da comunhão com Deus. Trata-se de passar da posição lógica, ascética, moral para a posição estética, simbólico-poética e para a "mística" como experiência do mistério de Deus. Muito perigoso seria reduzir São João da Cruz a um manual de modo de usar; ele faz, ao contrário, solicitações para o face a face com Deus, sem redes nem anteparos, para a vertigem do encontro e para as tribulações da participação da vida divina. Quanto a isto oferece um bom contributo o método citado da leitura dinâmica estrutural.
Como último exemplo quero acenar ao relacionamento entre São João da Cruz e Santa Teresa: as histórias e historietas todos conhecemos. Gostaria de chamar a atenção para um ponto chave diferente: Teresa de Jesus era da opinião de que muitas dificuldades na vida espiritual provêm da falta de conhecimento doutrinal por parte do diretor e, por isso mesmo, antepunha o diretor sábio ao diretor santo. João da Cruz, pelo contrário, estava convencido de que os acontecimentos lamentáveis nascem da falta de experiência autêntica. Quanto a esta visão dos fatos, cada um provavelmente partia da sua situação pessoal: João tinha feito ótimos estudos e conhecia, portanto, os riscos de uma ciência, que incha; Teresa era quase autodidata e padecia de um estranho fascínio pelos teólogos.
Um e outra, parece-me, tinham uma palavra de atualidade e de verdade. A devoção sem um mínimo de solidez doutrinal e teológica sofre o risco de estabelecer-se sobre veredas secundárias: e nisto Teresa tinha razão. Mas também a ciência abundante, sem o sustento de um coração cheio de amor e sem uma prática coerente e generosa, corre o risco de não ser atingida pela verdadeira moção transformadora do Espírito. Por isto João da Cruz é abraçado não somente como "teólogo", que doutrina, mas como testemunha de uma verdade: no coração da "doutrina" não pode estar senão o processo de transformação sempre aberto a novos horizontes. E assim a sua função de mestre não é tanto a de oferecer contribuições teológicas bem tematizadas, mas a de demonstrar que a teologia verdadeira é aquela que percorre veredas desconhecidas, que escuta o Deus Mudo, e que não tem senão palavras poéticas, parabólicas e simbólicas para anunciá-Lo, mas não profana a sua comunicação com uma enxurrada de palavras humanas.
Paradoxalmente a grandeza de São João da Cruz não consiste no desdobrar-se em detalhes, mas no ter sabido esconder o mistério conhecido, no ter reconhecido e testemunhado o risco da palavra que obscurece e profana, o risco da explicação que empobrece e torna esvanecida a realidade íntima. Os seus ensinamentos sobre mística aprendem-se quando não fazemos da sua herança uma espécie de enchirídion de teologia espiritual, mas antes de tudo uma contestação da nossa necessidade de deixar tudo claro, de explicar, de classificar.
*A MÍSTICA NO SÉCULO XX: TEORIAS E EXPERIÊNCIAS : A presença de São João da Cruz
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Missa de vestição do hábito na Ordem Terceira do Carmo. Amanhã, dia 10 de dezembro-2017, às 8h na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro- AO VIVO- Pelo youtube, facebook e olhar jornalístico.
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Frei Jorge Van Kampen, Carmelita. In Memoriam. (*17/04/1932 + 08/08/2013)
Na festa de Nossa Senhora da Conceição o Evangelho de Lucas chama Maria com um novo nome: “Alegre-te, jovem amada e favorecida por Deus. O Senhor está contigo”. No Antigo Testamento, às vezes, um profeta poderia ser chamado: amado e favorecido por Deus, mas nunca foi chamado assim como se fosse um nome próprio. Aqui vemos, que Maria é chamada assim por ela ser um Templo da presença de Deus. E isto só poderia ser porque, como disse o anjo: A sombra do Espírito de Deus estará sobre ti”.
Liturgia da Palavra:
Deus quer a vida para as suas criaturas e não a morte violenta (Gen. 3,9-20) e criou o homem e a mulher para uma vida feliz (Ef. 1,3 -12). Por isso Deus veio restaurar o sentido da vida pelo exemplo de Maria (Luc. 1,26-38).
Reflexão.
A grandeza de Maria está na sua simplicidade e modéstia. Talvez seja exatamente a modéstia, que fez Maria tão grande para nós. Quem lê a Bíblia com fé, encontra em Maria um modelo. Maria foi sempre uma mulher impressionante. “Feliz porque acreditou, o que vai acontecer o que Deus falou”, diz Lucas. Sabemos pouco sobre Maria, mas o pouco que sabemos, é suficiente. É uma mulher, que estava pronta para tudo. Ela sentia, aonde ela devia estar. Já grávida, fez uma caminhada difícil para atender sua parente Izabel, que estava prestes a dar a luz. Não era uma visita obrigatória ou de cortesia, mas ela está simplesmente a disposição, para atender a pessoa que necessita da sua ajuda. “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim conforme a palavra de Deus”. Quando nós dizemos, que ela está cheia de graça, dizemos ainda pouco. Encontrar-se com Maria é uma benção. O dialogo do anjo com Maria é uma riqueza de modéstia e, ao mesmo tempo, de sublimidade.
Resposta à Palavra de Deus.
Convertidos e consagrados a Deus podemos contar com Maria: O senhor fez em mim maravilhas; santo é o seu nome.
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Frei Joseph Chalmers, O.Carm. Ex- Prior Geral
A Regra de Santo Alberto é um documento carismático que está no princípio de todas as formas de vida carmelita. Neste breve texto estão os elementos essenciais do carisma carmelita em sua fase inicial. Estes elementos foram plenamente trabalhados através dos anos seguintes e a tradição carmelita foi enriquecida pelas vidas de um grande número de pessoas e especialmente por nossos santos. Toda pessoa que é chamada a viver de acordo com o modo carmelita dá sua contribuição para a tradição e a transmite para os outros.
Os religiosos carmelitas têm Constituições por meio das quais a Regra de Santo Alberto é aplicada às condições dos dias de hoje. Do mesmo modo, a Ordem Terceira tem a sua Regra. A primeira versão que conhecemos foi publicada em 1675 por Filipe da Visitação. Existem rumores de que, originalmente, ela foi redigida pelo Bem-aventurado João Soreth em 1455, o que é improvável. A atual Regra da Ordem Terceira, como as Constituições dos religiosos, busca fazer a ligação entre o ideal carmelita e a realidade atual daqueles que se empenham em vivê-la. Nestes últimos anos houve discussões e estudos, a nível nacional e internacional, com o objetivo de atualizar a Regra da Ordem Terceira. Espero que, em breve, estejamos em posição de apresentar um texto adequado à Santa Sé, para posterior aprovação e publicação.
Por todo mundo existem muitos padres diocesanos e diáconos permanentes que são membros da Ordem Terceira. A vocação deles é diferente da maioria dos leigos. No entanto, para todos os membros, a espiritualidade carmelita é a inspiração na vivência que eles têm da mensagem do Evangelho em sua vida diária.
A Regra da Ordem Terceira define a missão dos leigos carmelitas, que está enraizada no batismo e pelo qual cada cristão partilha no mesmo sacerdócio de Cristo, na sua dignidade real e em seu ministério profético. Os leigos exercem estas funções participando plenamente da vida da Igreja e aplicando os benefícios da liturgia em sua vida diária. Desta forma eles contribuem para a santificação do mundo.
Dentro desta vocação batismal comum, alguns leigos são chamados a participar do carisma de uma família religiosa particular. Professar como membro leigo carmelita é uma repetição intensificada de nossas promessas batismais. Entrando na Ordem eles assumem para si o carisma carmelita, que é profundamente marcado pela oração. Portanto, a oração, tanto litúrgica quanto pessoal, é uma parte vital e integrante da vida do leigo carmelita. A participação, diária se possível, na celebração da Eucaristia, é a fonte da vida espiritual e da fecundidade apostólica. O ofício divino, como uma partilha na oração de Cristo, é encorajado pelo leigo carmelita e também é uma fonte de grande ajuda na jorna espiritual. A oração pessoal é vital para a vida dos leigos carmelitas e os meios tradicionais, encontrados na espiritualidade carmelita, são especialmente enfatizados. Acima de tudo temos a lectio divina, a escuta orante da Palavra do Senhor, que quer nos abrir para um relacionamento íntimo com Deus, em e através de Jesus Cristo. A devoção a Nossa Senhora é marcante para o leigo carmelita, porque ela é a Mãe do Carmelo.
Como todos os carmelitas, o leigo carmelita é chamado a alguma forma de serviço, parte integrante do carisma dado à Ordem por Deus. Os leigos têm a missão de transformar a sociedade secular. Eles podem fazer isto de diferentes formas, de acordo com suas possibilidades. O grande exemplo para a ação profética é Elias, cuja atividade se origina numa profunda experiência de Deus.
A fraternidade também é um elemento essencial do carisma carmelita. Os leigos carmelitas podem criar comunidade de várias formas: em suas próprias famílias, onde a igreja doméstica pode ser encontrada; em suas paróquias, onde cultuam a Deus com os demais paroquianos tomando parte plenamente nas atividades da comunidade; em sua comunidade carmelita leiga na qual encontram apoio para a jornada espiritual; no local de trabalho e no lugar onde moram. Estes últimos necessitam do testemunho daqueles que estão comprometidos com o amor ao próximo, como Cristo nos ensinou, contribuindo assim para a transformação do mundo de acordo com o plano de Deus.
A contemplação é o que cimenta os outros elementos do carisma. Como todos os membros da Família Carmelitana, os leigos carmelitas são chamados a crescer no relacionamento com Cristo até se tornarem seus amigos íntimos e, como tais, ser uma poderosa influência transformadora no mundo. A assistência tradicional para o desenvolvimento da contemplação está muitas vezes ausente de nosso mundo, que é marcado pela atividade frenética. Portanto, os leigos carmelitas devem encontrar tempo, para deixar de lado os cuidados da vida diária por um instante e permitir que Deus fale a seus corações em silêncio. Fortalecidos por este alimento, eles podem continuar sua jornada e olhar para o mundo com novos olhos. Os contemplativos podem ver a presença de Deus em situações improváveis. Deus sempre nos precede e está presente em qualquer situação antes de chegarmos. É nosso dever descobrir a presença de Deus nas coisas que nos rodeiam e proclamar esta presença para nosso mundo.
*RUMO À TERRA DO CARMELO: UMA CARTA DO PRIOR GERAL PARA FAMÍLIA CARMELITANA POR OCASIÃO DO 550º ANIVERSÁRIO DA BULA “CUM NULLA”
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“Os Políticos corruptos são a praga daninha da sociedade. Consciência, minha gente! Não eleja ou reeleja corruptos. Não seja conivente com os canalhas”. Frei Sílvio Ferrari, Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, Vicente de Carvalho, Rio de Janeiro. Fonte: Facebook (www.facebook.com/freipetros)
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Frei Joseph Chalmers O. Carm. Ex- Prior Geral
Recordem-se da experiência de Elias. Apenas obteve a vitória para Yahvé, a rainha Jezabel o ameaçou e imediatamente as preocupações dentro de Elias o desanimaram e foi-se ao deserto, lugar tradicional de silêncio. Deus fala a Elias através do anjo para que possa continuar seu caminho. Elias tem dificuldade para ouvir a voz de Deus no meio de todos seus problemas, pero finalmente é levado até o Horeb. Quando chega, Deus lhe pergunta o que está fazendo. Elias responde que está cheio de zelo pela glória do Senhor, Deus dos exércitos; ele diz a Deus que é o único fiel em todo Israel. Deus não responde a isto, mas que diz-lhe que suba à montanha. Ali, Elias encontra Deus, pero não do modo que ele esperava, nem sequer do modo que sua tradição religiosa lhe havia ensinado a esperar Deus. Elias deve calar todas as vozes internas que lhe dizem que Deus é assim e assado, para poder receber verdadeiramente a Deus. Quando Elias se encontra com Deus, na modo que Deus se manifesta e não como ele esperava, está aberto a escutar a verdade que o livra das ilusões. Ele pensava que Deus necessitava dele porque era o último profeta que restava. Deus responde-lhe que há outros 7000 profetas que não se ajoelharam ante Baal. Então, liberado de suas ilusões, recebe uma nova missão da parte de Deus, que será cumprida por seu discípulo Eliseu, que recebe uma porção dupla do seu espírito.
Na nossa viagem de fé há momentos em que, seja em âmbito individual ou Provincial, somos levados ao deserto. Às vezes caminhamos pelo deserto seguindo a chamada de Deus e, outras, estamos nele por causa das circunstâncias. O deserto é árido e pode ser um lugar espantoso. O quê significa esta experiência? Temos feito o possível para ser fiéis à chamada de Cristo e segui-lo. Temos trabalhado em Paróquias ou Colégios durante muitos anos e, contudo, por algum motivo o futuro nos parece obscuro. Os sacerdotes e os religiosos perderam seu status social na sociedade e vem a tentação de não seguir adiante porque não vale a pena. Deus, então, nos envia um mensageiro. Este mensageiro pode aparecer de qualquer forma e nos anima a comer e beber porque a viagem é longa. Somos convidados a comer o pão da vida e a beber nos poços do Carmelo, quer dizer, na tradição carmelita, que deu vida a tantas gerações antes de nós, e isto por causa da vida nova que está surgindo em muitas partes da Ordem. Talvez estejamos rígidos por demais para reconhecer tudo isto, então o mensageiro de Deus nos anima de novo a comer e beber. É um grande desafio reconhecer o que Deus está nos dizendo em nossa vida diária e, sobretudo, reconhecer a voz de Deus através da voz inesperada de outra pessoa.
Não sei se Deus provoca tudo o que sucede ao nosso redor, porém creio firmemente que Deus está no meio dos acontecimentos, bons ou maus. Deus utiliza tudo, pequeno ou grande, bom ou mau, para desafiar nosso modo normal de estar no mundo, da mesma forma que desafiou Elias para que abandonasse todas as expectativas que tinha sobre o modo como devia ir ao seu encontro. Estas expectativas estavam profundamente enraizadas em Elias e também nossas expectativas estão profundamente enraizada em nós. Antes que podamos receber a Deus, tal como Ele realmente é, temos que aprender a abandonar todas estas coisas. É um processo doloroso, uma verdadeira noite escura, mas essencial, a fim de que possamos chegar à luz do dia e estar preparados para o encontro com Deus.
Nossa tradição carmelita fala de uma viagem de transformação. Os acontecimentos da vida não estão desprovidos de significado. No centro de todo acontecimento, Deus nos está chamando para dar um passo adiante no caminho. Deus nos está chamando a dar um passo adiante em nossa maneira normal de julgar os outros, inclusive nós mesmos e as situações, para começar a ver as coisas da perspectiva de Deus. O fim da nossa viagem é nossa transformação, a fim de estar em condições de ver as coisas como se tivéssemos os olhos de Deus e amar tudo o que vemos como se tivéssemos o coração de Deus. Necessitamos comer e beber porque de outra forma a viagem será demasiada longa para nós. Encontramos o alimento diário para a viagem na celebração da Eucaristia, na meditação da Palavra de Deus e na nossa tradição carmelita.
Nossa fé, esperança e caridade, as três virtudes cristãs fundamentais, estão ao início da nossa viagem, baseadas no que temos aprendido dos outros. Os motivos humanos para crer, esperar em Deus e amar como Cristo mandou, não são suficientes em nossa viagem. Podemos esquecer tudo, pois a viagem é muito precária e o seu final não é certo; podemos recusar o mensageiro e ficarmos onde estávamos ou, podemos continuar a viagem no meio da noite. Um elemento essencial para a nossa viagem para a transformação é a noite escura. Esta nunca foi entendida como algo deprimente ou impossível, mas como um convite para abandonar nossos modos humanos e limitados de pensar, amar e agir, a fim de que podamos pensar, amar e agir segundo os modos divinos.
São João da Cruz descreve de maneira magistral os diversos elementos da noite, mas estes não são iguais para todos. Cada pessoa experimenta a noite de um modo diferente, pois está posta para ajudar ao indivíduo em sua purificação. A noite escura não é um castigo pelo pecado ou pelas infidelidades, mas é um sinal da proximidade de Deus. A noite escura é a obra de Deus e conduz à plena libertação da pessoa humana. Por este motivo teríamos que dar as boas-vindas à noite, a pesar da dor e da confusão. A noite escura não é somente para pessoas individuais, mas para os grupos ou sociedades interas.
A viagem de transformação é habitualmente longa porque a purificação e a mudança da pessoa humana são muito profundas. Esta não é somente uma mudança de idéias ou de opinião, é uma completa transformação em nossa relação com o mundo que nos rodeia, com os outros e com Deus. Existe um provérbio: não julgue nenhuma pessoa até não tenha caminhado um quilômetro e meio com sapatos dela. Jesus disse aos seus seguidores que não julguem e o motivo é muito simples: não podemos ver as cosas da perspectiva de outra pessoa e por isso não conhecemos os motivos de suas ações. O processo de transformação cristã conduz a pessoa humana a uma mudança profunda de perspectiva: do seu ponto de vista, ao ponto de vista de Deus. Isto inclui uma purificação profunda e um esvaziamento de todos os nossos apegos para que possamos ser cheios de Deus.
Certamente devemos planejar e trabalhar para sua realização. Temos de fazer tudo isto numa atmosfera de oração para tratar de discernir a vontade de Deus e não somente o que quer a maioria, ou pior, o que nós queremos fazer de maneira egoísta. Inclusive se oramos antes de tomar as decisões, não há uma garantia de êxito. Sabemos por amarga experiência como surgem problemas para invalidar nossos planos e obstaculizar nossas intenções.
Esta experiência não deve tornar-nos em fatalistas, negando os planos para o futuro porque tememos o fracasso. Temos um chamado a trabalhar com Jesus Cristo para a construção do Reino de Deus. Para chegar a converter-nos em cidadãos do Reino de Deus, temos que mudar. Deus está realizando uma obra prima na vida de cada um de nós e está levando a cabo o seu desígnio de salvação através do nosso trabalho ou do trabalho da Província. Um artista não gosta de mostrar sua obra antes que esteja acabada, por isso não podemos ver o que Deus está fazendo antes do tempo apropriado. Deus está trabalhando em nosso mundo e em nossa vida. Cooperemos com Deus e continuemos a nossa viagem até a transformação. A Virgem nos acompanha nesta viagem como nossa Mãe, Irmã e Patrona. No duvidemos: “Nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais penetrou no coração do homem o que Deus preparou para os que o amam.” (1 Cor. 2,9).
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Frei Joseph Chalmers, O. Carm. Ex- Prior Geral
Vivemos em um mundo belo, mas ao mesmo tempo cheio de muitíssimos problemas. Cada dia lemos notícias terríveis: a pobreza crescente, o mundo que se está destruindo com o consumo dos bens terrenos, a corrupção política, o tráfico de seres humanos, a morte de crianças e o terrorismo. Em muitos outros países a Igreja sofreu por causa dos abusos sexuais praticado por sacerdotes. Isto envergonhou toda a Igreja e os sacerdotes e religiosos sentem-se especialmente envergonhados. Existem problemas, inclusive, em nossa vida comunitária e em nossos apostolados. Talvez a vida comunitária ou a Ordem não são o que havíamos pensado quando ingressamos. Nem sempre respondem a nossas esperanças. Pode ser que pensemos que a Igreja vá em uma direção equivocada. Não desejo abater os ânimos. Quero sim fundamentar o que desejo falar hoje: a esperança profunda que vem de nossa espiritualidade. Somos convidados ao Reino de Deus, porém, para entrar é necessário que nos convertamos.
Nós os carmelitas, como todos os cristãos, somos chamados a viver no obséquio de Jesus Cristo. Os primeiros carmelitas foram viver na terra do Senhor, donde Jesus viveu, morreu e ressuscitou. Eles tinham a consciência que seguiam as pegadas de Cristo crucificado. Sim, ele ressuscitou, mas primeiro foi crucificado. Por isso a morte e as trevas tem uma papel importante na cristã. Não têm a última palavra, porém existem.
Como sabemos, o coração do carisma carmelita é a contemplação, que é um processo de purificação e transformação através do qual crescemos na relação pessoal com Deus em Jesus Cristo a fim de que vejamos com os olhos de Deus e amemos com o coração de Deus. Somos convidados a uma viagem que nos transformará e nos levará ao mistério de Deus. Esta é o fundamento da nossa esperança, apesar de tudo o que acontece ao nosso redor.
O tema do último Capítulo Geral era “A viagem continua”. O tema da viagem é muito importante em nossa espiritualidade. A Ratio utiliza esta palavra para descrever o movimento de transformação. Quando sentimos que são muitos os problemas, é bom ir ao coração de nossa vocação, do qual temos uma formosa descrição nas Constituições e na Ratio.
A Ratio fala de uma viagem, de um processo de formação, que não acaba com a Ordenação, mas que continua até nossa última transformação. Esta viagem da vida humana transcorre através de experiências boas e más. Muitas vezes estamos metidos numa fossa e necessitamos que alguém nos ajude a sair e continuar nosso viaje. É difícil, às vezes, aceitar que necessitamos ajuda. Há quem negue ter um problema e bote a culpa em todos pelo estado em que se encontra. Não quer afrontar seus problemas e então nega o que está claro para os demais. Estas pessoas podem criar muitas dificuldades aos outros membros da comunidade. Freqüentemente não queremos enfrentar o problema e aceitamos uma vida que não funciona e igualmente uma comunidade que não funciona. A Igreja em nossos dias está sofrendo por problemas que não se resolveram no passado.
Pode parecer, às vezes, que no há uma direção, mas que tudo é um destino cego. Muita gente vive assim na prática, mesmo quando professam algum tipo de religião. Segundo a fé cristã, há um movimento, contudo não estamos girando às cegas e sem por que. É necessária a fé para a viagem da transformação. A fé não é somente a aceitação intelectual de uma verdade revelada; é uma eleição vital feita a cada dia e, muitas vezes, contra as aparências que vão contra a fé. Para continuar a viagem até o final, é necessário crer que Deus está próximo de nós, está em nós, apesar do que sintamos e vejamos. Segundo o famoso exemplo dado por Santa Teresa de Ávila, Deus vive no centro do nosso ser e a viagem da fé se faz da periferia ao centro. Podemos sentir-nos afortunados por ter São João da Cruz e Santa Teresa como membros da nossa família; eles se formaram na tradição carmelita, da qual tomaram os elementos tradicionais e os reelaboraram de uma maneira profunda. Santa Teresa descreve o interior do ser humano como um formoso castelo com moradas fascinantes. A morada mais bela se encontra no centro, onde vive o Rei, Deus mesmo. Fora do castelo é perigoso estar, pois há muitas emboscadas. Muitas pessoas vivem fora do castelo e não tem consciência do seu estado lastimável. A porta do castelo é a oração, quer dizer, a comunicação com Deus. Muitas vezes a oração não é uma comunicação com Deus. Pode que seja uma conversa consigo mesmos ou sonhar acordado. Devemos, então, buscar um método de oração que nos abra verdadeiramente à comunicação com Deus. A Lectio Divina nos leva ao contato com a Palavra de Deus e nos abre à presença divina e a sua ajuda é transformadora. A Lectio Divina fortaleceu a vida carmelita durante muito tempo e foi redescoberta em nossos dias.
Quando se entra no castelo, há muitas moradas por ver o explorar. Muitas vezes temos que nelas entrar e a elas regressar. Estas moradas são importantes, porém não são o final da viagem. Sem o conhecimento próprio, não avançaremos muito. Santa Teresa diz que a humildade é muito importante e, segundo ela, a humildade significa conhecer-se a si mesmo e aceitar esta verdade. Como é difícil conhecer e aceitar a verdade acerca de si mesmo! Hoje existe todo tipo de ajudas de tipo terapêutico no campo da psicologia; espero que possamos utilizar estas ajudas como uma base para o conhecimento de nós mesmos para crescer e entrar em nosso interior. Ao crescer na relação com Deus, crescemos também na relação com os demais. É uma ilusão pensar que temos uma ótima relação com Deus quando tratamos os demais com pouco respeito.
A maioria chega às terceiras moradas bem rápido, mas Santa Teresa põe o acento num problema muito sério. Muitos chegam a esta etapa, contudo não continuam a viagem. O motivo é que se sentem satisfeitos e não vêem necessidade de um esforço ulterior. O problema é que este estágio é bom. Os que aqui chegam são bons, mas sua vida religiosa guia-se por um sentido comum e jamais serão tentados a ir mais adiante. Entretanto, a viagem é longa e é preciso seguir caminhando.
Para continuar a viagem necessitamos um pequeno impulso de vez em quando. Recordam-se da cena em que Elias sentou-se embaixo de uma árvore e desejou a morte. Deus tinha um plano concreto para ele e este plano poderia ser obstaculizado se Elias no continuasse sua viagem. Por isso Deus lhe envia um anjo. Este mensageiro divino anima a Elias dando-lhe de beber e comer. O anjo repetirá este processo antes que Elias se levante e retome sua viagem. Não temos uma resposta fácil para os problemas do mundo. É um insulto e uma blasfêmia dizer a uma pessoa que está com um problema sério ou com uma enfermidade, qual é a vontade de Deus. Não sabemos porque as coisas desagradáveis acontecem com gente boa, ou simplesmente, porque o que acontece é já um mistério. Quando Jesus foi crucificado, experimentou a ausência de Deus e, em nossos dias, esta parece ser a experiência comum. Deus parece que está ausente de nosso mundo moderno. Muitas pessoas, inclusive crentes, parecem ateus na prática pois vivem como se Deus não existisse, mesmo quando vão à missa aos domingos.
Onde está Deus presente no meio dos nossos problemas? Nossa fé nos assegura que Deus não está ausente da nossa vida. Isto seria o inferno. Contudo, devemos aprender a discernir a presença de Deus em meio a sua aparente ausência. Temos que aprender uma nova linguagem, a linguagem de Deus. Nosso irmão São João da Cruz nos diz:
“Uma palavra pronunciou o Pai, que foi seu Filho, e esta fala sempre no eterno silêncio, e em silêncio deve ser escuta pela alma.” (Ditos de luz e amor, 104)
Temos que cultivar um silêncio profundo dentro de nós a fim de que possamos escutar o que Deus quer nos dizer. Temos que escutar Deus na oração, porém também nos acontecimentos da vida diária. Temos tanto ruído dentro de nós que, às vezes, não podemos escutar ou discernir qualquer outra coisa. Este silêncio deveria ser co-natural a nós carmelitas ou ao menos o desejo do silêncio. Isto não é uma ascética, nem tampouco o silêncio exterior. É um silêncio interior para discernir a presença de Deus em meio às situações mais inverossímeis, a fim de que possamos prosseguir a nossa viagem com esperança.
Necessitamos reconhecer os ruídos que existem dentro de nós: comentários sobre os outros, sobre os acontecimentos e sobre nós mesmos. Quando estamos conscientes deste nosso ruído interior, podemos começar a purificar-los para que não infeccione tudo o que fazemos, pensamos ou dizemos. Se prosseguirmos esta viagem, afrontaremos nossos preconceitos, nossos medos irracionais e nossas presunções. Esta experiência não é para enrijecer-nos, mas para ajudar-nos a ser livres.
Necessitamos cultivar o silêncio interior para que possamos estar conscientes de que Deus nos está falando através de um humilde mensageiro. Se não há silêncio dentro de nós, sempre vamos atrás dos nossos pensamentos e jamais entendemos o que ocorre em torno a nós. É interessante fazer uma experiência de silêncio com algum grupo. Depois de alguns momentos, alguém começa a tossir, outro se move na cadeira, outro rasga um papel. Muitos de nós não nos sentimos cômodos quando há silêncio exterior. Nos despertamos pela manhã com o som do rádio. Trabalhamos numa atmosfera de ruído, não temos tempo para pensar. Temos uma fita cassete interior ou um CD interno que nos faz um comentário de tudo o que ocorre durante o dia. Os comentários deste disco estão baseados sobre a nossa perspectiva particular, que naturalmente está a nosso favor. Por instinto nos defendemos quando nos sentimos atacados ou buscamos a estima ou aceitação dos outros. Habitualmente aceitamos isto, sem nos dar conta do que ocorre dentro de nós. É um ruído constante que nos impede de escutar qualquer outra voz. A viagem da fé nos conduz ao pleno dia e também a vales escuros. Deus utiliza todos os acontecimentos da vida, bons ou maus, como instrumentos para nossa purificação, que é essencial para que cheguemos a ser aquilo para quê Deus nos criou. Temos que fazer este esforço para distinguir a mão de Deus; este discernimento é muito fácil se calamos a barafunda interior e ouvimos a voz de Deus que nos fala através da brisa suave ou, como dizem alguns exegetas, através do som de um silêncio total.
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*Frei Joseph Chalmers O. Carm. Ex- Prior Geral
No 550º aniversário da Bula Cum Nulla, também celebramos a incorporação dos leigos à Família Carmelitana. A grande maioria de leigos carmelitas pertencem ao que ainda é geralmente chamado de “Ordem Terceira”. Os termos “Primeira”, “Segunda” e “Terceira” são tirados da Ordem Servita do começo do século XVI. Eles nunca tiveram a intenção de fazer referência a uma hierarquia, mas simplesmente refletiram a realidade histórica de que alguns grupos foram fundados oficialmente antes de outros.
Em algumas Províncias, os membros da Ordem Terceira são chamados pelo nome genérico de “leigos carmelitas”, apesar deste termo cobrir muitas outras realidades e grupos. Em diversos países existem antigas Fraternidades e Confraternidades Carmelitas. Também existem muitos grupos novos surgindo em várias partes do mundo. Estes novos grupos dão testemunho da energia criativa que existe dentro da Ordem. Não devemos esquecer, é claro, dos milhões de pessoas que usam o escapulário de Nossa Senhora do Monte Carmelo. O caminho carmelita tem inspirado muitos leigos pelo mundo a viverem o Evangelho de forma profunda e, às vezes, heróica.
Quero enfocar particularmente nesta carta os membros da Ordem Terceira, ou qualquer que seja o termo usado em diferentes países. Acredito fortemente que os leigos carmelitas, no sentido de membros da Ordem Terceira, têm uma verdadeira vocação e são portadores de um carisma carmelita para os outros assim como os frades, as monjas e as irmãs.
Os elementos principais do carisma carmelita são bem conhecidos: oração, fraternidade e serviço. Estes três elementos são cimentados pela contemplação. Acima de tudo, os carmelitas são chamados a seguir Jesus Cristo e a viver o Evangelho na vida diária. Em nosso seguimento de Cristo, somos inspirados por duas figuras bíblicas: Nossa Senhora e o Profeta Elias. Todo carmelita, religioso ou leigo, é chamado a viver este carisma. O modo como juntamos estes elementos vai variar de acordo com nossa situação na vida. Os leigos devem viver o carisma carmelita precisamente como leigos. Jesus disse que não estava pedindo ao Pai para tirar seus amigos do mundo, mas para guardá-los do Maligno (Jo 17,15). Todos os carmelitas estão no mundo de alguma forma, mas a vocação dos leigos é precisamente transformar o mundo secular.
*RUMO À TERRA DO CARMELO: UMA CARTA DO PRIOR GERAL PARA FAMÍLIA CARMELITANA POR OCASIÃO DO 550º ANIVERSÁRIO DA BULA “CUM NULLA”. 25 de maio de 2002. Festa de Santa Maria Madalena de Pazzi
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No último sábado (2) houve a chegada oficial do novo bispo de Campina Grande, Dom Dulcênio Fontes de Matos.
Momentos antes da celebração civil de recepção, Dom Antônio Muniz [foto], Arcebispo de Maceió, deixou um recado de boas-vindas para Dom Dulcênio.
“Na qualidade de arcebispo metropolita da província eclesiástica de Maceió, e também na condição de paraibano do Sertão da Paraíba, ficamos felizes. É daqui da Princesa, da Rainha da Borborema e Príncipe também do Cariri que fazemos parte do serviço aos pobres da Paraíba. Fico muito feliz na qualidade de paraibano e de metropolita”, frisou.
Já Dom Manoel Delson, Arcebispo da Paraíba, também deixou sua mensagem de recepção:
“Quero expressar a minha alegria e satisfação em acolher Dom Dulcênio como oitavo bispo de Campina Grande. Venho para acolher aqui na Paraíba […] Estamos cumprindo a nossa missão de receber com felicidade e alegria sabendo que ele vai fazer um grande pastoreio”, destacou.
Em primeiro contato com a imprensa campinense, Dom Dulcênio Fontes de Matos, frisou que dará continuidade ao trabalho em Campina Grande.
“Cada igreja tem sua maneira e seu jeito de ser. De uma coisa é certa: vou conhecer as comunidades, os padres e vou também aprofundar esse trabalho que Dom Delson já tinha começado. A princípio não teremos mudanças, daremos continuidade”, disse o novo bispo. Dom Dulcênio contou que trará jornadas da juventude e a respeito de polêmicas da Igreja, ele afirmou:
“Sempre agindo conforme a igreja nos pede, não vamos tolerar e seremos os primeiros a agir. Quanto a corrupção, não só o bispo, mas sim a comunidade toda deve combater”, pontuou. Fonte: https://paraibaonline.com.br
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