Religiões afro ainda são maior alvo de intolerância, apesar de pretensa cristofobia
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Religiões afro ainda são maior alvo de intolerância, apesar de pretensa cristofobia
Estudo lançado do Dia de Combate à Intolerância Religiosa sugere aparelhamento de canal de denúncias nos anos Bolsonaro
SÃO PAULO
Não era um lugar agradável de se estar, mas ano após ano adeptos de crenças afrobrasileiras permaneciam inabaláveis como as principais vítimas de intolerância religiosa no Brasil. Não mais. Dados do Disque 100, serviço do governo federal para receber casos de violações contra os direitos humanos, mostram que, desde 2020, a maioria das denúncias passou a vir de cristãos.
Não, o Brasil não virou um celeiro de cristofobia. Sim, as religiões de matriz africana, como umbanda e candomblé, ainda são os alvos preferenciais de discriminação por conta de fé —em boa parte vinda de evangélicos. O que aconteceu, segundo especialistas em estudos religiosos, tem outro nome: distorção de dados.
O governo Jair Bolsonaro confeccionou uma narrativa de perseguição que ajudou a inflar o número de denunciantes cristãos no canal oficial, afirmam os estudiosos.
Com lançamento marcado para este sábado (21), não por acaso o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, um levantamento do Iser (Instituto de Estudos da Religião) com o data_labe revela que cristãos agora aparecem na frente como alvos de intolerância. Entre o segundo semestre de 2020 e o primeiro semestre de 2022, os que procuraram o Disque 100 eram 46% católicos, 30% evangélicos, 3% espíritas e 2% afrorreligiosos. Uma parcela de 12% não especificou uma religião, e o resto se dividiu entre outras fés.
No Relatório sobre Intolerância e Violência Religiosa no Brasil, feito pela Assessoria de Direitos Humanos e Diversidade Religiosa com dados de 2011 a 2015, a porção cristã (8% de católicos e 16% de evangélicos) era inferior à de quem informou ter uma religião afrobrasileira (27%). Uma em cada três pessoas não quis identificar uma crença. O estudo não foi repetido nos anos seguintes.
Estatísticas do mesmo Disque 100 contabilizam, em 2018, 506 denúncias de discriminação religiosa, entre as quais 30% vinham de religiões de matriz africana, enquanto o bloco cristão somava 13%. Metade do grupo preferiu omitir a filiação religiosa.
O ano precede a chegada de Bolsonaro à Presidência. Quando discursou na Assembleia-Geral da ONU de 2020, o então presidente fez um apelo pelo "combate à cristofobia". A aversão a crentes em Jesus Cristo é real em vários países e provoca até assassinatos, mas residual no Brasil, onde 8 em cada 10 pessoas são cristãs.
Damares Alves, sua ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, cimentou essa versão em diversos momentos, como ao postar, em 2020, a foto de uma igreja incendiada durante protestos no Chile. A pastora questionou se "ainda existem dúvidas sobre a cristofobia" e pregou: "Somos o povo que prega o amor, o respeito e a paz".
Amor, respeito e paz inexistiram nos atentados em série sofridos por terreiros nos últimos anos, de autoria quase sempre evangélica. A violência é praticada por uma minoria do segmento, mas a demonização de crenças afro é popular em igrejas, o que colabora para um clima de desconfiança generalizada com a minoria religiosa.
Para se ter uma ideia, de acordo com o censo de 2010, 0,3% da população se identificava como praticante de umbanda ou candomblé. E mesmo assim eles sempre correspondiam à maior fatia das vítimas dos intolerantes.
Para a antropóloga Lívia Reis, pesquisadora do Iser, Bolsonaro deu legitimidade estatal à falsa trama de que cristãos brasileiros são acossados pelo que creem. "Para comprovar esse ponto, fez-se necessário que o governo estimulasse o uso de canais de denúncia entre pessoas cristãs, de modo que as estatísticas corroborassem essa narrativa."
A alta de cristãos acionando o Disque 100 também está, segundo Reis, "intimamente ligada à forma negacionista como o governo federal encarou a pandemia de Covid-19, desencorajando medidas sanitárias de prevenção à doença, entre elas o fechamento das igrejas". Ordens para suspender cultos foram tomadas como um ataque à liberdade religiosa.
"Houve manipulação do Disque 100, isso é óbvio", afirma o babalaô Ivanir dos Santos, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
A má qualidade dos dados é outro problema, afirma Reis. "É uma lacuna que precisa ser sanada com urgência. As delegacias estaduais nas quais as denúncias são feitas muitas vezes não sistematizam dados básicos como a religião da vítima, por exemplo."
Em alguns casos, as denúncias de intolerância são tipificadas como racismo. No caso de crenças afrobrasileiras, não deixam de ser, diz a antropóloga. "Mas ao mesmo tempo isso ajuda a invisibilizar o dado."
São altas as expectativas sobre o novo governo, e aqui a comparação com o anterior ajuda. Para Reis, a nomeação de pessoas negras, especialmente as afrorreligiosas, na chefia de ministérios "já é um aceno importante de que esse debate não apenas será retomado, como será retomado de forma séria no âmbito federal". A posse de Anielle Franco na pasta da Igualdade Racial e de Sonia Guajajara na dos Povos Indígenas, por exemplo, teve saudação a Xangô, o orixá da Justiça.
Para Ivanir dos Santos, a troca de um presidente que proclamava frases como "o Estado é laico, mas eu sou cristão", ou "a minoria vai se curvar à maioria", já é um passo de elefante. "Agora temos ministros com sensibilidade e compromisso com essa causa."
O primeiro sinal veio após o presidente Lula sancionar, semana passada, uma legislação que endurece penas para crimes de intolerância religiosa. Condenados por eles terão a pena ampliada: antes era de 1 a 3 anos, agora, de 2 a 5 anos. A mudança faz parte de uma recauchutagem na Lei de Crime Racial, de 1989, e fala em "racismo religioso".
Ivanir dos Santos só pede zelo com o cumprimento das leis que criminalizam o preconceito por motivos de fé. Do que elas adiantam se há falhas lá na ponta? "Tem problema no treinamento dos operadores de direito. Se na delegacia o policial não registra como intolerância, não vira processo."
O caso de Juliana Arcanjo Ferreira, 34, virou, mas pela razão avessa. O Ministério Público de São Paulo a acusou de lesão corporal e violência doméstica após mãe e filha participarem de um ritual de iniciação no candomblé.
Elas passaram 21 dias juntas, no chamado quarto de santo, território sagrado para a crença. O cômodo tinha banheiro, e elas faziam três refeições fixas por dia: às 4h, um mingau, e às 12h e às 18h, arroz, feijão e carne, diz Juliana. Nos intervalos, pãozinho, biscoitos e chá.
Também integravam a liturgia pequenos cortes na pele das duas, vistos como cura no preceito candomblecista.
A maior parte do tempo elas passaram no quarto, com exceções diárias para banho. "E a mãe de santo a liberou duas vezes pra ver desenho", conta a mãe.
O pai da menina, que segundo Juliana é evangélico, tentou enquadrá-la em cárcere privado, maus-tratos e violência doméstica. A Justiça já absolveu Juliana duas vezes, e mesmo assim ela não conseguiu reaver a guarda da filha, retirada dela em janeiro de 2021. O pai ainda recorre da decisão. Procurada, a Promotoria não respondeu.
A Folha também tentou falar com representantes da gestão Bolsonaro, como a senadora eleita Damares (Republicanos-DF). Também não obteve resposta.
O Dia do Combate à Intolerância Religiosa homenageia mãe Gilda de Ogum, ialorixá de um terreiro na Bahia alvejada pela Igreja Universal. O jornal da instituição neopentecostal publicou uma foto sua no texto "Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes".
A saúde de mãe Gilda andava frágil após as agressões e até uma invasão de seu terreiro que se seguiram à publicação. Ela infartou aos 65 anos e morreu no dia 21 de janeiro de 2000. Fone: https://www1.folha.uol.com.br
Presos por atos antidemocráticos recusaram vacinas para Covid, hepatite, tétano e tríplice viral.
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Sistema prisional do DF recebeu mais de 900 pessoas em virtude dos atos antidemocráticos
Por Nelson Lima Neto
Bolsonaristas são presos após invasão ao Planalto Infoglobo
Um detalhamento encaminhado pela Secretaria de Saúde do DF à Justiça apontou o resultado inicial do processo de vacinação de presos em virtude dos atos antidemocráticos em Brasília.
Entre os dias 9 e 11 de janeiro, cinco servidores vacinaram 134 pessoas - dos 904 encaminhados ao Centro de Detenção Provisória II, na Papuda.
Dos 134 vacinados, 64 presos negaram receber uma dose da vacina contra a Covid-19. Também foram registrados 19 casos de recusas para hepatite B, tétano e tríplice viral.
Ao repassar o relatório à Justiça do DF, a Secretaria de Saúde informou que a imunização de presos acontecia de "forma gradual", diante da "necessidade de pesquisa do histórico do esquema vacinal individual". Fonte: https://oglobo.globo.com
Nigéria, um sacerdote católico morto e outro ferido em sua casa paroquial
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Padre Isaac Achi, morto na manhã de domingo na Nigéria, no ataque à sua casa paroquial
Segundo a polícia do país africano, o padre Isaac Achi teria morrido no incêndio causado por bandidos que tentaram entrar na residência da paróquia de São Pedro e Paulo, em Kafin-Koro, na região de Paikoro, enquanto o padre Collins teria sido ferido nas costas ao tentar fugir. Iniciadas as investigações para prender os agressores.
Vatican News
Neste de domingo (15/01), na Nigéria, um grupo de bandidos atacou, na madrugada, a casa paroquial da Igreja católica dos santos São Pedro e Paulo, em Kafin-Koro, na região de Paikoro, matando o padre Isaac Achi e ferindo o pe. Collins nas costas enquanto tentava fugir. Com a chegada das forças de segurança, os agressores saíram da casa incendiando-a e causando a morte do pe. Achi.
Morto no incêndio causado por bandidos
Confirmando o violento e trágico ataque, ocorrido por volta das 3h da manhã, o chefe de relações públicas da polícia do Estado, Wasiu Abiodun, declarou que "os bandidos tentaram entrar na residência, mas não conseguiram, e atearam fogo na casa, e o sacerdote morreu carbonizado”. Equipes táticas da polícia de Kafin-Koro, relatou Abiodun, "foram imediatamente enviadas ao local, mas os bandidos fugiram antes de elas chegarem".
O que resta da casa paroquial da igreja dos santos Pedro e São Paulo após o ataque de bandidos
O sacerdote ferido foi levado ao hospital para tratamento
O corpo sem vida do padre Isaac foi recuperado, "enquanto o padre Collins foi levado ao hospital para ser tratado". O comissário de Polícia, do Comando do Estado, Ogundele Ayodeji, enviou uma equipe de reforço para a área "e esforços estão sendo feitos para prender os agressores. Foi iniciada a investigação sobre o trágico ataque". Fonte: https://www.vaticannews.va/
EIS O CORDEIRO DE DEUS
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Dom Rodolfo Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)
Celebradas as festividades do Natal, a liturgia inicia o Tempo Comum com o início da vida pública e as pregações de Jesus Cristo. Quando João Batista viu Jesus aproximar-se (João 1,29-34), dá testemunho do Messias apresentando de imediato as suas credenciais: Jesus é o “Cordeiro de Deus que tira o pecado o mundo”. “Eu vi o Espírito descer, como uma pomba do céu, e permanecer sobre ele”. Ele “é quem batiza com o Espírito Santo”. “Este é o Filho de Deus”. Sem rodeios, João Batista realiza sua missão de testemunhar que o Salvador estava entre eles e era hora de ouvir e acolher os seus ensinamentos, reconhecer os sinais e crer nele.
Em todas as celebrações eucarísticas proclamamos Jesus o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. A expressão no contexto cultural e religioso judaico e para os primeiros cristãos de origem judaica era muito conhecida e muito bem compreendida. Era um dos títulos messiânicos aplicados a Jesus conforme o profeta Isaías 53,7. “Como cordeiro que é levado ao matadouro ou como ovelha, que emudece diante do tosquiador, ele não abriu a boca”.
Para nós hoje e na nossa cultura temos algumas dificuldades em compreender a profundidade da afirmação de João Batista. A expressão faz parte da liturgia e é muito rica em ressonâncias bíblicas. Ela refere-se ao cordeiro pascal da libertação do Egito (Êxodo 12). A noite da libertação foi marcada pelo sacrifício do cordeiro para servir de ceia e o sangue aspergido na porta era sinal de identificação e proteção. A partir daquela data, todos os anos a Páscoa judaica, isto é a Passagem, será realizada desta forma. Tradição se mantém viva na Páscoa Judaica. A segunda referência está nos sacrifícios habituais de cordeiros realizados no templo para a expiação dos pecados do povo, conforme Êxodo 29,38 e Levítico 16,21. Estes sacrifícios de cordeiros aconteciam regularmente no Templo de Jerusalém realizados pelos sacerdotes do Antigo Testamento.
Jesus é o novo Cordeiro pascal imolado no dia da Páscoa e na hora em que eram sacrificados os cordeiros pascais no templo. Ele é o sacrifício da Nova Aliança que supera e anula o sangue dos sacrifícios animais (Hebreus 10,1-18). Ele é a nova Vítima e o Sacerdote, simultaneamente (Hb 7,27). “Nele, e por seu sangue, obtemos a redenção e recebemos o perdão de nossas faltas” (Efésios 1,7). “Tende consciência que fostes resgatados da vida fútil, transmitida pelos antepassados, não ao preço de coisas perecíveis, como a prata ou o ouro, mas pelo precioso sangue de Cristo, cordeiro sem defeito e sem mancha. (1Pedro 1,18-19).
João Batista apresenta Jesus como o libertador do homem. O grande mal e a fonte de todos os males é o pecado. A afirmação é feita no singular “o pecado”, pois engloba todos os pecados numericamente, mas principalmente acentua do pecado do mundo que escraviza o homem.
A realidade do pecado se faz presente entre nós e dentro de cada um nós, hoje como ontem e como sempre. É verdade que fomos redimidos e vocacionados para a santidade como nos ensina São Paulo na segunda leitura da liturgia dominical. “Aos que foram santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos junto com todos os que, em qualquer invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1 Coríntios 1,1-3). O sangue de Cristo não nos torna impecáveis. O pecado está no meio de nós, embora a palavra “pecado” pareça defasada. Basta lançar um olhar ao redor para percebermos que o pecado abunda na sociedade, no ambiente de trabalho, na família e no plano pessoal. Convivemos com estruturas que induzem as pessoas ao mal, basta acompanhar os fatos anunciados e as conversas. O caminho da libertação passa por Jesus Cristo, o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Fonte: https://www.cnbb.org.br
O TESTEMUNHO DE SÃO JOÃO BATISTA
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Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)
A pessoa de São João Batista esteve muito presente nos evangelhos e na pregação da Igreja antiga. Ele ganhou considerações da parte de Jesus, por ser ele o precursor do Messias, preparando as pessoas para que Jesus fosse bem acolhido entre o povo. A liturgia lhe concedeu leituras que são proclamadas nas comunidades para serem aprofundadas, meditadas no tempo do advento, do natal e no tempo comum. No mundo atual é fundamental dar testemunho de Jesus, da Igreja, porque é preciso viver a Palavra de Jesus na família, na comunidade e na sociedade. Como João, testemunhamos o Senhor na realidade atual.
Testemunho da Luz.
É fundamental a compreensão da palavra testemunho que vem do verbo latino: testificari, do substantivo testimonium cujo significado é testemunhar, atestar, pessoa que viu, assistiu o fato e declara a verdade das coisas1. João testemunhou Jesus. O Prólogo de São João (Jo 1,6-8) fala que houve um homem enviado por Deus, chamado João. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da Luz, para que todas as pessoas cressem por meio dele. O fato era claro que ele não era a luz, mas ele testemunhou em favor da Luz. João Batista testemunhou Jesus Cristo, a luz verdadeira que ilumina todo o ser humano. Os padres da Igreja diziam que ele era uma lâmpada diante da Luz, o Senhor que dissipou todas as trevas do erro e da maldade. João testemunhou Jesus Cristo, luz verdadeira.
Cordeiro de Deus.
São João Batista é também conhecido pela expressão usada na liturgia eucarística, antes da comunhão: Cordeiro de Deus. Quando ele viu Jesus que estava vindo ao seu encontro ele disse que Jesus era o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1,29). Sendo uma expressão de fé dita a Jesus por João, é a objetividade da pessoa do Senhor, o Cordeiro de Deus, único, imolado, sem mancha de pecado, na cruz para a salvação da humanidade. Muitos animais e cordeiros eram imolados por ocasião da Páscoa judaica. Mas com a vinda do Senhor e depois com o cristianismo não será mais necessária a imolação de animais, mas as atenções são dadas à imolação de Jesus como Cordeiro de Deus que na cruz ocorreu a maior manifestação do amor de Deus ao mundo. O evangelista São João coincidiu a morte de Jesus na cruz com a imolação de animais no Templo para dizer que daquele momento em diante o verdadeiro Cordeiro é Jesus, imolado para a redenção da humanidade.
Filho de Deus.
João também testemunhou que Jesus era o Filho de Deus. Esta definição é sem dúvida uma das maiores manifestações que as pessoas diziam a Jesus, encontrando-se, as referências nos evangelhos. Jesus veio do Pai ao mundo, sendo gerado desde sempre por Ele. Ele é o Filho de Deus. O prólogo de São João colocou o dado que a visão de Deus não foi vista por ninguém, no entanto o Deus Unigênito que está no seio do Pai ele no-lo revelou (Jo 1, 18). Diante do pedido do discípulo Filipe que Jesus mostrasse o Pai, o Senhor respondeu que quem o viu, viu o Pai (Jo 14, 8-9). Jesus continuou a sua palavra em relação a Filipe que Jesus está no Pai e o Pai está nele (Jo 14,11). Marta também disse que Jesus era o Filho de Deus, diante do fato da morte de Lázaro, irmão seu e de Maria, pois, na ocasião, o Senhor disse que ele era a ressurreição, a vida e que ele ressurgiria Lázaro, morto já alguns dias (Jo 11, 25-27). Na morte de cruz, o centurião romano disse que Jesus era o Filho de Deus (Mc 15, 39). João Batista esteve na linha das grandes profissões de fé, de amor ditas a Jesus, como Filho de Deus na carne.
João disse a Jesus que ele deveria ser batizado pelo Cristo
São Gregório de Nazianzo, bispo de Constantinopla, século IV tendo como base o evangelho de Mateus, disse que João relutou quando Jesus se aproximou dele para ser batizado, pois ele desejava ser batizado pelo Senhor (Mt 3,14). Se João tentou resistir, Jesus insistiu. Jesus não tinha pecado, mas ele assumiu com o seu batismo o pecado da humanidade. Ele santificou as águas do Jordão, para assim iniciar a todos nos sacramentos mediante o Espírito e na água. São Gregório de Nazianzo disse também que João era uma lâmpada diante do Sol, a voz à Palavra, o amigo ao Esposo, o maior entre todos os nascidos de mulher ao Primogênito de toda a criatura, aquele que estremeceu de alegria no seio materno de Isabel ao que fora adorado no seio de Maria, sua Mãe, o Precursor diante do Salvador2;
João Batista e Elias.
Jesus pediu o silêncio aos discípulos Pedro, Tiago e João ao descerem da montanha, quando Jesus foi lá para a transfiguração solicitando a eles que não contassem a ninguém até que Ele tivesse ressuscitado dos mortos. No entanto os discípulos perguntaram a Jesus o fato de que primeiro deveria vir Elias, que eram as afirmações dos escribas, segundo eles. Mas Jesus afirmou aos seus discípulos que Elias restaurará tudo e tinha vindo, mas ele não recebeu o reconhecimento. As autoridades fizeram tudo com ele com o que desejavam dele. Jesus disse que também o Filho do Homem sofreria por causa deles. Os discípulos entenderam que Jesus lhes falava de João Batista (Mt 17,9-13). Elias veio primeiro, na pessoa do Precursor, João Batista e o Senhor passará pelo sofrimento, a cruz, para chegar à glória da ressurreição.
João e Jesus.
Jesus disse às multidões que João Batista era uma pessoa simples, mais que um profeta, porque ele foi mandado por Deus para preparar o caminho do Senhor. Ele seria o maior entre os nascidos de mulher, no entanto o menor no Reino dos céus era maior do que ele (Mt 11, 7-11). Jesus é maior que João Batista, porque ele veio de Deus para redimir a toda a humanidade.
O testemunho de João Batista reforça sempre a necessidade de viver a Palavra de Jesus no mundo de hoje. O testemunho coloca a necessidade para a realização do bem na família, na comunidade e na sociedade. Nós somos chamados a amar a Deus, ao próximo como a si mesmo. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Como eu queria ter fé
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Se a dor é um deserto, o do ateu é sem estrelas
O escritor chileno Roberto Bolaño - Basso Cannarsa/Divulgação
Dei meu primeiro grito ateu aos oito anos. Convocada por meus pais a fazer a primeira comunhão, recusei-me, argumentando que não sabia se Deus existia. Não sei de onde tirei tamanho disparate estando no seio de uma família ítalo-católica, mas funcionou: não precisei vestir a bata branca nem matei a curiosidade, ainda pendente, de saber o sabor da hóstia.
Vivi bem na descrença por muitos anos, enquanto a vida não entortava com seu peso inevitável as minhas costas. Mas claro que o dia chegou, como chega para todos, trazendo um problema tão desorientador que não houve ninguém, de carne e osso, capaz de me dar um norte.
Nesse momento, senti inveja de Gilberto Gil, que, na música e na vida, anda com fé sem fazer esforço. Se a dor é um deserto, o do ateu é sem estrelas. Durante meses, tentei acender nesse céu algumas lâmpadas, tentei ter fé de várias formas e a qualquer custo, ciscando no budismo, passando por centros espíritas e terreiros e, por fim, apelando ao terço, que então ganhei da minha prima, aquela que comungou com os mesmos oito anos enquanto eu trocava figurinhas do lado de fora da igreja.
Desse período de peregrinação pelo interminável catálogo das crenças, aprendi que a fé não é geladeira para se adquirir à vista ou em 12 vezes. Tem a ver com aptidão e exercício. Ou quem sabe até com genética: às vezes tenho a impressão de que alguns nascem com esse receptáculo a ser preenchido e outros não.
Para piorar, sou romancista. Treino, quase diariamente, o músculo oposto. Meu trabalho é criar dramas. Imaginar que alguma coisa vai dar errado para que nasça o conflito, tão necessário para o êxito de uma narrativa. Ou seja, minha rede neuronal é uma atleta em projetar cenários adversos, exercício contrário à positividade da fé.
Quando a coisa aperta, apelo ao único templo que frequentei com assiduidade: a biblioteca. Foi ali que o escritor Roberto Bolaño me estendeu a mão quando fui confrontada com uma doença e a sombra da morte. Em seus ensaios, escritos no hospital poucas semanas antes de seu falecimento precoce, aos 50 anos, Bolaño não oferece respostas nem alívio, mas se aferra à vida com tanta paixão que o leitor acaba por fechar o livro acreditando em alguma coisa.
Que coisa é essa não sei, mas sei que precisei dela para combater a citada doença. Para começar a escrever livros que consomem três anos de trabalho e nunca sei se vão ficar bons. Para acordar num país atacado por extremistas e acreditar que as coisas ainda podem dar certo. Para criar uma filha em um planeta confrontado com a devastadora crise climática.
Será fé? Quem sabe. Sem receptáculo, sem ânfora, sem aquele cálice de prata levantado aos céus pelos padres. Uma crença assim, mais comezinha, mas que às vezes também enche de luz o meu singelo copo de requeijão. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
CNBB CONDENA OS ATAQUES CRIMINOSOS AO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, PEDE CONTENÇÃO E RESPONSABILIZAÇÃO NO RIGOR DA LEI
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A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), perplexa com as graves e violentas ocorrências em Brasília (DF), manifestou-se neste domingo, 8 de janeiro, pelo seu canal no Twitter, sobre os atos antidemocráticos e de vândalos que invadiram e destruíram os prédios públicos, que simbolicamente representam o Estado brasileiro: a sedes do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto.
A presidência da CNBB pede serenidade, paz e o imediato cessar dos ataques criminosos ao Estado Democrático de Direito. “Estes ataques devem ser imediatamente contidos e seus organizadores e participantes responsabilizados com os rigores da lei. Os cidadãos e a democracia precisam ser protegidos”, disse a mensagem. Fonte: https://www.cnbb.org.br
O adeus a Bento XVI: "Pai, nas tuas mãos entregamos o seu espírito"
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"Bento, fiel amigo do Esposo, que a tua alegria seja perfeita escutando definitivamente e para sempre a sua voz!", com estas palavras, Francisco encerrou a homilia das exéquias do Papa emérito, diante de milhares de fiéis.
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
A cidade de Roma amanheceu encoberta por uma forte neblina, que impedia até mesmo de ver a cúpula da Basílica Vaticana, diante da qual milhares de fiéis se reuniram para o funeral do Papa emérito Bento XVI.
As imagens remetem a abril de 2005, quando o mundo se despediu de São João Paulo II: o caixão de madeira, simples, posicionado diante do altar, sobre o qual foi apoiado o Evangelho aberto. Ao ser depositado no chão, recebeu um beijo do seu então secretário particular Dom Georg Gänswein. Estima-se que cerca de 50 mil pessoas participaram do funeral, entre as quais inúmeras autoridades e chefes de Estado. Celebraram com o Pontífice, além do cardeal-decano Giovanni Battista Re no altar, mais de 120 cardeais, 400 bispos e quase quatro mil sacerdotes.
Dom Gänswein beija o caixão
O funeral seguiu o protocolo de um Papa reinante, com algumas modificações. Na homilia, o Papa comentou a leitura extraída de Lucas 23, 46, de modo especial a seguinte frase: «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito».
“São as últimas palavras que o Senhor pronunciou na cruz; quase poderíamos dizer, o seu último suspiro, capaz de confirmar aquilo que caraterizou toda a sua vida: uma entrega contínua nas mãos de seu Pai. Mãos de perdão e compaixão, de cura e misericórdia, mãos de unção e bênção.”
Francisco citou Bento uma única vez, no final, mas as referências são extraídas de textos do Papa emérito: a Encíclica “Deus caritas est”, a homilia na Missa Crismal de 2006 e a missa do início do seu pontificado.
Citações que traçam o perfil do seu pastoreio, que se deixou cinzelar pela vontade do Pai, carregando aos ombros todas as consequências e dificuldades do Evangelho até ao ponto de ver as suas mãos chagadas por amor. Até ao ponto de fazer palpitar no próprio coração os mesmos sentimentos de Cristo Jesus de dedicação agradecida, orante e sustentada pela consolação do Espírito.
A oração do Papa Francisco
Foram essas três “dedicações” explanadas por Francisco.
Dedicação agradecida feita de serviço ao Senhor e ao seu Povo que nasce da certeza de se ter recebido um dom totalmente gratuito. Dedicação orante, que se plasma e aperfeiçoa silenciosamente por entre as encruzilhadas e contradições que o pastor deve enfrentar e o esperançado convite a apascentar o rebanho. Como o Mestre, carrega sobre os ombros a canseira da intercessão e o desgaste da unção pelo seu povo, especialmente onde a bondade é contrastada e os irmãos veem ameaçada a sua dignidade. Dedicação sustentada pela consolação do Espírito, que sempre o precede na missão e transparece na paixão de comunicar a beleza e a alegria do Evangelho.
“Também nós, firmemente unidos às últimas palavras do Senhor e ao testemunho que marcou a sua vida, queremos, como comunidade eclesial, seguir as suas pegadas e confiar o nosso irmão às mãos do Pai: que estas mãos misericordiosas encontrem a sua lâmpada acesa com o azeite do Evangelho, que ele difundiu e testemunhou durante a sua vida.”
Simplicidade marcou o funeral de Bento XVI
Para Francisco, Bento XVI cultivou a consciência do pastor que não pode carregar sozinho aquilo que, na realidade, nunca poderia sustentar sozinho e, por isso, soube abandonar-se à oração e ao cuidado do povo que lhe está confiado.
É o Povo fiel de Deus que, congregado, acompanha e confia a vida de quem foi seu pastor. E o faz com o perfume da gratidão e o unguento da esperança, com a mesma unção, sabedoria, delicadeza e dedicação que o Papa emérito soube dispensar ao longo dos anos.
“Queremos dizer juntos: «Pai, nas tuas mãos entregamos o seu espírito». Bento, fiel amigo do Esposo, que a tua alegria seja perfeita escutando definitivamente e para sempre a sua voz!”. Fonte: https://www.vaticannews.va
SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR
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Dom Carmo João Rhoden
Bispo Emérito de Taubaté (SP)
Solenidade da Epifania do Senhor: 08/01/2023 ( Mt 2, 1-12)
Texto inspirador: “Onde está o Rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo. Quando, ouviu isso, o rei Herodes ficou atordoado e, com ele, toda Jerusalém.” (Mt 2,2)
1º Viver cristãmente, significa manter-se lúcido, consciente e bem relacionado com todos: consigo, com os outros e principalmente com Deus, o Criador. Por isso, é necessário sair de si (do seu egoísmo) e ir ao encontro. Buscar. Os magos o fizeram. Juntos (eram 3) se puseram a caminho, procurando Aquele que a estrela indicara. Acharam-no e adorando-o, lhe ofereceram seus presentes. Mostraram, que é preciso buscar juntos. Sem desanimar. Para consegui-lo, é preciso conhecer-se, amar-se e ser livre. Repito: é necessário ir ao encontro do outro. Do Outro: Deus. Quem não O encontrou na vida, lhe falta, certamente, a bússola da fé. Não sabe de onde veio, talvez nem o que faz e desconhece seu fim. Está perdido no tempo e no espaço. Será alguém angustiado: infeliz ou até revoltado. Não o constatamos todos os dias?
2º É preciso, por isso, buscar. Encontra-se com Outro: Deus. Conhece-lo. Como? Lendo as Escrituras, aprofundando o sentido das coisas e respeitando o próximo, inclusive servindo-o. A Deus, porém, servi-lo, significa adorá-Lo, obedecer-lhe, oferecendo-lhe nossos presentes. Outrora, foram: ouro, incenso e mirra. Hoje, são outros os presentes: amor, adoração, respeito à natureza e promoção, principalmente dos mais necessitados (justiça social). Aliás, isso significa imitar Jesus Cristo na construção do Reino de Deus.
3º A caminhada, nesse mundo, nunca será fácil, pois, se intrometem sempre, principalmente hoje, novos Herodes: falsos e sanguinários. Acompanhados, ainda de Pilatos medrosos, gananciosos e amantes do poder, bem como, dos eviternos fariseus que fingindo adorar a Deus, apenas são falsos e sem caráter. Na pós-modernidade, surgem ainda novos Anás e Caifás: usam de muito incenso (fumaça), criando não poucas vezes, novas religiões, comprometendo o verdadeiro culto, contudo, não conseguindo abandonar, o sentido religioso da vida, acabam criando novas denominações religiosas, apelando até ao ridículo. Não o estamos constatando, diariamente?
4º Nós, hoje, não precisamos ir à Belém como os magos de outrora, mas voltando-nos para nossa interioridade ajudar a construir, neste ano de 2023, um mundo melhor, de mais paz, amor, justiça e respeito. Estaremos, assim, prestando o verdadeiro culto a Deus, sempre esperado de nós. Continuaremos então, lutando para obtenção de nossa felicidade e salvação. Hoje, nossos presentes serão: amor e comunhão, bem como verdadeira vivência da justiça na sociedade.
5º Um feliz e abençoado ano de 2023. Façamos, como o grande Papa, Bento XVI, que afirmou: “não me preparo para o fim, mas para o encontro.” Com quem? A Trindade. Que belo encontro, Bento XVI. Imitemo-lo. Fonte: https://www.cnbb.org.br
A homenagem de milhares de fiéis ao Papa emérito Bento XVI
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Pelo segundo dia consecutivo continuam as homenagens de fiéis e peregrinos de todas as partes do mundo que desde as primeiras horas desta terça-feira se colocaram em fila para poder entrar na Basílica Vaticana onde se encontram os restos mortais do Papa Emérito Bento XVI, que faleceu na manhã do último sábado, 31 de dezembro de 2022. Na fila três gerações: crianças, adultos, pessoas idosas. Leigos e religiosos. Será possível homenagear os restos do Papa Emérito até quarta-feira à noite.
Silvonei José – Vatican News
Pouco depois das 5 da manhã desta terça-feira os primeiros fiéis chegaram à Via di Porta Angelica, a poucos passos da Praça São Pedro, para se alinharem para entrar na Basílica de São Pedro e poder homenagear o Papa emérito Bento XVI. Tantos jovens presentes e para muitos deles, foi o primeiro Papa.
O corpo de Bento XVI em exposição em São Pedro
Após um rito particular, os restos mortais do Papa Emérito foram transferidos na manhã de ontem, segunda-feira, do Mosteiro Mater Ecclesiae, para a Basílica de São Pedro, junto ao Altar da Confissão. O corpo do Papa emérito permanecerá no interior da Basílica por três dias, até o funeral no dia 5 de janeiro, na Praça São Pedro. Após a primeira entrada do presidente italiano Mattarella no dia de ontem cerca de 65.000 pessoas prestaram sua última homenagem a Joseph Ratzinger, que será enterrado nas Grutas do Vaticano, no local onde se encontrava o túmulo de João Paulo II.
Imediatamente após o presidente italiano Mattarella, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, chegou a São Pedro, assim como Alfredo Mantovano, Subsecretário da Presidência do Conselho, e o Ministro da Agricultura, Francesco Lollobrigida.
O rito presidido por Gambetti
Na pequena capela, no Mosteiro Mater Ecclesiae onde o corpo de Bento descansou todo o dia de domingo ao lado de um grande crucifixo, de um presépio e de uma árvore de Natal, estava o fiel secretário dom Gänswein, e as Memores Domini que ajudaram Ratzinger diariamente ao longo dos anos. Presentes também os antigos ajudantes de câmara e um pequeno grupo da Mater Ecclesiae que recitaram uma breve oração. Os restos mortais do Papa Emérito foram então transportados para a Basílica em procissão através da Porta de Oração. Um percurso de apenas alguns metros por uma estrada de curvas e árvores que durante todo o dia de domingo, começando com as primeiras visitas privadas de bispos e cardeais, foi ocupada por centenas de pessoas que não queriam esperar pela abertura nesta segunda-feira da Basílica e foram cumprimentar o Papa Emérito. Um fluxo que durou até o final da tarde de domingo.
65 mil pessoas em São Pedro
Muitos retornaram à Praça de São Pedro nesta segunda-feira, esperando em fila dupla desde as primeiras horas da manhã. Estimativas iniciais falaram de 40 mil pessoas que foram prestar suas últimas homenagens ao Pontífice Emérito após cinco horas da abertura, tornando-se 65 mil no final do dia. Um grande afluxo é esperado também hoje e amanhã nos dias da exposição do corpo de Bento XVI. No dia 5 de janeiro, quinta-feira, dia do funeral presidido pelo Papa Francisco, são esperadas aproximadamente 50-60 mil pessoas. Fonte: https://www.vaticannews.va
Fiéis prestam homenagem ao Papa emérito na Basílica de São Pedro
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O corpo em exposição até quarta-feira, funeral na quinta-feira.
Silvonei José – Antonella Palermo – Vatican News
Centenas de fiéis chegaram à Praça São Pedro no Vaticano quando ainda era madrugada nesta segunda-feira, 2 de janeiro, para prestar suas últimas homenagens ao Papa emérito Bento XVI. O corpo do Papa Ratzinger, que faleceu no último dia de 2022, 31 de dezembro, aos 95 anos de idade no mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano, foi trazido para a Basílica de São Pedro pouco depois das 7 da manhã desta segunda-feira e permanecerá em exposição até quarta-feira. Na quinta-feira, dia 5, o funeral às 9h30 da manhã "solene, mas sóbrio", presidido pelo Papa Francisco.
O corpo do Papa emérito Bento XVI está no interior da Basílica enquanto milhares de pessoas fazem fila para prestar suas homenagens. As portas da Basílica de São Pedro foram abertas ao público pouco depois das 9 horas da manhã. A exibição pública do corpo de Bento XVI dura 10 horas nesta segunda-feira. Doze horas de exibição estão programadas para terça-feira e quarta-feira antes do funeral da manhã de quinta-feira. Os oficiais de segurança dizem que pelo menos 25.000 pessoas passarão diante do corpo de Bento XVI neste primeiro dia de visita.
O afeto dos fiéis ao Papa emérito
Amigos, ex-colaboradores, estudantes, famílias, religiosos e religiosas. É a procissão daqueles que quiseram prestar suas homenagens a Bento XVI. A nossa colega Antonella Palermo esteve presente e conversou com alguns dos fiéis.
"Eu o conhecia desde criança. Ele era como uma segunda família para mim": disse uma mulher, mãe de dois filhos pequenos, junto com o seu marido. Uma família inteira, entre muitas, que nas últimas horas da tarde deste domingo visitou a câmara-ardente com o corpo de Bento XVI instalada na capela do mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano.
A doçura e a sua fé inabalável
Uma procissão de poucas pessoas, que gradualmente se tornou mais espessa, que em estrito silêncio prestaram homenagem ao Papa emérito que no último dia do ano subiu à Casa do Pai. Uma data muito impressa em uma das mulheres da Família Espiritual “A obra” que, com um sorriso e uma gentileza muito semelhante aos do Papa emérito, abraça e saúda continuamente conhecidos e amigos: "Seu maior legado permanece para mim sua doçura", diz ela, superando a timidez e a discrição, "e sua fé inabalável". O fato que tenha falecido no 31 de dezembro foi como uma coroação de uma vida inteira, porque depois se cantou o Te Deum".
Uma inteligência que expressava a simplicidade da fé
Monsenhor Georg Gänswein, secretário de Ratzinger, está na porta de entrada do Mosteiro. Ele aperta a mão, consola, acolhe palavras de emoção e condolências de antigos colaboradores, religiosos e religiosas, estudantes, pessoas ligadas às atividades do Papa emérito, mas também pessoas comuns, fora da esfera estritamente vaticana. Uma mulher idosa se esforça para entrar apoiada em duas muletas, é um avanço lento de um microcosmo internacional, que procede de forma composta, ajoelha-se, chora. "Lembro-me dele acima de tudo por sua inteligência distinta e fascinante porque, por trás da elaboração conceitual de seus discursos, no final, a simplicidade veio à tona. Aqui", diz outro casal, "esta simplicidade de fé é o que sempre permaneceu em meu coração e ainda permanece dentro de mim".
Ela apoiou a Igreja, a nave de Pedro
Dois escritores poloneses tinham vindo a Roma para completar um livro sobre Maria. E eles se encontravam ali, jamais teriam pensado: "Sua fé, sua perseverança", dizem-nos. Da "doce firmeza" fala outra religiosa estrangeira. Enquanto isso, passam alguns prelados, funcionários do Vaticano, e entre eles há um membro da banda de gendarmaria mostrando uma foto do último espetáculo com a presença de Ratzinger. "Estávamos todos aqui juntos. Ele se alegrou". Na capela do antigo mosteiro há uma estátua de Santo Agostinho, inspirador da teologia do Papa emérito. Fiel à tradição, mas não um tradicionalista", recorda um jornalista, "tanto que Francisco não é sua antítese". Só temos que expressar muita gratidão porque ambos apoiam a Igreja, a nave de Pedro". Fonte: https://www.vaticannews.va
Reflexão: Santa Maria, Mãe de Deus
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Primeiro de janeiro, oitava de Natal, é celebrado o nome de Jesus dado ao pequeno recém-nascido, mas sobretudo é a solenidade de Maria, sua Mãe, como Mãe de Deus.
Vatican News
O nome Jesus significa Deus Salva e ele é o Príncipe da Paz. Por isso hoje é também comemorado o Dia Mundial da Paz!
Iniciamos o Ano Civil com a solenidade da maternidade divina, quando Maria dá à Humanidade aquele que é a bênção do Pai, a própria paz, Jesus Cristo!
A imposição do nome Jesus ao Menino, enfoca nessa criança todo o significado, todo o conhecimento das palavras vida e bênção. JESUS significa DEUS SALVA. Portanto esse Menino é a própria salvação, a própria bênção, a perfeita bênção, a paz. Como ele dirá mais tarde sobre si mesmo: EU SOU O CAMINHO, A VERDADE, A VIDA.
A Humanidade que tanto desejava a bênção, a paz, a Vida, agora recebe todos esses dons nesse Menino, em Jesus.
Bênção é um voto de desejo de que a força de Deus venha sobre as pessoas que a recebem, para que saibam enfrentar os desafios que terão no ano que se inicia. E como é pronunciada sobre a pessoa, em nome de Deus, é certo que isso acontecerá pela força da vontade do próprio Deus. A fé em Deus, de saber-se amado por Ele, é importantíssima nesse momento.
Portanto, Jesus é a própria força de Deus, é a resposta ao nosso desejo de sermos amados pelo Pai, que – de fato – nos amou por primeiro.
Por outro lado, como a bênção não é magia, mas desejo do coração de Deus e do Homem, ela supõe compromisso da parte deste. É necessário que o Homem desejoso da bênção da paz, mude seu coração, deixe de lado a inveja, a cobiça, a maledicência. A paz só virá para um coração desprendido e ele será, onde estiver, artífice da paz.
Deus é nosso Pai e isso nos compromete a vivermos como filhos. O Evangelho nos diz que a salvação e a paz são frutos da humildade, da simplicidade de vida.
É importante que se diga que apesar de a bênção ter sido dita sobre nós em nome de Deus, no dia a dia nem tudo ocorrerá como desejamos. Quem espera que a bênção de Deus seja um ato mágico, supersticioso que nos livra de contrariedades, transforma Deus em um xamã, esquecendo-se de que Ele é Pai.
O autêntico cristão, aquele que crê que tudo colabora para o bem dos que são amados por Deus, sabe que o Pai é o Senhor da História, que nada acontece sem seu conhecimento e que tudo está sob seu poder. Seria muito estranho, muito humano se Deus protegesse apenas aqueles que buscam seu socorro.
Deus é Pai de todos, faz chover sobre os bons e os maus. A diferença está em que os humildes, aqueles que se reconhecem criaturas, sabem que tudo está nas mãos de Deus e n’Ele confiam. O modo de enfrentar uma situação difícil distingue quem tem fé e esperança e quem em nada crê.
Mais um tempo dado pelo Senhor para nos aprofundarmos na vivência de Seu amor e no serviço aos irmãos.
Feliz Ano Novo! Fonte: https://www.vaticannews.va
Morre Bento XVI, "humilde trabalhador na vinha do Senhor"
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Papa emérito morreu às 9h34 deste sábado, 31 de dezembro. O funeral será na quinta-feira, 5 de janeiro, às 9h30 locais na Praça São Pedro, presidido pelo Papa Francisco.
Vatican News
Comunicado do diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni:
“Com pesar informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje às 9h34, no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano. Assim que possível, serão enviadas novas informações”
Desde quarta-feira passada, quando o Papa Francisco afirmou que seu predecessor estava muito doente, fiéis do mundo inteiro se uniram em oração pela saúde do Papa emérito. Bento XVI tinha 95 anos e vivia no Mosteiro Mater Ecclesiae desde sua renúncia ao ministério petrino, em 2013.
O corpo do Papa emérito estará na Basílica de São Pedro para a saudação dos fiéis a partir da segunda-feira, 2 de janeiro. O funeral será na quinta-feira, 5 de janeiro, às 9h30 locais na Praça São Pedro, presidido pelo Papa Francisco. Fonte: https://www.vaticannews.va
Em 2022 sequestrados, presos ou mortos mais de 100 religiosos e religiosas
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A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, relatou que neste ano de 2022 foram assassinados 12 sacerdotes e 5 religiosas em vários países, enquanto que foram sequestrados, 42 sacerdotes e 9 religiosas, todos na África. O país de maior alarme entre assassinatos e sequestros é a Nigéria. A situação preocupante na Nicarágua
Tiziana Campisi e Debora Donnini – Vatican News
A Nigéria é o país onde a maioria dos sacerdotes e religiosos foram mortos e sequestrados este ano. São informações da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre que publicou o "Relatório sobre os cristãos oprimidos por sua fé 2020-2022", no qual constata-se o triste número de sacerdotes e consagrados assassinados, sequestrados e presos em 2022 em vários países: mais de 100. O convite que a Fundação faz a todos os países envolvidos é para garantir a segurança e a liberdade dos sacerdotes, religiosas e outros agentes pastorais que trabalham para servir aos mais necessitados. Enquanto que a Fundação pede aos amigos e benfeitores que rezem por aqueles que ainda estão na prisão e pelas comunidades e famílias daqueles que perderam suas vidas. O número de sacerdotes mortos durante o ano é de 12, dos quais quatro na Nigéria, três no México, assassinados por membros de cartéis de narcotráfico, e dois na República Democrática do Congo. Cinco religiosas perderam suas vidas, incluindo duas no Sudão do Sul e as outras três no Haiti, Moçambique e na República Democrática do Congo.
A perseguição religiosa aumentou no último ano
O diretor da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, Alessandro Monteduro, disse ao Vatican News, que no mundo as áreas onde os cristãos sofrem mais discriminação e às vezes perseguição se encontram em uma vasta região da África. Em particular no Sahel, no Chade, Níger, Mali, Burkina Faso e Nigéria, e também no Sul da Ásia - Índia, Paquistão, Mianmar - e depois na Coréia do Norte e na China, onde a Acs relata casos de detenção forçada. Em 75% dos 24 países onde há perseguição religiosa, acrescenta Monteduro, a opressão dos cristãos aumentou, assim como a opressão contra todas as minorias religiosas. "Em Burkina Faso, por exemplo", continua o diretor da ACS Itália, "60% do país não pode mais ser alcançado pelas organizações humanitárias porque está sob o controle de terroristas, e as comunidades cristãs foram forçadas a deixar os lugares onde viviam ou se mudaram para os países vizinhos".
Quase 8 mil cristãos assassinados em ódio à fé entre 2021 e 2022
Monteduro aponta que há 400 milhões de cristãos vivendo em terras de perseguição, e que na Nigéria, os que mais perseguem os que professam sua fé em Cristo são as organizações terroristas jihadistas - aderentes do Estado Islâmico e Boko Haram. Os extremistas pertencem às comunidades Fulani, os pastores que tentam tomar posse de terras cultivadas principalmente por cristãos. O diretor da ACS Itália aponta que entre 2021 e 2022, quase 8 mil cristãos foram assassinados em ódio à fé, perseguidos porque o cristianismo contém um núcleo de justiça social que não é bem-vindo e causa aborrecimento àqueles que militam em grupos para-terroristas, jihadistas. Em particular, conclui Monteduro, a atividade dos missionários é assustadora porque espalha o amor, contribui em propagar um clima de harmonia que, em vez disso, é hostil àquela ideia de sociedade que os jihadistas querem para si mesmos e para os outros. Os missionários, em suma, são vistos como pacificadores, aqueles que constroem canais de diálogo e que estão próximos ao Ocidente e a seus valores.
Clérigos retidos
Pelo menos 32 clérigos foram detidos, alegadamente como meio de intimidação e coerção. Os casos mais recentes dizem respeito a quatro sacerdotes da Igreja Católica Greco-Ucraniana que trabalhavam na Ucrânia ocupada pela Rússia e que foram presos enquanto realizavam atividades pastorais. Dois deles foram mais tarde libertados e "deportados" para território ucraniano, os outros dois permanecem sob custódia e podem enfrentar acusações de terrorismo e teme-se que possam ser torturados na prisão. “É muito preocupante", diz a ACS, "a situação na Nicarágua, onde 11 membros do clero foram presos ou detidos". Entre eles estão pelo menos dois seminaristas, um diácono, sete sacerdotes e o bispo de Matagalpa. Em 10 de janeiro, Dom Rolando Alvarez, atualmente em prisão domiciliar, terá que comparecer ao tribunal sob a acusação de "ameaça à integridade nacional". Enquanto dois meses atrás foram presos um bispo e dois sacerdotes na Eritréia, pelos quais as autoridades não deram nenhuma explicação. Um sacerdote foi preso em Mianmar durante protestos contra o regime, e várias freiras e dois diáconos foram presos na Etiópia durante o conflito de Tigray no final de 2021, mas libertados em 2022. Fonte: https://www.vaticannews.va
AS MENSAGENS DO PRESÉPIO
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Dom Antonio de Assis Ribeiro
Bispo auxiliar de Belém (PA)
A palavra presépio (praesepium em latim), significa manjedoura. A manjedoura é o prato no qual os animais domésticos comem, ou mais comumente chamado do cocho. O Papa Francisco com a carta apostólica Admirabile Signum (Admirável Sinal, 2019) convidou os fiéis católicos a valorizar a beleza do simbolismo do presépio com seu significado humano e conteúdo teológico na sua totalidade.
O Sumo pontífice afirma que “representar o acontecimento da natividade de Jesus equivale a anunciar, com simplicidade e alegria, o mistério da encarnação do Filho de Deus” (N. 1).
A popularidade do presépio
A cada celebração do Natal do Senhor, somos chamados a aprofundar o significado do presépio. Atualmente constatamos o fato de encontrarmos presépios por todo lugar: nos templos religiosos, residências, lojas, repartições públicas, escritórios, na beira das estradas, nas ruas, nas praças, shoppings centers, clubes, ginásios, escolas, universidades etc. Contudo, nem sempre as motivações e as intenções da sua montagem são as mesmas. Na maioria das vezes, o presépio é concebido e reduzido a uma pura peça artística, decorativa e lúdica, servindo como instrumento de atração, curiosidade, distração, entretenimento, espetáculo.
Em muitas cidades pelo mundo afora, promovem-se até concursos de presépios; cada um mais sofisticado do que o outro. Mas em muitos ambientes os personagens e o contexto apresentado no presépio nem sempre fazem referência ao seu sentido religioso original. Contudo, a preservação do verdadeiro sentido do presépio é impossível sem a fé e a explícita referência a Jesus Cristo.
A finalidade do presépio
O presépio sem a fé em Deus que se fez humano sem deixar de ser divino, torna-se paganizado, ou seja, despido da sua finalidade e sentido original. Na sua origem nunca foi produto da cultura, mas da autêntica Piedade. Parece que hoje a cultura do espetáculo mercantilista forja à supressão do senso de fé, piedade, contemplação, adoração e louvor do mistério de Deus veiculado pelo presépio.
O presépio foi concebido por São Francisco de Assis em Greccio, na Itália, no ano 1223. Sua ideia consistiu em remontar a cena do nascimento de Jesus com seus diversos personagens, elementos e condições em estreita fidelidade às narrações dos Evangelhos. O presépio é uma realidade que nos convida à meditação, à oração, à ação de graças, renovação interior e ao aprofundamento da fé cristã. A condição fundamental para isso é conhecermos as narrações contidas nos Evangelhos sobre o nascimento do Messias. O inventor do presépio tinha uma intenção catequética ao concebê-lo, colocando a arte a serviço da evangelização!
Cada um dos personagens do presépio tem identidade própria, atitudes propositivas, significado bíblico, explora uma dimensão específica da fé, e nos convida ao confronto e nos sugerem lições para a nossa vida. Porém, nenhum deles deve ser tomado e interpretado isoladamente. A totalidade dos elementos do presépio forma uma unidade, uma verdadeira sintonia da fé no mistério de Deus que vem ao encontro do ser humano, fazendo-se um de nós sem perder o que lhe é próprio.
As personagens do presépio
Ao centro do presépio está um frágil bebê deitado numa manjedoura. Nele está o mistério do Deus onipotente presente na fragilidade humana, totalmente dependente dos cuidados da humanidade. Deus escolhe a família como lugar de sua revelação e santifica a célula mãe da sociedade. O presépio nos estimula a perceber um grande movimento de convergência, encontro, harmonia e paz. Onde há a centralidade de Jesus Cristo, lá há cuidado, simplicidade, superação da solidão, solidariedade, humildade, paz.
Os anjos, conforme o relato de São Lucas (cf. Lc 2,13-14), são os mensageiros de Deus que anunciam a boa notícia provocadora de grande alegria para os pastores. Os pastores representam os pobres, que são dos destinatários prioritários do anúncio do nascimento do Messias. Nos pastores estão reunidos todos os pobres que esperavam o Messias. Crentes e alegres vão às pressas para se encontrarem com o recém-nascido e de lá voltam maravilhados contando tudo o que viram e ouviram sobre o menino (cf. Lc 2,2.16-18). Os pobres não são somente beneficiários do anúncio do evangelho, mas também são chamados a ser protagonistas do anúncio aos demais através da experiência missionária. Algo semelhante observamos também em relação o primeiro anúncio da ressurreição de jesus às mulheres (cf. Lc 24,1-11).
No presépio estão presentes também os animais (os bois, as ovelhas, o jumento). É natural imaginarmos a presença deles ao lado da Sagrada Família, pois o menino Jesus nasceu num estábulo e, sem cama onde colocá-lo, Maria cuidadosamente o acomodou numa manjedoura (cf. Lc 2,7). Mas essa imagem tem um sentido teológico. O Messias é o restaurador de todas os níveis das relações humanas: consigo mesmo, com seus semelhantes, com a natureza e com Deus. A salvação tem uma dimensão cósmica, ecológica, socioambiental. Onde há fé professada em Cristo, o filho de Deus, lá deve haver harmonia entre o homem e a natureza. Também a natureza é beneficiária da acolhida do Messias (cf. Is 66,25; Rm 8,22).
No presépio está também a estrela que guia os magos do oriente, citada quatro vezes por Mateus; é uma narração unicamente desse Evangelista. O significado dessa estrela está atrelado à identidade dos magos. Eles representam os pagãos, ou seja, todos os povos que reconheceriam a Jesus Cristo como o Salvador guiados pela razão que busca a verdade iluminados pela luz da fé. A meta da estrela guia é o encontro com Jesus. Assim também nós, e todos os povos, à luz da razão iluminada pela fé vivemos dando sentido para a nossa existência indo ao encontro definitivo com Jesus Cristo, o Senhor. Assim como os magos não se fecharam em sus verdades, da mesma forma quem se deixar guiar honestamente pela estrela da sua consciência, caminha ao encontro do Verdadeiro Deus, reconhecendo sua realeza, sua divindade e humanidade. A razão saudável nunca aprisiona o ser humano.
Na experiência dos magos, não há inicialmente uma revelação divina (como no caso dos pastores), mas somente o concurso da inquietude existencial, da inteligência, vontade, da ciência, assim vão ao encontro da Verdade.
Para concluirmos podemos dizer que o presépio nos estimula a perceber um grande movimento de convergência, encontro, harmonia e paz. Onde há a centralidade de Jesus Cristo, ali certamente haverá cuidado, simplicidade, superação da solidão, solidariedade. A contemplação do presépio nos educa!
PARA REFLEXÃO PESSOAL:
Você já meditou sobre o presépio?
Qual é a finalidade do presépio?
Além da sagrada família (Jesus, Maria e José), quais outros personagens do presépio mais lhe chamam a atenção? Por quê?
Fonte: https://www.cnbb.org.br
MEU CORAÇÃO É BELÉM. VEM SENHOR JESUS!
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Dom Carlos José
Bispo de Apucarana (PR)
“O povo que andava nas trevas viu uma grande Luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. ” (Is 9,1)
Irmãos e irmãs em Cristo, Jesus está batendo à porta, continuamente. Tenho lugar para Ele? Estamos novamente prestes a celebrar o Santo Natal, época propícia para renovarmos a nossa fé e, numa atitude de humildade e amor, escancarar todo o nosso ser para que Jesus entre e seja Luz em nossa vida, em nossa família e em nosso mundo! Vivenciar o Natal com a alegria de quem acredita verdadeiramente que tudo se renova em Cristo e com Cristo.
Recomeçar sempre é possível, dar o primeiro passo para a novidade, a Boa Nova de Jesus que deseja nascer em cada família, em cada coração que, por um motivo ou outro se encontra vazio de esperança, empobrecido pelas circunstâncias ou desejoso de recomeços. Jesus sempre É e será a Boa Notícia que reaviva o desejo de levantar os olhos para vislumbrar o futuro onde o Reino da Paz será instaurado. Para que o Natal não seja apenas um feriado ou uma data no calendário, é necessário que ele aconteça dentro de nós, como aconteceu com os pastores e os magos que, ao encontrarem o Menino, deixaram-se transformar por Ele. Lembrarmos do primeiro Natal e dos acontecimentos o envolveram, servirá para que pensemos em como aproveitar essa celebração da maneira mais cristã possível.
Lá, na longínqua Belém, a Sagrada Família não encontrou hospedagem, e Jesus nasceu numa cocheira, num estábulo rodeado de animais, sob a luz das estrelas, em meio ao frio da madrugada. Lá, em Belém, sua Luz iluminou as trevas, mas muitos O ignoraram, pois não tinham nem tempo nem lugar recebê-Lo. Tudo e todos estavam mais ocupados com seus próprios afazeres e problemas que não se deram conta da graça que chegava, e a Graça ficou do lado de fora. Os poderosos sabiam que o Messias viria e O temiam, não por causa de sua Divindade, mas por receio de perderem seus poderes e riquezas.
Como um grande contraste, o Rei dos Reis nasceu em extrema pobreza, sendo visitado e reconhecido pelos humildes pastores que O adoraram. Também os Reis Magos, peregrinos de outras terras foram transformados ao se encontrarem com o Messias recém-nascido, oferendo a Ele, o que tinham de melhor em sua bagagem. Já no primeiro Natal, Jesus nos revela que nasceu para todos, sem distinção de classes ou raças. Se, naquele tempo, em que a promessa da vinda do Messias, anunciada por tantos profetas, passada de geração em geração e esperada por tantos séculos quando aconteceu, passou despercebida por tantos, imaginemos agora, depois de mais de 2000 mil anos de seu nascimento, com tantos feitos, registros e provas desse grande feito, tantos anúncios e propagandas sobre o Natal, quando temos tempo e lugar para acolhê-Lo, ainda muitos permitem que esta data se desvincule de sua verdadeira essência que é Cristo em meio a nós! Ah, se alcançássemos a grandeza desse fato: a Encarnação do Verbo, a Palavra que se faz Carne e habita em meio a nós, Deus que assume nossa humanidade e caminha conosco, certamente essa verdade mudaria nossa vida de forma inenarrável e espetacular! Esse acontecimento é o marco divisor da história da humanidade!
Temos o tempo da humanidade contado em Antes de Cristo (A.C.) e Depois de Cristo (D.C), revelando os acontecimentos anteriores e posteriores à encarnação do Verbo Divino. Isso deveria nos bastar para abrir o coração para Cristo viver de fato em nós. Somos um povo infinitamente abençoado, temos os ensinamentos da Sagrada Escritura ao alcance das mãos, dos ouvidos e dos olhos, pois, “A graça de Deus se manifestou trazendo a salvação para todos os homens. ” (2Tit 11,14).
Essa Graça é Jesus que caminha conosco. Jesus, a Palavra que já existia antes de tudo e, ao Encarnar-se, santifica o humano com sua presença. “O Verbo era a verdadeira Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Mas a todos aqueles que o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus. ” (Jo 1, 9-13) Ao nascer, Jesus sela a promessa de Paz, não a paz que o mundo dá, mas a verdadeira paz que vem do Alto, que brota do Coração do Pai e se dá gratuitamente a quem Nele crê. Cristo, o Filho de Deus, ao Encarnar-se, deu-nos a dignidade de sermos seus irmãos, não de sangue, mas de fé, pois, banhados nas águas do Batismo, recebemos a mesma Luz que O fecundou no ventre de Maria e dissipa qualquer treva.
Deixemo-nos iluminar por essa Luz que nunca se apaga, e, uma vez iluminados, ao desejarmos FELIZ NATAL, lembremos que a manjedoura foi o começo. Hoje, Jesus habita o nosso coração, então, juntemo-nos aos Anjos e declaremos jubilosamente nosso louvor “Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens de boa vontade”, pois a tão sonhada paz virá, o Reino de Deus se instalará eternamente em meio a nós, filhos e filhas amados do Pai, redimidos em Cristo, guiados pelo Espírito Santo e abençoados pela Virgem Maria e São José.
“Eu vos trago a boa nova de uma grande alegria: é que hoje nasceu o Salvador, o Cristo, o Senhor! ”. (Lc 2, 10-11)
Abençoado e Santo Natal!
Fonte: https://www.cnbb.org.br
Padre é encontrado morto no quarto de sua residência em Maceió
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O padre Siddartha Thiago Coelho Vital, de 47 anos, foi encontrado morto na noite deste sábado, dia 17, em sua residência no bairro da Jatiúca, na parte baixa de Maceió. Supostamente ele cometeu suicídio.
De acordo com informações de pessoas ligadas ao pároco, o corpo de Siddartha foi encontrado por familiares no quarto de sua residência, ele teria ingerido remédios.
Ainda segundo informações, o padre teria deixado uma carta onde conta o motivo de sua atitude. O conteúdo, no entanto, não foi revelado. Não há informações se o líder religioso estaria passando por algum problema de saúde.
O corpo do pároco foi recolhido para o Instituto de Medicina Legal (IML) de Maceió. Siddartha era padre na Paróquia de São Judas Tadeu, localizada no bairro do Feitosa. Fonte: https://alagoasweb.com
Nota de Falecimento: Pe. Siddartha Thiago Coelho Vital
Por Setor de Comunicação da Arquidiocese
Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto,
viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. (Jo 11,25-26)
A Arquidiocese de Maceió, através do Arcebispo Dom Antônio Muniz Fernandes, comunica, com pesar, mas confiante na ressureição, o falecimento do Pe. Siddartha Thiago Coelho Vital, pároco da Paróquia São Judas Tadeu, no bairro do Feitosa, em Maceió, ocorrido no final da tarde deste sábado, 17 de dezembro, em sua residência.
Padre Siddartha Thiago tinha 47 anos, nasceu em 24 de maio de 1975. Filho de Telma Ferreira Coelho e Cícero Laudelino da Silva Vital. Foi ordenado sacerdote em 15 de junho de 2004, por Dom José Carlos Melo, CM, arcebispo na época e exerceu seu ministério sacerdotal na Paróquia São Judas Tadeu.
Dom Antônio Muniz Fernandes se solidariza com a dor da família, clero, paroquianos e amigos, que neste momento de forte dor e saudade se despedem do Padre Siddartha.
A Arquidiocese de Maceió roga ao Bom Deus, pelas mãos da Virgem Mãe dos Prazeres, o descanso e felicidade eterna para o querido padre Siddartha Vital.
VELÓRIO E SEPULTAMENTO
O corpo do Pe. Sidartha Thiago será velado na Matriz de São Judas, no bairro Feitosa em Maceió, a partir de 9h; às 15h será celebrada a Santa Missa de corpo presente, presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Antônio Muniz, e, às 17h, ocorrerá o sepultamento no Parque das Flores, na Durval de Góes Monteiro.
Repouso eterno dai-lhe, Senhor, e a luz perpétua o ilumine.
Dom Antônio Muniz Fernandes, O.Carm.
Arcebispo Metropolitano
NOTA DE PESAR
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“Fiz-me tudo para todos!” (1Cor 9,22)
Momento de dor e consternação ao comunicarmos o falecimento do Monsenhor Jonas Abib. O Monsenhor Jonas, pai e fundador da Comunidade Canção Nova, sacerdote ordenado no dia 8 dezembro de 1964, que a partir de uma experiência de oração, já no início de sua Vida Religiosa, encontra nas palavras de Dom Antonio Afonso de Miranda, à época Bispo Diocesano de Lorena, o desafio para a tarefa – colocar em prática a Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi: “é hora de evangelizar, comece no seu trabalho com os jovens. Faça alguma coisa!”. Muitos empreendimentos... os encontros no período do carnaval - os rebanhões - a evangelização pelos meios de comunicação, o Rádio, a TV e hoje o Sistema Canção Nova de Comunicação.
Em Cachoeira Paulista, a Comunidade Canção Nova, "pedacinho do céu", se firma como grande trabalho e polo irradiador do Evangelho, obtendo o Reconhecimento Pontifício em 2008: Associação Internacional Privada de Fiéis.
A Igreja Particular de Lorena, enlutada, mas grandemente agradecida pelo contributo do Monsenhor Jonas Abib, reza pelo seu descanso junto daqueles que estão "de pé diante do Trono do Cordeiro", e suplica ao Pai das Misericórdias que conforte e dê serenidade aos familiares, aos filhos espirituais, aos amigos, nessa hora de dor e separação, sustentados pela fé na certeza da Ressurreição!
Como se canta no hino de Compromisso: “Não dá mais pra voltar..., o barco está em alto mar!”
O legado deixado pelo Monsenhor Jonas seja corajosamente levado adiante por aqueles que de modo mais próximo o acompanharam, bem como o número grandioso de colaboradores que mantém esta obra que tanto bem tem feito à Igreja, inspirados no seu lema para a vida sacerdotal.
A Mãe da Piedade, que traz o Filho sem vida nos braços, nos aconchegue a todos no seu colo materno!
Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias
Bispo Diocesano de Lorena
Fonte: @cnbbsul1
3º DOMINGO DO ADVENTO: “Domingo da Alegria”
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Dom Adimir Antonio Mazali
Bispo de Erexim (RS)
Minha saudação aos irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Celebramos o 3º Domingo do Advento, chamado o “Domingo da Alegria”, pois o Senhor está perto. O Salvador está próximo de nós: seu nome é Emanuel: Deus está conosco. Somos convidados a acolher com alegria o Senhor, pois Ele vem para nos salvar. Diz o Papa Francisco: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Aqueles que se deixam salvar por Ele são libertos do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, a alegria renasce sem cessar”.
Caros irmãos e irmãs. O profeta Isaías (35,1-6a.10) convida o povo de Israel a alegrar-se, dizendo: “Alegre-se a terra que era deserta; germine e exulte de alegria e louvores. O motivo desta alegria é porque Deus vem para vos salvar. Por isso: Criai ânimo, não tenhais medo! Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. Com a vinda do Senhor, se abrirão os olhos dos cegos e os ouvidos dos surdos. A língua dos mudos se desatará e o coxo saltará de alegria. Cheios de gozo e contentamento, não mais conhecerão a dor e o pranto”. Estas palavras são de encorajamento ao povo de Israel, mas também a nós, no contexto em que vivemos.
São Tiago, na Segunda Leitura, reforça o espírito do tempo do advento, dizendo: “Ficai firmes e fortalecei vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5,8). Preparar o coração para a chegada do Senhor renovando os relacionamentos de amizade e vida fraterna com os irmãos e irmãs, pois esta deve ser a nossa meta.
No Evangelho (Mt 11,2-11), São Mateus inicia dizendo que João Batista encontrava-se preso, por ordem de Herodes Antipas (Mt 14,3). Sua execução não demoraria muito (Mt 14,8-12). Da prisão, ao ouvir falar das obras de “Cristo”, enviou a ele “alguns dos seus discípulos” para perguntarem: “És tu aquele que há de vir ou devemos esperar um outro?” (v.3). No tempo de Jesus cada grupo político-religioso esperava o Messias, com expectativas próprias. Foi diante deste contexto complexo e confuso que os discípulos de João Batista foram a Jesus para obterem uma certeza de sua identidade. As dúvidas deles expressam as dúvidas de muita gente da época e de hoje, em nosso meio também.
Prezados irmãos e irmãs. Jesus não respondeu diretamente à pergunta deles. Fez-lhes um apelo ao discernimento, a partir do que é possível perceber o que está acontecendo de novidade na sociedade. Por isso, Jesus pediu os discípulos de João para observarem a sua prática: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados” (Mt 11,4-5). Ao remetê-los de volta a João, Jesus envia-os a darem testemunho de sua prática. Jesus os transforma em testemunhas do seu Reino, enviando-os como missionários. Com isso, Jesus exorta os discípulos de João a perceberem, a partir de seu agir e das consequências de sua prática, a sua identidade: ele é o Messias, o libertador e anunciador da alegre mensagem do Reino de Deus aos pobres. É a partir da observação e da interpretação das ações de Jesus que se descobre quem Ele é: Nele o Reino já está presente, acontecendo na história.
Prezados irmãos e irmãs. Celebremos este Tempo do Advento em espírito de vigilância, preparando-nos bem para o encontro do Senhor que vai chegar e alegremo-nos pela presença de seu Reino entre nós.
Deus abençoe a todos e um bom domingo! Fonte: https://www.cnbb.org.br
Natal, festa da fraternidade universal
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Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer.
Arcebispo Metropolitano de São Paulo
Discute a ciência se toda a humanidade procede do mesmo tronco originário. Tudo o que se tem são hipóteses. Conforme a antropologia cristã, no entanto, todos procedemos de uma mesma origem e temos em comum a mesma essência humana. A prescindir de aspectos secundários, como a cor da pele e dos cabelos, dos traços fisionômicos, nossos corpos com seus órgãos são compatíveis e nossa racionalidade compartilhada permite que nos comuniquemos e entendamos. Temos a mesma aspiração à felicidade, por mais diversas que possam ser as expressões desse anseio.
Em uma palavra: raças, etnias e culturas diferentes não conseguem esconder que, no fundo, somos uma única humanidade. Nossas diferenças não são excludentes, mas mostram as enormes riquezas e capacidades que o ser humano traz em si e expressa nas suas maneiras de pensar e agir. Somos uma grande família de irmãos e cada pessoa ao nosso lado é um semelhante a nós, com quem temos em comum o sangue e a alma, as alegrias e angústias e podemos partilhar nossos sonhos e realizações. Mesmo que não saibamos o nome de quem está ao nosso lado, podemos interagir com os outros e dedicar-nos a projetos de interesse comum.
É preciso reconhecer o grande esforço da humanidade na elaboração de uma convivência harmoniosa da grande família humana. Isso levou a organizar sociedades e nações, a edificar cidades e partilhar conhecimentos e realizações culturais, científicas e tecnológicas. Chegamos, atualmente, a uma sofisticação muito grande desse convívio, que se tornou global e também envolve a consciência de direitos e responsabilidades universais. Na teoria, ao menos, nenhum povo ou pessoa é uma ilha autossuficiente. Todos dependemos uns dos outros na realização do bem e nas consequências dos malefícios.
No entanto, a humanidade segue marcada por disputas, violência e guerras fratricidas pelos motivos mais diversos. Enquanto alguns tentam defender e aumentar sua condição já privilegiada, outros ainda vivem na miséria e lutam pela sobrevivência e pelo reconhecimento de sua mais elementar dignidade humana. Com tanta informação disponível, ainda há muita insensibilidade e indiferença diante do sofrimento alheio. Como explicar razoavelmente que continuem a existir escravidões aviltantes de pessoas iguais a nós? Haverá, ainda, quem pretenda pertencer a uma humanidade superior, merecedora de privilégios e com o direito de desprezar os outros?
O papa Francisco, na encíclica Fratelli Tutti, sobre a fraternidade e a amizade social (2020), reflete sobre as questões globais que envolvem a dignidade e a responsabilidade de todos os seres humanos, propondo a fraternidade como grande projeto comum a toda a humanidade, a ser realizado mediante o esforço lúcido, corajoso e persistente de todos os membros da comunidade humana. Diante das várias formas atuais de afirmação exacerbada do individualismo, que leva a fechar-se ao outro, a descartar e eliminar o próximo, “sejamos capazes de reagir com um novo sonho de fraternidade e amizade social. (...) Sonhemos com uma única humanidade, como filhos desta mesma terra que alberga a todos, cada qual com a riqueza de sua fé ou das suas convicções, cada qual com sua própria voz, mas todos irmãos” (n.º 6 e 8).
Não é esse o sonho que o Natal faz reviver em nós, todos os anos? Os cristãos anunciam que Deus é pai da humanidade inteira e de cada ser humano, não lhe sendo indiferentes as nossas angústias, anseios e esperanças. E, porque nos ama infinitamente, enviou seu filho ao mundo para reunir em paz a grande família humana. Jesus não veio com demonstrações de poder e força para intimidar ou impor a sua vontade. Nasceu pobre e despojado, pequenina e indefesa criança, que só desperta sentimentos de ternura e admiração. Não veio dividir, mas buscar o que está disperso e unir o que está dividido. Veio ao encontro de todos e de todos se fez irmão. A representação do menino Jesus, de braços abertos na manjedoura do presépio, é um convite a acolher e a se deixar acolher. Ninguém precisa ter medo de se aproximar nem sentir-se excluído deste abraço fraterno restaurador da paz.
O Natal é a celebração da fraternidade universal e do reencontro da família humana. O frenesi comercial e as inúmeras confraternizações deste tempo não deixam de realçar esse significado da festa do nascimento de Jesus. Por algum motivo, as pessoas sentem-se felizes, querem partilhar sua felicidade e sentem que o mundo pode ser melhor e as pessoas podem ser boas umas para as outras. O Natal de Jesus tem um significado para toda a humanidade, pois Deus ama a todos e sua paternidade se estende a toda a humanidade. A fraternidade humana é um anseio genuíno e tem raízes profundas, mas também é tarefa de todos.
Que a celebração do Natal renove os esforços para alcançar a realização desse sonho, ainda que não seja pleno neste mundo. Cada gesto de fraternidade vale a pena e contribui para que a convivência humana seja um pouco mais aquilo que é chamada a ser.
*CARDEAL-ARCEBISPO DE SÃO PAULO Fonte: https://www.estadao.com.br
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