Minas é o segundo Estado com mais denúncias de abusos sexuais na Igreja Católica
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Dossiê inédito mostra que país registra 108 casos nacionais de abusos envolvendo clérigos católicos
Livro-reportagem escrito pelos jornalistas Fábio Gusmão e Giampaolo Morgado Brag — Foto: Divulgação
Por Raíssa Oliveira
Publicado em 11 de setembro
Minas é o segundo Estado do Brasil com mais padres investigados, denunciados ou condenados nos últimos anos por supostos abusos sexuais contra vulneráveis. Ao todo, 108 líderes da igreja católica foram denunciados por atentado violento ao pudor, corrupção de menores e estupro, entre outros crimes contra crianças, adolescentes e pessoas com deficiência em todo país, segundo dossiê inédito feito com base em 25 mil páginas de documentos de processos e inquéritos policiais, além de relatos de vítimas, condenados e integrantes do clero. A pesquisa aponta supostos abusos por nove cléricos católicos contra 23 vítimas em Minas Gerais. O Estado tem ainda mais dois religiosos que entraram na mira da Justiça após o fechamento do estudo.
Os padres na mira da Justiça por supostos crimes sexuais mapeados no dossiê teriam sido denunciados por situações ocorridas nas cidades Santa Bárbara, Mariana, Três Corações, Carmo da Mata, Juruaia, Arceburgo, Araguari, Oratórios, Santa Luzia, Ponto dos Volantes e Comendador Gomes. Os outros dois casos não presentes no estudo teriam ocorrido em João Monlevade. No entanto, não há informações sobre o resultado dos processos.
O dossiê consta no livro-reportagem escrito pelos jornalistas Fábio Gusmão e Giampaolo Morgado Brag. “O Brasil, que é o maior país católico do mundo, não discute esse tema que já foi debatido em diversos países. Desde o escândalo de pedofilia a partir do Estados Unidos, em 2002, quando foram trazidos à tona pela equipe investigativa Spotlight do jornal “The Boston Globe”, igrejas do mundo todo passaram a discutir o tema. Mapeamentos foram feitos em diversos países, como Chile, Alemanha e Portugal, mas no Brasil algumas legislações acabaram por criar uma postura de silêncio e complacência com o abusador”, afirma Giampaolo Morgado Brag. (Confira entrevista abaixo)
A falta de dados sobre os casos faz com que a construção de um retrato de crimes do tipo no país se torne um desafio, além de ajudar a mascarar e dificultar a identificação dos abusadores. “Parte da pesquisa tem base em dados públicos, mas a partir daí, depois que entra em investigação, isso percorre o caminho do sigilo. Toda investigação sigilosa não carrega o nome dos envolvidos. Para as crianças isso é de fato fundamental, mas ao mesmo tempo os abusadores se valem do anonimato”, aponta Fábio Gusmão.
Apesar dos desafios, o levantamento, feito ao longo de três anos, resultou na identificação de 148 vítimas suspeitas ou confirmadas entre crianças, adolescentes ou pessoas com deficiência intelectual supostamente alvos de membros da igreja em 96 cidades de 23 Estados. Dessas vítimas, 23 foram em Minas Gerais. Todos os abusos descritos no livro envolvem arcebispos, bispos, monsenhores, padres, frades e, em um deles, uma freira.
Novos casos
O número, entretanto, pode ser ainda maior. A reportagem de O TEMPO apurou que a Polícia Civil (PCMG) investiga dois padres suspeitos de estupro de vulnerável em João Monlevade, na região Central de Minas, no primeiro semestre deste ano. Como a investigação acontece em segredo de Justiça, não foi informado o número de supostas vítimas neste caso.
Segundo a PC, as investigações foram solicitadas pelo advogado de uma vítima, por meio de representação junto ao Ministério Público de Minas Gerais. No entanto, por se tratar de crimes contra a dignidade sexual, o procedimento corre em segredo de justiça e não há mais detalhes sobre o caso.
Procurada, a Diocese Itabira Coronel Fabriciano - responsável pelas igrejas da região - confirmou que um processo canônico também apura as denúncias contra os religiosos e que a investigação também está sob sigilo. Segundo o porta-voz da Diocese, padre Ueliton Neves da Silva, os padres alvos da denúncia foram licenciados da igreja.
“Os padres não estão à frente de paróquias até os esclarecimentos do caso. Eles foram licenciados, ou seja, não estão ocupando atualmente nenhuma função que requer os serviços de padres. No mais, não podemos emitir juízo do caso porque ainda está em apuração”, afirma.
Silêncio conivente
Para o teólogo e cientista da religião, Sandson Rotterdan, os dados mapeados ao longo da pesquisa são preocupantes, sobretudo, diante de uma realidade de subnotificação, seja por um acobertamento dos crimes ou por falta de denúncia. Ele pontua que a maioria dos casos de abusos registrados no país não são de religiosos. No Brasil, 6 em cada 10 vítimas são vulneráveis com idades entre 0 e 13 anos, e foram abusadas por familiares e outros conhecidos. Os dados são do Anuário de Segurança Pública 2023. No entanto, quando o crime é registrado na igreja há um agravante social por também envolver o que para muitos é essencial: a fé.
“Estamos pensando em uma pessoa que deveria acolher e cuidar com respeito e agir de forma divergente, causando uma ferida social muito grande, ao negar tudo o que se espera de um padre. A subnotificação é preocupante, e se torna mais gravoso quando isso é cometido por um clérigo. A igreja católica é uma instituição muito séria, com uma legislação muito séria e que tem um papel social muito grande. Mas temos vários crimes que foram encobertos, aqueles que recebem as denúncias não dão andamento a ela, indo contra o que a religião prega”, afirma.
Ele pontua que, ao longo da história, a Igreja optou por um silêncio conivente, em determinados momentos, em relação aos casos de abusos sexuais dentro da instituição. No entanto, segundo o especialista, nos últimos anos houve uma abertura maior sobre a necessidade de combater o crime dentro do catolicismo.
“É vergonhoso como isso foi tratado por muito tempo. A Igreja teve uma atitude leniente em relação aos casos de abusos sexuais. Mas só a partir do pontificado do Papa Bento XVI que Igreja toma medidas estruturais de combate a pedofilia. Isso tem se intensificado com o Papa Francisco. Mas quando falamos de uma instituição histórica e grande essa implementação não é automática, há a necessidade de criar uma consciência nos membros sobre a necessidade de fiscalizar essas regras”, avalia.
A reportagem procurou a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) sobre os dados de casos de abusos sexuais em investigação contra padres e líderes religiosos, mas foi informada que não é possível realizar o levantamento por não haver “campo parametrizado que permita filtrar“ os alvos no Registro de Eventos de Defesa Social (Reds).
Sobre os dados contra clérigos no Brasil, a reportagem procurou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que disse, em nota, que “não irá se manifestar”.
Veja ranking dos Estados com padres denunciados por abusos sexuais na Igreja Católica:
São Paulo - 32
Minas Gerais - 9
Paraná - 8
Rio Grande do Sul - 8
Santa Catarina - 8
Alagoas - 5
Bahia - 4
Ceará - 4
Goiás - 4
Mato Grosso - 4
Pará - 4
Distrito Federal - 3
Rio Grande do Norte - 3
Pernambuco - 2
Espírito Santo - 2
Amapá - 1
Amazonas - 1
Mato Grosso do Sul - 1
Paraíba - 1
Piauí - 1
Rio de Janeiro - 1
Rondônia - 1
Tocantins - 1
Vergonha social é desafio, aponta Brag
Além da falta de dados e do sigilo judicial dos processos, Giampaolo Morgado Brag aponta que a construção do dossiê também esbarrou no constrangimento e na vergonha social enraizada nas vítimas, que acabam não denunciando os crimes. Confira o bate-papo com o jornalista e autor do livro Pedofilia na Igreja.
Qual foi o maior desafio na hora de reunir os dados?
“Primeira coisa o sigilo judicial em si dos processos, que dificultou para encontrar os casos, o segredo da justiça encobre tudo. Segunda coisa, a questão das vítimas que buscam muitas vezes esquecer o caso e, se são recentes, os pais e mães querem encobrir o caso, por vergonha social, constrangimento de ser vítima de crime sexual cometido por um padre, membro da sociedade respeitável. Temos ainda a questão da própria comunidade católica da região, que muitas vezes se coloca do lado do líder religioso, isto gera uma camada extra de dificuldade.”
A falta de divulgação dos casos também pode ser apontada como um empecilho para construção de uma base de dados?
“Sim, a cobertura jornalística nesses casos é muito episódica, ou seja, surge a denúncia, sai uma matéria, uma outra depois de dois a três dias e então o caso morre. Depois de 3 anos aparece uma matéria novamente e esquece a história, além disso temos as vítimas que muitas vezes são esquecidas ao focarmos nos criminosos. O dano é brutal na vida dessas pessoas. Temos vitimas de 10 a 20 anos, que continuam carregando a marca do crime que sofreram e se culpando pelo crime que sofreram.”
Foi difícil chegar até as vítimas?
“Foi extremamente difícil chegar à pessoa. Teve caso que tivemos meses para conseguir chegar a alguém. Começamos a apuração em janeiro de 2020. Mas após três anos de reunião de dados, tiramos alguns nomes pelo padre ter sido absorvido ou porque não havia consistência de informações.”
Ao longo da pesquisa, vocês presenciaram casos de padres denunciados à igreja por estuprar uma criança, mas que não respondem judicialmente pelo crime? Acha que isso segue acontecendo? Podemos dizer que isso é uma forma da Igreja ser conivente com o crime?
“Nesses 10 anos do Papa Francisco houve uma mudança de postura do clero e da legislação canônica. Há uma mudança de posicionamento porque resolveram discutir o tema, só que a igreja é uma estrutura antiga e velha, solidificada e engessada nas suas estruturas, é uma organização imensa. A ordem do Papa vence uma barreira e uma cultura de não discutir esse assunto, uma segunda barreira que é a dificuldade em expor esses padres. Não é um crime meramente canônico, é um crime civil e tem que ser tratada no âmbito da igreja e na esfera judicial. Nós lutamos para conseguir um posicionamento, lutamos pelo Vaticano, pela CNBB. O Vaticano mandou uma nota depois de 2 anos indicando para que a gente falasse com o representante brasileiro da igreja, ele é diretor. Conversamos com ele, que foi muito solicito.”
Após a divulgação do livro vocês começaram a receber relatos de casos ou contato de vítimas? O caso de João Monlevade, como chegou até vocês?
“Minas é um dos estados com mais casos, além de ser grande em extensão, o estado tem muitas Dioceses, com muitos fiéis. De uma maneira geral estão começando a surgir casos, não só de novos padres, mas de padres já conhecidos, com novas vítimas. Estamos compilando esses casos para acrescentar histórias, caso haja uma segunda edição. Das Dioceses em geral o que vemos é um profundo silêncio. Quando o livro saiu a CNBB se pronunciou de forma contundente dizendo que é crime e tem que ser tratado como tal. Mas queremos que o Brasil tenha arquidiocese como os de Boston (EUA), com os casos expostos no site”. Fonte: https://www.otempo.com.br
Terça-feira, 12 de setembro-2023. 23ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos, concedei aos que crêem no Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 6,12-19)
12Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus. 13Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos: 14Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, 15Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador; 16Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor. 17Descendo com eles, parou numa planície. Aí se achava um grande número de seus discípulos e uma grande multidão de pessoas vindas da Judéia, de Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, que tinham vindo para ouvi-lo e ser curadas das suas enfermidades. 18E os que eram atormentados dos espíritos imundos ficavam livres. 19Todo o povo procurava tocá-lo, pois saía dele uma força que os curava a todos.
3) Reflexão Lucas 6,12-19
O evangelho de hoje traz dois assuntos: a escolha dos doze apóstolos (Lc 6,12-16) e a multidão enorme de gente querendo encontrar-se com Jesus (Lc 6,17-19). O evangelho de hoje nos convida a refletir sobre os Doze que foram escolhidos para conviver com Jesus como apóstolos. Os primeiros cristãos lembraram e registraram os nomes destes Doze e de alguns outros homens e mulheres que seguiram a Jesus e que, depois da ressurreição, foram criando as comunidades pelo mundo afora. Hoje também, todo mundo lembra o nome de alguma catequista ou professora que foi significativa para a sua formação cristã.
Lucas 6,12-13: A escolha dos 12 apóstolos
Antes de fazer a escolha definitiva dos doze apóstolos, Jesus passou uma noite inteira em oração. Rezou para saber a quem escolher e escolheu os Doze, cujos nomes estão nos evangelhos e que receberam o nome de apóstolo. Apóstolo significa enviado, missionário. Eles foram chamados para realizar uma missão, a mesma que Jesus recebeu do Pai (Jo 20,21). Marcos concretiza mais e diz que Deus os chamou para estar com ele e enviá-los em missão (Mc 3,14)..
Lucas 6,14-16: Os nomes dos 12 apóstolos
Com pequenas diferenças os nomes dos Doze são iguais nos evangelhos de Mateus (Mt 10,2-4), Marcos (Mc 3,16-19) e Lucas (Lc 6,14-16). Grande parte destes nomes vem do AT. Por exemplo, Simeão é o nome de um dos filhos do patriarca Jacó (Gn 29,33). Tiago é o mesmo que o nome de Jacó (Gn 25,26). Judas é o nome de outro filho de Jacó (Gn 35,23). Mateus também tinha o nome de Levi (Mc 2,14), que foi outro filho de Jacó (Gn 35,23). Dos doze apóstolos sete tem nome que vem do tempo dos patriarcas: duas vezes Simão, duas vezes Tiago, duas vezes Judas, e uma vez Levi! Isto revela a sabedoria e a pedagogia do povo. Através dos nomes dos patriarcas e das matriarcas, dados aos filhos e filhas, eles mantinham viva a tradição dos antigos e ajudavam seus filhos a não perder a identidade. Quais os nomes que nós damos hoje para os nossos filhos e filhas?
Lucas 6,17-19: Jesus desce da montanha e a multidão o procura
Ao descer da montanha com os doze, Jesus encontrou uma multidão imensa de gente que o procurava para ouvir sua palavra e tocá-lo, porque dele saía uma força de vida. Nesta multidão havia judeus e estrangeiros, gente da Judéia e também de Tiro e Sidônia. É o povo abandonado, desorientado. Jesus acolhe a todos que o procuram. Judeus e pagãos! Este é um dos temas preferidos de Lucas!
Estas doze pessoas, chamadas por Jesus para formar a primeira comunidade, não eram santas. Eram pessoas comuns, como todos nós. Tinham suas virtudes e seus defeitos. Os evangelhos informam muito pouco sobre o jeito e o caráter de cada uma delas. Mas o pouco que informam é motivo de consolo para nós.
Pedro era uma pessoa generosa e entusiasta (Mc 14,29.31; Mt 14,28-29), mas na hora do perigo e da decisão, o coração dele encolhia e ele voltava atrás (Mt 14,30; Mc 14,66-72). Chegou a ser satanás para Jesus (Mc 8,33). Jesus deu a ele o apelido de Pedra (Pedro). Pedro, ele por si mesmo, não era Pedra. Tornou-se pedra (rocha), porque Jesus rezou por ele (Lc 22,31-32).
Tiago e João estavam dispostos a sofrer com e por Jesus (Mc 10,39), mas eram muito violentos (Lc 9, 54). Jesus os chamou “filhos do trovão” (Mc 3,17). João parecia ter um certo ciúme. Queria Jesus só para o grupo dele (Mc 9,38).
Filipe tinha um jeito acolhedor. Sabia colocar os outros em contato com Jesus (Jo 1,45-46), mas não era muito prático em resolver os problemas (Jo 12,20-22; 6,7). Às vezes, era meio ingênuo. Teve hora em que Jesus perdeu a paciência com ele: “Mas Filipe, tanto tempo que estou com vocês, e ainda não me conhece?” (Jo 14,8-9)
André, irmão de Pedro e amigo de Filipe, era mais prático. Filipe recorre a ele para resolver os problemas (Jo 12,21-22). Foi André que chamou Pedro (Jo 1,40-41), e foi André que encontrou o menino com cinco pãezinhos e dois peixes (Jo 6,8-9).
Bartolomeu parece ter sido o mesmo que Natanael. Este era bairrista e não podia admitir que algo de bom pudesse vir de Nazaré (Jo 1,46).
Tomé foi capaz de sustentar sua opinião, uma semana inteira, contra o testemunho de todos os outros (Jo 20,24-25). Mas quando viu que estava equivocado, não teve medo de reconhecer seu erro (Jo 20,26-28). Era generoso, disposto a morrer com Jesus (Jo 11,16).
Mateus ou Levi era publicano, cobrador de impostos, como Zaqueu (Mt 9,9; Lc 19,2). Eram pessoas comprometidas com o sistema opressor da época.
Simão, ao contrário, parece ter sido do movimento que se opunha radicalmente ao sistema que o império romano impunha ao povo judeu. Por isso tinha o apelido de Zelota (Lc 6,15). O grupo dos Zelotas chegou a provocar uma revolta armada contra os romanos.
Judas era o que tomava conta do dinheiro do grupo (Jo 13,29). Ele chegou a trair Jesus.
Tiago de Alfeu e Judas Tadeu, destes dois os evangelhos nada informam a não ser o nome.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus passou a noite inteira em oração para saber a quem escolher, e escolheu estes doze! Qual a lição que você tira daí?
2) Você lembra dos nomes das pessoas que estão na origem da comunidade a que você pertence? O que mais lembra delas: o conteúdo que lhe ensinaram ou o testemunho que deram?
5) Oração final
Em coros louvem o seu nome, cantem-lhe salmos com o tambor e a cítara, porque o Senhor ama o seu povo, e dá aos humildes a honra da vitória (Sl 149, 2)
23º Domingo do Tempo Comum: O desafio de viver em Comunidade
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VIVER EM COMUNIDADE
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará (PA)
O Plano Arquidiocesano de Pastoral em vigência em nossa Igreja de Belém inclui quarenta referências à vida em Comunidade ou à formação de Comunidades Eclesiais Missionárias vivas e atuantes. Neste Plano de Pastoral consta como um dos horizontes de nossas ações o que se segue: “Segundo horizonte que se abre para nossa ação pastoral é oferecido pelas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. As Diretrizes atuais mantêm a insistência na presença da Igreja nas casas, o que exige de todos nós um empenho missionário para ir ao encontro das pessoas e das famílias, em todos os nossos espaços sociais e religiosos. Foi renovada a escolha de quatro pilares para a vida da Igreja no Brasil, iluminada pela experiência das primeiras Comunidades, segundo a descrição dos Atos dos Apóstolos: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária. A Assembleia dos Bispos aprovou, e desejamos colocar em prática, a proposta da “A Palavra se fez carne, e habitou entre nós – Animação Bíblica da Pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias”. E estamos no mês da Bíblia, com uma excelente indicação da leitura da Carta aos Efésios, além dos textos evangélicos oferecidos pela Liturgia.
Alguns domingos do mês de setembro trazem textos do capítulo dezoito do Evangelho de São Mateus, que fala da vida de Igreja, a vida em Comunidade, para que esta possa ser uma revelação do Reino de Deus (Cf. “Lectio Divina sui Vangeli Festivi per l’anno litúrgico A, Elledici, 2010). É bom recordar que o Evangelista traz cinco grandes sermões ou discursos de Jesus, como grandes setas indicativas, com critérios claros que ajudavam e ajudam os cristãos a resolverem os problemas que aparecem, justamente a partir da luz oferecida pela Palavra de Deus.
Neste final de semana, queremos acolher ensinamentos muito práticos sobre a correção fraterna (Mt 18,15-16), a importância de ouvir a Igreja para enfrentar as dificuldades na convivência (Mt 18,17), o como as decisões tomadas na terra têm valor no Céu (Mt 18,18), a oração em comum (Mt 18,19) e a chave de tudo, a presença de Jesus entre os que se reúnem em seu nome (Mt 18,20).
Em todos os ambientes podem ocorrer falhas pessoais, divisões, suspeitas, fofocas, calúnias e outras dificuldades no relacionamento. O caminho indicado pelo Evangelho é muito claro e concreto: “Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, tu e ele a sós! Se ele te ouvir, terás ganho o teu irmão. Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, de modo que toda questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas” (Mt 18,15-17). Infelizmente, dentro e fora da Igreja, vivemos uma época de denuncismo exacerbado, saltando as instâncias constantes do Evangelho. Há que se converter a esta prática diferente do que anda ocorrendo. Lembremos ainda a exigente palavra de São Paulo: “Quando um de vós tem uma questão contra outro, como se atreve a entrar na justiça perante os injustos, em vez de recorrer aos santos? Será que ignorais que os santos julgarão o mundo? Ora, se o mundo está sujeito ao vosso julgamento, seríeis acaso incompetentes para julgar questões tão insignificantes?” (1 Cor 6,1-2). Só em situações especiais se pode recorrer à Igreja, depois da correção fraterna e as testemunhas. E, somente em caso extremo, a própria pessoa é que se exclui, não dando ouvidos à Igreja! Não é necessário excomungar alguém, mas simplesmente se confirma a exclusão assumida pela própria pessoa.
Se este caminho pode assustar, em seguida vem o libertador poder do perdão, dado a Pedro e aos Apóstolos (Mt 16,19; Jo 20,23), algo que se realiza no Sacramento da Reconciliação e, de forma impressionante, dado agora à Comunidade (Mt 18,18). Trata-se da importância da reconciliação e a enorme responsabilidade da Comunidade Cristã em seu modo de tratar os irmãos.
Tudo isso há de ser sempre acompanhado pela oração, inclusive pelas pessoas que se encontrarem em situação de pecado. Mesmo as coisas mais difíceis, e às vezes é justamente alguém que se excluiu da vida de Igreja, nunca se abandona quem quer que seja. Garantia é a palavra de Jesus: “Eu vos digo mais isto: se dois de vós estiverem de acordo, na terra, sobre qualquer coisa que quiserem pedir, meu Pai que está nos céus o concederá” (Mt 18,19). Uma proposta para a oração autêntica em comunidade, que pede estar “de acordo”! Usemos até outras palavras! Combinar o que pedir, buscar o consenso, reconciliar-se primeiro, declarar publicamente que nos queremos bem, preparar-se para a oração com um gesto de perdão recíproco e superação dos julgamentos! Dá para experimentar em nossas comunidades, e o resultado virá, não como uma mágica, mas como graça descida do Céu!
Enfim, a condição para que tudo isso aconteça: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles.” (Mt 18,20). Nossa Liturgia põe em nossa boca inúmeras vezes esta expressão: “Ele está no meio de nós!” Trata-se do mesmo Jesus presente no irmão a quem servimos, presente em nosso coração, na sua Palavra, no ensinamento do Papa e dos Bispos, o mesmo Jesus da mais alta e concreta presença viva, na Eucaristia! Ele quer e efetivamente se faz presente onde dois ou mais estão dispostos a se amarem reciprocamente, prontos a dar a vida uns pelos outros! E quem estiver disposto a dar a vida, saberá dar escuta e atenção, saberá sair de si, acolherá os ensinamentos da Igreja, tomará iniciativa do serviço, irá ao encontro dos mais pobres e sofredores, buscará a reconciliação, não abandonará os enfermos, visitará os vizinhos, estabelecerá redes de relacionamento! Tudo isso, muito mais do que por educação e civilidade, mas porque acredita que ele está presente no meio de nós!
E podemos voltar ao Plano de Pastoral da Arquidiocese de Belém, em seu quinto horizonte de ação: “Justamente o Caminho Sinodal que a Igreja percorre durante este período. Somos convidados a participar e acompanhar o Sínodo nos meses de outubro de 2023 e 2024. Estaremos atentos, para aprender de novo e sempre a caminhar juntos. Este horizonte expressa a estrada que percorremos em nosso Sínodo Arquidiocesano, a elaboração do Plano de Pastoral e a unidade pastoral desejada por todos nós. Caminhar juntos! Belém, Igreja de portas abertas! ‘A cidade se encheu de alegria’ (At 8,8)”. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Comunidades mobilizadas para ajudar vítimas das enchentes no RS
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Foto Pascom São Jorge
Marcos Koboldt
Paróquias e comunidades da Arquidiocese de Porto Alegre estão mobilizadas desde o início da semana quando os temporais provocaram mortes e destruição em municípios da Serra Gaúcha e da Região Central do Rio Grande do Sul.
Mensagem de Dom Jaime Spengler
“Solidariedade é virtude e valor profundamente humano. Iluminada pela fé cristã expressa cuidado, atenção e serviço. Exortamos - e pedimos! - a quem tem condições, auxiliar as cidades mais atingidas pela tragédia provocada pelas chuvas nestes dias, em nosso Rio Grande do Sul. Neste momento, material de construção, ou reconstrução, é o mais urgente. É também possível colaborar por meio de doação em dinheiro, por meio de conta bancária específica, em nome do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre - Cáritas Arquidiocesana”
Banco Banrisul,
Agência 0834
Conta Corrente: 06.102966.0-6.
PIX CNPJ: 92.679.935/0001-64.
A cidade de São Jerônimo também decretou estado de calamidade em razão da cheia do Rio Jacuí. “Estamos fazendo uma campanha na igreja para arrecadar doações para reconstruir vidas. No abrigo montado pela defensoria civil, já tem mais de 50 pessoas que acabaram vendo suas moradias em baixo d'água”, explica Pe. Darlan Schwaab, vigário paroquial da paróquia Nossa Senhora da Conceição, reforçando que existe uma necessidade especial pela doação de colchões.
Em Porto Alegre, o Mensageiros da Caridade e a Caritas Arquidiocesana organizam ações para auxiliar às famílias que vivem nas ilhas do Guaíba e que são afetadas pela invasão das águas em suas casas.
As paróquias no território da Arquidiocese também estão mobilizadas para ajudar os moradores das cidades mais afetadas pelas enchentes. A Paróquia São Pedro está organizando doação de roupas e alimentos não perecíveis a ser enviados para o município de Roca Sales.
A paróquia São Jorge está arrecando água mineral para ser encaminhada às autoridades. A ação teve início nas missas de ontem – 7 de setembro – e prossegue neste final de semana – dias 9 e 10 de setembro.
Em Canoas, a paróquia Nossa Senhora das Graças já enviou para o município de Muçum um caminhão com mantimentos e se organiza para enviar um segundo caminhão na manhã de sábado (9). Para tanto solicita prioridade para os seguintes itens: Vela; Fósforo; Produtos de limpeza (como rodo, vassoura e pá); Produtos de higiene (como papel higiênico, escova de dente, pasta de dente e absorvente); achocolato em pó, café solúvel; e Roupa íntima.
A comunidade do movimento de Emaús de Porto Alegre também está mobilizada para receber doações, que serão recebidas até o dia 9 de setembro. O posto de coleta é a Igreja Nossa Senhora do Líbano (Av. Jerônimo de Ornelas nº 60), a partir das 16h - no mezanino localizado na entrada da igreja.
Para quem quiser divulgar ações nas comunidades encaminhe por e-mail para Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.. Fonte: https://www.arquipoa.com
Terça-feira, 5 de setmbro-2023. 22ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 4,31-37) (Mc 1,21-28)
Naquele tempo, 31Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e ali ensinava-os aos sábados. 32Maravilharam-se da sua doutrina, porque ele ensinava com autoridade. 33Estava na sinagoga um homem que tinha um demônio imundo, e exclamou em alta voz: 34Deixa-nos! Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és: o Santo de Deus! 35Mas Jesus replicou severamente: Cala-te e sai deste homem. O demônio lançou-o por terra no meio de todos e saiu dele, sem lhe fazer mal algum. 36Todos ficaram cheios de pavor e falavam uns com os outros: Que significa isso? Manda com poder e autoridade aos espíritos imundos, e eles saem? 37E corria a sua fama por todos os lugares da redondeza.
3) Reflexão Lucas 4,31-37
No evangelho de hoje, vamos ver de perto dois assuntos: a admiração do povo pela maneira de Jesus ensinar e a cura de um homem possuído por um demônio impuro. Nem todos os evangelistas contam os fatos do mesmo jeito. Para Lucas, o primeiro milagre é a calma com que Jesus se livrou da ameaça de morte da parte do povo de Nazaré (Lc 4,29-30) e a cura do homem possesso (Lc 4,33-35). Para Mateus, o primeiro milagre é a cura de uma porção de doentes e endemoninhados (Mt 4,23) ou, mais especificamente, a cura de um leproso (Mt 8,1-4). Para Marcos, foi a expulsão de um demônio (Mc 1,23-26). Para João, o primeiro milagre foi em Caná, onde Jesus transformou água em vinho (Jo 2,1-11). Assim, na maneira de contar as coisas, cada evangelista mostra qual foi, segundo ele, a maior preocupação de Jesus.
Lucas 4,31: A mudança de Jesus para Cafarnaum
“Jesus foi a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e aí ensinava aos sábados”. Mateus diz que Jesus foi morar em Cafarnaum (Mt 4,13). Mudou de residência. Cafarnaum era uma pequena cidade junto ao entroncamento de duas estradas importantes: uma que vinha da Ásia Menor e ia para Petra no sul da Transjordânia, e a outra que vinha da região dos rios Euphrates e Tigris e descia para o Egito. A mudança para Cafarnaum facilitava o contato com o povo e a divulgação da Boa Nova.
Lucas 4,32: Admiração do povo pelo ensino de Jesus
A primeira coisa que o povo percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é tanto o conteúdo, mas sim o jeito de ensinar, que impressiona. “Jesus falava com autoridade”. Marcos acrescenta que, por este seu jeito diferente de ensinar, Jesus criava consciência crítica no povo com relação às autoridades religiosas da época. O povo percebia e comparava: Ele ensina com autoridade, diferente dos escribas” (Mc 1,22.27). Os escribas da época ensinavam citando autoridades. Jesus não cita autoridade nenhuma, mas fala a partir da sua experiência de Deus e da vida.
Lucas 4,33-35: Jesus combate o poder do mal
O primeiro milagre é a expulsão de um demônio. O poder do mal tomava conta das pessoas e as alienava. Jesus devolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a liberdade. E ele o faz pelo poder da sua palavra: "Cale-se, e saia dele!" Ele dizia em outra ocasião: “Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou para vocês” (Lc 11,20). Hoje também, muita gente vive alienada de si mesma pelo poder dos meios de comunicação, da propaganda do governo e do comércio. Vive escrava do consumismo, oprimida pelas prestações e ameaçada pelos cobradores. Acha que não vive direito enquanto não comprar aquilo que a propaganda anuncia. Não é fácil expulsar este poder que hoje aliena tanta gente, e devolver as pessoas a si mesmas!
Lucas 1,36-37: A reação do povo: ele manda nos espíritos impuros primeiro impacto
Além do jeito diferente de Jesus ensinar as coisas de Deus, o outro aspecto que causava admiração no povo era o seu poder sobre os espíritos impuros: "Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos impuros com autoridade e poder, e eles saem". Jesus abre um novo caminho para o povo poder conseguir a pureza através do contato com ele. Naquele tempo, uma pessoa impura não podia comparecer diante de Deus para rezar e receber a bênção prometida a Abraão. Teria que purificar-se, primeiro. Havia muitas leis e normas que dificultavam a vida do povo e marginalizavam muita gente como impura. Mas agora, purificadas pela fé em Jesus, as pessoas podiam comparecer novamente na presença de Deus e rezar a Ele, sem necessidade de recorrer àquelas complicadas e, muitas vezes, dispendiosas normas de pureza.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus provocava a admiração do povo. A atuação da nossa comunidade aqui no bairro provoca alguma admiração no povo? Qual?
2) Jesus expulsava o poder do mal e devolvia as pessoas a si mesmas. Hoje, muita gente vive alienada de si mesma e de tudo. Como devolve-las a si mesmas?
5) Oração final
O Senhor é clemente e compassivo, longânime e cheio de bondade. O Senhor é bom para com todos, e sua misericórdia se estende a todas as suas obras (Sl 144, 1)
Segunda-feira, 4 de setembro-2023. 22ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 4,16-30)
Naquele tempo, 16Dirigiu-se a Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. 17Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a passagem onde está escrito (61,1s.): 18O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, 19para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor. 20E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21Ele começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir. 22Todos lhe davam testemunho e se admiravam das palavras de graça, que procediam da sua boca, e diziam: Não é este o filho de José? 23Então lhes disse: Sem dúvida me citareis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; todas as maravilhas que fizeste em Cafarnaum, segundo ouvimos dizer, faze-o também aqui na tua pátria. 24E acrescentou: Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua pátria. 25Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias, quando se fechou o céu por três anos e meio e houve grande fome por toda a terra; 26mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. 27Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu; mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã. 28A estas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga. 29Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo dali abaixo. 30Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se. - Palavra da salvação.Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 16Dirigiu-se a Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. 17Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a passagem onde está escrito (61,1s.): 18O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, 19para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor. 20E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21Ele começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir. 22Todos lhe davam testemunho e se admiravam das palavras de graça, que procediam da sua boca, e diziam: Não é este o filho de José? 23Então lhes disse: Sem dúvida me citareis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; todas as maravilhas que fizeste em Cafarnaum, segundo ouvimos dizer, faze-o também aqui na tua pátria. 24E acrescentou: Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua pátria. 25Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias, quando se fechou o céu por três anos e meio e houve grande fome por toda a terra; 26mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. 27Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu; mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã. 28A estas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga. 29Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo dali abaixo. 30Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se.
3) Reflexão Lucas 4,16-30
Hoje, primeiro dia do mês de setembro, começamos a meditação do Evangelho de Lucas que se prolongará por três meses até o fim do ano eclesiástico, sábado 29 de Novembro. O evangelho de hoje traz a visita de Jesus a Nazaré e a apresentação do seu programa ao povo na sinagoga. Num primeiro momento, o povo ficou admirado. Mas, em seguida, quando perceberam que Jesus queria acolher a todos, sem excluir ninguém, ficaram revoltados e quiseram matá-lo.
Lucas 4,16-19: A proposta de Jesus.
Animado pelo Espírito Santo, Jesus tinha voltado para a Galiléia (Lc 4,14) e começou a anunciar a Boa Nova do Reino de Deus. Andando pelas comunidades e ensinando nas sinagogas, ele chegou em Nazaré, onde tinha sido criado. Estava de volta na comunidade, onde, desde pequeno, tinha participado durante quase trinta anos. No sábado seguinte, conforme o seu costume, Jesus foi à sinagoga para participar da celebração e levantou-se para fazer a leitura. Escolheu o texto de Isaías que falava dos pobres, presos, cegos e oprimidos (Is 61,1-2). Este texto refletia a situação do povo da Galiléia do tempo de Jesus. A experiência que Jesus tinha de Deus como Pai amoroso dava a ele um novo olhar para avaliar a realidade. Em nome de Deus, Jesus toma posição em defesa da vida do seu povo e, com as palavras de Isaías, define a sua missão: (1) anunciar a Boa Nova aos pobres, (2) proclamar a libertação aos presos, (3) a recuperação da vista aos cegos, (4) restituir a liberdade aos oprimidos e, retomando a antiga tradição dos profetas, (5) proclama “um ano de graça da parte do Senhor”. Proclama o ano do jubileu!
Na Bíblia, o “Ano Jubileu” era uma lei importante. Inicialmente, a cada sete anos (Dt 15,1; Lev 25,3), as terras deviam voltar ao clã de origem. Cada um devia poder voltar à sua propriedade. Assim impediam a formação de latifúndio e garantiam às famílias a sobrevivência. Também deviam perdoar as dívidas e resgatar as pessoas escravizadas (Dt 15,1-18). Não foi fácil realizar o ano jubileu cada sete anos (cf Jr 34,8-16). Depois do exílio, decidiram realiza-lo cada sete vezes sete anos (Lev 25,8-12), isto é, cada cinqüenta anos. O objetivo do Ano Jubileu era e continua sendo: restabelecer os direitos dos pobres, acolher os excluídos e reintegrá-los na convivência. O jubileu era um instrumento legal para voltar ao sentido original da Lei de Deus. Era uma oportunidade oferecida por Deus para fazer uma revisão da caminhada, descobrir e corrigir os erros e recomeçar tudo de novo. Jesus inicia a sua pregação proclamando um jubileu, um “Ano de Graça da parte do Senhor”.
Lucas 4,20-22: Ligar Bíblia com Vida.
Terminada a leitura, Jesus atualiza o texto de Isaías dizendo: “Hoje se cumpriu esta escritura nos ouvidos de vocês!” Assumindo as palavras de Isaías como suas próprias palavras, Jesus lhes dá o seu pleno e definitivo sentido e se declara messias que veio realizar a profecia. Esta maneira de atualizar o texto provocou uma reação de descrédito por parte dos que estavam na sinagoga. Ficaram escandalizados e já não queriam saber dele. Não aceitaram Jesus como o messias anunciado por Isaías. Diziam: “Não é este o filho de José?” Ficaram escandalizados porque Jesus falou em acolher os pobres, os cegos e os oprimidos. O povo de Nazaré não aceitou a proposta de Jesus. E assim, no momento em que apresentou o seu projeto de acolher os excluídos, ele mesmo foi excluído.
Lucas 4,23-30: Ultrapassar os limites da raça.
Para ajudar a comunidade a superar o escândalo e levá-la a compreender que sua proposta estava bem dentro da tradição, Jesus contou duas histórias conhecidas da Bíblia, uma de Elias e outra de Eliseu. As duas histórias criticavam o fechamento do povo de Nazaré. Elias foi enviado para a viúva estrangeira de Sarepta (1 Rs 17,7-16). Eliseu foi enviado para atender ao estrangeiro da Síria (2 Rs 5,14). Transparece aqui a preocupação de Lucas em mostrar que a abertura para os pagãos já vinha desde Jesus. Jesus teve as mesmas dificuldades que as comunidades estavam tendo no tempo de Lucas. Mas o apelo de Jesus não adiantou. Ao contrário! As histórias de Elias e Eliseu provocaram mais raiva ainda. A comunidade de Nazaré chegou ao ponto de querer matar Jesus. Mas ele manteve a calma. A raiva dos outros não conseguiu desviá-lo do seu caminho. Lucas mostra assim como é difícil superar a mentalidade do privilégio e do fechamento.
É importante notar os detalhes no uso do Antigo Testamento. Jesus cita o texto de Isaías até onde diz: "proclamar um ano de graça da parte do Senhor". Cortou o resto da frase que dizia: "e um dia de vingança do nosso Deus". O povo de Nazaré ficou bravo com Jesus por ele pretender ser o messias, por querer acolher os excluídos e por ter omitido a frase sobre a vingança. Eles queriam que o Dia de Javé fosse um dia de vingança contra os opressores do povo. Neste caso, a vinda do Reino seria apenas uma virada da mesa e não uma mudança ou conversão do sistema. Jesus não aceita este modo de pensar, não aceita a vingança (cf.Mt 5,44-48). A sua nova experiência de Deus como Pai/Mãe ajudava-o a entender melhor o sentido das profecias.
4) Para um confronto pessoal
1) O programa de Jesus consiste em acolher os excluídos. Será que nós acolhemos a todos, ou excluímos alguém? Quais os motivos que nos levam a excluir certas pessoas?
2) Será que o programa de Jesus está sendo realmente o nosso programa, o meu programa? Quais os excluídos que deveríamos acolher melhor na nossa comunidade? O que ou quem nos dá força para realizar a missão que Jesus nos deu?
5) Oração final
Ah, quanto amo, Senhor, a vossa lei! Durante o dia todo eu a medito. Mais sábio que meus inimigos me fizeram os vossos mandamentos, pois eles me acompanham sempre (Sl 118, 1-2)
22º Domingo do Tempo Comum: Um Olhar sobre a Cruz
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DESCUBRAMOS A “LOUCURA DA CRUZ!”
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
A liturgia do 22º Domingo do Tempo Comum convida-nos a descobrir a “loucura da cruz”: o acesso a essa vida verdadeira e plena que Deus nos quer oferecer passa pelo caminho do amor e do dom da vida (cruz). Unidos à Igreja no Brasil, iniciamos o Mês da Bíblia. Pelo estudo e pela meditação da Palavra de Deus, reafirmamos a nossa vocação de ser uma Igreja “Casa da Palavra”.
No encontro com Jesus, somos atraídos para a missão de testemunhá-lo, renunciando a tudo o que nos impede de segui-lo com fidelidade. Ele transforma nosso pensar e agir e nos ensina que ganhamos a vida quando a pomos a serviço do Evangelho. A Palavra de Deus, à qual dedicamos um carinho especial neste mês de Setembro, ilumine nosso caminho sinodal de discípulos e discípulas de Cristo.
Na primeira leitura(Jr 20,7-9), um profeta de Israel (Jeremias) descreve a sua experiência de “cruz”. Seduzido por Deus, Jeremias colocou toda a sua vida ao serviço de Deus e dos seus projetos. Nesse “caminho”, ele teve que enfrentar os poderosos e pôr em causa a lógica do mundo; por isso, conheceu o sofrimento, a solidão, a perseguição… É essa a experiência de todos aqueles que acolhem a Palavra de Deus no seu coração e vivem em coerência com os valores de Deus. Esta leitura prepara-nos para a meditação do Evangelho, contemplamos a “quinta confissão” de Jeremias. O Senhor o seduziu e ele respondeu sim à vocação: “Deixei-me seduzir”. No entanto, a vocação tornou-se motivo de sofrimento e de zombaria. O profeta pensa e tenta desistir, mas não consegue! Sentiu a força ardente da Palavra de Deus, como que se entranhando em todo seu ser.
A segunda leitura – Rm 12,1-2 – convida os cristãos a oferecerem toda a sua existência de cada dia a Deus. Paulo garante que é esse o sacrifício que Deus prefere. O que é que significa oferecer a Deus toda a existência? Significa, de acordo com Paulo, não nos conformarmos com a lógica do mundo, aprendermos a discernir os planos de Deus e a viver em consequência. Diante da graça recebida de Deus, nossa resposta deve ser o novo relacionamento com ele, o Senhor da vida. Nossa prática diária deveria ser o espelho daquilo que celebramos.
No Evangelho(Mt 16,21-27), Jesus avisa os discípulos de que o caminho da vida verdadeira não passa pelos triunfos e êxitos humanos, mas passa pelo amor e pelo dom da vida (até à morte, se for necessário). Jesus vai percorrer esse caminho; e quem quiser ser seu discípulo tem de aceitar percorrer um caminho semelhante. No Evangelho, logo após Pedro professar a fé dizendo que Jesus é o Cristo e o Filho de Deus (cf. Mt 16,16), Senhor anuncia pela primeira vez a sua Paixão e morte. Jesus se alinha, assim, aos antigos profetas, como Jeremias, assumindo a vocação profética e de Messias servo e pobre. Pedro, ouvindo isso, começa a rejeitar tal condição do Mestre e põe-se a repreendê-lo. Pedro pensava como os homens e não como Deus. Esperava um messias político-militar. Como seus contemporâneos, Pedro era incapaz de admitir um Messias vocacionado à doação e à renúncia de si mesmo até a morte. Jesus, por sua vez, repreende Pedro e convida-lhe a comportar-se como discípulo, colocando-se atrás do Mestre. O discípulo deve, como seu Mestre, renunciar à sua vida neste mundo para salvá-la. Renunciar a si mesmo é a condição para seguir Jesus, é colocar-se no mesmo caminho do Mestre, o caminho que leva á Cruz. O discípulo não se comporta como o adversário da Cruz (Satanás), mas se oferece em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus! O discípulo fiel não se conforma com o mundo. Ao contrário, transforma-se, renovando sua maneira de pensar e de julgar, distinguindo o que é da vontade de Deus, o que é bom, o que agrada a Deus, o que é perfeito.
Pensar as coisas de Deus é converter-se à lógica do Reinado de Deus, é mudar a mentalidade e compreender que o único caminho para ganhar a vida é doar-se pela mesma causa de Jesus. Pois só encontra a vida quem se perde na paixão pela humanidade, deixando-se interpelar pela miséria dos irmãos desfigurados sem sua dignidade, sofrendo com os que sofrem, entregando a própria vida para que outros possam ter mais vida.
Tomar a própria cruz, portanto, não é simplesmente sofrer, porque Jesus não quer sofredores sem causa. Ser discípulo e discípula e tomar a própria cruz significa sofrer as consequências de ter assumido a mesma missão de Jesus, no serviço e na entrega da vida pelos outros. Percorrendo esse caminho é que nossa vida ganha sentido.
Compreender a “cruz de Jesus” e assumir a “própria cruz”, renunciando aos projetos pessoais não condizentes com as propostas do Mestre, é o grande desafio dos cristãos de todos os tempos. Quem não consegue acolher a cruz pode tornar-se “pedra de tropeço” no caminho dos discípulos e discípulas de Jesus. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Sábado, 2 de setembro-2023. 21ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 25,14-30)
Naquele tempo, Jesus contou esta parábola aos discípulos: 14Será também como um homem que, tendo de viajar, reuniu seus servos e lhes confiou seus bens. 15A um deu cinco talentos; a outro, dois; e a outro, um, segundo a capacidade de cada um. Depois partiu. 16Logo em seguida, o que recebeu cinco talentos negociou com eles; fê-los produzir, e ganhou outros cinco. 17Do mesmo modo, o que recebeu dois, ganhou outros dois. 18Mas, o que recebeu apenas um, foi cavar a terra e escondeu o dinheiro de seu senhor. 19Muito tempo depois, o senhor daqueles servos voltou e pediu-lhes contas. 20O que recebeu cinco talentos, aproximou-se e apresentou outros cinco: - Senhor, disse-lhe, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco que ganhei. 21Disse-lhe seu senhor: - Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor. 22O que recebeu dois talentos, adiantou-se também e disse: - Senhor, confiaste-me dois talentos; eis aqui os dois outros que lucrei. 23Disse-lhe seu senhor: - Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor. 24Veio, por fim, o que recebeu só um talento: - Senhor, disse-lhe, sabia que és um homem duro, que colhes onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. 25Por isso, tive medo e fui esconder teu talento na terra. Eis aqui, toma o que te pertence. 26Respondeu-lhe seu senhor: - Servo mau e preguiçoso! Sabias que colho onde não semeei e que recolho onde não espalhei. 27Devias, pois, levar meu dinheiro ao banco e, à minha volta, eu receberia com os juros o que é meu. 28Tirai-lhe este talento e dai-o ao que tem dez. 29Dar-se-á ao que tem e terá em abundância. Mas ao que não tem, tirar-se-á mesmo aquilo que julga ter. 30E a esse servo inútil, jogai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
3) Reflexão Mateus 25,14-30 * O evangelho de hoje traz a Parábola dos Talentos. Esta parábola está situada entre duas outras parábolas: a parábola das Dez Virgens (Mt 25,1-13) e a parábola do Juízo Final (Mt 25,31-46). As três parábolas esclarecem e orientam as pessoas sobre a chegada do Reino. A parábola das Dez Virgens insiste na vigilância: o Reino pode chegar a qualquer momento. A parábola do Juízo Final diz que para tomar posse do Reino se deve acolher os pequenos. A parábola dos Talentos orienta sobre como fazer para que o Reino possa crescer. Ela fala sobre os dons ou carismas que as pessoas recebem de Deus. Toda pessoa tem alguma qualidade, sabe alguma coisa que ela pode ensinar aos outros. Ninguém é só aluno, ninguém é só professor. Aprendemos uns dos outros.
Uma chave para compreender a parábola. Uma das coisas que mais influi na vida da gente é a idéia que nos fazemos de Deus. Entre os judeus da linha dos fariseus, alguns imaginavam Deus como um Juiz severo que os tratava de acordo com o mérito conquistado pelas observâncias. Isto produzia medo e impedia as pessoas de crescer. Sobretudo, impedia que elas abrissem um espaço dentro de si para acolher a nova experiência de Deus que Jesus comunicava. Para ajudar a estas pessoas, Mateus conta a parábola dos talentos.
Mateus 25,14-15: A porta de entrada na história da parábola
Jesus conta a história de um homem que, antes de viajar, distribuiu seus bens aos empregados, dando-lhes cinco, dois ou um talento, conforme a capacidade de cada um. Um talento corresponde a 34 quilos de ouro, o que não é pouco! No fundo, cada um recebeu igual, pois recebeu “de acordo com a sua capacidade”. Quem tem copo grande, recebe o copo cheio. Quem tem copo pequeno, recebe o copo cheio. Em seguida, o patrão viajou para o estrangeiro e lá ficou por muito tempo. A história tem um certo suspense. Você não sabe com que finalidade o proprietário entregou o seu dinheiro aos empregados, nem sabe como vai ser o fim.
Mateus 25,16-18: O jeito de agir de cada empregado
Os dois primeiros trabalham e fazem duplicar os talentos. Mas o que recebeu um enterrou o dinheiro no chão para guardar bem e não perder. Trata-se dos bens do Reino que são entregues às pessoas e às comunidades de acordo com a sua capacidade. Todos e todas recebemos algum bem do Reino nem todos respondemos da mesma maneira!
Mateus 25,19-23: Prestação de conta do primeiro e do segundo empregado, e a resposta do Senhor
Depois de muito tempo, o proprietário voltou. Os dois primeiros dizem a mesma coisa: “O senhor me deu cinco/dois. Aqui estão outros cinco/dois que eu ganhei!” E o senhor dá a mesma resposta: “Muito bem, servo bom e fiel. Sobre pouco foste fiel, sobre muito te colocarei. Vem alegrar-te com teu senhor!”
Mateus 25,24-25: Prestação de conta do terceiro empregado
O terceiro empregado chega e diz: “Senhor, eu sabia que és um homem severo que colhes onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste. Assim, amedrontado, fui enterrar teu talento no chão. Aqui tens o que é teu!” Nesta frase transparece uma idéia errada de Deus que é criticada por Jesus. O empregado vê Deus como um patrão severo. Diante de um Deus assim, o ser humano sente medo e se esconde atrás da observância exata e mesquinha da lei. Ele pensa que, agindo assim, a severidade do legislador não vai poder castigá-lo. Na realidade, uma pessoa assim já não crê em Deus, mas crê apenas em si mesma e na sua observância da lei. Ela se fecha em si, desliga de Deus e já não consegue preocupar-se com os outros. Torna-se incapaz de crescer como pessoa livre. Esta imagem falsa de Deus isola o ser humano, mata a comunidade, acaba com a alegria e empobrece a vida.
Mateus 25,26-27: Resposta do Senhor ao terceiro empregado
A resposta do senhor é irônica. Ele diz: “Empregado mau e preguiçoso! Você sabia que eu colho onde não plantei, e que recolho onde não semeei. Então você devia ter depositado meu dinheiro no banco, para que, na volta, eu recebesse com juros o que me pertence!” O terceiro empregado não foi coerente com a imagem severa que tinha de Deus. Se ele imaginava Deus severo daquele jeito, deveria ao menos ter colocado o dinheiro no banco. Ou seja, ele sai condenado não por Deus, mas pela idéia errada que tinha de Deus e que o deixou mais medroso e mais imaturo do que devia ser. Nem seria possível ele ser coerente com aquela imagem de Deus, pois o medo desumaniza e paralisa a vida.
Mateus 25,28-30: A palavra final do Senhor que esclarece a parábola
O senhor manda tirar o talento e dar àquele que tem dez, “pois a todo aquele que tem será dado, mas daquele que não tem até o que tem lhe será tirado”. Aqui está a chave que esclarece tudo. Na realidade, os talentos, o “dinheiro do patrão”, os bens do Reino, são o amor, o serviço, a partilha. É tudo aquilo que faz crescer a comunidade e revela a presença de Deus. Quem se fecha em si com medo de perder o pouco que tem, este vai perder até o pouco que tem. Mas a pessoa que não pensa em si e se doa aos outros, esta vai crescer e receber de volta, de maneira inesperada, tudo que entregou e muito mais. “Perde a vida quem quer segurá-la, ganha a vida quem tem coragem de perdê-la”
A moeda diferente do Reino
Não há diferença entre os que recebem mais e os que recebem menos. Todos têm o seu dom de acordo com a sua capacidade. O que importa é que este dom seja colocado a serviço do Reino e faça crescer os bens do Reino que são amor, fraternidade, partilha. A chave principal da parábola não consiste em fazer render e produzir os talentos, mas sim em relacionar-se com Deus de maneira correta. Os dois primeiros não perguntam nada, não procuram o próprio bem-estar, não guardam para si, não se fecham, não calculam. Com a maior naturalidade, quase sem se dar conta e sem procurar mérito, começam a trabalhar, para que o dom dado por Deus renda para Deus e para o Reino. O terceiro tem medo e, por isso, não faz nada. De acordo com as normas da antiga lei ele estava correto. Manteve-se dentro das exigências. Não perdeu nada e não ganhou nada. Por isso, perdeu até o que tinha. O Reino é risco. Quem não quer correr risco, perde o Reino!
4) Para um confronto pessoal
1) Na nossa comunidade, procuramos conhecer e valorizar os dons de cada pessoa? Nossa comunidade é um espaço, onde as pessoas podem desenvolver seus dons? Às vezes, os dons de uns geram inveja e competição nos outros. Como reagimos?
2) Como entender a frase: "A todo aquele que tem, será dado mais, e terá em abundância. Mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado"?
5) Oração final
Nossa alma espera no Senhor, porque ele é nosso amparo e nosso escudo. Nele, pois, se alegra o nosso coração, em seu santo nome confiamos. (Sl 32, 20-21)
Padre é sequestrado em Cachoeira; carro é roubado na ação
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O pároco de Cachoeira, padre Adeilson Pugas, foi vítima de sequestro na noite de ontem, 30.
De acordo com o Diário da Notícia, o sacerdote teria sido abordado por dois criminosos armados em frente à Casa Paroquial e levado encapuzado para a casa do também padre Hélio Vilas-Boas, em Belém, distrito de Cachoeira.
No local, os suspeitos vasculharam todo o imóvel em busca de objetos de valores e em seguida fugiram com o veículo do padre Adeilson.
Guarnições da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal foram acionadas, mas até a publicação desta matéria ninguém havia sido preso. Fonte: https://fortenanoticia.com.br
O a mídia falou sobre o assunto?
Padre é sequestrado e assaltado em Cachoeira após visitar suposto fiel que dizia precisar de orientação espiritual
Ninguém foi preso.
Na madrugada de quinta-feira (31) em Cachoeira, um padre foi sequestrado e roubado. De acordo com informações da Polícia Civil, ele foi até a casa de um fiel que dizia necessitar de orientação espiritual e no local foi surpreendido por homens que praticaram o crime.
Os homens obrigaram o padre a ir até a casa de outro padre que fica no distrito de Belém em Cachoeira, distante 4 km do centro da cidade, com o intuito de roubar ouro e dinheiro guardados onde estava o segundo padre.
Ninguém foi preso e a polícia não informou se o segundo padre foi vítima da ação dos criminosos.
Foram roubados cartões de crédito, documentos, dinheiro e um veículo que pertence a diocese.
O padre foi liberado, mas a polícia não disse em qual local. Ele não sofreu agressões. Fonte: https://www.acordacidade.com.br
O a mídia falou sobre o assunto?
Padre é sequestrado e assaltado após visitar suposto fiel que dizia precisar de orientação espiritual na BA
Crime aconteceu em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, nesta quinta (31). Ninguém foi preso.
Por g1 BA
Um padre da cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, foi sequestrado e roubado na madrugada desta quinta-feira (31). Segundo a Polícia Civil, o crime aconteceu após o religioso ter ido até a casa de um fiel, que dizia precisar de orientação espiritual. Ninguém foi preso.
Ao chegar no suposto endereço do fiel, o pároco foi surpreendido por homens que o obrigaram a ir até a residência de outro segundo padre, que fica no distrito de Belém, a cerca de 4 km do centro da cidade.
Segundo a polícia, o objetivo do grupo era roubar ouro e dinheiro guardados no imóvel onde estava o segundo padre. A polícia, no entanto, não esclareceu se o outro padre estava na casa e também teria sido vítima da ação dos criminosos
Os suspeitos roubaram cartões de crédito, dinheiro, documentos e um carro que pertence a diocese.
A polícia não especificou em qual local o padre foi sequestrado e liberado, mas afirmou que ele não foi agredido pelos suspeitos. O crime é investigado pela delegacia de Cachoeira.
Outro crime contra religioso
Na quarta-feira (30), os suspeitos de matar o pastor Marcos José Froz de Almeida foram presos. O crime aconteceu em fevereiro deste ano, na cidade de Santo Antônio de Jesus, também no Recôncavo da Bahia.
No dia do crime, os homens seguiram a vítima e efetuaram os disparos na porta da Igreja Batista Missionária Redenção, no bairro Salomão. O pastor morreu no local. Fonte: https://g1.globo.com
Arquidiocese manifesta pesar pela morte do Diácono Permanente Orlando Luciano da Silva
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Arquivo: Paróquia Santa Ângela e São Serapião
30 de agosto de 2023
A Arquidiocese de São Paulo comunicou na tarde da quarta-feira, 30, “com grande tristeza e pesar, o falecimento do Diácono Permanente Orlando Luciano da Silva”.
Ele tinha 54 anos de idade, era casado e pais de dois filhos.
“Profissional dedicado, pai e marido amoroso, atuava como Assistente Pastoral na Paróquia Santa Cristina, Parque Bristol. Recebeu a ordenação diaconal em 11 de dezembro de 2021, após ter concluído os estudos em Teologia. Trabalhava na sede da região Episcopal Ipiranga, onde foi encontrado morto, após ter atentado contra a própria vida. São desconhecidas, por ora, as razões que o levaram esse ato”, consta na nota assinada pelo Padre Michelino Roberto, Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação.
Ainda não há informações sobre o velório o sepultamento. “A Arquidiocese está acompanhando e prestando assistência aos seus familiares e se solidariza com os seus parentes, amigos, agentes de pastoral, diáconos, sacerdotes”, lê-se na conclusão da nota. Fonte: https://osaopaulo.org.br
Quarta-feira, 30 de agosto-2023. 21ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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1) Oração
Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 23, 27-32)
27Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de cadáveres e de toda podridão! 28Assim também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça. 29Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Construís sepulcros para os profetas e enfeitais os túmulos dos justos, 30e dizeis: ‘Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices da morte dos profetas’. 31Com isso, confessais que sois filhos daqueles que mataram os profetas. 32Vós, pois, completai a medida de vossos pais!
3) Reflexão
Estes dois últimos Ais, que Jesus pronunciou contra os doutores da lei e os fariseus do seu tempo, retomam e reforçam o mesmo tema dos dois Ais do evangelho de ontem. Jesus critica a falta de coerência entre a palavra e a prática, entre o interior e o exterior.
Mateus 23,27-28: O sétimo Ai contra os que se parecem sepulcros caiados
“Vocês: por fora, parecem justos diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça”. A imagem de “sepulcros caiados” fala por si e não precisa de comentário. Jesus condena os que mantêm uma aparência fictícia de pessoa correta, mas cujo interior é a negação total daquilo que querem fazer aparecer para fora.
Mateus 23,29-32: O oitavo Ai contra os que enfeitam os sepulcros dos profetas, mas não os imitam
Os doutores e fariseus diziam: “Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices na morte dos profetas”. E Jesus conclui: pessoas que falam assim “confessam que são filhos daqueles que mataram os profetas”, pois eles dizem “nossos pais”. E Jesus termina dizendo: “Pois bem: acabem de encher a medida dos pais de vocês!” De fato, naquela altura dos acontecimentos, eles já tinham decidido matar Jesus. Assim acabavam de encher a medida dos pais.
4) Para um confronto pessoal
1) São mais dois Ais, mais dois motivos para receber uma crítica severa da parte de Jesus. Qual das dois cabe em mim?
2) Qual a imagem de mim mesmo que eu procuro apresentar aos outros? Ela corresponde ao que sou de fato diante de Deus?
5) Oração final
Felizes os que temem o Senhor, os que andam em seus caminhos. Poderás viver, então, do trabalho de tuas mãos, serás feliz e terás bem-estar. (Sl 127, 1-2)
Homem que intermediou assassinato de Dorothy Stang é preso pela PF por grilagem e desmatamento
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Homem que intermediou assassinato de Dorothy Stang é preso pela PF por grilagem e desmatamento
Um dos condenados pelo homicídio da missionária, em 2005, é alvo de operações contra ocupação ilegal na Amazônia
A missionária Dorothy Stang, morta em 2005 - Carlos Silva/Divulgação
MANAUS
O homem condenado por intermediar o assassinato da missionária Dorothy Stang foi preso preventivamente nesta terça-feira (29) em operações da PF (Polícia Federal) contra grupos suspeitos de grilagem e desmatamento na Amazônia.
Amair Feijoli é suspeito de grilagem e ocupação ilegal de áreas no Amazonas e no Acre, segundo a PF, que deflagrou duas operações simultâneas para combater ações do tipo. Ao todo, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e 25 de busca e apreensão.
Em 2006, Feijoli foi condenado por tribunal do júri do Pará por participação no assassinato de Stang, missionária norte-americana naturalizada brasileira. O crime ocorreu em 2005, no Pará.
A missionária tinha 73 anos, era agente da CPT (Comissão Pastoral da Terra) e foi morta numa emboscada com seis tiros, quando se dirigia a uma reunião de agricultores em Anapu (PA). Ela atuava em prol de agricultores de terras na região.
A execução de Stang se deu num contexto de intensa grilagem e disputa fundiária na Amazônia, realidade que pouco se alterou nos quase 20 anos seguintes.
Feijoli, condenado a 18 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado, atuou na intermediação entre mandantes e pistoleiros. Agora, foi preso em razão da atuação de grupos dedicados à grilagem.
A Operação Terra Prometida mirou organização criminosa suspeita de crimes de desmatamento, invasão de terra pública, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, segundo a PF.
As investigações tiveram início com denúncias de trabalhadores extrativistas de uma floresta estadual, na região de Sena Madureira (AC). Eles denunciaram desmatamento para criação de gado e ameaças feitas por posseiros.
O desmatamento atingiu 598 hectares, área equivalente à de 598 campos de futebol. O prejuízo ambiental estimado pela PF foi de R$ 18 milhões.
A outra operação recebeu o nome de Xingu. Um grileiro, dois pecuaristas e um técnico de georreferenciamento atuavam para "esquentar" imóveis junto ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e no CAR (Cadastro Ambiental Rural), conforme a PF.
Os supostos crimes ocorreram entre Boca do Acre e Lábrea, cidades no sul do Amazonas. Neste caso, o desmatamento atingiu 800 hectares, e o prejuízo foi calculado em R$ 17 milhões.
Segundo a PF, um filho de Feijoli também é investigado. Contra ele já existe um mandado de prisão por tentativa de homicídio, expedido pela Justiça em Sena Madureira, informou a PF.
"Os investigados poderão responder judicialmente pelos crimes de associação a organização criminosa, invasão de terras públicas, desmatamento, falsidade ideológica, estelionato e lavagem de dinheiro, entre outros delitos acessórios, cujas penas somadas podem ultrapassar 20 anos de prisão", cita nota da PF. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Martírio de São João Batista - 29 de agosto
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Frei Carlos Mesters, O. Carm
1) Oração
Ó Deus, quisestes que São João Batista fosse o precursor do nascimento e da morte do vosso Filho; como ele tombou na luta pela justiça e a verdade, fazei-nos também lutar corajosamente para testemunhar a vossa palavra. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 6,17-29)
17Pois o próprio Herodes mandara prender João e acorrentá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado.18João tinha dito a Herodes: Não te é permitido ter a mulher de teu irmão.19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, não o conseguindo, porém.20Pois Herodes respeitava João, sabendo que era um homem justo e santo; protegia-o e, quando o ouvia, sentia-se embaraçado. Mas, mesmo assim, de boa mente o ouvia.21Chegou, porém, um dia favorável em que Herodes, por ocasião do seu natalício, deu um banquete aos grandes de sua corte, aos seus oficiais e aos principais da Galiléia.22A filha de Herodíades apresentou-se e pôs-se a dançar, com grande satisfação de Herodes e dos seus convivas. Disse o rei à moça: Pede-me o que quiseres, e eu to darei.23E jurou-lhe: Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja a metade do meu reino.24Ela saiu e perguntou à sua mãe: Que hei de pedir? E a mãe respondeu: A cabeça de João Batista.25Tornando logo a entrar apressadamente à presença do rei, exprimiu-lhe seu desejo: Quero que sem demora me dês a cabeça de João Batista.26O rei entristeceu-se; todavia, por causa da sua promessa e dos convivas, não quis recusar.27Sem tardar, enviou um carrasco com a ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi, decapitou João no cárcere,28trouxe a sua cabeça num prato e a deu à moça, e esta a entregou à sua mãe.29Ouvindo isto, os seus discípulos foram tomar o seu corpo e o depositaram num sepulcro.
3) Reflexão
Hoje comemoramos o martírio de São João Batista. O evangelho traz a descrição de como João Batista foi morto sem processo, durante um banquete, vítima da corrupção e da prepotência de Herodes e sua corte.
Marcos 6,17-20. A causa da prisão e do assassinato de João.
Herodes era um empregado do império romano. Quem mandava mesmo na Palestina, desde 63 antes de Cristo, era César, o imperador de Roma. Herodes, para não ser deposto, procurava agradar a Roma em tudo. Insistia sobretudo numa administração eficiente que desse lucro ao Império e a ele mesmo. A preocupação de Herodes era a sua própria promoção e segurança. Por isso, reprimia qualquer tipo de subversão. Ele gostava de ser chamado de benfeitor do povo, mas na realidade era um tirano (cf. Lc 22,25). Flávio José, um escritor daquela época, informa que o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes tinha de um levante popular. A denúncia de João Batista contra a moral depravada de Herodes (Mc 6,18), foi a gota que fez transbordar o copo, e João foi preso.
Marcos 6,21-29: A trama do assassinato.
Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias! Era o ambiente em que os poderosos do reino se reuniam e no qual se costuravam as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte, dos oficiais e das pessoas importantes da Galiléia”. É nesse ambiente que se trama o assassinato de João Batista. João, o profeta, era uma denúncia viva desse sistema corrupto. Por isso, ele foi eliminado sob pretexto de um problema de vingança pessoal. Tudo isto revela a fraqueza moral de Herodes. Tanto poder acumulado na mão de um homem sem controle de si! No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes fez um juramento leviano a uma jovem dançarina. Supersticioso como era, pensava que devia manter esse juramento. Para Herodes, a vida dos súditos não valia nada. Dispunha deles como dispunha da posição das cadeiras na sala. Marcos conta o fato tal qual e deixa às comunidades e a nós a tarefa de tirarmos as conclusões.
Nas entrelinhas, o evangelho de hoje traz muitas informações sobre o tempo em que Jesus vivia e sobre a maneira como era exercido o poder pelos poderosos da época. Galiléia, terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, desde 4 antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo, 43 anos! Durante todo o tempo que Jesus viveu, não houve mudança de governo na Galiléia! Herodes era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia o que bem entendia. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte do povo!
Herodes construiu uma nova capital, chamada Tiberíades. Sefforis, a antiga capital, tinha sido destruída pelos romanos em represália contra um levante popular. Isto aconteceu quando Jesus tinha em torno de sete anos de idade. Tiberíades, a nova capital, foi inaugurada treze anos mais tarde, quando Jesus tinha seus 20 anos. Era chamada assim para agradar a Tibério, o imperador de Roma. Tiberíades era um quisto estranho na Galiléia. Era lá que viviam o rei, “os magnatas, os generais e os grandes da Galiléia” (Mc 6,21). Era lá que moravam os donos das terras, os soldados, a polícia, os juizes muitas vezes insensíveis (Lc 18,1-4). Para lá eram levados os impostos e o produto do povo. Era lá que Herodes fazia suas orgias de morte (Mc 6,21-29). Não consta nos evangelhos que Jesus tenha entrado nessa cidade.
Ao longo daqueles 43 anos do governo de Herodes, criou-se toda uma classe de funcionários fieis ao projeto do rei: escribas, comerciantes, donos de terras, fiscais do mercado, publicanos ou coletores de impostos, militares, policiais, juizes, promotores, chefes locais. A maior parte deste pessoal morava na capital, gozando dos privilégios que Herodes oferecia, por exemplo, isenção de impostos. Outra parte vivia nas aldeias. Em cada aldeia ou cidade havia um grupo de pessoas que apoiavam o governo. Vários escribas e fariseus estavam ligados ao sistema e à política do governo. Nos evangelhos, os fariseus aparecem junto com os herodianos (Mc 3,6; 8,15; 12,13), o que reflete a aliança que existia entre o poder religioso e poder civil. A vida do povo nas aldeias da Galiléia era muito controlada, tanto pelo governo como pela religião. Era necessário ter muita coragem para começar algo novo, como fizeram João e Jesus! Era o mesmo que atrair sobre si a raiva dos privilegiados, tanto do poder religioso como do poder civil, tanto em nível local como estadual.
4) Para um confronto pessoal
- Conhece casos de pessoas que morreram vítimas da corrupção e da dominação dos poderosos? E aqui entre nós, na nossa comunidade e na igreja, há vítimas de desmando e de autoritarismo? Dê um exemplo.
- Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis tanto da sociedade como da Igreja.
5) Oração final
É em vós, Senhor, que procuro meu refúgio; que minha esperança não seja para sempre confundida. Por vossa justiça, livrai-me, libertai-me; inclinai para mim vossos ouvidos e salvai-me. (Sl 70, 1-2)
Segunda-feira, 28 de agosto-2023. 21ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 23, 13-22)
13Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Vós fechais aos homens o Reino dos céus. Vós mesmos não entrais e nem deixais que entrem os que querem entrar. 14[Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Devorais as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso, sereis castigados com muito maior rigor.] 15Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Percorreis mares e terras para fazer um prosélito e, quando o conseguis, fazeis dele um filho do inferno duas vezes pior que vós mesmos. 16Ai de vós, guias cegos! Vós dizeis: Se alguém jura pelo templo, isto não é nada; mas se jura pelo tesouro do templo, é obrigado pelo seu juramento. 17Insensatos, cegos! Qual é o maior: o ouro ou o templo que santifica o ouro? 18E dizeis ainda: Se alguém jura pelo altar, não é nada; mas se jura pela oferta que está sobre ele, é obrigado. 19Cegos! Qual é o maior: a oferta ou o altar que santifica a oferta? 20Aquele que jura pelo altar, jura ao mesmo tempo por tudo o que está sobre ele. 21Aquele que jura pelo templo, jura ao mesmo tempo por aquele que nele habita. 22E aquele que jura pelo céu, jura ao mesmo tempo pelo trono de Deus, e por aquele que nele está sentado.
3) Reflexão Mateus 23,13-22
Nestes próximos três dias vamos meditar o discurso que Jesus pronunciou criticando os doutores da lei e os fariseus, chamando-os de hipócritas. No evangelho de hoje (Mt 23,13-22), Jesus pronuncia contra eles quatro Ais ou pragas. No de amanhã, mais duas pragas (Mt 23,23-26), e no evangelho de depois de amanhã, outras duas pragas(Mt 23,27-32). Ao todo oito Ais ou pragas contra os líderes religiosos da época. São palavras muito duras. Ao meditá-las, devo pensar não só nos doutores e fariseus do tempo de Jesus, mas também e sobretudo no hipócrita que existe em mim, em nós, na nossa família, na comunidade, na nossa igreja, na sociedade de hoje. Vamos olhar no espelho do texto para descobrir o que existe de errado em nós mesmos.
Mateus 23,13: O primeiro Ai contra os que fecham a porta do Reino
“Vocês fecham o Reino do Céu para os homens. Nem vocês entram, nem deixam entrar aqueles que desejam”. Fecham o Reino como? Apresentando Deus apenas como juiz severo, deixando pouco espaço para a misericórdia. Impondo em nome de Deus leis e normas que não têm nada a ver com os mandamentos de Deus, falsificam a imagem do Reino e matam nos outros o desejo de servir a Deus e ao Reino. Uma comunidade que se organiza ao redor deste falso deus “não entra no Reino”, nem é expressão do Reino, e impede que seus membros entrem no Reino.
Mateus 23,14: O segundo Ai contra os que usam a religião para se enriquecer
“Vocês exploram as viúvas, e roubam suas casas e, para disfarçar, fazem longas orações! Por isso, vocês vão receber uma condenação mais severa”. Jesus permite aos discípulos viver do evangelho, pois diz que o operário digno do seu salário (Lc 10,7; cf. 1Cor 9,13-14), mas usar a oração e a religião como meio para enriquecer-se, isto é hipocrisia e não revela a Boa Nova de Deus. Transforma a religião num mercado. Jesus expulsou os comerciantes do Templo (Mc 11,15-19) citando os profetas Isaías e Jeremias: “Minha casa é casa de oração para todos os povos e vocês a transformaram num covil de ladrões” (Mc 11,17; cf Is 56,7; Jr 7,11)). Quando o mago Simão quis comprar o dom do Espírito Santo, Pedro o amaldiçoou (At 8,18-24). Simão recebeu a “condenação mais severa” de que Jesus fala no evangelho de hoje.
Mateus 23,15: O terceiro Ai contra os que fazem proselitismo
“Vocês percorrem o mar e a terra para converter alguém, e quando conseguem, o tornam merecedor do inferno duas vezes mais do que vocês”. Há pessoas que se fazem missionários e anunciam o evangelho não para irradiar a Boa Nova do amor de Deus, mas para atrair as pessoas para o seu grupo ou sua igreja. Certa vez, João proibiu uma pessoa de usar o nome de Jesus porque ela não fazia parte do grupo dele. Jesus respondeu: “Não proíba, pois quem não é contra, é a favor” (Mc 9,39). O documento da Assembléia Plenária dos bispos da América Latina, realizada no mês de maio de 2008, em Aparecida, Brasil, tem como título: “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida!” Ou seja, o objetivo da missão não é para que os povos se tornem católicos, nem para fazer proselitismo, mas sim para que os povos tenham vida, e vida em abundância.
Mateus 23,16-22: O quarto Ai contra os que vivem fazendo juramento
“Vocês dizem: 'Se alguém jura pelo Templo, não fica obrigado, mas se alguém jura pelo ouro do Templo, fica obrigado'”. Jesus faz um longo raciocínio para mostrar a incoerência de tantos juramentos que o povo fazia ou que a religião oficial mandava fazer: juramentos pelo ouro do templo ou pela oferenda que está no altar. O ensinamento de Jesus, dado no Sermão da Montanha, é o melhor comentário da mensagem do evangelho de hoje: “Eu, porém, lhes digo: não jurem de modo algum: nem pelo Céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o suporte onde ele apóia os pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. Não jure nem mesmo pela sua própria cabeça, porque você não pode fazer um só fio de cabelo ficar branco ou preto. Diga apenas 'sim', quando é 'sim'; e 'não', quando é 'não'. O que você disser além disso, vem do Maligno." (Mt 5,34-37)
4) Para um confronto pessoal
1) São quatro Ais ou quatro pragas, quatro motivos para receber uma crítica severa da parte de Jesus. Qual das quatro críticas cabe em mim?
2) Nossa Igreja hoje merece estes Ais da parte de Jesus?
5) Oração final
Cantai ao Senhor um cântico novo. Cantai ao Senhor, terra inteira. Cantai ao Senhor e bendizei o seu nome, anunciai cada dia a salvação que ele nos trouxe. (Sl 95, 1-2)
Padre Júlio Lancelotti denuncia ameaças de morte e recebe apoio da base de Lula: 'Revoltante'
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Padre Júlio Lancelotti denuncia ameaças de morte e recebe apoio da base de Lula: 'Revoltante'
'Petista vagabundo', dizia o bilhete deixado na porta da igreja do religioso; nomes como Alexandre Padilha e Randolfe Rodrigues repudiaram os ataques
Padre Júlio Lancelotti recebe apoio de parlamentares após denunciar ameaças de morte — Foto: Reprodução
Por Luísa Marzullo
Conhecido nacionalmente por seu trabalho filantrópico com moradores de rua, o padre Júlio Lancelotti recebeu neste domingo um bilhete com ameaças de morte. No pedaço de papel foi deixado na porta de sua igreja, o o autor lhe chama de "petista vagabundo" e afirma que os dias dele de "reinado" irão acabar.
"Padreco de merda, pensa que aqui é partido político. Defensor dos direitos dos bandidos. Usa o povo para te favorecer. Seus dias de reinado vão acabar. Pode esperar", diz a nota. No ano passado, padre Júlio Lancelotti declarou apoio à eleição de Lula e deu declarações favoráveis ao então candidato.
—Lula não fecha igrejas, ele abre corações — disse o religioso em encontro com o então candidato um mês antes do primeiro turno das eleições.
Diante da grande repercussão das ameaças, políticos da base de apoio do presidente saíram em repúdio ao ocorrido. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que Lancelotti "não está sozinho".
Já o líder do governo no Senado, Randolfe Rodrigues (Sem Partido-AP), desejou solidariedade ao padre e disse ser "revoltante" que casos como este ainda ocorram: "É inacreditável que alguém sofra ameaças por praticar o bem e fazer a diferença na vida de tantas pessoas! Hoje nosso querido Padre Júlio Lancelotti sofreu grave ameaça à vida. O ódio e o fascismo não passarão", disse o senador.
Já a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) afirmou que a violência sofrida pelo padre revela uma "inversão de valores" que ocorreu no país: "O ódio contra ele se dá, justamente, pelo seu acolhimento e cuidado com o próximo, premissas do cristianismo e motivos pelos quais o próprio Cristo foi perseguido.
O movimento foi acompanhado por outros deputados do PT como Luizianne Lins (CE) que aproveitou a ocasião para eleger Lancelotti: "um humanista incansável".
Esta não é a primeira vez que o padre relata ameaças. Em 2020, prestou queixa à Polícia Civil após ter sido xingado por um homem enquanto atendia moradores de rua no Centro da cidade de São Paulo.
‘Estava aqui na praça com os irmãos de rua e passou uma moto por aqui e o cara falou: ‘padre filho da puta que defende noia [usuários de droga]’. Depois dos ataques de alguns candidatos à prefeitura contra mim, eu estou cada vez mais em risco. Então quero deixar claro, se me acontecer alguma coisa, se eu for atingido por alguém vocês sabem de quem é a culpa, de quem cobrar’, relatou à época. Fonte: https://oglobo.globo.com
O difícil problema da manipulação religiosa
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O difícil problema da manipulação religiosa
Liberdade religiosa é um enorme bem para a sociedade. Mas não se pode ignorar que, no Brasil, vem crescendo a manipulação religiosa, com nefastas consequências sociais e
O levantamento segundo o qual 17 templos são abertos por dia em média no País traz à tona um tema difícil de ser tratado, mas nem por isso menos real ou menos daninho: a manipulação religiosa, isto é, o uso da religião para fins políticos ou financeiros e a utilização da vulnerabilidade social e econômica para dominação social e política. É uma modalidade de coronelismo, profundamente perversa, que subjuga parcelas crescentes da população à condição de subcidadania.
O tema exige muito cuidado. A liberdade religiosa é um enorme bem para a sociedade, parte essencial dos direitos fundamentais. Sem liberdade religiosa, não há cidadania. Além disso, grandes conquistas civilizatórias foram motivadas por ideais religiosos, como o movimento abolicionista no século 19.
O Estado laico não tem uma religião oficial. Ele é absolutamente incompetente para fazer qualquer afirmação em matéria teológica. Consequentemente, ele também não vê as religiões – nenhuma delas – como inimigas. Ao contrário, reconhecendo a profunda atuação social e humanitária de tantos credos, o poder público trabalha em parceria com muitas igrejas em várias áreas, como saúde e educação. Mais do que uma relação de oposição ou de conflito, o Estado Democrático de Direito – mantendo-se rigorosamente isento nas questões especificamente religiosas – vislumbra nas igrejas uma realidade humana e social que merece ser preservada e respeitada.
Esse é o espírito consagrado na Constituição de 1988, que reconheceu e protegeu a liberdade religiosa. Vendo nas diversas manifestações religiosas um importante bem social, o legislador constituinte estabeleceu a imunidade tributária das igrejas. “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre templos de qualquer culto”, diz o art. 150, VI, b. Ver no fenômeno religioso, seja qual for sua matriz espiritual ou filosófica, uma oposição ao Estado Democrático de Direito é manifestamente inconstitucional: é reconhecer que não se entendeu nada sobre a liberdade própria de uma democracia. O Estado contemporâneo não vem dizer como os cidadãos devem viver – em que devem acreditar ou como devem amar –, e sim assegurar o espaço de liberdade para que cada um, respeitando a lei e os direitos dos outros, viva como bem entender.
As religiões fazem parte do passado, do presente e do futuro do País, de modo que integram nosso patrimônio histórico, arquitetônico, social e cultural, mas todo esse panorama formidável não esconde o fato de que, sob aparência de fenômeno religioso, há muita gente aproveitando-se da condição de vulnerabilidade de outros cidadãos para fins políticos e financeiros. No Brasil, fundar uma igreja virou, muitas vezes, um lucrativo negócio. A imunidade tributária, cujo objetivo é assegurar a liberdade religiosa da população, transformou-se em ocasião de enriquecimento. Não é nenhum exagero: ao longo das últimas décadas, lideranças religiosas acumularam milhões.
No ano passado, criticou-se, neste espaço, “o uso abusivo do estatuto especial das igrejas para fazer proselitismo eleitoral” (ver o editorial Púlpito não é palanque eleitoral, do dia 13/8/2022). Além de constituir uma manipulação de liberdades fundamentais, a prática é vedada pela legislação eleitoral. O problema já foi tratado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), algum limite às atividades eclesiásticas é “medida necessária à proteção da liberdade de voto e da própria legitimidade do processo eleitoral, dada a ascendência incorporada pelos expoentes das igrejas em setores específicos da comunidade”.
O País não pode fingir que o problema da manipulação religiosa não existe, sob pena de permitir a exploração de cidadãos por seus iguais. Não é fácil estabelecer critérios para a distinção entre o que é religião e o que é instrumentalização da religião. Mas não cabe abdicar dessa tarefa. Só será possível defender efetivamente a liberdade religiosa se, enquanto sociedade, soubermos o que não é liberdade religiosa. Fonte: https://www.estadao.com.br
Padre Júlio Lancellotti recebe bilhete com ameaça: 'seu dia de reinado aqui vai acabar'
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O coordenador da Pastoral do Povo da Rua de São Paulo disse que acionou a Secretaria de Segurança Pública e vai fornecer imagens de câmera de segurança à polícia para identificar suspeito.
Padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, recebeu bilhete com ameaça deixado na porta da paróquia. — Foto: Reprodução/EPTV e Instagram
Por g1 SP — São Paulo
O Padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, recebeu neste sábado (26) um bilhete com ameaças (veja imagem acima).
A mensagem, deixada na porta da Paróquia São Miguel Arcanjo, na Zona Leste da capital, diz que "seu dia de reinado aqui vai acabar". O religioso também é xingado e chamado de "defensor dos direitos de bandidos".
Ao g1, o Padre Júlio afirmou que entrou em contato com o secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública, Osvaldo Nico Gonçalves, para informar sobre o caso.
Segundo Lancellotti, câmeras de segurança registraram o momento em que o suspeito deixa o bilhete no final da tarde de sábado. Ele diz que não conseguiu identificar a pessoa, mas as imagens serão entregues à polícia.
Júlio Lancellotti é conhecido por seu trabalho de assistência a pessoas em situação de rua. Em suas redes sociais, ele denuncia com frequência casos de violência policial e de construções com arquitetura hostil, que restringem o uso do espaço público.
Esta não é a primeira vez que o padre é ameaçado. Em 2018, entidades de diretos humanos entraram com uma representação no Ministério Público após o coordenador da pastoral receber ameaças de morte. Fonte: https://g1.globo.com
Morre o cardeal Geraldo Majella Agnelo, ex-presidente da CNBB
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A saúde de dom Geraldo se agravou em dezembro do ano passado, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC)
O cardeal Geraldo Majella Agnelo, arcebispo emérito de São Salvador, morreu aos 89 anos. — Foto: Reprodução/Instagram CNBB
Por O GLOBO — São Paulo
O cardeal Geraldo Majella Agnelo, arcebispo emérito de São Salvador e ex-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) morreu neste sábado (26), aos 89 anos. A notícia foi comunicada pela arquidiocese de Londrina (PR), onde o cardeal residia desde 2014.
De acordo com informações da CNBB, a saúde de dom Geraldo se agravou em dezembro do ano passado, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Ele estava em internamento domiciliar e teve uma piora nos últimos dias.
Dom Geraldo Majella Agnelo nasceu no dia 19 de outubro de 1933, em Juiz de Fora (MG). Aos 12 anos ingressou no Seminário Menor Diocesano Santo Antônio, também em Juiz de Fora.
Dom Geraldo, cujo lema episcopal é “Caridade com fé”, foi bispo de Toledo (PR), de 5 de maio a 27 outubro de 1982, arcebispo de Londrina (PR) de 1982 a janeiro de 1999, quando foi nomeado como arcebispo Primaz do Brasil e assumiu o governo pastoral da arquidiocese de São Salvador da Bahia.
Ele presidiu a Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB, de 1983-1987, foi vice-presidente do Regional Sul 2 da CNBB e 2º Vice-presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), em 1999. Dom Geraldo presidiu a CNBB de 2003 a 2007.
No Vaticano, foi membro do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes e da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja. Participou de dois conclaves, um, em 2005, que elegeu o Papa Bento XVI, e outro, em 2013, no qual foi escolhido o Papa Francisco. Ele foi um dos três presidentes da Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe realizada em Aparecida (SP), em maio de 2007.
Dom Geraldo também era formado em Filosofia e em Teologia e foi professor na Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Fonte: https://oglobo.globo.com
21º Domingo do Tempo Comum: Um Olhar
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PROFESSAR A FÉ COM SÃO PEDRO E O PAPA
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará (PA)
Mais uma vez a Liturgia nos apresenta as figuras de São Pedro e da Casa, a grande casa da Igreja, em cuja edificação todos nós entramos. A imagem da construção ocorre muitas vezes na Sagrada Escritura, apontando, ora para a dignidade dos edifícios, ora para o material utilizado ou as pessoas envolvidas nas edificações. São comparações nas quais podem ser como que dependuradas as várias atitudes diante do mistério de Deus e a aventura da fé, a que todos são chamados. São Pedro absorveu de forma interessante esta imagem: “Como pedras vivas, formai um edifício espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo. Com efeito, nas Escrituras se lê: ‘Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida, honrosa; quem nela confiar, não será confundido’. De vós, que credes, ela é a honra! Mas para os que não creem, ‘a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular’ (Sl 117, 22-23), pedra que faz cair’: nela tropeçam os que não acolhem a Palavra; esse é o destino deles. Mas vós sois a gente escolhida, o sacerdócio régio, a nação santa, o povo que ele adquiriu, a fim de que proclameis os grandes feitos daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa.” (Cf. 1 Pd 2, 5-10).
Ele mesmo teve que se confrontar com aquela pedra angular da construção, sem a qual tudo vem abaixo. E Jesus Cristo, que é a porta necessária (Cf. Jo 10, 7-9), veio ao seu encontro, talhando pouco a pouco aquele que veio a ser também chamado com o nome Pedro, que vem de Pedra. Na região de Cesareia de Filipe, como nos narra o Evangelista São Mateus (Cf. Mt 6, 13-20), aconteceu um diálogo fundamental na compreensão da vocação de Pedro. Até àquela altura da narrativa evangélica, eram muitas as multidões que se acercavam de Jesus. Delas emerge, pouco a pouco, o grupo dos discípulos e entre eles os doze, que foram depois chamados apóstolos. É um processo de formação, com o qual o Senhor prepara aqueles que deveriam continuar o anúncio do Reino de Deus e a constituição da Igreja. Chega um momento decisivo, os discípulos próximos de Jesus, uma pergunta sobre a opinião corrente a seu respeito, seguida da mais importante questão para qualquer discípulo de todos os tempos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16, 15). É a virada radical para aqueles homens simples! O dono da resposta e da responsabilidade se chama Simão: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16, 16).
Simão era pescador, homem de um temperamento rico de defeitos e qualidades, generosidade e insegurança. Tudo o que era humano nele estava presente. Veio do mundo do trabalho, tinha família e sogra, barco e rede. Certamente não lhe faltava nada no horizonte que se abria em torno do Lago de Nazaré, Mar da Galileia. Foi cultivado pelo Senhor Jesus com a paciência que só Deus tem, e Ele é Deus! Agora, aquele que humanamente talvez não fosse o melhor de todos, dá a resposta da fé, conduzido interiormente pelo Pai que está no Céu. E o Senhor muda seu nome. Simão se torna Pedro, o pescador de Peixes se transforma em Pescador de Homens (Cf. Lc 5, 1-11). Sobre a sua profissão de fé há de se edificar a Igreja. Ao Pescador são entregues as chaves do Reino, donde a devoção cultivada àquele que sempre é visto de plantão à porta do Céu!
São atribuições desproporcionais à pequenez do homem simples da Galileia: “Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16, 19). O Céu se compromete com a Terra, para agradável surpresa da humanidade ansiosa pela eternidade! O nó que ata os homens e mulheres aos seus próprios defeitos e pecados pode ser desfeito pelo ministério do perdão e da misericórdia, à disposição de quem se abre à graça! Generosidade eterna que se põe à disposição no dia a dia dos cristãos.
Após a confissão de fé proferida por Pedro, em nome de todo o grupo de discípulos, o processo formativo continua. Simão Pedro deverá entender, a duras penas, a realidade da Cruz, cujo anúncio escandaliza! “Jesus começou a mostrar aos discípulos que era necessário ele ir a Jerusalém, sofrer muito da parte dos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia, ressuscitar. Então Pedro o chamou de lado e começou a censurá-lo: ‘Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!’ Jesus, porém, voltou-se para Pedro e disse: ‘Vai para trás de mim, satanás! Tu estás sendo para mim uma pedra de tropeço, pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim, as dos homens!’” precisou ouvir do Senhor palavras exigentes, marcadas com o timbre da verdade, que o conduziu ao cumprimento da exigente missão de ser “Pedra”: ‘“Simão, Simão! Satanás pediu permissão para peneirar-vos, como se faz com o trigo. Eu, porém, orei por ti, para que tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos’. Simão disse: ‘Senhor, eu estou pronto para ir contigo até mesmo à prisão e à morte!’ Jesus, porém, respondeu: ‘Pedro, eu te digo que hoje, antes que o galo cante, três vezes negarás que me conheces’” (Lc 22, 31-34).
Passados os anos, veio efetivamente a confirmar os irmãos com o derramamento de seu sangue, na cidade de Roma. Seu ministério permanece nos sucessores que vieram. O ofício pastoral de Pedro se realiza no Papa, Bispo de Roma, princípio e fundamento da unidade da Igreja (Cf. Catecismo da Igreja Católica, 880-882). Por um costume secular, que liga nome e missão, hoje o sucessor de Pedro se chama Francisco, um nome escolhido para não se esquecer dos pobres, onde encontrou o eixo de seu ministério. Realiza-se nele o que um apóstolo, antes chamado Saulo e que veio a ser Paulo, afirmou de forma tão bonita: “O que nos recomendaram foi somente que nos lembrássemos dos pobres. E isso procurei fazer sempre, com toda a solicitude” (Gl 2, 10).
O pontificado do Papa Francisco, homem chamado a ser “ponte” para unir as pessoas, tem se caracterizado pela clareza de rumos, tão necessária a nossos tempos. Gestos surpreendentes, atenção aos mais sofredores, palavras fortes e cheias de ternura, com as quais a Igreja é impulsionada a sair de si mesma, com um olhar missionário e evangelizador, aliado a uma notável firmeza doutrinal. Não há situações humanas em qualquer parte do mundo que fiquem sem um sinal de presença da Igreja, a partir de iniciativa sua. A cada momento as pessoas se encantam com suas atitudes. Sabe ser profundamente humano, diz claramente ser homem limitado como todos os outros, pergunta, escuta com atenção, quer ajuda, olha nos olhos das pessoas, é gente!
Há poucos dias, teve a delicadeza de enviar-me uma encorajadora mensagem autografa: “Ao celebrar o teu jubileu de ouro de ordenação sacerdotal, expressamos nosso apoio espiritual e, levando em conta teu trabalho pastoral de longo prazo exercido para a vida do mundo, em várias comunidades eclesiais, pedimos a Deus para ti as forças necessárias ao ministério, solicitando para tanto a intercessão da bem-aventurada Virgem Maria, Assunta ao Céu. De bom grado concedemos a bênção para teu clero, os fiéis e teus familiares, pedindo orações pelo nosso Ministério Petrino”.
Acompanhamos recentemente sua presença carismática impressionante na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa. Agora, vai à distante Mongólia, visitando as periferias geográficas e existenciais. Este é o Sucessor de Pedro que a Providência nos deu. Longa vida, saúde e força ao Papa! Fonte: https://www.cnbb.org.br
Sábado, 26 de agosto-2023. 20ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 23,1-12)
1Depois, Jesus falou às multidões e aos discípulos: 2“Os escribas e os fariseus sentaram-se no lugar de Moisés para ensinar. 3Portanto, tudo o que eles vos disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 4Amarram fardos pesados e insuportáveis e os põem nos ombros dos outros, mas eles mesmos não querem movê-los, nem sequer com um dedo. 5Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros, usam faixas bem largas com trechos da Lei e põem no manto franjas bem longas. 6Gostam do lugar de honra nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, 7de serem cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de ‘rabi’. 8Quanto a vós, não vos façais chamar de ‘rabi’, pois um só é vosso Mestre e todos vós sóis irmãos. 9Não chameis a ninguém na terra de ‘pai’, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10Não deixeis que vos chamem de ‘guia’, pois um só é o vosso Guia, o Cristo. 11Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. 12Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.
3) Reflexão Mateus 23,1-12
(Na América Latina, hoje, 23 de agosto, celebra-se a festa de Santa Rosa de Lima que tem um evangelho próprio: Mateus 13,44-46, cujo comentário se encontra no dia 30 de julho).
O evangelho de hoje faz parte da longa crítica de Jesus contra os escribas e fariseus (Mt 23,1-39). Lucas e Marcos têm apenas alguns trechos desta crítica contra as lideranças religiosas da época. Só o evangelho de Mateus traz o discurso por inteiro. Este texto tão severo deixa entrever com era grande a polêmica das comunidades de Mateus com as comunidades dos judeus daquela época na Galiléia e Síria.
Ao ler estes textos fortemente contrários aos fariseus devemos tomar muito cuidado para não sermos injustos com o povo judeu. Nós cristãos, durante séculos, tivemos atitudes anti-judaicas e, por isso mesmo, anti-cristãs. O que importa ao meditar estes textos é descobrir o seu objetivo: Jesus condena a incoerência e a falta de sinceridade no relacionamento com Deus e com o próximo. Ele está falando contra a hipocrisia tanto a deles de ontem, como a nossa de hoje!
Mateus 23,1-3: O erro básico: dizem mas não fazem
Jesus se dirige à multidão e aos discípulos e faz uma crítica aos escribas e fariseus. O motivo do ataque é a incoerência entre a palavra e a prática. Falam e não praticam. Jesus reconhece a autoridade e o conhecimento dos escribas. “Estão sentados na cátedra de Moisés. Por isso, observai o que eles mandam! Mas não imitai suas ações, pois dizem mas não fazem!”
Mateus 23,4-7: O erro básico se manifesta de várias maneiras.
O erro básico é a incoerência: “Dizem mas não fazem”. Jesus enumera vários pontos que revelam a incoerência. Alguns escribas e fariseus impunham leis pesadas ao povo. Eles conheciam bem as leis mas não as praticavam, nem usavam o seu conhecimento para aliviar a carga nos ombros do povo. Faziam tudo para serem vistos e elogiados, usavam roupas especiais de oração, gostavam dos lugares de honra e das saudações em praça pública. Queriam ser chamados de “Mestre!” Eles representavam um tipo de comunidade que mantinha, legitimava e alimentava as diferenças de classe e de posição social. Legitimava os privilégios dos grandes e a posição inferior dos pequenos. Ora, se há uma coisa de que Jesus não gostava é de aparências que enganam.
Mateus 23,8-12: Como combater o erro básico.
Como deve ser uma comunidade cristã? Todas as funções comunitárias devem ser assumidas como um serviço: “O maior entre você será aquele que serve!” A ninguém devem chamar de Mestre (Rabino), nem de Pai, nem de Guia. Pois a comunidade de Jesus deve manter, legitimar e alimentar não as diferenças, mas sim a fraternidade. Esta é a lei básica: “Vocês todos são irmãos e irmãs!” A fraternidade nasce da experiência de que Deus é Pai, o que faz de todos nós irmãos e irmãs. “Aquele que se exaltar será humilhado, e aquele que se humilhar será exaltado!”
O grupo dos Fariseus. O grupo dos fariseus nasceu no século II antes de Cristo com a proposta de uma observância mais perfeita da Lei de Deus, sobretudo das prescrições da pureza. Eles eram mais abertos às novidades do que os saduceus. Por exemplo, aceitavam a fé na ressurreição e a fé nos anjos, coisa que os saduceus não aceitavam. A vida dos fariseus era um testemunho exemplar: rezavam e estudavam a lei durante oito horas por dia; trabalhavam durante oito horas para poder sobreviver; faziam descanso e lazer durante oito horas. Por isso, tinham grande liderança junto do povo. Deste modo, eles ajudaram o povo a conservar sua identidade e a não se perder, ao longo dos séculos.
A mentalidade chamada farisaica. Com o tempo, porém, os fariseus se agarraram ao poder e já não escutavam os apelos do povo nem deixavam o povo falar. A palavra “fariseu” significa “separado”. A observância deles era tão estrita e rigorosa, que eles se distanciavam do comum do povo. Por isso, eram chamados de “separados”. Daí nasce a expressão "mentalidade farisaica" É de pessoas que pensam poder conquistar a justiça através de uma observância estrita e rigorosa da Lei de Deus. Geralmente, são pessoas medrosas, que não têm coragem de assumir o risco da liberdade e da responsabilidade. Elas se escondem atrás das leis e das autoridades. Quando estas pessoas alcançam uma função de mando, tornam-se duras e insensíveis para esconder a sua imperfeição.
Rabino, Guia, Mestre, Pai. São os quatro títulos que Jesus proíbe a gente de usar. Hoje, na igreja, os sacerdotes são chamados de “pai” (padre). Muitos estudam nas universidades da igreja e conquistam o título de “Doutor” (mestre). Muita gente faz direção espiritual e se aconselha com pessoas que são chamadas “Diretor espiritual” (guia). O que importa é que se tenha em conta o motivo que levou Jesus a proibir o uso destes títulos. Se forem usados para a pessoa se firmar numa posição de autoridade e de poder, ela estará errada e cai debaixo da crítica de Jesus. Se forem usados para alimentar e aprofundar a fraternidade e o serviço, não caem debaixo da crítica de Jesus.
4) Para um confronto pessoal
- Quais as motivações que eu tenho para viver e trabalhar na comunidade?
- Como a comunidade vem me ajudando a corrigir e melhorar minhas motivações?
5) Oração final
Ouvirei o que diz o Senhor Deus: ele anuncia paz para seu povo, para seus fiéis, para quem volta para ele de todo coração. Sua salvação está próxima de quem o teme e sua glória habitará em nossa terra. (Sl 84, 9-10)
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