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Por Ricardo José Torres
Publicado originalmente no site objETHOS, sob o título "Privacidade sob ataque: O álibi do terrorismo olímpico",
A maior parte das medidas adotadas pelo governo interino de Michel Temer é assustadora. Dentre a sequência devastadora de ações atabalhoadas destacam-se as ameaças de “terrorismo” nas Olimpíadas. Os desdobramentos da Operação Hashtag, primeira ação da Polícia Federal após a sanção da Lei Antiterrorismo (Lei 13.260 sancionada por Dilma Rousseff em 16 de março de 2016), clarearam um cenário ameaçador onde integrantes do governo buscam protagonismo político no tratamento de questões políticas extremamente complexas e perigosas. Entretanto, os aspectos mais preocupantes dos fatos estão relacionados com o desrespeito aos direitos civis e à complacência da maior parte dos veículos de comunicação diante dos atos de Estado obscuros.
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e o da Defesa, Raul Jungmann, transformaram a operação “sigilosa” em um verdadeiro “palanque”. Os ministros denotaram uma intenção clara de autopromoção e oportunismo que foi disseminada pela maioria dos meios de comunicação de forma apática e acrítica. A partir de versões desencontradas, declarações desnecessárias e desequilíbrio evidente, Jungmann chegou a chamar os atos dos supostos terroristas de “porralouquice” e Moraes classificou o grupo como absolutamente amador e sem nenhum preparo. Para além da falta de mensuração das consequências danosas dessas informações pode estar a constituição de um álibi para instauração do vigilantismo no Brasil.
De acordo com Silveira (2016), a internet encontra-se sob ataque e os aparatos de segurança e de justiça agem cada vez mais de modo extremo e hiperdimensionado. “Seus expoentes clamam pelo fim das restrições ao acesso das autoridades aos dados armazenados pelos cidadãos e pela possibilidade de interceptação plena da comunicação em rede. Sem isso, dizem, não poderão enfrentar os quatro cavaleiros do infoapocalipse: o terrorismo, o tráfico de drogas, a pedofilia e a lavagem de dinheiro” (SILVEIRA, 2016, online). Para o autor, esse descabido grau de vigilância não reduzirá os crimes, apenas tornará a democracia mais frágil e os cidadãos mais cerceados.
Algumas informações que estão em torno da Operação Hashtag denunciam que ações de vigilância estão em curso no Brasil. Em entrevista ao portal G1, o procurador da República Rafael Brum Miron, responsável pela operação, afirmou que as investigações que prenderam os suspeitos de ligação com o Estado Islâmico começaram com um alerta do FBI. Para Assange (2013), a vigilância não constitui um problema apenas para a democracia e para a governança, mas também representa um problema geopolítico. “A vigilância de uma população inteira por uma potência estrangeira naturalmente ameaça a soberania. Intervenção após intervenção nas questões da democracia latino-americana nos ensinaram a ser realistas” (p. 18). As atividades “terroristas” foram monitoradas em aplicativos (Whatsapp e Telegram) que usam sistemas de criptografia. Evidentemente, não são apenas os “suspeitos” que estão sendo monitorados de forma permanente.
Artimanhas jurídicas e bloqueio do WhatsApp
Os fatos que envolvem o terrorismo olímpico estão alinhados a uma série de outros indicativos que apontam para a instauração de ações de vigilância orientadas por uma perspectiva conservadora do Estado. Esta perspectiva ataca na prática a democracia e liberdades essenciais como, por exemplo, a liberdade de expressão e comunicação. No Brasil, o WhatsApp já sofreu punições e foi suspenso em três oportunidades por descumprir decisões judiciais de interceptação de mensagens trocadas pelo aplicativo. No último bloqueio, que ocorreu no dia 19/07/2016, a juíza Daniella Barbosa Assumpção de Souza, da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias, questionou o uso da criptografia afirmando que ela não pode ser um escudo protetivo para práticas criminosas que, com absurda frequência, desenvolvem-se através de conversas, trocas de imagens e vídeos compartilhados no aplicativo. Os argumentos da juíza indicam o consentimento de ataques ao direito dos cidadãos à privacidade e ao acesso irrestrito a vida e à comunicação dos indivíduos.
Fuchs (2011) descreve a vigilância como um tipo específico de recuperação de informação, armazenamento e processamento, avaliação e uso que envolve dano potencial ou real, coerção, violência, relações de poder assimétricas, controle, manipulação, dominação, poder disciplinar. Esses aspectos podem gerar benefícios para certos grupos de interesse à custas de outros grupos ou indivíduos. “A vigilância está baseada numa lógica de competição. Ela tenta fazer florescer ou evitar certos comportamentos de grupos ou indivíduos reunindo, armazenando, processando, difundindo, avaliando e usando informação sobre seres humanos de forma que a violência física, ideológica ou estrutural, potencial ou real, pode ser direcionada aos humanos de forma a influenciar seu comportamento” (p. 129).
No Brasil, a intimidade é um direito fundamental previsto na Constituição Federal e a privacidade está entre os direitos e garantias fundamentais de todos os cidadãos, lembra-nos Christofoletti (2015). O autor ainda enaltece que aspectos importantes desses elementos estão ligados à capacidade do indivíduo de se reservar, buscar proteção de ambientes e situações públicas. “Em meio ao cenário de convergência midiática e de intensificação das tecnologias de informação e comunicação, a privacidade ganha novos contornos porque se tornam mais complexas as formas de gerenciamento da vida íntima e da imagem pública. Isto é, existem hoje muitas maneiras de exibir o que antes circulava de forma restrita, aumentando a necessidade de mais cuidados para a preservação dos próprios dados” (p. 128).
Nesse sentido, Castells (2015) destaca que estamos vivenciando uma mudança profunda nas formas de comunicação e nesse cenário a vigilância digital parece ser totalizante. “As nossas vidas estão relacionadas a atividades em meios tecnológicos e nas redes de informação”. Um conjunto de empresas controla e armazena informações privadas que os usuários podem não querer que se tornem públicas. “Não há privacidade nesse macrotexto em que vivemos”. Castells (2015) afirma que a democracia está ameaçada pela vigilância, contudo, existem espaços para ações de contravigilância.
Essas ações estão envolvidas pelas possibilidades dos usuários vigiarem os abusos do Estado, do jornalismo e denunciarem medidas de violação à privacidade por meio de um tipo de vigilância espontânea. Esses atos são impulsionados pelas premissas e pelos espaços de liberdade da internet que devem ser preservados e complementados por ações de autodefesa. A liberdade do ambiente digital está relacionada à possibilidade das pessoas se manifestarem e defenderem a sua privacidade.
Proteção de dados pessoais
Em meio à turbulência política e econômica que o país atravessa, um debate importante está sendo travado no Congresso Nacional: trata-se do Projeto de Lei 5276/16 que regulamenta o acesso a dados pessoais no Brasil. A proposta busca proteger o titular dos dados e favorecer sua utilização dentro de um patamar ético e seguro evitando acessos não autorizados à informações pessoais, em situações acidentais e em casos de uso ilícito de dados particulares. A jornalista do Intervozes, Marina Pita, elencou oito pontos importantes que estão ligados ao debate sobre a privacidade no projeto de lei e enfatizou a importância da sua aprovação para garantir o direito de todo cidadão à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem.
Vivenciamos um momento extremamente importante para a garantia de direitos, para a proteção de nossos dados pessoais e para regulação efetiva de uma política pública que contempla garantias alinhadas com a privacidade dos cidadãos. Além das intenções veladas do poder público, que violam garantias individuais, atualmente convivemos com práticas de entidades privadas que buscam o lucro por meio da exploração do mercado de dados. Todas essas implicações e seus desdobramentos interferem de maneira significativa no ecossistema comunicacional, particularmente, nas atividades jornalísticas e nos parâmetros éticos empregados nesses ambientes comunicacionais.
Referências:
ASSANGE, Julian. Cypherpunks: liberdade e o futuro da internet. São Paulo: Boitempo, 2013.
CASTELLS, Manuel. “Vigilância, privacidade, poder e contra poder na era digital”. In: Palestra em comemoração ao cinquentenário da Universidade do Estado de Santa Catarina – Udesc. 14/05/2015.
CHRISTOFOLETTI, Rogério. Privacidade e Regulamentação do Marco Civil da internet: registros e preocupações. Revista ECO PÓS. v. 18, n. 3, Rio de Janeiro. p. 213-229. 2015. Disponível em:http://migre.me/tcFwN. Acesso em: 01 ago 2016.
FUCHS, Christian. Como podemos definir vigilância?. Matrizes. Ano 5, nº 1. São Paulo. p. 109-136. jul./dez, 2011. Disponível em: http://migre.me/tcDBn. Acesso em: 11 mar. 2016.
SILVEIRA, Sergio Amadeu da. Vigilância abusiva na web não reduz crimes, apenas restringe liberdade. 14/03/2016. Portal UOL. Disponível em: http://migre.me/uxC5e. Acesso em: 01 ago 2016.
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Ricardo José Torres é Doutorando em Jornalismo no POSJOR e pesquisador do ETHOS.
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Período de campanha começa com proibição de faixas, placas e outdoors, além de outras restrições.
Brasília - A partir de hoje, a 45 dias das eleições municipais, a propaganda eleitoral está liberada para candidatos a prefeito e a vereador. Comícios, carros de som, distribuição de material gráfico e campanha virtual estão entre as formas de divulgação que começam nesta terça-feira — os comerciais de televisão e rádio passam a ser veiculados somente no dia 26 de agosto.
Para o pleito deste ano, mudanças na cartilha do Tribunal Superior Eleitoral devem alterar o cenário nas cidades. O próprio tempo de campanha foi reduzido à metade: antes, era de 90 dias. O primeiro turno será no dia 1º de outubro; o segundo, se houver, dia 30. Está proibido o uso de faixas, placas, outdoors, bonecos e objetos afins em ruas e calçadas.
Divulgação
Período de campanha começa com proibição de faixas, placas e outdoors, além de outras restrições
Só é permitida, em vias públicas, propaganda com bandeiras e mesas para distribuição de material — de modo que não atrapalhe o trânsito e a locomoção de pedestres. Os carros envelopados também estão vetados. Candidatos que queiram utilizar automóveis na campanha terão que recorrer a adesivos de até 50 cm x 40 cm ou a microperfurados no para-brisa traseiro.
Propagandas podem ser coladas em propriedades privadas que não sejam de uso comum, mas apenas com adesivos ou papéis que não ultrapassem o limite de meio metro. Não pode haver propaganda em cinemas, clubes, shoppings, templos, ginásios e estádios, por exemplo. E a responsabilidade do candidato não depende de notificação prévia: basta a existência de “circunstâncias que demonstrem o seu prévio conhecimento”, como a própria resolução do TSE. A multa para esta infração pode variar de R$ 2 mil a R$ 8 mil.
O pleito também marca a mudança no financiamento de campanha, que agora só pode ser custeado por doações de pessoas físicas, recursos do Fundo Partidário ou pelo próprio candidato. Para o cientista político Paulo Baía, da UFRJ, as eleições servirão como um “laboratório para controlar o poder econômico”, dado que as normas do TSE pretendem diminuir a influência financeira. Com isso, ele acredita que os candidatos mais conhecidos levem vantagem. “Os outros vão ter que andar muito, distribuir muito santinho”, comenta.
Barulho com restrições
Amplificadores de som são permitidos até as 22h e devem ficar a 200 metros das sedes do Executivo e do Legislativo, de órgãos judiciais, estabelecimentos militares, hospitais e postos, além de escolas, bibliotecas, igrejas e teatros. Carro de som só pode divulgar jingles se estiver em locomoção e desde que obedeça ao volume máximo de 80 decibéis. O descumprimento pode acarretar apreensão do material, cassação do registro e declaração de inelegibilidade.
Comícios devem ocorrer dentro do horário determinado pelo TSE, das 8h à 0h, exceto no encerramento da campanha, quando podem ir até as 2h do dia seguinte. Em caso de descumprimento, a multa vai de R$ 5 mil a R$ 25 mil. Reportagem do estagiário Caio Sartori. Fonte: http://odia.ig.com.br
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Liminar do desembargador federal Marcello Granado permite manifestações pacíficas, por meio da exibição de cartazes e uso de camisetas ou por outros meios que não perturbem a paz no evento; Granado destacou que a própria Lei 13.284/2016, que trata dos Jogos Olímpicos, ressalva "o direito constitucional ao livre exercício de manifestação e à plena liberdade de expressão em defesa da dignidade da pessoa humana"; Comitê Rio 2016 havia entrado com recurso para tentar impedir os atos de Fora Temer durante a Olimpíada.
A Justiça Federal negou recurso ao Comitê Rio 2016 e manteve a liberação dos protestos políticos nas arenas esportivas. A decisão é do desembargador federal Marcello Granado, presidente da 5ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da Segunda Região (TRF2), e foi divulgada nesta segunda-feira (15) pela assessoria do tribunal.
O desembargador negou pedido do Comitê Rio 2016, que pretendia cassar a liminar que assegura o direito a manifestações públicas de cunho político nos locais de competição.
A liminar, que permite a pessoas presentes nos estádios realizar manifestações pacíficas, através da exibição de cartazes e uso de camisetas ou por outros meios que não perturbem a paz no evento, foi concedida pela primeira instância da Justiça Federal, em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal contra a União, o estado do Rio de Janeiro e o comitê.
Na ação, o MPF informou que torcedores estariam sendo obrigados a retirar e guardar camisetas e cartazes com mensagens políticas, chegando, em alguns casos, a haver a expulsão dos manifestantes dos estádios.
Na decisão, Marcello Granado destacou que a própria Lei 13.284/2016, que trata dos Jogos Olímpicos, ressalva "o direito constitucional ao livre exercício de manifestação e à plena liberdade de expressão em defesa da dignidade da pessoa humana".
O desembargador também rebateu o argumento de que as manifestações populares que vinham sendo coibidas seriam de apologia racista, xenófoba ou de outra forma de discriminação. O Comitê foi procurado para se posicionar sobre a decisão do TRF2, mas não se pronunciou até a publicação da matéria.
Fonte: http://www.brasil247.com
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Era uma vez um Ano Eleitoral, onde candidatos e candidatas prometiam fazer milagres para resolver todos os problemas daquela pobre cidade. Por sua vez, muitos eleitores se deixaram seduzir pelas promessas faraônicas e, fascinados pela oratória dos maquiavélicos políticos, acabaram votando nas promessas “sem pé e sem cabeça”. Mas a Eleição passou, e agora José?...
*Leia na íntegra. Clique aqui:
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Dom Paulo Mendes Peixoto, Arcebispo de Uberaba
Uma grande parte do povo do Triângulo Mineiro, em agosto, cultua Nossa Senhora da Abadia, com uma devoção popular muito consistente e arraigada nos fatos da tradição católica. Neste ano está coincidindo com o momento agitado das eleições municipais que se aproximam. Momento muito difícil, porque ninguém tem a chamada “estrela na testa” para confirmar sua identidade de vida.
As marcas políticas perpassam por todos os tempos da história. Não foi diferente nos relatos bíblicos no período de vida da Mãe de Jesus Cristo, que tem entre nós o título de Nossa Senhora da Abadia. Ela viveu no governo do rei Herodes, tendo que fugir para o Egito, juntamente com José, na defesa do Filho, politicamente perseguido pelas arbitrariedades e politicagem do rei.
Mas o devoto de Nossa Senhora da Abadia, além de ser cristão, ele é cidadão. Nas palavras do Papa Francisco, os leigos e as leigas cristãos devem trabalhar na política, porque ela é uma das formas mais altas da prática da caridade, principalmente por realizar o bem comum. O Papa diz que a política está suja porque os cristãos não querem se envolver com ela, e simplesmente se omitem.
A paz é fruto de uma ação política dentro dos parâmetros do Evangelho, de honestidade e justiça. Não é hora de jogar a culpa nos outros pelos erros cometidos, mas de pensar o que estamos fazendo para que o caminho seja diferente. Não basta pedir a intercessão de Nossa Senhora da Abadia. A mudança vai depender da autenticidade de cada cidadão na hora de escolher e votar no seu candidato.
Mesmo com todo o progresso do Brasil dos últimos tempos, parece que os nossos sonhos estão frustrados. Perdemos a confiança nos nossos representantes. Mas teremos que escolher outros, porque as eleições municipais estão aí. Será que vamos continuar errando, assumindo as consequências de uma escolha mal feita, muitas vezes realizada com irresponsabilidade e sem critério de discernimento?
Jesus entendia o poder como serviço. Todo serviço em benefício do outro é uma ação política, porque é a realização do bem comum. A visita de Maria a Isabel foi um ato político, um ato de solidariedade, com um único objetivo, o bem de sua prima Isabel. A política hoje se transformou num poder-profissão, tendo como meta principal o bem próprio, acima do bem comum para todos.
Fonte: http://www.cnbb.org.br
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Justiça Federal do Rio já liberou protestos políticos nos jogos
BRASÍLIA – Os ministros Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticaram nesta terça-feira a proibição nas arenas da Olimpíada de torcedores que levarem cartazes com protestos políticos. Para Marco Aurélio, essa medida caracteriza censura. A Justiça Federal do Rio já liberou a presença dos manifestantes na Olimpíada. O Comitê Rio-2016, no entanto, anunciou que recorreu da decisão judicial.
— Sou a favor da liberdade de expressão. Evidentemente não podemos ter censura nesse campo. Nós só avançamos culturalmente mediante a espontaneidade maior. Creio que estamos indo bem no que o colega deu uma liminar para afastar na retirada das pessoas que eventualmente levantem placa neste ou naquele sentido. Ou seja, é salutar o período em que a população participa da vida política do país. Qualquer proibição no campo da liberdade de expressão é censura — declarou Marco Aurélio.
Gilmar explicou que o Comitê Olímpico Internacional (COI) tem seus próprios critérios para lidar com conflitos. A medida seria importante para evitar situações radiais – como a xenofobia ou o uso de um cartaz com objeto que possa servir de arma para agredir outra pessoa. No entanto, ele ponderou que a liberdade de expressão não pode ser cerceada nos jogos.
— Realmente não faz sentido proibir-se a manifestação de pessoas em prol da causa, ou contra a causa. Se, de fato, se estabeleceu que não poderia haver manifestação de nenhuma índole nos estádios, certamente quem negociou e depois aprovou isso extrapolou determinados limites — afirmou.
Para Gilmar, a proibição de manifestantes só faz sentido se for feita com base na segurança do público.
— Enquanto a questão envolver segurança, a mim me parece que se justifica que alguém não possa colocar um cartaz que tenha uma madeira, porque daqui a pouco estará ofendendo a integridade física de outro. Mas uma manifestação escrita numa camisa, ou coisa do tipo, não faz sentido que alguém determine que o seu portador tenha que retirá-la ou coisa do tipo — opinou.
Fonte: http://oglobo.globo.com
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As cenas lembram as sombras em que o Brasil viveu sob a ditadura militar, e perigosamente, ameaçam extrapolar os estádios e se naturalizarem na vida cotidiana. A repressão da segurança dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro às manifestações contra o presidente golpista Michel Temer tem sido tão truculenta quando evidente e já chama a atenção da imprensa internacional.
Segundo reportagem do jornal The New York Times, as expulsões de brasileiros que se manifestaram contra o impeachment durante os Jogos Olímpicos no Rio levantam o debate sobre os limites da liberdade de expressão no Brasil.
Entre os episódios lamentáveis de censura lembrados pelo jornal está o da retirada forçada de um homem que protestava na arquibancada de uma competição de tiro, o que provocou indignação entre os espectadores que testemunharam o caso. A justificativa para a expulsão do manifestante foi de que o cidadão “perturbou a concentração dos atletas”.
Porém, como lembra a matéria, ocorreram diversas manifestações em outras competições olímpicas que não mereceram a mesma atuação repressiva das forças de segurança.
O Washington Post as denúncias sobre a censura aos manifestantes e chama a atenção para a forte carga que acompanha a expressão censura – “uma palavra que tem conotações amargas em um país que viveu sob uma ditadura militar 1964-1985”, de acordo com o jornal. A reportagem também relata os casos de brasileiros que foram expulsos dos seus lugares durante os jogos pela polícia porque protestavam contra Temer. Fonte: http://www.ptnosenado.org.br
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Ministro da Justiça do governo Dilma garante que Lei Geral das Olimpíadas “deixa bem claro que há direito de manifestação”
Os atos de censura e a repressão a quem tem se manifestado contra o governo golpista de Michel Temer durante dos Jogos Olímpicos Rio 2016 não estão amparados pela Lei Geral das Olimpíadas, sancionada em 10 de maio de 2016 pela presidenta eleita Dilma Rousseff.
É o que garante o ministro da Justiça do governo eleito, Eugênio Aragão. “A lei não dá guarida a esse tipo de proibição. A lei deixa bem claro que há direito de manifestação, em seu artigo 28, parágrafo primeiro”, afirma. O trecho da lei a que se refere o ministro estabelece: “É ressalvado o direito constitucional ao livre exercício de manifestação e à plena liberdade de expressão em defesa da dignidade da pessoa humana”.
A mesma lei proíbe “ostentação de cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, de caráter racista ou xenófobo ou que estimulem outras formas de discriminação”, assim como veda “entoar xingamentos ou cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos”.
Para Aragão, manifestações de cunho político, como gritar ou levantar cartazes com ‘ Fora Temer’, não se enquadram nas proibições da Lei das Olimpíadas. Além do ministro da Justiça do governo Dilma, parlamentares também tem repudiado os atos de censura e repressão contra quem se manifesta politicamente durante os Jogos.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) enfatizou que a lei, em nenhum momento, proíbe a livre manifestação em eventos esportivos. “Pelo contrário, reforça a liberdade e o direito de se manifestar”. Fonte: http://www.pt.org.br
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Jornal GGN - Está na Constituição, mas o comitê organizador da Rio 2016, com anuência do Ministério da Justiça, decidiu ignorar o direito à liberdade de expressão e proibiu cartaz, camiseta, faixa ou qualquer outro item usado em manifestações políticas, tudo para proteger o presidente interino Michel Temer. Nas redes sociais, já circulam vídeos de torcedores abordados por oficiais que ameaçaram dar voz de prisão a quem se atrever a continuar cobrando a saída de Temer da cadeira conquistada através do processo de impeachment.
Num dos vídeos, um agente identificado como "capitão Fabiano" diz a uma mulher que ostentava camiseta e cartazes com os dizeres "Fora Temer" que ele "não tem partido" e a política nacional, para ele, "não faz a menor diferença". Mas, por lei, todos os policiais que trabalham na Olimpíada do Rio é obrigado a vedar "manifestações ideológicas" nos estádios. "Pode me filmar à vontade. Se a senhora quiser, eu mostro a lei para a senhora", disse. A mulher respondeu que considerava aquele ato uma "censura", ao que o policial respondeu "Senhora, eu não faço a lei."
Tentada a resistir à repressão, a senhora pergunta o que vai acontecer se ela não quiser guardar o cartaz. "Eu posso lhe prender por desobediência, que não é o que eu quero. Eu avisei para a senhora que [o protesto] é contra a lei. Se a senhora continuar levantando o cartaz, a senhora já sabe."
Indignada, a mulher quis saber qual o problema em gritar Fora Temer, se isso, para ela, é exercer seu direito à liberdade de expressão. O policial rebateu: "É vedado mensagem ofensiva."
Em seguida, ele diz que foi orientado a coibir qualquer ato de protesto, pois caso contrário, ele poderia sofrer sanções. "Tem um crime chamado prevaricação. Se eu presenciar um crime e não tomar uma atitude, o criminoso sou eu."
Em outro vídeo, gravado no jogo da seleção brasileira feminina de futebol contra a China, no dia 3 de agosto, outro grupo é proibido de protestar contra o interino Temer.
"Se você se manifestar com uma faixa 'Fora Temer', nós vamos tomar a faixa. Dentro do estádio não pode. Não vou discutir com você. Você está avisado. Coloca [a faixa] de novo para você ver se não te prendo", ameaçou outro agente a serviço da Rio 2016.
REGRAS SÃO SOBREPOSTAS À CONSTITUIÇÃO
Foi nesta semana que o comitê organizador da Rio 2016 anunciou que decidiu editar algumas regras para os torcedores. No ato da compra de ingressos, eles são avisados de que é proibida a entrada de “qualquer item que possa ser utilizado para realização de protestos na instalação”, como faixas e cartazes de protestos, além de "cordas, algemas, apitos e megafones", e "itens de cunho político, religioso ou outros temas que possam ser utilizados para causar ofensa ou incitar discórdia”.
Disse a secretaria responsável por grandes eventos do Ministério da Justiça de Temer, capitaneado por Alexandre de Moraes, que as regras editadas para a Rio 2016 estão "de acordo com a lei federal 13.284", pois o "artigo 28 da lei afirma que não será permitido nos locais oficiais 'portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, de caráter racista ou xenófobo ou que estimulem outras formas de discriminação'.
Mas, como se vê, a Rio de 2016 não baniu apenas "formas de discriminação" e "mensagens ofensivas". O comitê banil qualquer manifestação ideológica.
REGRAS SÃO SOBREPOSTAS À CONSTITUIÇÃO
Foi nesta semana que o comitê organizador da Rio 2016 anunciou que decidiu editar algumas regras para os torcedores. No ato da compra de ingressos, eles são avisados de que é proibida a entrada de “qualquer item que possa ser utilizado para realização de protestos na instalação”, como faixas e cartazes de protestos, além de "cordas, algemas, apitos e megafones", e "itens de cunho político, religioso ou outros temas que possam ser utilizados para causar ofensa ou incitar discórdia”.
Disse a secretaria responsável por grandes eventos do Ministério da Justiça de Temer, capitaneado por Alexandre de Moraes, que as regras editadas para a Rio 2016 estão "de acordo com a lei federal 13.284", pois o "artigo 28 da lei afirma que não será permitido nos locais oficiais 'portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, de caráter racista ou xenófobo ou que estimulem outras formas de discriminação'.
Mas, como se vê, a Rio de 2016 não baniu apenas "formas de discriminação" e "mensagens ofensivas". O comitê banil qualquer manifestação ideológica.
A lei desvirtuada para dar à mensagem "Fora Temer" o caráter ofensivo foi sancionada por Dilma Rousseff em 10 de maio de 2016, dias antes de a presidente ser afastada do cargo pelo Senado, que decidiu acolher o impeachment.
Parte das regras foi editada justamente para garantir o exercício da democracia durante a Olimpíada no Rio, deixando claro que a ideia era coibir discurso de ódio e ataques às minorias.
Dilma assinou a lei com uma passagem que garante a liberdade de manifestação. É o inciso primeiro do artigo 28: "É ressalvado o direito constitucional ao livre exercício de manifestação e à plena liberdade de expressão em defesa da dignidade da pessoa humana."
CENSURA É VIOLAÇÃO À CONSTITUIÇÃO
Em entrevista ao GGN nesta sexta (5), o criminalista William Cesar Pinto de Oliveira, professor de direito penal e direito processual penal, avaliou que as manifestações são “legítimas, têm amparo na Constituição, que assegura a liberdade de manifestação e de pensamento.”
“Até do ponto de vista histórico, sempre houve associação entre eventos esportivos e políticas. Esporte é uma manifestação cultural que não pode ser desassociado do momento político. Impedir que pessoas se manifestem em eventos esportivos, para que o mundo não tenha conhecimento do que ocorre aqui dentro, da satisfação ou insatisfação com determinado governo ou regime político, não é da essência da cultura e desses eventos esportivos. Cercear isso viola essa liberdade de manifestação e de expressão.”
Para Oliveira, as regras editadas pela Rio 2016 não só confrontam a lei sancionada por Dilma, como "confrontam, de maneira flagrante, a Constituição federal. Não importa o evento esportivo ou político, quando realizado em território nacional, tem que respeitar a Constituição."
Ainda de acordo com o criminalista, o torcedor que tiver seu direito à manifestação podado pode recorrer à Justiça para responsabilizar os autores da censura. "Além do registro simples da ocorrência pelo constrangimento moral, as pessoas podem buscar o Judiciário. Se elas forem retiradas do estádio, por exemplo, por causa de uma camiseta, ou se passar por constrangimento do ponto de vista moral, uma humilhação, as pessoas que deram causa a isso podem ser responsabilizadas civil e criminalmente."
O GGN tentou contato com a assessoria do comitê organizador da Rio 2016, foi informado que a equipe de jornalistas está em campo por conta dos jogos, e não obteve retorno até o fechamento desta edição.
EM TEMPO
Essa semana, também circulou na imprensa que a Rio 2016 elaborou um esquema para afabar as vaias a Temer. A ideia é ligar o som no último volume para que a mídia eletrônica não capture os gritos dos insatisfeitos.
Já o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, deu uma declaração dúbia afirmando que aqueles que ousarem se manifestar politicamente nos estádios estão jogando contra si mesmos. Fonte: http://jornalggn.com.br
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Um grupo contrário à realização dos Jogos Rio 2016 participa de um protesto pelas ruas do entorno do estádio do Maracanã nesta sexta-feira (5), sob forte vigilância da polícia, em uma manifestação.
A estação Afonso Pena do metrô, que vinha sendo usada para chegar ao Maracanã apesar de não dar acesso direto ao estádio, foi fechada por conta da manifestação.
A segurança do metrô informou que, por volta das 18h, a polícia usou bombas de gás para dispersar um grupo de manifestantes que ateou fogo a uma bandeira do Brasil na praça Afonso Pena. Foi possível sentir o cheiro do gás de pimenta dentro da estação. A ação da PM causou revolta em pessoas que estavam próximas ao local, que fica em uma área residencial da Tijuca.
Também houve confusão dentro de uma padaria, que foi danificada pela entrada de manifestantes e da polícia. Um homem foi detido no tumulto.
O esquema reforçado de segurança, devido à presença de dezenas de chefes de Estados e atletas do mundo inteiro, foi montado nas vias de acesso ao estádio, com a presença de homens das Forças Armadas portando fuzis.
Nos arredores do Maracanã, a uma distância de 15 minutos caminhando, manifestantes protestavam com cartazes e gritos de ordem contra os Jogos.
Um grupo de manifestantes carregava uma grande faixa preta que denunciava o que chamavam de "Jogos da exclusão", acusando as autoridades de investir na preparação Olímpica em detrimento de gastos em áreas como saúde e educação.
A Polícia Militar montou um cordão de isolamento com a cavalaria e os manifestantes não puderam avançar. Manifestantes pararam de avançar, por uns instantes, e havia representantes negociando com um oficial da polícia.
A professora Joana Souza, de 44 anos e moradora do bairro da Tijuca, levou seu próprio cartaz com a frase "Olimpíada bilionária e saúde precária".
"O povo tem que denunciar esse absurdo. R$ 40 bilhões na Olimpíada e não tem remédio no hospital nem professor nas escolas."
Ao mesmo tempo, havia na rua gente em defesa dos Jogos. "Sou a favor da Olimpíada, a união dos povos do mundo, vem um bando de pessoas e faz o oposto, guerra, pedra. O povo não está civilizado suficiente para ter um evento esportivo desse", disse a servidora pública Lúcia Santos, de 55 anos, moradora da Tijuca, bairro da zona norte do Rio onde está localizado o estádio. (Com informações da Reuters) Fonte: http://olimpiadas.uol.com.br
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O Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ, nesta sexta 5- Abertura das Olimpíadas- direto de Copacabana/RJ, mostra os protestos contra o presidente interino, Michel Temer, pelo retorno da presidenta afastada, Dilma Rousseff, na Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 5 de agosto-2016. DIVULGAÇÃO: www.mensagensdofreipetroniodemiranda.blogspot.com
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Manifestantes realizaram um protesto nesta sexta-feira (5) contra o presidente interino, Michel Temer, pelo retorno da presidenta afastada, Dilma Rousseff, na Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O ato acabou alterando o trajeto de revezamento da tocha olímpica na Praia de Copacabana, mas a passagem foi retomada, com atraso, para outros bairros da Zona Sul.
Guilherme Boulos, da coordenação do MTST, destacou na abertura do ato a necessidade de mostrar não só para o Brasil, mas também para o mundo todo que está de olho no Brasil com a Olimpíada, que há nosso Brasil um "governo ilegítimo", de um "presidente que não recebeu voto de ninguém" e que ainda "quer aplicar um programa de retrocessos". "Há um golpe institucional, um golpe parlamentar acontecendo no Brasil, e nós temos que quebrar a barreira da mídia brasileira, que não diz coisa nenhuma a esse respeito."
Boulos também apontou para as consequências da realização da Olimpíada no Rio. "O tão falado legado dos Jogos Olímpicos não foi e não é um legado para a maioria dos cariocas, o legado se chama despejo, remoção, militarização da cidade e aplicação de recursos públicos em questões que não são prioritárias", apontou, destacando ainda que, a poucos metros do Maracanã, que recebe a cerimônia de abertura do megaevento nesta sexta, fica a sucateada Uerj, onde trabalhadores terceirizados estão sem receber salário há vários meses." De acordo com os organizadores, cerca de 30 mil pessoas participaram do protesto
O ativista também ressaltou que novos atos devem acontecer ao longo dos Jogos. "Não é ameaça de criminalização, não é ameaça vazia de um ministro interino e golpista da Justiça (para quem eu queria pedir uma vaia aqui), não nos calarão, seguiremos a luta, e os Jogos Olímpicos vão ser momento de denúncia do golpe do governo ilegítimo do ataque aos direitos sociais."
Uma das diversas faixas levantadas no ato dizia, em inglês e em português, "Nós queremos Temer fora e nossos direitos. Não queremos Olimpíada". Outra dizia, em português, "Fora, Temer! Nenhum direito a menos! Contra a calamidade olímpica!"
O ato, que ocorreu em frente ao Hotel Copacabana Palace, é organizado pelas frentes Povo Sem Medo, Brasil Popular e Esquerda Socialista, além da Plenária dos Trabalhadores em Luta do Rio e pelo CSP-Conlutas. De acordo com os organizadores, cerca de 30 mil pessoas estão presentes no protesto em Copacabana.
Outra manifestação, realizada no entorno do Maracanã, também alterou o caminho da chama olímpica. Parentes de policiais mortos caminharam em direção ao estádio, entregando flores a PMs que estavam no local. Viúvas fizeram oração e soltaram balões brancos manchados de tinta vermelha, com fotos de policiais mortos. A cerimônia de abertura dos Jogos 2016 é realizada na noite desta sexta, no Maracanã. Fonte: http://www.jb.com.br
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